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Edição 1 - Maio 2011

Consultoria

Dúvidas com hidroponia? Os consultores ajudam você

Holanda

As novidades da Holanda com Mark Delissen

Musicoterapia

Conheça a técnica que uniu a hidroponia e a música

Conheça ainda o produtor destaque desta edição


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A AGRICULTURA DO FUTURO Benefícios da hidroponia são inúmeros, tanto para o produtor quanto para o consumidor Por Sabrina Becker

Ganhando espaço no mercado a cada ano que passa, a hidroponia já é vista como o futuro da agricultura. No Brasil, os produtos cultivados através desse sistema já são muito bem aceitos pelo consumidor, fazendo com que sua oferta aumente e, consequentemente, novas tecnologias sejam estudadas. Porto Velho (RO) é a capital brasileira que mais consome hidropônicos e sua produção de alface é majoritariamente proveniente desse sistema de cultivo. Mas a que se deve tamanha aceitação, já que a hidroponia ainda é desconhecida por grande parte da população? Produtores, profissionais e estudiosos da área têm a resposta para essa pergunta: os hidropônicos estão conquistando seu espaço devido aos inúmeros benefícios e vantagens desse sistema de cultivo. Traçando um panorama da hidroponia no Brasil, Wéber Velho, engenheiro agrícola e produtor em Porto Velho, aponta que no Brasil 4 % dos produtores hidropônicos trabalham com esse sistema há 20 anos, 8 % trabalham de 15 a 20 anos, 15% de 10 a 15 anos e, a grande maioria, 73% dos produtores hidropônicos, atuam há menos de 10 anos. “Muitos dos produtores atuais iniciaram esse trabalho há menos de 5 anos, quando aconteceu o boom da hidroponia no País”, ressalta Velho, que produz alface, rúcula, agrião, almeirão, manjericão, coentro, salsa, pimenta, tomate cereja, hortelã, entre outros. Tal crescimento aponta o sucesso do sistema. Carlos D’Agostini produz em sistemas hidropônicos há 11 anos em Rio Branco (AC) e há 3 anos iniciou outra produção em Manaus (AM), comprovando o sucesso de seu empreendimento. “Falando-se inicialmente em aspectos ambientais, acredito que a hidroponia seja a agricultura do futuro, pelo uso inteligente da água e também por não contaminar os lençóis freáticos como no cultivo de solo – uma vez que não há contato da água com o solo, não há contaminação. Além disso, a reutilização da água pode

Na foto Dr. Glaucio Genuncio e seu amigo Gabriel Buzo Velho, filho do produtor Wéber Velho. Fotos: Arquivo pessoal


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chegar a 100%, podendo ser reaproveitada para diferentes fins”, explica. Entre outros tipos de folhosas, legumes e verduras, D’Agostini cultiva cinco variedades de alface, agrião, almeirão, chicória, couve, coentro, manjericão e jambu. Entre as vantagens da produção hidropônica, ambos profissionais destacam alguns tópicos importantes para se compreender como funciona esse sistema de cultivo. - Plantas limpas e livres de contaminação Esse é um aspecto muito abordado entre profissionais e estudiosos da área, uma vez que na hidroponia a planta não entra em contato com o solo e, consequentemente, não existe a contaminação pela raiz. “Não há o uso de esterco ou composto orgânico, ao contrário do cultivo em solo, reduzindo a incidência de microorganismos indesejáveis, entre os quais estão os coliformes fecais. Minha produção, por exemplo, é 100% ozonizada, garantindo que a água utilizada seja livre de qualquer contaminação microbiológica, evitando problemas via raiz”, detalha Velho. A higiene dos produtos hidropônicos também gera benefícios ao consumidor e ao meio ambiente. “Em sistemas onde a planta tem contato com o solo, é preciso muita água para fazer sua higienização. Para cada quilo de alface cultivada no solo, a dona de casa gasta 18 litros de água para fazer sua lavagem. No hidropônico, por ser um produto limpo, sem contato com o solo, esse volume reduz pela metade. E se pensarmos nessa proporção em escala nacional e mundial, quanto seria essa economia?”, indaga Carlos D’Agostini. - Maior volume de produção No cultivo hidropônico as plantas crescem recebendo todos os nutrientes de que necessitam em tempo integral e, por ser fechado, é possível controlar a temperatura da estufa. Assim, a colheita é feita em um tempo menor do que em cultivos tradicionais. Um exemplo é a alface, que no cultivo tradicional é colhida em 60 a 65 dias e no hidropônico tem esse tempo reduzido para 35 a 40 dias. “Na hidroponia, como é um sistema protegido, é possível fazer um controle dos fatores climáticos e, também, promover uma maior frequência de produção”. O espaço necessário para cultivar hidropônicos também é menor, otimizando a área a ser utilizada. “A

produtividade é 10 vezes maior do que no cultivo de solo. No cultivo orgânico, por exemplo, a produtividade é baixa, já que são necessárias áreas muito extensas, uma vez que precisa de cortinas naturais, áreas de compostagem etc. Já a hidroponia pode ser realizada em qualquer cantinho, pois utiliza áreas pequenas, inclusive nas coberturas de prédios, por exemplo”, aponta D’Agostini. Na hidroponia, o rendimento por área é maior, já que, por dispensar o uso de terra, a plantação tanto pode ser verticalizada quanto utilizada na horizontal. - Retorno garantido e geração de emprego Velho explica que, embora o investimento inicial seja maior do que os demais sistemas de cultivo – podendo partir de R$40 até R$200 por metro quadrado -, o retorno é garantido e os custos iniciais diluem-se, em média, em 10 anos. Para D’Agostini esse investimento tem outra vantagem. “Enquanto que o investimento é alto, também se utiliza maior mão de obra. Como os produtos são vendidos aos atacados, demanda logística, controle e distribuição, o que, por fim, acaba gerando mais emprego. Por ser conduzida em cultivo protegido, a produção segue o ano todo com o mínimo de perda, gerando mais emprego com uma situação de trabalho digna para os trabalhadores, que atuam em ambientes limpos e protegidos. - Busca constante por novas tecnologias A hidroponia segue sempre inovando e procurando soluções renováveis e sustentáveis. A busca por tecnologia é cons

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tante, tanto que são importados de outros países técnicas e produtos, tudo para uma melhor qualidade da produção e para garantir o cuidado com o meio ambiente. Para iniciar no ramo da agricultura pela hidroponia, os produtores precisam dispor de um conhecimento técnico considerável, fazendo com que as pesquisas nessa área sejam constantes. “O produtor hidropônico deve ser mais qualificado em função da tecnologia envolvida nesse sistema”, destaca Velho, cuja opinião é compartilhada pelo colega de Manaus e Rio Branco. “A hidroponia exige conhecimento elevado, por isso sua gestão demanda profissionais qualificados que busquem sempre desenvolver novas tecnologias. É muito mais técnico do que a produção de solo, por exemplo”, completa D’Agostini. - Baixo custo de manutenção Outro quesito que faz da hidroponia uma boa opção de investimento, segundo Wéber Velho, é o baixo custo da manutenção. “É barata, muito mais fácil e feita de acordo com o material utilizado. Ao contrário do sistema de cultivo em solo, não há necessidade de fazer canteiros e nem trocar canos para irrigação, apenas fazer uma limpeza periódica nas tubulações. Para isso, já existem produtos específicos, como o moto-jato produzido no Japão que já é utilizado no Brasil”, informa. Porém, apesar de ser uma técnica barata, é muito trabalhosa, pois exige um cuidado muito maior com a produção para preservar a qualidade do produto oferecido ao consumidor. Usa-se água em vez de solo, e não se exige grande espaço para a produção, uma vez que pode ser cultivada em qualquer lugar, sem contar que é possível reutilizar a água com nutrientes por até 30 dias.

- Melhor sabor e maior durabilidade para o consumidor A preocupação com a qualidade é primordial na hidroponia, o que resulta em produtos com sabor mais aguçado e com maior durabilidade. Os cuidados com esse cultivo são muitos e visam manter as plantas belas, saudáveis e livres de pragas e doenças. Os produtores concordam quando o assunto é as vantagens dos hidropônicos para quem consome. “Para o consumidor o preço é praticamente o mesmo do que os produtos cultivados em solo, porém a qualidade é muito superior. Seu aspecto microbiológico não sofre perigo de contaminação, o sabor é melhor e o consumidor leva para casa a planta inteira, com raiz. Seus valores nutricionais são os melhores, já que a planta recebe todos os nutrientes em quantidades ideais para sua necessidade”, sustenta Velho. Para D’Agostini, os benefícios são incomensuráveis. “No quesito sabor, o cultivo hidropônico permite aplicar a nutrição adequada para que não sobre e não falte, já que se for oferecido a mais ou a menos do que o necessário, a planta é prejudicada. Assim, temos o verdadeiro sabor da alface, por exemplo. A durabilidade também é maior do que os produtos convencionais, já que o produto vai com a raiz para o cliente, que recebe uma planta viva”, destaca. Além dessas, podem ser citadas outras vantagens da hidroponia: - Economia no uso de água e fertilizantes A solução nutritiva à base de água pode ser utilizada várias vezes nesse tipo de cultivo. - Preservação do meio ambiente Na hidroponia, o uso de defensivos é mínimo e entra em contato com o solo.

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- Rastreabilidade Os hidroponistas podem instalar suas produções perto dos grandes centros, facilitando o contato entre produtor, comércio e consumidor, gerando menos gastos com logística. - Saúde e segurança dos trabalhadores Na hidroponia há uma grande preocupação com a questão da saúde dos trabalhadores, dando atenção especial para a ergonomia. A produção é posicionada a uma altura considerável e confortável, para que o produtor possa trabalhar de pé, sem riscos para sua coluna. Para fazermos um contraponto, é possível citarmos algumas desvantagens desse sistema de cultivo, tais como: - Dependência de energia elétrica ou de um sistema alternativo Quedas de energia tornam-se um problema se o produtor não tiver um gerador ou bombas de irrigação à gasolina, pois o risco de perder toda a produção é grande. - Facilidade de disseminação de patógenos Pode ocorrer no sistema pela própria circulação nutritiva. - Alto investimento inicial Por demandar maior tecnologia e estrutura diferenciada, esse tipo de cultivo requer custos iniciais maiores para a montagem das estufas, perfis e sistema de bombeamento, consultorias, etc.

VANTAGENS

- Plantas limpas e livres de contaminação; - Maior volume de produção; - Retorno garantido e geração de emprego; - Saúde e segurança dos trabalhadores; - Busca constante por novas tecnologias; - Baixo custo de manutenção; - Melhor sabor e maior durabilidade para o consumidor; - Economia no uso de água e fertilizantes; - Preservação do meio ambiente;

DESVANTAGENS

- Rastreabilidade.

- Dependência de energia elétrica ou de um sistema alternativo; - Facilidade de disseminação de patógenos; - Alto investimento inicial.


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Hidroponia sem dúvidas Principais incertezas sobre a hidroponia são esclarecidas por quem entende do assunto Por: Laís Vanessa Glaucio da Cruz Genuncio, 36 anos, é engenheiro agrônomo e Doutor em Agronomia. Trabalha com hidroponia há 11 anos no Rio de Janeiro (RJ) e possui conhecimento para sanar as principais dúvidas de produtores, estudiosos e consumidores sobre esse sistema de cultivo. Nessa entrevista, Genuncio esclarece o que está em discussão nesse segmento da agricultura que cresce a cada ano. EXISTE ALGUMA RIVALIDADE QUANTO AOS DIFERENTES TIPOS DE CULTIVO ? Segundo o Dicionário Aurélio, rivalidade significa “concorrência de pessoas que pretendem a mesma coisa: rivalidades políticas e religiosas. Emulação, concorrência, competição: existe uma velha rivalidade entre ambos”. Então, respondendo a pergunta, não, não existe. Entretanto, o que aconte-

ce hoje é uma visão e, consequente foco inequívoco de um segmento dos três cultivos - convencional, hidropônico e orgânico. Todos os sistemas têm suas vantagens e desvantagens. Contaminações com metais pesados e coliformes fecais podem existir no convencional e orgânico, assim como desequilíbrios nutricionais podem ocorrer nos três sistemas de cultivo (excesso de nitrato, por exemplo). Da mesma forma, é possível a contaminação com defensivos nos sistemas convencional, hidropônico e até mesmo no orgânico, pois a utilização desequilibrada de caldas, onde a base é cobre (sulfato de cobre) pode gerar problemas de excesso desse elemento. O manejo apropriado para cada sistema é o fator fundamental para que obtenhamos alimentos com segurança para o consumo. DE QUE FORMA A HIDROPONIA PODE CONTRIBUIR COM O MEIO AMBIENTE? PARA ONDE VAI A ÁGUA UTILIZADA NAS PLANTAS APÓS CERTO TEMPO DE USO? Atualmente, essa preocupação é mais efetiva e, consequentemente, gera uma maior contribuição para o meio ambiente. Isso acontece devido à existência de um manejo pré-descarte da solução nutritiva quando esse ocorre, já que hoje essa prática não é muito usual nas propriedades. São dois motivos que levam à tomada de decisão de manejar a solução nutritiva ao invés de descartá-la para o ambiente. O custo de adubos e água é alto e, com isso, o produtor tende a utilizá-la mais eficientemente. Inclusive já visitei propriedades onde existem projetos nos quais o volume do reservatório é calculado de


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acordo com o consumo efetivo das plantas hidropônicas. Por outro lado, há uma visão econômica, no sentido de lucratividade, em relação ao aproveitamento do que resta da solução após 30 dias de uso, pois essa utilização em pomares, em cultivos associados - cenoura e beterrraba, por exemplo - e até mesmo a venda para jardins residenciais. A consciência do produtor para a adequação desse manejo é fundamental para decidir incorporá-lo ao seu processo produtivo. EXISTE ALGUM ÓRGÃO QUE POSSA CONFIRMAR COM CLAREZA QUE OS HIDROPÔNICOS SÃO SAUDÁVEIS? Não, infelizmente. Mas existe movimentação para a criação desse através de nossos encontros e uma comunicação tanto informal (feita por e-mails), quanto pela ABHidroponia, entre os produtores. Mas, acredito que a mobilização será maior para o segundo semestre de 2011. Pelo menos é o que esperamos para a criação de um selo de garantias e um órgão que fiscalize os produtores para garantir sua qualidade, o que já ocorre nos orgânicos. DE QUE FORMA OS CONSUMIDORES PODERÃO TER CERTEZA DA QUALIDADE DOS PRODUTOS QUE ESTÃO LEVANDO PARA CASA? Hoje em hidroponia é mais pelo “conforme declarado” e pela forma de cultivo. Mas com a criação de um selo e uma fiscalização efetiva, essas garantias terão mais validade. COMO A HIDROPONIA É UM SISTEMA CONTROLADO, OS PRODUTOS CRESCEM MAIS RÁPIDO EM COMPARAÇÃO AOS CULTIVOS CONVENCIONAL E ORGÂNICO. ESSA ACELERAÇÃO PREJUDICA DE ALGUMA MANEIRA? Sinceramente, existe sim um encurtamento de ciclo nos cultivos hidropônicos. Porém, esse é mais pelo manejo das plantas no sistema (aproveitamento de área) nas fases de germinação, intermediária e definitiva (fases distintas e em locais diferentes) do que pelo aproveitamento fisiológico (melhor disponibilidade e equilíbrio de radiação, água e nutrientes). É óbvio que esses fatores ambientais e nutricionais têm influência no ciclo das plantas. Na realidade o controle do excesso de chuvas e das perdas de nutrientes por processos - como, por exemplo, a lixiviação de nutrientes para o lençol freático - favorece um maior controle do crescimento das plantas

- atualmente na Europa e nos EUA existe uma fiscalização severa quanto aos teores de nitrato nas águas provenientes do lençol freático. Ressalta-se que o grande desafio do cultivo protegido está na elaboração de projetos específicos voltados para as diferentes regiões do País. Excessos de temperaturas e UR % na região norte são bons exemplos que demandam muita pesquisa para a recomendação de casas de vegetação adequadas. Com atendimento quanto a isso, o equilíbrio do ambiente de cultivo protegido torna-se um fator favorável para o crescimento e desenvolvimento das plantas cultivadas nesse sistema. Com isso, a diminuição do ciclo, assim como a produção durante todo o ano, além de não prejudicar a qualidade das plantas, torna o cultivo em ambiente protegido um sistema eficiente para a produção de alimentos. NA SUA OPINIÃO, AS REPORTAGENS A RESPEITO DA HIDROPONIA PODEM TER AFETADO O COMÉRCIO DOS PRODUTORES? Não, pelo contrário. Essas reportagens somente fortalecem o que já se constatou há muito tempo quanto ao cultivo protegido: é uma técnica já estabelecida no Brasil, que teve como principal fundador o Dr. Pedro Furlani e, que tende ao crescimento. Porém, a falta de organização no setor é o que fica notório para as possíveis respostas a essas reportagens. A criação do selo de garantia, assim como a mobilidade dos produtores visando à transição do que hoje se faz - “conforme declarado” para o que deveria ser feito: “conforme garantido” - é o que afeta comercialmente o produto hidropônico. OS NUTRIENTES COLOCADOS NAS PLANTAS TÊM ALGUMA CHANCE DE PREJUDICAR A SAÚDE DE QUEM CONSOME? SE NÃO, QUEM AFIRMA ISSO? Se mal manejado, sim. Ninguém em sua sã consciência toma 10 comprimidos de antibiótico ao invés de um ou dois no dia. Ressalta-se que o manejo integrado de pragas e doenças e seu controle, tanto com a utilização de defensivos naturais quanto como o uso de inimigos naturais, não estão restritos ao cultivo orgânico. Na Europa, esses controles de pragas e doenças são amplamente utilizados em hidroponia e aqui já existe mobilização para isso também. O uso de produtos recomendados, nas doses certas e seguindo-se o período de carência é de fundamental importância para a produção de alimentos. Um agrônomo é o profissional habilitado para isso.

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