EDIÇÃO 11
Promoção inédita valoriza empreendedores
MERCADO
Consumo de folhas gourmet é tendência
TECNOLOGIAS
Novas técnicas de produção de tomate de mesa
GESTÃO Produtores não têm acesso a seguro
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Especial
ESPECIAL
Consumo de folhas gourmet em sistemas hidropônicos: novas tendências de mercado
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Brasil vem passando por profundas mudanças sócioeconômicas nos últimos anos, com o aumento do poder aquisitivo de boa parte da população. Com mais dinheiro no bolso, os consumidores passaram a procurar alimentos diferenciados e mais saudáveis. Eles também buscam alimentos seguros e não abrem mão da praticidade, admitindo pagar mais por um produto com essas características. “O consumidor ainda está exigindo produtos mais práticos, onde ele irá aproveitar 100%, não precisará nem escolher”, afirma a professora doutora Simone da Costa Mello, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), de Piracicaba (SP). Com o poder aquisitivo mais elevado, o consumidor começou a investir mais em alimentos que, até pouco tempo atrás, não entravam na lista de compras das donas de casa. “E, neste contexto, o mercado de folhosas gourmet vem conquistando o paladar do brasileiro”, afirmou Simone. A pesquisadora salientou que o mercado também está buscando alimentos diferenciados quanto à cor, tamanho e sabor. “Por enquanto, esses produtos, pelo elevado valor, ainda estão restritos às classes sociais mais altas”, ressalta. Simone destaca, ainda, as transformações que vêm ocorrendo na olericultura do país, como a redução de 4% na área plantada nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Conforme a pesquisadora que, em 2007, criou o Grupo de Estudos e Práticas em Olericultura (Ge-
pol), essas transformações provocaram uma elevação no preço da terra e diminuição da mão de obra, além do manejo inadequado dos locais de produção. “Com a elevação do preço da terra, a alternativa encontrada pelos produtores foi investir em outras técnicas de cultivo, onde o sistema hidropônico ganha cada vez mais espaço, ocupando, até mesmo, áreas urbanas”, assegura. A pesquisadora salienta que a Hidroponia traz vantagens como a redução da mão de obra e um produto diferenciado e limpo, além de ser praticável em áreas pequenas e urbanas. “A tendência mundial, hoje, é a produção local”, completa a pesquisadora. A produção local facilita a logística, reduzindo custos de transporte. E também faz com que os produtos cheguem mais frescos até o ponto-de-venda. “E ainda possibilita uma maior integração entre o produtor e o consumidor”, frisa Simone. A pesquisadora sublinhou que estamos presenciando a nova era da Hidroponia, com a chegada dos produtos higienizados e minimamente processados. Uma tendência irreversível é o consumo das hortaliças especializadas, como minialface do tipo lisa, romana e mimosa e a alface tipo frizze, além das alfaces crocantes. “Elas caíram no gosto do consumidor pelo sabor, pela praticidade, e esse mercado vem crescendo bastante”, disse. Mas isso tem um preço. O custo das sementes é bem maior do que as variedades mais comuns. “Enquanto mil sementes de alface crespa custam entre R$ 4,00 e R$ 7,00, a mesma quantidade de sementes de minialface sai por R$ 30,00 a R$ 70,00”, comparou. | 23
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ALFACE HIDROPÔNICA EM 32 DIAS
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cultivo hidropônico da alface (Lactuca sativa), a principal hortaliça do consumidor brasileiro, teve um considerável aumento nos últimos anos. Os agricultores têm adotado o sistema hidropônico de produção para o cultivo da folhosa, devido ao curto ciclo de produção (45-60 dias) e à fácil aceitação no mercado. O que poucos sabiam é que a alface pode ser produzida em menos tempo. O professor doutor Jorge Barcelos Oliveira, supervisor do Laboratório de Hidroponia (LabHidro), do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Caratina (Ufscar), mostra que o ciclo pode ser encurtado para 32 dias. Para conseguir o feito, o primeiro desafio foi eliminar a possibilidade de as plantas voltarem a ser infestadas por espécies de Pythium, uma das doenças mais comuns do sistema hidropônico de produção, que podem resultar, até mesmo, na destruição da cultura. De 2002 a 2005, o LabHidro enfrentou muitos problemas com as podridões radiculares causadas pelo fungo Pythium spp. “Phytium é uma praga muito séria. A minha produção foi arrasada durante três anos. As raízes apodreciam e as folhas começavam a murchar. Entre 80% a 100% da produção foi comprometida pela doença”, diz Jorge Barcelos, que é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). As medidas culturais adotadas após a infecção por Pythium se mostravam pouco eficientes. “Foram três anos de muito trabalho, muito suor, de muita intensidade, até o dia em que começamos a trocar os canos. A horta virou um canteiro de obras”, lembra. Além da troca das tubulações, 24 |
na desinfestação do sistema também foi feita uma limpeza por meio de soluções de cloro. Mas os esforços eram em vão, e a doença voltava a aparecer. A solução para o problema viria somente com o Sistema de Bancadas Individuais, idealizado pelo supervisor do LabHidro. Uma única bancada deu Pythium, mas a planta reagiu. Em 2008, ele visitou uma Hidroponia no Peru, que utilizava como sistema de cultivo o floating sem aeração, e decidiu fazer o mesmo no Brasil. O desafio era que em nosso país as temperaturas são bem mais altas do que no país andino, que tem a temperatura estabilizada em 19ºC e, praticamente, o ano todo nublado. Depois de vários testes com o sistema, o engenheiro agrônomo projetou um sistema com duas bancadas, que se mostrou eficiente contra o Pythium. O pesquisador aceitou o desafio de superar a Universidade Cornell, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, que produziu alface hidropônica em 35 dias, em estufa climatizada após duas semeaduras. As mini-alfaces pesavam 150 gramas. Jorge Barcelos que, na época, colhia alface em 54 dias, utilizou luz azul para formação das mudas, papel reflexivo, sub-rega e transplante das mudas no quinto dia. Até um refletor foi usado para otimizar a luz. A meta foi alcançada em menos tempo do que os cientistas norte-americanos. “Conseguimos produzir em 32 dias, e as nossas alfaces pesavam 277 gramas, quase o dobro”, comemora.
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Tomate, pimentão, pepino e
berinjela hidropônica em areia
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areia pode perfeitamente ser usada como substrato na Hidroponia. O engenheiro agrônomo Carlos Hidalgo Vilchez, que é professor na Universidad Cientifica del Sur, no Peru, cultiva tomate, pimentão, pepino holandês e berinjela hidropônica em areia grossa de rio. Ele desenvolve o trabalho em uma área de cinco hectares, na estação experimental da instituição de ensino, desde 2000, fazendo experimentos com diferentes culturas, como alface, acelga, pimentão, pepino, espinafre e tomate. Vilchez conta que a areia utilizada é extraída dos rios da região, o que torna a produção ainda mais vantajosa, pois o substrato é “gratuito e está disponível”. O cultivo usando areia grossa de rio como substrato começou há seis anos. O experimento é feito em estufas de 2,5 mil metros quadrados, cada uma com capacidade para receber de sete mil a oito mil plantas. E o potencial da utilização de areia está surpreendendo o pesquisador peruano. Os resultados estão acima do esperado e demonstram que o material pode ser utilizado em diferentes culturas, segundo Vilchez. “Fizemos experimentos com a mescla de diversos substratos como pó de tijolo, cascalho e casca de arroz, mas optamos pelo uso da areia, por não ter custo e ser de fácil acesso”, comenta. O engenheiro agrônomo ressalta que outro benefício na produção em areia, em relação à fibra de coco, é a maior durabilidade. “A areia dura bem mais e pode até ser reutilizada, enquanto a fibra de coco tem uma vida útil menor”, compara Vilchez. Ele alerta, porém, que, para utilizar a areia como substrato na produção de hortaliças e de frutos, é necessário desinfectar o material. Vilchez usa hipoclorito de sódio a uma dose de 20ml/l de água (concentração) para eliminar a fonte de infecção, provocada por algum patógeno prejudicial aos cultivos que se pretende instalar. “Pode-se reutilizar a areia, desde que não haja a presença de patógenos”, frisa. Segundo ele, o substrato pode ser utilizado de três a quatro vezes depois de ser lavado e desinfectado com hipoclorito de sódio. O cultivo de tomate, pimentão, pepino holandês e beringela hidropônica é feito com o uso de pequenos vasos plásticos. O pesquisador utiliza diferentes soluções nutritivas, em concentrações e proporções adequadas, para conseguir o crescimento e pleno desenvolvimento das plantas. “Até o momento, não existe uma solução nutritiva ótima para todos os cultivos, já que suas exigências nutricionais na produção de folhas e frutos são diferentes”, explica Vilchez. | 25
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Cuidados no preparo de soluções concentradas
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esde a criação do termo “hidropônico” pelo pesquisador da Universidade da Califórnia, Dr. W. F. Gericke, na década de 1930, a técnica de produção de plantas sem solo vem sendo popularizada. Sem considerar o maior custo inicial para instalação, o cultivo comercial de plantas em Hidroponia (em água e substratos) traz muitas vantagens. “No entanto, a obtenção dessas vantagens dependerá de diversos fatores, principalmente do domínio dos conhecimentos sobre a formulação e manejo mais adequado das soluções nutritivas para as diferentes culturas”, alerta o professor Pedro Roberto Furlani, da Conplant, de Campinas (SP). No Brasil, tem crescido nos últimos anos o interesse pelo cultivo em Hidroponia, predominando o sistema NFT (Nutriente Film Technique) e em substratos. Muitos dos cultivos hidropônicos não obtêm sucesso, devido ao desconhecimento dos aspectos de manejo nutricional desse sistema de produção, conforme Furlani. Em cultivos hidropônicos, a absorção é geralmente proporcional à concentração de nutrientes na solução próxima às raízes, sendo muito influenciada pelos fatores do ambiente, tais como salinidade, oxigenação, temperatura e pH da solução nutritiva, intensidade de luz, fotoperíodo, temperatura e umidade do ar. O especialista ressalta que a composição ideal de uma solução nutritiva depende não somente das concentrações dos nutrientes, mas, também, de outros fatores ligados ao cultivo, incluindo o tipo ou o sistema hidropônico, os fatores ambientais, a época do ano (duração do período da luz), estádio fenológico, a espécie vegetal e o cultivar em produção. De maneira geral, as concentrações de nutrientes se apresentam nas seguintes faixas (mg.L1): Nitrogênio (70-250), Fósforo (15-80), Potássio (150-400), Cálcio (70-200), Magnésio (15-80), Enxofre (20-200), Ferro (0,8-6), Manganês (0,52), Boro (0,1-0,6), Cobre (0,05-0,3), Zinco (0,10,5) e Molibdênio (0,05-0,15). Também já existem no mercado brasileiro formulações na forma sólida e prontas para o uso, 26 |
tais como: Kristalon 6-12-36, Plant Prod 7-11-27, Peter’s Professional Hydro-Sol 5-11-26, Aquafértil, Hoyall, Hidrogood Ferti, Maxol, Dripsol e outras. Esses fertilizantes também contêm magnésio, enxofre e micronutrientes em concentrações variadas, em função de cada fabricante. Entretanto, nenhum desses produtos contém cálcio, o qual deve ser fornecido separadamente, sendo o nitrato de cálcio o mais usado para esse fim e também para complementar o nitrogêneo. As razões de não conter cálcio na formulação decorre da reação química, que pode ocorrer com fosfato e sulfato. Recentemente, foi introduzida no mercado brasileiro solução nutritiva líquida concentrada, formulada “a la carte”, isto é, de acordo com a composição desejada do produtor e da composição química da água usada no cultivo hidropônico. São exemplos as fórmulas Brenntag, Plenan e Florisol.
ESPECIAL
Hortaliças de alto valor agregado
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participação das frutas e hortaliças frescas no gasto familiar com alimento representava 22,2% em 1987, conforme dados do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE). Em 2002, o índice caiu para 18,7%. No entanto, pesquisas divulgadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de São Paulo e Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apontam que o consumo de hortifrutigranjeiros vem crescendo nos últimos anos no Brasil. “Os consumidores buscam produtos mais saudáveis e estão dispostos a pagar mais por um produto diferenciado, de qualidade”, afirma o diretor de Mercado e Relacionamento da Isla Sementes, Eduardo Puricelli. Em estudo divulgado em junho de 2013, a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem) estimou que o total de cultivo de hortaliças reproduzidas por sementes no Brasil seja da ordem de 842 mil hectares. E calculou que as hortaliças gera aproximadamente 2 milhões de empregos diretos, ou seja, 2,4 empregos por hectare. Esse número é 24,6% maior que o contingente apurado no levantamento anterior, de 2011. Porém, mesmo com dados que aponta crescimento, o consumo alimentar anual de hortaliças no Brasil ainda é pequeno, se comparado com o de outros países. Em 2008/2009, ele ficou em 27,075 quilos, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE. Em Israel, o consumo anual de hortaliças é de 73 quilos e, nos Estados Uni-
dos, 98,6 quilos. Na Itália, é 157,7 quilos. Em 2012, foram produzidas 19,62 milhões de toneladas de hortaliças no Brasil. O volume, referente ao cultivo de 18 espécies, incluindo as hidropônicas, é 13,4% maior que o registrado em 2011. O valor comercializado em sementes de hortaliças no país atingiu os R$ 475 milhões em 2013, conforme a Abcsem. Puricelli ressalta, porém, que os produtores brasileiros ainda precisam ampliar sua visão de mercado. “No meu entender, o que está faltando é uma melhor organização da cadeia. O produtor precisa investir em novas culturas”, afirma. “Hoje, a indústria genética produz uma infinita variedade de sabores, cores e texturas. O caminho é abrir novas opções de produtos ao mercado”, assinala. O executivo diz que o novo salto de consumo se apoia na sofisticação dos hábitos de compra dos consumidores, o que pode agregar R$ 600 bilhões até 2020. Ele cita os números do mercado das cervejas que, até poucos anos, era dominado pelas marcas de pouco valor agregado. “Hoje, as cervejas consideradas premium já ocupam cerca de 70% das prateleiras dos supermercados”, observa. Puricelli lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que, para uma população ser considerada saudável, o consumo diário per capita de frutas e hortaliças não deve ser inferior a 400 gramas. Os dados do Brasil mostram um consumo de 170 gramas. “Isso é uma grande oportunidade. A busca por uma vida mais saudável pode agregar na cadeia nos próximos anos”, ressalta. | 27
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Cultivo de morango na Hidroponia
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Espanha é um dos maiores produtores de morango, ao lado de países como Estados Unidos, Polônia, Rússia, Turquia, Alemanha e México. Em 2012, os produtores espanhóis produziram 289.900 toneladas da fruta, uma produtividade bem maior do que de outros países da União Europeia, onde o morango ocupa uma área superior a 153 mil hectares. A província de Huelva, localizada na região da Andaluzia, na Espanha, concentra 94% da produção do país. Em 2014, a área dedicada ao cultivo do morango em Huelva cresceu cerca de 2% relativamente a 2013. Na safra de 2013, a produção foi de 274.800 toneladas, com um faturamento de 315.16 milhões de euros. O consumo desse fruto, na Espanha, é de cerca de 3 quilos por pessoa ao ano. Originários dos Alpes, os morangos foram descobertos pelos romanos, para quem eram um alimento “silvestre”, exclusivo da classe nobre. Mais tarde, os colonos da Virgínia (Estados Unidos) introduziram na Europa espécies norte-americanas, que se cruzaram com as autóctones e deram lugar aos morangos que atualmente conhecemos. Os morangos produzidos em Huelva são uma nova variedade dessa fruta, maiores e de intenso aroma. E não é difícil entender o motivo. Huelva possui um microclima natural, que tem uma média de 248 horas de sol durante os meses da primavera, uma oscilação mínima entre as temperaturas diurnas e noturnas, e terrenos muito férteis.
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Localizada na latitude 37º, a província registra precipitações de 500 milímetros no outono-inverno e um segundo período durante a primavera. A temperatura média é de 18ºC e, a mínima, 13ºC. “É muito difícil termos temperaturas abaixo de 7ºC”, diz Pedro Palencia García, do Departamento de Biologia de Organismos e Sistemas da Universidade de Oviedo, da Espanha. O cultivo é feito de forma intensiva, com fertirrigação, em modernas estufas que seguem o modelo túnel espanhol. Os agricultores usam o sistema hidropônico de produção, com a utilização de pequenos vasos com substratos. Os substratos são desinfectados nos meses de junho e julho, com peróxido de hidrógeno. Em 2013, a área cultivada com morango semi-hidropônico em Huelva foi de 350 hectares. Conforme o pesquisador da Universidade de Oviedo, as variedades mais usadas pelos produtores foram a Sabrina (31,13%), Florida-Fortuna (22,47%), Splendor (17,4%), Primoris (7,40%), San Andreas (6,40%), Sabrosa-Candonga (6,28%), Benicia (3,40%) e Ventana (3%). “Os produtores ainda usam a Camarosa, uma variedade que produz frutos com rendimento bastante alto, mas exige manejo, e a Festival e a Amiga”, explica García. A produção de morango de Huelva é exportada, em grande parte, para países como a França, Alemanha, Itália e Reino Unido, bem como a outros mercados emergentes, como a Polônia ou Rússia. “O morango é muito importante para a economia de Huelva”, completa o expecialista.
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RÚCULA,
“A PRINCESA DAS FOLHOSAS”
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rúcula, conforme dados da Associação Brasileira do Comércio de Sementes (Abcesem), ocupava uma área de 24.780 hectares no Brasil em 2009. Considerada “a princesa das folhosas”, a verdura só é superada pela alface na área cultivada, já que é produzida comercialmente em mais de 66 mil propriedades do país, de acordo com informações do Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Muito apreciada crua, em saladas, ou refogada, é utilizada como complemento às refeições, devido ao seu forte sabor, capaz de eliminar o gosto de outros alimentos. “Embora venha crescendo muito nos últimos anos, a produção de rúcula no Brasil ainda não atende à demanda. Tudo o que os agricultores produzem é vendido”, destaca o engenheiro agrônomo Cyro Paulino da Costa, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). A rúcula, que também é conhecida como mostarda-persa, é uma verdura da mesma família da mostarda e do wasabi, as crucíferas. Ela é originária da Itália, no Sul da Europa, e parte ocidental da Ásia. O seu nome vem do dialeto italiano “ruchetta”. As primeiras gravuras que mostram a hortaliça ardida são de 1576. Os italianos usavam a verdura como produto medicinal e afrodisíaco. A história conta que, devido ao sabor ardido, ela chegou a ser proibida por um papa, por suspostamente ter capacidades afrodisíacas. “Na Itália, tem uma bula papal proibindo o consumo de rúcula, porque acreditava que ela despertava a libido dos noviços”, brinca Costa, que possui mestrado em Genética e Melhoramento pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/ USP) e doutorado em Horticulture - Purdue University. “Ela é a única verdura proibida por uma bula papal na história da Igreja Católica”, acrescenta. No Brasil, 100% dos agricultores cultivam a Eruca sativa, de sabor mais suave, e que é conhecida como “cultivada”. Já na Europa, a preferência é pela Diplotaxis tenuifolia. “A rúcula tipo selvática responde por 60% do consumo na Itália, e por cerca de 90% na Inglaterra e Alemanha. Ela é mais apreciada porque é mais ardida e dá mais sabor”, diz o engenheiro agrônomo. Segundo ele, a sensação de ardência ao comer a rúcula vem dos glucosinolatos, compostos encontrados nos vegetais crucíferos, que ativam as pupilas gustativas. Até o ano 2000, os agricultores brasileiros optavam apenas pela rúcula cultivada, de folhas largas (sakata) dos tipos rococó, astro, selecta, apreciatta, maia e roka. Números da Abcesem mostram que, em 2009, o mercado movimentava um volume de sementes estimado em 37 toneladas, com
um valor de R$ 2.23 milhões. A rúcula é uma hortaliça muito consumida e importante, principalmente no Sul da Europa, no Egito e no Sudão. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil é uma hortaliça bem conhecida e consumida. Adapta-se em clima fresco, nem quente, nem frio. No país, seu uso começou pelos estados da Região Sul, mas, hoje, é bem conhecida em todo o país. “A princesa não gosta muito de calor, ela sente saudades da Itália”, afirma o professor da Ufscar. Ela é cultivada a campo e no sistema hidropônico de produção, principalmente. “No Brasil, o sistema que mais vem crescendo é o hidropônico. O cultivo da rúcula a campo, sem proteção, é considerado de alto risco”, atesta Costa. A produtividade normal é de 1,7 mil a 2 mil maços por hectare. Os estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil são os maiores produtores, segundo ele.
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