Revista orientar

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Orientar REVISTA

Ano I - Nº 01 - Janeiro/Fevereiro/Março 2015 - R$ 7,00

Evolução tecnológica ESCREVER A MÃO Ou no computador. Qual a melhor opção?

GERAÇÃO TÉDIO As crianças estão mais preguisoças?

RECICLAGEM DE VÍDRO O processo e formas de reaproveitamento


Orientar REVISTA

Editor, Projeto gráfico-editorial, Seleção e tratamento de imagens, Editoração Yara Pereira Assessoramento: Professores Carlos Davi da Silva, Ildo Golfetto, Inara Willerding, Israel Braglia e Juliana Shiraiwa. Formato: Formato Fechado: 260x185mm Formato Aberto: 520x370mm Fontes tipográficas: Bodoni, Merriweather, Swis721 Lt Bt, Ocr a Std, Djb Chalk It Up Papel: Reciclato 130g e 115g Impressão: PostMix

Esse trabalho é experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, desenvolvido pela aluna Yara Pereira como exercício de projeto editorial para a disciplina de Projeto Gráfico II do curso de Design Gráfico da Faculdade Energia no semestre de 2014-2. Não será distribuído, tampouco comercializado.

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Editorial

A

Revista Orientar tem como objetivo aprimorar e capacitar o conhecimento dos professores de educação infantil e fundamental I, neste periódico você encontrar diversos estilos de reportagens, tudo para deixar o leitor com desejo de saber as outras novidades que há por dentro da revista. A revista é separada em algumas sessões que irão auxiliar a você leitor, a encontrar o estilo de reportagem que procura, como a sessão “Fora de sala”, lá você irá encontrar reportagens para você trabalhar com seus alunos, dentro ou fora da sala de aula. Não pense que você está apenas como um leitor, você também pode contribuir com a nossa revista, enviando imagens, sugestões de reportagens, reportagens. Tenha uma ótima leitura.

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sumário Letras

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Escrever no computador ou à mão? Letras

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Falar para escrever Letras

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Relação entre texto & imagem

Bate-papo

Geração tédio 10 Renovável

Benefícios da reciclagem de vidro 16 4

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Fora de sala

Aprendendo com a horta

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Fora de sala

Trabalhando com cores

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Profissão

A evolução tecnológica

26 Profissão

Falta interesse por carreira de professor

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Escrever no

computador ou à mão? Por: Marina Kuzuyabu Fotos por Luiz Pedro

A

s crianças estimuladas a escrever à mão têm uma série de vantagens em comparação com aquelas que gastam mais tempo no computador, segundo um recente estudo concluído por pesquisadores do Collège de France, em Paris. Elas leem e aprendem mais rápido e se saem melhor em testes de criatividade e retenção de informações. “Quando escrevemos, um circuito neural único é ativado. E parece que esse circuito contribui de uma forma que nunca tínhamos constatado. O aprendizado se torna mais fácil”, declarou o psicólogo Stanislas Dehaene, que participou do levantamento. Os resultados são equivalentes ao de outro estudo, este realizado na Universidade de Indiana, em 2012. Crianças ainda não alfabetizadas foram solicitadas a desenhar letras e digitá-las no computador (apertando as teclas correspondentes no teclado). Por meio de ressonância magnética, verificou-se que a atividade cerebral era muito baixa quando elas estavam no computador, mas que, em contrapartida, quando elas tentavam reproduzir as letras à mão, três áreas do cérebro eram ativadas. Portanto, a criança quando aprende a escrever a mão, seu desenvolvimento é inferior e há mais possibilidades da criança desenvolver seu senso criativo.

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lEtras

FALAr PArA EscrEvEr Por: Tânia Pescarini Fotos por Juliana Zappelin

Projeto busca referências na cultura regional para trabalhar a dimensão estética da linguagem no processo de letramento

C

rianças brincam e batem palmas no pátio da escola, cantando: “Era meia-noite, noite, noite, noite/ Fui no cemitério, tério, tério, tério/Vi uma caveira, veira veira, veira”. Canções como essa, pequenos poemas, com origem na cultura popular e em brincadeiras de rua, estão sendo testadas como recurso pedagógico para o letramento por um grupo de pesquisadores de três universidades brasileiras. Liderado pelo professor e pesquisador Claudemir Belintane, da Faculdade de Educação da Univer-

sidade de São Paulo (Feusp), o projeto completa quatro anos em 2014 e envolve pesquisadores, orientandos e bolsistas da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), além da própria USP. Segundo Belintane, o projeto é uma alternativa à metodologia fônica e pretende dar conta de todo o espectro da relação entre semântica e fonema com recursos da cultura popular, como trava-línguas, parlendas e língua do pê, para uma imersão prazerosa no universo da linguagem escrita.

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texto &

Relação entre

Por: Ana Flávia Alonço Castanho Fotos por Banco de imagens

Sem Título

O Livro do Foguete

Hervé Tullet 72 páginas Cia. das Letrinhas

Peter Newell 45 páginas Cosac Naify

Os leitores apareceram antes da hora e o livro não está pronto! Assim começa uma divertida história, contada por personagens que ainda estão no rascunho e se parecem com desenhos infantis. Quando percebem que as crianças estão olhando, eles correm para chamar o autor e tentam inventar uma história, desenhando fadas, princesas e monstros. A obra de Hervé Tullet encanta as crianças por sua originalidade narrativa.

Um garotinho desastrado acende um morteiro no porão de seu prédio e ele atravessa cada um dos andares. No caminho até o céu, o foguete fura não apenas uma banheira e uma jarra de suco mas também as próprias páginas do livro. A ideia de criar um buraco de verdade é o grande trunfo da obra. Ao pegá-la nas mãos, a criança pequena fica até em dúvida: será que um foguete realmente passou por ali e rasgou o papel?

365 Pinguins

O Outro Lado Istvan Banyai 44 páginas Cosac Naify

Jean-Luc Fromental 48 páginas Cia. das Letrinhas Centenas de pinguins vão chegando à casa do personagem principal, que, desesperado, tenta encontrar espaço para abrigá-los. A cada página, o número aumenta exponencialmente. O autor não chega a representar 365 animais, mas joga com as ilustrações e com o projeto gráfico de modo a passar ao leitor a sensação de lotação. O livro, em si, é enorme, quem sabe o maior da biblioteca, e mesmo assim não cabem mais pinguins dentro dele.

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Conhecido por produzir narrativas intensas por meio apenas de imagens, o autor mostra, nesse livro, que uma mesma situação pode parecer completamente diferente de acordo com o ponto de vista. Ao passar os olhos pelas ilustrações, a criança entende que nem tudo é o que parece à primeira vista. Cenas do cotidiano são retratadas sob diferentes ângulos na obra de Istvan Banyai em que a criança pode dar asas a imaginação.

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imagem Nessa edição a Orientar traz uma lista de livros para você trabalhar com seus alunos.

Uma Chapeuzinho Vermelho

O Leão e o Camundongo

Marjolaine Leray 48 páginas Ed. Cia. das Letrinhas

Jerry Pinkney 40 páginas WMF Martins Fontes

Ilustrado apenas com linhas pretas e vermelhas, o livro se desenrola de forma delicada e apresenta uma Chapeuzinho diferente da que aparece nas histórias tradicionais. Enquanto as palavras dão um contorno de ingenuidade às atitudes da garota, as ilustrações vão deixando transparecer que ali existe uma menina astuta, capaz de se defender. O apelo gráfico do livro é o grande diferencial desse título.

O encanto dessa história é potencializado pelas imagens, que retratam os personagens de forma oposta, um tão pequeno e indefeso e o outro grande e poderoso. Logo nas primeiras páginas, o ratinho aparece andando no que pensa ser um gramado. Como as cenas vão surgindo aos poucos, as crianças vivem emoções e sensações junto com o personagem, até que ele descubra que está em cima do leão.

Não!

Até as Princesas Soltam Pum Ilan Brenman 28 páginas Brinque Book Questionado por Laura sobre as princesas soltarem pum, seu pai começa uma grande viagem pelos cheiros que envolvem o universo dos contos de fada. O diálogo entre texto e imagem fica mais evidente na representação gráfica do pum, que perpassa as páginas como uma nuvem rebuscada, formada por letras. É como se essa fumaça dançasse entre os personagens e se fizesse presente em todo lugar.

Marta Altés 28 páginas Brinque Book Um cãozinho conta, orgulhoso, como ajuda os moradores da casa nas tarefas diárias. As imagens, no entanto, revelam uma grande bagunça. Nessa desconexão entre palavras e ilustrações reside o humor buscado pela autora. Na história, a família grita “não”, “não” e “não”, tentando fazer com que o cão pare de arrancar roupas do varal ou destruir o jornal. Ele, no entanto, se sente prestigiado ao ouvir tantas vezes o que pensa ser seu nome.

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A

falta de encantamento e iniciativa de algumas crianças sempre chamou a atenção da psicóloga e pedagoga Clarice Krohling Kunsch. Professora de uma escola particular infantil de São Paulo (SP), a profissional resolveu encarar a questão e investigar as raízes do problema. Seu palpite inicial era de que o excesso de bens materiais estaria causando essa falta de interesse generalizada, que ela também chama

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de “tédio existencial”. Sua pesquisa acabou rendendo uma tese de mestrado, defendida em 2013 no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Por meio de observações e entrevistas realizadas com pais e crianças de 5 a 7 anos, a pesquisadora concluiu que, na verdade, a apatia está relacionada com o excesso de controle dos pais sobre seus filhos e com a agenda saturada de atividades enfrentada desde cedo pelos

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BCartola atE-PaPo

GERAção

tédio Por: Clarice Kunsch Fotos por Geraldo Gueller

Pesquisa realizada pela psicóloga e pedagoga Clarice Kunsch mostra que as crianças podem ficar apáticas se forem excessivamente controladas pelos pais (e professores) e enfrentarem uma agenda cheia de atividades.

pequenos. Acostumados a cumprir uma rotina puxada – que começa cedinho na escola e se estende até o final da tarde em uma academia ou instituto de esportes, línguas, artes, etc. – e a obedecer a ordens sobre o que fazer e como fazer a todo o momento, os jovens alunos vão, aos poucos, perdendo a iniciativa e deixam de reagir naturalmente. Na escola, as crianças podem até “travar”, deixando de assimilar conteúdos e de res-

ponder prontamente a questões por receio de errar, como explica Clarice na entrevista que segue. “Estou falando de uma minoria, mas é uma minoria que, do meu ponto de vista, não deveria existir”, especifica. Clarice também fala sobre os impactos de se adiantar conteúdos na Educação Infantil e sobre a expectativa exagerada dos pais em relação ao futuro de seus fi lhos.

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É por segurança? Competição? Expectativa? Entre os pais hoje há uma expectativa muito grande para criar os gênios do futuro. Como se deu o processo de realização do estudo? Com quantas crianças você trabalhou e qual era o perfil delas? Fui para uma escola particular de nível socioeconômico alto, em São Paulo, e convidei todos os alunos com idades entre 5 e 6 anos para participar. Das 40 solicitações enviadas às famílias, tive retorno de apenas nove. Para ampliar o universo pesquisado, estendi o convite aos alunos da 1ª série do ensino fundamental, que têm idades entre 6 e 7 anos. No total, entrevistei 30 crianças e 14 pais. Na abordagem com os adultos, investiguei como era a rotina de seus filhos, quais eram os hábitos de consumo da família, como aproveitavam os finais de semana, que tipos de viagens realizavam, como comemoravam as datas de aniversários, enfim, qual era o perfil de consumo deles. Em um segundo momento, parti para um levantamento a respeito dos sentidos que a família atribuía a determinadas coisas, quais eram as expectativas em relação ao futuro dos filhos e como eles percebiam a criança em casa. Você conta que percebia um desinteresse por parte de algumas crianças durante as atividades realizadas na escola. Como você entendia esse problema antes da investigação que realizou? Quando comecei minha pesquisa, acreditava que o problema era o consumismo, o excesso de bens. Como muitas crianças de hoje têm de tudo, achava que o mundo estava se tornando desinteressante para elas por essa razão. Mas conforme avancei nas entrevistas e nas observações na escola, fui percebendo que a criança pode ter muita coisa e se relacionar com aquilo de forma saudável. Hoje vejo que o problema está na maneira como a vida é consumida. Vejo um número cada vez maior de famílias encarando os filhos como um projeto.

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Outro dia escutei uma mãe dizer: “pago escola, psicopedagogo, fonoaudiólogo e meu filho não melhora as notas”. Mas ele não é uma mercadoria ou um projeto que você desenvolve dentro de uma empresa e que se fizer tudo certo ele será bem-sucedido. Hoje se discute muito que as crianças não têm limites. Mas sua pesquisa mostra justamente o contrário. Realmente há mais limites. As crianças estão cada vez mais institucionalizadas, envolvidas em atividades dirigidas por outro adulto. Isso acontece porque, em várias famílias, os pais trabalham fora. Muitas vezes, eles não têm um profissional de confiança para cuidar de seu filho depois que volta da escola e aí acabam mandando-o para um clube, por exemplo, porque sabem que lá estará seguro. Assim, ele fica sob a intermediação de um adulto o dia inteiro. É claro que uma criança precisa disso. Isso é necessário para a integridade, para a segurança física dela. Mas o problema é que ela fica o tempo todo ouvindo o que fazer. Em casa não é diferente: alguns pais determinam qual é a hora de brincar, de desenhar, etc. Como você apontou, esse excesso de atividades extracurriculares está relacionado com o estilo de vida moderno das grandes cidades. Considerando que essa é a realidade de muitas famílias brasileiras, como contornar o problema? Sempre falo para os pais: não é a vida da criança que determina a realidade familiar, mas o contrário. Se os dois trabalham, é necessário se adaptar, claro. Mas é preciso investigar o que está motivando os pais quando colocam seus filhos para fazer uma atividade. É por segurança? Competição? Expectativa? Entre os pais hoje há uma expectativa muito grande para criar os gênios do futuro. Então, esses pais vão procurar aulas de mandarim, por exemplo, porque dizem que essa é a língua do futuro. Mas isso é uma previsão, ninguém sabe ao certo qual será a demanda para isso. Também existe uma competição entre as famílias, que não é escancarada, mas está ali. Os pais veem que o coleguinha do filho está fazendo

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uma atividade e logo pensam que deveriam colocar o deles para também fazer algo. Então, reforço, é preciso ver quais são os valores que estão permeando essas decisões e ficar atento às reações da criança. Tem criança que aguenta uma batelada de coisas, mas tem criança que não. É precso respeitar o limite de cada um. E como o tédio se manifesta a partir dessa situação? Quais são as consequências? Por estarem o tempo todo fazendo alguma coisa, com alguém por perto controlando, as crianças ficam sem saber o que fazer quando se veem sozinhas. Mas como isso é possível, não saber o que fazer na própria casa? Crianças saudáveis do ponto de vista mental se envolvem com qualquer coisa. Mas os jovens com sinais de tédio precisam de um empurrãozinho; não têm criatividade, características que considero fundamentais. É claro que tem aquele tédio comum, que acontece quando você está em qualquer outra situação sem fazer nada.

A criança deve então ser deixada sozinha mais vezes? Por que é importante dar esse espaço para elas? O adulto tem de estar presente, mas estar presente não significa estar ao lado. Não precisa estar junto, vigiando. Brincar é um processo que se aprende, que precisa da mediação de alguém no começo, mas depois a criança deve ser deixada sozinha para enfrentar o desafio de fazer aquilo de forma independente. Isso favorece a criatividade, a espontaneidade e também a fantasia. Para uma criança, um carrinho não é só um carrinho. Aquilo pode voar para ela. Como o adulto tem a tendência de apresentar as coisas mais prontas, a possibilidade de a criança fazer suas próprias descobertas é eliminada nesse contato. E hoje tem alunos pequenos que já perderam a capacidade de fantasiar. Você mostra um bichinho de pelúcia e eles não veem nada além daquilo. Então me pergunto: para onde está indo esse encantamento? É esperado que a escola fique muito chata mesmo nesse contexto.

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Quais são os impactos desse desinteresse no desenvolvimento das crianças e, principalmente, no aprendizado? Entrevistei uma criança que tinha uma agenda muito lotada. Conversando com seus professores, eles relataram que ela “trava”. É tanto conteúdo que ela não consegue administrar. O aluno só se expressa quando tem certeza do que está falando, o que é ruim para a sua espontaneidade. Isso está relacionado à expectativa dos pais. Ele sente essa pressão e fica com medo de falhar. Esse sentimento começa a “atropelar” o seu desenvolvimento. Como essa realidade está se refletindo nas escolas? Os professores também estão superprotetores e supercontroladores? Volta e meia ficamos sabendo de escolas que estão promovendo brincadeiras na hora do recreio. Acho triste saber que há alunos precisando de alguém para contar histórias, que ofereça materiais porque senão eles não conseguem brincar. Acredito que na escola deve haver momento dirigido, que acontece na sala de aula, e também o momento livre para o aluno fazer o que ele quiser, isso é fundamental. As escolas estão respondendo à demanda de alguns pais, que não querem pagar uma escola para deixar seus filhos “apenas” brincando. Também vejo que há uma pressão para que a alfabetização seja antecipada, o que é uma bobagem. Quais são as consequências de uma alfabetização antecipada? A gente sempre brinca: quem, em uma entrevista de emprego, teve de responder com que idade foi alfabetizado? A resposta é mais uma prova de que isso não faz diferença nenhuma. Mas muitas escolas estão mudando o currículo em função dessas demandas do mercado. Os pais, por uma questão de vaidade, também querem uma escola que alfabetize seus filhos aos três, quatro anos. Com isso, muitos conteúdos estão sendo antecipados, mas por uma cobrança social. É claro que a criança tem capacidade para aprender, mesmo nessa fase, mas me pergunto: por quê e para quê? Não faz nenhuma diferença

ser alfabetizado com 4 ou 7 anos. Mas aquela que foi alfabetizada com 4 anos deixou de brincar para aprender a ler e escrever. Mas se ela não brincar, não se sujar nessa fase, não vai ser no ensino fundamental que ela vai fazer isso. Durante sua pesquisa, você também teve tempo de conversar com os professores. Pelo que você notou, eles também estão atentos ao problema da apatia? Estão atentos sim. Mas vejo que na avaliação que eles fazem a respeito do problema há muitas crenças envolvidas. Muitos acham que o problema é o uso de equipamentos eletrônicos. Também tem profissionais que acham que as crianças que têm algum tipo de dificuldade são aquelas em quem você percebe mais desinteresse. Mas isso não é verdade. Não dá para pensar que a criança não se interessa tanto porque tem dificuldade ou porque ela só gosta de videogame. Falta às vezes um olhar individual para aquele aluno. Quais contribuições os professores podem dar para frear ou reverter o problema? Acho que se deve começar com uma mudança de olhar para deixar de enxergar aquela criança como alguém adoecido. Depois disso, os professores devem avaliar a rotina dela e aí alertar quem está envolvido com ela. O que os pais vão fazer com a informação não dá para controlar e o professor tem de saber lidar com essa frustração. Mas o importante é nunca deixar de falar, nunca deixar de apontar. Também ressalto que é preciso ter cuidado para não creditar o problema ao excesso de televisão ou de videogame. Esse não é o caminho. Tem de olhar para aquela criança e tentar entender o que está acontecendo verdadeiramente. Em sala de aula, o professor pode orientar suas práticas para criar mais momentos de estímulo à criança que a motivem a participar mais, apresentar soluções, enfim, a se virar. Essa geração que está entrando agora no mercado de trabalho já quer as coisas prontas. Se nada mudar, vai faltar uma reação mais espontânea às demandas lá na frente.

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BEnEFĂ?cIoS dA REcIclAGEm dE

vidro Por: Juliana Zimmer Fotos por Marcos Castro

Fique por dentro dos vantagens da reciclagem do vidro

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renovável

É

possível dizer que o vidro é o material de embalagem mais amigo do homem. Se toda a população se conscientizasse dos benefícios da reciclagem do vidro seria possível reaproveitar integralmente as embalagens com enormes benefícios ecológicos, econômicos e sociais. Estas características são únicas do vidro que, além das suas vantagens como material, acrescenta à elas o benefícios da reciclagem.

Preservação do meio ambiente Embalagens de vidro podem ser totalmente reaproveitadas no ciclo produtivo da reciclagem do vidro, sem nenhuma perda de material. A reutilização do vidro para a produção de novas embalagens consome menor quantidade de energia e emite resíduos menos particulados de CO2, contribuindo para a preservação do meio ambiente. Outro aspecto é o menor descarte de lixo, reduzindo os custos de coleta urbana, e aumentando a vida útil dos aterros sanitários. O vidro é 100% reciclável e pode ser reciclado inúmeras vezes, pois é feito de minerais como, areia, barrilha, calcário e feldspato. Ao agregarmos o caco na fusão, diminuímos a retirada de matéria-prima da natureza. Qualidade do vidro na reciclagem O processo de reciclagem prima pela qualidade do vidro e para sua execução é realizada uma análise prévia do material a ser reciclado – o caco de vidro – para eliminar impurezas que possam contaminar o vidro a ser produzido. Além disso, evita danificar os fornos e outros equipamentos utilizados. Todo material reciclado passa por um beneficiamento, ou seja, as tampas e rótulos precisam ser retirados e as embalagens precisam passar por um processo de lavagem para que o resíduo seja removido. Impurezas Pedras, Cerâmicas, Concreto, Louças e Cristal São consideradas como impurezas, produtos inorgânicos estranhos à formulação do vidro sodacal, difíceis de serem fundidos nas temperaturas do forno de fusão e que, consequentemente,possam gerar falhas ou defeitos no produto final.

Material Orgânico (plástico, papel e terra) Em princípio volatizam às altas temperaturas, porém em excesso podem alterar a atmosfera do forno, resultando em reações químicas que alteram a cor ou criam bolhas. Metais Ferrosos ou não Ferrosos Contaminam o vidro, provocando manchas de cor totalmente diferentes do vidro base. Provocam bolhas ou aparecem no produto final na forma de defeitos metálicos e/ou pontos pretos, manchas, nuvens de bolhas, etc. O ferro metálico reage com o material refratário do forno de fusão, chegando a furar a sola e as paredes do forno, interrompendo a fabricação ou no mínimo, diminuindo a sua vida útil. Vidros Farmacêuticos / Laboratório Embalagens de vidro que contenham elementos químicos, nocivos a saúde ou corrosivos (classe 1) devem ser descontaminados antes de ir para a reciclagem. Para maior segurança, procure o Órgão Ambiental de sua região para dar o destino final adequado para o material. Segregação de cacos para Reciclagem de Vidro Plano O caco de vidro plano (float (liso) ou impresso) não deve ser misturado ao de embalagens. Sua reciclagem é feita junto às indústrias fabricantes e através de recicladores especializados, que adquirem caco junto à rede de venda de vidros de reposição para veículos. O caco laminado também pode ser reciclado por um círculo ainda menor de receptores, os quais processam o mesmo através de moagem, removendo o filme plástico de PVB (polivinilbutiral), que se limpo de forma adequada (livre de caquinhos) também pode vir a ser reciclado. Assim se você desejar reciclar algum caco de vidro plano, incluindo espelhos, a forma mais prática é oferece-o a uma vidraçaria de seu bairro, aqual participe da coleta de caco, destinando o caco gerado para um sucateiro. OBS: O vidro aramado não é reciclável.

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APREndEndo com A

horta

Por: Ubirajara Moura Batista & Marize Damiana M. B. Fotos por Nadine Pereira

Um projeto realizado no interior da Bahia teve como objetivo despertar nas crianças o cuidado com a natureza e o gosto pela alimentação saudável.

A

experiência aqui relatada ocorreu na Creche Julieta Miranda Campos, situa¬da na Vila de Bento Simões, no município de Irará (BA). Em 2013, quando o trabalho foi realizado, a creche tinha 60 alunos matriculados, todos vindos de comunidades rurais próximas à Vila. O projeto Horta na Escola teve como público-alvo as turmas dos grupos 1 (alunos de 1 ano e meio), 2 (alunos de 2 anos a 2 anos e meio) e 3 (alunos de 3 anos). Surgiu a partir de uma discussão da coordenação com os professores, que buscavam desenvolver atividades da área de conhecimento Natureza e Sociedade. A intenção era aproximar as crianças da natureza de maneira efetiva, concretizando ações de ensino e aprendizagem fora da sala de aula. O objetivo principal do projeto era despertar nas crianças o cuidado com a natureza através do estabelecimento de uma relação direta com

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o solo, a água e as plantas, proporcionando o contato com algumas hortaliças e despertando o gosto por esses alimentos. O projeto foi pautado em uma abordagem pedagógica interdisciplinar e voltado ao desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e afetivas. Após a discussão inicial, partiu-se para a elaboração do projeto escrito. Além da abordagem pedagógica que o norteou, foram definidas as diferentes etapas de criação da horta: escolha do local, limpeza e preparo do solo (adubação), semeadura, manutenção (irrigação e limpeza do mato) e colheita. Foi definida uma área na escola, próxima ao parque onde as crianças brincavam, para a localização da horta. A partir desse momento, todo o processo foi desenvolvido com a participação das crianças, que ajudaram na limpeza da área para que se desse início ao preparo do solo. A seguir, elas fizeram a semeadura, sob a orientação dos professores, e também a primeira rega do solo. Desde então,

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Fora de sala passaram a regar o solo todos os dias, vivenciando as mudanças ocorridas naquele ambiente. No momento em que as sementes começaram a nascer, as crianças foram levadas a observar as mudanças ocorridas e a experimentar sensações diante das plantas que começavam a crescer e da existência de uma variedade de cores, formas, cheiros, texturas e tamanhos. Com isso, participaram intensamente do processo de cuidar da horta, molhando as plantas com empolgação e alegria. Esses momentos representaram uma maneira especial de brincar e, por extensão, de aprender juntas a cuidar da natureza. As hortaliças desenvolveram-se e, quando chegaram à fase de amadurecimento, as crianças passaram a fazer a colheita. Foi um momento bastante rico em interação e aprendizado, pois elas participavam de forma concreta e espontânea dessa experiência, vivenciando diferentes situações envolvendo

autonomia, movimento, tempo e espaço, entre outros aspectos. Os alimentos colhidos na horta foram utilizados na alimentação das crianças na própria creche, despertando-as para o consumo das hortaliças em forma de saladas, pães e bolos. Ao participar do trabalho na horta e do processo de colheita e preparação dos alimentos, elas puderam ampliar sua relação com alimentos mais saudáveis. Conforme Magalhães (2003, p. 5), “utilizar a horta escolar como estratégia, visando a estimular o consumo de feijões, hortaliças e frutas, torna possível adequar a dieta das crianças. Outro fator interessante é que as hortaliças cultivadas na horta escolar, quando presentes na alimentação escolar, fazem muito sucesso, ou seja, todos querem provar, pois é fruto do trabalho dos próprios alunos”. Durante a realização do projeto, as professoras inovaram e criaram o dia da culinária, no qual as

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A partir desse projeto, muitas crianças que não gostavam de comer verduras e hortaliças no almoço passaram a aderir a este hábito.

crianças produziram alimentos a partir de receitas trabalhadas nas aulas — a maior parte dessas receitas com material retirado da horta pelas próprias crianças. Uma das receitas mais apreciadas foi o pão de cenoura. No projeto, foram trabalhados conteúdos de diversas áreas do conhecimento, como quantidade, tamanho, espaço, cor, forma e textura, sempre tomando como exemplo as plantas e o solo com os quais as crianças mantinham contato. Desse modo, elas se envolveram na manutenção e no cultivo dos alimentos, assim como no preparo de algumas receitas culinárias, além de demonstrar mudanças em seus hábitos alimentares, com a adesão ao consumo de hortaliças, sobretudo em forma de saladas. Ao se propor a realização de uma horta na escola, dependendo do encaminhamento pedagógico dado, pode-se abordar e abranger diferentes conteúdos que constituem o currículo escolar, resgatando valores, ampliando o acervo cultural, desenvolvendo habilidades e promovendo hábitos saudáveis para todos os envolvidos. Nesse sentido, “a horta, inserida no ambiente escolar, torna-se um laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em educação ambiental

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e alimentar, unindo teoria e prática de forma contextualizada, auxiliando no processo de ensino aprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais envolvidos” (Pimenta e Rodrigues, 2011, p. 10). Assim, a prática da horta na escola caracteriza-se como um processo de mediação que oportuniza viabilizar o ensino com crianças pequenas, uma vez que as aproxima de situações concretas e vividas no cotidiano, favorecendo um trabalho pedagógico que integra prática e teoria. Por meio do processo de mediação e das sensações, a criança é conduzida a interagir com os objetos, estendendo relações para além do próprio corpo, vivenciando e apreendendo novas experiên¬cias, o que lhe permite ampliar conhecimentos, vínculos afetivos e cognitivos para apropriar-se do mundo por meio de diversas linguagens, as quais devem ser utilizadas de modo a respeitar cada momento do desenvolvimento infantil (Silva, Pasuch e Silva, 2012). Portanto, ao serem criadas na escola situações em que as crianças possam lidar com a terra, cuidar de uma pequenina planta, regando-a todos os dias e acompanhando o seu crescimento, cami-

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nha-se em uma trilha educacional que extrapola as paredes da sala de aula. Além disso, a prática do professor aproxima-se de uma perspectiva de educação mais ampliada e integradora, que tenta superar uma visão reducionista e fragmentária do processo de ensino-aprendizagem, sobretudo com crianças pequenas, as quais compõem por natureza uma espécie de “unidade solidária”. Na perspectiva de Wallon (2005, p. 215), “a psicogênese da criança mostra, através da complexidade dos fatores e das funções, através da diversidade e da oposição das crises que a assinalam, uma espécie de unidade solidária, tanto em cada uma como entre todas elas. É contra a Natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, a criança constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão das suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais suscetível de desenvolvimento e de novidade”. Ao mobilizar ações de ensino-aprendizagem que contemplam as dimensões afetivas, cognitivas, sociais e motoras das crianças, o que se deseja é colocar a prática educativa em outro patamar, ressaltando-se a indissociabilidade prática-teoria, abrindo margens a um

processo que permita ao professor movimentar a sua ação com o propósito de aguçar o espírito científico das crianças, de forma a atingir a totalidade do ser, a sua inteireza. “A criança está inteira em todos os momentos da instituição, aprendendo, elaborando hipóteses, sentindo e conhecendo o mundo com todo o seu corpo, com fantasia, imaginação, razão, criatividade e afetividade. As experiências diversificadas que lhes possibilitamos viver necessitam promover a relação da cirança de modo integrado com múltiplas linguagens, objetos e conhecimentos” (Silva, Pasuch e Silva, 2012, p. 110). A partir desse projeto, muitas crianças que não gostavam de comer verduras e hortaliças no almoço passaram a aderir a este hábito. Talvez isso se explique pelo fato de encararem aqueles alimentos como o fruto de uma experiência que, para elas, era uma brincadeira: brincar de cuidar da horta. Para todos aqueles que estavam envolvidos no projeto, ficou o aprendizado de que as crianças, mesmo em tenra idade, são capazes de executar tarefas consideradas complexas, as quais muitas vezes pensamos que os pequenos não são competentes o suficiente para realizar.

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cores

Trabalhando com

Por: Bruno Alves Fotos por Arnaldo Bruno

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Vermelho, azul, amarelo, verde e muito mais. Crianças aprendem mais com o colorido ao seu redor

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arte-educadora Kacianni Ferreira explica que a utilização das cores contribui para o desenvolvimento da criança, principalmente por meio do aprimoramento da capacidade motora e cognitiva, raciocínio, audição, fala, entre outras funções. “Como diz o educador e escritor Rubem Alves, devemos dar sabor ao nosso saber e ensinar os alunos a degustarem as coisas. E por que não “degustar” as cores com as crianças? Se dermos sabor às atividades, elas serão realizadas com muito mais alegria e prazer. E é disso que nossas escolas e alunos precisam: de saber com sabor, para aprenderem com gosto e satisfação”, diz ela. Na Educação Infantil, brinquedos, jogos e brincadeiras são ferramentas pedagógicas. Além dessas ferramentas, é possível mostrar objetos coloridos que estão na sala de aula e na escola,

de modo geral, e fazer relação com as cores das coleções (lápis de cor e/ou giz de cera) que elas utilizam, assim como também comparar as cores com elementos da natureza, como o céu, o Sol, a Lua, as estrelas, as nuvens, as árvores, as frutas, os rios ou mares, os passarinhos etc. Em seguida, Kacianni diz que é interessante pedir à criança que expresse o que sentiu, o que aprendeu, por meio da fala, de um gesto, de uma brincadeira, de um desenho etc. Isso aguçará sua curiosidade, imaginação e criatividade, levando a ter mais autoconfiança e autorrealização. A arte-educadora diz que atividades que relacionam as cores aos mundos imaginário e real da criança são extremamente significativas para elas, portanto, sugere que sejam realizadas constantemente, tanto em ambiente escolar como familiar.

JoGAndo com AS coRES

BOLICHE Objetivos: Aprender os nomes das cores; Relacionar cores e números; Trabalhar com adição e subtração de números. Faixa etária: 4 a 8 anos. Coloque um número atrás de cada garrafa. No momento da brincadeira, as crianças devem somar os números das garrafas que forem derrubando. Ao final, as crianças de cada grupo somam seus pontos. Essa é uma forma lúdica das crianças trabalharem as cores e os numerais, bem como a soma e a subtração.

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A evolução tecnológica Por: Fernando Ventura Fotos por Charlles Souza

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brinquedo e as brincadeiras sempre fizeram e continuam fazendo parte do imaginário infantil. Há pouco tempo, as crianças se reuniam na escola, nas ruas próximas às suas casas, brincavam de esconde-esconde, pega-pega, pulavam corda, jogavam taco etc. Atualmente, os pais têm dificuldade para tirar seus filhos da frente da televisão, do computador, do tablet e videogame, pois desde muito cedo se apropriam das tecnologias. E brinquedos como esses são trazidos pelas

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crianças para a escola no dia do seu “brinquedo livre”, sendo necessário, muitas vezes, combinações dos momentos para se brincar com esses tipos de brinquedos. Pensando nesse cenário, a EMEI Amiguinho, no município de Campo Bom, desenvolveu com seus alunos um projeto de pesquisa sobre as Tecnologias na Educação Infantil criado pelas professoras Sandra Regina e Carla Castro. Esse projeto tem como objetivo principal discutir sobre a influência exercida pelas tecnologias

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Profissão Quando o brincar e o teclar auxiliam na arte de educar

nas práticas pedagógicas da Educação Infantil com crianças de cinco anos. Buscou-se apontar as mídias utilizadas pelas professoras no dia a dia escolar realizando um estudo comparativo com os brinquedos trazidos para a escola pelas crianças nos dias atuais e os utilizados pelos pais quando esses eram crianças. “É importante demonstrar a importância da tecnologia da televisão e do computador na Educação Infantil, mostrando as vantagens e desvantagens. É necessário que nós professores saiba-

mos lidar com a tecnologia, estando sempre perto das crianças, para, assim, orientá-las quanto aos conteúdos que tanto influenciam no comportamento de cada um”, dizem as professoras.

Metodologia A pesquisa foi desenvolvida em uma instituição de ensino de Educação Infantil no município de Campo Bom (RS). Os sujeitos da coleta de dados foram profissionais da Educação atuantes, gestores, pais e

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as próprias crianças das turmas envolvidas na pesquisa. O tipo de pesquisa utilizada se dará por meio de observação participante, qualitativa, com abordagem comparativa. A pesquisa de campo se deu em dois momentos, a partir da observação das brincadeiras e brinquedos trazidos pelas crianças no dia do “brinquedo de casa” (nome dado ao dia que os pequenos podem trazer o seu brinquedo da sua casa para brincar na escola). Fato esse em que as professoras puderam observar esses brinquedos tecnológicos desde o início do ano. O estudo realizado é de cunho qualitativo, sendo assim, utilizou-se a abordagem etnográfica, para ter maior aproximação direta da realidade do sujeito pesquisado. As entrevistas foram feitas por meio de questionário enviado para as famílias a fim de obter mais informações sobre as ideias dos entrevistados à respeito do tema, depois, transcreveu-se para o caderno de campo. Com o questionário desenvolvido para os pais, em que se pesquisou sobre os brinquedos e brincadeiras da infância, foram montados gráficos comparativos a fim de identificar qual brinca-

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deira fez a maior parte da infância deles. Esse questionário também remeteu às tecnologias em que as crianças pesquisadas têm disponíveis em suas casas e com os dados coletados foi montado um segundo gráfico. Além da pesquisa, foram realizadas oficinas com os brinquedos trazidos pelas crianças em que ensinam uns aos outros a maneira de brincar com determinada tecnologia; sessão fotográfica com máquina digital e presença de um fotógrafo para uma conversa informal sobre fotografia; exposição de brinquedos trazidos pelos pais e que estes brincavam quando eram crianças; confecção de brinquedos antigos com a ajuda dos pais; realização de uma gincana de arrecadação de brinquedos a fim de realizar doação em outubro na semana da criança; realização de uma videoconferência com outra escola do município.

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Brincando com os números As crianças jogaram no notebook um jogo desenvolvido pela professora, em que brincam com os números e suas respectivas quantidades, ao clicar em determinado número, este remetia à quantidade sugerida em forma de desenhos. A própria professora Carla desenvolveu o jogo no PowerPoint.

Comparando tecnologias Os pequenos puderam conhecer uma máquina de escrever para aprenderem a manuseá-la e a escrever o seu nome. Compararam as formas que eram apresentadas as músicas: em discos

de vinil, fitas cassete e CDs para que fizessem as comparações de tamanho e formas. Além disso, as professoras juntaram vários tipos de celulares para que os alunos mostrassem e explicassem as funções de cada um.

Fotografando minha escola As crianças receberam a máquina digital da instituição de ensino para fotografar o ambiente que mais lhe agrada na escola e mais gosta de ficar, com as fotos, montamos uma apresentação utilizando o programa Windows Movie Maker.

Digitando o nome no notebook Os alunos receberam fichas com o nome (essas fichas estavam embaralhadas). Após a montagem do nome e digitação no notebook, um a um, aprendemos a utilizar a impressora para imprimir as digitações.

Bichinhos virtuais Comparação do Jogo Pou e do Tamagotchi: ambos consistem em cuidar de um bichinho virtual, o qual tem que dar comida, banho e brincar. São dois brinquedos com a mesma função, mas de épocas diferentes.

Dica esperta! No final do projeto, as professoras realizaram uma Feira de Ciências com os seus alunos. Realize na sua escola também!

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O ser humano vive em uma constante evolução. Isso é um fato. É inerente a qualquer indivíduo identificar e assimilar mudanças que estão ao seu redor. É dessa forma que fomentamos a criatividade e criamos inovações para as dificuldades do dia a dia. Devido à nossa constante sede de evoluir, ao longo do tempo a humanidade foi mudando conceitos, adaptando comportamentos e convergindo conhecimentos. Sendo assim, o ser humano foi criando formas de se aproximar cada vez mais de seus semelhantes e aperfeiçoou suas comunicações a ponto de não existirem mais distâncias que não pudessem ser vencidas. Hoje em dia as crianças já nascem conectadas. Bebês que mal aprenderam a andar já sabem destravar smartphones. Meninos e meninas que ontem descobriram o bê-a-bá hoje já estão postando no Facebook e compartilhando fotos no Instagram.

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Diante desse cenário, no qual cada dia uma distração diferente é criada, é inevitável o surgimento de um embate com o modelo de educação básica no Brasil, que há mais de meio século se mantém dentro das mesmas diretrizes, sem nenhuma evolução concreta. O que é preciso entender é que a educação, hoje, precisa adquirir um novo formato, no qual a comunicação não seja mais unilateral, e sim uma conversa de mão dupla. O aluno precisa se engajar não somente com o professor, como também com seus colegas de classe. A tecnologia pode e deve facilitar este trabalho, instigando a troca de informações e conhecimento, além de fornecer uma análise mais completa e precisa de cada estudante. Dessa forma, o professor pode direcionar o conteúdo pedagógico de forma personalizada, acompanhando o aprendizado de cada aluno individualmente. É o conceito da cauda longa aplicada à docência. Ferramentas incríveis como a Khan Academy já aplicam esta ideia e seus usuários alcançam resultados expressivos e valiosos. Conceitos simples como destravar badges a cada lição concluida e apostilas baseadas em gamificação podem colocar a criança e o adolescente dentro de um meio ao qual ele já está acostumado e criar um interesse maior, além de uma vontade de evoluir, subindo níveis de um jogo que favorece o aprendizado.

Obviamente, para que isso aconteça, esbarramos em barreiras burocráticas e estruturais. Para mudar o sistema atual, precisamos de um empenho político forte e da consciência de que um trabalho como esse merece uma atenção a longo prazo. São atitudes que trarão uma mudança profunda no sistema de ensino do país, mas que, a meu ver, serão muito benéficas. Outro entrave é a desigualdade social e o escoamento de recursos públicos em nosso país que, infelizmente, proporciona cenas tristes como a de salas de aula que sequer possuem lousas e carteiras para seus alunos. Fica difícil acreditar que aparatos tecnológicos conseguirão chegar a locais como esses. Diante de tantos desafios, é desanimador imaginar que tais mudanças um dia irão ocorrer. Entretanto, por mais difícil que isso possa parecer, um primeiro passo precisa ser dado. Não podemos postergar a evolução de ensino no Brasil. Com o perdão do lugar comum, mas o futuro do nosso país depende de uma educação forte, eficiente e democrática, onde o aprendizado possa chegar tanto para o aluno de grandes cidades, com recursos como, também, para o ribeirinho que tem nessa ferramenta uma esperança para melhorar de condição. A educação é o maior agente de transformação de uma nação e, assim como o ser humano, ela tem de estar em constante evolução.

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FAlTA InTERESSE PoR

carreira de professor

Por: Luiz Fernando Carioni Fotos por Ana Paula Tinti

Número de formandos é suficiente para suprir demanda por docentes, mas falta de valorização faz com que muitos não sigam carreira em sala de aula

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m Porto Alegre, professores chegam a dar aula em três escolas para ganhar um salário melhor. Apesar de haver escolas sem professores no Brasil, o número de formandos em licenciatura no país, entre 1990 e 2010, seria suficiente para atender à demanda atual por docentes, é o que revela a pesquisa inédita do professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Universidade de São Paulo (USP). Faltam, portanto, profissionais interessados em seguir carreira dentro da sala de aula. O estudo aponta para a necessidade de tornar a profissão mais atrativa e de incentivar a permanência estudantil na área. Isso porque o número total de vagas na graduação é três vezes maior que a demanda por professores estimada nas dis-

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ciplinas da educação básica. Em todas as áreas, só as vagas de graduação nas universidades públicas já seriam suficientes para atender à demanda. Para realizar a pesquisa, o autor cruzou a demanda atual por profissionais na educação básica com o número de formados nas diferentes disciplinas curriculares entre 1990 e 2010. Assim, só em Física é possível afirmar, de fato, que o número de formandos não é suficiente para suprir a necessidade. Segundo Marcelino, os titulados preferem ir para outras áreas a seguir a docência. — A grande atratividade de uma carreira é o salário. Mas, além da remuneração, o professor tem um grau de desgaste no exercício profissional muito grande. E isso espanta — afirma o pesquisador, que é da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto.

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Os cursos de formação de professores têm evasão maior que 30%, acima da média registrada por outras graduações: — Em vez de financiar novas vagas, muitas vezes em modalidade à distância sem qualidade, precisamos investir para que o aluno entre e conclua. Dados recentes mostram que há um déficit nas escolas brasileiras de 170 mil professores apenas nas áreas de Matemática, Física e Química. Falta de incentivo e valorização O salário de um professor é, em média, 40% menor que o de um profissional de formação superior. Foi essa diferença de renda que fez Simone Ricobom, de 40 anos, deixar a docência em 1998 — após cinco anos na área — para trabalhar na Previdência Social.

— Havia o pensamento de que o professor tinha de ser um pouco mãe e eu queria ser profissional. Também percebi que não havia projeção na carreira — contou. Simone voltou a atuar na educação infantil entre 2008 e 2012, dessa vez na rede particular, mas se decepcionou novamente. O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, diz que o resultado da pesquisa desconstrói um falso consenso sobre um “apagão”. — Os dados reforçam que a principal agenda na questão docente é a da valorização. Isso é garantia de boa formação inicial e continuada, salário inicial atraente, política de carreira motivadora e boas condições de trabalho — explicou.

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Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. Rubem Alves

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