SALVADOR, 26 DE NOVEMBRO DE 2011
PROJETO ESPECIAL DE MARKETING Este caderno é parte integrante do Jornal A TARDE. Não pode ser vendido separadamente.
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26 DE NOVEMBRO DE 2011
PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
ENTREVISTA Ricardo Voltonini
“O que quero oferecer, com a Plataforma, aos novos líderes brasileiros, é uma visão mais ampla de como age o líder que já conseguiu implantar o conceito em seu negócio.”
Projeto quer formar líderes sustentáveis Brasil afora Desde 2007, quando o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas confirmou, com embasamento científico, que o mundo se encaminhava para uma catástrofe em um tempo muito mais curto do que os mais otimistas imaginavam, muitos daqueles que trabalhavam por um mundo sustentável sentiram que sua lida havia sido convertida em uma missão. Entre eles está Ricardo Voltolini, um consultor em sustentabilidade que vem trabalhando com o tema há cerca de 13 anos. Impulsionado pelo sentido de urgência surgido desde o anúncio do painel e que foi reforçado pela frustração da 15ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima, em 2009, em Copenhague, Ricardo montou uma espécie de cruzada que tenta atingir o ponto que ele descobriu ser chave para tornar o conceito de sustentabilidade uma prática diluída na gestão das empresas brasileiras: a liderança. Para tanto, foi criada a Plataforma Liderança Sustentável. Confira a entrevista exclusiva concedida ao repórter Carlos Vianna Junior. Como surgiu a ideia da Plataforma Liderança Sustentável? Surgiu quando estava terminando o meu livro “Conversas com Líderes Sustentáveis”. Depois de longas entrevistas com dez dos mais importantes presidentes de empresas brasileiras consagrados em gestão sustentável (Ex: Fabio Barbosa, do Santander; Guilherme Leal, da Natura, entre outros), comecei a perceber que a via impressa seria insuficiente para promover as ideias e inspirar os jovens líderes brasileiros a liderarem com valores de sustentabilidade.
Comecei a perceber, pela riqueza, pela diversidade das histórias de líderes importantes, ligados a vários segmentos empresariais, como eles lidam com o tema, como pensam, como agem. Percebi que aquele conteúdo tinha um grande potencial para circular em outros veículos. E qual o papel dos dez líderes do seu livro na Plataforma? A Plataforma tem como padrinhos os dez líderes do livro, e com eles combinamos que iríamos andar algumas cidades, em parceria com a Confederação das Indústrias, para levar suas ideias para outros líderes, com o objetivo de movimentá-los, inspirá-los, levar a eles elementos para refletirem sobre o fato de que administrar com valores de sustentabilidade é bom para o negócio, é bom para a sociedade e para o planeta. Então, a Plataforma pode ser considerada uma consequência do seu livro? Não só do livro, mas de um trabalho que venho desenvolvendo há alguns anos. Para chegar ao livro, tive uma longa trajetória tentando colocar a sustentabilidade na cultura, na estratégia, na gestão de empresas, o que exige um processo de mudança de modelo mental e de modelo de negócio. Para chegar ao livro, fizemos (a terceira pessoa inclui sua empresa de consultoria Ideia Sustentável) um grande estudo. Nós entrevistamos mais de cinquenta executivos de empresas brasileiras importantes que têm ligação com o conceito de sustentabilidade. O objetivo foi entender porque o conceito em
algumas empresas avançou mais do que em outras. Chegamos à conclusão que as empresas que se desenvolviam melhor apresentavam traços em comum. Quais são esses traços? São cinco. O primeiro é que essas empresas tinham um líder que acreditava profundamente no tema, que era um porta-voz da sustentabilidade na organização. O segundo é que nelas a sustentabilidade é tratada como oportunidade e não como risco. O terceiro: nessas empresas, a sustentabilidade está na estratégia e não é somente um conjunto de práticas ou projetos isolados. O quarto é que elas têm uma preocupação em educar, com base na sustentabilidade, todos os públicos de interesse. E o quinto traço é que elas têm uma capacidade grande de comunicar a esses públicos, e à sociedade, o valor da sustentabilidade para o seu negócio. Conhecendo esses cinco traços, eu cheguei a uma conclusão: o mais importante é o primeiro, o líder, porque os outros decorrem dele. Foi a partir daí que o líder sustentável se transformou num foco de seus esforços? Sim. Esse e outros estudos com os quais tive contato, entre eles estudos americanos e canadenses, deixaram claro que o líder faz uma diferença enorme no desenvolvimento do conceito de sustentabilidade, o que me levou a mergulhar no universo dos líderes para saber como eles pensam, como agem, como tomam decisões, como superam obstáculos.
Quantas cidades foram visitadas pela Plataforma desde seu lançamento? Ela foi lançada no dia 2 de julho, aqui em São Paulo, em um evento que reuniu grandes lideranças. A partir daí começamos a andar. Fomos a Brasília, Vitória, Belo Horizonte, Salvador, e no Rio de Janeiro estaremos no dia 7 de novembro. Têm sido encontros maravilhosos, com uma média de público de 150 pessoas. A Bahia foi o único lugar que não levamos líderes do livro. Neste caso, convidamos Marcelo Lyra, da Braskem, e Sergio Leão, da Odebrecht, que são líderes em empresas com um trabalho consolidado em sustentabilidade.
maneira presencial. Vamos usar o nosso portal, onde já se pode encontrar mais de vinte vídeos disponíveis. Então, o portal faz parte da logística da Plataforma. Existem outras ferramentas? O portal é a base de contato permanente com todos esses públicos. Como parte da plataforma, além dos cinco encontros regionais com os líderes, há também as minhas palestras. Já fiz cerca de 45; em escolas de negócios, empresas e associações classistas, o que atingiu um público de mais ou menos 30 mil pessoas, que também acabam nos procurando e acessando o site para obter mais informação.
Qual é a expectativa para a Plataforma em 2012? Temos uma grande solicitação, ao menos 40 cidades estão esperando a Plataforma. Este ano, e até o começo do ano que vem, trabalharemos ainda na primeira fase do projeto que é mais inspiracional, queremos instigar os novos líderes. No próximo ano, no entanto, vamos começar a segunda fase, que terá um espírito mais educacional. Estamos avaliando um grande curso de formação de líderes com a ABDL, a Associação Brasileira de Desenvolvimento de Liderança, a partir de um programa internacional da associação chamado New Earth Leaders. Vamos desenvolver um programa para educar novos líderes, que será semipresencial. Vamos usar ferramentas de educação à distância, porque as demandas chegam dos quatro cantos do país e seria impossível atendê-las de
Como base de uma ação tão valiosa como a Plataforma, podese deduzir que o livro “Conversas com Líderes Sustentáveis” é um importante documento para quem se interessa pelo tema sustentabilidade? Sem dúvida, mesmo porque ele não é formado apenas pelas entrevistas. Tem uma primeira parte, mais teórica, que é uma compilação de artigos que escrevi ao longo dos últimos cinco anos, sobre liderança para sustentabilidade. Eles foram ampliados, ganhando notas de roda-pé, para tornar o tema mais compreensível. Para a minha surpresa, o livro já virou bibliografia básica nas principais escolas de negócio do Brasil, incluindo a Fundação Dom Cabral, que é a maior escola de negócios da América Latina; a USP e a Fundação Getúlio Vargas.
Edição yara Vasku yaravasku@grupoatarde.com.br > projeto gráfico e diagramação OPS.CRIA ops.contato@gmail.com > Revisão gabriela ponce > Fotos divulgação
Por que lhe causou surpresa a boa recepção do livro no âmbito acadêmico? Porque na primeira parte do livro há uma crítica sobre como as escolas de negócio ensinam sustentabilidade, mas, para a minha surpresa, a crítica foi bem entendida como algo construtivo e até tem contribuído para um debate que surgiu sobre o tema. Participei de uma palestra para os professores da Fundação Dom Cabral, que estão fazendo um movimento para que a sustentabilidade seja um conteúdo transversal de todas as disciplinas da escola. Acho que essa é uma das consequências do livro e da Plataforma mais palpáveis e que mais me deixam honrado. A falta de uma transversalidade no ensino do tema foi a sua crítica então? Sim. Para mim é uma questão central em se tratando de ensino, o que exige, inclusive, mudança curricular. Sustentabilidade não pode ser uma disciplina à parte, mas deve estar relacionada às outras disciplinas. A visão de educação precisa ser sistêmica e não fragmentada. A sustentabilidade tem que estar presente na maneira de se ensinar as outras disciplinas. Pode-se aprender marketing e nessa disciplina está incluída a sustentabilidade, o mesmo em gestão macro-financeira e assim por diante. Pois, o que se busca é formar líderes que levem, para a gestão do dia-a-dia, valores que estejam ligados aos valores mais essenciais do ser humano, como verdade, ética e caráter.
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Resíduo é oportunidade de negócios sustentáveis Próximos passos No próximo ano a Cetrel planeja ter duas plantaspiloto funcionando e mais outras duas no ano seguinte. “Ainda estamos na fase de fechar alguns contratos. Uma planta pode ser instalada na Região Metropolitana de Salvador e a segunda em outro lugar”, antecipa Assmar. “Não existe no país centro de pesquisa e tecnologia como o criado pela Cetrel em Camaçari. Queremos mostrar que todo e qualquer passivo ambiental pode ser transformado para continuar atendendo à demanda da indústria. Transformamos lixo industrial em negócios rentáveis, e esta é uma necessidade de setores que querem crescer de forma sustentável”, afirma Ney Silva, diretor presidente da Cetrel, no site da empresa (www.cetrel.com.br). Nos próximos anos, com a concretização de plantas-piloto do CITA e o aprofundamento da inovação em áreas específicas, a Cetrel se empenha em cumprir os requisitos da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em agosto de 2010, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A lei, que entra em vigor em 2013, prevê a introdução da responsabilidade compartilhada na legislação brasileira, envolvendo sociedade, empresas, prefeituras e Governos Estadual e Federal na gestão dos resíduos sólidos. A legislação regula, entre outros pontos, a prática da Logística Reversa (LR), em que o material, ao final de sua vida útil e sem condições de ser reutilizado, retorna ao seu ciclo produtivo ou para o de outra indústria como insumo, evitando uma nova busca por recursos na natureza e permitindo um descarte ambientalmente correto. “Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”, sendo assim definido na lei. Hoje, 7% a 10% do faturamento da Cetrel são destinados à pesquisa de inovação tecnológica. No CITA foram investidos R$ 15 milhões, em uma área de 2,5 mil metros quadrados, que abriga diversos laboratórios e tem capacidade de receber a instalação de modernas plantas-pilotos. “Esta é a soma que foi destinada somente ao CITA, desde 2008 a Cetrel tem investido cerca de 25 milhões em projetos de inovação”, declara Assmar.
Centro de Inovação e Tecnologia Ambiental (CITA), inaugurado em agosto, no Polo de Camaçari POR: Claudia Pedreira
Transformar o que antes era um problema em uma solução sustentável. É este um dos principais objetivos do Centro de Inovação e Tecnologia Ambiental (CITA), inaugurado pela Cetrel em agosto, no Polo Industrial de Camaçari. O centro busca identificar no mercado brasileiro oportunidades que permitam converter resíduos sólidos industriais, como plásticos, metais e compostos de enxofre, em matériasprimas para novos processos. “Para qualquer indústria o resíduo é um custo, um problema a ser tratado. Com a criação e o desenvolvimento do CITA, o que a Cetrel quer é valorar o resíduo para que ele passe a ser visto pelas empresas geradoras como uma oportunidade de negócios sustentáveis”, afirma Tomaz Assmar, gerente de novos negócios da Cetrel. A companhia toma como base sua experiência de 33 anos no tratamento de efluentes sólidos, líquidos e gasosos para aplicá-la no desenvolvimento de tecnologias para um melhor aproveitamento de resíduos com foco no desperdício zero e no aproveitamento máximo. “Nascemos como uma empresa tratadora de efluentes líquidos do Polo e, nos últimos anos, uma série de mudanças de conceitos e de estruturas fizeram com que a Cetrel se tornasse cada vez mais uma empresa capaz de conceder soluções de engenharia ambiental. Hoje, sustentabilidade não é um eixo no nosso negócio, ela é o nosso
“O centro busca identificar no oportunidades que permitam converter resíduos sólidos industriais, em matériasprimas para novos processos” negócio”, explica Assmar. O gerente acrescenta que existe uma pressão mundial para que as empresas de qualquer segmento tenham índices mais elevados de desempenho em relação não só à viabilidade econômica, social e tecnológica, mas também ambiental. “Está na agenda do mundo, é uma exigência”, resume.
Linhas de pesquisa - Os projetos a serem desenvolvidos pelo CITA nascem de uma percepção de oportunidades de mercado, podendo surgir internamente na Cetrel ou de uma demanda de clientes e parceiros. Segundo Alexandre Machado, líder de pesquisa e desenvolvimento e inovação do CITA, foram escolhidas quatro linhas de pesquisa. Uma delas é a recuperação de metais preciosos como ouro, prata,
cobre e paládio encontrados em alguns resíduos descartados pelas empresas do Polo, sobretudo, as do setor de tecnologia. No site da Cetrel já há a sinalização de uma perspectiva de implantação de um projeto piloto no Rio Grande do Sul para que seja instalada no Estado uma unidade-piloto, representando uma ação pioneira no país. A inovação no setor de pavimentação é a base de outra linha de pesquisa do CITA. Os pesquisadores trabalham no desenvolvimento de um asfalto ecológico, produzido a partir dos resíduos gerados em outros projetos ou em processos industriais das empresas parceiras. “Esta pesquisa propõe o aproveitamento, dentre outros materiais, de sacolas plásticas. Assim daremos um novo destino ao que tinha se tornado um grande vilão no meio ambiente”, conta Alexandre Machado. A inovação proposta pela Cetrel pode ampliar este mercado, já que a maioria do asfalto ecológico usado no país é produzido a partir de borracha triturada. “O advento de nossa técnica representa uma opção a mais do setor de pavimentação. E melhor, é uma escolha pela sustentabilidade”, defende. A terceira linha de pesquisa está relacionada a atividades de monitoramento do ar, que a empresa desenvolve há 14 anos em Camaçari e, desde o ano passado, também em Salvador (ver matéria na página 11). O princípio da iniciativa é o aproveitamento de
compostos químicos que atuam como contaminantes do ar, partindo da instalação de membranas de absorção de poluentes gasosos, entre eles enxofre, nitrogênio e gás carbônico. Outra linha de pesquisa é a valorização de resíduos como fonte de riqueza, cujo primeiro projeto é o de biocompósitos, materiais produzidos a partir de resíduos orgânicos. Um dos produtos é a madeira plástica (ver matéria na página 5) que utiliza resíduos sólidos de fibra natural de papel e celulose e resinas da Braskem, parceira no projeto. Outro projeto desta linha prevê a recuperação de compostos de enxofre descartados. O elemento químico, cujos 55% do uso no Brasil se destinam à indústria de fertilizantes, ganha um mercado potencial. O enxofre recuperado no processo desenvolvido pela empresa tem um grau de pureza cinco vezes maior do que o produto disponível no mercado. Deste modo, o elemento não-metálico se torna um insumo nobre para a indústria de cosméticos. No campo da beleza, as propriedades do enxofre são conhecidas por combater o envelhecimento e renovar as células. Na forma pura ou de seus sais, o enxofre é um dos agentes antiacne naturais mais usados desde a Antiguidade. A empresa já tem uma planta de bancada e está construindo uma planta-piloto que deverá oferecer o produto ao mercado já em 2012.
O gerente de novos negócios da Cetrel acredita que inovação só funciona em rede. “Não existe uma empresa que seja extremamente inovadora se não estiver em um ambiente que incentive a inovação. O papel do Estado é importantíssimo porque fomenta, regulamenta e indica os temas que são de interesse da sociedade e as linhas que devem ser desenvolvidas”. Em muitos de seus projetos a Cetrel conta com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), principal organismo de fomento à inovação no Brasil, através das linhas de subvenção econômica (apoio financeiro não reembolsável) e financiamento com encargos reduzidos para pesquisa, desenvolvimento e inovação. Segundo Tomaz Assmar, nos últimos cinco anos, o Brasil está seguindo um modelo mundial de inovação tecnológica que permite seu desenvolvimento e o torna mais competitivo no cenário internacional. Ele reafirma a importância das instituições públicas de pesquisa, principalmente no desenvolvimento da pesquisa básica. “Não acredito em um modelo de inovação que separe o setor privado do público, pois um país se torna mais inovador quando empresas e Estado trabalham juntos, de forma cooperada, cada um oferecendo o que tem de melhor”. Entretanto, defende: “sem dúvida alguma que a inovação está fundamentalmente nas empresas”.
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Empresas modernizam sua gestão de recursos hídricos Millennium
POR: Carlos Vianna Junior
Sendo a principal fonte de vida e o insumo mais usado nas atividades produtivas do ser humano na Terra, a água tem sido tema de debates e preocupações no mundo inteiro. Em conseqüência, a racionalização de seu uso começa a fazer parte das ações de empresas que seguem a trilha da sustentabilidade. Na Bahia, algumas empresas já seguem este caminho. A busca de parcerias, no entanto, tem sido necessária para o desenvolvimento de projetos de racionalização do uso da água, já que pesquisas e criação de novas tecnologias se fazem imprescindíveis. Esse foi o caminho, por exemplo, da Braskem e da Millennium, duas das mais importantes empresas químicas do estado. Nos dois casos, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) teve um papel fundamental.
De acordo com o gerente de Meio Ambiente da Millennium, Argemiro Marinho, a água é o insumo mais importante para a empresa. “Sem ela, 100% de nossa produção estaria inviabilizada”, conta. O reconhecimento da importância dos recursos hídricos para a empresa é demonstrado pelo trabalho de redução de consumo que vem sendo desenvolvido desde 2001 e que representa, hoje, uma diminuição de 40% da quantidade do insumo utilizado em seus processos. Além disso, a Millennium tem desenvolvido modificações em sua planta no sentido de minimizar os impactos causados pelo retorno dos sedimentos gerados no processo de tratamento de água para o rio Capivara, de onde retira toda água para a indústria.
Basicamente o que essas empresas fizeram foi uma mudança de abordagem na gestão de água e efluentes. Elas deixaram de lado o velho conceito mundialmente conhecido como “end of pipe” e entraram em sintonia com uma abordagem mais moderna. O termo “end of pipe” ou “fim de tubo” denota processos industriais que possuem controle apenas na etapa final, deixando que as várias fases do processo industrial continuem gerando poluentes e causando desperdícios de insumos. A abordagen atual - conhecido em inglês como “in-plant-design” - preconiza o projeto em plantas indústrias e nas diversas etapas do processo produtivo, de forma que não só os poluentes, mas também os desperdícios venham a ser minimizados a cada etapa. Desta forma, a abordagem “fim de tubo” tem sido paulatinamente substituída por tecnologias limpas que proporcionam menores custos de produção e minimizam os riscos ambientais.
Para a mudança de abordagem, a empresa contou com uma parceria que está sendo usada também por outras empresas baianas. A Millennium firmou um convênio com a Rede de Tecnologias Limpas (Teclim) do Departamento de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho de pesquisa e desenvolvimento do programa que reduziu o impacto ambiental da empresa no que se refere à utilização dos recursos hídricos foi aprovada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que arcou com 40% dos custos. O restante foi patrocinado pela empresa.
racionalização de seu uso começa a fazer parte das ações de empresas que trilham a sustentabilidade
BraskeM Com um consumo de água que equivalia, em 2009, ao consumo de uma cidade de 500 mil habitantes, a Braskem, na Bahia, esteve sempre em uma posição que lhe impunha ser um exemplo em gestão de recursos hídricos. A posição foi aceita e a imposição foi transformada em resultados, e hoje a empresa começa a replicar seus avanços em outras unidades de produção Brasil afora. A gestão exemplar foi atingida, assim, como, no caso da Millennium, através de um convênio com a UFBA.
processos; a composição de metodologias para a diminuição de consumo de água, como a redução de perdas por evaporação em torres de resfriamento, entre outros. Entre os resultados alcançados, um dos destaques foi a diminuição acentuada da quantidade de efluentes gerados. A empresa sai da marca de 6,1 m³ de efluentes por hora para um número bem inferior: 1,7 m³. Vale ressaltar que a diminuição da quantidade de efluentes foi acompanhada por um aumento, também acentuado, na produção de petroquímico, que era de cerca de 200 t/h para alcançar o pico de 330 t/h, o que prova que produtividade na significa, necessariamente, poluição.
“Temos um relacionamento histórico com a UFBA, que foi iniciada em 2001, quando a Braskem era apenas a Copene. Naquele ano, nasceu o projeto Copene-Água, que se transformou em Braskem-Água em 2004, e que foi rebatizado de Eco-Braskem, em 2007”, conta Mário Pino, Gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Braskem. A proximidade com o projeto desenvolvido pela Millennium não está ligada somente à participação da UFBA, mas também ao aporte financeiro da Finep. Com o financiamento da empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a Braskem arcou com 53% dos investimentos, que chegaram aos R$ 3.235.000. Assim como aconteceu com a Millennium, a Braskem se transformou em um laboratório, onde foram feitas diversas análises, seguidas de um prognóstico e um
Outro importante reflexo do Eco-Braskem está prestes a ocorrer. “Estamos replicando os processos nas outras centrais de matérias primas; em Trindade, no Rio Grande do Sul; Capuava, no ABC Paulista; e em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro”, informa Mário Pino.
plano de ação. Para tanto, foi formada uma equipe que contava com três professores, oito pesquisadores e oito estudantes UFBA. “Tivemos o apoio ainda de representantes da Cetrel e de consultores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e de outros centros de estudos, mas foi a UFBA que comandou todo o processo”, conta Márcio Pino.
Depois de feito os estudos, vários projetos foram postos em prática e uma transformação estrutural começou a ser imposta na fábrica. Além da conscientização maciça de integrantes e parceiros sobre produção mais limpa, destacam-se os projetos de reuso de efluente em torres de resfriamento e em diversos outros
O gerente de Meio Ambiente informa ainda que um novo projeto de redução do consumo de água também está preste a ser iniciado. “É o aproveitamento de água de chuva, que será implantado até 2016 em todas as unidades da Braskem. São quase cem iniciativas cadastradas, cujo valor do investimento totaliza cerca de R$ R$ 100 milhões, com estimativa de redução da ordem de 37% em relação aos níveis de consumo de água de 2010.”
Na primeira fase do programa, pesquisadores da universidade identificaram e caracterizaram as correntes de água disponíveis na fábrica e propuseram um projeto de otimização de seu uso. “A empresa funcionou como um campo de pesquisa, disponibilizando um posto de operação e profissionais para auxiliar os pesquisadores”, lembra Argemiro Marinho. Com o projeto, foram desenvolvidas diversas atividades que contribuíram para a melhoria do desempenho ambiental da fábrica. Algumas delas relacionadas especificamente à gestão da água, tais como a elaboração do balanço hídrico, que relata as características das correntes aquosas, incluindo sua localização geográfica. Os dåados acumulados nessa atividade foram disponibilizados em um único banco de dados, criado como parte do projeto, que ficou conhecido como Sistema de Informações Geográficas (SIG). A mudança que estava sendo efetivada na fábrica não alcançaria o resultado obtido se não passasse também pelas pessoas que trabalham nela. “Quase 100% dos empregados, desde serventes aos diretores, receberam treinamentos. Além de difundir entre eles o conceito de produção limpa, esta parte do projeto buscou envolver a todos na busca da consolidação de uma nova cultura de trabalho, o que resultou também em um banco de idéias, de onde saíram alguns outros projetos”, relata Argemiro. Ele conta ainda que o balanço hídrico envolveu o mapeamento de 550 correntes aquosas (fontes e consumidoras) distribuídas pela área industrial e a realização de três campanhas de medição de vazão. A equipe do projeto reuniu e analisou todos os dados coletados, elaborando uma visão completa da distribuição da água na planta,
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Ponto contra o desmatamento
SALVADOR, BAHIA
A madeira plástica é um produto desenvolvido pelo Centro de Inovação e Tecnologia Ambiental (CITA), em parceria com a Braskem POR: Claudia Pedreira
Madeira e plástico são dois produtos com características e usos bastante diferentes. Mas uma linha de pesquisa do Centro de Inovação e Tecnologia Ambiental (CITA) (leia matéria na página 3), em parceria com a Braskem, permitiu o desenvolvimento de um produto conhecido como madeira plástica, que reúne propriedades do plástico, como impermeabilidade e imunidade a pragas e insetos, em um material que se assemelha à madeira. A madeira plástica é produzida a partir de uma mistura de resíduos petroquímicos da Braskem com fibra de celulose, também reutilizada de outra indústria do Polo de Camaçari. O resultado desta inovação constitui uma opção sustentável que pode ser aplicada em um vasto mercado no setor de construção. Tudo isso com qualidade e sem promover o desmatamento de espécies nativas. O estudo integra uma das quatro linhas de pesquisa do CITA, com o objetivo de valorizar resíduos como fonte de riqueza e cujo primeiro projeto é o de biocompósitos, que prevê a produção de materiais a partir de resíduos orgânicos.
“O diferencial é que a nossa madeira plástica é feita com resíduos, basicamente com o plástico da indústria petroquímica, visto que todo processo industrial tem uma perda de plástico fora de certificação, e com o reforço de fibras naturais da indústria de papel e celulose. É um produto totalmente renovável e reciclável: toda a sobra do processo também é reaproveitada”, detalha.
construção civil, pisos. Nós estamos explorando basicamente a questão de decks para justamente concorrer com a madeira que é utilizada em larga escala para essa utilidade”, explica Machado. Atualmente existem diferentes tipos e marcas de madeira plástica no mercado, entretanto a qualidade depende da técnica de produção e da pureza das matérias-primas utilizadas no processo.
Segundo Alexandre Machado, esta vantagem trará benefícios à Cetrel em relação ao preço do produto final no mercado de madeira comum: o produto será três vezes mais barato que o produzido nos Estados Unidos. “Mesmos com os detalhes de responsabilidade e de segurança que um produto reciclado exige, ainda conseguimos ser competitivos, com preços equivalentes aos de uma madeira convencional para a mesma aplicação”, declara ele. O objetivo é obter, já em 2012, quando a plantapiloto passa a funcionar, uma fatia de 0,5% do mercado brasileiro de madeiras, que mobiliza a soma de cerca de R$ 28 bilhões por ano.
Em um contexto em que cada vez é maior o uso de madeira, a escolha por um produto sustentável mostra não só a consciência do consumidor, mas também a opção pela utilização de um material com características, na maioria das vezes, superiores ao produto original. Entretanto, o produto é desconhecido da maioria dos consumidores.
Vantagens - A principal qualidade da madeira plástica é ser um produto 100% ecológico, que ajuda a reutilizar os resíduos industriais e evita o desmatamento inadequado de florestas, já que a maior parte da madeira utilizada na construção civil não é certificada. Segundo dados do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e do instituto de pesquisa Imazon, 43% da matériaprima processada pelo setor madeireiro da Amazônia em 2004 vinham de fontes ilegais.
“Unir esforços com a Cetrel para a geração de tecnologias que privilegiem transformar passivo ambiental em novas oportunidades de negócio representa, antes de tudo, um compromisso da Braskem com a sustentabilidade. Este pensamento está expresso na filosofia do CITA”, declara, no site da Cetrel (www.cetrel.com.br), Manoel Carnaúba, vice-presidente executivo da Unidade de Petroquímicos Básicos da Braskem e presidente do Conselho de Administração da Cetrel.
Alexandre Machado, líder de pesquisa e desenvolvimento e inovação do CITA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
O líder de pesquisa e desenvolvimento e inovação do CITA, Alexandre Machado, vê uma grande vantagem na parceria com a Braskem: “Enquanto as outras empresas têm custos para conseguir os resíduos, a Cetrel os receberá diretamente na fonte”. Esse ponto é de extrema importância porque a maioria dos fabricantes de madeira plástica, principalmente as que usam plástico pós-consumo como matéria-prima, reclamam da dificuldade de conseguir este material, já que a coleta seletiva não funciona bem na maioria dos municípios.
As vantagens da madeira plástica estão justamente nos pontos fracos do produto original. Além de não absorver praticamente nada de umidade, sua durabilidade e resistência são as principais características desta inovação. Outros pontos que devem ser levados em consideração na escolha pelo produto são a resistência ao sol, à corrosão, à chuva e à poeira, além da possibilidade de ter contato direto com o solo e a água. Quando se usa madeira plástica, cupins e outras pragas são coisas do passado, pois não afetam o material, que pode ser produzido em diversas tonalidades. “Você pode utilizar a madeira plástica, exceto para fins estruturais, para as mesmas aplicações da madeira convencional: decks,
A aposentada Licélia Sousa, que atualmente constrói uma casa na Ilha de Itaparica, nunca tinha ouvido falar de madeira plástica, mas começou a pensar em usá-la na obra em função do melhor custo-benefício que o produto pode lhe dar. “Como a casa fica muito próxima à praia, sempre tive receio da maresia corroer as partes de madeira e me gerar um custo muito alto com a manutenção”. Ela pretende fazer uma pesquisa para saber quais são as marcas disponíveis no mercado e verificar a procedência delas. “É sempre bom ouvir recomendações de quem já usou”, afirma. A aposentada acredita que assim estará ajudando a reduzir os impactos danosos ao meio ambiente. “Se cada um fizer a sua parte e aproveitar as novidades que surgirem, teremos um mundo mais consciente e preservado”. O estudante de biologia João Nascimento também defende o uso de madeira plástica, mesmo que, em alguns casos, ela chegue a custar mais. “Eu estaria disposto a pagar um pouco mais para levar para casa um produto que contribui para reduzir o passivo ambiental”. Em sua opinião, muitas vezes, falta conhecimento do grande público sobre as inovações. “Dentre as opções que dispomos, muita gente escolheria, por exemplo, a madeira plástica. Vejo um crescimento do nível de consciência ambiental do brasileiro, mas falta ainda a divulgação de certas práticas. Esse movimento tem que partir da indústria e ser abraçado não só pelos consumidores, mas também pelo setor de serviços”, opina.
Vantagens
Uso
• A produzida pela Cetrel é feita com diversos tipos de plásticos, resíduos sólidos de fibra natural e resinas da Braskem • É um produto reciclado e reciclável • Pode ser comprada como madeira convencional e trabalhada com as mesmas ferramentas • Possui flexibilidade variável pela composição e permite um melhor agarre a pregos e maior facilidade para o corte e entalhe • Opção sustentável para áreas externas, pois é resistente à corrosão de intempéries • É imune a pragas, cupins, insetos e roedores • A limpeza pode ser feita com água e sabão • É impermeável • Pode ser pigmentada
• Decks, piers, pontes e como outros assoalhos • Móveis • Brises (quebra-sol) e bandejas de luz • Bancos e mesas • Guarda-corpos • Revestimento de fachadas e paredes • Lixeiras, protetor de árvores Pesquisas apontam frequentemente o Brasil como primeiro no ranking mundial de desmatamento. Segundo estudo divulgado em 2009 pela FAO, órgão da ONU para a agricultura, o Brasil perdeu 3,1 milhões de hectares de florestas por ano entre 2000 e 2005. Isto significa dizer que de cada 100 árvores cortadas no período, 42 estavam em território brasileiro. O país também foi o que mais perdeu áreas de florestas em pesquisa divulgada ano passado pela PNAS, publicação oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
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Energia verde produzida com tecnologia pioneira A Cetrel coloca em operação na Paraíba uma planta piloto de produção de biogás, a partir da biodigestão com bactérias
Comprometimento da Braskem com a cadeia produtiva
Suzana Domingues, líder dos projetos de Bioenergia da Cetrel POR: Claudia Pedreira
A cana-de-açúcar já chegou a ser considerada uma das grandes riquezas brasileiras, tanto pela produção de açúcar, no Brasil Colônia, quanto de etanol, no final do século XX e início do XXI. O investimento em inovação tecnológica a partir de um resíduo da cana, a vinhaça (ou vinhoto), coloca mais uma vez este produto em evidência, agora como fonte de outra matriz energética sustentável, o biogás.
Mudança na história
A Cetrel é uma das pioneiras no país no desenvolvimento dessa tecnologia para produção de energia verde. Com um investimento total de R$ 7,5 milhões em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, a Cetrel desenvolve desde 2009 um projeto que prevê a produção de biogás, a
partir da biodigestão com bactérias, e consequentemente energia elétrica. Superada a fase inicial de pesquisa em laboratório, desde janeiro está em operação uma planta piloto, instalada na Destilaria Japungu, no estado da Paraíba. “Faz todo o sentido montar o piloto dentro da usina, porque nos permite lidar com as variações próprias do processo de produção do álcool ao longo do ano, que influencia diretamente na vinhaça gerada. Assim, podemos acompanhar o processo durante a safra inteira e trazer melhorias, solucionar problemas operacionais, para então podermos passar para um processo similar ao industrial”, afirma Suzana Domingues, líder dos projetos de Bioenergia da Cetrel. “Para a Cetrel esta é uma linha importante no desenvolvimento da sustentabilidade e também para o setor sucroalcooleiro, que vai ser outra fonte de geração de
bioenergia e contribuir para a matriz energética do país”, destaca Suzana. Ela explica que a unidade piloto ainda gera somente o biogás porque é pequena e tem como objetivo testar o processo, mas, em paralelo à primeira, a Cetrel está instalando uma unidade de demonstração industrial em Pernambuco, com previsão de inauguração para o primeiro semestre de 2012. Também montada em uma usina, essa segunda planta chegará até o produto final, a energia elétrica. “O grande truque para passar de uma planta piloto para uma industrial é conseguir fazer esses processos em equipamentos industriais e gerar uma energia limpa. Eles devem estar adequados às condições de produção da usina, seja ela no Sudeste ou no Nordeste. Onde tiver geração de álcool poderá ter geração de energia elétrica limpa, que só tende a crescer.
Apostando cada vez mais na sustentabilidade, a Braskem vem investindo no potencial da cana-deaçúcar, tanto na criação de produtos de origem renovável, como o plástico verde, quanto na adequação de suas práticas a um menor balanço energético. Para reforçar o seu comprometimento com a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, a empresa criou um código de conduta para seus fornecedores de etanol em que define critérios de sustentabilidade, como cumprimento de diretrizes ambientais, respeito à biodiversidade, direitos humanos e trabalhistas. A cana-de-açúcar apresenta grande superioridade no balanço energético. Dados do World Watch Institute mostram que o etanol da cana gera 9,3 unidades de energia renovável para cada unidade de energia fóssil consumida em sua produção. Com o milho, fonte do etanol produzido nos Estados Unidos, a energia renovável gerada pelo combustível é de apenas 1,4 e com a beterraba, matéria-prima comum na Europa, 2,0. Esta diferenciação da cana é alcançada em boa parte pelo fato das usinas brasileiras serem auto-suficientes em energia, utilizando co-produtos do próprio processo para geração de bioenergia. Outra vantagem é que a produtividade da cana também é maior: em comparação, a cana-de-açúcar (Brasil) produz 6,5 mil litros de etanol/hectare, o milho (EUA), 4,2 mil l/hec e a beterraba (Europa), 5,5 mil l/hec. O que é vinhaça? Vinhaça, ou vinhoto, é o resíduo líquido que sobra do processo de destilação do vinho, que é resultante da fermentação do caldo da cana-de-açúcar ou melaço em usinas sucroalcooleiras, que produzem açúcar e etanol. Cada litro de álcool que é produzido nas usinas gera aproximadamente 12 litros de vinhaça. A vinhaça é altamente corrosiva, mas rica em potássio, podendo ser usada na fertilização dos solos que cultivam cana-de-açúcar. Quando jogada nos rios ou inadequadamente no solo constitui uma séria fonte de poluição.
No passado, a atividade sucroalcooleira foi responsável pela contaminação de rios e lagos por causa do descarte, transporte e armazenamento inadequados de vinhaça. Felizmente esta história vem mudando nos últimos anos e é crescente o aproveitamento deste resíduo industrial nas lavouras, sem causar danos ambientais, principalmente na fertirrigação. A cada safra o valor de área de fertirrigação das usinas aumenta, fato que mostra a preocupação dos produtores com o uso racional da vinhaça e a busca por maior rendimento agrícola e redução no uso de fertilizantes químicos. Além de criar condições para uma destinação ambientalmente correta desse resíduo industrial, a fertirrigação gera economia nos gastos com adubação.
Bagaço e palha - O projeto com
O Brasil é o maior produtor do mundo de açúcar com
18,5% e etanol com
36,4%
Biogás de vinhaça
A vinhaça do processo de produção de açúcar ou etanol é levada para a planta; O biogás pode ser usado para alimentar um motogerador ou uma turbina, que vai gerar energia elétrica limpa; Após o processo, a vinhaça pode ser usada na fertirrigação dos canaviais.
a Finep também prevê a geração de biogás a partir do bagaço e da palha, outros sub-produtos das usinas sucroalcooleiras. Para isso, a Cetrel firmou parceria com a dinamarquesa Novozymes – líder mundial na produção de enzimas industriais – para a aplicação de enzimas auxiliando o processo de biodigestão do sólido. Este, por sua vez, ainda está em fase de instalação de uma planta piloto, que terá sede no mesmo sítio da unidade industrial de Pernambuco. Como parte dos avanços da empresa em projetos nas áreas de inovação e sustentabilidade, foi constituída a Cetrel Bioenergia Ltda. – sociedade com propósito específico de gerar bioenergia por meio do tratamento de resíduos do setor sucroalcooleiro, com sede na Paraíba.
Inovação& 7 PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
SALVADOR, BAHIA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
Não é descartável Miguel Bahiense ate chamou nção para um has erro grave sobre as sacolin -las ma plásticas que é cha de descartável. Para ele, o à uso que o consumidor dá a par iza util a ndo qua ola sac um ola sac colocar o lixo faz da se ien Bah l. áve objeto reutiliz pode ir essas sacolas do mercado acrescenta ainda que ban ha olin sac o e sanitário. “Banir causar um problema social s soa pes as s poi blema social, plástica pode causar um pro que já el, táv car des sim e lixo, ess terão que comprar sacos de tem não balar lixo. A população que tem a função única de em tar car des Iria ? o de lixo faz o que dinheiro para comprar o sac teção da embalagem, o que pro a sem em qualquer lugar, io”, explica. geraria um problema sanitár mais além do que se pensa. Os benefícios do plástico vão olas britânico comparou as sac Segundo Miguel, um estudo lhor me o e iais ter ma ros as de out e plásticas com as sacolas feit ção rica s plásticas comuns. “A fab é desempenho foi das sacola o stic plá O . ico menos gás carbôn o uso das sacolinhas emite cida disse. Outra dúvida esclare l”, nta bie parte da solução am canada tir par a s ido duz sticos pro por por Bahiense é sobre os plá que ho. Muitas pessoas pensam de-açúcar ou amido de mil é o, róle pet o material, que não o serem produzidos por outro biente, mas a verdade é que am io me o mais benéfico para do es dad prie pro as sm me is tem as plástico oriundo de vegeta efícios são outros. ben Os o. róle pet o pel gerado vel, a-de-açúcar, recurso renová “O plástico verde usa a can um, com o stic plá um -se assim como matéria-prima. Fabrica stico plá e características de um com o mesmo desempenho gás irar ret de ele tem a vantagem aderivado do petróleo. Mas can a do uan . Q ção ante a fabrica carbônico da atmosfera dur tese. ssín foto a pel ar do ico carbôn de-açúcar cresce, ela tira gás o oxibiodegradável é o plástic O o. stic plá o vira o Esse carbon que da, usa a nte da matéria-prim comum, independenteme ação é na degradável. Essa degrad tor o recebe um aditivo que se. ien Bah uel Mig u o”, explico a fragmentação do plástic
Miguel Bahiense, presidente da Plastivida
Conscientização no uso das sacolas plásticas POR: Aline Barnabé
xxxxxxxNa maioria das nossas ações cotidianas o plástico está presente e, por isso mesmo, passou a ser questionado por instituições ambientais. O foco foi a sacola plástica, utilizada nos supermercados e farmácias. A polêmica chegou a virar lei em estados como São Paulo, que chegou a proibir a distribuição das embalagens no comércio. Para o Miguel Bahiense, presidente da Plastivida, essa ideia sobre a utilização das sacolas plásticas é equivocada. “O problema não está nas sacolinhas plásticas e sim na sua má utilização. As sacolinhas eram fabricadas para suportar até 6kg. Com o tempo ela foi ficando mais fina e o que se vê hoje nos
supermercados é a colocação de duas sacolas para reforçar. Começou o desperdício”, explica Bahiense.
plásticas. Em 2010 reduziu para 14 bilhões e nossa meta é chegar em 2012 com 30% menos”, contou Bahiense.
Um dos caminhos para mudar essa realizada é a conscientização aliada à educação. “Não adianta proibir o material e não conscientizar o consumidor. O consumo sustentável é o caminho para a sustentabilidade”, disse o presidente da Plastivida. Com essa ideia foi realizado o Programa de Garantia de Qualidade e Consumo Responsável, que funciona como um selo. Todos os envolvidos no processo da sacola plástica, desde o fabricante até os compradores estão sendo orientados a produzir e comprar um produto que suporte até 6kg e esse produto recebe o selo. “O programa existe desde 2008 e, nesse ano, o país chegou a consumir 17,9 bilhões de sacolas
O plástico está presente em nossas vidas em quase tudo que usamos. Escovas de dentes, de cabelos, tubulação, materiais de cozinha, sacolinhas e até mesmo o isopor são feitos por plásticos. E toda essa produção precisa ter uma destinação o mais sustentável possível para proteger o meio ambiente. É aí que começa o trabalho do Instituto SocialAmbiental dos Plásticos (Plastivida). O trabalho da Plastivida é de mostrar para as empresas o caminho para a reciclagem desse material. Esse trabalho dissemina o conhecimento sobre as práticas corretas e adequadas de manejo de resíduos sólidos, coleta seletiva
e reciclagem, contribuindo para a sustentabilidade.
Plástico: 100% reciclável - O plástico tem diversas vantagens, por isso ele é tão importante para o nosso cotidiano. É um material que não é tóxico. Além disso, a embalagem plástica protege os produtos, garante a segurança alimentar, evita contaminação, transmissão de doenças, proliferação de insetos e roedores. “Ao impedir a perda do produto, evita o desperdício de tudo o que a sociedade e o meio ambiente investiram para produzilo: energia, recursos naturais, trabalho etc. Apesar de um uso tão amplo, apenas 4% do petróleo extraído são destinados à produção de plásticos”, segundo informações do site da Plastivida. De acordo com Miguel Bahiense,
presidente da Plastivida, um dos grandes benefícios do plástico é o fato dele ser 100% reciclável. Todo tipo de plástico é reciclável e até o isopor, que é um tipo de plástico é reciclável. “Criamos o Projeto Repensar onde começamos a discutir com a sociedade e com indústria a reciclagem do isopor. Hoje o índice de reciclagem do isopor e de 15%”, explicou Bahiense. O Brasil possui uma boa colocação no quesito reciclagem, de acordo com o presidente da Plastivida. O País tem 738 empresas de reciclagem de plásticos e um índice de quase 20%. O índice da União Eropeia é de 21%. “É um setor crescente e que gera emprego e renda. Em 2010 faturou 11,9 milhões, com crescimento de 10% ao ano e em 2009 gerou quase 20 mil empregos diretos”, disse Miguel Bahiense.
Tipos de matéria-prima Petróleo
Cana de Açúcar
milho
Maioria dos plásticos e do PVC que é acrescido de Sal Marinho. No caso do PVC, o sal marinho é misturado com água e a salmoura resultante é submetida a um processo chamado eletrólise. Como produtos dessa eletrólise, obtêm-se o Cloro, a Soda Cáustica e o Hidrogênio. Da combinação do Cloro e do Etileno, obtém-se o gás Cloreto de Vinila que, após polimerizado, se transforma no PVC.
O plástico cuja matéria prima é a cana de açúcar é resultado de um processo de polimerização equivalente aos processos amplamente utilizados no mundo, tendo como grande diferencial a obtenção do eteno, produzido por desidratação do etanol da canade-açúcar. O processo de obtenção de eteno a partir de etanol proveniente de fonte renovável ocorre através da desidratação do álcool na presença de catalisadores. O eteno possui pureza adequada para qualquer processo de polimerização e permite a obtenção de qualquer tipo de polietileno. Produz os plásticos verdes e os polímeros verdes.
Utilizado para a produção do plástico biodegradável. O amido, polissacarídeo presente em cereais, legumes e tubérculos, é uma matéria prima renovável, amplamente disponível e adequada para uma ampla variedade de usos industriais. O milho é a principal fonte de amido, embora este também seja produzido em quantidade considerável pela batata, trigo e arroz.
saiba mais Os plásticos são reunidos em sete categorias: são eles o Pet (polietileno tereftalato), PEAD (polietileno de alta densidade), PVC (policloreto de vinila), PEBD/PELBD (polietileno de baixa densidade/polietileno linear de baixa densidade), PP (polipropileno), PS (poliestireno),Outros (são os plásticos ABS/SAN, EVA, PA e PC). Cada grupo tem características próprias e tem utilidades diferentes e específicas. PET - Frascos e garrafas para uso alimentício/hospitalar, cosméticos, bandejas para microondas, filmes para áudio e vídeo, fibras têxteis, etc; o PEAD é utilizado nas embalagens para detergentes e óleos automotivos, sacolas de supermercados, garrafeiras, tampas, tambores para tintas, potes, utilidades domésticas, etc; o PVC é mais aplicado nas embalagens para água mineral, óleos comestíveis, maioneses, sucos. Perfis para janelas, tubulações de água e esgotos, mangueiras, embalagens para remédios, brinquedos, bolsas de sangue, material hospitalar, etc; o PEBD/PELBD é encontrado nas sacolas para supermercados e boutiques, filmes para embalar leite e outros alimentos, sacaria industrial, filmes para fraldas descartáveis, bolsa para soro medicinal, sacos de lixo, etc; o PP é utilizado para filmes para embalagens e alimentos, embalagens industriais, cordas, tubos para água quente, fios e cabos, frascos, caixas de bebidas, autopeças, fibras para tapetes utilidades domésticas, potes, fraldas e seringas descartáveis, etc; o PS é encontrado nos potes para iogurtes, sorvetes, doces, frascos, bandejas de supermercados, geladeiras (parte interna da porta), pratos, tampas, aparelhos de barbear descartáveis, brinquedos, etc e por fim os outros são aplicados nos solados, autopeças, chinelos, pneus, acessórios esportivos e náuticos, plásticos especiais e de engenharia, CDs, eletrodomésticos, corpos de computadores, etc.
Inovação& 8 SALVADOR, BAHIA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
Fusion anda mais e polui menos A versão com tecnologia híbrida do sedanzão da Ford é vendida em configuração única no Brasil POR: Roberto Nunes
O Fusion é um sedã grande, vistoso e recheado de tecnologia embarcada. No fim do ano passado, a Ford surpreendeu ao iniciar as vendas do Fusion Hybrid no Brasil. Seguindo a tendência mundial, a montadora americana agregou valor à marca e, de quebra, oferece a possibilidade do consumidor contribuir com a preservação do meio ambiente. Equipado com a moderna tecnologia híbrida – com um motor a combustão e outro elétrico integrados na transmissão e com uma bateria de alta capacidade, de 250 V–275 V –, auxiliada pela transmissão e-CVT de trocas infinitas - o Ford Fusion surpreende logo ao ligar. Silencioso, seu motor nem parece que está em pleno funcionamento. O sedã provoca uma relação diferenciada, já que o consumo é baixíssimo e sua performance é bem melhor, ao ser comparado com veículos do seu segmento e movidos apenas a gasolina, por exemplo. Com isso, a fabricante quis mesmo agregar uma imagem “mais verde”, e quem entra no veículo não se decepciona com o motor V6 Duratec 2.5 Atkinson gasolina, de 158 cv a 6.000 rpm e torque de 184 Nm a 2.250 rpm. A perda de torque e potência – em relação ao tradicional motor V6 Duratec 2.5 de ciclo Otto, de 173 cv e torque de 225
Moderna tecnologia híbrida – com um motor a combustão e outro elétrico integrados na transmissão e uma bateria de alta capacidade Nm – é compensada pela adição do motor elétrico, de 107 cv e torque de 225 Nm. Juntos, oferecem 193 cavalos, dando um gás a mais na vontade de andar do Ford Fusion. O Fusion Hybrid é um dos poucos modelos ofertados no Brasil com a combinação de um motor a combustão e outro elétrico. Exibe a logomarca Hybrid estampada nas laterais e na traseira. No interior, o motorista se sente em um modelo futurista logo ao ligar o motor do veículo. Sua partida na tração elétrica não perturba nem um mosquito. O motor elétrico é bem silencioso e o Fusion sai da inércia com este propulsor, funcionando em regime full time em velocidades inferiores a 75 km/h. Na prática, não há queima nenhuma de gasolina antes do veículo rodar acima desta velocidade. A natureza agradece e o bolso também, já que o consumo de combustível é zero
em velocidade abaixo dos 75 km/ hora. Por outro lado, quem roda em velocidades acima termina usando o sistema de alimentação do motor elétrico, feito por freios regenerativos à la KERS da Fórmula 1, recuperando até 94% da energia da bateria de lítio. Portanto, ganhase principalmente em gastos com combustível. O Fusion Hybrid traz, também, outros atrativos. Sua versão única é bem completa e inclui 7 air bags, teto solar elétrico, abertura das portas por teclas, acendimento automático dos faróis, controle eletrônico de estabilidade AdvanceTrac, direção elétrica e espelhos retrovisores elétricos. Tem ainda o “Personal Safety System”, piloto automático, SYNC multimídia com som Premium da Sony e 12 alto-falantes, sensor de pressão dos pneus, banco do motorista elétrico com 10 direções, entre outros. A segurança é garantida graças aos freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD). O sistema de monitoramento de pontos cegos garante a boa direção para quem dirige um sedã de quase cinco metros de comprimento. Outro recurso é a câmera de ré, com visor na tela de 8” do Sync Media System. O sensor de chuva aciona automaticamente os limpadores de para-brisa. Ao estacionar o Ford Fusion Hybrid na vaga de casa, a sensação de conforto e de dever cumprido com o meio ambiente vai rondar a cabeça do motorista.
92%
A menos de emissões são emitidos pelo Fusion Hybrid, limite estabelecido pelo Proconve L6 para entrar em vigor em 2015
8 anos
Sua bateria de níquel-metal tem garantia de 8 anos oferecida pela Sanyo
Centro Universitário Estácio da Bahia promove I Simpósio de Sustentabilidade Nesta segunda, 28, acontece o I Simpósio de sustentabilidade, a partir das 19h, no campus Gilberto Gil do Centro Universitário Estácio da Bahia, localizado no Stiep. Promovido por alunos da disciplina Marketing de Relacionamento, dos cursos de Marketing e Administração de Empresas da instituição, o objetivo é estimular e promover a conscientização da comunidade acadêmica e profissional sobre a importância das práticas sustentáveis e socialmente responsáveis no Brasil. “Quisemos fazer um evento que casasse a sustentabilidade com as ferramentas do mundo virtual, tratando com pessoas em qualquer parte do planeta”, afirma a professora Mônica Coutinho, à frente do evento. A professora justifica a relação do tema do Simpósio com a disciplina estudada em sala de aula. “Na prática, lidamos muito com as relações de mercado, que tem duas categorias: física (nos pontos de venda) e eletrônica (as organizações existentes no ambiente virtual, como sites de compra coletiva)”, explica. Segundo Coutinho, hoje a necessidade de discutir a questão dos recursos renováveis deixou de ser uma tendência, passando a ser obrigatória em todos os setores. “O que a gente vê hoje nas fábricas e empresas é a sede do capitalismo. Mas a gente chegou num ponto que tem de
conscientizar o planeta a saber lidar com os recursos naturais. Se a gente não souber administrar isso a gente vai chegar ao caos” diz. Para as duas palestras previstas foram convidados profissionais de referência no assunto. Às 19h, Jorge Emanuel Reis Cajazeira, engenheiro mecânico pela UFBA; mestre e doutor em Administração de Empresas pela FGV; presidente mundial da ISO 26000; executivo de relações institucionais e certificações da Suzano Papel e Celulose inicia com A responsabilidade social e seus impactos nas organizações. E às 20h, Isaac Edington, presidente do ECO Desenvolvimento, fala sobre Sustentabilidade na Era da Convergência. O I Simpósio de Sustentabilidade é destinado à comunidade acadêmica e aberto ao público. Os interessados em participar podem fazer inscrição direto no local ou através do telefone: 9988-5177 (profª. Mônica Coutinho) ou 2107-8100. Serviço: I Simpósio de Sustentabilidade 28/11/2011, a partir das 19h Centro Universitário Estácio da Bahia (Estácio-FIB) – auditório G4 do campus Gilberto Gil: Rua Xingu, nº 174, Stiep.
No fim do ano passado, a Ford surpreendeu ao iniciar as vendas do Fusion Hybrid no Brasil
Inovação& 9 PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
SALVADOR, BAHIA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
Caminho sem volta Empresas da construção civil da Bahia adotam paulatinamente soluções sustentáveis
engenheira Tatiana de Almeida Ferraz, coordenadora do Senai e Fieb na Bahia POR: Claudia Pedreira
xxxxxxx A sustentabilidade ainda não é uma iniciativa padronizada entre as construtoras, mas é um movimento paulatino e sem volta. Algumas empresas economizam mais água, outras poupam mais energia, mas todas estão buscando a sustentabilidade. A afirmação é da engenheira Tatiana de Almeida Ferraz, uma das coordenadoras na Bahia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).
Escritório sustentável
A pesquisadora realizou palestra sobre o Programa de Gestão de Resíduos nos Canteiros: Resultados e Continuidade, feito em parceria entre o Senai e o Sindicato da Indústria da Construção Civil da Bahia (Sinduscon-BA), durante o seminário Propostas de Diálogo e de Ação para a Sustentabilidade, no auditório da Fieb, em meados do mês de outubro.
Segundo Tatiana, a cada dia aumenta o interesse das empresas construtoras na Bahia pela sustentabilidade, incorporando nas obras sistemas para redução do consumo de água e energia, incorporando ações que visem a redução da geração de resíduos, bem como a sua reutilização e reciclagem. “A sustentabilidade é o único caminho para o desenvolvimento continuado, considerando os aspectos econômicos, sociais e ambientais”, afirmou. A engenheira destaca a parceria entre o Sistema Fieb, através da Área de Construção Civil do Senai, com o Sinduscon-BA para o desenvolvimento de diversas ações visando apoiar as empresas construtoras no caminho para a sustentabilidade. “Ressaltamos a implantação do Programa de Gestão de Resíduos nos Canteiros de Obra, a elaboração dos Projetos de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil- PGRCC, Reciclagem
no Canteiro, seminários e cursos. Agora estamos partindo para a implantação de outras práticas sustentáveis visando as certificações Aqua, Leed, Procel Edifica e Selo Azul da Caixa”, aponta.
organização do canteiro, reduzindo gastos com descarte dos resíduos, difundindo a cultura da coleta seletiva e da sustentabilidade. “Todos na obra são envolvidos”, comemora.
dar importância para os chamados Green Buildings, ou seja, os chamados prédios verdes. “Os prédios verdes são construídos com menos impacto do que um prédio convencional”, explica.
Ela explica que o trabalho de Gestão de Resíduos no Canteiro envolve o estímulo à utilização de tecnologias para reduzir a geração de resíduos, a segregação dos resíduos nos canteiros e o descarte adequado, privilegiando o reuso e a reciclagem. “Os resíduos de concreto e argamassa podem ser reciclados no próprio canteiro, gerando agregados artificiais para a produção de argamassas e concretos sem função estrutural. Parcerias com cooperativas de catadores permitem às empresas encaminhar os resíduos para a reciclagem”, explica.
Consumidor de recursos - O setor imobiliário é
Os ganhos com um empreendimento certificado são diversos, segundo a pesquisadora. O consumo de energia, em média, é 30% menor, ao passo que o consumo de água sofre redução de 30% a 50%. Outros ganhos incluem redução da emissão de CO2 em 35% e redução de 50% a 90% na geração de resíduos, incluindo materiais recicláveis. Ainda que o custo da obra seja em média 5% maior do que uma obra convencional há valorização de 10% a 20% no preço de revenda.
O resumo da ópera, diz Tatiana, é que os resultados desses trabalhos são muito positivos, reduzindo desperdícios, melhorando a
Na construção civil, a partir dos sistemas de certificações ambientais para empreendimentos, a cadeia da construção começou a
responsável pelo consumo de 21% da água tratada, 41% da energia elétrica gerada, gera 65% do lixo e 25% do CO2 equivalente e é o maior consumidor de recursos naturais, daí a importância da conscientização sobre a necessidade de se difundir os edifícios verdes. A pesquisa é de Vivian Blaso, especialista em Sustentabilidade e professora do curso de PósGraduação em Construções Sustentáveis (Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP, em São Paulo).
Casa de ferreiro, espeto de pau? Nem sempre o ditado está correto. No caso da Caramelo Arquitetos Associados, a empresa que já abraçou a sustentabilidade em seus projetos, está construindo o seu próprio escritório projetado e planejado para ser sustentável. Ainda que não seja 100% sustentável, por não ser auto-suficiente na geração da totalidade dos recursos consumidos, como explica o premiado arquiteto Antonio Caramelo.
arquiteto Antonio Caramelo
“Mas garantimos o uso dos princípios de sustentabilidade em todos os itens, desde a utilização de materiais reciclados e recicláveis até um rigoroso controle de ingresso do fluxo luminoso zenital com a medição por células fotométricas instaladas para o processamento automático da complementação dimerizada dos leds até o nível luminoso desejado e pré-estabelecido,
Outras iniciativas no setor da construção civil podem ser observadas no contexto mercadológico como as premiações existentes, desenvolvimento e elaboração de programas
também usamos vidros filtrantes de grande eficiência termo acústica com características hidro-fugantes de grande valia para a autolimpeza”, afirmou. O projeto contempla a reutilização de águas servidas após o tratamento, transformando as águas cinzas em águas azuis, também reaproveitando águas pluviais captadas. “Geramos energia através de placas solares e fotovoltaicas, utilizamos total iluminação em leds dimerizáveis da LG e Philips dentre outros, fizemos refrigeração dos ambientes por meio de equipamentos com sistema de compressores inverter Toshiba, controlamos termo-acusticamente os ambientes com paredes duplas “sandwichadas” com isolante especial obtido através do reprocessamento de embalagens PET. Toda a transmissão de voz e dados se dará por meio de multifibra ótica da Furukawa sob piso elevado em
de sustentabilidade através da iniciativa privada, além da articulação setorial e formação de ONGs e entidades. A certificação é uma organização de alto poder de influência, mas custa dinheiro e demanda paciência. Além disso, um prédio certificado se torna referência no mercado, porque é um parque de aplicação de novas tecnologias por parte dos fabricantes da construção civil e com isso também impulsiona a produção de produtos e serviços de alta performance e mais sustentáveis induzindo o setor a uma mudança de cultura. “Por exemplo, quando começamos a utilizar elevadores inteligentes, com antecipadores de chamada etc., isso era muito caro e ninguém usava: hoje qualquer um já pode começar a usar. Nós induzimos e ajudamos no desenvolvimento de tecnologia. Os sustentáveis certificados puxam a ponte do iceberg positivo: trazem toda a indústria da construção civil junto”, percebe.
termoplástico regulável da Remaster”, explica. Para o arquiteto, as pessoas estão ficando mais conscientes, mais responsáveis, e mais solidárias. Começam a se preocupar com o tipo de ambiente, de sociedade, de vida, e do mundo que querem deixar para os seus descendentes. “Acho que já passamos da hora de dizer “chega de desinteligência e egoísmo!”. Os recursos não são infindos, como até por ignorância durante algum tempo se pensou que fossem. A natureza não consegue se refazer ou se recompor em sua totalidade, e mesmo que o fizesse, não conseguiria fazê-lo na mesma velocidade da violência com que é agredida. Por isso, faz-se necessário que estejamos alertas e atuantes, contribuindo de forma ativa para mitigação de toda essa agressão hoje praticada”, afirmou, ao defender a sustentabilidade.
Inovação& 10 SALVADOR, BAHIA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
Salvador respira fundo A capital baiana passa a contar com a Rede Automática de Monitoramento da Qualidade do Ar, uma das exigências PARA a Copa POR: Claudia Pedreira
Mais uma vez Salvador sai à frente de outras capitais. Desta vez, se destaca na corrida em busca pela qualidade do ar com a instalação da Rede Automática de Monitoramento da Qualidade do Ar, uma das exigências da Fifa para as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. “É um compromisso com a qualidade do ar não só para turistas e atletas que participarão do evento, mas para toda a população que mora na região, pois será feito um trabalho contínuo”, afirma Eduardo dos Santos Fontoura, gerente de monitoramento da Cetrel. O projeto, que começou a ser implantado em novembro do ano passado, hoje já conta com cinco estações de monitoramento em atividade em diferentes bairros da cidade e prevê a instalação de mais cinco (quatro fixas e uma móvel) até o final do ano. A Rede Automática de Monitoramento da Qualidade do Ar é uma iniciativa da Cetrel, empresa que monitora o ar na região de Camaçari desde 1994, e representa um investimento de R$ 15 milhões, com patrocínio da Braskem e apoio da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado. “A iniciativa da Braskem foi um passo importante para viabilizar essa rede, uma grande contribuição para o Estado e para o Município”, acrescenta Fontoura.
Atualmente estão em funcionamento as estações de monitoramento na Av. Luís Viana Filho (Paralela), Av. Juracy Magalhães Junior (Lucaia), Campo Grande, Dique do Tororó e Pirajá
Como são feitas as medições As medições são feitas pelas estações de monitoramento a cada 15 minutos, 24 horas por dia e disponibilizadas a cada hora nos sites da Cetrel (www.cetrel.com.br) e do Inema (www. inema.ba.gov.br). As estações são interligadas por um sistema de telemetria que permite a disponibilização on-line e em tempo real dos dados apurados. As informações podem, ainda, ser acessadas em totens com monitores de LED instalados em três pontos da cidade (Dique do Tororó, Rio Vermelho e Av. Paralela). Em um ano, o sistema completo disponibilizará mais de três milhões de dados não só sobre poluentes atmosféricos e concentração de elementos químicos no ar, como Monóxido de Carbono
(CO), Ozônio (O3), Óxidos Nitrogenados (NOx), Particulas Inaláveis (PI) e Dióxido de Enxofre (SO2), mas também medições meteorológicas sobre temperatura, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento e índice de radiação solar. “Esses dados sobre a poluição atmosférica são traduzidos para o Índice de Qualidade do Ar (IQAr). Com o uso dessa ferramenta matemática, que transforma concentrações medidas dos diversos poluentes em um valor dimensional, traduzido de bom a crítico, fica mais fácil para a população entender a questão da qualidade do ar”, diz o gerente de monitoramento da Cetrel.
Atualmente estão em funcionamento as estações de monitoramento na Av. Luís Viana Filho (Paralela), Av. Juracy Magalhães Junior (Lucaia), Campo Grande, Dique do Tororó e Pirajá. Segundo Eduardo Fontoura, ainda este mês serão instaladas mais duas estações, na região do Iguatemi e no Parque da Cidade (Itaigara). “Quando finalizarmos a instalação das duas últimas estações – na Calçada e na Rótula do Abacaxi – teremos um mapeamento completo de toda a região de Salvador”. De acordo com ele, esses pontos foram definidos como prioritários a partir de um trabalho de doutorado que fez um inventário da poluição veicular na cidade em função da circulação de veículos e dos ventos. “Foi constatado que esses locais tinham mais probabilidade de ter concentrações de poluentes”, explica Fontoura. A estação móvel vai circular por diferentes bairros e atender às necessidades e demandas da população. “Se alguma região estiver reclamando da poluição do ar ou suspeitarmos de algum problema, vamos deixar a estação móvel por um ou dois meses na região para poder verificar se as queixas e suspeitas procedem ou não”, afirma Eduardo Fontoura. Uma das funções do monitoramento é poder subsidiar o Estado e o Município na definição de algumas políticas públicas voltadas para o meio ambiente. “A partir dos dados coletados pode-se ter, ou não, um reordenamento da ocupação do solo, uma intensificação do transporte de massa em determinadas regiões, a implantação de rodízio de veículos, ações de educação ambiental, orientações para a população sobre a qualidade do ar”, ilustra Fontoura.
Bons resultados - A medição feita ao longo dos últimos 12 meses, apesar de ainda não
Frota de Veículos de Salvador em Setembro (2011)
762.308 Veículos (28,36% do Estado)
542.436 Automóveis (71,16% do Estado)
91.098 Moto (11,95% do Estado)
75.930
Camionetas (9,96% do Estado)
20.120
Caminhões (2,64% do Estado)
8.812
Ônibus (1,16% do Estado)
3.709
Microônibus (0,49% do Estado)
20.203 Outros (2,65% do Estado)
BAHIA
Frota total no Estado: 2.688.097 Veículos
abranger toda a área da cidade e ter crescido progressivamente, mostrou bons resultados. Segundo a Cetrel, em 95% das medições, o ar em Salvador foi avaliado como bom. “Os 5% restantes foram avaliados como regular, mas não tivemos nenhuma ultrapassagem do valor mínimo padrão indicado. Quando qualquer um dos parâmetros monitorados passa da metade do valor de referência, por exemplo, se o máximo for 100 e chegar a 51, a gente já diz que é regular exatamente para ficar observando”, defende Fontoura. Apesar de Salvador ter uma frota de veículos de 762.308 veículos (dados do Detran, referentes a setembro de 2011), os bons resultados do monitoramento do ar são atribuídos à localização e à topografia da cidade. Por ser uma cidade litorânea e ter relativamente poucos morros, considerados de baixa altura, a cidade tem uma circulação de vento muito boa. “A direção e a velocidade dos ventos ajudam. A brisa marinha que sopra para o continente permite que os poluentes emitidos se dispersem facilmente”, esclarece Eduardo Fontoura. Mesmo que preliminares, os resultados já apontam algumas tendências. Próximo ao meio-dia verifica-se uma maior emissão de ozônio (O3), poluente que aumenta sua concentração nos momentos do dia em que a temperatura encontra-se mais elevada. Sendo assim, a população deve evitar atividades físicas intensas nesse horário, já que as consequências mais comuns da exposição ao ozônio são irritação nos olhos, vias respiratórias e o agravamento de doenças respiratórias preexistentes, como a asma. Nos momentos de maior fluxo de veículos, no início da manhã e no final da tarde, verificou-se uma maior emissão de particulado – conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho – e poluentes como SO2. Com a conclusão da Rede Automática de Monitoramento do Ar, a Bahia passará a contar com um total de 24 estações (10 na capital e 14 na Região Metropolitana), sendo a primeira cidade do Norte e Nordeste a possuir um sistema desse tipo e a segunda maior rede automática do país, ficando atrás apenas de São Paulo, que possui um sistema semelhante com 40 estações (21 delas na capital). “As realidades de São Paulo e Salvador quanto à qualidade do ar são muito distintas. Os indicadores nem se comparam”, afirma Fontoura. Enquanto a capital paulista ultrapassa a marca de sete milhões de veículos, Salvador tem mais de 700 mil. Entretanto, a capital baiana deve se manter alerta quanto ao crescimento de sua frota. A análise do Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (Ipea), divulgada em maio, informa que, das cinco cidades mais populosas do Brasil, Salvador teve o segundo maior crescimento da frota de carros entre dezembro de 2007 e março de 2011, o equivalente a 44,8%. Hoje, há um carro para cada três habitantes na capital baiana. Segundo a plataforma EcoDesenvolvimento (www. ecodesenvolvimento.org.br), cada carro pequeno emite, em media, 10 toneladas de CO2/ano.
Inovação& 11 PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
SALVADOR, BAHIA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
Estádios da Copa terão certificação sustentável POR: Marco Gramacho
O povo brasileiro ganhou fama pelo mundo por algumas de suas particularidades como, o amor pelo Carnaval, pelo futebol e pelo samba e, mais recentemente por sua força de vontade em crescer e aparecer. Transformou sua economia, reduziu a linha de pobreza e vai sediar a Copa do Mundo de 2014. E, a menos de dois anos da abertura do mundial, o que nós vemos na mídia, dia após dia, ainda é a dúvida: o Brasil vai dar conta de tudo o que está sendo exigido pela FIFA a tempo da abertura do campeonato, ou não? A depender da Arena Fonte Nova, sim. Já que está sendo divulgado que o cronograma de obras está em dia. Mas e o resto do país? O certo, é que o Brasil já está também ganhando mundo afora outra fama: a de, apesar de deixar tudo para cima da hora, ter tanta força de vontade para fazer acontecer, que tudo dá certo no final, nem que para isso, tenhamos que apelar para o velho e bom jeitinho brasileiro. E é justamente se apegando na realização da Copa do Mundo de 2014 que o Brasil pretende dar dois grandes saltos: o da qualificação profissional e o do entendimento real de como atuar o conceito de sustentabilidade junto a toda a sociedade. Mas como o país, que já é Penta na classificação do mundial de reciclagem de alumínios, não sabe lidar com questões como sustentabilidade? Simples: o Brasil tem alcançado esta marca neste campeonato, não pela importância da reciclagem, mas pela coleta e venda das latinhas serem uma das principais atividades de muitas famílias necessitadas. Como que a nação que possui a maior reserva florestal de todo o planeta Terra e não sabe preservá-la está discutindo questões como construções sustentáveis para o maior evento esportivo do mundo? É isso e muito mais, o que vamos descobrir!
Foi dada a partida - Desde 2009, o país vem se preparando para fazer a Copa de 2014 com uma linha estratégica prioritária voltada para questões de sustentabilidade. Para isso, além de promover parcerias entre entidades de diferentes níveis governamentais, prepara-se para trazer ao Brasil, em 2012, importantes eventos como a reunião da Cúpula das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, e de realizar a Rio + 20, que vai discutir a transição para a economia verde. Agora, o Governo Federal e o Banco
nonononon on oon on on ononononoon on on on on ono ononononononoonono Nacional do Desenvolvimento (BNDES) estão veiculando a exigência de certificação ambiental para o acesso ao financiamento para construção ou reforma das Arenas da Copa de 2014, como é o caso da Arena Fonte Novo, em Salvador. Logo no início da partida, um impedimento. Para o coordenador da Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014 (CTMAS) - Ministério do Esporte, Cláudio Langone, a decisão revelou-se bastante acertada, porque “a importância desse processo vem demonstrando efetividade inclusive na redução de custos, a exemplo do que ocorreu com a reciclagem do material de demolição e utilização na própria obra, ao invés da tradicional destinação em aterros, que teria impacto significativo e custos elevados”. As formas de se trabalhar a sustentabilidade para o evento
que vai fazer todos os olhos do mundo se voltarem para o Brasil, em 2014, foram definidas em 2010, durante o Seminário Nacional Sobre a Agenda de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa de 2014. Neste seminário, dez questões essenciais foram levantadas como causas prioritárias. São elas: cooperar com o combate ao aquecimento global; promover a sustentabilidade ambiental com inclusão social; incentivar e alavancar negócios verdes; incentivar a eficiência energética, promover e proteger a biodiversidade brasileira; construir estádios com sustentabilidade; utilizar água de maneira racional; incentivar a mobilidade e a circulação sustentáveis; incentivar o consumo de produtos orgânicos e promover o ecoturismo nos biomas brasileiros. Estamos iniciando o segundo tempo, afinal, faltam menos de dois anos e, o que foi feito até agora? O
placar da CTMAS afirma que para o clima foram realizadas oficinas de trabalho junto ao governo britânico e já se chegou à definição de qual é a melhor metodologia e o termo de referência para os inventários de emissões de gases e efeito estufa a serem realizados em todas as cidades-sede, incluindo Salvador. “O próximo passo será a definição dos recursos e o processo de contratação”, afirma Langone, que aproveita para lembrar que “nesse contexto destacam-se vários projetos inovadores de mobilidade urbana e a possibilidade de utilização dos biocombustíveis no transporte público”. Já o estímulo à economia verde, está em fase final de aprovação, através de uma campanha nacional de mobilização do setor de orgânicos e produtos sustentáveis, com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Ministério do Turismo e do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e que tem o objetivo de fornecer produtos orgânicos às delegações, bem como eventos e recepções ligados à Copa, hotéis e restaurantes, entre outros. Os Parques da Copa, segundo Langone, “já foram definidos pelo Ministério do Meio Ambiente, como unidades de Conservação Federais prioritárias, focadas na ideia de oferecer um ou dois atrativos significativos dos biomas brasileiros próximos às cidades-sede, tendo como referência os destinos indutores definidos pelo Ministério do Turismo”. Quanto aos resíduos e a reciclagem, “a meta é erradicar os lixões das capitais e regiões metropolitanas; organizar o sistema de coleta seletiva com inclusão de catadores; promover oportunidades de negócios na área de reciclagem e trabalhar com foco na minimização da geração de resíduos nos grandes eventos”, afirma Langone. Para
isso, o BNDES disponibilizou uma linha de financiamento a fundo perdido, para apoiar a estruturação da Coleta Seletiva nas cidades-sede, condicionado exclusivamente à inclusão dos catadores de materiais recicláveis. Até agora o que sabemos é que temos uma bola em campo e milhões de torcedores vibrando desde já para que o Brasil faça bonito como sempre fez, e que o mundo veja que nosso país não prega apenas as belezas cantadas por Ary Barroso ou Caymmi, mas que, com um samba em um pé e uma bola no outro, também é capaz de “promover um encontro virtuoso entre uma das maiores paixões nacionais, como o futebol, e nossa condição de país mega diverso, com uma matriz energética renovável, dono de um imenso e rico patrimônio ambiental e com forte liderança global nessa área”, finaliza Cláudio Langone.
Inovação& 12 26 DE NOVEMBRO DE 2011
PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
POR: Paula Chies Schommer
artigo
SALVADOR, BAHIA
Os sentidos de sustentabilidade em dias de turbulência José Carlos Martins, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
“A ideia de sustentabilidade impulsiona a inovação” POR: nonon on ononon ono
O vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, participou em Salvador do seminário Propostas de Diálogo e de Ação para a Sustentabilidade, feito em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção da Bahia (Sinduscon-BA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em meados de outubro, no bairro de Stiep, e falou sobre o Programa Construção Sustentável, desenvolvido pelo CBIC, para convocar à sociedade para o diálogo sobre o desafio da sustentabilidade. Há alguns anos o tema ganhou destaque na agenda da indústria da construção no Brasil. “O setor está cada vez mais consciente sobre a relevância do seu papel no contexto da mitigação e adaptação dos efeitos das mudanças climáticas e da necessidade de melhoria das condições de vida do planeta”, afirmou. Confira a entrevista concedida ao repórter Marco Gramacho. Qual a importância do Programa Construção Sustentável? JOSE CARLOS MARTINS - O Programa Construção Sustentável aponta para o futuro: um tempo em que o setor da construção no Brasil esteja plenamente harmonizado com os conceitos de uso e reuso racional de recursos naturais; reciclagem; eficiência energética; redução das emissões de gases de efeito estufa e da geração de resíduos sólidos, tendo como objetivo central o desenvolvimento humano em toda sua plenitude. A ideia de sustentabilidade impulsiona a inovação, estimula a busca por novas tecnologias e promove o surgimento de novos nichos de mercado. Faz-se necessário, para isso, que a cadeia produtiva promova a transição do modelo
empresarial rumo às inevitáveis demandas contemporâneas . O incremento do nível de eficiência energética das edificações diminuirá a pressão por elevados investimentos na expansão da capacidade de geração de energia elétrica. O uso racional de água e energia vai permitir redirecionar ganhos econômicos para a melhoria do bem-estar. E ainda, a dinamização da cadeia de reciclagem de resíduos de construção e demolição vai gerar novas oportunidades de trabalho e renda. Como o programa atua? JCM - O Programa Construção Sustentável é uma proposta de convergência e diálogo que visa aperfeiçoar e compartilhar soluções, mostrando à sociedade brasileira que esse caminho é mais do que viável: é inevitável. A cadeia produtiva da construção civil tem uma nova agenda a cumprir. As mudanças climática e a escassez de recursos naturais exigem novas formas de organização empresarial e política. O modelo a ser buscado pelo setor é o do desenvolvimento humano, da inovação tecnológica e do uso e reuso equilibrado de recursos disponíveis, bem como da reciclagem. Tal transformação exige mudanças em termos de regulamentação, mercado, precificação de produtos e insumos e mensuração de lucros e perdas. Mudanças essas que se tornarão realidade na medida em que passarmos a encarar os desafios da cadeia produtiva da construção não mais sob uma lógica de custos, mas de oportunidades. Como o déficit habitacional brasileiro influencia o Programa de Construção Sustentável? JCM - A sociedade brasileira vive uma grande transformação. O reflexo mais claro disso é a expansão do consumo. Até 2014 serão mais de 30 milhões de brasileiros em famílias com renda mensal acima de R$ 4,8 mil. Se
a indústria tentar atender a essa demanda econômica apenas com o estoque de tecnologia, de produtos e de serviços, incorrerá o sério risco de comprometer o desenvolvimento sustentável do país em médio e longo prazos. É necessário abrir espaço para a inovação, a criatividade e atuar com protagonismo, a fim de incorporar de forma sustentável esses novos consumidores. Estudos realizados pela Fundação Getúlio Vargas sobre o déficit habitacional brasileiros indicam que, até 2009, o país necessitava de 5,81 milhões de moradias e para o período entre 2010 e 2022 seria necessário a construção de 23,49 milhões de novas unidades. Essa é a meta a ser alcançada se o Brasil quiser zerar o déficit habitacional e acabar com as habitações precárias. Hoje, quase 85% da população do país se concentra em áreas urbanas, sendo que 23% dos habitantes estão nas cinco grandes regiões metropolitanas. Na infraestrutura, o país enfrenta ainda problemas graves que impactam diretamente na qualidade de vida da população e tornam a nossa economia menos competitiva. A situação é resultado da deficiência histórica de investimentos por parte do Estado. Quais as estratégias utilizadas pelo programa? JCM - Incentivamos as três esferas do Poder Executivo a privilegiar nas contratações públicas a utilização de produtos e sistemas de melhor desempenho sustentável, cujos projetos e especificações atendam às exigências ambientais, sem desperdício energético e com soluções para o menor nível de consumo de água, por exemplo. E isso inclui políticas setoriais, o que envolve empresas, o CBIC e demais entidades representativas. Do ponto de vista da produção, pretendemos que as obras privilegiem materiais e sistemas que contribuam para a eficiência energética, que possibilitem o uso racional da água, que tenham procedência formal, que valorizem produtos
provenientes do correto manejo florestal e que considerem os impactos das mudanças climáticas. No caso de obras públicas, propomos concurso público para projetos por meio da contratação por melhor técnica, contemplando critérios de sustentabilidade. Como a inovação tecnológica é englobada nessas estratégias? JCM - Queremos adequar os equipamentos e processos de construção e manutenção, nas obras públicas e privadas, para atender aos níveis sugeridos ou obrigatórios definidos pela legislação ambiental e energética. Do ponto de vista de pessoas e processos, percebemos que projetistas, especificadores, trabalhadores, executores de obras, gestores de negócios, agentes financeiros, gestores públicos, gestores dos imóveis (administradoras, síndicos, empresas de facilities), legisladores e usuários devem ser conscientizados e capacitados, de modo multidisciplinar, para a sustentabilidade. Os sistemas construtivos envolvem procedimentos para reduzir as perdas de materiais, para aprimorar o manejo dos resíduos, para gastar menos energia e para o uso racional de água. Que ações estão sendo tomadas? JCM - Dividimos as ações em sete temas: Água, Desenvolvimento Humanos, Energia, Materiais e Sistemas, Meio Ambiente, Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano, Mudanças Climáticas e Resíduos. Todos essas ações envolvem programas de capacitação de profissionais e legislações específicas. Sobre Materiais e Sistemas, por exemplo, pretendemos mapear e disseminar sistemas e ferramentas de projetos para redução de perdas e materiais. Já com os resíduos pretendemos promover parcerias público-privadas para implementação das áreas de manejo de resíduos.
O Conselho Diretor da Ben & Jerry´s Ice Cream, empresa de sorvetes sediada nos Estados Unidos, divulgou recentemente uma nota em que manifestava admiração e apoio ao movimento Occupy Wall Street. Segundo a nota, tal movimento levanta questões fundamentais na atualidade e as torna visíveis a ponto de não poderem ser ignoradas. Questões como a imoral desigualdade entre classes nos Estados Unidos, a crise de desemprego que afeta principalmente jovens e afro-americanos, o fato de que a educação superior exige alto grau de endividamento de estudantes e suas famílias e, ainda, a permissão de que grandes corporações gastem recursos ilimitados para influenciar eleições e estocar um trilhão de dólares, ao invés de empregar pessoas. A manifestação da empresa ocorre em meio a um período turbulento em vários países. Marchas, protestos, boicotes, greves, ocupações pacíficas e conflitos armados são vistos em regiões do Egito, Líbia, Iêmen, Grécia, Chile, Brasil, Estados Unidos, Espanha e muitos outros. Pessoas de diferentes idades, religiões, profissões e ideologias vão às ruas e ocupam praças para protestar contra ditaduras, crise econômica, sistema universitário, corrupção, ganância. As pessoas parecem desconfiar de tudo o que é grande, poderoso, concentrado, obscuro. Pedem mais transparência, prestação de contas, responsabilização. Sentem que modelos tradicionais de organização social e representação política não dão conta da diversidade da sociedade. Querem que as regras institucionais sejam definidas com a participação de mais gente, considerando novos critérios. E o que isso tem a ver com sustentabilidade? O que uma empresa de sorvetes tem a ver com esse movimento? A Ben & Jerry´s foi fundada na década de 1970, por pessoas comprometidas com causas ambientais, engajadas em grupos que, na época, chamavam a atenção para os efeitos da ação humana sobre o equilíbrio da natureza e para a ligação entre fenômenos sociais, econômicos e ambientais. Daquela mobilização e de outras que se somaram a ela, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável e o termo sustentabilidade, que embora tenha significado impreciso, parece ter adquirido status de valor contemporâneo. As empresas passaram a ser pressionadas a perseguir não apenas lucro, incluindo critérios de ordem social e ambiental em suas estratégias. A Ben & Jerry´s é um exemplo de empresa que cresceu buscando praticar os princípios que defendia para o mercado como um todo. Além de cumprir obrigações legais, a empresa procurou respeitar o meio ambiente, seus trabalhadores, clientes, fornecedores, concorrentes, comunidades e promover princípios de comércio justo em sua cadeia produtiva. Em 2000, foi comprada pela multinacional Unilever, mantendo, porém, seu conselho independente e sua postura de apoio a campanhas de ativismo (consideradas atividades de lobby nos USA). Em sua trajetória, já apoiou causas como a defesa de leis que limitem gastos de empresas em campanhas eleitorais, que limitem e reduzam a emissão de carbono como resposta aos desafios das mudanças climáticas e que definam critérios mais exigentes de proteção social e ambiental em acordos de comércio Trans-Pacífico. Além de envolver-se em campanhas de prevenção à violência juvenil e aos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, das Nações Unidas, para a erradicação da extrema pobreza e desigualdade. Tudo isso, porém, segundo seus diretores, não foi suficiente na promoção da sustentabilidade. A Ben & Jerry´s mostra entusiasmo com o Occupy Wall Street e movimentos similares que estão pipocando em diversas cidades do mundo, pois entende que é preciso ir além e que as empresas precisam envolver-se nesse processo. Que é chegado o momento de avançarmos em termos de sustentabilidade, o que passa pelas práticas de cada empresa e do mercado, mas que depende de mudanças de valores e de regras institucionais mais amplas.
Inovação& 13 PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
SALVADOR, BAHIA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
Certificação Florestal como garantia de sustentabilidade Papel, celulose, economia e responsabilidade social A produção de celulose e papel, levando em consideração os indicativos dos certificados florestais, é uma forma que as empresas utilizam para estar de acordo com a sustentabilidade. A responsabilidade social das empresas também é um meio para alcançar a sustentabilidade empresarial, que pode ser definida como a empresa que orienta a sua gestão para obter resultados positivos em termos econômicos, sociais e ambientais. A empresa Suzano desenvolve projetos que envolvem a comunidade do entorno da empresa, situada no município de Mucuri, aqui na Bahia, distante 975 quilômetros de Salvador. Entre os projetos há o que se preocupa com a segurança alimentar, chamado ‘Agricultura Comunitária’. O objetivo do projeto é fortalecer a produção de alimentos, alinhado à capacitação dos pequenos produtores rurais e inserção de novas culturas agrícolas, além de garantir a segurança alimentar das comunidades. O ‘Educar e Formar’ tem o foco na educação e atua nas frentes pedagógicas e de infraestrutura. Tem como objetivo melhorar a qualidade do ensino público fundamental e conta com a parceira do Instituto Ayrton Senna. Ainda na área de estímulo à educação há o projeto ‘Bibliotecas Comunitárias’. POR: Aline Barnabé
A preocupação com o meio ambiente se dá não só com a reciclagem ou com ações sustentáveis, mas também ocorre em forma de garantias. Ou seja, para saber se determinado material é legalizado ou se ele está dentro de uma cadeia que se preocupa com questões ambientais, ele vai receber uma certificação. Aqui na Bahia, duas empresas trabalham na produção de celulose (Veracel) e papel e celulose (Suzano) com o eucalipto. Ambas, têm preocupação com o trabalho que desenvolvem e de como a empresa está sendo vista. Para isso, elas contam com a Certificação Florestal.
Aplicação certificado
“A certificação florestal é uma garantia ao consumidor consciente de um produto que não degrada o meio ambiente e contribui para o desenvolvimento social e econômico das comunidades florestais. Para isso, o processo de certificação deve assegurar a manutenção da floresta, bem como o emprego e a atividade econômica que a mesma proporciona”, explicou Jorge Cajazeira, executivo de Relações Institucionais e Certificações da Suzano. Além disso, “as certificações são a garantia de que o produto
não é proveniente de mão de obra escrava ou infantil e que atendeu a todas as exigências da legislação ambiental na sua produção”, acrescentou Renato Carneiro, gerente de Sustentabilidade da Veracel. Segundo Cajazeira existem dois grandes programas certificadores florestais no mundo. Um é o PEFC – Programme for the Endorsement of Forest Certification e o outro é o FSC – Forest Stewardship Council. Aqui no Brasil, foi criado o Cerflor – Programa Brasileiro de Certificação Florestal e tem o Inmetro como organismo gerenciador, além de ser reconhecido pelo PEFC. Além dessas certificações que a Suzano, como produtora de papel e celulose tem, a Veracel, que produz apenas celulose, conta também com a certificação ISO 14.001, que é reconhecida internacionalmente, segundo acrescentou Renato Carneiro. A preocupação de emitir um certificado de qualidade para produtos ambientais, os selos verdes, surgiu na década de 70. Esse conceito foi expandido e a certificação florestal surgiu por volta de 1990, como uma alternativa às campanhas internacionais que incentivavam o boicote a produtos oriundos de florestas tropicais. Com isso, quem antes vendia e comprava livremente, por exemplo,
madeira, percebeu que teria que entrar nos eixos para continuar comercializando o material. A tendência então era criar bons manejos florestais e técnicas de baixo impacto sobre os ambientes. A importância para as certificações cresceu tanto que, de acordo com o executivo da Suzano, a maior parte dos produtos com selo FSC no Brasil destina-se hoje à exportação para países europeus e da América do Norte. “Já existe um número superior a 60 organizações (indústrias, designers, governos estaduais, entidades de classe e outros) pertencentes ao Grupo de Compradores de Madeira Certificada, entidade que assume publicamente o compromisso de dar sempre preferência ao produto certificado”, contou.
A Veracel também não fica de fora quando o assunto é sustentabilidade e mantém diversos projetos. As ações de sustentabilidade vão desde o planejamento de suas operações florestais na região de Porto Seguro e Santa
“A empresa mantém um hectare de mata nativa conservada para cada hectare de plantio comercial de eucalipto e possui uma área de plantio comercial, devidamente licenciada, de mais de 90 mil hectares e uma área de 105.367 hectares de conservação e proteção da vegetação nativa”, contou Carneiro. A Veracel destaca os seguintes projetos: O Programa Mata Atlântica, que já reflorestou uma área de 3,91 mil hectares com mudas de mais de 50 espécies de árvores nativas na região de sua área de atuação; o Programa de Educação Ambiental da Veracel (PEAV) é destinado a atender as comunidades da área de influência da empresa, capacitando professores da rede pública e particular para trabalhar a Educação Ambiental de forma transversal nas escolas. Já o Programa Redes Sociais tem o objetivo de estreitar o relacionamento e o diálogo entre a empresa e as comunidade, além de buscar solução na busca de qualidade de vida.
Economia - Todo o desenvolvimento das atividades de papel e celulose trouxe bons resultados na economia do Estado. Segundo dados do Sindicato das Indústrias de Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira para Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia (SINDPACEL), em 2010, a Bahia foi responsável por 17% da produção de celulose brasileira e 4% da produção de papel. Esse ramo tem mais de 12 mil postos de trabalho, distribuídos em 47 municípios baianos. O crescimento da economia põe a Bahia em uma boa colocação mundial já que a cada quatro toneladas de celulose exportadas pelo país, uma é produzida em solo baiano. Com relação aos maiores exportadores da Bahia, as empresas Veracel e Suzano estão entre esse número.
Para o consumidor final de papel é importante observar os selos que atestam a origem da madeira que foi utilizada na produção do material. Os selos garantem tranquilidade para o cidadão de que ele está colaborando com o meio ambiente ao comprar produtos com certificação. Segundo informações da Suzano, o mercado de produtos florestais brasileiros certificados movimenta mais de R$ 1bilhão por ano e a estimativa é que este número atinja R$ 3 bilhões até 2007.
Mas para uma empresa conquistar essa certificação é preciso que alcance algumas metas no seu ambiente florestal. A empresa precisa utilizar técnicas que imitem o processo natural da floresta causando, assim, o mínimo de impacto ambiental possível. É preciso que a área esteja legalizada com os órgãos ambientais. Além disso, deve ser economicamente viável.
Jorge Cajazeira, da Suzano
Realizado pelo Ecofuturo em parceria com a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), o projeto tem por objetivo criar novas opções de cultura e lazer para as comunidades. Desenvolvido em parceria com o poder público local e empresas, o projeto envolve doação de livros, equipamentos e capacitação de auxiliares de bibliotecas e promotores de leitura, entre professores e membros da comunidade. Já foram implantadas 70 bibliotecas com mais de 116 milhões de livros doados e 1.822 moradores capacitados.
Cruz Cabrália, fabris, no relacionamento com seus colaboradores próprios e de empresas parceiras, na preservação do meio ambiente, indo além do que determina a legislação ambiental e, no relacionamento com as comunidades de sua área de atuação.
A certificação não é imposta, é
um processo voluntário no qual é realizada uma avaliação pela certificadora e são verificados os cumprimentos de questões ambientais, econômicas e sociais que fazem parte dos princípios e critérios do FSC (P&C do FSC) ou do CERFLOR (PEFC). Mas a certificação florestal é feita de duas maneiras distintas. Uma é a Certificação da Cadeia de Custódia que permite colocar o selo do FSC ou PEFC no produto final.
“Este selo orienta os compradores e consumidores sobre a origem da matéria-prima florestal, pois a certificação da cadeia de custódia exige o rastreamento da mesma desde sua colheita até a comercialização”, disse Cajazeira. Quando se identifica o selo FSC/PEFC no produto, sabe-se que a operação florestal da qual ele é oriundo está de acordo com todas as leis vigentes e de forma correta do ponto de vista ecológico, social e econômico. Já a Certificação de Manejo Florestal é
concedida quando uma organização demonstra que as suas operações florestais são ecologicamente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis. Com aproximadamente 6,5 milhões de hectares certificados pelo FSC o Brasil é o quinto no ranking mundial de certificação florestal, porém é o primeiro no segmento de celulose e papel de eucalipto, com cerca de 1,5 milhão de hectares certificados, segundo dados da Suzano.
Inovação& 14 SALVADOR, BAHIA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
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Sequestrar carbono para equilibrar o planeta POR: Carlos Vianna Junior
Absorver o máximo de gás carbônico (CO2) da atmosfera e diminuir a sua emissão; essa é a obrigação das empresas comprometidas com o futuro sustentável do planeta. O resultado esperado é a diminuição do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global, através do processo conhecido como sequestro de carbono. Antes que o carbono seja visto como um inimigo, é importante lembrar que o carbono (C) é um elemento químico de fundamental importância para a vida, pois está presente em transformações químicas benéficas como a fotossíntese. É unido ao oxigênio (O2) que ele se transforma em uma substância que contribui para o aquecimento global, o dióxido de carbono (CO2). Acumulado na atmosfera em quantidade acima de limites aceitáveis para o equilíbrio da Terra, a concentração de CO2 vem aumentando a partir, principalmente, da queima de combustíveis fósseis como o carvão e petróleo da utilização de calcário para a produção de cimento, bem como os desmatamentos e as queimadas. Sequestrar carbono significa
Petrobras faz sua parte
absorver grandes quantidades do CO2 acumuladas na atmosfera. A maneira mais fácil de realizar o sequestro é através das florestas. As árvores, quando estão crescendo, consomem uma quantidade muito grande de carbono e acabam tirando esse elemento do ar. Esse processo natural ajuda a diminuir consideravelmente a quantidade de CO2 na atmosfera: cada hectare de floresta em desenvolvimento é capaz de absorver nada menos do que 150 a 200 toneladas de carbono. Por isso o plantio de árvores é a maneira mais fácil de combater o aquecimento global. Outras maneiras, no entanto, estão sendo estudadas e praticadas mundo afora. Existe, por exemplo, estudos avançados para realizar o que os cientistas chamam de sequestro geológico de carbono. É uma maneira de enviar o carbono para o subsolo. Os gases resultantes da exaustão produzidos pelas indústrias são separados através de um sistema de filtros que coletam o CO2. Esse gás é comprimido, transportado e depois injetado em um reservatório geológico apropriado – que podem ser campos de petróleo maduros (já explorados ou em fase final de exploração), aquíferos salinos (lençóis de água subterrânea com água salobra não aproveitável) ou camadas de carvão que foram encontradas no solo.
Exemplos de formas alternativas de sequestro estão sendo trabalhadas pela Petrobras no ambiente do pré-sal da Bacia de Santos. Entre elas estão a reinjeção do CO2 nos próprios reservatórios produtores; o armazenamento em aquíferos salinos nas proximidades do pré-sal; e o armazenamento em velhos campos de gás e em cavernas de sal. Os estudos sinalizaram que a reinjeção nos reservatórios produtores na área do pré-sal e a reinjeção em aquíferos salinos profundos são as melhores opções, sendo que a primeira já está sendo usada no Campo de Lula Como parte de um projeto piloto do campo que leva o nome do ex-presidente da República, na Bacia de Santos, a Petrobras optou por reinjetar o CO2 separado dos gases produzidos nos reservatórios produtores através de um processo de recuperação avançada de petróleo conhecido internacionalmente como método Water Alternating Gas Injection (WAG). Neste método se procura injetar, alternadamente, água e a corrente de CO2 nos reservatórios produtores para aumentar a recuperação final de petróleo.
nononono nonononon ono
Investimentos são feitos também pela Petrobras nas Redes Temáticas, uma iniciativa de cooperação técnica e apoio financeiro da companhia a entidades de ciência e tecnologia em todo o Brasil. Foi criada, em 2006, a Rede Temática de Sequestro de Carbono e Mudanças Climáticas, formada por 14 instituições de ciência e tecnologia. O objetivo da rede é trabalhar a capacitação e a infraestrutura em tecnologias de captura, transporte e armazenamento geológico de CO2, no Brasil.
Inovação& 15 PROJETO ESPECIAL DE MARKETING DO GRUPO A TARDE
SALVADOR, BAHIA
26 DE NOVEMBRO DE 2011
Indústria de celulose lidera sequestro de carbono na Bahia. A Bahia conta com um dos parques de celulose mais modernos do mundo, que responde de maneira pró-ativa às exigências impostas pelo conceito de sustentabilidade, desenvolvendo projetos de reflorestamento, responsáveis por 80% das florestas plantadas da Bahia. O setor tem ajudado o estado a se destacar no cenário nacional no que se refere ao sequestro de carbono. Segundo Leonardo Genofre, presidente Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), as florestas plantadas na Bahia sequestram aproximadamente, 120 milhões de toneladas de CO2, por ano. Pelo seu ponto de vista, esse destaque é resultado também de uma tendência ambientalista, que cresce constantemente, e, ao menos no setor florestal, coloca o estado entre as unidades federais que representam uma vanguarda em se tratando de produtividade e respeito ao meio ambiente. “A Bahia é pioneira em ações ambientais. Aqui foi criado o primeiro conselho de proteção ambiental dentre os estados brasileiros, no começo dos anos 70”, lembra Leonardo Genofre. Segundo ele, esse pioneirismo foi alimentado pelas entidades empresariais ao passo que mantiveram um diálogo constante com a sociedade organizada, participando de comissões especificas como a Comissão Estadual de Meio Ambiente (Cepram), o Fórum Florestal da Bahia, a Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa (Alba), entre outras organizações. Ao contrário do que possa parecer a uma primeira mirada, as ações das empresas de base florestal vão além das necessárias para manter um alto nível de produtividade e os seus negócios dentro das exigências legais. A prova disso, segundo o presidente da Abaf, é que o setor tem iniciativas próprias e segue regras de certificação internacionais mais limitantes que as normas nacionais, a exemplo da ISO 260000, que estabelece um patamar mínimo de comportamento das empresas em relação à responsabilidade social.
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tipos de sequestros
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“Enquanto o código florestal indica uma reserva legal de 20%, todo o nosso setor preserva aproximadamente 50%, ou seja, para cada hectare de floresta plantada, o que já é um benefício, o setor mantém quase um hectare de áreas nativas. Hoje, na Bahia, o setor de base florestal associado à ABAF detém quase 400 mil
hectares de áreas ambientalmente protegidas”, informa. As florestas plantadas pelo setor, além de ser uma alternativa para a proteção das matas nativas, performam um sequestro de carbono que é definitivo. Isso significa que o carbono sequestrado não retorna para a atmosfera, já que, ao invés de serem queimadas, as árvores colhidas são transformadas em madeira legal para produção de papel, celulose, painéis, madeira para construção, etc. De acordo com Jorge Cajazeira, presidente do Sindicato das Indústrias do Papel (Sindpacel), mesmo no processo de fabricação dos produtos finais, da indústria baiana de base florestal, a emissão de carbono é bastante reduzida. “Temos um parque industrial que investiu muito em tecnologia moderna. Para se ter uma ideia, a nossa fábrica com maquinaria mais antiga foi requalificada em 2008”, destaca. Além disso, as áreas onde são colhidas as árvores comerciais são replantadas com novas árvores. As empresas do setor também trabalham na reconstituição de áreas degradadas, que são importantes fragmentos naturais dos biomas conectados com as áreas onde os plantios comerciais estão inseridos. O setor chega a proteger mais de 400 mil hectares de florestas A Abaf e o Sindpacel vêm trabalhando juntos para manter o setor na liderança entre aqueles que praticam ações que resultam em uma substancial retira de carbono da atmosfera, contribuindo assim para a redução do efeito estufa e do aquecimento global. Segundo Leonardo Genofre, esse trabalho é realizado em muitas frentes. “Participamos em comitês internos nas empresas, na própria Abaf, nos fóruns locais, estaduais e mesmo internacionais. Além disso, estamos sempre aprendendo e trocando ideias, visando resultados empresariais, sociais e ambientais sem o quais nenhum negocia perdurará”, conta. Como exemplo do resultado desse trabalho, Leonardo Genofre cita a liderança da Bahia, por meio do Sindpacel, no comando internacional da ISO 26.000; o processo de certificação ambiental internacional das empresas e também de produtores florestais parceiros; resultados na gestão de resíduos sólidos, no controle de efluentes e, sobretudo, os resultados de programas consistentes e abrangentes em educação ambiental junto às comunidades onde as empresas atuam.