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Tabela 2 - Percepção dos Sentidos em Crianças com TEA: Hipersensibilidade e Hipossensibilidade

Tabela 2 - Percepção dos Sentidos em Crianças com TEA: Hipersensibilidade e Hipossensibilidade SENTIDOS HIPERSENSIBILIDADE

Paladar

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Alta seletividade quanto a alimentos que lhes são oferecidos, ingerindo somente alimentos com texturas, cheiros e temperaturas que são agradáveis para eles. Olfato · Através do cheiro, pode não querer sequer chegar perto do que está com o odor. · Alta sensibilidade a cheiros. HIPOSSENSIBILIDADE Possível dificuldade de alimentação ou ingestão de coisas que não são comestíveis, como terra, panos e pequenos objetos. · Busca cheiros fortes, e pode se isentar de algumas fragrâncias. · Não é sensível a cheiros.

Tato · Sensibilidade a alguns tipos de tecidos. · Não gosta de ser tocado.

Visão

· Incômodos com luz intensa (sol) e cores brilhantes. · Alto nível de distração. Mantém olhos fixos em algo ou alguém. Audição · Sensível a ruídos. · Identifica sons com mais facilidade. · Não gosta de ruído de fundo.

Vestibular · Apresenta desequilíbrio. · Sente incômodo quando os pés não tocam o chão ou fica de cabeça para baixo.

Proprioceptivo · Postura corporal diferente e, na maioria das vezes, é desconfortável. ·Dificuldade em manusear objetos pequenos.

· Sente a necessidade de tocar as pessoas e objetos; toque excessivo. · Alta resistência à dor e a temperaturas extremas. · Gosta de cores brilhantes e luzes fortes. ·Não olha diretamente para pessoas e objetos; desvia o olhar. · Tende a não responder aos chamados. · Gosta e reproduz sons e ruídos altos. · Movimenta-se de forma excessiva e desnecessária. · Se anima com tarefas de movimento. · Não consegue localizar a posição do corpo no espaço. · Confunde as sensações, como a de fome. Fonte: GAINES, Kristi et al. Desingning for autism spectrum disorders. Routledge, New York. p.12005,2016. Apud GARAVELO, 2018

2.3 ARQUITETURA SENSORIAL E O AUTISMO

Neves (2017) defende que o arquiteto tem como objetivo a criação de um ambiente capaz de transportar, sensorialmente, o visitante ao mundo projetado para ele e conectá-lo aos valores subjacentes ao designer. A autora afirma também que o ambiente pode transmitir sensações, estimular os sentidos e trazer emoções. Para Neves (2017), arquitetura sensorial é caracterizada por um ambiente cuja experiência envolve todos os sentidos humanos e a natureza, isto é, abarca o tato, a visão, o paladar, o olfato, a audição e o seu entorno. Assim, com esse tipo de arquitetura, pode-se exercer todos os sentidos, pois com um só ambiente é possível estabelecer uma conexão entre a pessoa e o espaço físico, trazendo memórias, sensações, segurança e conforto.

A arquitetura sensorial, portanto, em muito pode contribuir para a elaboração de projetos voltados a uma criança com TEA, haja vista que esta precisa de estímulos gerados pelo ambiente, ou seja, é necessário que a criança se sinta conectada ao ambiente em que vive, sinta-se segura para que possa se desenvolver mental e socialmente. Com a integração sensorial, busca-se propor uma organização das informações que essa criança recebe pelos seus diversos sentidos, relacionando-os, a fim de serem utilizados nos exercícios para desenvolvimento de habilidades que essas crianças necessitam desenvolver, como a comunicação, a audição e o equilíbrio (GARAVELO, 2018). Nessa perspectiva, outra contribuição vem da psicologia ambiental, cujo objeto de estudo é o comportamento humano em sua interrelação com o meio ambiente, contribui para pôr em relevo a relação entre os fatores e os elementos do ambiente como forma de influência sobre os sentidos. Tal concepção revela que a percepção e as ações da criança em relação ao meio a que está inserida é o que lhe permite a apropriação do espaço. Contudo, a ambiência é necessária, pois possibilita a materialização dessas características, já que são elas que expressam os sentidos humanos através das texturas, dos sons e das cores (GARAVELO, 2018).

3. O Autismo e a Arquitetura de Interiores

3. O AUTISMO E ARQUITETURA DE INTERIORES

Este capítulo trata da integração do autismo com a arquitetura de interiores e também mostra como a arquitetura influencia na estimulação sensorial dessas crianças, abordando aspectos que são possíveis para promoção desses estímulos. De acordo com a escritora Ellen Notbohm (2005, apud ANDRADE, 2012), a dificuldade de perceber os estímulos ambientais é um dos fatores mais relevantes para a inclusão social do autista. Essa característica o impede de dar uma resposta eficiente, o que configura um problema com a integração sensorial.

Com isso, pode-se perceber que a criança com TEA precisa de estímulos para que desenvolva uma integração com o ambiente em que ela está inserida, a fim de se desenvolver social e mentalmente. Integração sensorial diz respeito a trazer a ambiência necessária para o local de modo que o indivíduo possa desenvolver e aprimorar seus sentidos (tato, olfato, visão, paladar, audição, sistema vestibular e proprioceptivo). Segundo Mostafa (2013), em entrevista ao site ArchDaily, a independência precisa ser a palavra norteadora de todo projeto de acessibilidade e inclusão. Mostafa (2013) afirma que “ a arquitetura tem um tremendo poder para ajudar indivíduos com autismo [...] ganha[re]m independência...

Por isso, ressalta-se que os aspectos ambientais, ignorados por pessoas com desenvolvimento normativo, como ruídos de fundo, luzes intensas e cores brilhantes, são elementos que podem causar grande desconforto para pessoas com desenvolvimento atípico. Essa dificuldade de integração sensorial pode impedir a percepção do ambiente e desencadear uma série de crises na criança com TEA, como ansiedade, agressividade, frustração, entre outros (MOSTARDEIRO, 2019).

3.1 INTEGRAÇÃO SENSORIAL E AMBIÊNCIA

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