ORANDO E MEDITANDO OS SALMOS

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1 de Janeiro

VOCÊ É FELIZ PELO QUE NÃO FAZ “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (Sl 1.1).

Iniciamos hoje mais um ano da nossa vida. E queremos ter um ano feliz. O Salmo 1 começa dizendo: “Bem-aventurado” (asher) ou “feliz” ou “abençoado”. A palavra traz a ideia de magnitude e denota intensidade, uma felicidade suprema. Essa resulta de uma escolha deliberada por um certo modo de vida: relacionamento com Deus. “Bem-aventurado o homem”. Ele é enfático, definido e pessoal. “Esse homem” que é abençoado. Não importa o sexo, a idade, o grau de instrução ou a condição financeira. Ele é feliz por aquilo que deixa de fazer. Três coisas: Primeiro, Ele não “anda” ou vive de acordo com os “princípios” mundanos dos “ímpios”. A palavra para “ímpios” (rashaim) significa “perversos”. Descreve pessoas que estão perturbadas ou agitadas pelo fato de estarem desligadas de Deus (Jó 3.17). Segundo, ele não “está” no “caminho” em que os “pecadores” participam. O “pecador” é aquele que é e vive com valores e objetivos errados. São pecadores da pior espécie. São essas pessoas que compõem o sistema chamado de “mundo”, que estabelecem os padrões da sociedade distante de Deus. Terceiro, ele não se assenta na roda dos escarnecedores. “Assentar” implica em “participar das deliberações”, “agir como professor” e “estar à vontade com aqueles”. Os “escarnecedores” são os zombadores que ridicularizam a Bíblia e daqueles que a obedecem. “Andar”, “deter-se” e “assentar” três graus de afastamento de Deus e conformidade com o mundo: aceitar seu conselho, participar de seus caminhos e adotar seus hábitos. Ore esse verso e peça a Deus que lhe dê força para não fazer tais coisas. 17


2 de Janeiro

VOCÊ É FELIZ PELO QUE FAZ “Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2).

A vida é feita pelas escolhas que fazemos. Não há felicidade sem renúncia e dedicação. Depois de identificar aquilo que o justo não faz, o salmista descreve o que ele faz. Primeiro, um sentimento: “prazer”. A palavra indica um sentimento que brota do coração, tal como o amor. João Calvino comenta: “Ao caracterizar o santo se deleitando na lei do Senhor, daí podemos aprender que a obediência forçada ou servil não é de forma alguma aceitável diante de Deus, e que só são dignos estudantes da lei aqueles que se chegam a ela com uma mente disposta e se deleitar com suas instruções, não considerando nada mais desejável e delicioso do que extrair dela o genuíno progresso”. Segundo, a fonte: “a lei do Senhor”. “Torah” é instrução que vem de Deus. O significado básico é instrução, não regras legais. Ela representa todo o caminho revelado de vida contido nos ensinos de Moisés e também de toda a Escritura (2Tm 3.14-17). Terceiro, uma atividade: “medita”. A palavra “meditar” significa “pensar sobre” ou “refletir”. A ideia é a de “ruminar ou mastigar” a Palavra de Deus. A meditação é uma ordem de Deus (Dt 32.46; Js 1.8). Meditar é refletir com o coração (Dt 4.39; Lc 2.19). William Bates disse: “Ouvir a Palavra é como a ingestão, e quando meditamos sobre a Palavra que é digestão; e esta digestão da Palavra por meio da meditação produz afetos candentes, resoluções zelosas e ações santas”. Quarto, uma agenda: “de dia e de noite”. Agenda do crente com Deus envolve 24 horas por dia. Ore e pratique o ensino desse verso.

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3 de Janeiro

VOCÊ É FELIZ PELO QUE É “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido” (Sl 1.2).

C. S. Lewis diz: “Deus não nos pode dar felicidade e paz à parte de si mesmo, pois tal coisa não existe”. Por isso, ser feliz é ter um relacionamento pessoal com Deus. É ser salvo e perdoado por Jesus Cristo. É ser habitado pelo Espírito Santo. O salmista diz que o salvo é como uma árvore. Primeiro, sua permanência: Ele é como uma árvore “firmemente plantada” e “bem enraizada”. O salvo é alguém que foi plantado por Deus. Não importa onde nossa vida é plantada, vivida, ou em que estação de tempo passamos. Se as nossas raízes estiverem firmes em Deus e na sua Palavra, nada nos abalará. Segundo, sua posição: “junto a corrente de águas”, provavelmente uma referência a canais artificiais para irrigação. Todo crente está “em Cristo”, uma nova criatura (2Co 5.17), sem nenhuma condenação (Rm 8.1) e numa vida vitoriosa pelo Espírito Santo (Rm 8.2-11). Terceiro, sua produtividade: “produz frutos”. Todo crente existe para ser produtivo ou gerar muitos frutos (Jo 15.5,8, 16). Os frutos são resultados da comunhão e do trabalho de cada um, que está em comunhão com Deus. E todo fruto é resultado da nossa união e comunhão com Cristo. Quarto, sua perpetuidade: “a folha não murcha”. Aqui, a pessoa piedosa é descrita como sendo uma árvore de folhas perenes! É a beleza da santificação. Sem santidade não há felicidade. Quinto, sua prosperidade: “e tudo quanto ele faz será bem-sucedido”. A ideia hebraica aqui é “sair bem” por causa das bênçãos de Deus. Ore esse verso e seja bem-sucedido neste novo ano. 19


4 de Janeiro

A FELICIDADE DE TER JESUS COMO PASTOR “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará” (Sl 23.1).

Primeiro, Davi identifica Deus: “O SENHOR”. Ele usa a palavra hebraica “Javé” que revela o Senhor como o Deus da Aliança e das promessas. O Deus que se relaciona com o seu povo, o Pastor de Israel, o Redentor e o Guarda de Sião. No Novo Testamento, o termo “Senhor” (Javé) é aplicado a Jesus (At 2.21, 36; Jl 2.1,31). Jesus é o Senhor. Somente Ele é poderoso para suprir todas as nossas necessidades. Segundo, Davi usa o pronome possesivo “meu”, “me” e “eu” cerca de 17 vezes no salmo. Trata-se de uma declaração pessoal de fé e confiança em Deus. “O Senhor é meu” no sentido de total conexão e dependência. Ovelhas não sobrevivem por muito tempo sem pastor. Terceiro, Davi diz “meu pastor”. No original, o verbo se encontra no gerúndio e significa “está me pastoreando”. Jesus, o Bom Pastor, pastoreia as suas ovelhas conhecendo-as individualmente, chamando-as pelo seu nome, ouvindo as suas demandas e dando-lhes a vida eterna: “Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um” (Jo 10.26-30). As ovelhas de Jesus são exclusivamente dele. Quarto, Davi expressa convicção: “nada me faltará”. Não significa que terei tudo que quero, mas tudo que eu preciso será suprido pelo Pastor (Fp 4.19). Todas as bênçãos que precisamos nos são dadas por meio de Jesus Cristo (Ef 1.3). A ovelha de Jesus pode declarar: “não sentirei falta de qualquer coisa indispensável”. Ore e se aproprie desta promessa. 20


5 de Janeiro

A FELICIDADE DE SER UM ADORADOR “Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente” (Sl 84.4).

O que adoramos determina aquilo em que nos transformamos. Quem faz e confia em ídolos, semelhantes a eles se tornam. Se adoramos a Deus é porque fomos transformados por ele em verdadeiros adoradores. Em Cristo, nos tornamos sacerdotes do Deus Vivo e Verdadeiro. A adoração é para a vida do cristão aquilo que o combustível é para um carro. A.W. Tozer diz: “Há mais restauradora alegria em cinco minutos de adoração do que em cinco noites de folia”. Três destaques nesta promessa hoje: Primeiro, a bênção: “Bem-aventurados”. Felizes, abençoados e agraciados por Deus. A palavra traz a ideia de magnitude e intensidade. “Muito feliz” ou “felicidade suprema” (Sl 1.1; 32.1). Somos felizes quando o nosso prazer e satisfação é a pessoa de Deus. Segundo, o abençoado: “os que habitam em tua casa”. Aqueles que estão em Cristo, fazem parte da igreja, a Casa do Deus vivo (1Tm 3.15) e da família de Deus (Ef 2.19). Habitar é residir e morar na comunhão dos santos. O maior privilégio que uma pessoa pode receber é o de fazer parte do povo de Deus. Terceiro, a atividade abençoadora: “louvam-te perpetuamente”. A ideia é de alguém que exercerá a atividade de louvar, elogiar, brilhar e gloriar-se ao Senhor, eternamente. Louvaremos ao Senhor desde agora, na terra, para sempre, no céu (Sl 115.18). Somos eternos adoradores. Aproprie-se desta promessa e louve ao Senhor!

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6 de Janeiro

A NOSSA FORÇA ESTÁ EM DEUS “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados. O qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva” (Sl 84.5,6).

O encorajamento ou o consolo é a maior necessidade do cristão, na sua jornada até o céu. A realidade é que somos desanimados por natureza. Alguém já disse: “Se quiser ficar desapontado, olhe para os outros; se quiser ficar desanimado, olhe para si mesmo, se quiser ficar encorajado, olhe para Jesus”. Uma felicidade apontada pelo salmista é ter Deus como a sua fonte de vida, poder e encorajamento. Primeiro, a vida é uma peregrinação. A vida do crente é uma viagem para a Sião celestial. Assim como os filhos de Israel viajavam à Jerusalém para comparecer diante de Deus, o cristão caminha na companhia de Jesus para a Jerusalém celestial. A vida cristã não é uma corrida de cem metros, mas uma maratona, uma “carreira que nos está proposta”. Segundo, nessa peregrinação enfrentamos dificuldades. Ele cita o “vale árido” ou “vale de baca”, o qual não existe na geografia de Israel. Ele indica qualquer lugar difícil e doloroso que tivermos que passar nesta vida. Situações difíceis onde não parece haver esperança alguma, “poços de desespero”. Terceiro, nada pode nos impedir de peregrinar. “Faz dele um manancial”. Vales áridos são transformados em mananciais. A figura sugere a abertura de poços em pleno deserto, tal como os patriarcas faziam (Gn 26.18-25). A presença da água transforma o deserto em pomares. O sentido espiritual é que quando passamos por desertos ou vales áridos de sofrimento, tudo é transformado por Deus em bênção para a nossa vida (Gn 50.20). Marchamos com perseverança por causa da força que nos vem de Deus (Dt 33.25; Is 40.28-31). Ore e se aproprie desta promessa. 22


7 de Janeiro

FELICIDADE PROMETIDA “Porque o SENHOR Deus é sol e escudo; o SENHOR dá graça e glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente” (Sl 84.11).

Agostinho diz: “O homem deseja ser feliz mesmo quando vive de forma a tornar a felicidade impossível”. O homem erra quando tenta encontrar a felicidade em si mesmo ou nas coisas materiais. J. Blanchard diz: “A felicidade superficial sem a santidade espiritual é um dos principais produtos de exportação do inferno”. A verdadeira felicidade é uma dádiva de Deus. Três detalhes na promessa de hoje: Primeiro, o doador: o SENHOR Deus. No Salmo 84, ele é chamado de “Senhor dos Exércitos”, “Deus vivo”, “Rei meu” e “Elohim”. Ele é “sol”, isto é, ele é para a alma crente e para a igreja redimida tudo o que o sol é para o sistema solar: o centro, a luz, a vida, o poder dominante. Ele é “escudo”, isto é, “proteção”, “defensor” e “galardão”. Segundo, a doação: “O SENHOR dá graça e glória”. Graça e glória são inseparáveis, pois uma é o começo e a outra é o fim. Thomas Brooks diz: “Graça é glória militante, e glória é graça triunfante”. A graça é a glória na sua infância. Quem começa na graça termina na glória. Thomas Hopkins diz: “Graça e glória são a mesma coisa em formas diferentes: em minúsculas e em maiúsculas. A glória está contida e compactada na graça, como a beleza de uma flor está contida e oculta na semente”. Terceiro, a garantia: “Nenhum bem sonega aos que andam retamente”. Deus é o supridor universal e, em especial, o provedor do seu povo. Os que andam retamente são aqueles que o amam e procuram viver de acordo com a sua Palavra. Ore e se aproprie desta promessa. 23


8 de Janeiro

CERTEZA DE UM CRENTE ANGUSTIADO “Na minha angústia, clamo ao Senhor, e ele me ouve” (Sl 120.1).

Uma das nossas maiores lutas na vida cristã são as nossas incertezas. Martinho Lutero diz: “Nada no mundo causa tanta miséria como a incerteza”. Mas, o fato de um cristão ter incertezas não significa que ele é inseguro. Quando passamos por angústias, ficamos vulneráveis e, muitas vezes, somos tomados por incertezas. A promessa de hoje diz que podemos ter certezas nas angústias. Três lições apreendidas: Primeira, o seu estado: “na minha angústia”. A angústia é um sentimento que acompanha o homem desde seu nascimento até a morte em todas as situações da vida. Ele é a nossa companheira inseparável. Ela é um estado emocional caracterizado por uma sensação penosa, é um mal-estar profundo. Enquanto estivermos nesta vida enfrentaremos angústias (Jo 16.33). Segunda, sua atitude: “clamo ao Senhor”. De dentro da sua angústia, o salmista “clama”. O verbo hebraico significa “chamar”, “convocar” e “invocar”, em voz alta (Gn 12.8; Êx 31.2). Ao invés de reclamar aos homens, clamar ao Senhor. Terceira, a sua certeza: “e ele me ouve”. Deus escuta, entende, sente e responde ao nosso clamor. Ele jamais rejeita a nossa oração e despreza a nossa condição. A certeza é o fruto que brota da raiz da fé. Thomas Brooks afirma: “A certeza torna mais leves as grandes aflições, mais breves as longas e mais suaves as amargas”. Aproprie-se desta promessa e clame ao Senhor.

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9 de Janeiro

ORANDO POR LIVRAMENTO “Senhor, livra-me dos lábios mentirosos, da língua enganadora” (Sl 120.2).

Todos nós podemos ser vítimas de maledicências. Podemos ser alvos de mentiras, ter o nosso nome difamado e a nossa reputação em questionamento. Hoje, com a utilização das redes sociais, esse risco aumentou muito. O salmista, possivelmente, estivesse envolvido em algum litigio e sendo alvo de mentiras. A sua saída é orar. Primeiro, ele ora a Deus: “SENHOR”. Somente Deus é poderoso para nos livrar e nos proteger. Os ídolos e o poder humano são incapazes de libertar (1Sm 12.21; Sl 33.16). Somente Deus é honrado por libertar o seu povo de inimigos terrenos (2Sm 22.1; Jr 1.8). M. Henry diz: “Ele recorre ao Senhor que tem o coração de todos os homens nas mãos, a Ele que tem poder sobre a consciência de todos os homens maus e pode, quando lhe agrada, refrear a língua deles”. Quando você cuida do seu caráter, Deus cuida da sua reputação. Segundo, ele pede livramento: “livra-me dos lábios mentirosos, da língua enganadora”. “Livrar” significa libertação da opressão de calúnias e difamações. As palavras “lábios” e “línguas”, “mentirosos” e “enganadora” refere-se àquilo que as pessoas falavam contra o salmista. Hershel Ford diz: “O escorpião tem veneno na cauda, a serpente tem veneno no dente, o mentiroso tem veneno no coração e manda para a língua”. É por isso que Jesus disse que seremos julgados e punidos por toda palavra frívola que pronunciarmos. A nossa língua é tão poderosa que poderá nos colocar no céu ou no inferno, produzir vida ou morte. Cuidado com o que você fala! Ore em cima desta promessa.

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