Contos Cinema Fotografia Música Notícia Poesia Muro
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Editorial........................................................................................ 5 Danço o tango à chuva.......................................................... 7 Olhar a Palavra........................................................................... 8 Equilíbrio a Cores....................................................................10 Simbolismos.............................................................................12 Orgasmo da Beleza................................................................14 Portefólio: João Ramos.........................................................18 Aulas: Introdução ao Japonês............................................22 Cinema: Ágora.........................................................................26
Murenses: João Diogo, Miguel Simões, Mara Mota, Joana Sousa, Rúben Branco, André Consciência 3
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Danço o tang
o à chuva
A melodia começa e aproximo-me de ti, passo a passo. Agarras-me contra ti e desces a mão até à minha perna levantando-a. Colo-me a ti sem forças para me afastar. O tango começa e dançamos. Atiras-me para o chão e depois agarro-me à tua perna. Puxas-me para cima e rodas e rodas e não me largas. Inclinas-me para trás e passas com a mão com paixão pelo meu peito. E sinto a primeira gota. Cai... arrepiando-me. Olhamos para o céu e dele recebemos uma chuva de gotas que nos abraçam e aumentam o calor ardente. Olhamos, olhos nos olhos, viras-me de costas e avanças ao ritmo das nossas pernas quase coladas. Deixas-me rodopiar e sem largar o teu olhar, aproximo-me agarrando-me ao teu rosto e levantando a perna acariciando-te a anca. Tocas nela com malícia e deixas escorregar a mão na pele molhada. Encharcados pela chuva que cai, não deixamos de dançar o nosso tango. Rodopiamos, esticamos os braços, roçamos as mãos e corpos e esquecemos por momentos a melodia ritmada. Os lábios quase que se tocam mas não o fazem para não estragarem a magia da dança provocante. Afastamo-nos e limpamos as gotas do rosto e enquanto passo com as mãos pelos cabelos agarras-me de novo e soltamos gemidos pelo frenesim final da melodia. De corações juntos, olhamo-nos quando aquele tango à chuva termina. A respiração não deixa dúvidas... com aquelas gotas e música... fizemos amor, ali.
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Olhar a
Palavra
(En) ca(n)deado Tens noção que já não há volta a dar? Tenho pois, disseste sorrindo. Estou disposta a correr o risco.
A janela era ampla. Mais que ampla. Colocámos os braços no parapeito e aguardámos que o sol nos brindasse com o calor. Sabes aquela história da luz ao fundo do túnel?, perguntaste.
Então não tens medo? Sei. É um clássico. Tenho. Mas estou confortável e em paz com esse medo. Quero só saber o que me espera do outro lado. Nada a perder, entendes.
É. Mas não há uma luz ao fundo do túnel. Existem, sim, duas luzes. Brilhantes. Que me encadeiam o olhar.
Entendo, pois. Eu vou contigo! Aqui nada tenho. Perdi a dignidade, a vontade, o ser que outrora fui. Será uma bênção fechar esta porta e ver que janela se abre.
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Fotografia: Marco A. Pires Texto: Joana Sousa
Encadeei o meu braço no teu. Poisaste a cabeça, levemente, no meu ombro. Era a hora. Selámos com cadeados de algodão o que já foi e abrimos o presente dos encadeamentos futuros.
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Os (teus) sapatos Van Gogh Há formas diferentes de se assinalar uma presença na vida de alguém. Aliás, isto da presença é uma daquelas equações complexas que deixam os génios matemáticos à beira de um ataque de nervos (cabelos em pé, unhas roídas e coisas afins). Presença presente, ausência presente, presença ausente, ausência ausente – são expressões que me deixam a mim com os cabelos em pé (porque não tenho o hábito de roer as unhas). Agora que me sentei aqui à beira da tua cama, olho para os teus sapatos ali ao fundo e pergunto-me de que forma eles representam a tua presença (ou ausência). Engraçado! Lembrei-me agora do quadro do Van Gogh, aquele dos sapatos… tens ideia? Houve uma altura em que investiguei
a essência da obra de arte, e através de lentes heideggerianas olhei e olhei e voltei a olhar aqueles sapatos. Mas ao olhar para os teus, não há Heidegger que me valha. Porque a obra de arte que aqueles sapatos representam é alguém que me é próximo, cujo respirar eu consigo ouvir, cuja face posso tocar, cujos lábios gosto de beijar. Por isso, caro Martin, não me podes valer em toda a tua teoria e prática sobre a estética. Nem tu, nem mesmo o Hegel (mas podem continuar a enviar cupões…). Se calhar é melhor calar os meus pensamentos, secar o cabelo e vestir-me. Está um dia inteiro lá fora, à minha espera e a marca da tua presença terá que se colocar a caminho do trabalho e da rotina.
Fotografia: Marco A. Pires Texto: Joana Sousa
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Parece, então, que é altura de fazer balanços do ano. É uma daquelas tradições inquestionáveis, como ir à praia assim que há sol, que ostraciza quem não as cumpre. O quê? Estamos a meio de Agosto e ainda não tens o bronze actualizado? Então? É dia 31 de Dezembro, conta lá, conta, o que correu bem este ano! Lamento desapontar-vos, mas não me apetece nada olhar para o passado. É uma gaveta que já foi arrumada, desarrumada e arrumada de novo (procurava umas meias giríssimas com umas riscas pretas e cor de rosa, sabem….) e há coisas que simplesmente devem ficar assim. E ponto final. Não encontrei as meias. É lamentável. É lamentável que não consiga encontrar o meu par de meias preferido na gaveta. Res10
ta-me eleger um novo par de meias preferido para o ano que agora começa. Imagino assim o ano novo como uma grande tela, de parede a parede. Em branco (apesar de adorar escrever em papel quadriculado). Já tenho as tintas preparadas (sim, cor de rosa e preto e muitas mais!). E vou então buscar o escadote para começar lá bem no alto. Sim, ainda não cresci o suficiente para chegar lá no alto. Preciso do escadote. Corro o risco de cair (nunca tive muito equilíbrio e nem sei andar de bicicleta!) Mas é um risco, e também com riscos se dá cor a uma tela.
Texto e Fotografia de Joana Sousa
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Simbolismos Homem Moderno
O meu cérebro é um Apple Navego entre páginas de dia a dia Entre chats de conversas offline topic Da nova onda, mas sou oldschool também Sou interactivo Sou hiperactivo E por algumas vezes Sou radioactivo Para lá do que se vê Ao virar da curva Eu curvo-me na curva Para lá do que tu vês Em HD Eu estou aí Na crista da onda Com uma crista a ver as ondas No carro No banco de trás A fazerem-me um bico
Sei cozinhar, limpar, passar a ferro e dobrar A roupa, nas gavetas ordenadas por cores Diferentes alturas, diferentes odores Cozinho italiano, marroquino Sou peregrino no mundo dos Sabores Cuido de mim, cuido do fim Limpo o chão e sei varrer Tenho problemas com a bebida Tenho problemas com a vida, e à pala da última saída Problemas com a sida Sou um saloio, campónio que trabalho a raiva A raiva dá-me trabalho Subo desço, esquerda direita Nada se aproveita Mas dou-me ao trabalho Estou ligado à rede Eu vivo na rede E sou parte da rede
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Simbolismos
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Vivo num quarto com quatro paredes, ligo-me à rede e por lá fico Tenho uma mente futurista Fora do normal Envio e-mails e mensagens no hi5, myspace, facebook, netlog, fotolog Tenho twitter, twenty, orkut e Faço log-off Faço log-in, registo na página Faço log-out, log dentro e fora guardar ficheiros E ir embora Redes sociais, foruns chats , blogs e afins Sou um cibernauta Sou um astronauta Sou um viajante do Mundo Virtual
Sou único e tenho username Sou ligeiramente lame quando me apetece Tenho Password, WordPress, OpenOffice Escrevo no Word e uso PowerPoint Podes-me ter por torrents, stream ou directo Sou um bom exemplo Sou o futuro Terminar sessão O gel de electroforese em gradiente de temperatura permite a separação de fragmentos de DNA com massa molecular igual mas com diferenças pontuais a nível da sequência devido à cinética de desnaturação do DNA.
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Beleza
Orgasmo
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da
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Texto: Tomeo Hideyoshi
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Escaldante sol de meio-dia não é nada comparado a quando a Beleza pura passa mesmo diante dos meus olhos, cada gota de suor que escorre no seu corpo fazme sorrir interiormente e mordiscar a ponta do polegar apreciando tal divindade. Beleza tão pura seria inocente se não estivesse aliada a
uma enorme sensualidade. fecho os olhos para tentar resistir... parece que sou a única na rua que está a delirar, mas não apenas estou tão concentrada a contemplá-la que nem reparo no resto caótico da
cidade que parou no tempo para a ver passar.
Beleza tão perigosa e apetecível serei eu digna de correr atrás e continuar a apreciá‑la? correrei o risco de viver no limite e fazer o tempo durar mais um pouco. ou ficarei sentada a recordar? Passam-se minutos... que me parecem horas não resistindo vou atrás... não sei bem o que procuro mas no fundo sei que estou a ser consumida por pura curiosidade de prazer aproximo-me o seu doce mas não enjoativo cheiro a framboesa despertou uma curiosidade sensorial desconhecida, Malena ao lado desta jovem... fica a enormes quilómetros de distância avanço mais um pouco nisto ela deixa cair o mítico batom no meio desta acção vira-se inocentemente...
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Dá-se o click instantâneo entre a sensualidade da sua voz orgásmica e mais umas horas sentadas numa escadaria perto do miradouro da graça fiquei com o numero dela... bailarina.... com
aquele corpo divinal pálido apetecível pele quente e mãos macias.. tão perfeita que quase se deu um orgasmo mental. Respiro fundo reprimindo tal fascínio afinal
não tenho propriamente tendências para a sábia dita cuja letra L.
Não se passaram nem dois dias ligou convidando-me para ir almoçar na sua casa com umas amigas.. soou-me algo a falso mal cheguei entendi o porquê... não existia ninguém para alem dela.. rosada e tímida cumprimentou me e mandou me entrar... entre dois a três copos de vinho branco depois da refeição fomos para o parapeito da janela onde dois miúdos provavelmente com pouco menos de 19 anos espreitavam da janela do quarto.
Estava de saia nunca mais me esqueço, senti aquela calorosa mão aproximar se das minhas coxas, afinal a Beleza também para alem de sensualidade também possui um enorme faro para a sexualidade, nem sequer corei, para espanto dela que continuo a subir ate se aproximar delicadamente das simples e confortáveis cuecas de algodão, estava consumida pelo desejo... mas entre os jovens que nos contemplavam abismados e o sorriso tímido dela a tocar-me mais intensamente não conseguia pensar naquilo como uma loucura... nasceu comigo era natural..
Sorri maldosamente... se a própria Beleza me provocou como não poderei eu ripostar? Despi-a insanamente e empurrei-a para dentro do apartamento, entre um 16
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beijo molhado, possuído por uma loucura diabólica, recusei me a fechar a janela, afinal não é todos os dias que se orgasmiza com a Beleza... aqueles dois sortudos irão ter o prazer único de assistir, só disse uma frase naquela tarde, “porque hoje vou ter o maior orgasmo da minha vida’’, sorri para o tecto mordi os lábios enquanto
tocava na Beleza já num ponto de açúcar derretido. A minha língua atrevida percorreu lentamente cada centímetro daquele corpo, se visualmente era interessante se o cheiro era envolvente... o sabor... era um puro intenso pecaminoso orgasmo.
Entre horas e horas delirei abraçada a Beleza tocando e deslizando nos seus pontos mais sensíveis... não pensem que esta se limitou a saborear... contribuiu energicamente transformando aquela
sala num festim de orgasmos. Os gemidos eram intensos alterando a frequência numa sinfonia única, nisto os dois jovens já há um bom tempo nos filmavam, estupidamente o prazer só aumentou mais quando nos apercebemos, afinal a Beleza gosta de
se exibir. O clímax da tarde foi quando aproveitei os últimos momentos que tinha antes do Fiel me ligar como sempre as nove da noite a perguntar onde me encontrava para irmos jantar e ir dormir no nosso lar doce
lar. Atendi o telefone brincando delicadamente nos perfeitos seios da Beleza enquanto fazia juras de amor dizendo que estava na casa de uma amiga, cedi a morada num ápice, assim não levantaria suspeitas... ele estava mesmo perto estacionou num instante ainda ao telefone comigo, sentia a sua voz lá fora, nisto aproveitei e literalmente comi a Beleza desgastante mente sabendo
ue ela não poderia em momento algum gemer num timbre mais alto. Enxovalhando algo tão belo, deixei-a ali sozinha numa poça de orgasmos e num instante entreguei-me aos braços do inocente Fiel, num último olhar contemplei os dois jovens delirados sorrindo sarcasticamente, assim me q
esperando ter o prazer único na vida de um dia encontrar a Luxúria. despedi eternamente da Beleza...
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Portefólio
João Ramos
Ilustração: Model Citizen
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Ilustração: Cyborg
Ilustração: sem-título 19
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Portefólio
Ilustração: Projecto Cidade 20
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Ilustração: Unleashed
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Introdução ao Japonês - 02 by: Pedro Miranda
Na primeira lição, no número anterior do Muro, demos uma voltinha pelos alfabetos usados no japonês e ainda aprendemos alguns cumprimentos básicos. Nesta lição vou explicar como se instala e usa o MS-IME (Microsoft Global Input Method Editor) para o Japonês em sistemas Windows e ensinar algum vocabulário. É importante notar que o MS-IME também está disponível para outras línguas asiáticas como o Chinês e o Koreano. Nota: Também podes instalar o input Japonês em ambiente MAC OS com o KOTOERI. Vai a System Preferences > International > (Tab) Input Menu e selecciona Hiragana, Katakana e Romaji. Check em ‘Show input menu in menu bar’.
Instalação do MS-IME em Windows XP Abrir o Control Panel > Regional and Language Options > (Tab) Languages e certifica-te que o check no ‘Install files for East Asian languages’ está lá.
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Se não estiver, coloca o check e OK para instalar as línguas. Para tal é necessário o CD do Windows XP. Se não tiveres o CD do Windows é mais complicado, mas podes tentar seguir estas instruções > http://forums.techarena.in/windows-xpsupport/948848.htm
Deve aparecer os teclados instalados. Clica em Add... e na lista de línguas, abre o Japanese (Japan), o Keyboard, e selecciona o Microsoft IME. OK e OK e já está.
Se o check estiver lá ignora o parágrafo acima e clica em Details... Vão aparecer os teclados instalados. Clica em Add... Na caixa que aparecer, em Input language selecciona Japanese, e em Keyboard layout/IME selecciona Microsoft IME Standard 2002 ver. 8.1 (ou mais recente). Clica em OK para terminar. A barra das línguas deve aparecer no desktop e se clicarem nela, deve aparecer PT e JP para seleccionar a língua. Instalação do MS-IME em Windows Vista e Windows 7 Abrir o Control Panel > Clock, Language and Region > Regional and Language Options > (Tab) Keyboards and Languages > Change Keyboards... 23
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Utilização
Agora tens uma língua nova na barra das línguas, na barra do Windows. Podes seleccionar o Japonês de duas maneiras. Clicando lá ou então carregar em Alt+Shift (se carregares outra vez, vais voltar ao Português. O Alt+Shift é muito útil porque sempre que se muda de língua, essa língua só é válida para o programa que está activo. Se tiveres por exemplo o Internet Explorer activo e seleccionares Japonês, essa língua fica apenas activa no Internet Explorer, se abrires por exemplo, o Microsoft Word, ele abre em Português e tem que que fazer Alt+Shift, para o colocar em Japonês. Está com atenção à barra, é mais simples experimentado do que explicado.
A outra coisa importante é mudar de alfabeto Alfanumérico para alfabeto Hiragana. Em alfanumérico, o teclado escreve normalmente com letras latinas. Para mudar, clica no botão do Alfabeto e selecciona Hiragana ou então usa Alt+\ para circular entre Hiragana e Alfanumérico. Vamos então passar à prática. 24
Nada melhor do que ir directamente ao Google Translation (as traduções não são perfeitas mas são muito úteis no nosso nível). Vai a http://translate.google.com e selecciona Traduzir de: Japonês para Português. Faz Alt+Shift para mudar a língua do sistema para Japonês e Alt+\ para mudar de Alfanumérico para Hiragana (repara como os ícones da barra de linguagem mudam), e então escreve: watashinokuruma o meu carro. [watashi] é eu, [no] é a partícula que indica possessão e [kuruma] é carro.
Repara no sublinhado tracejado por baixo das palavras, não está lá por acaso. Significa que a palavra pode ser editada e transformada noutro alfabeto, como o Kanji. Para consolidar uma frase ou uma palavra, usem o Enter. Escrevam watashi e Enter, o sublinhado desaparece. Para converter uma palavra usem o Espaço. Escrevam Watashi e carreguem no espaço, a palavra vai ser convertida para o Kanji mais utilizado. Se escreverem a frase toda, watashinokuruma, e depois carregarem no Espaço, todas a palavras que podem ser convertidas para Kanji, vão ser convertidas, mas eu não aconselho este método. Imaginem que havia uma frase que podia ser partida como wata shinoku ruma e que podia significar uma coisa completamente diferente, não obteriam a tradução que queriam.
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NOTA: mais exercícios de escrita e vocabulário aqui http://www.coscom.co.jp/ learnjapanese801/lesson01.html
O meu conselho é: usem o Enter para separar as palavras, como se fosse o nosso espaço, e usem o Espaço para converter a palavra que acabaram de escrever em algum Kanji que já conheçam. É um (bom) bocado confuso ao início, mas quanto mais escreverem, melhor se habituam. Por vezes, a mesma sequências de letras em Hiragana, pode ser convertido em vários Kanji diferentes com significados completamente diferentes. Por exemplo, se escreveres ki, e carregares no Espaço, aparece o Kanji mais usado, mas se carregares de novo no Espaço, aparecem todos os outros Kanji que podem ser traduzidos como Ki. De momento não é o propósito desta lição explicar os Kanji, apenas lembra-te que enquanto o Japonês pode ser todo escrito em Hiragana, é muito difícil de ler frases completamente escritas em Hiragana. Por isso é que ainda existem os Kanji, para separar as estruturas da frase e descrever nomes e verbos que sejam inequívocos.
Último exercício. Escrever: kissuga(espaço)(enter)hoshiidesu(espaço) (enter) eu quero um beijo. [kissu] escreve-se em Katakana por ser uma palavra de origem estrangeira, daí usar-se o espaço para converte-la. [ga] é a partícula que indica um novo tópico da conversa, neste caso o beijo. [hoshii] é a forma normal do verbo querer ou desejar e finalmente, [desu] é uma palavra que indica acção de forma educada.
E pronto, penso que já dá para divertir um bom bocado. Esta lição foi vagamente baseada em http://www.coscom.co.jp/ learnjapanese801/howtotypejapanese. html onde tens mais exercícios de escrita e mais alguns truques.
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Cinema
Sobre ÁGORA, de Alejandro Amenabar, 2009
Da irmandade à sede de poder
e de ambição
Amenabar tem tido uma carreira muito própria na realização, tendo‑nos presenteado com verdadeiras obras de culto como Thesis (1996) ou Abre los Ojos (1997 – este filme foi a base do êxito Vanilla Sky, uns anos mais tarde). 2004 é o ano da consagração com o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, pela película Mar Adentro. Em 2009 regressa com um filme em inglês, baseado na vida de Hipácia de Alexandria. Hipácia foi uma filósofa e astrónoma de Alexandria, de quem nos chegaram apenas as palavras dos seus discípulos e o reconhecimento da importância do seu pensamento. Preocupava-a o porquê das coisas e as respostas que não tinha para aquilo que lhe era desconhecido. E essa inquietação do ser é muitíssimo bem representada pela actriz que lhe dá corpo e alma em Agora, a britânica Rachel Weisz. O filme tem a mestria de nos colocar no centro do mundo, mundo esse que tem vindo a fazer justiça às palavras de Heraclito, que terá afirmado que a guerra é a mãe de todas as coisas. E é precisamente a guerra entre pagãos, cristãos e judeus que Amenabar ilustra em Agora. É revoltante assistir à destruição da biblioteca de Alexandria (quantos e quantos ensaios e estudos e pensamentos não terão sido perdidos no saque do ano 389). 26
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Hipácia interrogava-se (e conduzia quem a rodeava nesse caminho interrogativo) sobre o espaço que a Terra ocupava no mundo, interrogando-se sobre a imperfeição das coisas e a perfeição do círculo. Que forma perfeita subjaz a tudo isto? Esta pergunta era partilhada com os seus discípulos, mas também com os escravos que a acompanhavam. A filósofa foi vítima dos fanatismos que opunham os cristãos, os judeus e os pagãos; foi ainda vítima da sua condição de mulher que incomodava por ter um lugar como conselheira de Orestes, o prefeito.
Não tem a espectacularidade nem o orçamento de Avatar; não tem as superstar de Sherlock Homes; Agora apresenta-nos de forma simples, lúcida, como uma faísca de ódio pode destruir uma Biblioteca, vidas humanas, pensamento, relações, emoções, vontades, perguntas e inquietudes. É um retrato fiel e cru da forma como a humanidade tem vindo a «evoluir»: quando há receio perante o que não conhece, a resposta é a violência.
textos: Joana Sousa 27
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