Zine Lucy

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LUCY EDIÇÃO 1 - 2016

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Por que Zine?

Por que Lucy? Em 2004 tive o meu primeiro contato com um zine. Era um zine goiano de poesias, uma edição especial sobre Romantismo, e foi ali que conheci vários poetas e poetisas que admiro até hoje, 12 anos depois. Na mesma época, frequentando eventos de subcultura underground também passei a descobrir outros zines que apresentavam conteúdos sobre música e política. Desde essa época não esqueci o poder que esse tipo de material, à primeira vista muito simples, poderia ter. A proposta de um zine é ser uma publicação independente (impressa), de baixo custo de realização. Em um zine colaborativo a ideia é reunir trabalhos de diferentes pessoas numa mesma publicação, e criar pontes de diálogo entre artistas e o público. A organização de um zine, mesmo que seja feita por uma só pessoa, envolve uma troca generosa de informações e novas ideias com todas as pessoas que colaboram no conteúdo. É uma construção que só se torna possível em conjunto. Duas questões principais norteiam a proposta deste zine. Primeiro, sendo mulher, a necessidade de ocupar espaços dentro do meio artístico. Segundo, a necessidade de ressignificar o termo ‘artista’, principalmente quando se trata da insegurança no discurso feminino em se assumir artista. Foi passando por uma série de observações e questionamentos que percebi que para a mulher é muito difícil (e sintomático) se assumir artista, principalmente quando não se tem formação acadêmica na área, ou quando não se faz parte de nenhum grupo ou ‘panelinha’ específica. É nesse sentido, de criar um espaço colaborativo, onde mulheres-artistas podem expor suas criações e trocar ideias, que o Zine Lucy existe. Lucy, a primeira primata mulher, um fóssil de 3,2 milhões de anos, nos saúda e agracia.

Aryanne Audrey


Fernanda Duarte Glenda Andrade Giselle Quinto Giovana Lizana Jarid Arraes Yanic Braga Amanda Nunes Stephanie Sidon Andresa Cardoso Kami Jacoub Auryn Souza Carol VIEIRa 3



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DE SA MOR GIOVANA LIZANA

existe amor para mulheres não-neurotípicas? para os homens existe amamos os adoecidos e os viciados amamos os adúlteros e os ingratos amamos a eles como não amamos a nós mesmas (assim nos foi ensinado tacitamente)

eu quero que alguém transborde por mim em vez de acabar exaurida exangue de dar o que não posso receber que eu aprenda a escolher qual solo merece meu depósito de amor para que eu irrigue e na hora certa o amor floresça e eu mesma não pereça estou cansada de perder pedaços pelo caminho que alguém os encontre e me encontre no final da estrada.

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CORDEL

FEMINISMO Lá pras bandas de 70 Já bastante pro final Se ergueu um movimento No seu tempo germinal Foi o Feminismo Negro Para a luta social. Se você inda não sabe O que é o Feminismo Te explico bem ligeiro Pra não ter charlatanismo É a luta das mulheres Com fim de protagonismo. Só que tinha um problema Complicado de enfrentar Pois o tal do Feminismo Teimava em representar Só as brancas estudadas Sem do racismo lembrar. Num país como o Brasil Isso é muito deprimente Pois o grupo feminino Não é só feito de gente Que possui a pele branca Com um só tipo de mente.

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NEGRO JARRID ARRAES

Digo isso pois a pauta Para a mulher trabalhar Para conquistar direito E aos homens se igualar Acabava é se omitindo E findava a segregar. Pois enquanto mulher branca Por emprego batalhava A mulher que era negra Já há muito labutava Desde a vil escravidão Ou limpando chão de casa. Como esquecer da sinhá Vinda lá da Casa Grande Que findou foi em virar Na patroa comandante Explorando só a negra Se fazendo dominante? Se a branca se estrepava Por direito de escolher Imagina então a negra Nem podendo querer ser Como era a mulher branca Com mais chance de viver.


Entendendo esses fatos Muitas negras levantaram Com bastante embasamento Fortes reivindicaram Que o Feminismo ouvisse Tudo o que elas pensaram. Para te ajudar no estudo Posso nomes te indicar Como o de Lélia Gonzalez Militante e exemplar Também Sueli Carneiro E isso só pra começar. Essas duas e mais outras Se puseram a produzir Vários textos e artigos Sempre assim a discutir Como era a mulher negra Pras demandas garantir. Isso foi bem complicado Porque muitas feministas Não quiseram compreender Que podiam ser racistas Se falavam de mulheres De forma generalista. Pois nem todas as mulheres São completamente iguais Cada grupo tem demandas Como classe e coisas tais Mais ainda relevantes São as questões raciais. Outro ponto sem conforto Era a droga do machismo Pois no movimento negro Na luta contra o racismo A mulher negra penava Enfrentando o sexismo.

Os motivos foram muitos Como dá pra perceber O tal Feminismo Negro Precisou se aparecer Para defender a preta Esquecida e a sofrer. Depois desse pontapé A corrente então cresceu Foi chegando mais mulher Que enfim compreendeu O papel do Feminismo E tudo o que ele venceu. Até hoje há conflitos E o racismo ainda existe E dentro do Feminismo Isso é demais de triste Pois a luta das mulheres É importante e resiste. No entanto é necessário Fazer enegrecimento Da batalha feminista Desse lindo movimento Para que toda mulher Sinta seu pertencimento. Mesmo com as diferenças Deve haver cooperação Pois a parcela de negras Maioria é da nação E precisa ser ouvida Com respeito e atenção.


Mas se você compreende Se você quer repensar Sua ideia de mulheres É preciso revisar A visão de universal É preciso abandonar. É possível se enxergar Na intersecionalidade Uma prática que presa Por bem mais diversidade Atentando pros recortes Para as peculiaridades. Outro ponto relevante Também posso apresentar Que é buscar pela história Mulher negra pra lembrar Pela luta que tiveram E puderam conquistar. Tem Dandara dos Palmares A guerreira lutadora Tem a Luísa Mahin E também Tia Simoa Tem Tereza de Benguela Que foi forte inspiradora. Basta ter pleno interesse E o racismo abandonar Pois mulheres feministas Tem mania é de citar Só Simone e outras brancas Sem as negras memorar.

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Sem pensar nessa questão Sem lutar contra o racismo Não existe um movimento Que não passe de cinismo Essa parte também vale Pro lado do Feminismo. O racismo é um problema Que em privilégio dá É por isso que as brancas Precisam isso enfrentar E rever o seu racismo Escondido a disfarçar. Só com esse compromisso É possível a união Com o forte objetivo Da maior libertação Para todas as mulheres Dessa diversa nação. Para mim, o Feminismo Tem que ser escurecido Tem que ter a negritude Para ser fortalecido Pois o Feminismo Negro Tem asism prevalecido.


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a sororidade acaba de entrar Ferramentas online de empoderamento feminino

Olá, tudo bem? Acho que você já notou que os termos sororidade e empoderamento feminino têm aparecido muito nas redes sociais, correto? Se você não lembra o significado deles, segue um resumo querido:

Sororidade

é quando mulheres se reconhecem e se respeitam como indivíduos, como irmãs.

Empoderar significa ter poder, espaço e voz ativa. Dentro das lutas do feminismo, que tem feito muito por nós mulheres, essas duas palavrinhas tem caminhado juntas cada vez mais.


Apesar de vivermos em uma sociedade machista e opressora, online e off-line, a internet tem servido de auxílio para diversas causas, atitudes e projetos feministas. No Facebook, por exemplo, há grupos de conversa que tratam dos assuntos mais variados, dando a cada mulher a liberdade de poder se expressar sem ser julgada e falar de algo que, muitas vezes, ela não se sente à vontade até mesmo entre amigas mais próximas.

É muito provável que você, alguma vez na vida, já tenha desabafado na internet e recebido uma mensagem de alguma semiconhecida ou não, emitindo apoio e vice-versa.

Outra coisa super bacana que a tecnologia tem nos proporcionado são aplicativos e plataformas online que nos ajudam a combater (o medo da) a violência física e social que sofremos. O projeto “Vamos Juntas?” pretende criar um aplicativo que funcionará como um GPS, um Waze (aplicativo para rotas de trânsito), para indicar caminhos mais seguros para mulheres. Ainda em desenvolvimento, a ferramenta brasileira precisa de apoio para acontecer. Através de financiamento coletivo no catarse, você contribui e ainda ganha recompensas super legais!

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Do mundo os aplicativos para o mundo das cartas, o “Eu vejo Flores Em Você” promove o amor e amizade de um jeito muito peculiar: Cartas enviadas de mulheres para mulheres são ilustradas e enviadas sem custo algum. Gostou da ideia? Essas são apenas algumas das maneiras, meio de informar e empoderar e exercer a sororidade. Todas nós podemos repensar atitudes machistas que muitas vezes replicamos na internet e claro, no dia-a-dia. Todas nós podemos enxergar outra mulher como uma amiga, como alguém que merece respeito e que não faz sentido algum essa rivalidade imposta pelo patriarcado. Uma mensagem no Whatsapp, uma ligação, compartilhar ideias sobre o feminismo, dialogar sobre, amar outra mulher...tudo isso é sororidade e empoderamento. Sintam-se amadas, respeitadas e muito bem-vindas aqui no Zine Lucy. :)

ANDRESA CARDOSO Link para o financiamento coletivo do projeto “Vamos Juntas?” https://www.catarse.me/vamosjuntas Link para o projeto “Eu vejo flores em você” http://euvejofloresemvoce.com

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Tirei pra lavar,

A ALMA. Já te ensinaram a não ter cabelo?

Começo com essa pergunta pois tenho a certeza de que ao abrir rapidamente o Youtube/Pinterest você encontrará diversos conteúdos relacionados a cabelo, como arrumar, cortar, pintar, pentear seu cabelo, uma infinidade de modos-de-fazer que te ensinarão a manter a ideia de que a sua beleza está necessariamente associada a beleza do seu cabelo. A pergunta que não quer calar é: Seu cabelo é tão importante assim pra sua aceitação pessoal?

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A maneira que encontrei pra me desafiar e me enxergar de frente, deixando de utilizar subterfúgios capilares pra manobrar minha autoconfiança.

De cara você vai me responder que não, mas eu estou aqui para relatar uma vivência!

Minha visão sobre meu cabelo começou a mudar depois de passar por uma transição (um processo que muitas moças passam pra assumirem seus cabelos naturais,deixando o cabelo crescer sem toda a química que modifica a estrutura dos fios - algumas também optam pelo BIGCHOP, que é uma raspagem da cabeça que tem como objetivo retirar todos os cabelos “não naturais”). Passei a ter muito orgulho dele, foi um período sofrido até alcançar meu amado BlackPower, mas confesso que comecei a alimentar um monstro, fiquei totalmente viciada em vídeos de cabelo, fitagens pra deixar os fios sempre “perfeitos”, colorações que cheguei a fazer de 15 em 15 dias pra mudar a cor, modelagens, acessórios. Meu cabelo não era mais “parte de mim” meu cabelo passou a ser “meu eu” ,eu estava procurando no cabelo uma mudança que queria internamente mas não tinha coragem de assumir, decidi RASPAR, pois essa coragem tinha me faltado lá na transição que fiz aos 22 anos, e só se vive uma vez né manas. “Momentos difíceis pedem por danças furiosas” eu estava pronta pra dançar... Quando comecei a dizer que iria raspar cabeça, ouvi de tudo! Mas os olhos arregalados acompanhados das frases “mas seu cabelo é tão lindo” e “ Você só pode estar louca” imperaram . Essa lógica do cabelo intimamente ligada a beleza da mulher é tão forte que quando mulheres como: Solange Knowles, Alek Wek, Natalie Portman, a miss Jéssica Ferreira, Demi Moore, Britney Spears, Karol Conká, Jessie J, Lupita Nyong’o e etc, apareceram de cabeça raspada receberam muito maior número de críticas do que de elogios por parte da mídia. A associação com episódios de sandice, doenças ou “masculinização desnecessária” (muitas aspas) são indícios de como nós mulheres temos que nos comportar pra caber no tamanho que a sociedade patriarcal nos delimita. O papel de Demmi Moore em “Até o Limite da Honra(1997)”, foi um marco para a história do Cinema, não só por sua atuação incrível, mas por desnudar tudo

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o que é considerado “feminino” em uma mulher. Somos além do nosso cabelo, além do que esperam de nós “como mulheres”. Eu queria viver além do limite que eu mesma criara pro meu cabelo, me libertar do meu monstrinho,ser uma “imperatriz furiosa”! (MadMax-2015). Diversas culturas tem a associação da raspagem da cabeça como um processo de desapego e libertação, de deixar para trás o antigo Eu. O Zen budismo acredita que através desse processo as monjas e os monges se desapegam de sua imagem pessoal e passam a caminhar como real sacerdote de Buda, sem mais se identificarem com seu antigo eu, sem tanto ego envolvido. O candomblé encara a raspagem como um ritual. O ritual de iniciação, a feitura no santo, o renascimento ,um rito de passagem, a pessoa deixa sua antiga vida para agora seguir os preceitos de um filho de santo. As monjas e os monges franciscanos fazem a raspagem que se chama “tonsura “que reproduz a coroa de espinhos de Jesus Cristo, também em uma simbólica maneira de desapego e humildade. Meu processo para raspar o cabelo foi bem intenso e posso considerá-lo como um rito de passagem. Mas olha: você não necessariamente precisa raspar a cabeça pra se encarar de frente, cada uma de nós tem um caminho, cada um sabe intimamente aonde se engana, e me encarar totalmente sem cabelo foi um susto! Mas também tem sido um aprendizado aliviaDOR, desmistificador e MUITO EMPODERADOR. Uma vez comentei com uma amiga ao ver uma moça careca: “Se uma mulher de cabeça raspada não é empoderada eu não sei quem mais seria”. Eu precisava dessa força! Precisava me lembrar que nosso verdadeiro Eu não se esconde atrás de nada, está exatamente onde nós estamos, só precisamos de silêncio para ouvir, as vezes precisamos de mudanças radicais para silenciar, mas estou aqui apenas para te lembrar que: VOCÊ PODE TUDO! Você é do tamanho que se desenha, O MUNDO É SEU, é nosso, tem espaço pra TODAS e todos! Não deixem que digam quem você é, que te imponham e delimitem seu espaço, apenas você é capaz de construir, ou desconstruir essa percepção, apenas você é a imperatriz de sua vida, a única capaz de dizer o que realmente te faz ser quem você é, e isso independe de cabelo, roupa, maquiagem, decotes, curtidas. A última pergunta é: Você já se amou sem subterfúgios hoje? Vai lá e depois me conta como você se sente ficando muito perto de si mesma e deixando só a sua voz interna falar sobre como você é linda e importante pra si mesma :] Agradeço a leitura e espero que possamos nos encontrar em breve! KAMI JACOUB

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Link sobre Zen Budismo: http://goo.gl/6RNkSi Link sobre o Candomblé https://goo.gl/QuBKNF Link sobre Monges Franciscanos http://goo.gl/umLaFA).


Consumo Consciente Apesar de ter sua primeira edição fabricada em 1930 (assinada por Leona Chalmers nos Estados Unidos com o nome de Tass-ette) os coletores menstruais começaram a receber mais atenção nessa última década. Com a popularização do “copinho”, mulheres do mundo inteiro estão mudando seus hábitos a respeito da menstruação e, com isso, garantindo um futuro mais livre, menos consumista e muito mais sustentável. Custando cerca de R$80,00 e durando até 10 anos, o coletor gera uma economia enorme. Com uma média de 35 anos de menstruação, utilizando cerca de 16 absorventes por ciclo (trocando regularmente conforme recomendação), estamos fortalecendo as indústrias com cerca de 5 mil reais e, pior, descartando mais de seis mil absorventes que levam 100 anos para se decompor na natureza. Com os coletores reutilizáveis, apenas o fluxo menstrual é descartado, o que contribui para menor produção de lixo.

O algodão utilizado pela maior parte dos fabricantes de absorventes é alvejado, o que pode ser muito prejudicial ao meio ambiente e deixa traços de dioxina (um possível carcinógeno) no algodão. Além de um fortíssimo impacto negativo ao meio-ambiente, os absorventes descartáveis podem provocar alterações nas condições de umidade, pH e flora vaginal, enquanto o coletor não, pois não age com absorção e, além disso, também pode ser usado durante atividade física na água e fora dela, e pode ser usado antes do início da menstruação (ideal para mulheres com ciclos irregulares) e possui baixo risco de infecções – comumente ligadas ao uso de absorventes internos.

Mesmo com todos esses fatores positivos, o coletor ainda divide opiniões.


Coletor menstrual “Graças” a todo o tabu que envolve nossos corpos, ainda existe um caminho árduo contra o nojo, a repulsa e a penosa ignorância com nosso próprio corpo. Para adquirir o tamanho certo, aprender a colocar e tirar, o uso do coletor depende muito do contato e do autoconhecimento - duas coisas que a maioria de nós só adquire depois de algum tempo lutando contra as tristes imposições machistas à que estamos sujeitas desde que nascemos. Mas ao mesmo tempo que essas são as maiores dificuldades, elas também são grandes conquistas. O contato com o corpo, o conhecimento adquirido com o toque, a utilização da menstruação como fertilizante... É uma experiência cheia de amor próprio e também de amor ao mundo. Algumas usuárias do copinho nos ajudaram dando relatos de suas experiências:

O mais interessante pra mim com o uso do coletor foi a relação com o sangue, que sempre que posso coloco diretamente na terra agradecendo por mais uma limpeza física e psíquica. Retornar pra terra o que consumi dela, nutrindo-a. Também o fato de não gerar lixo e não alimentar uma indústria que trata a mulher como criança e que incentiva a depilação agressiva, entre outras coisas, me fez ver como o coletor simplifica a relação com a menstruação. Juliana Souza, 21 anos, Guaíba-RS.

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Eu descobri o coletor por acaso, através de um post patrocinado no Facebook e em seguida entrei pro grupo Coletores Brasil. Fiz os testes pra saber a altura do meu colo, pra saber o tamanho do copinho e testei a força do meu assoalho pélvico pra escolher melhor resistência do coletor, tudo com a ajuda na página do facebook, e então comprei. A primeira coisa que eu notei é como incrivelmente não dá pra sentir o coletor dentro da gente. Parece que a gente nem tá usando! Não é que nem os absorventes internos, que a gente sente que tem um “negócio” ali. Outro alívio imediato foi pode me livrar dos absorventes comuns que sempre davam alergia, principalmente no calor. Além de tudo, eu não preciso mais gastar com nenhum absorvente por uns bons anos, mas tudo depende, claro, da administração correta do copinho! Apesar de algumas pequenas dificuldades de adaptação, no início, depois correu tudo maravilhosamente bem. Foi muito bom perceber que o sanguinho no coletor não tem aquele cheiro horroroso como fica nos absorventes porque o sangue fica guardadinho na gente e não oxida! Pude sentir que é cheiro de... sangue, simples assim. Não é algo nojento ou impuro como o senso comum nos empurra goela abaixo, é natural, é um ciclo importante e necessário. Pude entrar em sintonia e conhecer melhor meu corpo, minha anatomia e ficar em paz como nunca tinha ficado antes durante o ciclo menstrual. Victória Terres, 21 anos, Guaíba-RS. O coletor mudou minha vida totalmente. Eu entrei em paz com meu ciclo, me conectei com meu corpo. Hoje ando livre de bicicleta, faço yoga, vou pra piscina tranquila além de conseguir perceber coisas em mim que não notava como meu colo do útero, meus músculos na região e tal. Tem sido mágico mesmo, é um processo de se auto descobrir muito intenso. Ellen Tabarkiewicz, 24 anos, Guaíba-RS. Não tem como não se maravilhar com os benefícios que o coletor traz às nossas vidas, tanto de forma individual quanto de forma coletiva. Quando vivemos numa sociedade cada vez mais corrompida pelo consumismo exacerbado, quando estamos acostumados a viver com o que nos é imposto, parece que a razão da nossa existência enfraquece. Precisamos relembrar que nossa evolução é constante e que muitas vezes devemos abandonar velhos hábitos. As vezes a mudança ajuda a reforçar nossa humanidade, e só assim é que podemos garantir um amanhã com mais consciência, mais amor, mais irmandade.

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AURYN SOUZA


FAST

FASHION

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Oi manas, tudo bem? Meu nome é Carolina e vim para falar em algumas edições do Zine Lucy sobre o fenômeno Fast Fashion. O termo significa “moda rápida”, ou seja, o fenômeno da produção rápida e contínua de tendências na moda global. Para você se situar, aí vão algumas das redes/marcas mais importantes: C&A, Forever 21, Urban Outfitters, GAP, Zara, H&M, Topshop, She inside, Romwe.


Mas por que essa tendência é tão ruim e obsoleta, se normalmente as roupas das redes Fast Fashion são tão bonitas e baratas? Aí que está o problema: elas são bonitas e usáveis no mundo da moda só por alguns meses, depois disso você raramente irá usá-las e vai ter que as jogar fora - até porque, como as roupas são frutos de um ritmo desenfreado de produção de má qualidade, a vida útil delas é baixa.

Outro problema que não pensamos é o porquê dessas roupas serem tão baratas, não pensamos na exploração de mão de obra escrava e nem nas condições sub humanas de trabalho de quem faz as peças. Comprando nesses locais, estamos incentivando cada vez mais o materialismo, assim como o consumismo em massa, além de incentivar também uma indústria da Moda de curto prazo. Por causa de um consumo baseado em redes globais, a economia local não é incentivada, ou seja, ao comprarmos em Fast Fashions, enriquecemos somente donos de grandes lojas e indústrias, dificultando o crescimento de pequenos comércios e empresas autogestionárias.

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Assim sendo, se faz necessária a conscientização nesse tópico tão importante. Como diria Vivienne Westwood, estilista inglesa ícone da moda punk e new wave modernas: “Buy less, choose well, make it last” (“Compre menos, escolha bem, faça isso durar”). Agora você deve estar de perguntando “Poxa, mas então eu tenho que comprar só roupas de alta costura? Roupas caras? E se eu não tiver dinheiro?”. Não priemos cânico! Para isso, sugerimos algumas alternativas, que inclusive vamos abordar de um jeito mais detalhado nas minhas próximas contribuições pro zine: fazer escambo de roupas com amigas ou em grupos de Facebook ou em eventos de escambo, comprar roupas autorais de pequenas empresas locais, vender roupas em aplicativos e sites direcionados, doar roupas, comprar em brechós, bazares e instituições. CAROL VIEIRA


BIO

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FERNANDA DUARTE, diletante amadora, facilmente distraída pela beleza. tem sol em peixes, lua em câncer e asc. em aquário: o resto é estória. // Insta: @etraudadnanref

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GLENDA ANDRADE é uma artista e estudante de Artes Plásticas da Universidade de Brasília. Aos 23 anos, Glenda produz uma série de obras intitulada como “Quadrinhos”. Os Quadrinhos, melancólicos, sedutores, misteriosos e poéticos, retratam o universo de uma artista com que lida com a depressão desde muito cedo e quis conseguir transformar isto em arte. // Insta: @glendaandradee

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GISELLE QUINTO, ilustradora que borda, crafter, mãe da Anita, ama viver num país onde se pode fazer tudo de bicicleta. // www.queridasputnik.com.br/

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GIOVANA LIZANA, candanga de coração, escritora, poeta, eterna apaixonada pelas pessoas e coisas e tentando amar a vida também. // www.abaixoagravidade.blogspot.com

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JARID ARRAES, cordelista, escritora, autora do livro “As Lendas de Dandara“, diretora da Casa de Lua e jornalista na Revista Fórum, onde também mantém a coluna Questão de Gênero. Trabalha escrevendo e realizando ações de educação popular sobre cidadania, diversidade sexual e de gênero, direitos da mulher e questões raciais. www.jaridarraes.com


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YANIC BRAGA, publicitária e nerds da fotografia. Escreve (quando dá), dança (mal) e representa (as mina). http://yanicbraga.samexhibit.com

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AMANDA NUNES, de vinte e dois anos, procura se formar em psicologia. // www.cargocollective.com/alcalino // Insta: @__amanda

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STEPHANIE SIDON, brasiliense de coração baiano, fotógrafa e maquiadora, mãe da Mel. Ativista body positive e coaching para impulsionar mulheres em vários aspectos de suas vidas. Idealizadora do Projeto D. I. V. A. www.ssidon.com // Insta: @ssidon

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ANDRESA CARDOSO, mas pode chamar de Andy. Designer e ilustradora, amante da fotografia e dos textos curtos. Vegetariana e aluada. Tão aluada que se eu pai calculou a lua para ela nascer. // www.cargocollective/ andyart // Insta: @adeinfinito

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KAMI JACOUB, cabeleireira, maquiadora, amante de brechós, poesia, gatos e tudo o que há de doce no mundo. Acredita na força das mulheres juntas que e que quando você se empodera você dá as outras a possibilidade de fazer o mesmo. // Insta: @efeitokami

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AURYN SOUZA, gaúcha, fotógrafa de histórias de amor. Louca pelo ar e pelo mar. Aspirante de doula, feminista e gorda. <3 // www.aurynsouzafotografia.com.br

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CAROL VIEIRA, amante da botânica, apaixonada por flores e alérgica a pólen. Viciada em Instagram e modelo por acaso, pintou o cabelo de rosa em protesto à saudade de São Paulo. // Insta: @caroletsgo


EDITORA-CHEFE

ARYANNE audrey

DESIGNer

BIANCA GRASSI

ANO

2016/1 facebook page

/lucyzine e-mail

lucyzine@gmail.com 43


POR ELAS


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