cioso para a cadeia de produ ção e consumo

Feito de Algodão

Zimmermann RTW SS2021

CONHEÇA O CENÁRIO DA FIBRA NATURAL QUE DOMINA O MUNDO DA MODA

Por trás de cada peça, uma etiqueta. Escondida e quase sempre esquecida, é nela que constam informações técnicas daquela roupa, como as fibras utilizadas em sua produção. Dentre naturais, sintéticas e artificiais, o algodão está entre as mais importantes fibras do mundo. Todos os anos, uma média de 35 milhões de hectares de algodão é plantada em todo o planeta, de acordo com a Abrapa, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. O resultado? Uma movimentação anual de cerca de US$ 12 bilhões e mais de 350 milhões de pessoas envolvidas na produção no mundo, distribuída por mais de 60 países, nos cinco continentes. Mas, por ser natural, significa que essa fibra não acarreta impactos ambientais? Não. A ocupação de terra necessária para o cultivo, os produtos químicos utilizados, a energia utilizada no transporte, o uso de corantes e, principalmente, a água são questões a serem levadas em consideração. Para se ter ideia, são 9.900 litros de água para uma monocultura de algodão genérica que produza aproximadamente uma tonelada de algodão bruto, segundo a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. A Z Magazine traçou um panorama do cenário. Acompanhe!

“Sustentável é o que utiliza os recursos necessários para a produção da maneira mais consciente e correta possíveis, com os processos produtivos certificados a partir de auditorias idôneas e de terceira parte” O tal do “sustentável” Nunca a palavra esteve tão em alta quanto agora. O ser sustentável é uma preocupação de muitos, e oportunidade de marketing para tantos outros. E, por isso, a palavra ainda gera confusão. “O sustentável deve ser encarado como ‘quão sustentável ele é’. Se eu tenho um algodão comum que usa menos adubo que o algodão igual ao do vizinho, ele acaba sendo mais sustentável”, reflete o Engenheiro Têxtil e CEO Milton Garbugio da Cotton Droplet, Yuri Fazion Gradela. De acordo com o movimento Sou de Algodão, iniciativa

Sustentável ou orgânico: criada em 2016 pela Abrapa, com o propósito de unir toda a cadeia, do produtor de algodão, passando por fiações, é possível essa comparação? tecelagens, malharias, confecções, pequenos e grandes

A confusão está em querer comparar sustentabilidade empreendedores, até o consumidor final, qualquer cultivo com orgânico. Enquanto o primeiro é um conceito agrícola ou pecuário é considerado de origem sustentável baseado nos pilares ambientais, sociais e econômicos, caso siga uma série de normas legais e boas práticas em sua de acordo com os recursos utilizados, o segundo é uma produção, que envolvem a responsabilidade social, forma de produção propriamente dita. ambiental e econômica. “Sustentável é o que utiliza os recursos necessários para a produção da maneira mais consciente e correta possíveis, com os processos produtivos certificados a partir de auditorias idôneas e de terceira parte”, explica o produtor e presidente da Abrapa, Milton Garbugio.

Orgânico Não só o algodão, mas qualquer produto orgânico se refere a uma técnica de produção que não permite o uso de defensivos ou fertilizantes sintéticos (químicos) no processo, assim como de tecnologias como os transgênicos. “Por ser colhido a mão, não é uma mão de obra tão saudável, por conta da exposição ao sol, espinhos, insetos e animais”, afirma Yuri.

Fotos: Divulgação Transgênico De acordo com a Embrapa, os transgênicos são tecnologias que usam princípios naturais, da genética, que reduzem a quantidade necessárias de produtos químicos nas lavouras, sejam eles fertilizantes ou defensivos agrícolas, e elevam o potencial de produtividade do algodão. “É exatamente pela utilização de tecnologias de melhoramento genético que o Brasil é o país com os melhores patamares do mundo em produtividade sem irrigação, fazendo com que tenhamos mais algodão utilizando menos área”, salienta Milton. Além disso, de acordo com ele, sem a utilização de transgênicos, tanto o Brasil como os demais países produtores seriam menos sustentáveis, já que utilizariam pelo menos o triplo mais área, mais fertilizantes e mais defensivos agrícolas para produzir a mesma quantidade de alimentos e fibras naturais, como o algodão. “A partir desse tipo de tecnologia o Brasil é pelo sexto ano consecutivo o maior fornecedor de algodão sustentável do mundo, atualmente atendendo por 36% da participação global”, afirma o presidente da Abrapa. Yuri lembra que o algodão transgênico é a variedade convencional que recebeu ajuda genética para qualidades como maior comprimento de fibra, maior produtividade da planta, resistência a pragas como lagarta, fungos, ácaros e controle da velocidade de crescimento. “Ao mesmo tempo que se tem a necessidade de menos produtos químicos e área cultivada, existe a perda da característica original e desequilíbrio biológico”, explica.

Mas, e o convencional? “O algodão convencional tem papel fundamental na sustentabilidade, pois em 20% das áreas de plantio da fibra são utilizadas cultivares convencionais, para evitar a resistência de pragas e doenças e ainda aumentar a longevidade das cultivares transgênicas”, explica Milton.

2º Desafio em parceria com a Casa de Criadores O Movimento Sou de Algodão e a Casa de Criadores, maior evento de moda autoral brasileira, se unem para promover o 2º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores. O projeto tem como objetivo divulgação do algodão como matéria-prima por meio da descoberta de novos talentos. Por isso, os participantes devem utilizar a fibra em suas coleções como principal material, resultando em pelo menos 70% da composição de cada look desenvolvido. Interessados devem realizar as inscrições no portal www.soudealgodao.com.br desafio até 26 de fevereiro de 2021, podendo ser projetos individuais ou em duplas, nos segmentos de moda masculina, feminina, alta costura, prêt à porter, fitness, homewear/loungewear ou streetwear. Brasil Das 4,9 milhões de toneladas do algodão mais sustentável do mundo, 31,5% vêm do Brasil. Ou seja, a Better Cotton Initiative (BCI), uma organização sem fins lucrativos, criada em 2005, com sede em Genebra, que visa melhorar a produção mundial do algodão, atesta que esse produto foi obtido sob rigorosos padrões de relações trabalhistas justas, responsabilidade socioambiental e rastreabilidade do algodão.

Mateus Cardoso Casa dos Criadores