Especial Fenasucro & Agrocana 2009
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Ano 4 - Edição nº 24 - Agosto de 2009
Setor
sucroenergético começa a reagir contra A CRISE Cana-de-açúcar terá certificação global
Sorgo sacarino, alternativa promissora na produção de etanol
Orgânicos desafiam a crise econômica
Empresariado está mais confiante, segundo CNI
sumário
mercado empresarial
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Setor sucroenergético começa a reagir contra a crise As oportunidades para o biocombustível brasileiro Concentração de capital é a nova tendência Indústria assina protocolos ambiental e trabalhista A questão da retomada da indústria de bens de capital voltada ao setor sucroalcooleiro Empresariado está mais confiante, segundo CNI Apesar da crise, exportações do Brasil à China aumentam 65% Orgânicos desafiam a crise econômica Crise, um furacão ou apenas um vento forte?
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Fenasucro & Agrocana - a grande referência mundial do setor sucroalcooleiro
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Menos papel, mais economia e maior preservação das florestas
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China emerge como incubadora de energia limpa
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Usina de Angola adquire tecnologia brasileira Biotecnologia transforma açúcar em acrílico Consumo de orgânicos cresce na Alemanha apesar da crise econômica Saara poderá abastecer a Europa com energia solar Mais visibilidade para a sustentabilidade Inovação é fundamental para desenvolvimento Tecnologias “verdes” atraem capital de risco Brasil regulamenta produção de orgânicos
Sorgo sacarino, alternativa promissora na produção de etanol
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Açúcar orgânico brasileiro ganha mercados exigentes Energia limpa aumentaria postos de trabalho Cosan capta US$ 350 milhões em bônus Cana-de-açúcar terá certificação global Resíduos de beterraba e de cana-de-açúcar produzirão bioplástico Brasil lança iniciativa por quebra de patente para energias limpas Dicas de leitura Vitrine Releases Nesta edição:
Fascículo Saúde!
Hipertensão a “epidemia silenciosa”
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editorial
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Setor sucroenergético em plena retomada
O
setor sucroenergético começa a dar sinais mais consistentes de recuperação. As sequelas deixadas pela crise econômico-financeira global, que ocasionaram uma brusca quebra no ritmo acelerado com que o segmento vinha se expan-
dindo, estão sendo gradualmente superadas. O cenário atual é de cautelosa retomada dos negócios. Um fator que está sendo decisivo para atenuar as dificuldades vividas pelo setor é a recente alta das cotações e das exportações do açúcar, em decorrência da grande quebra de safra da Índia, maior produtor e consumidor mundial da commodity. Mas, não é só isso: o sucroalcooleiro aposta no enorme potencial com que acena o etanol no front externo, à medida que cresce a preocupação do planeta com a sustentabilidade ambiental e com a adoção de alternativas aos combustíveis fósseis. Além de já ostentar um mercado interno consolidado para o produto, o Brasil tem plenas condições de se fortalecer como polo mundial na difusão de matrizes energéticas renováveis. Segundo especialistas, os prognósticos são excelentes principalmente a partir de 2010, tanto para o consumo doméstico quanto para as exportações, já que a mistura do álcool com a gasolina será obrigatória em outros países, impulsionando a procura pelo etanol. Além disso, se antevê uma melhor regulação da produção e dos preços, com recuperação do crédito e do capital de giro. A concentração de capital é a nova tendência: a entrada de várias usinas em recuperação judicial deverá abrir caminho para uma onda de consolidação e concentração de capital no setor canavieiro. A previsão é de que esse processo dê margem à formação de grandes grupos nacionais e internacionais que atuarão na economia do etanol. A própria Petrobras já sinalizou o que vem pela frente ao decidir reforçar sua posição no mercado de combustíveis renováveis, mediante a criação, há cerca de um ano, da unidade Petrobras Biocombustível. Sua estratégia anunciada prevê a atuação sempre em parcerias e na condição de sócia minoritária. De acordo com o Plano de Negócios 2009-2013 da estatal, estão engatilhados investimentos de US$ 2,4 bilhões na produção de biocombustíveis, sendo 91% deste montante aplicado no Brasil. O Brasil responde hoje por 20% da produção e 40% das exportações mundiais de açúcar, 30% da produção e 60% das exportações de etanol. Internamente, o álcool combustível já atende mais da metade do consumo para automóveis leves. Completando, a biomassa da cana produz 3% da eletricidade, com potencial de chegar a 15% da matriz elétrica brasileira até 2015. Dessa maneira, a área sucroalcooleira é, desde 2008, a segunda principal fonte de energia do País, atrás do petróleo e na frente da hidroeletricidade. É esse cenário e todo o seu potencial que o maior evento do setor sucroalcooleiro do planeta, a Fenasucro & Agrocana 2009, apresenta de 1 a 4 deste mês de setembro, em Sertãozinho, no Interior de São Paulo. A Mercado Empresarial, participando de toda essa mobilização e cumprindo seu papel de informar, traz na presente edição um panorama desse momento especial de reexpansão da cadeia sucroalcooleira, com suas iniciativas, tendências, políticas e desafios. Boa leitura!
Mercado Empresarial
expediente Coordenação: Mariza Simão Diagramação: Lisia Lemes Arte: Vladimir A. Ramos, Ivanice Bovolenta, Cesar Souza, Silvia Naomi Oshiro, José Francisco dos Santos, José Luiz Moreira, Edmilson Mandiar, Gustavo Monreal. Redatora: Sonnia Mateu - MTb 10362-SP contato: sonniamateu@yahoo.com.br Colaboraram nesta edição: Irineu Uehara e João Lopes Distribuição: XVII Fenasucro - Feira Internacional da Indústria Sucroalcooleira e VII Agrocana - Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura da Cana-deAçúcar - 2009 Araçatuba - Rua Floriano Peixoto, 120 1º and. - s/ 14 - Centro - CEP 16010-220 - Tel.: (18) 3622-1569 Fax: (18) 3622-1309 Bauru - Centro Empresarial das Américas Av. Nações Unidas, 17-17 - s 1008/1009 - Vila Yara CEP 17013-905 - Tel.: (14) 3226-4098 / 3226-4068 Fax: (14) 3226-4046 Piracicaba: Sisal Center: Rua 13 de Maio, 768, sl 53 - 5ª andar - Cep.: 13400-300 - Tel.: (19) 3432-1524 Fax.: (19) 3432-1434 Presidente Prudente - Av. Cel. José Soares Marcondes, 871 - 8º and. - sl 81 - Centro - CEP 19010-000 Tel.: (18) 3222-8444 - Fax: (18) 3223-3690 Ribeirão Preto - Rua Álvares Cabral, 576 -9º and. cj 92 - Centro - CEP 14010-080 - Tel.: (16) 3636-4628 Fax: (16) 3625-9895 Santos - Rua Dr. Carvalho de Mendonça, 238 cj 43 4º andar - CEP 11070-101 - Vila Belmiro - Santos - SP Tel.: (13) 3232-4763 - Fax: (13) 3224-9326 São José do Rio Preto - Rua XV de Novembro, 3057 - 11º and. - cj 1106 - CEP 15015-110 Tel.: (17) 3234-3599 - Fax: (17) 3233-7419 São Paulo - Rua Martins Fontes, 230 - Centro CEP 01050-907 - Tel.: (11) 3124-6200 - Fax: (11) 3124-6273 O editor não se responsabiliza pelas opiniões expressas pelos entrevistados.
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panorama do setor
Setor
sucroenergético começa a reagir contra a crise
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m que pesem as nuvens sombrias que ainda pairam no horizonte, o setor sucroenergético começa a dar sinais mais consistentes de recuperação. Gradualmente e com dificuldades, estão sendo superadas as graves sequelas deixadas pela crise econômico-financeira global, que acabou por ocasionar uma brusca quebra no ritmo acelerado com que o segmento vinha se expandindo. O quadro hoje é de cautelosa retomada dos negócios, levando-se em conta os prejuízos acumulados, o excesso de oferta com preços pouco remuneradores, a escassez de crédito e o endividamento elevado dos empreendimentos, fatores que, aliás, redundaram numa onda de recuperação judicial (procedimento legal que substituiu a concordata) por parte de numerosas usinas.
panorama do setor
mercado empresarial
Um dado que, de imediato, está sendo decisivo para atenuar as agruras vividas por muitas empresas é a recente alta das cotações e das exportações do açúcar, em decorrência da grande quebra de safra da Índia, maior produtor e consumidor mundial da commodity (veja detalhes sobre o tema mais abaixo). Mais adiante, o setor aposta no enorme potencial com que acena o etanol no front externo, à medida que cresce a preocupação do planeta com a sustentabilidade ambiental e com a adoção de alternativas aos combustíveis fósseis. Além de já ostentar um mercado interno consolidado para o produto, o Brasil tem plenas condições de se fortalecer como polo mundial na difusão de matrizes energéticas renováveis. “Os prognósticos são excelentes principalmente a partir de 2010, tanto para o consumo doméstico quanto para as exportações”, resume Amaryllis Romano, economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada. Ela observa, por exemplo, que a mistura do álcool com a gasolina será obrigatória em outros países, impulsionando a procura pelo etanol. No que se refere ao açúcar, a consultora prevê que “os problemas enfrentados pelos indianos deverão manter os preços em alta até o final do ano que vem”. De modo geral, acrescenta Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), “os fundamentos do segmento são positivos. Vamos recuperar o crédito e o capital de giro mais à frente”. Ele antevê, nesta linha, uma melhor regulação da produção e dos preços, propiciando maior retorno aos fornecedores.
“É difícil falar em futuro com tantos obstáculos no presente, mas nossa área canavieira vai prosperar no rumo da criação de uma agroindústria da biomassa”, arremata Luiz Carlos Corrêa Carvalho (Caio), vice-presidente da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) e presidente da Canaplan Consultoria Técnica. Avaliações à parte, a fim de compreender melhor os desafios impostos pela atual conjuntura, é preciso fazer uma breve retrospectiva do que se passou nos anos que antecederam a crise internacional e os desdobramentos desta sobre o segmento.
Euforia antes da crise
A realidade é que o período pré-crise foi marcado por uma efetiva euforia. Projetava-se um boom nas exportações de álcool combustível, além do que a demanda interna pelo produto vinha ganhando escala. “Nossa produção crescia uma Austrália por ano, de sorte que num período de cinco anos superamos os níveis históricos de tudo que o País produziu em séculos de cultivo da cana”, ressalta Rodrigues. Havia fácil acesso ao crédito, com linhas de financiamento de longo prazo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de agentes financeiros privados. Só o banco estatal tinha sob sua alçada 78 projetos de porte na vertical sucroalcooleira. De resto, o capital externo desembarcava em expressiva quantidade – até megaempresários como Billl Gates, da Microsoft, anunciaram inversões de recursos para gerar biocombustível.
“Os prognósticos são excelentes principalmente a partir de 2010, tanto para o consumo doméstico quanto para as exportações” Amaryllis Romano, economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada
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panorama do setor Alimentando as expectativas otimistas, os preços do petróleo subiam constantemente, tornando ainda mais atraente a opção pelo etanol. Não bastasse isso, o parque nacional de automóveis flex – que permitem utilizar o álcool alternativamente à gasolina – vinha aumentando seguidamente desde 2005. O foco das atenções naquela altura, portanto, era o biocombustível e não o açúcar, dado que este último derivado acusava elevada volatilidade nos preços, com produtores mundiais de peso entrando e saindo constantemente do mercado. “Sem esquecer que o câmbio desfavorável, com o real então sobrevalorizado, inibia as nossas exportações”, como assinala Rodrigues. Com o panorama favorável aos combustíveis renováveis, foram colocados em marcha numerosos projetos de aumento de capacidade em várias regiões do País. Irrigadas com a abundante oferta de dinheiro, novas usinas foram erguidas e outras apostaram na ampliação e modernização do processo produtivo. De acordo com dados da Unica, os investimentos no setor para o período 2005-2012 estavam calculados em US$ 33 bilhões. Só em 2008, 29 usinas entraram em operação, de um total de 80 planejadas até 2012. Em face de tamanho dinamismo, a cadeia se agigantou, o que se reflete nos seguintes números, consolidados pela Unica – em todo o Brasil, estão em atividade hoje quase 400 processadoras, mais de mil indústrias de suporte e 70 mil fornecedores de cana, gerando perto de um milhão de empregos diretos em 20 Estados brasileiros.
Avanço na produção
Na safra 2008/09, o País produziu em torno de 565 milhões de toneladas de cana moída (um avanço de 14% sobre o desempenho anterior), empregada na produção de 31,3 milhões de toneladas de açúcar e de 25,7 bilhões de litros de etanol. Comparativamente, na safra de 2007/2008 foram produzidas cerca de 495 milhões de toneladas de cana, 31 milhões de toneladas de açúcar e 22,5 bilhões de litros de etanol. Para a safra 2009/2010, a projeção é de 615 milhões de toneladas de cana moída, o que significaria um incremento estimado de 8,8% sobre a anterior. Com a mobilização de toda esta capacitação, o Brasil responde por 20% da produção e 40% das exportações mundiais de açúcar, 30% da produção e 60% das exportações de etanol. Internamente, o álcool combustível já atende mais da metade do consumo para automóveis leves. Completando, a biomassa da cana produz 3% da eletricidade, com potencial de chegar a 15% da matriz elétrica brasileira até 2015. Dessa maneira, a área sucroalcooleira é, desde 2008, a segunda principal fonte de energia do País, atrás do petróleo e na frente da hidroeletricidade. Contudo, apesar da pujança “Os fundamentos conquistada, a tsunami financeira irrompida em setembro último do segmento são pegou a indústria no contrapé e positivos. Vamos fez imensos estragos. Houve recuo recuperar o crédito no consumo mundial de etanol, o e o capital de giro petróleo caiu de preço, o crédito mais à frente” secou internamente e os fluxos de capital externo estancaram. “A crise veio com o setor já ostentando alto Antonio de Padua Rodrigues, diretorgrau de endividamento. Os bancos técnico da Unica (União da Indústria se retraíram no apoio às nossas de Cana-de-Açúcar), atividades, agravando os efeitos adversos”, relembra Rodrigues.
“É difícil falar em futuro com tantos obstáculos no presente, mas nossa área canavieira vai prosperar no rumo da criação de uma agroindústria da biomassa” Luiz Carlos Corrêa Carvalho, vice-presidente da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) e presidente da Canaplan Consultoria Técnica
panorama do setor
mercado empresarial
Como se sabe, a atividade sucroalcooleira é sazonal, dependendo intensamente de capital de giro para se sustentar. “A fim de fazer caixa, as empresas se viram forçadas a ofertar os produtos no mercado de qualquer maneira, o que ocasionou o rebaixamento dos preços”, aponta Luiz Carlos Corrêa Carvalho. Na verdade, mesmo antes da turbulência financeira, os preços praticados já eram reduzidos, conforme explica Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil). “O segmento crescia em razão apenas dos investimentos, pois a demanda não acompanhava a produção. Depois que a crise explodiu, o dinheiro sumiu de vez no fim de 2008, piorando muito a situação”, relata ele.
Crescimento inercial
“O segmento crescia em razão apenas dos investimentos, pois a demanda não acompanhava a produção. Depois que a crise explodiu, o dinheiro sumiu de vez no fim de 2008, piorando muito a situação” Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil).
Como se apoia em uma cultura de ciclo semiperene, prossegue Perina, a indústria da cana seguiu crescendo apenas por inércia, assegurando os níveis atuais de produção. Por sinal, pondera ele, “a maior safra da história está no chão neste momento. É preciso saber se será possível moer tudo isso”. Em tempos bicudos para o ramo, afirma o presidente da Orplana, os que mais padecem são os plantadores, que comporiam o elo mais frágil da cadeia. “Estamos há três safras sem renda. Diferentemente dos usineiros, distribuidores e postos de venda de etanol, estamos trabalhando sem margens, com alto nível de inadimplência e ameaças de falência”, declara, recordando que o grosso dos cultivadores é formado por pessoas físicas. No entanto, a crise acabaria por golpear duramente numerosas usinas, muitas das quais entraram em processo de recuperação judicial, contribuindo para que o agronegócio como um todo liderasse o ranking dos segmentos econômicos com maior número de empresas que lançaram mão deste recurso legal. Buscando implantar políticas anticíclicas, o governo tentou injetar dinheiro na indústria. Nos quatro primeiros meses de 2009, o BNDES liberou créditos da ordem de R$ 3 bilhões (em todo o ano de 2008, o volume havia somado.R$ 6,5 bilhões). Em dezembro do ano passado, por exemplo, foi lançada uma linha de financiamento para capital de giro via BNDES com juros mais baixos. Em maio último, outra linha, de R$ 2,3 bilhões, foi alocada para financiar álcool em estoque. Os resultados, entretanto, ficaram aquém do esperado. “O maior problema foram as exigências de garantias dos bancos, que não aceitaram mais ativos como terras e moendas, entre outros”, diz Antonio de Padua Rodrigues. A conclusão foi que poucas usinas puderam beneficiar-se dos financiamentos, que se viram represados nas instituições. O fato é que a linha creditícia oficial mais usada hoje, disponível desde junho, é a destinada a toda a agroindústria para formar capital de giro. A crise, inevitavelmente, se propagou por toda a cadeia. Fabricantes de caldeiras, moendas, tubos de destilação, fornos e outros equipamentos, estabelecidos nas regiões de Sertãozinho, Piracicaba, Araçatuba e no Nordeste do País, enfrentaram uma maré de cancelamentos ou adiamentos de pedidos e relataram dificuldade de acesso ao crédito.
Protecionismo reforçado
Para piorar o quadro, as barreiras protecionistas erguidas pelos países ricos – em particular os EUA – em relação aos combustíveis renováveis se robusteceram. A Rodada Doha, de liberalização do co-
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panorama do setor mércio, chegou a um impasse, permanecendo sem solução o contencioso sobre os subsídios agrícolas que os países ricos concedem aos seus produtores, entravando o incremento das importações oriundas de países como o Brasil. É importante observar que, não obstante todos os revezes, como ressalva Rodrigues, a demanda interna não sofreu maiores impactos. A produção manteve o ritmo para atender o crescimento constante da frota de veículos Flex, que por ora bate nos 35% do total, com 90% das vendas atuais sendo de carros dotados desse recurso. O Brasil produz hoje, em números arredondados, cerca de 28 milhões de litros de etanol por ano. Desse montante, conforme a Unica, 85% da produção, aproximadamente 24 bilhões de litros, se volta para o consumo doméstico, distribuindo-se da seguinte forma: 18 bilhões para abastecer os automóveis Flex (75%) e seis bilhões para mistura na gasolina (25%). Seja como for, a janela de oportunidade da hora indubitavelmente se abriu em cima do açúcar. “No momento, vamos crescer mais apoiados neste produto, que oferece maior remuneração e continuará em falta no mundo, do que no etanol, cujas exportações estão em queda”, analisa Rodrigues, que porém prevê uma recuperação nos preços do combustível. Com a produção da Índia caindo praticamente pela metade (de 27 milhões de toneladas na safra 2007/2008, recuou para 14,5 milhões na seguinte), tornando o país um grande importador, os produtores passaram a obter melhor remuneração no mercado global, para o que colaborou, é claro, a desvalorização do real. Os dados mais recentes disponíveis da nossa balança comercial corroboram esta tendência. No primeiro semestre deste ano, as exportações de açúcar subiram 53%, atingindo um recorde histórico e respondendo por 22% do superávit do País. As vendas externas saltaram para US$ 3,18 bilhões nos primeiros seis meses do ano, ante os US$ 2,07 bilhões de igual período do ano passado. Em contraste, a comercialização de etanol no Exterior recuou 25% em volumes. De janeiro a junho deste ano, o País exportou 1,45 bilhão de litros, contra 1,97 bilhão de litros no primeiro semestre do ano passado. Juntos, açúcar e etanol geraram 27% do superávit na balança.
As oportunidades
O
setor sucroenergético tem diante de si um largo horizonte de prosperidade na medida em que o mundo for posicionando os temas da sustentabilidade ambiental e da substituição da matriz energética no centro da agenda. Neste cenário, o Brasil está plenamente credenciado para assumir um papel de relevo ainda maior como fornecedor mundial de biocombustíveis e de biomassa para as mais diversas finalidades. Estamos às vésperas de uma verdadeira transformação na geopolítica da energia, conforme avaliam os especialistas ouvidos por Mercado Empresarial. “A agricultura reassumirá uma função essencial e nós temos vantagens competitivas decisivas, como grande quantidade de terras agricultáveis e abundância de luz solar e de água”, aponta Luiz Carlos (Caio) Corrêa Carvalho, da Abag. A partir do momento em que o etanol figurar como uma commodity internacional, o Brasil deverá posicionar-se como uma efetiva plataforma de exportação do produto. “Todas as condições para isso já estão dadas, bastando que se alcance massa crítica para se dar este salto”, garante Cleber Lima Guarany, coordenador de projetos de biocombustível da FGV. Em termos tecnológicos, o País lidera a pesquisa mundial sobre o etanol de cana, como resultado de iniciativas pioneiras como as encetadas no âmbito do Proalcool (Programa Nacional do Álcool), algumas décadas atrás. Atualmente, de acordo com Fernando Araripe Gonçalves Torres, professor associado do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília, numerosas instituições e entidades concentram o conhecimento sobre o tema no País, tais como o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), a Unicamp (Universidade de Campinas) e a Embrapa Agroenergia, além de empresas privadas.
Novas variedades de cana
Estão em fase adiantada, por exemplo, estudos sobre novas variedades da cana que permitem otimizar a produção sem que seja preciso aumentar a área cultivada. Pesquisam-se também espécies mais resistentes a secas e mais adaptáveis a ambientes novos, como a região do Cerrado. “Os resultados obtidos são rapidamente repassados para os plantadores. Graças a esses avanços, está sendo possível expandir significativamente a fronteira canavieira atual”, destaca ele. Afora isso, acrescenta Luiz Carlos Corrêa Carvalho, as conquistas tecnológicas na área química possibilitam o aproveitamento de toda a biomassa da cana, o que inclui a palha e a fibra. “E começam a emergir os plásticos biodegradáveis, o diesel e o combustível para avião fabricados a partir da cana”, complementa ele. Aliás, os especialistas brasileiros estão tirando proveito da expertise e das competências acumuladas aqui para prestar consultoria internacional sobre biocombustíveis, auxiliando outros países a darem seus primeiros passos neste ramo. A FGV Projetos, por
panorama do setor
mercado empresarial
para o biocombustível brasileiro exemplo, está levando a experiência doméstica a países da América Central e do Caribe, que já cultivam cana para obter açúcar e poderão também passar a produzir etanol. Agora, a instituição se prepara para atuar em nações da África com o mesmo objetivo. No entendimento de Cleber Lima Guarany, coordenador de projetos de biocombustíveis da FGV Projetos, o redesenho da matriz energética está dando aos países pobres uma oportunidade histórica para gerar internamente renda e postos de trabalho. “A produção local atenderá a um mercado que já existe, distribuindo a riqueza e reduzindo o peso do combustível fóssil na balança comercial”, salienta ele.
Abertura gradual do comércio
O protecionismo, lembra o especialista da FGV Projetos, é o maior entrave à transformação do etanol em commodity. Nos Estados Unidos, a administração de Barack Obama já sinalizou oficialmente sua preocupação com a sustentabilidade e com a redução da dependência do petróleo, mudança de atitude que de resto deverá influenciar outros países. “Mas a abertura para importar etanol em grandes quantidades será um processo lento”, prevê Guarany. A frota norte-americana de carros Flex é gigantesca, consumindo quase 60 bilhões de litros de etanol por ano, a quase totalidade gerada com base no milho. Para barrar o ingresso do etanol de cana e proteger os produtores
locais, os EUA aplicam uma tarifa de US$ 0,54 por galão importado. “O nosso álcool é muito mais competitivo e por isso os americanos não podem reduzir rapidamente as tarifas de importação”, assinala Guarany. Na Europa, prossegue o especialista da FGV Projetos, a Suécia saiu na frente na compra do etanol, porém os maiores avanços estão na adoção do biodiesel, com o Brasil despontando como fornecedor. Já na Ásia, existem iniciativas no Japão e na Coréia do Sul, países em que os governos estabeleceram marcos regulatórios para a mistura do biocombustível à gasolina (a chamada opção blend). Por sinal, é exatamente a constituição desses marcos regulatórios o primeiro passo para se abrirem as fronteiras. “A partir da regulação, cria-se um mercado e, a seguir, as barreiras protecionistas tendem a ceder”, conclui Guarany.
“Os resultados obtidos são
“A produção local atende-
rapidamente repassados para
rá a um mercado que já
os plantadores. Graças a esses
existe, distribuindo a riqueza
avanços, está sendo possível
e reduzindo o peso do
expandir significativamente a
combustível fóssil na balança
fronteira canavieira atual”
comercial”
Fernando Araripe Gonçalves Torres, professor associado do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília
Cleber Lima Guarany, coordenador de projetos de biocombustíveis da FGV Projetos
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mercado empresarial
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Concentração de capital é nova tendência
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entrada de várias usinas em recuperação judicial deverá abrir caminho para uma onda de consolidação e concentração de capital no setor canavieiro. Em vez de fundar empreitadas novas, a partir do zero, empresas ou investidores poderão tirar proveito das oportunidades emergentes, promovendo fusões, aquisições ou joint ventures. A previsão é de que esse processo dê margem à formação de grandes grupos nacionais e internacionais que atuarão na economia do etanol. Ao notar que já se esboçam movimentações nesse sentido, Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica, constata que “há empresas em situação muito difícil, ostentando níveis elevados de endividamento, que não vão se recompor e precisam achar sócios ou compradores”. Endossando esta percepção, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, vice-presidente da Abag e presidente da Canaplan, salienta que a formação de big players na agroindústria da biomassa deverá ter forte participação estrangeira. “O Brasil já é visto em todo o planeta como celeiro da agricultura energética, criando perspectivas favoráveis para investir”. Por sua vez, Cleber Lima Guarany, coordenador de projetos de biocombustíveis da FGV Projetos, lembra que os combustíveis formam uma seara restrita a empresas de porte avantajado, que trabalham com grandes volumes. “A escala e a formação de massa crítica, com diluição de custos fixos, são vitais nesse setor”, define ele. Esta tendência concentracionista deverá despontar, antevê Guarany, no momento em que o etanol se transformar em commodity mundial. Assim, aventa ele, além dos empreendimentos canavieiros propriamente ditos, poderão ingressar no novo negócio, com maior ímpeto, as companhias petrolíferas, as ligadas à área energética em geral e as empresas de química fina.
Petrobras fortalece atuação
Desta forma, a própria Petrobras já sinalizou o que vem pela frente ao decidir reforçar sua posição no mercado de combustíveis renováveis, mediante a criação, há cerca de um ano, da unidade Petrobras Biocombustível. Sua estratégia anunciada prevê a atuação sempre em parcerias e na condição de sócia minoritária, podendo até adquirir participações em usinas existentes.
De acordo com o Plano de Negócios 2009-2013 da estatal, estão engatilhados investimentos de US$ 2,4 bilhões na produção de biocombustíveis (80% em etanol e 20% em biodiesel), sendo 91% deste montante aplicado no Brasil. O objetivo é chegar a 2013 respondendo por 25% do biodiesel e 10% do etanol produzidos localmente. Na verdade, a estatal já vinha incursionando por este segmento há tempos, bastando recordar seu papel relevante no Proalcool (Programa Nacional do Álcool), ainda nos tempos do regime militar. Agora, na opinião dos especialistas, a gigante, com a criação da nova unidade, contribuirá para fortalecer o mercado interno e externo no ramo de combustíveis verdes. Entre as vantagens trazidas pela iniciativa da Petrobras, Luiz Carlos Corrêa Carvalho aponta o peso e a confiabilidade da imagem de que ela desfruta em âmbito internacional. “Sua presença dá maior segurança no que se refere à oferta e à entrega de produtos”. No entender da economista Amaryllis Romano, “a empresa conta com alta capacitação financeira para impulsionar negócios, facilitando a compra de participações”. Além disso, acrescenta ela, a Petrobras tem poder de atração para captar recursos sem maiores dificuldades.
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Indústria assina protocolos ambiental e trabalhista
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m um cenário no qual os temas ligados à sustentabilidade e responsabilidade social ganham relevância crescente nas políticas governamentais e empresariais, o segmento sucroenergético está também buscando firmar compromissos no sentido de conter os danos ambientais e introduzir boas práticas nas relações trabalhistas. As empresas do ramo procuram agora contemplar requisitos de governança corporativa, transparência gerencial e profissionalização das atividades, atendendo uma demanda real de acionistas e da sociedade. A diretiva colocada é modificar as práticas e processos tradicionais, conquistar certificações de qualidade e
comprovar inequivocamente a adequação aos novos tempos. Um bom exemplo de concretização desta tendência foi a adesão dos fornecedores da cadeia produtiva do Estado de São Paulo (que responde por mais de 50% da produção nacional) ao Protocolo Ambiental. O acordo, formalizado em junho do ano passado, antecipa os prazos para o fim das queimas nos canaviais e estipula ações de preservação, com vistas ao consumo de água, tratamento de resíduos e embalagens de produtos. A Unica (União da Indústria de Cana-deAçúcar), representando as indústrias de açúcar e álcool do Estado, assinou o documento – até
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mercado empresarial
o primeiro trimestre deste ano, 141 das 170 empresas associadas haviam aderido a ele. Em março último, foi a vez de 13 mil plantadores, representados pela Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), firmarem o compromisso. “Esta iniciativa por ora restringe-se ao Estado de São Paulo, mas deve ser replicada em todo o País”, afirma Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica. “Não é fácil introduzir Segundo dados da maquinário e colher Secretaria Estadual do Meio Ambiente paulista, sem queimar. Precisamos comparando-se as safras ter margens melhores 2006/2007 e 2007/2008, houve uma redução de para poder ir a fundo 110 mil hectares na área na modernização” de queima da palha de cana, o que corresponde a 155 mil campos de futebol. Em 2007/2008, a queima abrangeu 53,4% da safra, contra o índice de 65,8% da anterior. No entanto, Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana, ressalva que esse conjunto de melhorias tem custo elevado. “Não é fácil introduzir maquinário e colher sem queimar. Precisamos ter margens melhores para poder ir a fundo na modernização”, pondera. De qualquer modo, ele prevê que, em sua região, 60% da colheira poderá ser feita sem queima neste ano, contra um índice de 49% em 2008.
Aproveitamento de pastos
Melhorias à parte, persistem os temores na sociedade de que regiões de preservação como a Amazônia sejam utilizadas para o plantio de
cana, o que acarretaria uma devastação ainda maior da flora brasileira. Observando que essa hipótese não tem fundamento, Cleber Lima Guarany, da FGV Projetos, frisa que cerca de 46% das terras agricultáveis no País são ocupadas por pastos, constituindo um espaço disponível tanto para a cana quanto para outras culturas. “Hoje, os canaviais ocupam tão-só 2,2% das terras, contra, por exemplo, 5,8% da soja”, diz ele. Outra frente em que a indústria está procurando promover mudanças é a trabalhista. A juízo de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, vicepresidente da Abag e presidente da Canaplan, o ramo está vivendo uma grande evolução neste terreno. “Estamos corrigindo os desvios, assumindo compromissos com a melhora das condições de produção e de trabalho”, assegura. Como exemplos de providências, ele cita o incremento da mecanização, eliminando as tarefas mais extenuantes e o esforço de qualificação da mão-de-obra. Assim, em junho último o setor oficializou em Brasília a adesão ao programa “Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar”. Trata-se de um acordo de adesão voluntária – mobilizando patrões, trabalhadores e o Governo Federal – pelo qual as 300 unidades empresariais signatárias (mais de 75% do segmento) terão de cumprir um leque de cerca de 30 práticas exemplares, que no todo extrapolam as obrigações legais. Haverá um “certificado de conformidade” a ser conferido às organizações que obedecerem a requisitos como: contratação direta de trabalhadores, sem intermediários; aumento da transparência na aferição e no pagamento do trabalho por produção; introdução de melhores práticas de gestão em saúde, segurança e transporte; divulgação das novas orientações entre os fornecedores de cana; fortalecimento das organizações sindicais e das negociações coletivas. Outra meta é educar, requalificar e contribuir para recolocar os funcionários que vão perder seus empregos em razão do acelerado processo de mecanização. Conforme a Unica, as empresas associadas à entidade já qualificaram, desde 2007, mais de cinco mil trabalhadores afetados pela modernização produtiva no Estado de São Paulo. ME
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opinião
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A Questão da retomada
da Indústria de bens de capital Voltada ao Setor
Sucroalcooleiro Por Flávio Marques Vicari
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Flávio Marques Vicari é Diretor Executivo do Ceise Br; Administrador com Doutorado em Engenharia de Produção pela USP e Professor Universitário
s impactos da crise econômica mundial continuam sendo sentidos pela indústria de bens de capital* - até mesmo na possível retomada do crescimento. Estudos realizados pelo Ceise Br em outubro de 2008, no início da crise, apontam para indicadores devastadores: 28% dos pedidos postergados; 22% dos pedidos cancelados; e 36% de inadimplência. Isto tudo ocorreu em um momento em que a indústria de base estava em forte ritmo de crescimento. Pior, a chegada da crise provocou um colapso no sistema de crédito: enorme acréscimo da demanda por crédito e um recuo considerável do crédito disponibilizado pelo mercado. A quase totalidade dos investimentos internacionais em novas usinas foi abortada, os investimentos nacionais reduzidos drasticamente e a insolvência financeira de muitas usinas desloca o interesse de investidores - que passam a preferir a compra de usinas ativas em detrimento de investimento em projetos greenfield. Há ainda outro agravante. No período de entressafra usinas e destilarias realizaram, em média, serviços de manutenção numa ordem 40% menor. Estas remanufaturaram apenas os equipamentos que poderiam comprometer o funcionamento da fábrica e o restante do
serviço foi abortado – reduzindo assim a eficiência de fabricação de açúcar, etanol e energia em uma média de 2%. Veio o período da safra e a queda foi ainda mais dramática – a queda sazonal foi sentida em proporções maiores. Alguns serviços foram a zero. Nem bem este cenário começou a ser construído e a reação dos empresários ocorreu de forma imediata. Buscaram meios para sobreviver e cumprir compromissos. Realizaram negociações trabalhistas analisando alternativas às demissões – que ainda assim foram significativas; renegociaram contratos com clientes e fornecedores; cortaram custos; suspenderam investimentos; buscaram crédito para capital de giro; enfim, adotaram uma estratégia de sobrevivência. Passado o pior, pode-se dizer que enfim há boas notícias sobre o setor. Estudos realizados pelo Ceise Br apontam que setembro-outubro pode ser o bimestre da retomada. A Fenasucro, coincidentemente realizada em setembro, pode ser simbólica. Entende-se que a retomada será tímida em 2009. Já o ano de 2010 tende a ser um ano bom para o setor. O momento econômico não permite previsões e, portanto, há de se ponderar que não oficializamos a retomada,
mercado empresarial
mas entendemos que ela pode acontecer. Os fundamentos principais são resultantes da conjunção de alguns fatores: os cenários de médio e longo prazo ainda são altamente favoráveis ao setor sucroalcooleiro; as usinas e destilarias estão aos poucos se capitalizando, aumentando a capacidade de pagamento; o crédito, se não voltou com a mesma intensidade de outrora, ao menos consegue fornecer oxigênio para o pulmão financeiro de algumas usinas; o serviço de manutenção não realizado na última entressafra torna-se indispensável para esta entressafra; e investimentos em novas usinas para início de moagem em 2011-2012 devem ser fechados junto à indústria de bens de capital ainda em 2009 ou início de 2010. Entretanto, esta possível retomada não é imediata e esbarra em dificuldades estruturais - principalmente relativas a periféricos, matériaprima e pessoas. Uma indústria que finalizar uma venda de grande porte, por exemplo, tem hoje menor número de trabalhadores, baixo estoque de matéria-prima, e necessita comprar componentes e periféricos que ainda começarão a ser fabricados (em alguns casos, a indústria está inadimplente com o fornecedor). Haverá todo um movimento de destravamento que consumirá certo tempo. Pode-se entender me-
opinião
lhor utilizando a metáfora de uma locomotiva que está parada e com todos os vagões lotados e pesados. O impulso inicial é forte, porém o peso dos vagões faz com que a velocidade inicial seja lenta. Somente após um tempo a locomotiva irá adquirir uma velocidade padrão. Portanto, é preciso desenvolver um planejamento para retomada da indústria de base voltada ao setor sucroalcooleiro. Ações conjuntas e organizadas entre empresas, instituições de apoio e poder público são necessárias para tornar menos traumática e mais veloz a retomada do crescimento do setor. Este plano deve ser apenas um elemento de uma macro estratégia de integração entre os elos da cadeia produtiva do setor de bioenergia. O momento pede este diálogo. Cabe aos líderes do setor esta postura e atitude. Deixo aqui a provocação: como nos ensina Clarice Lispector, “a eternidade é o estado das coisas neste momento”. ME *Trata-se da indústria fabricante de caldeiras, moendas, destilarias, implementos agrícolas e um sem-fim de máquinas, equipamentos e periféricos que compõem este complexo industrial responsável em grande parte pela tão aclamada evolução tecnológica que coloca o país hoje no topo do mundo no setor. Exemplo disto é a Fenasucro, feira realizada pelo Ceise Br - hoje a maior feira do mundo no setor.
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FENASUCRO & AGROCANA a grande referência mundial do setor sucroalcooleiro
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contece de 1 a 4 de setembro de 2009, no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho, no Interior de São Paulo, aquele que é considerado o maior encontro mundial do setor sucroalcooleiro: a Fenasucro & Agrocana (XVII Fenasucro - Feira Internacional da Indústria Sucroalcooleira e VII Agrocana - Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura da Cana-de-açúcar). Em um momento de expansão do setor sucroalcooleiro brasileiro, a Fenasucro & Agrocana são a grande referência em tecnologia e intercâmbio comercial para as usinas brasileiras e profissionais que atuam na área em 40 diferentes países. Organizado em um formato focado em negócios, o mega evento reunirá cerca de 450 expositores (principais fabricantes de equipamentos, produtos e serviços para a agroindústria da cana) e prevê um público de 30.000 visitantes técnicos e qualificados. Com expositores realmente focados no segmento sucroalcooleiro, a Fenasucro & Agrocana oferecem aos visitantes O maior evento a oportunidade de explorar toda a cadeia de produção como o prepatecnológico mundial ro do solo, plantio, tratos culturais, de açúcar e álcool colheita, industrialização e aproveiprevê cerca de 30 tamento dos derivados da cana-demil visitantes técnicos açúcar. E reúnem ainda, eventos e qualificados. simultâneos de grande interesse para esta cadeia econômica. O encontro oferece, ainda, eventos paralelos: XI Fórum Internacional sobre o futuro do Álcool, IX Brasil Cana Show e o XIII Simpósio Agroindustrial Internacional da STAB. A Fenasucro acontece desde 1993, quando o CEISE-BR - Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético Sindicato Rural de Sertãozinho e o CIESP - Centro
das Indústrias do Estado de São Paulo, convidaram a Multiplus Produções e Empreendimentos Ltda. para realizarem juntos uma feira de fornecedores de equipamentos e serviços para Usinas e Destilarias de açúcar e álcool de todo país. O objetivo era fazer um evento técnico e comercial capaz de reunir num único lugar, em um curto espaço de tempo, os profissionais do setor, apresentar as últimas novidades e "alavancar" futuros negócios.
Novos eventos simultâneos
Além dos já tradicionais eventos paralelos à feira, a comissão organizadora implantou para esse ano o Encomsucro - Encontro Nacional dos Profissionais de Compras do Setor Sucroenergético, a Rodada Internacional de Negócios APLA/APEX, o Programa Especial Agrocana e a reestruturação do Fórum Fenasucro&Agrocana, evento oficial de abertura das Feiras. Fórum - O XI Fórum Internacional Fenasucro&Agrocana recebeu este ano um novo formato. O evento foi no Clube Vale do Sol, em Sertãozinho no dia 31 de agosto e teve três plenárias: Mercado, Tecnologia e Perspectivas para o Setor. Entre os palestrantes estavam Roberto Rodrigues, José Luiz Olivério (da Dedini) e Marcos Jank, presidente da UNICA. "O mais significativo no Fórum, além da discussão do futuro do etanol, é o apoio de entidades nacionais do setor sucroenergético, tendo o evento como oficial de abertura no calendário da Fenasucro&Agrocana e ratificando a sua importância para toda a cadeia produtiva de açúcar e etanol", afirma o diretor da Multiplus Eventos, Fernando Seixas Barbosa. Encomsucro - O Encomsucro - Encontro Nacional dos Profissionais de Compras do Setor Sucroenergético, nos dias 2 e 3 de setembro, é um programa que vai levar até à Fenasucro de 30 a 50 compradores de usinas de todo o Brasil para reuniões de negócios que serão pré-agendadas com os expositores da Feira. Os compradores participarão ainda de seminários téc-
mercado empresarial
nicos e um jantar de confraternização. O objetivo é promover contatos comerciais e negócios entre os dois lados. Rodada Internacional de Negócios APLA /APEX - Com promoção do APLA - Arranjo Produtivo Local do Álcool e apoio da APEX Brasil - Agência de Promoção de Exportações e Investimentos, do Governo Federal, a Rodada Internacional de Negócios vai trazer 17 compradores de usinas do exterior para, em média, 400 reuniões com 35 empresas nacionais do setor sucroalcooleiro filiadas ao Projeto APLA /APEX. A Rodada Internacional acontece de 1 a 4 de setembro no pavilhão 1 da Fenasucro em um estande especialmente projetado. Programa Especial Agrocana - O Programa Especial Agrocana foi desenvolvido para que os expositores da área agrícola convidem seus clientes em horários alternativos, com opção de um auditório que será montado especialmente para esta ocasião no espaço da Feira, para a realização de palestras. Além disso, as empresas expositoras poderão fazer reuniões especiais, oferecer almoço ou café-da-manhã para seus convidados em seus próprios estandes, aproveitando o período da Fenasucro&Agrocana para aproximar o público qualificado presente na região à empresa. Outros eventos simultâneos - A programação completa inclui também o BrasilCana Show, programa de visitas e palestras para técnicos do setor sucroalcooleiro que está na sua nona edição e acontece de 31 de agosto a 3 de setembro; a palestra do Gegis - Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro no dia 3 de setembro; o Prêmio MasterCana - promovido pelo JornalCana na noite do dia 31 de agosto; e visita dos participantes do Ethanol Week, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pelo Ministério das Relações Exteriores e pela UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos, que traz para o Brasil uma comitiva de cerca de 100 representantes de alto escalão de 30 países para conhecer a experiência brasileira na produção de etanol.
evento tários “Etanol – a energia do Brasil” e “Terra de Engenho”, produzidos pela EPTV, filiada da Rede Globo. As produções retratam aspectos históricos, tecnológicos e ambientais a respeito da produção do etanol.
Sertãozinho, a capital regional da cana-deaçúcar
A Fenasucro & Agrocana são realizadas em uma região plenamente voltada para o setor sucroalcooleiro. Sertãozinho e as cidades ao seu redor, que compreendem a região de Ribeirão Preto, são conhecidas pelo seu forte potencial econômico ligado à cultura da cana-de-açúcar. No total, são 50 usinas de açúcar e álcool. Um mercado aquecido para o setor de máquinas e equipamentos de atualização para as indústrias e plantio de cana. ME
Fenasucro 2008 - Vista parcial
A evolução do etanol
A evolução da produção do etanol no Brasil será exposta em fotos, vídeo e texto para todos os visitantes da edição 2009 da Fenasucro & Agrocana. De forma atrativa e informativa, imagens de impacto, dados relevantes e reportagens que marcaram o setor poderão ser vistas em um espaço especial criado para os quatro dias das Feiras. A exposição denominada Linha do Tempo do Etanol conta a evolução, história e pontos marcantes da trajetória do combustível no Brasil por meio de informações, imagens e monitores de TVs que compõem uma linha do tempo de 18 metros de comprimento. A organização e a produção são do jornalista Gustavo Junqueira Jr. e da Matriz Produções. A Multiplus Eventos também apresenta uma coletânea das fotos do livro ”Imagens do Etanol Brasileiro”, do fotógrafo Tadeu Fessel. O visitante conhecerá algumas das imagens publicadas no livro, editado e distribuído pela UNICA em 2008. O fotógrafo Fessel percorreu diversas usinas brasileiras para captar flagrantes da produção do etanol, desde o campo até a indústria. Uma espécie de túnel, com quatro salas de exibição, será especialmente projetado para apresentar trechos dos documen-
A realização da Fenasucro & Agrocana é do CEISE-BR - Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético e Sindicato Rural de Sertãozinho, com apoio da SICREDI - Cooperativa de Crédito e ABIMAQ - Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos no que diz respeito à Fenasucro; e CANAOESTE – Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, COPERCANA – Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, COCRED - Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana de Sertãozinho e UNESP– Jaboticabal, no que se refere à Agrocana. Apoiam ainda o mega evento a Prefeitura Municipal de Sertãozinho, a UNICA - União da Agroindústria Canavieira de São Paulo e o SEBRAE-SP - Serviços de Apoio às Micros e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo. A coordenação técnica é da STAB - Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil e a promoção e Comercialização da Multiplus Produções e Empreendimentos.
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economia
Empresariado está mais confiante, segundo CNI
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ela primeira vez em 2009 o empresário anterior, um terço dos setores teve índice acima da indústria brasileira está confiante, de dos 50 pontos. acordo com o Índice de Confiança do A maior confiança foi registrada entre os Empresário Industrial (ICEI), pesquisa trimes- empresários do setor de outros equipamentos tral realizada pela Confederação Nacional da de transporte, com 63,5 pontos. Foi seguido Indústria (CNI). O ICEI teve uma recuperação do setor de equipamentos hospitalares e de de 8,8 pontos nesta edição na comparação com precisão, com 62,8 pontos, e de limpeza e pera pesquisa anterior, de abril, tendo subido de fumaria, com 62,2 pontos. Os que registraram 49,4 pontos para 58,2 pontos. No mesmo mês os menores indicadores de confiança foram os de 2008, o indicador fora de 58,1 pontos. Pela de couro (44 pontos), madeira (47,4 pontos) e metodologia da pesquisa, valores abaixo de 50 papel e celulose (51,9 pontos). pontos indicam falta de confiança e valores Expectativas acima denotam confiança. A expectativa dos empresários com relação Segundo a avaliação feita pela CNI sobre os resultados da pesquisa, “o crescimento do ICEI aos próximos seis meses também melhorou, em julho corrobora a reversão das expecta- de acordo com o ICEI calculado pela CNI. Esse indicador ficou em 63,6 tivas negativas e anuncia a pontos em julho, ante 61,6 recuperação da atividade Dos 27 setores pontos no mesmo mês de industrial”. Para a CNI, industriais, 25 apre2008 e 57,6 pontos em abril. com a confiança maior A expectativa do empresário os empresários devesentaram aumento em relação à economia brasirão retomar investida confiança do leira saiu de 52,3 pontos em mentos e aumentar a empresário abril para 60,6 pontos na atual produção. edição. Em relação à própria A pesquisa divulempresa, a expectativa para gada em 20/07 último pela CNI foi realizada com 1.513 os próximos seis meses é ainda maior, tendo empresas (891 pequenas, 415 médias e saído de 60 pontos em abril para 65,1 pontos 207 grandes), entre os dias 30 de junho em julho. Quando questionado sobre as condições e 17 de julho. O indicador cresceu em julho entre os atuais, o empresário ainda se mostrou desempresários dos três portes de empresas. Nas confiado, mas menos pessimista do que na grandes empresas, o índice passou de 51,8 pesquisa anterior. Esse indicador saiu de 33,2 pontos em abril para 59,4 pontos em julho. No pontos, ou seja, muito negativo, para 47,2 mesmo período do ano passado, o número era pontos, ainda negativo mas próximo da linha de 59,9 pontos. Entre as médias, cresceu de dos 50 pontos. Em relação às condições atuais da economia 48,8 pontos em abril para 58,5 pontos. Entre as pequenas, saiu de 46,8 pontos na pesquisa brasileira, o indicador saiu de 27 pontos em abril para 45,7 pontos em julho. No mesmo período anterior para 56,2 pontos. A recuperação da confiança também de 2008, era de 47,1 pontos. Em relação às confoi disseminada entre os setores de ati- dições atuais da própria empresa, o indicador vidades pesquisados. Dos 27 setores in- saiu de 36,1 pontos em abri para 48 pontos na dustriais, 25 apresentaram aumento da pesquisa atual (em julho do ano passado, era de confiança do empresário. Na pesquisa 53,2 pontos). ME
mercado empresarial
economia
Apesar de crise, exportações do Brasil à China aumentam 65%
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ontrariando as expectativas pessimistas em meio à crise “As exportações brasileiras estão se saindo muito bem econômica mundial, as exportações brasileiras à China neste ano. Isso reflete principalmente o sucesso do pacote cresceram 64,7% no primeiro quadrimestre de 2009 de estímulos da China para promover demanda doméstica, em relação ao mesmo período do ano passado. Em janeiro, embora tenha havido também aumento de inventário, o que um levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China deverá terminar em breve”, disse Arthur Kroeber, diretor da (CEBC) havia projetado perdas de mais de US$ 1,5 bilhão Dragonomics, consultoria de economia baseada na capital somente nas vendas de minério de ferro, soja e petróleo, mas chinesa. a estimativa negativa não chegou a se concretizar. Correspondendo a cerca de 77% da pauta exportadora, Soja esses três produtos surpreenderam o mercado apresentando De acordo com Sérgio Mendes, diretor geral da Associacrescimento acelerado nas exportações entre janeiro e abril. ção Nacional dos Exportadores de Cereais, ANEC, as vendas Nos primeiros quatro meses de 2009, o volume das de soja à China e a quebra da safra argentina tem mantido vendas de soja em grão aumentou 70,1%, o preço da commodity elevado. “Se você e do minério de ferro 51,3% em relação ao pegar o preço médio da tonelada de hoje mesmo período de 2008, segundo números Vendas de soja, minée comparar com recordes do passado, vai do Ministério da Indústria, Desenvolvimento ver que ele só foi superado pelo valor de rio de ferro e petróleo e Comércio, compilados pelo CEBC. Mas o 2008, mas 2008 foi excepcional pois se de ferro dispararam no dado mais impressionante é o das vendas de tratava de especulação”, disse Mendes à primeiro quadrimestre petróleo e derivados, que subiram 251%. BBC Brasil. “Nós erramos feio na projeção”, disse A principal razão para as exportações do ano. Rodrigo Maciel, secretário-executivo do de soja terem aumentado em termos de Conselho Empresarial Brasil-China. “O covolume é o fato de a China estar elevando mércio destes três produtos está crescendo muito forte, mas os estoques estratégicos, afirmou Mendes. “Eles estão exos fatores responsáveis por isso são variados”, explicou. pandindo as reservas nacionais para mais de seis milhões de toneladas e estão comprando da gente”, disse. Pacote de estímulos De janeiro a abril a China importou 4,2 milhões de toMaciel afirmou que boa parte do impulso no comércio de neladas de soja do Brasil. Na mesma época do ano passado maneira geral - e nas vendas de minério de ferro em particular o consumo não tinha passado de 2,5 milhões de toneladas, - se deve ao plano de estímulos lançado pelo governo chinês uma elevação de 70,1%. para combater a crise. A iniciativa de mais de US$ 585 bilhões anunciada em novembro inclui forte investimento em obras de Petróleo infra-estrutura e construção civil para a geração de empregos. A China tem comprado cada vez mais petróleo do Brasil. “É “Cerca de 70% dos gastos previstos no pacote estão re- que Pequim está buscando formas de diversificar, uma vez que lacionados à infra-estrutura e isso demanda minério de ferro dependente muito do Oriente Médio”, disse Qu Hongbin. do Brasil”, disse à BBC Qu Hongbin, economista chefe “Com suas gigantescas novas reservas de petróleo, o para China do banco HSBC em Hong Kong. Segundo ele, Brasil irá provavelmente se tornar um grande exportador as exportações de commodities vão continuar aquecidas, de petróleo e gás e a China será um de seus mercados natupois a implementação do pacote está em “estágio inicial” rais”, disse Renato Amorim, sócio da consultoria Carnegie e mais adiante haverá “mais investimento na China”, o que Hill e ex-chefe do setor comercial da embaixada brasileira manterá a demanda alta. em Pequim. ME
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Orgânicos desafiam a crise econômica
E Exportações brasileiras de orgânicos continuam em um processo de diversificação e ampliação de produtos.
m franca expansão nos últimos anos, e ainda aquecidas apesar da desaceleração da economia global a partir de setembro de 2008, as exportações brasileiras de orgânicos continuam em um processo de diversificação e ampliação de produtos, empresas e destinos que tende a fortalecer a presença do país nesse mercado no médio e longo prazos – segundo o jornal Valor Econômico. Levantamento do projeto Organics Brasil, ligado à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), mostra que, em 2008, os embarques renderam pelo menos US$ 58,4 milhões, ante US$ 21 milhões em 2007. “Pelo menos” porque os números incluem apenas empresas que participam do projeto, e esse número também é crescente. Para se ter uma ideia, em setembro de 2008 participavam do Organics Brasil 63 empresas de diversos portes; hoje são 74, de 13 Estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio, Minas, Mato Grosso, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Amapá, Pará e Amazonas), que exportam mais de 50 produtos para 78 países, principalmente os europeus. Segundo Ming Liu, gestor do projeto iniciado em 2005, açúcar, mel, grãos e frutas
representam cerca de 90% dos embarques, mas o rol também inclui castanhas, azeites, chás, cosméticos e têxteis. Conforme ele, ainda não há dados fechados sobre os embarques no primeiro semestre, mas as feiras internacionais que o Organics Brasil participou no período mostraram que o apetite dos importadores continua grande. “O mercado de orgânicos sentiu pouco os efeitos da crise. Vimos que investimentos direcionados à aquisição de bens e lazer recuaram, mas que os gastos com alimentação permaneceram firmes. As refeições fora do lar diminuíram, mas em casa, não, e parte dessa ‘economia’ manteve o consumo de orgânicos em alta”, disse Liu ao jornal Valor Econômico. Segundo o gestor, o projeto se fez representar, no primeiro semestre, em feiras na Alemanha, Estados Unidos (Califórnia e Chicago) e Montreal. Esta última mereceu destaque especial de Liu por ter sido a primeira com a presença brasileira no Canadá. “Foram resultados acima das expectativas”. Neste segundo semestre, o Organics Brasil participa da Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, em São Paulo, e em eventos nos EUA, Japão e Alemanha. O convênio com a Apex-Brasil é bienal e está em fase de renovação. A expectativa é que os embarques continuem aumentando, a um ritmo de 20% a 30% ao ano, já que a base de comparação atualmente é maior. “Lá fora a demanda cresce; agora temos que fazer o trem chegar com a mesma velocidade ao mercado interno”, afirmou Liu. Nesse sentido, ele acredita que a entrada em vigor da nova regulamentação do segmento no país, em 2010, com certificado obrigatório e outras exigências de padronização, será um impulso para a ampliação do número de consumidores no país. Conforme o governo, os orgânicos movimentam R$ 500 milhões por ano e envolvem 15 mil produtores no Brasil, com uma área de cultivo da ordem de 800 mil hectares - excluindo o extrativismo, que eleva a estimativa para 5 milhões de hectares. ME
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gestão
Crise um furacão ou apenas um vento forte
*Fábio Bartolozzi Astrauskas *Rogério Silveira Monteiro
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s empresas, em tempo de crise, passam por reestruturações e mudanças, muitas vezes, drásticas. Nesse cenário, há também um impulso rápido e errôneo: o de que “esconder” a verdade pode ser melhor para todos. É como se o não falar da crise fizesse com que ela sumisse ou diminuísse. Ledo engano. É nesse momento crucial que a empresa precisa agir com a maior transparência possível. Transparência com os fornecedores, clientes, empregados, acionistas e, em especial, com os consultores, que precisam saber da real situação da empresa para estudarem e indicarem a melhor opção. “É importante deixar Espera-se que a solução mais claro que não se apropriada para empresa no seu contexto específico seja sustendeve mostrar apetada pelo conhecimento geral de nas o problema, todos os envolvidos nesse promas as alternativas cesso. Nossa experiência mostra para solucioná-lo.” que, dessa forma, você consegue uma participação maior. Quando você mostra que a empresa está realmente em crise, e que não vai sair dessa situação negociando individualmente, consegue fazer com que as pessoas fiquem dispostas a colaborar. É importante deixar claro que não se deve mostrar apenas o problema, mas as alternativas para solucioná-lo. Deve-se elaborar um plano
de ação e colocar patamares de negociação que estabeleçam balizadores de possibilidade de negociação, de acordo com a característica de cada um. Se você não fixa condições e não mostra o projeto, torna-se muito difícil levar essa situação sem ter conflitos muito grandes ao longo de todo o processo e sem deixar o sentimento de insegurança aflorar de forma intensa. Quando se estabelece as regras logo no início, a empresa se posiciona e a chance de conflito é menor. São os conflitos que podem acabar com o “sonho de tranquilidade” nessa fase. Cada público busca o melhor para si. Nessa busca, cabe aos condutores e aos próprios interessados encontrarem uma solução que seja ótima para o grupo, mesmo que cada um deva abrir mão de alguma coisa. Para fechar esse panorama, a empresa precisa pensar na possibilidade de uma recuperação judicial, o que poderá garantir que ela esteja protegida, durante algum tempo, dos principais motivos de pressão, que são as ações, os pedidos de falência, entre outros. E é assim, com transparência, administração de conflitos e recuperação judicial, que a empresa vai ganhar fôlego e energia para seguir em frente e passar pela crise com uma certa “estabilidade”. Sim, porque mesmo em tempos difíceis, é possível sair de uma situação de desespero para uma situação de aprendizagem e organização. Anos de estudo e consultoria nos fizeram ver que a crise pode virar um furacão ou apenas um vento forte que, apesar da força, não abala as estruturas do que foi planejado sob bases sólidas e sustentáveis. ME
*Fábio Bartolozzi Astrauskas é sócio da consultoria Siegen, professor universitário e membro do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
*Rogério Silveira Monteiro, sócio da consultoria Siegen, foi professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie entre 2006 e 2008 e é membro pesquisador do Núcleo de Gestão Baseada em Valores (Mack Gval) desta universidade.
mercado empresarial
meio ambiente
Menos papel, mais economia e maior preservação das florestas
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lgumas empresas já perceberam que a redução de custos pode começar com a economia do papel. Descobriram também que economizam nos gastos e lucram ao ajudar na preservação das florestas. Essas empresas têm em comum o uso de uma política de soluções e programas de gerenciamento que ajudam a controlar o volume de impressões e cópias. A economia pode alcançar mais de 30%, dependendo da estratégia adotada. Para José Carlos Machado, diretor da Gomaq, empresa que desenvolve as soluções nas áreas de impressão, os programas permitem controlar recursos e saber exatamente quem imprimiu, o que e quando. Para ele, identificar os que mais imprimem já é um começo para evitar o desperdício. Outra maneira de economizar, segundo Leonardo Kernkraut, diretor da área de serviços da Gomaq, é adotar o outsourcing, serviço em que a empresa terceiriza a gestão dos equipamentos, suprimentos e manutenção com empresas especializadas. “A economia com a implantação de um projeto de reengenharia de impressão normalmente é de 20%, podendo chegar até 30% sobre o custo real de página impressa”, explica Kernkraut. O BICBanco (Banco Industrial e Comercial) queria centralizar os serviços, reduzir custos e ainda agilizar processos Gomaq - Há mais de 40 anos no mercado, a Gomaq é uma empresa de tecnologia que atua como revenda de valor agregado (VAR) e distribuidora de serviços, produtos, suprimentos de informática, além de revenda de mobiliários. A companhia atua em parceria com os principais fabricantes de equipamentos e suprimentos, o que garante qualidade e flexibilidade na hora de criar soluções para as empresas, além de uma assistência técnica eficiente. Dentre as marcas comercializadas pela Gomaq estão: Brother, Lexmark, Riso e Sharp.
do seu parque de impressão com cerca de 50 impressoras nas agências e 400 mil páginas/mês. “Conseguimos obter de uma única empresa os serviços desejados, tendo assim, um único controle, uma única cobrança e um tempo de atendimento pequeno para a solução dos problemas técnicos”, conta Carlos Eduardo Bazílio, analista de compras do BICBanco. A Nutrin também teve uma experiência positiva com a implantação do serviço de outsourcing de impressão e diminuiu o número de cópias de 50 mil para 34 mil por mês. “Instalamos o outsourcing e tivemos uma média de 35% de economia, entre redução de impressões, cópias, e papel. Isso se revela positivo para a empresa e para o planeta. Estamos felizes em fazer a nossa parte também no cuidado com a Terra”, comemora Odair Alves de Arruda Junior, gerente de tecnologia da informação da Nutrin. Com o objetivo de reduzir custos, modernizar seus equipamentos e ainda facilitar a logística de suprimentos, a ACNielsen, empresa líder global em pesquisa de mercado, informações e ferramentas de análise, entrou para o time de empresas que resolveram economizar e ainda dar uma força para o planeta. De acordo com informações da própria empresa, o parque atual é quase 50% menor do que o anterior. O número de páginas impressas reduziu de 800 mil para 500 mil por mês e a economia real que a empresa obteve chegou a 45% nos escritórios regionais. Quem também adotou os serviços e reduziu em 19,5% o consumo de papel em comparação com o mesmo período do ano anterior foi a Redecard. Dados da empresa revelam que a empresa alcançou o resultado positivo em apenas sete meses. ME
Economia pode chegar a mais de 30% por mês. Uma ajuda nos balanços da empresa e na preservação das florestas.
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meio ambiente
China
emerge como incubadora de energia limpa
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crescimento sem precedentes da China em anos recentes veio com um preço: dois terços de seus rios e lagos estão poluídos demais para uso industrial, que dirá para atividades agrícolas ou uso como água potável. Apenas 1 em 100 dos quase 600 milhões de habitantes chineses urbanos respira ar que seria considerado seguro na Europa. Num momento em que a terra cultivável é escassa, a água de enchentes envenenada arruinou muitos campos produtivos. E, no ano passado, antes do que previa a maioria das estimativas, a China passou à frente dos EUA ao tornar-se a maior fonte mundial de gases causadores do efeito estufa. A imensidão desses problemas produziu um resultado que pode surpreender muita gente fora da China: o país emergiu como um incubador de tecnologias de energia limpa, colocando-se na vanguarda em diversos setores. A China é hoje o maior produtor de painéis solares fotovoltáicos, graças a indústrias nacionais como a Suntech Power. O país é o segundo maior mercado mundial para turbinas eólicas, aproximando-se rapidamente dos EUA. No setor automobilístico, a chinesa BYD Auto saltou à frente de gigantes mundiais, tendo lançado o primeiro híbrido produzido em massa que se conecta a uma tomada elétrica. “A China abraça inovações muito rapidamente”, disse Alex Westlake, diretor do grupo de investimentos ClearWorld Now, em recente conferência em Pequim. Compreendendo que estão em uma competição mundial, os líderes chineses estão dando apoio a empresas verdes mediante políticas e incentivos. Pequim recentemente elevou os padrões chineses de quilometragem para consumo de combustível para um nível que os EUA não deverão atingir antes de 2020. O governo também diz que, em torno de 2020, terá aumentado a participação de eletricidade gerada de fontes renováveis no país dos 16% atuais para 23%, um patamar equivalente a metas similares na Europa. Os EUA não têm meta nacional equivalente. Embora a maioria dos ambientalistas aplauda essas iniciativas, quem acompanha a evolução chinesa manifesta dois tipos de preo-
meio ambiente
mercado empresarial
cupações bastante distintos. Alguns questionam se a China realmente permanecerá fiel a suas ambiciosas metas e estão preocupados diante dos sinais de retrocesso, à medida que a recessão nos principais mercados importadores da China freia o crescimento econômico. Outro grupo, interessado predominantemente no próprio futuro industrial americano, teme que a crescente predominância chinesa em determinadas tecnologias verdes prejudicará os incipientes setores de tecnologia limpa nos EUA. Afinal de contas, a ascensão chinesa acontece exatamente no momento em que o governo de Barack Obama está tentando incubar exatamente esses tipos de iniciativas, esperando gerar milhões de empregos verdes. Muitas dessas empresas americanas terão dificuldades para se impor contra produtos baratos de concorrentes na China.
Padrões rigorosos e mais verdes
As intenções verdes de Pequim logo serão colocados à prova. A China está em meio ao maior boom de construção civil na história. Um estudo da McKinsey estima que mais de 350 milhões de pessoas - mais do que a população americana terão migrado do campo para cidades até 2025. Cinco milhões de edifícios serão construídos, entre eles 50 mil arranha-céus - o equivalente a 10 cidades como Nova York. E tão logo se multipliquem os novos escritórios e moradias, neles serão instalados computadores, TVs, aparelhos de ar-condicionado etc - todos famintos por energia, o que elevará substancialmente a demanda por eletricidade, que provém fundamentalmente de usinas de eletricidade a carvão. Grupos ambientalistas dizem que é, portanto, crucial que Pequim promova padrões rigorosos e mais verdes. E, em certa medida, isso está acontecendo. Uma determinação governamental declara que, até o fim do ano próximo, cada unidade de produto econômico deverá utilizar 20% menos energia e 30% menos água do que em 2005. Parte do pacote de US$ 587 bilhões de estímulo econômico está reservada para incentivas tecnologias limpas. Além disso, em março último o Ministério das Finanças anunciou incentivos específicos para fomentar uma demanda por energia solar pelas construtoras chinesas. Foi incluído um subsídio de US$ 3 por watt de capacidade de geração elétrica de fonte solar instalada em 2009 - suficiente para cobrir até 60% dos custos estimados para instalar uma série de painéis solares no topo dos edifícios. Passos como esses ajudarão o Himin Solar Energy Group, em Dezhou, província de Shandong. Fundada em 1995 por Huang Ming,
um engenheiro especializado em equipamentos petrolíferos que se converteu em ativista numa cruzada contra o uso de combustíveis fósseis, a companhia é a maior produtora mundial de sistemas de painéis em topos de edifícios, que usam os raios solares para aquecer água. A Sun-Moon Mansion, sede do grupo, é visualmente atraente, e exibe esses aquecedores, que a Himin produz em quantidades imensas - cerca de 2 milhões de metros quadrados por ano, equivalente ao dobro da venda anual desses sistemas nos EUA. Como seus aquecedores de água são baratos, vendidos por até US$ 220, estão se tornando equipamento padrão em novos complexos habitacionais e em muitos edifícios comerciais em todo o país. A Broad Air Conditioning, com sede em Changsha, província de Hunan, também deverá lucrar à medida que Pequim pressiona pelo cumprimento de suas metas verdes. Ao usar gás natural e reaproveitar o desperdício de calor de outras máquinas e aparelhos, em vez de eletricidade, os grandes resfriadores da Broad são capazes de produzir entre O governo também duas a três vezes mais resfriamento diz que, em torno de por unidade de energia do que uma 2020, terá aumentado unidade convencional. Na mesma linha de atuação, a Haier, em Qingdao, a participação de eleprovíncia de Shandong, combina tricidade gerada de produção barata e uma diversidade fontes renováveis no de tecnologias avançadas para criar país dos 16% atuais geladeiras e outros aparelhos doméspara 23%, ticos baratos e de baixo consumo energético. Durante os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, a Haier disponibilizou mais de 60 mil desses aparelhos para atletas e turistas estrangeiros.
Melhores práticas
Ao se defrontar com obstáculos tecnológicos, tanto essa companhia como outras atuantes no mercado interno podem aproveitar a experiência de muitas das maiores multinacionais do mundo. Em troca de acesso a seu mercado doméstico, Pequim pede a companhias como a General Electric, DuPont, 3M e Siemens que compartilhem sua tecnologia, ajudem a modernizar suas cadeias de suprimento na China e disseminem processos industriais para torná-los mais eficientes. Essas não são simplesmente práticas verdes, diz Changhua Wu, diretor do Climate Group, uma consultoria de Londres que firma parcerias com empresas para combater as mudanças climáticas. “Eles implementam as melhores práticas.” A GE, por exemplo, transferiu competência técnica a parceiros chineses em muitas áreas, da construção de turbinas eólicas à construção de
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meio ambiente fábricas pouco poluentes. Na usina de eletricidade de Taiyanggong, em Pequim, a emissão de calor no processo de combustão é reciclada, disso resultando uma eficiência em torno de 80%, mais que o dobro do percentual obtido na maioria das usinas de eletricidade convencionais nos EUA. David G. A China limpa sua Victor, professor da Universidade Stanford que estudou a rede própria poluição, e as de eletricidade chinesa, diz que iniciativas com apoio algumas das usina a carvão em governamental em construção no país são “muito energia solar e eólica mais avançadas do que as que ajudam a baixar o custo vemos nos EUA”. A Wal-Mart Stores, que comde sistemas de energia pra anualmente, de cerca de 20 renovável para países mil fornecedores na China, o de todo o mundo. equivalente a US$ 9 bilhões em mercadorias, busca difundir em sua cadeia de suprimento as mais recentes ideias sobre eficiência energética. Por exemplo, fábricas chinesas que trabalham com a Wal-Mart são obrigados a monitorar vastas quantidades de dados sobre a utilização de energia e tornar as informações disponíveis para auditagem. “Muitas empresas ocidentais não conseguem monitorar o seu próprio consumo energético”, diz Andrew Winston, consultor e coautor do livro “Green to Gold” (Do verde para o ouro).
Benefícios e desvantagens
As conquistas pioneiras chinesas em tecnologias limpas muito devem a colaborações como essas. Os benefícios: a China limpa sua própria poluição, e as iniciativas com apoio governamental em energia solar e eólica ajudam a baixar o custo de sistemas de energia renovável para países de todo o mundo. Mas há uma desvantagem. Os baixíssimos preços de tecnologia verde “made in China” poderão inviabilizar iniciativas de tecnologias limpas concorrentes nos EUA, Europa ou Japão. Como, por exemplo, outros poderão enfrentar produtoras de painéis solares convencionais como a Suntech Power, com sede em Wuxi, província de Jiangsu, que tem custos mais baixos? Os EUA alardeiam muita tecnologia avançada. Mas quaisquer iniciativas de Wa-shington com o objetivo de incubar esse setor poderão ser rapidamente inviabilizadas por uma enxurrada de painéis solares “made in China”. Tal dilúvio é provável, se houver um grande aumento nos subsídios governamentais a sistema de painéis solares para o topo de edifícios. “O que resultaria disso é a criação de 10 mil empregos chineses”,
diz Roger G. Little, executivo-chefe da Spire Corp, importante fabricante americano de equipamentos para produção de componentes fotovoltaicos. “Se importarmos todos os módulos solares, isso liquidará a indústria americana” nessa área. Um cenário semelhante existe na muito alardeada área de veículos elétricos. A BYD, com sede em Shenzhen, começou a vender seu primeiro híbrido plug-in, o F3DM, ano passado. A companhia ultrapassou a Toyota e a General Motors, duas empresas que estão desenvolvendo esse tipo de “plug-ins”, e chegou ao mercado a um preço que estas provavelmente não conseguem igualar: apenas US$ 22 mil. Henry Li, gerente geral da BYD, diz que a companhia produzirá uma versão do carro nos EUA em 2011. A reação da GM a esse carro é o Volt, que deverá custar aproximadamente o dobro e não estará à venda até o ano que vem. Como foi que a BYD realizou esse feito? Parte disso está justamente no fato de ser uma novata no setor automobilístico. Os automóveis atuais, com seus avançados motores a combustão, são os mais complexos aparelhos produzidos em massa jamais construídos, montados a partir de milhares de componentes usinados com elevada precisão e supridos por uma rede de fornecedores. É difícil para uma recém-formada companhia chinesa competir num campo de jogo tão sofisticado. Mas o surgimento de uma nova categoria de veículos verdes abre o caminho. A BYD conseguiu se impor potencializando sua experiência como fabricante de baterias. Quando se deparou com dificuldades técnicas, a empresa pode aproveitar um grande contingente de talentos baratos e bem-formados nas melhores faculdades de engenharia chinesas. A BYD é também líder em veículos puramente elétricos - o próximo passo lógico na evolução.
Subsídio ao carro elétrico
O governo já está dando um empurrãozinho à BYD. Está subsidiando pesadamente as vendas de carros elétricos em cerca de uma dúzia de cidades, tornando a China o maior mercado do mundo para esses veículos avançados. Seu objetivo é estimular a produção nacional de veículos movidos a bateria, para até meio milhão por ano em 2011. Como Washington e o ameaçado setor automobilístico americano poderiam enfrentar uma onda de veículos elétricos baratos provenientes da China é difícil de prever. E também não é claro como os esforços da China em tecnologia limpa para os setores automobilístico, energético e outros serão afetadas, se os mercados-chave, tais
mercado empresarial
como os EUA e a Europa, não se recuperarem rapidamente da recessão. Fabricantes chineses de equipamentos para captura da energia solar, entre eles a Suntech, exportam cerca de 98% da sua produção. Eles foram prejudicados, neste ano por um colapso da demanda na Alemanha, na Espanha e no Japão, principais mercados importadores de tecnologia solar. As fábricas da Suntech estão hoje produzindo à metade da capacidade do ano passado. Mesmo na China, acadêmicos e empresários dizem que Pequim precisa fazer mais para apoiar iniciativas de tecnologia limpa e torná-las à prova de recessão. Por exemplo, sem melhor informação sobre como políticas como a atual Lei de Energia Renovável serão implementadas, “muitos dos termos não fazem sentido”, critica Himin, de Huang. E mesmo quando as condições são claras, nem sempre há adesão das empresas, diz Zhou Weidong, diretor, na China, da Business for Social Responsibility, com sede em Guangzhou, que é uma consultoria mundial que promove práticas empresariais sustentáveis: “Em muitas áreas, pagar multas é mais barato do que cumprir a própria lei.”
meio ambiente Às vezes, parece que Pequim está pedalando na direção errada. No fim do ano passado, o Ministério de Proteção Ambiental da China abrandou os padrões aplicados a projetos industriais potencialmente poluidores. Em meio a um aperto econômico, a “proteção ambiental é deixada para segunda, terceira ou mesmo quarta prioridade”, comentou Guo Peiyuan, da SynTao, uma consultoria em responsabilidade social e sustentabilidade empresarial de Pequim. Embora reconheçam ter havido algum retrocesso, a maioria dos que acompanham a China diz ser improvável que o governo tolere uma marcha a ré irrestrita. Muito de seu crescimento exportador depende do cumprimento de rigorosas normas ambientais. E Pequim reconhece que a sociedade chinesa não consegue tolerar muito mais degradação ambiental. O Banco Mundial estima que os danos da poluição - de cardumes dizimados a mortes humanas prematuras - compromete perto de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês a cada ano. Apenas por razões econômicas, já será difícil para a China retroceder no tempo. Fonte: BusinessWeek ME
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cases & cases
Usina de Angola adquire tecnologia brasileira
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Sermatec - Indústria de base localizada na cidade de Sertãozinho, a Sermatec é uma das principais fornecedoras de sistemas de recepção e preparo de cana, extração da sacarose, tratamento de caldo, fermentação, fábrica de açúcar e geração de energia, para as usinas do Brasil e América Latina.
empresa Sermatec está realizando a sua primeira exportação para Angola, que vem sendo considerada a nova estrela dos negócios dentre os países do continente africano. A empresa vai fornecer um difusor para processamento de cana-de-açúcar e duas caldeiras aquatubulares de alta pressão. Os equipamentos estão em produção com a previsão de início de montagem em setembro de 2010. A usina terá capacidade total de moagem de 2 milhões de toneladas de cana até o início de 2012. O projeto foi batizado com o nome de Biocom. A nova usina deverá produzir cerca de 250 milhões de toneladas de açúcar, 30 milhões de litros de etanol e 160 mil MW de energia com a queima do bagaço de cana. Com a participação da empresa brasileira Odebrecht e as angolanas Sonangol e Damer, a Biocom e sua equipe realizaram pesquisas e testes de produtividade durante dois anos para definir a melhor espécie de cana-de-açúcar para o solo angolano na região da cidade de Pungo Odongo, a cerca de 350 quilômetros a leste da capital, Luanda- na mesma região onde foi instalada pela Odebrecht a Hidrelétrica Capanda, uma obra de destaque naquele país. Inicialmente, a área plantada de cana-de-açúcar está em 4 mil hectares, mas o planejamento da unidade é chegar a uma área total de matéria prima ao redor de 24 mil hectares. A primeira
O difusor da Sermatec está dimensionado para processar 360 mil toneladas por mês.
colheita de cana na região será em 2010, quando será transformada em açúcar. A Sermatec e a HPB foram as empresas escolhidas para o fornecimento dos principais equipamentos da unidade, principalmente pela qualidade e tecnologia que detém em seus mercados. Ambas empresas, neste momento, estão envolvidas com a produção das encomendas, gerando empregos e renda para a região de Ribeirão Preto. Embora os valores não sejam revelados, por questões de cláusulas contratuais, a própria Odebrecht informou que a construção de todo o complexo da Usina Biocom deverá consumir mais de US$ 200 milhões, os quais são divididos entre os sócios do projeto em partes proporcionais à participação societária. O difusor da Sermatec, considerado o de maior desenvolvimento tecnológico, está dimensionado para processar cerca de 12 mil toneladas de cana-de-açúcar por dia, ou 360 mil toneladas por mês. As caldeiras da HPB/ Sermatec garantem uma pressão de 65kg/cm2, dando regularidade para toda a safra que a Biocom vai colher a partir de 2012, o auge de sua capacidade de produção. ME
Cacau sustentável A Mars, fabricante americana de chocolates, comprará no fim deste ano a primeira safra de amêndoas de cacau certificadas, como parte do plano de usar apenas cacau cultivado de maneira sustentável na fabricação de todos os seus chocolates até 2010 – segundo a Agência de Notícias Reuters. No Brasil, a companhia informou que também pretende iniciar a produção com matéria-prima certificada, mas ainda não definiu a data. A companhia encarregada de fazer a certificação é a UTZ, que já atua no mercado de café.
mercado empresarial
cases & cases
Biotecnologia transforma açúcar em acrílico Açúcares, álcoois e ácidos graxos são materiais facilmente relacionáveis a áreas como nutrição e alimentação. Mas o Dr. Thore Rohwerder, da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, pretende colocar esses biomateriais na agenda da indústria de plásticos. Ele e sua equipe descobriram uma enzima que pode ser utilizada como um precursor biotecnológico - uma matéria-prima intermediária de origem biológica - para a fabricação do polimetil metacrilato, mais conhecido como acrílico. Em comparação com os processos atuais adotados pela indústria química, a nova rota biotecnológica é muito mais ambientalmente benigna. A nova enzima, chamada mutase 2-hidroxi-isobutiril-CoA torna possível transformar uma estrutura linear de carbono C4 em uma estrutura precursora do acrílico. Hoje a indústria utiliza compostos derivados do pe-
tróleo. Mas o aspecto realmente revolucionário da descoberta é que a nova enzima, integrada metabolicamente em microorganismos apropriados, pode também transformar açúcares e outros compostos naturais nesse composto intermediário necessário à produção do acrílico e outros tipos de plásticos. Até hoje, a única forma de produzir esses compostos precursores era através de processos puramente químicos baseados em matérias-primas petroquímicas. Os pesquisadores esperam conquistar uma fatia de pelo menos 10 por cento da produção mundial de acrílico, estimado em 3 milhões de toneladas anuais.Antes disso, porém, eles terão que adaptar o processo biotecnológico, levando-o do laboratório para a escala industrial. Uma planta piloto foi montada para essa tarefa, e o trabalho deverá estar concluído em cerca de três anos. Fonte: Inovação Tecnológica. ME
Pesquisador alemão descobre enzima que pode ser utilizada como precursor biotecnológico para a fabricação de acrílico.
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Saúde Fascículo
Hipertensão a “epidemia silenciosa”
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o redor do mundo, a hipertensão arterial (pressão sangüínea elevada) atinge aproximadamente 1 bilhão de pessoas, número que deve aumen-
tar em 60% até 2025. Trata-se de uma “epidemia silenciosa”, pois cerca de 70% das pessoas que sofrem da doença desconhecem ter o problema e, portanto, não se tratam. A conclusão foi apresentada em Bruxelas por Georgs Andrejevs, da Letônia, membro do Parlamento Europeu - que analisa possíveis medidas para combater as doenças circulatórias e do coração, enfermidades que, somente na União Européia, matam 1,9 milhão de pessoas por ano.
Saúde
Hipertensão Inimiga silenciosa e, quando não tratada, fatal!
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hipertensão é identificada como o mais importante fator de risco isolado, tanto de doenças do coração quanto de acidentes vasculares cerebrais; ela também pode levar diretamente à insuficiência cardíaca e à insuficiência renal crônica. A doença coronária é a causa mais comum de mortes em hipertensos, elevando para duas a três vezes o risco de óbito no hipertenso em relação ao resto da população. E os eventos cardiovasculares fatais ou não fatais, como insuficiência cardíaca, aterosclerose e doença coronariana, ocorrem entre duas e seis vezes mais nos hipertensos. Pesquisa realizada pelo nefrologista Décio Mion, chefe da Unidade de Hipertensão do Hospital das Clínicas (HC), revela que apesar de atingir 30% dos brasileiros adultos (o índice chega a mais de 50% na terceira idade e, atinge ainda, 5% das crianças e adolescentes do País), ser responsável por 40% dos enfartes e 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC), a hipertensão tem baixa adesão dos pacientes ao tratamento. Apenas 10% dos hipertensos fazem o controle adequado da pressão arterial. Os motivos? Falta de informação e conscientização em relação ao problema, o preço dos medicamentos e a atenção dos médicos! Segundo o levantamento, dos mais de mil pacientes entrevistados, 89% consideram caros os remédios indicados para o controle da doença, e 76% afirmaram estar insatisfeitos com o atendimento dos médicos e procuram outro especialista. Para o nefrologista Décio Mion, mais determinante que considerar o medicamento caro, é a relação com o médico. “Para iniciar o tratamento, o paciente precisa estar convencido de que tem uma doença”, diz Mion. “Isso nem sempre acontece, pois a hipertensão evolui de forma silenciosa. Na maior parte das vezes, os sintomas começam a aparecer quando já há o comprometimento de órgãos como o rim e o coração. A baixa adesão ao tratamento é uma das principais queixas dos médicos e normalmente associada ao nível socioeconômico dos pacientes. Porém, a pesquisa revela que 84% gostariam de ter mais informações da doença e 91% gostariam que o médico entrasse em contato após a consulta. Uma forma de melhorar a
A doença atinge 30% dos brasileiros, mas só 10% fazem tratamento correto. adesão é a participação de um segundo profissional, como uma enfermeira, que pudesse ligar para os pacientes após as consultas e verificar se ele está controlando a doença”, sugere Mion.
Mas, afinal, o que é hipertensão arterial?
O coração é uma bomba eficiente que bate de 60 a 80 vezes por minuto durante toda a nossa vida e impulsiona de 5 a 6 litros de sangue por minuto para todo o corpo. Pressão arterial é a força com a qual o coração bombeia o sangue através dos vasos. É determinada pelo volume de sangue que sai do coração e a resistência que ele encontra para circular no corpo. Pode ser alterada pela variação do volume de sangue ou viscosidade (espessura) do sangue, da frequência cardíaca (batimentos cardíacos por minuto) e da elasticidade dos vasos. Os estímulos hormonais e nervosos que regulam a resistência sangüínea sofrem a influência pessoal e ambiental. Hipertensão arterial é a pressão arterial acima de 140x90 mmHg (milímetros de mercúrio) em adultos com mais de 18 anos, medida em repouso de quinze minutos e confirmada em três vezes consecutivas e em várias visitas médicas. Elevações ocasionais da pressão podem ocorrer com exercícios físicos, nervosismo, preocupações, drogas, alimentos, fumo, álcool e café. “Ninguém morre de pressão arterial alta. A mortalidade é decorrente das lesões conseqüentes do aumento crônico de pressão sobre as artérias, os rins e o coração. Elas levam às insuficiências cardíaca e renal, ao infarto do miocárdio e ao acidente vascular cerebral (AVC)”, destaca o médico Wilson Nadruz
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Júnior, docente da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (FCM) e coordenador do Laboratório de Biologia Cardiovascular, que realiza importante estudo sobre hipertensão arterial. “Se conseguirmos identificar as variantes ou polimorfismos gênicos associados ao maior desenvolvimento destas complicações, aumentam sensivelmente as chances de atuar no sentido preventivo dessas lesões e frear as complicações”, enfatiza Nadruz Junior. A hipertensão arterial pode ser (*) sistólica e (**) diastólica (máxima e mínima) ou só sistólica (máxima). A maioria dos diagnosticados como hipertensos (95%) tem hipertensão arterial chamada de essencial ou primária (sem causa) e 5% têm hipertensão arterial secundária (com uma causa bem definida). Entre os obesos, de 20 a 40% são hipertensos; entre os diabéticos, de 30 a 60%; entre os negros, de 20 a 30% e, entre os idosos, de 30 a 50%. Nos idosos, quase sempre a hipertensão é só sistólica ou máxima.
Complicações
A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica que, quando não tratada e controlada adequadamente, pode levar a complicações que podem atingir outros órgãos e sistemas. No sistema nervoso central podem ocorrer infartos, hemorragia e encefalopatia hipertensiva. No coração, pode ocorrer cardiopatia isquêmica (angina), insuficiência cardíaca, aumento do coração e, em alguns casos, morte súbita. Nos pacientes com insuficiência renal crônica associada sempre ocorre nefroesclerose. No sistema vascular, pode ocorrer entupimentos e obstruções das artérias carótidas, aneurisma de aorta e doença vascular periférica dos membros inferiores. No sistema visual, há retinopatia, que reduz muito a visão dos pacientes.
Sintomas
A doença pode manifestar-se através de dor de cabeça, sangramento nasal, tonturas e zumbidos no ouvido. Outros sintomas, como palpitação, dor no peito, falta de ar, inchaço, alterações visuais, perda de memória e de equilíbrio, palidez, problemas urinários e dores nas pernas demonstram que os órgãos alvos da doença podem estar comprometidos. Entretanto, a maioria das pessoas que tem hipertensão não apresenta sintomas.
Causas
Em 90 a 905 dos casos não há uma causa conhecida para a hipertensão. Mas, eventualmente, problemas endócrinos e renais, gravidez, uso frequente de alguns medicamentos (anticoncepcionais, anti-inflamatórios, descongestionantes nasais, antidepressivos, corticóides e moderadores de apetite) e de drogas como, por exemplo, a cocaína, bem como doenças neurológicas, podem ser causas de hipertensão arterial.
Como diagnosticar?
O diagnóstico é baseado na medida da pressão arterial com um aparelho próprio, usado em hospitais, ambulatórios e consultórios. Embora simples, a medida isolada da pressão sofre influência de vários fatores. Por conta disso, hoje a medicina utiliza
O que é Hipertensão Arterial? é a pressão arterial acima de 140/90 mmHg ou 14 por 9. Quem está sujeito a ter hipertensão? • cosumidores de bebida alcoólica • quem tem histórico de hipertensão na família • pessoas da raça negra • quem não tem vida saudável • diabéticos • quem usa muito sal no alimento • quem tem excesso de peso Quando não tratada, a hipertensão é fator de risco para: • derrames • doenças do coração • paralisação dos rins • lesões nas artérias • alterações da visão Como tratar a hipertensão: • evite ficar parado; caminhe mais. • diminua o sal da comida • tenha alimentação saudável • não fume • diminua ou abandone o consumo de bebidas alcoólicas • tente levar os problemas do dia-a-dia de forma mais tranquila • mantenha o peso saudável • compareça às consultas com seu médico regularmente • siga as orientações de seu médico.
outros recursos adicionais para diagnosticar a hipertensão. Um deles é o teste ergométrico, que mede a pressão do indivíduo durante o esforço físico e pode evidenciar se ele possui risco de desenvolver hipertensão. Outro é a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA), que registra a pressão do paciente 24 horas, ao longo de suas atividades diárias e do sono, fornecendo dados relevantes para o médico. Mas nenhum desses recursos substitui a avaliação clínica do paciente e a medida da pressão arterial em consultório.
Porque o controle é importante
Porque a expectativa de vida de uma pessoa com hipertensão é 40% menor que a de um indivíduo sadio, ao longo dos anos. O fato é que, ao esforçar-se para bombear o sangue, o coração do hipertenso fica vulnerável à insuficiência cardíaca. Além disso, devido ao aumento da pressão, vai desgastando os vasos, que podem romper-se e causar o derrame cerebral. Esse desgaste ainda facilita o acúmulo de placas de gordura nas artérias, predispondo o indivíduo ao infarto. Outra conseqüência grave é o comprometimento do sistema de filtração dos rins.
Saúde
O tratamento
Para alguns, uma dieta com pouco sal e sem gordura, além da mudança de hábitos de vida, como deixar de fumar, ingerir menos álcool, fazer exercícios e emagrecer) são suficientes para manter a pressão controlada. Outros, porém, necessitam de medicamentos. Mas só o médico pode estabelecer o tipo de hipertensão, avaliar o estado dos órgãos alvo da doença e prescrever o tratamento indicado. Portanto... evite a auto-medicação! E atenção: um dos maiores problemas para o tratamento da Hipertensão continua sendo o tabagismo, por agravar o risco cardiovascular. “É preferível ser obeso e hipertenso do que ser fumante”, afirma a cardiologista Jaqueline Issa, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (Incor).
Medindo a pressão
A pessoa precisa ser treinada para medir corretamente a pressão. Os profissionais da área de saúde são os mais indicados para isso. Alguns cuidados devem ser tomados, quando se verifica a pressão arterial: repouso de 15 minutos em ambiente calmo e agradável; a bexiga deve estar vazia; após exercícios, álcool, café ou fumo, aguardar 30 minutos para medir; o manguito do aparelho de pressão deve estar firme e bem ajustado ao braço e ter a largura de 40% da circunferência do braço, sendo que este deve ser mantido na altura do coração; não falar durante o procedimento; esperar 1 a 2 minutos entre as medidas; manguito especial para crianças e obesos devem ser usados; a posição sentada ou deitada é a recomendada na rotina das medidas; e, atenção: vale a medida de menor valor obtido.
Qualquer aparelho serve?
Existem diferentes tipos de aparelhos de medida de pressão. Os de coluna de mercúrio são mais confiáveis e descalibram mais dificilmente. O aparelho com mostrador tipo “relógio” (aneróide) pode ser utilizado desde que devidamente calibrado.
ENTENDA OS NÚMEROS DA SUA PRESSÃO Para saber por que 120mmHg por 80mmHg (ou 12 por 8) é uma pressão arterial considerada ótima pelos médicos, você precisa entender o que afinal esses números significam. Eles correspondem aos dois tipos de pressão arterial que a pulsação do coração gera: a sistólica (o valor mais alto) e a diastólica (o mais baixo). Toda vez que o coração contrai (movimento chamado de sístole), o sangue é empurrado com força para as artérias para atingir velocidade suficientes para percorrer o corpo e irrigar todos os tecidos e órgãos. Esse esforço empurra as paredes do vaso, exercendo uma pressão máxima (a sistólica). Logo em seguida, enquanto o coração relaxa (diástole) e se enche de sangue - vindo da circulação venosa - para a próxima batida, as artérias sofrem uma pressão mínima (a diastólica). Confira os índices aceitos atualmente, segundo a V Diretriz Brasileira de Hipertensão, de 2006:
Existe também os aparelhos automáticos, porém, nem todos são confiáveis. O aparelho de medir pressão deve ser testado periodicamente para avaliar se está em condições satisfatórias de uso.
Qualquer elevação já é sinal de Hipertensão?
Não. A pressão varia nas 24 horas do dia e segue um ritmo próprio, influenciada pelo estado psicológico da pessoa, hábitos e atividades cotidianas. Portanto, pode subir momentaneamente, mas depois voltar ao normal. Para ser rotulado como hipertenso, o paciente deve apresentar níveis de pressão acima dos limites da normalidade, obtidos em medias consecutivas, em duas ou mais visitas ao médico.
É possível prevenir?
Levar uma vida saudável, manter o peso ideal, não ingerir bebidas alcoólicas, fazer exercícios, não fumar e adotar uma dieta balanceada, com consumo moderado de sal são atitudes preventivas. Também é recomendável que toda pessoa com mais de 40 anos faça medidas periódicas de pressão – sobretudo quem tem histórico de pressão alta na família – sempre sob orientação médica.
Medicamentos a baixo custo
A Política Nacional de Atenção Integral a Hipertensão Arterial e ao Diabete, do Ministério da Saúde, proporciona o tratamento na rede básica de saúde com acesso a medicamentos básicos. O programa Farmácia Popular também disponibiliza remédios para a hipertensão, como o propranolol, captopril e enalapril, vendidos a baixo custo.
(*) Pressão sistólica é a chamada máxima, medida quando o coração está no auge da contração e o sangue recebe a maior força para circular. (**) Pressão diastólica é a chamada mínima, medida quando o coração está no momento de repouso, entre uma contração e outra.
129 84 59
139 89 59
ÓTIMA (12 por 8) se a máxima (sistólica) for até 120mmHg se a mínima (diastólica) for até 80mmHg
NORMAL ALTA (LIMÍTROFE) (13,9 por 8,9) se a máxima (sistólica) for de 136 até 139mmHg se a mínima (diastólica) for de 86 até 89mmHg
130 85 59
140 90 59
NORMAL (até 12,9 por 8,4) se a máxima (sistólica) for de 120 até 135mmHg se a mínima (diastólica) for de 80 até 85mmHg
HIPERTENSÃO acima de 14 por 9 se a máxima (sistólica) for a partir de 140mmHg se a mínima (diastólica) for a partir de 90mmHg
CURSOS CIESP 2009 O CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo desenvolve regularmente programas de cursos, seminários e palestras com formatos diferenciados de capacitação para seus associados.
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mercado empresarial
cases & cases
Consumo de orgânicos cresce na Alemanha apesar da crise econômica
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a Alemanha, a sensibilidade aos temas ambientais também se reflete na escolha dos alimentos. Mesmo em tempos de crise econômica, o consumo de produtos orgânicos – produzidos sem a utilização de agentes químicos ou hormônios – cresce no país e conquista, a cada dia, novos adeptos, segundo a Agência de Notícias Deutsche Welle. Dados preliminares fornecidos pelo Departamento de Marketing Agroalimentar da Universidade de Kassel indicam que, em 2008, o volume de vendas de orgânicos aumentou 10%, enquanto sua área de cultivo foi ampliada em 5%. Apesar de não serem tão expressivos quanto os dos últimos três anos – em 2007, por exemplo, o setor chegou a crescer 15% –, esses percentuais reiteram a fidelidade do consumidor. A comercialização de orgânicos corresponde hoje a 3,4% do total de alimentos vendidos na Alemanha, sendo que, somente em 2008, o faturamento com orgânicos chegou a 6 bilhões de euros. Na opinião de Ulrich Hamm, diretor do departamento, isso se deve ao fato de a crise econômica ter atingido diretamente apenas uma pequena parcela dos alemães. “Grande parte da população recebeu aumentos salariais ainda no começo do ano e quem registrou perdas de milhares ou até milhões de euros na bolsa de valores não precisa economizar justamente na compra de alimentos”, argumenta.
Cada vez mais fáceis de encontrar
Segundo a Agência Deutsche Welle, a oferta de produtos orgânicos é ampla na Alemanha. Muito além da tradicional Reformhaus, lojas especializadas em produtos naturais que existem desde o início do século 20, diversas redes de supermercados lançaram suas próprias marcas de produtos orgânicos.
O volume de vendas aumentou 10% e a área de cultivo foi ampliada em 5%.
Um investimento que, para a maioria deles, deu certo. Segundo Hamm, supermercados nãoespecializados e mercados que oferecem produtos de baixo custo conquistaram a preferência dos consumidores de orgânicos nos últimos anos. Ele salienta que especialmente os chamados discounters são os principais responsáveis pelo crescimento do setor, procurados por quem busca produtos saudáveis sem ter que gastar muito por isso. Atualmente, a Alemanha é o segundo maior consumidor de produtos orgânicos no mundo, tendo perdido a liderança para os Estados Unidos na década de 90. “Mas é preciso lembrar que os EUA possuem uma população três vezes maior”, explica Hamm. No entanto, o potencial de crescimento do mercado é tamanho que há anos o aumento da produção não mais acompanha o crescimento da demanda nacional. Isso torna a Alemanha também o segundo maior importador de produtos orgânicos, atrás novamente dos EUA, sendo que há uma diferença significativa para o terceiro colocado, o Reino Unido. A preferência pelos orgânicos e o consequente aumento da venda refletem a preocupação das famílias em ter uma alimentação saudável. No último ano, as comidas para bebês com o selo BIO, por exemplo, tiveram um acréscimo superior a 60% nas vendas. ME
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sustentabilidade
Sorgo sacarino, alternativa promissora
na produção de
N A cultura do sorgo é totalmente mecanizável e complementa o cultivo da cana, estendendo o período de colheita por mais quatro meses.
etanol
os últimos anos, a demanda mundial por combustíveis renováveis tem-se expandido rapidamente. Entre os fatores que têm despertado grande interesse pelos biocombustíveis estão o menor custo, autossuficiência em relação aos países exportadores de petróleo, redução do volume de emissões de gases do efeito estufa, incertezas a respeito da disponibilidade futura de recursos não renováveis e tensões geopolíticas em regiões produtoras do combustível fóssil. Segundo Rafael Augusto da Costa Parrella, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), da área de melhoramento genético de sorgo, “os biocombustíveis são os mais viáveis substitutos para o petróleo, em escala significativa. Além do apelo ambiental, o desenvolvimento de motores flex, no Brasil, aumentou ainda mais a demanda por este combustível”, diz. Na visão do pesquisador, o sorgo sacarino é uma ótima opção, sob os pontos de vista agronômico e industrial, para a produção de etanol. Segundo ele, está havendo uma grande procura por cultivares para o fornecimento de matériaprima durante a entressafra de cana-de-açúcar,
que vai de janeiro a março, “e assim reduzir o período de ociosidade das destilarias”. “Outra vantagem é que pequenos agricultores podem utilizar o sorgo sacarino em mini e microdestilarias para a produção de etanol ou até aguardente. A cultura do sorgo se sobressai em regiões marginais, onde não se produz cana, com baixa precipitação e solos ácidos, como o Norte de Minas e o Nordeste do Brasil”, enumera o pesquisador. O sorgo traz ainda outros benefícios para a produção de etanol, se comparado à cana: são os derivados que a planta gera, como seu bagaço, que apresenta melhor qualidade biológica para o fornecimento na alimentação animal. O cereal ainda produz grãos, em torno de 2,5 toneladas por hectare. “A cultura do sorgo é totalmente mecanizável e complementa o cultivo da cana,
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Foto: Rafael Parrella / Embrapa Milho e Sorgo
estendendo o período de colheita por mais quatro meses”, mostra Parrella. “Diante das características reveladas em outros países, principalmente nos Estados Unidos, Índia, China e em alguns países da Europa, o sorgo sacarino deve encontrar seus nichos no Brasil”, defende.
Novas cultivares no mercado até 2012
A Embrapa Milho e Sorgo possui um programa de desenvolvimento de cultivares de sorgo sacarino desde a época do Pró-Álcool, programa que previa a substituição em larga escala dos combustíveis veiculares derivados do petróleo por álcool, financiado pelo governo a partir de 1975 devido à crise do petróleo em 1973. Três cultivares de sorgo sacarino foram lançadas pela Empresa na década de 1980 (a
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variedade BRS 506 e os híbridos BRS 601 – que ainda permanece no mercado – e o BRS 602). “Estes materiais são bastante produtivos e apresentam rendimento de aproximadamente quatro mil litros por hectare de etanol em um período de três meses e meio”, apresenta o pesquisador. Atualmente, segundo Rafael Parrella, 25 novas variedades de sorgo sacarino estão sendo avaliadas pela Embrapa Milho e Sorgo em diversas regiões brasileiras por um período mínimo de dois anos. “Desta forma, esperamos lançar novos materiais em um prazo de até três anos”, adianta. De acordo com o pesquisador, estas variedades são bastante promissoras e apresentam produtividade em torno de 50 toneladas por hectare de biomassa verde por ciclo e boa sanidade de folhas. Além disso, estão sendo realizados novos cruzamentos visando o desenvolvimento de linhagens sacarinas, inexistentes no Brasil hoje. “Estas linhagens serão utilizadas para a confecção de híbridos experimentais sacarinos, que serão avaliados em todas as regiões brasileiras para posterior recomendação”, adianta. Outra vertente – denominada segunda geração de biocombustíveis, onde a matéria-prima precisa passar por hidrólise para ser fermentada e produzir o biocombustível – também vem sendo desenvolvida pela Embrapa Milho e Sorgo. “Para esta tecnologia, estão sendo desenvolvidos híbridos experimentais de sorgo, sensíveis ao fotoperíodo, que apresentam alta produtividade de biomassa por hectare (50 toneladas por hectare de matéria seca). A curto prazo, esta tecnologia estará definida e será necessário possuir matrizes energéticas capazes de atender a esta nova demanda com a maior eficiência possível”, conclui o pesquisador. ME
O sorgo sacarino deve encontrar seus nichos no Brasil
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Saara poderá
abastecer a Europa com energia solar
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o dia 13 de julho último foi dado, em Munique, Alemanha, o sinal verde para o desenvolvimento do projeto internacional Desertec, pioneiro no âmbito das energias renováveis. A proposta é gerar energia solar e eólica nas regiões desérticas do norte da África e transportá-la através de redes de alta tensão para a Europa. Até 2050, a energia gerada pelo projeto poderá ser responsável por até 15% do consumo energético no continente europeu. O sonho da energia obtida do sol do deserto, no entanto, divide os ânimos, numa divergência entre especialistas que elogiam e aqueles que criticam o megaprojeto.
Na Alemanha, 12 grandes empresas deram início ao Desertec, um megaprojeto de energias renováveis a ser dirigido por europeus e situado no norte da África. Uma ideia que suscita também muitas críticas.
Altos custos
Entre as críticas estão as acusações de que a ideia não é de forma alguma realista e as de que só se trata de uma estratégia de marketing. Além disso, diz-se que a realização do projeto depende não somente da vontade política de implementá-lo, mas principalmente de ideias concretas a respeito de seu financiamento, de cerca de 400 bilhões de euros. Entre as empresas envolvidas no Desertec estão grandes grupos como a Siemens, as empresas de fornecimento de energia RWE e E.ON, a seguradora Münchner Rück, a fornecedora de energia solar Schott Solar e o Deutsche Bank, além de representantes da Fundação Desertec, autora do projeto.
Previsão realista
Entre os defensores da ideia está Robert Pitz-Paal, professor de Tecnologia Solar e diretor de Pesquisa Solar no Instituto de Termodinâmica, que faz parte do Centro Alemão Aeroespacial, que também participou do desenvolvimento do Desertec. “A realidade é que a oferta de energia solar no norte da África e no Oriente Médio é muito
melhor do que entre nós, na Europa Central. Mesmo na Espanha o sol não brilha como no norte da África. Lá há também muitas regiões inutilizadas. E bastariam, em princípio, 2% ou 3% da superfície do deserto para suprir a demanda de energia da região e da Europa”, diz Pitz-Pall. Caso o projeto realmente vingue, os responsáveis acreditam que, até o ano de 2050, a Europa poderia realmente ter 15% de seu consumo energético suprido pela energia obtida nos desertos da África. Essa é uma previsão realista, garante Pitz-Pall. O importante é a cooperação entre os parceiros, afirma o especialista.
Vantagem mútua
Para Amal Haddouche, diretora do Centro de Incentivo às Energias Renováveis do Marrocos, o projeto é uma parceria na qual os dois lados devem tirar proveito. “Não podemos ser somente um país de trânsito. O Marrocos tem também grandes problemas de abastecimento; 95% do nosso consumo vem de nossos fornecedores. No que diz respeito à segurança de abastecimento, temos as mesmas preocupações que a Europa”, diz Haddouche. Dentro do Ministério marroquino de Energia, no entanto, há vozes que alertam para o perigo de que o país possa se deixar colonizar novamente: do ponto de vista energético e pelos grandes grupos empresariais alemães. O ceticismo frente ao projeto Desertec vem também da França. Possivelmente porque Paris certamente preferiria fornecer ao Marrocos a tecnologia para usinas nucleares e não para energia solar.
Briga de lobbies
O presidente da Federação de Energia do Marrocos, Abdellah Alaouivê, também vê vantagens no uso de energia atômica, principalmente devido a seus baixos custos. “Contamos que, até 2020 ou 2025, teremos dois reatores nucleares. Especialistas marroquinos e estrangeiros estão examinando os melhores locais para posicionálos. Mas também avaliamos se realmente precisamos da energia nuclear”, diz Alaoui. Da vizinha Espanha, a discussão é acompanhada com um olhar crítico. Lá a satisfação não seria grande caso o Marrocos passasse a dispor de usinas atômicas. Isso faz com que o tema seja visto com extrema sensibilidade, num contexto em que os lobbies energéticos disputam a cooperação do país. A corrida está aberta. E, na ex-colônia francesa, a antiga metrópole pode acabar levando vantagem. Fonte: Agência Deutsche Welle ME
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O Brasil segue a tendência global.
Mais visibilidade para a
sustentabilidade
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esde que o tema sustentabilidade entrou de vez na agenda dos negócios, tem crescido a procura por formação na área. A adaptação de currículos e metodologias às questões socioambientais é uma tendência irreversível para as escolas de negócios. Em pesquisa realizada pela Princeton Review, que elabora o ranking das 600 melhores universidades dos Estados Unidos, 63% dos estudantes declararam que o compromisso com a sustentabilidade influencia sua escolha por uma faculdade. Tão vasto quanto o conceito é a diversidade de programas relacionados ao tema. Por isso, estudantes e profissionais ainda enfrentam dificuldades para selecionar os cursos de graduação e especialização em sustentabilidade que mais se adequam às suas expectativas. Pensando nisso, desde 1999, o Instituto Aspem em parceria com o World Resources Institute (WRI) avalia MBAs de todo o mundo e relaciona as instituições líderes na integração de aspectos sociais e ambientais aos seus currículos. Intitulado Beyond Grey Pinstripes, o ranking apresenta os 100 programas que melhor têm preparado alunos para a nova realidade do mundo dos negócios a partir da ascensão do triple bottom line.
Tendência
O Brasil segue a tendência global. As escolas de negócios deram início ao processo de adaptação de currículos ao criar áreas específicas para pesquisar novas metodologias e acompanhar a evolução dos debates relacionados ao desenvolvimento sustentável. Em 2001, a Fundação Dom Cabral inaugurou seu Núcleo de Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa. A Fundação Getúlio Vargas, por sua vez, criou o Centro de Estudos em Sustentabilidade (CES), em 2003. A partir dos conhecimentos reunidos nesses núcleos de pesquisa, as instituições desenvolveram programas de especialização na área. Lançado em 2005, o MBA em Gestão da Sustentabilidade da FGV tem como objetivo a formação de profissionais com uma visão estratégica para integração das questões socioambientais no negócio. “O novo paradigma demanda a formação de uma geração de empresários conscientes - para colocar em prática - que os sistemas econômicos são dependentes dos sistemas naturais, e não o contrário”, afirma Luciana Betiol, pesquisadora do CES. O Programa de Gestão da Responsabilidade Social da Fundação Dom
Cabral também tem como foco o desenvolvimento da visão sistêmica. Segundo Maria Raquel Grassi, gerente de projetos da FDC, cabe às instituições de ensino transformar os indivíduos, munindo-os de habilidades perceptivas mais amplas do que as oferecidas no ensino de técnicas, modelos e doutrinas.
Formando lideranças
Neste ano, a FDC dará início a um programa para formação de Lideranças Globalmente Responsáveis em parceria com a Petrobras. A iniciativa faz parte da proposta do Global Compact, da ONU, e do European Foundation for Management Development (EFMD), que desde 2004 discutem estratégias para formação de líderes capazes de conciliar desenvolvimento econômico, com o ambiental e social. “O que o Global Compact prega é a construção de modelos de ensino menos convencionais que, além de conhecimentos e habilidades, exercitem também atitudes e valores. Está-se diante de um desafio pedagógico de duas frentes: uma é inserir os elementos da sustentabilidade de modo transversal na grade dos programas de gestão de negócios; outra é criar proposta de educação mais horizontais e sistêmicos que encorajem a convivência com outros pontos de vista, ainda que dissonantes”, afirma Ricardo Voltolini, consultor de Ideia Sustentável. No SENAC, o grande desafio tem sido integrar as áreas social e ambiental, que vinham seguindo trajetórias independentes. A instituição possui cursos livres ligados às áreas de gestão e educação ambiental, assim como Terceiro Setor e projetos sociais. Em 2009, iniciou a sua primeira turma de pós-graduação em Responsabilidade Socioambiental Empresarial. “A discussão sobre sustentabilidade tem evoluído de forma muito rápida, exigindo que os profissionais se atualizem continuamente. Por isso, apostamos no desenvolvimento por competências para que os alunos aprendam a se adaptar aos novos conceitos e mudanças que estão por vir”, ressalta Marly Batista dos Reis, coordenadora do programa de pós-graduação em RSE. Fonte: Revista Idéia Socioambiental ME
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Inovação é fundamental para
desenvolvimento
O
projeto Mobilização Projeto da CNI Empresarial pela Inovem dando vação, da Confederabons frutos. ção Nacional da Indústria (CNI), vem dando bons frutos. A CPFL Energia, grupo que atua nos segmentos de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica, investe R$ 50 milhões por ano em pesquisa com foco em inovação tecnológica. Esse investimento vai além da criação de um produto ou metodologia. “É encarado como um processo de melhoria constante no trabalho ou no relacionamento com o cliente”, explica o diretor de engenharia da empresa, Rubens Ferreira. É exatamente esse o conceito defendido pelo projeto Mobilização Empresarial pela Inovação, e do qual o executivo faz parte. Segundo ele, a inovação é fundamental não só para a sobrevivência, mas para o desenvolvimento da empresa. “Vemos muito nas empresas brasileiras o comportamento de copiar o que deu certo lá fora. O Brasil tem que passar desse estágio e começar a inovar antes do mercado internacional. Assim, acho muito importante a iniciativa da Mobilização para reverter essa situação no mundo empresarial.” Para apoiar os investimentos em inovação, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social oferece linhas, programas e fundos especiais. Uma dessas opções é o cartão BNDES, que agora também financia a contratação de serviços de pesquisa, desenvolvimento e inovação junto a Instituições científicas e tecnológicas reconhecidas, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), por exemplo. O gerente de operações do cartão BNDES, Ricardo Albano, lembra que o banco elegeu a inovação, o desenvolvimento local e regional e o desenvolvimento socioambiental como os aspectos mais importantes do fomento econômico no contexto atual. “É uma questão de sobrevivência, competitividade, criar na micro, pequena e média empresa o estímulo a essa competitividade, a internacionalização, a qualificação de seus produtos. Tudo isso passa pelo investimento à inovação.” Inovação foi também o tema que a CNI trouxe para discussão durante o 3º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, realizado em agosto último, em São Paulo, e que se propôs a reunir esforços dos setores público e privado em prol da adoção dessa agenda como política prioritária e permanente em empresas. ME
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Tecnologias
‘’verdes’’ atraem capital de risco O
Energias limpas devem receber 15% dos investimentos de US$ 1 trilhão em energia no mundo este ano.
ambiente de investimentos em tecnologias verdes está cada vez mais próximo do que existe na informática, com milhares de empresas surgindo com produtos inovadores ao redor do globo e um grande interesse dos investidores, mesmo com a crise global. “O setor já é o segundo que mais atrai capital de risco no mundo, depois da tecnologia da informação”, afirmou Richard Youngman, diretor-gerente para a Europa da consultoria Cleantech, durante a World Conference of Science Journalists, em julho último, em Londres. “Cerca de um quarto do investimento de risco vai para tecnologias limpas.” Um grande impulso para o setor vem de legislações e regulamentos que estão sendo criados por governos ao redor do mundo para a adoção de uma matriz de energia mais sustentável. “Somente 3% da energia gerada no mundo é renovável”, disse Jeremy Leggett, presidente da Solarcentury, empresa britânica especializada em sistemas de energia solar. “Este ano, os projetos de fontes renováveis devem receber cerca de 15% do investimento de US$ 1 trilhão que será feito em energia.” Para Leggett, o setor alcançou um ponto de inflexão. “Se tivermos imaginação, é possível fazê-lo”, acrescentou o empresário. “Num período de 12 a 15 anos, o mundo poderia funcionar com 100% de energia renovável.” As metas dos governos, no entanto, são mais modestas. A União Europeia aprovou recentemente a meta de usar 20% de energias renováveis até 2020, com pelo menos 10% nos transportes. Atualmente, o uso de combustíveis renováveis na Europa está em cerca de 1%. “A meta dos transportes será atingida principalmente por biocombustíveis, e precisaremos
importar a maior parte deles”, disse Giovanni de Santi, diretor do Instituto de Energia da Comissão Europeia. Ele acrescentou que a Europa trabalha em critérios de sustentabilidade que irão nortear a produção dos biocombustíveis que irá consumir. “É preciso levar em conta os efeitos secundários”, disse Santi. “Os biocombustíveis não devem causar desmatamento ou reduzir a área dedicada à produção de alimentos.” Segundo ele, esses critérios podem ser definidos nos próximos meses, e existe uma negociação no âmbito do Grupo dos Oito (G-8) para que sejam definidos critérios mundiais de sustentabilidade. A União Europeia planeja investir, nos próximos 10 anos, de 40 bilhões a 60 bilhões em pesquisa e desenvolvimento em energias renováveis. Um estudo apresentado por Santi apontou uma redução de mais de 80% na emissão de gases do efeito estufa e de quase 100% no uso de combustíveis fósseis com o uso do etanol de cana-de-açúcar. “O etanol de cana-de-açúcar é a tecnologia mais eficiente de primeira geração”, reconheceu o diretor do instituto europeu. A segunda geração do etanol, que ainda não é comercialmente viável, será produzida com matérias-primas que não servem de alimento, como madeira, folhas e bagaço de cana. Fonte: Jornal O Estado de S.Paulo. ME
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a t en m a l u g e r l Brasi e d o ã ç produ
A
nicos â g or
partir de 2010, uma série de normas merenda escolar é nosso próximo passo.” Com a nova regra, o técnicas deve orientar os mais de 15 De acordo com Sandra, do Pão de mil produtores de alimentos orgânicos Açúcar, um dos obstáculos para o deagricultor terá diretrizes do País. A medida, tomada em conjunto em senvolvimento desse nicho é a falta de para melhorar sua promaio pelos Ministérios da Agricultura, Meio conhecimento. Ela acredita que as pessoas dutividade e a qualidaAmbiente, Saúde, Educação e Ciência e buscam os orgânicos quando sabem que de dos alimentos. Tecnologia, visa essencialmente a capacitação eles fazem bem para a saúde e para o meio dos agricultores para agregar valor a suas ambiente. “Todo mundo quer se alimentar produções, já que o selo do governo será uma melhor. Todo mundo quer viver mais. Se garantia de que uma mercadoria obedeceu a diversas normas nos alimentarmos melhor, começaremos a ver melhoras reais análogas às adotadas internacionalmente. em nós mesmos”, comenta. Além da valorização do menor A iniciativa do Governo Federal é um sinal de mudança. impacto dos orgânicos, a gerente complementa que também Um impulso oficial a um nicho crescente, mas que ainda “é obrigatório aumentar a escala de produção para chegar a encontra dificuldades técnicas (e tecnológicas) para ganhar um preço mais acessível. Somente nos Estados Unidos, são escala e espaço no mercado. É o que demonstra o caso do US$ 44 bilhões de faturamento ao ano. E só tende a crescer”. grupo Pão de Açúcar, rede de supermercados que mais Ela conta que lá, assim como na Europa, esse mercado está comercializa orgânicos no País. A empresa observa o cres- muito mais desenvolvido, pois a produção de alimentos cimento deste segmento ano a ano: segundo Sandra Sabóia, industrializados que levam o selo orgânico já é mais sólida. gerente comercial de frutas, legumes e verduras, as vendas “No Brasil ele ainda é embrionário”, contrapõe. Não existem na rede aumentaram 40% somente no primeiro trimestre de números oficiais, mas estima-se que haja um aumento de 30% 2009, comparado com o mesmo período do ano passado. Em ao ano na produção de alimentos orgânicos no País. 2008, o faturamento anual com a venda de orgânicos foi de R$ 40 milhões. Segundo Sandra, a saída desses produtos nas Certificação de orgânicos O Brasil já utiliza diversos selos para produtos orgânicos, lojas da rede atingiu um crescimento consolidado de, pelo no entanto até agora não havia uma padronização em âmbito menos, 25% ao ano nos últimos cinco anos. Para o Ministério da Agricultura, um dos principais nacional. Com a nova regra criada pelo Governo Federal, que empecilhos para o crescimento do mercado de orgânico é, entra em vigor no ano que vem, o agricultor terá diretrizes além da falta de uma regulamentação unificada, uma carên- para melhorar sua produtividade e a qualidade dos alimencia de noções técnicas por parte dos produtores. “Estamos tos, o que deve impulsionar os orgânicos. “Ele pode levar assinando um protocolo com os Ministérios da Educação e o produto ao mercado com aquele selo, e quem compra da Ciência e Tecnologia para a criação de núcleos de agroe- sabe que ele produziu aquilo de forma correta”, explicou, cologia nas escolas técnicas e universidades”, anunciou, du- ao site do Canal Rural, o ministro da Agricultura Reinhold rante a Rio Orgânico 2009, o coordenador de Agroecologia Stephanes. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e do Ministério da Agricultura, Rogério Dias. “Além disso, o Abastecimento, as mercadorias que receberem o certificado Governo Federal já paga 30% a mais pelo produto orgânico devem trazer na embalagem informações detalhadas sobre nas compras institucionais. A inclusão desses alimentos na a qualidade dos alimentos. Fonte: Revista Sustenta. ME
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Açúcar orgânico brasileiro ganha mercados exigentes
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açúcar orgânico brasileiro começa a ganhar os exigentes mercados da Coréia do Sul e da Espanha com a sua própria marca. O esforço para escapar da vala comum de simples commodity, até mesmo para um produto orgânico, que já é diferenciado pelo fato de ser livre de agrotóxicos, vem sendo feito pela Native, empresa de Sertãozinho, no interior de São Paulo, do Grupo Balbo. “Já estamos hoje em 10 lojas da Hyundai na Grande Seul, em mais de 50 lojas da rede coreana especializada em produtos orgânicos Uginong, além de cafeterias sofisticadas daquele país”, diz o diretor Comercial da Native, Leontino Balbo Júnior. Na Espanha, o produto com a marca brasileira acaba de ser admitido nas prateleiras da tradicional loja de departamentos El Corte Inglés e em redes de conveniência. Nas contas do diretor da empresa, vender o açúcar orgânico com a sua própria marca, no lugar de entregá-lo para ser vendido com o timbre do compraNo Japão, o açúcar dor, compensa. “O diferencial do preço em dólar oscila entre orgânico produzido 10% e 15%”, diz. pela Native responAtualmente, das cerca de 25 de por 60% do mil toneladas anuais de açúcar consumo industrial. orgânico que a companhia exporta para 41 países, 90% vão para indústrias que ou utilizam o item como ingrediente na fabricação de outros alimentos ou revendem o produto simplesmente acondicionando-o na sua embalagem e com a sua marca. “O objetivo de longo prazo é ter a nossa marca nas lojas do exterior, e não sermos apenas fornecedores de outras marcas”, diz Balbo Júnior. No Japão, por exemplo, o açúcar orgânico produzido pela Native responde por 60% do consumo industrial. Nos Estados Unidos, o produto brasileiro aparece sob a marca Stone
Field Farm, que compra o açúcar e o empacota. Na Inglaterra, a companhia brasileira é fornecedora do produto para as marcas Silver Spoon e Billington’s. Coincidentemente, esta última marca está lado a lado da Native nas lojas da rede coreana Uginong, observa Balbo Júnior. O executivo conta que o trabalho para abrir o mercado da Coréia do Sul foi de “formiguinha”. Há dois anos, a empresa iniciou a empreitada por meio de um distribuidor local de produtos brasileiros, que foi divulgando o açúcar orgânico no varejo, em cafeterias e lojas especializadas. Ao contrário de outros países onde o início do trabalho foi na indústria, na Coréia do Sul começou pelo varejo, nas cafeterias chiques de Seul, cujos freqüentadores são pessoas formadoras de opinião. “Lá, os coreanos agendam um horário para degustar o café e constataram que o açúcar orgânico melhora o sabor da bebida.” Balbo Júnior observa que, na Ásia, a cultura de consumo é muito diferente da ocidental. Ao contrário da Europa, onde o produto é vendido sem que o comprador conheça o fornecedor, nos países asiáticos eles querem ver a a cara do produtor e ter a certeza de que terão o suporte técnico da mercadoria até a prateleira da loja. Por isso, a empresa traz sistematicamente os compradores asiáticos para conhecer a usina de açúcar no Brasil, o processo de produção e as redes varejistas onde o item é vendido, como supermercados sofisticados - entre os quais estão a Casa Santa Luzia e o Pão de Açúcar. “Gastamos muito pouco para internacionalizar a marca porque usamos o showroom Brasil.” O empresário ressalta também que a marca brasileira tem um apelo adicional. É que consumir produtos estrangeiros hoje é símbolo de status para os novos ricos coreanos, diferentemente da Europa e dos EUA. Fonte: Agência Estado. ME
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Energia limpa aumentaria postos de trabalho
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s investimentos em fontes de energia renováveis ou com baixa emissão de carbono poderiam criar 3 milhões de empregos até 2025 apenas nos Estados Unidos. Esta é a previsão de relatório apresentado em maio último na Cúpula Empresarial Mundial sobre Mudança Climática, em Copenhague, Dinamarca, quando estiveram reunidos mais de 800 líderes empresariais, especialistas, políticos e representantes de organizações não-governamentais. Segundo as agências de notícias Efe e AFP, o estudo, desenvolvido pelo Laboratório de Energia Renovável da Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA), conclui que o investimento em energias renováveis e a adoção de medidas eficientes do ponto de vista energético poderiam gerar de duas a oito vezes mais postos de trabalho por unidade de energia do que o setor baseado em combustíveis fósseis. O ex-vice-presidente dos EUA Al Gore e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fizeram um apelo na abertura da conferência: a participação ativa dos empresários na luta contra o aquecimento global e empenho até a chegada da Cúpula Mundial do Clima, em dezembro - que deve criar um novo tratado climático que deve substituir o Protocolo de Kyoto, válido até 2012. Estudo aponta que Empresários presentes ao evento defenderam fortemente a necessidade de se criar uma regulamentação clara sobre o investimento em fonte tema. A comunidade reivindicou iniciativas dos governos, renovável poderia mas concordou quanto à necessidade de uma colaboração em gerar 3 milhões de todos os níveis para conseguir um acordo global na Cúpula vagas só nos EUA até Mundial do Clima. 2025. O diretor da Ericsson Carl-Henric Svanberg ressaltou que as empresas podem transformar o “desafio climático” em uma oportunidade de negócio. “Os políticos têm de assumir o problema, mas os empresários têm de atuar. Não há tempo para esperar o que os governos vão fazer”, afirmou Indra Nooyi, diretora executiva da Pepsi. ME
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Cosan capta US$ 350 milhões
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grupo Cosan, maior companhia mite de até R$ 5 bilhões. A empresa também A maior companhia global de açúcar e álcool, concluiu poderá emitir ações, debêntures conversíveis em 04/8 último a captação de US$ em ações ou bônus de subscrição sem que sucroalcooleira global 350 milhões em bônus para refinanciar boa os antigos acionistas tenham direito de refinancia boa parte parte de suas dívidas de R$ 1,1 bilhão com o preferência. No entanto, a companhia não de suas dívidas. Bradesco, cujo vencimento é em novembro pretende, neste primeiro momento, aumentar de 2010. seu capital, apurou o Valor. O vencimento do bônus é de cinco anos, A Cosan também não planeja no curto com taxa de juros de 9,5%. A operação foi coordenada pelos e médio prazo realizar nova captação de bônus. A empresa bancos Morgan Stanley, Bradesco e Santander. Segundo estuda buscar financiamentos junto o bancos. o jornal Valor Econômico, houve demanda no mercado A captação realizada pela Cosan foi bem recebida pelo para US$ 2 bilhões e os juros iniciais ofertados foram de mercado. Segundo analistas ouvidos pelo Valor, conta a 10,25%. favor da companhia sucroalcooleira o fato de esses reA captação foi feita por meio da Cosan Combustíveis e cursos captados serem direcionados para pagar as dívidas Lubrificantes Finance Ltda., com sede nas Ilhas Cayman, existentes. que é subsidiária integral da CCL. No ano passado, a CoA Cosan tem um endividamento da ordem de R$ 3,04 san adquiriu os ativos da ExxonMobil no Brasil, entre os bilhões (posição da safra 2008/09, encerrada em março). quais a rede de combustíveis Esso, e criou a divisão CCL, A expectativa é de que o endividamento da companhia voltada para o novo negócio da companhia. seja revisto para cima por conta dos financiamentos do A Cosan também aprovou em assembleia realizada com BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econôseus acionistas o aumento de seu capital social para um li- mico e Social) para os projetos de cogeração de energia e
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Compromisso Nacional já tem adesão de 323 usinas sucroenergéticas
em bônus também pela aquisição do grupo Nova América. Analistas afirmam que a Cosan poderá abrir caminho para que outras empresas de médio porte consigam realizar captações no mercado. A aprovação do limite de aumento de capital também foi bem vista pelo mercado, uma vez que a empresa tem planos de expandir seus negócios em açúcar e álcool, cogeração de energia e também em distribuição de combustíveis, segundo os mesmos analistas. Com uma capacidade para processar mais de 60 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no país, o grupo Cosan tornou-se em abril último a maior companhia sucroalcooleira global, com a aquisição dos ativos da Nova América, dona da marca de açúcar União no varejo. ME
O número representa O termo do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana cerca de 80% das de Açúcar, lançado no dia 25 de junho último mais de 400 usinas em em cerimônia em Brasília, já tem a adesão de 323 atividade no País, 182 usinas sucroenergéticas. O total, atingido até o delas em São Paulo. final do mês de julho, representa cerca de 80% das mais de 400 usinas em atividade no País, 182 delas em São Paulo. O termo de adesão ao Compromisso foi firmado no final de junho entre representantes do governo federal, trabalhadores rurais e empresários do setor sucroenergético nacional. “Este é um acordo histórico, que valoriza bons exemplos na colheita manual. A iniciativa pioneira mostra a enorme evolução e a posição de vanguarda das partes envolvidas, particularmente no tocante ao desenvolvimento sustentável do setor”, destaca Elimara Assad Sallum, consultora para assuntos trabalhistas da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica).
Esforço contra desemprego
O Compromisso Nacional é um acordo tripartite, que valoriza as melhores práticas trabalhistas já existentes no setor e amplia os esforços para requalificar trabalhadores da cana para enfrentar o desemprego, causado pela crescente mecanização da colheita. As “melhores práticas” adotadas no documento incluem a contratação direta de trabalhadores rurais que atuam no plantio e no corte manuais da cana de açúcar, eliminando a utilização de intermediários, os chamados “gatos”. Melhorias no transporte de trabalhadores, aumento da transparência na aferição e no pagamento do trabalho por produção, além de maior suporte aos migrantes contratados em outras localidades, são outros pontos importantes do acordo. Questões voltadas para a saúde e segurança dos trabalhadores, como por exemplo ginástica laboral, pausas para descanso e reidratação, atendimento de emergência e readequação dos equipamentos de proteção individual também estão entre os principais itens do documento. Como parte integrante do processo, o governo federal vai contribuir introduzindo um conjunto de políticas públicas específicas nas áreas de educação, requalificação e facilitação de emprego. ME
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tendências
biocombustíveis deverão obedecer critérios socioambientais
A
produção de biocombustíveis deverá ser realizada com a observação de critérios socioambientais, como a não utilização de trabalho infantil ou escravo e evitando o desmatamento de florestas ou vegetação nativa. A determinação está prevista em matéria aprovada em 06/8 último pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e será agora encaminhada à análise da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), em decisão terminativa, segundo a Agência Senado. A exigência está sendo acrescentada por meio de parágrafo único à Lei 9.478/97, que dispõe sobre a Política Energética Nacional. Segundo explica o autor do projeto (PLS 213/09), senador Valdir Raupp (PMDB-RO), embora o Brasil detenha, no mundo, uma das mais avançadas tecnologias para a produção de biocombustíveis, essa produção tem sido alvo de críticas, “muitas vezes destituídas de fundamento”. “Temos sido acusados de expandir a produção de etanol e de biodiesel à custa da destruição da Floresta Amazônica, bem como do emprego de trabalho escravo e de trabalho infantil, o que, na maioria das vezes, não é verdade” - afirmou Raupp, na justificativa ao projeto. Para o senador por Rondônia, a medida mais eficaz para se combater essa propaganda, que prejudica o Brasil, é a elaboração de uma legislação que determine que a produção de biocombustíveis seja realizada em conformidade com adequados padrões socioambientais. Em seu parecer favorável ao projeto, o senador Gilberto Goellner (DEM-MT) lembrou que o mercado mundial, especialmente o europeu, vem cada vez mais exigindo dos produtores de biocombustíveis a adoção e a prática de critérios socioambientais em sua cadeia produtiva. “Essas garantias, para a grande maioria dos que as exigem, devem ser atestadas por meio de mecanismos confiáveis, capazes de assegurar que a utilização de processos agroindustriais para a produção desses combustíveis não vá de encontro aos princípios do desenvolvimento sustentável” - justificou Goellner. Ao elogiar o projeto, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) afirmou que a matéria está inteiramente em harmonia com o pensamento do Brasil sobre desenvolvimento sustentável. Para Paulo Duque (PMDB-RJ), é preciso zelar pelo futuro das crianças e extinguir, de vez, o trabalho escravo no Brasil. ME
tendências
mercado empresarial
Cana-de-açúcar P
terá certificação global
ressionado pela comunidade internacional sobre a sustentabilidade de sua produção, o setor sucroalcooleiro, capitaneado pelo Brasil, prepara-se para lançar mão de uma certificação global que garanta melhores práticas agrícolas, ambientais e sociais. Segundo o jornal Valor Econômico, a ação - conhecida como Better Sugarcane Initiative (BSI), começou a ser elaborada há três anos e reúne grandes produtores e consumidores de açúcar e álcool, como Coca-Cola, Shell e BP, além de financiadores (IFC, afiliada do Banco Mundial) e organizações não-governamentais (WWF entre elas). Em março último, uma versão preliminar de princípios, critérios e indicadores foi publicada e agora passa pelo crivo de consultas públicas. A expectativa é de que em novembro deste ano essas novas normas sejam aprovadas pela Assembleia Geral da BSI, que estará reunida em Londres. “A certificação deve começar em 2010”, afirmou ao Valor Geraldine Kutas, assessora internacional da União da Indústria de Cana-deAçúcar (Unica), sediada em São Paulo. “Cerca de 70% do setor mundial de cana-de-açúcar está envolvida na iniciativa. Queremos que seja um negócio `mainstream´ e não apenas de nicho “ . De acordo com a executiva, as normas serão medidas metricamente - cada indicador terá um valor de referência -, o que dará mais objetividade ao processo. Além disso, a iniciativa levará em conta diretivas da União Europeia de promoção de energia renovável, adotadas em dezembro, que determinam a redução de 35%
nas emissões de gases de efeito estufa, subindo para 50% em 2017. “Desta forma, o selo BSI seria aceito com facilidade por países europeus”, diz Geraldine. Segundo ela, a ideia inicial do grupo contemplava apenas a certificação do açúcar. Mas os questionamentos sobre a sustentabilidade do etanol acabaram estendendo as discussões ao produto. A principal crítica desses países é de que a expansão da cana força as demais culturas a se deslocarem para áreas ainda preservadas do país, como a Amazônia. “A certificação abrirá novos mercados”, disse ao Valor Econômico Luis Fernando Guedes Pinto, superintendente do Imaflora, que desde março último passou a auditar propriedades brasileiras de cana e soja sob o selo Rainforest Alliance, criado pela Rede de Agricultura Sustentável nos anos 90. O selo internacional já existe para culturas perenes como café, cacau, banana e chá. No Brasil, o Imaflora é o único apto a auditar os projetos. “Já são mais de 40, basicamente de café”, diz Guedes Pinto. De acordo com ele, o Brasil vendeu 200 mil sacas de café certificado no ano passado, com prêmio médio de R$ 15,00 por saca. “Queremos causar transformações na agricultura tropical e, para isso, teríamos de alcançar também soja, cana e dendê”, explica. Duas empresas já mostram interesse na certificação: o grupo Balbo, de Sertãozinho (SP) e o Adecoagro, com sua usina em Angélica (MS). Para tanto, elas deverão seguir dez princípios e 100 critérios nas áreas ambiental, social e agronômica. ME
O selo garantirá melhores práticas agrícolas, ambientais e sociais e abrirá novos mercados.
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tendências
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Resíduos da beterraba açucareira e do bagaço da cana-de-açúcar produzirão bioplástico
A
Bio-Em, empresa italiana de Biotecnologia, está colocando no mercado um processo que produz bioplástico baseados no ácido polilactico (PLA) dos resíduos da beterraba açucareira e da cana-de-açúcar. Com uma eficiência reivindicada de 95%, os resíduos do processo de produção de açúcar transformam-se em recursos valiosos que podem ser convertidos quase em sua totalidade em um produto útil. A polpa da beterraba açucareira, um dos mantimentos principais, é usada geralmente como alimentação animal. Do mesmo modo, o bagaço da cana-de-açúcar tem um valor relativamente baixo e estão abundantemente disponíveis. O bioplástico baseado em PLA é produzido atualmente quase exclusivamente do milho e de amido de outros grãos. En-
Atualmente, o bioplás-
tretanto, como os preços para tico baseado em PLA estes mantimentos se mantêm é produzido quase elevado por causa de seu uso na produção de álcool etílico, exclusivamente do a utilização de matérias-primas milho e de amido de novas transforma-se em uma outros grãos. proposta atrativa. O processo de produção reduziria custos da energia e como é baseado em uma estratégia do multi-mantimento, reduziria os custos das matérias – primas, que seria substancialmente mais baixo do que aqueles para a produção tradicional do PLA. Uma primeira escala de produtos a ser fabricados pela Bio-Em é uma escala de plásticos biodegradáveis com os retardadores naturais a serem usados em aplicações automotrizes. O planejamento da planta de produção é completamente significativa na Plástico Valley’ na Bolonha, com a produção estimada de 10.000 toneladas. Fonte: Packagingknowledge. ME
tendências
mercado empresarial
Brasil lança iniciativa por quebra de patente para
energias limpas
O
Brasil insiste: o tratado sobre mudanças climáticas que será negociado na Conferência de Copenhague, em dezembro, terá que incluir uma cláusula sobre o compartilhamento de tecnologias “verdes”. A proposta bate de frente com a ambição de países ricos de colocar toda a ênfase na ideia de “transferência” de tecnologia. Isso, para o Brasil e outros emergentes, nada mais é que perpetuar o monopólio sobre o conhecimento e gerar lucros para o mundo desenvolvido, desvirtuando o objetivo de preservar o meio ambiente. “Quem acredita em transferência de tecnologia acredita também em Papai Noel e coelhinho da Páscoa”, ironizou Haroldo Machado Filho, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele reiterou a posição do Brasil durante uma recente conferência da Organização Mundial de Propriedade Intelectual. Com o apoio do G77 *(grupo de países em desenvolvimento), a proposta brasileira é reproduzir um princípio já aplicado na saúde, pelo qual a quebra de patentes é permitida em casos de interesse público. “Uma negociação justa sobre a transferência de tecnologia é fundamental para selar um acordo em Copenhague”, disse Machado na abertura da conferência, em Genebra. Ele admite, porém, que não será fácil estabelecer os critérios para quebra de patentes, que tocam em conceitos muitas vezes vagos, como situações de emergência. Por ora, diz Machado, é mais sensato tentar incluir o princípio no acordo, para depois negociar os detalhes. “Todo mundo reconhece a necessidade de transferência de tecnologia, existe um consenso em torno disso”, explica Machado, que é membro da Comissão Interministerial de Mudança do Clima. “A questão está nos mecanismos.”
A proposta brasileira de um sistema de patentes flexível para tecnologias verdes não é nova. Ela vem sendo defendida pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) desde a Conferência do clima da ONU em Bali, em 2007. Mas o debate promete esquentar à medida em que o encontro de Copenhague se aproxima. Para o ministro para Propriedade Intelectual britânico, David Lammy, é errado reduzir a discussão às patentes. “Precisamos tirar esse assunto dos advogados e devolver às pessoas”, disse ele durante a conferência da Ompi. “O importante é permitir acesso ao conhecimento.” Questionado pela Folha, ele se negou a dizer em quais circunstâncias seu país aceitaria a quebra de patentes. Um assessor respondeu que não abriria as posições antes da negociações. Para Lammy, é essencial estabelecer “um clima de confiança” antes dos debates. Por enquanto, o que predomina é o ceticismo. Sobre a proposta de o governo britânico de criar um fundo ambiental de US$ 100 bilhões, Machado transmite incredulidade. E cita como exemplo de promessa nunca cumprida a meta de destinar 0,7% do PIB dos países industrializados para o mesmo fim, feita em 1992. “Números se lançam, como sempre se lançaram”, disse ele. “A questão é o que acontece efetivamente.” Fonte: Folha On Line. ME *G77: bloco formado pelos países em desenvolvimento, abrangendo países como Brasil, Arábia Saudita e muitos outros com o mesmo baixo grau de afinidade.
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dicas de leitura
COOL IT - MUITA CALMA NESSA HORA O GUIA DE UM AMBIENTALISTA CÉTICO SOBRE O AQUECIMENTO GLOBAL
CERTIFICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL PARA A AGRICULTURA: Desafios para o Setor Sucroalcooleiro A obra pretende contribuir com subsídios para o debate público a respeito do setor sucroalcooleiro, contemplando a complexidade das questões que envolvem o tema, entre elas: a produção e expansão da cana, do açúcar e do álcool; o comércio internacional; as relações de trabalho; produção sustentável; as mudanças climáticas, os biocombustíveis e a produção de alimentos e energia. Trata com clareza e qualificação as questões mais relevantes da certificação socioambiental do setor sucroalcooleiro. Não só aponta os problemas e desafios, como apresenta propostas para sua superação sem dogmatismo e sem considerar-se o repositório da verdade e das soluções. Convida o leitor a uma reflexão sobre o enfrentamento destas questões atuais e cruciais para futuro de uma produção social e ambientalmente correta do setor sucroalcooleiro e, por via de conseqüência, de toda a agricultura brasileira. Organizadores: Francisco Alves, José Maria Gusman Ferraz, Luís Fernando Guedes Pinto e Tamás Szmrecsányi Editora: Imaflora e Universidade Federal de São Carlos, 2008 312 Páginas
Bjorn Lomborg defende que muitas ações complexas avaliadas hoje para deter o aquecimento global e que custarão centenas de bilhões de dólares se baseiam com frequência em suposições passionais e não estritamente científicas, podendo exercer pouco impacto sobre a temperatura do planeta durante centenas de anos. Em vez de começar pelas abordagens mais radicais, Lomborg argumenta que devemos primeiro nos concentrar em soluções mais imediatas, como combater a malária e o vírus HIV, o que demandará uma fração desse valor, salvando milhões de vida na nossa geração. Lomborg nos traz uma segunda geração de ideias sobre aquecimento global, que considera que o pânico não é um ponto de partida justificado nem construtivo para lidar com quaisquer dos problemas da humanidade. Autor: Bjorn Lomborg Editora: Campus, 2008 240 páginas
TERRA SOB PRESSÃO - A VIDA NA ERA DO AQUECIMENTO GLOBAL De uma hora para outra, o tema “aquecimento global” começou a fazer parte de nossas vidas. As discussões sobre o futuro do planeta deixaram os círculos fechados dos cientistas e das universidades para chegar às salas de aula e às telas do cinema, virando também assunto nas conversas entre amigos. No meio de tantos debates um fato é inegável: os recursos naturais da Terra nunca estiveram sob tanta pressão nem sofreram tantos danos e devastações como agora, deixando-nos dúvidas quanto à saúde do planeta daqui para a frente. A natureza é frágil e vem dando sinais de que necessita de cuidados. E urgentes. O futuro da Terra está nas mãos de cada um de nós. Este é o recado do autor Sergio Túlio Caldas. Autor: Sergio Tulio Caldas Editora: Moderna Coleção Polêmica
SETOR SUCROALCOOLEIRO: DA RÍGIDA INTERVENÇÃO AO LIVRE MERCADO É considerado um dos mais sérios e importantes ensaios sobre o tema. Mário Luiz Oliveira da Costa traça as grandes linhas para o tratamento do setor a se combinarem em proporções diversas e mutáveis ao longo do tempo; o regime da liberdade assistida; a auto-regulação e as medidas definidas para uma transição que ainda não se completou. Autor: Mario Luiz Oliveira Da Costa Editora: Metodo, 2003 224 páginas
dicas de leitura
mercado empresarial
UMA VERDADE INCONVENIENTE o que devemos saber (e fazer) sobre o aquecimento global
A DESREGULAMENTAÇÃO DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DO BRASIL
A LIDERANÇA GENIAL DE ALFRED P. SLOAN - (Ex-Presidente da General Motors)
O novo livro do ex-vice-presidente americano Al Gore faz parte de seu projeto de conscientização ambiental, que inclui palestras ao redor do mundo, em que são apresentados dados incontestáveis sobre a crise climática provocada pela ação do homem no planeta, além do documentário Uma Verdade Inconveniente - Um aviso global, de grande repercussão nos EUA e no mundo político. A obra apresenta, de forma didática e envolvente, o resultado de toda uma vida dedicada à questão ambiental, cada vez mais inadiável. Com base em pesquisas realizadas por especialistas e instituições de renome, e compilando dados e exemplos no mundo inteiro, Al Gore produz uma obra de alerta sobre o aquecimento global. Narra também parte de sua trajetória de vida, focando os pontos-chave que o fizeram voltar a atenção para o ambiente.
Nesta obra, a pesquisadora do Cepea e professora da Esalq/USP Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes apresenta uma meticulosa análise sobre a desregulamentação do setor e quais as novas políticas requeridas. A obra elaborada a partir da tese de doutorado da autora, defendida na Esalq/USP, compila pontos de vista e sugestões de produtores de cana, associações de fornecedores, consumidores, industriais de várias regiões, políticos e administradores públicos, além de estudiosos do meio acadêmico, com atualizações do início deste ano. O livro oferece também um amplo contexto histórico do setor sucroalcooleiro no Brasil, a legislação pertinente, incluindo as decisões tomadas durante o processo de desregulamentação, e informações sobre a intervenção estatal em diversos países produtores de açúcar. Para apresentar detalhadamente legislações, história e opiniões sobre os processos correntes, a obra é dividida em cinco partes e 16 capítulos.
Líder visionário, Alfred P. Sloan (18751965) revolucionou o mundo empresarial norte-americano como CEO da General Motors por 30 anos, com sua visão estratégica e estilo de liderança. Seu brilhantismo é lendário, como também suas abordagens inovadoras sobre liderança por consenso, estimulando discussões, empregando fatos e dados, e lidando com consumidores. Nesta interessante obra, o autor Allyn Freeman explica por que os princípios de Sloan têm resistido ao teste do tempo, e fornece exemplos ilustrativos das principais empresas de diferentes setores que implementaram esses conceitos, como Coca-Cola, Marian Labs, Nike, Hallmark, entre outras.
Autor: Al Gore Editora: Manole, 2006 328 páginas: 328
Autora: Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes Coleção Cepea/ Caminho Editorial, 2000 283 páginas
Autor: Allyn Freeman Editora: Qualitymark, 2009 264 páginas
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vitrine
Starrett: limas e cabos para o setor sucroalcooleiro A Starrett, uma das líderes micro película protegem até aproximadamente mundiais na fabricação de fer- um ano, variando de acordo com o clima de ramentas, produz limas e cabos cada região. O produto já vem pronto para uso, para limas que garantem firmeza com excelente praticidade. e segurança durante a utilização. “O micro-óleo pode ser utilizado para limEm usinas e indústrias alcoo- peza, conservação em diversos equipamentos, leiras os produtos são bastante possui ótimo rendimento e índice baixo de utilizados nas áreas de manutenção, viscosidade, que torna o seu desempenho exprodução, metal e mecânica; no campo, é um celente em diversas áreas. Ao lubrificar dobraexcelente material para a afiação de facões de diças em geral. Não conduz corrente elétrica, corte de cana-de-açucar. o que possibilita utilizar em painéis elétricos Os cabos e limas Starrett são indicados para para manutenção e conservação. Também é o uso em afiação de ferramentas, aplicações de apropriado para retirar o acúmulo de sujeira, acabamentos em variadas superfícies, aparagem ferrugem e muito utilizado como desengripante. em peças metálicas e outros. Os cabos aceitam Sua utilização é muito vasta, tornando-o indisoutros modelos e marcas de lima e podem ser pensável em empresas e residências”, explica encontradas em três cores dife- José Carlos Oliver. rentes, que indicam ao cliente As bombonas são muito utilizadas em a medida da lima adequada. Os indústrias em geral, como automotiva; aeroDesign do procabos amarelos, por exemplo, náutica; usinagem; agrícola, principalmente duto garante aceitam limas de 4” a 6” ; os para conservação nas entressafras; construção firmeza no vermelhos recebem limas que civil; equipamentos de metrologia; indústria de manuseio. meçam entre 6” e 8” e os de cor calçados; uso doméstico para lubrificação de branca podem ser usados em eletrodomésticos, dobradiças de portas e janelimas de 10” e 14” . las, equipamentos de caça e pesca; bicicletas; “Desenvolvemos os cabos dentro de um escritórios; consultórios; entre outros. conceito moderno de design, no qual a função, praticidade e durabilidade se destacam, por isso buscamos o formato anatômico e Anticorrosivo M1, ergonômico para que a mão humana fixe melhor o cabo. Os cabos foram desenvolda Starrett, agora vidos para serem compatíveis com todas pode ser enconas marcas e modelos de lima existentes trado em quatro no mercado”, explica José Carlos Oliver, embalagens. gerente de produtos da Starrett.
Anticorrosivo M1
A Starrett também introduz no mercado o micro-óleo anticorrosivo M1 em bombonas com quantidade de 5, 20 e 200 litros , além da tradicional embalagem aerossol de 300 ml. O M1 é útil para quem trabalha com ferramentas e máquinas e precisa proteger seus equipamentos da ferrugem. Como o micro-óleo cria uma película anticorrosão, ele é muito procurado em países com clima tropical, especialmente em épocas chuvosas do ano. Sua viscosidade e
vitrine
mercado empresarial
Poly Bio, a linha ecologicamente correta da Poly Blow Desde 1979, a Poly Blow trabalha para proporcionar aos seus clientes embalagens do mais alto padrão, empregando tecnologia para obter qualidade e inovação, dentro dos mais rigorosos padrões internacionais. Além disso, a empresa também se preocupa com a questão ambiental. Assim, decidiu aliar tecnologia e know-how e trazer para o mercado brasileiro e mundial de embalagens plásticas a linha biodegradável Poly Bio. Certificada por entidades internacionais, A linha ecologicaa linha Poly Bio, exclusiva da Poly Blow no mente correta da mundo, abrange, a princípio, cartuchos para rabilidade, e leva, aproximadamente, 15 anos Poly Blow pretende massas, selantes (silicones) e frascos para para se degradar dependendo da biodegrabiliuso veterinário (vacinas) biodegradáveis, inaugurar uma dade da embalagem; mantêm as características setores nos quais a empresa lidera o mernova era no merdo produto que compõem a embalagem sem cado brasileiro. Utilizando uma tecnologia alteração e o design arrojado e moderno das cado mundial de biodegradável, empregada em qualquer embalagens, marca registrada da empresa no embalagens embalagem de polietileno e polipropileno mercado, além de resistência e qualidade e soprada ou injetada, a linha Poly Bio atende aumento de market - share. a todas as exigências do mercado nacional Localizada em São Bernardo do Campo, no Estado de São e mundial. Paulo, o moderno parque industrial da Poly Blow possibilita Algumas características das embalagens biodegradáveis uma grande flexibilidade de produção que, alinhada a uma da linha Poly Bio: o produto é ecologicamente correto, engenharia ágil e pontual, permite uma resposta rápida às isto é, não é tóxico ao meio ambiente; apresenta alta du- expectativas dos clientes.
Eixos Cardans da Tec Tor Atendem às principais solicitações de torque.
A Tec Tor, um dos maiores players nacionais em soluções de transmissão e controle de torque, lança na Fenasucro 2009 sua linha de Eixos Cardans. Capaz de atender às principais solicitações de torque, as peças têm forma simétrica, permitindo sua montagem em qualquer sentido de rotação e em posição angular de 3 a 25°, facilitando a instalação. Os Eixos Cardans da Tec Tor possuem torque de 75 a 800.000 Nm, comprimento de 80 a 45.000 mm e flange de 60 a 1.000 mm de diâmetro, com capacidade de balanceamento de até 3.000 mm de diâmetro. Apresentam também balanceamento dinâmico de 60 a 2.000 mm de diâmetro, 4.500 mm de comprimento, 10 a 2.000 rpm, com capacidade limitada a 5.000 kg.
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TUBONIL – DESDE 2006, UMA NOVA OPÇÃO A Tubonil está no mercado desde 2006, mas seus profissionais contam com muitos anos de experiência no segmento. A empresa atua no mercado de tubos de aço carbono sem costura e com costura, de pequenos e grandes diâmetros, comercializando também a linha de Tubos Especiais de 12” a 24” SCH 40 A SCH 160, Tubos Mecânicos ST52 de 50,00mm a 650,00mm paredes grossas, padrão e fora de padrão. Localizada no município de Guarulhos – SP, numa área de 2.500m2, tem instalações modernas e funcionais que lhe permitem atender, com alto nível de qualidade, todas as demandas de seus clientes e fornecedores em todo o Brasil. A maior preocupação da empresa é com a satisfação de seus clientes e com o cumprimento qualitativo de suas atividades: assim,
dedica-se à melhoria contínua de seus produtos e serviços. Tudo isso faz da Tubonil mais que um distribuidor de tubos de aço, um parceiro de negócios preocupado em atender seus clientes de forma diferenciada, orientando e prestando suporte técnico.
Tubonil Comercial de Tubos de Aço Ltda. vendas@tubonil.com.br • www.tubonil.com.br Fone/Fax: (11) 2406-7494
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mercado empresarial
MASTERPEN - correias transportadoras, elevadoras e laminadas Em 1967, Wilfredo de Carvalho Baía inicia em Belo Horizonte a Casa das Correias. Em 1968 dá inicío à parceria com a Gates, importante fabricante mundial de correias, que em 1994 encerra a produção da sua linha de Correias Transportadoras. Assim, nasce a Materpen Ind. e Com. Ltda, totalmente voltada para a indústria de Correias Transportadoras, mantendo a consagrada tecnologia e qualidade Gates. Hoje a Masterpen é uma das maiores em-
presas do Brasil no segmento e mantém em sua linha de produção Correias Transportadoras, Elevadoras e Planas (laminadas), fornecendo em todo país aos setores agrícola, mineração, siderurgia, portuário, cimenteiro, açucareiro e nas diversas atividades que necessitam do transporte de materiais leves e pesados.
www.masterpen.com.br masterpen@masterpen.com.br Tel.:(11) 2088 5980
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Trabalha também com a linha completa de Metais não Ferrosos, Alumínio, Cobre, Bronze, Latão, Estanho, Níquel, Chumbo Zamak e, agora também com fundição e Aços para Ferramentas VC VND VW3 WP20 VWM2 H13 VCO etc, Aço Prata Carbono e Tungstênio Beneficiamento e Cementação Por tudo isso, não corra riscos - consultenos sempre!
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CORTE A LASER - Chapas e tubos - Qualinox A Qualinox, tradicional empresa fabricante de arruelas estampadas, inovou, seguindo as mais recentes tendências de mercado. Está implementando, em seu parque fabril, duas máquinas com tecnologia laser para corte de metais + dobradeira (CNC) + guilhotina (CNC). Com mais essa aquisição se mantém à frente da concorrência, dando um grande passo, sendo a primeira empresa fabricante de arruelas a importar um equipamento desse porte e de última geração. Essas máquinas permitem cortar uma variada gama de produtos, qualquer formato, com o maior diferencial do mercado, dispensa o uso de ferramentas. Com essa aquisição, a empresa se torna mais competitiva e inserida definitivamente no mercado de tecnologia de ponta, podendo atender a todo e qualquer segmento de mercado. O que hoje está em torno de 7.000
itens fabricados (arruelas), poderá ultrapassar a barreira dos 100.000. Além de fabricação de peças, também prestará serviços de corte em chapas (alto, baixo e médio carbono) até 12 mm, inoxidáveis até 6mm. Opera também um dispositivo especial para corte de tubos com até 180mm de diâmetro e parede de 4mm.
Davinox Indústria Metalúrgica Ltda www.qualinox.com.br Tels.: (11) 3621-3396 / 3625-0281
D50 - dessuperaquecedor radial Com processos criativos para melhorar a eficiência dos equipamentos, facilitar a manutenção e reduzir paradas, a Foxwall desenvolveu um novo produto para condicionamento e tratamento de vapor. Na série de dessuperaquecedores, como o DS10 tipo inclinado, D20 tipo reto, VC10 condicionadora de vapor, lança a série D50 dessuperaquecedor tipo Radial. Indicada para tratamento de temperatura de gases e vapores quentes pulveriza por meio de injeção de água ou outros fluídos em tubulação acima de 30”. Devido instalação externa, não cria turbulência ou perda de carga indesejáveis. Desobstrui a tubulação sem perder área de vazão. Utilizando válvula globo dimensionada para cada processo, pode ser atuada por piloto, válvula solenóide, posicionador eletropneumático, posicionador microprocessado com protocolos de comunicação. O D50 Dessuperaquecedor tipo Radial é fonte acessível de tecnologia e métodos para controlar processos de precisão.
Contate o departamento de Engenharia de Aplicação da Foxwall para realizar dimensionamento para o seu processo.
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mercado empresarial
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índice de anunciantes
ACMW Indústria e Comércio Ltda ............................................64
Juntas Brasil Indústria e Comércio Ltda ................................... 52
Açoramo Distribuidora de Aços . .............................................. 29
Masterpen Indústria e Comércio Ltda . ..................................... 31
Aplastec Plásticos Técnicos Ltda . ............................................50
MBA Mercantil Brasileira de Aço Ltda ..................................... 63
Astonia Comércio de Embalagens Ltda ................................... 40
Metalsan Ind. e Com. de Metais ............................................. 49
Atlanta Rolamentos .................................................................60
Mevi Engrenagens e Redutores .............................................. 54
Ciesp......................................................................................... 37
Nofor Queimadores Ind. e Sistemas de Combustão Ltda........ 52
Cofibam Condutores Elétricos .................................................... 5
Novoaço Especial ....................................................................60
Ceise Br..................................................................................... 65
Ônix Distribuidora de Produtos Elétricos Ltda .................4ª capa
D & D Manufatureira Ltda ........................................................ 12
Palley Industrial Ltda . ............................................................. 52
Damol Indústria e Comércio de Molas Ltda . ........................... 55
Partel Parafusos ....................................................................... 57
De Carlo Usinagem e Componentes Ltda ................................ 45
Pekon Condutores Elétricos Ind. e Com. Ltda . ......................... 57
Dragtec Tubos de Aço Helicoidal Ltda ..................................... 41
Poloplástico Comércio de Plático Ltda ..................................... 40
Fervax Comercial & Importadora de Acessórios Ind. Ltda . ......50
Pordial Componentes Eletrônicos Ltda . .................................... 41
Fesma Indústria e Comércio de Ferramentas Ltda ................... 39
Raritubos Distribuidora Tubos de Aço Ltda ............................. 32
Gift Intelligence...............................................................3ª capa
Sesi........................................................................................... 38
Gigante Ar Condicionado . ...................................................... 49
Superfine Steel Aços Inoxidáveis Ltda ..................................... 51
Gradecom Comércio de Grades e Ferragens Ltda .................. 55
Tekno S/A Ind e Com ............................................................... 39
Inox Par.............................................................................2ª capa
Tekroll Equipamentos Industriais ............................................. 23
Jamaica Indústria de Artefatos de Borracha Ltda ................... 45
Tubonil Comercial . .................................................................... 51 Zara Transmissões Mecânicas Ltda . ........................................ 54
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