Especial Fenasucro & Agrocana 2010
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A revista do Anuário das Indústrias
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Ano 5 - Edição nº 30 - Setembro de 2010 Publicação
Desenvolvimento Projeto RenovAção capacita cortadores de cana para outras profissões
Economia
Brasil será o maior produtor agrícola da próxima década
Meio Ambiente Políticas para salvar o Planeta
SETOR
SUCROALCOOLEIRO SAI DA CRISE E RETOMA OS
BONS NEGÓCIOS
editorial
mercado empresarial A revista do Anuário das Indústrias
expediente Coordenação: Mariza Simão Redatora: Sonnia Mateu - MTb 10362-SP contato: sonniamateu@yahoo.com.br Colaboraram nesta edição: Irineu Uehara e João Lopes Diagramação: Lisia Lemes Arte: Vladimir A. Ramos, Ivanice Bovolenta, Cesar Souza, José Francisco dos Santos, José Luiz Moreira, Edmilson Mandiar, Gustavo Monreal. Distribuição: Fenasucro- XVIII Feira Internacional da Indústria Sucroalcooleira Impressão: RR Donnelley Matriz: São Paulo - Rua Martins Fontes, 230 - Centro CEP 01050-907 - Tel.: (11) 3124-6200 - Fax: (11) 3124-6273 Filiais: Araçatuba - Rua Floriano Peixoto, 120 1º and. - s/ 14 - Centro - CEP 16010-220 - Tel.: (18) 3622-1569 Fax: (18) 3622-1309 Bauru - Centro Empresarial das Américas Av. Nações Unidas, 17-17 - s 1008/1009 - Vila Yara - CEP 17013-905 - Tel.: (14) 3226-4098 / 3226-4068 Fax: (14) 3226-4046 Osasco - R. Natanael Tito Salmon, 365 - 2º and. sls 1 e 2 - Cep.: 06016-075 - Tels.: (11) 3682-2865 / 3683-7868 Piracicaba: Sisal Center: Rua 13 de Maio, 768, sl 53 5ª andar - Cep.: 13400-300 - Tel.: (19) 3432-1524 - Fax.: (19) 3432-1434 Presidente Prudente - Av. Cel. José Soares Marcondes, 871 - 8º and. - sl 81 - Centro - CEP 19010-000 Tel.: (18) 3222-8444 - Fax: (18) 3223-3690 Ribeirão Preto - Rua Álvares Cabral, 576 -9º and. cj 92 - Centro - CEP 14010-080 - Tel.: (16) 3636-4628 Fax: (16) 3625-9895 Santos - Rua Leonardo Roitman, 27 - 4º and. cj 48 Santos - SP - CEP.: 11015-550 Tel.: (13) 3224-9326 / 3232-4763 São José do Rio Preto - Rua XV de Novembro, 3057 3º and. - cj 301 - CEP 15015-110 Tel.: (17) 3234-3599 - Fax: (17) 3233-7419 O editor não se responsabiliza pelas opiniões expressas pelos entrevistados.
Setor sucroalcooleiro vive acelerado processo de consolidação
A
indústria sucroalcooleira comemora atualmente a retomada da produção e a recuperação das receitas. Podemos dizer que o setor vive um acelerado processo de consolidação. A forte intervenção do capital externo foi importante, dando um contorno mais organizado e profissional às empresas e ao conjunto da cadeia produtiva. Maior produtor e exportador de açúcar do mundo, o Brasil respondeu por 46,5% do mercado livre global em 2009. Somente em julho último, pelos registros aduaneiros, os embarques devem ter atingido 2,84 milhões de toneladas, 75% mais que no mesmo mês do ano passado. Quanto ao etanol, o comércio externo ainda tem gargalos: o maior entrave é precisamente a não existência de um mercado mundial livre. Já a demanda doméstica por etanol cresce diretamente em linha com a multiplicação da frota de veículos flex, que em junho atingiu 10,55 milhões de unidades. E as perspectivas são boas para este e os próximos anos. A virada pós-crise está sendo puxada, sobretudo, pela disparada nas cotações e na demanda de açúcar no mercado mundial. Os negócios com o etanol, de seu lado, exibem vigor renovado, graças ao maior equilíbrio entre oferta e procura no mercado interno. E há sempre, é claro, a perspectiva concreta de que o álcool combustível e a biomassa da cana como um todo superem gradualmente as rígidas barreiras protecionistas, despontando efetivamente como alternativas de energia limpa e renovável entre os países do Primeiro Mundo, o que impulsionaria exponencialmente as atividades do ramo no Brasil. Com este leque de fatores propícios, os indicadores financeiros das usinas, das grandes às pequenas, dão plenos sinais de prosperidade. Maior evento sucroenergético mundial, a Fenasucro & Agrocana 2010, de 31 de agosto a 3 de setembro próximo, em Sertãozinho (SP), será um fórum de conhecimento e um palco do que há de mais avançado na área. Consciente da importância da indústria sucroalcooleira para nossa economia, a Mercado Empresarial faz a sua parte, através desta edição especial sobre o setor.
Mercado Empresarial
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sumário
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06
Panorama do setor
Cases & Cases
Setor sucroalcooleiro sai da crise e retoma os bons negócios
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Parnox: Sinônimo de alta tecnologia, qualidade e resistência em fixadores
Desenvolvimento
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Opinião Os novos ventos - por Luiz Carlos Corrêa Carvalho
Projeto RenovAção capacita cortadores de cana para outras profissões
Credibilidade
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Evento
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Energia virá também do mar e do deserto
Destaque
Mais organizado e profissional, setor vive acelerando processo de consolidação
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Dendê: cultivo para a produção de biocombustível aumenta na Bahia
Fenasucro & Agrocana 2010 O maior encontro mundial do setor sucroenergético
Meio Ambiente
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Economia
20 21 22
Brasil será o maior produtor agrícola da próxima década Etanol: preços seguem estáveis
62
Crise europeia impacta exportações de orgânicos brasileiros
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D&D Manufatureira - qualidade, confiabilidade e credibilidade em aços inoxidáveis
USP produzirá biodiesel com óleo descartado por restaurantes do campus
Expansão
Syngenta: contratos altos na venda de mudas de cana-deaçúcar
Fascículo Meio Ambiente - Vol. 4
Biotecnologia na defesa do meio ambiente
Tecnologia
Copel, TPI e Alupar vencem leilão de novas usina de energia
Produção de açúcar do centrosul em 10/11 cresce 30% ante 09/11
Manejo agrícola adequado reduz emissões de gases de efeito estufa
Qualidade
Mercado
27 28 29
Grupo Ambitrat: Soluções com qualidade e respeito ao meio ambiente
67 68
Rukava: Alto padrão de qualidade e tecnologia na logística de transporte de materiais
Dicas de leitura
Nesta edição:
70
Vitrine
Políticas para salvar o planeta
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panorama do setor
Setor
sucroalcooleiro
sai da crise e retoma os
bons negócios
A
crise, definitivamente, já é coisa do passado na área sucroalcooleira. Após amargar tempos extremamente adversos, com elevado nível de endividamento, preços em queda e escassez generalizada de crédito, esta indústria comemora hoje a retomada da produção e a recuperação das receitas. Ao mesmo tempo, o segmento vive um acelerado processo de consolidação, com forte intervenção do capital externo, o que está dando um contorno mais organizado e profissional às empresas e ao conjunto Mais organizado e da cadeia produtiva. A virada está sendo puxada, sobreprofissional, setor tudo, pela disparada nas cotações e na vive acelerado demanda de açúcar no mercado munprocesso de dial, tendência que deverá prolongar-se consolidação por um bom período ainda. Os negócios com o etanol, de seu lado, exibem vigor renovado, graças ao maior equilíbrio entre oferta e procura no mercado interno. E há sempre, é claro, a perspectiva concreta de que o álcool combustível e a biomassa da cana como um todo superem gradualmente as rígidas barreiras protecionistas, despontando
efetivamente como alternativas de energia limpa e renovável entre os países do Primeiro Mundo, o que impulsionaria exponencialmente as atividades do ramo no Brasil. Com este leque de fatores propícios, os indicadores financeiros das usinas, das grandes às pequenas, dão plenos sinais de prosperidade. Para citar alguns exemplos conhecidos, grupos como Cosan, São Martinho e Açúcar Guarani tiveram uma geração de caixa recorde na safra 2009-10, encerrada em março. E a Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do globo, engordou o faturamento a ponto de remunerar suas associadas com valores 7% acima dos preços de mercado. As dívidas, assim, estão sendo reduzidas ou renegociadas em condições mais vantajosas. O contraste com o cenário do passado recente não poderia, portanto, ser mais evidente. De 2007 a 2009, as empresas encontravam-se descapitalizadas em decorrência dos polpudos investimentos em infra-estrutura e capacitação feitos nos anos antecedentes. Este fato agravouse sobremaneira com a baixa nos preços e com o estancamento do crédito, na esteira da crise
mercado empresarial
econômico-financeira global irrompida a partir de setembro de 2008. “Diante das dificuldades, não havia como colocar o etanol aos poucos no mercado. A maioria das usinas se viu compelida a vender rapidamente o produto, abaixo do custo de fabricação, para fazer caixa, sofrendo prejuízos com isso”, lembra Sérgio Prado, representante da Unica (União da Indústria de Cana-deAçúcar) em Ribeirão Preto.
Ano passado, chuva atrapalhou
As condições climáticas foram um outro dado negativo que influiu na performance no ano passado. A produção no primeiro semestre encontrava-se em níveis bons, até que houve a incidência de pesadas chuvas a partir do bimestre junho/julho, o que acabou por atrapalhar a moagem, acarretando sobras de cana nas terras. “A fabricação sofreu paradas constantes. No segundo semestre, as interrupções somaram 20 dias a mais do que em igual período de 2008”, aponta Prado. Além do mais, o excesso de água prejudicou a qualidade das plantas, reduzindo
panorama do setor
a quantidade de ATRs (Açúcares Totais Recuperáveis) presente nas mudas. De qualquer maneira, na safra 2009/10, o Brasil todo produziu 605 milhões de toneladas de cana, matéria-prima empregada na geração de 33 milhões de toneladas de açúcar e de 26 bilhões de litros de etanol, segundo estimativas da Unica. Em face desta conjuntura permeada de percalços, foi o açúcar que verdadeiramente deu fôlego ao setor, transformando-se em uma espécie de “ouro branco”. Houve um boom nas exportações da commodity, permitindo às empresas alcançar um ponto de equilíbrio. As vendas foram puxadas pela Índia, produtor peso-pesado que, como se sabe, sofreu uma drástica quebra na safra no ano passado. Perto do fim de 2009, situa Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, houve ascensão contínua nas cotações do produto dentro e fora do País, de modo que, em fevereiro último, elas chegaram a um nível recorde em 29 anos. Os números da balança comercial atestam o bom momento. De acordo com dados compilados pela Datagro, no primeiro semestre de
“As vendas têm se expandido e estão surgindo novos consumidores, tanto internamente como no Exterior, vindos da China e do Oriente Médio”
Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto.
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panorama do setor
2010, as exportações de açúcar bateram nos 10,45 milhões de toneladas, um incremento de 0,9% sobre igual período de 2009. Este montante gerou divisas de US$ 4,83 bilhões, um aumento de nada menos que 51,6% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Houve, por conseguinte, uma pequena subida nos volumes e um substancial salto nas receitas, demonstrando exataFilas nos portos mente o efeito da alta nas cotações internacionais. em busca do “ouro Em todo o ano de 2009, o Brasil branco” brasileiro havida exportado 24,2 milhões de toneladas de açúcar (quatro milhões de toneladas a mais que em 2008), com ingressos de US$ 8,3 bilhões. Em 2010, há potencial para embarcar três milhões de toneladas a mais do que no ano passado.
Referência no mercado mundial
“O País já chegou a vender 5,5 bilhões de litros no Exterior. Em 2010, talvez nem consigamos a exportar dois bilhões, com a probabilidade de ficarmos na marca de 1,7 bilhão” Luiz Carlos de Correa Carvalho, presidente da Canaplan
Na prática, o País é atualmente o único a ofertar açúcar em quantidade, do que dá mostras a imensa frota de navios estrangeiros que estão vindo se abastecer com a mercadoria, a ponto de criar “filas” e congestionar nossos portos. Para se ter uma ideia, somente em julho último, pelos registros aduaneiros, os embarques devem ter atingido 2,84 milhões de toneladas, 75% mais que no mesmo mês de 2009, quando se havia consignado o até então recorde de 1,6 milhão de toneladas. Maior produtor e exportador de açúcar do mundo, o Brasil respondeu por 46,5% do mer-
cado livre global em 2009, conforme a Datagro. Os maiores destinos são, por ordem de importância, Índia, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e Nigéria. No futuro, ainda segundo projeções da consultoria, os compradores tendem a se concentrar cada vez mais na Ásia e no norte e oeste da África, onde o consumo anual per capita é reduzido. Internacionalmente, a demanda cresce quatro milhões de toneladas, ou 2,5%, por ano. Mesmo que as cotações baixem, o panorama é propício, visto que o Brasil desfruta de uma boa posição mercadológica. “As vendas têm se expandido e estão surgindo novos consumidores, tanto internamente como no Exterior, vindos da China e do Oriente Médio”, prognostica, por sua vez, Sérgio Prado. O próprio relatório que a FAO (Agência para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas) e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) divulgaram em junho ressalta o protagonismo do Brasil nesta seara. O documento prevê que a produção local de açúcar terá alta de 11 milhões de toneladas, ou de 31%, até 2019, ante o período 2007/09. As vendas externas, conforme o texto, devem aumentar 41% em 10 anos. E prevê-se que o País manterá o status de formador de preços desta commodity lá fora. Graças ao desafogo trazido pelo “ouro branco”, destaca Nastari, os produtores puderam fazer hedge a preços internacionais. “Com isso, obtiveram capital de giro, o que não ocorria há tempos”, salienta. Outro resultado é que o nível
panorama do setor
mercado empresarial
de estocagem de álcool e açúcar é hoje maior do que há três ou quatro anos. Contudo, Prado relativiza um pouco a dimensão dos ganhos que o setor vinha obtendo com o produto. Embora corrobore a percepção de melhora do quadro geral, o executivo pondera que o impacto positivo não foi tão expressivo como se propala: “As usinas tinham estoques grandes, de dois milhões de toneladas, que têm um alto custo de manutenção”, ressalva ele. No que concerne ao etanol, o fato é que, no segundo semestre de 2009, com a recuperação econômica, o consumo cresceu, mas apenas uma pequena parte da safra se beneficiou com a melhora, analisa Prado “Quando o mercado reagiu, as empresas não tinham álcool para vender”, nota ele. O especialista da Unica calcula que as 120 usinas filiadas à entidade deixaram de produzir em 2009 dois bilhões de litros de etanol devido à piora na qualidade da cana e às sobras da safra no campo.
Etanol recupera margens
Seja como for, no mercado interno, adiciona ele, os níveis de preços – oscilando na faixa entre R$ 0,75 e 0,82 por litro – estão menos desvantajosos, proporcionando a obtenção de margens. “Este nível ainda não é satisfatório, não remunera adequadamente os produtores. Mas, de qualquer forma, espera-se uma elevação até o fim do ano”, indica o dirigente da Unica. A demanda doméstica por etanol cresce diretamente em linha com a multiplicação da frota de veículos flex, que em junho atingiu
10,55 milhões de unidades. O mercado flex segue em firme expansão, com a substituição do parque movido exclusivamente a gasolina. “A migração não chegou aos 50%, oferecendo, com isso, um Demanda doméstica potencial grande para o etanol. As por etanol cresce direperspectivas são boas para este e os tamente em linha com próximos anos”, antevê Prado. a multiplicação da frota No comércio exerno, as exporde veículos flex tações do combustível verde, segundo estatísticas da Datagro, foram de 665 milhões de litros no primeiro semestre deste ano, tendo havido recuo de 54,2% sobre o 1,45 bilhão de litros registrado em igual período do ano passado. As receitas correspondentes somaram US$ 372 milhões, diminuindo 34% sobre os US$ 566 milhões do intervalo janeiro-junho de 2009. No ano passado inteiro, as exportações haviam trazido para o País divisas de US$ 1,34 bilhão. De acordo com Nastari, as retrações nos volumes e nas receitas das vendas externas foram ocasionadas pelo excedente de produção verificado nos EUA, o que induziu o corte nas importações do Brasil, tendo havido também desaceleração na procura por parte da Europa. O maior entrave ao deslanche do etanol, enfatiza Luiz Carlos de Correa Carvalho, presidente da Canaplan, é precisamente a não existência de um mercado mundial livre, fazendo com que o grosso da produção se dirija apenas ao consumo doméstico. “O País já chegou a vender 5,5 bilhões de litros no Exterior. Em 2010, talvez nem consigamos a exportar dois bilhões, com a probabilidade de ficarmos na marca de 1,7 bilhão”, lamenta ele. (Mais detalhes sobre a questão do protecionismo estão no texto “Protecionismo segue desafiando a indústria”, na página 13).
Produção em alta
Tomando-se mais detidamente a moagem, o ano de 2010 tem revelado também um cenário comparativo mais favorável. Além do clima ameno, com menor precipitação pluviométrica, beneficiando a colheita e a maturação, as usinas anteciparam a produção empregando a cana que sobrou de 2009, explica Prado. “O processamento começou mais cedo, em março, quando o normal é que isso ocorra em abril”, assinala ele. As unidades produtoras da Região CentroSul, base da Unica, no acumulado desde o princípio da safra até o final de junho, industrializaram 215,38 milhões de toneladas, o que representou um avanço de aproximadamente
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panorama do setor
21% sobre os 178 milhões de igual período de 2009. Do total de Do total de cana, cana, 43,94% foi destinado à produção de açú43,94% foi destinado car e 56,06% à de etanol. à produção de açúcar Desde o começo da sae 56,06% à de etanol fra, o processamento de açúcar chegou a 11,57 milhões de toneladas, e o de etanol alcançou 9,06 bilhões de litros (2,26 bilhão de etanol anidro e 6,80 bilhões de hidratado). As usinas associadas à Unica são responsáveis por mais de 50% da produção nacional de cana e 60% da de etanol, com 63% das atividades concentradas no Estado de São Paulo. Em síntese, o resultado, segundo Prado, está se dando dentro do esperado: “Há atualmente mais cana e maior produção, com matéria-prima de melhor qualidade”. No entanto, a Unica adverte que as condições climáticas que estão favorecendo o ritmo acelerado da moagem também podem antecipar o final da safra e afetar a produtividade agrícola dos canaviais no próximo ano. “... sem aumento da oferta, os preços seguirão remuneradores para as usinas”
Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria
Crédito para estocagem
Do ponto de vista do crédito, a juízo de Prado, a oferta em geral melhorou em relação à crítica situação de alguns anos atrás, notadamente a partir da eclosão da crise econômicofinanceira de 2008, que provocou enormes restrições aos empréstimos, com os bancos repassadores exacerbando as exigências no que se refere a garantias. Nesse quadro, um fator fundamental que deverá incentivar muito o setor é a linha de financiamento recém-liberada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), destinada especificamente à estocagem de etanol por parte de empresas produtoras e comercializadoras – modalidade que tecnicamente é denominada de “warrantagem”. Trata-se do PASS (Programa de Apoio ao Setor Sucroalcooleiro), que prevê recursos
totalizando R$ 2,4 bilhões. Serão alocados R$ 50 milhões por empresa em operações indiretas automáticas, podendo-se atingir R$ 200 milhões (considerando operações diretas, contratadas com o BNDES, e indiretas, com os bancos repassadores). O custo será de 9% ao ano, percentual que inclui os 3% de remuneração da instituição financeira credenciada. Após uma longa negociação entre a Unica e o Governo Federal, os procedimentos de concessão já estão regulamentados, não havendo definições pendentes, e a expectativa do segmento é que os recursos estejam em breve disponíveis. O valor do produto dado em garantia nos repasses do PASS deve corresponder, no mínimo, a 150% do valor do saldo devedor. Agora será necessária uma boa interlocução entre o BNDES e o sistema bancário, para que haja uma correta distribuição do dinheiro. Na última safra, os produtores não puderam usufruir da “warrantagem” e este problema é tido como um dos causadores da excessiva oscilação de preços do etanol na virada do ano. Agora, aguarda-se uma melhora na capacidade de estocagem, como afirma Sérgio Prado: “Ficou mais fácil termos acesso aos recursos, de modo que não mais precisaremos despejar os produtos no mercado, o que faz despencarem os preços”. Na realidade, o BNDES vem sendo um vital fomentador da atividade canavieira, o que se comprova pelos números disponíveis. A instituição planeja desembolsar, neste ano de 2010, entre R$ 6 bilhões e R$ 6,5 bilhões para o setor. A cifra é praticamente a mesma de 2009, quando os aportes de recursos somaram R$ 6,4 bilhões. Somente no período entre janeiro e 10 de maio deste ano, os volumes de dinheiro injetados bateram nos R$ 2,3 bilhões. De outra parte, no entendimento de Plínio Nastari, os bancos privados (ele cita Itaú, Bradesco, Santander, Votorantim, Banco do Brasil, Pine e ING) têm reconhecido a importância do segmento e prestado apoio, embora sigam rigorosos nas exigências para efetivar os créditos solicitados pelos tomadores. No momento, espera-se uma retomada para valer dos investimentos, os quais, segundo Nastari, ainda não voltaram a galgar os mesmos níveis vigentes no período entre 2006 e 2008. “Este fato, porém, tem um lado bom, na medida em que, sem aumento da oferta, os preços seguirão remuneradores para as usinas”, conclui ele.
panorama do setor
mercado empresarial
Consolidação de empresas em marcha acelerada
A
consolidação das empresas no segmento sucroalcooleiro acabou por ganhar ímpeto e entrou em marcha acelerada. Iniciativas de fusões e aquisições – contando com o forte ingresso de capital externo – se multiplicaram a olhos vistos nos últimos tempos. Estas movimentações, ao darem origem a novos conglomerados, desencadearam um processo de reorganização abrangente do setor, com a busca incessante de escala e eficiência, além da introdução de práticas gerenciais mais profissionalizadas. “O que prevíamos para acontecer ao longo de uma década ocorreu em um espaço de dois a três anos”, resume Sérgio Prado, representante da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) em Ribeirão Preto. A crise global, com a decorrente rarefação do crédito, e a deterioração recente nos preços, segundo ele, aprofundaram esta tendência que já estava em curso, na medida em que as companhias mais fragilizadas se viram compelidas a atrair rapidamente sócios ou compradores. Na verdade, conforme assinala Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Canaplan Consultoria Técnica, esta onda de concentração de capital vem complementar a primeira grande transformação vivida pela seara canavieira, a saber, a liberalização e a desregulamentação do mercado, com livre flutuação de preços, ocorridas no início da década de 1990. “Esse fenômeno provocou um redesenho estratégico, instucional e legal de toda a área,
trazendo maior competitividade e avanços em pesquisa e desenvolvimento, inovações técnicas e nos processos produtivos”, menciona Carvalho. Neste particular, o Brasil está mais adiantado que grande parte dos outros países, garante ele: “Poucos deles, como no caso da Austrália, têm o setor realmente aberto, sem barreiras protecionistas”. Hoje, acrescenta o executivo da Canaplan, a indústria da cana está dando o passo seguinte ao se inserir mais a fundo na lógica da modernização do mercado, que se traduz na consolidação e na procura de escala. Também neste quesito, nota ele, o Brasil encontra-se na dianteira em relação à maior parte do mundo. Atuar neste ramo, adiciona Sérgio Prado, implica arcar com desembolsos na casa dos milhões de reais, cobrindo equipamentos, infra-estrutura, insumos, logística, pesquisa e incremento da produtividade, entre outros requerimentos. “Escala, redução de custos e preços de fabricação compatíveis são condições indispensáveis à operação das empresas. E são as grandes usinas que reúnem robusta capacidade de investimentos”, enfatiza ele.
Avanço do capital externo
Neste quadro, o capital estrangeiro não demorou em ocupar posições estratégicas, com multinacionais se movimentando para adquirir ou se associar a empresas locais. Assim, se a
“Todos os perfis de empresas, de grandes a pequenas, terão de implantar melhores práticas de governança e se profissionalizar cada vez mais para sobreviver””
Milton Dallari, consultor empresarial (Decisão Consultores Associados) e ex-diretor administrativo - financeiro do Sebrae-SP
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panorama do setor
participação de estrangeiros na moagem era da ordem de 6% há cerca de cinco anos, o share agora subiu para 25,5%, na estimativa da consultoria Datagro. Por sua vez, levantamento elaborado pela Unica dá conta de que, já em 2007, o capital externo havia arrematado 22 empresas, ou 7% do setor no Brasil. Na época, a entidade projetava um crescimento desta fatia para 12% em 2012. Essa previsão, A fim de fazer face à contudo, já foi suplantada, pois, até o final de 2009, 44 das mais crescente mecanizade 430 usinas em atividade no País ção, a Unica criou um eram controladas por capitais de programa de treinafora, juntas respondendo por 14% mento de mão de da produção. obra que busca qualiSó nos primeiros meses de 2010, foram anunciadas quatro ficar cerca de sete mil transações de porte, tais como a pessoas por ano. aquisição do Grupo Moema pela multinacional Bunge e a chegada do maior grupo refinador de açúcar da Índia, o Shree Renuka Sugars. Os indianos ficaram com 50,8% da Equipav Açúcar e Álcool, com usinas nas cidades paulistas de Promissão e Brejo Alegre. Com esse intenso dinamismo, o percentual previsto pela Unica para a participação do capital externo é agora de 22% até 2012. Entre os compradores ou prospectantes, estão marcando presença corporações de várias verticais – petrolíferas, alimentícias, químicas e elétricas –, à caça de oportunidades em uma área ainda fragmentada no Brasil. Como nota Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, “a meta de todos é agregar valor aos seus produtos, tirando proveito do potencial oferecido pela cana”. Desta convergência de ações sairão ofertas sofisticadas ligadas à energia biolelétrica, aos bioplásticos, aos hidrocarbonetos de cana, à alcoolquímica, em meio a outras possibilidades. Luiz Carlos Carvalho pon-
dera, a propósito, que as atividades envolvendo biomassa e bioletricidade exercem um atração natural fora do País. “A vinda de investimentos é essencial. Brasil e Índia têm exuberância de recursos naturais, como terras, luz solar, clima, etc, e competência técnica, mas não dispõem de capital suficiente”, analisa.
Petrobras desponta como player
Chama a atenção, em especial, a desenvoltura com que pesos-pesados da indústria petrolífera como a Petrobras, a Schell e a British Petroleum, estão dando passos concretos para participar diretamente da fabricação de combustíveis renováveis no País. “O horizonte acena com uma integração crescente entre os setores, pois afinal tudo é combustível, independentemente de sua origem”, observa Sérgio Prado. No Brasil, historicamente, a atuação da Petrobras foi decisiva para a viabilização do etanol como alternativa energética. A estatal assumiu, já em 1976, no âmbito do Proalcool (Programa Nacional do Álcool), a distribuição do combustível em todo o território nacional, abrindo caminho para o desenvolvimento deste mercado. Mediante a criação da Petrobras Biocombustíveis, a gigante parte para ingressar também na produção via participação acionária minoritária em outras organizações do ramo. De acordo com o Plano de Negócios 20092013 da estatal, estão engatilhados investimentos de US$ 2,4 bilhões na geração de biocombustíveis (80% em etanol e 20% em biodiesel), sendo 91% deste montante aplicado no Brasil. O objetivo é chegar a 2013 respondendo por 25% do biodiesel e 10% do etanol processados localmente. Foi seguindo essa diretriz que a Petrobras Biocombustíveis fez recentemente aportes nas empresas São Martinho e Açúcar Guarani, de R$ 420 milhões e R$ 1,6 bilhão, respectivamente. Pelas negociações, a São Martinho transferiu metade de sua dívida para a nova companhia criada com a Petrobras, a Nova Fronteira Bioenergia, e retomará seus planos de crescimento. A Açúcar Guarani usará o caixa próprio para abater dívidas e, com o dinheiro da estatal, fará aquisições e ampliará as usinas que possui. Diante deste tabuleiro, pautado por intensas prospecções dos mais diversos players, os pequenos empreendimentos tendem a se associar entre si para adquirir musculatura, fazendo uso por exemplo de centros compartilhados de serviços a fim de reduzir custos. Tal é o caso
panorama do setor
mercado empresarial
da Copersucar, formada por 39 associadas que se beneficiam de uma estrutura logística e comercial comum. “A saída é essas empresas se engajarem em um modelo que simule sua participação em um conglomerado”, preceitua Nastari.
Protecionismo segue desafiando a indústria
Ganhos de governança
grande aspiração que vem há Além dos EUA, as tempos mobilizando a indúsbarreiras ao ingresso tria sucroalcooleira, bem como do álcool combustível o Governo Federal, é a de transformar também são rígidas o etanol uma commodity internaciona Europa e no Japão nal, com a supressão das barreiras protecionistas que impedem a livre comercialização do produto em numerosos países. A partir daí, o Brasil deverá posicionar-se como uma efetiva plataforma de exportação do biocombustível. O fato, porém, é que há um longo e penoso caminho a ser transposto a fim de que este objetivo se concretize. “Não temos ilusões. Não será de imediato que os EUA eliminarão as tarifas sobre as importações”, observa Sérgio Prado, representante da Unica (União da Indústria Canavieira) em Ribeirão Preto. Mais à frente, contudo, ele avalia que o panorama tende a ser menos desfavorável. Além dos EUA, as barreiras ao ingresso do álcool combustível também são rígidas na Europa e no Japão, ao contrário do que se verifica com o petróleo e a gasolina. “Este protecionismo não se justifica. A abertura do mercado agregaria valor e traria riquezas para todos”, pondera Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria. O especialista prevê que, com o fracasso da Rodada Doha (negociações que visavam reduzir os entraves ao comércio internacional), deverão ser fortalecidas as tratativas bilaterais entre os países. Há aqui um descompasso entre o Brasil e as demais nações no que se refere ao tratamento regulatório conferido a esta indústria, enfatiza Luiz Carlos de Correa Carvalho, presidente da Canaplan: “Enquanto o Brasil abriu e liberalizou o mercado, o mundo estacionou. Isso ocasiona, entre outros problemas, uma excessiva volatilidade nos preços”. É essencial que o etanol seja comercializado com base nas mesmas referências e mecanismos que incidem sobre o açúcar, preconiza ele.
De resto, a globalização e consolidação em curso vêm impulsionando a adoção de processos de gestão mais eficazes na área. Na opinião de Milton Dallari, consultor empresarial e ex-diretor do Sebrae-SP, “todos os perfis de empresas, de grandes a pequenas, terão de implantar melhores práticas de governança e se profissionalizar cada vez mais para sobreviver”. As pequenas, em particular, preconiza Dallari, devem se preparar para se tornar fornecedoras das grandes, integrando-se em cadeias produtivas maiores. “Esta iniciativa significa também incorporar políticas de sustentabilidade que visem preservar o meio ambiente e promover o aperfeiçoamento profissional dos trabalhadores”, prossegue ele. Frente a estas novas demandas, estão tendo papel importante os cursos profissionalizantes e de gestão patrocinados por entidades como o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), entidade ligada à Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo). “A ideia é, por exemplo, capacitar os funcionários a operar novas máquinas e equipamentos a fim de acompanhar a modernização do setor”, ilustra o consultor A fim de fazer face à crescente mecanização, a Unica criou um programa de treinamento de mão de obra que busca qualificar cerca de sete mil pessoas por ano. O projeto está sendo subsidiado pela entidade, que aportou R$ 2 milhões com este objetivo, em parceria com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura. Os egressos dos cursos são alocados para atender necessidades específicas de sete cidades do Interior de São Paulo. No que tange à preservação ambiental, a mecanização da colheira de cana na região abrangida pela Unica saltou para quase 54% em 2009. “Houve uma tremenda evolução, com a redução drástica do corte manual e da queima de palha. O imperativo de se preservar o meio ambiente se tornou um consenso entre nós”, afiança Sérgio Prado.
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Subsídios americanos
Um dado que ilustra inequivocamente a força dos interesses protecionistas nos Estados Unidos é o projeto de lei recentemente proposto no Senado local, que estende por mais cinco anos os subsídios concedidos aos produtores de etanol de milho, bem como a tarifa de US$ 0,54 por galão (3,78 litros) de etanol importado – especialmente o etanol de cana do Brasil. Mediante o concurso de incentivos governamentais nos últimos 30 anos, os EUA criaram a maior indústria de etanol do mundo, produzindo mais de 45 bilhões de litros por ano (12 bilhões de galões). O Brasil é o segundo maior produtor, com 23 bilhões de litros (6 bilhões de galões). Na prática, o elaborado sistema de subsídios e barreiras criado pelo Congresso tornou o combustível de cana mais caro e quase indisponível nos EUA. Indo na contramão dos norte-americanos, no início de abril, o Brasil deu mais um passo no sentido da abertura de mercado, ao eliminar a
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panorama do setor
tarifa de 20% sobre etanol importado pelo País até o final de 2011. Entidades como a Unica vêm pleiteando que a eliminação do agravo seja permanente, se o Congresso dos EUA fizer o mesmo e reduzir sua tarifa sobre o produto de fora. Vale lembrar que até mesmo entidades oficiais americanas como a EPA (Agência de Proteção Ambiental) e o CARB (Conselho de Qualidade do Ar do Estado da Califórnia) já emitiram pareceres reconhecendo que o etanol brasileiro é um combustível avançado, com baixa emissão de carbono, que pode ajudar o país a mitigar sua dependência de petróleo do Oriente Médio, economizar no abastecimento e melhorar o meio ambiente.
Desastre com petróleo
Os especialistas entendem que o desastre ecológico provocado pelo vazamento de petróleo no Golfo do México, nas instalações da British Petroleum, terá um impacto importante na opinião pública dos EUA sobre a comercialização de biocombustíveis. “Este evento representa um incentivo à flexibilização do mercado e poderá afetar o debate sobre o tema no âmbito do Congresso americano”, sugere Nastari. A juízo de Luiz Carlos Carvalho, a catástrofe trouxe à tona uma realidade de insegurança na exploração
petrolífera que antes não era devidamente percebida. “Questionavam-se muito nos EUA os malefícios econômicos que o etanol traria para o país, mas não se prestava atenção no petróleo. A sustentabilidade do uso da biomassa ficou agora mais evidente, o que, aliás, deve fazer o Brasil repensar melhor a exploração do pré-sal”, frisa ele. De qualquer maneira, para melhor divulgar os benefícios trazidos pelas fontes energéticas limpas e renováveis, a Unica e a Apex (Agência de Promoção das Exportações e Investimentos).estão encetando iniciativas no Exterior destinadas a mostrar as vantagens da liberalização comercial. Em outro front, a Unica lançou nos EUA, em abril, uma campanha nacional de conscientização a fim de explicar as vantagens do etanol de cana. O trabalho, de cunho educacional, inclui um novo website (www. sweeteralternative.com) e anúncios em veículos online, impressos e em rádio, além de ressaltar a forte presença do combustível verde nos tanques dos carros que competem na Fórmula Indy ME
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N O S V S OS VENTO O *Luiz Carlos Corrêa Carvalho
“O futuro chegou. O que vamos fazer a respeito disso?”
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m um de meus últimos artigos, abordei a questão da fome mundial, de toda uma geração que lutou e ainda luta pela sua redução, que tem tudo a ver com a diminuição das disparidades de renda entre os países e nos países. Essa geração cresceu e amadureceu com o paradigma dos países pobres e dos industrializados, na visão do capital permanecendo no mundo rico e a ideologia da esquerda radical nos rincões pobres; a dominância total, no pós Guerra Fria, sendo dos EUA. Essa geração foi ensinada que o Brasil era o país do futuro; que países concentrados na produção de commodities agrícolas sempre seriam pobres e incultos; que a locomotiva do mundo era o hemisfério norte ocidental. As aulas também ensinavam que o cerrado era ruim para a agricultura e que o Brasil não tinha petróleo e seria sempre importador. Ao final da década de 1980, com a queda do Muro de Berlim, associou-se ainda mais a vitória do capitalismo ao predomínio norte-americano e da Europa Ocidental, com a montagem dos Blocos comandados pelos EUA e Europa, tendo como “reação” a montagem dos Blocos tipo Mercosul, Sul da África e Asiáticos. Não ser parte da ALCA (livre comércio das Américas), por exemplo, era condenar-se a um futuro pobre e triste. Na entrada do novo milênio e na primeira década do século XXI, o que se viu foi, por um lado, um processo de dominância ocidental pela força (vide EUA e União Européia no Iraque), no objetivo de controle de reserva de petróleo e, de outro lado, o processo da crescente dependência da Europa por energia da Rússia, que passa a impor, via Gás Natural e Petróleo, as regras de sua dominância. Nesse processo, a estatização global das reservas de petróleo reduz o peso das grandes empresas de petróleo no mundo, reduzindo investimentos em novas reservas em período de fabuloso crescimento econômico mundial. O mundo cresce 5% ao ano, o que leva a um crescimento espetacular no consumo de alimentos e de petróleo, com
a locomotiva China carregando um crescimento de 8 – 10% ao ano! O que significaria isso? Significa, que a China, com um governo socialista de um partido só, com operação capitalista e um movimento extraordinário de crescimento, passa a dividir a liderança global com os EUA e deverá ultrapassar os Estados Unidos como maior potência global em 2021!! Quando chega a crise de crédito de 2008, o que até então era visto por muitos como uma ficção ou o absurdo, se efetiva de modo contundente: os países emergentes já são a locomotiva do mundo e carregam os países ricos na difícil recuperação de suas economias, desgastadas e com crescimento lento. Cresce de importância os países da sigla “BRIC”, emergentes de peso, onde o Brasil e, a China passam a dominar a recepção aos novos investimentos do capital estrangeiro. O Brasil, classificado como “investment grade”, teve ainda mais abertas as portas para esse investimento. Enquanto os países desenvolvidos crescem lentamente, há claras possibilidades do Brasil, crescendo 6% ao ano, ter o dobro do crescimento dos últimos 15 anos! O mundo, segundo Otávio de Barros (Bradesco), vê o Brasil de forma generosa e isso tem a ver com o seu amadurecimento macroeconômico e institucional. Além disso, vale ressaltar, o Brasil tem uma grande vantagem competitiva, inequívoca, em bens de que terão alta demanda nos próximos anos. Assim caminhando, os novos ventos, ou melhor a ventania nova, empurra o Brasil que se descobre importante (“nunca antes neste país...), como exportador de commodities e “quase commodities” na cadeia produtiva do mais vivo ingrediente do País: o agronegócio! Muitos analistas apostam na tendência de que os preços relativos continuarão, pelo menos pelos próximos dez anos, a favorecer commodities em detrimento de manufaturados. Essa ventania acompanhada de raios e trovões, traz consigo as areias do tempo, os preconceitos, os “problemas resolvidos que não saem da nossa mente” (como diria o meu amigo Oscar
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Figueiredo Filho), mas por outro lado, limpa as nuvens e as névoas e traz à visão de todos a óbvia constatação que o Brasil é pródigo em recursos naturais e vive uma democracia consolidada. Ao luxo de ter terras e água sobrando, o Brasil desenvolveu tecnologia tropical que o faz país de ponta em agricultura. Mesmo com céu de brigadeiro, do pósventania, ainda se escutam os trovões do atraso, da má-fé e do interesse contrariado. De repente a Shell descobre a cana-de-açúcar e se torna a sua maior produtora no Brasil!! A BP segue o caminho e a Petrobras continua nessa estrada. As outras grandes petroleiras buscam atalhos. O Brasil é o emergente com uma enorme oportunidade. No desenrolar dos fatos pós-1980, com a incrível penetração do conceito ambientalista, tem combustível líquido e energia elétrica renováveis que assombram o mundo. Isso acontece com um momento seu especialmente favorável em mobilidade social crescente, com um consumo interno extraordinário e que só faz aumentar. Também, vale dizer, ainda carrega o fardo do preconceito e da ignorância que, por exemplo, faz existir dois Ministérios da Agricultura, ONGs que satanizam o agronegócio, falta logística e infraestrutura e, fundamental, serão as mudanças nos campos tributários, trabalhista e jurídico, no campo fiscal, da educação e da saúde. Ideologias à parte, o aquecimento global como a maior distorção de mercado é constatação global unânime, que vem produzindo acentuada aceleração nas expectativas de mudanças: os novos ventos, mais quentes que os de antes, provocam acidentes climáticos e destroem bens e sonhos no mundo todo. É preciso reagir! Mas os impactos vem a jato e as reações a camelo (certamente haverá os que defenderão o camelo lento mas menor consumidor de energia, ao mesmo tempo em que haverá os que se preocuparão com os gases emitidos pelo camelo, numa alusão a que muitos fazendo o trabalho contribuirão ao efeito estufa). Primeiro veio a aprovação, pela Agência Ambiental Norte-Americana (EPA), do etanol brasileiro como avançado, o que força a porta central cuja tranca é a taxa de importação ao etanol; ao mesmo tempo a Fiat pede combustíveis verdes, a Shell vira produtora do verde e a Petrobras ensaia efetivo crescimento no verde! Em seguida, veio um estudo conduzido pela (FPR – International Food Policy Research Institute, a pedido da Comissão da União Europeia, com o título de “Comércio Mundial e os Impactos Ambientais dos Mandatos dos Biocombustíveis na União Europeia”. Esse estudo foi conseqüência de um pedido da Comissão Europeia preocupada com o uso indireto da terra na Europa e outros locais para os biocombustíveis, levando a claras sugestões como fazer a liberalização das importações de etanol do Brasil
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sem taxas e a importância de sua certificação. Trata-se de outro importante suporte nas mesmas lógicas do que fez a EPA nos EUA e é consequência dos bons resultados da sua análise sobre a qualidade do etanol da cana-de-açúcar e sua tecnologia de primeira geração. Há anos atrás (não muitos), os defensores da visão que o mundo do Século XXI será igual ao que foi no Século XX do petróleo, não sequer imaginavam que a biotecnologia transformaria leveduras que fazem a fermentação de açúcares, fazendo-as continuar a digerir os açúcares dos caldos e eliminar produtos que não são o etanol ou o álcool mas hidrocarbonetos renováveis! Ainda é um sonho para muitos, mas a biomassa irá gerar diesel, gasolina, jet fuel, etc, sem queimar petróleo. Há anos atrás, a mão-de-obra e, hoje, o processo de mecanização agrícola, direcionado por lei para substituir essa mão-de-obra que está sendo treinada para outras funções no setor. Há anos atrás o bagaço da cana era Assim caminhando, os novos ventos, sinônimo de inutilidade ou, no máou melhor a ventania nova, empurra ximo, de volumoo Brasil que se descobre importante so em alimentação animal. Hoje, ele como exportador de commodities é responsável por e “quase commodities” na cadeia 4,4 mil GWH de produtiva do mais vivo ingrediente produção de energia elétrica limpa do País: o agronegócio! no Brasil, recebendo créditos de carbono. Há anos atrás, o Brasil só tinha variedades de cana importadas ou produzidas pelo IAC (Campinas) e Ministério da Agricultura (Rio de Janeiro). Hoje, são vários institutos públicos e privados produzindo-as e já se tem o mapeamento genético da cana-de-açúcar, com novas variedades GMO prontas para serem lançadas. Há 5 anos atrás, o capital externo era 12% no setor. Hoje, está entre 23% e 25% e crescendo rápido. A essa animação toda, o leitor é chamado a ouvir que se não mudar a legislação ambiental brasileira (Código Florestal) o produtor vai ter que devolver terras à União (a tal da malfadada Reserva Legal), que foi, via Governos de plantões anteriores, quem o estimulou a avançar... “plante que o João garante...”. Preocupado, ele busca a agenda dos candidatos a Presidente da República, dizendo a que virão... mas os novos ventos as levaram... esse, o grande risco do País! ME
*Engenheiro agrônomo formado pela Esalq/USP, Luiz Carlos Corrêa Carvalho é um dos principais especialistas em agroenergia do mundo. Foi executivo de organizações públicas (Planalsucar; IAA; Cenal) e privadas (Aiaa; Unica) ligadas à cana-de-açúcar, açúcar e álcool. Desde 1983, é diretor da Canaplan, empresa de consultoria e projetos para o setor sucroalcooleiro. Também é vice-presidente da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness).
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FENASUCRO & AGROCANA 2010 O maior encontro mundial do
setor sucroenergético
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um cenário otimista, com a retomada dos negócios no setor sucroenergético no primeiro semestre de 2010, acontece em Sertãozinho (SP), de 31 de agosto a 3 de setembro próximo, a Fenasucro & Agrocana 2010, reconhecidamente o maior evento representativo do segmento. A XVIII Feira Internacional da Indústria SuEm 2009, cerca de croalcooleira (Fenasucro) e a VIII Feira de Negócios e Tecnologia R$ 2,2 bilhões de da Agricultura da Cana-de-Açúcar negócios foram gerados (Agrocana) reunirão no Centro de no evento. E mais de Eventos Zanini os principais fabri28,5 mil visitantes de 26 cantes de equipamentos e produtos estados brasileiros e de e prestadores de serviços para a agroindústria da cana, e um públi24 países passaram co de 30.000 visitantes técnicos e pelas feiras. qualificados. É um momento de expansão do setor sucroenergético do Brasil, que comemora hoje a retomada da produção e a recuperação das receitas, vivendo também um acelerado
processo de consolidação, com forte intervenção do capital externo, o que mostra a força da cadeia produtiva do etanol, açúcar e energia em todo o País. Dentro desse contexto, Fenasucro & Agrocana são referências em tecnologia e intercâmbio comercial para as usinas brasileiras e profissionais que atuam na área em 40 diferentes países. Para o diretor da Multiplus Feiras e Eventos, Fernando Barbosa, o bom momento que vive o setor deve ser refletido no evento. “O cenário como um todo do setor é estimulante. Muitos dos investimentos em manutenção que ficaram parados por conta da crise econômica estão sendo retomados. As usinas e os produtores mais capitalizados formam um público que vem para as Feiras com poder de compra”, afirma. Pela primeira vez, a Fenasucro terá um presidente de honra. O empresário Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan, um dos maiores grupos sucroenergéticos do mundo, vai exercer a presidência da feira.
mercado empresarial
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Paralelamente ao evento, acontecerão o XII Fórum Internacional sobre o futuro do Álcool, o X Brasil Cana Show, o XIV Simpósio Agroindustrial Internacional da STAB, e o Prêmio MasterCana.
Fórum: “Do álcool para o etanol”
O XII Fórum Internacional sobre o futuro do Álcool, cuja pauta será “Do álcool para o etanol”, abre o mega evento no dia 30 de agosto no Teatro Municipal de Sertãozinho, das 8 às 15h40. Três painéis temáticos debaterão a internacionalização do consumo do etanol e da propriedade das usinas brasileiras e a mundialização da produção do combustível feito a partir da cana, sob a ótica empresarial, tecnológica, estratégica e operacional. Entre os palestrantes, nomes de destaque, como Narendra Murkumbi, presidente da empresa indiana Shree Renuka Sugars, e Miguel Soldatelli Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustíveis. Entre as lideranças políticas e empresariais do setor que participarão da abertura do evento estão o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e os candidatos à presidência da República.
Presença de grandes fabricantes
A Agrocana 2010 vai contar com maior número de empresas fabricantes de caminhões. A presença já confirmada da Ford, Scania e MAN reflete a realidade do mercado e do setor: a terceirização da mecanização nos canaviais é responsável pela maior procura das montadoras para expor seus caminhões na Feira, que recebe um grande e qualificado público formado por profissionais de usinas do país e do exterior. A mecanização da colheita avança a passos largos no estado de São Paulo, principal produtor do país. E importantes grupos sucroenergéticos e usinas como a Brenco, Cosan e Clealco confirmam a tendência de terceirizar a colheita mecânica. E apostando na crescente demanda por caminhões e maquinário utilizados no processo que grandes fabricantes chegam à Agrocana 2010. Dados divulgados pela Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores atestam a tendência. Nos primeiros cinco meses de 2010, as quatro maiores cidades da região, Ribeirão Preto, São Carlos, Araraquara e Franca, registraram alta de 45% na venda de caminhões: 17.364 veículos. ME
Fenasucro 2009 - Vista Aérea
O encontro é uma realização do Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético) e do Sindicato Rural de Sertãozinho, com apoio da Sicredi Cooperativa de Crédito, Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos); Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Copercana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Cocred (Cooperativa de Crédito dos Plantadores de Cana de Sertãozinho), Unesp/ Jaboticabal, Prefeitura Municipal de Sertãozinho, Única (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo) e Sebrae-SP (Serviços de Apoio às Micros e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo). A Coordenação Técnica é da STAB (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil) e a Promoção e Comercialização é da Multiplus Produções e Empreendimentos.
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Brasil será o maior produtor agrícola da próxima década O País é o produtor agrícola com o crescimento mais rápido e um aumento previsto de 40% até 2019.
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Brasil figura junto com China, Rússia, Índia e Ucrânia entre os maiores produtores agrícolas da próxima década, segundo um informe conjunto da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) e da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos) apresentado em junho recente, em Roma. “O Brasil é o produtor agrícola com o crescimento mais rápido, e um aumento previsto de 40% até 2019”, sustenta o informe fornecido à imprensa por Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, e pelo mexicano Angel Gurría, secretário-geral da OCDE. O documento aponta para um crescimento da produção agrícola mundial mais lento durante a próxima década em comparação com os últimos dez anos e calcula que os preços médios dos alimentos subirão entre 2010 e 2019, pelo que “persiste a preocupação” com o aumento do número de pessoas com fome no mundo. O aumento da produção agrícola será superior a 20% na Rússia, Ucrânia, China e Índia, estima o documento “Perspectivas Agrícolas”. Para Gurría, “o setor agrícola mostrou sua capacidade de resistência às recentes instabilidades de preço e à crise econômica”. O especialista latino-americano convidou os governos a colocarem em marcha “medidas para garantir que futuros agricultores contem com as ferramentas para enfrentar riscos futuros, como contratos de produção, sistema de seguros e mercados de futuros”. Por sua vez, o diretor-geral da FAO advertiu que “o papel dos países em desenvolvimento nos mercados internacionais cresce de forma rápida e condiciona cada vez mais o mercado mundial. Seu papel e contribuição às questões políticas globais é de grande importância”, explicou.
Diouf lembrou que apenas 2% da população dos países desenvolvidos produz a quantidade de alimentos requerida em seus países, enquanto nos países em desenvolvimento essa porcentagem é de 60% a 80%.
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O diretor-geral da FAO instou a comunidade internacional a estabelecer um código de conduta que regulamente o setor e coordene conhecimentos e atividades na luta contra a fome e a desnutrição no mundo. A OCDE espera que o código de conduta, cujas negociações são realizadas na sede central da FAO em Roma, regulamente os investimentos, assim como o monopólio de terras e chegue a eliminar os subsídios, que alteram o mercado. O informe reconhece que ainda “que o mundo produza o suficiente para alimentar sua população, os recentes aumentos de preços e a crise econômica contribuíram para o crescimento da fome e para a insegurança alimentar”. Segundo os dados da FAO, cerca de um bilhão de pessoas sofrem de desnutrição, o que traz a necessidade não apenas de aumentar a produção e a produtividade agrícola, mas também de “regulamentar o sistema comercial”, sustentam os autores do informe. “Se os preços dos alimentos continuarem altos de forma contínua, seguirão afetando negativamente a segurança alimentar, em especial entre a população pobre que destina uma parte importante de sua renda para comprar alimentos”, explicam a FAO e a OCDE. (France Presse)
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Associações Comerciais se mobilizam pela Lei Geral
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Entidades vão divulgar vantagens da lei em 2,3 mil municípios.
oi iniciada em julho último mais uma mobilização para regulamentar a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa nos municípios brasileiros. O trabalho será articulado pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), que vai divulgar as vantagens da Lei e se reunir com lideranças locais das 2,3 mil cidades onde existem associações comerciais. Em boa parte delas, a Lei Geral já está regulamentada: são 1.766 municípios, equivalente a 31,7% do total no país. A atuação da CACB, em parceria com o Sebrae, será relevante sobretudo em estados como Minas Gerais, Bahia, Pará e Piauí, onde menos de 10% das prefeituras fizeram a regulamentação da Lei Geral. O caso de São Paulo é outro exemplo que precisa de atenção especial: o Estado conta com mais de 400 municípios com associações comerciais, mas a Lei Geral foi regulamentada apenas em 110 cidades. Para o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, é importante que os empresários brasileiros unam forças em todo o País pela municipalização da Lei Geral e para fazer reivindicações, a exemplo da reforma tributária, aproveitando justamente o ano eleitoral. Ressaltando o poder do setor empresarial, Okamotto afirma que não basta apenas se queixar de questões como a carga tributária. “Além disso, é preciso lembrar que alguns estados brasileiros aproveitaram o expediente da Lei Geral para aumentar os impostos. Eles ampliaram o instrumento da antecipação e da substituição tributária brutalmente”, disse, frisando que tais distorções dificultam muito o trabalho dos empreendedores. “A Lei Geral foi criada para se pagar menos imposto; não o contrário. O País está crescendo e distribuindo renda. As pequenas empresas precisam aproveitar o momento para gerar mais lucro, empregar mais gente e ter um ambiente mais propício aos negócios”.
Proposta de ampliar a Lei Geral
O presidente da Frente Parlamentar Mista de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, deputado Claudio Vignatti, destaca a proposta de mudanças na Lei Geral para entrar em vigor já no início de 2011. Um dos principais pontos é a ampliação do teto da receita bruta anual do Simples Nacional, que subiria de R$ 240 mil para R$ 360 mil (para microempresas) e de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões (pequenas empresas). Segundo Vignatti, outro destaque da proposta é elevar o teto da receita bruta anual do Empreendedor Individual de R$ 36 mil para R$ 60 mil e criar o Simples Rural, para diminuir o índice de informalidade no setor, que hoje chega a 80%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Etanol: Preços seguem estáveis No fechamento desta edição da Mercado Empresarial, os preços do etanol negociado no mercado paulista estiveram praticamente estáveis, segundo dados da Cepea/Esalq. Entre 26 e 30 de julho, o Indicador semanal Cepea/ Esalq do etanol anidro no estado de São Paulo fechou a R$ 0,9470/litro (sem impostos), baixa de 0,48% sobre o anterior, e para o hidratado o Indicador semanal Cepea/Esalq caiu ligeiro 0,24%, a R$ 0,8181/litro (sem impostos). No mesmo período, usinas consultadas pelo Cepea mantiveram quase que inalterado o valor pedido pelo combustível. Isso porque muitas unidades já estavam capitalizadas devido às vendas de etanol realizadas na segunda semana de julho, quando o preço fechava com forte alta. Distribuidoras, por sua vez, estiveram mais ativas apenas no final do período.
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São Paulo tem menos desemprego
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Registra a menor taxa dos últimos 19 anos para meses de junho
pesar o número de desempregados ser ainda muito expressivo (1,383 milhão), a taxa de desemprego na média dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo foi a menor para meses de junho já registrada pela Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioecônomicos) e Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados): 12,9%, em junho último, ante 13,3% em maio. De acordo com o coordenador da pesquisa pela Fundação Seade, Alexandre Loloian, esse resultado mostra que os diversos setores da economia já superaram os efeitos da crise financeira internacional e estão empregando mais trabalhadores. Ele lembra que, em junho do ano passado, a retomada ainda estava sendo ‘ensaiada”. Ressalta, também, que houve redução de 39 mil desempregados na virada de maio para junho, em razão do número de postos criados (68 mil) ter sido superior à entrada de mais pessoas no mercado de trabalho (29 mil). Segundo a Agência Brasil, o nível de ocupação cresceu na média 0,7% e o setor que mais empregou foi o de serviços (65 mil postos), uma alta de 1,3% sobre maio. Na sequência, estão o comércio (20 mil e crescimento de 1,4%) e outros setores, incluindo construção civil e emprego doméstico, com 7 mil vagas, 0,7% de alta. A indústria foi em sentido oposto e cortou 24 mil empregados, uma queda de 1,4%. O rendimento médio relativo ao mês de maio sobre abril aumentou tanto para os ocupados (R$ 1.320, alta de 1,6%) quanto para os assalariados (R$ 1.355, alta de 1,8%). Esses valores, no entanto, não significam que todos os trabalhadores estejam ganhando mais, ressaltou Loloian. Segundo ele, o rendimento médio tem “efeitos estatísticos”. Ou seja, o cálculo reflete ganhos de algumas categorias, mas também a eliminação de vagas.
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crise na Europa já impacta as exportações de orgânicos brasileiro. Segundo Ming Liu, coordenador do projeto Organics Brasil, a Europa começou a proteger o mercado doméstico, criando barreiras relacionadas a certificações para outros países. “O ambiente externo não está favorável à exportação. A sobrevalorização do real é outro fator negativo nesse cenário”, afirma. De acordo com Liu, o consumidor passou a optar por produtos mais baratos, onde lá fora as grandes redes de supermercados entram para o segmento, disponibilizando orgânicos de marca própria. “Como também ocorre no País. O Pão de Açúcar, por exemplo, criou a marca Taeq”, afirma o executivo. Em 2009, as exportações das 74 empresas de orgânicos que integram o programa Organics Brasil somaram US$ 58 milhões. Para o coordenador, se no fim de 2010 esse montante se repetir, também com as participações em feiras internacionais, o setor no Brasil já terá motivo para comemorar. Em 2009, a Organics participou de sete feiras no exterior, inclusive na maior delas, a Biofach Nuremberg, na Alemanha. Só nesta, os negócios gerados renderam US$ 34 milhões. Eventos nos Estados Unidos, Japão, Canadá e Inglaterra também foram incluídos no roteiro do orgânico brasileiro. Por outro lado, segundo Liu, as matérias-primas orgânicas embarcadas para formulação de cosméticos, mesmo com a crise, devem continuar em expansão. O Brasil é o maior extrativista mundial de ingredientes também utilizados na cosmetologia como óleo de andiroba, buriti, açaí e castanhas. “Temos seis milhões de hectares nos biomas Amazônico e do Cerrado.” De acordo com Liu, o último levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizado em 2003, mostra uma área de 872 mil hectares de orgânicos no País. “Dados de certificadoras para o mercado externo apontam hoje 7,1 milhões de hectares”, diz. De acordo com Censo Agropecuário, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), são 90,5
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impacta exportações de orgânicos brasileiros mil estabelecimentos rurais de agricultura orgânica. O mercado anual de produtos orgânicos do Brasil, de acordo com MDA, é de cerca de R$ 700 milhões, sendo 40% comercializados no País e 60% para exportação, com crescimento aproximado de 25% ao ano. Estima-se que 85% dos produtores orgânicos brasileiros sejam familiares. No entanto, a incerteza estatística quanto a hectares, produtores, cultivares e consumo interno de orgânicos está com os dias contados. Já que 2011 será o ano do marco orgânico para o Brasil, quando a cadeia contará com o cadastro oficial finalizado. Em 2011, o País terá ainda a certificação do orgânico brasileiro uniformizada com selo nacional. O documento será creditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). De acordo com o MDA, os agricultores familiares e empreendedores da agricultura familiar têm até dezembro para se adequarem ao novo sistema de garantia dos produtos orgânicos. A medida faz parte do Decreto nº 6.323/07 que instituiu o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica. O sistema, sob responsabilidade do Mapa, tem a função de regular, controlar, definir regulamentos e registros necessários relacionados aos produtos orgânicos. Também no fim deste ano, além dos 7,1 milhões de hectares certificados para expor-
tação, os números do mercado interno também serão somados. A Europa começou a “O levantamento é essencial para proteger o mercado elaboração de estratégias para o doméstico, criando setor”, pondera. Segundo Liu, a rede Pão de barreiras relacionaAçúcar foi a única no País a didas a certificações vulgar o avanço de 40%, em 2009, nas vendas de produtos orgânicos. “No geral, em produção e varejo o Brasil deve crescer anualmente de 15% a 20%”, estima. No varejo, os preços dos produtos orgânicos são de 20% a 30% mais caros que os convencionais. Dados da Organics Brasil mostram o Paraná na liderança do ranking dos estados que mais produzem orgânicos, com agricultura familiar. Seguido do Amazonas, onde o açaí é o carro-chefe. A castanha e o mel do Ceará estão na terceira colocação, e o açúcar orgânico da Native, em São Paulo, em quarto lugar. “A Native é a maior exportadora mundial de açúcar orgânico”, observa. Atualmente o Brasil embarca orgânicos, principalmente matéria-prima para 78 países, dentre eles, Alemanha, França, Reino Unido e Canadá. “No Brasil são pelo menos duas mil empresas que trabalham com orgânico.” Ainda segundo Liu, o Rio Grande do Sul, Pará, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Amapá e a Paraíba também são ativos na agricultura. O coordenador adiantou que já existem empresas no Brasil interessadas em investir no setor de pet food, que ainda não conta com produtos orgânicos. “Nos Estados Unidos já existe. Aqui também deve surgir”, afirma. Outra novidade no Brasil é a adesão de empresas na área de sustentabilidade, como o Santander e a Natura que oferecem em seus refeitórios alimentos orgânicos no cardápio. “Para incentivar a agricultura local, alguns municípios também inseriram orgânico na merenda escolar”, acrescenta.
Gargalo
Segundo Ming Liu, daqui para frente a maior dificuldade para agricultura orgânica será o acesso à semente crioula ou nativa, sem modificações genéticas. Para o coordenador, o governo federal deveria criar programas de incentivo ao produtor para que parte de sua produção seja direcionada a sementes. “A Embrapa já realiza trabalhos neste sentido”, diz. (DCI) ME
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Mercosul vai eliminar dupla cobrança de tarifa a partir de 2012
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dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) dentro do Mercosul começará a ser eliminada a partir de 1º de janeiro de 2012 – divulgou o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. “Este acordo mostra que o Mercosul está trabalhando com seriedade. Não é uma coisa pequena. É algo extraordinário para o bloco”, disse Amorim à agência de notícias BBC Brasil. O acordo para eliminar a dupla cobrança vinha sendo discutido desde 2004, mas enfrentava resistência do Paraguai, já que a medida provocaria forte impacto na sua arrecadação alfandegária. Após entendimento com o governo paraguaio, ficou decidido que a cobrança que começará ser eliminada gradativamente, até seu desaparecimento pleno, em 2019. Para diplomatas brasileiros, o fim da dupla cobrança poderá facilitar entendimentos comerciais com outros blocos, como a União Europeia. “Marcará maior seriedade e compromisso”, disse o diretor de Mercosul do Itamaraty, Bruno Bath. A dupla cobrança significa que quando um país do Mercosul importa um produto e o exporta para outro país
Medida poderá facilitar entendimentos comerciais com outros blocos
dentro do bloco, o produto paga imposto para entrar no mercado brasileiro e novamente para entrar no mercado vizinho. Essa cobrança dupla representa 20% da arrecadação do Paraguai, onde não existe imposto de renda. Segundo Bath, no caso do Brasil, representa cerca de 2%. Para não prejudicar as finanças do Paraguai foi definido um cronograma de eliminação gradual da cobrança dupla até 2014 e sua entrada plena em vigor a partir de 2019. Bath disse que primeiro será eliminada a cobrança de bens terminados como, por exemplo, copos. Segundo o diplomata, será feita uma fórmula que permita concentrar esta arrecadação e compensar o Paraguai financeiramente. Os detalhes não foram divulgados. De acordo com Bath, a medida permitirá maior seriedade no comércio no Mercosul, já que as alfândegas deverão estar conectadas por um mesmo sistema informático, o que permitirá o acompanhamento das importações no bloco.
Remessas de multinacionais para Europa sobem 76%
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s empresas europeias instaladas no Brasil quase dobraram as remessas de lucros e dividendos para as matrizes, numa tentativa de compensar as perdas provocadas pela crise no Velho Continente, divulga a Agência Estado. De janeiro a abril, as companhias europeias enviaram US$ 4,4 bilhões ao exterior, alta de 76% em relação aos US$ 2,5 bilhões de igual período de 2009. As empresas de capital europeu também reduziram os investimentos no Brasil. O Investimento Estrangeiro Direto (IED) vindo da Europa caiu 29% no primeiro quadrimestre, de US$ 5,8 bilhões para US$ 4,1 bilhões. O levantamento foi feito com base nos dados do Banco Central (BC) e considerou a soma das remessas e dos investimentos dos dez países europeus mais representativos em cada ranking. “Existe uma restrição de capitais no mercado europeu que prejudica as matrizes. As empresas investem No primeiro trimestre menos no Brasil e remetem mais lucros. Algumas do ano, foram enviachegaram a vender ativos para brasileiros”, diz o presidos US$ 4,4 bilhões dente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), ao exterior Luiz Afonso Lima.
mercado
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Copel, TPI e Alupar vencem leilão de novas usinas de energia
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leilão de três novas usinas hidrelétricas no dia 30 de julho último, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) destoou das últimas licitações, com a Eletrobras fora da lista de vitoriosos. Dias antes, a Eletrobras havia informado, por meio de sua assessoria de imprensa, que o grupo pretendia “ganhar todas” as hidrelétricas que iriam a leilão em 6/8. A estatal participou do leilão, mas o lance não foi o menor em nenhum dos casos. Para a usina de Colíder, o consórcio Teles Pires tinha Furnas e Eletrobras Holding com 15% cada; Eletronorte com 19,9%, Neoenergia com 46% e Andrade Gutierrez com 4,1%. No caso desta usina, entretanto, a vencedora foi uma estatal: a paranaense Copel, com oferta de preço de R$ 103,40 por megawatt-hora (MWh), contra valor máximo estipulado pelo governo de R$ 116. Vencia aquele que se dispusesse a cobrar menos pela energia. Das novas usinas levadas a leilão, Colíder tem o maior investimento previsto: R$ 1,2 bilhão. Com capacidade instalada de 300 MW, a usina será construída no rio Teles Pires, na região das cidades de Nova Canaã do Norte, Colíder e Itaúba (MT). “Colíder é a primeira usina que estamos licitando na bacia do Rio Tapajós. O rio tem um grande potencial hidrelétrico”, afirmou o secretário do Ministério das Minas e Energia (MME), Altino Ventura. Além do consórcio da Eletrobras e da Copel, outros cinco grupos participaram da disputa. A usina de Garibaldi, com potência instalada de 177,9 MW e investimentos de R$ 719,3 milhões, ficou com a Triunfo Participações (TPI), que fez oferta de R$ 107,98 por MWh. O preço-teto era de R$ 133. A hidrelétrica será construída no rio Canoas, nos municípios de Cerro Negro e Abdon Batista (SC). A Eletrosul, estatal da Eletrobras, participou em um consórcio onde detinha 49% do controle e a Copel os outros 51%. No total, foram sete concorrentes. Já a Alupar fez o melhor lance pela usina de Ferreira Gomes, oferecendo R$ 69,78 por megawatt-hora (MWh), contra preço-teto de R$ 83. A usina será construída no rio Araguari, nos municípios de Araguari e Ferreira Gomes (AP). A potência instalada mínima é de 252 MW, com investimentos de R$ 810,7 milhões. A Eletrobras
participou da disputa por meio da Eletronorte, em um consórcio com a Neoenergia, onde a proporção era de, respectivamente, 49% e 51%. “Esta usina representa a garantia do suprimento local de energia, e o excedente pode ir para o Sistema Interligado Nacional (SIN)”, disse o secretário do MME. O deságio médio sobre as tarifas máximas estipuladas pelo governo para os três empreendimentos foi de 14,3%. O preço médio por MWh do leilão (três usinas e quatro PCHs) foi de R$ 99,48.
Jari não vende energia
A usina de Santo Antônio do Jari (AP), já concessionada à ECE Participações e Jari Energética, não vendeu energia no leilão. “A energia pode ser vendida no mercado livre, sendo negociada bilateralmente, ou ainda pode haver a venda no leilão A-5 do final do ano”, disse o diretor de Estudos de Energia Elétrica da EPE, José Carlos Miranda Farias. Além das três usinas hidrelétricas, foram negociadas a compra de energia de quatro Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), apesar de sete terem se inscrito. O preço-teto para todos os empreendimentos era de R$ 155 por MWh. A PCH de Pirapora (SP), da Empresa Metropolitana de Água e Esgoto (Emae), vendeu energia pelo preço de R$ 154,49 por MWh. A potência da usina, localizada no Rio Tietê, é de 25 MW. A PCH Canaã (RO), da Mega Energia e com 17 MW de potência, ofereceu um preço de R$ 153,98 por MW. A PCH Jamari (SE), também da Mega Energia e com potência de 20 MW, ofereceu um preço de R$ 154,23. Já a PCH Santa Cruz de Monte Negro, também da Mega Energia e também no Sergipe, ofereceu um preço de R$ 153,73 por MWh. “É bom (três PCHs não terem vendido energia no leilão) porque elas podem vender energia no mercado livre... o leilão de fontes alternativas (em 25 e 26 de agosto) é uma nova oportunidade para as PCHs”, disse o diretor da Aneel, Edvaldo Santana. O valor total negociado no leilão foi de R$ 8,5 bilhões e o volume total de potência injetada foi de 808,9 MW. No total, a energia foi vendida a 27 diferentes compradores. (Reuters) ME
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Syngenta: contratos altos na venda de mudas de cana-de-açúcar
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multinacional Syngenta sequer inaugurou sua nova fábrica de mudas para cana-de-açúcar em Itápolis (SP), mas já estima contratos de venda no valor de US$ 200 milhões, para usinas do Centro-Sul, até dezembro deste ano – segundo o Valor Econômico. O novo sistema de produção de mudas da empresa, desenvolvido em 2008, promete redução nos custos com plantio, já que as mudas são bem menores do que as convencionais. A expectativa da Syngenta é que as novas mudas - ou gemas - cubram uma área entre 120 mil e 150 mil hectares nos próximos cinco anos, dos quase 2 milhões de hectares cultivados com cana-de-açúcar na região Centro-Sul. O primeiro grupo a ter acesso à tecnologia será a Usina Guaíra, de Guaíra, no interior paulista – informa o Valor. A partir de 2011, a empresa iniciará o plantio com as mudas da Syngenta em uma área de 180 hectares. O plano, no entanto, é cultivar todos os 4,5 mil hectares que a usina tem com as novas mudas até 2015. O novo sistema de Na fila para fechar contratos estão outras 70 unidades de 25 grupos, produção promete que já estão testando o novo sistema de mudas, no qual são utilizadas reduzir custos com gemas de aproximadamente 4 centímetros cada, já com tratamento de plantio defensivos. A nova técnica tende, segundo a Syngenta, a substituir o modelo tradicional, em que o plantio é feito com mudas de aproximadamente um metro. Essas mudas são plantadas pelas próprias usinas em suas áreas de cana. “Para se plantar um hectare de cana no sistema convencional, eram necessárias entre 15 e 18 toneladas de cana. Pelo novo sistema é preciso apenas uma tonelada”, afirma Antonio Carlos Motta Guimarães, presidente da Syngenta Proteção de Cultivos para América Latina. O executivo lembra que as primeiras avaliações de campo apontam para uma redução de 5% a 10% no custo de plantio. O presidente da Usina Guaíra, Eduardo Junqueira da Motta Luiz, considera que o setor sucroalcooleiro adotará o sistema rapidamente. “As usinas eram obrigadas a destinar uma área grande para o cultivo das mudas. A partir de agora, deixo de fazer esse plantio e incorporo a área no cultivo comercial”, explica. Há outras vantagens, segundo Junqueira. O sistema permite o plantio direto e a mecanização do cultivo, o que dará mais velocidade e eficiência ao processo. A fabricante de máquinas americana John Deere desenvolve uma plantadeira para semear as novas mudas. As análises feitas pela Syngenta e pelas usinas indicam que, com a mecanização, as linhas de plantio de cana ficam retas, permitindo um aumento na velocidade de colheita entre 25% e 30%, já que os dados fornecidos pelo GPS do plantio são exatamente os mesmos transferidos para as máquinas que fazem a colheita. Além da fábrica de Itápolis, com inauguração prevista para o primeiro trimestre de 2011, outras unidades de produção de mudas de cana estão nos planos da Syngenta para atender a demanda de regiões onde o cultivo tem crescido nos últimos anos. A expectativa é que a empresa avance para Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Paraná. A unidade paulista vai ocupar uma área de 50 hectares, mas a Syngenta terá outros 1,1 mil hectares para cultivar as variedades de cana mais utilizadas pelas usinas ME
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Produção de açúcar do centro-sul em 10/11 cresce 30% ante 09/10
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produção de açúcar do centro-sul do Brasil no acumulado da safra 2010/11 até 16 de julho cresceu mais de 3 milhões de toneladas em relação à mesma época da temporada passada, em meio a um volume maior de cana processada e à forte demanda externa pelo produto brasileiro, de acordo com dados pela Única - União da Indústria de Cana-de-Açúcar. O centro-sul brasileiro, que responde por cerca de 90 por cento da safra nacional de cana, produziu 14 milhões de toneladas de açúcar no período, contra 10,7 milhões de toneladas até a mesma época de 2009/10, alta de cerca de 30 por cento, informou a Única. Com o maior exportador da commodity dominando o mercado internacional nesta época, por conta da entressafra em outras regiões, os portos do centro-sul registram congestionamentos de navios para carregar açúcar, o que também elevou preços recentemente em Nova York para os maiores valores em mais de quatro meses. A moagem de cana no centro-sul, no acumulado da safra, cresceu aproximadamente 20 por cento, para 255,2 milhões de toneladas. “Esse avanço na moagem deve ser avaliado com muita cautela e qualquer extrapolação para as demais quinzenas do que ocorreu desde o início desta safra pode levar a um resultado equivocado”, afirmou o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, em relatório quinzenal. Segundo o executivo, pode-se afirmar que mais de 50 por cento do incremento da moagem observado até o momento deve-se à antecipação do início da safra. “O clima mais seco ao longo da atual safra, com chuvas abaixo da média histórica, permitiu um sensível avanço na colheita. Porém, o mesmo fenômeno também deverá reduzir a produtividade agrícola da cana ainda a ser colhida e antecipar o final da safra na maior parte das regiões produtoras do centro-sul”, observou a Unica em relatório. “Isso deve levar a uma entressafra mais longa, voltando ao padrão histórico, que foi alterado nas duas últimas safras com inícios antecipados e
Região produziu 14
encerramentos que foram além do período milhões de tonehabitual.” ladas de açúcar no A entidade também chamou a atenção sobre a possibilidade de colheita em áreas período em que a cana não completou totalmente o seu ciclo de desenvolvimento, ao final da safra. Assim, de acordo com Padua, “ao contrário do que imaginam alguns analistas, a grande dúvida em relação ao tamanho da atual safra não está na quebra de produtividade agrícola que estamos observando”. Mas sim na decisão de realizar, nas semanas finais da safra, a colheita precoce em áreas com colheitas registradas ao final de 2009 e início de 2010. Segundo a Unica, com a perspectiva de antecipação do término da safra, os produtores terão duas alternativas: colher a cana mais cedo com significativa perda de biomassa, ou postergar a colheita dessa área para o início da safra 2011/2012. “Essa opção é que definirá a quantidade final de cana a ser moída no centro-sul”, afirmou o executivo da Unica.
Etanol
Já a produção de etanol do centro-sul atingiu 10,9 bilhões de litros até 16 de julho, contra 9 bilhões em 09/10 (alta de 20 por cento). Do total de cana processada no acumulado da safra, 55,97 por cento foi destinado à produção de etanol, contra 57,84 por cento até a mesma época do ano passado, e com o açúcar absorvendo 44 por cento da matéria-prima na atual temporada. Segundo a Unica, a produção e a comercialização de etanol ocorrem dentro do cenário previsto no início da safra: o volume disponível para consumo é maior do que aquele observado no mesmo período do ano anterior, em função do aumento da produção e da redução das exportações, que somaram 668 milhões de litros, contra 1,2 bilhão de litros entre abril e a primeira quinzena de julho de 2009. “Portanto, eventuais dificuldades de abastecimento, pontuais e localizadas, não têm qualquer relação com a disponibilidade de etanol nas unidades produtoras”, afirmou a Unica, salientando que os preços são determinados pelas leis de oferta e demanda, que está crescente, com uma frota flex cada vez maior. (Reuters) ME
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Cosan quer ampliar serviços no comércio externo de açúcar
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Contratação de fre-
Cosan, maior prote e venda direta dutora de açúcar ao consumidor final e etanol do Brasil, estão nos planos pretende expandir sua atuação no comércio internacional de açúcar por meio de serviços adicionais como contratação de frete e venda direta ao consumidor final. Segundo o vice-presidente da Cosan SA, Colin Butterfield, que assumiu o comando da divisão Cosan Alimentos em abril último, a empresa atualmente vende açúcar na modalidade FOB Santos, deixando para as tradings os serviços de transporte e os contatos com compradores no exterior. “Queremos passar a ser algo mais próximo de uma trading, passar a agregar novas metodologias, novos riscos e novas arbitragens”, disse Butterfield à agência internacional de notícias Reuters. Segundo ele, o volume de açúcar negociado pela empresa, em torno de 4 milhões de toneladas, é equivalente ao movimentado por grandes tradings globais. “Hoje vendemos FOB Santos e as tradings levam para os destinos... Estamos pensando em como agregar mais valor à nossa commodity.” Butterfield afirmou que a companhia “tomou um susto” com o tamanho da queda do preço do açúcar em abril e maio últimos, quando o produto foi de aproximadamente 30 centavos de dólar por libra-peso para 16 centavos. “Esperávamos que era para estabilizar em um patamar menor, mas a velocidade da queda nos surpreendeu”, afirmou, acrescentando que trabalha com cenário de consolidação dos valores em torno dos níveis atuais.
Mercado interno
O executivo afirmou que para o mercado interno a estratégia é deixar de ser uma empresa só de açúcar, adicionando outros gêneros alimentícios ao portfólio, aproveitando a capilaridade de distribuição que a Cosan já possui, servindo cerca de 12 mil estabelecimentos. “Agregar novos produtos faz sentido, pois temos capilaridade, temos a marca e temos a força de venda”. Segundo ele, a ideia de levar outros produtos para o varejo pode se dar por meio de parceiros, para aproveitar a malha existente, ou com produção própria utilizando as marcas da empresa, como a União. Para ele, faria todo sentido, por exemplo, um achocolatado da marca União, tradicional nome no varejo de açúcar ME
Açúcar Guarani compra Usina Mandú por R$ 345 milhões
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Açúcar Guarani adquiriu a totalidade da Usina Mandú por R$ 345 milhões, por meio de sua controlada Cruz Alta Participações, da qual possui 51% das ações – segundo o jornal O Estado de S.Paulo. Com a aquisição da usina, cuja capacidade de moagem anual é de 3,5 milhões de toneladas, eleva a estimativa de processamento para 20,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para a safra 2010/2011. O perfil de produção da Mandú é de 60% etanol e 40% açúcar. Nesta safra, a usina estima produzir aproximadamente 200 mil toneladas de açúcar, 175 mil m³ de etanol e cogerar 12 megawatts (MW) de eletricidade. A Guarani ressalta ainda a localização da Mandú, “na mesma região que as outras seis unidades industriais da Guarani no Brasil, em uma das mais favoráveis regiões para o plantio e cultivo de cana-de-açúcar”. De acordo com a empresa, a proximidade da Mandú com as unidades de São José, Com a aquisição, Severínia e Vertente “está a estimativa de em linha com a estratégia processamento da Guarani e deverá gerar da empresa será significativos ganhos em sinergias” ME elevada para 20,6
milhões de toneladas de cana-deaçúcar
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mercado empresarial
Native lidera venda global de açúcar orgânico
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Native, da Usina São Francisco, que pertence ao grupo Balbo, é a maior exportadora de açúcar orgânico do mundo. O açúcar orgânico Native está presente hoje em cerca de 300 produtos no exterior, principalmente em iogurtes e biscoitos, segundo informações da revista Cafeicultura. Em 1997, para a construção da empresa, que responde por 60% da produção mundial de açúcar orgânico, foram investidos R$ 5 milhões. Hoje a Native vale dez vezes mais. Além de açúcar, a companhia também produz café, achocolatado, sucos de maracujá e laranja, cookies, azeite e granola, produzidos livres de insumos químicos. Entre os principais mercados da companhia estão países da Europa, Estados
Unidos, Coréia, Japão e Canadá. No mercado interno de orgânicos, o objetivo da empresa é destinar 50% de sua produção no prazo de três anos. Segundo Balbo Júnior, diretor comercial da Native, a produção destinada ao mercado interno é de 35%. Quando o grupo entrou para o universo de produtos orgânicos, faturou U$ 800 Entre os principais mil com as exportações para mercados da companhia sete países. Antes da crise, estão países da Europa, em 2008, a receita saltou Estados Unidos, Coréia, para um total de U$ 85 milhões, com volume de 70 mil Japão e Canadá toneladas embarcadas para 97 países ME
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Dendê: cultivo para a produção de biocombustível aumenta na Bahia
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A produtividade e depender de um projeto deverá aumentar implementado, desde fevereiro, na Bahia, o Estado de 3,6 para 5 tonepassará a ser o principal fornecedor ladas. de matéria-prima para a produção do biodiesel de dendê em Candeias. Por enquanto, a Petrobras Biocombustíveis, que há nove meses produz o combustível em pequenas quantidades em Candeias, adquire dendê principalmente do Pará. Para mudar este cenário, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) está implementando um programa de expansão da dendeicultura no sul do Estado. Em abril último, a produção média foi de 3,6 toneladas de dendê por hectare ao ano. Com a expansão da cultura, a produtividade deverá crescer para cinco toneladas, informa a engenheira agrônoma da EBDA em Camamu, Emily Souza de Freitas, coordenadora do programa. As mudas para distribuição estão em fase de manejo e, numa próxima etapa, será concedido crédito assistido para os agricultores. O custo médio para a implantação de um hectare de dendê é de R$ 6 mil, com um rendimento de até R$ 5 mil ao ano para o produtor. Estudo de zoneamento climático feito pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cafeeira (Ceplac) revela grande
potencial de expansão da cultura na Bahia. Apesar do programa de garantia de compra da safra da agricultura familiar, a Petrobras Biocombustíveis ainda tem adquirido matériaprima de empresas que integram o mercado de óleos vegetais do Pará. Desde o início do programa, foi produzido um milhão de litros do combustível. A meta é aumentar o nível de produção ainda em 2010.
Segundo óleo mais consumido no mundo
O dendezeiro é uma palmeira originária da costa oriental da África (Golfo da Guiné), sendo encontrada em povoamentos subespontâneos desde o Senegal até Angola. O óleo originário desta palmeira, o azeite de dendê, consumido há mais de 5 mil anos, foi introduzido no continente americano a partir do século XV, coincidindo com o início do tráfico de escravos entre a África e o Brasil. Atualmente, o azeite de dendê é o segundo óleo mais produzido e consumido no mundo, representado 18,49% do consumo mundial. A região Sudeste da Bahia possui uma diversidade climática excepcional para o cultivo do dendezeiro. No Brasil, há uma demanda reprimida de 500 mil toneladas de óleo de dendê, havendo importações de 100 a 150 mil toneladas. A importância econômica do dendê não se limita ao uso para alimentação. O fruto é empregado na fabricação de sabão, vela, graxas e lubrificantes, e na produção de gorduras vegetais e margarinas, além do uso recente para o biodiesel ME
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Penas de galinha podem virar biodiesel
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egundo Eduardo Athayde, administrador, pesquisador e diretor do Worldwatch Institute no Brasil, centros de pesquisas dos Estados Unidos, com o apoio de empresas americanas, vêm desenvolvendo processos para a produção de biodiesel a partir de penas de galinha. É que a cada ano são acumulados, no mundo, 5 bilhões de quilos de resíduos de aves, a maior parte utilizada como alimento para animais e fertilizantes agrícolas. Acontece que farinha de restos de frango, incluindo penas, além dos altos percentuais de proteína e nitrogênio tem 12% de gordura, matéria-prima para a produção de biocombustível. Estatísticas mostram que a quantidade de farinha de pena gerada pela indústria avícola
a cada ano poderia produzir 580 milhões de litros de biodiesel, por ano, nos EUA e 2,2 bilhões litros, por ano, em todo o mundo. Segundo Athayde, o Reno Renewable Energy Center, um dos centros responsáveis pelas pesquisas, já publicou 183 trabalhos técnicos, tem 10 patentes publicadas, 12 pendentes e obteve mais de US$ 25 milhões de Farinha de restos dólares em financiamento para seus projetos. de frango, incluinNo Brasil, somente no primeido penas, tem ro trimestre de 2009, foi abatido 12% de gordura, 1,12 bilhão de frangos. O Estado matéria-prima do Paraná lidera a produção de para a produção de frango no país, segundo o IBGE, seguido por Santa Catarina e Rio biocombustível. Grande do Sul ME
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Energia virá também do mar e do deserto
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Índia está investindo em pesquisas com algas ma- tando que o produto costumava ser utilizado apenas como rinhas e pinhão-manso (Jatropha curcas) a fim de espessante de alimentos. transformá-los em matérias-primas viáveis para obtenção de biodiesel. A notícia foi dado por Pushpito Ghosh, Pinhão-manso Outra fonte promissora de energia para a Índia é o pesquisador da Central Salt & Marine Chemicals Research Institute, durante o Scientific Issues on Biofuels, realizado pinhão-manso, também presente no Brasil. Para produzi-lo, os indianos utilizam regiões áridas e que não sejam utilizadas pela FAPESP em maio último. “Temos 1,1 bilhão de habitantes e não conseguimos su- pela agricultura. Um dos objetivos da pesquisa foi o aproveiprir a demanda interna de açúcar. Ou seja, diferentemente tamento integral do fruto. A casca do pinhão, que antes era do Brasil não há como produzir, na Índia, etanol a partir de descartada, passou a ser transformada em briquetes que são cana-de-açúcar”, disse o pesquisador. Outro obstáculo é a distribuídos à população em substituição à lenha. Também as sementes que sobravam escassez de terras cultiváveis, a despeito do foram transformadas em torta fertilizante. tamanho do país. Por conta disso, uma das Algas Marinhas e Por fim, um subproduto da produção do principais apostas dos pesquisadores indianos pinhão-manso bioetanol, a glicerina crua, recebeu um despara a produção de combustíveis alternativos tino mais complexo: foi transformada em está na água. podem se transforum polímero biodegradável. Ao apresentar taxa de crescimento de mar em fontes de A avaliação do biodiesel feito a partir do 5% a 9% ao dia, as algas marinhas permitem biodiesel. pinhão-manso apontou alto rendimento do colheitas a cada 45 dias. “Tal produção não combustível, aproximando-se do desempode ser comparada a nenhuma outra cultura penho do diesel de origem fóssil, segundo convencional”, disse. Segundo Ghosh, a energia a partir das algas reduziria Ghosh. O pesquisador conta que, mesmo com um valor a pressão por terras, eliminaria o uso de pesticidas e não calórico 9% inferior ao seu similar oriundo do petróleo, o causaria demanda por água para irrigação como as planta- diesel do pinhão-manso apresentou eficiência e potência ções. Em contrapartida, o especialista admite que ainda são muito parecidas. Ghosh explicou que isso se deve ao fato necessários estudos para precisar os impactos ambientais que de o biodiesel desenvolvido apresentar uma conversão de a cultura no mar pode causar ao meio ambiente. Entre as energia mais eficiente. O diesel de pinhão-manso foi testado em veículos diesel críticas recebidas pelo projeto indiano está a de que o cultivo convencionais, sem que fosse preciso nenhuma adaptação de algas poderia impactar os sistemas de corais. Além de ser fonte de biocombustível, as algas podem au- nos motores. Um dos maiores desafios na pesquisa do mentar a produtividade de outras plantações, especialmente uso do pinhão-manso como biocombustível é aumentar a a da cana-de-açúcar, segundo uma experiência feita no país produtividade do vegetal. Segundo o especialista, o caminho encontrado pela Índia para crescer na área de energia com grânulos de algas aplicados como biofertilizantes. “Esses grânulos são considerados um fertilizante valioso, renovável é eliminar desperdícios tanto de terras como em de grande impacto na produção”, afirmou Ghosh, comen- biomassa produzida ME
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Foto: Divulgação
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Um chocolate que não derrete nas mãos
suíça Barry Callebaut, maior produtora de chocolate do mundo, há mais de três anos trabalha no desenvolvimento de um chocolate que não derreta nas mãos e tenha 90% a menos de calorias que os chocolates convencionais. E tudo isso sem perder o sabor. Batizado com o nome provisório de Vulcão, e ainda em fase de testes, o chocolate só começa a derreter ou quando entra em contato com a saliva ou em temperaturas superiores a 55º Celsius (os convencionais derrete a partir de 30º). Por isso, ele está sendo considerado ideal para países de clima quente ou regiões onde a logística não é adequada. A baixa caloria se justifica pela leveza e densidade do produto. Por possuir muitas bolhas de ar, dez pedaços do Vulcão têm as mesmas calorias que um único pedaço do chocolate tradicional.
O “Vulcão” terá menos calorias e deve chegar às prateleiras em 2012
A Barry foi uma das pioneiras no desenvolvimento de chocolates com baixo teor de açúcar e gordura. Foi a primeira a desenvolver o chocolate probiótico, que possui na fórmula organismos vivos que, quando administrados em quantidade adequada, oferecem benefícios à saúde. Além disso, desenvolveu também o chocolate Acticoa, considerado bom para o coração e com propriedades que ajudam a retardar o envelhecimento. A Barry Callebaut inaugurou este ano sua primeira fábrica no Brasil, em Extrema, Minas Gerais. Antes, a empresa tinha no País apenas uma unidade de beneficiamento de cacau, localizada em Ilhéus (BA). O Brasil será plataforma para os planos de crescimento da companhia na América Latina. Até 2020, a empresa planeja inaugurar uma segunda unidade aqui ME
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destaque
PARNOX Sinônimo de alta tecnologia, qualidade e resistência em fixadores de aço inox e ligas especiais
A
o iniciar suas atividade, em 1991, a Parnox contava somente com dois funcionários, mas já possuía o know how necessário para se desenvolver. Tendo se especializado em fixadores de Aço Inoxidável e Ligas Especiais, a empresa vem se superando anualmente com o crescimento da procura por fixadores de longa duração com qualidade e resistência. Esse crescimento tem sua base em vários investimentos em qualidade, tecnologia e mão-de-obra qualificada. Com um grande espírito empreendedor e visão futurista, o empresário Carlos Roberto da Silva, 47 anos, não mede
Fachada Parnox
esforços para atender o mercado nacional e internacional. Hoje com sede própria, a Parnox investe intensamente no setor Petroquímico, Óleo, Gás, Indústria Naval, Ortopédico Hospitalar, Indústria de Bombas e Válvulas, fazendo diversas parcerias com fornecedores em todo o território nacional e com a americana Hosken Import & Export Company, otimizando máquinas de última geração e processos, montando um laboratório interno de alta tecnologia para atender a demanda de mercado – produzindo atualmente 76 toneladas/mês e com perspectiva de dobrar sua produção em 5 anos. A empresa relata um crescimento anual de sua produção na margem de 10 a 12% e, economicamente, um crescimento anual de 5%. A companhia que conta com Certificação ISO 9001, tem se destacado na execução de qualquer tipo de serviço em ligas especiais como a Inconell, Alloy 20, Duplex, Super Duplex, B8 e B8m classe I e II, ASTM B7 e B16, entre outros. A Parnox preza pelo bom atendimento, peças com alto padrão de qualidade e satisfação das necessidades do mercado, considerando esses fatores como os principais pontos para o crescimento com honestidade e respeito aos seus clientes ME
CURSOS CIESP/FIESP 2010 O CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo desenvolve regularmente programas de cursos, seminários e palestras com formatos diferenciados de capacitação para seus associados.
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Fascículo
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Meio Ambiente É
praticamente unanimidade entre os cientistas que, se nada for feito para reduzir as emissões de gases poluentes, a temperatura média da Terra, até o final deste século, estará 4 graus acima da atual, o que causará, entre outras catástrofes, ciclones, furacões, incêndios florestais, aumento de áreas desérticas, o degelo das calotas polares e a consequente elevação do nível do mar e o desparecimento de regiões costeiras. Quem mais vai sofrer com as mudanças climáticas são os países pobres. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, houve um aumento na incidência de eventos climáticos extremos no território brasileiro entre 1970 e 2008, causando a morte de mais de seis mil pessoas e prejuízos da ordem de US$ 10 bilhões. Para que o aumento de temperatura seja limitado a 1,8 grau, é necessário que 70% das emissões de gases do efeito estufa sejam cortadas até 2050. Para isso, é preciso que as nações atuem em conjunto, através de políticas de preservação do meio ambiente – que implica desde a educação ambiental até a criação e implementação de diretrizes e mecanismos de controle e regulação da preservação. Neste Módulo IV do Fascículo Meio Ambiente, abordaremos as principais iniciativas realizadas nesse sentido.
Políticas para
salvar o Planeta
Meio Ambiente
Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente
O primeiro grande evento mundial a respeito das questões do meio ambiente foi a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (COI), realizada de 05 a 16 de junho de 1972 e sediada em Estocolmo, na Suécia. Alguns países se opunham à sua realização, mas a ONU rendeu-se à opinião pública internacional diante da gravidade dos problemas ocasionados pela emissão de gases poluentes. O evento foi responsável por conceitos e princípios que se tornaram base da diplomacia na área de meio ambiente, que passa a ser objeto de tutela jurídica, um direito fundamental ligado diretamente à condição humana. Isso se concretizou através da Declaração do Meio Ambiente, adotada na Conferência, um documento em que são elencados 26 Princípios e um Plano de Ação com 109 recomendações que servem de base ao Direito Ambiental. Representa um novo direito fundamental que constitui um prolongamento da Declaração Universal dos Direitos do Homem. A Conferência de Estocolmo reuniu 113 países e resultou na criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, que tem a atribuição de incentivar os governos a proteger melhor o meio ambiente. Posteriormente o PNUMA se uniu à Unesco e juntos publicaram um documento chamado “Estratégia para a preservação do Mundo” considerado como precursor da Agenda 21. Apesar de gerar efeitos apenas declarativos e não normativos a Conferência de Estocolmo deu início a uma grande mobilização de âmbito internacional e teve como grande virtude o reconhecimento da diferença entre os problemas ambientais ocorridos nos países em desenvolvimento e os problemas dos países industrializados. O Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia foi criado em 1972 pela Conferência de Estocolmo. Por meio do decreto
86.028, de 27 de maio de 1981, o governo brasileiro também decretou no território nacional a Semana Nacional do Meio Ambiente.
Comissão Mundial de Meio Ambiente
Em 1982, em Nairóbi, foi feita uma avaliação dos resultados alcançados após a Conferência de Estocolmo. Foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente com o desafio de desenvolver um estudo e elaborar uma agenda global para mudança, apresentando análise das causas ambientais em todo o mundo, traçando diretrizes e estratégias de atuação. O Relatório final intitulado “Nosso Futuro Comum” – também conhecido como Relatório Brundtland, em homenagem à Primeira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, que presidia a Comissão, teve como principal recomendação a realização de uma conferência mundial que direcionasse os assuntos ali levantados. Nesse documento, pela primeira vez, aparece a ideia de desenvolvimento sustentável, ou seja, de que devemos explorar a natureza de forma racional para suprir nossas necessidades atuais de forma a possibilitar que as futuras gerações também possam suprir as suas. O documento também enfatizou o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio, conceitos novos naquela época. A conclusão do Relatório foi de que os arranjos institucionais e as estruturas de tomada de decisões que existiam no âmbito nacional e internacional, não comportavam as demandas do desenvolvimento sustentável. A Comissão, consciente das dificuldades, declarou que para atingir os propósitos da sua criação havia a necessidade de significativas mudanças nas atitudes e estilos de vida, cooperação entre os governos internos como também no âmbito internacional e, principalmente, a participação da população, das organizações e dos governos.
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ECO/92 ou Rio/92
De 03 a 14 de junho de 1992, marcando os 20 anos de discussões internacionais sobre as mudanças climáticas, e com a participação de 179 países, ocorreu no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, a maior conferência mundial sobre os problemas ambientais: a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a famosa ECO-92 (ou RIO-92). Paralelamente, ocorreu o Fórum Global das ONG’s, com a participação de quatro mil entidades da sociedade civil de diversos países. No âmbito da análise dos problemas e de suas soluções, a ECO 92 apresentou uma contribuição definitiva ao sacramentar o conceito de desenvolvimento sustentável, que deixava claro que no centro das questões ambientais se encontravam questões centrais da economia. O x do problema era - e continua sendo - conciliar o equilíbrio ecológico com o desenvolvimento econômico, o crescimento dos países pobres e em desenvolvimento. Além disso, os eventos paralelos que aconteceram no Rio de Janeiro durante a realização da ECO 92 mostraram que a sociedade civil - isto é, os diversos representantes da sociedade como um todo, independentemente dos governos - estava determinada a contribuir com a solução dos problemas e se organizava para isso em entidades privadas que objetivavam cuidar de questões ecológicas e sociais: as ONGs - Organizações Não-Governamentais. No âmbito nacional, 1992 foi também o ano de criação do Ministério do Meio Ambiente. A ECO/92 produziu resultados de grande importância: a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento contendo 27 princípios; a Agenda 21 – um plano de ação para o meio ambiente e o desenvolvimento no século XXI; a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS); um Acordo para negociar uma convenção mundial sobre a desertificação; a Declaração de Princípios
para o Manejo Sustentável de Florestas; e duas grandes convenções internacionais – a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC ou, em inglês, UNFCCC) e a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). A Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também denominada Carta da Terra - é um conjunto de princípios que repete alguns já consagrados na Declaração de Estocolmo e cria outros. O conceito de desenvolvimento sustentável está presente em 12 dos 27 princípios expressos no documento. A Carta da Terra equivale à Declaração Universal dos Direitos Humanos, no que se refere à sustentabilidade e à justiça social. Estabelece diversos valores a se observar e ideais a se perseguir. A Agenda 21 - é um documento de quarenta capítulos onde estão registrados os compromissos assumidos pelos países participantes da Conferência ECO/92. Nela estão relacionadas 2.500 medidas que podem servir como base para que cada país elabore o seu plano de preservação do meio ambiente, tendo sempre como objetivo o desenvolvimento sustentável. Além da Carta e da Agenda, foram assinadas também as Convenção da Biodiversidade e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC)- foi o primeiro instrumento internacional multilateral a versar sobre as alterações no clima – e cujo objetivo principal era estabilizar a emissão dos gases de efeito estufa em um nível que evite uma interferência no clima global. Apesar de ter sido instituída em 1992, entrou em vigor somente no ano de 1994, com 189 países signatários (Estados-Nação). O Brasil foi o primeiro país que assinou a CQNUMC, em 1992. Esse documento deu início às negociações entre vários países sobre a necessidade de estabelecer metas para reduzir a emissão de gases poluentes, mas sem definir com precisão as obrigações de cada país, sendo posteriormente levado a efeitos pelo Protocolo de Kyoto. O objetivo final da CQNUMC é o de alcançar, em conformidade com as disposições pertinentes desta Convenção, a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça uma interferência antrópica (derivada da atividade humana) perigosa no sistema climático. Esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, que assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável. Os países signatários da CQNUMC, para efeitos do clima, foram separados em três grandes grupos: • Países do Anexo I: formado por países desenvolvidos que possuem condições financeiras e tecnológicas para atingir reduções de gases de efeito estufa, valendo também para os países industrializados em processo de transição para uma economia de mercado, como a Rússia e os países da Europa Central e Oriental; • Países do Anexo II: formado por países industrializados com a obrigação de ajudar com recursos financeiros e tecnológicos os países em desenvolvimento, e;
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Meio Ambiente
• Países Não-Anexo I: formado por países considerados em desenvolvimento, como o Brasil, e que não possuem metas de emissão junto à Convenção, mas devem relatar suas ações em relação às mudanças climáticas. Até 2009, são 153 os países constantes do Não-Anexo I. Essa divisão em blocos dos países signatários da CQNUMC permite estabelecer critérios diferenciados para cada um deles, segundo suas ações sobre as mudanças climáticas no planeta.
Protocolo de Kyoto
Em 1997, representantes de 55 países assinaram, no Japão, o Protocolo de Kyoto, um tratado que estabeleceu metas concretas para a redução dos gases responsáveis pela produção do efeito estufa, em especial o gás carbônico (CO2) e cujos objetivos iniciais deveriam ser atingidos até 2012. O tratado demorou 7 anos para entrar em vigência internacional, sendo que só em 16 de fevereiro de 2005 obteve a adesão de 176 países. O tratado, entretanto, não foi assinado pelos Estados Unidos, país que se responsabiliza pela maior parte da emissão desses gases. O Brasil aprovou o Protocolo de Kyoto no Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 144 em 20 de junho de 2002. O Governo brasileiro ratificou-o em 23 de agosto de 2002 e promulgou em 12 de maio de 2005 através do Decreto nº 5.445. O Protocolo de Kyoto é consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere,
Conferências das Partes - COPs
Os trabalhos mais relevantes da CQNUMC são realizados nas reuniões entre os países dela participantes, conhecidas como Conferências das Partes signatárias da Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas (COPs). As COPs são encontros realizados, geralmente, uma vez a cada ano e que servem como fórum de debates para as questões climáticas que afetam a sobrevivência do homem e a preservação da vida no planeta. Desde sua vigência, a CQNUMC já realizou, por meio das COPs, 14 encontros até junho do ano de 2009. • A COP-1 ocorreu em 1995 em Berlim (Alemanha). Teve como destaque a decisão de se apresentar um documento, tornando oficial o comprometimento dos países do Anexo I, de redução das emissões de gases do efeito estufa. Esse foi o início das discussões para a futura instituição do Protocolo de Kyoto. • A COP-2 aconteceu em Genebra (Suiça), em 1996, e formalizou a Declaração de Genebra. Nesse encontro, ficou decidido que seria permitido aos Países não-Anexo I (países em desenvolvimento) solicitar à COP financiamento para o desenvolvimento de programas que visassem reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Recursos esses que viriam do Fundo Global para o Meio Ambiente. • A COP-3 foi realizada em 1997, na cidade de Kyoto, no Japão. Foi considerada uma das mais importantes pelo consenso obtido para a criação do Protocolo de Kyoto. • A COP-4 ocorreu em Buenos Aires (Argentina) em 1998. Nela foram dedicados esforços na implementação e ratificação do Protocolo de Kyoto, e criado o Plano de Ação de Buenos Aires, com um programa de metas para a abordagem de alguns itens do Protocolo em
no Canadá (outubro de 1988), seguida pelo IPCC’s First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990), entre outras, e que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). Os especialistas consideram que a Convenção foi, desses eventos, o que realmente teve consequências mais práticas e efetivas, e que lançou as bases do Protocolo de Kyoto. O Protocolo é um instrumento jurídico que procura por em prática os objetivos previstos na Convenção-Quadro das Nações Unidas. Engloba dois anexos: • O Anexo A apresenta a listagem dos gases de efeito estufa: Dióxido de Carbono (CO2); Metano (CH4); Óxido Nitroso (N2O); Hidrofluorcarbonos (HFCs); Perfluorcarbonos (PFCs) e Hexafluoreto de Enxofre (SF6). • O Anexo B composto pelos países que têm compromissos de limitação ou redução de emissões, com seus respectivos percentuais. O Protocolo de Kyoto estabelece responsabilidades diferenciadas a cada um dos países-partes: cada um deverá exercer um papel condizente com sua condição e características, sendo colaboradores no acompanhamento e na verificação do alcance dos objetivos pretendidos, pois as metas só serão alcançadas através da participação e cooperação de todos. Para que este trabalho colaborativo aconteça de forma efetiva o protocolo contempla regulamentos
separado: análise de impactos da mudança do clima e alternativas de compensação, atividades implementadas conjuntamente (AIC), mecanismos financiadores e transferência de tecnologia. • A COP-5 ou Conferência de Bonn (Alemanha) foi realizada em 1999 . Nela, o Plano de Buenos Aires foi amplamente discutido, com destaque para o tema “Uso da terra, Mudança de Uso da Terra e Florestas” (em inglês, conhecido pela sigla LULUCF A COP-5 tratou também do auxilio à capacitação de Estados-Nação em desenvolvimento e da execução de atividade implementadas conjuntamente (AIC) em caráter experimental. • A COP-6 ocorreu em Haia (Holanda), no ano 2000. A Conferência foi uma amostra da dificuldade de consenso em torno das questões de mitigação dos GEE. Várias discussões levaram a suspensão das negociações, pois não havia acordo sobre sumidouros de carbono, LULUCF, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, mercado de carbono e financiamento de países em desenvolvimento. Os Estados Unidos não concordaram com as metas de redução das emissões de GEE e se retiraram do Protocolo alegando que elas afetariam significativamente sua economia. Por essa razão, estabeleceu-se uma segunda fase da COP-6, que ocorreu em Bonn, na Alemanha, em julho de 2001 - quando então foi aprovado o uso de sumidouros para cumprimento de metas de emissão, discutidos limites de emissão para países em desenvolvimento e a assistência financeira dos países desenvolvidos. • A COP-7, Conferência de Marrakesh (Marrocos), foi realizada em 2001 e a reunião teve como destaque os “Acordos de Marrakesh”, tais como: a definição dos mecanismos de flexibilização, a decisão de limitar o uso de créditos de carbono gerados de projetos florestais do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o estabelecimento de fun-
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com base em princípios econômicos e em incentivos denominados mecanismos de flexibilização. A decisão do Protocolo de Kyoto de isentar os países em desenvolvimento de reduzirem suas emissões revelou-se desastrada. Por causa dela os Estados Unidos (responsáveis por 25% das emissões mundiais) se mantiveram fora do protocolo, usando o argumento de que teriam de arcar com custos muito elevados para cumpri-lo, prejudicando com isso a competitividade americana no comércio internacional. Além disso, argumentaram que subsidiam desenvolvi-
dos de ajuda a países em desenvolvimento destinados a iniciativas de adaptação às mudanças do clima. • A COP-8, conhecida como Conferência de Nova Delhi (Índia), foi realizada em 2002, mesmo ano da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10). Essa Conferência iniciou a discussão sobre uso de fontes renováveis na matriz energética das Partes, marcou a adesão da iniciativa privada e de organizações não-governamentais ao Protocolo de Kyoto e apresentou projetos para a criação de mercados de créditos de carbono. • Na COP-9, em Milão (Itália), em 2003, foi discutida a regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, estabelecendo regras para a condução de projetos de reflorestamento que se tornam condição para a obtenção de créditos de carbono. • A COP-10, realizada em 2004, novamente em Buenos Aires (Argentina), aprovou regras para a implementação do Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor no início de 2005 após sua ratificação pela Rússia. Também ficaram definidos os Projetos Florestais de Pequena Escala (PFPE) e a divulgação de Inventários de Emissão de Gases do Efeito Estufa por alguns países em desenvolvimento. Pelo Protocolo de Montreal sobre substâncias que empobrecem a camada de ozônio, que entrou em vigor em 1989, o Brasil, como país signatário da CQNUMC, tem como uma de suas principais obrigações a elaboração e atualização periódica do Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados. O ultimo Inventário brasileiro pode ser acessado no site www.mct.gov.br • A COP-11 foi em Montreal (Canadá), realizada em 2005 juntamente com a Primeira Conferência das Partes do Protocolo de Kyoto
mentos tecnológicos que resolverão o problema, o que claramente não ocorreu até agora: somente entre 1990 e o ano 2000, suas emissões aumentaram 20%. As da China aumentaram 39% no mesmo período e respondem também por 25% das emissões mundiais (tanto quanto os Estados Unidos). A China justifica-se usando o argumento de que o país é subdesenvolvido e precisa crescer – justificativa essa considerada irônica para um país que constrói bombas atômicas e lança satélites no espaço. Se todos os países usarem a mesma justificativa, os objetivos da Convenção do Clima nunca serão alcançados. Os argumentos do governo dos Estados Unidos também são considerados equivocados e refletem a influência que os produtores de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) têm nesse país e que já foi usada para se oporem, no passado, à Lei do Ar Limpo, adotada na década de 1970. Rio + 10, em Johannesburgo - uma nova Conferência Mundial do Meio Ambiente, a Rio + 10, ocorreu em Johannesburgo, na África do Sul, em 2002. Ela serviu para constatar os pequenos avanços no combate aos problemas ambientais e para evidenciar que ainda havia muito por se fazer, num contexto cada vez mais crítico.
(MOP), cuja sigla passou a ser COP/MOP1. A partir de então, todas as seguintes Conferências foram realizadas conjuntamente. • Na COP-12/MOP-2, em 2006 em Nairobi (Quênia, na África Ocidental), o principal compromisso foi a revisão de prós e contras do Protocolo de Kyoto. Ficou acordado que os 189 Estados-Nação realizariam internamente processos de revisão. • A COP-13/MOP-3 em Bali (Indonésia), chegou ao consenso da necessidade de um novo Acordo para substituir o Protocolo de Kyoto. Estabeleceu-se compromissos mensuráveis, transparentes e reais para a redução de emissões antrópicas, especificamente os desmatamentos das florestas tropicais. O principal ponto que integra o processo oficial de negociação para o novo acordo, e que seria concluído em 2009, é tão importante que ficou conhecido como “Mapa do Caminho”. Suas bases foram estabelecidas pelo texto final da COP-13. Também foi aprovada a implementação de um Fundo de Adaptação, para que países mais vulneráveis à mudança do clima possam enfrentar os impactos causados pelo aquecimento global. Para os países em desenvolvimento, foram estabelecidas Diretrizes para financiamento e fornecimento de tecnologias limpas. O principal revés do encontro foi o adiamento para 2050 de metas compulsórias claras para redução de emissões, deixando de lado a proposta de metas entre 25% e 40% para 2020. • A COP-14/MOP5, chamada Conferência de Poznan (Polônia), teve sua realização em 2008, na Polônia. • A COP-15 foi sediada em Copenhague (Dinamarca) de 7 a 18 de dezembro de 2009. Neste fascículo, detalharemos algumas das principais COPs, como as de Kyoto (Japão), Bali (Indonésia), Prosnan (Polônia) e Copenhague (Dinamarca).
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Meio Ambiente
Discussões sobre a emenda do Prodotolo de Kyoto – 2007 - como o Protocolo de Kyoto expira em 2012, a ONU e alguns governos comprometeram-se com o delineamento de um novo acordo ou de uma emenda no Protocolo, que estabeleceria novas metas a serem cumpridas após 2012. As discussões começaram em 16 de Fevereiro de 2007 em Washington, quando os chefes de estado do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, Brasil, China, Índia, México e África do Sul concordaram em princípio sobre o esboço de um sucessor para o Protocolo de Kyoto. Eles discutiram, em especial, a criação de um limite máximo para o comércio dos créditos de carbono, bem como a aplicação de metas de redução das emissões de CO2 aos países em desenvolvimento, e se propuseram a delinear tal esboço até o término de 2009. Em 7 de Junho de 2007, os líderes na 33ª reunião do G8, afirmaram que as nações do G8 visam reduzir, pelo menos, para metade as emissões globais de CO2 até 2050. Os detalhes que possibilitariam cumprir tal meta de redução seriam negociados pelos ministros do meio ambiente dos países do G8 dentro da Convenção das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (CQNUMC), em um processo que poderia também incluir as grandes economias emergentes. Viena, 2007, rodada de conversações - em 31 de agosto de 2007, em Viena (Áustria), foi realizada pela CQNUMC uma rodada de conversações sobre as alterações climáticas. O resultado foi um acordo sobre os principais elementos para uma eficaz resposta internacional às alterações climáticas denominado Mapa do Caminho, uma espécie de roteiro de negociações que nortearam a convenção. Esse acordo não propunha um novo protocolo para substituir o de Kyoto, já que o mesmo exigiria uma nova rodada de ratificações que poderia perdurar por anos - como foi o caso do Protocolo de Kyoto (que só entrou em vigor após ser ratificado por uma quantidade de países que perfaziam 55% das emissões mundiais de CO2, ou seja, 7 anos após sua abertura), mas sim um segundo período de vigência do protocolo, com novas metas a serem definidas. Uma característica chave das conversações foi um relatório das Nações Unidas que mostrou como a eficiência energética poderia trazer significativas reduções nas emissões de baixo custo.
Conferência de Bali, Indonésia
A 13ª Reunião das Partes sobre o Clima (COP-13) aconteceu de 3 a 14 de dezembro de 2007 em Nusa Dua, Bali, Indonésia e lançou o Mapa do Caminho de Bali para as negociações de clima nos próximos dois anos. Entretanto as decisões pecaram por falta de ambição. O IV Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), que naquele mesmo ano rendeu o Prêmio Nobel para os cientistas que participaram do trabalho, já afirmava claramente a necessidade de manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC. Para isso, era preciso que começassem imediatamente a cair. Durante um final emocionante nas últimas horas do 15º dia das negociações, a delegação dos Estados Unidos, sob pressão de outras nações e do público que assistia às negociações, decidiu se juntar à maioria absoluta dos países e acordar com o processo
internacional. Entretanto, a participação americana custou muito caro ao planeta: um acordo fraco em conteúdo. Um pequeno grupo de países, liderado pelos Estados Unidos e apoiado pelo Japão e Canadá, tentaram bloquear as negociações nos últimos dias de discussões. Uma das propostas feita pelos Estados Unidos foi que os países industrializados não tivessem metas obrigatórias de reduções de suas emissões, o que resultaria em um retrocesso para a luta contra o aquecimento global. Outras delegações pediram diversas vezes para os Estados Unidos desbloquearem as negociações. Quando ficaram claramente isolados, acabaram se curvando à vontade coletiva do plenário. Durante as reuniões, o Brasil assumiu a liderança em vários assuntos e se destacou entre as economias emergentes, junto com a China e a África do Sul. O país mostrou-se mais flexível e construtivo do que nas negociações anteriores. Também apresentou ao mundo a tecnologia brasileira para monitorar o desmatamento e ter compromissos mensuráveis para os países florestais. Com os resultados do monitoramento feito na Amazônia, a transferência de tecnologia entre os países do hemisfério sul torna-se ainda mais viável. A transferência de tecnologia de países industrializados para as economias emergentes foi um dos pontos fortes do acordo de Bali e, junto com o mercado de carbono global, podem trazer benefícios reais para os países em desenvolvimento, como a China, a Indonésia e o Brasil. O desmatamento e as queimadas são responsáveis por 75% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa e, por causa da falta
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de cuidado com nossas florestas, o Brasil é o quarto colocado no ranking dos maiores contribuintes para o aquecimento do planeta. A Indonésia, terceira colocada, também tem o desmatamento como principal fonte de emissão. Por isso, um dos assuntos mais discutidos em Bali foi a Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação das florestas (REDD). Os governos dos 190 países reunidos em Bali reconheceram formalmente que 20% das emissões dos gases de efeito estufa vêm do desmatamento e está prevista uma discussão sobre REDD para o próximo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, pós 2012. Durante as negociações em Bali, o Brasil apresentou um plano detalhado de um fundo voluntário para financiar o combate ao desmatamento no país.
Conferência de Poznan, Polônia, em 2008
A COP-14 (14ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas) foi realizada em dezembro de 2008 em Poznan, Polônia, deixando clara apenas uma coisa: que o caminho até chegar ao resultado final do acordo que substituiria o Protocolo de Kyoto, dali a um ano, em Copenhague, seria bastante tumultuado. A oposição entre países desenvolvidos e os em desenvolvimento ficou ainda mais acirrada nesta reunião. O único avanço foi chegar a um consenso no que diz respeito ao funcionamento do fundo de adaptação às mudanças climáticas, cujos recursos serão usados para apoiar projetos de países vulneráveis que
sofrem as conseqüências do aquecimento global. Os países terão acesso direto ao fundo, sem depender de agências internacionais como o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Essa é a boa notícia. A má é que os recursos ainda são ridículos: US$ 80 milhões ao ano atualmente e no máximo US$ 300 milhões em 2012, para financiar projetos em todo o Terceiro Mundo. Havia a tentativa de ampliar as fontes de dinheiro, mas os países desenvolvidos barraram a proposta. Hoje, na prática, são os países em desenvolvimento que financiam o fundo, pois ele é alimentado com 2% dos créditos gerados pelos projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo). Também houve poucos avanços na inclusão da redução do desmatamento no regime pós-Kyoto, nenhum avanço em metas de redução de emissões, apesar do pacote europeu e nada de concreto sobre dois outros pontos cruciais da negociação, transferência de tecnologia e financiamento às nações pobres. Nesta conferência, quem teve o papel mais ativo foram países em desenvolvimento. Canadá, Estados Unidos, Japão e Rússia tiveram uma atitude muito negativa, pouco construtiva. Muitas ONGs também manifestaram desapontamento e reclamaram da falta de liderança da União Europeia, que sempre esteve na vanguarda na questão. Por sua vez, a China prestou contas e informou as ações realizadas internamente, como o corte de 335 milhões de toneladas de emissões de CO2 com o aumento da eficiência energética nos anos de 2006 e 2007. O Brasil trouxe seu plano de mudança climática, com meta de reduzir 70% do desmatamento até 2018. O México anunciou corte de 50% nas emissões até 2050. Índia e África do Sul (país que sediará a conferência posterior a Copenhague, em 2011) também mostraram seu comprometimento para evitar o aquecimento global acelerado. Esses países esperavam alguma contrapartida do grupo dos industrializados - que, aliás, sempre cobraram ação efetiva e metas no clima das economias emergentes-, mas não houve nenhum sinal nesse sentido. Não houve avanço na área de transferência de tecnologia dos países ricos para os outros possam diminuir suas emissões, e também não houve anúncio de recursos para fundos que beneficiem os países menos desenvolvidos. O Brasil foi considerado um exemplo a ser seguido. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, chegou a dizer que o Brasil tinha “uma das economias mais verdes do mundo”. O governo brasileiro fez reuniões com Alemanha, França e Reino Unido, por exemplo. Esses países sinalizaram com a possibilidade de repassar recursos ao Brasil. Naquela época, o Fundo Amazônia, criado para o combate ao desmatamento, só havia recebido dinheiro da Noruega - US$ 100 milhões, com promessa de chegar a US$ 1 bilhão – sendo que o país já precisava de algo entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões por ano para atuar contra o desmatamento.
Conferência de 2009 em Copenhague
A COP-15, sediada em Copenhague (Dinamarca) de 7 a 18 de dezembro de 2009, não alcançou o acordo esperado e mostrou que as negociações políticas e diplomáticas não acompanham a velocidade na qual avança o aquecimento global.
Vo l .
Meio Ambiente
A Conferência terminou de forma dramática, após uma interminável sessão plenária durante a madrugada de 18 para 19 de dezembro, com falas veementes dos negociadores dos 193 países membros desta Convenção das Nações Unidas. O mundo se perguntava: de quem seria a culpa por esse histórico fracasso? Como os países foram capazes de negociar por dois anos – desde a Conferência de Bali, em 2007, e não chegar a um acordo à altura do problema climático, como era esperado por todo o mundo? Especialistas e estudiosos que vêm acompanhando todo o processo, acreditam que os Estados Unidos respondem pela maior fatia deste banquete de falsas promessas. Muita esperança foi depositada no presidente Barack Obama, que em sua campanha eleitoral mostrava-se totalmente comprometido com o problema do aquecimento global. Porém, em Copenhague, o que o mundo assistiu foi um Obama preocupado com sua popularidade junto a uma fatia do eleitorado norte-americano que parece pouco acreditar nas causas e consequências do aquecimento global. Inúmeros representantes dos países presentes pronunciaram-se a respeito: o membro do Parlamento alemão e porta-voz do Partido Verde, Hermann Ott, lamentou a perda de legitimidade que o processo de negociação de mudanças climáticas sofreu na Conferência de Copenhague. Segundo ele, as decisões são tomadas por pequenos grupos de países e a sociedade civil foi totalmente colocada de lado do processo - referindo-se à restrição feita às ONGs em participar da conferência. As duas semanas da conferência foram marcadas por protestos e prisões de ativistas. “Acordo de Copenhague” - No último dia de negociações, o presidente Obama costurou o que foi chamado de “Acordo de Copenhague”. Ao invés de um documento com poder legal contendo metas de redução dos gases do efeito estufa para o período entre 2012 e 2020, o “Acordo de Copenhague” é uma espécie de “carta de intenções” sem nenhuma obrigação e, sobretudo, sem o esperado envolvimento dos Estados Unidos no processo. Na submissão do “Acordo de Copenhague” à Plenária, vários países criticaram e se negaram a aceitar o documento. Muitos, a exemplo dos negociadores boliviano, cubano e colombiano, acusaram que o documento foi formulado de forma ditatorial
e sem transparência. O negociador do Sudão afirmou: “Todo o princípio de transparência foi violado e é imoral pensar que esse documento foi elaborado no corpo de uma conferência da ONU. Ninguém, nem Obama, pode forçar a África a destruir a si própria”. Alguns países que se opuseram ao “Acordo de Copenhague” defenderam o estabelecimento de uma meta que permita manter a temperatura abaixo dos 1,5 graus celsius, um limite mais seguro para garantir sua sobrevivência. O bispo sulafricano Desmond Tutu, Nobel da Paz, por exemplo, afirmou na Conferência que a meta de 2 graus Celsius (proposta pelo “Acordo”) é fatal para a África e não será suficiente para evitar drásticas consequências ao continente, como o aumento da desertificação, que causará fome, pobreza e tornará milhares de africanos em refugiados ambientais. O “Acordo de Copenhague” foi, dessa forma, recusado como um documento final da conferência, sendo apenas incluído como uma nota a ser considerada. Fundo climático: acordo parcial – apesar da inércia das negociações, alguns passos foram dados em Copenhague. Um acordo parcial foi fechado entre os Estados Unidos, a China, Índia, o Brasil e a África do Sul, embora não reconhecido pelos outros países. Foi acordado que serão investidos entre 2010 e 2012 o total de US$ 30 bilhões, alocados sobretudo nos países mais vulneráveis, como os Estados-Ilha e os países mais pobres da África, para mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. No longo prazo foi anunciado o objetivo de captar, tanto no mercado, quanto em financiamento público, o total de US$ 100 bilhões anuais até 2020 para serem investidos em países em desenvolvimento. O ministro brasileiro do Meio Ambiente, Carlos Minc, fez críticas ao valor acordado de US$ 30 bilhões, para ele insuficiente. Segundo Minc, o valor é menos do que o Brasil sozinho vai gastar para cumprir as nossas metas: US$ 16 bilhões. A Conferência de Copenhague terminou sem que se atingisse um acordo definitivo, que será discutido na próxima conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a COP 16, a ser realizada no México em dezembro de 2010.
Fontes: Ministério da Ciência e Tecnologia, IPEA, Rossana Oliveira Graffigna (“Breve histórico das discussões internacionais importantes sobre as mudanças climáticas”), Solange Maria Claudino de Lima (“O protocolo de Quioto como instrumento de fomento à preservação ambiental e desenvolvimento econômico: desafios e possibilidades”); Portal do Meio Ambiente, Opinião e Notícia, Agência Brasil.
Na próxima edição: Desenvolvimento Sustentável
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desenvolvimento
Projeto RenovAção capacita cortadores de cana para outras profissões
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s trabalhadores rurais que atuam no corte manual da cana-de-açúcar na região de São José do Rio Preto estão aprendendo novas profissões. Em julho último, por exemplo, um grupo formado por cem cortadores de cana, inscritos no Projeto RenovAção, o maior programa de requalificação profissional já implantado pelo setor sucroenergético mundial, participou de O objetivo é capacitar cursos para as funções de mecâniaté 7 mil trabalhadores co de trator, motorista canavieiro por ano para atividae eletricista de colhedora. des dentro das usinas Os treinamentos, entre aulas teóricas e práticas, tiveram ou em outros setores a duração de um mês, e foram onde haja demanda ministrados na usina Cerradinho, associada da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em Catanduva, por professores do Senai (Serviço Nacional da Indústria). O objetivo do Projeto RenovAção é capacitar até sete mil trabalhadores por ano para ati-
vidades dentro das usinas ou em outros setores da economia onde haja demanda. A iniciativa foi desenvolvida pela Unica em parceria com a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e patrocínio das empresas Syngenta, Case IH e John Deere. “O Projeto foi criado para preparar os cortadores para o fim do corte manual da cana, cujo processo mecanizado já está em curso em mais da metade das propriedades canavieiras do Estado de São Paulo,” observa Maria Luíza Barbosa, assessora de responsabilidade social corporativa da Unica. Até 2017, conforme prevê o Protocolo Agroambiental firmado em 2007 entre os produtores e o governo paulista, as máquinas substituirão a colheita manual, com exceção das áreas onde a inclinação do terreno não permite o emprego de máquinas colhedoras. Além de São José do Rio Preto, foram realizados cursos nas regiões de Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Bauru, Lençóis Paulista, Piracicaba, Assis e Araçatuba. Em apenas quatro meses, 520 cortadores de cana já foram requalificados para outras funções dentro ou fora da indústria canavieira. Esse resultado foi elogiado por dois representantes do BID, que estiveram em Ribeirão Preto na primeira quinzena de junho para visitas técnicas, Javier Pavón del Rio, consultor em Energia, e Paulo de Lanna Barroso Jr., especialista em Transportes. “Apoiamos uma série de iniciativas na área de bicombustíveis sustentáveis em mais de 15 países, mas esta é a nossa primeira participação em termos de requalificação de trabalhadores da indústria da cana,” observou Barroso Jr. ME
mercado empresarial
desenvolvimento
Dutovia, nova alternativa de escoamento e de distribuição de etanol Em operação a
S
egundo o portal Direto da Usina, o Governo do Estado de São Paulo assinou protocolo de intenções com a empresa Uniduto Logística comprometendo-se a cooperar com o projeto de construção de uma dutovia para escoamento de etanol. O Projeto Uniduto prevê a criação de uma dutovia com 612,4 km de extensão, que pretende passar por 46 municípios do Estado de São Paulo. Deverão ser implantados quatro terminais coletores nas regiões de Serrana, Botucatu, Anhembi e Santa Bárbara d’Oeste dois terminais de distribuição para o mercado interno em Paulínia e na Região Metropolitana de São Paulo (Caieiras), além de um terminal de exportação em Guarujá, onde também operará um porto próprio afastado da costa (offshore). Pelo acordo, o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento, propõe-se
dutovia terá
a coordenar a articulação entre órgãos públicos capacidade para estaduais e municipais, tendo em vista a realitransportar até 16 zação de estudos para orientar a construção da dutovia. bilhões de litros de Com um projeto baseado na integração etanol por ano multimodal, a Uniduto pretende investir R$ 2,9 bilhões na execução do projeto, deve iniciar suas atividades no último trimestre de 2013. Em operação a dutovia terá capacidade para transportar até 16 bilhões de litros de etanol por ano, oferecendo uma nova alternativa de escoamento e de distribuição de etanol, economicamente mais viável e segura, com vantagens técnicas, ambientais e sociais. De acordo com a empresa, do total a ser investido, 70% serão captados no mercado financeiro, como dívida, e 30% virão de ações, com recursos aportados tanto pelos acionistas como por um investidor estratégico ME
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credibilidade
GRUPO AMBITRAT Soluções com qualidade e respeito ao meio ambiente
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Grupo Ambitrat, fundado em 1999 e hoje formado por três empresas, é muito mais do que uma companhia especializada no tratamento de efluentes e – diga-se de passagem, em plena expansão. O Grupo Ambitrat também conhecido e respeitado no mercado pelo trabalho de conscientização que realiza em relação à preservação do meio ambiente. Voltado para o desenvolvimento sustentável, Ambitrat tem uma atuação séria nesse sentido. Na realidade, tudo tem a ver com a visão da empresa, que é a de priorizar a qualidade em tudo o que faz, especialmente no que diz respeito ao atendimento a seus clientes. “Dar ao Cliente o melhor atendimento possível, procurando oferecer as melhores soluções para suas necessidades, é um de nossos diferenciais e, acredito que, por isso, em cada dez propostas que apresentamos, fechamos sete!”, ressalta o engenheiro químico e ambientalista Valdeci Silvério da Cruz, Diretor da empresa, que completa: “aqui na Ambitrat o cliente e suas necessidades são muito importantes!”. A diversidade de produtos e soluções oferecidas aos clientes um portfólio de mais de 500 itens, todos de fabricação própria – e as importantes certificações de qualidade conquistadas, aval que aumenta ainda mais a sua credibilidade no mercado, são motivos de orgulho para o Grupo. “Com a Ambitrat, o cliente não precisa procurar várias empresas para fazer um projeto de ETE (estação de tratamento de efluentes), para certificar o tratamento e até para operar os equipamentos, porque nós o atendemos em todas essas etapas”, enfatiza o diretor. Essa preocupação em oferecer um pacote completo de soluções de qualidade comprovada explica o êxito que a empresa vem tendo e o seu acelerado crescimento. Somente nos últimos seis meses, o grupo registrou um aumento de 40% em seu faturamento. Isso equivale a um novo projeto de ETE a cada 25 dias! E não deve parar por aí, pois a empresa está ampliando sua unidade em Santo André e deverá inaugurar no primeiro semestre de 2011 uma nova fábrica em Tatuí, no interior de São Paulo, por questões de logística e devido ao aumento da demanda por equipamentos e serviços. “Em Santo André vão ficar o laboratório e a área administrativa, e em Tatuí, em uma construção de 1000 m2, as linhas de produção de equipamentos como filtros-prensa e flotadores. Com essa expansão, dobraremos nossa equipe e nossa capacidade fabril!”, comemora Cruz.
O Grupo
O grupo Ambitrat é formado por três Divisões: a de Fabricação e Controle, que tem 11 anos, e produz equipamentos como o filtro prensa, reatores, tanques, equipamentos de ozônio, entre outros; a de Projetos e Análises de Efluentes, cujo trabalho é o realizado por Laboratório próprio creditado pelo Inmetro NBR/IEC 17025, ISO 9001 e em processo ISO 14000, que permite emitir relatórios de ensaios dos artigos 18 e 19 reconhecidos em todo o território nacional. E, por fim, a divisão de Desenvolvimento e Fabricação de Instrumentação Analítica – que atua na área de colorimetria, cujos equipamentos trabalham com reagentes que permitem identificar componentes contidos na água (ex.: cloro). Essa divisão também vende suprimentos para laboratórios – oferecendo produtos e soluções diferenciados, mas com um único foco, que é apresentar soluções para o controle e tratamento de efluentes industriais e água para reúso. Com uma estrutura muito bem planejada, que possibilita atender clientes de grande e pequeno porte, a Ambitrat tem projetos realizados em quase todas as regiões brasileiras, e atualmente, conta com cerca de 500 clientes ativos. Oitenta por cento do trabalho da Ambitrat é realizado para clientes na área industrial. Porém, em vários casos, a empresa se vê obrigada a tratar também uma parte de efluentes domésticos, uma vez que em muitas regiões as tubulações de efluentes da região estão saturadas - e o Estado ou Município não consegue tratar todo o esgoto. “Esse é outro diferencial da Ambitrat: tratar em conjunto o esgoto industrial e o doméstico, o que se traduz em economia e eficiência para o cliente”, diz o Diretor.
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“Hoje, o Grupo Ambitrat pode executar desde o projeto de tratamento de efluentes de todos os tipos até o tratamento de água para reúso em descarga de sanitários, irrigação de jardins e até lavagem de pátios. Em algumas regiões, esse reaproveitamento da água é exigência das leis ambientais devido ao fato do lençol freático ser baixo”, complementa Valdeci.
Sem contaminação
“Nós, da Ambitrat, transformamos o conhecido tratamento biológico em tratamento químico. E com a tecnologia desenvolvida pela empresa conseguimos reduzir em até três vezes o espaço necessário para a implantação de um projeto de ETE, tudo com eficiência e rapidez no processo e, principalmente, eliminando a possibilidade de contaminação dos antigos tratamentos biológicos, que podiam contaminar o ambiente e os funcionários que operavam esses sistemas - pois é preciso entender que para tratar a poluição através do tratamento biológico, é preciso criar bactérias que ataquem a poluição”, explica o diretor. Com o tratamento químico dá-se um choque imediato no esgoto com a introdução de Ozônio, eliminando de maneira eficaz aquele cheiro de esgoto que é causado pela morte das bactérias. O processo da Ambitrat elimina esse odor por completo, tendo casos em que o tratamento é feito próximo a locais onde se encontram pessoas trabalhando, sem causar nenhum incômodo ou possibilidade de contaminação, que é o caso de prédios e restaurantes, entre outros. Segundo o diretor, todos os projetos são precedidos de estudos de tratabilidade do efluente. O objetivo é desenvolver estações com as características construtivas e de tratamento apropriadas a cada caso. A empresa pode se responsabilizar pela operação da Estação, cobrando como pagamento o metro cúbico de água tratada. Os contratos são feitos por períodos de dois a cinco anos, e a maioria é renovada. Entre os clientes estão empresas do setor aéreo, automobilístico, alimentício e indústrias de tratamento de superfícies metálicas por galvanoplastia.
credibilidade
Entre os equipamentos fabricados pela Ambitrat, os geradores de ozônio estão entre os mais procurados atualmente por serem, no mercado, os únicos considerados realmente ecológicos - ou seja, não usam cloro, substância que, se mal utilizada, pode contaminar). Disponíveis com capacidades de produção entre 7 e 50g/h, são muito utilizados não só em indústrias como em academias e condomínios residenciais. Funcionam a partir do ar existente no local: esse ar é levado a uma câmera de plasma, onde recebe descargas elétricas que quebram as moléculas de O2 e as transformam no gás O3 (ozônio), matando as bactérias por oxidação de maneira rápida, e voltando em seguida ao estado de oxigênio, resultando em uma água mais pura. Nos últimos três meses, a Ambitrat já instalou mais de 20 geradores do tipo.
Preservando o meio ambiente
Os projetos da Ambitrat atendem sempre as normas ambientais da região, apresentando soluções que podem incluir a fabricação de equipamentos, a instalação deles no local e o fornecimento dos produtos químicos necessários para tratar os efluentes. A empresa dá, inclusive, suporte a empresas no que se refere às leis ambientais. Valdeci ressalta que a implantação e o cumprimento das leis ambientais melhoraram nos últimos dez anos. No estado de São Paulo, particularmente, houve uma grande melhora a partir de 2008, quando a responsabilidade pela emissão de certas licenças passou da Cetesb (cujo trabalho continua sendo muito importante) para órgãos municipais da área de água e esgoto, que, por trabalharem com o segmento, entendem melhor os problemas ambientais de região em que se encontram. Mas, na opinião dele, é preciso ainda aumentar a fiscalização, assim como é imprescindível a conscientização em relação ao problema. “Já existem empresas nacionais e multinacionais com essa responsabilidade ambiental e que só compram produtos e serviços de empresas certificadas ISO 14000 (que trata do meio ambiente). Esse é um processo de conscientização que começa na empresa e que o funcionário leva para dentro de sua casa, para sua família.” Valdeci domina o assunto e fala dele com entusiasmo. “Hoje em dia, me vejo mais como um ambientalista do que como engenheiro químico. Na realidade, essa é minha atual visão do mundo. Estou sempre buscando uma solução para melhorar determinado ecossistema, é disso que eu gosto e a razão pela qual trabalho”, declara o diretor. É com essa visão que a Ambitrat realiza cursos e palestras em empresas e em escolas, e está sempre atenta às mudanças das leis ambientais, repassando esse conhecimento aos clientes e à comunidade. É também com esse objetivo que participa de feiras e eventos ligados ao seu setor. Além de Valdeci Silvério da Cruz, outros projetos de responsabilidade engenheiro químico e sócio-ambiental, a empresa ajuda um ambientalista, Diretor da Ambitrat pesqueiro na região do ABC frequentado por aposentados, fazendo periódicas análises na água ME
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Floresta Amazônica: desmatamento diminui, mas continua preocupante
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Satélites confirmam redução de 47% em dez meses. Mesmo assim, a área de corte foi maior que a cidade de São Paulo.
m julho recente, o abate de árvores na Amazônia teve uma redução de 47%, maior do que a registrada no ano passado, de 42%, considerada um recorde nacional. A indicação de nova queda aparece nos dados acumulados entre agosto de 2009 e maio de 2010 pelo Deter, o sistema de detecção do desmatamento em tempo real e que é usado para orientar a ação de fiscais no combate à devastação da Amazônia. O Deter, cujos dados são divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), captou desde agosto passado o corte de 1.567 km² da Floresta Amazônica, área maior do que a cidade de São Paulo. Só que o sistema, apesar de mais rápido, é menos preciso, pois não capta desmatamentos em áreas com menos de 50 hectares (meio quilômetro quadrado) – o que explica os resultados diferentes do Prodes, que mede a taxa oficial, divulgada ao final de cada ano. Em 2009, o Prodes indicou que a área abatida foi a menor desde o início da série histórica do Inpe, em 1988, com redução recorde de 42% no ritmo do desmatamento. Já entre agosto de 2008 e julho de 2009 foram devastados 7.464 km² de Floresta, ou cerca de cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Em 2007, pior ainda: a Amazônia havia perdido quase 13 mil km² de Floresta. Essa queda recorde em 2009, registrada depois de uma crise no governo, foi resultado, sobretudo, do aumento de fiscalização e de medidas como o corte de crédito aos desmatadores e o embargo da produção em áreas de abate ilegal de árvores. A nova taxa oficial de desmate ainda depende do resultado das medições dos satélites em junho e julho, que tradicionalmente apresentam ritmo acelerado de corte de árvores. O período mais complicado na preservação da Floresta começa com o fim das chuvas na região e segue até outubro ME
vitar o desmatamento continua sendo a melhor estratégia para minimizar a emissão de gases de efeito estufa (GEE) em regiões como o Estado de Mato Grosso, onde a fronteira agrícola avança sobre o Cerrado. Mas o manejo agrícola e o uso adequado do solo também podem contribuir consideravelmente para um futuro com menos emissões. As conclusões, segundo a Fapesp, são de um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e norte-americanos que, utilizando um modelo biogeoquímico, fizeram uma estimativa dos impactos das emissões de GEE até 2050 em diferentes cenários de desmatamento e de usos do solo na fronteira agrícola de Mato Grosso. Eduardo Pellegrino Cerri, da Esalq-USP, explica que o desmatamento da vegetação nativa causa uma grande emissão de GEE. Mas, após o desflorestamento, também há emissões, que podem ser maiores ou menores dependendo do uso que for dado ao solo. “Essas áreas originalmente cobertas por vegetação nativa podem ser convertidas em pastagens, ou diretamente em áreas agrícolas. Ou podem servir primeiro à pecuária e depois à agricultura. A ideia do trabalho era estimar as emissões de GEE considerando cenários com diferentes tipos de conversão do uso do solo”, disse ele. Três GEE foram considerados no trabalho: dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso. Todas as unidades foram expressas em unidades de CO2 equivalente. Com uma abordagem integrada, os cientistas estimaram a dinâmica dos GEE de ecossistemas naturais e de ecossistemas agrícolas após o desmatamento em cenários futuros já utilizados na literatura.
Emissões agrícolas
As estimativas foram feitas com um modelo biogeoquímico conhecido como Modelo de Ecossistemas Terrestres (TEM, na sigla em inglês). “Estimamos que as emissões em Mato Grosso possam
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Manejo agrícola adequado reduz emissões de gases de efeito estufa variar de 2,8 a 15,9 petagramas de CO2-equivalente até 2050. O desmatamento é a maior fonte de GEE nesse período, mas os usos posteriores da terra correspondem a uma parcela substancial - de 24% a 49% - das emissões futuras estimadas no estado. Assim, tanto o desmatamento como o futuro manejo do uso da terra terão papéis importantes para a cadeia de emissão de GEE. Os dois aspectos devem ser considerados na hora de traçar estratégias e políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas”, disse. Segundo Pellegrino Cerri, para validar os dados que seriam obtidos com o modelo TEM, os pesquisadores partiram de cenários atuais em direção ao passado: foram feitas simulações em retrospectiva de cenários já conhecidos de emissões de GEE. Esse procedimento foi aliado a um extenso trabalho de campo. “Com isso, pudemos comparar os resultados estimados pelo modelo com as nossas observações de campo. A validação dos dados foi feita com uma avaliação baseada em 12 testes estatísticos. Constatando o bom funcionamento do modelo, pudemos utilizá-lo para estimar as emissões de GEE no futuro”, explicou. Após a conversão do uso do solo, se a área for utilizada para agricultura, as emissões de GEE podem variar muito de acordo com a forma como as práticas agrícolas forem conduzidas. Uma das diferenças mais marcantes pode ser notada entre as produções que utilizam o preparo convencional do solo e as que usam a técnica de plantio direto.
Técnica de plantio direto
“A técnica de plantio direto muda completamente a concepção da prática agrícola com base em um tripé: a não-mobilização do solo em área total, a manutenção da palha na superfície do solo e a rotação de culturas. Com essas mudanças, as emissões de GEE são substancialmente menores”, disse. Um dos problemas do preparo convencional do solo, segundo Pellegrino Cerri, é o uso excessivo de
Conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e norteamericanos.
aração e gradagem: procedimentos que revolvem o solo com máquinas, invertendo suas camadas superficiais. Essas técnicas, importadas há muito tempo de países de clima temperado, não precisam ser utilizadas em excesso em regiões tropicais. “Quando o solo é intensamente revolvido, ele é oxigenado e a matéria orgânica fresca fica exposta. Isso acelera a decomposição desse material pelos microrganismos do solo e provoca muitas emissões de GEE. No plantio direto, isso não ocorre. Em vez de usar o arado e a grade em toda a área plantada, o procedimento consiste em fazer um pequeno sulco apenas no local onde a semente é depositada. Como o solo não é revolvido as emissões se reduzem”, disse.
Rotação de culturas
O segundo aspecto da técnica agrícola convencional é a remoção da palha e outros restos vegetais que não são aproveitados na colheita. Esses restos, no entanto, têm grandes porcentagens de carbono em sua composição que, em vez de poluir a atmosfera, podem enriquecer o solo e beneficiar a produção. “Quando deixamos a palha no campo, ela vai sendo lentamente utilizada pelos microrganismos, transmitindo carbono, nitrogênio, fósforo e outros nutrientes para o solo. É preciso lembrar que todo o carbono presente nessa palha - equivalente a cerca de 50% de sua composição - foi um dia dióxido de carbono que estava na atmosfera e foi sequestrado pela planta durante a fotossíntese”, disse o professor da Esalq. A rotação de culturas é o terceiro aspecto que, ausente no preparo convencional do solo, poderia contribuir para reduzir emissões de GEE. Além da questão fitossanitária envolvida - as monoculturas são mais suscetíveis a doenças e, portanto, geram maior necessidade de uso de agrotóxicos - a rotação de culturas proporciona o acúmulo de diferentes tipos de palha sobre o solo. “Quando as culturas são alternadas periodicamente, os restos orgânicos que ficam no solo também variam. Cada microrganismo diferente tem preferência por determinado tipo de material orgânico. Se os restos orgânicos forem sempre provenientes das mesmas plantas, eles vão atender um grupo específico de microrganismos. Se houver uma rotação de culturas, a superposição de palhas de vários tipos também aumentará a biodiversidade local”, explicou ME
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Imagem: Faperj
Brasileiros desenvolvem método inédito para reciclagem de plástico
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e acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, ao buscar uma forma de minimizar os efeitos ambientais negativos do excesso de plástico descartado, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) desenvolveram uma nova técnica de reciclagem desse material. Testes realizados no Laboratório de Modelagem, Simulação e Controle de Processos da instituição mostraram que é possível criar resinas plásticas produzidas a partir do reaproveitamento de até 40% de material plástico já utilizado. O método escolhido pela equipe foi a reciclagem com produção in situ, que possibilita incorporar materiais plásticos usados a plásticos virgens no próprio ambiente da reação química. Por meio da polimerização em suspensão, foram realizadas misturas moleculares de poliestireno reciclado e de poliestireno virgem, usando copos descartáveis. “A técnica é simples. Basicamente dissolvemos o plástico usado numa solução com reagentes e depois adicionamos o material direto no reator para fazer mais plástico”, diz o professor José Carlos Pinto, responsável pelo projeto. Ao contrário de outras técnicas de reciclagem, como a mecânica, esse método mantém a qualidade do produto final, pois a adição de plásticos reciclados não interfere no andamento da reação química de polimerização. “O plástico usado foi reincorporado como matéria-prima do processo sem grandes transformações químicas. As propriedades finais do produto são similares às propriedades dos polímeros não-reciclados”, assinala.
Reciclagem de isopor
Além de copos descartáveis, a técnica pode ser empregada com outras famílias de materiais à base de poliestireno, de poliacrilatos, de polimetacrilatos e de poliacetatos, como aqueles utilizados para fabricar capas de CD, isopor, interiores de geladeira e carcaças de televisão, entre outros produtos. “O próximo passo é testar a técnica com cargas de isopor recicladas. O isopor não é biodegradável, mas pode ser facilmente reciclado e utilizado para fabricar isopor novo”, adianta José Carlos. A Coppe já encaminhou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) a solicitação de patente para a nova técnica, que
Amostras de polímeros no laboratório da Coppe: é possível produzir plásticos reaproveitando até 40% de material plástico já utilizado.
poderia ser facilmente incorporada ao setor produtivo para uso em escala industrial, devido ao seu baixo custo. “Para as fábricas se adaptarem a essa tecnologia, precisariam apenas fazer pequenos ajustes, como adicionar na linha de produção um recipiente para misturar o plástico reciclado com os reagentes”, explica.
Impactos da reciclagem do plástico
De acordo com o professor José Carlos Pinto, a reciclagem é a melhor resposta diante do debate sobre usar ou não usar o plástico. “A questão maior não é se devemos usar ou não o plástico, mas o que devemos fazer com ele depois do seu ciclo de uso”, destaca o engenheiro químico, lembrando que o plástico deve ser tratado como uma matéria-prima potencialmente reutilizável, e não como lixo. O professor ressalta os impactos ambientais positivos da transformação de plástico em plástico. “A reciclagem contribui para reduzir a quantidade de material descartado no meio ambiente, pois o utiliza como matéria-prima para produzir novos materiais plásticos. Ao ser reciclado, se economiza o petróleo que seria utilizado para fazer plástico novo e isso certamente contribui para a redução da emissão de carbono na atmosfera”, diz. A reciclagem do plástico também pode resultar em consideráveis impactos econômicos e sociais. “A reciclagem pode estimular a valorização econômica dos resíduos plásticos. Eles têm baixo valor agregado, apesar de serem derivados do petróleo, e por isso são facilmente descartados pela população”, avalia. “Ela também pode gerar empregos por incentivar a coleta seletiva de plástico por cooperativas de catadores de lixo”. Plásticos são materiais formados pela união de grandes cadeias moleculares chamadas polímeros, que por sua vez são formadas por moléculas menores, chamadas monômeros. Estima-se que no Brasil pelo menos 2,2 milhões de toneladas de plástico pósconsumo (descartados após o uso) se acumulam anualmente, segundo dados da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos - entidade que representa institucionalmente a cadeia produtiva do setor para divulgar a importância dos plásticos na vida moderna e promover sua utilização ambientalmente correta ME
mercado empresarial
meio ambiente
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Suecos usarão mais “ônibus verde”
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egundo informações da União da In(Cenbio), que é o coordenador do projeto e São Paulo tem dois dústria de Cana-de-Açúcar (Unica), responsável pelo acompanhamento do deEstocolmo, capital da Suécia, recebe, sempenho dos veículos que hoje rodam em ônibus a etanol já neste mês de agosto, 85 novos ônibus São Paulo. circulando desde movidos a etanol para integrar sua frota Os novos ônibus que rodarão em Esto2007 de transporte público, que já é a maior do colmo vão ser equipados com um motor que mundo, reunindo 600 veículos desse tipo. atende aos mais avançados limites para emisSão ônibus fabricados pela montadora sões vigentes no mundo – os limites Euro5 e sueca Scania, iguais aos dois ônibus que já circulam em São EEV (Environmentally Enhanced Vehicle), que ainda não Paulo desde 2007 dentro do Projeto BEST – Bio Ethanol estão em vigor no Brasil. Sustainable Transport, ou Etanol para o Transporte SustenO Conselho do Condado de Estocolmo (Stockholm tável, que tem apoio da Unica. County Council), dono da empresa de transportes, StorstoPara Alfred Szwarc, consultor de tecnologia e emissões ckholms Lokaltrafik’s, traçou uma meta para que até 2012 da Unica, o exemplo de transporte público sustentável da pelo menos 50% de todo o transporte na cidade de EstocolSuécia tem tudo para ser adotado amplamente também mo utilize combustíveis renováveis. No final do ano 2009, no Brasil. “A perspectiva de incorporação de 200 desses este número já representava cerca 30%. ônibus na cidade de São Paulo foi levantada pelo prefeito A Scania tem mais de 20 anos de experiência com ônibus Gilberto Kassab quando o segundo ônibus desse tipo foi movidos à etanol. A empresa já entregou um total de 700 lançado em novembro do ano passado, e esperamos que ônibus, sendo que mais de 600 foram para cidades suecas. a novidade seja anunciada em breve. É oportuno lembrar Nos últimos anos, a Scania também entregou ônibus movidos a maior parte do etanol consumido na Suécia é importado a etanol para serviços comerciais na Grã Bretanha, Espanha, do Brasil,” comentou. Szwarc frisou ainda que o avanço do Itália, Bélgica, Noruega, entre outros ME ônibus a etanol na Suécia é algo muito significativo, pois o país é conhecido mundialmente por suas posições e ações favoráveis à preservação ambiental. “A decisão da empresa gestora de transportes urbanos de Estocolmo, de continuar a investir nos ônibus movidos a etanol, agora em sua versão tecnologicamente mais avançada, é uma prova desse compromisso,” afirmou. O consultor lembra que a maior parte da tecnologia e aprimoramento do ônibus a etanol é fruto de trabalho realizado no Brasil. O ônibus “verde” tem como característica emissões extremamente baixas de poluentes, em função do uso de um combustível renovável e de baixo carbono.
Projeto BEST
Idealizado ela União Européia e coordenado pela Prefeitura de Estocolmo, o Projeto BEST tem estudos no Brasil liderados pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa
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meio ambiente
Biotecnologia na defesa do meio ambiente
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contaminação do ambiente por elementos tóxicos torna-se uma ameaça tanto para o homem quanto para a biosfera, fator que impede o desenvolvimento da agricultura e prejudica a saúde de ecossistemas. Em nações desenvolvidas, este problema está sendo resolvido com biorremediação e fitorremediação, ou seja, o uso de microorganismos e de plantas tolerantes especializadas na limpeza de solos contaminados. “É essencial investigar e entenEm nações desenvolvidas, der como esses indivíduos funcioeste problema está sendo nam e quais caminhos metabólicos resolvido com o uso de estão envolvidos no processo. Enmicroorganismos e de tretanto, estratégias para produzir plantas geneticamente alteradas plantas tolerantes espepara remoção, destruição ou secializadas na limpeza de qüestro de substâncias tóxicas solos contaminados do ambiente e suas implicações devem ser cuidadosamente investigadas”, afirma Ricardo Antunes de Azevedo, professor do departamento de Genética da Esalq e coordenador do laboratório de Genética e Bioquímica de Plantas.
Estudos com microrganismos visando a biorremediação são direcionados em duas linhas dentro do laboratório, observando a ação de pesticidas e de metais pesados. “A poluição ambiental por esses contaminantes tem aumentado substancialmente durante as últimas décadas, acompanhando as mudanças ocorridas no cenário mundial, como intensificação nas práticas agrícolas e a revolução industrial”, diz a bióloga Paula Fabiane Martins. Inicialmente, estes microrganismos são submetidos à contaminação destes poluentes e toda parte bioquímica e fisiológica é avaliada, a fim de compreender de uma forma cada vez mais completa as vias de desintoxicação. “Os estudos mostram que existe uma resposta diferencial dos microrganismos na presença de herbicida, o que pode estar relacionada a uma possível adaptação ao contaminante”, explica a pesquisadora Paula, que atualmente desenvolve análise molecular de expressão gênica dos microorganismos expostos ao pesticida metolachlor, utilizado em culturas de soja, milho e cana.
Metais pesados
De acordo com a Agency for Toxic Substances and Disease Registry e Environmental Protection Agency, dos EUA, das 20 substâncias tóxicas com maior risco aos seres humanos, cinco são metais, incluindo
mercado empresarial
os três primeiros da lista. A importância de se estudar os metais pesados deve-se aos seus intensos efeitos tóxicos ao homem e outros seres vivos, associados à ampla liberação no ambiente de alguns deles. Nessa vertente de pesquisa, Priscila Lupino Gratão, também bióloga, trabalha com tomates, analisando todo o sistema antioxidante da planta mediante a ação de componentes tóxicos, no caso o cádmio (Cd). Observando a resposta da planta e os pontos de acúmulo do metal, a pesquisadora destaca que o uso de plantas que naturalmente acumulam estes elementos tóxicos e a aplicação da engenharia genética aceleraria o processo de transferência de toda esta tecnologia do laboratório para programas de fitorremediação. “Identificadas essas vias, torna-se possível o delineamento de novas estratégias em programas de melhoramento e no uso da técnica”, explica Priscila. Na prática, a pesquisadora submete os tomates a doses gradativas do metal na solução nutritiva a ser absorvida pela planta. O estudo simula como se o tomate estivesse recebendo constantemente o Cd. “Pense em uma plantação próxima a uma indústria que despeja esse poluente de forma contínua no solo. Dessa forma, toda semana são aplicadas quantidades significativas do elemento químico e, a partir de cada coleta, o material é analisado”, relata Priscila. Como resultado principal, constatou-se que há um grande acúmulo do metal no fruto, informação que está diretamente relacionada ao consumidor. “Há que se atentar para o risco da população estar consumindo até altas dosagens desse produto. Um fitorremediador teria que estar acumulando esse poluente em partes não comestíveis. Em outras palavras, para ser um bioacumulador eficaz, ele não poderia acumular o contaminante no fruto, descartando a possibilidade de utilizá-lo como alimento”, comenta Priscila. A partir do momento que o solo está contaminado, as pesquisadoras lembram que há um custo alto para retirar esse material. Deixar ali inviabiliza novas culturas agrícolas. Incinerar não é uma solução barata. “A cultura científica, aliada à mentalidade industrial, trabalha com projetos buscando aumentar e melhorar a produtividade agrícola, mas deixa de lado o tratamento dos resíduos gerados pela produção. Há que pensar nesse material excedente, que poderá ficar por décadas contaminando o ambiente”, lembra Paula Fabiane Martins. ( Esalq) ME
meio ambiente
Nova estimativa: BP derramou 4,9 milhões de barris no mar O governo americano, em comunicado conjunto com a BP, informou, em 2/8 último, que o poço danificado da empresa britânica derramou ao mar 4,9 milhões de barris, segundo nova estimativa, dos quais apenas 800.000 foram recuperados, o que torna o caso o maior vazamento acidental da história. “Nem todo esse petróleo e gás caiu no mar. As atividades de contenção da BP, sob supervisão do governo dos Estados Unidos, capturaram aproximadamente 800.000 barris de petróleo antes do fechamento do poço” – informaram. Segundo a agência de notícias AFP, em litros de petróleo, trata-se de um derramamento de 780 milhões e uma captura de 127 milhões. Como comparação, o vazamento da Exxon Valdez no Alasca em 1989 foi de 41 milhões de litros.
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sustentabilidade
Para ser sustentável, setor sucroenergético tem que vencer barreiras protecionistas
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avanço do etanol no mundo como uma alternativa sustentável e de baixa emissão de carbono pressupõe o fim de barreiras comerciais, principalmente dos países desenvolvidos, cujas políticas impedem o livre comércio do produto. Esta é a avaliação do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, que participou, recentemente, da “Primeira Conferência Internacional de Biocombustíveis”, promovida pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), com patrocínio da Unica, em São Paulo. “Temos ainda uma árdua tarefa pela frente, que é a de transpor enormes barreiras protecionistas, particularmente nos Estados Unidos e Europa. O que ocorreu em maio último, em Washington, em uma ação promovida pela Unica, é uma prova cabal de que mexemos com interesses poderosos e muito bem articulados,” declarou Jank. Protecionismo global O executivo se referia a uma ação articuprejudica competilada pela entidade para alguns postos de tividade do etanol combustíveis em Washington, próximos brasileiro no exterior ao Capitólio. O evento consistia em dar um desconto de 54 centavos de dólar aos consumidores que abastecessem com etanol, exatamente o valor de tarifa imposta pelo etanol importado nos Estados Unidos, cuja vigência vai até o final de 2010. Súbita e unilateralmente os donos dos postos cancelaram a ação alegando “razões políticas”, mas sem especificar quais.
Barreiras
A tarifa de americana de 54 centavos por galão (3,78 litros) de etanol importado do Brasil eleva o preço do biocombustível e o torna menos competitivo. Na União Européia, a taxa do etanol produzido no Brasil é de 0,19 euro por litro. Soma-se a isso a disseminação de diferentes critérios de sustentabilidade para os biocombustíveis, discutido em diversos países consumidores, particularmente na Europa, que pode gerar barreiras não-tarifárias com alto custo à produção brasileira se não conduzidas com equilíbrio. “Estes são exemplos típicos que impedem avançarmos com uma solução que é sabidamente limpa, renovável e sustentável. O Brasil precisa ter uma posição de estado mais ativa neste sentido, com políticas pontuais para a defesa do nosso produto no exterior,” acrescentou Jank. O presidente da Unica afirmou ainda que o etanol vive hoje um paradoxo quando se observa o sucesso do carro flex brasileiro, mais de dez milhões em circulação, e as alternativas hoje em discussão para a indústria automobilística como a dos carros híbridos, elétricos ou movidos a hidrogênio. “Concretamente, temos em mãos uma solução em escala, testada, competitiva e sustentável com o flex. E é isto que precisa ser observado,” concluiu. ME
mercado empresarial
sustentabilidade
Nordeste adere ao Projeto AGORA
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Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar) e o Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado da Paraíba (Sindalcool) acabam de aderir ao Projeto AGORA, segundo o Portal do Agronegócio. O Agora é considerado uma das maiores iniciativas institucionais já implantadas no Brasil, unindo empresas e entidades ligadas ao setor sucroenergético brasileiro. Lançado oficialmente em junho de 2009, o Projeto objetiva unir forças em torno de um esforço unificado dedicado ao Marketing e à Comunicação em prol das energias renováveis geradas a partir da cana-de-açúcar e de outras matérias-primas agrícolas. Em constante expansão, o Agora está aberto à participação de empresas e entidades ligadas à produção de agroenergias renováveis. Participam dele, entre outras entidades, os sindicatos estaduais de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Paraíba e Pernambuco; o Ceise BR e a Única; e as empresas Itaú, Monsanto, Amyris, Basf, BP, Dedini, FMC e Sew Eurodrive. O Sindaçúcar, presidido por Renato Augusto Pontes Cunha, foi fundado em 1941 e reúne 20 empresas de Pernambuco. Lá estão algumas das mais tradicionais usinas de açúcar e etanol do País, que passaram a incluir entre seus objetivos de trabalho a difusão do uso de energias limpas e renováveis obtidas a partir da cana-de-açúcar. O Sindalcool, cujo presidente é Edmundo Coelho Barbosa, congrega as empresas do setor sucroenergético paraibano. São sete associadas que atuam na região do Litoral e Brejo, englobando 26 municípios e gerando cerca de 10 mil empregos diretos. Entre as iniciativas da entidade também há ações voltadas para a sustentabilidade, como o Corredor Ecológico Pacatuba Gargaú, um esforço para restauração e preservação da Mata Atlântica no estado ME
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qualidade
D&D
MANUFATUREIRA
E
Qualidade, confiabilidade e credibilidade em aços inoxidáveis
m ritmo constante de expansão, a D&D Manufatureira é fruto de uma gestão que prioriza a qualidade tecnológica, a inovação e a busca de soluções às necessidades de cada cliente.
Concebida há 13 anos com o ideal de comercializar e industrializar materiais nobres para aplicações especiais, seu grande diferencial é a manufatura de produtos que incorporam tecnologia, desenvolvimento e qualidade desde o início. “A D & D Manufatureira é a idealização de pessoas que começaram a trabalhar desde cedo no ramo de trefilação e laminação de aços”, enfatiza Paulo José Diebe, “A D & D ManufatuDiretor da empresa. reira é a idealização O ideal de bem atender a clientela deu certo. Hoje, a empresa oferece ao de pessoas que mercado em seu parque fabril com começaram a trabacerca de 6000 m2, em Diadema, na lhar desde cedo no Grande São Paulo, instalações moderramo de trefilação e nas, frequentemente renovadas, comlaminação de aços” postas de maquinário e equipamentos com tecnologia avançada, o que permite uma capacidade produtiva com qualidade cada vez maior. Qualidade essa certificada ISO 9001-2008. Esse compromisso com o mercado justifica uma carteira de 5.000 clientes que, como ressalta Daniela Vicentino, Gerente de Marketing da empresa, “são mais do que clientes, são parceiros fiéis”. A companhia produz e distribui aços inoxidáveis, ligas a base de níquel e de cromo e ligas nacionais e importadas, atendendo um leque diversificado de segmentos, entre eles, os de soldagem, aeronáutico, naval, siderúrgico, energia, petróleo, hospitalar, ferramentas, linha branca, automobilística, construção. Atende também diversos setores industriais e comerciais do mercado nacional e internacional.
Entre os diversos recursos visando oferecer produtos da mais alta qualidade, a D&D Manufatureira possui um laboratório para efetuar ensaios solicitados nas especificações dos materiais. Conta com retíficas centerless para produção de materiais com tolerâncias em conformidade com as normas internacionais. Dispõe de equipamentos para trefilação de arames bitola mínima a partir de redondo 0,06 mm em carretéis (sendo que, para barras, consegue endireitar bitolas a partir de 0,80 mm). Em seu parque fabril possui ainda trefilas múltiplas, monobloco, banco trefila, endireitadeiras, politriz, descascadeiras, laminadores planos e “cabeça de turco”, maquinário e equipamentos, todos eles, com tecnologia de ponta. Além disso, a empresa procura sempre se atualizar com o mercado consumidor, participando de feiras, exposições, workshops e treinamentos. A distribuição dos materiais é efetuada com frota própria na grande São Paulo e, para as demais localidades, é utilizado transporte indicado pelos próprios clientes. “Neste ano, podemos considerar que o mercado nacional está em franco crescimento. Nós, da D&D Manufatureira, estamos mês a mês superando metas e trabalhando com um quadro de colaboradores em frequente expansão. Atualmente, cerca de 100 profissionais qualificados trabalham diretamente em nossa produção”, comemora o diretor Paulo Diebe. E Diebe conclui: “Nós, da D&D Manufatureira, fazemos o que mais gostamos de fazer, manufaturar aços inoxidáveis com qualidade confiabilidade e credibilidade” ME
mercado empresarial
mundo
Consumo chinês ameaça eficiência energética
O
primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, prometeu recentemente “mão de ferro” para que seu país se torne mais eficiente do ponto de vista energético. Nos últimos três anos, a China já fechou mais de mil usinas termoelétricas a carvão que usavam uma tecnologia ainda comum nos Estados Unidos. O país também superou o resto do mundo como maior investidor mundial em turbinas eólicas e em outras energias limpas. E determinou novos padrões energéticos rígidos para a iluminação e os carros. Agora, as cidades receberam ordens para acabar com as fábricas ineficientes. Mas, embora Pequim imponha a campanha nacional de energia mais rigorosa do mundo, o esforço está sendo sobrepujado pelas demandas de mais de 1 bilhão de consumidores chineses. Se a China não conseguir cumprir suas próprias metas de eficiência energética, as chances de evitar graves danos ambientais decorrentes da elevação de temperaturas “são muito próximas de zero”, disse Fatih Birol, economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), em Paris. Aspirando a um padrão de vida mais ocidentalizado, a população chinesa clama por mais e maiores carros, por eletrodomésticos e por confortos como ar condicionado nos shopping centers. Por isso, a eficiência energética da China está, na verdade, diminuindo. E, como a maior parte da sua energia ainda vem da queima de combustíveis fósseis, as emissões chinesas de dióxido de carbono estão piorando. O último período inverno/primavera teve o maior aumento semestral de emissões já registrado por qualquer país. Até recentemente, a AIE e a Administração de Informação Energética dos EUA supunham que a China alcançaria rápidas melhorias na sua eficiência energética até 2020. Mas, agora, a China tem dificuldades até mesmo para reduzir suas emissões aos níveis habituais. “Realmente temos uma tarefa árdua [para cumprir as atuais metas de eficiência]”, afirmou Gao Shixian, integrante da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reformas, em discurso no final de junho. A meta da China é reduzir neste ano em 20% o consumo de energia por unidade econômica produzida, em relação aos níveis de 2005, e até 2020 reduzir em 40% a 45% as emissões de gases do efeito estufa por unidade econômica produzida, também em relação a 2005. Mesmo que a China consiga isso, a AIE projeta que as emissões chinesas vão crescer mais do que a soma de todo o resto do mundo até 2020. A demanda energética na China cresce tão rapidamente que está ficando mais difícil até mesmo alcançar as metas mais amplas de eficiência energética -ainda que o país tenha superado os EUA na eficiência média das suas usinas termoelétricas a carvão.
O País tem dificuldades até mesmo para reduzir suas emissões aos níveis habituais
Enquanto a China impõe padrões de eficiência luminosa para novos prédios e prepara regras semelhantes para os eletrodomésticos, a construção de edifícios segue a todo vapor. E as vendas de geladeiras, lavadoras e outros eletrodomésticos pesados mais do que duplicou nas zonas rurais no ano passado. Conforme a economia se torna mais dependente da demanda doméstica em vez das exportações, o crescimento se direciona para a produção de aço e cimento -setores famintos por energia. Os carros chineses rendem até 40% mais por litro de gasolina do que os americanos porque tendem a ser muito menores e a ter motores mais fracos. Mas o mercado automobilístico chinês cresceu 48% em 2009, ultrapassando o dos EUA. Um dos mais recentes fatores no uso de energia da China surgiu fora do alcance do planejamento de Pequim, na forma da insatisfação trabalhista nas fábricas do país. Uma geração mais antiga de migrantes operários aceitava dormitórios e fábricas onde mal havia um ventilador para lhes refrescar. Já os jovens chineses, além de salários mais altos, exigem também seus próprios apartamentos conjugados de 9 m2, com ar condicionado em casa e nas fábricas. O primeiro-ministro Wen admitiu, em nota oficial em maio, que a eficiência energética está regredindo e teve uma piora de 3,2% no primeiro trimestre. A indústria representa para a economia chinesa até o triplo do que para a americana, e usa muita energia. “A China vem tentando agarrar a fruta que está baixa no pé - encontrar essas oportunidades em que a maior eficiência pode poupar dinheiro e reduzir as emissões de dióxido de carbono”, disse Ken Caldeira, especialista em mudança climática no Instituto Carnegie para a Ciência, em Stanford, na Califórnia. “Está começando a parecer que pode não ser tão fácil encontrar e agarrar essa fruta.” (Keith Bradsher - The New York Times ) ME
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tecnologia
USP produzirá biodiesel com óleo descartado por restaurantes do campus
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USP (Universidade de São Paulo) vai instalar em breve, junto à garagem dos ônibus circulares, uma usina para produção de biodiesel a partir do óleo de fritura usado pelos restaurantes do campus. Produzido para fins de pesquisa, portanto em escala reduzida, será testado nesses ônibus para análise de desempenho, emissão de gases poluentes e desgaste do motor dos veículos. A novidade foi divulgada pelo Jornal do Campus da USP. A coleta do óleo de fritura será iniciativa conjunta da Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp), da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas), do IEE e da Sabesp. Pretendese, posteriormente, ampliar a captação junto à comunidade uspiana. A usina terá A usina terá capacidade para produzir 200 litros de biodiesel por dia, o que equivale ao capacidade para consumo diário de combustível de um ôniproduzir 200 litros bus circular. José Aquiles Baesso, diretor do de biodiesel Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) e por dia coordenador do projeto, relata que a partir dessa produção será possível analisar os efeitos não apenas do uso de misturas de biodiesel e diesel convencional em diversas proporções, mas também do emprego de 100% de biodiesel para mover os veículos. Segundo ele, o projeto pretende ainda dar um destino à borra remanescente da filtragem do óleo de fritura, que pode ser reaproveitada na produção de fertilizantes, e a um subproduto do processo, a glicerina. A possibilidade de criar, junto a comunidades carentes, um empreendimento para utilizar a glicerina na produção de sabões também está sendo estudada.
Aquiles afirma não haver previsão de quanto custará à universidade a produção de cada litro de biodiesel, mas observa que o cálculo deve considerar diversos fatores, como a prevenção da contaminação das águas pelo descarte indevido do óleo de fritura, o custo da logística de coleta desse óleo, o baixo custo da matéria-prima e a receita que pode ser gerada a partir da borra e da glicerina. O coordenador ressalta ainda que, para o início dos testes em ônibus circulares, o projeto terá como base os resultados obtidos por instituições norteamericanas e pelo Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel) da USP de Ribeirão Preto. Análises realizadas pelo Ladetel indicam redução nas emissões de óxidos de enxofre, em 20%, de gás carbônico, em 9,8%, de hidrocarbonetos não queimados, em 14,2%, de material particulado, em 26,8%, e de óxidos de nitrogênio, em 4,6%. Além de essas substâncias contribuírem para o aumento da poluição atmosférica e de distúrbios ambientais, para o agravamento do efeito estufa, como é o caso do gás carbônico, e para a elevação da ocorrência de chuvas ácidas, como é, principalmente, o caso dos óxidos de enxofre e nitrogênio, algumas delas, como o material particulado e os óxidos já citados, podem provocar irritação das vias respiratórias e favorecer o surgimento de problemas respiratórios. Aquiles observa, porém, que estudos recentes têm apontado um aumento, associado à utilização do biodiesel, das emissões de óxidos de nitrogênio. Segundo ele, uma das linhas de pesquisa se dedicará, portanto, ao desenvolvimento de medidas que possam reduzir a formação de óxidos de nitrogênio durante a combustão do biodiesel. Ele afirma também não haver conhecimento suficiente sobre os efeitos do biodiesel no desgaste dos motores dos ônibus, o que deverá ser tema de outra das linhas de pesquisa.
Experiência no campus Ribeirão
Segundo o Jornal do Campus da USP, em 2000 o campus de Ribeirão Preto instalou uma usina capaz de produzir 10 mil litros diários de biodiesel e o passou a utilizá-lo em seus ônibus. No entanto, Miguel Dabdoub, coordenador do projeto, relata que, devido ao subaproveitamento da capacidade produtiva e ao consequente encarecimento do empreendimento, o campus abandonou a produção de biodiesel em maior escala, produzindo-o, hoje, apenas eventualmente e em pequenas quantidades para fins de pesquisa. Segundo ele, a solução encontrada foi deixar a produção a cargo de uma empresa incubada, enquanto as pesquisas passaram a se concentrar na análise do processo produtivo e da qualidade das amostras de biodiesel cedidas pela empresa.
mercado empresarial
Dabdoub, que também coordena o Ladetel, conta que hoje os ônibus circulares do campus de Ribeirão Preto já não são mais abastecidos com o biodiesel produzido internamente, limitando a utilização do biocombustível aos 5% já adicionados ao diesel convencional, como preestabelecido em lei. De acordo com ele, embora a pesquisa em biodiesel tenha ultrapassado as fronteiras da universidade e conquistado grande projeção externa, houve pouco apoio institucional por parte da USP. Além da análise das amostras cedidas pela empresa incubada, Dabdoub relata que hoje o campus de Ribeirão Preto mantém o programa de extensão Biodiesel em casa e nas escolas, em que a USP coleta o óleo de fritura utilizado por escolas municipais, restaurantes e outros estabelecimentos e, em retribuição, oferece aos doadores os resultados da análise do óleo, para que eles saibam se o estão utilizando corretamente. O óleo coletado é posteriormente tratado e encaminhado à empresa incubada para a produção do biodiesel. Dabdoub elogia a iniciativa do campus Butantã e afirma esperar que, desta vez, “a instituição realmente encampe o projeto”, mas adverte: “se produzido com qualidade, o biodiesel é o melhor
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substituto para o diesel, do contrário, ele é o pior”. Entre os problemas que o biodiesel de baixa qualidade pode provocar, ele elenca o entupimento do filtro e mau funcionamento do sistema de injeção e observa que há casos de falha de veículos após três ou seis meses de utilização. O coordenador do Ladetel lamenta, porém, que a universidade conheça tão pouco os projetos que os seus próprios pesquisadores desenvolvem, o que, algumas vezes, segundo ele, gera duplicidade de trabalhos. Tendo coordenado, entre 2006 e 2010, o maior programa de testes de biodiesel do país e contribuído para a elaboração dos parâmetros oficiais de qualidade sobre a produção nacional desse biocombustível, bem como para a aprovação da lei que determina a adição de 5% de biodiesel ao diesel convencional, ele afirma estar disposto a colaborar com a iniciativa do campus Butantã. José Aquiles Baesso, coordenador do projeto no campus capital, admite não conhecer detalhadamente “as linhas de pesquisa e atuação” de Miguel Dabdoub ME
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tecnologia
Painéis solares: novo chip garantirá maior eficiência A fabricante de semicondutores STMicroelectronics desenvolveu um chip capaz de recuperar a energia perdida dos painéis solares em virtude da dispersão, o que garantirá melhorias no tamanho, custos e confiabilidade dos produtos eletrônicos com eficiência energética – segundo informações da revista Sustentabilidade. O equipamento combina funções de otimização e conversão de energia para geradores solares, viabilizando arranjos de múltiplos painéis, que vão desde equipamentos domésticos instalados nos telhados até instalações maiores, fornecendo mais energia a um custo mais baixo por watt. O chip desenvolvido pela empresa franco-alemã permite a aplicação do Ponto de Potência Máxima (MPPT) de forma individualizada para cada painel, ajustando automaticamente os circuitos de saída do gerador solar e compensando as flutuações de energia resultantes das variações da intensidade solar, do sombreamento, das alterações da temperatura, desequilíbrio do painel ou envelhecimento. A tecnologia viabiliza um Distributed MPPT (DMPPT), que compensa cada painel individualmente e que é considerada a técnica mais promissora para melhorar a produtividade energética
O chip desenvolvido
dos sistemas fotovoltaicos pela franco-alemã porque maximiza a energia STMicroelectronics tem extraída de cada painel, independentemente do data de lançamento desempenho do módulo prevista para adjacente, mesmo que alnovembro próximo gum módulo falhe. Normalmente, a implementação do DMPPT requer uma rede de componentes para cada painel do arranjo, conjunto que pode ser substituído pelo chip, simplificando o projeto. Em situações onde o MPPT não é aplicado, a energia vinda do painel solar ser de 10% a 20% menor se apenas uma pequena porcentagem de sua superfície estiver na sombra, o que resulta em restrições quanto ao local de implantação ou tamanho do equipamento para evitar as sombras. “Maximizar a eficiência e a confiabilidade são elementos chave para oferecer energia a preços competitivos a partir de recursos renováveis”, enfatiza Pietro Menniti, gerente geral da Divisão Industrial e de Conversão de Potência (I&PC Division) da ST ME
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RUKAVA
Alto padrão de qualidade e tecnologia na logística de transporte de materiais
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Rukava foi fundada em 1998, em São Paulo, e no início de suas atividades desenvolvia trabalhos de engenharia na área de meios auxiliares à Produção. Três anos depois, já iniciava suas atividades em movimentação logística de materiais, A empresa, entretanto, não parou por aí, consolidou sua marca no mercado e hoje está entre as melhores de seu segmento: trabalha com projetos logísticos de transporte de materiais para todos os segmentos de mercado, dentre eles o Petroquímico, Mineração, Industrial e Agronegócios. Além dos projetos logísticos, outra especialidade da Rukava é a fabricação de esteiras transportadoras. “Nosso diferencial no mercado é a qualidade Rukava, alcançada ao longo de anos de esforços e parceria com empresas do exterior. Este ano estamos dando mais um passo na consolidação de nossa marca, estamos em processo de certificação ISO9001”, ressalta o Diretor Industrial Rubens Godoy. Godoy conta que a empresa está buscando novas parcerias internacionais e levando a marca Rukava marca para todos os continentes. “Iniciamos a internacionalização da Rukava no começo de 2009, e atualmente atendemos clientes de todos os países do mundo. Na América Latina temos representes no México, Uruguai e Argentina”, enfatiza o Diretor. A Rukawa tem uma carteira grande de clientes fidelizados e a expectativa é aumentar ainda mais este número. “Como buscamos parcerias internacionais, somos obrigados a sempre estar inovando tecnologicamente em nossos produtos e projetos”, complementa Rubens Godoy. Além de atuar em muitos segmentos da economia privada, a Rukava desenvolve projetos logísticos para vários órgãos do governo.
Atualmente, no qualificado quaEmpresa expande dro de funcionários tem destaque e busca a a atuação do departamento técnico, que conta com engenheiros capaciinternacionalização. tados e treinados dentro das mais modernas técnicas internacionais de qualidade e inovação tecnológica – sendo que, esses profissionais vêm desenvolvendo parcerias em projetos internacionais com engenheiros de outros países. Para o futuro, os planos da Rukava são bastante otimistas: “Planejamos consolidar nossa marca mundialmente e nos tornar líderes de mercado em nosso segmento”, conclui o Diretor. Com o know how de seus profissionais e a vontade de fazer acontecer de suas lideranças, certamente esse futuro está bastante próximo! ME
“Planejamos consolidar nossa marca mundialmente e nos tornar líderes de mercado em nosso segmento” Rubens Godoy Diretor Industrial da Rukava
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dicas de leitura
Estratégias para a Cana no Brasil: Um Negócio Classe Mundial Sintetizar os desafios e oportunidades vivenciados pela complexa cadeia produtiva do setor sucroenergético em um livro. Foi partindo desse princípio que Marcos Fava Neves, professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP Ribeirão Preto, coordenador do grupo de pesquisa Markestrat (Centro de Pesquisa em Marketing e Estratégia) e o pesquisador assistente, Marco Antonio Conejero, doutorando em administração pela FEA/USP, reuniram dois anos de pesquisa revisando os trabalhos de profissionais do setor para montar esta obra. O livro traz uma visão prática e objetiva da cadeia produtiva da cana-de-açúcar à luz de conceitos teóricos clássicos como agribusiness, sistemas agroindustriais, cadeia de suprimentos, canais de distribuição, ações coletivas, estratégia, planejamento e networks. Além disso, procura debater algumas idéias a partir do trabalho dos autores em mais de dez projetos no setor visando os “caminhos para a cana”. A obra propõe ainda um esforço de planejamento do setor que vise a sua sustentabilidade, para que o Brasil fique cada vez mais competitivo e numa confortável posição em suprimento energético para o mundo. Autores: Marcos Fava Neves e Marco Antonio Conejero Editora: Atlas/ dez.2009 Nº de páginas: 288
Guia da Cana-de-Açúcar A importância da cana-de-açúcar na agroindústria nacional é incontestável: o Brasil é o seu maior produtor mundial. Por este motivo, o mais recente lançamento do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) aborda esta cultura. De maneira concisa e de fácil leitura, o Guia traça um panorama da cana desde sua chegada ao Brasil até os dias atuais, passando por novas tecnologias de cultivo e os diversos subprodutos que podem ser gerados, como a biomassa. Editora: CIB - Conselho de Informações sobre Biotecnologia
Nonô Pereira - 25 anos plantando na palha Biografia de cunho jornalístico de um dos mais atuantes produtores rurais brasileiros, de autoria do Engenheiro Agrônomo Gilberto Borges, tem como principal objetivo preservar o acervo fotográfico de Manoel Henrique Pereira, bem como o relato de sua trajetória nos 25 anos de prática e defesa do Sistema Plantio Direto no Brasil. O texto aborda as origens, o trabalho, as viagens e o seu total envolvimento com a causa do plantio direto, mas contempla também fatos que envolveram pessoas, instituições e empresas, peças importantes no desenvolvimento do sistema. “Nonô Pereira – 25 anos plantando na palha” devido à sua característica histórica, torna-se um documento sobre o desenvolvimento do plantio direto no Brasil, e sobre a saga dos produtores conscientes da necessidade de preservar os solos que cultivam, todos representados pela figura ímpar de Manoel Henrique Pereira. O livro foi o último trabalho do autor, Gilberto Borges, fundador e editor da Revista Plantio Direto, falecido em agosto de 2002. Autores: Gilberto Borges Editora: Plantio Direto Nº de páginas: 170
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Agronegocio - Uma Abordagem Econômica Estruturado de maneira didática e objetiva, o livro traça um paralelo entre o agronegócio brasileiro e o mercado internacional e aborda vários fatores chave no setor, como comercialização e desenvolvimento econômico, demanda, consumo e produção de alimentos, análise de mercados agrícolas e análise de preços agropecuários, entre outros. Além disso, é repleto de exemplos do contexto atual e inclui questões para discussão e revisão, que direcionam e complementam a compreensão do conteúdo apresentado. Autor: Mendes, Judas T. Grassi e Padilha Jr., João Editora: Prentice Hall Brasil /2007 Nº de páginas: 384
Resistência de Plantas Daninhas a Herbicidas no Brasil Em seus 17 capítulos, trata de forma objetiva das teorias relacionadas à resistência de plantas daninhas a herbicidas, metodologias para identificação, relato e estudo desse fenômeno. A publicação apresenta informações específicas de cada espécie daninha resistente identificada no país. Relata a eficiência dos herbicidas registrados para as espécies resistentes, o que poderá facilitar a tomada de decisão de controle por parte dos profissionais envolvidos no manejo das plantas daninhas. A obra é destinada a educadores, pesquisadores, estudantes e outros profissionais envolvidos com a prevenção, manejo e controle das plantas resistentes a herbicidas. Autores: Dirceu Agostinetto & Leandro Vargas Editora: Berthier, 2009 Nº de páginas: 350
Biocombustíveis - A Energia da Controvérsia Se é verdade que a escassez do petróleo está próxima, faz-se necessário então a introdução de novas formas de energia. Nesse contexto, nos deparamos com as tentativas de disseminação dos biocombustíveis. Mas seria essa, realmente, uma forma de energia “limpa”? Quais são as suas contribuições e quais podem ser suas consequências? Esse livro se propõe a responder a essas perguntas no momento em que diversas alternativas são discutidas em todo mundo. Autor: Ricardo Abramovay Editora: Senac Nº de páginas: 1548
Informativos Técnicos Cooplantio O autor fornece orientações dirigidas aos assistentes técnicos e produtores associados à entidade, além de informações objetivas sobre questões práticas de lavoura, conforme as situações vão se apresentando, no tempo e no espaço. Junto à descrição de cada caso, o autor anexa dados da pesquisa oficial e de empresas privadas, com recomendações sobre manejo fitossanitário, fertilidade do solo e outras informações oportunas, principalmente sobre as culturas de soja e milho e sobre aspectos pontuais do sistema plantio direto. Autor: Dirceu N. Gassen Editoras: Cooplantio e Aldeia Norte /2002 Nº de páginas: 154
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Grupo Teston lança o maior transbordo do planeta projetada para aumentar o rendimento da colhedora e do trator, diminuindo os custos com óleo diesel e compacO equipamento tação do solo. possui uma capaciO Grupo Teston, empresa paranaense espeO Transbordo Gigante possui uma dade de carga de 22 cializada em colheita de cana-de-açúcar, lança capacidade de carga de 22 toneladas, toneladas, a maior na Fenasucro & Agrocana o seu novo equipaa maior do mercado, e seu tempo de mento: o Gigante 22.000, o maior transbordo do mercado. descarga é reduzido em 25% em comdo planeta. Com 15 anos de experiência no ramo paração ao transbordo convencional. de prestação de serviços na área de preparo Também propõe evitar acidentes, perde solo e pulverização para cultivo de cana de açúcar, a mitindo transbordagem em locais declivosos e facilitando o Teston, visando uma maior agilidade com menor custo carregamento para o operador da colheita. possível nos serviços de colheita mecanizada, deu inicio O produto é patenteado e já reconhecido como o “Maior a um projeto inovador que revolucionara o conceito de Transbordo do Planeta”, tanto no tamanho, quanto na agiliimplementos de transbordo, com uma nova concepção, dade e economia na colheita.
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Bosch Rexroth mostra o Pressostato Eletrônico PE5 A Bosch Rexroth tem no Brasil um longo histórico no fornecimento de equipamentos para automação pneumática de processos em usinas, destacando-se as válvulas tipo 740 e as soluções em automação integrada eletrônico-pneumática com seus terminais de válvulas para operação em bus de campo. A companhia oferece também ao mercado o novo PE5 - Pressostato Eletrônico Rexroth, desenvolvido para medir pressão relativa através de um sensor piezo-resistivo e disponível para faixa de pressão de 1 à 10bar. O PE5, cujas dimensões são compactas, é fácil de operar e dispõe de múltiplas possibilidades de conexões pneumáticas. O seu amplo display LCD proporciona fácil visibilidade, mesmo a longas distâncias. O interruptor possui carcaça de plástico e classe de proteção IP65. É livre de substâncias que afetam o processo de pintura, podendo também ser aplicado na indústria automotiva.
Está disponível em duas versões: com dois sinais de saídas digitais ou com um sinal de saída digital e um sinal de saída analógico. As saídas digitais estão disponíveis para comutação PNP ou NPN. Além disso, apresenta dimensões compactas de 35x64x33mm e pode ser montado com suporte, disponível como opcional, ou em trilho DIN. Pode ainda ser combinado com as unidades de tratamento da Rexroth séries AS e NL, através de niple duplo. Nesse quesito automação integrada eletrônicopneumática, a inovação da Bosch Rexroth fica por conta do sistema em comunicação DDL (Drive & Diagnostics Link), que proporciona a diagnose até o nível mais baixo de cada bobina solenóide e cada sinal de saída, com transmissão de dados em alta velocidade e segurança. Esses terminais podem ser aplicados em sistemas de controle desde a fase do recebimento da cana até o empacotamento do açúcar.
Equipamento é fácil de operar e dispõe de múltiplas possibilidades de conexões pneumáticas.
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O aplicativo possui um dispositivo de geolocalização para identificar no mapa todos os pontos de venda de ingressos a cada etapa das corridas e traça, ainda, a rota do local, desde onde o usuário se encontra até um ponto de venda mais próximo. A seção dedicada ao perfil de cada piloto conta com informações detalhadas, galerias de fotos, gráficos de desempenho, bem como a posição e pontuação atual no campeonato. Trata-se do primeiro aplicativo oficial de uma categoria brasileira de automobilismo. “Além de reforçar nosso posicionamento de tecnologia, estamos oferecendo gratuitamente uma ferramenta na qual os consumidores e fãs da Stock Car irão interagir constantemente com a marca Esso e o campeonato, uma vez que são informações relevantes e atrativas para os admiradores do automobilismo” afirma Lauro Klas, Gerente de Marcas da Cosan Combustíveis e Lubrificantes. “Ao baixar o aplicativo todos poderão acompanhar ao vivo os tempos oficiais dos treinos e corridas de qualquer lugar, além de se atualizar com notícias sobre a categoria”, destaca Maurício Slaviero, diretor-geral da Vicar, promotora da Stock Car. A principal Com o objetivo de aproximar ainda Características: “Livetiming”; Classimais os apaixonados pela principal ficação; Calendário: tudo sobre as praças, ferramenta é o categoria do automobilismo nacional, curiosidades, informações dos circuitos e “livetiming” a Cosan Combustíveis e Lubrificantes, volta virtual; Raio-X: As máquinas, Regras, detentora do uso das marcas Esso e Bandeiras e Campeões; Notícias; Perfil dos Mobil no Brasil lança, por meio da Marca Esso, um novo pilotos de todas as Categorias: Copa Caixa, Copa aplicativo para iPhone que trará todas as emoções da Stock Montana e Mini Challenge; Programação, Ingressos Car. e Pontos de Venda. Em breve: Customização da A principal ferramenta é o “livetiming” na qual o usuário acom- tela de livetiming. Você configura a tela dos tempos panha ao vivo todos os tempos e a classificação dos pilotos durante de acordo com suas preferências de visualização e os treinos e corridas. Além disso, é possível ter acesso a todo o filtragem de pilotos; Resultados; Gráfico e estatísconteúdo informativo da categoria como notícias, perfis dos pilotos, ticas de desempenho dos pilotos; Games; Alertas calendário, informações das pistas, resultados, classificação, raio-x do PUSH customizáveis para resultados, programação carro, regras e curiosidades. e acompanhamento do seu piloto favorito.
Cosan CL lança o aplicativo oficial da Stock Car para iPhone
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Bayer CropScience investe no segmento de herbicidas e lança conceito Muito Mais Manejo A Organização das Nações Unidas para Agridessecação de plantio para o controle de plantas Plantas daninhas cultura e Alimentação (FAO) classifica as plantas daninhas especialmente o da buva resistente ao daninhas como o inimigo natural número um glifosato. podem trazer perdas dos agricultores. Segundo a FAO, essas plantas Soberan é um produto do mercado capaz na produção global podem trazer perdas na produção global de alide controlar o mato que compete com a lavoura de alimentos de até mentos de até U$95 bilhões, enquanto os danos sem prejudicar as plantas de milho, conforme U$95 bilhões causados por doenças e insetos chegam a U$85 estudos realizados por importantes entidades de bilhões e U$46 bilhões, respectivamente. pesquisa do Brasil. Sua ação ocorre rapidamente, Atenta a esta tendência, a Bayer CropScience com apenas uma aplicação. Herbicida de alta perlança o Muito Mais Manejo, conceito desenvolvido pela empresa formance, o produto é sistêmico e controla, em pós-emergência, e que tem como objetivo levar aos agricultores informações sobre folhas estreitas e folhas largas. O Soberan pode ainda ser utilizado práticas agrícolas que auxiliem na tomada de decisão do melhor em qualquer tipo de milho grão, incluindo os cultivares de milho manejo a ser realizado, evitando que a resistência se instale e haja para pipoca, doce e ceroso. perdas econômicas. Hussar é um herbicida recomendado para o controle de “A Bayer CropScience acredita que o manejo integrado de plantas daninhas que comprometem a produtividade das lavouras, plantas daninhas não está baseado apenas no controle da planta pois competem diretamente com a planta de trigo por água, luz daninha resistente já instalada, mas diz respeito também à inte- e nutrientes. O maior diferencial do Hussar é o controle tanto de gração de diferentes práticas que, de forma conjunta, ajudam a folhas largas quanto estreitas. Isso diminui o mato que compete reduzir a competitividade das plantas daninhas e limitam sua dis- com a planta de trigo e, como consequência, viabiliza que a lavoura seminação”, diz Alessandra Fajardo, gerente de produto herbicidas se desenvolva melhor e produza mais. da Bayer CropScience. Tecnologia LibertyLink - nova variedade de sementes de A empresa oferece um portfólio de herbicidas que inclui solu- algodão, que chegou para revolucionar o controle de plantas danições para diversas culturas e com diferentes modos de ação. “Dentro nhas na cultura algodoeira, sendo uma importante ferramenta para do Muito Mais Manejo recomendamos a rotação de culturas e de os cotonicultores brasileiros que podem obter uma fibra de mais herbicidas, medidas que ajudam a diminuir a resistência das plantas qualidade com o melhor manejo das plantas daninhas e dificultam a daninhas”, completa Alessandra. colheita de uma pluma mais limpa. O Algodão LibertyLink permite o uso seletivo de herbicida à base de glufosinato de amônio para Soluções Bayer CropScience o controle de plantas daninhas, que compromete a qualidade de Finale é um herbicida altamente eficaz no controle de plantas pluma e a produtividade da lavoura por competir com a planta de daninhas, inclusive no sistema de plantio direto. É aplicado na algodão por espaço, luz, água e nutrientes.
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masterpen - Correias transportadoras, elevadoras e laminadas Em 1967, Wilfredo de Carvalho Baía inicia em Belo Horizonte a Casa das Correias. Em 1968 dá início à parceria com a Gates, importante fabricante mundial de correias, que em 1994 encerra a produção da sua linha de Correias Transportadoras, sendo a mesma adquirida pelo Sr. Wilfredo. Assim, nasce a Masterpen Ind. e Com. Ltda, totalmente voltada para a indústria de Correias Transportadoras, mantendo a consagrada tecnologia e qualidade Gates. Hoje a Masterpen é uma das maiores empresas do Brasil no segmento e mantém em sua linha de produção Correias Transportadoras, Elevadoras e Planas
(laminadas), fornecendo em todo país aos setores agícola, mineração, siderurgia, portuário, cimenteiro, açucareiro e nas diversas atividades que necessitam do transporte de materiais leves e pesados.
www.masterpen.com.br (11) 2088-5980 masterpen@masterpen.com.br
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TUBONIL – DESDE 2006 A Tubonil está no mercado desde 2006. Trata-se de uma empresa nova, mas com profissionais com muitos anos de experiência no mercado de tubos de aço carbono sem costura e com costura, de pequenos e grandes diâmetros. O comercializa também a linha de Tubos Especiais de 12” a 24” SCH 40 A SCH 160, Tubos Mecânicos ST52 de 50,00mm a 650,00mm paredes grossas, padrão e fora de padrão. Localizada no município de Guarulhos – SP, numa área de 2.500m2, tem instalações modernas e funcionais que lhe permitem atender, com alto nível de qualidade, todas as demandas de seus clientes e fornecedores em todo o Brasil.
Acesse o portal:
A maior preocupação da empresa é com a satisfação de seus clientes e com o cumprimento qualitativo de suas atividades: assim, dedica-se à melhoria contínua de seus produtos e serviços. Tudo isso faz da Tubonil mais que um distribuidor de tubos de aço, um parceiro de negócios preocupado em atender seus clientes de forma diferenciada, orientando e prestando suporte técnico.
Tubonil Comercial de Tubos de Aço Ltda. Fone/Fax: (11) 2406-7494 www.tubonil.com.br • vendas@tubonil.com.br
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tudo para elevação, movimentação e amarração de cargas A Acro é um grupo de empresas com sede em São Paulo que atua oferecendo soluções e projetos de elevação, amarração e movimentação de cargas. Conta com uma linha completa de cabos de aço, plastificação de cabos, acessórios, laços, correntes, cordas, cabos navais e cintas de poliéster. Esses produtos são distribuídos através de uma rede que compreende a matriz e mais 5 empresas do grupo. Dentro de sua estratégia de constante crescimento, em junho de 2009, a Acro abriu uma nova filial em Santa Catarina, atendendo aos
principais portos e empresas da região. Dando continuidade ao seu plano de expansão, desde abril de 2010 a Acro conta com uma nova filial em São Paulo, localizada no bairro Parque Novo Mundo, com amplas instalações e uma gama cada vez maior de produtos e serviços, sempre com o objetivo de atender seus clientes e parceiros com mais rapidez e eficiência.
www.acrocabo.com.br Fone: (11) 3299-5400 Rua Nilton Coelho de Andrade, 1326 - SP
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índice de anunciantes
123 Achei.......................................................................... 74 ABC Imper......................................................................... 72 ACMW Indústria e Comércio............................................ 25 Aço Forte........................................................................... 69 Acro Cabos de Aço Indústria e Comércio.................19/78 Aguiafix Comércio de Fixadores e Ferramentas............ 33 Ambitrat............................................................................. 37 AMVA Engenharia Elétrica............................................... 72 Anglo Americana Comercial de Ferro e Aço.................. 6 Beerre Assessoria Empresarial........................................ 78 BGL - Bertoloto & Grotta.................................................. 35 Br Tubos e Conexões........................................................ 77 Ciesp................................................................................... 38 Comissária de Despachos Montrial................................. 69 D & D Manufatureira........................................................ 51 Damol Indústria e Comércio de Molas........................... 78 De Carlo Usinagem e Componentes............................... 49 Dosaq Bombas Dosadora de Diafragma........................ 26 Eleko Parafusos................................................................. 59 Epil...............................................................................80/81 Ferraço Indústria e Comércio........................................... 60 Foxwall.............................................................................. 14 Furoexpress Com Chapas Perfuradas......................4ª Capa Guia Empresarial............................................................... 79 Hipeferaço Ferro & Aço para Construção....................... 49 Império dos Metais Comercial........................................ 76
Lamiflex do Brasil............................................................. 59 Lapefer Comércio e Indústria de Laminados................. 76 Limaq Máquinas e Equipamentos................................... 76 Masterpen Indústria e Comércio...............................61/76 MBA Ferro e Aço............................................................... 71 MercoSul Refratários........................................................ 78 Metalúrgica Superflex...................................................... 66 Miranda Lynch & Kneblewski.......................................... 60 MSA do Brasil.................................................................... 15 Mudras Comercial e Industrial......................................... 78 Novoaço Especial.............................................................. 68 Ox-Fer Ind e Com de Ferro e Aço................................... 70 Pampas Palace Hotel....................................................... 76 Partel Parafusos................................................................ 58 Pekon Condutores Elétricos Ind e Com........................... 19 Polifix Autoadesivos......................................................... 70 Renowa Serviços & Tecnologia....................................... 65 Repuchotec........................................................................ 58 Rivavi Com. e Usinagem.................................................. 77 Ronemak Máquinas Operatrizes..................................... 73 Rukava Assembley System ....................................2ª Capa S&N Eventos Promoções e Turismo................................ 73 Sesi-SP e Senai/SP........................................................... 47 Super Finishing do Brasil Coml........................................ 50 Tubonasa Aços.................................................................. 68 Tubonil Comercial de Tubos de Aço.........31/77/3ª Capa