Revista U Nº30

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A REVISTA SEMANAL D´A UNIÃO

www.auniao.com

Estudo: repatriados açorianos ANGRA A PERDER HABITANTES PÁG. 04

edição 34.866 · U 30 · 08 de outubro de 2012 · preço capa 1,00 € (iva incluído)


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E-mail: clipraia@gmail.com • Telefone: 295 540 910 • Fax: 295 540 919

Área Clínica Análises Clinicas Anestesiologia Cardiologia Cirurgia Geral

Médicos Laboratório Dr. Adelino Noronha Dr. Pedro Carreiro Dr. Vergílio Schneider Dr. Rui Bettencourt

Cirurgia Vascular

Dr. Fernando Oliveira

Cirurgia Plástica

Dr. António Nunes

Clínica Geral

Medicina Dentária

Dermatologia Endocrinologia Fisiatria Gastroenterologia

Ginecologia/Obstetícia

Medicina Interna Medicina do Trabalho Nefrologia Neurocirurgia Neurologia Neuropediatria Nutricionismo Otorrinolaringologia Pediatria

Dr. Domingos Cunha Dr.ª Ana Fanha Dr.ª Joana Ribeiro Dr.ª Rita Carvalho Dr. Rui Soares Dr.ª Lurdes Matos Dr.ª Isabel Sousa Dr.ª Ana Santos Dr. José Renato Pereira Dr.ª Paula Neves Drª Paula Bettencourt Drª Helena Lima DrªAna Fonseca Dr. Lúcio Borges Dr. Miguel Santos Dr.ª Cristiane Couto Dr. Eduardo Pacheco Dr. Cidálio Cruz Dr. Rui Mota Dr. Fernando Fagundes Dr.ª Andreia Aguiar Dr. João Martins Dr. Rocha Lourenço Dr.ª Paula Gonçalves

Doenças de Crianças

Dr.ª Patrícia Galo

Pneumologia

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Podologia

Drª Patrícia Gomes

Psicologia

Dr.ª Susana Alves Dr.ª Teresa Vaz Dr.ª Dora Dias

Psiquiatria

Dr.ª Fernanda Rosa

Imagiologia (TAC/ECOGRAFIA/Ressonância Magnética) Neuroradiologia (TAC/Ressonância Magnética)

Dr.ª Ana Ribeiro Dr. Miguel Lima Dr. Jorge Brito Dr.ª Rosa Cruz

Reumatologia

Dr. Luis Mauricio

Terapia da Fala

Dr.ª Ana Nunes Dr.ª Ivania Pires

Urologia

Dr. Fragoso Rebimbas


EDITORIAL / SUMÁRIO

Sem casa a que regressar TEXTO / Marco de Bettencourt Gomes | director@auniao.com

Se é difícil ser filho não o é menos ser pai ou mãe. O debate está aberto e os pensadores da educação tentam analisar para compreender as transformações de que têm dado nos últimos 50 anos na instituição familiar. Ter que sair do país e emigrar para novas paradas em busca de um presente com futuro foi um cenário que marcou uma nova trajectória no rumo do nosso país, de uma forma particularmente acentuada nos açorianos. Ter que ir estudar “para fora” após a conclusão do ensino secundário de certa forma continua a desenraizar os jovens do arquipélago. A redução do número de filhos por casal e a família nuclear deixar de incluir a figura dos avós são outros factores que certamente alteram a socialização e a percepção do mundo por parte dos jovens. Ter que viver numa terra estranha conduz a uma de duas vias: a da integração por assimilação ou a marginalidade por agressão. A deportação traz consigo o drama da identidade. Ter duas pátrias é pior do que não ter nenhuma. Vemos adultos grandes no corpo mas infantilizados e débeis no pensamento. Adultos que recusam ser adultos e por isso agarram-se com unhas e dentes à segurança que lhes dá a figura paterna e ao afecto que os apazigua a figura materna. A identidade passa por assumir papeis e os modelos disponíveis não são a isso indiferentes. Um cidadão sem pátria e sem mátria é um náufrago.

SUMÁRIO 05

tempo parado

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que mundo estamos a criar?

helsínquia

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francesco de gregori

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portugal

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limites

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fritar é com óleo

a propósito de gente

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arte africana no museu carlos machado

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porque não comer melhor?

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o poder do teatro

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samacaio

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música na biblioteca

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nunca acredites num deus em ruinas

NA CAPA... pág. 16

Conhecer melhor a realidade da deportação nos Açores. Esta foi o principal objectivo do estudo “Emigrantes Deportados nos Açores”, recentemente apresentado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores. A U esteve à conversa com Gilberta Rocha, um dos elementos responsáveis, que nos revelou os contornos do trabalho desenvolvidos e as suas primordiais conclusões. 08 outubro 2012 / 03

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REVISÃO

decréscimo em relação a 1996

ANGRA A PERDER HABITANTES Angra do Heroísmo registou uma perda, descendo de 35075 habitantes em 1996 para 34858 em 2010 Em década e meia a população dos Açores aumentou em oito mil habitantes, mas as duas maiores cidades, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo, perderam população. Entre 1996 e 2010 a população da Região Autónoma dos Açores aumentou de 237789 (117266 homens e 120523 mulheres) para 245811 habitantes, dos quais 121969 homens e 123641 mulheres, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). A tendência de crescimento não se verificou entre 1997 e 2000, anos em que a população decresceu de 237473 para 237028 habitantes. Ponta Delgada, com 63 709 habitantes (31040 homens e 32699 mulheres) era, em 2010, a cidade com maior população, mas registando um decréscimo em relação a 1996, data em que somava 64 028 habitantes, dos quais 31 117 homens e 32851 mulheres. Angra do Heroísmo, o segundo concelho em população, registou igualmente uma perda, descendo de 35075 habitantes em 1996 para 34858 em 2010. A tendência de descida afectou ainda os concelhos de Calheta que, no mesmo período, perdeu 473 habitantes, Lajes do Pico (587), Povoação (56) e Vila do Porto (156). Ribeira Grande, o terceiro maior concelho da Região Autónoma dos Açores, lidera por seu lado, a lista das cidades cuja população cresceu. Os 27684 moradores do concelho, em

1996, ascenderam, em 2010, a 31 608 (assinalando um crescimento de 3924 habitantes). Lagoa, que em 2010 somava mais 2475 habitantes que em 1996, ocupa o segundo lugar na lista de concelhos em crescimento, seguida de Horta (mais 1246), Vila Praia da Vitória (834), Madalena (498), S. Roque do Pico (305), Santa Cruz das Flores (236), Santa Cruz da Graciosa (131), Corvo e Vila Franca do Campo (ambos com 112), Nordeste (42), Vela (25) e finalmente Lages da Flores com apenas mais oito pessoas. Proporcionalmente a subida mais significativa registou-se no Corvo, onde a população aumentou de 395 habitantes (em 1996) para 507 (em 2010). Já em Lages das Flores, apesar do aumento, a tendência foi de diminuição populacional entre 1997 e 2001. Nos anos seguintes o número de habitantes voltou a aumentar, com excepção de 2004 (em que perde um habitante). Dos 18 concelhos da Região Autónoma dos Açores, dez (Corvo, Horta, Lagoa, Lages das Flores, Lajes do Pico, Madalena, Ribeira Grande, São Roque do Pico, Velas e Vila Franca do Campo) têm mais homens que mulheres. De acordo com os resultados dos Censo 2001 a densidade populacional no arquipélago formado por nove ilhas era de 104,12 habitantes por km2, enquanto no continente era de 110,84 e no país 112,38. Em 2011, os resultados provisórios dos Censos davam nota de um aumento da

angra registou perda

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REVISÃO

densidade populacional que nos Açores ascendeu a 106,3 habitantes por km2, quando no continente o valor era de 112,8 e no país 114,5. MENOS DE 500 HABITANTES Mosteiro, com 43 habitantes, é a mais pequena freguesia dos Açores, um território onde das 156 freguesias trinta não chegam aos 500 moradores e apenas duas somam mais de dez mil, segundo os Censos 2011. Dos 19 concelhos em que se dividem as nove ilhas do arquipélago dos Açores que têm eleições para o Parlamento Regional a 14 de Outubro, 12 (Vila do Porto, Lagoa, Nordeste, Povoação, Ribeira Grande, Angra do Heroísmo, Lajes do Pico, São Roque do Pico, Horta, Lajes das Flores, Santa Cruz das Flores e Corvo) têm freguesias com menos de 500 habitantes. Lages das Flores, na Ilha das Flores, é concelho com mais freguesias desta dimensão (seis), entre as quais as mais pequenas do arquipélago, como Mosteiro (43 habitantes), Fajãzinha (76), Lajedo (93), Fajã Grande (202), Lomba (206) e Fazenda (257). Na mesma ilha, no concelho vizinho de Santa Cruz das Flores, mais três freguesias não ultrapassam os 500 habitantes: Caveira (77), Cedros (128) e Ponta Delgada (359). Nordeste, na Ilha de S. Miguel, é o segundo concelho com mais freguesias de idêntica dimensão, entre as quais Achada (436 habitantes), Salga (488), Santana (475), Algarvia (290) e Santo António de Nordestino (273).

MOSTEIRO, COM 43 HABITANTES, É A MAIS PEQUENA FREGUESIA DOS AÇORES, UM TERRITÓRIO ONDE DAS 156 FREGUESIAS TRINTA NÃO CHEGAM AOS 500 MORADORES

ANGRA E A SENSAÇÃO do TEMPO PARADO TEXTO / João Rocha / jrocha@auniao.com

falta de movimento nas ruas

RUAS DESPIDAS DE GENTE, LOJAS COMERCIAIS ÀS MOSCAS

Fora da ilha Terceira há cerca de uma década, um antigo colega de lides jornalísticas comentava recentemente que ficou surpreendido com a evolução registada na Praia da Vitória, ao mesmo tempo que fez transparecer evidente desolação por Angra do Heroísmo (sua cidade natal) dar mostras de “estar parada no tempo”. Actualizando diariamente a sua visita no Facebook, deu conta que alguns dos amigos perguntaram se Angra do Heroísmo “não teria pessoas” face à falta de movimento nas principais artérias visível nas fotos que publicou na rede social. Se o amorfismo citadino já é visível na Internet, mais fácil é detectá-lo por todas as pessoas que percorrem o burgo diariamente. Ruas despidas de gente, lojas comerciais às moscas e calçadas a causar tormentos representam algumas marcas do cenário tristonho que envolve Angra do Heroísmo. A mui nobre cidade, outrora conhecida pelo palpitar social e cultural, parece que se descaracterizou totalmente, perdendo literalmente a alma. E, pior do que tudo, é a imagem de que quase ninguém se importa com a decadência.

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OPINIÃO

Genuína vontade popular ou condicionamento político? TEXTO / Carmo Rodeia

O Governo Regional da Catalunha acaba de desafiar o governo central de Madrid, ao convocar eleições antecipadas para legitimar uma possível secessão da Espanha. Artur Mas, Presidente da Generalitat, conseguiu que o Parlamento antecipasse as eleições regionais para o dia 25 de Novembro. Na resolução aprovada, sublinha-se que o parlamento catalão constata a “necessidade de que o povo da Catalunha possa determinar livre e democraticamente o seu futuro coletivo, e exorta o governo local a promover uma consulta popular dentro da próxima legislatura”. As sondagens, para já, não são conclusivas. No fim de semana, os vários estudos de opinião realizados por jornais nacionais, como o El País ou La Vanguardia (catalão) davam números diferentes, mas todos no sentido da vitória do sim à independência. A crise espanhola, traduzida como cá, no aumento do desemprego, na perda de poder de compra, no aumento dos impostos e no acentuar das clivagens sociais, fez renascer o clamor separatista espanhol, sem que se saiba ao certo onde e como irá terminar. A situação é de tal forma preocupante que o Rei Juan Carlos, no renovado site da Casa Real espanhola e numa atitude inusitada, escreveu que no meio desta crise “o pior que se pode fazer é dividir forças, incentivar discussões, perseguir quimeras, aprofundar feridas”. O rei sabe o quanto custou unir a Espanha. A Catalunha, tal como o País Basco, sempre lutaram para conseguir a independência. A história destas duas regiões, com uma língua e cultura muito arreigadas, legitimou sempre os discursos mais inflamados que, o bom senso de alguns políticos, conseguiu esfriar com sucesso. Até mesmo quando, no plano económico a Catalunha, deu sempre mais do que recebeu. É responsável por cerca de 18% do PIB espanhol, é uma das mais ricas e o Estado nunca lhe devolveu algumas das suas receitas fiscais. A crise veio por a nu estas contradições e recuperou velhos fantasmas, que vão para além da Catalunha. Portugal deveria acompanhar com atenção o curso dos acontecimentos. A democracia infelizmente não é um gene que nasça com o homem. Tal como todos os sistemas tem de ser acarinhado e justificado. Sempre!

Que Mundo Estamos a criar? TEXTO / P. Dennis Clark*

Uma jovem mãe estava a ter um dos piores dias da sua vida. O marido havia perdido o emprego; o esquentador tinha explodido; o carteiro trouxe um monte de contas que ela não podia pagar; o seu cabelo estava péssimo e sentia-se gorda e feia. Estava quase no ponto de rutura quando levantou o seu filho de um ano e o sentou na cadeira de bebé, apoiou a cabeça no tabuleiro e começou a chorar. Sem um murmúrio, a criança tirou a chucha da sua boca... e carinhosamente colocou-a na dela! Compaixão: Ele desconhecia a palavra mas o seu coração conhecia a necessidade. E deu o que tinha. Nós somos, de tantas maneiras, os artífices dos mundos dos outros. Minuto após minuto criamos o mini-mundo em que vivemos juntos. E na maior parte das vezes nem sequer pressentimos como é enorme a nossa capacidade de levar alegria ou tristeza, cura ou dor aos outros. Por exemplo, quando participamos na missa estamos a criar um breve e pequeno mundo. Outras pessoas, cujos nomes nem sequer conhecemos, prepararam o espaço para nós: limparam o pó e varreram, arranjaram e colocaram flores, ensaiaram os cânticos. Agora é a nossa vez de fazer da celebração um espaço calmo, pacífico e acolhedor, um espaço onde podemos ajudar os outros

a experimentar a presença amorosa de Deus, a sua força, o seu conforto e apoio. Fazemos isso de inúmeras maneiras: o modo como entramos e saímos, o modo como cantamos e rezamos em conjunto, o modo como damos espaço uns aos outros, o modo como fazemos silêncio uns para os outros. São muitas as maneiras como criamos ou destruímos algo admirável. Toda a nossa vida é assim: desde o momento em que abrimos os nossos olhos pela manhã até quando os fechamos à noite, temos o poder de criar e o poder de destruir, o poder de dar os nossos dons – grandes e pequenos – e o poder de os recusar. Provavelmente nenhum de nós encontrará alguma vez um homem a morrer na berma da estrada. E a maior parte de nós raramente será chamada a fazer um sacrifício realmente significativo por outra pessoa. Mas todos nós iremos encontrar milhares de pessoas cujas vidas podemos tornar um pouco mais ricas, um pouco mais felizes porque estávamos lá e porque demos o que tínhamos – tal como aquela criança deu a sua chucha. A cada momento cada um de nós tem alguma coisa a dar, alguma coisa que é precisa. Dá-la-emos? Temos de dar, simplesmente porque dar os nossos dons é a única maneira possível de encontrar a felicidade. A vida não é um desporto de bancada! Dar os nossos dons – todos eles, todos os dias – é a única maneira de realizar a nossa vida, a única maneira de crescermos à imagem e semelhança de Deus. * In Catholic Exchange Trad. e adapt.: rm da Secretariado Nacional da NPC

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FERRAMENTAS

Fritar é com óleo TEXTO / Paulo Brasil Pereira

Fritadeira sem óleo não convence

Surgiram há cerca de um ano as famosas fritadeiras “sem óleo”. Deu-me curiosidade esta maquineta, pois, supostamente o que nos fará mal, agora passaria a não fazer. Para além de menos óleo (para batatas fritas pedem uma colher de óleo), também tem menos sabor. As batatas não ficam crocantes, ficam queimadas por fora e moles por dentro. Segundo os provadores, o sabor é desagradável, parecendo cruas. As congeladas ficam muito pálidas e o paladar classificado de “mau”. A explicação pode estar na insuficiente distribuição da temperatura. Estas fritadeiras aceleram o ar quente a uma velocidade turbo, gerando um vórtice de calor que se choca contra os

alimentos, fritando e assando mais rápido, sem cheiro, sem fumaça e sem usar óleo!? Mas com acrimalida, uma substância encontrada pela proteste, que a partir de certos valores (como foi o caso) são altamente cancerígenos. Em termos de consumos, gasta mais 25% de energia do que a fritadeira tradicional. A marca de eleição desta fritadeira é a Philips, que nos pede 219 euros. Já uma convencional pode custar a partir de 29,90 euros. Sempre ouvi dizer: “Com a comida não se brinca”. Nada como umas batatas caseiras, com óleo a altas temperaturas para as tornar crocantes e saborosas depois de uma generosa pitada de sal. Faz mal, mas alegra! Ao menos faz-nos esquecer a crise.

GADGETS DA SEMANA LEGENDA \\\ 01// relógio batata - 6,74€ 02// máquina de cortar batatas - 13,99€ 03// fritadeira electronia 29,90€

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CIÊNCIA / OPINIÃO

25% dos diabéticos propensos ao pé diabético

PÉ DIABÉTICO A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crónica cada vez mais frequente na nossa sociedade. Esta patologia é caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue (hiperglicémia) e deve-se em alguns casos à insuficiente produção de insulina (tipo 1) noutros à insuficiente ação da insulina (tipo 2). No ano de 2010, a prevalência da Diabetes na população portuguesa é de 12,4 %. Uma das complicações mais graves da DM é o Pé Diabético. É estimado que cerca de 25% das pessoas com diabetes tenham condições favoráveis ao aparecimento de lesões nos pés. As lesões do pé diabético surgem da insensibilidade provocada pela neuropatia sensitivomotora e/ou da isquemia provocada pelas lesões de aterosclerose no membro inferior. Ao ser atingida, de forma preferencial, uma destas duas estruturas, nervos ou vasos, irá condicionar o aparecimento de um pé neuropático ou de um pé neuroisquémico. O risco que um paciente com DM tem de desenvolver uma úlcera no pé ao longo da sua vida, situa-se por volta dos 15%. Existe uma forte relação entre aparecimento da úlcera e o risco de amputação, sendo que em 85% dos casos, as amputações em diabéticos são precedidas da úlcera. É estimado que em Portugal ocorram 1600 amputações/ano não traumáticas, sendo que 50 a 85% destas podiam ser

TEXTO / Clínica Médica da Praia da Vitória

evitadas. Consequentemente, 50% dos pacientes amputados de uma das extremidades apresentam complicações no pé contralateral ao fim de 2 anos, e existe 50% de possibilidade de uma nova amputação entre 3-5 anos seguintes. Estas complicações podem ser adiadas ou prevenidas, através de uma boa educação ao doente diabético. O paciente com pé diabético deve: Lavar diariamente os pés com água morna e de preferência com sabonete neutro; Secar bem os pés, especialmente entre os dedos (deixando absorver e não fazendo fricção) se possível com uma toalha macia e branca; O corte das unhas deve ser de forma reta, não demasiado curtas e de preferência com alicate de unhas ou lima de cartão; Examinar diariamente os pés ou pedir a alguém que o faça; Se tiver calos, calosidades NUNCA usar calicida; Recorrer a um profissional de saúde sempre que tenha uma ferida ou alguma alteração no pé; Hidratar diariamente os pés, de preferência com creme para o pé diabético; Nunca aplicar creme entre os dedos; É aconselhado o uso de sapatos confortáveis e adequados a cada actividade; O calçado deve manter-se limpo e arejado; Nunca andar descalço; Usar sempre meias folgadas, limpas e de preferência de algodão. Para a prevenção e bem-estar dos seus pés consulte um Podologista.

A Propósito de Gente TEXTO / Fernando Aires*

Cada vez mais embirro com as “senhoras da catequese”. Por senhoras da catequese não se deve entender aqui, propriamente, as senhoras da catequese, mas todas aquelas pessoas (senhoras e senhores) cheias de princípios e de frases colhidas nas leituras aconselháveis. Penso: Às vezes são pessoas bem intencionadas. E mal penso isto, logo 08 outubro 2012 / 08


MONTRA / OPINIÃO

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digo para mim que são criaturas elementares e presumidas que usam no carro um macaquinho de peluche dependurado do pára-brisas por um ganchinho metálico. Não gosto de gente que usa no automóvel, dependurado do pára-brisas, um macaquinho de peluche. Se me perguntarem porque é, não sei responder. A verdade é que não gosto. Talvez porque são esses que trazem no carro dois faróis a mais (às vezes três) que fazem um espalhafato de luz pelas estradas. Não gosto dessa gente. Imagino que lá em casa têm coisas com cromados

nas escadas. E refegos dourados nos móveis da sala de visitas. E quadros horríveis pelas paredes. Também imagino que as senhoras dessa gente, à noite, espalham no quarto insuportável cheiro a cosméticos que vai fazer murchar as violetas. Embirro com essa gente por tudo isto – ou talvez não principalmente por causa disto, mas porque têm a pretensão de cultivar a virtude sem saber o que é virtuoso. - E o que é ser virtuoso?

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* “Histórias do Entardecer”


CIÊNCIA

Arte Africana no Museu Carlos Machado TEXTO / Wellington Nascimento FOTO / Museu Carlos Machado

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Em 1893 o Museu Carlos Machado incorporou à sua Coleção um conjunto de artefatos africanos doados pelo 2° Conde de Fonte Bela, Jacinto da Silveira Gago da Câmara. Esses artefatos originalmente pertenciam ao Contra-Almirante Pedro Carlos de Aguiar Craveiro Lopes (Capitão do Porto de Ponta Delgada entre 1886 e 1888). Após a sua morte a Sr.ª Mariana Ambar, viúva do Contra-Almirante, vendeu o espólio por um conto de reis ao 2º Conde de Fonte Bela. A Coleção é um acervo unitário e fechado, com cerca de 600 peças, de diversas etnias e localidades da África. A Coleção é composta de estatuetas, máscaras, armas, instrumentos musicais, encostos de cabeça, etc., sendo mais comuns as peças de madeira e metal. Pouco mais se sabe sobre a Coleção e a gênese de sua formação, e até a data da incorporação da Coleção no acervo do Museu Carlos Machado também é imprecisa, constando apenas o primeiro registo da sua catalogação, em 20 de abril de 1893, da responsabilidade do Sr. Manoel Antonio de Vasconcelos, preparador do Museu nesse período. A par destas informações decidi em 2011 pôr em prática um Projeto de Doutoramento com a finalidade de investigar a Coleção de Arte Africana do MCM, este projeto

É necessário o estudo, dinamização e divulgação da Coleção de Arte Africana conta com a participação e apoio do MCM, do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso da Universidade dos Açores e do Fundo Regional da Ciência e Tecnologia. Sob a orientação científica da Professora Doutora Manuela Cantinho - Curadora do Museu Etnográfico da Sociedade de Geografia de Lisboa e do Professor Doutor Paulo Simões da Universidade de Évora, este Projeto de Doutoramento tem como principal objetivo resgatar a dignidade inicial da Coleção através de um estudo profundo e minucioso que possibilitará responder questões relevantes para a compreensão e contextualização da Coleção. Contando já com 119 anos de presença no acervo do Museu Carlos Machado o estudo, dinamização e divulgação da Coleção de Arte Africana constituem uma necessidade, por se revestir de inegável interesse científico e cultural para a Região Autónoma dos Açores, para a sua salvaguarda e para aprofundar o conhecimento sobre o Património Regional.


MESA

A Causa das Coisas: Porque não comer melhor?

TEXTO / Joaquim Neves

… muitos dos produtos frescos só mesmo para porcos…

Enlatados, desde sempre morte lenta

Se considerarmos que existem 80.000 alimentos conhecidos disponíveis a toda a humanidade, dos quais a Europa goza de uns míseros 2.500 tipos diferentes, quantos tipos de alimentos diferentes ingerimos por semana? Pão, massas em geral do trigo uns flocos de cevada. Batata, arroz, feijão. Ovo, nas massas e maionese. Carne, que seja de vaca, porco e frango, peixe. Legumes, cenoura, couve e lombardas, cebola, tomate, curgete, alface. Os molhos de compra tipo ketchup e outros tipos de bases compradas com amidos de milho e soja. Na tentativa de alimentação saudável, talvez mais uns nabos, couve rocha, batata-doce, pimentos, salsa. Café, alguns chás de ervas. Leite e derivados ultrapasteurizados. Frutas que não passam de meia dúzia. Por vezes algumas nozes, amêndoas, coco, amendoim, embrulhadas e confeccionados em doces, muito açúcar. Azeite e óleos de base vegetal como soja, girassol. Especiarias. Talvez uns 10 a 15? Com isto tudo dá para combinar e recombinar. Pouco mais é introduzido na alimentação quotidiana. Legumes frescos, do que tenho visto nos supermercados e oferta dos fornecedores, é francamente vergonhoso. Numa volta pela ilha e mer-

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MESA

cados e principais “superes”, muitos dos produtos frescos só mesmo para porcos, francamente vergonhoso, velhos, enrugados, sem frescura na maior parte das vezes, importados do Continente, Espanha e confins do mundo. Empestados por produção intensiva com hormonas de sabor, pesticidas, tudo dentro da lei. Oferecidos a preços exorbitantes. Pacotes de congelados, ou enlatados, que perdem muito do sabor e valor nutritivo. Pouco mais que a alface, tomate medíocre, curgetes já meio podres no mercado, é produzida na ilha. Ervas aromáticas? Nem sabem bem o que é. Se formos dar o exemplo dos Corvinos até a salsa mandam vir das Flores. Para um povo que vive em festas, que gosta de comer, e comer bem, não admira que acabem doentes, diabéticos e com problemas oncológicos. Quem paga a gula de quem não sabe fechar a boca? Todos nós. Não admira que os hospitais estejam falidos. Depois ainda se exige que se seja tratado porque se descontou uma vida, mas esquece-se que se comeu para ficar doente uma vida também, que não paga um tratamento. Quer continuar a pagar essa factura, mais as margens de lucro e de transporte dos intervenientes? Quanto aos restaurantes, mesmo dos poucos que há, que se aventuram a originalidade, servem para os residentes. Mas turistas que querem provar iguarias locais, gostam razoavelmente, mas cansam-se de ser sempre o mesmo, onde só varia a maneira de fazer com as mesmas coisas. A ilha da Madeira por comparação envergonhanos com mérito. Sentem que a qualidade deixa a desejar. Come-se melhor no Brasil profundo, em África pobre ou na Ásia em geral. Responsabilidade? Alguém prefere que seja assim, preferível importar, ganham as farmacêuticas, indústrias químicas, todos os que não se importam a não ser com o lucro. Culpados? Todos nós. Conclusão, comer em restaurantes em média é francamente medíocre. Em casa ainda é razoável. Safa-se quem minimamente esclarecido produz para si. Somos o que comemos, e estamos tão doentes quanto a nação.

Congelados, cozidos

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pelo gelo, quer?

Receita

Cozinhar para ter Cancro ou ficar doente.

Ingredientes recomendados: Bisfenol, encontra em 99% dos enlatados Legumes e fruta à vontade em quase todos os produtos agrícolas de cultivo intensivo, mas evite, pode haver um ou outro aceitável e pode ser quase saudável. “E”´s é uma festa esteja atento: E-310 – Galato de propilo, E – 320BHA, E-321-BHT, E-952 – ácido ciclâmico, E-954 - sacarina, E –123 – Amaranto, E-250 – Nitrato de sódio, E – 251- nitrato de sódio , E-252- Nitrato de potássio, E-407- Carragenina. O corante muito cancerígeno Sudan 1. Ácido benzoico/ Benzoato de sódio. Encontra em: Refrigerantes, cervejas, refrescos, doces e geléias, produtos de frutas, queijo, molhos, margarina e creme vegetal e produtos de confeitaria, molho para salada, petit suisse. Glutamato monossódico encontraos em: Sopa desidratada, mostarda, maionese, molho para salada, batata palha, lasanha congelada, pratos semiprontos, entre outros. Alguns Corantes: Amarelo Crepúsculo, Vermelho 40, Vermelho Bordeaux, Vermelho Ponceau 4R e tartrazina. BHA e BHT São utilizados como antioxidantes, encontra-os em: Maionese, óleo de soja, milho, gira-sol e molho para salada. Nitratos e nitritos: funcionam como conservadores e fixadores de cor. Encontra-os em Presunto, mortadela, salsicha e linguiça industrializados. Carnes e peixes mariscos importados, com antibióticos e metais pesados, escolha produtos asiáticos e alguns norte-americanos. Açúcar, sempre adoça. Para começar… Coma à vontade, resultados em poucos anos. Coragem em pequenas doses todos os dias VOCÊ consegue. Boa sorte!


PALAVRAS

SAMACAIO TEXTO / Eduarda Ferraz*

Samacaio, folião. Embarcou num certo dia Num barco de papelão, Porque outro não havia. Samacaio deu à costa No porto de São Fernando, Em riba dum caranguejo Que ali andava nadando. Samacaio armou a tasca Para o dia de tourada, Com verdelho e molho d’unha Para a favinha escoada. Samacaio foi às lapas Segunda-feira de Bodo. Apanhou vinho de cheiro E com ele pintou-se todo. Samacaio fez o Maio: Pô-lo à porta do palheiro; Depois veio a melra preta, Ali fez o seu ‘linheiro’.

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*Grupo de Bailado Regional Sapateia Açoriana


CONSUMO/OPINIÃO

Buffets: Riscos Parte II TEXTO / ACRA / Angra do Heroísmo

“Há tendência para servir muitos alimentos não cozinhados, ou mal cozinhados, como maioneses, ovos moles, sobremesas com natas, rosbife, etc., o que significa que os microrganismos não foram destruídos pela cozedura. Por outro lado, muitas vezes a comida é preparada com uma grande antecedência para garantir que tudo está pronto a tempo, e exposta na mesa à medida que vai ficando pronta, muitas vezes a descoberto, estando sujeita à contaminação do ambiente. Como grande parte deste tipo de festas se realiza nas al-

turas mais quentes do a n o o u , caso contrário, e m locais bem aquecidos, as bactérias têm a temperatura ideal e o tempo suficiente para se poderem multiplicar. Há ainda um outro fator que não ajuda nada e que contribui para aquilo a que se costuma chamar “contaminação cruzada”. É frequente as pessoas usarem os mesmos talheres para servir diferentes pratos. Existe determinados cuidados que se devem ter para minimizar o risco de uma infeção ou intoxicação alimentar: 1. Deve-se evitar servir carnes mal passadas; 2. Sempre que possível, devem-se utilizar ovos pasteurizados na preparação de alimentos; 3.Os alimentos mais susceptíveis de contaminação devem ser servidos o mais próximo possível do momento de serem consumidos, mantendo-os até lá no frio ou a cerca de 65ºC, que é considerada uma temperatura segura. 4.Caso tenham que ficar expostos durante muito tempo, deve-se garantir que se encontrem refrigerados, ou mantidos a 65ºC, se forem para ser servidos quentes; 5.Deve-se garantir que existem talheres para servir cada um dos pratos, de modo a evitar a contaminação cruzada; 6.A comida deve-se manter coberta até ao momento de ser servida.” ASAE. * Associação de Consumidores da Região Açores

VIAGENS: Ao cerne das coisas XXI

Helsínquia TEXTO / Antonieta Costa * / antonieta_c@hotmail.com

Cidade cem anos mais nova que Angra

Helsínquia pareceu-me, na altura (e fruto de uma daquelas paragens de um ou dois dias), uma cidade fria e escura, incaracterística, embora com aquela escultura de exterior maciça e super realista, comum da União Soviética, que marcou os seus países satélites e/ou vizinhos. Ficámos nos alojamentos universitários que as férias tinham deixado livres, e a pouca luz do sol nunca desapareceu completamente, deixando-nos num lusco-fusco desde o deitar ao levantar. Mas este levantar foi às quatro da manhã, ao ouvirmos correrias nos corredores e vozes agitadas. Viemos então para a rua, para o meio de um cenário esplendoroso: uma aurora boreal! Uma estadia tão curta e tivemos a sorte de ser brindados com esse espectáculo! Nada do que já conheci me deixou uma impressão tão grandiosa, ou melhor, tão cósmica! Nem estrelas cadentes, nem mesmo o Cometa Haley (que vi na Índia, de bordo de um barco, no rio Mandovi), nada me pareceu tão majestoso. E Helsínquia surgiu bem menos sombria quando três horas depois voltámos para a rua. Mas a cidade é cem anos mais nova que Angra! E isso é uma espécie de pecado que um açoriano não perdoa facilmente, pois quando sai está ansioso por ver história… O classicismo novato dos seus edifícios não nos esmaga, não causa emoção nem convence. Não responde àquele imaginário austero, mas majestoso que se julga comum no Norte. Tem vários museus e escolas de arte que formaram no país uma consciência artística notável, mas... então partimos para os fiordes. 08 outubro 2012 / 14


OPINIÃO

Francesco de Gregori TEXTO / Pe. Teodoro Medeiros

Cantor romano dado à crítica social e à reflexão em geral. Cantor de intervenção, poeta popular, trovador do quotidiano da classe operária, filósofo armado da sua guitarra acústica e das palavras dirigidas ao mundo. Em suma, uma pérola rara no meio de tanta música que se faz para consumo imediato. É também admirador de Bob Dylan (não o são todos?) mas consegue ter um timbre mais comercial. E Dylan, infelizmente, perdeu mesmo a voz nos últimos anos (eu sei, sempre foi um caso aparte mas agora é notória a degradação das cordas vocais; os textos continuam muito bons). O som deste italiano também é bastante anglo-saxónico; aquela mistura de rock, blues e derivativos com direito a pianos e harmónica. Do cardápio consta também a guitarra slide, ingrediente maior do Country. Não por acaso, estes senhores não são muito novos mas rodeiam-se de músicos jovens e inventivos (não por acaso, ambos gostam de usar chapéu!).

País de terra e de fumo País de filhos de mulheres da rua Onde se roubas ninguém morre e o crime compensa Há um desenho de giz no chão e gente que observa Alguém acusa alguém mas só o viu passar E ninguém se lembra da cara do carniceiro é uma recordação desagradável E fica só o risco do giz na terra mas não há um culpado País de açúcar, terra de mel País de água e de grão País de crescimento em tempo real e planos urbanísticos debaixo do vulcão País de ricos e exuberantes E impostos pagos pelos pobres e pão que cresce nas árvores E carros em fila ao sol

Tempo real

País de bancos, de comboios de aviões e navios que explodem ainda à procura de autores País de homens de um pedaço só Que todos têm preço e nada tem valor

País de terra, terra de cães País de terra e pó País de ovelhas e tubarões E de fogo debaixo das cinzas Nas câmaras do poder a autoridade senta-se à mesa com a anarquia Enquanto o retrato da verdade se desfaz e o verniz sai E o público espera que tudo volte ao normal Que seja só um dado da tecnologia. Sob os olhos da fraternidade a liberdade, como um parafuso, tortura a democracia

País de terra de sal e vales sem mais lágrimas Jardim da Europa, estrela e bota papoilas e víboras e patos Onde foi parar a tua doçura, famosa há muito tempo? Está fechada à chave na tristeza nos buracos negros das tuas cidades Quem sabe se alguma vez existiu ou era fábula? Ou se voltará? Mas se se pudesse nascer outra vez preferia não nascer aqui

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DESTAQUE

Identidade. Ou a falta dela. Um obstáculo e, também, um conceito enredado nas teias das relações sociais e das leis vigentes em dois países tão familiares quanto desconhecidos. Falamos de deportados e o peso que carregam das viagens, filhos de duas pátrias, que, na sua maioria, se perderam na trajectória inicialmente traçada por eles ou por quem os antecedeu. Há histórias por detrás desses homens que vivem com duplo coração. E foram essas mesmas histórias que a Universidade dos Açores foi conhecer através do Centro de Estudos Sociais. Predomina a faixa etária jovem nos deportados vindos para os Açores desde os Estados Unidos da América e Canadá, dois países que, refere, deportaram para os Açores 1175 emigrantes portugueses nos últimos 25 anos Para um melhor entendimento, a U falou com Gilberta Rocha, professora catedrática e um dos elementos responsáveis por este estudo recentemente apresentado em Ponta Delgada.

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TEXTO / Sónia Bettencourt / sonia@auniao.com FOTOS / Centro de estudos sociais e A União / arquivo

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DESTAQUE

U - Qual o grande objectivo do estudo Emigrantes Deportados nos Açores levado a cabo pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores? Gilberta Rocha (GR) – O objetivo base foi conhecer melhor a realidade da deportação, um aspeto relevante dos estudos sobre as migrações nos Açores, sendo que esta é uma das linhas

realizado um estudo, solicitado pelo então Instituto de Acção Social, sobre esta problemática “Repatriados e Integração Social: estudo sociológico na ilha de São Miguel”, com base num inquérito. Desta vez, além da análise da informação constante na base de dados, e com vista ao aprofundamento do fenómeno da deportação optou-

conferência de apresentação

prioritárias de investigação do Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores. Vem, de resto, na sequência de outros estudos que realizámos, como os relativos aos imigrantes e aos emigrantes regressados, ambos disponíveis no site do CES. Acrescese ainda que, por um lado, alguns dos membros têm participado em Encontros Científicos nacionais e internacionais com comunicações (algumas já publicadas) sobre a imigração, emigração e regresso de emigrantes e, por outro, que no âmbito do mestrado em Ciências Sociais, designadamente na sua vertente de “Migrações e Sociedade” já foram realizadas duas teses de mestrado sobre a imigração e uma especificamente sobre a deportação nos Açores. Apesar do muito que há ainda para fazer nos últimos anos tem sido efetuada muita investigação e já possuímos uma boa base de conhecimento sobre os fenómenos migratórios.

se, não por um inquérito, mas sim pela realização de entrevistas, quer aos próprios deportados, como a atores privilegiados, ou seja, a técnicos que com eles trabalham mais diretamente, além de uma recolha na imprensa - o jornal Açoriano Oriental.

U - Que impactos sofrem atualmente os deportados no contexto das mudanças sociais? GR - Se atendermos a um dos aspetos do estudo e que tem a ver com os comportamentos da designada geração um e meio, ou seja, aquela que emigra com idades compreendidas entre os 0 e 15 anos (nas quais cremos que se inserem a maioria dos deportados), as mudanças sociais respeitam, em primeiro lugar, àquelas que viveram nas regiões de acolhimento. Ou seja, no caso desta última geração, contrariamente aos pais (primeira geração) o processo de socialização fez-se, em grande parte, se não na quase totalidade, nesses países, pelo que não adU - Tratou-se de uma actualização de mira que tenham estado mais exposdados ou de uma investigação mais tos aos modos de vida das sociedades profunda das eventualmente realiza- em que cresceram e residiam antes das até então? GR – Não, não foi uma atualização dos dados que, de resto, nunca tinham sido trabalhados, nem sequer estavam organizados de forma a poderem ser o suporte de um estudo. É uma base administrativa que teve de ser organizada com vista à sua utilização para fins científicos. Refiro-me, de modo particular, à base de dados que nos foi facultada pela Direção Regional das Comunidades, fundamental para a caraterização da população deportada. Todavia, já em 1995/1996, quando os deportados começaram a ter alguma visibilidade social, o CES-UA tinha 08 outubro 2012 / 18


da deportação. Este aspeto sobressai igualmente quando chegam aos Açores, cuja sociedade desconhecem, e nem sempre entendem, e não raras vezes não se identificam, nem querem identificar. Um outro aspeto relevante em termos de mudança, mais especificamente de mudança política, ideológica, vertida na legislação sobre a imigração, levanos a correlacionar o aumento de fluxos de deportados que chegaram aos Açores com as alterações legislativas que se têm vindo a verificar nos EUA e Canadá, bem visível no caso dos EUA. U - Existem naturalmente trajectórias desviantes. Quais as que predominam? GR - Não podemos falar em trajetórias desviantes. Apesar de em termos teóricos sabermos que as segundas gerações, bem como a geração um e meio, apresentam níveis de criminalidade superiores aos da primeira geração de emigrantes (não é um caso específico dos Açores, nem de Portugal), estas têm de ser inseridas e devidamente enquadradas nas sociedades em que cresceram e socializaram, o que obriga a um conhecimento aprofundado destas sociedades e não propriamente a uma comparação com as sociedades em que nasceram e para a qual são deportados. No entanto, se pretende saber quais os principais motivos que estiveram na base da ordem de expulsão dos EUA e do Canadá, releva-se a posse, o consumo e o tráfico de estupefacientes; a permanência ilegal e os crimes contra o património. U - Como falar de identidade no caso de deportados? GR - De modo sintético podemos dizer que para muitos é a identidade forjada no país de acolhimento. U - A dada altura o estudo aponta o papel da imprensa neste contexto social. O que costuma estar ou devia estar em evidência? GR - Ainda que a análise da imprensa seja um dos aspetos que pode e deve ser aprofundado, tanto em termos de profundidade, como de extensão, designadamente a outros jornais da região, a imprensa faz voz de alguns estereótipos, embora seja relevante o seu papel na chamada de atenção quando se altera a intensidade dos fluxos de deportação. U - Há estigma hoje em dia acerca de quem vive à força entre duas terras? GR - Não diria assim, mas a diferença ainda é motivo de alguma rejeição ou pelo menos de atitudes mais ou menos defensivas. Mas também aqui há muito para investigar, quer nos Açores, quer nas sociedades de emigração açoriana.

“podemos dizer que para muitos é a identidade forjada no país de acolhimento”


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Revista U Rua da Rosa, 19 9700-144 Angra do Heroísmo tel. 295 216 222 / fax. 295 214 030 Email u@auniao.com Director Marco Bettencourt Gomes Editora Humberta Augusto Redacção João Rocha, Humberta Augusto, Renato Gonçalves, Sónia Bettencourt Design gráfico Frederica Lourenço Paginação Ildeberto Brito

Colaboradores desta edição Adelina Fontes, Adriana Ávila, Antonieta Costa, Dennis Clark, Carmo Rodeia, Eduarda Ferraz, Fernando Aires, Joaquim Neves, João Pires, Júlio Ávila, Madalena Caixeiro, Margarida Ataíde, Margarida Cordo, Marisa Leonardo, Nuno Pereira, Paulo Brasil Pereira, Teodoro Medeiros e Wellington Nascimento. Contribuinte nº 512 066 981 nº registo 100438 Assinatura mensal: 9,00€ Preço avulso: 1€ (IVA incluído) Tiragem desta edição 1600 exemplares Média referente ao mês anterior: 1600 exemplares

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PORTUGAL

Novo plano para a Sétima Arte TEXTO / Margarida Ataíde *

Depois de uma nova e muito discutida lei do cinema e audiovisual, a Lei nº 55/2012 publicada no passado dia 6 de Setembro, acaba de ser anunciado o novo Plano Nacional de Cinema. Na lei, a referência ao plano surge no artigo 23.º com o seguinte texto: «Formação de público escolar – O Estado promove um programa de literacia para o cinema junto do público escolar para a divulgação de obras cinematográficas de importância histórica e, em particular, das longas-metragens, curtas-metragens, documentários e filmes de animação de produção nacional». Criada pela Secretaria de Estado da Cultura e pelo Ministério da Educação e Ciência, a medida visa “a criação de novos públicos, a divulgação de obras cinematográficas de importância histórica, a sensibilização do público para as práticas cinematográficas e, em particular, para o cinema português”. Para tal, foi apresentada publicamente uma lista de 37 obras cinematográficas contemplando filmes nacionais e estrangeiros de géneros diversificados, distribuída pelos vários níveis de ensino do 5.º ao 12.º anos da escolaridade obrigatória. Numa primeira fase, o plano é implementado em vinte e três escolas-piloto do país, o que permite testar e avaliar a sua aplicabilidade a contextos diversos, contando cada projecto com a coordenação de um professor, sob responsabilidade do director da escola ou agrupamento. A coordenação do Plano a nível nacional compete, especificamente, a Graça Lobo, professora de português do 2.º ciclo e mestre em Gestão Cultural, aproveitando a sua experiência de, pelo menos, duas décadas, na coordenação de iniciativas integrando as componentes

O mais recente da lista

de educação e cinema: primeiro a partir do dinâmico Cineclube de Faro (realizando projectos com escolas locais) e mais tarde liderando o projecto “Juventude Cinema Escola”, desenvolvido pela Direção Regional do Algarve (desde 2004). Pelo impacto verificado a nível local, estes mesmos projectos têm merecido a atenção de investigadores nacionais (de universidades diversas) que apontam para o sucesso efectivo dos mesmos na criação de novos públicos, medidos não apenas a curto mas também a longo prazo – quando é possível avaliar resultados em alunos cuja escolaridade foi completada com o “suporte” de projectos extra-escolares como estes. Não obstante o fato de não ter sido ainda publicamente apresentado em detalhe o Plano Nacional de Cinema, o que urge acontecer para que destinatários, meios de comunicação e público interessado possam apreciar devidamente a sua validade pedagógica (dissipando ou confirmando de modo fundamentado potenciais dúvidas), é, à partida, de louvar a iniciativa.

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PORTUGAL

Num ensino obrigatório que ao longo de 12 anos ignora de modo crasso a formação aprofundada e abrangente em comunicação audiovisual e novas tecnologias, resumindo-a à perspectiva utilitária e a competências técnicas no âmbito da disciplina TIC (tecnologias de informação e comunicação) – que invariavelmente os alunos já dominam no ano de escolaridade a que lhes acedem –, a possibilidade de abordagem cinematográfica pode constituir uma porta aberta ao aprofundamento e reflexão sobre a criação, a técnica, a comunicação e as formas, enfim, como através do cinema a vida se projecta. Filmes incluídos no Plano Nacional de Cinema: 5.º ano “Estória do Gato e da Lua” (Portugal, 1995); “O Estranho Mundo de Jack” (EUA, 1993); “A Bola” (Moçambique, 2001); “Com Quase Nada” (Portugal e Cabo Verde, 2000); “Aniki-Bobó” Oliveira (Portugal, 1942) “As coisas lá de Casa” (Portugal, 2003). 6.º ano “O Garoto de Charlot” (EUA, 1921); “ET, o Extraterrestre” (EUA, 1982) e “Diz-me Onde Fica a Casa do Meu Amigo” (Irão, 1987). 7.º ano História Trágica com Final Feliz” (Portugal, 2005); “A Noiva Cadáver” (EUA, 2005); “Saída de Pessoal Operário da Camisaria Confiança” (Portugal, 1896); “A Invenção de Hugo” (EUA, 2011); “Serenata à Chuva” (EUA, 1952) e “Shane” (EUA, 1953). 8.º ano “Adeus, Pai” (Portugal, 1996) e “Eduardo, Mãos de Tesoura” (EUA, 1990). 9.º ano “Romeu e Julieta” (EUA, 1996); “A Suspeita” (Portugal, 1999); “O Barão” (Portugal, 2011) e “Outro

Narrativas centradas na perspectiva da criança

País” (Portugal, 1999). 10.º ano “Persépolis” (França, 2004); “A Noite” (Portugal, 1999); “Douro, Faina Fluvial” (Portugal, 1931); “Jaime” (Portugal, 1974); “Rafa” (Portugal, 2012) e “Luzes da Cidade” (EUA, 1931). 11.º ano “Os 400 Golpes” (França, 1959); “Senhor X” (Portugal, 2010) e “A Esquiva” (França, 2004). 12.º ano “Belarmino” (Portugal, 1964); “Fado Lusitano” (Portugal, 1995); “Os Respigadores e a Respigadora” (França, 2000); “Viagem à Lua” (França, 1902); “O Estranho Caso de Angélica” (Portugal, 2010); “Os Salteadores” (Portugal, 1993) e “A Cortina Rasgada” (EUA, 1966). * Grupo de Cinema do SNPC

Ponto de partida para futuras descobertas

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FOTÓGRAFO

LIMItEs TEXTO / Madalena Caixeiro FOTO / Adelina Fontes

Era difícil saltar a barreira constituída por esse enorme lago azul O nosso encontro era sempre no momento do crepúsculo. A praia estava sempre quente e húmida, coberta por aquela eterna carapaça de desconhecido que passava das terras para as almas das

gentes, limitadas pelas limitações impostas pelo vulcão, limitadas pelos preconceitos e pelas ideias que se transmitiam, eloquentemente mudas. As avós passavam os conceitos para as mães e estas passavam-nos às filhas e estas engoliam-nos já de má vontade mas acabavam por os passar às suas próprias filhas e os homens, apesar de tudo, também os iam passando para outros homens iguais a si, iguais nos gestos, nos rostos, nos próprios nomes com que se chamavam, os nomes próprios, os nomes das famílias e também as alcunhas nascidas da profissão ou do sítio onde tinham nascido, passavam as propriedades, as sebes e o gado, os ganhos e os lucros, passavam o seu sonho americano aos que embarcavam. Estes levavam consigo os sonhos imprecisos dos que ficavam nas ilhas, era difícil saltar a barreira constituída por esse enorme lago azul, cujo termo alguns adivinhavam e outros conheciam, mas mais difícil era tirar a roupa dos armários, o dizer adeus e até já.

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OPINIÃO

NUNCA ACREDITES NUM DEUS EM RUINAS TEXTO / Pe. José Júlio Rocha

Lá venho eu carregando o automóvel pela rua de São Pedro abaixo; experimentando as suspensões pelas pouco suportáveis tampas que já fazem parte da idiossincrasia daquela artéria; deslizando por entre os retrovisores mais afoitos dos carros mal estacionados; atento, não vá alguém mais miúdo aparecer por entre as duas filas intermináveis de veículos, até chegar perto da igreja e estacionar. Paro, fecho o vidro, puxo o travão de mão, apago, destranco o cinto de segurança, olho para a esquerda e lá está ele. Cara escurecida por milhares de milhões de segundos de coisas tortas na vida. Cenho carregado. Olhos de uma intensa, agónica agressividade. Olhos tremendos de uma espécie de ódio por tudo. E, no entanto, ao primeiro pestanejo, lento, meloso, o olhar desvanece-se em algo vencido, zombie, os gestos de uma lentidão sonolenta e desequilibrada adivinham algo que caminha entre o álcool e os comprimidos; aquele espaço em que a mão tem que perguntar ao cérebro para onde e a que velocidade se deve mover. Dizem-me todos, diz-me a consciência, que não lhe devo dar dinheiro. Que o devo levar ao café e dar-lhe de comer e ele não quer. E o que hei-de fazer? Como o posso salvar? Se ele comprar um maço de cigarros para mitigar, por uns minutos, a dor insuportável de viver que lhe está inerente, não o ajudei? Mais uma cerveja com o meu euro… mais uma hora para esquecer o que não se pode esquecer… Que hei-de fazer? A ele e a outras bastas centenas desta ilha. De quem é a culpa? A infância violentada, a juventude perdida, o álcool, a droga, a prisão. Parece que tudo está encadeado de tal forma que não pode ser senão assim… Quem o pode salvar? Não suporto respostas fáceis. Há poucos dias alguém, com lágrimas que inchavam os olhos, veio pedir-me ajuda, conselho, intercessão para o filho e para a nora, ambos com um curso superior, ambos desempregados, ambos sem direito a subsídio de desemprego e com um filho de dois anos nos braços desamparados. Há meses à procura de emprego. Porquê? Como? Como foi possível chegar a esse ponto? De quem é a culpa? Sempre tive receio de negócios de intermediários, que, mexendo com pouco mais do que um dedo, fazem com que um produto, demasiado barato no produtor, se torne demasiado caro no consumidor. Não suporto os que jogam com dinheiro, criando e desfazendo bolsas e bolhas e lançando famílias e nações para a pobreza. Abomino aqueles que, não mexendo mais nem menos do que meia dúzia de neurónios e numas teclas, produzem falcatruas com nomes economicamente estrangeiros (tudo isso se devia chamar “falkatruking”), conseguindo, com isso, mandar para a miséria bandos de famílias. A essa gente, a consciência devia doer como dói espetar um alfinete, entre a unha e o dedo, até à cabeça do alfinete ficar debaixo da unha. Infelizmente, essa gente não têm consciência; ou – o que é pior – diz que a tem limpa, coisa que me faz lembrar as toalhas que as senhoras põem nas casas de banho só para ornamentar, e que estão sempre limpas porque nunca são usadas. “O mundo é dos audazes”, diz-me um execrável ditado. Não! O mundo é dos “falkatrukers”, que precisam ir exactamente para o lugar que merecem. Amanhã, vou olhar para o olhar dolorosamente sonolento do trintão desgraçado, que sempre foi desgraçado, e vou sentir as picadelas da consciência por que não tenho tempo ou capacidade para o salvar. Vai continuar amanhã o calvário da minha angústia por aquele casal “vítima da conjuntura”, com a fome a berrar-lhe que lhe quer entrar pela casa dentro. Estes e muitos, muitos outros. O dinheiro sempre foi um deus muito poderoso, mas um deus sempre em ruínas. Vinga-se dos seus adoradores. O problema é que também se vinga naqueles que nunca o adoraram. Numa palavra: os inocentes estão a pagar pelos crimes dos culpados. Acho que em bem poucas épocas da história da humanidade o mundo foi tão injusto. 08 outubro 2012 / 25


PARTIDAS

O Poder do Teatro TEXTO / Nuno Pereira FOTO / João Pires

A magia do teatro intensifica-se quando o bichinho começa a crescer por de trás do pano fechado de um palco. No meio de um guião, das posições, da postura, da construção de um personagem, das correcções linguísticas, aprendemos não só a fazer teatro mas também coisas que podem ser úteis para o nosso dia-a-dia. Ao lermos o guião cultivamo-nos, ao sentirmos fazemos crescer as nossas emoções, ao construirmos estudamos personalidades. Um processo, todo ele mágico, no qual são poucos os que têm o privilégio de ver a magia. Aquilo que aprendo hoje interiorizo. Já não vejo uma telenovela, um filme, uma série ou uma

peça de teatro como via antes. Hoje assisto com olhos de ver tendo em conta o pouco que aprendi até hoje. Por outro lado vejo também os bastidores do filme “O quanto é difícil ser actor”. Assim tenho visto o teatro. Contudo, fazer teatro é uma experiência fantástica que nunca antes tinha vivido! Um área onde devemos preservar a humildade porque nunca sabemos tudo e estamos sempre a aprender com cada personagem e com os diferentes colegas de trabalho. Actualmente enfrento um desafio ao interpretar o Firmino (senhor bem posto, convicto daquilo que defende e sensível ao ver uma mulher) da peça “Marias ao Poder” do grupo de teatro Pequeno Palco de Lisboa, com encenação do actor Rui Luís Brás. Uma comédia, com um conjunto de temas bastante actuais: emancipação feminina e machismo; que tem por base a “Lisístrata” e a obra “Mulheres na Assembleia” de Aristófanes (dramaturgo grego; n447 a.C, m385 a.C). Num tempo em que a troika, a crise económica e as medidas de austeridade invadem os nossos jornais e telejornais, não há nada melhor que assistir a este espectáculo. Muitas vezes faz-me lembrar aquilo que vemos no nosso, típico e


PARTIDAS

único, Carnaval da Ilha Terceira onde muitas vezes retratamos realidades e momentos políticos que estamos a viver ou que já vivemos. Um excelente espectáculo que pode ser levado à minha ilha e aos Açores em geral. Com o espectáculo podemos rir ao mesmo tempo que bebemos um pouco de cultura. Uma cultura que hoje tem cada vez menos apoio e que enfrenta inúmeros obstáculos.

Uma comédia, com um conjunto de temas bastante actuais: emancipação feminina e machismo

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Marias ao Poder


ÓCIOS / OPINIÃO

“Nunca se escreve para si mesmo” Jean-Paul Sartre

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F. S. QUESTIONÁRIO

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A EDA PRESTA UM SERVIÇO ACEITÁVEL AOS CONSUMIDORES? SIM NÃO

AS MAIS VISTAS

No início de 2013 - HOSPITAL DA TERCEIRA COM MEDICINA NUCLEAR

29 (16,38%) 148 (83,62%) TOTAL: 177 (100%)

ARTE PORTUGUESA DESBRAVA A CHINA O artista plástico português José de Guimarães tornou-se o primeiro ocidental a expor no novo museu da histórica cidade de Suzhou, leste da China, confirmando a sua afinidade com a Ásia Oriental. Trata-se também da terceira exposição de José de Guimarães na China continental em apenas uma década, com cerca de 80 obras, incluindo pinturas, instalações e maquetas das suas esculturas públicas. “Sinto uma certa afinidade com esta região, que tem uma cultura muito antiga, e penso que, num futuro próximo, a arte ocidental pode ter na China uma zona de implantação muito forte”, disse o artista à agência Lusa. A exposição, intitulada “Metropolis - Cities and Citizens” (Metrópolis - Cidades e Cidadãos), está patente até 21 de no-

Extinção em causa - FUTURO DA CULTURANGRA DEBATIDO NA PRÓXIMA SEMANA

vembro no novo Suzhou Jinji Lake Art Museum, aberto na primavera passada. “É uma grande exposição de arte portuguesa contemporânea”, salientou o embaixador de Portugal na China, José Tadeu Soares, que foi convidado para a inauguração. Parte das obras expostas, entre as quais “pinturas de grande formato” (quatro por dois metros de comprimento), já foram apresentadas nas instalações do Parlamento Europeu em Bruxelas, mas o conjunto é inédito em Portugal. José Guimarães, 73 anos, formado em engenharia, iniciou a carreira na década de 1960. É um dos mais viajados artistas portugueses contemporâneos, com obras espalhadas por museus de 15 países, e há cinco anos fez também uma grande exposição em Pequim, no Today Art Museum. O Shuzou Jinji Lake Art Museu descreve a obra de Guimarães como “uma magnificente osmose entre culturas” e diz que o artista segue “um método semelhante ao de um antropólogo, através do qual mergulha em diversas civilizações”. José de Guimarães concorda que o seu trabalho tem “um certo paralelismo com a pesquisa antropológica”, mas prefere identificar-se como “nómada transcultural”: “A minha obra é a de um artista nómada, que caminha ao longo da História e da Geografia”, diz.

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CULTURA

ARTE PORTUGUESA Arte Portuguesa é o nome da exposição inaugurada no final de Setembro no Núcleo de Santa Bárbara do Museu Carlos Machado em Ponta Delgada. No âm-

EXPOSIÇÃO bito da comemoração do centenário da fundação da colecção de arte do Museu inscreve-se a exposição de arte portuguesa, de 1840 a 2010, estruturada nas valên-

CARLOS MACHADO cias do acervo da colecção, abarcando neste lato período temporal um total de cento e treze obras, entre escultura, pintura, desenho e fotografia, da autoria de quarenta e três artistas nacionais. A exposição divide-se em quatro secções «Canto da Maya 18901981»; «1840-1930 Identidades»; «1940-1960 Forma - Signo» e «1970-2010 Código-Objeto-Espaço».

MÚSICA na biblioteca A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo associa-se às comemorações do Dia Mundial da Música, apresentando uma mostra didáctica de Tratados de Teoria Musical, dirigida ao público interessado e, de forma mais particular, aos estudiosos e aos professores e estudantes de Música de Angra do Heroísmo. Nesta mostra é disponibilizado um conjunto de documentos, assinados por alguns dos principais nomes de referência nesta área: João Vaz Barradas Muito Pão e Morato, Francisco Ignácio Solano, José Maurício, Fr. Domingos de São José Varela, Rodrigo Ferreira da Costa, José Maria Martins Leoni, Antoine Reicha, Luís de Freitas Branco e Tomás Borba. A selecção e as notas às obras referenciadas no catálogo são da autoria do Dr. Luís Henriques, musicólogo da Unidade de Música e Musicologia da Universidade de Évora. A mostra poderá ser visitada até 15 de Outubro entre as 9h00 e as 19h00. 08 outubro 2012 / 29

Alimentação vs Industria TEXTO / Marisa Leonardo

Já é do conhecimento de alguns que a cura para uma doença não depende apenas da Medicina Convencional, existem outras vertentes tais como a Holística. Hoje temos uma oferta de comprimidos fáceis de engolir, mas com graves consequências para o organismo. Os alimentos e suplementos naturais, são apaziguados, a industria farmacêutica será a primeira a impor o consumo deste tipo de alternativa, por mero interesse económico. Há países que trabalham com o potencial de ervas, alimentos funcionais para a cura e para a prevenção de doenças! A socialização torna-se mais fácil quando consumismos os alimentos que a nossa cultura impinge, mas já reflectiu por exemplo, o tamanho do sofrimento que um animal passa antes de chegar ao seu prato? Nos meios de comunicação a mensagem para o consumo de leite e da carne é constante, porém, vários estudos mostram que o nosso sangue torna-se demasiado ácido após o consumo da proteína animal, expelindo deste modo o cálcio presente nos nossos ossos, logo, isto justifica uma das razões para o aumento da osteoporose em todo o mundo e como o corpo humano não está preparado para receber a proteína animal. Fique atento, a alimentação é a chave para a sua saúde! Como “Amante da Sociedade”, deixovos a pensar neste tema com um novo olhar!


CULTURA

Balún TEXTO / Adriana Ávila

Unidos pela paixão pelas artes incluindo cinema, música clássica, experimental, folk entre outros os jovens Porto Riquenhos José Olivares e Angélica Negrón, atualmente fixados em Brooklyn Nova Iorque integrando também o músicos Andrés Fontanez. Em 2006 realizaram o seu primeiro álbum de originais “Something Comes our Way” pela Brilliante Records, depois do autodidatismo na produção caseira das suas músicas. Com um estilo musical que se aproxima muito do eletrónico experimental , este grupo utiliza um espectro muito variado de instrumentos tais como, violino, acordeão, guitarra clássica, toy piano e guitarra colombiana; A fusão entre todos estes instrumentos é assim transformada numa

Memória Textil sonoridade singular e acolhedora. O último disco de nome Memória Textil foi lançado em 2010 pela Sgulp! Discos, posteriormente no ano passado realizaram dois singles em formato digital “Camila” , “El Columpio Asesino” e “Adriana Calcanhotto”

AILLEURS A Casa Manuel Arriaga na Horta recebe a partir de 9 de Outubro a exibição “ Ailleurs” de Helena Lousinha, que ficara patente até 16 de Novembro. Esta exposição agrega pintura, fotografia e instalação A mostra estará disponível para visita de terça a sextafeira das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.

INSENSÍVEIS PREMIADO O filme “Insensíveis”, de Juan Carlos Medina, uma coprodução luso-franco-espanhola, recebeu o Meliés de Prata para o Melhor Filme Fantástico Europeu, no Festival de Cinema de Estrasburgo. “Insensíveis” é a primeira longametragem de Juan Carlos Medina, com guião de Luiso Berdejo e coprodução da Fado Filmes com Les Films d’Antoine e Tobina Film (França), Roxbury Pictures, A Contracorriente Films e a colaboração da Televisão da Catalunha. O filme estrear-se-á nos cinemas portugueses no primeiro trimestre do próximo ano.

A CAIXA DE AMY

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A editora Universal Music editou uma caixa com os três álbuns de Amy Winehouse, falecida em Julho do ano passado. A caixa inclui “Frank”, editado pela Island Records em 2003, que valeu à intérprete um disco de platina. O segundo álbum é o muito aplaudido pela crítica “Back to Black”, que inclui temas como “Me & Mr. Jones” ou “Rehab”. Finalmente, o terceiro álbum, editado já depois da sua morte, inclui o dueto com Tony Bennett, “Body and soul”.


OPINIÃO / AGENDA

Um cachorro formado por flores, medindo 16 metros de altura, construído num jardim de um palácio. È o mais famoso trabalho de Jeff Kons, feito em protesto por não ter participado da Documenta de Kassel, em 1992, na Alemanha, comparando a cidade à Disneylandia. Actualmente a “escultura” está no Museu Guggenheim de Bilbao.

O CÃO DE KOONS

CURTAS NACIONAIS A rubrica “Amostra-me Cinema Português” deste mês apresenta não um mas duas “curtas” de Cláudia Varejão – ‘Um dia frio’ e ‘Luz da manhã’.

10 DE OUTUBRO A sessão dupla tem lugar no dia 10 de Outubro pelas 21h no Centro Cultural de Congressos de Angra do Heroísmo. Estes dois filmes fazem parte de uma trilogia de curtas onde a realizadora se debruça

A CAPELLA A Igreja de Nossa Senhora da Guia em Angra do Heroísmo recebe a 12 de Outubro, pelas 21h30, um concerCLÁUDIA VAREJÃO to do grupo “Capella Duriensis”. sobre o tema dos (des)encontros familiares e como Dirigido por Jonaa tentativa de compreender as forças “ocultas” da than Ayerst, duvida quotidiana é uma tarefa demasiado violenta e rante o espectáinútil. culo, integrado na direcção Temporada de Música dos Açores, serão interpretados temas de J. Tavener, I. Stravinski, J. Alain, A. Gretchaninoff, B. Bartók, K. Penderecki e G. Ligeti. Os Capella Duriensis são um ensemble vocal especializado em música a cappella. 08 outubro 2012 / 31


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Aos funcionários públicos Pag|04

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Apoios sem custos para o Estado   O presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, assegurou ontem que a medida de apoio aos funcionários públicos aprovada pelo parlamento regional “não custa um cêntimo ao Estado ou aos cidadãos de qualquer região do país”. “Trata-se de uma questão de opções e prioridades”, afirmou Carlos César, em declarações aos jornalistas em Vila Franca do Campo.

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Autocarros mais ecológicos > A renovação da frota de autocarros nos Açores iniciada em 2001 já permitiu “baixar para seis vezes menos a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera” dos veículos que asseguram o transporte colectivo de passageiros no arquipélago.

  Câmara de Angra investe 20 milhões de euros em 2011.

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Em São Mateus Pag|05

e os Bailinhos de Carnaval foram disponibilizadas

Pesca também para as mulheres   A Associação das Mulheres de Pescadores e Armadores da Ilha Terceira, localizada na freguesia de São Mateus, concelho de Angra do Heroísmo, faz balanço positivo de quase três anos desde o início da sua actividade. Segundo a responsável, Maria Glória Brasil, a instituição, que apostou fortemente na formação e informação de várias temática direccionadas para as mulheres de pescadores, prepara-se agora para desenvolver um projecto na pesca-turismo.

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> Considerado um visionário da economia açoriana do século XIX, a vida e história de José do Canto acabam de ser compilados em livro, num trabalho da investigação inédito de Maria Filomena Mónica. A apresentação da obra decorre em três ilhas dos Açores. Hoje, é a vez da Terceira.

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5 e 6 de Setembro de 2010 Nº 24 BOLETIM

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O Negrito Gaspar Rosa Director: José Nº 50 Ano XVI –

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EDITORIAL

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é de três de fotocópias pelo reapro- ção taxa devida Freguesia ende euros. A A junta de e gatos varia gisto de cães doença careuros. o novo regulamento contra uma por vou cobradas pela autarquia tre os 0.90 e os 14.40 do da que luta à coe que aguarda taxas dos serviços prestados centro histórico Os custos díaca terminal os cinpelos serviços inicio de 2010. vações no variam entre no Angra do Heroísmo. um novo coração. Eduarda Borpor cemitério os três mil euros. munidades cidade de estreada em e cobradas a Ângelo Meneses, Graça DrumSão taxas A telenovela, a cinco actoregis- co euros à casa mortuária, Sales, os é da ba, Francisco Parreira foram casa Quanto o seu uso serviços administrativos, Março, recorreu cemitério, devida sobre e a 65 figurantes mond e Judite seleccionauso do tro de animais, jogos e taxa res locais da históPor fim, o terceirenses campo de com alguns de 25 euros. entre os con- actores mortuária, ilha. A protagonista de jogos varia a união Lobo Antunes, como dos para contracenar Fotografia: outros serviços. cobrada pela campo 45 euros, mediante ria, Paula protagonistas. os com actores dos principais 65 figuranAssim, a taxa certi- 10 e de uma caução e o tracena Pereira, Rogério Foram recrutados o quadro de atestados, de um apresentação São Mateus José Carlos é de 250 euros. O Porto de para preenchermaioria com- emissão Martelo e Delfina Cruz. para tes dões e declaraçõesa certifica- no valor Quinta do sendo a escolhido mês Samora sobre espaço da piscatório, da fregueno passado o local foi euro e a taxa por habitantes aldeia piscatória, foram palco, das gravações da da posta recriar uma de Fevereiro, telenovela do mote à história sia. dando o de 17 uma pescadora mais recente Paixão. previstas cerca das Mar de Junho, estão gra- protagonista, canal TVI, do mês de com um resumo realizadas Até ao princípio em São Mateus. Fique Também foram acompanhá-las. corda, para poder touradas à já programadas que estão Datas a de Maio Local No primeiro Serreta e São 10 Julho a Tipo de promovido estrada entre Capitão-Mor Canada do a encher-se no concurso do Ambi11 Julho tem guesia Mateus voltou e andariRegional Capitão-Mor corredores de Freguesia pela Direcção Canada do corajosos A Junta edição da 28 Agosto um trabalho o Eco-Freguesias. de todos vigésima Touradas lhos, na Bravio vindo a cumprirtornar São Ma- ente, também, dos Bravos. o Depende, para 29 Agosto Meia Maratonano campo de joe melhorarmos persistente conotada não tradicionais freguesia Bravio nós mantermosÉ com o esforço de Com meta teus numa 1 Maio feito. e com o asseio. alcan- gos, os quase 21 quilómetros Capitão-Mor com a limpeza contribuído, ao trabalho conseguiremos por 39 atletas. Canada do todos que 22 Maio cuja importân- foram galgados e Ângela ArruPara isso têm protocolo tempo, o çar este galardão, acima de Paulo Marques Largo da Igreja vencedolongo do 3 Junho com a Câmara está relacionada, prémio de da foram os grandes com estabelecido angra do Heroís- cia Cantinho organizado com o melhor de 5 Junho da fre- tudo, termos uma freguesia res do evento, do Grupo Baile Municipal limpeza diária todos: Terreiro a colaboração limpa. mo para a Bezerrada a Regional Terceiren6 Junho da Canção que a verdadeiramente guesia. dia 20 de Março, Terra do Pão o serviço No passado Gê-Questa se. de Além disso, participa7 Agosto ambiental na recolha orla Paralelamente, Biscoitinho limpeza da na décijunta presta tem-se provado associação a cabo uma 26 Maio num na iniciativa ram 31 concorrentes resíduos sólidos e decisiva para levou integrada Terreiro A Gê- ma edição da caminhada, a útil à população de sucatas e marítima Limpar Portugal. 1 Junho atletas a cruzar imagem em parceria total de 70 Em nacional Terra Alta eliminar a de jogos . beira da estrada. 2 Junho Questa trabalhou de Escutei- meta do campo monstros à transportadas com o Agrupamento Terreiro os Escode resí2009, foram 497, com Touradas 13 Agosto toneladas Marítimos com a Junta Porto cerca de 10 e detritos para o ros Portugal, Tradicionais empresa 14 Agosto do teiros de duos sólidos e com a de Angra Freguesia Porto que deAterro Sanitário esforço exclu- de mostrando 31 Maio num de nós a já que Floriazoris, Heroísmo, Cantinho cada um de freguesia pende de sivo da junta Vacada em não é protocolado limpeza da freguesia. de lixos em este serviço entidade. em cerrado Fazer separação lixeiras ilegais o brio com nenhuma denunciar São MaMais recentemente, esforços casa; Vamos tornar feito e nos levaram baldios... Eco-Freguesia! no trabalho numa de limpeza a fre- teus constantes inscrevesse a que a Junta

boletins e muito mais

Touradas

Órgãos Autárquicos

EDITORIAL 185 anos da freguesia

a 183 anos em que foi elevada da Terra Chã da Terra Chã vai comemorar os No dia 6 de Setembro a Freguesia que independente. freguesia comemorações do Dia da Freguesia Caros cidadãos, mais um aniversário vão decorrer, pela 18.ª vez, as este se aproxima. Chã,evento assinalar da Terra Para dia 7. da freguesia dois no primeiro domingo de Setembro, dois tradicional, é alberga formatojáque Este ano numcomo acontecem, das obras que efectuamos nos que se pretende novidade marcamos esta data com a apresentaçãoe o novo miradouro com vista para dias festivos, é habitual, também Como do Alto das Lages manter, sendo uma aposta do programa das Veredas: o antigo miradouro miradouros eleitoral do Partido Social Democrata. ainda O início deste mandato não foi nascente. importantes projectos arranquem temos vindo a trabalhar para que à vida da autaro pulso melhoramentos tomado fácil, destes além Para de quia, verificou-se que parte da obra ano. do nosso Bairro Social, da neste estava requalificação do Largo da Igreja à e urgente obra de requalificação necessária o referirmo-nos que veio condicionar Estamos do Heroísmo. por pagar,asituação e da Câmara Municipal de Angra nós Tivemos Regional Governo doJunta normal andamento da das habitações, a necessidade de responsabilidade que dos projectos em que se encontra a maior parte abdicar de de degradação situação a alguns verdade, a necessidade da renovação de Na que nos propunhamos para pagar o montante aos actuais agregados familiares, habitações adequadas é de ruas e espaços de construírem se que estava em dívida. Uma situação que de dotar todas as habitações espaço que seria a necessidade de esgotos, porqueeo dinheiro de águas desagradável rede central do bairro, dotando-o de um do nosso prograa necessidade de modificar o local apropriados, para utilizar nos projectos levou-nos a considerar este estacionamento tiveram que ser adiados, foisociais que promovam o seu desenvolvimento, ma eleitoral, com equipamentos amplo dívida mais usado para saldar o montante em na Freguesia. como 1.ª prioridade do Largo da a realizar investimento NOVO ELENCO AUTÁRQUICO das obras de requalificação

2010

Igreja. A novidade nesta comemoração dos 185 anos de existência como freguesia, dias. é o facto de ser festejado em dois Pretende-se assim dar maior intensidade na e importância que deve ter este dia freguesia e para os seus habitantes. feita No dia 5 de Setembro, a aposta é que com um programa intenso e variado, Fonte decorrerá por inteiro na Quinta da ponto Faneca, ou tendo pelo menos como local. de partida e chegada esse mesmo O programa contempla variadíssimas o maior componentes, tentando abranger da número de preferências da população Terra Chã. No dia 6 de Setembro, a festa será concentrada no Largo da Igreja, com o indispensável bolo de

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295214980

elegeu nas últimas eleições A Junta de Freguesia da Terra Chã, pelo Partido Social Demoautárquicas, novo elenco, que foi eleito desta tomada de posse à volta crata – várias foram as peripécias perdido, a tomada de (mas após algum tempo desnecessariamente posse tornou-se efectiva).

O elenco autárquico ficou assim distribuído: Presidente: Rómulo Ficher Correia Secretária: Sandra Maria Viegas Borges Tesoureiro: Bruno Miguel Ferreira Fagundes

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Assembleia de Freguesia:

animação musical, Silva Presidente: Jorge António Ávila da aniversário e uma surpresa no final. da Silva O Dia da Freguesia, reúne grande 1º Secretário: Paulo Manuel Correia Festa número da população desta localidade, 2º Secretário: Durval Henrique Melo Francisco Severino sendo de realçar o almoço de confraterniem que nos de Reis Leonardo Lourenço; sempre do Governo Regional Vogais: Elvino Elsa Maria zação que a Junta irá servir, sendo é outro investimento da Terceira dos Santos Bertão; José Luís Tecnológico levam o Trata-se, com Parque Bettencourt; famílias que Matos várias da Universidade. O projecto de saudar asdo nos terrenosFernando Terra Chã, Linhares Rosa; Paulo agradável naqueleser implementado na da e se juntampara seu “farnel” Rocha Freitas,jáUlisses empenhado temos se encontra em elaboração, abrangendo freguesia queSoares. e desfrutando de toda relevo para aSérgio espaço, Corvelo uma iniciativa de grande deconvivendo efeito, nas áreas das novas tecnologias. excea ambiência de um local que é por de âmbito local e regional com intervenção privadas e estar e saudável públicas do Largo de Belém (Largo da de bem entidades lência promotor freguesia será a obra de requalificação por uma em relação ser elaborado convívio. importante para a nossa projecto àa Junta Também seuchegado estando otêm reclamações a corrente ano, ainda noAlgumas início o seutoda teráconvidar obra quepara Igreja)Aproveitamos da da Fonte Faneca até aos Chã, população a comparecer na Quinta à limpeza na zona da calçada Freguesia da Terra técnica. Largo equipa bem estar e aqui Fonte Faneca e no dia seguinte no para o progresso a notadade que a limpeza deixamos temos de trabalhado sempre um usufruir Miradouros, que para forma aproveitando É desta da Igreja, para com a freguesia. Câmara Municipal convívio. os compromissos que assumimos um saudável assim nessa zona é da responsabilidade da cumprindo

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Sábado, 1 de Setembro de 2012

Médicos preocupados | pág. 07

Semana Educativa | pág. 05

Na Turquia | pág. 04

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pág. 03

AIS ANTECIPADO DE AJUDAS AGRO-AMBIENT

antecipado O Governo iniciou ontem o pagamento no valor de ajudas agro-ambientais aos agricultores, a ministra da de 13,7 milhões de euros, anunciou uma visita Agricultura, Assunção Cristas, durante às ilhas do Faial e do Pico, nos Açores. ao arquipélago na Assunção Cristas, que se deslocou

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ABRIL S — T — Q — Q — S — S — D 1

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