ART INSPIRATION
R O D P A O C D O ER
R O D P A O C D O ER
VOLUME XIV ANO III - 2024 | BRASIL PORTUGAL
CENTROCULTURALCHAFIMIGUELSALOMÃO
CLUBE DE ARTISTAS OFICIAL
DOS TONS SURRURRANTES DA FLORESTA, AOS GRITOS DO CONTRASTE
Bem-vindos à exposição “O Poder da Cor”, onde as obras dos artistas contemporâneos convergem para explorar o poder inerente à cor na expressão da condição humana. Nesta jornada, as paletas suaves, vibrantes e a diversidade cromática ultrapassam as fronteiras das telas, mergulhando os visitantes em uma experiência que pode levar para além do espectrovisível.
A exposição tem em vista desvendar a linguagem universal e atemporal que as cores proporcionam à arte, explorando o modo como tonalidades, matizes e contrastes conseguem provocar reações, despertar emoções, motivar reflexões e transpor barreiras culturais. Cada obra é também uma exploração da psicologia das cores, destacando como as escolhas cromáticas dos artistas podem criar narrativas visuaisricaseprofundas.
Ao longo desta jornada, os artistas contemporâneos apresentam interpretações únicas do poder da cor em diversas esferas. Desde a celebração da natureza e da identidade cultural até a expressão da resiliência e superação, a exposição revela como as paletas cuidadosamente selecionadas comunicam mensagensquevãoalémdaspalavras.
Por meio de abstrações, simbolismos e representações figurativas, os artistas compartilham suas visões sobre como a cor é mais do que uma propriedadeestética;éumaforçaqueinfluencianossa percepção, molda nossas experiências e transcende as fronteiras do entendimento verbal. O espectador é convidado a contemplar não apenas o que está representado nas obras, mas também a própria naturezaeopoderintrínsecodascores.
“O Poder da Cor” é um convite à reflexão sobre o papel da cor na expressão artística contemporânea, destacando sua capacidade de comunicar emoções, narrativas e significados que ultrapassam as limitações do espaço expositivo, tornando-se uma celebração da diversidade cromática e das infinitas possibilidadesdeinterpretaçãovisua Adriana Scartaris Curadora São Paulo, 22 de janeiro de 2024
Em “FLORESTA II”, Vitória Barros entrega um universo cromático onde o poder das coresseconverteemargumentoessencial.Apaleta,predominantementeazul,roxo, verde e alaranjada, não é mera casualidade, mas uma escolha estratégica. Em sua narrativa, essas cores evocam aconchego, bem-estar e o mistério do amor e da espiritualidade.
Sua experimentação cromática, desafia normas e se torna um argumento provocativo no qual cada matiz representa uma transição simbiótica entre o palpável e o imaginário, estimulando reflexões sobre o papel das cores na construçãodacena.
A estética estabelece diálogos com o observador, assumindo, com perspicácia, o rompimento do paradigma das cores, imersa na abstração e pautada no figurativo dadensaflorestaretratada.Árvoresemtonsdeverde,alaranjadoeazulnoprimeiro plano resultam em um cenário de dissidência entre as estações, outonais e primaveris em simultâneo, onde a natureza corpórea se entrelaça à representação simbólica.Árvores lançam cipós até o chão, e na copa de uma delas, uma araracom seufilhoteilustraainterconexãoentreseresvivos.
Ao fundo, um habitante da floresta prepara-se para o lançamento de uma flecha, enquantopássarosalçamvooentreasárvores.Estadicotomiaentreaaçãohumana e a liberdade dos pássaros adiciona camadas de significado à obra. O espectador é conduzido a uma transição simbiótica entre o palpável e o imaginário dos mistérios da floresta. Desafiando percepções convencionais sobre a interação entre a humanidade e a natureza, a artista captura um instante de ação, tornando-o atemporal e convidando o expectador a explorar o enigmático, abraçando a efemeridadedoinstantequenãoserepetirá.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
“Olhar para Tanabi” de Tania Martins, é uma das obras que integram a série de trabalhos que capturam a essência vibrante da cidade de Tanabi, no interior de São Paulo. Tania se entrega à liberdade de cores e formas como meio de expressão, buscando inspiração no colorido da decoração de sua humilde casa. O chão vermelho, as cadeiras de plástico na varanda, as referências vivas na memória e as toalhas de crochê sobre a mesa estão entre os elementos transformados na paleta visualdessacriação.
A obra é um convite para contemplar a beleza de objetos cotidianos, flores e elementosarquitetônicosque,muitasvezes,passamdespercebidos.Oolharatento para a simplicidade revela uma riqueza de detalhes que, nas mãos da artista, se transformamemumacelebraçãodecoreseformas.
A abstração sutil na representação de flores e elementos adiciona uma camada de delicadeza à pintura, convidando o espectador a uma experiência mais profunda e contemplativa, associada às suas próprias memórias de infância ou ao seu imaginário. Cada pincelada parece contar a história da cidade e da casa, alimentando a alma do observador e exercitando seu olhar para a beleza que reside nosdetalhesaparentementecomuns.
“Olhar para Tanabi” é um registro afetivo que evoca a atmosfera única da cidade mesclada aos sentimentos de pertencimento. Tania Martins, ao transformar elementos simples em uma obra de arte, nos lembra da beleza que pode ser encontradaemcadacantoquandoolhamoscomatençãoeapreciaçãoverdadeira.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 75 x 50cm | 2024
Em “Esperança” de Olinda Mota, somos imersos em um universo complexo de caminhos emaranhados, onde a artista tece uma narrativa visual que transita entre a iluminação e as sombras do mundo. A obra, com sua consistente abstração da figura humana, revela-se como um convite à reflexão sobre a esperança e a luz que podemsurgirmesmonosmomentosmaisdensos,físicosementais.
Os tons escuros e as múltiplas camadas, entrelaçando o gestual orgânico com o geométrico,formamumatramavisualque,àprimeiravista,pareceapenassombras ecomplexidadebemresolvida.Contudo,comumaobservaçãomaisatenta,emerge afigurafemininanocentrodacomposição.Suacabeça,comsemelhançaaoreflexo lunar, estabelece uma conexão intrigante com a emoção e a introspecção associadas à lua, além de evocar a poderosa influência desse astro sobre o planeta, avidaeaemoção.
Ascoresdesempenhamumpapelcrucialnaobra,apresentandoumapassagemsutil ecuidadosamenteelaboradaentreclaroeescuro.Estejogodecontrastesconduzo observador em uma jornada visual, direcionando a atenção para a figura central e a luz que emana dela. É nesse jogo de luz e sombra que Olinda Mota constrói a mensagemde“Esperança”.
A figura feminina, apesar de muitas vezes passar despercebida, surge como uma fonte de luz no emaranhado complexo da cena. Sua presença simboliza a capacidade de irradiar esperança, mesmo quando envolta em tons escuros e camadas intricadas. “Esperança” é uma expressão eloquente sobre a resiliência e a capacidade humana de encontrar luz nos recantos mais sombrios. Olinda Mota mergulha nas profundezas das emoções humanas e da busca incessante por significado.Ofatodeafiguracentralserumarepresentaçãofemininatrazmaisuma camadadereflexõesepossibilidades,quedeixoaquicomoprovocação.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 75 x 50cm | 2024
Em “Tesouros do Mar”, Mazé Andrade revela um imaginário profundo, onde o mar se torna a morada de figuras místicas e criaturas lendárias. A litogravura apresenta uma sereia singular, com corpo mesclado a um tronco de árvore e um bebê no ventre, ligado ao peito por um cordão, destacando a simbiose entre a mulher e a natureza,simbolizandoaprofundidadedarelaçãomaterna degerarenutrir.
Os tons de azul, esverdeados e transparentes na superfície, tornam-semais densos conforme representam a profundidade do mar e envolvem a figura central, conferindo uma atmosfera misteriosa à obra. Nesse oceano de azul, Mazé Andrade visa ressaltar não apenas a beleza mítica das criaturas marinhas, mas também a analogia entreaforçadamaternidadeeapujançadavidanomar,comumacamada demistérioevocadaporseresabissaisaoredordafiguracentral.
A litografia “Tesouros do Mar” explora a interconexão entre a mulher, a natureza e a criação. A mulher-peixe-árvore, personifica a capacidade de gerar, nutrir e amar infinitamente e acima das diferenças em uma narrativa que mergulha nas profundezas simbólicas do mar. Ao contemplar a obra, somos conduzidos a refletir sobre a magnitude do poder feminino e a beleza que reside na simbiose entre a maternidadeeanatureza.
“Tesouros do Mar” é uma reverberação eloquente sobre a essência da vida, o amor maternal e a infinitude desdobrada nas águas profundas do oceano azul. Mazé Andradeteceumanarrativaestéticaefilosóficaqueecoaalémdasuperfícievisual, mergulhandonasprofundezasdosignificadohumano
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
Em “Renovação da Vida”, Maria Inez Ribeiro explora a essência do cerrado brasileiro e enaltece a importância desse bioma singular. Inspirada pela imponência do pequizeiro, árvore-símbolo do cerrado, a obra figura uma representação da vida e renovaçãoqueemanadessaregião.
A árvore pequizeiro, nativa do cerrado e presente em outros ecossistemas, é um ícone cultural e uma fonte vital para muitas populações. Nos estados de Minas Gerais, Goiás e Tocantins, o pequi não apenas frutifica, mas também tece laços de culturaetradição,apontodedisputaremotítulodeCapitaldoPequi.Aobradestaca essa relação intrínseca, enraizando a árvore como um símbolo poderoso de identidaderegional.
A composição estratégica coloca o observador no chão, olhando para cima, imergindo-o na exuberância da flor do pequizeiro e nos frutos em diferentes estágios de formação. Essa visão privilegiada é uma clara alusão aos processos dinâmicos de renovação do bioma do cerrado, evidenciando a vitalidade e a ciclicidadedavida.
Ao fundo, o céu azul noturno saturado confere profundidade e um contraste misterioso à cena. A representação subverte a luz realista, dando lugar a uma atmosferademagiaquepermeiaametáforadarenovação.Aescolhaderepresentar o pequizeiro de baixo para cima não apenas exalta sua grandiosidade, mas também convida o observador a contemplar a complexidade que é o ciclo de renovação dessebioma.
“RenovaçãodaVida”,umaobrafigurativa,éumtestemunhovisualecultural,umeco da importância do cerrado e do pequizeiro na cultura brasileira. Maria Inez Ribeiro, com sua expressão artística, enraíza-se na terra fértil do cerrado, pintando não apenas uma árvore, mas a vitalidade pulsante nas cores de um bioma que se renova deformamuitopeculiar.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
Em “Fraternidade” de Mari Pereira, somos convidados a testemunhar uma homenagem às suas irmãs. A artista captura a essência da irmandade, representando três figuras femininas com traços orgânicos, envoltas por uma passagem suave de cores vibrantes e aquareladas. A composição apresenta volumes circulares ao redor das figuras, enquanto elementos esmaecidos ao fundo proporcionamumasensaçãodeprofundidade.
Asformascircularespresentesnapinturanãosãoapenaselementosestéticos,mas simbólicos. Essas curvas suaves evocam a feminilidade e a fluidez das relações entre as irmãs, destacando a natureza contínua e ininterrupta desses laços familiares. Cada círculo parece ecoar a ideia de ciclos de vida, renovação e a interconexãoúnicaqueexisteentreasmulheresrepresentadasnaobra.
A paleta de cores escolhida é equilibrada, destacando-se pelo predomínio de tons quentes,harmonizadoscomumaseleçãodetonsfrios.Atécnicadeinterferênciade umacornaoutraadicionaumadimensãoàcomposição,criandoumjogodinâmicoe sutilentreasdiferentestonalidadespresentesnaobra.
“Fraternidade” é uma celebração artística da conexão entre irmãs. A escolha consciente de tons e técnica transmitem a suavidade dos laços familiares e destacam a complexidade e a riqueza das relações entre essas três figuras femininas.
Mari Pereira imortaliza a fraternidade nas cores cuidadosamente aplicadas em um testemunho visual da importância das relações familiares, uma poesia desdobrada nas formas circulares, convidando-nos a refletir sobre a beleza da ligação entre irmãseafeminilidadeintrínsecaaesseslaços.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
«Abstrato Frida Kahlo» de Licia Vallim propõe uma celebração vibrante da paixão de Frida Kahlo pela natureza. Inspirada nos jardins da Casa Azul, em Coyoacán, México, casa onde a artista viveu, essa obra é um reflexo da atmosfera saturada nas cores , formaseexuberânciaquemarcaramavidadapintora.
Em um gesto poético, Licia Vallim retrata as plantas vivas que a artistacolecionavaavidamenteeaessênciadesuaconexãocom o mundo natural. São referências na pesquisa de Licia, imagens fotográficas dos jardins de Frida, repletas de personagens híbridos, metade planta, metade humano, que emergem como uma possibilidade simbólica de sua própria identidade artística entrelaçadacomanaturezacircundante.
A abstração sutil presente na obra revela camadas construídas, seguindo a paleta terrosa das raízes, ascendendo às cores vibrantesdasfloresealcançandoopináculocomostonsetéreos do céu. Esse jogo cromático entrega uma representação visual dariquezadafloramescladacomumaincursãonasprofundezas emocionaisquedefiniramaexperiênciadeFridaKahlo.
Cada matiz evoca a diversidade botânica, as complexidades da alma e a vibrante ligação com a vida tumultuada e a arte impactantedapintoramexicana.
AdrianaScartaris
ABSTRATO FRIDA KAHLO
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
“Overcome” de João Carlos Bieniek, registra um momento em que a força interior é recrutada para superar as adversidades de uma fase difícil. Esta obra é parte integrante de uma série de quadros que abordam o universo feminino, explorando emoções como angústia, dúvida e solidão. A fragmentação deliberada da imagem é umaestratégiaartísticaquereduzorealismo,convidandooobservadoraexplorara profundidadeemocionalpormeiodepeçasdesconexas.
A representação visual da obra concentra-se em uma figura feminina, despida, sentada,comaspernasrecolhidaseasmãosentrelaçadas,abraçandoaspernasem uma clara posição de autoproteção permeada por uma certa fragilidade. Com a cabeça repousada suavemente sobre os joelhos, enquanto o olhar se dirige para o lado, a figura principal evoca introspecção e reflexão, como um respiro profundo para buscar forças. Cada fragmento da imagem contribui para criar uma narrativa complexa,capturandoaessênciadalutainterior
A paleta de cores densas e outonais utilizada por João Carlos Bieniek intensifica a atmosfera da obra, mergulhando-a em tons que ecoam sentimentos profundos e reflexivos, entretanto não existem sombras muito evidentes. A escolha desses matizes específicos adiciona a percepção de ausência de uma atmosfera sombria, confere uma camada de simbolismo à composição e enfatiza a intensidade emocional do momento representado, dialogando com o título da obra. O objetivo é representar o momento em que a escuridão cede lugar para a superação, com a escolha consciente das cores outonais e quentes, que estão associadas a parar, se despirdoquehaviaantesesepreparar,tantonanaturezaquantonavida.
João Carlos Bieniek, por meio da fragmentação da imagem e da paleta rica em tons outonais, convida-nos a contemplar a resiliência e a capacidade de superação presentes na natureza da mulher e da terra, proporcionando uma janela para a complexidadeebelezadasemoçõeshumanas.
AdrianaScartaris
OVERCOME
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
Em“BlackPower”deJaymeGuerra,somosconvidadosaumareflexãosobreopoder intrínseco da cor, que nos transporta para um reino de significados mais amplos. A obra,umretratodoicônicoJimiHendrix,exploraomovimentoculturalesocialquea intitula. Este movimento, marcado pela busca de identidade, estética única e reivindicaçãoderepresentatividade,éencapsuladonaessênciadaobra.
A representação de Jimi Hendrix não é apenas um retrato; é uma narrativa visual, inserida no tema “O Poder da Cor”, que incorpora os ideais do movimento Black Power, simbolizando a força e a determinação do movimento na construção de identidade.
JaymeGuerraaplicaumatécnicapictóricacomusoexclusivodotubodetinta,semo auxílio de pincéis ou outras ferramentas tradicionais, e adiciona uma camada de complexidade à obra, não apenas por destacar sua habilidade, mas também por refletiranaturezaousadaeinovadoradomovimento.
Cada traço, aplicado com o tubo de tinta, contribui para a criação de uma textura únicaquetransmiteaenergiaeaintensidadedadiscussãosobre“OPoderdoPreto”, ausência de cor, que absorve todos os comprimentos de onda da luz, que nomeia a cordapele…
A utilização do preto na obra “Black Power” de Jayme Guerra não é apenas uma escolha estilística; é uma metáfora poderosa que amplifica a mensagem do movimento O preto, aqui, ultrapassa a sua condição como cor e torna-se um símbolo de resistência, autonomia e redefinição de padrões estéticos em uma declaração visual que celebra a beleza intrínseca do negro, tanto na paleta cromáticaquantonaexperiênciahumana.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
“CARMEN Chica Chica Boom Chic” desvenda a mulher por trás da personagem icônica, Carmen Miranda. Nesta obra, Yolanda Teixeira nos conduz a uma proposta onde a abstração cede espaço à figuração, revelando Carmen em um momento íntimo de ensaio. O cenário, translúcido e desprovido de extravagâncias, coloca em destaque a essência da artista, despojada das roupas de palco e da imagem estilizada,aquiCarmensurgecomaforçasolarnascoresquentessaturadas.
A composição revela uma Carmen sorridente, com um microfone à frente, mergulhada em seu ofício com autenticidade e alegria. O contraste entre a Carmen pública, conhecida pelo figurino exuberante e pela performance efêmera, e a Carmenprivada,dedicadaaotrabalhoemsuaformamaissimples,criaumaalegoria poderosasobreadualidadenavidadeumartista.
Aharmonianarepresentaçãodacenarefleteoequilíbrioentreapersonapúblicaea pessoa por trás das cortinas. A estética, sutil e evocativa, busca a expressão autênticadaartista,afastando-sedascaricaturasemitologiasquecercamafigura deCarmenMiranda.Umanarrativaquefogedosparadigmastradicionaiseexploraa materialidadeemocionaldapersonagem.
Aocapturaressemomentodeensaio,aartistadestacaaimportânciadocotidianoe da prática constante no desenvolvimento profissional. O contexto histórico e cultural da época é ressonante na obra, lembrando-nos da contribuição de Carmen paraamúsicapopularbrasileira.Aobraé,portanto,umaalegorianãoapenasdavida daartista,mastambémdasuarelevânciaeinfluênciaduradouras.
“CARMEN: Chica Chica Boom Chic” distancia-se da figuração óbvia e a iconografia usual para revelar uma Carmen Miranda mais próxima da realidade, sem perder a aura que caracteriza a multiplicidade de uma mulher talentosa além das luzes do palcoedaefemeridadedoespetáculo
AdrianaScartaris
CARMEN CHICA CHICA BOOM CHIC
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
“Infância Intemporal” de Gustavo Sanches de Castro, é uma jornada através das frações de sua infância, onde sentimentos e memórias se entrelaçam e transformam as suas lembranças em nuances de cor. A pesquisa do artista sugere uma reflexão sobre a intemporalidade, onde cada fragmento é uma peça essencial do mosaico de sua vida, como manifestação poética das emoções.
As camadas de tinta que se sobrepõem em tons quentes e frios são termômetros emocionais que traduzem a temperatura afetiva das experiências vividas. O azul, quando rebaixado, adquire uma qualidade etérea, lançando sombras suaves que sugeremamelancoliadasmemóriasserenasdainfância.
Por outro lado, o amarelo rebaixado proporciona uma luminosidade sutil, criando áreas que refletem a vivacidade das experiências felizes. Esse contraste entre luz e sombra intensifica a atmosfera emocional da obra e serve como uma analogia poética para as nuances da vida adulta ao contemplar a infância.
Assim como o jogo de luz e sombra nas camadas de tinta revela diferentes intensidades emocionais, o adulto, ao revisitar as suas memórias, acolhe o percurso variado das experiências, reconhecendo que a dualidade das emoções é uma parte intrínsecaeenriquecedoradotrajetohumano.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
DaniXavier,em“AsFlores”,exploraaessênciavibranteecurativa das flores, como conexão com dimensões superiores. A obra é uma expressão eloquente de como a arte pode condensar energias de cura em formas tangíveis, seja em papel, tela ou parede.
A disposição circular das quatro flores-do-campo, em primeiro plano, cria um ponto focal que evoca a simbologia da vida e da renovação Como escolha principal da composição, a forma circular sugere a continuidade e a eternidade, enquanto as pinceladascurtas,nofundo,permitemquealuzpenetre,criando uma atmosfera solar que ressalta a vitalidade dos elementos centrais.
Com paleta de cores mesclando tons de rosa e verde de forma sutil, manifesta a intenção de elevar a frequência vibracional. A luz que se infiltra pelas frestas das pinceladas, posicionada no alto da composição, simboliza uma luz divina que ilumina não apenasaobra,mastambémaalmadaquelesqueacontemplam
A arte de Dani Xavier é uma busca pela conexão entre a materialidade e o transcendental, uma tentativa de tocar a alma das pessoas e expandir a consciência. Ao trazer nuances, visões e energia em cores, a obra tem em vista elevar a experiência humanaaumafrequênciamaiselevada.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 75 x 50cm | 2024
“Andrômeda”,deClaraAfonso,éumaincursãotranscendentaldapesquisaartística, ondeaimagemseentrelaçacomoconhecimento,mergulhandonasprofundezasda consciência.A artista, em sua busca pela expansão da mente, propõe um despertar espiritual que ultrapassa fronteiras, costurando temas plásticos que fortalecem a compreensão da interconectividade humana e abrem portas para uma consciência planetária.
No contexto da série (dis)CONNECTED, a obra abstrata Andrômeda é um ensaio sobre estrelas e constelações. Andrômeda, na mitologia grega, é uma princesa vinculada à constelação que leva seu nome. Associada à ideia de resiliência e superação, a história de Andrômeda revela a força interior necessária para enfrentar desafios e transcender obstáculos. Nesse contexto filosófico, a constelaçãorepresentaacapacidadehumanadetransformaçãoerenascimento.
A composição em tons de azul noturno confere uma atmosfera cósmica à obra, mergulhando o observador nas profundezas do espaço. Os tons de azul iluminado evocamavastidãoestelar,enquantonoúltimoplano,umelementoamarelosugereo rastro de luz deixado por um cometa, adicionando dinamismo e movimento à peça. Noplanointermediário,umpontodeluzamareloemergedepinceladasquesugerem nuvenscósmicas,intensificandoasensaçãodeimersãonavastidãodouniverso. “Andrômeda”convidaàreflexãosobreanaturezadaenergia,frequênciaevibração.
A obra de Clara Afonso proporciona uma experiênciasensorial e abre espaço para a contemplação da complexidade e harmonia que permeiam o cosmos É uma expressão eloquente da interação entre arte e conhecimento, guiando-nos para umacompreensãodanossaconexãocomouniverso.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 75 x 50cm | 2024
“Pégaso”, de Clara Afonso, é uma obra que integra a série (dis)CONNECTED, onde a artistacontinuaaexplorarasestrelaseconstelaçõesemsuapesquisa.Nocontexto filosófico da série, “Pégaso” nos convida a mergulhar na mitologia e na simbologia associadasàconstelaçãohomônima.
A constelação de Pégaso, na mitologia grega, é associada a um cavalo alado que surgiu do sangue da Medusa decapitada por Perseu. Pégaso é frequentemente considerado um símbolo de inspiração e criatividade, além de ser um mensageiro dos deuses. Filosoficamente, Pégaso pode representar a busca pela elevação espiritual,aconexãocomodivinoealiberaçãodaslimitações.
A obra abstrata em tons predominantemente de azul iluminado traz uma atmosfera celestial, refletindo a vastidão estelar. Elementos no primeiro plano, em tons de amarelo, azul profundo e branco, evocam a forma principal da constelação de Pégaso. As formas geométricas estão posicionadas de maneira a lembrar as linhas daconstelação,criandoumanarrativavisualquevaialémdarepresentaçãoliteral.
Ao explorar Pégaso, Clara Afonso nos convida a contemplar a dualidade entre a materialidadeeatranscendência,entreaformaeoconceito Aescolhadostonsea composiçãocomelementoscentraisgeométricosrevelamnãoapenasaestéticada constelação,mastambémumaexploraçãodasideiasassociadasaPégaso,quetem em vista despertar reflexões sobre a busca pelainspiração, a conexãoespiritual e a liberdadealémdasamarrasterrenas.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 75 x 50cm | 2024
“Flamingo”, capturada pela lente da fotógrafa Carmem D'Luca, é uma exploração do magnetismopeculiaraessamajestosaave.Aobradestacaopoderdacor,temática destaexposiçãocoletiva,ondeaartistabuscaexplorarasnuancescromáticasesua influência na percepção e na conexão humana com a natureza. A cor arrebata e capturaaatençãodoexpectador.
Resultante de sua dieta rica em carotenos, a coloração avermelhada intensa do flamingo é enfatizada na obra, tornando-se um símbolo não apenas de sua saúde, mas também de sua singularidade e beleza. No contexto brasileiro, onde esta ave encontra-se em extinção e só é encontrada no estado do Amapá, a imagem adquire uma importância ainda maior, como um chamado para a preservação e a consciênciaambiental.
O fundo preto atua como um cenário que destaca o foco principal da imagem, enquanto a luz, controlada intencionalmente pela fotógrafa, cria sombras que conferem volume e profundidade ao elemento central. O contraste entre o preto profundoeascoresvibrantes,ressaltaomagnetismovisualdoflamingo.
Neste contexto, palavras como “cor”, “vibrante” e “magnetismo” ganham vida na narrativavisualdeCarmemD'Luca.Aobradocumentaabelezasingulardaaveenos convida a refletir sobre a conexão entre a preservação da fauna e a apreciação estética. “Flamingo” é uma celebração do poder da cor na natureza e um apelo potenteànossaresponsabilidadeambiental.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
AobradeCarlosFiorenttini,umaaudaciosareleituradaicônica“MalhandoJudas”de Portinari, manifesta-se como uma alusão alegórica surrealista, ultrapassando as fronteiras da realidade. Fiorenttini acrescenta aos personagens tradicionais elementos diversos, como peixes, borboletas, animais marinhos, brinquedos infantis, pássaros e ovos, criando um espetáculo visual que conecta o familiar e o surreal.
A composição original de Portinari é caracterizada por tons escuros de terra, azuis, cinzaepreto Océunoturno,delineadoemtonsdeazulnalinhadohorizonte,sugere umaatmosferadensacomluadiscretanocantosuperioresquerdo,quetestemunha acena.Aaçãocentral,comváriasfigurasmalhandoojudas,émantida,masagoraé habitadaporumamultiplicidadedeelementossimbólicoseencontraumanovavida nasmãosdeFiorenttini.
O artista, ao adicionar camadas surreais, ilumina a narrativa. Pequenos elementos fazem referência à vida de Portinari, enquanto a pequena igreja é iluminada, incorporando referências culturais e fantásticas. Borboletas translúcidas dançam aoredoreplanetascircundamacenaprincipal,conferindoumadimensãocósmicaà narrativa.Océunoturnopersiste,masalua,agoraenvoltaemumasutilnévoacomo a cauda de cometa, ganha destaque, dimensão e potência, sugerindo a dinâmica do tempo, o movimento e entrega um convite sutil para o observador imaginar a evolução da cena. O chão, mais iluminado, transmite uma sensação de vida e fertilidade,contrastandocomaescuridãocircundante.
A obra de Fiorenttini não apenas homenageia a originalidade de Portinari, mas também desafia as convenções, convidando-nos a explorar o universo surreal e simbólicoquesedesdobradiantedenossosolhos.Éumacelebraçãodacriatividade e da capacidade da arte de transcender as fronteiras do real para explorar novas e fascinantespossibilidades
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
“NotopodaMontanha”compõeasérieJogosUrbanos,querepresentaaimersãonas cidades que moldaram minha visão de mundo. Esta série é uma exploração da identidade urbana, contada não pelos habitantes visíveis, mas pela arquitetura das cidades, construídas com elementos dos jogos da minha infância, retratada em cores saturadas e contrastantes, e pelos vestígios e lendas urbanas que permeiam esses espaços. Cidades vazias, mas cheias de histórias sussurradas por personagensocultos.
Ao investigar a atitude diante de situações urbanas, senti a necessidade de dar voz aos habitantes dessas metrópoles. Em “No topo da Montanha”, mergulhei na pesquisa sobre a atitude de gritar, usando uma paleta de cores fortes e contrastes extremos, que se funde com a dinâmica das grandes metrópoles que represento, sugerindoumasimbioseentrepersonagemeambiente.
A obra focaliza um rosto feminino, carregado de alguma abstração, saturado por cores contrastantes e envolto por áreas negras que intensificam a composição. A mulher retratada em pleno grito exibe uma expressão de força, como se cada decibel fosse um ato de emancipação. Suas mãos em concha ao redor da boca buscam potencializar o som, mas a peculiaridade reside no cenário escolhido: o topodeumamontanha.
Nessecontexto,ogritoecoaalémdasbarreirasurbanas,encontrandoumambiente vasto que amplifica e reverbera sua força. A mulher, retirada do tumulto urbano, ganha protagonismo em um ambiente que evoca poder e destaque A ausência de cenárioacentuaaforçadanarrativa,queseconcentranogrito,permitindoqueavoz femininasepropagueeserepitainfinitamente,comoumecoeterno.Em“Notopoda Montanha”, a potência do grito encontra seu espaço para ecoar, desafiando as fronteiras urbanas e celebrando o protagonismo feminino em meio à imensidão da natureza.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024
“O Torcedor” é uma das peças mais antigas da série Jogos Urbanos, resultado da minha imersão na dinâmica das cidades que moldaram minha perspectiva de mundo.Nessasérie,nãosãooshabitantesvisíveisquecontamahistória,massima arquitetura urbana, construída com elementos dos jogos que marcaram minha infância, as lendas urbanas que sussurram entre os espaços vazios e toques de humor.Sãooselementosarquitetônicosquecontamashistóriasdascidades.
Ao explorar as atitudes urbanas, senti a necessidade de conceder voz aos habitantes dessas metrópoles. Em “O Torcedor”, meu foco foi a atitude de gritar, utilizando uma paleta de cores saturadas e contrastantes que se integram à dinâmica vibrante das grandes cidades que represento Essa escolha de cores sugereumasimbioseentreopersonagemeoambiente.
Aobraapresentaumrostomasculinoemclose,comalgumaabstração,semcenário aoredor,emmeioaumgritofervoroso,asmãosemconchaaoredordaboca.Éuma alegoria ao ato de torcer e impulsionar o próximo. Em um mundo marcado pela competição e desunião, especialmente nas densas metrópoles, torcer pelo outro torna-seumgestogenuínoesignificativo,doqualahumanidadetantonecessita.
A força desse grito é potencializadapelaexpressãointensa e pelascores vibrantes, transmitindo não apenas a paixão pelo ato de torcer, mas também a urgência de solidariedade e apoio mútuo. Em “O Torcedor”, celebro a capacidade de inspirar mutualmente,levantandoavozemproldacoletividade,quereverberaaimportância daempatiaemmeioàagitaçãourbana.
AdrianaScartaris
Versão impressa em UV sobre HDF (High Density Fiberboard) | moldura caixa 3cm perfil amadeirado | 50 x 75cm | 2024