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Sydney ou Melbourne: qual é mais a sua cara?
Cidades australianas que recebem este mês alguns jogos da Copa do Mundo de Futebol Feminino possuem perfis bem diferentes, mas são igualmente modernas, dinâmicas e ricas em opções culturais, experiências gastronômicas e atrações em meio à natureza
A HISTÓRIA SE REPETE NO MUNDO TODO –todo grande país tem duas cidades que dividem a atenção e a preferência dos viajantes: nos Estados Unidos, a disputa é entre a urbana Nova York e a solar Los Angeles; na Itália, o centro financeiro de Milão é o outro lado da moeda representado pela hedonista Roma; na Espanha, a sobriedade de Madri é totalmente antagônica à descontração típica de Barcelona; enquanto na África do Sul a nervosa e sufocante Joanesburgo é o oposto da relaxada e exuberante Cidade do Cabo. Até no Brasil essa dicotomia se manifesta no confronto entre a organização e a riqueza de São Paulo ao caos e o charme natural do Rio de Janeiro.
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Na Austrália, não tinha como ser diferente: Sydney é a cidade que mais parece uma comunidade de loiros de olhos azuis que surfam e velejam entre as bonitas construções que remetem a uma “Londres dos trópicos”; já Melbourne é uma metrópole hiper cosmopolita onde indianos, coreanos, chineses e japoneses parecem ser mais numerosos que os descendentes dos britânicos. Até os aborígenes parecem ter uma presença maior em Melbourne do que em Sydney.
Melbourne é uma das cidades com mais área verde por habitante no planeta, e é também uma metrópole muito bem conservada e gerida. No quadrilátero conhecido como CBD (Central Business District), a maioria das ruas não é aberta ao tráfego de carros e motos, apenas bondes circulam por lá
– e de graça! Nessa região, onde ficam praticamente todos os grandes hotéis, a oferta de restaurantes de comida asiática é absurda: microunidades da rede Sushi Hub vendem delícias japonesas em quase todas saídas do metrô; a cada esquina, é possível encontrar pelo menos uma casa de lamen chinês ou de churrasquinho coreano; aqui e ali, indianos e tailandeses ocupam os espaços que sobram. Na minúscula Degraves Lane, de frente para estação de trens de Flinders Street, uma lanchonete serve hambúrgueres feitos com carne de avestruz e de… canguru!
Mas a maior atração gastronômica da cidade não é nenhum restaurante, bar ou lanchonete, é o Queen Victoria Market, o mercadão municipal da cidade. Espalhado por vários galpões em estilo vitoriano (claro!), é um paraíso para quem adora experimentar os mais frescos e variados queijos, frios, frutas, pães e antipastos. Na seção de peixes e frutos do mar, dá para comprar por apenas 12 dólares australianos (menos de R$ 40) uma bandejinha com 12 ostras frescas abertas na hora e prontas para serem devoradas. Quem for ao Mork’s terá a oportunidade de provar o chocolate quente mais cremoso do universo, que pode ser acompanhado por tentadores s'mores (marshmallows maçaricados).
No lado oposto do CBD, a National Gallery of Victoria apresenta até o dia 20 de agosto a megaexposição “Melbourne Now” – uma espécie de Bienal com a produção de 200 artistas locais. Perto dali, ficam o Royal Botanic Garden e o Albert Park – onde todo ano são realizados o GP de Fórmula 1 e o torneio de tênis Australian Open. Os jogos da Copa do Mundo de Futebol Feminino serão disputados um pouco mais adiante, no recém-reformado Rectangular Stadium, situado no complexo esportivo que sediou as Olimpíadas de 1956.
Sem sair de Melbourne, mas distante uns 10 km do Centro da cidade, fica a praia de St. Kilda, que parece um balneário inglês da primeira metade do século 20, com casarões de frente para o mar, hotéis que já viveram dias mais glamurosos e um parque de diversões totalmente perdido no tempo e no espaço. Mas a esplanada que faz as vezes de um calçadão e o píer são perfeitos para agradáveis caminhadas no fim da tarde ou no amanhecer.
Para quem tiver tempo, vale muito a pena fazer um ou dois tours pelos arredores de Melbourne. Se só der para fazer um, não deixe de conhecer a Great Ocean Road, uma longa faixa de praias de frente para o Mar da Tanzânia que é pontilhada por majestosas formações rochosas conhecidas como Twelve Apostles. O outro passeio que faz muito sucesso é um rolê pelo Yarra Valley, uma das principais regiões produtoras de vinhos da Austrália. Na vinícola St. Hubert’s funciona um restaurante de atmosfera deliciosa e comidinhas idem.
Dias Ao Ar Livre
Já Sydney, que no mapa parece pertinho de Melbourne, mas na verdade fica a 850 km na direção Nordeste, é uma cidade mais outdoor, para ser aproveitada em passeios a pé ou de barco. Os turistas se concentram na esplanada do porto, que fica entre a majestosa Harbour Bridge e a icônica Ópera. A
Na página à esquerda, vista da Baía de Sydney, com a Harbour Bridge e a Ópera em destaque; Acima, os Royal Botanic Gardens com o skyline de Melbourne ao fundo e, abaixo, um coala do Koala Sanctuary de Sydney
Nesta página, as ostras frescas do Queen Victoria Market, a sala de degustação da vinícola St. Hubertus, os cangurus do Moonlit Sanctuary e as magníficas formações rochosas da Great Ocean - tudo na cidade de Melbourne e arredores. Na página à direita, imagens de Sydney, como a orla de Bondi Beach, o espaço de exposições da White Rabbit Gallery e as suculentas carnes da steakhouse Bistecca ponte parece uma Torre Eiffel inclinada, com suas impressionantes estruturas de metal. Já a Ópera é uma joia arquitetônica assinada pelo dinamarquês Jørn Utzon e inaugurada em 1973. O complexo cujas linhas foram inspiradas nas formas das conchas do mar e das velas dos barcos abriga oito auditórios – cada um dedicado a um tipo de espetáculo: balé, música sinfônica, teatro, concertos de câmara, ópera, shows pop… não deixe de fazer o tour guiado que apresenta os detalhes e curiosidades históricas da construção, que a cada ano recebe 8 milhões de visitantes.
Dali pertinho, do pier 3 do porto, saem barcos para algumas das praias mais distantes, como Manly, Watsons Bay e Dee Why. Mas é do outro lado da cidade que fica a praia mais visitada da cidade: Bondi Beach. Com ampla faixa de areia e ondas de tamanho médio, é um lugar perfeito para passar uma preguiçosa tarde. Nas ruas da vizinhança, a oferta de charmosos bares, restaurantes e cafés é enorme.
Para quem não consegue viajar sem fazer umas boas comprinhas, a dica é fazer uma visita ao Queen Victoria Building, uma imponente galeria de lojas com cinco andares aberta em 1898 que atualmente abriga as mais sofisticadas grifes britânicas, italianas, francesas e norte-americanas. Se a fome bater, faça um pit stop no Tea Room para apreciar um pratinho de três andares com finger sandwiches de pepino e de salmão, acompanhados por uma taça de champagne ou uma xícara de darjeeleng.
Por falar em comida, uma visita à Austrália só é completa se incluir ao menos uma refeição numa das renomadas steakhouses deste país que disputa com o Brasil o título de maior exportador de carne bovina do planeta. Na mais recente lista do World’s 101 Best Steak Restaurant Awards, nada menos que cinco desses estabelecimentos ficam em Sydney: o Rockpool Bar & Grill (na 8ª colocação), o Kingsleys (na 31ª), o Bistecca (no 32° lugar), o Porteño (40º) e o The Guidley (43º). Nos cardápios dessas casas, é informado sempre o corte, a raça, a origem, o tipo de alimentação e o índice de marmoreio, que antecipa o nível de maciez e sabor da carne, facilitando a escolha. Os preços são bem mais salgados que a comida, mas assim que você morder, vai sentir que o investimento nessa experiência vale cada centavo.
Para conhecer o que há de melhor e mais relevante na arte contemporânea chinesa, vale pegar um metrô até a White Rabbit, uma magnífica galeria criada pela magnata da mineração Judith Neilson, com três andares nas proximidades do bairro universitário de Ultimo.
E em Sydney acontece a abertura da Copa do Mundo de Futebol Feminino, no gigantesco Australia Stadium, que fica a 20 km do Centro da cidade e tem capacidade para acomodar confortavelmente 70 mil espectadores.
Se você quiser ter contato com aqueles animais incríveis que só existem na Austrália – mas não vê a menor graça em ver essas criaturas enjauladas em zoológicos – a dica é ir ao Wild Life Sydney (ao lado do Aquário Municipal, pertinho do Centro, na região conhecida como Darling Harbour), onde é possível tomar café ao lado de coalas e ver de perto crocodilos, ornitorrincos e diabos da Tasmânia. Outra opção – mais trabalhosa – é ir a um dos vários santuários da região metropolitana onde os bichos têm mais liberdade, como o Koala Park e o Featherdale. O Koala Park, por exemplo, fica no subúrbio de Pennant Hills e tem também wombats, emus, dingos e várias espécies de marsupiais. O mais legal é poder se aproximar dos cangurus e deixar eles comerem uma ração apropriada diretamente na sua mão!
Quando você for se aventurar por esta linda e distante nação, tenha em mente que as duas cidades possuem perfis bem diferentes, mas uma viagem a Sydney não exclui uma visita a Melbourne ou vice-versa. Na verdade, uma é complementar à outra.
A melhor maneira de ir à Austrália é via Santiago. A australiana Qantas opera voos diários e diretos entre a capital do Chile e Sydney. A Latam tem também voos diários entre Santiago e Sidney, mas com uma rápida escala técnica em Auckland (Nova Zelândia), sem troca de avião. A partir de setembro, a Latam terá três voos semanais de Santiago direto para Melbourne.