POR
MARIANA BERTOLUCCI
MARÇO/ABRIL 2015 – N° 10 – R$ 7,00
CARLOS EDUARDO COMAS A arte de ensinar
MARCELO RUSCHEL 15 anos de coração, criatividade e boa vontade
MARTHA MEDEIROS Livre, aventureira e feliz, a escritora fala da carreira, da simplicidade e do amor
MODA: AS PATRÍCIAS Intimidade fashion
ELIS REGINA Música e saudade no ano em que a cantora faria 70 anos
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por que publicamos?
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porque amamos!
www.tabeditora.com.br
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editorial
sumário
INSPIRANDO E INSPIRADA Nossa criança de papel fez dois anos, e já ganhou até um irmãozinho mais ligeiro e virtual que mora no www. revistaba.com.br, aos cuidados da jornalista Letícia Heinzelmann. Todos esses árduos e primeiros passos são motivos de orgulho para nós, a família Bá, que conta com um time especial de colunistas cheios de talentos e quase todos desde o início por aqui, dividindo o sonho de contar e fazer histórias nestas páginas. A aniversariante, nossa linda décima edição, traz na capa Martha Medeiros, que nos impregnou com a sua apaixonante e apaixonada maneira de ver e viver a vida e desejando um ano inspirado e descomplicado como é a nossa musa maior. Ivan Mattos relembra a bela trajetória de outra gaúcha que ganhou o Brasil: Elis Regina, que completaria 70 anos se estivesse viva. À frente do bem-sucedido projeto social WimBelemDon, a dedicação dos últimos 15 anos de Marcelo Ruschel também nos inspira a sermos pessoas melhores. A história da instituição que atende cerca de 100 crianças e adolescentes carentes também é assunto na coluna da jornalista Claudia Coutinho, e vão para Marcelinho todo o nosso apoio e aplausos. Nesta publicação comemorativa de aniversário, a Bá ainda presenteia vocês com mais dois colaboradores cheios de charme e estilo: a bela Angela Xavier e o antenado Dudu Vanoni. Obrigada por estar aí sempre do outro lado, fazendo todos os dias a nossa história valer a pena. Boa leitura. Mariana Bertolucci
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MARTHA MEDEIROS, INSPIRAÇÃO MISTA
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Aventureira, ambígua e amante do amor
52 Design afetivo
Ousadia e registro
STEVEN KLEIN E SEU DOM LASCIVO
DELÍCIA COM ESTILO
Caras e sabores cariocas
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ALÉM DOS OBJETOS
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Diretoria: Mariana Bertolucci mail: marianaabertolucci@gmail.com Simone M. Pontes mail:simone@tabeditora.com.br Editora: Mariana Bertolucci Projeto e ExecuÇão: TAB Marketing Editorial www.tabeditora.com.br Marketing e Comercial: Denise Dias Tel: (51) 9368.4664 Mail: denisebcdias@gmail.com Revisão: Renato Deitos
Coração, criatividade e atitude
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Misteriosa intimidade
DEIXE REVELAR
BOTECO JAPA DE BOMBACHAS
BONITO DE VER
Diagramação: Augusto Barros Colunistas: Ana Mariano Andréa Back André Ghem Angela Xavier Claudia Coutinho Claudia Tajes Cristie Boff Dudu Vanoni Fabiana Fagundes Flavinha Mello Henrique Steyer Ivan Mattos Jaqueline Pegoraro e Carol Zanon Lígia Nery Lívia Chaves Barcellos Marco Antonio Campos Orestes de Andrade Jr. Silvana Porto Corrêa Verônica Bender Lima Vitor Raskin Vitório Gheno
A revista Bá não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos assinados. Elas são de responsabilidade de seus autores. Todos os direitos são reservados.
Receitas de amor
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MARTHA MEDEIROS, INSPIRAÇÃO MISTA Fotos Pedro Servante e arquivo pessoal
Martha Medeiros vive o momento mais livre e pleno da sua vida. Com quase 30 obras publicadas, as filhas crescidas, mais de um milhão de livros vendidos, novos projetos à vista e coração aberto para um grande amor.
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Sem o habitual encantamento pela primeira parte da vida, a infância de Martha Medeiros foi feliz, tranquila e bem portoalegrense, daquelas que não existem mais. De turma de rua, bicicleta, solta no mar, fazendo piquenique nas areias de Torres ou brincando na Fabrício Pilar, no prédio que até hoje existe entre a Quintino e a Bordini: “Número 65, apartamento 3, nunca esqueci”. Depois de 11 anos de Colégio Bom Conselho, muitos dos amigos são dessa época, o que enche de orgulho a escritora gaúcha: “Claro que tenho outros amigos de várias tribos. Mas acho uma super-honra minhas amizades de infância, todas ainda fortes e operantes. Não só de mandar feliz aniversário no WhatsApp. É amizade de se encontrar. Saber da vida uma das outras. As gurias do Bom Conselho é uma turma mesmo. É maravilhoso ter pessoas perto de ti que viveram tua vida contigo e foram testemunhas dela. De tudo: casamento, separação, a parte boa, a parte ruim”. Hábito precioso que ela acredita ter a ver com a cultura dos pais, também sempre cercados de turmas de amigos de muito tempo. A primogênita e única menina de José Bernardo Barreto de Medeiros e Isabel Mattos de Medeiros sempre foi meio na dela: “Não era a popular, a faz tudo, mas também não era bicho do mato. Ia na onda”. Numa onda própria e bem particular, Martha era atenta a toda pequena aventura que a vida lhe oferecia. Segundo ela, desde cedo quis experimentar a maior delas: a aventura de crescer como pessoa. E cresceu. Ouvindo Janis Joplin, Beatles e Astor Piazzolla na eletrola da família, a bordo do Karman Ghia TC do pai, com o único irmão, Fernando: “O pai nos levava para o Gigantinho a fim de ouvir uns caras que estavam surgindo... eram o Secos e Molhados!”. Por essas 8|
e outras que, quando alguém pergunta sobre quais autores foram suas referências, a resposta mistura Monteiro Lobato com Caetano, Jorge Ben com Mario Quintana, Rita Lee com Verissimo. “Nascer na minha família foi uma riqueza grande porque formei ali uma Martha inspirada.” Além da inspiração, outra característica sua é o equilíbrio, ou a total falta dele. Martha gosta: “Sou bem misturada. Consigo ser careta e meio maluca, organizada e preguiçosa, romântica e prática. Não tenho obrigação de me sentir só de um jeito a vida inteira”. Guiam a leonina a aventura e a surpresa, mas isso não foi exatamente um problema nos últimos 20 anos. Colunista semanal há duas décadas dos jornais O Globo e Zero Hora, a escritora lançou 23 obras no total, entre poemas, crônicas e romances. Vendeu mais de 1 milhão de livros, e um deles, Feliz por Nada, está em sua 53ª edição. Liderou listas de mais vendidos do País e arrebatou milhares de leitores brasileiros que também encheram teatros e cinemas para assistir a seus personagens interpretados por grandes atrizes brasileiras. Casou aos 27 anos com o publicitário Luiz Telmo de Oliveira Ramos, com quem teve Julia e Laura. Formou-se em Publicidade e Propaganda em 1982 pela PUC, trabalhou em agências, largou tudo e foi morar no Chile para repensar a vida. Voltou já escrevendo para a Zero Hora. Educadamente e respondendo um a um os e-mails que recebe todos os dias, ela declina de participações em programas de TV, comerciais, convites ou badalações que não tenham a ver com seu universo ou que sejam apenas para ver e ser vista. Só isso, não interessa. Convidada e aprovada no piloto para integrar uma das formações do programa Saia Justa, apesar de tentada, aventureira que é, ela intuiu que não era a hora certa de alçar tal voo. O que não
Porque a liberdade mesmo é tu fazeres o que tu bem entenderes, pode ser até ficar em casa o dia inteiro. Fazer o que te dá vontade, sem se preocupar com a opinião dos outros. E poder arcar com isso, sem pedir licença para ninguém.
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Para ser livre é preciso arrastar tuas correntes antes. Tem que ter a experiência de ter compromisso, responsabilidade, horário. As coisas estão ligadas, ninguém consegue ser totalmente livre sem uma certa disciplina.
quer dizer que a qualquer momento Martha não possa pensar diferente e se atirar sem paraquedas para voo semelhante. Experimentando-se: “Quando surge algum projeto novo, acho uma maravilha. Adoraria fazer apenas isso: dar novos mergulhos que me deixem excitada”. Por isso é que ela amou o deserto de Atacama, adora o Peru, também quer conhecer a Patagônia e sua cidade predileta é Londres. Ainda quer voltar ao Marrocos de carro e vai ao México andar de balão em maio: “Vou realizando os meus sonhos. Tô sempre me jogando com a rede embaixo, não sou de me atirar sem rede. A não ser no amor, daí me atiro no escuro. E tem rede protetora para o amor? Vou sem mesmo (risos). Tô numa fase muito boa, depois de ter passado por uma fase meio chata. A vida é essa gangorra. Tirei a mochila de pedras que carregava. Basta. Temos uma energia que não fazemos ideia. Transparece na pele, no sorriso, nos olhos. Andava abatida, agora quero ‘abater’ (risos)”. “Sou toda tua...”, ela me diz rindo, antes de começarmos a conversar. Pensei: “Dale!”. A sorte vai ser de vocês. 10 |
Revista Bá – Antes de entrar na faculdade, já pensava em ser escritora? Martha Medeiros – Às vezes, as pessoas pensam que escritora é aquela pessoa que não foi a nenhuma festa e que fica em casa lendo. Eu era absolutamente normal. Gostava de ler, mas gostava de festa. Sempre tive e tenho até hoje a tendência a uma certa introspecção. Não sou tão para fora. Eu equilibro bem o meu de dentro com o meu de fora. O meu de dentro sempre alimentei com cinema, música e arte em geral. Meu pai estimulou muito a música; minha mãe, a literatura, e ambos, o cinema. Então, estas três artes sempre foram um triângulo que caminhou comigo e que ajudou a formar a minha espinha dorsal artística. Adoraria ter sido cantora, atriz, mas, dentro dos meus dons, o mais propício era realmente escrever. Que é mais fácil, por isso hoje em dia todo mundo quer ser escritor. Escrever é uma catarse. Eu incentivo muito as pessoas, acho que elas têm que escrever mesmo, só tem que controlar um pouco a fissura por publicar. Outro dia recebi o e-mail de uma garota dizendo que os amigos falam
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que ela escreve superbem (na verdade, todo mundo diz isso para todo mundo) e ela quer saber como publicar. Aí vejo que ela tem 16 anos. Respondi: “Garota, vai viver. Porque não existe escritor sem vida, a matéria-prima do escritor é a própria vida, a experiência de vida. Claro que tem gênios como Rimbaud que escrevem o primeiro livro aos 17, mas são casos isolados. Vai viver, vai sofrer, vai viajar, vai amar. Depois você pensa em publicar”. Quem tem blog já está publicando. Hoje em dia é assim, mas as pessoas ainda buscam o status do escritor. Ainda é considerado um status ter um livro impresso. É realmente um barato, não desprezo, tu sabes, tu também tens um livro publicado. O trabalho ganha uma consistência. Eu achava bárbara a ideia de ser escritora, mas não tinha muita
Sou rápida. Vamos marcar, vamos marcar. Hoje, e não amanhã. Faço a roda girar. As pessoas se autoboicotam muito.
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pretensão, pois tinha a noção de quão difícil é ser escritora em um país como o nosso. Eu sabia que não era para qualquer um e cultivava isso como uma fantasia, como a garota que quer ser modelo, ou o cara que quer correr de Fórmula 1. Adorava a ideia de ser escritora numa casa de praia, olhando o mar, tomando vinho, aquele cigarro no cinzeiro – eu que nem fumo. Máquina de escrever, tec, tec, tec. Achava profundo e deveria ser tão bom ser profunda... mas minha vida não era nada profunda. A minha vida era dançar na Vila Rica, a boate do Juvenil... Escrever era uma fantasia. Como fantasia me bastava. Utopia. Bá – Como era a Martha aluna? Martha – Absolutamente razoável. Fui CDF só quando pequeninha. Ia bem em redação,
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mas era do tipo que ficava em recuperação. No fim do ano, dava uma puxada nos estudos, passava e ia embora. Não tinha interesse em química, física e já questionava: o que isso vai me trazer? Sempre fui ligada nas questões existenciais. Não me interessava a fórmula química do alumínio, me interessava saber como fazer para amar alguém. Como reagir quando alguém deixar de me amar. Como fazer amizades. Como lidar com a solidão e ao mesmo tempo com a socialização. Tinha questões existenciais e elas não eram saciadas no colégio. Hoje, estou vinculada à School of Life, do Alain de Botton, que é justamente isso, uma escola que te ensina a viver melhor. Te ensina a pensar como é que vais lidar com questões de dinheiro, trabalho, de culpa. Como a arte pode te ajudar a se relacionar com o mundo. Isso eu sempre achei que era o grande barato do estudo. Filosofia para viver. Leitura, música, a arte, jardinagem, dança, culinária... Tudo o que envolve arte é sempre enriquecedor e formador do indivíduo. Sei que é necessário saber matemática, ter uma base, mas parecia que eu estava perdendo tempo. Sempre fui um pouco preguiçosa para estudar e mais autodidata. Adoro me virar. Se quero aprender inglês, leio em inglês com dicionário do lado e assisto à BBC na televisão, faço uma imersão e vou aprofundando o idioma. Agora, fazer tema de casa... achava um pé. Tudo que era obrigação, que tinha que ser de um jeito formatado, eu já questionava. As coisas faziam mais sentido na vivência. Sempre achei o mundo uma grande sala de aula e por isso sempre amei viajar. Adorava viajar, desde pirralha. O pai nos colocava no banco de trás do Karman Ghia TC dele e íamos no inverno para o Rio, Punta del Este, Santa Catarina, Garopaba, Bombinhas, Foz do Iguaçu. Pura aventura. Curtia muito, e meu sonho era ir para a Europa, o que demorei 14 |
um pouco. Sempre fui muito independente, queria fazer as coisas por mim. Bá – Como foi conquistando sua independência? Martha – Apesar do meu lado existencialista, era muito pé no chão. Sonhadora e pé no chão. Nunca tive que optar em ser uma coisa ou outra. Eu sempre fui careta e maluquete. Racional e sensível. Para um assunto, sou liberal, para outro, nem tanto. Não tenho obrigação de ser liberal ou careta 100%. Depende da situação, da idade que eu tenho, da fase de vida que eu tô. Era rigorosa comigo, queria terminar o colégio logo, ter uma profissão, não por prazer, mas porque era o passaporte para a minha liberdade. Tinha 8 anos e queria ser adulta, nunca gostei do mundo infantil. Sempre achei que não era para mim, achava chato, achava que quem se divertia eram os adultos. Bá – Ficava no meio dos adultos? Martha – Não ficava no meio dos adultos. Era criança, brincava, mas achava que o barato da vida estava na liberdade, na independência e na vida adulta. Não era uma rebelde sem causa por não ser adulta, mas pensava: “Vou fazer tudo para amadurecer rápido e virar adulta. Nem tanto para amadurecer, mais para ter liberdade”. Morei sozinha, casei aos 27, sem ansiedade. Só queria me preparar para ter uma vida adulta divertida. Sinto que nunca fui tão livre e aventureira quanto sou hoje. Mas foi uma conquista, houve todo um investimento sério. Porque as pessoas esperam que a liberdade chegue num pacotinho de Papai Noel. Ah, oba, sou livre. Hoje eu alcancei uma liberdade não total, e nem quero, porque daí acho que é muito pirante. Quero vínculos. Liberdade total é não ter vínculo nenhum, e o vínculo é muito
bom. Eu tenho vínculos, filhas, mãe, família. No momento em que amamos alguém, há vínculo. Comprovei que o mundo adulto é bem mais divertido. Porque na infância e juventude temos uma falsa liberdade. Aos 18 anos, temos que decidir o que estudar, com quem casar, com que idade ter filhos, como ter dinheiro. A liberdade é fictícia. É a liberdade do jeans, que não prevê o futuro e é imediatista. Vem em forma de correr de carro, chegar às 7 da manhã da festa ou transar com todo mundo. Uma liberdade meio de postura, em que buscamos uma identidade. E há a pressão da sociedade, que temos que ser alguém, ter uma profissão – e temos mesmo. Liberdade não é uma calça rasgada. Calça rasgada é moda. Liberdade é a tua postura de vida. Bá – E a publicidade? Martha – Exerci 14 anos a publicidade. Fui Diretora de Criação. Gostava, mas fui para a propaganda porque sabia que lidaria com arte, música etc. Está tudo interligado. Trabalhei com Jorge Furtado, Léo Henkin, fiz um comercial da Manlec com a Lília Cabral sem imaginar que ela um dia faria uma personagem minha. Gostava da propaganda porque ela me deixava em contato com pessoas interessantes, ligadas a arte, e eu namorava esse universo. Tinha que pagar contas e já morava sozinha, então era um instrumento para eu ser independente. Casei com um publicitário e meu maior amigo veio da propaganda, o Marcelo Pires, além de outras grandes amizades que fiz. A grande riqueza que eu trouxe da propaganda foram as relações. Bá – Por que morar no Chile foi divisor de águas? Martha – Sabe quando tudo o que a pessoa quer da vida é uma promoção, é ter um cargo de chefia? Pois fui promovida
Sou muito mulher no que se refere ao amor, sou uma geleca amorosa. Me apaixono loucamente. Eu amo. Eu amo o mundo do amor. Amo a paixão e amo o sexo. Mergulho de cabeça, adoro. A vida não tem graça sem estar amando. | 15
a Diretora de Criação e acabou a minha carreira. Não era para mim. Descobri que tenho problemas com hierarquia. Não sei mandar. Os meus colegas ficaram um pouco subordinados a mim, eu tinha poder de demitir, de contratar. Não tenho nenhuma inclinação para o poder, nem ambição de ser a maior, a mais-mais, a dona. Tudo o que é superlativo não é para mim. Odiei ser Diretora de Criação e também não me sentia com talento suficiente pra aquilo. Acho que os que têm cargos de chefia têm de ser muito bons, dar o exemplo. Sempre fui muito realista em relação a minha potencialidade, eu era uma publicitária razoável, ponto. E não gostava muito de ser razoável, eu gostaria de ser mais, e eu não tinha condições de ser mais do que isso na propaganda. Tinha 30 anos de idade, um belo salário e não me sentia feliz. Aí, por providência divina, eu era casada com o Telmo e ele foi chamado para trabalhar em Santiago do Chile. Pensei: “Uau, então vamos”. Era tudo o que eu queria. A Julia tinha 2 anos e eu decidi pensar na vida. Larguei tudo, pedi demissão. Foram oito meses, foi pouco tempo, mas suficiente para ser um divisor de águas. O Dinho, 16 |
Fernando Eichenberg, que é jornalista e meu amigo de infância, voltando do Taiti, se hospedou dois dias lá em casa em Santiago e perguntou o que eu estava fazendo e eu disse: “Tô escrevendo para mim mesma”. Eu era dona de casa no Chile, a Julia na escola... No meu bairro tinha 40 livrarias, era uma cidade incrível. O Dinho pegou uns textos meus e os levou para a Zero Hora. Eu escrevia por exercício, sem ter onde publicar, só para não enferrujar. O diretor da Zero Hora na época era o Augusto Nunes e ele acabou me convidando para publicar uma crônica, e depois duas, os leitores foram gostando e fiquei. Bá – E a poesia? Martha – Foi o início de tudo, né? Gostava de escrever. Tudo o que é sem compromisso eu acho que tem uma autenticidade, uma espontaneidade valiosa. Quando publiquei, nunca pensei em ser a Adélia Prado. Foi acontecendo, as pessoas adoravam e até hoje me escrevem perguntando quando vou escrever de novo. O último livro de poemas foi lançado em 2001. Me cobram sim, também me cobro um pouquinho, mas eu acho que eu perdi a mão para a
poesia. Tenho um monte de material inédito e quero lançar. Mas, quanto mais o tempo passa, mais crio expectativa e dá mais medo. A poesia me vestiu uma época e agora eu não estou conseguindo colocar ela na minha vida. Era uma poesia muito urbana, muito comunicativa. Bem anos 80. Publiquei meu primeiro livro numa coleção que lançou Caio Fernando Abreu e essa turma toda. Eu também sou muito sortuda (risos). Era a Coleção da Brasiliense, Cantadas Literárias, a mais bambambã da época, com Ana Cristina César, Paulo Leminski, Cacaso, Chacal e Caio Fernando Abreu. Era chamada a geração 80 da poesia e eu estava naquela turma. Depois comecei a editar com a L&PM e continuei na poesia até escrever para Zero Hora, quando vieram as crônicas.
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Bá – Nessa época você teve a certeza de que havia se encontrado na escrita? Escrevendo profissionalmente? Martha – Nunca vou me sentir totalmente realizada porque eu não busco essa certeza. Sou uma colunista feliz, escrevo há 20 anos e é isso. Bá – Feliz por isso? Martha – Não só por isso, sou feliz pelo conjunto da obra, pela vida que eu construí, pela mulher que me tornei, pela profissão que exerço, está tudo junto. Não tenho esse orgulho besta: “Ah, eu sou uma escritora”. Não há um motivo só. A minha felicidade é o conjunto da obra. Bá – Nunca passa pela sua cabeça que você é a Martha Medeiros... Martha – Não existe isso. Na minha vida isso não existe. Até hoje eu acho graça quando o pessoal me para na rua. E é comum na minha vida isso de pararem e pedirem foto. 18 |
Bá – Mais de 1 milhão de livros vendidos, 23 obras publicadas, dezenas de espetáculos montados e filmes em cartaz... Imaginou isso um dia? Martha – Nunca. Quando o Dinho disse: “Me dá uns textos teus que acho que tens potencial para ser colunista da Zero Hora”, lembro de ter dito: “Dinho, acorda, na Zero Hora escreve o Luis Fernando Verissimo”. Corta, passam 20 anos e lá estou eu com o Luis Fernando Verissimo. Tenho plena consciência de que hoje ainda estou em evidência, mas daqui a 20 anos vem outro. É tudo muito legal, mas acaba. Mariana, eu não tenho apego a nada. A nada. Tudo é uma grande aventura. A palavra que me define é aventura. Quando palestro, às vezes digo: “A maternidade é uma grande aventura”, e as pessoas ficam chocadas. Porque mãe é uma missão divina e blá-bláblá. Quando pensei se teria filhos ou não, só pensava como seria abrir mão de um amor tão intenso e diferente dos que eu conhecia, que talvez eu nunca fosse experimentar, e
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que podia ser o maior que eu viria a sentir. Pensava: vai ser mais uma aventura da minha vida. Mas não tenho aquela coisa de mãe ser uma coisa divina e não sei o que mais. E em relação a ser escritora é igual. Está tudo no grande pacote da aventura da vida. Eu honro o fato de estar viva, acho uma sorte estar viva, não sei até quando estarei. Tudo faz parte da experiência. Bá – Quando as pessoas dizem que seus textos mudaram suas vidas, etc... Martha – Dizem, mas elas não têm noção que já estava pronta dentro delas a mudança. Ninguém muda a vida de ninguém com um livro, com uma frase, com uma crônica. São histórias que já estão construídas e o texto vai ali e abre uma porta. Tem coisas que eu leio que me empurram também, me formatam para fazer as coisas, mas é óbvio que é uma construção que já vem de antes. Tive muita sorte, não só sorte, porque só eu sei como trabalhei e batalhei, mas as coisas não vêm difíceis para mim. Eu sei o quanto as pessoas batalham, o quanto elas
Os problemas do Brasil vêm há muito tempo. Acontece que esses 12 anos sem arejar, o poder sempre com o mesmo partido, o que acontece? Quadrilha. É muita gente por muito tempo com o poder na mão.
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batem nas portas. Não fui atrás de nada na minha vida. Eu não sou uma caçadora de oportunidades, elas vieram a mim e, obviamente, aproveitei. Tem gente que não aproveita quando a oportunidade bate. Na época em que a ZH me chamou, eu podia ter me amedrontado ou não querer escrever de graça, como acontece no começo. Tem gente que não admite. Acho que as oportunidades vêm para todos, mas as pessoas complicam muito. São muito exigentes, acham que nada está à altura delas. Ou ouvem o primeiro não e desistem. Já desanimam. Sempre fui muito desprendida em relação a isso. Não dá para me pagar agora, não dá, uma hora vai dar. Era muito aberta, aproveitava o momento. Aí tu fazes teu trabalho direito e a coisa funciona. Bá – Como é a sua rotina? Martha – Trabalho em casa hoje. Minha rotina é meio caótica, porque não tenho escritório fechado. Aquela coisa de sentar às 8 da manhã e não permitir que falem comigo... Trabalho num nicho na minha
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casa, do jeito que dá. Estou sempre por ali, 80% do meu tempo é me assessorando, empresariando e agenciando, porque não tenho staff. Sou muito centralizadora, é mais rápido fazer as coisas por mim, eu mesmo respondo meus e-mails rápido porque senão eles acumulam. Funciona melhor assim, eu gosto. Mas me dou conta de que isso é meio loucura. Porque eu não tenho ninguém, nem secretária, motorista, nada. Uma moça trabalha comigo há 23 anos, mas para os lances domésticos, nada a ver com a minha vida profissional. Resolvo tudo, contrato, correio... Uma coisa que odeio é falar em dinheiro e negociar cachê. Pensei em ter alguém pra isso, mas daí vou ter que controlar para ver se está fazendo direito... Acho meio antipático ter assessor... sei lá, bobagem minha. É engraçado, as pessoas escrevem para o meu e-mail e dizem “prezada assessora da Martha Medeiros”, daí respondo bem natural, usando meu nome, e não acreditam que sou eu. Enfim, tudo anda mais rápido e tenho controle do que está acontecendo. Saio para ir ao super, vou para o pilates e acaba tudo rolando bem, sem atraso. Nunca deixei um trabalho empenhado. Nada, nada, nada. Sempre vai dando certo, mas é tudo enrolado em volta de mim. Assim é minha vida. Vou vivendo tudo ao mesmo tempo. A Martha mãe é a mesma escritora, que é a mesma mulher. Bá – Melhorou essa correria que é ser mulher com as meninas crescidas? Martha – Deu uma acalmada sim. Mas agora. Até pouco tempo atrás, levava e buscava as gurias em tudo. Depois a Julia tirou carteira, facilitou. Acabo fazendo tudo sempre. Acho que as pessoas se enrolam muito. Sou rápida. Vamos marcar, vamos marcar. Hoje, e não amanhã. Faço a roda girar. As pessoas se autoboicotam muito. 22 |
Bá – Seu modo simples de ver e viver é o que encanta na sua escrita? Martha – Acho que eu tenho a vida que posso ter. Não cultivo culpas. Acho uma chatice ficar se queixando. Não gosto de chororô, não tenho por que me queixar, já passei perrengues, mas não perco tempo com o que não vai me acrescentar nada. Acho que tenho um lado masculino muito forte. Tenho amigos homens que eu adoro. Eu vou te dizer uma coisa, eu gosto de homem (risos). Eu gosto de homem em todos os sentidos, gosto de homem para ir a uma livraria, para ir ao cinema, para falar bobagem, para namorar, para casar. Gosto do mundo masculino, dos assuntos, da pegada, do humor masculino. Bá – A praticidade pode vir desse fascínio pelo universo masculino? Martha – Tenho essa praticidade. Não gosto de bater perna em shopping, nem de ficar três horas no telefone. Não sou “mulherzinha”, não gosto de cor-de-rosa. Tenho uma batida masculina nesse sentido racional. Que é uma sorte, porque não deixo de ter sensibilidade feminina. Sou muito mulher no que se refere ao amor, sou uma meleca, uma geleca amorosa. Me apaixono loucamente. Eu amo o mundo do amor. Amo a paixão e amo o sexo. Mergulho de cabeça, adoro. A vida não tem graça sem estar amando. E isso para as pessoas é estranho, porque também sou a moderna, que faz tudo sozinha. Por isso, digo que eu sou muito misturada. Meu lado mulher é muito forte, mas o meu masculino também. Na prática, sou totalmente mulher com um pé muito forte no universo masculino. Não faço esse número de mãe coração mole. Coloquei duas filhas no mundo e quero que elas sejam felizes. Quero também ser feliz. Que todo mundo se dê bem. Não sou do tipo de mostrar fotos das minhas filhas. Devo
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passar a ideia de que sou uma geladeira humana, mas a palavra que me rege é liberdade. Se quero ter liberdade, como eu não vou dar liberdade para minhas filhas? Bá – Maior virtude e seu maior defeito? Martha – Eu tenho várias virtudes e vários defeitos. Acho que sou sincera. Tô dentro, ou não tô dentro. Tu não vai me encontrar em uma festa que eu não queira estar. Eu tenho uma cara só. Me acho generosa, estou disponível para ouvir minhas amigas, saber o que está acontecendo na vida delas. Sou generosa nas atitudes. Acho que sou do bem. Busco o mais leve sempre. Não minto – mas posso omitir horrores. Ficar na minha e não participar é minha maneira de não mentir. Até me atrapalho, porque às vezes cometo alguns “sincericídios”. Sou muito clara, daqui a pouco estou num lugar, me encho e digo “gente, chegou a minha hora, tchau”. Isso pode ser considerado meio rude. Mas ando com quem me conhece há 500 anos, sabem quem sou. Bá – Constrange você ter fãs e o assédio? Martha – Acho um barato, um barato mesmo. Pedir para tirar foto etc. Me enche de orgulho, adoro. Porque não é aquela coisa de paparazzi de praia. É um assédio com educação. Com escritor é tudo muito mais controlado, é apenas um pedido de selfie e um autógrafo com toda a educação. As pessoas te elogiam... Se eu reclamasse disso, seria uma fresca. É muito bom, eu adoro. Prefiro mil vezes a pessoa que chega e elogia o meu trabalho do que aquela que fica só te olhando, ou que, quando entro numa loja, gruda em mim achando que sou milionária e vou levar a loja toda. Me constrange quando percebo que alguém me conheceu e fica em volta. Também não gosto muito quando a pessoa vem 24 |
com o papo que eu sou famosa e tal. Não embarco muito nessa conversa. Faço um trabalho que é público. Só isso. Bá – Você dribla o drama da folha em branco? Martha – Escrevo o tempo inteiro e tenho os chamados “textos de gaveta”. Se num dia não consigo escrever, tenho uns 10 textos de reserva. Sempre. Ficaria louca se não tivesse essa gaveta. Pode pintar uma viagem de última hora, posso ficar doente. Me organizo pra não falhar. Sempre chego muito antes nos compromissos, nunca ninguém vai esperar por mim na vida. A não ser que aconteça alguma coisa que independe de mim. Sou muito confiável. Não deixo ninguém na mão. Outro defeito é um pouco isso também, fico ansiosa se não chego na hora. Então, folha em branco não me aperta nunca, pois eu tenho sempre uma reserva. Pode ser até não ser grande coisa, mas está lá. Bá – O que a inspira? E quando encerra um texto que gostou, sente aquela realização? Martha – Meu tesão maior hoje é o trabalho de ficção. Tenho mais dificuldade de realizálo, mas é quando consigo sair de mim. Porque a crônica é um texto assinado com opinião. Na ficção, consigo pirar mais. Me protege por um lado, mas expõe um outro, meu lado mais doida. Mais delirante. Isso que é um barato. Não domino a ficção, não tenho técnica, sou autodidata, mas deu certo até agora. Me desafia. Noite em claro é uma novelinha fantasma que as pessoas não conhecem muito e é o texto mais erótico que escrevi. Bá – Por que você diz tantos nãos para propagandas? Martha – Tenho que ser coerente, tem que ter algo a ver comigo, né? O produto
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tem que fazer sentido para mim. Daí, quando pinta, ótimo, porque serão mais viagens na minha vida. O excedente que ganho vai para as viagens. Bá – E os textos saem sem dor de você? Com facilidade? Martha – Não saem sem dor. Saíram em algum momento lá atrás. Hoje é um parto a fórceps. São 20 anos escrevendo. Cheguei das minhas férias em Punta, onde eu não escrevi nem meu nome. Sentei na frente do computador e não saía nada. Pensei: “Não posso dizer que não está acontecendo nada, porque está acontecendo tudo. Tá caindo o Brasil e o mundo”. Mas a sensação é de que todo mundo já escreveu sobre tudo, que não há nada de novo a contar. Passei oito anos da minha vida escrevendo sobre amor, separação, relacionamento. Cansei um pouco desses
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temas. Na verdade, sou meio preguiçosa, amo o ócio, deitar no sofá, colocar uma música. Sei que sem isso não consigo ir adiante. Se fosse trabalhadora mesmo, seria a presidente dos Estados Unidos... Então, é assim que funciona, acabo fazendo o texto que tenho que entregar, ninguém fica na mão, mas não é fácil. Passo o dia em frente do computador e às vezes não sai nada, até que uma hora rola, nem que seja depois de três dias... Bá – Do que você tem medo? Martha – No que diz respeito a mim mesma, incluindo a morte, não tenho medo de nada. Morro de medo que aconteçam coisas ruins com as minhas filhas, que elas passem por situações que eu não possa ajudar. Tenho medo de perder as pessoas que amo. Eu tenho medo pelos outros.
Bá – Você já se arrependeu? Martha – De um monte de coisas, mas tudo coisa pequenininha. Bá – Se não fosse escritora, o que poderia ser? Martha – Psicanalista. Gosto de ouvir os outros, de suas histórias, e da rotina do psicanalista, de ficar ali sentada... (risos). Olha que luxo: o Selton Mello me mandou outro dia todos os episódios de Sessão de Terapia. Um querido. Bá – Que figura humana a inspira? Martha – Adoro gente simples. Adoro pessoas simples como a Fernanda Montenegro, que estão no Olimpo, né? E fazem trabalhos só com gente boa, com gente jovem, entram em projetos que não têm muita segurança. Falam com naturalidade e educação. Têm valores de gente normal. Te dou o exemplo da Fernanda, que é meio óbvio, mas me inspiram as pessoas normais. Que, independente do sucesso ou talento que tenham, são pessoas que olham no olho. Bá – O que um homem precisa ter para conquistar você? Martha – Gosto de homem audacioso. Que não vem com muito quéquéqué, que sabe o que quer. Que me pegue no pulo, não me deixe pensar. Gosto de ser surpreendida, de atitude. Isso me conquista. Tem que ser bacana, adulto, mas me ganha homem que tem peito. Homem bonito também, mas não é essencial, basta que seja vistoso, tenha presença. Gosto de homem alto. Pode ser feio, mas tem que ser instigante. Gosto dum joelho esfolado, de jeans, de jipe. Gosto de homem de aventura, do mato, rústico. Sem camisa para dentro das calças, sem muita vaidade ou pompa. Não é para mim. Mas pode acontecer de eu
ter uma história com um cara assim, já tive histórias que não tinham a ver com o que eu gostaria que fosse. Mas para realmente me encantar tem que ser meio neandertal (risos). Bá – Já incomodou ser rotulada de literatura mulherzinha? Martha – Acho que um pouco fiquei com esse rótulo por causa do Donna, onde comecei. Certas coisas eu falo até com uma visão masculina, às vezes sou dura com as mulheres. Dia da Mulher acho um tédio, tento fugir, porque eu não sou 100% feminista. Voltam as contradições: tem um lado meu feminista, outro machista. Adoro homem que resolve. Não tenho essa de reclamar porque estão querendo mandar em mim. Manda em mim, pelo amor de Deus!!! (risos) Já sou general com as minhas filhas, no meu trabalho, então adoro que abram a porta, que paguem a conta... Bá – Você escreveu que poderia, pela sua profissão e situação profissional, sair do Brasil, mas isso seria perder a esperança. Está dificil ter esperança... Martha – Não tenho nenhuma. Acho que o problema do Brasil não é o PT, o problema do Brasil é o Brasil. Vivemos numa cultura de levar vantagem há muito tempo. Todos os problemas vem há muito tempo, mas acontece que foram 12 anos sem arejar, o poder sempre com o mesmo partido, o que acontece? Quadrilha. Acho assustador o ponto a que chegamos. É claro que o PT tem responsabilidade também, mas não acho que antes do PT todos eram santinhos. Não existe santo. Por isso, não endeuso o fato de ser brasileira. Ah, mas as nossas praias... Danem-se as nossas praias. Dane-se a nossa música. Queria poder caminhar de noite com segurança, poder andar de metrô ou voltar meia-noite | 27
do restaurante a pé sem medo de ser assaltada, queria que a minha empregada, quando sente dor de dente, conseguisse ir ao dentista logo em vez de ficar dez meses com dor de dente. Sabe? Eu queria dignidade. Não tô nem aí para a alegria do brasileiro. Eu iria embora se não tivesse a minha mãe, minha família e as minhas filhas. Por mais que elas vão e voltem, eu acho que elas têm que ter uma base. Bá – Você gosta daqui? Você é feliz aqui? Martha – Eu gosto daqui. Sou um pouco acomodada. Tu não tens ideia da quantidade de convites que eu nego. Se me convidam para ir para o interior de São Paulo e não estou com vontade, não vou. Já se quero ir a São Paulo jantar com uma amiga, fica mais prático, aceito o trabalho, economizo aquela passagem e incluo o prazer na viagem. Assim que eu levo. Não a vaidade de me promover a qualquer custo. Minha vaidade está na minha vida toda. Está no que eu me transformei, na pessoa que eu sou. Eu tenho uma consciência tão forte da morte que não faz sentido me vangloriar, se daqui a 30, 40 anos no máximo, tudo estará acabado. Eu me acho mil vezes mais importante quando consigo ajudar uma pessoa e ninguém fica sabendo, não sai no jornal, nada. Quando sei que comovi alguém intimamente. Claro que eu fico feliz com o fato de ter 53 edições de um livro, de em 20 anos de carreira ter conquistado a fidelização de leitores. Mas eu quero emoção, quero as minhas filhas trabalhando e felizes, e quero um grande amor. Exatamente o que todas as pessoas normais querem. Bá – Uma palavra? Martha – Entusiasmo. Eu gosto de 28 |
gente que tem entusiasmo na vida. Não gosto de nuvem preta e de gente que só reclama. Mas entusiasmo não porque a Madonna vai cantar aqui. Um entusiasmo mundano: que legal que tô aqui conversando com a Mariana, que fazia tempo que eu não conversava. Que bom que tem suco de uva aqui neste local, eu tava a fim de tomar um suco de uva. Que bom que aprovaram um projeto que eu não estava levando muita fé que vingaria. Eu acordo de manhã e penso: o que a vida vai me aprontar hoje? Às vezes é um cachorroquente delicioso que descubro em Porto Alegre. Quando é alguma coisa bem maior do que um cachorro-quente, eu solto fogos de artifícios internamente. E é isso. Tenho entusiasmo pela vida, mesmo quando estou triste e para baixo. Olha só a vida legal que eu tenho. Adoraria ser linda, sou interessante, exótica, mas não vou ficar pirada, me encher de plástica, de botox. Mas tenho entusiasmo de desenvolver outras coisas que possam ser interessantes. Eu acho uma aventura acordar de manhã. Acho que a combinação de situações favorece o movimento. Acredito muito na conglomeração de acasos que faz com que a tua vida caminhe. Se eu não tivesse vivido no Chile, não hospedaria o Dinho e talvez não escrevesse em jornal. Outra palavra pode ser esta: movimento. A vida paralítica acabaria comigo, digo paralítica mental, de tédio e monotonia. Não aguentaria acordar todos os dias e eles serem idênticos. É um privilégio que minha profissão proporcione eu estar cercada de gente interessante. Tenho predisposição para todos os chamados da vida. Não me importa se vai dar em algo ou não. Simplesmente pelo prazer de estar em movimento... MB
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Bá, que delícia
COZINHEIRO EM CHEF Por Simone M. Pontes Fotos Orestes de Andrade Jr.
“Vendemos, além da gastronomia, felicidade.” É assim que Oliden Berna se refere à sua cozinha. Visivelmente apaixonado pelo que faz, para ele existem dois tipos de culinária: a de autor (artística) e a clássica. A primeira é oscilante, o prato pode variar conforme o humor do cozinheiro. Na segunda há estabilidade, constância, o cardápio é do restaurante e não do chef. E foi com estes princípios que Oliden abriu as portas de seu impressionante restaurante em Porto Alegre – o Berna. Seguidor do chef francês radicado no Brasil há 30 anos Laurent Suaudeau, o 30 |
cozinheiro em chef sonha alto. Quer conquistar a primeira estrela Michelin para o Rio Grande do Sul. O Guia Michelin, aliás, será lançado em março de 2015, incluindo, inicialmente, restaurantes de São Paulo e Rio de Janeiro. O Berna quer ser o Fasano do Sul do País. “Queremos fazer história”, afirma ele. Os pratos servidos no restaurante são essencialmente italianos e refinados, executados com a técnica francesa da Escola das Artes Culinárias Laurent, que Oliden frequentou por quatro anos em São Paulo. Detalhista, ele mesmo percorre o salão, todas as
noites, conversando com seus clientes e verificando se tudo está de acordo e na mais perfeita ordem. O dedicado cozinheiro, como gosta de ser chamado, tem ainda outra pretensão: que seus clientes permaneçam no restaurante por muito tempo em cada jantar. “Não queremos rodar mesas, queremos que as pessoas fiquem duas, três horas conosco.” Para isso ele dedicou, além dos sabores de seu cardápio e de seus 80 rótulos de vinhos, um lindo projeto arquitetônico, executado primorosamente. O ambiente é teatral e com certeza único, na capital gaúcha.
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vinicolaperini.com.br
Bá, que viagem
SINTONIA, PROJETOS E VIAGENS Foto arquivo pessoal e sxc.hu
Amigas para todas as horas, sócias, as arquitetas Juliana Motta e Priscila Viegas desde antes de formadas dividem projetos, ideias, sonhos e a paixão por viagens. A parceria da criativa e sonhadora Priscila e a prática e dedicada Juliana começou como a de muitas boas duplas da arquitetura: sintonia completa na vida pessoal e profissional desde o tempo da faculdade. A mãe da Priscila conta que ela dizia que ia ser arquiteta desde ainda criança e sempre gostou de desenhar e palpitar nas obras do pai engenheiro. Para ela, viajar é uma paixão, e os roteiros com natureza e arquitetura exuberantes têm sua preferência: “A beleza natural da Noruega é deslumbrante. Gosto muito de Londres pela sua arquitetura e diversidade e da pitoresca Aspen, já que 32 |
adoro esquiar. Na Noruega, vale alugar um carro na capital Oslo e ir conhecendo as cidades próximas até chegar em Haugesund. A estrada é majestosa e recomendo uma paradinha em Bergan”. Como é o inverno a estação que a arquiteta gosta de ir para lá, é importante não esquecer as correntes no carro, já que a polícia para e proíbe de continuar na estrada quem não esteja com elas. A viagem de 2015 será especial, já que é a lua de mel em outubro. O casal vai para a Grécia, passa por Londres, onde embarca em um transatlântico para Nova York.
Na Noruega, vale alugar um carro na capital Oslo e ir conhecendo as cidades próximas até chegar em Haugesund. A estrada é majestosa e recomendo uma paradinha em Bergan.
Os programas de arquitetura na TV eram os que mais chamavam a atenção de Juliana: “Arquitetura tem início, meio e fim e podemos ver o resultado do trabalho. Como sou objetiva e gosto de resultados, a carreira se encaixou no meu estilo”. A organização também serve para viajar. Juliana costuma fazer pelo menos de duas a três viagens curtas por ano para também trazer novidades aos clientes do escritório: “Posso até repetir lugares que gosto, mas a intenção é incluir algum novo que eu não tenha visitado”. Entre os muitos lugares que já conheceu, ela destaca o Havaí, pela natureza e suas praias, Aspen, para esquiar e curtir o frio, além de ter um carinho especial pela Suíça, mas o destino escolhido para dar as dicas na Bá é a deslumbrante Grécia: “Nenhum
arquiteto deve deixar de conhecer as obras gregas. Com pouco tempo, não deixe de ir à Acrópole! Em Atenas, dê uma espiada nas principais ilhas, Mikonos e Santorini, diferentes uma da outra e surpreendentes. Em Mikonos, conheça a Psarou Beach, onde fica o Nammos, o beach club mais top da ilha. Em Santorini, relaxe passeando em um catamarã pelas praias da ilha e desfrute um belo pôr do Sol em Oia”. Bem organizada na escolha dos muitos roteiros que já fez, este ano o passaporte já está preparado para ser bem carimbado. Em abril, Juliana desembarca em Berlim e Praga, e as férias no verão europeu serão em Paris e na Croácia. Para o final do ano já estão planejados Dubai e Abu Dahbi. E salve o revezamento dessa afinada dupla no escritório. MB
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AnaMariano escritora
AS PRAIAS DE MARÇO
Nas praias de março, pelo menos na que chamo de minha, reinam avós e netos pequenos. O tempo é lindo, a água é calma e, porque estão livres de compromissos, esses dois extremos da vida podem aproveitá-la juntos. Eu os observo e percebo o quanto têm em comum quando brincam lado a lado: a mesma gula lambuzada no picolé que se derrete todo, a mesma alegria porque a água está limpa e podem ser vistos os peixinhos, o mesmo assombro pelas pequenas coisas. No olhar de ambos existe assombro, com uma diferença. O olhar das crianças é só de assombro. O dos avós é também de susto. Avô tem medo de cair. Já notaram como o medo de cair é um medo adulto? Crianças brincam no topo de um escorregador potencialmente assassino como se fosse a coisa mais natural do mundo. Basta ser adulto para o medo começar. No início, é apenas uma metáfora. No início, quando dizemos tenho medo de cair e quebrar a cara, estamos, em geral, falando de outras quedas: amorosa, profissional, familiar. Com o tempo, a frase passa a ser dita em sentido literal e cresce em importância. Escada sem corrimão, piso escorregadio, calçada irregular, buraco na areia, tudo é motivo. Medo de cair e quebrar algum osso é sintoma de velhice que a 34 |
osteoporose explica, mas não justifica. Vivemos, desde que nascemos, suspensos por um fio. Engano pensar que no jovem, só porque é jovem, esse fio é mais forte. Nem sempre. A vida é de uma fragilidade assustadora. A diferença é que, com o passar do tempo, começamos a prestar mais atenção na altura do escorregador. Acima do sorvete, da água limpinha, da areia macia, começamos a carregar um medo literal e constante de cair. Cuidado é uma coisa, medo é outra. Cuidado nos faz prestar atenção e colocar protetor solar, o medo nos fecha os olhos e nos senta numa cadeira embaixo de um guardasol. Ali, estamos seguros. O sol e a mãe d’água não vão nos queimar, não corremos o risco de levar um caldo ou de torcer o pé num buraco traiçoeiro. Mas, e o resto? Quem vai descobrir aquela concha especial que ninguém mais viu, quem vai pegar jacaré, quem vai construir castelos, amarrar o céu na pandorga, dar nome aos grãos de areia? Num dia qualquer, as águas de março irão chegar para fechar o verão em nossa praia, mas, por enquanto, o tempo está ótimo, as areias estão vazias, a água continua calma e o picolé, gostoso. Melhor esquecer o escorregador e sua altura, o buraco na areia e a escada sem corrimão e viver. Março, apesar de ter trinta e um dias, acaba logo.
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ping
JUSTA BELEZA Foto Michael Paz Frantzeski
Ligeiramente encabulada, a loirinha espiava adultos de baixo para cima em Cascavel, cidade do oeste paranaense, onde passou a infância. Levada e corajosa, o temperamento ativo, alegria e liderança anunciavam um jeito especial de lidar com as pessoas: “Era cheia de amigos e sempre inventando algo novo para brincar”. Podia ser subir no telhado do vizinho ou implicar com a turma da outra rua, mas bastava que houvesse injustiça para ela tomar a frente: “Defendia todos. Era uma característica minha. Por ser alta, boa nos esportes, sempre era a primeira a ser escolhida nos times, e dizia: “Só vou se o fulano for!”. O fulano normalmente era a criança meio deixada de lado no grupo. Márcia Brum, que chegou ao mundo em um domingo, há exatos 45 Carnavais, sente orgulho do que construiu, principalmente dos filhos: “Devo ter feito muita coisa boa na vida passada para Deus ter me presenteado com tudo que me deu nesta”. Mãe de Lucca e Antonella (15) do primeiro casamento e de Arthur (2), do atual com o curitibano Marco Carneiro, a advogada e empresária segue justa, amiga dos amigos e cada vez mais bonita, de todas as formas. A adolescência de Xinha, seu apelido do Farroupilha, foi namorando e nas festinhas do Jangadeiros, do Juvenil e do Veleiros, indo para São Francisco de Paula com a turma e nas Olimpíadas do colégio. Se não fosse advogada, seria médica: “Queria ter mais tempo e ser mais jovem para cursar Medicina”. Benza Deus, loira! 36 |
Quando sentiu a vocação para advocacia? Defender os direitos vem da infância. Meu senso de justiça sempre foi muito forte. Detesto injustiça, maldade e mentira desde pequena. Como foi a gravidez dos gêmeos? Por mais que quisesse, me assustei. Fiquei três dias meio aérea. Nasceram e foram bons anos fora do ar (risos). Ninguém está preparado para ter um filho até ter. Perdemos o direito de morrer. Nasceram com 34 semanas e ficaram 14 dias na UTI. Morei nove meses na casa da minha mãe. Foi uma época muito difícil. Sou muito grata a quem me ajudou. Não sai de casa sem? Maquiagem e brincos nem sob tortura. O que passar para os teus três amores? A necessidade de sermos pessoas boas, honestas e humildes e tratar todos de forma absolutamente igual. Que estudem, sejam cultos e felizes por obrigação. Quanto melhores “pessoas” eles forem, melhor a vida será para eles. A beleza incomoda? Nunca. A beleza é um teste. As pessoas belas tendem a achar que a vida se resume a isso. Quem vai além, passa no teste. Você admira? Jim Morrison, livre, louco e gênio. Hillary Clinton e a Madonna, esta não pela música, mas pelo que fizeram e significaram para as mulheres. Trabalho marcante? Um processo que durou uns 12 anos em que defendi uma mulher com um filho especial. A graça da vida é... Ter a certeza de que ela é uma oportunidade de aprender e evoluir como pessoa e que a próxima vida será melhor. Se nesta fizermos o bem e algo por um mundo melhor. MB
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BONITO DE VER Foto Ricardo Rimoli
Os cachos deram lugar à respeitáveis barba e cabelo grisalhos. Já o brilho azul dos olhos e o sorriso rouco de Marcelo Ruschel seguem idênticos. Criado pelos avós, Lygia e Waldemar, as boas lembranças da casa de veraneio da família em Belém Novo são cultivadas até hoje por ser o pedaço de paraíso escolhido pelo pai do WimBelemDon para viver. No casarão dos anos 30, onde passou verões com primos e amigos, churrasqueando ao pôr do sol. Entre a Zona Sul, o Juvenil e o Anchieta, a adolescência foi clicando colegas, as primas bailarinas e a turma de raquete ou prancha. Como tudo que faz, meteu a cara, saiu fotografando o emblemático primeiro Rock in Rio e o que mais pintasse. Passadas 35 Copas Davis, o autor de registros históricos do tênis brasileiro só tem olhos para as centenas de “filhos” que a vida lhe deu: “Uma menina do projeto faz Educação Física na Sogipa e já é árbitro de linha profissional de tênis. Sou milionário por isso”. A fortuna de Marcelo está em cada uma dessas histórias. Por isso deixou a sólida carreira fotográfica para focar só na ONG que criou há 15 anos, ao lado da parceira de vida e de causa, Luciane Barcelos da Silva. São 105 crianças e jovens que ficam lá até 18 anos, aprendendo, inglês, matemática, português e cinema e com acompanhamento psicológico. Ajudado por amigos como Renato Rizzo e Rafael Mottin, criou Conselhos Deliberativo e Fiscal para planejar estrategicamente o crescimento: “Com excelência social e profissionalizando ainda mais, vamos replicar a ideia em outros lugares”. Alguém dúvida? 38 |
Como é dar mais esse importante passo no projeto? A ONG é conhecida por amantes do tênis no mundo todo. São 15 funcionários, e eu e minha mulher temos um salário-simbólico e a obrigação de seguir adiante... Sonho? Comprar o terreno e replicar a ideia com metas concretas. Almoçam e lancham aqui cerca de 100 crianças e a importância que isso têm para elas é mais do que um sonho, é obrigação nossa. Sou um sonhador incurável. Quais os ingredientes do trabalho social? Coração, criatividade e boa vontade. Nem dinheiro é necessário para começar. Temos que fazer, não tem palavras para descrever o que acontece num sorriso, num olhar de gratidão desses meninos. Alguma história especial que te emocionou? Atendemos sempre mais de 15 crianças abrigadas (órfãos ou por maus tratos) e uma menininha um dia me olhou e disse: “Posso te pedir uma coisa? Tu me adota? Respondi que escolhemos ajudar bastante crianças, ao invés de só algumas... é duro. Defeito e qualidade? Perfeccionismo para os dois lados, ser obcecado, frustra. É um defeito, fica teimoso. Quem admira? Meligeni e Thomaz Koch. Arrependimento? Nada. Fiz cagada, vou continuar fazendo, porque não sou perfeito. Errar e crescer com os erros. Talvez não fizesse de novo, se pudesse. Você daqui a 10 anos? Sem dúvida, perto dos alunos que eu conheci aos 6 anos e feliz. Toda a criança tem um sonho e a capacidade de buscá-lo, o tênis é o meio, não é fim. PS: O WimBelemDon está no auge de uma campanha para arrecadar fundos e comprar de vez o terreno onde funciona o projeto. Para ajudar entra aqui no www.kickante. com.br/wimbelemdon MB
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STEVEN KLEIN E SEU DOM LASCIVO HenriqueSteyer
Ele começou sua carreira de fotógrafo em 1990, em Paris, antes de se mudar para Nova York, onde trabalha e reside nos dias de hoje. Com formação em belas artes, Steven Klein ocupa uma posição de destaque no mundo da fotografia. Seu estilo épico e inovador foi capaz de criar editoriais memoráveis para grandes revistas como Vogue, Elle e W. Sua maneira de trabalhar é tão peculiar que ultrapassou as barreiras da fotografia simples e mergulhou no mundo de videoinstalações, comerciais, livros etc.
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Um trabalho marcante e quase perturbador marca a carreira deste fotógrafo, hoje considerado um dos mais influentes e inovadores da sua geração. Seu modo ousado, provocativo e sensual caiu no gosto de grandes marcas e celebridades, levando o artista a assinar campanhas para Balenciaga, Dolce & Gabbana e Alexander McQueen. A pop star Madonna, que não tem nada de boba, percebeu o talento de Steven e foi uma das primeiras a apostar no seu estilo sóbrio e voluptuoso com intuito de produzir fotos e vídeos para suas turnês.
Vem com a assinatura dele o polêmico editorial para Revista W, clicado em um antigo hotel no Rio de Janeiro, onde a rainha do pop conheceu seu affair Jesus Luz, que na ocasião posava nu ao lado da cantora. Teria ele um papel de cupido em toda essa história? O que importa é que seu trabalho é tão provocativo e questionador que é impossível ficarmos imparciais perante uma foto com sua assinatura. Ame-o ou deixe-o (eu amo).
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IvanMattos jornalista
ELIS, A MUSICAL
Passados 33 anos do desaparecimento de Elis Regina, a cantora gaúcha está mais viva do que nunca na memória de seus admiradores. “Longa é a arte, tão breve a vida”... Estes versos de Tom Jobim expressam com exatidão a durabilidade e a permanência que a arte tem, mesmo depois que seus criadores deixam de existir. Talvez os versos sejam precisos para iluminar o mistério que ronda a arte de Elis Regina, morta há 33 anos e que completaria 70 anos no dia 17 de março. O movimento contrário à aceitação do desaparecimento daquela que era considerada a maior cantora do Brasil se deu no exato instante em que legistas reviravam seu corpo em busca de causas para sua morte. Naqueles momentos de dúvida e apreensão, de perplexidade e revolta, como que em 42 |
um moto-contínuo, uma epifania, Elis renascia em liberdade. Como ela mesma cantava, “quem cala sobre teu corpo, consente na tua morte, talhada a ferro e fogo nas profundezas do corte”. O que seus milhares de fãs espalhados pelo País menos fizeram foi calar sobre o seu desaparecimento. Muros foram pichados com palavras de ordem – Elis Vive! – como se testemunhassem que no dia 19 de janeiro havia se dado o nascimento de uma nova Elis Regina Carvalho Costa. Livre de todos os negócios e vícios que advêm de amar, a cantora deixara um legado poderoso: sua arte imortal. Suas centenas de gravações, seus grandes sucessos, suas aparições em programas de televisão no mundo todo, suas entrevistas, suas milhares de fotos e suas inigualáveis histórias. Tudo
parecia mais vivo do que nunca. Assim, Elis renasce através do que sempre soube fazer melhor. Cantar. Desapareceram seus mais mordazes críticos, as línguas ferinas, os injustos e os invejosos. Na autópsia de Elis revelou-se a sua enorme gratidão a um público fiel que continuaria a aplaudi-la pelos próximos 33 anos como se ela ainda estivesse ali, vivendo na Serra da Cantareira, numa alameda dos jardins paulistanos ou em uma casa no campo. No Instituto Médico Legal ficaram as imperfeições, as brigas, os rancores, restaram inúteis os argumentos detratores. Elis renascia muito maior do que se supunha. Renasceria magistral em gravações perfeitas, em arranjos inspirados e letras que diziam muito mais do que se percebera até então. Registros insuperáveis, diziam os grandes cantores,
inseguros de tocar na perfeição de sua arte. Como escafandristas, estudiosos mergulharam em seu legado retornando com gravações inéditas, discos e fitas guardadas em gavetas, pérolas esquecidas. Tudo demorando em ser melhor ainda do que já se sabia. Não haveria sepultamento e sim uma horda de seguidores que a acompanharam pelas ruas cantando suas músicas e moldando o mito da cantora que não se cala. Elis renasceria ainda muitas vezes, fechado seu esquife, ignorados seus laudos necrológicos, através de seus filhos. Dos projetos de preservação de sua memória organizados por João Marcelo Bôscoli. Pela carreira musical de
Pedro Mariano. E pela semelhança assombrosa de Maria Rita em uma aparição arrasadora. O arrastão continuava ativo. Aos 70 anos, mais viva do que nunca, Elis continua protagonista de uma carreira vitoriosa, que comprova que os mitos não morrem jamais. Prova disso são os livros escritos sobre ela, os programas que recriaram sua trajetória, o musical que há dois anos lota os teatros do Brasil, as páginas dedicadas a ela na internet, o filme que em breve será lançado tendo Elis como personagem central e a recente vitória da Escola de Samba Vai Vai, que transformou a cantora em tema enredo e sagrou-se campeã do Carnaval de São Paulo. Trinta e três anos depois, parece não haver
mácula na ficha corrida da melhor cantora do Brasil. É como ela mesmo disse: “Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol. Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas, um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim – dizem – recontam a vida. Agora retiram de mim a cobertura de carne, escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos e aí estou pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo”. Um rascunho, uma forma nebulosa feita de luz e sombra como uma estrela. Agora, sim, ela é uma estrela. Viva. | 43
CristieBoff cartola_normal
designer e artista plástica
Ah, os girassóis! Quem não pensa no seus expressivos e inconfundíveis girassóis quando lembra do gênio Van Gogh? O Museu do Van Gogh, em Amsterdam, está organizando uma mostra especial para celebrar o artista nos 125 anos de sua morte. Com videoinstalações e outras novidades, promete incrementar ainda mais o passeio pela obra do holandês e sua profunda transformação e evolução de seu modo de pintar. Os visitantes poderão conferir de 1° de março até 1° de setembro deste ano.
Ferragamo belíssimo Quem passa por Florença, na Itália, e gosta de moda, sapatos e história, o Museu Salvatore Ferragamo é parada obrigatória. O museu do estilista fiorentino que nasceu em 1898 e morreu em 1960 é um inebriante passeio pela arte da fabricação de calçados. Um luxo! Modelos inspirados e feitos exclusivamente para divas da época, como a sapatilha de Audrey Hepburn, estão no acervo da mostra permanente.
Natureza morta de Morandi Nascido em Bolonha (1890-1964), o italiano passava dias e dias a observar a luz, as cores e suas composições até obter uma pintura única e reconhecida universalmente por suas naturezas mortas de óleo sobre tela compostas pela simplicidade do cotidiano de vasos, garrafas, potes lindamente executadas. A mostra dedicada a Morandi está em cartaz em Roma, no Complesso del Vittoriano, até 21 de junho de 2015.
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trama
MELHOR OBRA Alvo da dor e a delícia de todo grande desafio, Carlos Eduardo Comas teve um 2014 e tanto. Foi o ano de definição da mostra da qual é cocurador, América Latina em Construção: Arquitetura 1955-1980, e pode ser visitada até dia 19 de julho no MoMA, onde ocupará o sexto andar. 46 |
Comas e os colegas, o curador-geral e norteamericano Barry Bergdoll, seu assistente Patricio del Real e o curador convidado argentino, Jorge Francisco Liernur selecionaram cerca de 350 documentos de projetos, obras, plantas, desenhos, vídeosinstalações, maquetes originais e novas (estas
últimas doadas pela PUC do Chile e a Universidade de Miami) de dez países são as peças-chave para a compreensão do continente, através de prédios icônicos projetados por expressivos nomes da arquitetura do Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, Venezuela, Peru, México, Cuba,
República Dominicana e Porto Rico. Segundo o arquiteto gaúcho, o Brasil foi subaproveitado em sua importância, se avaliarmos quantidade, qualidade e sistematicidade de obras no período, Comas revela: “Num trabalho desse porte, se imagina conseguir fazer tudo o que se sonha. Apesar de ser o MoMA e aparentemente um orçamento milionário, é a arte do possível, com a mesma burocracia de qualquer instituição”, conta Comas. Uma das frustrações foi planejar transportar do Rio a impactante maquete original do MAM, exposta lá desde a fundação, em 1959: “O MAM cobrou caro, e o MoMA não teve paciência para negociar”. Coincidência ou não, uma semana depois, ele teve um infarto. Recuperado, seguiu a árdua missão de incluir, excluir, administrar cortes ao orçamento e concluir o Catálogo: “O período escolhido encerra quando começam as críticas ferozes a Brasília, e a retrospectiva surpreende nesse sentido”. Fronteiriço de Santana do Livramento, Carlos Eduardo é o mais velho de três irmãs. Gostava de matemática e desenho, falava duas línguas ao preço de uma
na cidade gaúcha divisa de um Uruguai dos anos 50, chamado de a Suíça da América. O rádio tocava tango às 7h, e o cinema domingueiro era do lado hermano, com legendas em espanhol. Em um Mercosul onde o portunhol nem sonhava em existir: “Ser fronteiriço é desde sempre conviver com uma cultura parecida com a tua, mas não igual”, recorda. Se a engenharia lhe pareceu meio árida, encontrou na arquitetura um bom compromisso entre interesses técnicos, sociais e artísticos. Formado pela UFRGS, o jovem integrou a equipe que projetou a Ceasa. Comas foi aprovado em um concurso público para ensinar projeto arquitetônico na FA-UFRGS, e antes de assumir, ganhou uma bolsa de estudos para fazer mestrado na Universidade da Pensilvânia em Filadélfia. Mesmo ano em que conheceu a mulher Aninha Alvares e começou a construir a casa onde o casal criou a filha Maria Eduarda e até hoje enche de carinhos a neta Maria Amélia. De volta ao Brasil dos anos 80, e ele acabou dando um endereço mais acadêmico à carreira: “Foi uma década perdida para a construção criativa”.
Nos mesmos anos 80, foi um dos precursores dos cursos de especialização e pós-graduação. Engajado na discussão de questões urbanas e arquitetônicas de Porto Alegre, seu olhar sempre foi atento acerca da condição de limitar com o Conesul e ser capital/ponte dessas raízes culturais. Em três décadas de UFRGS, à frente da Pós-Graduação, orienta o seminário Arquitetura Moderna Brasileira Carioca 19361945 e edita a Revista da Pós-Graduação Programa. A fama de rigidez do mestre ele explica: “Dou a real sem medo de contrariar. Acredito muito em esforço e trabalho. A qualidade é fazer e refazer de novo várias vezes”, conta, lembrando a resposta da brasileira, que foi primeira bailarina do Ballet de Stuttgart, Marcia Haydée, numa entrevista: “O ballet é como em qualquer arte, o sucesso é 95% transpiração e 5% de talento”. Sobre ser avô? “É um sentimento incrível de continuidade. A compensação do declínio que a vida te dá. Um último sopro de vigor. Uma injeção de vitalidade. Um sentir inesperado...” Não foi preciso perguntar sobre sua melhor obra. MB | 47
eutenhovisto cartola_normal
JaquelinePegoraro CarolZanon www.eutenhovisto.com
Com abertura de sua terceira sede no Rio, a TT Burger Reserva alça o posto de maior da rede de hambúrgueres artesanais do Rio de Janeiro.
DELÍCIA COM ESTILO O brasileiríssimo TT Burger Reserva da avenida Olegário Maciel é a queridinha do verão na Barra da Tijuca. A nova loja foi inaugurada em fevereiro e é o maior ponto da rede, com um espaço de 200 metros quadrados e 19 funcionários. Uma das novidades que já é xodó do verão carioca é uma área com capacidade para até 200 pessoas reservada
exclusivamente para eventos. Por lá, o elemento decorativo ligado ao mundo esportivo é a canoa havaiana, na loja do Arpoador é a bicicleta e na do Leblon, o skate. Vale visitar e curtir o conceito do novo hotspot gastronômico da Cidade Maravilhosa, pilotado pelo chef Thomas Troisgros e por Rony Meisler da grife Reserva.
Flor e arte Coordenadora do E-Commerce Cláudia Bopp, espaço digital homônimo onde divulga e comercializa suas obras e de artistas convidados, é no Bopp Studio, na Ilha das Flores, que cria com cerâmica, arame, ferro e flores, peças personalizadas para clientes particulares e corporativos. Envolvida em vários projetos interessantes, Cláudia não para: ministra cursos de arte para crianças e de escultura de flores, comanda ações como na ONG Flor Faz Bem e ainda no Clube Arte e Flores, que, como o nome diz, mistura arte com arranjos para decoração de festas, mimos e cenários. Espia no site: www.claudiabopp.com. 48 |
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ClaudiaTajes cartola_normal
LÍQUIDAS A gente passa a vida comprovando: mulheres choram mais que os homens. Com as devidas exceções, claro, que elas existem também para bagunçar os textos cheios de certezas dos colunistas. Mas na regra, no duro, no doa a quem doer, o páreo é desigual. Mulher chora muito mais. Não há crise hídrica que faça uma moça economizar suas lágrimas. Basta um pequeno motivo
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ou uma suspeita de motivo, e pronto. Lá vem água... No começo todo mundo chora igual. Saímos da barriga em um berreiro que assustaria, não fosse sintoma de vida. Curiosidade: no Japão se acredita que o choro dos bebês traz sorte. É por isso que acontece lá o famoso Nakizumo – Campeonato Anual de Choro de Bebês. Dois lutadores de sumô entram no tablado,
cada um segurando um competidor, que pode ter de quatro meses a dois anos de idade. O que chorar mais alto, ganha. Esqueci de dizer que, para o choro dar sorte, o bebê deve estar no colo de um lutador de sumô. Admita: aí mesmo, no seu prédio, existem fortes candidatos a vencer este concurso... Mas já na tenra infância as diferenças aparecem. Assim como um certo charme de
fábrica, o choro logo vira arma das menininhas. Foi o que observei na qualidade de tia de cinco sobrinhas e das inúmeras amiguinhas do meu filho. Enquanto os guris são meio toscos e vão conseguindo o que querem na base da chateação, elas usam da negociação e, quando o recurso falha, das lágrimas para não comer chuchu, não dormir, ganhar um presentinho fora do previsto, atrair a atenção, encerrar uma briga. Ainda pelas minhas observações, quase sempre dá certo... Na adolescência, bom, daí só chamando a Corsan para fechar o registro. Se o guri (ou guria) não gosta da gente. Se o guri (ou guria) gosta. Se a gente engorda. Se é magra demais. Se vai mal na escola. Se não pode sair de noite. Se
não é tão popular quanto gostaria. Se não compra as mesmas coisas que os amigos mais abonados compram. Se não recebe um convite. Se não pode viajar. Se tem coisa de que não tenho saudade alguma é da minha adolescência. E se por acaso lembro dela, me vejo sempre na cama, no escuro, ouvindo um LP triste. E chorando. Chorava tanto que um dia meu pai, homem prático, abriu a porta do quarto e disse: mas quem sabe vai ler em vez de ficar nesse chororô? Tivesse seguido o conselho dele e hoje eu seria um gênio... E então vêm os filmes românticos. Os livros românticos. Os amores românticos. E dê-lhe água. Não é nada premeditado, de caso pensado. Acontece
naturalmente no fogo de uma discussão com a mãe, com o namorado, com uma amiga, com a irmã, com os filhos, com o chefe, com o entregador de gás. Não que faltem argumentos, o problema é que sobram lágrimas. Aí entram todas as explicações hormonais possíveis, mas, quer saber? Reduzir um fenômeno da natureza a hormônio é muita falta de sensibilidade. Mulheres são líquidas. Só um coração de pedra para não entender... Como se sabe que uma revista deixou de ser aposta para fazer parte da vida do leitor? Quando a gente espera por ela com ansiedade, perguntando a toda hora na banca se a Bá já chegou. É um grande prazer fazer parte desses dois anos.
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DecorBá cartola_normal
FabianaFagundes Arquiteta mude@fabianafagundes.com.br
ALÉM DOS OBJETOS Foto Lenara Petruso
Gabriela Mascia Silva Costa é uruguaianense de coração, pois foi onde viveu a melhor parte de sua infância, e de lá trouxe, além de muitas histórias, alguns móveis e objetos que fizeram e fazem parte da história da família. A cristaleira da bisavó hoje mora na sua sala, ao lado de uma parede em concreto aparente, e a máquina de escrever da outra avó, assim como a de costura, vivem também por ali. Tudo isso aliado a algumas bandejas de prata dispostas na parede cinza que formam uma linda composição em cima de um sofá anos 70 verde Tiffany. Enquanto o arquivo usado e ultrapassado do escritório com a gaveta
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aberta se transforma em um vaso para uma bela samambaia. Tudo isso porque essa criativa moça enxerga além de móveis e objetos. Ela vê neles múltiplos usos e funções. Reformar o próprio apartamento provavelmente foi o que acabou por transformar suas escolhas. Por 12 anos gerente de produto de uma grande marca de roupas nacional, viajava o mundo atrás de referências e tendências, fazendo pesquisa. Como moda e decoração caminham juntas, a paixão foi inevitável. Era o início da gestação da Studio54. Contadora de formação e com MBA em gestão de varejo, ela resolveu então profissionalizar suas criações, que ficavam só na “esfera
doméstica”. Em uma de suas viagens ao exterior convidou a amiga e cunhada Andrea Finger Costa, advogada de um grande escritório em Caxias do Sul, para embarcar nessa aventura. As duas pensaram num lugar onde não se achassem apenas coisas “novas”, mas também coisas antigas ou mesmo velhas que pudessem ter um novo uso, ou uma nova cara. Objetos que de alguma forma encantem pela cor, design de uma época, ou mesmo pela história que carregam junto. Como muito pouco se produz disso por aqui, colocaram a mão na massa. E desde então têm feito maravilhas. Desde transformar uma batedeira velha em uma luminária a empilhar aqueles pratos lindos da vovó e transformá-los em um ainda mais lindo prato de doces, com o detalhe de um passarinho pousado na borda... Dá para aguentar tanta fofurice? A dupla tem garimpado objetos supercharmosos Brasil afora e também alguns móveis com designs bem inusitados. Tudo isso pensando sempre que tudo se aproveita, se reutiliza. É o que se busca e se deseja na democratização do design, em que o liquidificador antigo vira vaso de flores ou o criado-mudo dos anos 60 se transforma em mesa lateral. De cara nova, querendo surpreender, mas cheio do charme e do afeto que às vezes só o passado sabe carregar. Peças de design consagradas que voltam a reinar em sua casa de uma maneira inusitada e divertida. Viva a criatividade, a customização e a valorização da história.
Gabriela e Andrea são proprietárias da Studio54 que fica na Av. João Wallig, 2235, em Porto Alegre.
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Bá,quelugar cartola_normal
BOTECO JAPA DE BOMBACHAS Depois de uma bonita história de amor que começou em 2004, 11 anos atrás, atravessou fronteiras e misturou culturas, o empresário Mauricio Travi e a chef Hajime Kadosaka abriram o Izakaya Danjou, primeiro boteco japonês do estado. 54 |
Por essas bandas, o Izakaya Danjou é um lugar único. Não é força de expressão, o conceito de boteco japonês chegou à capital gaúcha pelas mãos da japonesa nascida em Hiroshima e moradora em Kyoto até os 22 anos, Hajime Kadosaka, depois que ela se mudou para o Brasil. Antigamente, os izakayas eram locais simples onde apenas os homens iam tomar saquês e outras bebidas típicas depois do trabalho. Hoje os izakayas são cada vez mais comuns no Japão e
recebem homens, mulheres e estudantes, somando cerca de 20 mil barzinhos apenas em Tóquio. Fora do território nipônico, ganham espaço nas grandes cidades, e o bacana de ir a um deles é vivenciar outra cultura, já que uma ervilha verde com casca pode ser provada no lugar da popular porção de batatas fritas. Enfeitado por cartazes de filmes japoneses, mangás e bandeirinhas coloridas, os comes, a ambientação e o astral são a cara do Japão. A versão porto-alegrense fica na Félix da Cunha, 641, e tem um menu com belisquetes autênticos, em sua maioria de pratos quentes, acompanhados por sushi, bebidas tradicionais japonesas, sakerinhas e cerveja. Minha estreia no boteco japa não podia ser mais incrível. Além dos petiscos gostosos, um salmão delícia cru por dentro com crosta de gergelim e o creme brulê de chá verde, a chef Hajime se ajoelhou diante da nossa mesa para gentilmente matar nossa curiosidade sobre o menu. Sua humildade e dedicação ao ofício nos contagiaram e já não estávamos mais curiosas com os quitutes, mas com a sua história. Até os 17 anos, Hajime viveu com a família em Kyoto: “Vim de uma família de médicos,
queria fazer algo diferente”. Decidiu aprender inglês e estudar Hotelaria e Marketing em Londres. Foi na escola de Inglês que, aos 23 anos, conheceu Mauricio Travi (sim, ele é herdeiro da rainha dos iogurtes caseiros Edith Travi). Juntos há 13 anos, em algum momento da vida cada um foi para um lado do mundo. Mauricio para Porto Alegre e Hajime para Tóquio e Kyoto, onde frequentou izakayas e aprendeu a preparar as comidinhas. O irmão era contra a sua vinda para o Brasil e ela acabou cedendo. Por pouco tempo. Foram sete meses separados, até que, no aniversário dele, ela mandou uma mensagem e o destino se cumpriu: “Dessa vez, meu irmão me incentivou, e logo que cheguei percebi as diferenças. Lá é melhor a segurança, a maneira como as pessoas encaram o trabalho, a educação e os impostos. Aqui as pessoas são mais solidárias e alegres. No Japão, temos que fazer tudo, não tem empregados”. E por falar nisso, no comando de sua cozinha, a doçura servil da chef dá lugar a uma líder que valoriza, mas quase não admite erros e displicência. O que dizem os funcionários? “Errando ou acertando, aprendemos diariamente com ela.” MB
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crônica
O MESMO SACO Por Mariana Bertolucci Foto Isadora Bertolucci
O último 15 de março, assim como os protestos de 2013, foram dias para não esquecer. Pela beleza das imagens, pela promessa de uma população mais atenta aos seus direitos e a esperança de tempos mais transparentes. Acima de poder aquisitivo, crença ideológica ou partido político, governo e oposição, está a multidão verde e amarela que tomou conta das ruas e bradou num único e impaciente coro que não suporta mais ser enganada e fazer humor com a própria desgraça. Porque, infelizmente, o mesmo povo alegre e guerreiro que contagia o mundo com sua energia e criatividade é o que forja seguro-desemprego, falsifica laudo médico, incendeia o próprio carro, a casa, o índio. Destrói o patrimônio público. Deixa de casar para herdar pensão vitalícia, ou casa justamente pelo mesmo motivo. Financia políticos, compra votos, vive de bolsa família, vende droga e corre risco de morte para bancar o bacana na Tailândia. Indica a empresa do cunhado para licitação. É sem-terra. Falsifica assinatura. Troca o voto pelo quilo de feijão, pelo estágio da filha ou pelo cargo em Brasília. Sonega o imposto que eu e você pagamos todo o fim do mês. Atropela, mata e sai andando. Esses brasileiros que a gente conhece das notícias de jornal estão todos no mesmo saco dos outros tantos, que acordam todos os dias para ganhar a vida sendo apenas um bom gari, professor, jornalista, 56 |
operário, juiz, funcionário público ou empresário. Quase metade desse saco votou no Aécio Neves e pouco mais da outra metade elegeu a Dilma. A presidenta do Brasil, quando chama a corrupção de uma idosa muito antiga no nosso país, não está errada. A corrupção é uma senhora fácil e sem-vergonha que flerta com igual intimidade com todos os Eikes e Zés da Silvas, que estão à venda diariamente de Norte a Sul neste país. Em troca de um transatlântico ou de uma mala xexelenta com poucas notas de dinheiro. Todos iguais. Filhos desse imenso e desgovernado país abençoado por Deus e bonito por natureza. Já a jovem e descontraída democracia é uma moça inexperiente, que, apesar dos 30 anos que já podiam lhe conferir certo estofo e malandragem, ainda é cambaleante, frágil e não se leva a sério. Com a tão desejada democracia brasileira, aliada à educação e à tecnologia, onde tudo se grampeia, se hackeia, se registra e se compartilha aos quatro cantos do planeta, e uma população unida ninguém pode. Com respeito às pessoas, suas ideologias, opiniões e tolerância zero à hipocrisia e à mentira, que cada um de nós, independente de em quem votou, continue ou comece a fazer a sua parte, atento às contas públicas, aplaudindo o trabalho da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal e compreendendo a importância do momento que vivemos.
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AndréaBack cartola_normal
Publicitária e Jornalista
UM LUXO Fotos: Divulgação
Um belo dia ela resolveu mudar, e fazer tudo que queria fazer... Dá pra começar a contar assim a história da Sandra Braga, esta paulista de 31 anos, que em 2011 deixou uma promissora carreira de executiva de marketing, com passagens por Natura e Banco do Brasil em Londres, para viver em Paris. Lá, após a conclusão de um mestrado na Sorbonne, participação em projetos para marcas referência, como Giorgio Armani, L’Oreal e Nespresso e muuuuitas caminhadas inspiradoras, feiras, galerias de arte e observação da vida, a Sandra fundou a Movimenta (www. movimentaestudos.com), uma empresa de estudos de mercado, comportamento e consumo, que prospecta oportunidades comerciais, seja para empresas brasileiras que querem se expandir no mercado francês, ou empresas francesas interessadas nas nossas terras. Cosmética, arte, mobiliário urbano, comportamento. Quase tudo é objeto de trabalho da Movimenta Estudos. Apaixonada por cultura, criatividade, criação, pelo Benjamin – o marido fotógrafo/cineasta – e pela Lola, sua gata, a diretora da empresa fala com especial empolgação sobre um dos 58 |
últimos trabalhos desenvolvidos: “Após estes anos de um olhar atento sobre o que se produz e o que se consome nos mercados europeu e brasileiro, surgiu a necessidade de responder em forma de estudo a uma pergunta que eu me fazia constantemente. Então surgiu a pesquisa “E se o luxo fosse brasileiro?””. “O consumidor brasileiro, de modo geral, busca luxo em marcas estrangeiras. Isso que atualmente muitos códigos se misturaram e algumas marcas oferecem apenas preço alto, deixando de lado os verdadeiros benefícios de um produto de luxo, como a expertise, o contato direto com o consumidor, a matéria-prima de excelência, a valorização das técnicas artesanais de produção e um serviço impecável.” Sandra destaca ainda o potencial pouco explorado no Brasil de construir o seu próprio mercado de luxo. “Há muito
por fazer, organizar e comportamentos por mudar, mas com a variedade e qualidade de matéria-prima que possuímos, aliada às inspirações nas técnicas artesanais praticadas nos quatro cantos do País, tenho certeza de que o Brasil pode despertar o desejo pela sua produção no consumidor interno e também nos mercados estrangeiros”. Desta vivência e dos resultados da pesquisa, surgiu o novo desafio. Agora, uma das estratégias da Movimenta é entrar no mercado cultural, e levar criadores brasileiros para a França. Que o design brasileiro tem cacife para ser protagonista, a gente já sabia. Agora a Movimenta leva adiante a virada de transformar o desejo e o potencial em realidade. Bonne chance!!
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José Guilherme MarƟni
InBá
O DONO DO MARTELO Intenso, dedicado e radical, Fábio Crespo percorre o Rio Grande do Sul pilotando cerca de cem dos maiores leilões de animais do Estado por ano. A alegria do leiloeiro é em casa ao lado das três filhas, Lívia, Manuela e Ana e da mulher, Fabiana Fagundes.
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microfone e do martelo. Prestes a festejar os 40 anos de carreira, o leiloeiro reserva para 2015 as melhores surpresas. Ao lado da sua primogenita Livia, e de uma equipe de aproximadamente 30 colaboradores, ele protagoniza o próprio projeto profissional abrindo as portas da Parceria Leilões, recém-inaugurada na Rua Lucas de Oliveira que já estreia com cabanhas e empresas do quilate da Tellechea e Bastos Leilões, Programa Leilões e Jorge Bastos: “Vou implementar coisas que sempre quis e ainda não tinha conseguido. Gosto das coisas modernas, teremos a mesa CrisƟna Gomes
Com os cinco irmãos e os pais, Fábio Crespo passou a infância e adolescência estudando em Porto Alegre e os finais de semana e férias na fazenda da família em Camaquã. Depois da primogênita e única mulher, o envergonhado quarto guri de Dona Leda e Seu Fausto foi criado solto na Pacheca, pelos pais e por Laura, sua babá e fiel escudeira, até hoje ao seu lado: “Foi uma infância feliz toda lá fora. Conheci o mar aos 16 anos” – recorda olhando distante para a própria história. Terminou os estudos no Colégio Anchieta e mudou para Camaquã para trabalhar com o pai. No campo, Fausto Crespo criava gado, cavalo e plantava arroz, na cidade, mantinha desde 1961 um escritório de remates, onde passou a trabalhar com os filhos. Eram meados de 1978, e aos 17 anos Fábio iniciou os trabalhos no escritório de remates do pai, com os quatro irmãos. Quando a pergunta é por que decidiu se dedicar aos leilões de animais, a resposta é bem simples: “Eu queria crescer. Mas basicamente queria ser igual ao meu pai. Mesmo sendo tímido, foi o desejo de ser como ele que me puxou. Eu o via trabalhar e achava o máximo. Lembro que ele dizia: ‘Quando entrar para vender faz como na primeira vez’.” Até decidir pelo ofício do pai, e ser certificado com um diploma do Sindicato Rural de Tapes, tentou o vestibular para Agronomia e cursou dois semestres de Administração. A lida no campo e a admiração paterna lhe seduziram mais e quase 20 anos depois, em 1996, afastado do escritório da família e morando em Porto Alegre, Fábio atuou como autônomo em leilões de várias empresas até assumir a operação comercial da Crioulo Remates, onde realizou centenas de leilões, arrematou prêmios significativos por outras duas décadas no comando do
Fábio Crespo e família
de leilões mais informatizada que existe”. Passional, amigo dos amigos e rígido com as diferenças, quem priva de sua intimidade sabe que por trás de traços sisudos, habita a alma de um homem sensível que valoriza as coisas simples da vida: ”Gostaria de ter sido menos radical com as pessoas, aceitado melhor as coisas, respeitado mais as atitudes e as diferenças entre cada um“ – relembra umedecendo o olhar, e completa: “Amigo tem que te catar lá no fundo, comigo não tem muito meio termo. Sou rígido nos valores das relações de trabalho”. MB | 61
OutBá
SUAVE BRASILIDADE Paulistano radicado em Florença, Tomaz Di Cunto, o músico Toco, embala em sua voz pura brasilidade, um som que flerta com o contemporâneo e a simples beleza do céu, do mar, da mata e dos lugares. Viajante e criativo, a inspiração de 2015 do compositor, produtor e radialista é conquistar seu lugar no palco. 62 |
Quero fazer mais shows, é algo que preciso trabalhar em mim.
O menino de abrigo jogando bola na capa de Memoria, álbum mais recente do músico brasileiro Toco (Tomaz Di Cunto), rendeu 12 inspirados registros musicais de uma infância feliz e sem muros perto da Represa de Guarapiranga, bairro afastado da capital paulista onde ele se criou. A trilha sonora desse tempo era a mais genuína música brasileira, em ebulição criativa pós-ditadura militar: “O estilo de vida era mais sossegado, era diferente lá na Represa. Vários amigos meus tinham pais músicos”. Se crescer ao som de Chico Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso, Milton Nascimento e o Clube da Esquina facilitou a sedução quase
natural pela música, fazer o curso de radialista da FAAP foi o passo seguinte. O primeiro emprego foi na TV Cultura, produzindo o programa Ensaio, do produtor musical Fernando Faro, no ar desde os anos 60, que viria a ser seu padrinho na carreira e que o apresentou a Toquinho e à turma da Radio Popolare, de Milão. Cidade italiana onde Toco morava, até 2003, quando conheceu durante um dos voos para o Brasil a gaúcha Cristie Boff, com quem vive há mais de 10 anos, em Florença. Destes anos, dois foram em Porto Alegre: “Adoro Porto Alegre, é mais fácil de viver e a cena cultural é rica. Tem aspectos bem parecidos com São Paulo”. De volta à
Itália, trabalhou com a cantora brasileira Rosália de Souza, ao lado de músicos da bossa nova carioca. Com eles, acabou lançando seu primeiro CD, em 2004, Instalação do Samba. Neste mesmo ano, sem nunca ter subido ao palco, fez sua estreia no Blue Note de Milão, onde João Bosco se apresentou no dia anterior: “Foi muita adrenalina e foco no autocontrole”, relembra o músico. O segundo desafio da carreira foi tocar na Festa da Música, no Olympia, de Paris, ao lado de colegas do quilate de Seu Jorge, Lura e Mory Kante. Com a mesma gravadora, a italiana Schema Records, lançou, em 2008, o disco Outro Lugar, arranjado por Roberto Menescal e com | 63
uma pegada muito forte da bossa nova dos anos 60. Em 2013, o samba-jazz Guarapiranga, também de sua autoria, embala um casal de dançarinos que se apresenta em uma competição de dança do filme de David O. Russel, Silver Linings Playbook (O Lado Bom da Vida), com Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Bastou o sucesso imediato do filme indicado ao Oscar para a gravadora convocar o artista paulistano para o terceiro disco, Memoria,
lançado em 2014, inteiro de sua autoria e o mais vendido dos três. “Faço letra e música ao mesmo tempo sempre. O filme foi um salto para o meu trabalho, porque as pessoas foram atrás na web e hoje isso é muito interessante para divulgarmos”, conta, Toco. Os próximos passos são de superação pessoal para o músico: “Quero fazer mais shows, é algo que preciso trabalhar em mim. Um projeto com a cantora Nina Miranda em
Adoro Porto Alegre, é mais fácil de viver e a cena cultural é rica. Tem aspectos bem parecidos com São Paulo.
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Londres também está nos planos”. A Bá aplaude a decisão porque mais gente precisa ouvir a suavidade de sua voz e o suingue de suas canções. Sobre a cena do pop rock aqui do Brasil, Toco dá a dica: “Tenho curtido muito o trabalho da Selton. São quatro gaúchos que moram em Milão. Eles têm gravadora em volta, mas fazem tudo sozinhos: disco em casa, divulgação e webmarketing”. Está aí uma tendência que já é. MB
Desde 1953, o Lourival reúne amigos em Porto Alegre. Mais de 60 anos servindo bons momentos. O clima de boteco, a ceva bem gelada e os clássicos petiscos sempre à sua espera. Então, é só chegar e celebrar a vida.
Fone: (51) 3337.3405 Rua 24 de Outubro, 1624
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cartola_normal Báco
OrestesdeAndradeJr. jornalista e Sommelier
QUE TAL DORMIR EM UMA PIPA GIGANTE DE VINHO? Hotel Fazenda Pampas, na Serra Gaúcha, proporciona aos clientes a experiência de se hospedar em uma barrica com três andares. Fotos: Divulgação
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Todo o enófilo já sonhou em dormir em uma barrica de vinho. A paixão pela Bebida de Baco é tão grande que parece razoável passar uns dias dentro de onde se elaboram os vinhos. Pois isso já é possível no Brasil, mais especificamente na Serra Gaúcha. Em Canela, na divisa com Gramado, o Hotel Fazenda Pampas transformou 14 barricas de 100 mil litros de vinho em verdadeiros apartamentos de três andares com todo o conforto e a privacidade que os turistas mais exigentes procuram. São as primeiras suítes-pipas de vinho do mundo. “Queremos transformar a estadia em uma experiência inesquecível”, afirma o diretor-executivo do hotel, Gabriel Werner Knapp. O grande diferencial deste empreendimento – inédito no Brasil – é justamente o seu tamanho e o conforto. As pipas foram adquiridas em vinícolas gaúchas como Garibaldi e Aurora. Depois de reformadas, ficaram com 90 metros quadrados, contando um banheiro construído e anexado à barrica. Não há cheiro de vinho no interior
das pipas. Mas as marcas do armazenamento de vinho estão nas paredes, com resquícios do ácido tartárico. O ambiente é realmente mágico para quem gosta de vinhos. Outros dois hotéis semelhantes na Europa usam barricas bem menores – de 14 mil litros no Hotel De Vrouwe van Stavoren, em Stavoren, na Holanda, e de 20 metros quadrados, no estilo quitinete, em Saint-Emilion (Château Vieux Lartigue), na França. Ou seja, por mais que se goste de vinho, quem sofre de claustrofobia não pode nem pensar em passar uma noite nesses lugares. “Não há nada parecido no mundo. Temos as maiores suítes-pipas do planeta”, se orgulha Gabriel Knapp. O requinte rústico e o conforto são as marcas das “cabanas” instaladas em um morro na área de 15 hectares do Hotel Fazenda Pampas, em meio a muitas araucárias e à beira de lagos e com a companhia de cavalos, emas, lhamas, ovelhas, entre outros animais. No primeiro piso, fica a sala de estar, com sofá, TV de LED, cozinha com mesa e
cadeiras, além do banheiro. Todos os móveis foram fabricados no próprio local, com madeira de demolição. O quarto fica no segundo andar, com ampla cama de casal, TV de LED de 42 polegadas e climatizador, e até uma pequena sacada. A cobertura, com uma vista privilegiada da região entre Gramado e Canela, serve como um mirante, com cadeiras cobertas por pelegos e tapetes. Das 20 pipas projetadas, 14 estão prontas para o uso. Há três pipas duplas, na horizontal, para atender pessoas com limitação em subir escadas. “É um sucesso. Os hóspedes que gostam de maior privacidade e buscam uma experiência única acabam preferindo ficar nas pipas”, comenta Gabriel Knapp, que já investiu R$ 1,8 milhão no projeto. Afora a vivência inusitada de dormir – e viver – numa barrica que já armazenou vinhos, o Hotel Fazenda Pampas oferece passeios a cavalo e o contato com uma boa diversidade de animais. Mais informações no site www. hoteispampas.com.br. | 67
cartola_normal PorAí
FlavinhaMello Chef e DJ
MI BUENOS AIRES...
De olho no meu próximo roteiro em Buenos Aires, escolhi a maquiadora Débora Polto, que atuou no mercado portenho por sete anos. Para sentir o movimento da moda argentina, dar uma volta por Palermo é imprescindível. Lá estão os melhores restaurantes, bares e lojas. “É o meu bairro favorito”. Anota aí as dicas: “Tomem café da manhã no Oui Oui (rua Nicaragua, 6068). Os pães caseiros maravilhosos e as jarras de suco são o grande atrativo. Tem que ir cedinho, pois tem poucas mesas. Para jantar escolha um dos restaurantes da rede Il Ballo del Matone, o queridinho da cidade. Arrasou tanto que hoje em dia são três restaurantes na mesma quadra, na rua Gorriti. É lá a nueva Itália. Depois vá ao Frank’s Bar, que fica na Arévalo, 1445. Para entrar lá, vá ao 68 |
Facebook do bar e pegue a senha para, quando chegar na porta, dizer a dica dada no FB. O hostess lhe passará um número para ser digitado dentro de uma cabine telefônica inglesa. Em seguida, será aberta uma porta para um incrível bar dos anos 20. Vale pedir qualquer drink, já que o bar foi premiado por dois anos consecutivos como melhor bar de drinks da América Latina. Débora também adora o boêmio/hippie San Telmo, onde morou por dois anos. Por lá, o astral antigo contrasta com a modernidade da cidade. Uma boa dica para quem for à tradicional feira de rua dos domingos: pode almoçar na rua Defensa, no italiano de pastas e frutos do mar Amici Miei, na praça principal do bairro Dorrego. Uma parrilla local boa fica entre as ruas Chile
e Peru, e chama-se La Plata. Na rua Peru vale a pena caminhar até a 9 de Julho e visitar as galerias de arte. É a Disneylândia do cenário cult portenho. Sobre moda, maquiagem e portenhas, Debora conta: “Lá as mulheres usam pouquíssima maquiagem no dia a dia, optam por delineador e smokey em tons quentes de marrom, com um toque mínimo de dourado”. Com essa influência, Débora aposta em naturalidade. Pele perfeita com primer, bases leves com muito iluminador e cores que destaquem os traços naturais, com um ou outro detalhe mais chamativo. Além de Buenos Aires, ela morou no Uruguai, onde nasceu parte da família. Veio a Porto Alegre estudar
Comunicação Social na ESPM e, formada, passou uma temporada em Londres estudando arte, ilustração e pintura na universidade Central Saint Martins. Débora conta com experiência tanto em desfiles e produções de moda para marcas conhecidas como a francesa Le Coq Sportif, comerciais para clientes que vão desde marcas de roupas e acessórios argentinas, até o conhecido canal de TV Fox. O currículo ainda é recheado de trabalhos para nomes como DJ Armin Van Buuren, Coors Light, Paula Cahen D’Anvers e Playboy. Recém-chegada na capital gaúcha, Debora aposta em projetos nacionais. A talentosa gata ainda ressalta que os baladeiros que forem a BsAs não devem deixar de dar um pulo no Pony Line, o novo hit pré night de “su Buenos Aires querida”. Fica no hotel Four Seasons. | 69
Dé LígiaaNery cartola_normal cartola Bán
Ouvindo sobre uma recente pesquisa que revela que 70% dos brasileiros pretendem buscar um novo trabalho ainda neste ano de 2015, fiquei muito inquieta. As justificativas apontam principalmente para um imenso desejo de encontrar mais realização e felicidade em sua atividade profissional. Se tomarmos como base a realidade vigente e anunciada a todo instante sobre o cenário negativo da empregabilidade neste momento do nosso país, temos a sensação de que as pessoas parecem estar desconectadas do mundo real. Mas não é um número qualquer. Estamos falando que 70% dos brasileiros buscam algo a mais em suas vidas profissionais, o que nos obriga a uma reflexão. Nós, que trabalhamos mais ligados a este universo, temos aí uma responsabilidade em entender e disponibilizar alternativas para acolher esta discussão e encaminhála no individual e no coletivo. Sabemos que tristeza, depressão ou insatisfação, por vezes, se tornam tão intensas na vida de alguém que facilmente somos inundados por estes sentimentos. Todas as nossas dimensões de vida ficam desproporcionalmente sendo depositárias de expectativas de resoluções ou de culpas. Por vezes, esperamos que 70 |
o nosso trabalho nos traga a felicidade que não temos em outros aspectos da vida... Outras vezes, ao contrário, achamos que ele é o culpado de tudo. Precisamos observar isso para sermos justos conosco e também com nossas empresas ou carreiras. Numa outra perspectiva, outro percentual de profissionais certamente busca de forma madura e refletida um ambiente onde possam ser reconhecidos e aproveitados para realizar algo que gere resultados num formato ganha-ganha. Em qualquer destes cenários, a verdade é que as mudanças corporativas fogem ao nosso controle exigindo um protagonismo total no gerenciamento de nossas carreiras e nossas vidas. Pessoas desejam qualidade de vida hoje, não amanhã, porque sentem que amanhã pode estar muito distante. Pessoas desejam reconhecimento pelo seu talento e enxergar, minimamente, seu projeto de vida contemplado num espaço de tempo factível para poder pertencer a um grupo com tranquilidade e alegria. Queremos despertar pela manhã dizendo: sim, a gasolina tá cara, meu banho só pode durar cinco minutos, vou comer barrinha de cereal, mas meu dia vai valer a pena!
Arte: Graziela Sanvito Andreazza Ramos
coach
URGÊNCIA DE SER FELIZ
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dermatologista
RENOVAÇÃO Se na próxima estação caem as folhas, é a hora também da renovação física, volta das férias com baterias recarregadas, prontas para colocar em prática as promessas do Ano-Novo, alimentação saudável, novas metas profissionais e manter o corpo e a mente em equilíbrio. Para pele, cabelos e unhas é o momento ideal para reparar os danos causados pelo verão como as manchas, a falta de hidratação e a oleosidade excessiva, que agrava as espinhas e os cravos. Peelings faciais e corporais ajudam a renovar a superfície 72 |
da pele melhorando e atenuando as manchas e as linhas finas. Podem ser superficiais ou profundos, dependendo da necessidade de cada paciente. Voltam os ácidos com o objetivo de renovar a pele e preparála para os procedimentos dermatológicos e os antioxidantes para atenuar os radicais livres que levam ao envelhecimento. As águas termais estão cada vez com mais espaço na rotina diária por suas propriedades hidratantes e calmantes, sozinhas ou como base de produtos de beleza. A indústria cosmética
tem se esmerado na produção de BBs, CCs e agora os DDs e EEs crems com multifunções como proteção solar, clareador, hidratante e base. Em relação às novas tecnologias, temos os fios absorvíveis de sustentação à base de ácido polilático para melhora do contorno facial, e recentemente vem sendo usado também em áreas corporais com resultados animadores, conforme apresentado recentemente em evento internacional realizado na cidade de São Paulo com a presença dos médicos que introduziram a técnica mundialmente.
Inscrições abertas | www.pucrs.br/educacaocontinuada | 73
LíviaChavesBarcellos cartola_normal
A ARTE DE PORTO ALEGRE Passei quase todo o verão em Porto Alegre e foi uma delícia. A cidade fica como deveria ser sempre. Calma, tranquila, trânsito livre, vivendo-se cada dia como se fosse domingo. Embora me queixe sempre do clima da cidade, o verão deste ano foi bem suave. Pouquíssimos dias de calor insuportável. Valeu. No cinema, minhas dicas vão para A Teoria de Tudo, que deu o Oscar de melhor ator para o britânico Eddie Redmayne interpretando o físico Stephen Hawking, O Jogo da Imitação e Para Sempre Alice, com a atuação impecável de Julianne Moore, que levou a estatueta de melhor atriz. Mas o programa que 74 |
mais me agradou foi a visita ao Instituto Ling. Inaugurado em outubro de 2014, é um espaço para dar orgulho aos portoalegrenses. A chegada já é impactante, porque a construção, assinada pelo arquiteto paulista Isay Weinfeld, é uma beleza. O centro, criado pela Família Ling, promete programação intensa, com muitos cursos, sessões de cinema, shows e exposições de arte. Espaço é o que não falta: são três pavimentos com 3,2 mil metros quadrados. No fim de fevereiro, foi inaugurada a exposição Pintura e Desenho, da artista gaúcha Karin Lambrecht. Os
trabalhos são feitos com aproveitamento de sucata e outros objetos. Uma boa oportunidade para visitar o novo espaço até o dia 10 de maio, e, para quem já conhece, conferir a nova fase da artista. É bom lembrar que o Instituto fez importantes parcerias. Para o conforto de todos, oferece serviço do Safe-Park, tem um Press Café, servindo as delícias de sempre, e, ainda, a charmosa Pandorga, lugar ótimo para comprar presentes de bom gosto. Temos que agradecer e aplaudir a família Ling, que chegou ao Brasil há 50 anos e, agora, dá à cidade este presente maravilhoso.
a sua assessoria de imprensa no rio grande do sul e no brasil
www.agenciacigana.com
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MarcoAntônioCampos cartola_normal
A RUIVA POR EXCELÊNCIA 3 de dezembro de 1960 marcou o nascimento de uma menina ruiva no Forte Bragg, na Carolina do Norte. Era Julie Anne Smith, depois Julianne Moore, a filha do Juiz Militar e Coronel Peter Moore Smith Jr. e a escocesa Anne Moore. Sendo filha de militar, Julianne passou sua infância em mais de uma dezena de lugares ao redor do mundo, até se formar em arte dramática na Universidade de Boston, em 1983. Seu primeiro papel no cinema foi em A Mão Que Balança o Berço (1992), onde já se destacava mais do que pela beleza. A partir dali, foram sucessos e mais sucessos: O Fugitivo (1993), com Harrison Ford, Tio Vanya In New York, de Louis Malle (1994), Mal do Século (1995), Nove Meses (1995), Assassinos (1995) e Os Amores de Picasso (1996). Deste período, não dá para esquecer a marcante participação de Julianne Moore em Shortcuts(1993), de Robert Altman, onde já se tinha ideia do seu desprendimento como atriz top de linha. O ano de 1997 dá bem uma ideia da carreira de Julianne Moore, onde 76 |
convivem lado a lado Blockbusters como Jurassic Park: o Mundo Perdido, de Steven Spielberg com filmes underground como Boogie Nights: prazer Sem Limites, de Paul Thomas Anderson, pelo qual Moore recebeu indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar. Julianne Moore já filmou com praticamente todos os grandes diretores de sua época. Sua personificação da Governadora do Alaska Sarah Palin, no Telefilme Game Change, a qual lhe rendeu um Globo de Ouro de Melhor Atriz e iguais dores de cabeça foi antológica! O mesmo se pode dizer de Minhas Mães e Meu Pai (2010), de Lisa Cholodenko, onde vive Jules, uma paisagista gay casada com a personagem de Anette Benning e que passa a enfrentar uma crise quando os filhos querem encontrar o pai biológico. Para Sempre Alice (2014), seu mais recente trabalho, lhe deu um Globo de Ouro, um BAFTA e um Oscar, além de outros prêmios. Suas marcas no cinema são: mulheres fortes, o cabelo ruivo, os olhos verdes e profundamente expressivos e a falta de qualquer limite em se expor. Fácil reconhecer Julianne Moore. | 77
AndréGhem cartola_normal
tenista profissional
NEGÓCIO CHINÊS
Cinco dias já se passaram desde minha chegada. O primeiro susto foi logo nos primeiros minutos em solo, com a invasão de fiscais sanitários na aeronave fazendo uma fiscalização severa com cada passageiro. Com vacinas em dia e nenhuma escala em Serra Leoa, não tive problemas para seguir adiante. – Táxi, táxi, táxi... Minha aparência ocidental atraía os tubarões. O velho truque do táxi é um dos mais aplicados por estes lados. Previamente avisado, busco a fila quilométrica dos “oficiais”. Corretos ou não, o taxímetro estará ligado para sua maior “tranquilidade”. Educação e bons
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costumes não fazem parte da cultura local. Sons e cheiros se misturam a esse mar de gente que superpopula o país e que se vê forçada apenas em conquistar o seu próprio sustento. Tudo se fabrica aqui. Tudo. Custo a entender como isso é possível. É daqui que sai quase tudo que nos cerca. Colchão king size (durma abraçado com os anjos), China, chuveiro tipo panelão, China, material esportivo, China, minha jaqueta de marca sueca tinha também na etiqueta Made in China. Desde que cheguei o semblante é o mesmo. Sol e céu ainda não foram vistos e nuvens carregadas tomam conta por completo do
cenário que precede o juízo final que nunca chega. Uma terra de difícil comunicação, entre os estrangeiros e eles próprios, um lugar onde uma prateleira de supermercado pode assustar muitas crianças com seus salgadinhos de larvas, patas de aves ressequidas. A pechincha vive em alta e, por que razão ainda não descobri, os preços são multiplicados por sete. A barganha se torna uma batalha campal entre você, a calculadora do chinês e o chinês. Cara feia, cuspe, gritos, vale tudo nessa terra tão curiosa para se fechar um negócio, afinal, um bom negócio sempre foi um negócio da China.
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SilvanaPortoCorrêa
UM SÁBIO ELEFANTE Fotos Vini Dalla Rosa
Tecnologia em favor do saber é a grande aposta de Scheila Vontobel para um novo jeito de ensinar crianças. Scheila Vontobel vive um dos momentos mais bacanas de suas três décadas de vida. Mãe dedicada de Valentina, 9, Guilhermina, 6, e João Ricardo, 2, e mulher do empresário Ricardo Vontobel, ela divide a rotina em atender os filhos e o marido, o que já é tarefa puxada. Formada em Administração e Marketing, Scheila também comanda há dois anos o sonho de construir o Elefante Letrado, um projeto de educação digital para crianças da pré-escola à 5° ano do Ensino Fundamental. A ideia é genial. Durante as férias em Orlando, nos Estados Unidos, ela conheceu um site pedagógico de leitura bem parecido em inglês. Sugeriu como mais uma ferramenta pedagógica para o colégio onde estudam seus filhos em Porto Alegre, o Pan American: “Foi impressionante a evolução delas no inglês lendo 15 minutos por dia e respondendo os joguinhos”. Em maio de 2013, Scheila decidiu criar uma ferramenta parecida e aperfeiçoada, em português, e procurou o profissional de tecnologia Fabio Beckenkamp para ajudá-la a dar os primeiros promissores passos do Elefante Letrado, um portal pedagógico de leitura e games com 80 |
nível progressivo de dificuldade, iniciativa inédita no Brasil. Cerca de 70% das obras foram elaboradas especialmente pela equipe do Elefante Letrado e 30% vêm da High Lights for Children, editora infanto-juvenil norteamericana parceira do projeto. A cada letra do alfabeto, o grau de dificuldade das dezenas de livros disponíveis aumenta. Depois de ouvir ou ler a história, a criança deve responder jogos de interpretação com perguntas e respostas, valendo pontuação do participante. A escolha dos títulos foi realizada conforme indicações dos órgãos de educação dos governos brasileiro, norte-americano e francês. Tudo de acordo com o que as crianças têm de saber em cada fase. Sabe o que ainda consegue ser o mais legal disso tudo? Para cada escola particular que adquirir o programa, uma escola pública será presenteada com o mesmo. Não demorou muito até que o brilho dos olhos atrás dos óculos de grau da loira contagiasse a amiga Magali Matsuda e seu marido, Alexandre Borella, e, em dezembro de 2013, eles passaram a fazer parte do time principal, ao lado de Scheila e Fábio. “Estou totalmente apaixonada, parece que
para mim não é trabalho”, conta cheia de empolgação Magali, gaúcha que vive em Orlando. Ela sempre trabalhou com tecnologia e gerência de projetos, é mãe de Victoria, 10 anos, e até bem pouco dedicava parte de seu tempo a www.voluspa.com.br, uma boutique infantil de vendas virtuais. Hoje ela não se imagina mais atuando profissionalmente em outra área que não seja a educação: “Fazer um pouco de diferença nesse mundo que vivemos”. O mais curioso é que nem Magali nem Scheila tinham muito jeito com crianças ou pensavam em ser mães: “Não era muito do universo infantil, era mais de correr e jogar futebol do que brincar de boneca. Meus filhos nasceram e fiquei louca, alucinada principalmente por bebês”, recorda Scheila. Hoje é justamente esse universo que a fascina, ver crescerem os próprios filhos e quem decide ler com o Elefante Letrado, que teve mais 100 especialistas envolvidos desde a sua concepção. Hoje cerca de 30 pessoas integram a equipe fixa, e o endereço virtual tem capacidade para atender 50 mil usuários. Os programas para a pré-escola e a 1° e o 2° anos estão prontos. Estão sendo concluídas em breve os 3°, 4° e 5° anos. As vendas para as escolas e assinantes particulares começaram após o Carnaval, e o nome remete à memória grande dos elefantes: “Eu queria um bichinho para chamar atenção deles, e uma hora o Ricardo deu um grito: ‘Elefante Letrado’!!! Já estava sentada no computador, registrei na mesma hora”, lembra Scheila. Escolas porto-alegrenses como o Pan American, Farroupilha e Israelita estão aprovando a nova tecnologia. “Tem sido um trabalho pedagógico gigantesco. Motivar e incentivar essas crianças absolutamente digitais a ler é um desafio. Obrigo os meus a lerem todos os dias. Se escolas e governo apoiarem e entenderem a superplataforma que é, vai fazer diferença na educação”, completa Scheila, convicta e feliz. | 81
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DuduVanoni creative director
OS NOVOS
A partir desta edição, mostrarei novos nomes da moda gaúcha. Não somente estilistas, mas também profissionais de diversas outras áreas com o objetivo de fomentar toda a cadeia. Além de um breve currículo, apresento um editorial mostrando um pouco do trabalho de cada um. Esta coluna também tem uma função comercial, por isso coloquei os respectivos sites para que vocês conheçam mais sobre eles e já coloquem essa garotada para trabalhar. 1 – Victor Kayser, Estilista Victor Kayser formou-se em Turismo e, depois, em Design Gráfico. Até que decidiu cursar Estilismo em Confecção Industrial no Senai RS. A escolha tardia deu certo, pois foi um dos 9 selecionados como novos talentos da moda brasileira no Brasil Fashion, evento do Senai CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil) realizado em outubro do ano passado em Belo Horizonte. Ele lança em março sua primeira coleção, para o Outono Inverno 2015. Limpa e somente em preto e branco, tem como inspiração o masculino e feminino e o positivo e negativo. Com um toque minimalista, suas peças valorizam a elegância feminina, mas sem deixarem de ser comerciais. Ou seja, têm tudo para ser um sucesso! www.victorkayser.com 82 |
2 – Mari Lopes, fotógrafa Mari Lopes formou-se em Publicidade na ESPM. Inspirada pelo seu pai que é um apaixonado por fotografia comprou o seu primeiro equipamento profissional em 2009. Em 2010, mudou-se para Recife, onde estudou na Faculdade de Fotografia. Na volta a Porto Alegre, trabalhou como assistente do fotógrafo Marcus Luconi participando de produções com nomes como Reynaldo Gianecchini, Cris Broilo, Flúvia Lacerda e Duda Bündchen, entre outros. Atualmente é a fotógrafa oficial do Jornal de Artes e está investindo em produções de moda. www.marilopes.com.br
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3 – Bianca Magalhães, personal stylist e produtora de moda Publicitária de formação, Bianca Magalhães tem na moda, uma antiga paixão que sempre foi a conexão com seu lado mais criativo. Assim, unindo a vontade de trabalhar para pessoas e criar através da moda, fez diversos cursos na área para realizar o seu projeto de se tornar personal stylist. O seu compromisso, mais do que apenas vestir, é passar informação para que elas, a partir da consultoria realizada, sintam-se seguras e radiantes em qualquer uma das situações das suas vidas. Sua carreira está crescendo também como produtora de moda para trabalhos publicitários ou editoriais. www.biancamagalhaes.com.br
Katherine Kuhn, modelo new face Katherine Kuhn tem 16 anos e é de Morro Redondo (RS). Desde pequena, sempre quis ser modelo. Aos 13 anos foi descoberta através da internet por uma scouter, que a convidou para participar de um concurso e, desde então, não parou mais. Inicialmente, ficou em São Paulo por um mês para ver se gostava e, como ela imaginava, adaptou-se muito bem. Depois, voltou para a sua cidade para terminar os estudos e, após um tempo, retornou para São Paulo novamente onde morou 5 meses. Mais tarde, foi fazer uma temporada no Chile, permanecendo lá por 90 dias. É uma das apostas da Joy Mgmt para as próximas temporadas de moda nacionais e internacionais. www.joymgmt.com
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4 – Cris Rocha, maquiador e cabeleireiro Cris Rocha pensava em cursar Relações Internacionais. Mas deixou o pré-vestibular e o skate de lado e foi cursar formação em terapia capilar, cor, penteado e muitos outros. Iniciou sua carreira no Garbo Hair Designer, onde ficou por 6 anos. Desde a adolescência tinha o sonho de morar em Londres, realizado por uma temporada trabalhando em um salão árabe. Na volta ao Brasil, fez uma parceria de um ano com o Beauty for Fun by Andrea Garcia e Claus Fetter, da dupla Claus & Vanessa. Depois, foram 7 meses no Sexton, e viu que era o momento de empreender e investir no seu próprio negócio, abrindo o Studio Yehllow, onde busca imprimir um novo estilo de trabalho com produtos menos agressivos ao cabelo. www.studioyehllow.com.br
Ficha Técnica Looks: Coleção Out-Inv 2015 Victor Kayser Fotos: Mari Lopes Modelo: New Face Ketherine Kuhn (Joy Mgmt) Styling: Bianca Magalhães Beleza: Cris Rocha Concepção e direção de arte: Dudu Vanoni (Craft) Agradecimento especial: Estúdio Fotógrafo Fábio Rebelo
COLAR IVO MINONI PARA PANDORGA / SCARPIN ACERVO STYLIST
BRINCO ZELLIG PARA PANDORGA / ANÉIS ACERVO STYLIST / SCARPIN CRIS CAPOANI PARA SCARPEBELLE
BRINCO ACERVO STYLIST / ANEL LÊ TOLENTINO PARA PANDORGA
BRINCO CLAUDIA ARBEX PARA SCARPEBELLE / ANEL T. ARRIGONI PARA SCARPEBELLE / CLUTCH VUELO PARA PANDORGA
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DIVULGAÇÃO
Bánoesporte cartola_normal
CláudiaCoutinho
OPORTUNIDADES PARA TRANSFORMAR Projetos sociais que usam o tênis como principal atividade comprovam que o esporte é muito mais que um espetáculo competitivo. É educação. Naquele distante dois de outubro de 2009, eu pertencia ao grupo que se emocionou quando o Rio de Janeiro ganhou o direito de ser a sede e organizar os Jogos Olímpicos de 2016. Mesmo distante do local da escolha, em Copenhague, mas com olhos grudados na telinha da tevê, acompanhei todos os lances que levaram a Cidade Maravilhosa a vencer tão acirrada competição, deixando para trás Madri, Tóquio e Chicago. Finalmente, pensei, seremos uma nação olímpica. Acreditava que a conquista de tamanha responsabilidade seria o bastante para que o Brasil passasse a perceber o esporte como um processo de educação e não somente um espetáculo competitivo, onde alguns vencem e outros perdem. Minha convicção era enorme, até porque aquela conquista não resultava do acaso. Desde o início dos anos 90, o país se lançava como candidato à Olimpíada, com Brasília para os Jogos de 2000 e com o Rio para 86 |
2004 e 2012, antes de alcançar a vitória. Portanto, duas décadas de trabalho para chegar lá. Os argumentos dos céticos de que nada ou pouco mudaria na estrutura do esporte brasileiro e de que as verbas que seriam direcionadas para a realização do megaevento fariam falta em áreas de enorme carência em nossa sociedade eram rebatidos com a certeza de que o olimpismo certamente deixaria raízes entre nós. Cinco anos se passaram desde a eleição da sede dos Jogos de 2016, e a contagem regressiva para as competições que serão realizadas de 5 a 21 de agosto do próximo ano já se faz presente no site oficial do evento e em outros poucos espaços. E o que mudou? A frustração por não poder responder muito coisa é imensa. Exceção às estruturas e às gestões que estão diretamente relacionadas à realização da Olimpíada carioca e aos centros esportivos de alto rendimento, especialmente nas
CRISTIANO SANT'ANNA
Alunos da Fundação Tênis durante cerimônia de abertura do torneio interno Rolando Garra
modalidades onde as chances de medalha para o Brasil existem, quase nada mudou. A prática do esporte segue sem ser vista como aliada da educação. Permanece limitada ao cenário da competição – e sem condições para disseminar trabalhos de excelência na formação e no desenvolvimento de atletas. As ilhas de exceção, no entanto, existem. E é no tênis que busco dois bons exemplos para comprovar a força do esporte: o Projeto WimBelemDon e a Fundação Tênis. Os dois, cada um com suas características muito próprias, surgiram na capital gaúcha há aproximadamente 15 anos, são direcionados para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e colhem os resultados de intenso trabalho dentro e fora das quadras. O Projeto WimBelemDon atende a cerca de 100 crianças no bairro Belém Novo, na zona sul de Porto Alegre. Além das aulas de tênis, oferece oficinas pedagógicas de inglês, matemática, português, artes, cinema e contação de histórias, entre outras. Tem como objetivo possibilitar o desenvolvimento de habilidades e atitudes dos jovens a partir do ensino do tênis integrado à leitura e à complementação escolar, facilitando o processo de integração
social. Em 2014, o trabalho liderado pelo fotógrafo Marcelo Ruschel recebeu seu primeiro reconhecimento internacional: o ATP Aces for Charity, prêmio criado em 2011 pela Associação dos Tenistas Profissionais para apoiar e reconhecer ações sociais relacionadas ao tênis. Atualmente o projeto investe na campanha de crowdfunding “Fixando Raízes WimBelemDon”, a fim de conseguir a verba necessária para comprar o terreno onde o projeto se realiza. A Fundação Tênis assiste a cerca de mil crianças em nove unidades espalhadas no Rio Grande do Sul (em Porto Alegre, Igrejinha, Sapiranga e Santiago) e duas em São Paulo. As aulas de tênis são dadas de forma que as crianças vivenciem os três valores olímpicos, de Amizade, Respeito e Excelência. O objetivo é possibilitar que esses jovens reescrevam seus projetos de vidas. Em 2014, a Fundação Tênis também cravou seu nome no cenário internacional ao receber, do Comitê Internacional Pierre de Coubertin, a medalha comemorativa aos 150 anos de nascimento do Barão Pierre de Coubertin, considerado o pai do olimpismo. Essa distinção, criada em 2013, foi dada a pessoas ou instituições comprometidas com a prática e a difusão dos valores olímpicos. Foram | 87
Para saber mais sobre esses dois trabalhos: Fundação Tênis www.fundacaotenis.org.br (51) 3325 1068 Projeto WimBelemDon www.wimbelemdon.com.br (51) 3246 0165
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Ao olhar para esses dois trabalhos, que tem no esporte a sua forma de educação, ainda mantenho minha esperança de que o Brasil, um dia, quem sabe, se transforme em uma nação olímpica. Nesse caso, uma nação onde seus cidadãos pratiquem, exaltem e semeiem os valores FOTO CRISTIANO SANT'ANNA
distribuídas 25 medalhas. Para dar seguimento ao seu trabalho, a Fundação busca a renovação de parcerias e novos mantenedores. Tanto o Projeto WimBelemDon, como a Fundação Tênis têm seus trabalhos consolidados e colhem os frutos não somente diante de instituições internacionais respeitáveis. Orgulham-se de seus alunos que, a partir da prática do tênis e da vivência dos valores que o esporte é capaz de ensinar, construíram oportunidades e suas vidas que talvez nem tivessem chances de sonhar. São jovens que saíram do terreno do descrédito e da periferia do mundo da drogadição e de todos os tipos de violência para tentar construir uma sociedade onde o respeito esteja sempre presente. São alunos que aprenderam a ir além dos limites.
olímpicos. Esse sim é o legado que os Jogos do Rio deveriam deixar. Mobilidade urbana, rede eficiente de serviços e sustentabilidade fazem parte de outra lista, das obrigações de uma sociedade que se respeita.
Aluna da Fundação Tênis destaca os valores aprendidos em quadra
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cartola_normal modaurbana
AngelaXavier
Liana Marcantonio veste camisa de franjas Armani vintage, 贸culos Celine. Look monocrom谩tico elegante. 90 |
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1 – Mariana Simões superestilosa, sempre cheia de charme, escolheu um shorts com brilhos 2 – O blazer amarelo da Zara de Ana Paula Luz Brito alegra o visual 4
3 – Ana Paula Aquim Lopes linda de shortinho Daslu 4 – Renata Busnello linda num look todo Monica Negreiros 5 – Karoline Ourique escolheu uma saia midi by Lollita. Adorei 6 – Maria Virginia Vasconcellos veste saia midi Oui Cherie, óculos Dior, bolsa Fendi e sapatilhas Roger Vivier 5
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VERANICO EM ALTO ESTILO Concepção Dudu Vanoni (Craft) Foto Fernando Rezende
DA ESQUERDA PARA A DIREITA. ELE: ÓCULOS RAY BAN PARA MR. RAY. ELA: MAIÔ RIACHUELO / VISEIRA, BRINCOS E ANEL DE PEDRA NEW BIJOUX / ANEL E PULSEIRAS DOURADAS C&A. ELE: ÓCULOS RAY BAN PARA MR. RAY.
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DA ESQUERDA PARA A DIREITA. ELE: BERMUDA MIZUNO PARA PAQUETÁ ESPORTES / PULSEIRA ROSA LEAL PARA NEW BIJOUX / FONE DE OUVIDO E CAIXA DE SOM HARMAN PARA IPLACE / ÓCULOS DE SOL RAY BAN PARA MR. RAY / CHINELO RESERVA PARA PAQUETÁ ESPORTES. ELA: MAIÔ RIACHUELO / VISEIRA, BRINCOS E ANEL DE PEDRA NEW BIJOUX / ANEL E PULSEIRAS DOURADAS C&A / SANDÁLIA VIZZANO PARA PAQUETÁ / BOLSA CIA. MARÍTIMA. ELE: BERMUDA MANDI / RELÓGIO MORMAII PARA PAQUETÁ ESPORTES / PULSEIRAS ROSA LEAL PARA NEW BIJOUX / CHINELO ELLUS.
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DA ESQUERDA PARA A DIREITA. ELE: BLAZER COLCCI / BERMUDA LACOSTE, CINTO DIESEL, RELÓGIO ALESSI E ÓCULOS DE SOL LEAF PARA HEMB / DOCKSIDE SAMELLO PARA PAQUETÁ / CHAPÉU PANAMA ACERVO. ELA: TOP COLCCI / HOT PANTS DE NEOPRENE MORMAII PARA PAQUETÁ ESPORTES / SANDÁLIA LOULOUX / BRACELETES, PULSEIRA, ANEL E BRINCOS NEW BIJOUX / BOLSA NEW CASUAL PARA PAQUETÁ / ÓCULOS DE SOL RAY BAN PARA MR. RAY. ELE: BERMUDA RICARDO ALMEIDA E MOCASSIM HEMB / CAMISA ELLUS / PULSEIRA ROSA LEAL PARA NEW BIJOUX / ÓCULOS DE SOL RAY BAN PARA MR. RAY.
Styling: Manuela Pereira; Ass. Styling: Milena Bacher; Beauty: Ana Ferrary; Modelos: Filipe Mello e Vitória Chaves Barcellos (LOV Mgmt) e Lucas Todeschini (Premier Models); Tratamento de imagem: SƟlgraf GGK; Agradecimento: Sociedade Hípica Porto Alegrense
Av. Cel. Bordini, 1665 Loja 4 – Tel.: 51 2111.7541
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cartola_normal SUTIÃ AO ESTILO LENÇO E HOT PANTS LACELAB
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DEIXE REVELAR Por AsPatricias Fotos Lucas Cunha
Como um passo delicado, um gesto harmonioso, um toque suave, a nova lingerie toca o corpo, se envolve nas curvas, se veste, se mostra. O ontem, tranquilo, inspira cada detalhe. Faz-se presente nas formas amplas, nos artifícios preciosos, nas texturas barrocas. Flerta com o agora em detalhes de pura arquitetura, como as linhas que cruzam a silhueta, teimando, insistindo em serem reveladas. A lingerie do hoje deixa de ser apenas íntima para se tornar essência de equilibradas combinações que sugerem, com a sutileza de uma boa poesia, o que está muito além de um primeiro olhar. Deixe revelar!
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TOP E CALEÇON DE RENDA KAROL MARTINS
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COMBINAÇÃO COM BORDADO ARTESANAL KAROL MARTINS
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SUTIÃ COM RECORTES E BIQUÍNI LACELAB
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SUTIÃ STRAPPY E HOT PANTS LACELAB
CROPPED DE MALHA E CALCINHA STRING LACELAB
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cartola_normal SUTIÃ E CALCINHA STRING LACELAB
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Concepção: AsPatricias Inteligência em Moda; Fotos: Lucas Cunha; Modelo: Marcela Hoeppers (Ford Models); EsƟlo:Patricia PontalƟ; Assistente de esƟlo: Fernanda Cassel; Maquiagem: Ana Carolina Prado (Kapo Cabelos); Cabelo: Mairthon Bianchi (Kapo Cabelos); Loja: arquitetadoamor.com.br; Agradecimentos: Hilton Soares (Locall Equipamentos para Cinema), Lucas Hanke (Marquise 51); Estação Filmes e ValenƟna Asmus.
SUTIÃ KAROL MARTINS E HOT PANTS LACELAB
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deuochic
VitorRaskin
SPECIAL GUEST: Paula Vasconcellos Ribeiro no clic especial de Alessandra Pinho para a coluna DeuOChic na tarde em que comemorou seu aniversรกrio reunindo amigos no parador La Caracola em Punta del Este 104 |
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3 1 – Katia Tavares Correa e Adriana Chaves Barcellos 2 – O charme de Patricia Torres Hermann chamou a atenção em uma das tardes badaladas do verão 3 – Claudia Wolf Ling na movimentada temporada em Punta del Este
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4 – Maria Juliana Ulrich & Walter Lew, presenças charmosas no belo dia de praia 5 – As irmãs Isabelle e Audrey Randon inauguram a primeira loja Home Collection no Barra Shopping Sul 6 – Cleo Milani no melhor estilo da tarde de verão
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VERA LISBOA, NORA TEIXEIRA, ANDREA PERNA, CRISTINA RENNER e GIOVANNA PERNA ARAUJO
MISTURE BÁ Por Mariana Bertolucci
Fotos Lenara Petenuzzo, Vini Dalla Rosa e Claudio Roberto de Moraes
TONICO ALVARES
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DENISE HERWIG, FABIANA FAGUNDES e KARLA KRIEGER
LISIANE e CRISTIANE CERENTINI
foto: Nilton Santolin
um artista na cozinha
Rua Riachuelo, 1482. Porto Alegre, Centro | Fone: 3225-1125 | www.atelierdemassas.com.br
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Abaixo, ROGERIO CORREA DA SILVA e MAUREN MOTTA
cartola_normal Abaixo, CATIA TEDESCO, da Agência Cigana
Acima, MARIA CECILIA SPERB e IVAN MATTOS Abaixo, EDUARDO BUENO e PHILIPPE REMONDEAU
Abaixo, PEDRO FONTOURA, CRIS SCHNEIDER e WALTER HORMMAN Acima, LUIZ ALBERTO MACHADO e PEDRO FELICE
Acima, DANIELA NEULS e RODRIGO PIRES Abaixo, KATIA APPEL À direita, LAISON HOHER e GERUSA FANTIN Acima, FERNANDO BUENO e LU 108 | AGRIFOGLIO
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cartola_normal À direita, GRAÇA BINS e LIZIANE AQUINO
Abaixo, MILTON TERRA MACHADO e JULIANA MILESKI Abaixo, ANGELA DI VERBENO
Acima, EDEN JOSE
Abaixo, ANNA MEDEIROS e NECA ESBROGLIO
À direita, DANIELA LOGEMANN JOHANNPETER com ZAIRA LOGEMANN
Abaixo, LUCIANE e MARCELO LOGEMANN com a filha, GIULIA, na Merci Casa de Festa Abaixo, EDUARDO SANTOS, CAROLINE LOGEMANN e XUXA PIRES
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cartola_normal
Acima, PAULO AFONSO e LISETTE FEIJÓ
Acima, ALINE FEIJÓ À direita, MARTINA RITTER
Acima, NAGILA e KAROL OURIQUE
Abaixo, LUCIANA FLECK DA ROSA
Acima, MARCELA DEL ARROYO e MANUELA VILLAR
Abaixo, RAFAEL JACOBI E PAULA MAIA
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FOTO: Nテ.IA RAUPP MEUCCI
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ANÚNCIO GRÁFICA
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