Livro Onde Mora o Futebol Teaser

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onde mora o

futebol where soccer lives Caio vilela 1


Coordenadora do projeto Project Coordinator Ana Carolina Xavier

Coordenadoras editoriais Editorial Coordinators Ana Carolina Xavier e Ana Busch

Autor Author

Aos primos mais boleiros que tenho: Luca e Samuel To the most soccer-minded cousins I have: Luca and Samuel

Caio Vilela

Editora de texto Text Editor Noelly Russo

Fotos Photography Caio Vilela

Capa Cover Silvia Massaro

Foto de capa: Garoto se prepara para pelada de sábado no campinho do bairro do Tomba, em Lençóis, na Bahia. Cover photo: A boy gets ready for a Saturday informal match at a soccerfield in Tomba neighborhood, Lençóis, Bahia State.

Projeto gráfico e editoração Graphic Project and editing Silvia Massaro

Tratamento de fotos Photo Editing Marcio Uva

Tradutor English Version José Truda Palazzo Jr.

Revisão Review Margô Negro

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Vilela, Caio Onde mora o futebol / Caio Vilela. — São Paulo : Cultura Sustentável, 2014. Bibliografia. ISBN 978-85-67638-01-0 1. Fotografia 2. Futebol - Brasil 3. Futebol História I. Título. 14-02891

CDD-796.33409 Índices para catálogo sistemático: 1. Futebol : História 796.33409

© 2014 Cultura Sustentável Editoração. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida em qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou armazenamento sem permissão por escrito da Cultura Sustentável Editoração.

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Traves vermelhas esperam os jogadores e contrastam com o céu azul na praia de Piabinha, no sul do litoral capixaba Red goalposts await the players and contrast with the blue sky at Piabinha beach, in the southern coast of Espírito Santo State.


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Garoto recupera bola fugida das linhas imaginรกrias do campo em partida com os amigos em Jericoacoara, Cearรก A boy recovers a ball escaping from the imaginary lines of the field, in a match with friends at Jericoacoara, Cearรก State. 5


Carta da editora

Letter from the Editor

Sinto-me orgulhosa de ser brasileira, pela beleza natural de nosso país, pela forte cultura popular, pela força do povo, pelas conquistas e avanços construídos coletivamente que colocaram o Brasil em destaque na Copa do Mundo de 2014.

I am proud I am Brazilian, for the natural beauty of our country, for its strong popular culture, for its people’s strength, for the achievements and progress built collectively and which placed Brazil as a nation highlighted globally by the 2014 World Cup.

O país do futebol sabe bem o que é estar com a bola no pé. Eu, como mãe de três garotos, sei bem o que é ter um menino que ainda tropeça nas fraldas, que nem sabe andar direito, mas já toca a bola para o gol e comemora com festa ao marcar o tento.

The country of soccer knows quite well what it is to have the ball at one’s feet. As a mother of three boys, I know the sensation of having a boy who still tramples upon his diapers, not skilled enough to walk yet, but already able to kick a ball towards a goal and celebrate joyfully when scoring it.

O futebol ganhou, muito longe do seu berço na Inglaterra, um país para chamar de seu. O mundo nos conhece muito mais pela camisa da Seleção canarinho, pelos ídolos Pelé, Ronaldo, Ronaldinho do que por nossos governantes. O que nem todo mundo sabe é que, para sermos referência nos gramados de todo o planeta, precisamos começar cedo em cada esquina, em cada terreno baldio, encharcado ou não; em cada metrópole ou pequena vila há duas traves, mesmo que improvisadas. O futebol está na alma da cultura brasileira. Neste livro, temos a honra de contar com as fotos do talentoso fotógrafo Caio Vilela, que viajou o mundo atrás de peladas históricas de meninos que ainda não são famosos, mas que sonham vestir a camisa da Seleção em uma próxima Copa do Mundo. Convido você, leitor, a ir mais longe e conhecer Onde mora o futebol.

Well away from its cradle in England, soccer earned a country to call its own. The world knows us better by our national team’s shirt and idols such as Pelé, Ronaldo and Ronaldinho than by our political leaders. What precious few are aware, however, is that to become a reference for all pitches around the planet we need to begin quite early. In every corner, every derelict lot, waterlogged or not, in every metropolis or small village there are two goal posts, improvised as these might be. Soccer is in the soul of Brazilian culture. In this book we have the privilege of bringing photos by talented photographer Caio Vilela, who travels the world searching for legendary informal matches of boys who aren’t famous yet, but who all dream of wearing the national team shirt in a future World Cup. I invite you, dear reader, to travel farther and learn Where Soccer is Lives.

Ana Carolina Xavier Ana Carolina Xavier

Calçamento de rua é palco frequente de jogos entre os garotos da comunidade de Matinha, no sertão maranhense. The street paving is a regular stage for matches among community kids at Matinha, in the hinterlands of Maranhão State. 6


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A comunidade da Guiné tem um dos campinhos mais cinematográficos da Chapada Diamantina, situado no sul do parque nacional, Bahia. The Guiné community has one of the most scenic soccer pitches of Chapada Diamantina, located south of the National Park, Bahia State. 8


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PREFÁCIO

P

ara mim o futebol mora em Rubineia, no interior de São Paulo. Sou nascido na cidade onde moram no máximo 3 mil habitantes. Amante do futebol jogava em todos os tipos e estilos de campo, gramado, salão, e até mesmo no famoso terrão. Naquele tempo não havia estrutura, por isso eu mesmo fui atrás do meu sonho. Com muita dedicação, jogava nas cidades vizinhas, participava de torneios e procurava me destacar, pois sabia que o futebol poderia mudar minha vida. O tempo passou e, com muito esforço e a bênção de Deus, consegui chegar ainda menino ao Guarani, de Campinas, clube no qual eu pude crescer e me desenvolver profissionalmente, pessoalmente e ser apresentado ao mundo e ao futebol. Tive

Rodeados por mandacarus, sob o sol de fim de tarde, os boleiros levantam a poeira do solo da caatinga em Cabaceiras, no planalto da Borborema, no interior da Paraíba.

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PREFACE

T

o me soccer lives in Rubineia, São Paulo State. I was born in this town where only some 3,000 people reside. A soccer fan, I played in all kinds and styles of fields, in grass, indoors and even the famed bare soil ones. At that time there was no proper structure so I had to go search for my dreams. With lots of dedication I played in neighboring towns, took part in tournaments and tried to stand out, as I knew soccer could change my life. Time went by and with lots of effort and the blessings of God I was able to reach the Guarani, in São Paulo, while still a kid, a team where I was allowed to grow and develop professionally and in the personal level, and was introduced to the world and soccer. I had the chance of playing for the

Surrounded by mandacaru cacti, under the late afternoon sun, the ball players kick dust from the caatinga semi-arid scrubland in Cabaceiras, Borborema highlands, in the hinterlands of Paraíba State.

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a oportunidade de jogar nos maiores clubes do Brasil, inclusive na Seleção Brasileira, na qual tive a honra de fazer parte do time pentacampeão. Pude conhecer o mundo através do futebol — culturas das mais diversas, climas dos mais rigorosos e viver um sonho. Na minha época não havia projetos sociais de grande expressão, não havia pessoas dedicadas a isso, porém, o futebol continuava a crescer. Hoje, graças a incentivos e aos projetos sociais estarem sendo desenvolvidos no Brasil, vejo a grande possibilidade de novos talentos estarem surgindo. Além disso, o futebol faz parte da rotina do brasileiro e principalmente das crianças. O futebol é gostoso, uma brincadeira sadia e pode ser uma estratégia para formarmos cidadãos. Participo de um projeto em que temos uma escolinha de futebol e, além disso, desenvolvemos a cultura das crianças com aulas de teatro e circo e os pais também são assistidos com cursos profissionalizantes. O resultado que posso ver e imaginar é que teremos futuros craques não só no futebol, mas na vida. Pessoas que saibam opinar e desenvolver temas na nossa sociedade. O futebol mora em cada brasileiro, em cada sonho de menino, em cada pequena cidade, cabe a nós fazermos desse sonho uma realidade. Neste livro o talentoso fotógrafo Caio Vilela captou imagens que falam mais que palavras, em cada foto vejo sonhos, vejo cidadãos de bem formando uma sociedade íntegra. Convido você, leitor, a se emocionar com o olhar fixo das nossas crianças em uma bola e ver realmente Onde mora o futebol.

biggest teams of Brazil, even at the National Team where I had the honor to be part of the group which won the fifth World Cup for Brazil. I got to know the world through soccer, meeting very diverse cultures, rigorous climates, and thus living my dream. During my time there weren’t any social projects to speak of, no people dedicated to build it; however football continued to grow. Nowadays, thanks to incentives and the development of social projects in Brazil, I see great possibilities for the rise of new talents. Besides, soccer is part of the routine of Brazilians, particularly of our kids. Soccer is enjoyable, a healthy game, and can be a strategy through which we build citizens. I take part in a project where we have a soccer school, and besides we foster the kids’ culture with theater, circus and involvement of parents who are also assisted with professionally-oriented courses. The result is one I can witness, and imagine that we will have future cracks not only for soccer but also for life. People who know how to express their opinion and develop issues in our society. Soccer lives in each Brazilian, in each kid’s dream, in each small town; it’s up to us to turn these dreams into reality. In this book, talented photographer Caio Vilela gathered images which talk more than words. In each photo I see dreams, good citizens forming an honorable society. I invite you, dear reader, to be moved by the fixed gaze of our children upon a soccer ball, and actually realize Where Soccer Lives.

Luizão

Ex-jogador da Seleção Brasileira, pentacampeão e apaixonado por futebol

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Luizão Former player for the Brazilian National Team, five times champion and passionate about soccer.


Atacantes e zagueiros tentam chutar a bola atolada na lama que ocupa a pequena รกrea do campo de Engenho Tapera, em Alagoas. Attackers and defenders try to kick the ball stuck in the mud which fills the small area of the field at Engenho Tapera, Alagoas State.

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Enquanto a turma não chega, gaúcho nato faz truques e embaixadas sozinho na fazenda Corucacas, em Cambará do Sul, Rio Grande do Sul. Awaiting for his team, a dressed-up gaúcho does moves and tricks on his own at Corucacas Farm in Cambará do Sul, Rio Grande do Sul State. 15


onde mora o futebol

À

s margens, na beira, na várzea. Do lado de fora. A tradição brasileira do futebol nasceu longe de estádios, foi criada por pés descalços que caminhavam pelas ruas ainda em construção do país que mal tinha entrado no mapa-múndi. Ele é disputado no entorno das enormes arquibancadas, da mídia e do grande espetáculo que movimenta bilhões de dólares em contratos de compra e venda de grandes craques e de publicidade. Livre, criativo e emocionante, ele está nas ruas, nos vilarejos, nas matas e na areia das praias, perto do mar e dos rios, iluminado pelo sol ou pelo lusco-fusco das tonalidades multicoloridas de entardeceres que realçam a criatividade nascida do improviso do toque de bola, que tem como compromisso maior a própria superação e o desejo de fazer bonito. O craque brasileiro não nasce nos campos oficiais, ele é confeccionado nas ruas, onde a tradição do jogo

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where soccer lives

B

y the fringes, on the margins, in the lowlands. Outside. Brazilian soccer tradition was born well away from stadiums; it was engendered by bare feet which walked the streets still under construction of the country which had barely entered the world map. It is played beyond and away from stadiums, the media and the great show which mobilizes billions of dollars in buying and selling big stars and in publicity. Free, creative and exciting, it is on the streets, the villages, the woodlands and the sands of beaches, near the sea and the rivers, lit up by the sun or the twilight of the multicolored tones of sunsets which highlight the creativity born out of improvisation in touching the ball in a way which has as its main objective overcoming oneself and a wish to make it beautifully.

Famoso “futilama” acontece diariamente toda vez que a maré baixa no encontro do rio Amazonas com o Atlântico, em frente à orla de Macapá, no Amapá. The famous “mudsoccer” happens daily every time the tide recedes at the meeting of the Amazon River with the Atlantic Ocean, in front of the Macapá coastline, Amapá State.



leve, bonito e gingado é cadenciado em passos e movimentos de corpo que misturam ritmos e musicalidade que pontuam as jogadas impossíveis de se ver hoje em grandes campeonatos. O futebol brasileiro jogado nas ruas ainda é bonito de se ver. É o guardião informal e comprometido de uma tradição que ajudou a forjar a identidade do país e que, ainda hoje, se reveste de porta de acesso de populações periféricas a oportunidades que outras atividades são ineficientes em oferecer. Os primeiros relatos de partidas disputadas no país são imprecisos. Há registros de que os nativos brasileiros já o praticavam, com uma bola revestida à base de caucho, uma árvore amazônica, de onde tiravam o látex para impermeabilizar a pelota. Em vez dos pés, os nativos da região amazônica, inclusive fora da fronteira brasileira, jogavam com as costas e com toques de cabeça. Os pés são proibidos nesse esporte. O jogo era conhecido como zikunariti (Xikunahity), e ainda hoje é disputado por tribos da região mato-grossense. É parte dos Jogos Indígenas, uma coletânea de esportes tradicionais praticados por diferentes nações e etnias brasileiras. Pode-se argumentar que esse ainda não era o futebol tal qual é conhecido hoje. De fato não é. Mas antes desse futebol moderno muitas outras manifestações semelhantes ou precursoras apareceram em outros pontos, como no Japão, por exemplo, em que a bola era feita com uma trama de bambus. Os registros sobre a chegada do futebol moderno ao país são pouco confiáveis, mas remontam ao século 17. Sabe-se que as primeiras jogadas foram disputadas em rachões entre a tripulação de navios de diferentes nacionalidades e os colonos brasileiros que moravam especialmente nos povoados próximos ao litoral.

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The Brazilian crack is not born at stadiums; he is built up on the streets, where the tradition of the light, pretty and swinging game is cadged through steps and body movements which mix rhythms and musicality, punctuating moves which nowadays are impossible to witness in the big championships. The Brazilian soccer which is played on the streets is still beautiful to watch. It is the informal and focused guardian of a tradition which helped to forge the nation’s identity and which still today represents an entry gate for populations in the periphery to opportunities which other activities do not easily allow. The first records of matches played in Brazil are imprecise. There are reports that the Brazilian natives already practiced it, with a ball covered in caucho, the latex from an Amazonian tree used to make the ball waterproof. Instead of using their feet, the Amazonian natives both inside and outside the Brazilian borders played with their backs and kicks from their heads. Feet were banned from use in their sport. The game was known as zikunarity (Xikunahity) and still today is played by tribes from the Mato Grosso region. It is part of the Indian Games, a gathering of traditional sports practiced by different nations and ethnicities from Brazil. One can argue that this wasn’t modern soccer as we know it today. Indeed it is not. But before modern soccer, many other similar or precursor incarnations to soccer appeared in other parts of the globe, such as in Japan, for instance, in which the ball was make of weaved bamboo. Records about the arrival of modern soccer in Brazil are not entirely trustworthy, but date back to the 17 th century. It is known that the first matches were played in rough games between ship crews of different nationalities and Brazilian settlers living in villages close to the coast.


Chamada de “árvore da vida”, a carnaúba é aproveitada de diversas formas, inclusive como traves nos campinhos da região de Araruna, no interior paraibano. Called “the tree of life”, the carnaúba palm is used in many ways, including as goalpoasts in the field of the Araruna region, in Paraíba State.

Marinheiros franceses, ingleses e holandeses foram flagrados chutando bola em campos próximos aos portos onde seus navios estavam atracados. Era um jogo pouco objetivo, sem regras claras e sem times organizados. Eram bate-bolas improvisados e sem muito brilho: os chutões e as demonstrações de força física imperavam.

French, English and Dutch sailors were seen kicking a ball in fields near the harbors where their ships were docked. These were matches without objectivity, clear rules or organized teams, impromptu events without much brilliance; hard kicks and brute force demonstrations prevailed.

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Garoto exibe truques em frente a mural pintado durante a Copa de 2010, na periferia de Manaus, no Amazonas. A boy shows his tricks in front of a painted mural of the 2010 World Cup, in the outskirts of Manaus, Amazonas State.

Em uma tarde de inverno, o jogo entre vizinhos ocupa beco no coração da Vila Madalena, em São Paulo, São Paulo. On a winter afternoon, a match among neighbors occupies an alley at the heart of Vila Madalena, in São Paulo, São Paulo State.

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Jogo levanta poeira sobre as areias da praia em frente ao cais de Itaipava, no Espírito Santo, durante brincadeira de dribles, sem regras ou marcações. A match kicks up dust over the breach sands fronting the Itaipava pier, in Espírito Santo State, during a game of dribbles, without rules or markings. 21


Goleiro ofuscado pelo sol tenta descobrir o paradeiro da bola enquanto jogadores na linha levantam poeira no campinho de Vista Alegre, periferia de Salvador, Bahia. A goalkeeper blinded by the sun tries to figure out the ball’s whereabouts while players in line kick dust at the Vista Alegre field, in the outskirts of Salvador, Bahia State.

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Esses primeiros jogos surgiram quase simultaneamente em diferentes pontos do país e de nações vizinhas do Brasil, como a Argentina, por exemplo. Mas é possível aceitar a segunda metade do século 19 como momento histórico em que o jogo começou a ser disputado no país com mais frequência. Peladas puras, elas ainda não tinham exatamente as regras claras do futebol como conhecemos hoje, mas já traziam nelas o DNA do que seria a marca do futebol brasileiro: a diversidade, a inclusão e um toque maroto e gingado, que viriam a encantar o mundo nos anos que se seguiriam. O futebol não era de ninguém e era de todos. Esse é o traço que acompanha até hoje o futebol verdadeiramente brasileiro: o despojamento, o improviso e a espontaneidade que são a matéria-prima dos campos não oficiais e das partidas que aceitam todos, craques e apenas simpatizantes. Em abril de 2014, a primeira partida oficial de futebol disputada no Brasil completou 119 anos. Foi em 1895 que Charles Miller, filho de um engenheiro escocês organizou um jogo entre dois English teams: a São Paulo Gaz Company e a São Paulo Railway. Nesse jogo, o palco já era tipicamente brasileiro, a Várzea do Carmo, no centro da cidade de São Paulo, onde hoje estão a rua do Gasômetro e parte do bairro do Glicério. Foi disputado fora de um estádio, mas já em um campo de dimensões oficiais e com jogadores uniformizados, que atuavam de acordo com as regras preconizadas pela escola inglesa. As regras já eram muito parecidas com as de hoje. Já os jogadores... Esses não poderiam estar mais distantes da combinação que criou o peladeiro nacional. Apenas os ingleses puderam participar dessa disputa, enquanto os verdadeiros craques, ainda por serem

These first matches emerged in different parts of the country and neighboring nations such as Argentina for instance, almost simultaneously. It is however possible to accept the second half of the 19 th century as the historic moment when the game started to be played in Brazil more frequently. Pure peladas (informal matches), these did not have exactly the same clear rules of soccer as known today, but already brought in them the DNA of what would become the trademark of Brazilian soccer: diversity, inclusion and a rascally, swinging kick which would mesmerize the world in years to come. Soccer was nobody’s and everybody’s game. This is the line which defines truly Brazilian soccer up to this day: dispossessed, improvised and spontaneous, the raw material of unofficial fields and matches which embrace all, be it cracks or just sympathizers. In April of this year the first official soccer match in Brazil turns 119 years. It was in 1895 that Charles Miller, son of a Scottish engineer, organized a match between two “English teams”: São Paulo Gaz Company and São Paulo Railway. In that match, the stage was already typically Brazilian, Várzea do Carmo, in downtown São Paulo where nowadays lie Gasômetro Street and a chunk of the Glicério neighborhood. It was played outside a stadium, but already in an official-sized field and with uniformed players, which abode by the rules set forth by the English school. These were already very similar to those by which matches are played nowadays. Now, the players… they couldn’t be more distant from the mix which created the Brazilian informal player. Only Englishmen could take part in the dispute, while the true cracks, still to be discovered, were left out, devoid of rights to show the inherent ability they brought on their mixed-race feet

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descobertos, ficaram do lado de fora, sem direito a mostrar a inerente habilidade que traziam nos pés mestiços de europeus, negros e índios, que formam a identidade étnica do país. Rio e São Paulo, já na época as duas principais capitais brasileiras, importaram além dos primeiros conjuntos de uniformes, regras e medidas oficiais de campos, o modelo europeu, em que as partidas eram disputadas em clubes fechados, que vetavam a participação de negros, imigrantes pobres e mestiços. Fechado nos estádios e restrito a pés de raça pura, o futebol tinha tudo para se tornar uma prática menor e pouco conhecida no vasto e então muito menos conectado e integrado território nacional. Mas a bola soube encontrar o caminho para fora dos clubes elitizados das duas metrópoles para se aninhar nos pés de negros e mestiços banidos das agremiações. As regras eram simples, e o objetivo era claro, fazer gols. Mas a este, os brasileiros acrescentaram um adjetivo que é, ainda hoje, marca registrada do peladeiro local: bonito. Quando a bola ganhou as ruas, se uniu de maneira simbiótica aos jogadores excluídos que a tratavam com mais habilidade. Talvez porque tinham tido de dar duro para poder jogar e, por isso, desejassem fazer o melhor, mostrando a injustiça implícita da exclusão, os mestiços brasileiros transformaram o jogo pesado e notadamente de equipe dos europeus em uma demonstração de habilidade individual. Tornaram o futebol uma manifestação viva de habilidade e superação e transpuseram preconceitos, obstáculos e dificuldades. Foram eles quem chutaram a bola para os bairros mais distantes e periféricos, onde a bola ganhou o mundo e pontuou a integração nacional de gol em gol.

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of Europeans, Africans and Indians, which form the ethnic identity of the country. Rio and São Paulo, by that time already the two main capitals in Brazil, imported besides the first uniform sets the official rules and measurements for fields: the European model, in which matches were played in closed clubs, banning participation by blacks, poor immigrants and mixed-race citizens. Enclosed in stadiums and restricted to purely white feet, soccer had everything to become a minor pastime, to be little known throughout the vast and then much less connected and integrated national territory. That much notwithstanding the ball learned to find its way beyond the elite clubs of the two metropolises to cuddle among the feet of blacks and mixed-bloods banned from the teams. Rules were simple and the objective was clear: scoring goals. But to this aim Brazilians appended an adjective which is still today the trademark of the local player: beautiful. When the ball got to the streets, it blended in symbiotic fashion with the excluded players which treated it with more ability. Maybe because they had to work hard to be allowed to play, and for this reason wanted to do it even better, showcasing the injustice of exclusion, the Brazilian mixed bloods turned the hard and notably teamwork game of the Europeans into a demonstration of individual abilities. They turned soccer into a living expression of ability and of overcoming prejudices, obstacles and difficulties.

Bola sobre as listras coloridas de uma quadra, como se fosse a bandeira dos boleiros: uma nação com nativos no mundo todo, de todas as crenças, idades, etnias e classes sociais. A ball over the colorful stripes of a field, as if it were the flag of all players: a nation with natives all over the world, from all creeds, ages, ethnicities and social classes.


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Time da aldeia guarani Tekoá Pyaú posa para foto oficial no campinho da comunidade situada entre a rodovia dos Bandeirantes e o pico do Jaraguá, em São Paulo, São Paulo. The team from the Tekoá Pyaú village poses for the official photo in the community field, located between the Bandeirantes Highway and the Jaraguá Peak, São Paulo, São Paulo State.

Foi quicando que ela convidou todos a participar. Fora dos clubes, todos eram bem-vindos, e a todos era dada a oportunidade de mostrar o que de melhor podiam fazer. O futebol se tornava um fator de inclusão social no país e conectava brasileiros nos pontos mais distantes do país em um ritual de dribles e jogadas nascidas da inspiração e habilidades individuais. O jogo se

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They were the ones to kick the ball towards the more distant and peripheral neighborhoods, where it gained the world and punctuated national integration one goal at a time. Bouncing, it invited everyone to play. Outside the clubs everybody was welcome and everyone was given the opportunity to show their best. Soccer had become a factor in social inclusion throughout the country and


Grupo de amigas acostumadas a jogar juntas espera para enfrentar time de meninos na praia da Ponta d’Areia, em São Luís, no Maranhão. A group of friends used to playing together awaits the match against a boys’ team at Ponta d’Areia Beach, São Luís, Maranhão State.

tornava uma maneira de demonstrar a diferença e o valor individual. O jogo era um passaporte para a cidadania. No início do século 20 era comum ver, nos terrões de fábrica, as equipes comandadas por ingleses começarem a aceitar os brasileiros, negros e mestiços em seus times. Nesses jogos, começava a ficar claro que a liberdade do jogo da rua, democrático e inclusivo, produzia

connected Brazilians in the farthest corners of the nation, in a ritual of dribbles and moves born out of inspiration and individual skills. The game became a way to stand out and show individual worth. The game was a passport to citizenship. By the beginning of the 20 th century it was commonplace to see teams led by Englishmen starting

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uma intimidade entre jogadores e bola que não existia nos campeonatos oficiais. A liberdade e a jogada caprichada, o toque extra de bola e a tentativa de fazer o impossível em campo eram a resposta a anos de exclusão, uma nova declaração de liberdade e certamente uma manifestação de luta por reconhecimento que incluiu a todos os que estavam de fora dos estádios. E foi o jogo de rua que abriu as portas dos clubes e dos campeonatos para todos. O primeiro craque brasileiro foi um mestiço. Arthur Friedenreich, mulato de olhos verdes, filho de um alemão e uma negra brasileira, fez a ponte perfeita entre os dois os mundos do futebol brasileiro no começo do século 19. Habilidoso, aprendeu o jogo das ruas e o levou para dentro dos estádios, graças à ascendência europeia. Foi ele um dos primeiros a criar o elo que faltava para que o futebol se consolidasse no país. Ainda hoje esse modelo está em vigor. Enquanto são poucos os craques que chegam aos times de primeira divisão, o jogo aberto e espontâneo das ruas garante a continuidade de uma clara possibilidade de ascensão social a todas as camadas da população. Longe dos contratos milionários, as peladas em todo o Brasil acomodam a todos em um ritual diário de cidadania, companheirismo e tradição colaborativa, em que os times são formados no calor do momento e do mantra do fazer mais com menos. Sem campos oficiais, meninos e meninas pisam vielas e areiões da praia em busca de momentos em que se tornem especiais, em que façam a diferença e tenham a oportunidade de mostrar do que são capazes. Com traves feitas de latas ou chinelos e mesmo de pura imaginação, todos os dias é possível encontrar jogos que surgem devagar, sem aviso prévio, criando

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to incorporate Brazilians, blacks and mixed race people around the factories. In those matches it started to become clear that the freedom of the street play, democratic and inclusive, yielded an intimacy between players and ball which was absent in the official tournaments. Freedom and the elaborated play, the extra touch upon the ball and the attempt to do the impossible in the field were answers to years of exclusion, a new declaration of liberty and most certainly a manifesto in the fight for acknowledgment which included all those who were kept away from the stadiums. And so it was the street play which opened the doors of clubs and tournaments to everyone. The first Brazilian crack was a mixed race one, Arthur Friedenreich, a greeneyed mulatto, son of a German and a Brazilian black lady, embodying the perfect bridge between the two worlds of Brazilian soccer at the beginning of the 19 th century. Skillful, he learned the street play and took it into the stadiums thanks to his European ascent. He was one of the first to create the missing links to consolidate soccer in Brazil. This model is still in force as of today. While only a few cracks reach up to the first division teams, the open and spontaneous play of the streets ensures that the game continues to be a clear opportunity for social ascent open to all strata of the population. Away from the millionaire contracts, informal matches all over Brazil accommodate everybody in a daily ritual of citizenship, fellowship and cooperative tradition, where teams are formed in the heat of the moment and with the mantra of doing more with less. Without official fields, boys and girls step into alleyways and sand patches along the beach seeking for moments in which they become special, making a difference and having the opportunity to showcase what they are capable of.


Banco de reservas oferece sombrinha durante partida sob sol escaldante em campinho de areia prรณximo a Cruz, norte do Cearรก. Reserve players bench offers some shadow during a match under the scorching sun in a sand field near Cruz, northern Cearรก State.

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Escanteio faz o ataque tentar um gol de cabeça em campo rodeado pela vegetação amazônica na ilha de Silves, Amazonas. A corner kick makes the attackers try to score a head goal in a field surrounded by Amazonian vegetation at Silves Island, Amazonas State.

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Plateia observa passe preciso e aguarda sua hora de entrar em jogo na zona rural de São João Batista, no Maranhão. Bystanders watch a precise pass and wait for their time to get into the match, in the rural zone of São João Batista, Maranhão State. 31


novas amizades e oportunidades para superar o que de ruim aconteceu no dia. A pelada é quase uma terra de sonhos, um recorte de espaço-tempo em que tudo é possível, e todos podem brilhar. A vitória é importante, mas a marca individual, a sensação de ter criado a jogada impossível é ainda uma característica mais contundente. É desse eterno ensaio e erro de bicicletas, dribles e jogadas de cinema que são forjadas as ambições de transcender a realidade, muitas vezes inóspita, de milhões de brasileiros. A habilidade com a bola é uma possibilidade muito concreta e real de melhorar de vida, espalhada nos campos do país. Os exemplos são muitos. Cafu, garoto da periferia da Vila Irene, em Osasco, dificilmente teria chegado a viajar o mundo e se tornar um campeão mundial, conhecido em todo o globo, se não fosse por sua habilidade com a bola, desenvolvida primeiro nas ruas e, depois, nos clubes. David Luiz, uma das promessas para a Copa de 2014, também é um exemplo de craque criado nas peladas e no jogo das ruas. Roberto Rivellino, um dos maiores de todos os tempos, tricampeão da lendária Seleção de 70, diz que é na rua que se aprende, que é nas peladas que o talento nato aparece e é moldado, com toques de gênio e pitadas de malandragem, tão típicas do jogo brasileiro. Mas talvez ninguém seja um símbolo tão grande da habilidade do peladeiro nacional quanto Zico. Fã do futebol de rua, ele reconhece e admira a liberdade de criar e sonhar proporcionada nesses jogos, em que todos podem se tornar craques e reis em uma partida. Sua trajetória na periferia do Rio de Janeiro, de menino jogador, franzino, mas muito habilidoso, que encontrou o caminho rumo ao maior time brasileiro, o Flamengo, e à Seleção Brasileira e à Europa, é quase uma fábula que

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With goal posts made of cans or sandals and even pure imagination, every day one can find matches emerging slowly, without notice, creating new friendships and opportunities to overcome whichever bad things happened during the day. The pelada match is almost a dreamland, a warp in the space-time inside which everything is possible and everyone can shine. Winning is important, but the individual score, the sensation of having created the impossible play, is an even more crucial trait. It’s from this eternal trial and error of ‘bicycling’ , dribbles and film-class moves which the ambitions to transcend an often inhospitable reality are forged by millions of Brazilians. The ability with the ball is a rather real and concrete possibility scattered along the nation’s field to improve one’s life. Examples are plentiful. Cafu, a kid from the periphery of Vila Irene in Osasco, São Paulo State, would be unlikely to have travelled the globe and become an internationally recognized world champion if not for his ability with the ball, crafted firstly in the streets and then at clubs. David Luiz, one of the promises for the 2014 World Cup, is also an example of a crack nurtured in peladas and street playing. Roberto Rivellino, one of the biggest cracks of all times, thrice champion of the legendary National Team of 1970, says that it’s in the street that one learns, it’s at the peladas that one’s born talent shows off and is molded, with touches of genius and bits of swindle so typical of the Brazilian game. Perhaps however no one represents better the ability of the Brazilian street player than Zico. A fan of street soccer, he recognizes and admires the freedom to create and dream allowed for by these matches, where everyone can become a crack and a king in a match. His trajectory in the periphery of Rio de Janeiro, from a thin kid – albeit


Centroavante prepara chute a gol sobre as areias da praia de Piúma, no litoral sul do Espírito Santo. A center-forward prepares a goal kick over the sands of Piúma Beach, in the southern coast of Espírito Santo State.

só se tornou realidade graças à democracia inerente do futebol praticado com liberdade e alegria. No ano em que o Brasil recebe sua segunda Copa do Mundo e defende seu título de único pentacampeão mundial de futebol e único país a ter participado de todas as copas já realizadas, refazer a trajetória que a bola percorreu nas ruas e campos nacionais é uma maneira de se reencontrar com a essência do craque nacional.

resourceful – player to having found the path towards the greatest Brazilian team, Flamengo, and to the national team and on to Europe, is almost a fable which only became reality thanks to the inherent democracy of soccer played with freedom and joy. In the same year that Brazil hosts its second World Cup and defends its title of sole winner of the Cup five times, being also the only country to have taken part in all World

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Ela continua aí, nas esquinas, nas praças, nas praias e em espaços improvisados que recebem todos os que se encantam com o jogo e o praticam pelo prazer de fazê-lo bonito, criativo, inclusivo e muito divertido. Mais que um esporte hoje, o futebol desempenha no Brasil um papel de inclusão social para as populações menos favorecidas. É por meio de jogos informais que se formam comunidades e mesmo projetos sociais, muitos dos quais patrocinados por ex-jogadores, como Cafu e Raí, entre outros, desenvolvidos para fornecer ensino e condições para o despertar da cidadania entre crianças carentes. Os jogos espontâneos e as peladas funcionam como um agente agregador nas comunidades, ainda que sejam as mais distantes. O universo que se constrói em torno deles permite que se formem vínculos entre os membros das comunidades e que cada um exerça o direito a se tornar cidadão. A formação dos times, quase sempre aleatória e instantânea, ajuda a construir e a ampliar uma rede de solidariedade e companheirismo em torno do jogo. A troca de experiências, o desejo de superação e o espírito de equipe que se forma em seu entorno tornam o futebol de rua um instrumento ainda imprescindível ainda na construção da identidade nacional. O futebol é uma possibilidade concreta de mudar de vida, oferece, ainda que a poucos, a chance de viver um conto de fadas moderno: o de se tornar um rei e conquistar o mundo. Democrático, concede a todos ao menos a chance de ser aceito, de integrar um time e de exercitar o direito de ser um cidadão.

Cups already played, to retrace the tracks that the ball ran through the streets and fields of Brazil is a way to once again meet the essence of the national crack. It is still there, around the corners, at squares, beaches and on improvised spaces which embrace everyone who is mesmerized by the game and practice it for the joy of making it beautiful, creative, inclusive and real fun. More than a sport, nowadays soccer performs in Brazil a role of social inclusion for the less-favored population. It is through informal matches that communities and even social projects are built up, many of which sponsored by former players such as Cafu and Raí among others, and which are developed to provide learning and structure to foster citizenship among kids in need. Spontaneous matches and peladas work as an aggregating factor for the communities, even if these are among the most distant ones. The universe built around it allows for the creation of bonds among community members and for each one to exert his/her right to become a citizen. The formation of teams, almost always random and spontaneous, helps to build and widen a network of solidarity and companionship around the game. The exchange of experiences, the will to overcome and the team spirit which emerges around it make street soccer an indispensable tool for building a national identity. Soccer is besides the concrete possibility of changing one’s life, offering, even if for but a few, the opportunity of living a modern fairytale of becoming a king and conquering the world. Democratic, it concedes to everybody the chance of pertaining, of integrating a team and exercising the right to be a citizen.

Goleiro de 6 anos de idade toma gol de irmã mais velha em comunidade rural da serra Vermelha, nos arredores de São Raimundo Nonato, no sul do Piauí. A six-year-old goalkeeper gets scored by his older sister in a rural community of serra Vermelha, near São Raimundo Nonato, southern Piauí State. 34


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q FOTO DA PÁGINA ANTERIOR Peladeiros de domingo da praia da Ponta d’Areia, em São Luís, estendem o jogo debaixo do sol do meio-dia, sem se importar com o calor intenso do litoral maranhense. q Previous page Informal Sunday players from Ponta d´Areia Beach, in São Luís, extend the match under the midday sun, undeterred by the intense heat of the Maranhão State coast.

Lotadas durante a semana, as ruas da zona comercial da Santa Ifigênia, no centro de São Paulo, são desertas aos domingos e tomadas por boleiros do bairro da Luz, São Paulo. Crowded during weekdays, streets of the commercial area of Santa Ifigênia, in downtown São Paulo, are deserted during Sundays and taken over by players from Luz neighborhood, São Paulo State. 38


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Quadra municipal de esportes, molhada, embala passes lentos no bairro de Santa Rita, em Aparecida, no interior de S達o Paulo. A wet municipal sports court invites slow passes in the of Santa Rita neighborhood, in Aparecida, hinterlands of S達o Paulo State.

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Time de garotos espera a vez de entrar em ação no campinho do alto da favela Palestina, periferia de Salvador, Bahia. A boys’ team awaits its turn to enter the field at the top of Favela Palestina, in Salvador’s surroundings, Bahia State.

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Praia Ă margem do rio Xapuri frequentemente se transforma em campo de futebol na cidade natal de Chico Mendes, no interior do Acre. A beach by the Xapuri River frequently becomes a soccer field near the birthplace of Chico Mendes, in the hinterlands of Acre State. 42


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Usando um ícone futebolístico, placa de trânsito pede ao motorista que reduza a velocidade na rua do bairro residencial Vila Beatriz, em São Paulo, São Paulo. Using a soccer icon, the urban sign asks the driver to slow down in the residential neighborhood of Vila Beatriz, in São Paulo, São Paulo State. Rodeado pelos contrafortes da Serra do Mar, o campinho reúne meninos embaixo de viaduto da rodovia dos Imigrantes, em Cubatão, São Paulo. Surrounded by the ramparts of the Coastal Range, the field gathers boys under the Imigrantes Highway bypass, at Cubatão, São Paulo State.

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Trave amarelo-ouro convida para a partida no fim de tarde na praia do Pontal, com vista para a Igreja Nossa Senhora das Dores, em Paraty, no Rio de Janeiro. Golden-yellow goal posts invite for the match in late afternoon at Pontal Beach, with a view to the Nossa Senhora das Dores church in Paraty, Rio de Janeiro State.

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Gramado sintético do campo do Palmeirinha recebe campeonato amador, na fronteira que separa Paraisópolis do bairro do Morumbi, em São Paulo, São Paulo. The synthetic grass of Palmeirinha Field hosts an amateur tournament, in the border of Paraisópolis and Morumbi neighborhoods, in São Paulo, São Paulo State.

q FOTO DA PÁGINA ANTERIOR Entre cabeceios e mergulhos, jovens se divertem na praia de Ipanema enquanto o sol se põe, atrás do morro Dois Irmãos, na Zona Sul do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. q Previous page Between head kicks and dives, youngsters have fun at Ipanema Beach while the sun sets behind the Dois Irmãos Hill, in the southern area of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro State. 48


Com sacos de lixo no lugar da trave, o jogo corre solto nos becos da comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, São Paulo. With trash bags as goal posts, the match runs free in the community alleys of Paraisópolis, São Paulo, São Paulo State.

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