ÍNDICE DEDICATÓRIA.......................................................05 AGRADECIMENTOS.............................................07 PREFÁCIO...............................................................09 INTRODUÇÃO......................................................11 CAPÍTULO 1 ONDE TUDO COMEÇA.........................................15 CAPÍTULO 2 FAMÍLIA – ABRIGO NA TEMPESTADE.................41 CAPÍTULO 3 FAMÍLIA BEM ESTRUTURADA.............................49
CAPÍTULO 4 FAMÍLIA PROTEGIDA...........................................63 CAPÍTULO 5 KIT DE SOBREVIVÊNCIA......................................77 CAPÍTULO 6 “FICAR DE BICO” – ESSA NÃO!...........................85 CAPÍTULO 7 PRINCÍPIOS PARA A FAMÍLIA................................95 CAPÍTULO 8 CONCEITOS TRANSFERÍVEIS..........................103 CAPÍTULO 9 FAMÍLIA QUE PREVALECE..................................119 CAPÍTULO 10 VALEU A PENA!....................................................133
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FAMÍLIA PROTEGIDA
O livro de Neemias tem sido fonte de inspiração para famosos escritores, tanto seculares como religiosos, que descobriram em seu ensino grandes verdades que são aplicadas com propriedade em nossos dias. Os grandes conferencistas cobram muito caro para dar um seminário para executivos, que lotam os auditórios porque querem aprender os princípios de liderança que se encontram nos capítulos desse livro. Qual era o grande desafio de Neemias? Reconstruir os muros de Jerusalém que estavam destruídos. Isso aconteceu nos meados do século V antes de Cristo. Ele não era um engenheiro e não tinha conhecimento de arquitetura, pois era apenas o copeiro do rei. Contudo, seu coração ficou ferido quando recebeu a notícia de que Jerusalém estava com os muros destruídos e era uma cidade desprotegida.
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“Disseram-me: os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas, queimadas” (Neemias 1:3). Ele tinha consciência de que todo o sofrimento que seu povo estava passando era resultado do seu afastamento de Deus e de seus ensinamentos. “Temos procedido de todo corruptamente contra ti, não temos guardado os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos que ordenaste a Moisés, teu servo (Neemias 1:7). Tendo conseguido graça diante do rei, Neemias partiu para Jerusalém com autoridade e recursos para realizar uma missão praticamente impossível, a de reconstruir os muros e, com isso, proteger a cidade. Só quem é cego, ou alguém muito indiferente, não percebe que muitas famílias em nossos dias estão exatamente como a cidade de Jerusalém: muros derrubados, portas queimadas e totalmente desprotegidas e abertas para todo tipo de invasão. Parece que todas as armas
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do inferno estão voltadas contra os lares, procurando destruir os princípios de moral, caráter e boa conduta. Uma verdadeira batalha está sendo travada no coração das famílias, uma batalha que não tem fim. Não se pode deixar de admitir que todo esse sofrimento familiar tem acontecido porque as pessoas não estão seguindo os princípios dados por Deus. Muitos os negligenciam e às vezes zombam deles, mas quando a orientação de Deus é seguida dá resultado, e por isso há esperança e acontece um milagre. Há uma verdadeira transformação, tanto na vida pessoal como na vida familiar. Estávamos encerrando um seminário para família num Hotel Fazenda, com a participação de 50 casais. Sabíamos que muitas coisas tinham acontecido na vida dos casais, desse modo demos a oportunidade para alguns darem uma palavra de testemunho. Eles iriam apenas dizer em que área de sua vida foram abençoados. Entretanto, o que não sabíamos é que haveria ali um grand finale que iria impactar todos os presentes. Wladimir e Maria Rita foram à frente dizendo que haviam aprendido muito sobre o perdão. Entre lágrimas e soluços, começaram a relatar que tinham um problema de relacionamento com a nora e o filho, que
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também participavam daquele seminário. Estavam sem nenhum tipo de comunicação há muito tempo. “A coisa que mais dói em nosso coração é que, por causa desse desentendimento, até hoje não pudemos pegar no colo a nossa netinha, que já tem seis meses de idade. Isso é muito duro para nós!” Com o rosto banhado em lágrimas, eles olharam para o filho e a nora, que segurava a netinha no colo, e com a voz embargada disseram: “Por favor, nos perdoem. Por favor, nos perdoem!” O jovem casal veio à frente soluçando e todos nós presenciamos um milagre, o milagre da reconciliação e do perdão. Nem preciso dizer que naquela hora todos estavam chorando. Depois do choro, dos beijos e abraços, a coisa mais linda foi ver os avós, com muito amor, acariciando pela primeira vez a netinha tão querida. A dureza de coração afasta as pessoas, mas o perdão une e cura as feridas. Fechar as brechas foi o desafio que Neemias fez para as famílias saírem daquela situação de derrota. Brechas que precisam ser fechadas na família:
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1- FROUXIDÃO O dicionário dá um perfil triste de muitos pais que estão apáticos e desinteressados da vida familiar, especialmente do seu controle sobre os filhos. Frouxidão: aquilo que é frouxo, moleza, falta de energia, tibieza etc. Se a família precisa ser protegida por uma muralha sem brechas é porque essa muralha representa segurança e proteção para ela. Porém, com uma liderança frouxa e tíbia nada acontecerá. De tolerância em tolerância os pais estão perdendo o controle sobre os filhos e muitos já perderam completamente a autoridade sobre eles, e, em consequência disso, os problemas familiares vão se avolumando. Os lares, que deveriam ser fonte de inspiração e segurança, se tornaram verdadeiros campos de batalha, onde todos estão se agredindo e sendo feridos. Não há hora para sair e não há hora para chegar, e pouco a pouco o lar torna-se uma verdadeira pensão, onde não há disciplina e infelizmente vale-tudo. Os filhos saem com quem querem e vão aonde querem sem dar a mínima satisfação aos pais. O resultado é que os filhos tornam-se indisciplinados e desobedientes, e isso acontece em todas as ca-
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madas sociais, dos mais ricos aos mais pobres, daqueles que vivem em condomínios de luxo até os que vivem em casas mais simples. Uma estatística recente mostra que há em nosso país uma faixa etária que está desaparecendo. São adolescentes e jovens com idade entre 15 e 25 anos, que estão morrendo prematuramente em acidentes de trânsito, excesso de álcool, drogas, doenças sexualmente transmissíveis, assaltos, arrastões, e rachas pela madrugada adentro. Mas a Palavra de Deus declara que, se o filho for obediente e honrar pai e mãe, ele será bem sucedido na vida e, sobretudo, viverá muito tempo aqui na Terra. “Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe, pois isso é certo. Como dizem as Escrituras: ‘Respeite o seu pai e a sua mãe’. E esse é o primeiro mandamento que tem uma promessa, a qual é: ‘Faça isso a fim de que tudo corra bem com você, e você viva muito tempo na terra” (Efésios 6:1-3) NVLH. Por isso é que existe essa lacuna, o desaparecimento dessa faixa etária. Tal lacuna sempre continuará existindo, para tristeza dos pais e das famílias. Isso tudo é resultado da falta de respeito, da desobediência e especialmente
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da frouxidão com que os pais cederam os seus direitos aos filhos. Por outro lado, temos as promessas feitas por Deus de vida longa e prosperidade aos filhos que honram e obedecem aos pais. Isso é um alento e um quadro de esperança para os pais e para as famílias. Estávamos ministrando, em uma grande igreja em Niterói, quando fomos procurados por uma senhora idosa que demonstrava muita tristeza em seu semblante. Puxou-nos pelo braço e, quase segredando, nos disse: “Por favor, ore pelo meu netinho que tem nove anos de idade.” Imediatamente a conclusão mais lógica que veio à nossa mente foi perguntar se o menino estava doente. “Não, ele não está doente. Ele foi usado como ‘pombocorreio’ levando droga, e, como gastou o dinheiro recebido, o chefe do tráfico o apontou para morrer. Estamos fazendo de tudo para levá-lo ao interior do estado para que ele não morra. Por favor, ore por nós.” 2 – FALTA DE CONTROLE Quando os pais ou responsáveis “abaixam a guarda” podem esperar o pior, porque os filhos irão tirar proveito dessa situação. Normalmente eles vencem pelo cansaço, pedindo, insistindo e manipulando.
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É muito investimento de tempo, dinheiro e muito sacrifício para ver todos os planos e sonhos que os pais têm em relação aos filhos serem jogados na lata do lixo. Tudo porque foram deixados de lado aqueles princípios básicos que sempre nortearam a família e que agora, lamentavelmente, se tornaram artigo de luxo. Em nossa casa, que foi uma família de esportistas, sempre usamos a “marcação arranhando”. Esse sistema de marcação não dá folga para o adversário, porque ele é vigiado e seguido o tempo todo por seu marcador. Aprendemos isso jogando basquete, e deu bons resultados na marcação que fizemos com nossos dois filhos. Nós sempre sabíamos onde eles estavam e quem eram os seus amigos. Desde pequenos, sempre preferimos que os amigos viessem dormir em nossa casa, já que assim podíamos ter controle da situação e também podíamos conhecer melhor suas amizades. 3 – HORA PARA CHEGAR Quando não há esse tipo de marcação, o que acontece é apenas o esforço inútil dos pais, geralmente da mãe, em dizer: “Minha filha, não volte tarde...” Quando a mãe diz isso, a filha já está na garupa da moto do namorado
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e, por causa do capacete, não ouve absolutamente nada, mas para um alívio de consciência a mãe insiste: “Não chegue tarde, meu bem.” Isso não significa absolutamente nada, porque esse simples lembrete de “não volte tarde” é muito vago, e pode ser 2, 3, 4 ou 5 horas da manhã. Seria mais prático determinar qual a hora que a filha ou o filho deve chegar em casa. Em toda a família, onde há controle e boa comunicação, esse problema já deve ter sido resolvido entre os pais e os filhos, com o estabelecimento do horário de chegada. Um amigo nosso nos contou que telefonava para a filha, por meio do celular, algumas vezes durante as suas saídas com o namorado e, quando se aproximava da hora fixada para voltar para casa, ele apenas dizia: “Minha filha, quero vê-la entrando em casa dentro de trinta minutos. Estou esperando por você.” Num sábado à noite, ela saiu com o namorado e como o pai sempre fazia telefonou para dizer que faltava só meia hora para ela chegar em casa. Ela disse que eles haviam acabado de pedir um lanche e que iriam demorar mais do que meia hora. A resposta foi rápida e bem clara: “Querida, sinto muito. Vocês deveriam ter ido comer mais cedo. Pague o lanche e quero ver você em casa em meia hora.” Em meia hora ela estava em casa!
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4 – QUEM SÃO OS AMIGOS? É preciso estar atento para saber com quem andam os seus filhos, não importa a idade deles. A má influência pode ser percebida e sentida no dia a dia em casa. São hábitos novos, modificação de atitudes, palavreado diferente e falta de aplicação nos estudos. Quando essas coisas começam a acontecer, com certeza, é por causa da influência de alguma pessoa que surgiu na vida de seus filhos. Alguém que eles gostam e admiram muito. Convide os amigos deles para virem à sua casa e assim poderão conhecê-los de perto e também saber algo sobre a família deles. A melhor maneira de ajudar os filhos é abrindo-lhes os olhos e chamando sua atenção para detalhes que não edificam e que podem ser percebidos rapidamente. Sempre que há uma boa comunicação entre pais e filhos, esse procedimento dá certo, pois os filhos sabem que os pais sempre querem o melhor para eles. 5 – O PERIGO DA INTERNET Hoje vivemos na época dos pais “desligados” e dos filhos “antenados”. É preciso que os pais estejam
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atentos, porque os filhos de hoje são superinteligentes e muito vivos. Estão sempre prontos para manipular os pais inocentes. Nossos vizinhos, Ari e Sônia, viveram essa experiência com o filho de apenas nove anos de idade. Eles assistiam o noticiário da televisão na sala de visita e notaram que Marco Aurélio estava muito silencioso no escritório do pai, no andar superior. Um pouco desconfiada, Sônia subiu a escada silenciosamente e não podia sequer imaginar o que iria presenciar. O seu querido filhinho estava hipnotizado diante da tela do computador, vendo um site pornográfico e explícito. A única coisa que a mãe conseguiu fazer foi soltar um grito de espanto: “Meu filho, o que é isso?” Sem dúvida o susto maior foi do menino que não esperava a chegada da mãe e tampouco o seu grito. Segundo os pais, a única explicação que Marco Aurélio deu é que um dos coleguinhas da escola disse para ele entrar naquele site, porque era muito bom. Diante disso, além da orientação que os pais puderam dar ao filho, eles também proibiram o uso da internet por um período, e a partir daquela data a internet foi controlada. Essa foi uma lição dura de ser aprendida! Num simples toque de uma tecla, um mundo de
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sujeira entra em nossas casas. E o perigo não são apenas os menores, porque muitos adultos, tanto o marido quanto a esposa, também têm sido atingidos pela onda de pornografia, sendo que muitos se tornam verdadeiros “adúlteros on-line”. Fred e Ana Júlia participaram de um dos nossos seminários para casais e muita coisa mudou para o bem no relacionamento deles. Nos meses seguintes, nós os encontramos em várias reuniões e tudo parecia estar bem entre eles. Com o passar do tempo, só a esposa frequentava as reuniões e, quando perguntavam onde andava o Fred, a resposta era sempre a mesma: “Ele está preparando um projeto muito importante e precisa trabalhar até tarde.” Pouco tempo depois, fomos surpreendidos com a triste notícia de que eles estavam se separando, porque Ana Júlia descobriu que ele a estava traindo há muito tempo. Por meio de um chat na internet, ele desenvolveu uma amizade com uma moça; e daí para o adultério foi apenas um passo. Casamentos têm sido destroçados e separações consumadas por causa do mau uso da internet. Além dos problemas morais que abordamos, a internet e os telefones celulares têm prestado um desserviço à cultura e à nossa língua portuguesa. As men-
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sagens trocadas e os famosos torpedos têm suas palavras abreviadas e cifradas. Os pais devem procurar ajudar os filhos nessa área. POR QUE PRECISAMOS FECHAR AS BRECHAS? Poderíamos mencionar inúmeras razões por que um muro precisa ser levantado bem largo e bem alto ao redor de sua família. Esse muro representa a separação entre o que está lá fora e o que deve estar dentro de casa. Ele representa segurança, para que não entrem coisas ruins que, vindo de fora, possam prejudicar a vida e a estrutura dos que vivem dentro de casa. O muro levantado é também uma proteção para não deixar ninguém tentado a sair. O ambiente dentro de casa deve ser tão bom e agradável para que nem os filhos, nem os pais, sintam-se tentados a buscar coisa melhor lá fora. Dentro da área protegida pelo muro há compreensão, carinho, comunicação, muito amor e perdão. São “artigos de primeira necessidade” que não são encontrados lá fora, mas são vividos intensamente dentro da família, que tem esse muro como proteção. O muro também representa a sobrevivência da
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família. Sobrevivência significa a duração contínua no espaço e no tempo, isto é, a família continuará a viver, continuará a existir e irá resistir a todas as investidas do mundo e do inferno, e permanecerá firme. Conhecemos muitas famílias que continuam vivendo uma trajetória vencedora por gerações, pelo fato de viverem dentro da proteção desse muro. Elas são famílias vencedoras porque conservam as tradições e os costumes, e vão passando esses princípios às novas gerações. Para que o muro continue erguido é preciso que os pais tomem atitudes extremamente práticas, sérias e funcionais. A reconstrução dos muros de Jerusalém só foi possível quando cada um de seus moradores fez a sua parte. Cada família foi convocada para fechar as brechas em frente da sua casa. Infelizmente, muitas pessoas dizem: “Esse trabalho de fechar brechas é muito cansativo e vou precisar gastar muito tempo. É preciso ter muita disciplina e não somos disciplinados. Não vale a pena. Com a minha família isso não funciona.” A grande realidade é essa: ou você fecha todas as brechas ou a sua família vai sofrer muito, e você também. Todo e qualquer esforço que você fizer, no sentido de proteger sua família, ainda é pouco.