SALVADOR, SÁBADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012
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ANO 06
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Nº 333
EDITORA-COORDENADORA: NADJA VLADI / ATARDINHA@GRUPOATARDE.COM.BR
Evandro Cruz, 10, integra o Cortejinho, do bairro Conjunto Pirajá 1
Tem criança na
FOLIA Blocos afro e afoxés abrem espaço para meninos e meninas brincarem o Carnaval em vários bairros da cidade págs 4 e 5
SUPLEMENTO INFANTIL DE A TARDE. NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
Fernando Vivas / Ag. A Tarde
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SALVADOR, SÁBADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012
12, Carolane da Silva, sa ca a mostra a su em um dia de sol
O que você costuma fazer na época do Carnaval?
Eu gosto muito de ir pular, e faço isso em quase todos os carnavais, mas se não for, eu saio pra outro lugar em busca de outro tipo de diversão. Adrielle Lima, 14
e As nuvens quas da l so o em nd esco 10 a, Raissa da Silv
Qual a parte mais difícil da hora de voltar às aulas?
ESTAMOS AGUARDANDO A SUA RESPOSTA
atardinha@grupoatarde.com.br
SALVADOR, SÁBADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012
PEDRO FERNANDES
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Caretas, farinha e s a d a t o c chi
Na cidade de onde eu venho, no norte da Bahia, há cerca de 20 anos, não existia Carnaval. Na verdade existia no nome, mas era bem diferente dessa coisa de axé music, pagode, blocos, frevo ou escola de samba. Em vez de quase uma semana de folia, o Carnaval só acontecia mesmo no fim de semana e na terça-feira. Mas era algo muito pequeno e restrito. Parece que o mais importante era mesmo a Quarta-feira de Cinzas, quando começa a Quaresma. Acho que era porque o bispo assim queria. Por causa da lei, era feriado, mas ninguém saía pelas ruas, a não ser alguns moleques com sacos de
maisena para jogar na cara dos desavisados. Algumas vezes eles eram meio violentos. Mas tudo era entendido como uma brincadeira. Ninguém tinha o direito de reclamar, mesmo que ficasse muito bravo. Medo faziam os caretas. Eram homens fantasiados, com o rosto coberto por máscaras de pano assustadoras. Mas na roça, que era para ser um lugar tranquilo, era pior, porque esses seres de pesadelo carregavam chicotes para bater nas crianças. A diversão dos corajosos era fugir das lambadas. Certa vez não fui rápido suficiente e voltei para casa chorando e com as pernas marcadas.
4 e5
SALVADOR, SÁBADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012
Ê R E E D L A V A N R CA
A dança das meninas do Bankoma
FOLIA
. O bloco de percussão o p ti o é o ior, outr ercussão ma p ra a a p m u m m ra e co nasc e fro toca Esses blocos egros. O a dobra de um n m s o co d , a a d im sa st toe a com mais pe levantar a au afoxé trabalh E ndado em O fu . , is ê o iy d A e MARCEL BAN d ê Il o dobra primeiro foi nor, com maneira para a e d m n u ra u g ercussão me ro p te st n a o e m m g u r e u se q s, , uerês”, sa 1974 Não preci gogôs e xeq val. gado de core a a e rr rn s, a e ca C u r q e a a d il b s sf a, ta e a loco nova de d go Fábio Lim s o a lo d d ó desfilar em b p s to o e ça tr u n n a q a d s o ti e s contou ahia. A cos infan temas, música Federal da B Além dos blo is e a d n a io id ic rs d e s. a a iv tr n n a da U ece, os rente. O bloco m e culturas afric é if b d m é mundo conh ta m ra , é o a b p fr a cos é música tam brem espaço Além dos blo gae e o afox és, g x e fo a -r a n blocos afro a a s b m o m l re a sa a v tr a Carn afro toca eninas en desfilam no s o e ca meninos e m si y ú h d m n a e G s exá. e ça com dan e toca o ij o o Filhos d m m u co za ri e brincadeira, ct s o ra d que ca pela cultura ankoma . “O B influenciadas . a ic ieram da Áfr negros que v
Sons afro Repique É um tambor s pequeno com pele dos doi a um com e lados. Toca-s peles, baqueta sobre uma das ra. out e com a mão sobre a
Caxixi U mc palha qu hocalho de ep sino com arece um uma alça .
Fernando Vivas / Ag. A Tarde
o. Pode ter bor pequen m do Ta ra b o D duas (toca ma ou de s) dobra de u ta ue u duas baq com uma o
Ítalo de Souza, 11, está no Cortejinho desde 2006
Surdo É um tambor grande com um som bem grave. Pode ser de madeira ou de me tal.
Atabaque Tambor usado nos ritos do candomblé. É tocado com as mãos.
de metal ma sineta Agogô É u e com uma ca-s dupla. To uidavi. amada aq ch , ta re va
uma Xequerê É composto de as ang miç de o ert cabaça cob sa a pas se o and Qu as. çad entrela ho. cal cho de mão ele faz um som
início dos Samba-reggae Nasceu no cussão anos 1980 e mistura a per de-roda basam do candomblé e do ea gae reg o com do Recôncavo . ana eric am ra música neg toque Ijexá O Ijexá é um ros rei ter s do tradicional o ad toc , blé om de cand e s, ixá or s un alg para o utiliza uma percussã es, qu ba ata menor com s. erê qu xe e agogôs
Brincadeiras com o Cortejinho
As meninas do Bankoma ensaiam para o desfile na Quarta de Cinzas
As meninas do afoxé Bankoma só participam do desfile do bloco principal na Avenida depois de completar 16 anos, mas se divertem mesmo assim. Mas elas têm o seu próprio bloco que apresenta a dança afro pelas ruas de Portão, bairro de Lauro de Freitas, na Quarta-feira de Cinzas. Este ano a festa vai ter uma novidade: um minitrio
elétrico para acompanhar o desfile. Antes do grande dia, elas ensaiam bastante para aprender todos os passos. “Não é difícil dançar, mas tem de treinar muito. E ter paciência”, disse Poliana da Silva, 11. “Tem muita paz, é tranquilo e eu vejo todas as minhas amigas”, disse Kailanda de Melo, 9. O dourado e verde de suas
roupas é motivo de orgulho para Jéssica da Silva, 11. “É muito bonito, traz uma felicidade”. Mesmo sem acompanhar o desfile principal, as crianças são as homenageadas do Bankoma. O tema do bloco é “Tembwa Ye Ndenge”, que quer dizer “O tempo e a criança” no idioma banto, de Angola, na África.
Fernando Vivas / Ag. A Tarde
O batuque do filho do Ilê Aiye
Afinados, os meninos da banda Erê carregam todos os elementos que fizeram do Ilê Aiyê um dos mais tradicionais blocos afro de Salvador: as roupas coloridas e a batida inconfundível. O bloco Erê desfila no domingo de Carnaval pelas ruas do bairro da Liberdade. Entre os 40 meninos e meninas que puxam o bloco, está Fábio
da Silva, 9, que toca o surdo. “Eu comecei a aprender há um ano. A gente aprende tudo aqui: a dançar, cantar e jogar capoeira”, contou. Edmilson das Neves, coordenador da Associação Tambores da Liberdade, diz que para fazer parte da banda eles têm de estar estudando e mostrar resultados. Além da música,
eles têm aulas de arte em tecido e reciclagem. “Foi uma professora da minha escola que perguntou se eu não queria participar das oficinas. Hoje, eu toco repique na banda. Mas sei tocar outros instrumentos. Quando toca Ilê Magistral na avenida eu sempre choro”, disse Sidnei Cardoso, 13, que há 6 anos faz parte da festa.
Ítalo de Souza, 11, não perde um desfile do seu bloco favorito. “O mais legal é quando as pessoas compram confete, serpentina e espuma e quando a banda toca Universo Negro. Vira uma bagunceira”. Com
outras 30 crianças, ele leva o ritmo da banda do bloco Cortejinho (cria do Cortejo Afro), que desfila no bairro Conjunto Pirajá 1 . O primo de Ítalo, Evandro da Cruz, 10, perdeu no ano passado. “Cheguei atrasado,
aí não participei. Fiquei chateado. O melhor de tudo é que nós mesmos fazemos o bloco”, contou. O Cortejinho foi inventado pela mãe de santo do terreiro Ilê Axé Oyá, Mãe Santinha. “Em 1998 ela
Na banda Erê os meninos tocam, dançam e jogam capoeira Gildo Lima / Ag. A Tarde
sonhou com este projeto como uma maneira de reunir os filhos, os filhos dos filhos e os amigos”, contou Nívea Santana, do Instituto Oyá, que organiza o desfile. Eles saem do terreiro, vão até o supermercado Makro e
voltam. “Quando chegamos tem várias brincadeiras com prêmios, material escolar e lanche”, disse Lázaro Silva, 7. “Se crianças de outros bairros viessem, eu garanto que iam gostar”, convidou Evandro.
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Ê R E E D L A V A N R CA
A dança das meninas do Bankoma
FOLIA
. O bloco de percussão o p ti o é o ior, outr ercussão ma p ra a a p m u m m ra e co nasc e fro toca Esses blocos egros. O a dobra de um n m s o co d , a a d im sa st toe a com mais pe levantar a au afoxé trabalh E ndado em O fu . , is ê o iy d A e MARCEL BAN d ê Il o dobra primeiro foi nor, com maneira para a e d m n u ra u g ercussão me ro p te st n a o e m m g u r e u se q s, , uerês”, sa 1974 Não preci gogôs e xeq val. gado de core a a e rr rn s, a e ca C u r q e a a d il b s sf a, ta e a loco nova de d go Fábio Lim s o a lo d d ó desfilar em b p s to o e ça tr u n n a q a d s o ti e s contou ahia. A cos infan temas, música Federal da B Além dos blo is e a d n a io id ic rs d e s. a a iv tr n n a da U ece, os rente. O bloco m e culturas afric é if b d m é mundo conh ta m ra , é o a b p fr a cos é música tam brem espaço Além dos blo gae e o afox és, g x e fo a -r a n blocos afro a a s b m o m l re a sa a v tr a Carn afro toca eninas en desfilam no s o e ca meninos e m si y ú h d m n a e G s exá. e ça com dan e toca o ij o o Filhos d m m u co za ri e brincadeira, ct s o ra d que ca pela cultura ankoma . “O B influenciadas . a ic ieram da Áfr negros que v
Sons afro Repique É um tambor s pequeno com pele dos doi a um com e lados. Toca-s peles, baqueta sobre uma das ra. out e com a mão sobre a
Caxixi U mc palha qu hocalho de ep sino com arece um uma alça .
Fernando Vivas / Ag. A Tarde
o. Pode ter bor pequen m do Ta ra b o D duas (toca ma ou de s) dobra de u ta ue u duas baq com uma o
Ítalo de Souza, 11, está no Cortejinho desde 2006
Surdo É um tambor grande com um som bem grave. Pode ser de madeira ou de me tal.
Atabaque Tambor usado nos ritos do candomblé. É tocado com as mãos.
de metal ma sineta Agogô É u e com uma ca-s dupla. To uidavi. amada aq ch , ta re va
uma Xequerê É composto de as ang miç de o ert cabaça cob sa a pas se o and Qu as. çad entrela ho. cal cho de mão ele faz um som
início dos Samba-reggae Nasceu no cussão anos 1980 e mistura a per de-roda basam do candomblé e do ea gae reg o com do Recôncavo . ana eric am ra música neg toque Ijexá O Ijexá é um ros rei ter s do tradicional o ad toc , blé om de cand e s, ixá or s un alg para o utiliza uma percussã es, qu ba ata menor com s. erê qu xe e agogôs
Brincadeiras com o Cortejinho
As meninas do Bankoma ensaiam para o desfile na Quarta de Cinzas
As meninas do afoxé Bankoma só participam do desfile do bloco principal na Avenida depois de completar 16 anos, mas se divertem mesmo assim. Mas elas têm o seu próprio bloco que apresenta a dança afro pelas ruas de Portão, bairro de Lauro de Freitas, na Quarta-feira de Cinzas. Este ano a festa vai ter uma novidade: um minitrio
elétrico para acompanhar o desfile. Antes do grande dia, elas ensaiam bastante para aprender todos os passos. “Não é difícil dançar, mas tem de treinar muito. E ter paciência”, disse Poliana da Silva, 11. “Tem muita paz, é tranquilo e eu vejo todas as minhas amigas”, disse Kailanda de Melo, 9. O dourado e verde de suas
roupas é motivo de orgulho para Jéssica da Silva, 11. “É muito bonito, traz uma felicidade”. Mesmo sem acompanhar o desfile principal, as crianças são as homenageadas do Bankoma. O tema do bloco é “Tembwa Ye Ndenge”, que quer dizer “O tempo e a criança” no idioma banto, de Angola, na África.
Fernando Vivas / Ag. A Tarde
O batuque do filho do Ilê Aiye
Afinados, os meninos da banda Erê carregam todos os elementos que fizeram do Ilê Aiyê um dos mais tradicionais blocos afro de Salvador: as roupas coloridas e a batida inconfundível. O bloco Erê desfila no domingo de Carnaval pelas ruas do bairro da Liberdade. Entre os 40 meninos e meninas que puxam o bloco, está Fábio
da Silva, 9, que toca o surdo. “Eu comecei a aprender há um ano. A gente aprende tudo aqui: a dançar, cantar e jogar capoeira”, contou. Edmilson das Neves, coordenador da Associação Tambores da Liberdade, diz que para fazer parte da banda eles têm de estar estudando e mostrar resultados. Além da música,
eles têm aulas de arte em tecido e reciclagem. “Foi uma professora da minha escola que perguntou se eu não queria participar das oficinas. Hoje, eu toco repique na banda. Mas sei tocar outros instrumentos. Quando toca Ilê Magistral na avenida eu sempre choro”, disse Sidnei Cardoso, 13, que há 6 anos faz parte da festa.
Ítalo de Souza, 11, não perde um desfile do seu bloco favorito. “O mais legal é quando as pessoas compram confete, serpentina e espuma e quando a banda toca Universo Negro. Vira uma bagunceira”. Com
outras 30 crianças, ele leva o ritmo da banda do bloco Cortejinho (cria do Cortejo Afro), que desfila no bairro Conjunto Pirajá 1 . O primo de Ítalo, Evandro da Cruz, 10, perdeu no ano passado. “Cheguei atrasado,
aí não participei. Fiquei chateado. O melhor de tudo é que nós mesmos fazemos o bloco”, contou. O Cortejinho foi inventado pela mãe de santo do terreiro Ilê Axé Oyá, Mãe Santinha. “Em 1998 ela
Na banda Erê os meninos tocam, dançam e jogam capoeira Gildo Lima / Ag. A Tarde
sonhou com este projeto como uma maneira de reunir os filhos, os filhos dos filhos e os amigos”, contou Nívea Santana, do Instituto Oyá, que organiza o desfile. Eles saem do terreiro, vão até o supermercado Makro e
voltam. “Quando chegamos tem várias brincadeiras com prêmios, material escolar e lanche”, disse Lázaro Silva, 7. “Se crianças de outros bairros viessem, eu garanto que iam gostar”, convidou Evandro.
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SALVADOR, Sテ。ADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012
SALVADOR, SÁBADO, 18 DE FEVEREIRO DE 2012
Materiais de outro mundo FÁBIO FREITAS
Em 1969, a gente conseguiu fazer algo que se sonhava há muito tempo: dar um passeio na lua, nossa
companheira de voltas em torno do sol. Nesse passeio, para conhecer melhor a nossa vizinha, os astronautas trouxeram diversas rochas. Quando foram olhar de perto
[ leia ] Cantiga de Trem / Texto de Sandra Lopes e ilustrações de Renato Moriconi / Editora Prumo, 32 páginas / R$ 34,90
essas rochas, os cientistas viram que ali existiam três minérios que ninguém nunca tinha visto aqui na terra. Desses três, dois foram encontrados rapidamente
por aqui, a armalcolita e a piroxferroíta. Mas o último deles, a tranquilitita, ninguém nunca tinha encontrado até então. Ele estava tão escondido que se
7 acreditava que era algo único da lua. Mas, no comecinho deste ano, finalmente confirmaram que esse minério também existe aqui. Por enquanto ele só foi encontrado na Austrália, mas logo logo deve aparecer em outros lugares. Esses pedaços de tranquilitita que foram encontrados foram produzidos na Terra há muito tempo atrás, há cerca de um bilhão de anos. Com isso, a gente pode ver como a Terra é muito parecida com a lua. Saber o que nós temos de igual e o que temos de diferente é importante para quando, finalmente, fomos morar também ali no nosso satélite, podendo ver a Terra da nossa janela. FÁBIO FREITAS É FÍSICO E PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
LÁ VEM O TREM O trem vem pelos trilhos e em vez de dizer “piuííí!” canta uma canção sobre outras canções. Em cada estação ele visita personagens famosos como Sambalelê, O Cravo (aquele que brigou com a Rosa), o Boi da Cara Preta e a Mulher Rendeira. Todos eles se juntam em uma só poesia para lembrar as cantigas de roda e as cirandas que marcaram a infância de outros tempos.
LAERTE
BRUNO AZIZ
ZIRALDO
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