Especial Eleições 2010

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Enquete

Dilma Rousseff

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Zé Ronaldo e José Carlos Aleluia

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Nanicos ao Senado

3 Nanicos à Presidência

2

Lídice da Mata e Walter Pinheiro

Edvaldo Brito e César Borges

Nanicos ao governo do Estado

Jaques Wagner

Artigos e cenário eleitoral

Geddel Vieira Lima

Paulo Souto

José Serra

Marina Silva

SEU VOTO A ordem de apresentação dos candidatos foi definida por sorteio

Cau Gomez

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

ELEIÇÕES 2010 História, perfis e propostas dos candidatos a cargos majoritários; o que está em jogo nas eleições de outubro; o que fazem o presidente, o governador, o senador, o deputado federal e o deputado estadual; os sonhos que os baianos querem ver realizados. Aqui, guia especial para o eleitor se informar e fazer suas escolhas

HOTSITE

www.atarde.com.br/eleicoes Simultaneamente à publicação deste caderno, o GRUPO A TARDE lança hoje o hotsite Eleições 2010

EDIÇÃO Flávio Oliveira e Jeane Borges PROJETO GRÁFICO E INFOGRAFIA Danilo Bandeira,

Gil Maciel e Iansã Negrão PRODUÇÃO Alexandre Mota


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ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

VERDES Ex-ministra do Meio Ambiente nasceu em um seringal no Acre e agora tenta chegar à Presidência da República

A TRAJETÓRIA CORAJOSA DE MARINA LUDMILLA DUARTE Brasília

M

arina Silva tem a voz mansa e o aspecto frágil, mas os amigos e assessores que a rodeiam garantem que sua fragilidade é um mito. “Ela é uma mulher forte e de boa saúde, ao contrário do que a mídia gosta de dizer”, assegura Fernando Guida, dirigente do Partido Verde nacional e candidato a deputado estadual pelo Rio de Janeiro. A trajetória pessoal de Marina – batizada ao nascer, em 1958, com o nome de Maria Osmarina Silva – é impressionante. Tanto quanto a do presidente Lula, líder operário que Marina seguiu por cerca de três décadas e que, em meio a uma infância miserável, deixou o interior de Pernambuco para aportar em São Paulo num pau-de-arara com a mãe e seis irmãos. Marina nasceu no Acre, em Breu Velho, num seringal chamado Bagaço. Literalmente dentro da Floresta Amazônica. Teve dez irmãos, dos quais três morreram. “Eu acordava às 4h da manhã, cortava uns gravetos, para fazer o café”, conta ela. Na adolescência, contraiu hepatite, cinco malárias, uma leishmaniose e se alfabetizou aos 16 anos, porque sonhava ser freira e a avó tratou de avisá-la de que uma religiosa não pode ser analfabeta. Marina foi levada para a política pelo líder seringueiro Chico Mendes, ainda na adolescência. Filiou-se ao PT e elegeu-se vereadora de Rio Branco em 1988. Chegou à Assembleia Legislativa do Acre em 1990 e, em 1994, já era a senadora mais jovem da história do país, aos 36 anos.

Guilherme: vice é empresário comprometido com ambiente

Marina foi levada para a política pelo líder Chico Mendes

PRINCIPAIS PROPOSTAS

Educação Melhor distribuição de recursos entre as regiões, ênfase às creches, valorizar professor, aumentar vagas no ensino médio superior

Guilherme Peirão Leal, vice de Marina Silva nestas eleições, é presidente da empresa de cosméticos Natura, uma das mais bem-sucedidas do País. Ele nasceu em 1950, em Santos, litoral paulista, numa família de classe média. Estudou em escola privada, mas teve de trabalhar aos 17 anos, enquanto cursava à noite a Escola de Administração de Empresas da Universidade de São Paulo (USP). Revelando espírito empreendedor, no final da década de 70 do século XX, criou uma microempresa (“de fundo de quintal”, segundo declarou), que viria a ser a Natura. O empresário baseia suas essências em elementos encontrados na natureza do País e tem uma presença marcante na história do ativismo socioambiental brasileiro. Leal é um dos fundadores e membro do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, ex-presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e integra o Conselho Consultivo da WWF Brasil. O empresário se dedica, também, ao fortalecimento de seu instituto – o Arapyaú – voltado para a educação e o desenvolvimento sustentável, cujo significado em guarani, de acordo com ele, corresponde ao tempo-espaço novo, no conceito da constante renovação. Seu patrimônio é, de longe, o maior entre os registrados na Justiça Eleitoral: R$ 1,1 bilhão.

Economia sustentável Manter a política macroeconômica, estruturar o sistema tributário, estimular a criação de empregos verdes, agronegócio sustentável e agricultura familiar Programas sociais Manter o Bolsa Família, estimular o empreendedorismo e as parcerias público-privadas Saúde Financiamento estável para o SUS, garantir aos usuários do SUS acesso ao Programa de Saúde da Família Diversidade Socioambiental Criar Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, ampliar a promoção de produtos da sociobiodiversidade

Mas foi no Ministério do Meio Ambiente, em 2003, que os problemas com o PT começaram: assistiu, contrariada, à liberação da produção e comercialização de transgênicos, em 2005, e sustentou duro embate com o governo, que queria rapidez no licenciamento ambiental das hidrelétricas do Rio Madeira.

Sérgio Lima / Folhapress

Saída do PT marcada por conflito Enquanto o Ibama apontava o risco de extinção de 463 espécies de peixe na região, a Casa Civil, então chefiada por Dilma Rousseff, acusava o Ministério do Meio Ambiente de atrasar as obras. Foi o evidente sinal de que o PT, pragmático no poder, e a ambientalista Marina Silva já não falavam a mesma língua. Marina decidiu deixar o governo, em 2008, pouco depois do lançamento do Plano Amazônia Sustentável (PAS): a parte da regularização fundiária na Amazônia, modificada por ideia do então ministro de Assuntos Estratégicos Magabeira Unger, perdoava os grileiros e doava 67

milhões de hectares de terra. Ela só tomou conhecimento do adendo minutos antes do lançamento do plano. Ao deixar o ministério, retoma seu mandato no Senado e, em 19 de agosto de 2009, anuncia sua desfiliação do PT. À época, disse que a decisão foi sofrida e a comparou com a saída da casa dos pais, há 35 anos, num seringal, rumo à cidade grande. “Não se trata mais de fazer embate dentro de um partido em que eu estava há cerca de 30 anos, mas o embate em favor do desenvolvimento sustentável”. Marina espera ser a primeira mulher negra e de origem pobre a governar o Brasil.

Vice de Marina Silva é presidente da Natura Evaristo Sá / AFP

1958

Nasce em 8 de fevereiro, na comunidade de Breu Velho, em Seringal Bagaço, no Acre

1981

Ingressa na Universidade Federal do Acre, onde se formaria em história. Durante o período, entra para o Partido Revolucionário Comunista (PRC)

1984

Junto com Chico Mendes, funda a CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre. Filia-se ao PT, partido pelo qual seria vereadora em 88 e deputada estadual em 90

1994

É eleita senadora. Em 2003, passa a integrar a equipe do governo, como ministra do Meio Ambiente

2008

Larga o ministério e, no ano seguinte, desfilia-se do PT

DEMISSÃO

DESMATAMENTO

ANALFABETISMO

POLUIÇÃO

PROVOCAÇÃO

CRIACIONISMO

“Esta difícil decisão, senhor presidente, decorre das dificuldadesque tenho enfrentado, háalgumtempo, para dar prosseguimentoà agenda ambiental federal”

“Longedeserem umaatualização, asmudanças representam o comprometimento de umpatrimônio porsetores que querem permanecerna produção predatória”

“Estepaís gigante ainda tem18%dos seusjovens analfabetos. Seio queéser analfabeto, o que éverpelametade, escutar pela metade”

“Senão estancarmos as fontesdeemissão deCO2,quepodem fazercom quea Terra continue aquecendo, se ultrapassarmos 2 graus, podemos inviabilizar toda a vida na Terra”

“Minhaaliançaé programática. Parecequehouve umdesconforto doPMDB (quetem a candidaturaa vicedoPTcom MichelTemer) comoprograma quefoi protocolado”

“Eu nãodefendoo ensinodo criacionismo.Eu creioemDeus, acreditoqueDeus crioutodasas coisas,sem precisardeuma teoriacientífica para isso”

ExplicaçãodadaporMarinaSilvaao presidenteLuizInácioLuladaSilva,em 13demaiode2008,nacartaemquepediu aopresidenteasuademissãodo comandodoMinistériodoMeio Ambiente,pordivergências relacionadasàslicençasambientais

Oalertadaambientalistaparaoriscode ampliarodesmatamentonoBrasil constanoartigopublicadopelaFolhade S.Paulo,em31demaio,noqualMarina Silvacriticaasmudançaspropostasno projetodeleidonovoCódigoFlorestal, aprovadonasemanapassada

PronunciamentodeMarinaSilva,em16 demaiode2010,emNovaIguaçu(RJ), durantediscursodelançamentodasua pré-candidatura.Aentãopré-candidata diziaqueumasituaçãodessasétão dramáticaquesequertemoscomo elaboraressecenárionanossacabeça

Alfinetadadaex-ministradoMeio AmbientedogovernoLulaàsuposta mudançanoconteúdonoprogramade governodasuaconcorrente,a ex-ministradaCasaCivilDilma Rousseff,queapresentouumanova versãodeprogramanaJustiçaEleitoral

Ditonodiscursodelançamentodesua candidaturaduranteconvenção nacionaldoPV,em10dejunhode2010. MarinaSilvalembraquandochegoua RioBranco,aos16anos,ficoumaisde20 minutosolhandoparaumladoepara outro,paraperguntarqualeraoônibus queiaparaaEstaçãoExperimental.Ela faladavergonhaquesentiuao perguntar,porqueeraanalfabeta

Esclarecimentodacandidataverde,queé evangélica,àpolêmicadeclaraçãoque teriadadodefendendooensinodo criacionismonasescolaspúblicasdo País.Segundoela,issofoicolocadode formaequivocadaetransformaramsua defesadoevolucionismonadefesado criacionismo–crençareligiosadequea vidaécriaçãodeumagentesobrenatural


ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

1964

O então deputado federal pelo PDC Plínio Arruda Sampaio (PSOL) é cassado pelo governo militar

1980 Zé Maria

Zé Maria (PSTU) é preso com Lula e outros líderes sindicais

1986

Eymael (PSDC) é eleito deputado federal por São Paulo

2002

O PRTB, Fundado por Levi Fidélix, serve de legenda para o ex-presidente Collor de Mello retornar à política

1995

Rui Costa Pimenta (PCO) e os integrantes da tendência Causa Operária são expulsos do PT

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2010

Ivan Pinheiro (PCB) candidata-se a prefeito do Rio de Janeiro com o Slogan “Uma Revolução no Rio” Editoria de arte A TARDE

NANICOS Diferenças entre PSOL, PCB, PSTU e PCO são maiores que sonho comum por “Brasil socialista”. PSDC e PRTB são alternativas conservadoras à Presidência

PRINCIPAIS PROPOSTAS

SEIS NANICOS E UM DESTINO: DESAFIAR OS GRANDES JOSÉ LOPES

P

ara Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Ivan Pinheiro (PCB), Rui Costa Pimenta (PCO), Zé Maria (PSTU), Levi Fidélix (PRTB) e José Maria Eymael (PSDC) “tamanho (de partido) não é documento”. São eles os seis candidatos à Presidência da República por partidos considerados “nanicos”. A coragem das candidaturas remete quase imediatamente ao personagem bíblico Davi, que enfrentou o gigante Golias apenas com uma funda e algumas pedras. Mas diferente do herói judeu, que venceu seu adversário e se tornou rei do seu povo, estes presidenciáveis sabem que é praticamente impossível superar as forças políticas

e econômicas de legendas como PT, PSDB e PV. Disparidades Enquanto as candidaturas de Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que planejam gastar de R$ 90 a R$ 18o milhões durante a campanha, os candidatos nanicos fazem campanhas, literalmente, em outras proporções. Partidos como PCO, PCB, PSOL e PSTU se recusam a receber doações de empresários e contam apenas com doações de seus militantes. Alguns candidatos sequer possuem patrimônios em seu nome. Exceções entre os pequenos, Fidélix e Eymael declararam ao TSE gastar R$ 10 milhões e R$ 25 milhões, res-

pectivamente. Eymael é também quem possui o maior patrimônio entre os nove candidatos a presidente, tendo declarado possuir bens no valor de R$ 3,1 milhões. Ex-frente A repetição da “frente de esquerda” formada por PSOL, PSTU e PCB, que em 2006 apoiavam a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) para presidente, poderia dar alguma consistência ao “sonho” comum por um Brasil socialista. Apesar de compartilharem do mesmo ideal e até do mesmo discurso, que demoniza os adversários “burgueses”, os motivos apresentados por cada partido para justificar a dissolução da Frente são muitos e distintos. Os impasses criados entre

Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) Reduzir a jornada de trabalho para criar empregos e permitir tempo livre aos trabalhadores Ivan Pinheiro (PCB) Criar, por meio de reforma política, o Poder Popular, instrumento de representação direta dos trabalhadores as legendas são muito parecidos com os retratados na famosa comédia “A vida de Brian”. Filmada em 1979, a obra satiriza as divisões políticas e religiosas entre pequenos grupos judeus que combatiam a ocupação romana na Palestina. No centro das questões está o PSOL. Criado em 2004 por dissidentes do PT, o partido chega ao pleito deste ano dividido entre o apoio à candidatura de Marina Silva (PV) – assumido pelo grupo ligado a hoje vereadora Heloísa Helena –, e a candidatura própria de Plínio à presidência. Desde fevereiro deste ano, quando ainda era pré-candidato pelo PSTU, Zé Maria apontava o racha dentro do PSOL como principal justificativa para a não renovação

da aliança. Aparentemente mais flexível, o PCB chegou a divulgar em seu site que abriria mão da candidatura de Ivan Pinheiro para ser vice do PSOL. “O impasse se deu em dois pontos, ambos ligados ao espaço do PCB no horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão”, diz a nota divulgada pelo partido no dia 1º de julho. O documento revela ainda negociações entre os dois partidos em torno da disputa do governo do Estado de São Paulo. Sectário, o PCO considerava a frente de esquerda formada em 2006 como “ parte da frente de direita” e, desde sua fundação em 1996, jamais integrou alianças. COLABOROU BIAGGIO TALENTO

Zé Maria (PSTU) Promover uma segunda independência do Brasil por meio do não-pagamento da dívida pública e ruptura com o FMI Rui Costa Pinheiro (PCO) TSE e partido não disponibilizaram o programa de governo Levi Fidélix (PRTB) Realizar reforma financeiro-tributária, sobretaxando os lucros dos segmentos especulativos Eymael (PSDC) Aplicar valores da democracia cristã no resgate e proteção dos valores éticos da família e satisfazer suas necessidades

Plínio Arruda Sampaio é o candidato do PSOL à presidente da República

Divulgação

Ivan Pinheiro (PCB), nº 21

Zé Maria (PSTU), nº 16

Rui Costa (PCO), nº 29

Plínio Sampaio (PSOL), nº 50

Levi Fidélix (PRTB), nº 28

José Maria (PSDC), nº 27

Secretário-geral do PCB, o advogado carioca Ivan Pinheiro (64) será candidato à Presidência da República pela mais antiga legenda da esquerda brasileira. Ex-integrante do MR-8, abandonou a resistência armada à ditadura militar no final dos anos 1970. Em 1982, foi preso e enquadrado na Lei de Segurança Nacional durante o VI Congresso Nacional do PCB. Com o fim da União Soviética, integrou o grupo comunista que resistiu à transformação do PCB em PPS. Ele terá como vice o professor da Unicamp Edmilson Costa.

Com um slogan ambíguo – “Contra burguês, operário e socialista dessa vez!”–, o sindicalista José Maria de Almeida (53) será pela terceira vez o presidenciável do PSTU (candidatou-se também em 1998 e 2002). Fundador do PT e da CUT, foi preso com Lula e outros 10 sindicalistas em 1980. Em 1992, devido à radicalidade das greves que liderava, foi expulso do partido juntamente com sua tendência, a Convergência Socialista. O PSTU foi fundado dois anos depois. Sua vice será a professora maranhense Cláudia Durans.

Outro ex-petista candidato a presidente da República é o jornalista e tradutor paulista Rui Costa Pimenta (53). Rui Costa foi expulso da antiga legenda juntamente com sua tendência, a Causa Operária, no início dos anos 1990. Em 1996, fundou o Partido da Causa Operária, pelo qual candidatou-se a deputado federal (1999), prefeito de São Paulo (2000) e presidente da República nos anos de 2002 e 2006, quando teve a candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Seu vice será Edson Dorta Silva.

O promotor aposentado Plínio de Arruda Sampaio (79) tem mais de 50 anos de vida pública. Em 1964, então deputado federal pelo PDC, foi um dos primeiros políticos cassados pelo AI-5. Fundador do Partido dos Trabalhadores, foi deputado federal (1986) e disputou o governo de São Paulo em 1990. Em 2005, Plínio de Arruda Sampaio ingressou no PSOL e foi candidato ao governo de São Paulo. É presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e terá como vice o pedagogo baiano Hamilton Assis.

O publicitário e apresentador de TV mineiro José Levy Fidélix da Cruz (48) foi fundador do Partido Liberal (PL). Iniciou a carreira política em 1986, sendo candidato a deputado federal por São Paulo. Filiou-se ao Partido Trabalhista Renovador (PTR) e, em 1992, fundou o PRTB, sigla pela qual o ex-presidente Fernando Collor retornou à vida pública, em 2006, após eleito senador por Alagoas. José Levy Fidélix disputa a Presidência da República pela primeira vez, tendo como vice Luís Eduardo Duarte.

Candidato pela terceira vez ao Palácio do Planalto, o democrata-cristão José Maria Eymael já foi companheiro de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) no antigo PDC. Em 1985, o democrata-cristão foi candidato a prefeito de São Paulo e a fama repentina do seu jingle contribuiu para sua eleição a deputado federal no ano seguinte. Em 1993, deixou o PDC (hoje PPR) para criar o PSDC. José Maria Eymael é o candidato a presidente da República com o maior patrimônio, R$ 3,1 milhões. Seu vice será José Paulo da Silva Neto.


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ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

PETISTA Ex-ministra da Casa Civil, que mantém a fama de durona, é a preferida de Lula para presidir o Brasil

Parte da fama de durona advém do seu passado de ativista em grupos de resistência à ditadura militar

DILMA, A ATIVISTA QUE INVESTE PARA COMANDAR O PAÍS

LUDMILLA DUARTE Sucursal Brasília

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urona e viciada em trabalho. São os dois traços de personalidade que costumam circular, na mídia e nos bastidores, sobre Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República. O primeiro deles não é só o marketing petista que tenta suavizar: quem tem estado com ela garante que não é bem assim. “Ela é firme e às vezes intransigente, mas também brinca, sorri e faz piada”, garante Moema Gramacho (PT), prefeita de Lauro de Freitas (BA), uma das oito integrantes de uma comissão nacional de prefeitos destinada a coordenar a campanha da ex-ministra da Casa Civil junto aos municípios. Parte da fama de durona advém do seu passado de ativista em grupos de resistência à ditadura militar: em 1970, aos 22 anos, Dilma foi presa e torturada nos porões do regime em São Paulo, depois de ter saído de Belo Horizonte, sua terra natal, para escapar ao cerco dos militares. Em 2008, um episódio ganhou repercussão na imprensa: na Comissão de Infraestrutura do Senado, enquanto respondia a perguntas sobre a suposta confeccção de um dossiê na Casa Civil contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Democrata Agripino Maia (RN) arriscou-se a fazer, em tom acusatório, uma cruel analogia: se Dilma mentira sob tortura quase 40 anos antes, deveria estar mentindo também ali. Foi o suficiente para a então ministra engrenar um discurso contundente e memorável no qual frisou que se orgulhava de ter mentido, porque assim pôde salvar companheiros da tortura e da

morte. E, de quebra, aproveitou para lembrar ao senador de que, naquela época, os dois estavam “em campos opostos”. Nocauteado, Maia teve que enfrentar críticas até de colegas de partido – e Dilma Rousseff ganhou pontos na opinião pública, enfraquecendo as acusações sobre o suposto dossiê. Já a fama de workaholic (viciada em trabalho) não é desmentida nem mesmo pelo presidente Lula, seu grande cabo eleitoral, que costuma dizer que ela estuda tanto os assuntos do governo

que rapidamente se torna especialista em qualquer tema. “Ela não larga o laptop”, confirma Moema Gramacho. “Trabalha durante os vôos, pesquisa muito, tem ótima memória e é muito detalhista”, descreve. No ano passado, quando teve que se submeter a uma quimioterapia, Moema escreveu-lhe uma mensagem dizendo que não se preocupasse com a queda de cabelo, pois este renasceria mais bonito. A resposta na mensagem que recebeu de volta foi a seguinte: não me

importo com o cabelo, meu medo é perder o estímulo de trabalhar. A imprensa tem comentado repetidamente o novo visual da Dilma candidata: ela está mais bonita, mais elegante e mais sorridente. À Dilma o presidente Lula tem atribuído o sucesso de alguns dos mais importantes programas de seu governo: o programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Luz para Todos e o Minha Casa, Minha Vida. Somente o PAC tem previsão de chegar a R$ 1 trilhão inves-

tidos numa infinidade de obras em todo o país – e é, de longe, a menina dos olhos da ex-ministra. Uma outra menina, segundo assessores mais chegados, tem ocupado o pensamento de Dilma: a primeira neta, prestes a nascer, de sua única filha Paula, que teve com o advogado Carlos Araújo, com quem começou a namorar no período de militância e cujo casamento durou 25 anos. “Ela só fala na neta”, garante Moema. Antes de ser petista, Dilma Rousseff foi brizolista.

PRINCIPAIS PROPOSTAS

Programas sociais Ampliar o Bolsa Família e criar novos programas que ajudem a erradicar a miséria Educação Prioridade para a qualidade: treinamento e remuneração de professores; bolsas de estudo e apoio ao aluno para evitar a evasão; salas de aula informatizadas e com acesso à internet por banda larga Infância e Juventude Proteção contra violência, drogas, imposição do trabalho em detrimento dos estudos. Ampliação da rede de creches para todo o País Saúde Mais recursos para o SUS; mais atenção para os hospitais públicos e conveniados, às novas unidades de pronto atendimento (UPAs)

BOLSA FAMÍLIA

“Quemno governonãofez o queprometeu, nãopodeter credibilidade para dizerquevai dobraroBolsa Família” Durantecoletivaàimprensa,emjulho, emSãoJosédoRioPreto(SP),alfinetando oadversárioJoséSerra(PSDB)

CRESCIMENTO

“É umaquestãode honra:fazer com queopaís consolidesua infraestruturae eliminaros gargalos que prejudicamo crescimento” EmCampinas(SP),aofalarsobreplanos deampliaçãodoAeroportodeViracopos

Fábio Rodrigues Pozzebom /ABr / 18.2.2009

DAMA-DE-FERRO

“É umestereótipo. Toda mulheré dama-de-ferro? Nunca vi um senhor-de-ferro, vocêjá viu algum?”

Vice Michel Temer (PMDB)

Michel Temer, o nome indicado pelo PMDB na chapa petista Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice na chapa encabeçada por Dilma Rousseff, é filho de imigrantes libaneses que prosperaram como agricultores em Tietê (SP). Temer teve uma educação tradicional: formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorou-se na mesma área pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). Na década de 60, Temer advogava em São Paulo e dava aulas na PUC quando se aproximou de Franco Montoro, do então MDB, de quem acabou se tornando procurador-geral em 1982 e, em seguida, secretário de Segurança Pública. Em 1986 elegeu-se deputado constituinte e não mais deixou o Legislativo: está em seu sexto mandato, e na terceira gestão como presidente da Câmara. A declaração de patrimônio de Temer é muito maior que a de Dilma: cerca de R$ 6 milhões contra R$ 1 milhão da ex-ministra.

RespostadeDilmaRousseffem entrevistaconcedidaàrevistaCarta Capital,publicadaem9dejunho,aoser indagadasobresuaimagemde dama-de-ferro.Namesmaentrevista,a ex-ministradaCasaCivil,aoser indagada,casofossecomparadaauma mulhergovernante,seestariamaispara MichelleBacheletouparaMargaret Thatcher,respondeuqueestariamais paraBachelet,“semdúvida,óbvio”, porquediznãotera“posição conservadora”daex-primeira-ministra daInglaterra,MargaretThatcher Lúcio Távora / Ag. A TARDE / 25.5.2010

DOSSIÊ FHC

“Eu acredito, senador,quenós estávamos em momentos diversosda nossa vida em70”

1947

Nasce em 14 de dezembro, em Belo Horizonte, filha do engenheiro búlgaro Pedro Rousseff e da professora Dilma Jane Silva

1967

Inicia curso de ciências econômicas na Universidade Federal de Minas Gerais e adere ao Colina, organização que combatia a ditadura. Em 1970, é presa e torturada em São Paulo

2002

É nomeada Ministra das Minas e Energia do governo Lula

2005

No segundo mandato de Lula é nomeada chefe da Casa Civil

RespostadeDilmaRousseffaosenador AgripinoMaia(DEM-RN),noSenado Federal,em6demaiode2008,em audiênciaàComissãodeInfraestrutura, paradarexplicaçõessobreumsuposto "DossiêFHC",quecolocavaonomedo ex-presidenteFernandoHenrique Cardosoenvolvidoemfalcatruas quandochefedanação.Osenador democrataacusouaentãoministrade sermentirosa,reportando-seaofatode Dilmatermentidosobtorturapara protegercompanheirosdaresistênciaao regimemilitar.MaiaéoriundodaArena, partidoquesustentouaditadura


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SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

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TUCANO José Serra dá ênfase a sua origem humilde e conta que o pai era analfabeto nos palanques que percorre no País

DA BARRACA DE FRUTAS AO PLANALTO BIAGGIO TALENTO

J

osé Serra não tem o “glamour” de ser um ex-torneiro-mecânico que deixou o interior de Pernambuco como retirante em cima de um caminhão pau-de-arara como o presidente Lula, mas o tucano, candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, tem feito questão de lembrar sua origem humilde nas suas andanças pelo País. Na convenção nacional do PSDB realizada em Salvador em 12 de junho, por exemplo, o tema mereceu destaque no seu longo discurso. “Meu pai foi um camponês, analfabeto até os 20 anos de idade. Depois, foi vendedor de frutas. Acordava de madrugada para uma jornada de 12 horas diárias de trabalho, todos os dias do ano. Só folgava no dia 1º de janeiro”, lembrou. Outra frase recorrente do tucano é a de que o pai Francisco Serra “carregava caixas de frutas” para ele poder “carregar caixas de livros”. Afinal, era o filho único da família, que nasceu no dia 19 de março de 1942, numa modesta casa do bairro paulistano da Mooca, onde morava sua avó. Foi na Mooca, área tradicionalmente ocupada por imigrantes italianos nas primeiras décadas do século 20,

que Serra disse ter presenciado “gente morrer sem assistência médica” e “brasileiros com deficiência jogados ao Deus dará”.

José Serra já vendeu laranjas para ajudar a família

Verdão

Começou a ganhar uns trocados ainda criança, vendendo laranjas na banca do pai no mercado municipal. A concessão do austero senhor Francisco, naquela vida dura, era levar o filho ao estádio para torcer pelo Palmeiras. O amor pela equipe aparece nas suas andanças, como ocorreu em duas das três vezes que visitou a Bahia este ano. Na primeira, foi presenteado com camisas do “Verdão” por barraqueiros do Mercado Modelo. Já em Alagoinhas, ao cumprimentar um eleitor que vestia a camisa do Corinthians, fez questão de dizer que o melhor era o Palmeiras. Na juventude, com o tempo, passou a aumentar a renda dando aulas de matemática. Essas experiências levaram o candidato do PSDB, conforme disse, a descobrir “onde o calo aperta” e em condições de falar sobre as famílias pobres do Brasil, “pois sou filho de uma delas”. O tucano entraria na política após frequentar o curso de engenharia civil na Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo (USP) e chegar à presidência da União Estadual dos Estudantes (UNE). Também atuava na Ação Popular (AP), grupo de esquerda com ligações com a Igreja Católica. Para não ser preso, após o golpe militar de 64 Serra deixou o País para um exílio que duraria 14 anos. No exterior, doutourou-se em ciências econômicas. Exerceu vários cargos após o retorno ao Brasil com a abertura política. Foi deputado constituinte, senador e ministro do Planejamento. Sua principal passagem no governo federal ocorreu, na pasta da Saúde, no governo Fernando Henrique Cardoso, entre 1998 e 2002. Lá, fez trabalho reconhecido como um dos melhores entre os ocupantes do cargo. Sua passagem pelo ministério o credenciou a disputar a eleição presidencial pela primeira vez em 2002. Perdeu para Lula. Dois anos depois consegue na terceira tentativa ser eleito prefeito de São Paulo. Na campanha prometeu cumprir o mandato até o fim, mas renunciou em 2006 para disputar e ganhar o governo de São Paulo. Em março de 2010, renunciou ao cargo de governador para tentar pela segunda vez pelo PSDB chegar ao Palácio do Planalto.

Vice: contra esmoler e coxinhas

PRINCIPAIS PROPOSTA

Considerado uma zebra na bolsa de apostas dos que especulavam quem iria ser o vice de Serra, o desconhecido deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ), 39 anos, integra o grupo político do ex-prefeito César Maia, aquele que no auge da epidemia de dengue no Rio de Janeiro, em 2008, esteve em Salvador para pedir ao Senhor do Bonfim que levasse “o mosquito para o mar”. Índio da Costa também já teve iniciativas polêmicas. Em 1997, como vereador, apresentou projeto proibindo a esmola no Rio e prevendo multa para quem desse algum trocado a pedintes. Se-

Política econômica Pretende manter a base da atual. Contudo, para conter a inflação diz que não usará a estratégia dos juros altos. A ideia é controlar os preços cortando gastos do governo. Quer um Banco Central com autonomia vigiada, com seus dirigentes afinados com a equipe econômica do governo. Diz que vai cortar impostos Educação Diz que qualificará o ensino. Duas professoras por sala na escola fundamental. Um milhão de novas vagas em escolas técnicas

Lula Marques/Folhapress

Saúde Pretende em dois anos implantar no País 150 ambulatórios médicos de especialidades Segurança União coordenará as ações nessa área em todo o País, ajudando os estados, garante o tucano

O vice Índio da Costa

gundo levantamento da Agência Folha, na Câmara dos Deputados, o vice de Serra já fez discurso contra o pré-sal, reprovando envio de ajuda humanitária do Brasil para o Haiti e defendendo a proibição da venda de coxinhas e pirulitos em cantinas de escolas, além de defender convocação de plebiscito sobre a pena de morte no Brasil. Sua escolha para companheiro de chapa de José Serra, depois da longa novela do vice que os tucanos passaram meses para resolver, deveu-se não só à pressão do principal aliado do PSDB, o DEM, mas em grande parte pelo fato de Índio da Costa ter sido o relator do projeto Ficha Limpa, na Câmara dos Deputados. Advogado de formação, o deputado gosta de twittar e é dessa nova rede de relacionamento da internet que tem enviado torpedos contra a candidata Dilma Rousseff: “Tem petista que diz que sou inexperiente. Tenho mais experiência que a Dilma. Muito mais!!” BIAGGIO TALENTO

Evaristo SA /AFP

Foto Milton Guran

1942

Nasce em 12 de março no bairro da Mooca, cidade de São Paulo, filho do feirante Francesco Serra e de Serafina Chirico Serra

1963

1986

Estudante da Politécnica de São Paulo, é eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Um ano depois iria para o exílio, retornando em 1978

Eleito deputado federal constituinte. Depois, senador em 1994 e ministro da Saúde entre 1998 e 2002

2002

É derrotado por Lula na eleição para presidente da República. É eleito prefeito de São Paulo em 2004 e governador, em 2006

2010

Em 31 de março, renuncia ao cargo de governador para disputar a Presidência da República

PROMESSA

MILITANTES

NOTA DE REPÚDIO

CANTEIRO DE OBRAS

CONTRA SERRA

BOM GESTOR

“Assumoo compromisso (de não renunciarao mandato de prefeito),embora adversários gostemdedizer queeuvousair para me candidatarà Presidênciada República,para governador”

“Nãotenho esquemas, não tenho máquinas oficiais, não tenho patotas corporativas,não tenho padrinhos, não tenho esquadrõesde militantes pagos comdinheiro público”

“AConfederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, vema público repudiara atitude do governadorJosé Serra, que ordenou à Polícia Militar reprimir e prender professores”

“Na economia, meucompromisso éfazero Brasil crescer mais e mais rapidamente. Vamosabrir um grande canteiro deobraspelo Brasil inteiro, como fizemosem SãoPaulo”

“Nãopodemos deixaresse José Serraganhar as eleições.Comoé queesse sujeito vai serpresidente da República? Vamos terum conflitona sociedade brasileiracom esse sujeitolá”

“Serraéum políticoduro,um homemmuito determinado,um bomgestoretem umagrande vocaçãopara o serviçopúblico.É tambémum grande defensor da América Latina”

Serra,nodiscursodaconvençãoqueo homologoucomocandidatoà PresidênciadaRepública,realizadaem Salvador,atacandosindicalistasligados aoPartidodosTrabalhadores(PT)

Notadeentidadesindicalqueprotesta apósconfrontodeprofessorespaulistas epoliciaismilitaresdurante manifestaçãoemFrancodaRocha,em marçode2010

JoséSerra,falandosobreosplanosda áreaeconômica,nodiscursoda convençãonacionaldoPSDBqueo homologoucomocandidato,em Salvador

DeputadoPaulinhodaForça(PDT-SP)em discursoanti-Serranaassembleia nacionaldaCoordenaçãodos MovimentosSociais,realizadaemSão Paulonofinaldemaio

Ex-presidenteFernandoHenrique Cardoso,elogiandoseucolegadepartido JoséSerraementrevistaaojornal espanholElPais,ementrevista publicadadia14dejunhode2010

OcandidatoJoséSerra,nodebateda Record–EleiçãodeprefeitodeSãoPaulo, 2004,fazendopromessaquenão cumpriria


6

ELEIÇÕES

1943

Nasce em Caetité no dia 19 de novembro de 1943, filho do juiz de direito Antônio Carlos Souto e da dona de casa Adélia Ganem Souto

1959

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

Trabalha como radialista na Rádio Difusora de Ilhéus, quando ainda era estudante

1962

1990

Forma-se no curso de geologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba)

DEMOCRATA Paulo Souto elegeu-se governador em 1994 e 2002. Se vencer este ano terá sido o primeiro na história da Bahia a ostentar o mandato três vezes pelo voto direto

Candidato a vice-governador, ao lado de ACM

Souto entra na corrida sucessória em 2º lugar nas pesquisas

SOUTO LUTA PARA SER CASO ÚNICO NA BAHIA PATRÍCIA FRANÇA

C

omentarista esportivo de rádio na juventude e um apaixonado por futebol, o ex-governador Paulo Souto (DEM), 67 anos, define, numa única palavra, o que a política tem de semelhante ao esporte: imprevisibilidade. Segundo o dicionário Caldas Aulete, significa qualidade de imprevisível, inesperado. Pode ser entendido, ainda, como o que surpreende. Exatamente o que Souto, duas vezes governador da Bahia, trabalha para acontecer nestas eleições. O democrata entra na corrida sucessória em 2º lugar nas pesquisas de intenção de voto e com uma tarefa árdua: suplantar a vantagem do governador Jaques Wagner (PT), líder na corrida sucessória, que tem no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o seu principal cabo eleitoral. Prestes a concluir oito anos no cargo de chefe da nação, Lula contabiliza um recorde: 77% de aprovação popular. Se superar a influência de Lula que o derrotou em 2006 e alcançar a vitória, Paulo Souto conquistará outro feito: será o primeiro político a chegar três vezes ao poder pelo voto direto. Os ex-governadores Juracy Magalhães e ACM também governaram a Bahia por três mandatos, mas só enfrentaram o voto popular uma vez. Nas ocasiões que exerceram cargo de chefe do Executivo, foi por forma indireta, indicados por regimes ditatoriais. Descoberto por ACM, que o convidou para ser vice na chapa que o elegeu governador em 1990, o cacique baiano diz no livro “Política é paixão”, publicado em 1995, que a escolha de Paulo Souto – técnico de reconhecida competência – não foi emocional. “João Durval foi resultado de uma tragédia. Agora, digo sempre em relação a Paulo Souto: Este é fruto de uma reflexão, o outro foi fruto de

1994

Elege-se governador pela primeira vez. Em 2002 é eleito para o segundo mandato

DEM e PSDB se unem para garantir apoio a José Serra Sem a presença física de ACM, morto em 2007, Paulo Souto pode se aliançar aos tucanos, com quem o democrata, ex-PFL, sempre marchou nacionalmente, mas que na Bahia, por conta da figura autoritária de ACM, fazia oposição com o PT. Com o esfacelamento da hegemonia carlista, após a vitória do governador Jaques Wagner (PT), o arco de alianças do grupo foi drasticamente reduzido a dois partidos – DEM e PSDB. É nesse palanque que o candidato tucano à Presidência da República, José Serra, enfrentará na Bahia a sua principal rival: a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), a aposta do presidente Lula para sucedê-lo na Presidência. Souto não nega sua origem política. Em resposta ao governador, para quem no método carlista de governar “a política feita é mais no constrangimento, só para os amigos”, o democrata reagiu. Disse que o petista não tem “legitimidade” para as críticas, porque tentou “cooptar”, sem se preocupar com “origem e identidade”, políticos só para garantir a reeleição. Caso de Otto Alencar (PP), que foi vice e governador carlista, e agora disputa o Senado na chapa de Jaques Wagner.

PRINCIPAIS PROPOSTAS

Saúde Construção de seis hospitais gerais, um hospital de referência em oncologia e de centros de especialidade integral Segurança Plano Emergencial de Preservação da Vida para redução de homicídios, Agência Especial de Inteligência (AEI) contra o crime organizado, Delegacia Cidadã, aumento do efetivo policial, mais presídios e valorização dos policiais Educação Programa de atenção à primeira infância, aumento do número de escolas de ensino médio em tempo integral, da oferta de cursos médios, técnicos e apoio às universidades estaduais

Agora tucano, Nilo Coelho compõe chapa com democrata

uma emoção”. Durval foi escolhido após o acidente que matou Clériston Andrade, faltando 40 dias para o pleito. Embora aliado fiel de ACM, um fato emblemático revelou que o técnico se tornara um político arguto. Impedido de disputar o governo em 1998 por ACM, que preferiu escolher César Borges para

concorrer no lugar do filho, o deputado federal Luís Eduardo Magalhães que falecera pouco antes da eleição, Souto, que fora eleito Senador, não cedeu às pressões do líder. ACM queria que ele renunciasse ao mandato de senador para assumir um ministério no governo do aliado FHC e, assim, efetivar o suplente Ro-

dolpho Tourinho. Com a jogada, ACM pretendia fragilizar Souto, que surgia como liderança no grupo carlista. Paulo Souto não aceitou e assumiu o Senado. Em 2002, sem alternativa, ACM não quis correr o risco de perder o governo do Estado e teve que aceitar apoiar Souto governador.

Nilo Coelho, vice de Souto

O ex-prefeito de Guanambi, Nilo Coelho (PSDB) foi um carlista que rompeu com ACM para ser vice na chapa que elegeu Waldir Pires (PMDB) governador da Bahia. Em 1989 assume o governo do Estado, depois que Waldir renuncia para integrar, na condição de vice, a chapa do então candidato à Presidência Ulisses Guimarães. Defenestrado por ACM, seu sucessor, que o acusou de desvios na administração (nunca foi condenado), Nilo Coelho se filia ao PSDB, legenda pela qual se elege deputado federal, em 1999. Em 2004 disputa a Prefeitura de Guanambi, cidade que já tinha governado em 1982, sendo eleito a mais um mandato. Dois anos depois se desfilia do PSDB e vai para o PP, partido pelo qual é reconduzido, em 2008, à Prefeitura de Guanambi. De volta ao PSDB em 2009, consolida-se como liderança política na região.

FALTA DE ÁGUA

INCONFORMISMO

HOMICÍDIOS

LEGITIMIDADE

DERROCADA

INAUGURAÇÕES

“O‘Água para Todos’ só ébom na televisão.Porque aqui,no Sudoeste, o que vemos são várias cidades passando dificuldades com a falta deágua”

“Soucandidato porcausado inconformismo dos baianosque não aceitama continuidadede um governo que não trabalhapara atenderàs necessidades da população”

“Nos últimos quatro anos, o que cresceu deforma substantiva na Bahia foramos índices de homicídios ede mortes porfalta deatendimento nas unidades de saúde”

“O governador não tem legitimidade, porque eletentou cooptar políticos, semsepreocupar com a origemea identidade,só para garantira reeleição”

“Ondeestáo governadorque nãobriga pelos interessesda Bahia?Os novos investimentos estãoindopara Pernambuco, Cearáe Maranhão”

Sobredenúnciadoex-prefeitodeMairi, RaimundoDentista(PSDB),dequeo governadorJaquesWagner“manda máquinaparapavimentarestradae,no outrodia,mandaretirá-la,porqueas liderançaslocaislhenegamapoioà reeleição”

Acríticafoifeitanaconvençãonacional doPSDBqueoficializou,emSalvador,a candidaturaàPresidênciadaRepública dotucanoJoséSerra.Soutodisseque“o medoeadesesperança”geraramum sentimentodedesilusãodiantedas promessaseleitoraisnãocumpridas

ReaçãodePauloSoutoàentrevistade JaquesWagnernoprogramaCanalLivre, naqualfezcríticasao“métodocarlista” degovernar,peloqual“apolíticaéfeita maisnoconstrangimento,sóparaos amigos”.Naocasião,PauloSouto classificoude“contraditórias”e“sem coerência”asopiniõesdogovernador petista

Reaçãodoex-governador,noano passado,duranteapolêmicaemtornoda retiradadadiretoriadaInfraerode SalvadorparaRecife.Soutocriticouo fatodeoAeroportoInternacionalda Bahia,omaioremaisimportantedo Nordeste,passarasergeridoporum aeroportodemenorporte,comoéocaso doAeroportodeRecife

“Amaiorparte das inaugurações na Bahiaéde projetosiniciados na administração anterior.Casodos hospitaisdeIrecê eJuazeiroeos investimentos empresariaisna Bridgestonee Nestlé”

ComentáriodePauloSoutoem MacaúbasnosfestejosdeSãoJoão, quandoláestevecomoviceNiloCoelho (PSDB)eocandidatoaoSenado,José Ronaldo(DEM).Emconversascom eleitoreseliderançaslocais,Soutose comprometeuabuscarsolução,caso eleito,elembrouque,assimcomoseu governofeznoRioParamirim,chegoua horadeperenizaroRioSantoOnofre

Infraestrutura Estadualização da Autoridade Portuária, construção da Linha Azul (estrada no entorno da Baía de Todos-os-Santos) e reforma e ampliação dos aeroportos Gestão Pública Descentralização e interiorização administrativa e consolidação de polos regionais de desenvolvimento Divulgação Divulgação

ComentáriodePauloSoutonodiada inauguraçãodaestradaItacaréCamamu,cujaobrafoiiniciadanoseu governo,aocontestarateseda“herança maldita”propaladaporseusadversários


ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

PEEMEDEBISTA Candidatura de ex-ministro quebra polarização no tabuleiro político baiano, aparece como 3ª via e abre espaço entre Wagner e Paulo Souto

GEDDEL: ESTILO POLÊMICO NA CORRIDA SUCESSÓRIA RITA CONRADO

A

candidatura de Geddel Vieira Lima (PMDB) quebrou a provável polarização do quadro político com vistas às eleições para o governo estadual na Bahia, em 2010. Abrindo espaço entre as candidaturas do governador Jaques Wagner (PT), candidato à reeleição, e do ex-governador Paulo Souto (DEM), Geddel entrou no processo com o respaldo de 115 prefeituras baianas que, em 2008, passaram a ser administradas pelo PMDB, partido que tem em Geddel a maior liderança no Estado. O estilo agressivo e o cargo de titular do Ministério da Integração Nacional – com uma das maiores verbas do governo Lula – , que ajudaram a inflar os quadros do PMDB baiano, deram a Geddel a confiança de romper com o aliado Jaques Wagner e entrar na corrida sucessória, mas as pesquisas mostram que ainda aparece em 3º lugar na preferência dos eleitores. Bem ao seu estilo, Geddel despreza as pesquisas, enquanto não lhe favorecem. “A campanha começa agora”, afirmou Geddel, cujo partido, aliado ao PT em nível nacional, cria na Bahia um segundo palanque para Dilma Rousseff (PT). Geddel nasceu em Salvador, em 1959. Dividiu os estudos entre a capital baiana e Brasília, onde concluiu a Faculdade de Administração de Empresas (UnB), aos 22 anos. Filho do deputado federal Afrísio Vieira Lima, a transferência para Brasília, ainda adolescente, foi compulsória. Só voltaria à Bahia para dar início à profissão. Retornou a Brasília aos 31 anos, por opção: disputou votos para deputado federal, sendo eleito e reeleito por cinco legislaturas, até ocupar ministério. Na Bahia, Geddel começou sua carreira no Banco do Estado da Bahia – Baneb, onde teve uma passagem rumorosa, devido a denúncias de

fraudes no investimento em ações . Um relatório do Banco Central de 1987, porém, inocentou o ex-ministro. Foi assessor da Prefeitura de Salvador, na gestão de Mário Kertész, dirigiu a Empresa de Águas e Saneamento do Estado da Bahia (Embasa), foi presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Com apoio do pai, saiu candidato a deputado federal (PMDB). [ Entre os 100 mais influentes da Câmara Federal, sua personalidade o faz ser comparado com o seu maior adversário: Antonio Carlos Magalhães. Os amigos veem em Geddel a repetição das vir-

tudes de ACM: sagacidade, determinação e atitude. Os inimigos veem a marca do ex-senador na truculência, nas vantagens pessoais e no oportunismo político.

Transposição

Como ministro, Geddel assumiu o projeto de transposição do Rio São Francisco, com proposta de atender 12 milhões de pessoas das regiões secas de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, e de desenvolvimento das regiões mais pobres do País. Mas a Bahia – apontou uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União – foi o estado mais favorecido em relação à liberação de verbas

do ministério – 37,25% do total de recursos – para ações de prevenção a desastres. Os recursos para a Bahia foram justificados com números do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) – a Bahia é o 9º pior Estado quanto ao IDH – e do IBGE, como o 4º mais populoso do País. Mesmo sendo parte da base de apoio à reeleição de Wagner, Geddel mostrou gostar mais do protagonismo político. Disputou com o governador a presidência da Assembleia Legislativa e da União dos Municípios da Bahia. A relação com o PT esfria e Geddel sela o rompimento em carta ao governador.

PRINCIPAIS PROPOSTAS

Saúde Nova carreira para os profissionais da Saúde, atraindo-os para o interior do Estado Recursos Incrementar o ambiente geral de negócios, reduzindo riscos de empreender e investir na Bahia Segurança Ocupação social de áreas marginalizadas, levando infraestrutura, centros esportivos e oficinas profissionalizantes Educação Combate à evasão escolar do ensino médio, vinculando à formação profissionalizante a oferta de emprego Energia limpa Incentivos fiscais para instalação de usinas de geração de energia eólica, solar, de biomassa e PCHs

7

DESAFIO

“ACM se especializouem chantagem. Calúniapara amedrontar.A mim,não intimida,nãome cala.Minhavidaé limpa,eelesabe disso” GeddelVieiraLima,àépocadeputado federal,sobreoex-senadorAntonio CarlosMagalhães,ementrevistaa AndreiMeirelles,darevistaÉpoca,em19 demaiode2003

TRAJETÓRIA

“OPMDB nãovai apunhalá-lo.Mas tambéméilusão acharquevai apoiarumpetista para presidente em2010,2014, 2018 eassim por diante.Sónão haveria dificuldadese o candidatofosse o presidenteLula” GeddelVieiraLima,sobreaconfiançade LulanoPMDB,ementrevistaconcedida aoBlogdoGomes,em13dedezembrode 2008

PREFEITO

1959

Nasce em 18 de março na cidade de Salvador

1991

É eleito pela primeira vez deputado federal, sendo reeleito mais quatro vezes

2007

Em 16 de março, toma posse no cargo de ministro da Integração Nacional

2010

Em 30 de março, desincompatibiliza-se do cargo de ministro para concorrer ao governo do Estado da Bahia

Divulgação

Ex-ministro Geddel Vieira Lima é a maior liderança do PMDB na Bahia

“Tenhoconvicção dequeoprefeito JoãoHenriquevai estaraonosso ladonoprojetoda eleiçãopara o governodo Estado.Apoieisua administração, conseguitrazer recursosfederais para execuçãode obras importantes” GeddelVieiraLima,anterumoressobrea aproximaçãodeJoãoHenrique(PMDB) comogovernadorJaquesWagner

Divulgação

PROPAGANDA

Vice Edmundo Pereira

Vice mantém uma postura conciliadora no jogo político O rompimento de PT e PMDB criou uma situação incomum para o peemedebista histórico Edmundo Pereira. Vice-governador na gestão Wagner, com quem mantém uma relação amistosa, Pereira permaneceu no cargo até a desincompatibilização, garantindo fidelidade ao partido. Em outubro, disputará mais uma vez o cargo de vice, mas na chapa de Geddel. Em tal situação, a postura de Edmundo – por justiça e por conveniência – recebe elogios de ambos. Wagner manteve o seu vice. Geddel, continuou com um membro do partido no governo. Pereira permaneceu onde estava, apesar das propostas – vindas especialmente do PCdoB – para que mudasse de legenda. Edmundo Pereira, que se propõe a ser vice por mais quatro anos, foi três vezes prefeito de Brumado. RITA CONRADO

“Tá faltando governo,tá faltandodecisão, disposição, iniciativa.Oque temoséum governosem projetos,sem capacidadede execuçãooude gestão,quese sustenta exclusivamente na propaganda” Geddel,sobreogovernoWagner(SiteJus Brasil,em17demaiode2010)

ELEIÇÕES

“Voulutarpara queoPMDB baianomantenha aliançacomLula, mas, se elesnão quiserem,nãovou descartarbuscar apoiocom qualquerpartido quequeira realizaronovo” GeddelVieiraLima,sobreumapossível dificuldadedeoPTnacionaleo presidenteLuizInácioLuladaSilva aceitaremamanutençãodeumsegundo palanqueparaDilmanaBahia(matéria publicadanoCorreioem15desetembro de2009)


8

ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

PLANALTO Pela primeira vez desde 1989 o petista fica fora da disputa

Desta vez, Lula sai de cena como candidato

6 30 17 julho

agosto

Início da propaganda eleitoral, que deve seguir as regras do TSE

setembro

Começa a veiculação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão

Término do período de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Data também marca o fim do período de debates e propagandas em páginas institucionais na internet

1

outubro

2 outubro

Acaba a permissão para divulgação de propaganda paga na imprensa escrita

Fim da permissão para distribuição de material de propaganda eleitoral, passeatas e carreatas

3 5

16

1º turno das eleições

outubro

outubro

Wilson Dias/ABr

outubro

Data marca o início da propaganda eleitoral para o 2º turno

29 outubro

Na Bahia, o governador petista Jaques Wagner, que teve o mérito de derrotar em 2006, no primeiro turno, o ex-governador Paulo Souto (DEM) e pôr fim à hegemonia carlista depois de 16 anos consecutivos no poder, também trabalha por uma campanha eleitoral plebiscitária. Quer que o embate se dê entre ele e o candidato democrata, que tenta voltar ao Palácio de Ondina em outubro. Mas assim como Lula não terá seu nome inscrito na urna de votação eletrônica, a eleição para governador, este ano, será a primeira sem a presença do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM) – o líder político morto em 2007 que por mais de 30 anos mandou e desmandou nos destinos do Estado. A ausência física de ACM quebrou a bipolaridade das forças políticas, que colocava carlistas e anticarlistas em la-

31 outubro

2º turno das eleições para governador ou presidente

Tabuleiro eleitoral e alternativas para 2010 DEPUTADOS FEDERAIS

Cada um dos 27 estados do País (incluindo o Distrito Federal) é representado no Congresso Nacional por um mínimo de oito deputados federais. Quantidade varia de acordo com população de cada Estado

Fim da veiculação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão

Sergio Dutti /AE / 17.02.2009

Saber o que faz cada político é importante na hora de cobrar ALANA FRAGA

Além de cumprir as promessas de campanha, é desejo dos 9.377.300 eleitores baianos que os futuros políticos exerçam o que compete a cada um nos cargos em disputa. Propor ao Congresso Nacional projetos para implantar as políticas necessárias ao País, sancionar ou vetar as leis que necessitam de quorum privilegiado são algumas das atribuições presidenciais. Competências similares, no âmbito estadual, tem o governador. Ele é 0 responsável pelo planejamento e execução das obras públicas, administração do orçamento, defesa dos interesses do Estado junto à Presidência, buscando investimentos federais. Deputados federais e estaduais, guardadas as devidas proporções, têm as mesmas atribuições. Apresentam e votam projetos de lei, fiscalizam a atuação do Poder Executivo e de instituições públicas e participam de comissões. “Junto com o Senado, os deputados federais também aprovam as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual”, explica o cientista político Joviniano Neto. Os senadores cumprem funções fiscalizadoras e julgadoras. Na função legislativa, o Senado funciona como revisor de projetos que vêm da Câmara dos Deputados. "É prevista para ser uma instância conservadora”, diz Neto.

“Lula mudou o Brasil e o Brasil quer seguir mudando” DILMA ROUSSEFF, candidata do PT à Presidência

Edu Andrade /AE / 18.5.2010

“O meio ambiente vai exigir uma ética de valores” MARINA SILVA, candidata do PV à Presidência

4 anos

(reeleições sucessivas)

39 vagas

para a Bahia

Fiscalizar a atuação do Executivo e de instituições públicas Participar de comissões (inclusive CPIs) Aprovação do orçamento anual (junto com o Senado)

R$ 16.512

DEPUTADOS ESTADUAIS O número de deputados estaduais que representam os interesses da população na Assembleia Legislativa corresponde ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados do Congresso Nacional*

Principais atribuições Apresentar e votar projetos de lei Fiscalizar a atuação do Executivo e de instituições públicas

Atenção no candidato antes, durante e depois do voto

“Fomos testados e aprovados. Juntos, o Brasil pode mais” JOSÉ SERRA, candidato do PSDB à Presidência

Presidente Lula chega ao final do segundo mandato com um índice de aprovação recorde

portanto, pode ser apontada como a grande novidade dessa eleição na Bahia, inclusive porque rachou o palanque de Dilma no Estado. Geddel e Wagner disputam as imagens de Lula e Dilma nas suas peças publicitárias. O petista quer ser o único depositário dos votos do presidente Lula, mas terá que dividi-lo com seu ex-

aliado. Souto, por sua vez, aposta na fidelidade do eleitorado carlista e na insatisfação daqueles que votaram, há quatro anos, pela mudança e se sentem frustrados.

Redes sociais

A eleição de 2010 marca, também, o ingresso da internet como poderoso recurso de co-

municação entre os candidatos e eleitores. Em nenhum outro pleito a utilização de ferramentas como twitter, páginas de relacionamentos e sites oficiais foram tão usados. Mais do que canal de diálogo entre candidatos e eleitores, a web estreia como meio de doação de dinheiro para as campanhas.

O presidente apresenta-se como o grande cabo eleitoral da ex-ministra Dilma Rousseff

“Ovotonãosignificaapenasescolha, é também esperança. Para definir seu voto, a pessoa combina emoção e razão”, avaliaocientistapolíticoJoviniano Neto.Nãoexcluindoosmotivos emocionais, os critérios racionaisdevemserlevadosemconsideração pelo eleitor ao votar. A história do candidato é o primeiro passo para entender suas propostas. "Que decisões tomou na vida política e o que fez em prol da população são aspectos primordiais", afirma Neto. O eleitor deve se preocupar em conhecer quem organiza e financia a campanha e qual o tipo de relação que o candidato tem com os seus financiadores. Segundo Neto, o eleitor deve questionar ainda a viabilidade dos projetos e se condizem com o histórico do candidato. A competência política também inclui a capacidade de dialogar com outros políticos e a população. “Em muitos casos, o voto do político deve obedecer as diretrizes partidárias. Por isso, é recomendável conhecer a ideologia dos partidos”. Para o cientista político José Paulo Martins, o voto é apenas o início de um longo processo para o eleitor. “A responsabilidade não acaba na urna. A informação é a principal arma do eleitor e fiscalizar os eleitos é um dever”. ALANA FRAGA

4 anos

(reeleições sucessivas)

Participar de comissões (inclusive CPIs)

63 vagas

Aprovação do orçamento anual (junto com o Senado)

Assembleia baiana

R$ 12.481

SENADORES São três para cada Estado. O número é o mesmo para todos porque os senadores não são representantes da população, e sim do Estado

JOVINIANO NETO Professor de ciência política da Ufba

Nas eleições presidenciais, a decisão final ocorrerá entre duas candidaturas, Dilma e Serra, que mantêm e atualizam os grandes divisores de águas presentes, desde 1945, na política brasileira: o papel do Estado; a política externa, especialmente a relação com os Estados Unidos; a democratização via direitos sociais e participação popular. A depender do desempenho de Marina Silva entra, na agenda, a variável ambiental como elemento do desenvolvimento sustentável. Sabendo o que está em jogo, antecipamos o resultado das escolhas. Das eleições, dependerá a manutenção da política externa. As declarações de Serra contra o Mercosul e sua defesa de relações bilaterais indicam maior alinhamento com os Estados Unidos e Europa, em detrimento da política Sul-Sul. A realidade limita a amplitude de eventual mudança – a crise econômica americana e europeia, a diversificação das exportações brasileiras. A vitória de Dilma manterá política que, sem confrontar, sublinha autonomia diante dos Estados Unidos. O governo Lula, especialmente no 2º mandato, investiu no fortalecimento do Estado. Dentro do capitalismo e até para o promover, o Estado assumiu o papel de condutor ou indutor do crescimento econômico e de políticas sociais voltadas para a redução da pobreza e extensão dos serviços públicos. Recompôs, parcialmente, o quadro do funcionalismo e o valor dos

9

ENQUETE

44,22 Prover educação de qualidade para os cidadãos

Qual o principal desafio para o Brasil nos próximos quatro anos? 1.081 já votaram

%

até 14h30h de sabado

33,21

Combater eficazmente o crime organizado

6,85 Ampliar alcance de políticas sociais

11,66 Reformar leis

tributárias, trabalhistas

4,07 Realizar obras sem descuidar do meio ambiente

Qual o principal problema da Bahia a ser resolvido pelo próximo governador?

66,47 Segurança Pública

677 já votaram

até 14h30h de sabado

%

11,82

Saúde

12,41

Educação

4,28

Emprego

5,02

Construção e conservação de estradas

Pesquisa feita no Portal A Tarde Online

seus salários. Estimulou o mercado interno e significativa ascensão social. A oposição defendeu a redução das despesas da máquina pública. Na democracia “a brasileira”, o quadro muda com qualquer resultado. Sem Lula, como ícone e mediador, pode-se esperar no governo Dilma um confronto mais visível entre os compo-

nentes da sua base política. O que, nele, será pressão de centrais sindicais e movimentos sociais, no governo Serra será oposição. Ambos enfrentarão dois problemas: negociar a maioria parlamentar com os partidos do centro e atender às expectativas de crescimento econômico e ascensão social.

Principais atribuições Apresentar e votar projetos de lei Fiscalizar

Minima de malis (dos males, o menor)

Aprovadora autoridades

8 anos

(reeleições sucessivas)

2

vagas baianas

R$ 16.512

Wilson Dias/ABr/ 19.5.2010

dos opostos, e gerou um ambiente favorável ao surgimento da candidatura do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). Rompido com o governador petista Jaques Wagner, mas aliado de Lula e Dilma Rousseff, Geddel se apresenta como uma terceira via de poder na Bahia. A candidatura do peemedebista,

OS CARGOS

Veja quantos são e as principais atribuições dos políticos que serão eleitos este ano

Apresentar e votar projetos de lei

A

Governo baiano

Início dos 15 dias de veiculação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão

Principais atribuições

PATRÍCIA FRANÇA

s eleições de 2010 serão um marco na história política do País. Pela primeira vez desde 1989, com a redemocratização do Brasil, Lula não disputará a Presidência da República e, num salto em relação à eleição de 2006 – quando a ex-senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) cravou seu nome como a primeira mulher a disputar o cargo de presidente – duas candidatas colocam seus nomes como alternativa para comandar a nação: a senadora Marina Silva (PV-AC) e a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT-RS), sendo que a petista – uma aposta pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva –, já alcançou, a três meses do pleito, a marca de 40% das intenções de votos do eleitorado brasileiro. Ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, Marina Silva, representante do segmento evangélico na corrida sucessória, traz para o cerne da campanha presidencial o debate sobre “questões ambientais e o desenvolvimento sustentável”. Dilma Rousseff encarna o “continuísmo da obra do presidente Lula”, como a ampliação do seu principal programa social, o Bolsa Família, e um discurso “contra o retrocesso”. O PSDB, o principal partido de oposição ao governo, joga com a experiência administrativa de José Serra – ex-ministro da Saúde, ex-senador e governador do maior Estado da Federação – ao propor um “Brasil que pode mais”. O presidenciável tucano, que até o mês passado era líder absoluto na corrida sucessória, disputa agora, um frenético empate técnico com a candidata petista. O ex-governador de São Paulo concorreu e perdeu para Lula nas eleições presidenciais de 2002, quando o também tucano Fernando Henrique Cardoso, por oito anos presidente do Brasil, esperava fazê-lo seu sucessor. O presidente Lula, que chega ao final do segundo mandato com um índice de aprovação recorde nunca antes alcançado por um presidente, apresenta-se como o grande cabo eleitoral de Dilma para dá continuidade ao projeto que ele e o seu partido, o PT, traçaram para ficar no poder por pelo menos 20 anos. Por isso, deseja eleição plebiscitária, pela qual o eleitor possa comparar os oito de seu governo com os oito de FHC.

ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

Funcionar como Câmara revisora de projetos da Câmara dos Deputados

ISRAEL ALEXANDRIA COSTA Professor de filosofia da Ufba

Aprovação do orçamento anual (junto com Câmara dos Deputados)

Toda eleição política impõe uma tomada de decisão, seja esta baseada num sentimento ou numa escolha racional. Em todo caso, tal decisão nos compromete substancialmente. O compromisso de elegeraroupaquevestiremos paraumpasseiodequatrohoras não é substancial como o de eleger quem vai nos governar por quatro anos. Numa eleição política, põe-se em ação a substância do eu e suas inescapáveis circunstâncias. Contudo, há quem acredite que a parte substancial de nós mesmos pertence a um plano transcendente. Outros levam adiante essa crença e afirmam que a existência da nossa alma metafísica implica que uma eleição política, na qual se decide sobre o corpo material e mortal, é coisa menos importante que uma eleição religiosa, na qual se decide sobre nossa alma espiritual e imortal. É de se duvidar que tal credo possa coe-

GOVERNADOR

Representa o Poder Executivo na esfera dos estados e Distrito Federal

Principais atribuições

Planejamento e execução de obras públicas Administrar o orçamento

Nomear secretários e cargos de confiança Apresentar projetos de lei, inclusive o do orçamento

4 anos

Sancionar ou vetar leis aprovadas pela Assembleia Legislativa

R$ 12.481

(pode ser reeleito)

PRESIDENTE Representante do País e mais alto cargo do Poder Executivo

4 anos

(pode ser reeleito)

OSWALDO GUERRA? Doutor em Economia pela Unicamp

Propõe ao Congresso Nacional planos e projetos para políticas que considera necessárias ao País

Nos anos 1990, os governos do PFL envolveram-se ativamente na guerra de incentivos e articularam para que o governo FHC concedesse atrativos diferenciados para a região Nordeste. Em decorrência, vários empreendimentos vieram para a Bahia, resultando, entre 2003 e 2006, em taxas de crescimento econômico superiores a média brasileira. Pernambuco não foi protagonista na guerra de incentivos

R$ 11.420

*Quem tem bancadas maiores

Prevê orçamentos e investimentos Condução da política externa

que 12 deputados segue a regra até chegar a 36 cadeiras na Assembleia; daí para a frente, cada deputado federal vale um estadual

Ora, a democracia não é a mais feliz, ou a melhor, forma de governo

promoveu uma intolerância à base de fogueiras. Da modernidade, sabemos de negociantes que usaram da retórica religiosa para instaurar um despotismo "esclarecido" à base de guilhotinas. Sacerdotes que viraram políticos e políticos que viraram sacerdotes: todos eles sonharam com paraísos de felicidade para seus rebanhos, mas o que realizaram, de fato, foram infernos bem reais como Auschwitz. Serve de desculpa para essas lideranças arrependidas a observação de M. Kundera: "Os regimes criminosos não foram feitos por criminosos, mas por entusiastas convencidos de terem descoberto o único caminho para o paraíso" (A insustentável leveza do ser, V, 2). Ora, a democracia não é a mais feliz, ou a melhor, forma de governo, mas, ao cuidar para que os grandes males dos regimes despóticos não sejam liberados, ela garante, ao menos, nossa não-infelicidade. Minima de malis (dos males, o menor).

A economia e o pleito na Bahia

Principais atribuições Aprova ou veta leis

xistir em paz com a ideia de que o natural egoísmo do homem está na origem dessa inclinação que faz a promessa político-democrática de igualdade e bem-estar com os semelhantes parecer menos atraente que a promessa religiosa que o diferencia dos outros em nome de um ideal aristocrático de felicidade dos santos. Importa destacar que essa promessa religiosa mostrou-se violenta quando assumiu o poder político-administrativo. Do medievo, aprendemos que o clero tornou-se liderança política e

nem atraiu grandes empreendimentos. Ele optou por investir em infraestrutura, com destaque para o porto e a área industrial de Suape.

Pernambuco

Em 2006, o governo do PT abandonou a guerra de incentivos e Pernambuco começou a colher os frutos dos investimentos em infraestrutura. Some-se a isto sua permanência nessa guerra e o fato do governador ser também da base aliada do presidente Lula, que teria se comprometido a ajudar no direcionamento de investimen-

tos para seu estado natal, e explica-se o atual dinamismo da economia pernambucana. Em suma, a guerra de incentivos é uma forma de atrair investimentos para regiões com desvantagens competitivas. Todavia, não se deve apostar apenas nela, pois não se pode conceder incentivos eternamente. Sendo assim, os candidatos devem apresentar propostas para atacar as conhecidas fragilidades competitivas baianas, especialmente em termos de educação, ciência e tecnologia e infraestrutura.


8

ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

PLANALTO Pela primeira vez desde 1989 o petista fica fora da disputa

Desta vez, Lula sai de cena como candidato

6 30 17 julho

agosto

Início da propaganda eleitoral, que deve seguir as regras do TSE

setembro

Começa a veiculação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão

Término do período de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Data também marca o fim do período de debates e propagandas em páginas institucionais na internet

1

outubro

2 outubro

Acaba a permissão para divulgação de propaganda paga na imprensa escrita

Fim da permissão para distribuição de material de propaganda eleitoral, passeatas e carreatas

3 5

16

1º turno das eleições

outubro

outubro

Wilson Dias/ABr

outubro

Data marca o início da propaganda eleitoral para o 2º turno

29 outubro

Na Bahia, o governador petista Jaques Wagner, que teve o mérito de derrotar em 2006, no primeiro turno, o ex-governador Paulo Souto (DEM) e pôr fim à hegemonia carlista depois de 16 anos consecutivos no poder, também trabalha por uma campanha eleitoral plebiscitária. Quer que o embate se dê entre ele e o candidato democrata, que tenta voltar ao Palácio de Ondina em outubro. Mas assim como Lula não terá seu nome inscrito na urna de votação eletrônica, a eleição para governador, este ano, será a primeira sem a presença do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM) – o líder político morto em 2007 que por mais de 30 anos mandou e desmandou nos destinos do Estado. A ausência física de ACM quebrou a bipolaridade das forças políticas, que colocava carlistas e anticarlistas em la-

31 outubro

2º turno das eleições para governador ou presidente

Tabuleiro eleitoral e alternativas para 2010 DEPUTADOS FEDERAIS

Cada um dos 27 estados do País (incluindo o Distrito Federal) é representado no Congresso Nacional por um mínimo de oito deputados federais. Quantidade varia de acordo com população de cada Estado

Fim da veiculação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão

Sergio Dutti /AE / 17.02.2009

Saber o que faz cada político é importante na hora de cobrar ALANA FRAGA

Além de cumprir as promessas de campanha, é desejo dos 9.377.300 eleitores baianos que os futuros políticos exerçam o que compete a cada um nos cargos em disputa. Propor ao Congresso Nacional projetos para implantar as políticas necessárias ao País, sancionar ou vetar as leis que necessitam de quorum privilegiado são algumas das atribuições presidenciais. Competências similares, no âmbito estadual, tem o governador. Ele é 0 responsável pelo planejamento e execução das obras públicas, administração do orçamento, defesa dos interesses do Estado junto à Presidência, buscando investimentos federais. Deputados federais e estaduais, guardadas as devidas proporções, têm as mesmas atribuições. Apresentam e votam projetos de lei, fiscalizam a atuação do Poder Executivo e de instituições públicas e participam de comissões. “Junto com o Senado, os deputados federais também aprovam as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual”, explica o cientista político Joviniano Neto. Os senadores cumprem funções fiscalizadoras e julgadoras. Na função legislativa, o Senado funciona como revisor de projetos que vêm da Câmara dos Deputados. "É prevista para ser uma instância conservadora”, diz Neto.

“Lula mudou o Brasil e o Brasil quer seguir mudando” DILMA ROUSSEFF, candidata do PT à Presidência

Edu Andrade /AE / 18.5.2010

“O meio ambiente vai exigir uma ética de valores” MARINA SILVA, candidata do PV à Presidência

4 anos

(reeleições sucessivas)

39 vagas

para a Bahia

Fiscalizar a atuação do Executivo e de instituições públicas Participar de comissões (inclusive CPIs) Aprovação do orçamento anual (junto com o Senado)

R$ 16.512

DEPUTADOS ESTADUAIS O número de deputados estaduais que representam os interesses da população na Assembleia Legislativa corresponde ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados do Congresso Nacional*

Principais atribuições Apresentar e votar projetos de lei Fiscalizar a atuação do Executivo e de instituições públicas

Atenção no candidato antes, durante e depois do voto

“Fomos testados e aprovados. Juntos, o Brasil pode mais” JOSÉ SERRA, candidato do PSDB à Presidência

Presidente Lula chega ao final do segundo mandato com um índice de aprovação recorde

portanto, pode ser apontada como a grande novidade dessa eleição na Bahia, inclusive porque rachou o palanque de Dilma no Estado. Geddel e Wagner disputam as imagens de Lula e Dilma nas suas peças publicitárias. O petista quer ser o único depositário dos votos do presidente Lula, mas terá que dividi-lo com seu ex-

aliado. Souto, por sua vez, aposta na fidelidade do eleitorado carlista e na insatisfação daqueles que votaram, há quatro anos, pela mudança e se sentem frustrados.

Redes sociais

A eleição de 2010 marca, também, o ingresso da internet como poderoso recurso de co-

municação entre os candidatos e eleitores. Em nenhum outro pleito a utilização de ferramentas como twitter, páginas de relacionamentos e sites oficiais foram tão usados. Mais do que canal de diálogo entre candidatos e eleitores, a web estreia como meio de doação de dinheiro para as campanhas.

O presidente apresenta-se como o grande cabo eleitoral da ex-ministra Dilma Rousseff

“Ovotonãosignificaapenasescolha, é também esperança. Para definir seu voto, a pessoa combina emoção e razão”, avaliaocientistapolíticoJoviniano Neto.Nãoexcluindoosmotivos emocionais, os critérios racionaisdevemserlevadosemconsideração pelo eleitor ao votar. A história do candidato é o primeiro passo para entender suas propostas. "Que decisões tomou na vida política e o que fez em prol da população são aspectos primordiais", afirma Neto. O eleitor deve se preocupar em conhecer quem organiza e financia a campanha e qual o tipo de relação que o candidato tem com os seus financiadores. Segundo Neto, o eleitor deve questionar ainda a viabilidade dos projetos e se condizem com o histórico do candidato. A competência política também inclui a capacidade de dialogar com outros políticos e a população. “Em muitos casos, o voto do político deve obedecer as diretrizes partidárias. Por isso, é recomendável conhecer a ideologia dos partidos”. Para o cientista político José Paulo Martins, o voto é apenas o início de um longo processo para o eleitor. “A responsabilidade não acaba na urna. A informação é a principal arma do eleitor e fiscalizar os eleitos é um dever”. ALANA FRAGA

4 anos

(reeleições sucessivas)

Participar de comissões (inclusive CPIs)

63 vagas

Aprovação do orçamento anual (junto com o Senado)

Assembleia baiana

R$ 12.481

SENADORES São três para cada Estado. O número é o mesmo para todos porque os senadores não são representantes da população, e sim do Estado

JOVINIANO NETO Professor de ciência política da Ufba

Nas eleições presidenciais, a decisão final ocorrerá entre duas candidaturas, Dilma e Serra, que mantêm e atualizam os grandes divisores de águas presentes, desde 1945, na política brasileira: o papel do Estado; a política externa, especialmente a relação com os Estados Unidos; a democratização via direitos sociais e participação popular. A depender do desempenho de Marina Silva entra, na agenda, a variável ambiental como elemento do desenvolvimento sustentável. Sabendo o que está em jogo, antecipamos o resultado das escolhas. Das eleições, dependerá a manutenção da política externa. As declarações de Serra contra o Mercosul e sua defesa de relações bilaterais indicam maior alinhamento com os Estados Unidos e Europa, em detrimento da política Sul-Sul. A realidade limita a amplitude de eventual mudança – a crise econômica americana e europeia, a diversificação das exportações brasileiras. A vitória de Dilma manterá política que, sem confrontar, sublinha autonomia diante dos Estados Unidos. O governo Lula, especialmente no 2º mandato, investiu no fortalecimento do Estado. Dentro do capitalismo e até para o promover, o Estado assumiu o papel de condutor ou indutor do crescimento econômico e de políticas sociais voltadas para a redução da pobreza e extensão dos serviços públicos. Recompôs, parcialmente, o quadro do funcionalismo e o valor dos

9

ENQUETE

44,22 Prover educação de qualidade para os cidadãos

Qual o principal desafio para o Brasil nos próximos quatro anos? 1.081 já votaram

%

até 14h30h de sabado

33,21

Combater eficazmente o crime organizado

6,85 Ampliar alcance de políticas sociais

11,66 Reformar leis

tributárias, trabalhistas

4,07 Realizar obras sem descuidar do meio ambiente

Qual o principal problema da Bahia a ser resolvido pelo próximo governador?

66,47 Segurança Pública

677 já votaram

até 14h30h de sabado

%

11,82

Saúde

12,41

Educação

4,28

Emprego

5,02

Construção e conservação de estradas

Pesquisa feita no Portal A Tarde Online

seus salários. Estimulou o mercado interno e significativa ascensão social. A oposição defendeu a redução das despesas da máquina pública. Na democracia “a brasileira”, o quadro muda com qualquer resultado. Sem Lula, como ícone e mediador, pode-se esperar no governo Dilma um confronto mais visível entre os compo-

nentes da sua base política. O que, nele, será pressão de centrais sindicais e movimentos sociais, no governo Serra será oposição. Ambos enfrentarão dois problemas: negociar a maioria parlamentar com os partidos do centro e atender às expectativas de crescimento econômico e ascensão social.

Principais atribuições Apresentar e votar projetos de lei Fiscalizar

Minima de malis (dos males, o menor)

Aprovadora autoridades

8 anos

(reeleições sucessivas)

2

vagas baianas

R$ 16.512

Wilson Dias/ABr/ 19.5.2010

dos opostos, e gerou um ambiente favorável ao surgimento da candidatura do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). Rompido com o governador petista Jaques Wagner, mas aliado de Lula e Dilma Rousseff, Geddel se apresenta como uma terceira via de poder na Bahia. A candidatura do peemedebista,

OS CARGOS

Veja quantos são e as principais atribuições dos políticos que serão eleitos este ano

Apresentar e votar projetos de lei

A

Governo baiano

Início dos 15 dias de veiculação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão

Principais atribuições

PATRÍCIA FRANÇA

s eleições de 2010 serão um marco na história política do País. Pela primeira vez desde 1989, com a redemocratização do Brasil, Lula não disputará a Presidência da República e, num salto em relação à eleição de 2006 – quando a ex-senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) cravou seu nome como a primeira mulher a disputar o cargo de presidente – duas candidatas colocam seus nomes como alternativa para comandar a nação: a senadora Marina Silva (PV-AC) e a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT-RS), sendo que a petista – uma aposta pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva –, já alcançou, a três meses do pleito, a marca de 40% das intenções de votos do eleitorado brasileiro. Ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, Marina Silva, representante do segmento evangélico na corrida sucessória, traz para o cerne da campanha presidencial o debate sobre “questões ambientais e o desenvolvimento sustentável”. Dilma Rousseff encarna o “continuísmo da obra do presidente Lula”, como a ampliação do seu principal programa social, o Bolsa Família, e um discurso “contra o retrocesso”. O PSDB, o principal partido de oposição ao governo, joga com a experiência administrativa de José Serra – ex-ministro da Saúde, ex-senador e governador do maior Estado da Federação – ao propor um “Brasil que pode mais”. O presidenciável tucano, que até o mês passado era líder absoluto na corrida sucessória, disputa agora, um frenético empate técnico com a candidata petista. O ex-governador de São Paulo concorreu e perdeu para Lula nas eleições presidenciais de 2002, quando o também tucano Fernando Henrique Cardoso, por oito anos presidente do Brasil, esperava fazê-lo seu sucessor. O presidente Lula, que chega ao final do segundo mandato com um índice de aprovação recorde nunca antes alcançado por um presidente, apresenta-se como o grande cabo eleitoral de Dilma para dá continuidade ao projeto que ele e o seu partido, o PT, traçaram para ficar no poder por pelo menos 20 anos. Por isso, deseja eleição plebiscitária, pela qual o eleitor possa comparar os oito de seu governo com os oito de FHC.

ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

Funcionar como Câmara revisora de projetos da Câmara dos Deputados

ISRAEL ALEXANDRIA COSTA Professor de filosofia da Ufba

Aprovação do orçamento anual (junto com Câmara dos Deputados)

Toda eleição política impõe uma tomada de decisão, seja esta baseada num sentimento ou numa escolha racional. Em todo caso, tal decisão nos compromete substancialmente. O compromisso de elegeraroupaquevestiremos paraumpasseiodequatrohoras não é substancial como o de eleger quem vai nos governar por quatro anos. Numa eleição política, põe-se em ação a substância do eu e suas inescapáveis circunstâncias. Contudo, há quem acredite que a parte substancial de nós mesmos pertence a um plano transcendente. Outros levam adiante essa crença e afirmam que a existência da nossa alma metafísica implica que uma eleição política, na qual se decide sobre o corpo material e mortal, é coisa menos importante que uma eleição religiosa, na qual se decide sobre nossa alma espiritual e imortal. É de se duvidar que tal credo possa coe-

GOVERNADOR

Representa o Poder Executivo na esfera dos estados e Distrito Federal

Principais atribuições

Planejamento e execução de obras públicas Administrar o orçamento

Nomear secretários e cargos de confiança Apresentar projetos de lei, inclusive o do orçamento

4 anos

Sancionar ou vetar leis aprovadas pela Assembleia Legislativa

R$ 12.481

(pode ser reeleito)

PRESIDENTE Representante do País e mais alto cargo do Poder Executivo

4 anos

(pode ser reeleito)

OSWALDO GUERRA? Doutor em Economia pela Unicamp

Propõe ao Congresso Nacional planos e projetos para políticas que considera necessárias ao País

Nos anos 1990, os governos do PFL envolveram-se ativamente na guerra de incentivos e articularam para que o governo FHC concedesse atrativos diferenciados para a região Nordeste. Em decorrência, vários empreendimentos vieram para a Bahia, resultando, entre 2003 e 2006, em taxas de crescimento econômico superiores a média brasileira. Pernambuco não foi protagonista na guerra de incentivos

R$ 11.420

*Quem tem bancadas maiores

Prevê orçamentos e investimentos Condução da política externa

que 12 deputados segue a regra até chegar a 36 cadeiras na Assembleia; daí para a frente, cada deputado federal vale um estadual

Ora, a democracia não é a mais feliz, ou a melhor, forma de governo

promoveu uma intolerância à base de fogueiras. Da modernidade, sabemos de negociantes que usaram da retórica religiosa para instaurar um despotismo "esclarecido" à base de guilhotinas. Sacerdotes que viraram políticos e políticos que viraram sacerdotes: todos eles sonharam com paraísos de felicidade para seus rebanhos, mas o que realizaram, de fato, foram infernos bem reais como Auschwitz. Serve de desculpa para essas lideranças arrependidas a observação de M. Kundera: "Os regimes criminosos não foram feitos por criminosos, mas por entusiastas convencidos de terem descoberto o único caminho para o paraíso" (A insustentável leveza do ser, V, 2). Ora, a democracia não é a mais feliz, ou a melhor, forma de governo, mas, ao cuidar para que os grandes males dos regimes despóticos não sejam liberados, ela garante, ao menos, nossa não-infelicidade. Minima de malis (dos males, o menor).

A economia e o pleito na Bahia

Principais atribuições Aprova ou veta leis

xistir em paz com a ideia de que o natural egoísmo do homem está na origem dessa inclinação que faz a promessa político-democrática de igualdade e bem-estar com os semelhantes parecer menos atraente que a promessa religiosa que o diferencia dos outros em nome de um ideal aristocrático de felicidade dos santos. Importa destacar que essa promessa religiosa mostrou-se violenta quando assumiu o poder político-administrativo. Do medievo, aprendemos que o clero tornou-se liderança política e

nem atraiu grandes empreendimentos. Ele optou por investir em infraestrutura, com destaque para o porto e a área industrial de Suape.

Pernambuco

Em 2006, o governo do PT abandonou a guerra de incentivos e Pernambuco começou a colher os frutos dos investimentos em infraestrutura. Some-se a isto sua permanência nessa guerra e o fato do governador ser também da base aliada do presidente Lula, que teria se comprometido a ajudar no direcionamento de investimen-

tos para seu estado natal, e explica-se o atual dinamismo da economia pernambucana. Em suma, a guerra de incentivos é uma forma de atrair investimentos para regiões com desvantagens competitivas. Todavia, não se deve apostar apenas nela, pois não se pode conceder incentivos eternamente. Sendo assim, os candidatos devem apresentar propostas para atacar as conhecidas fragilidades competitivas baianas, especialmente em termos de educação, ciência e tecnologia e infraestrutura.


10

ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

PETISTA Recado do presidente para Jaques Wagner: “Manda meu abraço e vê se ele se elege governador na Bahia”

O “GALEGO” APOSTA NO APOIO DE LULA REGINA BOCHICCHIO

O

governador Jaques Wagner (PT) concorre à reeleição com apoio explícito do presidente Lula, revelado pela candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT), em sua passagem pela Bahia durante Convenção Estadual, 27/06. “Manda meu abraço e vê se ele se elege governador na Bahia”, foi o recado que Lula mandou para Wagner através de Dilma. Wagner disputa, agora, sem o principal aliado que o ajudou a ser eleito em 2006, o PMDB de Geddel Vieira Lima. O peemedebista também "cola" na imagem de Lula e sustenta o segundo palanque de Dilma. Wagner, “o galego” – como o chama Lula e que virou marca de campanha usada no jingle deste ano –, costuma dizer que é um homem que busca o diálogo. Isso funcionou em 2006 quando conseguiu reunir as esquerdas baianas em torno de seu projeto e trouxe para seu lado Geddel, antes feroz crítico de Lula, quem após vitórias local e nacional passou ao comando do Ministério da Integração, principal administrador das verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com essa coalizão, Wagner venceu no 1º turno com 52% dos votos, defenestrando do poder o grupo carlista. Dois anos e meio depois, o PMDB rompeu com o governo alegando, entre outras coisas, falta de diálogo. O diálogo deu certo, porém, com o ex-adversário PP que fechou com o PT em 2009 e tem a vaga de vice na chapa de Wagner, Otto Alencar. O PRB da bancada evangélica também está do lado petista.

Otto, o melhor do time adversário, afirma Wagner

PRINCIPAIS PROPOSTAS

Saúde Fortalecer e consolidar o SUS e o Programa Saúde da Família; ampliar a rede estadual de saúde, com a expansão de unidades, equipamentos e serviços de alta e média complexidades

Identificado como “o melhor do time adversário” pelo governador Jaques Wagner , o vice na chapa petista, Otto Alencar (PP), foi ex-governador do grupo carlista em 2002. Mudou de lado? “Eu não posso ter mudado de lado porque quando eu deixei a política, em 2004, eu disse que estava concluindo meu ciclo no carlismo. Me afastei da política e fui para o Tribunal (de Contas)”, diz. Aos 63 anos, o baiano Otto Alencar, nascido no município de Ruy Barbosa, formado médico pela Ufba, contabiliza vasta experiência política. Ele que recentemente passou por sério problema de saúde, diz estar bem e que gosta de coisas simples como natureza, MPB e capoeira. “Joguei capoeira e toco muito bem o berimbau”, revela. Depois de atuar como médico e professor decidiu concorrer a um cargo público em 1987, quando foi eleito deputado estadual pelo PTB. Ligou-se ao grupo de Antonio Carlos Magalhães, filiou-se ao antigo PL (atual PR). Foi eleito vice-governador em 1998 na chapa de César Borges (PFL, hoje DEM). Assumiu o governo de abril a dezembro de 2002 e foi, ainda, secretário da Indústria e Comércio em 2003. No ano seguinte assumiu uma cadeira no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), por indicação de ACM, e lá ficou até março de 2010, quando filiou-se ao PP, aliado do PT.

Educação Elevar a escolaridade e qualificação da população intensificando a participação e o controle social na gestão da Educação Pública Estadual; consolidar o Programa Todos pela Alfabetização – Topa Segurança Garantir a segurança da população abordando a temática de forma transversal e com a participação da sociedade, para reduzir os índices de criminalidade e violência. Consolidar a política de segurança pública, aprofundando as ações articuladas de prevenção e repressão, dotando a polícia com tecnologia, equipamentos, viaturas e inteligência

O papo se estendeu, ainda, com o PR de César Borges, que preferiu, porém, a conversa de Geddel. Wagner concorre à reeleição enfrentando duras críticas nas áreas de Segurança e Saúde, sobretudo. A coligação reúne sete partidos: PT, PP, PSB, PDT, PCdoB, PRB e PSL. São mais de cinco minutos de TV.

Divulgação

Trajetória começou em 1973 Quando, em 1973, o jovem estudante de engenharia, militante do PCdoB e diretor do Centro Acadêmico PUC do Rio de Janeiro teve de fugir para não ser preso pelos militares, ele não imaginou que na Bahia, para onde veio, 33 anos depois, seria o governador. O rapaz carioca de olhos azuis, filho de judeus poloneses, Jaques Wagner foi trabalhar como técnico do Polo Petroquímico de Camaçari, tornando-se, mais tarde, líder sindical, chegando a dirigir o Sindiquímica. Mas foi em 1980, durante visita do então líder sindical Lula à Bahia, que Wagner selou seu destino político. Dali

nasceu a amizade de Lula com o “galego”. Wagner ajudou a fundar o PT baiano e elegeu-se deputado federal, a partir de 1990, por três vezes consecutivas. Teve três filhos com a primeira esposa, Beth Wagner (PV). Casou-se, mais tarde, com a primeira-dama Fátima Mendonça. Wagner concorreu ao governo em 2002, mas perdeu para Paulo Souto (DEM), com 38% dos votos. Mas Lula era, agora, presidente, e Wagner foi nomeado ministro do Trabalho e Emprego. Em 2005, assumiu, ainda, a pasta de Relações Institucionais. Vence as eleições para governo em 2006, no primeiro turno.

Jaques Wagner concorre à reeleição com uma coligação formada por sete partidos

Otto Alencar, do PP, é o vice da chapa petista Manu Dias/AGECOM

1959

Nasce em 16 de março na cidade do Rio de Janeiro. Filho de José e Paulina, judeus poloneses que migraram para o Brasil fugindo do nazismo

1973

Estudante de engenharia da PUC perseguido pelo regime militar, foge para não ser preso. Em 1974, chega à Bahia e começa a trabalhar no Polo Petroquímico

1980

Conhece o então líder sindical do ABC paulista Luiz Inácio, o Lula. Tempos depois, ajuda a fundar o PT baiano. Em 1990, é eleito deputado federal. Reelege-se duas vezes.

2002

Disputa o governo da Bahia, mas perde para Paulo Souto (DEM). Quatro anos depois, vence a disputa em 1º turno com 52% dos votos válidos

2010

Disputa reeleição para governo do Estado contra os adversários Paulo Souto (DEM) e Geddel Veira Lima (PMDB), ex-aliado

FIM DA “PANELINHA”

GOVERNO LULA

PMDB E GEDDEL

COPA 2014

PONTE DE ITAPARICA

CONTAS DE 2008

“A Bahia era feita com esse risco no chão: a favor e contra. Só que as pessoas nãovão ficar o resto da vida: ’Eufui do PFL’ ou ’eu fui do DEM’, comum carimbo,uma manchana cabeça”

“Agente primeiro faz onecessário, depois o possível e, quandomenos se espera,fazo impossível... Se alguémfalasse, em 2002,queo Brasiliapagara dívidaexterna, iam dizerqueera demagogia”

“O MP ésomente uma opinião.Fico atépreocupado com essapostura, porque quem fiscaliza não paga o preço do fracassodeuma obra quepode trazera Copa do Mundo para a Bahia”

“JoãoUbaldoéum grande escritor, nãoseise éum grande urbanista, mas temodireito deemitira opiniãodele.Mas nãoachoquea opiniãodeleé referencial.É uma opiniãodeum cidadão”

“Nãovouentrar noméritodo parecer,queele(o conselheiroPedro Lino)temtodoo direitodefazer. Mais importante quea minha opiniãoéa dos outrosseis conselheiros”

DeclaraçãodogovernadorWagnerem entrevistacoletiva,duranteaberturados trabalhoslegislativosde2010,num momentoemqueoPTestavaprestesa fecharaliançacomoPR,deCésarBorges

Discursodahomologaçãodachapa petistabaiana,comapresençadeDilma Rousseff(PT),duranteConvenção EstadualdoPT,dia27dejunhodesteano, noCentrodeConvenções

“Medói a incompreensão, a deslealdade,a ingratidão daquelesquenão eram, enão adianta mentir, o quesão hojeantes deencostar no projeto do governador Wagneredo presidente Lula”

Comentandoprocedimentoabertopelo MPparainvestigarlegalidadedo contratodeparceriapúblico-privada entreEstadoeconsórcioOAS/Odebrecht paraconstruçãodaFonteNova

Ogovernadorrebatecríticasdoescritor JoãoUbaldoRibeiroaoprojetode construçãodaponteSalvador-Itaparica, noartigoAdeus,Itaparica,publicadoem fevereirode2010emATARDE

Wagner,referindo-seaoPMDBeseu principalrepresentante,GeddelVieira Lima,quesaiudaadministraçãopetista emjulhode2009

DeclaraçãodeWagnersobreoparecer técnicodoconselheirodoTribunalde ContasdoEstado(TCE),PedroLino,que pediuarejeiçãodascontasrelativasao exercíciode2008.Linoapontava operaçõesfinanceirasirregulares. Governonegou.Contasforamaprovadas


ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

2004

2009

Marcos Mendes (PSOL) desfilia-se do PT para fundar o PSOL

Luiz Bassuma (PV) é suspenso pelo PT por “quebra da ética partidária” e filia-se ao PV

2005

Sandro Santa Bárbara (PCB) desfilia-se do PT e ingressa no PCB

11

2008

Professor Carlos ingressa no PSTU juntamente com o grupo do movimento estudantil Coletivo Caus

Marcos Mendes

NANICOS Disputas internas nos cenários local e nacional podem prejudicar a divulgação de candidaturas do PV, PSOL, PSTU e PCB ao governo baiano. As siglas não conseguiram repetir a “frente de esquerda” feita na eleição de 2006

PRINCIPAIS PROPOSTAS

VERDES E COMUNISTAS VÃO À LUTA POR VOTOS

Luiz Bassuma (PV) Harmonizar desenvolvimento econômico e sustentabilidade, valorizar as carreiras públicas na área da educação, unificar as polícias Civil e Militar, integrar políticas públicas e reestruturar o Sistema Único de Saúde (SUS)

Engenheiro Luiz Bassuma saiu do PT e agora disputa o governo do Estado pelo Partido Verde

JOSÉ LOPES

M

ais que o restrito tempo de programa no horário eleitoral, as disputas que envolvem suas legendas no cenário nacional e os embates internos podem criar obstáculos à divulgação das candidaturas do PV, PSOL, PSTU e PCB ao governo do Estado. No PV, os embates foram travados entre governistas favoráveis à aliança com o PT – ligados ao ministro da Cultura Juca Ferreira, ao ex-secretário estadual do Meio Ambiente, Juliano Matos, e à ex-diretora geral do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Beth Wagner – e defensores da candidatura ao governo do ex-petista Luiz Bassuma. O partido viveu polêmica ao decidir pelo lançamento de apenas um candidato ao Senado, a do deputado federal Edson Duarte. Beth Wagner e o presidente da Banda Olodum, Antônio Jorge, fizeram barulho pelo lançamento da segunda vaga. Vencidos nas convenções, defenderam a unidade partidária.

Marcos Mendes (PSOL) Fazer reforma agrária, intensificar políticas públicas de convivência com o semiárido baiano, criar sistemas de cooperativas para produção de biocombustível e valorizar as carreiras no serviço público estadual Professor Carlos (PSTU) Redução da jornada de trabalho do funcionalismo público para 36 horas semanais, dobrar o salário mínimo no Estado até atingir o mínimo recomendado pelo Dieese e estatizar a gestão dos hospitais públicos Sandro Santa Bárbara (PCB) Prestar contas das ações do governo de maneira mais simples, direta e eficaz, e criar os Conselhos Populares em locais de trabalho, estudo, moradia, cultura e lazer para desenvolver a democracia participativa e fortalecer a organização popular

Tendências

Quem também tem enfrentado disputas acirradas entre suas tendências é o PSOL baiano. Os conflitos ficaram explícitos durante as prévias realizadas em março deste ano e que confirmaram o nome do presidente estadual Marcos Mendes como pré-candidato ao governo. Ligado à corrente Enlace e apoiado pelos Movimentos Esquerda Socialista (MES) e dos Trabalhadores Livres (MTL), Mendes derrotou Hamílton Assis, da Ação Popular Socialista (APS), mesma tendência de Hilton Coelho, o “Hilton 50”, candidato a prefeito de Salvador em 2008. Recentemente, Assis conseguiu emplacar a candidatura a vice-presidente da República na chapa de Plínio Arruda Sampaio, mas desde as prévias a executiva estadual do partido tem encontrado dificuldades para se reunir e tomar decisões.

Única mulher entre os candidatos a vice dos nanicos Mulher, portadora de esclerose múltipla, cadeirante e veterinária. Com estes atributos, a candidata a vice-governadora pelo Partido Verde, Lília Amorim, espera contribuir para a causa que considera mais importante: o recolhimento de animais de rua. “Recolher animais de rua não é só uma questão de amor, é saúde pública”, explica ela, que transformou sua casa, em Lauro de Freitas, em um abrigo de animais. Divulgação

Ex-aliados

Na Bahia, PSOL, PSTU e PCB não conseguiram repetir a “frente de esquerda” formada nas eleições de 2006. No final de junho, o PSTU baiano divulgou nota pública afirmando que “a melhor forma de defender um programa socialista nestas eleições seria editando uma Frente Classista e Socialista com o PSOL e o PCB”. O documento apresenta o professor Carlos como candidato a governador, mas não esclarece nenhum dos “diversos motivos” que inviabilizaram a aliança. O PCB baiano tentou garantir a coligação até o final do prazo das convenções, em 30 de junho. Nesta data, a legenda confirmou o nome de Sandro Santa Bárbara na disputa pelo governo do Estado.

Luiz Bassuma (PV), nº 43

Marcos Mendes (PSOL), nº 50

Professor Carlos (PSTU), nº 16

Sandro Bárbara (PCB), nº 25

O engenheiro curitibano Luiz Bassuma chegou à Bahia em 1979, após ser aprovado em concurso da Petrobras. Ingressou na política em 1988, apoiando a greve dos petroleiros. Em 1991, é demitido após denunciar os descasos da estatal com o meio ambiente. É, então, eleito presidente do sindicato da categoria (1992 e 1995), vereador (1996), deputado estadual (1998) e deputado federal (2002 e 2006). Em 2009, é suspenso pelo PT por quebra da ética partidária e filia-se ao PV. Sua vice é a veterinária Lília Amorim.

Nascido e criado no bairro da Liberdade, em Salvador, Marcos Mendes estudou no Iceia e no Cefet (hoje Ifba), antes de se formar em geologia pela Ufba. Em 2004, após 20 anos de militância no PT, Mendes desfilia-se para fundar o PSOL no Estado. É presidente estadual da sigla, que convive com acirradas disputas internas entre as tendências Enlace, Ação Popular Socialista (APS) e os Movimentos Esquerda Socialista (MES) e dos Trabalhadores Livres (MTL). Seu vice é o sindicalista Everaldo Silva, de Jequié.

Graduado em pedagogia pela Uneb, Carlos Nascimento é professor das redes pública e privada de Salvador e da rede municipal de Camaçari. No movimento estudantil, integrou o Coletivo Caus, que ingressou no PSTU em 2008. Ferrenho opositor da política carlista para a educação, participou de inúmeras greves ao lado de professores e funcionários. Tem denunciado a “política de extermínio” da população negra na periferia de Salvador e a ocupação militar brasileira no Haiti. O sociólogo Daniel Romero é seu vice.

Outro soteropolitano é o sociólogo Sandro Santa Bárbara. Criado no bairro do Pernambués, em Salvador, estudou no Iceia e no Colégio Águia, da Piedade. Filho de petroleiro, ficou marcado pela greve de 1983, que acompanhou ao lado do pai. Aluno do professor de história Renato Afonso, ex-militante do PCBR, Sandro Santa Bárbara filiou-se ao PT em 1999, mas deixou a legenda em 2005 para ingressar no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Tem como vice o trabalhador rural Daniel Neto, de Tapiramutá.

Clássicos

Já PSOL, PSTU e PCB apresentaram candidatos a vice com perfis “clássicos” dos quadros da esquerda brasileira. Natural de Jequié, o sindicalista Everaldo Silva é o candidato a vice-governador pelo PSTU. Formado em ciências contábeis, Everaldo é funcionário da Coelba. O vice do PSTU, Daniel Romero, é um intelectual. Militante da tendência Convergência Socialista, expulsa do Partido dos Trabalhadores em 1992, é fundador do PSTU. Formado em ciências sociais, com mestrado em sociologia pela Unicamp, Daniel Romero é professor do Instituto Federal da Bahia (Ifba). Mantendo a tradição obreirista, o PCB traz como vice o trabalhador rural Daniel Neto, de Tapiramutá. JOSÉ LOPES


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ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

PEEMEDEBISTAS Os dois candidatos apostam suas fichas no poder de articulação dos partidos para serem eleitos

Os candidatos César Borges e Edvaldo Brito compõem a chapa liderada por Geddel para o governo baiano

CÉSAR BORGES E BRITO TENTAM VAGAS AO SENADO

RITA CONRADO

O

nome do jurista Edvaldo Brito (PTB) para compor a chapa de Geddel Vieira Lima (PMDB), aprovado pelo PTB no dia 17 de junho, foi um dos primeiros a serem cogitados. Eleito em 2008 com o apoio do PMDB, partido que tem forte liderança de Geddel na Bahia, o vice-prefeito contribuiria com a chapa majoritária com um impecável currículo, em que consta, além das reconhecidas qualidades profissionais na área do direito tributário, a ocupação do cargo de prefeito da cidade do Salvador, de agosto de 1978 a março de 1979, mesmo tendo sido eleito pelo voto indireto da Assembleia Legislativa do Estado. Brito também recebeu o apoio decisivo de Geddel na tensa eleição municipal de 2008, ganhando a disputa como vice de João Henrique Carneiro. Imprevisível foi a indicação do senador César Borges (PR) à segunda vaga na chapa de Geddel. Além de ter feito parte do grupo carlista no passado, combatido pelo então deputado Geddel Vieira Lima, Borges vivia numa longa negociação com o Partido dos Trabalhadores (PT), em que o seu apoio à reeleição de Wagner desafiava tendências petistas que pressionavam pela indicação do ex-governador Waldir Pires (PT). A insatisfação dos petistas não foi contornada, como pretendia – e garantia – o presidente estadual do PT, Jonas Paulo. Além do ranço carlista que Borges carrega na sua história política, até então incompatível com o histórico do PT, a entrada do PR na coligação para as proporcionais, reduziria o número de eleitos no ninho petista em favor de deputados republi-

canos candidatos à reeleição. Uma questão meramente numérica, mas decisiva. Sem acordo, Borges anunciou o apoio a Geddel Vieira Lima, alegando dificuldades de negociação com o PT. Cobiçado também pelo DEM, César descartou a aliança com Paulo Souto (DEM) com a falta de alinhamento, já que o PR apoia Dilma Rousseff (PT).

Prefeito de Salvador

Edvaldo Brito é jurista e advogado tributarista. Foi prefeito de Salvador entre agosto

de 1978 e março de 1979. Candidatou-se novamente à prefeitura em 1985, pelo PTB, com o apoio do governador João Durval Carneiro, mas perdeu para Mário Kertész. Voltou à vida pública como vice-prefeito na chapa de João Henrique, filho de Durval, com mandato previsto até 2012. Participou do governo de Juracy Magalhães, como secretário de Saúde e Assistência Social. No governo Luís Viana Filho foi subsecretário de Educação e Cultura. Em seguida, no governo de Roberto

Santos, foi secretário de Justiça e Assistência Social.

Liderança em Jequié

César Borges, 61 anos, natural de Jequié e filho de Waldomiro Borges, líder político do município, é engenheiro civil formado pela Ufba. O seu primeiro cargo público foi o de presidente da Junta Comercial do Estado da Bahia na gestão do governador João Durval. Elegeu-se deputado estadual por dois mandatos consecutivos, pelo PFL, fazendo parte do grupo político de

Antonio Carlos Magalhães. No governo de ACM, Borges foi secretário de Recursos Hídricos. Em 1994, foi eleito vice-governador na chapa de Paulo Souto. Assumiu o governo da Bahia em 1998, sem concluir o mandato, para concorrer ao Senado. Em 2002, elege-se senador. César Borges perdeu a disputa pela Prefeitura de Salvador em 2004, concorrendo com João Henrique Carneiro. Em 2007, deixa o PFL e filia-se ao PR, assumindo a presidência do partido na Bahia.

Três níveis

Se em nível municipal havia o rompimento, em nível estadual a aliança com o PT estava mantida. Mas Geddel é quem lidera o PMDB tanto em nível municipal quanto estadual. Até que ponto Geddel – ou PMDB – era confiável era uma pergunta sem resposta para os petistas. A força do PMDB em nível nacional e a importância do partido num segundo turno na Bahia facilitaram a movimentação de Geddel, mesmo contra os interesses petistas. Na Bahia, Dilma Rousseff dividirá a presença entre os palanques de Wagner e Geddel. RITA CONRADO

Agenda Social A agenda será voltada para pessoas necessitadas, a exemplo de projetos de autoria do político, como o plano de saúde para as domésticas e prioridade para idosos na tramitação dos processos na Justiça (César Borges) Desoneração tributária Redução da tributação e nova formação dos preços (Edvaldo Brito) Geração de empregos Investimentos em obras de infraestrutura, financiamento da indústria regional e do setor de agronegócios (César Borges) Saúde Sistema público de prevenção à saúde, garantido pelos impostos pagos e pelas contribuições à seguridade social (Edvaldo Brito)

ALIANÇA

“O PMDB se mostrouum partidogeneroso eabertopara fazer a coligação federale estadual” CésarBorges(PR),ementrevista concedidaaorepórterDanielPinto,no siteFalaBahia,sobreacoligaçãocomo PMDBparadisputarareeleiçãoao SenadoFederal(18deabrilde2010)

WAGNER

“Entãoficaum governoda propaganda, um governovirtual. Estegovernonão estáà alturada Bahia” CésarBorges,emmatériadositeNovo Oesteonline,quepublicouuma entrevistaàRádioBuritiFMde Buritirama,oestedaBahia,em6de junhode2010

Chapa formada a partir de defecções do governo petista Geddel Vieira Lima (PMDB), César Borges (PR) e Edvaldo Brito (PTB) compõem uma chapa que parecia improvável, mas não impossível. A instabilidade na relação entre PT e PMDB na Bahia era evidente. Geddel Vieira Lima (PMDB), mesmo tendo recebido o apoio de Wagner para a escolha do seu nome para o Ministério da integração Nacional, já o havia desafiado nas eleições municipais, quando apoiou o adversário do PT nas urnas – João Henrique Carneiro – levando-o à vitória contra o petista Walter Pinheiro no segundo turno. A chapa vitoriosa tinha Edvaldo Brito como vice-prefeito.

PRINCIPAIS PROPOSTAS

NEGROS

“Ninguém deu posiçãoa negrono primeiroescalão comoeletemfeito. Ele(Lula)deveria terumaestátua erigidapelos negros,porqueele estádando visibilidadeaos negros nesse contextoda República” EdvaldoBrito,sobreopresidenteLula, ementrevistaconcedidaaositeNotícias daBahia,em7dejulhode2010 Fotos Divulgação

Edvaldo Brito

César Borges

1948

Nasce no dia 21 de novembro, em Jaquié

1998

É eleito governador da Bahia, mas não conclui o mandato, para se candidatar ao senado. Em 2002 seria senador

2004

Disputa e perde a Prefeitura de Salvador para João Henrique

1937

Nasce no dia 3 de outubro em Salvador

ALIADO FIEL

1978

Elege-se prefeito de Salvador

2008

Elege-se viceprefeito de Salvador

“Ele(Geddel)tem sonho.Euviro para oespelhoe digo:espelho, espelhomeu,será queeuteria condiçõesdeficar contraGeddel?O espelhoresponde: não,meufilho (risos)” EdvaldoBrito,antesdeaceitardisputara vagadesenador,falandosobrea candidaturadeGeddelVieiraLimaao governodoEstado,ementrevistaaos jornalistasCíntiaKellyeRômuloFaro, dositePolíticaHoje,em18demarçode 2010


ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

SENATORIA A deputada federal do PSB e o ex-secretário de Estado articulam para obter êxito nas urnas em outubro

PRINCIPAIS PROPOSTAS

PINHEIRO E LÍDICE EM BUSCA DE VOTO NA ARENA PETISTA

REGINA BOCHICCHIO

D

e falta de persistência não se pode acusar o deputado federal Walter Pinheiro (PT), que concorre ao Senado na chapa de Wagner, ao lado de outra parlamentar federal, Lídice da Mata (PSB). A desistência do senador Cesar Borges (PR) em aliar-se ao PT para as eleições deste ano deixou o caminho aberto para que Pinheiro empreendesse uma odisseia e abocanhasse a vaga a senatoria, disputando internamente com o ex-governador Waldir Pires (PT). Além disso, venceu o obstáculo da formação de uma chapa com mais de um petista, agregando a maioria em torno de seu nome e, dizem nos bastidores, com o apoio velado do governador Wagner. Em 2008, Pinheiro saiu vencedor da acirrada disputa que travou com Nelson Pelegrino (PT) para candidatura à Prefeitura de Salvador – quando o PT decidiu que não apoiaria João Henrique Carneiro (PMDB). Pelegrino era, inicialmente, o preferido em razão de ter disputado por duas vezes a eleição para a capital baiana. Mas acabou perdendo espaço para Pinheiro nas prévias. Na eleição, de uma intenção de votos quase nula, Pinheiro conseguiu levar o pleito para segundo turno, embora João

Henrique tenha sido reeleito com 58,46% dos votos. Exercendo seu quarto mandato de deputado federal, Pinheiro, reconhecido bom articulador, foi convocado pelo governador Wagner para assumir, em 2009, a Secretaria de Planejamento, substituindo Ronald Lobato.

Lídice

A deputada federal Lídice da Mata (PSB) talvez nunca tenha pensado em dividir espaço numa chapa majoritária com nomes como o de Otto

Alencar (PP), ex-integrante do grupo de Antonio Carlos Magalhães, seu maior adversário político do passado. Em resposta à provocações dessa natureza, Lídice tem minimizado a situação, dizendo que Otto é que chegou para integrar o projeto da chapa de Wagner, portanto, não tem dificuldade em dividir palanque com ele. Primeira mulher a ocupar a chefia do executivo em Salvador, em 1992, numa situação de animosidade com o governo de Antonio Carlos

Magalhães, se eleita agora, será a primeira baiana a ocupar o Senado. Em 2008, Lídice aceitou desistir de nova candidatura para a prefeitura da capital, ocupando a vaga de vice na chapa do petista Walter Pinheiro (a coligação era PT, PSB, PCdoB e PV), que chegou ao segundo turno. Deputada federal eleita em 2006, com 188.927 mil votos – mais votada da capital –, teve destacada atuação como presidente da Comissão de Turismo, votando projetos importantes para a Bahia.

Lídice da Mata (PSB): mulher (igualdade de gênero e raça); juventude e infância; defesa do meio ambiente; geração de emprego e renda (ampliação dos cursos de qualificação profissional); educação (interiorização das universidades); saúde das mulheres e crianças; combate às drogas; segurança alimentar; programa de creches Walter Pinheiro (PT): infraestrutura: desenvolvimento econômico regional com geração de emprego e renda; preservação ambiental; desenvolvimento social: educação (creches, ensino profissionalizante e interiorização do ensino superior); institucional: políticas de aproximação do Senado com a sociedade

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Lídice da Mata

1956

Nasce no município de Cachoeira, filha de Aurélio Pereira e Souza, militante comunista, e Margarida da Mata e Souza, dona de casa

1982

Forma-se em economia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Havia se destacado como líder estudantil. Nesse mesmo ano, filia-se ao PMDB e é eleita vereadora de Salvador

1987

Eleita deputada federal constituinte pelo PCdoB

1992

Eleita prefeita de Salvador pelo PSDB, sendo a primeira mulher a ocupar esse cargo executivo na capital baiana. Cria o projeto Cidade Mãe

1998

Eleita deputada estadual pelo PSB. É reeleita na legislatura seguinte

2006

Eleita deputada federal pelo PSB, que apoia a eleição majoritária do PT

Walter Pinheiro

1959 Iracema Chequer / Ag. A TARDE

Candidatos disputam mesmo eleitorado

Nasce em Salvador no dia 25 de maio. Filho do ferroviário Júlio Nunes Pinheiro e de Anatildes de Freitas Pinheiro, costureira

1978

Forma-se técnico em telecomunicações e eletrônica pela antiga Escola Técnica Federal, onde atua como líder estudantil

Embora Lídice e Pinheiro disputem o mesmo eleitorado, a estratégia da chapa petista é dizer que o voto de um é o de outro, como fez questão de discursar a deputada na convenção estadual que homologou as candidaturas da chapa encabeçada por Wagner. Questionado, Pinheiro vai na mesma linha, dizendo que o eleitor escolhe dois candidatos ao Senado: quem vota em Pinheiro dá seu voto também a Lídice. E se o eleitor quiser votar no mesmo candidato ao Senado? “Ele até pode fazer isso, mas um dos votos será anulado”, esclarece o advogado eleitoral Ademir Ismerin. Na urna eletrônica, o eleitor digita o número dos candidatos a deputado estadual, federal e, na sequência, digita dois outros números para o Senado, que devem ser devidamente confirmados assim que o nome e imagem do candidato aparecem na tela.

1986

Disputa sua primeira eleição já pelo PT. Em 1992 seria eleito vereador. O ano de 1996 marca o início da atuação como deputado federal

2008

Candidato à Prefeitura de Salvador em 2008, disputando o segundo turno com o atual prefeito, João Henrique Carneiro (PMDB)

2010

Candidato ao Senado pela chapa de Jaques Wagner (PT) Claudionor Junior / Ag A TARDE

ATAQUE A CARLISTAS

ELEIÇÃO 2008

METRÔ

DEBATE

SALVADOR

ELEIÇÃO 2010

“A violênciade hoje é fruto da inoperância,da conivênciados governos passados.Não tiveramcoragem deenfrentaro crimeorganizado. Pelo contrário, se juntaramcomeles no financiamento decampanhas”

“Eles estão inventandoagora de mostrar que sãoverdes, mas estão comdorna consciência,com culpaporque devastaramo verdedanossa cidade”

“Metrô cumpre duas funções: é importante para transportar passageiros, mas também serve para tirar veículos dasruas. Em Salvador, lamentavelmente foi escolhido um vetor quenão traduz isso”

“Estão correndo para colocar no colo do governador.Já pensou sea gente pegassea relação detodo mundo quefoi assassinadono governoPaulo Souto (DEM) para colocar no colo dele?”

“Na administração atual,Salvador recebeuR$1,5 bilhãoderecursos federais,mas faltagestão. Vamos governar para osque precisamem Salvador,quesão osbairroscomo Sussuarana”

“Eu creioquemeu nomeestá colocadoporque eusouuma representaçãoda esquerdabaiana. Uma esquerdaque lutoupara que esse projeto democrático pudesseestarhoje colocadono Brasil”

Ementrevistaaumsitelocal,depoisde assumiraSecretariadoPlanejamento, Pinheirocriticaconcepçãoe desdobramentosdasobrasdometrô

Lídice,ementrevista,apóspolêmicaque cercouoassassinatododelegado ClaytonLeão,mortonaEstradadas Cascalheiras,emmaiodesteano

Durantecampanhaeleitoralem2008 paraaPrefeituradeSalvador,quandoa deputadasaiuavicenachapacom WalterPinheiro(PT)nacabeça

AdeputadaLídicedaMatafalasobre supostaindicaçãoàépocaparaocupar umadasvagasaoSenadonachapade JaquesWagner,emjaneirode2010

Pinheiro,empronunciamentona CâmaradeDeputadosnoúltimodia27/5, rebatendocríticasdeadversáriosà SegurançanaBahia

Durantecomícionumbairropopular, quandodisputavaosegundoturnopara aPrefeituradeSalvadorcomJoão Henrique(PMDB),Pinheiroaproveitou paracriticaraliberação,pelaprefeitura, deáreasverdesnaAvenidaParalelapara construçãodeempreendimentos imobiliários.JoãoHenriquevenceu Pinheirocom58,46%dosvotosválidos


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ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

SENADO Sem coligações, PV, PSOL, PSTU e PCB apresentam apenas candidaturas únicas e puro sangue ao Senado

Luis Carlos França (PSOL) e Edson Duarte (PV), ao lado do PSTU e PCB, vão concorrer a vagas do Senado

NANICOS DISPUTAM “VOTO DO CORAÇÃO”

JOSÉ LOPES

O

s quatro partidos “nanicos” que disputam o governo do Estado nestas eleições apresentaram candidaturas únicas e “puro sangue” ao Senado. A dificuldade de diálogo causada pelas disputas internas no PV e PSOL até explicam a ausência de coligações entre as legendas. Mas a decisão pelo lançamento de apenas um candidato a Senador tem outras razões. Candidato do PV ao Senado, Edson Duarte explica que o lançamento de dois candidatos dispersaria os votos nos partidos pequenos, uma vez que os eleitores costumam votar em um candidato a senador de um partido grande e outro no candidato “ do coração”. “Vou atrás desse ‘voto do coração’ das pessoas”, explicou durante visita ao jornal A Tarde no mês de junho.

bém dos bairros populares de Salvador e dos movimentos sociais da Bahia, principalmente do movimento negro.

“MiJo”

As candidaturas juazeirenses do verde Edson Duarte e do vermelho Carlos Sampaio sinalizam que a vida política no município ultrapassa a dupla “MiJo”, sigla que apelida as disputas entre os caciques locais Misael Aguiar (PMDB) e Joseph Bandeira (PT). Mas as semelhanças entre

Edson e Carlão não ficam por aí. Ambos são técnicos agrícolas e chegaram a trabalhar juntos no Ibama de Juazeiro. No entanto, Edson trilhou uma meteórica carreira política como parlamentar, começando na vereança em Juazeiro (1992) e chegando a deputado federal (2002 e 2006), líder do PV na Câmara dos Deputados. Já Carlos Sampaio é ligado ao PCB desde o final dos anos 1970, quando vendia clandestinamente os jornais do partido. O comunista continua

no Ibama, organizando colônias de pescadores, integrando movimentos em defesa da Bacia do São Francisco, perseguindo caçadores de animais silvestres, destruindo carvoarias clandestinas e organizando sindicatos de músicos e poetas do semiárido baiano.

Tradição

Candidato ao Senado pelo PSTU, o professor de história Albione vive em Ipiaú., município com uma forte tradição de esquerda graças à resis-

tência do ex-prefeito Euclides Neto, à ditadura militar. Simpatizante do PCB, Neto foi eleito em 1963 e implantou no município uma das primeiras experiências de reforma agrária da Bahia, a “Fazenda do Povo”. Nas eleições de 2008, professor Albione tentou resgatar esse legado ao se candidatar a prefeito de Ipiaú, mas terminou o pleito em terceiro lugar. COLABORARAM FLÁVIO OLIVEIRA E FLORISVALDO MATOS.

Professor Albione (PSTU) Gerar empregos com a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais; e defender o valor do salário mínimo calculado pelo Dieese Carlão (PCB) Garantir água potável para o semiárido; apoiar a pequena produção agropecuária; e promover reforma agrária com atenção às questões ambientais

Edson Duarte (PV), nº 43 Técnico agrícola e pedagogo, o juazeirense Edson Duarte começou sua militância política no movimento estudantil na década de 1980. Foi eleito vereador (1992), deputado estadual (1994 e 1996) e federal (2002 e 2006). Líder do PV na Câmara dos Deputados, tem se destacado nas áreas de meio ambiente e educação.

Dos quatro senadores “nanicos”, apenas França (PSOL), tem base política em Salvador. Edson Duarte (PV) e Carlos Sampaio (PCB) são de Juazeiro, cidade famosa na política pelas disputas entre caciques locais. O candidato do PSTU, Professor Albione, é de Ipiaú, município de tradição esquerdista no centro-sul do Estado. Negro, técnico de eletricidade e dirigente sindical, França tem nas entidades baianas filiadas à Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) as bases de sustentação da sua candidatura. A central foi criada em 2006 por tendências do PSOL e PSTU para disputar a hegemonia do movimento operário com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT. O candidato socialista espera conseguir votos tam-

França (PSOL), nº 50 Funcionário da Dataprev, Luís Carlos França é diretor do Sindicato dos trabalhadores em Tecnologia da Informação (Sindados) e da sua federação, a Fenadados. Fundador do PT, foi expulso da legenda em 1992. Participou da criação do PSTU, deixando o partido em 2005 para ingressar no PSOL. Candidatou-se a senador (2002) e a deputado federal (2006).

Gastos de campanha vão de R$ 50 mil a R$ 3 milhões

JOSÉ LOPES

Edson Duarte (PV) Renovar o papel do Senado, aproximando a instituição dos cidadãos; e garantir recursos para o desenvolvimento da Bahia França (PSOL) Reconhecer todas as terras indígenas e quilombolas; e promover saúde e educação diferenciadas para estes grupos da população

Interior

Dos quatro candidatos “nanicos” ao Senado, França (PSOL) e Carlos Sampaio (PCB) declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não possuírem bens. Durante a campanha, os dois esperam gastar até R$ 200 mil e R$ 500 mil, respectivamente. Os valores são maiores que os declarados por seus candidatos ao governo do Estado. Marcos Mendes (PSOL) declarou gastos de R$ 100 mil e Sandro Santa Bárbara (PCB), de R$ 300 mil. “Declaramos esse valor porque algum militante pode ganhar na Mega Sena e fazer uma doação generosa para a campanha”, brinca Ronaldo Santos, secretário geral do partido. Professor Albione (PSTU) declarou como único patrimônio um carro no valor de R$ 12 mil e o teto de gastos mais modesto dos quatro: R$ 50 mil. Candidato do PV ao Senado, o deputado federal Edson Duarte possui o maior patrimônio (R$338,6 mil) e o maior gasto de campanha (R$ 3 milhões) entre os nanicos. Seu patrimônio é 14 vezes menor que o declarado pelo também deputado federal José Carlos Aleluia, um dos candidatos do Democratas ao Senado. Aleluia disse possuir um patrimônio de R$4,96 milhões.

PRINCIPAIS PROPOSTAS

Prof. Albione (PSTU), nº 16 Natural de Ipiaú, Albione Souza Silva ensina História em faculdades e nas redes públicas de ensino. Em 1989, iniciou sua militância política pelo movimento estudantil secundarista. No início da década de 1990, ingressou no PT e candidatou-se a vereador de Ipiaú em 1996. Dois anos depois, filia-se ao PSTU. Em 2008, foi candidato a prefeito de Ipiaú pela legenda socialista. Atualmente, milita na central sindical Conlutas e no movimento sindical dos professores fazendo oposição ao governo Wagner e à direção da APLB Sindicato. fotos Manuela Cavadas / Ag. A TARDE

Carlos Sampaio (PCB), nº 21

1986

PCB volta à legalidade e Carlos Sampaio filia-se juridicamente ao partido

1992

França (PSOL) é expulso do PT juntamente com a tendência Convergência Socialista

2002

Edson Duarte (PV) é o primeiro nordestino eleito deputado federal pelo PV

2008

Prof. Albione (PSTU), candidata-se a prefeito de Ipiaú, pelo PSTU Prof. Albione

O geógrafo e técnico agrícola Carlos Henrique Sampaio nasceu em Salvador, mas se criou em Juazeiro. No final da década de 1970, iniciou sua militância no PCB atuando como jornaleiro de A Voz da Unidade e Tribuna Operária. Em 1983, ingressou no Ibama como técnico ambiental, função que desempenha até hoje. Em 1986, o PCB volta à legalidade e filia-se ao partido. Participa da organização de colônias de pescadores e do Comitê de Defesa da Bacia do São Francisco. É presidente da Associação de Técnicos Agrícolas do Vale do São Francisco.


ELEIÇÕES

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

Iracema Chequer / Ag. A TARDE

DEMOCRATAS Os dois candidatos integram a coligação “A Bahia merece mais”, encabeçada pelo ex-governador e atual candidato ao governo baiano pelo DEM, Paulo Souto

ALELUIA E ZÉ RONALDO DE OLHO NO SENADO ALANA FRAGA

M

embros da coligação “A Bahia merece mais”, encabeçada pelo ex-governador e atual candidato do Partido dos Democratas (DEM) Paulo Souto, os ex-deputados José Ronaldo de Carvalho e José Carlos Aleluia compõem a chapa concorrendo às duas cadeiras do Senado. Em comum está a experiência de ambos no parlamento com mandatos consecutivos – José Ronaldo como deputado estadual três vezes (de 1986 a 1998), além de vereador e prefeito de Feira de Santana por duas vezes. Aleluia como deputado federal cinco vezes desde 1991. Anunciaram, igualmente, a previsão de R$ 4 milhões com gastos para a campanha, mas que ainda estão em busca de interessados no financiamento. As viagens pelo interior do Estado, por conta da agenda de trabalho, também geram pontos em comum entre os dois candidatos, que acreditam que esta seja uma das competências que os tornam capazes de representar a Bahia no Senado. Aleluia nasceu em Salvador em 9 de dezembro de 1947, mas iniciou a carreira profissional como engenheiro na área de planejamento da antiga empresa distribuidora de energia da Bahia (CEEB), atual Coelba, em 1971. Em 1986 foi presidente interino de Engenharia da Chesf (Companhia Hidrelétrica de São Francisco), o que o fez percorrer os quatros cantos do Estado. Está casado há 37 anos com Maria Luiza Dantas Costa, com quem teve cinco filhos e três netos. Da época de estudante de pós-graduação de José Carlos Aleluia, na Escola Federal de Engenharia de Itajubá, em Minas Gerais, o amigo Getúlio Lins, 64, lembra-se com nostalgia. “Moramos em um quarto grande de um hotel da cidade”, relembra o amigo. Lins conta que, desde aque-

José Ronaldo pegou empréstimo com Chávez José Ronaldo teve uma vida profissional muito ligada à área da saúde. Antes de ser vereador, foi diretor administrativo do Hospital D. Pedro de Alcântara por seis anos e foi provedor da Santa Casa de Feira, principal mantenedora do hospital. Como prefeito, eleito duas vezes em 1º turno, José Ronaldo investiu principalmente na saúde. Em oito anos, construiu o Hospital da Criança e o Hospital da Mulher ganhou UTIs neonatal. Mesmo atuando por um partido de direita, construiu seis viadutos com US$ 11,5 mi emprestados pelo Banco da América do Sul, criado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O candidato teve as contas como prefeito aprovadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e declarou nesta campanha um patrimônio pessoal de R$ 800 mil.

PRINCIPAIS PROPOSTAS

Saúde José Ronaldo propõe a votação do projeto de lei que obriga a União a aplicar na saúde, no mínimo, 10% de suas receitas correntes brutas. Aleluia defende que a União se responsabilize pela saúde pública

Prioridade

Para sua atuação no Senado, caso eleito, José Ronaldo quer priorizar a votação no Congresso Nacional do projeto de lei que regulamenta a emenda 29, obrigando a União aplicar na saúde no mínimo 10% de suas receitas correntes brutas. "Acho que essa proposta é fundamental para a saúde pública do País", diz.

Recursos José Ronaldo defende uma distribuição mais igual dos recursos de impostos entre municípios e União. Aleluia também defende o fortalecimento do governo estadual, descentralizando o poder dos estados nas mãos do governo federal

Luiz Tito / Ag. A TARDE

Segurança Aleluia entende que a União deve coordenar a segurança dos estados no combate ao crime organizado Educação Intensificação da ampliação das escolas técnicas, diz José Ronaldo

la época, Aleluia se interessava por questões ambientais. “Me recordo que ele escrevia coisas sobre energias renováveis, mas não se falava muito disso naquela época”. Já José Ronaldo nasceu no pequeno município de Paripiranga (a 349 km de Salvador), em 18 de julho de 1951, mas educou-se em Cícero Dantas e Feira de Santana, onde fez o 2ª grau e graduou-se em Administração pela Universidade Federal de Feira de Santana (UEFS). A madrinha, Iracema Oliveira, 84 anos, lembra do dia em que o menino que ela "começou a cuidar desde que ele nasceu" deixou a pequena Paripiranga. José Ronaldo é casado desde 1974 com a professora Ivanette Rios de Carvalho e tem três filhos.

Experiência no parlamento marca atuação de José Carlos Aleluia e José Ronaldo

José Carlos Aleluia

1971

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José Aleluia centra atuação política na área de energia O histórico profissional e político de José Carlos Aleluia é fortemente ligado à sua atuação na área de energia. Engenheiro elétrico, foi relator de projetos de lei como a de criação da Agência Nacional de Energia Elétrica e autor de programa social de energia elétrica para famílias de baixa renda. Questões ambientais também são constantes no rol de interesses do ex-deputado, que foi relator do projeto de lei de crimes ambientais e se posiciona contra a transposição do Rio São Francisco. Aleluia declarou um patrimônio pessoal de quase R$ 5 milhões nesta campanha, que ele acredita que será financiada especialmente pela indústria nacional. “Defendo a valorização da indústria brasileira. Pretendo valorizar ainda a educação, prestigiando seus profissionais, e trabalhar numa reforma do sistema de impostos”, garante.

Zé Ronaldo

Começa a lecionar no Departamento de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da Ufba

1985

Assume a direção de engenharia da Chesf. No ano seguinte, torna-se o presidente da empresa

1991

1969

1982

Começa o primeiro dos cinco mandatos consecutivos como deputado federal

Chega a Feira de Santana para estudar o 2º grau no Colégio Santanópolis

Conquista o primeiro mandato parlamentar, elegendo-se vereador em Feira de Santana

1990

Elege-se prefeito de Feira de Santana, no primeiro turno. É reeleito em 2004, também no primeiro turno

ELEIÇÕES

GOVERNO

CONTROLE

SEGUNDO TURNO

CORRUPÇÃO

RITMO DAS OBRAS

“Não será uma eleição de julgamentode governantes, mas deolhar parao futuro. O senador independente seráaquele que irá colocaro seu Estado acima do seu partido, acima dequalquer outro interesse”

“Aminhaopinião sobreo governo Wagnerémuito ruim.Umgoverno de ações muito fracas.ABahia semprerecebeu em nívelde Nordeste emtorno de 60%dos investimentos e hojeestá abaixo de 20%”

“Oquefica óbvio é a preocupação do PTemcontrolar os meios de comunicação. Felizmente nós abortamos na Câmara dos Deputados o projeto que caracteriza a intolerância petista”

“Eu acho quenós iremos parao segundoturno para o governodo Estado, mas, se issonão acontecer, nós jamais apoiaríamos JaquesWagner”

“Todosque desrespeitarama sociedade brasileirae praticaram corrupçãoserão expulsosdo partido.Nãoserão meramente punidos,serão expulsosdo partido.Todos”

Aleluia,ementrevistaexclusivaao jornalATARDE,nodia5dejulho,aoser questionadoseconsideraqueaseleições naBahiaserãoplebiscitárias

JoséRonaldo,ementrevistaaoBlogda Feira,deFeiradeSantana,nodia16de junho,falandosobreoqueeleconsidera “omissãodogovernoestadual”

Aleluia,emdiscursonumaconferência depolíticosemMadri,nodia7dejulho.A matériasobreoencontrofoipublicada nositeBahiaNotícias

“Pelalentidão, Wagner nãovai poderinaugurara Via Expressa, o Hospitaldo Subúrbioeoda Criança,enem sequeriniciouas obrasanunciadas desdeoprimeiro ano,a exemplodo PortoSulea ferrovia Leste-Oeste”

JoséRonaldo,ementrevistaaoPortal Folha,emmarçodesteano,quando aindanãotinhasidoindicadocomo candidatoaoSenado,negandoqualquer possibilidadedeapoiodocandidatoao governoPauloSoutoedopartidoDEM emcasodeumsegundoturnonaBahia entreJaquesWagner(PT)eGeddelVieira Lima(PMDB)

Aleluia,emfevereirode2009, declarando,naCâmaraFederal,que deixariaoDEMcasooscolegas partidáriosacusadosnoescândalodo mensalãonãofossemexpulsos

JoséRonaldo,emmatériadojornalFeira Hoje,dodia9dejulho


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ELEIÇÕES Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

“Com certeza seria melhorar o acesso dos estudantes às universidades ”

SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 12/7/2010

Walter de Carvalho / Ag. A TARDE

ELSON DE JESUS CARDOSO, 44, produtor cultural

“Resolveria o problema de segurança pública, através da educação”

Walter de Carvalho / Ag. A TARDE

VITOR CARVALHO, 22, publicitário

“Eu melhoraria a vida dos menos privilegiados, estão sofrendo ” FABIO GAMA, 42, professor Walter Carvalho / Ag. A TARDE

Contagem regressiva para o exercício do voto

Walter Carvalho / Ag. A TARDE

Walter Carvalho / Ag. A TARDE

ENQUETE Empenhados em contribuir para assegurar qualidade de vida, os baianos sinalizam suas necessidades e desejos na tentativa de eliminar carências e problemas do Estado

“SE EU FOSSE GOVERNAR O BRASIL, A BAHIA, EU...” “Melhoraria as condições de hospitais e postos de saúde” ELIESER SOUZA SILVA, 64, pintor

Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

“Eu melhoraria a vida dos idosos, eles estão abandonados”

Em ritmo de campanha eleitoral, a TARDE foi às ruas ouvir a opinião de eleitores e levantar informações sobre o que os baianos esperam dos candidatos eleitos em outubro próximo. Na enquete feita ouvindo 14 pessoas, entre profissionais liberais, estudantes, professores e aposentados, a principal questão abordada foi “ Se eu fosse governador, presidente, senador ou deputado, o que eu faria em benefício da população?” Nas respostas, os entrevistados enaltecem melhorias principalmente nas áreas de educação , saúde e segurança e não poupam sugestões para os políticos. Todos anseiam por uma sociedade mais justa e igualitária, o que, conforme avaliam, só será possível com a correção das desigualdades sociais. Confira!

Walter de Carvalho / Ag. A TARDE

PEDRO CALAZANS DOS SANTOS, 56, despachante

Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

“Investiria no ensino público, mais qualidade e menos quantidade”

“Atacaria o sistema de saúde pública, está precário, uma vergonha” EDMILSOM C. N. ANDRADE, 59, funcionário público

MATEUS PEREIRA, 7, estudante

Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

GILMAR DOURADO, 52, professor

Walter de Carvalho / Ag. A TARDE

MATHEUS OTSUKA SANTOS, 22, estudante

Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

“Mudaria todo Sistema Judiciário brasileiro, está muito atrasado”

“Acabaria com a violência. Salvaria o mundo de todas as coisas ruins”

“Criaria projetos para oferecer uma vida melhor aos aposentados”

ARLENE PALMA, 32, técnica em radiologia

Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

RAIMUNDO DOS SANTOS, 51, aposentado

Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

“Eu colocaria transporte gratuito para todos os estudantes” KATIA DAIANE T. DA SILVA, 28, vendedora

“Tiraria as crianças das ruas, são elas as maiores vítimas da violência ”

“Ofereceria cursos para formação profissional de alunos carentes” RENATA SOUZA SILVA, 30, analista de crédito

Walter de Carvalho / Ag. A TARDE

“Limparia toda a cidade, bairro pobre é significado de ruas sujas” JOELMA FREIRE, 17, estudante


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