3 minute read

Papo de Cabine

Bill Lavender bill@agairupdate.com

É Assim Que as Coisas São

Simplesmente não irei pregar neste editorial sobre a devastadora quantidade de acidentes fatais ocorridos até agora nesta safra de 2021 (nos EUA). Tenho certeza de que todo mundo está ciente disso. Porém, isto traz dois assuntos que estão indiretamente relacionados.

Consta que este ano tem uma das mais intensas safras do milho, desde que esta cultura passou a ter destaque para a aviação agrícola. Enquanto escrevo isto, a safra ainda está em andamento. Para muitos, estas cerca de seis semanas de voo do amanhecer ao anoitecer tem feito uma diferença e tanto nos ganhos de empresas e pilotos. Isso é bom, e no geral, as safras de milho tem sido uma bênção.

O tempo corre e é necessário pulverizar todo hectare que for possível, do contrário só no ano que vem. Por conta disso, a tensão se eleva e o caminho para um acidente se apresenta com frequência demasiada. Para alguns poucos, esta se tornou a última safra de suas carreiras.

Houve um acidente fatal mês passado com um Dromader que soltou uma asa em voo. Não foi a primeira vez que um Dromader perdeu uma asa. Sei de três acidentes de Dromader envolvendo separação de asa. Por incrível que pareça, só ocorreu uma morte. Porém, o acidente de julho consistiu no quarto acidente fatal. Pode ter havido mais.

Uma Diretriz de Aeronavegabilidade da FAA, junto com um Boletim de Serviço do Fabricante da Melex, foram emitidos após o terceiro acidente, o qual ocorreu em setembro de 2000. Aquela DA exigia uma inspeção periódica por corrente parasita (“eddy current”) dos pontos de junção da asa à seção central do avião a cada 500 horas ou anualmente, o que vencesse primeiro. Não sei se o Dromader do acidente de julho deste ano tinha passado por alguma inspeção, adequada ou não. Caso ele tenha sido inspecionado de acordo com a DA, em minha opinião ela precisa ser revisada. Uma separação de asa em voo é um acidente quase que certamente fatal. Deve-se buscar todas as formas possíveis de se atender a DA adequadamente. Com o tempo, talvez a NTSB possa agir a respeito do acidente de julho último de forma a garantir a confiança na integridade estrutural do Dromader.

Meu filho Graham voltou da AirVenture em Oshkosh mês passado, onde a NAAA promoveu um evento. Michael Hutchins levou um AT-802 e o piloto da fábrica da Thrush, Terry Humphry, compareceu com um Thrush 510P. Estes dois aviões fizeram voos de demonstração para milhares de espectadores. Vários voluntários ajudaram no estande da NAAA, respondendo a perguntas sobre a aviação agrícola. Isto é uma excelente forma de relações públicas para a aviação agrícola. Se você encontrar algum destes voluntários, ou alguém da equipe da NAAA que esteve lá, não deixe de agradecer por sua contribuição.

Comecei o parágrafo anterior citando Graham, que cresceu no meio da aviação agrícola; primeiro sendo filho de um piloto agrícola, e nos últimos anos como editor de AgAir Update. A maioria das mudanças que você viu em AgAir Update nos últimos anos, e a criação da AerialFire, são frutos do trabalho de Graham. Ele tem sido de importância inestimável para a publicação.

Tenho carregado este piano da aviação agrícola há mais de 48 anos. Chegou a hora de eu passá-lo para alguém mais jovem. No último 1º de janeiro, vendi AgAir Update e sua publicação-irmã, AerialFire para uma pessoa merecedora de assumi-los: Graham. Eu permanecerei na publicação como consultor, o que significa que você ainda me verá em muitos congressos e visitas. Você não verá muita mudança em AgAir Update, a não ser pelas melhorias. Até porque Graham tem tocado as coisas aqui já há vários anos.

Eu provavelmente deveria ter me aposentado antes. Quase três meses depois de passar o bastão, tive um acidente vascular cerebral moderado do lado direito. Posso dizer que sem dúvida foi um evento que mudou minha vida. Se não fosse pela dedicação de Graham, sua esposa Holly, minha esposa Sandy e minha filha Casey, talvez eu não tivesse sobrevivido às três semanas na UTI. Faz quatro meses desde que tive alta do hospital para ir para casa. Estou melhorando dia-a-dia; inicialmente na cama 24 horas por dia com cuidadores em casa, depois em uma cadeira de rodas, daí para um andador com quatro rodas, depois com um de duas rodas, por fim com uma bengala e agora caminho três quilômetros todas as manhãs, aumentando um pouquinho a cada vez. Só há uma coisa que posso dizer deste “evento”: é que me fez apreciar muito mais a Deus e a minha família.

Até a próxima, Keep Turning…

This article is from: