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Abril 2021 - Edição em português
VOANDO POR AMOR NO Vale do Paranapanema
por Bill Lavender
Quando um menino cresce ouvindo o ronco de um Ipanema decolando de manhã cedo e vendo pilotos manobrando habilmente seus aviões sobre as lavouras de cana-deaçúcar, esse garoto só pode crescer querendo ser como aqueles pilotos. Ricardo Cavina Tavares, proprietário e operador da Vale do Paranapanema Aviação Agrícola, LTDA foi esse menino. Hoje, ele tem 38 anos e sua empresa possui sete aviões agrícolas voando na região do Paranapanema. A esposa de Ricardo, Luciana, também tem sociedade na empresa. O pai de Ricardo, Jacy Durval Tavares, formou uma aeroagrícola, a Agro Aérea Nossa Senhora Aparecida, LTDA, em 1975 com um sócio, voando um Ipanema EMB-201. Jacy se separou de seu sócio em 1982 e continuou a expandir a empresa com dois Ipanemas, até seu falecimento em 1992. Nesse ponto, a mãe de Ricardo, Cezira Cavina Tavares, assumiu o controle da empresa, operando um Ipanema EMB-201 modelo 1976.
Com 20 anos de idade, em 2003, Ricardo fundou uma nova empresa, a Vale do Paranapanema, operando um Ipanema na pista da fazenda de 100 hectares da família. Ricardo e seu irmão, Rodrigo Cavina Tavares, também plantam no Sítio Nossa Senhora Aparecida, a fazenda da família.
Em 2007, Ricardo comprou seu segundo Ipanema, um EMB-201. Até então, Ricardo só gerenciava a empresa no chão. Mas em 2009, Ricardo fez seu CAVAG na EJ Escola de Aviação Civil, e após se formar, iniciou sua carreira aeronáutica, voando para sua própria empresa. O timing foi perfeito; em 2010, as aplicações na cana-de-açúcar aumentaram e a empresa continuou crescendo, adicionando mais aviões à sua frota.
O primeiro Air Tractor que a Vale do Paranapanema comprou foi da DP Aviação, em 2014: um AT-502B matriculado PP-JDT, em homenagem ao pai de Ricardo, Jacy Durval Tavares. A essa altura, a frota da empresa tinha crescido para sete Ipanemas, todos convertidos na fábrica para o álcool, além do Air Tractor AT-502B novo. Hoje, a empresa opera cinco Air Tractors: dois AT-402B, dois AT-502B, um AT- 602 e dois Ipanemas EMB-202.
O AT-602 tem um motor PT6A-65AG e foi comprado em 2019. Os AT-502B tem motores PT6A-34AG e foram comprados novos em 2014 e 2018. Os AT-402B têm motores PT6A-15AG e foram comprados usados em 2015 e 2019. Os aviões operam a partir de uma pista de 900 metros de comprimento por 25 de largura, no Sítio Nossa Senhora Aparecida.
“Meus clientes gostam dos Air Tractor”, diz Ricardo. “Esse avião pode fazer o trabalho na metade do tempo. No primeiro ano que eu tive um Air Tractor, os clientes não queriam ele. Agora, é só o que querem! Tenho um cliente para o qual deixo três Air Tractors exclusivos, para fazer suas aplicações em soja e cana-deaçúcar.”
Nos Ipanemas, Ricardo usa os bicos da marca STOL. Os bicos da STOL funcionam bem nos Ipanemas, mais lentos. Nos Air Tractor, os bicos são os CP-11 da CP Products, os quais funcionam melhor nas velocidades mais altas dos Air Tractor.
Todos os aviões da Vale do Paranapanema usam sistemas de GPS da Ag-Nav, para seu direcionamento nas lavouras de cana-de-açúcar e soja do estado de São Paulo. Aplicações na cana-de-açúcar são feitas tipicamente a 30 litros por hectare. Esta vazão é levemente reduzida para 25 lts/ha na soja. Fertilizantes líquidos em várias formulações são aplicados na cana-de-açúcar, muitas vezes mais de uma vez por safra. Geralmente, estas aplicações são feitas entre 30 e 43 lts/ha. Em dezembro e janeiro, quando a cana está com mais de um metro de altura, se aplica uréia granulada a 50 quilos por hectare.
A Vale do Paranapanema emprega 20 pessoas o ano inteiro. Três trabalham no escritório, incluindo a esposa de Ricardo, Luciana, que cuida da contabilidade. No total, sete pilotos voam os sete aviões com um técnico designado para cada avião. Rodrigo Lopes é o coordenador da empresa e cuida dos arranjos com os clientes. Renato Soares é o assistente de manutenção da empresa, e está treinando para ser o principal técnico de manutenção. José Primo Salvador era o principal técnico de manutenção, tendo trabalhado em Air Tractors desde 1998. Em maio passado, ele faleceu tragicamente de COVID. O “braço direito” de Ricardo é Sebastião Goulart, o “Ferrugem”. Ele trabalha com a família Cavina Tavares desde 1982, quando começou a trabalhar com os pais de Ricardo.
Em setembro de 2020, a Vale do Paranapanema enviou um AT-502B para o Mato do Grosso, para combater incêndios. Os fogos estavam ameaçando reflorestamentos de eucalipto. Lá não faz tanta seca como no estado de São Paulo, por ser mais ao norte. Porém, os engenhos de cana-de-açúcar agora estão se interessando em usar aviões agrícolas para proteger suas lavouras de incêndios propositais.
“Eu gostaria de dizer que Jorge Humberto Morato de Toledo e seu sócio Rodrigo Fernandes em 2009 venderam de forma facilitada a primeira aeronave movida a etanol que operamos. A partir disso conseguimos grande progresso ampliando os trabalhos, com uma lucratividade maior. Inclusive somos grandes amigos até o dia de hoje, onde ainda trocamos informações de resultados para evoluirmos na atividade.
SINDAG. Ele me mostrou a importância de ser um membro desta organização.
“Além disso, também sou um Bacharel em Direito, mas eu amo a aviação agrícola. Fui criado no negócio e sempre foi meu sonho fazer parte dela. Alguns pilotos voam agrícola pelo dinheiro, eu voo principalmente por amor a ela”, diz Ricardo.