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Avaliação Psicológica em Casos de Dependência de Tecnologia: Definição
O transtorno de dependência em internet é algo recente, mas que está acometendo uma quantidade significativa de pessoas nos últimos tempos. Considerada pior que a dependência química por psicólogos e psiquiatras, esse tipo de dependência pode trazer prejuízo psicológico, físico, social entre outros.
Entretanto os estudos com relação a esse tipo de transtorno são bem limitados e ainda estão em desenvolvimento. Mas já existem algumas ferramentas e centros de atendimento a pessoas que desenvolvem esse tipo de dependência. Por mais que pareça algo que afeta somente os jovens, a dependência por um aparelho celular ou por se manter conectado é algo que pode afetar os mais variados tipos de pessoa.
Apesar de atingir pessoas de todas as idades, o vício pela internet costuma acometer os mais ansiosos e com tendências à depressão. Para alguns especialistas o mundo virtual torna-se uma fuga da realidade, o problema é que isso pode virar um ciclo e diminuir, ainda mais, as chances de socialização. O uso da internet passa a distrair o usuário de uma situação difícil da vida real, tentando compensar baixa autoestima, falta de habilidade social e até transtornos psiquiátricos. Porém nem todo mundo que passa muito tempo na internet é um viciado no meio.
O que caracteriza o vício não é, necessariamente, a quantidade de horas, mas o efeito sobre o usuário. A dependência digital requer uma perda da capacidade laboral, da socialização ou outro tipo de prejuízo. A pessoa passa a se sentir mal sem aquele estímulo.
Hipótese diagnóstica; Sintomas
A expressão “Dependência de Internet” foi criada em 1995 por Ivan Goldberg, mas foi Kimberly Young quem mais pesquisou o tema e, em 1996, propôs os primeiros critérios para o diagnóstico dessa condição. De acordo com esses critérios, era considerado dependente de internet quem apresentasse os seguintes sintomas:
• Preocupação excessiva com a internet
• Necessidade de aumentar o tempo conectado (online) para ter a mesma satisfação
• Exibir esforços repetidos para diminuir o tempo de uso da internet
• Presença de irritabilidade ou depressão
• Quando o uso da internet é restringido, apresenta labilidade emocional (internet como forma de regulação emocional)
• Permanecer mais tempo conectado (online) do que o programado
• Trabalho e relações sociais em risco pelo uso excessivo
• Mentir aos outros a respeito da quantidade de horas online
• Escuta o telefone tocar ou vibrar; mesmo estando desligado (sintoma fantasma)
• Os principais sintomas da abstinência do celular são: angustia, vazio existencial (a vida parece não ter mais sentido), desespero, estresse, irritabilidade, náuseas, taquicardia, sudorese, tensão muscular, pânico, dentre outras manifestações.
• Prejuízo significativo em áreas importantes da vida (acadêmico, profissional, social, familiar, financeiro ou legal).
Ainda não existe um consenso sobre quais critérios devem/podem ser universalmente utilizados, costumamos valorizar bastante a presença de prejuízo significativo na vida do indivíduo (acadêmico, social, familiar, etc.) como um dos principais marcadores desse transtorno. Esse enfoque, embora não tente explicar o motivo do uso problemático, permite ao terapeuta maior liberdade para formular uma compreensão diagnóstica e um plano terapêutico específico para cada paciente.
A avaliação psicológica pode, além de determinar a real extensão do problema com jogos e redes sociais, compreender as dificuldades que o indivíduo possa estar passando nessa fase de sua vida, entender melhor como está seu relacionamento com amigos e familiares, avaliar aspectos de personalidade e identificar ou descartar outros possíveis transtornos mentais (depressão, ansiedade social, déficit de atenção, entre outros) que possam estar contribuindo para o uso excessivo das tecnologias.
Além disso desde o início da avaliação é fundamental o estabelecimento de uma aliança terapêutica de confiança, que servirá como base para a terapia propriamente dita. É necessário que se desenvolva um ambiente no qual o paciente seja ouvido com atenção e sem julgamento, e que suas informações sejam tratadas de forma absolutamente sigilosa. O terapeuta precisa ter em mente que o paciente pode não estar 100% motivado a mudar seu padrão de uso da internet, deve respeitar essa situação e tentar trabalhar para aumentar a motivação do paciente.
No atendimento de pacientes com sintomatologia muito intensa e muito pouco motivados para o tratamento, a participação dos familiares é um grande auxílio para o terapeuta conseguir chegar num diagnóstico preciso. Nesses casos, a terapia familiar é mais efetiva. Quando a pessoa reconhece que o uso de rede está causando muitos prejuízos na sua vida e está motivada a modificar esse comportamento, a terapia individual é a mais indicada.