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A Primeira Escola de Combate Aéreo a Incêndios Florestais no Brasil
por Bill Lavender
A Pachu Aviação Agrícola, Ltda., sediada em Olímpia, São Paulo, foi formada em 2013 por dois sócios, Marcelo Amaral (“China”) e Gilberto de Domingos (“Pachu”). China começou a voar agrícola em 1994, tendo experiência na aviação agrícola brasileira, assim como em instrução de voo desde 1993.
O sócio Pachu entrou para a atividade da aviação agrícola em 2011. Após alguns meses, ele conheceu o China e perguntou se ele gostaria de se associar a ele. Dois anos depois, após completar todos os procedimentos necessários com os vários órgãos que regulam a aviação agrícola, eles formaram a Pachu Aviação Agrícola. Pachu não pilota, mas também tem uma empresa que opera maquinário agrícola. Além disso, ele é dentista. Devido à atuação de seu pai na agricultura, ele passou a se dedicar à agricultura como sua carreira profissional. Hoje, a empresa opera sete aviões agrícolas: um AT-504, um AT-402B, um AT-602 e quatro Ipanemas EMB-202 com motores a álcool originais de fábrica. Os Ipanemas tem equipamentos de pulverização Travicar, originais de fábrica. Os Air Tractor tem sistemas de pulverização Zanoni e barras de alumínio. Estas barras de alumínio são trocadas por barras de aço inox após um ano de uso. Os sistemas GPS das aeronaves são o SkyMap da Travicar nos Air Tractor e o Ag-Nav nos Ipanemas.
Desde 2015, a Pachu Aviação Agrícola, em parceria com a DP Aviação, vem fornecendo treinamento de transição para aviões agrícolas a turbina no AT-504, para
pilotos formados em CAVAG e que já tem experiência em aviões agrícolas a pistão. A DP Aviação é reconhecida como centro de treinamento autorizado e aprovado para instrução teórica e de voo para os aviões das séries AT-400, AT-500 e AT-600 da Air Tractor. Para fazer este curso de familiarização, consistindo em treinamento teórico e de voo, alunos de toda a América do Sul viajam até Olímpia. Eles recebem duas horas de voo divididas em quatro missões, as quais incluem um procedimento de partida no AT-504 em cada missão, depois de 20 horas de instrução teórica sobre a operação do Air Tractor e de seu motor PT6A. A instrução teórica é conduzida por Diego Preuss, da DP Aviação, e um representante da Pratt & Whitney na sede principal da Pachu, em Olímpia.
As turmas consistem entre 20 e 30 alunos. A parte teórica leva três dias. Os alunos devem se planejar com uma semana para a duração do curso. O custo atual deste curso é de R$ 13.500. A DP Aviação é responsável pela promoção do curso. As empresas de seguro que atuam na aviação agrícola geralmente aceitam segurar os alunos formados no curso.
A Pachu Aviação Agrícola também fornece treinamento para combate aéreo a incêndios florestais. Em 2015, China treinou na AmericaSul, onde Astor Schlindwein foi seu instrutor. Na temporada do fogo de 2020, a maior na história do Brasil, China voou missões de combate ao fogo em incêndios florestais em Formosa e no Pantanal, no estado do Mato Grosso, assim como em canaviais no estado de São Paulo. Durante a temporada do fogo, os chamados para incêndios florestais tem prioridade sobre incêndios em canaviais. Também em 2020, o primeiro curso de combate a incêndios que incluiu treinamento prático em voo foi ministrado no Brasil pela Pachu Aviação Agrícola, em parceria com a Fundação Astronauta Marcus Pontes e o ITE – Instituto Toledo de Ensino. O primeiro curso teve 12 alunos. Os alunos receberam 16 horas de instrução teórica ministradas por Mônica Sarmento. Mônica é uma engenheira agrônoma especializada em combate a incêndios florestais. Ela trabalhou no Chile, no Canadá, nos EUA e no Brasil. China ministra a parte prática, com uma hora no AT-504, com quatro lançamentos usando uma comporta hidráulica para combate a fogos da Zanoni. O custo deste curso hoje é de R$ 9.000. A próxima turma está programada para maio de 2021.
Além de fornecer treinamento de conversão
para turbinas e para combate a incêndios florestais, a Pachu Aviação Agrícola faz aplicações aéreas em lavouras na região do estado de São Paulo. Cerca de 95% do trabalho da empresa é na agricultura e os outros 5% em combate ao fogo. Das aplicações aeroagrícolas, 97% é na cana-de-açúcar e 3% em outras culturas. O volume de aplicação típico na cana é de 30 lts/ha usando bicos CP. As operações de combate ao fogo aumentaram, de uma só chamada antes de 2020, para 5% dos voos da empresa em 2020; um crescimento da ordem de vinte vezes.
Embora o combate aéreo ao fogo complemente a atividade aeroagrícola da Pachu Aviação Agrícola, China prefere voar fazendo aplicações em lavouras. Falando com humildade, China diz: “Sou grato por poder combater incêndios com Air Tractors. Mas prefiro voar agrícola por causa das tragédias que já vi nos incêndios florestais”.