Amendoim Orgânico: tecnologia de produção para o Nordeste brasileiro

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AMENDOIM ORGÂNICO TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO PARA O NORDESTE BRASILEIRO

1ª edição


CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone



VICENTE DE PAULA QUEIROGA FRANCISCO DE ASSIS CARDOSO ALMEIDA ÊNIO GIULIANO GIRÃO ACÁCIO FIGUEIREDO NETO ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE EDITORES TÉCNICOS

AMENDOIM ORGÂNICO TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO PARA O NORDESTE BRASILEIRO

1ª EDIÇÃO

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB

2018


©Copyright 2016 by

Organização do Livro VICENTE DE PAULA QUEIROGA, FRANCISCO DE ASSIS CARDOSO ALMEIDA, ÊNIO GIULIANO GIRÃO, ACÁCIO FIGUEIREDO NETO E ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Capa IMGROWER; EDER FORTUNATO; H. ZELL; EMPRESA INTEROLEOS; ADRIANA DE SOUZA ROCHA; VICENTE QUEIROGA Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Data de fechamento da edição: 12-01-2018

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

Q3a

Queiroga, Vicente de Paula. Amendoim orgânico: Tecnologia de produção para o Nordeste brasileiro. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Ênio Giuliano Girão, Acácio Figueiredo Neto, Esther Maria Barros de Albuquerque. – Fortaleza: AREPB, 2018. 368 f. : il. color. ISBN 978-85-67494-25-8 1. Amendoim orgânico. 2. Sistema de produção orgânico. 3. Região Nordeste. 4. Agroecologia. 5. Extração de óleo. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Almeida, Francisco de Assis Cardoso. III. Girão, Ênio Giuliano. IV. Figueiredo Neto, Acácio. V. Albuquerque, Esther Maria Barros de. VI. Título. CDU 634.5

Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB

Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal.


O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br


EDITORES TÉCNICOS Vicente de Paula Queiroga (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)

Francisco de Assis Cardoso Almeida (Dr) Professor Titular da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Centro Tecnológico e Recursos Naturais Universidade Federal de Campina Grande, PB (Brasil)

Ênio Giuliano Girão (M. Sc) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Agroindústria Tropical Fortaleza, CE (Brasil)

Acácio Figueiredo Neto (Dr) Professor Adjunto do Colegiado de Engenharia Agrícola Universidade Federal do Vale do São Francisco- UNIVASF Juazeiro – BA (Brasil)

Esther Maria Barros de Albuquerque (Drª) Doutora em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande-UFCG Campina Grande, PB (Brasil)


APRESENTAÇÃO Na região Nordeste do Brasil, o cultivo do amendoim tem despertado grande interesse entre os agricultores e profissionais das ciências agrárias devido sua importância para o setor alimentício em que a competitividade deste setor está ligada à cultura agrícola do amendoim, como é o caso da agricultura familiar que tem dinâmica e características distintas em comparação à agricultura não familiar. Desenvolvida em pequenas propriedades rurais por grupo de famílias (pequenos agricultores e alguns empregados), priorizam práticas tradicionais de cultivo e de baixo impacto ambiental, sendo uma grande aliada da sustentabilidade e da responsabilidade socioambiental, e adota práticas de cultivo mais sustentáveis com a produção de alimentos orgânicos. Com a tecnificação intensiva da agricultura, esta atividade, que até então era relativamente autônoma, passou a ficar gradativamente dependente do conjunto de empresas e indústrias que atuam no setor. A dependência não se restringiu apenas a área técnica, mas passou a ser também econômica e até política. Desta forma, a ideia básica foi reunir boa parte da informação técnica nacional e internacional disponível e apresenta-la de uma maneira simples de modo que pudesse ser facilmente absorvida por qualquer pessoa interessada no assunto do cultivo do amendoim. Portanto, reunimos nesta edição 8 capítulos que contemplam oportunidades tecnológicas para a exploração orgânica do amendoim, em especial, cultivado no Nordeste brasileiro, que, de certo, poderá contribuir para o crescimento e desenvolvimento da região, vez que evidencia grande potencial de ocupação de mão de obra e geração de renda para agricultores familiares. Na compilação e adaptação destas páginas, os estudos procuram refletir a intensidade de resultados proporcionados pela pesquisa, tornando mais acessível estes estudos aos que atuam e/ou apresentam interesse na cultura do amendoim orgânico por oferecer subsídios adicionais a aplicação de técnicas que vão da semeadura a comercialização e, que, seguramente, irão estimular agricultores, pesquisadores, professores, técnicos, estudantes e demais interessados nesta cultura – amendoim orgânico -.

Os Editores Técnicos


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. GERAÇÃO DE TECNOLOGIA – Vicente de Paula Queiroga, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Ênio Giuliano Girão, Acácio Figueiredo Neto, Esther Maria Barros de Albuquerque ............................................................................ 11 CAPÍTULO 2. ECONOMIA – Vicente de Paula Queiroga, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Tarcísio de Souza Gondim, Esther Maria Barros de Albuquerque ................ 35 CAPÍTULO 3. PRODUÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA – Vicente de Paula Queiroga, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque ............... 48 CAPÍTULO 4. PRAGAS E DOENÇAS DO AMENDOIM - Vicente de Paula Queiroga, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque ...................................................................................................................................... 122 CAPÍTULO 5. COLHEITA, BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO DO AMENDOIM - Vicente de Paula Queiroga, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque...................................................................................... 162 CAPÍTULO 6. PRODUÇÃO DE SEMENTES DE AMENDOIM E PRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA - Vicente de Paula Queiroga, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque, Ayices Chaves Silva, Paulo de Tarso Firmino ..... ...................................................................................................................................... 235 CAPÍTULO 7. AGRICULTURA ORGÂNICA E CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS ORGÂNICOS - Vicente de Paula Queiroga, Ênio Giuliano Girão, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque ............. 280 CAPÍTULO 8. AMENDOIM: CINÉTICA DE LIOFILIZAÇÃO E PRODUÇÃO DE EXTRATOS EM PÓ – Luzia Márcia de Melo Silva, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Vicente de Paula Queiroga, Acácio Figueiredo Neto, Antônio Jackson Ribeiro Barroso, Esther Maria Barros de Albuquerque ........................................................... 300 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 325



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CAPÍTULO I

GERAÇÃO DE TECNOLOGIA (Autores) Vicente de Paula Queiroga Francisco de Assis Cardoso Almeida Ênio Giuliano Girão Acácio Figueiredo Neto Esther Maria Barros de Albuquerque

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INTRODUÇÃO O amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma oleaginosa de enorme relevância econômica, sendo cultivado mundialmente em países desenvolvidos e em desenvolvimento, apresentando uma produção de 31 milhões de toneladas de grãos (USDA, 2015). Essa oleaginosa teve produção de cerca de 34,7 milhões de toneladas no ano de 2011. Os principais produtores foram China, Índia, Estados Unidos, Nigéria e Indonésia. Em 2011, no Brasil, foram colhidas 227.000 mil toneladas em grãos, onde as maiores produções foram nas regiões Sudeste, Centro Oeste e Nordeste (ETENE 2011; CONAB, 2012).

No Brasil, o amendoim é cultivado em mais de 119,9 mil ha distribuídos principalmente pelas regiões Centro-Sul e pouco difundido pela região Nordeste. A nível nacional, o amendoim é cultivado de forma mais significativa em dez estados, com maior produção em São Paulo (108,3 mil ton.), seguido por Rio Grande do Sul (3,4 mil ton.), Minas Gerais (2,1 mil ton.) e Paraná (1,9 mil ton.). A Bahia vem logo em seguida, liderando a região Nordeste com uma produção de 1,4 mil toneladas e produtividade de 942 kg ha-1, numa área explorada de 1,5 mil hectares (CONAB, 2017).

A cultura do amendoim (Arachis hypogaea L.) constitui-se em alternativa de grande importância econômica e social para as condições da região do Nordeste brasileiro, por ser de fácil manejo, ciclo curto, apresentar tolerância a estiagem e, principalmente, por gerar renda e trabalho e por ser fonte de alimento para pequenos e médios produtores. Os mesmos utilizam tecnologias tradicionais de simples manejo para essa cultura, tendo como consequência elevada dependência de mão-de-obra familiar, principalmente no período colheita /beneficiamento.

Portanto, as áreas do Nordeste brasileiro destacam-se como possuidoras de condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo do amendoim de forma ecológica e com alta qualidade sanitária, em microrregiões que exercem papel preponderante na redução natural de pragas da referida lavoura, devido à alta insolação, especialmente na época de colheita. Além disso, as características das propriedades locais, ocupadas basicamente por agricultores familiares, que cultivam espécies diversificadas e usam a mão-de-obra familiar, adequam-se à produção de amendoim nesse tipo de sistema de exploração.

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Apesar da região Nordeste não ter muita tradição, possui, porém, características climáticas adequadas, podendo o amendoim tornar-se alternativa viável de cultivo em substituição a algumas culturas com menor rentabilidade e menor valor nutricional (AMENDOIM, 1995). Por ser uma espécie cultivada por agricultores de várias tipologias, sendo a principal àqueles que lidam com a agricultura familiar, onde o manejo é procedido de forma manual, com baixo nível tecnológico adotado no cultivo do amendoim que resulta na baixa produtividade, o que leva essa região a ter uma produção menor, mesmo explorando uma área relativamente extensa (NOGUEIRA et al., 2006).

Mesmo assim, o amendoim pode ser visto como uma excelente alternativa agrícola para a região Nordeste, pois seu cultivo é feito na maioria em condições de sequeiro, onde as adversidades climáticas são expressivas. A produtividade é influenciada por fatores ambientais, manejo e cultivares usadas, sendo as condições relacionadas à temperatura e umidade do solo as que mais interferem no estabelecimento e desenvolvimento da cultura até o final do ciclo (SILVEIRA et al., 2010). Em regiões com boa disponibilidade hídrica durante todo o ano, o amendoim do tipo ereto (grupo Valência) pode ser cultivado em até três vezes ao ano por ser precoce, com ciclo entre 90 e 110 dias.

Com base na abordagem anterior, diversos fatores externos podem afetar a sua produção e qualidade sanitária (GURJÃO, 1995). Assim, é imprescindível investigar as regiões com condições edafoclimáticas que permitam à cultura externar o seu potencial genético em termos de produtividade, o que se torna importante para o sucesso da agricultura. Através de estudos que relacionam a interação solo-planta-clima, é possível definir áreas que apresentam aptidão, viabilizando a exploração agrícola das plantas, ecológica e economicamente (SILVA; AMARAL, 2007). Uma vez identificadas as áreas potenciais em cada comunidade rural, as seguintes informações tecnológicas devem ser transferidas aos produtores de amendoim orgânico, tais como: Controle de pragas e doenças através do cultivo mecânico, controle biológico, uso de cultivares com resistência genética, cultivos consorciados, rotação de culturas e aplicação de bioinseticidas a base de espécies vegetais colhidas e preparadas na comunidade.

Na região Nordeste, em particular, poucos trabalhos foram realizados no tocante ao sistema de pesquisa e de produção do amendoim, apesar de ser uma alternativa agrícola viável por proporcionar uma renda complementar e por se tratar de um mercado receptivo, ISBN 978-85-67494-25-8


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principalmente na época das festas juninas, quando a maior parte da safra anual da referida região é colhida. Isso tem contribuído para o estabelecimento de pequenas agroindústrias de alimento e de óleo, movimentando a cadeia produtiva regional que é composta, basicamente, por agricultores familiares. Portanto, o principal produto econômico do amendoinzeiro é o grão, rico em lipídios, proteína, vitamina E e vitaminas do complexo B, que apresenta sabor agradável tornando-o um produto destinado principalmente ao consumo “in natura” sendo, também industrializado para obtenção de óleo, e utilizado como aperitivo salgado, torrado e no preparo de diversas receitas da culinária e na indústria de doces, como grãos inteiros com diversas coberturas ou grãos moídos na forma de paçocas ou no acompanhamento de cobertura de sorvetes, bolos e confeites. Além disso, seus subprodutos como os farelos e torta podem ser fornecidos a alimentação animal (SILVA, 2007).

No Recôncavo da Bahia, a maior parte é produzida por pequenos e médios agricultores que vivem da agricultura familiar, onde quase a totalidade da produção é comercializada diretamente em suas propriedades por meio de atravessadores que, por sua vez, comercializam o produto nas feiras livres. Cerca de 80% da produção obtida na região é voltado para o consumo “in natura”, comercializado como amendoim torrado ou cozido (PEIXOTO et al., 2008). O amendoim é cultivado pelos agricultores na região com um baixo nível tecnológico. São métodos de cultivo na maioria das vezes ultrapassados onde predomina os tratos culturais manuais, herdados de antecedentes.

Vale frisar que os alimentos ecológicos não podem ser comercializados sob a condição de “produtos orgânicos”, sem antes haver cumprido os requisitos que impõem as entidades certificadoras. As entidades certificadoras se encarregam de comprovar que esse produto tenha todas as características ecológicas e ademais de que o processo que será utilizado para sua produção e processamento cumpre com as regras da normativa do país ao qual se deseja comercializar. Uma vez que uma organização de produtores ou um produtor independente cumpra com os requerimentos estabelecidos nas resoluções de uma norma específica, então o passo seguinte será contratar uma entidade certificadora, a qual irá solicitar de uma série de requisitos que devem cumprir tanto as áreas de produção e infraestrutura onde se realizam o processamento e embalagem do produto. No caso de que os procedimentos estejam devidamente respaldados por documentação, então essa unidade produtiva de amendoim será certificada. ISBN 978-85-67494-25-8


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BOTÂNICA, MORFOLOGIA E FISIOLOGIA DO AMENDOIM

-Aspecto botânico O amendoim é uma leguminosa originária da América do Sul e tem como centros de origem o sudeste da Bolívia e noroeste da Argentina, com registros de A. ipaensis e A. duranensis, como seus possíveis ancestrais (FÁVERO et al., 2006). Pertence ao gênero Arachis, que é composto por mais de 80 espécies já descritas, entre elas, materiais diplóides e tetraplóides. O amendoim cultivado (Arachis hypogaea L.) é um tetraploide natural (2n = 4x = 40), de genoma AABB, entretanto a maioria das espécies selvagens são diplóide (2n = 2x = 20), que se reproduz quase exclusivamente por autogamia (SANTOS et al., 2000).

Segundo Valls e Simpson (2005), dentre as várias espécies de Arachis, 64 ocorrem no Brasil e 48 são endêmicas do território brasileiro. A primeira referência sobre o amendoim (Arachis hypogaea L.) em toda a história da humanidade, foi encontrada num texto escrito em 1578 e registrada por Jean de Lery. Eram relatos de franceses que viajaram pelo nordeste brasileiro. Convivendo com índios do Estado do Maranhão, esses franceses viram e experimentaram pela primeira vez o chamado “Manobi”. Por causa do gosto semelhante ao das amêndoas largamente conhecidas na Europa, os colonizadores portugueses foram adaptando o seu nome para “Amendoi”, derivado de amêndoa, origem do nome atual (MARTIN, 1987).

O amendoim é uma planta Magnoliopsida (Dicotiledônea), pertencente à família Fabaceae (Leguminosae) e ao gênero Arachis (CRONQUIST, 1981). Trata-se de uma dicotiledônea herbácea, anual com ciclo indeterminado. Segundo Nakagawa e Rosolem (2011), sua taxonomia é a seguinte:

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Reino: Plantae Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae) Classe: Magnoliopsita (Dicotyledoneae) Ordem: Fabales Família: Fabaceae (Leguminosae) Subfamília: Faboideae (Papilionoideae) Tribo: Aeschynomeneae Subtribo: Stylosanthinae Gênero: Arachis Espécies: A. hypogaea Nome binomial: Arachis hypogaea L. Nome científico: Arachis hypogaea

Dentre as inúmeras espécies conhecidas, as mais importantes são: Arachis hypogaea L. (a mais cultivada, jamais encontrada em estado selvagem, formas selvagens do mesmo gênero são perenes), Arachis prostrata Benth e Arachis nhambiquare Hoehne (FREITAS et al., 2003). A espécie Arachis hypogaea L. se subdivide em duas subespécies: Arachis hypogaea subespécie hypogaea originada no sudeste da Bolívia e Arachis hypogaea subespécie fastigiata do Peru. A subespécie hypogaea inclui as variedades hypogaea e hirsuta. Já a subespécie fastigiata inclui as variedades peruviana, aequatoriana e vulgaris (GREGORY et al., 1980; PATTEE; YOUNG, 1982; GRACIANO, 2009).

O nome botânico está relacionado ao modo do vegetal frutificar. Ou seja, a planta emite flores na parte aérea, porém, desenvolve os seus frutos debaixo (hypo) da terra (gaea). Por outro lado, o amendoim pode ser classificado agronomicamente como pertencente aos grupos Spanish, Valência e Virginia, para distinguir os tipos, seguindo uma classificação botânica de variedades (JUDD et al., 1999; Tabela 1). O grupo Virgínia subdivide-se ainda em rasteiros (“runners”) e arbustivos (“bunch”). O tipo Virgínia é representado por acessos da subespécie hypogaea, que tem em comum hábito de crescimento rasteiro (decumbente), semi-rasteiro e arbustivo, ciclo longo (120 a 140), ausência de flores na haste principal, presença de dormência acentuada na semente, coloração bege e vagens com duas sementes grandes (GODOY et al., 2005); já os tipos

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Valência e Spanish são representados pelas subespécies fastigiata e hypogaea, respectivamente. Ambas possuem hábito de crescimento ereto ou semiereto, ciclo curto (90 a 100), tegumento de coloração vermelha/rosado, presença de dormência parcial na semente e haste principal com flores, assim como nas ramificações. As vagens do grupo Spanish apresentam duas sementes de tamanho pequeno a médio; já as do grupo Valência contêm entre três e quatro sementes por vagem (GODOY et al., 2005).

Tabela 1. Classificado agronômica dos grupos de amendoim Valência, Virgínia e Spanish, para distinguir os vários tipos comerciais. Tipo

Tipo

Botânico

Comercial

Ramificação

Porte

Flores na

Sementes/

Cor

Haste

Fruto

Semente

da

Principal

Virgínia

Virgínia

Alternada

Ereto

Não

Tamanho da Semente

2

Bunch

Coloração

Grande

Bege

Virgínia

Rasteiro

Médio

Runner Valência

Valência

Sequencial

Ereto

Sim

Mais de 3

Spanish

Spanish

Sequencial

Ereto

Sim

2

Vermelha

Pequeno

Rosado

Pequeno

-Aspecto morfológico Planta - Arachis hypogaea L é uma espécie herbácea, anual, pubescente, ramificada, de porte ereto ou rasteiro. A parte aérea da planta apresenta uma haste principal, de onde são emitidos ramos primários, secundários e terciários. Nas variedades de porte ereto, a haste principal cresce verticalmente atingindo em torno de 50 a 60 cm de altura. A arquitetura da planta é constituída basicamente da haste principal, dos ramos primários que também crescem verticalmente, e poucos ramos secundários ou terciários. Nas variedades com porte rasteiro, a haste principal também é vertical, porém, curta, atingindo 20 a 30 cm de comprimento. Os ramos primários crescem horizontalmente e se espalham pelo solo, emitindo alternadamente gemas reprodutivas ou ramificações secundárias e terciárias, formando uma arquitetura mais espessa do que a de variedades de porte ereto (GODOY et al., 2005). A Figura 1 ilustra a planta de amendoim.

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Figura 1. Características morfológicas da planta do amendoim. Fonte: Imagens Google, 2008.

Raiz - O sistema radicular (Figura 2) é constituído por uma raiz pivotante, com raízes laterais, formando um conjunto bastante ramificado e profundo, permitindo a exploração de umidade do solo, normalmente, não disponível a outras culturas anuais. Embora possa atingir profundidades superiores a 60 cm, cerca de 60% das raízes estão distribuídas nos primeiros 30 cm do solo (KRANS et al., 1980).

Figura 2. Raiz central da planta de amendoim pode superar os 60 cm de profundidade. Foto: Ignácio José de Godoy. ISBN 978-85-67494-25-8


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Por se tratar de uma leguminosa, as raízes apresentam nodulação (Figura 3), indicadora da presença de bactérias simbióticas fixadoras de nitrogênio atmosférico, que pertencem a diferentes gêneros científicos, como, Rhizobium spp. e Bradyrhizobium spp., coletivamente conhecidas como rizóbios. No caso do amendoim, a bactéria Bradyrhizobium spp. pertence ao grupo do cow-pea, e é encontrado em quantidade na maioria dos solos utilizados. Os nódulos, que se caracterizam por ser em grande número (400 a 800) e de pequeno tamanho (1 a 4 mm), encontram-se nas raízes principais, primárias e secundárias, porém concentram-se mais nos primeiros quinze centímetros do sistema radicular (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011; GILLIER; SILVESTRE, 1970).

Figura 3. Arachis hypogaea: (A). Parte subterrânea com dois ginóforos, em cujas extremidades o ovário dará origem às vagens (fruto) e raízes com nódulos (note que um deles, abaixo do ginóforo da direita, está cortado e possui área circular avermelhada); (B) Ampliação da região da raiz contendo o nódulo que foi cortado, para evidenciar a cor avermelhada devido à presença da leghemoglobina, e outro nódulo inteiro e (C-D) Detalhes da raiz, frutos, nódulos e ginóforo na planta de amendoim (C). Fotos: Lucia Maria Paleari.

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É importante esclarecer que a presença da molécula leghemoglobina (legHb) no interior dos nódulos das leguminosas, além de ser responsável pela coloração avermelhada, é de prover as bactérias fixadoras com oxigênio suficiente para que elas façam a respiração celular, sem, contudo, deixar o ambiente repleto desse gás, que, em excesso, impede as bactérias de fixar nitrogênio. O que ocorre é que para conseguir fixar o nitrogênio, sintetizando amônia (NH3), que logo em seguida é transformada em produtos menos tóxicos assimiláveis pelo vegetal, a bactéria produz e precisa utilizar uma enzima, molécula esta do grupo das proteínas. Essa enzima, denominada de nitrogenase, tem uma característica especial: ela é incapaz de agir se o ambiente estiver oxigenado (aeróbico). Portanto, é preciso de ambiente anaeróbico (do grego an = ausência, privação), para que a fixação biológica do nitrogênio aconteça (PALEARI, 2015). Caule e ramificações – O caule principal e as ramificações primárias desde a base podem medir 0,20 - 0,70 m de comprimento, dependendo da variedade. As ramificações são sempre herbáceas, de cor verde claro, verde escuro ou de tonalidade arroxeada. Os caules ramificados que, conforme a variedade, apresentam aspecto rasteiro, semiereto ou francamente ereto, e são ligeiramente pelosos. São de secção angulada em sua fase jovem e se tornam cilíndricas ao envelhecer. Enquanto a medula central desaparece com o tempo e os caules de certa idade são ocos.

As ramificações variam quanto ao número e tamanho, sendo maiores no tipo rasteiro em relação ao ereto. Da mesma forma, a disposição das gemas vegetativas e reprodutivas na haste principal e nas ramificações podem variar. Essas características são empregadas para diferenciar as cultivares e os grupos ou tipos vegetativos na espécie cultivada (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011). Existem dois tipos de formas: a). Sequencial que é característica do crescimento ereto, sendo que na haste principal se emite de 4 a 6 ramos laterais ascendentes; e b). Alternada que é caracterizada pela ausência de flores na haste principal, sendo que as gemas reprodutivas vão surgir em ramos laterais em forma alternadas (Figura 4).

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Figura 4. Tipo de ramificação da planta de amendoim: a). Alternada e b). Sequencial. Foto: Sergio Cobel.

É importante frisar que o grupo Virgínia apresenta ramificação alternada, sem inflorescência no ramo principal, hábito de crescimento prostrado ou ramador, uma ou duas sementes por vagem e ciclo vegetativo entre 120 a 160 dias. As variedades deste grupo subdividem-se em rasteiras (runners) e arbustivas (bunch) sendo a estrutura vegetativa das primeiras (rasteiras) mais eficiente na produção de vagens em função do maior contato dos ginóforos com o solo (NOGUEIRA; TÁVORA, 2005; FERNANDES, 2011).

Folhas - Suas folhas são compostas (Figura 5), alternas, dispostas em dois pares de folíolos iguais, com pecíolos longos, ovalados, pubescentes, de borda inteiro e de coloração esverdeada (CENTURION; CENTURION, 1998). Normalmente, as folhas são pinadas com quatro folíolos, sustentados por um pecíolo longo de até 10 cm de comprimento. Cada folíolo apresenta um formato mais ou menos elíptica, arredondado na base e mais ou menos agudo no ápice. Os folíolos têm estômatos em ambas faces e compreendem um mesófilo esponjoso que se apresenta como um tecido capaz armazenar água. Apresentam movimentos nictinásticos ascendentes, ou seja, durante o dia os folíolos ficam distendidos ao máximo para captar a energia solar, mas a noite eles se voltam para cima, evidenciando sua face abaxial. Seu pecíolo comprido, de seção ISBN 978-85-67494-25-8


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canaliculado, é rodeado em sua base por duas estípulas longas de forma lanceolada. As variações da organização foliar dão as vezes folhas de cinco, três ou dois folíolos, e inclusive de um só folíolo. O tamanho dos folíolos varia entre cultivares, sendo maiores na subespécie fastigiada que na subespécie hypogaea. Na planta, os folíolos do caule são pouco maiores que os dos ramos, e o par apical é geralmente maior que o basal (GILLIER; SILVESTRE, 1970; COFFELT, 1989; RAMANATHA; MURTY, 1994).

Figura 5. Folha de amendoim formada por quatro folíolos. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Flor - As flores são amarelas (Figura 6), emitidas nas axilas das folhas em inflorescências, agrupadas em número variável ao longo do ramo principal ou também dos ramos secundários, conforme a variedade ou o tipo vegetativo. Todas são potencialmente férteis e hermafroditas, autógamas, com baixa porcentagem de cruzamentos naturais. A flor é séssil, completa. O cálice é verde, composto de cinco sépalas soldadas nas hastes, formando um tubo calicinal que se insere na axila da folha. A corola é laranja, com cinco pétalas inseridas na parte superior do tubo calicinal (ou hipanto; estandarte, duas asas e quilha, constituída de duas pétalas unidas pelos bordos inferiores). A pétala maior é o estandarte que apresenta diversos tons de amarelo, ás vezes com estrias de coloração diferente e que permitem diferenciar tipos de cultivares. O ovário acha-se localizado ao nível de inserção do tubo do cálice, é séssil, com dois a cinco óvulos, raramente seis, sendo estes presos à soltura ventral. O estilete percorre todo o comprimento do tubo e se ISBN 978-85-67494-25-8


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curva na corola, terminando em estigma pequeno e clavado (CONAGIN, 1955; BULGARELLI, 2008).

Figura 6. Fase de floração do amendoinzeiro (Arachis hypogaea): (A-B) Botão floral evidenciando (ca) cálice e hipanto (h); (C-D) Detalhes da flor aberta evidenciando (as) asa, (est) estandarte; (E) Asa (as) aberta evidenciando a quilha (qui), estrutura que recobre partes dos aparelhos reprodutores masculino (androceu) e feminino (gineceu); (F) Aparelho reprodutor masculino evidenciando anteras (an) abertas com pólen, fixadas no ápice dos filetes, que são concrescidos na base, e aparelho reprodutor feminino evidenciando o estigma (e) no ápice do estilete. Fotos: Lucia Maria Paleari.

É importante destacar que a flor do amendoinzeiro está situada na extremidade de uma estrutura tubular e delicada, o hipanto, que emerge da axila da folha (Figura 7A-B). O ovário de cada flor é localizado na base de seu “pedúnculo”, próximo ao ramo. Da flor fecundada, forma uma estrutura denominada botanicamente de ginóforo, mas popularmente conhecida como “esporão” ou “peg” que possui geotropismo positivo (Figura 7C). Atingindo certa profundidade (5 a 10 cm) no solo, sua extremidade começa ISBN 978-85-67494-25-8


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a se espessar dando origem aos frutos e sementes. Esse processo especial de frutificação, em que uma flor aérea, após ser fecundada, produz um fruto subterrâneo é denominado geocarpia, considerada uma propriedade intrínseca do gênero (GODOY et al., 2005).

Figura 7. Arachis hypogaea (amendoinzeiro): (A) Detalhes da flor – (h) hipanto, (s) estilete, (o) ovário, (g) ginóforo, (fm) flor murcha; (B) Detalhe de ginóforos (esporões) já crescidos, emergidos da axila de folhas; (C) Parte aérea (ramos com folhas) e detalhe das raízes e frutos subterrâneos, com seus respectivos ginóforos desenvolvidos. Fotos: Lucia Maria Paleari.

Fertilização da flor e desenvolvimento do ginóforo - A baixa taxa de cruzamento do amendoim é devido à constituição de sua flor apropriada para autopolinização (cleistogâmica). Sua fertilização dá-se antes da abertura. Uma vez fertilizada, um tecido meristemático intercalar, da base do ovário torna-se ativo, formando-se uma estrutura alongada com ponta aguda, que carrega o ovário com os óvulos fecundados em sua extremidade (Figura 8), denominada de ginóforo, carpóforo, “peg” ou esporão. Com uma semana após a fertilização, o carpóforo passa a exibir um geotropismo positivo até alcançar a superfície do solo. Seu comprimento irá depender da distância que tem a percorrer para alcançar o solo e, também, da posição da flor em relação a este ponto referencial (solo). Entretanto, se o carpóforo, pela grande distância que tem a percorrer, não conseguir alcançar o solo acaba por murchar sem formar frutos. Apenas as flores que se localizam a 15 cm de altura ou menos, são as que vão originar carpóforos em condição ISBN 978-85-67494-25-8


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de alcançar o solo, proporção esta que varia entre 45 a 65% (Figura 9). É comum a flor permanecer presa a sua extremidade até que o carpóforo penetre ao solo, pois a sua função também é levar ao fruto em formação os nutrientes elaborados pela parte área da planta, pois anatomicamente é um ramo. Além disso, o carpóforo pode absorver os nutrientes diretamente do solo, à semelhança das raízes, por ser dotado de numerosos pelos absorventes multicelulares, em sua parte subterrânea (CONAGIN, 1973; COOLBEAR, 1994). Uma vez penetrando no solo, o ginóforo continua a crescer verticalmente mais alguns centímetros (4-5 cm), após sua extremidade assumir posição horizontal num ângulo de 90º, dando início à formação da vagem ou seu engrossamento. Este espessamento está relacionado ao desenvolvimento dos óvulos fecundados, em estádio de proembrião, que até então não haviam sofrido modificação em seu tamanho. A vagem é formada pelo rápido crescimento do tecido do endocarpo, entre os óvulos e a parede da casca. Com o crescimento das sementes, o endocarpo desaparece, permanecendo a estrutura rígida da casca. É importante destacar que o ovário desenvolvido origina o fruto (legume), indeiscente, e os óvulos, as sementes, sendo as primeiras vagens visíveis 25 a 30 dias após o início da floração. Em condições normais, as sementes atingem a maturação entre 50 e 60 dias após a fertilização (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011; SANTOS et al. 2013).

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Figura 8. Ilustrações dos processos de fertilização da flor de amendoim e da emissão e desenvolvimento do ginóforo, resultando na extremidade do ginóforo um fruto ou vagem. Fotos: Luiz Henrique Batista de Souza (A); João Nakagawa e Ciro Antônio Rosolem (B) e J. H. A. van Zee (C).

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Figura 9. Após a polinização da flor (A), os ovários fecundados terminam de se desenvolver em vagens dentro do solo. Na imagem B, os carpóforos contendo os ovários estão indo para o solo. Fotos: H. Zell; Alain Busser.

Inflorescência - As flores surgem nas axilas das folhas em inflorescência do tipo espiga que produz de três a cinco flores. A inflorescência é semelhante a um ramo vegetativo, de dimensões muito reduzidas. Em uma mesma axila normalmente abre-se uma flor por vez, sendo rara a abertura de duas ao mesmo tempo. O período de florescência já começa nas 3 a 4 semanas após a semeadura e pode se prolongar por até mais de 2 meses. As flores abrem pela manhã, após haver ocorrido já autopolinização (CENTURION; CENTURION, 1998). Vale acrescentar que o sistema reprodutivo do amendoim é formado por flores hermafroditas e cleistogâmicas, permitindo, a ocorrência de autofecundação com baixa taxa de polinização cruzada, menos que 1% (NIGAM et al.,1990).

Frutos - Os frutos são vagens indeiscentes, uniloculadas, estranguladas, de cor amarelopalha, com superfícies mais ou menos reticuladas, encerrando uma a cinco sementes presas à face interna e ventral do pericarpo (Figura 10). Os frutos desenvolvem-se no interior do solo (geocarpia), sendo ligados a axilas das folhas (parte aérea) através de uma estrutura denominada carpóforo, ginóforo ou “peg”. A casca representa de 25 a 30% do peso dos frutos secos, tem como principal constituinte a celulose e é relativamente pobre em nutrientes (CENTURION; CENTURION, 1998). Entre os seus usos mais frequentes ou possíveis, estão os combustíveis (pela queima), ração animal (trituradas e misturadas às rações para ruminantes, desde que sem micotoxinas), fertilizantes (como matéria ISBN 978-85-67494-25-8


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orgânica “in natura” ou forma de composto), placas de aglomerados (triturada, seca e com adição de goma). Além disso, tem sido o substrato preferido para utilização em “camas” de aviários de corte, o que lhe confere bom valor comercial.

Figura 10. A;B). Detalhes das vargens (frutos) na planta de Arachis hypogaea com seu pericarpo (casca) e sementes e C). As vargens com três e duas sementes de amendoim. Foto: Lucia Maria Paleari

Sementes - O número e tamanho das sementes variam entre as cultivares. As sementes constam de um tegumento seminal (película) delgado e do embrião. O tegumento pode ser de cor variável como branco, rosado, vermelho, roxo e ou negro (Figura 11), inclusive manchado de branco e vermelho. Enquanto o embrião é constituído por dois cotilédones ISBN 978-85-67494-25-8


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volumosos, ricos em óleo e proteína e um eixo reto compreendendo um epicótilo de três gemas, uma apical e duas cotiledonares, os elementos de seis a oito folhas e uma radícula (Figura 12); esta é perceptível externamente como um pequeno bico da semente (MAZZANI, 1961; FONSECA, 1981; CÂMARA et al., 1982). Comercialmente, as sementes de película vermelha, rosada ou castanha são as mais comuns e constituem a parte de maior interesse econômico, devido ao seu elevado teor de óleo comestível, ultrapassando 45% em algumas variedades, e cerca de 20% de proteínas (GODOY et al., 2005).

Figura 11. Sementes de amendoim de grãos de cor negra.

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Figura 12. Estrutura da semente de amendoim (Arachis hypogaea L.): Tegumento, pluma (Epicótilo com as primeiras folhas rudimentares ou embrionárias), cotilédones, radícula (hipocótilo com a raiz embrionária). Foto: W. P. Armstrong (2005).

-Aspecto fisiológico

Germinação -. Define-se a germinação da semente de amendoim como sendo epigeal, ou seja, o eixo hipocótilo-radícula, durante seu crescimento, curva-se próximo ao nócotiledonar, formando o gancho plumular, que será a primeira parte da plântula a atingir a superfície do solo, erguendo em seguida, os cotilédones (BEWLEY; BLACK, 1978; Figura 13). Para que o processo de germinação ocorra normalmente, além das condições intrínsecas das sementes, as condições ambientais relativas à umidade, temperatura e oxigênio são essenciais e se uma delas estiver inadequada, a germinação não ocorre (KOLLER; HADAS, 1982).

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Figura 13. Sementes germinadas de amendoim com base na emissão do eixo hipocótiloradícula. Foto: Arquivo da empresa Jardim de Minas.

As sementes de amendoim apresentam tamanhos consideráveis e para que elas possam germinar é necessário fornecer uma quantidade suficiente de água. O índice de embebição das sementes em um solo úmido no momento da germinação é de 35% a 40% (GILLIER; SILVESTRE, 1970). A primeira evidência visível da germinação das sementes de amendoim é a emergência da raiz primária, que ocorre em 24 horas em sementes do grupo botânico “Spanish”, mas que requer 36 a 48 horas em sementes do grupo botânico “Virgínia”. Após cinco a dez dias, dependendo do cultivar de amendoim e das condições ambientais, a raiz começa a absorver nutrientes e o epicótilo começa a realizar fotossíntese (KETRING et al., 1982). Em sementes de amendoim do grupo botânico“Virgínia”, a absorção de água induz o embrião a produzir etileno, que atua como agente regulador da germinação, inibindo o efeito do ácido abscísico presente nas sementes, possibilitando a ativação de enzimas responsáveis pelo processo de conversão dos lipídios em carboidratos (KETRING et al., 1982). Com relação à temperatura, a germinação ocorre dentro de certos limites, cujos extremos

dependem

de

cada

espécie

(CARVALHO;

NAKAGAWA,

1988;

LABOURIAU, 1983). Em amendoim, uma germinação rápida e uniforme ocorre entre 20 e 35 ºC, apesar dessa espécie germinar em uma ampla faixa de temperaturas, que varia entre 5 e 40 ºC (KETRING et al., 1982).

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O processo de germinação requer um aumento acentuado na atividade respiratória das sementes, ou seja, um suprimento adequado de oxigênio (KOLLER; HADAS, 1982). Porém, a exigência de O2 é relativamente baixa para a maioria das sementes (COPELAND; McDONALD JR, 1985), inclusive para as de amendoim (KETRING et al., 1982). Na Figura 14, observam-se as fases de desenvolvimento de Arachis hypogaea ocorridas por volta de três semanas quando a planta está com as primeiras folhas bem desenvolvidas, embora possa acontecer de algumas sementes demorarem mais a germinar e a emitir as primeiras folhas (PALEARI, 2015).

Figura 14. Processo de germinação da semente de Arachis hypogaea, o amendoinzeiro: (A) Radícula em crescimento; (B-C). Semente com os dois cotilédones (duas metades) aflorando no solo; (D-F). Folhas em crescimento; (G) Plântula com três folhas, cada uma com os seus quatro folíolos. Fotos: Lucia Maria Paleari. Dormência – Algumas variedades de amendoim (Figura 15) apresentam sementes que germinam imediatamente, enquanto outras têm sementes que germinam somente após um período de dormência. Sementes das cultivares do grupo botânico “Virgínia” (que possuem ramificação alternada) têm um período de dormência, enquanto cultivares dos grupos “Spanish” e “Valência” (com ramificação sequencial) apresentam pouca ou nenhuma dormência (GILLIER; SILVESTRE, 1970; DUKE; KAKEFUDA, 1981).

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Figura 15. Sementes de amendoim do grupo Valência. Foto: Arquivo da empresa Jardim de Minas.

A dormência pode ocorrer devido a alguns fatores como: imaturidade do embrião e impermeabilidade do tegumento da semente a gases e água. É geralmente vista como um mecanismo de sobrevivência de espécies de plantas silvestres, mas pode causar germinação menos uniforme em espécies cultivadas, sendo aparentemente causada por barreiras metabólicas endógenas em sementes de amendoim. Algumas pesquisas evidenciam que as barreiras metabólicas são provavelmente enzimáticas e impedem a síntese de proteínas e/ou a degradação e transporte de reservas para o embrião (KETRING et al., 1982). Esse caráter é monogênico com dominância incompleta, sendo, portanto, de fácil manipulação no melhoramento genético (SWAIN; SAHOO, 2001).

TOOLE et al. (1964) trabalhando com sementes de amendoim, verificaram que plantas que cresceram por longos períodos produziram sementes com baixa dormência em relação àquelas colhidas mais cedo. Em seus estudos, a dormência foi reduzida por remoção do tegumento, aumento da concentração de CO2 e tratamento com etileno. Por outro lado, Swain et al. (2001) estudaram a intensidade e duração da dormência nas sementes de genótipos eretos, semirrasteiros e rasteiros de amendoim e constataram que os materiais rasteiros e semirrasteiros apresentaram de imediato e por um longo período de dormência, enquanto os materiais eretos mostrou curto a médio período de dormência com fraca a moderada intensidade.

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Reguladores de crescimento - São definidos como compostos orgânicos que em pequenas quantidades promovem, inibem ou modificam, qualitativamente, o crescimento e desenvolvimento das plantas. Portanto, a embebição de sementes de amendoim em solução de 200 ppm GA3 (Progibb) antes da semeadura poderá superar a sua dormência.

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CAPÍTULO 2

ECONOMIA

(Autores) Vicente de Paula Queiroga Francisco de Assis Cardoso Almeida Tarcísio Marcos de Souza Gondim Esther Maria Barros de Albuquerque

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PAÍSES PRODUTORES Os principais países produtores de amendoim na safra 2010/11 foram China (42,8%), Índia (17%), Estados Unidos (5,3%), Nigéria (4,4%), Indonésia (3,5%), Senegal (3,1%), Argentina (2,8%), os quais em seu conjunto representam 78,9% da produção total mundial, tendência que tem sido mantida desde a década dos anos 70. Estes países também constituem o grupo de maiores consumidores com 74% do consumo a nível mundial. Enquanto a União Europeia, Indonésia, Canadá e Rússia alcançaram o 71% das importações a nível mundial (FINANCIERA RURAL, 2011).

Por outro lado, o amendoim ecológico é cultivado em todos os países tropicais e subtropicais, como também nos países de regiões temperadas com verões quentes e prolongados. Muitos países têm deixado de exportar amendoim orgânico, devido a problemática do teor de aflatoxinas. O desenvolvimento de sistemas exemplares de produção orgânica está parado em muitos países e sua produção para exportação, como por exemplo para a Alemanha, atualmente está limitado a países como EUA, China, Egito e Israel. No entanto, a problemática com aflatoxina pode ser superado, desde que se cumpra um sistema específico de cultivo ecológico adotado para o amendoim. Os rendimentos de amendoim orgânico são de 2,2 - 3.2 t/ha em EUA, 2,5 - 3,5 t/ha em China e 2,8 t/ha de amendoim com casca em Zimbábue. A produção média mundial é de cerca de 1,1 t/ha e o potencial produtivo é de 9 t/ha (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000).

MERCADO INTERNACIONAL DE PRODUTOS ORGÂNICOS O agronegócio de produtos orgânicos a nível mundial tem mostrado um crescimento de 100% nos últimos três anos, tendo incorporado mais de 12 milhões de hectares. Estimase que, no ano de 2007, a área total mundial, conduzida sob o princípio da agricultura orgânica, foi de 31,5 milhões de ha, enquanto as vendas totais mundiais dos produtos orgânicos, ascenderam a US$ 40 milhões. Entretanto, o mercado mundial, o setor de nozes e frutos secos orgânicos, entre os quais se encontra o amendoim, tem crescido nos últimos cinco anos a um ritmo de 30%. Se há uma grande demanda insatisfeita, é devido a reduzida oferta de amendoim orgânico certificado, a qual está estimada entre 6.000 a 8.000 toneladas de grãos com casca. O principal importador a nível mundial é a União Europeia (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

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Em Bolívia, para o período 2010-2015, técnicos da Fundación Valles registraram (Tabela 2) um decréscimo na superfície cultivada e na produção de amendoim orgânico. No mesmo período, constata-se 2014 como um ano atípico devido à redução não somente da área cultivada do amendoim, mas também no seu rendimento. Apesar da redução no número de produtores desde o ano de 2010, os volumes produzidos foram incrementados no ano de 2015 em razão dos aumentos no seu rendimento. Quando se compara a produção orgânica do ano 2013, somente representa 0,41% da produção total do amendoim convencional da Bolívia.

Tabela 2. Produção de amendoim orgânico em Bolívia. Ano

Área

Volume

Área/

Volume/

Rendimento

Produtores

(ha)

(tn)

produtores

Produtores

(tn/ha)

2010

464

122,46

160,66

0,26

0,35

1,31

2011

338

81,94

102,10

0,24

0,30

1,25

2012

282

73,45

93,53

0,26

0,33

1,27

2013

198

56,70

84,92

0,29

0,43

1,50

2014

259

55,10

53,32

0,21

0,21

0,97

2015

196

74,02

103,99

0,38

0,53

1,40

Fonte: Fundación Valles

PRODUÇÃO NO NORDESTE DO BRASIL A produção nacional é concentrada na região Sudeste, principalmente no Estado de São Paulo, responsável por quase 80% da área cultivada, seguida da Nordeste, Sul e CentroOeste (CONAB, 2012). Atualmente, os mercados dividem-se nos segmentos de mesa “in natura”, indústria de alimentos e oleoquímica, este último com perspectiva de crescimento devido as demandas das indústrias de óleos comestível, combustível e farmacêutica.

O Nordeste é o segundo maior polo consumidor de amendoim no Brasil em função das grandes extensões das faixas litorâneas, onde é vendido nas formas torrada e cozida. Todavia, a produção obtida na região atende apenas a 28% da demanda regional, intensificada nos períodos das festas juninas que ocorrem desde maio até julho. Apesar da grande demanda, a produção de amendoim na região Nordeste corresponde a cerca de 7% da produção nacional, sendo o mercado abastecido pela importação do produto vindo ISBN 978-85-67494-25-8


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de São Paulo e da Argentina. As principais regiões produtoras são: o Agreste dos estados da Paraíba, Sergipe e Bahia e a região semiárida no Cariri cearense (SANTOS et al., 2005a). Uma abordagem rápida sobre os principais estados nordestinos produtores e consumidores de amendoim é feita a seguir.

A lavoura do amendoim na Bahia - Segundo a CONAB (2010), a área cultivada na Bahia na safra 2009/2010 foi aproximadamente 7 mil ha, com uma produção esperada de 8 mil toneladas. O polo agrícola de amendoim situa–se na região do Recôncavo baiano, contudo em Barreiras, situado na região de cerrado, tem havido grande crescimento da cultura nos últimos cinco anos, onde o amendoim é exportado para diversas regiões do Brasil. Como antecipação à demanda, na Bahia, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário (EBDA) tem promovido capacitação de técnicos para subsidiar os agricultores baianos no tocante à produção de biocombustível de várias culturas, inclusive, amendoim (EBDA, 2010). Segundo Andrade e Simões (2007), a Bahia possui clima adequado para o cultivo de mamona, dendê, girassol e amendoim. Para se efetivar uma elevada produção dessas oleaginosas, é preciso dispor de sementes próprias para o plantio, utilizar práticas culturais adequadas (como espaçamento, época de plantio e consorciação), organizar o mercado interno para o produtor e para o consumidor final, melhorar os preços pagos ao produtor agrícola, aumentar a oferta de crédito e de assistência técnica ao produtor agrícola, qualificar os agricultores familiares na produção de sementes de qualidade, entre outras (MELO FILHO; SANTOS, 2010).

No Recôncavo da Bahia, as cidades de Maragogipe e Cruz das Almas são os principais produtores de amendoim, concentrando cerca de 40% da produção da Bahia, sendo a grande maioria do plantio realizada em condições de sequeiro (SEAGRI, 2009). São cultivos liderados por pequenos e médios agricultores que utilizam da prática da conservação “on farm”, no qual armazenam legumes que lhes parecem ser mais promissores com o intuito de atingir maiores produtividades.

O amendoim no estado do Ceará - A área cultivada no Ceará na safra 2009/2010 foi de 1.100 ha, com uma produção esperada de 1.600 toneladas (CONAB, 2010). Neste estado, a lavoura do amendoim é de grande relevância para os agricultores familiares, sendo os ISBN 978-85-67494-25-8


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municípios Crato, Barbalha, Farias Brito e Missão Velha os principais produtores. No passado, o Ceará teve maior expressão na produção dessa oleaginosa, porém, nos últimos anos, a área vem decrescendo em função de problemas climáticos e agrícolas. Governo do Estado tem empenhado esforços para soerguer essa lavoura na região, contando com linha de credito e capacitação de produtores, que tem sido apoiado por empresas de ensino e pesquisa locais e externas. A Embrapa Algodão, em parceria com a UFRPE e a EMATER–CE, tem promovido capacitação de técnicos e agricultores, apresentando novas tecnologias para os mercados de alimentos e biocombustível. Mesmo que hoje tenha uma produtividade baixa – cerca de 600 quilos por hectare –, a região do Cariri (CE) tem condições climáticas de produzir amendoim de excelente qualidade. Entretanto, de acordo com a Embrapa, ainda é necessário que os produtores adotem técnicas de manejo que contribuam para a elevação da produção (MELO FILHO; SANTOS, 2010).

O amendoim na Paraíba - Segundo a CONAB (2010), a área cultivada na safra 2009/2010 foi de 1.200 ha, com uma produção esperada de 800 toneladas. A grande maioria dos agricultores da Paraíba comercializa a produção em feiras locais ou a entrega diretamente na CEASA–PE, o que foge das estatísticas do estado. Por este motivo, estima–se uma produção superior ao que se encontra divulgada pelos órgãos oficiais. Em Mogeiro, região produtora situada no Agreste paraibano, os agricultores não somente plantam como também beneficiam (torrado) na busca de agregação de valor. Alguns comercializam diretamente em São Lourenço da Mata (PE). Em Itabaiana, município paraibano próximo a Pernambuco, existem comerciantes que atuam como atravessadores recolhendo de pequenos produtores locais sempre que surge uma grande demanda (MELO FILHO; SANTOS, 2010).

O amendoim em Sergipe - Em Sergipe, a produção de amendoim tem assumido nova face a partir da comercialização do chamado “amendoim verde” (Figura 16). Durante os anos 90, a região de Canindé do São Francisco, antes grande produtora de quiabo, teve sua estabilidade econômica afetada pela ocorrência de nematoides. Na época, a Embrapa Tabuleiros Costeiros se antecipou ao problema incentivando o cultivo de amendoim como forma de substituição ao quiabo nas áreas altamente infestadas por nematoides. Em 2007, a área cultivada com amendoim em Sergipe foi de 1.495 ha, com uma produção de 1.789 toneladas de grãos (IBGE, 2010). Na safra 09/10, a área cultivada foi de 1.800 ha, com uma produção de 2.200 toneladas. A Empresa de Desenvolvimento Agropecuária de ISBN 978-85-67494-25-8


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Sergipe (Emdagro) tem apoiado os agricultores sergipanos na lavoura do amendoim em vários municípios do Estado. A obtenção de sementes certificadas tem sido intermediada pela Secretaria de Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), junto da Embrapa Algodão. Estas sementes têm sido distribuídas aos agricultores situados nos perímetros irrigados Poção da Ribeira e Jacarecica I, em Itabaiana, outro polo de produção do estado (MELO FILHO; SANTOS, 2010).

Figura 16. Colheita manual do amendoim verde (imaturo) para comercialização no estado de Sergipe. Foto: Daniel Franco Goulart

O amendoim em Pernambuco - O estado de Pernambuco não é considerado um estado tradicionalmente produtor de amendoim, contudo, nas regiões da Zona da mata e no sertão do Vale do São Francisco, lavoura do amendoim vem crescendo a cada ano. Como a área registrada no IBGE é inferior a 1000 ha, não há registro efetivo da real área cultivada pelos pernambucanos, porém, acredita–se que já supera essa marca. No estado, o incentivo pela expansão da lavoura tem sido amparado por trabalhos de pesquisa e capacitação desenvolvidos pela Embrapa Algodão, pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) e pela Embrapa Semiárido. As cultivares da Embrapa BR 1, BRS 151 L7 e BRS Havana tem sido amplamente divulgadas para o mercado de alimentos. Recentemente, a Embrapa Algodão desenvolveu a BRS Branco, para o mercado de biocombustível a qual tem sido

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divulgada entre beneficiadores de óleo vegetal do estado (MELO FILHO; SANTOS, 2010).

Devido às características climáticas e a forte demanda do mercado, a possibilidade de expansão da lavoura do amendoim em Pernambuco é grande, especialmente no segmento de óleo. O estado conta com apenas duas unidades de produção de biocombustível instaladas, ambas demandando óleo vegetal para atender sua capacidade total, que depende exclusivamente da mamona. As referidas usinas foram instaladas em Pesqueira e Caetés, situados respectivamente à cerca de 200 km e 350 km do porto do Recife, implantadas com recursos do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Segundo a Embrapa, as culturas mais viáveis para o Nordeste são mamona, algodão, gergelim e amendoim e o estado possui aptidão para o cultivo dessas oleaginosas, pois todas podem conviver com o regime pluviométrico da região semiárida (SANTOS, 2007).

O manejo do amendoim no Vale do São Francisco - A lavoura do amendoim na região irrigada do Vale do São Francisco tem sido praticada há mais de uma década, porém, de forma desordenada. Nos últimos cinco anos, contudo, a Embrapa Algodão em parceria com a Embrapa Semiárido, a UFRPE e a CODEVASF, tem realizado trabalhos de capacitação, treinamento e instalação de Unidades Demonstrativas, envolvendo parceiros nas unidades irrigadas de Petrolândia, Icó Mandantes e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco. As unidades são conduzidas considerando–se o manejo adotado pelos agricultores locais e o recomendado pela Embrapa Algodão. A variedade utilizada tem sido a BR 1, por apresentar ciclo curto, ser tolerante ao estresse hídrico e de ampla adaptação ambiental (SANTOS et al., 2005; (2006).

Nos sistemas de cultivo em que as citadas entidades têm assistido os agricultores, a produtividade média da cultivar BR-1 tem se mantido em 3.0 t.ha–1 de amendoim em vagens, superando a variedade local em 17%. Isso tem servido de estímulo e incentivo aos agricultores para conduzir a lavoura de forma mais organizada, competitiva e com melhor qualidade da produção. Para estas regiões, onde as adversidades climáticas são expressivas, o amendoim representa uma alternativa agrícola viável devido ao fácil manejo, ciclo curto e mercado receptivo. De maneira geral, com algumas exceções encontradas na Bahia, o amendoim no Nordeste é praticado por pequenos produtores, cujas atividades do manejo são desenvolvidas pela própria família, que procedem ao ISBN 978-85-67494-25-8


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cultivo de forma solteira ou consorciada com o milho, no período das águas (SANTOS et al., 2005).

ORGANIZAÇÃO DA CADEIA DO AMENDOIM

A cadeia de valor do amendoim é caracterizada por atividades desde a produção primária até a distribuição dos produtos acabados, inclusive agregando valor ao produto obtido em cada etapa. É possível destacar uma rede de parcerias estratégicas entre os elos da cadeia, com a importante colaboração de bens e serviços, o que traz benefícios reais para o setor. Assim, se otimizam os processos empresariais e se controlam a gestão de fluxo de mercadorias e de informação entre fornecedores, revendedores e consumidores. Essa cadeia produtiva do amendoim é configurada pelos seguintes agentes econômicos: Indústria de insumos/serviços; produção agrícola; indústria processadora; distribuição (atacado e varejo); e consumidor final (Figura 17).

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Figura 17. Organização da cadeia de valor do amendoim.

O segmento de produção de insumos/serviços tem influência direta na cadeia produtiva do amendoim, pois seu sucesso dependerá da tecnologia demandada para que uma cultivar de amendoim tenha melhor resposta de produtividade e qualidade. No entanto, o setor agrícola tem dirigido pouco esforços de pesquisa e desenvolvimento para a geração de soluções inovadoras no agronegócio do amendoim orgânico.

A gestão da qualidade na cadeia de produção do amendoim é de suma importância, não somente para proporcionar melhoria na qualidade do produto final, que é um ponto inquestionável, mas também no que diz respeito a melhoria nas práticas e procedimentos ISBN 978-85-67494-25-8


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das atividades que compõem toda a cadeia, a fim de reduzir perdas, desperdícios e, consequentemente, custos.

Os relacionamentos entre os agentes da cadeia: produtor, cooperativa e indústria, se limitam apenas à comercialização de grãos e negociação de preços. Não há uma preocupação em desenvolver a qualidade do amendoim enquanto produto final, partindo da melhoria na obtenção dos grãos nas propriedades produtivas, preservação nos armazéns e elaboração de produtos com qualidade, seja ele mercado externo ou interno.

A etapa do processamento é executada pela indústria agroalimentar ou agroindustrial, que utiliza o amendoim como matéria-prima no processo de fabricação dos seguintes produtos: doces, amendoim salgados, extração de óleo, confeitos, amendoim “in natura”, pasta/creme de amendoim etc. Enquanto o consumidor final é um ator econômico, extremamente, importante e ativo do sistema agroindustrial do amendoim (MACHADO, 2006).

Os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto aos atributos de qualidade dos produtos agroalimentares que consomem, sejam atributos diretamente relacionados ao produto, como por exemplo, valor nutricional, aparência, sabor e segurança, como atributos indiretamente relacionados ao produto, tais como a adoção de métodos de produção de impacto adequado ao meio ambiente e em conformidade com normas sociais.

IMPORTÂNCIA DO AMENDOIM

O amendoim é bastante consumido nas regiões tropicais e subtropicais, sendo um dos alimentos importante para os povos dessas regiões. A maior parte da produção se consome localmente nos países produtores, sendo que em muitos países os sistemas de produção de subsistência são de baixo rendimento. Portanto, uma modificação dos sistemas de produção, com o objetivo de incrementar os rendimentos, poderá refletir numa melhoria da qualidade de vida dos produtores.

A importância econômica do amendoim está relacionada ao fato das sementes possuírem sabor agradável e serem ricas em óleo (aproximadamente 50%) e proteína (20 a 30%; Tabelas 3 e 4). Portanto, os grãos de amendoim destinam-se ao consumo “in natura” ou ISBN 978-85-67494-25-8


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industrializados, sendo prensados para extração de óleo comestível (ARAÚJO; SOBREIRA, 2008). O óleo, além de ser usado na alimentação humana e animal, pode ser utilizado na fabricação de sabões e sabonetes, tintas, vernizes e ainda como combustíveis e lubrificantes (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

Tabela 3. Composição da semente de amendoim.

Substância

Valores em %

Água

5,0

Proteína

30,0

Óleo

48,0

Carboidratos

15,5

Fibra crua

3,0

Cinza

2,0

Fonte: Rodrigo Gaete Barrios (2011).

Tabela 4. Composição média dos ácidos graxos contidos no óleo de amendoim de especial qualidade. Ácidos Saturados

Limites

Média

Palmítico

3,6% a 6,0%

4,8%

Esteárico

3,0% a 6,0%

4,5%

Araquídico

2,5% a 5,0%

3,8%

Behénico

2,0% a 3,0%

2,5%

Lignocérico

2,0% a 3,0%

2,5%

-

2,9%

Oléico

45,0% a 58,0%

51,0%

Linoléico

20,0% a 30,0%

28,0%

Outros Ácido Insaturados

Fonte: Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária - INTA

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Além do consumo “in natura”, os grãos são utilizados ainda como torrado, em forma de manteiga (muito consumido nos EUA) ou transformados em doces. Os grãos caracterizam-se por seu alto valor energético e pela presença de vitaminas do grupo B (tiamina, niacina (ácido nicotínico), riboflavina e piridoxina) e vitamina E. A atividade agrícola com amendoim no Brasil está associada à cadeia produtiva de doces e confeitos. A produção não só atende à demanda de consumo interno como também registra um crescimento adicional, motivado pelas oportunidades de exportação do produto brasileiro, constituindo um mercado lucrativo, atrativo e cada vez mais exigente quanto à qualidade para o consumidor (GODOY et al., 2003).

O óleo de amendoim, juntamente com os outros óleos vegetais, vem sendo estudado para a utilização como biocombustíveis em motores diesel, seja só ou em mistura com o óleo diesel, com resultados promissores (MELLO et.al., 2006). Esse óleo, como os demais de origem

vegetal,

apresenta

densidade

próxima

ao

combustível

empregado

tradicionalmente, porém com poder calorífico pouco menor, e fazem parte do Programa Nacional de Produção e Uso de Biocombustível, que estabeleceu a obrigatoriedade (Lei 11.097 de13/01/2005) da adição de 2% de biocombustível ao diesel a partir de 2008 e com elevação para 5% em 2013.

Estima-se que 40% da produção mundial de amendoim seja utilizada para a extração de óleo. Após a extração do óleo, obtém-se como subproduto de alto valor comercial, a torta que é empregada na alimentação animal ou como fertilizante. A torta prensada de amendoim contém entre 40-50% de proteína bem digerível. As tortas, cuja riqueza nutritiva é variável em função do método de obtenção, se destinadas à alimentação animal são transformadas em farelo. O farelo é a torta da qual foi extraído o óleo por meio de solventes e tem cerca de 0,5 a 0,8% de óleo residual. O farelo é comercializado com base no seu teor proteico, sendo que para o amendoim deve conter no mínimo 46% de proteína (FONSECA, 1981).

O farelo de amendoim, por sua riqueza proteica e vitamínica, é reconhecido como um valioso suplemento para dietas humanas, por aliviar a má nutrição em muitos países. Do seu processamento obtêm-se farinha, concentrados e isolados proteicos, com alto teor de proteína. A proteína do amendoim é deficiente em alguns aminoácidos essenciais

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(metionina e lisina), mas a sua digestibilidade é superior a muitas outras fontes de proteína vegetal (SAVAGE; KEENAN, 1994). As partes aéreas das plantas (hastes e folhas) de culturas bem conduzidas podem ser usadas na alimentação animal na forma de feno (GODOY et al., 1982). Ou seja, a parte vegetativa, quando convenientemente preparada, é forragem de grande valor alimentício, principalmente para o gado leiteiro. Há possibilidade de se aproveitar de uma mesma cultura, além das vagens de amendoim para comercialização, a parte aérea para a produção de feno, desde que na colheita, a secagem seja feita pelo sistema de medas, principalmente quando se trata de lavoura orgânica ou agroecológica. E, sendo leguminosa pode ser cultivada e empregada como adubo verde. Além disso, a mistura da forragem junto com a torta prensada é usada como alimento rico em proteínas para os animais (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011). As cascas das vagens, subproduto do processo de beneficiamento, são utilizadas no Brasil como “cama de frango” para forração das granjas do setor avícola e servem como combustível, fibra bruta para forragem, produção de celulose ou compostagem (CENTURION; CENTURION, 1998).

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CAPÍTULO 3

PRODUÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA

(Autores) Vicente de Paula Queiroga Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque

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MELHORAMENTO

Os objetivos do melhoramento genético do amendoim são de gerar novas variedades que reúnam os seguintes caracteres: alto rendimento de grãos, incremento da porcentagem de óleo da semente e resistência a doenças. Para atingir os objetivos de referência, os melhoristas têm considerado os seguintes fatores: porte da planta, tipo de ramificação, número de grãos por vagem, precocidade, número de frutos por planta, peso médio de 100 sementes e porcentagem de óleo (SAGARPA, 2002).

Por outro lado, o amendoim é uma planta autógama, com um cruzamento natural que, dependendo da menor ou maior presença de insetos polinizadores, pode oscilar de 1,3% a 5%. Portanto, os métodos de melhoramento para o amendoim são basicamente os empregados em outras espécies autógamas, tais como: introdução de materiais, seleção, hibridação e mutação. A escolha do método é influenciada pela preferência do melhorista, pelas técnicas e adaptações utilizadas em função das características da espécie e pelo estágio tecnológico que se encontra a cultura na região para o qual o melhoramento está sendo direcionado (SAGARPA, 2002; NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011). A seguir, um resumo dos métodos de melhoramento para o amendoim: Introdução de materiais – A introdução de materiais através de germoplasma denominado de “materiais elite”, devido a concentração de alelos favoráveis (variedades crioulas, variedades melhoradas, populações segregantes, linhas puras, etc,) é o método mais simples e rápido de melhoramento, através do qual se avalia a resposta de genótipos introduzidos em uma área ou região em base a seus caracteres morfológicos, agronômicos e industriais de maior importância, que devem reunir certas variedades (SAGARPA, 2002).

Apesar de não constituir em si, um método de melhoramento, a introdução de uma cultivar pode satisfazer as necessidades de uma determinada região de cultivo, se acompanhada por experimentação, tal como tem ocorrido em regiões brasileiras que não dispõem de atividade específica de melhoramento (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

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Seleção: Os métodos de seleção que se aplicam no melhoramento do amendoim e outras plantas autógamas são individual e massal. A seleção individual se realiza em uma população heterogênea e homozigótica, que teoricamente consiste em uma mesclas de linhas puras, através da qual se identificam e selecionam plantas com caracteres agronômicos até alcançar sua homogeneidade. Posteriormente, são submetidas a comparação de rendimentos por três ciclos agrícolas consecutivos, até definir qual é a linha pura de todo o grupo promissor por seu maior rendimento e que, ao mesmo tempo, se destacou por sua morfologia, a qual deve coincidir com o ideótipo que se deseja para cada região agrícola produtora. Em este caso, a nova variedade melhorada consiste de uma linha pura e as variedades que se desenvolvem por esse método tem a vantagem de que são uniformes em hábito de crescimento, floração e maturação, assim como em quantidade e qualidade dos frutos. Outro método adicional de melhoramento, o de linhas puras consiste em selecionar um bom número de linhas puras elite com caracteres agronômicos e industriais desejáveis as quais se misturam entre si. Em geral, através deste método, se podem obter maiores rendimentos (SAGARPA, 2002).

No que se refere à seleção massal, esta é mais efetiva quando se aplica o método moderno de seleção estratificada, através da seleção fenotípica negativa ao princípio de desenvolvimento das plantas e da seleção positiva durante a colheita. Hibridação – Este método de melhoramento é o mais efetivo para o desenvolvimento de novas variedades desde que se reúnam os caracteres favoráveis de dois ou mais genótipos, que podem ser tanto linhas puras, como variedades melhoradas ou variedades crioulas e inclusive materiais genéticos de origem silvestre para a incorporação de resistência a certas doenças. O método de hibridação pode ser aplicado através de cruzamento simples, cruzamento múltiplos e retrocruzamento, de maneira que seja gerado uma grande população que irá constituir a base genética integrada por diversas fontes de gens. Sobre essas populações são realizadas a seleção de linhas que podem ser para a combinação de bulk modificado e de pedigree, apenas é útil para avançar gerações em populações de cruzamento muito divergentes, principalmente entre subespécies, até a obtenção de linhas homozigóticas. A aplicação de um ou outro método de seleção depende dos recursos que se dispõe o programa de melhoramento, tanto humanos como financeiros (SAGARPA, 2002).

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Mutação – As mutações constituem uma fonte natural da evolução das espécies (vegetais e animais), as quais têm ocorrido espontaneamente na natureza desde há muitos anos de cujos efeitos e por seleção natural têm sido gerados centenas de espécies e de variedades. Outra forma de gerar novas variedades, é em induzir mutações de forma artificial, apesar de ser ainda pouco pesquisado. Através de mutação tem conseguido modificar apenas caracteres de herança simples ou monogênica, tal como obtenção de plantas anãs ou gigantes, ou plantas com caracteres muito contrastantes. No entanto, ainda não foi alcançado efeitos mutagênicos positivos em caracteres agronômicos como o rendimento que é uma herança qualitativa ou poligênica (SAGARPA, 2002).

A estrutura vegetativa dos amendoins rasteiros comumente do grupo Virgínia, é associada ao ciclo mais longo, para obter-se um potencial satisfatório de produção de vagens. Já os amendoins de porte ereto (grupo Valência e Spanish) tendem a ter ciclos mais curtos. A escolha de um tipo ou outro para melhoramento dependerá de fatores ambientais e do sistema de produção para a qual a cultivar será empregada. As cultivares rasteiras são vegetativamente mais indicadas para a colheita totalmente mecanizada, enquanto os tipos eretos são adequados para cultivo de menor escala, onde a colheita é realizada manualmente. Se a condição ambiental da região Nordeste do Brasil exige o cultivo de material mais precoce, o melhoramento deve ser direcionado para genótipos de hábito de crescimento ereto (NAKAGAWA; ROSELEM, 2011).

Por outro lado, as pesquisas com amendoim na Embrapa Algodão de Campina Grande, PB tiveram início em meados da década de 1980 e foram delineadas a partir de um diagnóstico baseado na realidade econômica e na demanda dos agricultores situados na Zona da Mata, Agreste e Sertão nordestinos. Apenas em 1990, o programa de melhoramento foi estabelecido, focalizando no desenvolvimento de cultivares precoces, produtivas e tolerantes ao ambiente semiárido. Posteriormente, outros objetivos foram incorporados ao programa, em virtude das demandas dos produtores e do mercado, tais como resistência a pragas e doenças, melhoria nutricional do grão e físico-química do óleo, entre outras (BOLONHEZI et al., 2013).

Todas as atuais cultivares comerciais de amendoim para a região Nordeste foram geradas pela Embrapa e têm as características de precocidade e tolerância ao semiárido (GODOY et al, 1999b). A estratégia adotada pelos melhoristas da empresa é obter progenitores de ISBN 978-85-67494-25-8


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maturação precoce e uniforme que, independentemente do ciclo, tenham habilidade de formar mais rapidamente suas vagens, assegurando o enchimento antes do período da colheita. Outra estratégica é usar progenitores que concentram a maior proporção de ginóforos nos primeiros 15 cm da base da planta. Esses por estarem mais próximos ao solo, terão mais chances de formarem as vagens (BOLONHEZI et al., 2013). Com base no padrão de sementes das cultivares da Embrapa, os grãos vermelhos de tamanhos médio e grande são voltados para o mercado de consumo in natura (torrado, cozido, etc), com teor de óleo na faixa de 40 e 46%; os beges ou cremes, de tamanhos grande a extragrande, são voltados para o de confeitaria (doces e salgados); e os branco, para os segmentos de óleo comestível ou biocombustível, com teor de óleo acima de 50% e relação oleico/linoleico acima de 1,5 (BOLONHEZI et al., 2013).

FENOLOGIA DA PLANTA DE AMENDOIM

A fenologia é um segmento da botânica que estuda a cronologia de eventos biológicos repetitivos e periódicos como floração, frutificação etc., e das causas de sua temporalidade, considerando as forças bióticas e abióticas, e da interrelação entre as fases, na mesma espécie ou entre espécies diferentes (TALORA; MORELLATO, 2000). A avaliação de características fenológicas permite conhecer tanto o ciclo de crescimento vegetativo, como o comportamento produtivo, os quais são dados importantes para a definição das principais técnicas de manejo em lavouras comerciais.

No caso do amendoim, o estudo completo de todas as fases que envolvem seu ciclo tornase difícil, porque a formação dos frutos é de natureza hipógea. O potencial de produção é determinado geneticamente e o quanto desse potencial vai ser exteriorizado depende de fatores limitantes (clima e solo) que estão atuando, continuamente, durante o ciclo da cultura (SANTOS et al., 1997).

O amendoim mesmo tendo ampla adaptabilidade, a sua produtividade é altamente influenciada por fatores ambientais, especialmente temperatura, disponibilidade de água e radiação. Boote e Ketring (1990) destacam também que os eventos fenológicos são afetados pela temperatura, teor de água no solo e genótipo (SANTOS et. al., 2006a). Afirmam ainda que condições ambientais adversas reduzem o crescimento da planta, de maneira diferenciada, dependendo do estádio em que esta se encontra: vegetativo ou ISBN 978-85-67494-25-8


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reprodutivo. A sua fase vegetativa compreende as seguintes etapas: emergência, cotilédones abertos na ou sob a superfície do solo e número de folhas tetrafolioladas. Enquanto a fase reprodutiva compreende as seguintes etapas: início do florescimento, formação dos ginóforos ou pegs, formação de vagens, vagens cheias, formação das sementes, sementes cheias, início da maturação, maturação para colheita e vagem acima do ponto de maturação (BOOTE, 1982; Figura 18).

Figura 18. Fase vegetativa compreende as seguintes etapas: emergência (A;B), cotilédones abertos na ou sob a superfície do solo (C;D;E) e número de folhas tetrafolioladas (F). Enquanto a fase reprodutiva: início do florescimento (G; H, I; J), formação dos ginóforos ou pegs (K;L;M; N), formação de vagens (O;P;Q), vagens cheias (R;S), formação das sementes (T), sementes cheias (U;V), início da maturação (X), maturação para colheita (W;Y) e vagem acima do ponto de maturação (Z). Fotos: Bruno Luís Krevoruczka e Jussiê Carlos Moro.

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Assim o efeito dos fatores ambientais pode ser minimizado com a mudança de tecnologias, prevendo uma adoção de um conjunto de técnicas de manejo como semeadura mecânica em linhas, adensamento de plantas dentro das linhas e épocas de semeadura em diferentes estações do ano, permitindo que a população de plantas obtenha o melhor aproveitamento possível dos recursos ambientais, influenciando diretamente no rendimento de vagens e grãos (PEIXOTO et al., 2002; PEIXOTO et al., 2008).

As fases de crescimento e desenvolvimento entre os genótipos do tipo Valência e Virgínia são particularmente definidas, mas podem variar, dependendo do local e das condições climáticas, principalmente temperatura, onde são cultivados. No Estado de São Paulo, com semeadura no período das águas (setembro-outubro), os genótipos do grupo Valência iniciam a floração geralmente entre os 30 a 32 dias após a semeadura (DAS), e o ciclo é completado 110 a 115 dias após o plantio. Nos genótipos do grupo Virgínia, a floração e o final do ciclo ocorrem, respectivamente, entre 35 e 40 e entre 120 e 140 dias após o plantio (GODOY et al., 1985).

Nas condições de cultivo de sequeiro, nos estados da Bahia e Paraíba (abril-maio), entretanto, tem sido observado que os genótipos do grupo Valência iniciam a floração e são colhidos, respectivamente, entre 27 e 30 e entre 100 e 110 dias após o plantio. Nos genótipos do grupo Virgínia, a floração geralmente se inicia, em média, 35 dias após o plantio, e a colheita é realizada a partir dos 120 dias após o plantio (GUERREIRO, 1973; SILVA et al., 1991).

Para determinação dos estádios fenológicos dos grupos Virgínia e Valência, um experimento foi realizado na Embrapa Algodão de Campina Grande, PB. O plantio foi realizado em 20 de fevereiro de 1992 e a colheita dos genótipos do tipo Valência foi realizada em 29 de maio, e a do tipo Virgínia, em 26 de junho. Os genótipos utilizados para este estudo foram escolhidos por apresentarem características morfo-agronômicas definidas, dentro de seus respectivos tipos botânicos. Tais materiais foram: Tatu, BR-1 e IAC Poitara, do tipo Valência, e CNPA 52 AM, CNPA 53 AM e CNPA 125 AM, do tipo Virgínia. As principais características fenológicas dos dois tipos botânicos são apresentadas na Tabela 5 (SANTOS et al., 1997).

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Tabela 5. Fenologia das plantas de amendoim dos tipos Valência e Virgínia. Denominação

Símbolo

Tipo Botânico Valência Virgínia DAS 1 Germinação (Emergência) G 06 07 Primeiras Folhas Tetrafoliadas PFT 9 10 Aparecimento dos Primeiros Ramos APR 14 14 Início do Florescimento IF 29 33 Aparecimento do Ginóforo AG 36 40 Alongamento do Ginóforo ALG 46 50 Formação das Vagens (frutificação) FV 47 51 Final da Floração FF 74 95 Maturação Completa das Vagens MCV 99 123 Fonte: Santos et al. (1997), adaptado pelo autor. 1Dias após a semeadura (DAS) pode variar de acordo com as condições climáticas. Valência: precoce; Virgínia: rasteiro.

Em estudo de duas épocas de semeaduras ocorridas em julho de 2008 e em abril de 2009 para avaliar a fenologia e a produtividade da cultivar BRS Havana de amendoim (Arachis hypogaea L.), Silveira et al. (2011) observaram as variações nos estádios fenológicos em respostas às condições do ambiente, em relação aos dias após semeadura (DAS) para os respectivos meses de julho (2008) e abril (2009), tais como: foram 14 dias e 15 dias (DAS) para a germinação das sementes; levaram 19 dias e 19 dias (DAS) para o aparecimento das primeiras folhas tetrafoliadas; 22 e 24 dias (DAS) para o aparecimento dos primeiros ramos; 26 e 31 dias (DAS) para o início da floração; 42 e 47 dias (DAS) para o aparecimento do ginóforo; 55 e 55 dias (DAS) para o início da formação da vagem; 60 e 60 dias (DAS) para o final da floração; e 90 e 81 dias (DAS) para a maturação completa da vagem. Os valores obtidos de rendimentos de vagens foram 1.185 kg/ha e 1.783 kg/ha enquanto de grãos foram 738 kg/ha e 986 kg/ha para as respectivas épocas de 2008 e 2009, sendo que a primeira época de semeadura está dentro do período adotado pelos produtores da região baiana para implantação da cultura. Na Figura 19, algumas etapas fenológicas da planta de amendoim.

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Figura 19. Evolução de alguns estádios fenológicos da planta de amendoim desde o aparecimento das primeiras folhas tetrafoliadas até o início da formação da vagem e final da floração.

CULTIVARES O excelente trabalho de cultivares de amendoim geradas pela Embrapa tem sido realizado através do tempo nos diferentes agrossistemas de produção da região Nordeste do Brasil, de acordo com o manejo, mercado, processo agroindustrial e de consumo, em relação aos amendoins cultivados em todo o Brasil, tem propiciado variabilidade genética em: ciclo de cultivo, hábitos de crescimento da planta, tamanho de ramo e altura da planta, forma e tamanho dos frutos e as sementes, variabilidade genética que tem sido e será no futuro a melhor alternativa de produção, por sua ampla resistência às condições de sequeiro. Por conseguinte, existem quatro cultivares catalogadas no Registro Nacionais de Cultivares geradas pela Embrapa Algodão para a região Nordeste, aptas para produção e comercialização no país: BR1; BRS 151-L7, BRS Havana e BRS Pérola Branca. Em seguida, a descrição de cada material:

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BR1 – Esta cultivar foi obtida a partir de um bulk formado por três genótipos CNPA 95 AM, CNPA 96 AM e Sapé Roxo, todos com ciclo em torno de 89 dias, altamente adaptados às condições fisiográficas do Nordeste e oriundos respectivamente dos municípios de Mogeiro, Itabaiana e Sapé, na Paraíba. Três ciclos de seleção massal foram procedidos para uniformização no tamanho e na cor das sementes, produção e ciclo. Paralelamente, realizou-se pressão de seleção para precocidade (EMBRAPA ALGODÃO, 2009).

A cultivar BR1 pertence ao grupo Valência, de porte ereto, possuindo haste principal com 35 cm, arroxeada, com seis ramos laterais. As folhas são de tamanho médio e coloração verde-escuro característico. As flores possuem estandarte amarelo ouro com enervações de coloração vinho ao centro, iniciando sua floração com apenas 23 a 25 dias. As vagens são de tamanho médio, com pouca reticulação e bico quase ausente, possuindo de três a quatro sementes vermelhas, de tamanho médio e arredondadas (EMBRAPA ALGODÃO, 2009; Figura 20).

Figura 20. Sementes de amendoim da cultivar BR1. Foto: Silvokleio Costa

Foi lançada pela Embrapa Algodão em 1994 para o mercado de consumo in natura, atendendo a uma demanda dos agricultores nordestinos, pois na ausência de uma cultivar adaptada à região, os mesmos agricultores recorriam à aquisição de grãos de baixo valor cultural nas feiras livres ou ao material tradicional Tatu, que não é adaptada à condições severas de estresse hídrica da região Nordeste. Enquanto a BR1 é a cultivar que tem maior aceitação no Nordeste, por sua alta adaptação ao ambiente semiárido, além de possui

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elevada capacidade para produção de vagens (SANTOS et al., 2013). Na Tabela 6, encontram-se as características agronômicas e tecnológicas do amendoim BR-1 e da tradicional Tatu.

Tabela 6. Comparação das características agronômicas e tecnológicas entre as cultivares de amendoim BR-1 e Tatu. Características

Amendoim BR-1

Tatu

Ciclo (dias após a emergência - dias)

89

99

Início da floração (dias)

22

25

Número de vagens/planta

27

18

Peso de 100 vagens (g)

148

140

Peso de 100 sementes (g)

48

42

Vagem chocha (%)

12

15

Sementes perfeitas (%)

84

84

Rendimento em casca (kg/ha)

1.700

1.200

Rendimento em sementes (kg/ha)

1.250

800

Rendimento em sementes (%)

72

70

Teor de óleo (%)

45

49

Teor de proteína (%) (N x 6,25)

38

35

Teor de carboidrato (%)

6,17

5,58

Teor de fibra (%)

3,83

2,70

Teor de cinzas (%)

2,67

2,72

Fonte: Roseane Cavalcanti dos Santos.

Recomenda-se plantar a cultivar BR1 nas regiões de tabuleiros costeiros do estado de Sergipe, na Zona da Mata, Agreste e Vales irrigados de Pernambuco, na região do Recôncavo Baiano e no Agreste e Brejo da Paraíba.

BRS 151-L7. Esta cultivar foi obtida através de hibridação entre as cultivares IAC TUPÃ, material produtivo de grãos longos e desenvolvido para clima temperado e a Senegal 55 437, de origem africana, precoce e resistente à seca. Foi lançada pela Embrapa Algodão em 1997. É considerada a cultivar mais precoce no Brasil, com ciclo de apenas 87 dias, sendo indicada para o mercado de consumo in natura e para indústria de alimentos (EMBRAPA ALGODÃO, 2010; Figura 21).

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Figura 21. Campo de amendoim da cultivar BRS 151 L7.

Como pertence ao grupo Valência, a BRS 151 L7 é uma cultivar de amendoim de porte ereto, medindo em torno de 45 cm (Figura 22). Suas hastes e os ginóforos são de coloração verde-arroxeado. Com relação as suas vagens, são de tamanho médio, com bico, constrição e reticulação moderados. As sementes são vermelhas, alongadas e grandes. É tolerante ao estresse hídrico e é indicada para cultivo de sequeiro e irrigado no Nordeste brasileiro. Em regime de sequeiro, a BRS 151 L7 apresenta rendimento médio em torno de 1.850 kg/ha em vagens. Em regime irrigado, contudo, demonstra seu maior potencial de produção em torno de 4.500 kg/ha. O rendimento em sementes situa-se em 71%. As características agronômicas da cultivar encontram-se na Tabela 7.

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Tabela 7. Características agronômicas e composição nutricional do amendoim da cultivar BRS 151 L 7. Características

BRS 151 L 7

Ciclo (DAS)1

87

Nº médio de vagens/planta

39

Nº de sementes/vagem

2

100 vagens (g)

156 a 160

100 sementes (g)

58 a 63

Vagens chochas (%)

10 a 12

Sementes perfeitas (%)

85 a 92

Rendimento em vagens2 (kg/ha)

1.850

Rendimento em amêndoas (%)

70 a 72

Óleo bruto na semente (%)

46

Proteína bruta na semente3 (%)

30

Proteína na farinha desengordurada (%)

55

Cinza na farinha desengordurada (%) 1

2

5 3

Dias após a emergência; no espaçamento de 0,70m x 0,20m; (N x 5,46). Fonte: Roseane Cavalcanti dos

Santos, 2010.

Figura 22. Sementes de amendoim da cultivar BRS 151 L7. Foto de Silvokleio Costa.

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BRS Havana – A BRS Havana foi obtida através de vários ciclos de seleção no acesso Película Havana, oriundo do estado de São Paulo, de ciclo semi-longo e sensível às condições do semiárido. Após 5 anos de melhoramento, a BRS Havana foi sintetizada por ser produtiva, precoce, tolerante à seca e de grande adaptação para cultivo em clima semiárido. Foi lançada pela Embrapa Algodão em 2005, com o crescimento de demanda por grãos para atender ao segmento de confeitaria (EMBRAPA ALGODÃO, 2010).

A BRS Havana pertence ao grupo Valência, de ciclo de 90 dias e de porte ereto, medindo em torno de 44 cm. As hastes e os ginóforos são de coloração arroxeados. As vagens são de tamanho médio, com bico, constrição e reticulação leves. Possui de três a quatro sementes por vagens, sendo o formato arredondado, tamanho médio e coloração bege (Figura 23). Apresenta o menor teor de óleo entre as atuais cultivares em distribuição no Brasil, com média de 43%. É indicada para cultivo sob condição de sequeiro e irrigado no Nordeste brasileiro (EMBRAPA ALGODÃO, 2010).

Figura 23. Sementes de amendoim da cultivar BRS Havana. Foto: Silvokleio Costa

Os ensaios conduzidos na região Nordeste durante 1994 a 2005 em regime de sequeiro, a BRS Havana apresentou rendimento médio de 1.850kg/ha em vagens. Em regime irrigado, contudo, demonstra seu maior potencial de produção, em torno de 4.500kg/ha. O rendimento em sementes situa-se em 71%. As características agronômicas da cultivar encontram-se na Tabela 8.

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Tabela 8. Características agronômicas e composição nutricional da BRS Havana. Características BRS Havana Ciclo (DAS)1 90 Início da floração1 (DAE) 23 N° médio de vagens/planta 35 N° de sementes/vagem 3-4 100 vagens (g) 142 a 148 100 sementes (g) 44 a 48 Vagens chochas (%) 10 a 12 Sementes perfeitas (%) 85 a 90 Rendimento em vagens2 (kg/ha) 1.850 Rendimento em amêndoas (%) 70 a72 Óleo bruto na semente (%) 43 Proteína bruta na semente3 (%) 29 Proteína na farinha desengordurada (%) 47 Cinza na farinha desengordurada (%) 4,5 Ácido oleico (%) 45 Ácido linoleico (%) 43 Relação (oleico/linoleico) 1 1 Dias após a emergência; 2no espaçamento de 0,70m x 0,20m; 3(N x 5,46). Fonte: Roseane Cavalcanti dos Santos, 2010.

BRS Pérola Branca - A Embrapa Algodão lançou em 2011 a cultivar rasteira BRS Pérola Branca do grupo Virgínia (tipo Ranner; Figura 24). Seu cultivo passou a ser interessante na região nordeste graças à perspectiva de expansão dos mercados de confeitaria e agroenergia, incentivados pela Petrobras e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), incluindo os estados de Pernambuco, Maranhão e Piauí. Para elevar o teor de óleo das linhagens geradas, foram realizados vários cruzamentos intraespecíficos entre a precoce BR-1 (A. hypogaea sp. fastigiata) e a tardia rasteira “LVIPE06” (A. hypogaea sp. hypogaea), de elevado potencial para produção de grãos e de óleo, além de resistência a doenças de folhagem. As gerações segregantes foram conduzidas em dois ciclos por ano, com pressão de seleção para precocidade, hábito de crescimento rasteiro e elevado teor de óleo (SANTOS et al, 2013).

Figura 24. Padrão de vagens e sementes da cultivar rasteira da Embrapa, BRS Pérola Branca. Foto: Roseane C. Santos ISBN 978-85-67494-25-8


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Entre as linhagens de elite, a BRS Pérola Branca destacou-se entre as demais pelo potencial de produção de grãos e óleo, ciclo entre 110 e 115 dias e por possui de 3 a 4 sementes/vagem. Por ser uma planta rasteira densa, sua haste principal mede entre 18 cm e 25 cm, com inflorescências. As vagens possuem contrição, bico e reticulação médios, além de dormência parcial da semente. Com base nos ensaios conduzidos em várias regiões do Nordeste, o percentual de óleo variou ente 50% e 52% e apresentou rendimento médio acima de 3 t ha1 em vagens com rendimento em sementes entre 70% e 72%. A cultivar BRS Pérola Branca é mais rica em ácido oleico, com relação oleico/linoleico ≥1.6 (SANTOS et al., 2013). Cultivar Vagem Lisa - É uma variedade local, tipo “Valência”, denominada “Vagem Lisa”, que é bastante cultivada no Recôncavo Baiano, e cujas principais características fenológicas são apresentadas na Tabela 9 (SANTOS et al., 1997b).

Tabela 9. Descrição dos estádios fenológicos das plantas de amendoim do tipo Valência, cultivar Vagem Lisa (Land race). Símbolo

Descrição (DAS)1

E

6

Primeiras folhas tetrafoliadas

FT

9

Primeiros ramos

PR

14

Florescimento

FL

29

Aparecimento do ginóforo

AG

36

Alongamento do ginóforo

ALG

3 dias a fase em que o ginóforo se encontrava

Denominação Emergência

com mais de 1 cm do seu crescimento geotrópico Formação de vagem (frutificação)

FV

47

Final da floração

FF

74

MCV

99

Maturação completa da vagem Produtividade média (kg/ha) no

1.997

espaçamento de 0,50 cm e em condições de sequeiro Fonte: Santos et al (1997b), adaptado pelo autor. ( 1) Dias após semeadura (DAS) pode variar de acordo com as condições climáticas.

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Conforme os materiais caracterizados anteriormente, as cultivares disponíveis para a região Nordeste do Brasil pertencem em sua totalidade ao grupo Valência (BR1, BRS 151 L 7, BRS Havana e Vagem Lisa), com exceção da cultivar BRS Pérola Branca do grupo Virgínia (tipo Ranner). Atualmente, a Embrapa dispõe de cultivares com alto teor de ácido oleico, que é uma característica muito exigida pelo mercado. Esses materiais com elevada relação oleico/linoleico garantem maior durabilidade aos caracteres organolépticos desejáveis.

REQUERIMENTOS ECOLÓGICOS Latitude e altitude – O amendoim prospera em climas quentes, porque se tratar de uma planta predominantemente tropical ou subtropical, originária do continente sulamericano. Para seu desenvolvimento adequado, a planta de amendoim requer fundamentalmente altas temperaturas, mas também se adapta as regiões próximas ao equador (Senegal, Togo, Nigéria e outras) até as latitudes maiores que 40º norte (Europa Sul-Oriental, Japão, E.U.A. e outras) e 35º sul (Argentina, Uruguai e outras). O intervalo de temperatura pode oscilar entre 20 e 40 ºC, sendo que a faixa óptima está entre 25-30 ºC (BELL et al., 1994b). Por outro lado, o amendoim pode ser cultivado em altitudes desde quase ao nível do mar até os 1.200 metros de altura. Em altitudes maiores, seu cultivo é restringido em virtude das baixas temperaturas.

Luz - A intensidade adequada de luz contribui ao incremento do fenômeno da fotossíntese e da nutrição pela planta, o que reflete em uma maior produção de fotossintatos. Estimase que a planta do amendoim requer entre 10 e 13 h de luz diária e tal efeito incide no aumento do teor de óleo nas amêndoas, em razão disso deve evitar a competição de outras plantas, seja de plantas daninhas ou outras plantas cultivadas, como de milho, que produzam sombra ao cultivo. Geralmente, a planta de amendoim é insensível ao fotoperíodo sobre o momento do florescimento, porém ele afeta o desenvolvimento reprodutivo das características relacionadas ao número de carpóforos, crescimento do carpóforo, número de vagens e massa da semente. Estas características e a taxa de desenvolvimento delas são alteradas pela grande divisão e ou aumento da duração da fase efetiva de granação da vagem sob dia curto (NIGAM et al., 1997).

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Água - O cultivo do amendoim em condições ideais pode expressar um bom desenvolvimento quando as chuvas ocorrem a intervalos frequentes, as quais têm efeitos benéficos em seu desenvolvimento vegetativo. De modo geral, esta espécie somente requer uma precipitação entre 400 e 600 mm de chuva bem distribuída durante o ciclo da cultura. Por outro lado, se as chuvas ocorrem na etapa final do cultivo, o excesso de água pode causar podridão do talo, frutos, e raiz, aspectos que vão refletir na redução do rendimento, e inclusive podem causar perdas consideráveis, de acordo com as necessidades hídricas das plantas. Durante a etapa de floração (30 a 40 dias), a planta requer uma umidade moderada e da floração até o estádio inicial de maturação (desenvolvimento de ginóforos) que ocorre aos 40 a 60 dias, se requer maior umidade, e durante a etapa final de maturação que compreende de 20 a 30 dias, a planta necessita de pouca umidade, o que deve coincidir a temporada final de chuva na região. Mesmo assim, seria importante que ocorresse algumas chuvas esporádicas para manter o solo com suficiente umidade, o que facilitaria o processo de colheita (arranquio dos frutos). Portanto, o baixo teor de água no solo na etapa de frutificação provoca ainda diminuição na absorção de Ca pelas vagens, o que induz a deficiência do elemento e efeito negativo na produção (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011). Solos – Na agricultura orgânica, são fundamentais o manejo e a conservação do solo para se obter adequadas características físicas, químicas e biológicas. O solo deve apresentar quantidade equilibrada de nutrientes, altos teores de matéria orgânica, ser equilibrado biologicamente, ser bem estruturado e livre de agroquímicos (BORGES; BETTIOL, 2010).

O tipo de solo mais apropriado para o cultivo do amendoim, é o leve, de boa fertilidade, bem drenado que não encharca com as chuvas. A terra arenosa é a mais indicada para esta cultura, e no Brasil esse tipo de solo se encontra em mais de 80% das culturas. O solo deve ser bem preparado, uma vez que a frutificação é subterrânea e as raízes precisam penetrar no solo para absorção da solução nutritiva do solo. Esses solos, contudo, são de baixa retenção hídrica e o manejo da água é imprescindível para melhor rendimento e economia no cultivo.

A aeração e a boa drenagem são de fundamental importância para a cultura do amendoim. Solos bem drenados favorecem a aeração adequada (porosidade), de modo a permitir o ISBN 978-85-67494-25-8


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suprimento de oxigênio (O2) para as raízes e vagens, e de nitrogênio (N), para a fixação simbiótica. Além da necessidade pelo menos 10 a 12% de oxigênio do solo para dar curso aos processos metabólicos que favorecem o desenvolvimento e o crescimento de frutos e de raízes.

O pH do solo ideal, para a cultura do amendoim, situa-se na faixa de 6,0 a 6,5. A calagem é importante para o amendoim e para as leguminosas em geral. Solos ácidos tendem a produzir vagens mal granadas, chochas e com baixa produção. A adubação nitrogenada não é recomendada devido à eficiência da fixação biológica de nitrogênio do ar por estirpes rizóbio. A adubação orgânica é sempre importante, desde a incorporação dos restos culturais, adubação verde, palhas, cascas, estercos e tortas.

CALAGEM

O suprimento de cálcio é imprescindível para enchimento e formação das vagens de amendoim e pode ser atendido através da calagem com calcário dolomítico (AUGSTBURGER et al., 2000). Caso contrário, serão formadas vagens de amendoim mal granadas ou vazias. A quantidade de calcário a ser aplicada é baseada nos resultados da análise da amostra de solo. Em caso de necessidade, o calcário deve ser colocado no solo entre 30 e 45 dias antes do plantio (Figura 25).

Figura 25. Aplicação de calcário dolomítico no solo, aproximadamente um mês antes do plantio do amendoim.

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Trata-se de uma fonte de cálcio, que é aplicado visando corrigir a acidez do solo (neutralização do alumínio e do manganês), além de aumentar a sua disponibilidade na zona de frutificação da planta no solo, refletindo na espessura do tegumento das sementes (maior espessura de casca das vagens) que atua como uma barreira na penetração de fungos e a perda de água. Esse elemento é absorvido pelas raízes, ginóforos e cascas do fruto em formação (PEREIRA, 2006; SANTOS et al., 2006).

QUALIDADE DE SEMENTES

A qualidade de um lote de sementes compreende uma série de características ou de atributos que determinam o seu valor para a semeadura, os quais são considerados, como de natureza genética, física, fisiológica ou sanitária.

No entanto, para obter melhores condições, seja na uniformidade da lavoura, na redução de pragas e doenças e na melhoria da produtividade, é necessário a aquisição de sementes de boa qualidade, com ótimas condições de vigor e germinação, livre de danos mecânicos e outras impurezas, para que vençam a resistência do solo para uma melhor emergência, desenvolvimento e produtividade (TICELLI, 2001). Além de ajuda a superar condições adversas como baixas temperaturas, excessiva profundidade de semeadura, ou encrostamento da camada superficial do solo (PEDELINI, 2012).

Os pequenos agricultores, geralmente utilizam sementes de qualidade que não alcançam o estabelecido pelo MARA para sua comercialização, pelo que estão sempre utilizando percentuais de sementes a mais (20 a 25%) que o exigido para o semeio da área a ser cultivada. Ademais, as sementes utilizadas na região nordeste têm apresentado alto grau de infecção fúngica, podendo ser veículo de doenças para outras áreas de cultivo.

Para estabelecer o nível de qualidade de um lote de sementes, são utilizadas as análises de laboratório, dentre as quais, as mais difundidas são os testes de germinação, pureza física e vigor. Assim, as sementes de boa qualidade são aquelas que apresentam, além das características acima referenciadas, um alto grau de pureza genética, ausência de danos mecânicos, alto grau de sanidade, adequado teor de umidade (armazenamento seguro), uniformidade e boa aparência. Cabe destacar que todas aquelas práticas de manejo que se

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implementam para o êxito final de um cultivo dependem fundamentalmente da qualidade da semente que se utiliza na semeadura.

Ou seja, a semente de amendoim (Arachis hipogaea L.) deve ser de pureza comprovada, bom poder germinativo (70-80%) e elevada sanidade. Um outro fator importante que merece destaque é o vigor das sementes, o qual é observado sobre os seguintes testes: primeira contagem de germinação, condutividade elétrica e envelhecimento precoce (CARVALHO; NAKAGAWA, 1983; VIEIRA; CARVALHO, 1994). A condutividade elétrica avalia o vigor, mediante a quantificação dos exsudados que são lixiviados das sementes (VANZOLINI; CARVALHO, 2002), enquanto o envelhecimento acelerado mede a resistência das sementes as condições de stress que levam a rápida deterioração por consumo das reservas da semente (CARVALHO; NAKAGAWA, 1983).

Após o beneficiamento, as sementes são classificadas comercialmente por tamanhos, os quais facilitam a operação de semeadura e permitem obter uma população de plantas capaz de propiciar os melhores rendimentos por área. Por outro lado, nem sempre as condições para a instalação da cultura são as mais favoráveis, principalmente no que se refere ao processo germinativo e ao estabelecimento de plântulas no campo (SADER, 1990).

As pesquisas conduzidas por Carvalho (1972) com sementes de amendoim têm destacado que as sementes maiores originaram plântulas mais vigorosas com maior massa de matéria seca, apesar de o tamanho não haver afetado sua germinação. Da mesma forma, Usberti (1982) observou que o tamanho das sementes de amendoim não afetou seu potencial de armazenamento, quando as mesmas foram avaliadas através do envelhecimento acelerado.

Por outro lado, Carvalho (1972) ressaltou que uma planta de amendoim proveniente de semente pequena tem, no início, seu desenvolvimento retardado, e com o passar do tempo ela se recupera e acaba atingindo crescimento normal, sob condições ambientais favoráveis. Mas não discutiu se, sob condições desfavoráveis, uma planta originada de uma semente grande teria maiores possibilidades de sobrevivência do que uma planta originada de uma semente pequena, já que a primeira se apresentaria mais vigorosa.

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Após o processo de limpeza do amendoim, classificam-se as sementes segundo as seguintes categorias de qualidade: O critério de classificação está estabelecido com base no número de sementes de amendoim por onça (one ounce = 28,35 gramos; Tabela 10).

Tabela 10. Critério de classificação por tamanho com base no número de sementes de amendoim/ onça. Categoria de qualidade

Número de grãos de amendoim por onça (1 onça= 28,35 g)

Grande

30-40

Média

40-60

Pequena

60-100

Fonte: Asociación Naturland (2000).

ESCOLHA DA SEMENTE

Para conseguir um eficiente cultivo de amendoim é necessário utilizar semente com alta qualidade fisiológica (elevada pureza e vigor; Figura 26) e sanitária (livre de doenças). As sementes de elevada qualidade ajuda a superar as condições adversas como alterações nas temperaturas do solo, excessiva profundidade da semeadura ou crosta superficial do solo. As sementes de amendoim de tamanho médio (granulometria 50/60) têm reservas suficientes que favorecem o rápido crescimento inicial das plantas. Outro aspecto muito comum que afeta a qualidade da semente de amendoim é a miscigenação de variedades. A presença de sementes de outas cultivares prejudica tanto o manejo agronômico como o valor comercial do produto colhido. Por ser um material susceptível a alterações, portanto, cuidados são necessários durante a manipulação do amendoim para garantir a produção de alimentos seguros.

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Figura 26. Sementes de amendoim com elevado poder germinativo. Foto: Ricardo Pedelini.

QUANTIDADE DE SEMENTES DE AMENDOIM POR HA

Ao plantar o amendoim, em fileiras separadas de 70 cm entre si, com semeadoras convencionais para grãos graúdos é necessário utilizar semente de tamanho uniforme para conseguir uma correta distribuição em cada fileira. Os ensaios realizados com amendoim de distintos tamanhos têm demonstrado a conveniência de semear sementes de granulometrias 50/60 (Figura 27), uma vez que as mesmas se danificam mecanicamente menos que as de maior tamanho, apesar da expressiva reserva inicial das sementes graúdas. Para determinar a quantidade de sementes que se utiliza por hectare, é necessário conhecer o tamanho da semente e seu poder germinativo. O número aproximado de sementes por Kg, de acordo com sua granulometria, pode ser observado na Tabela 11. Enquanto que a quantidade de sementes necessária para semear um ha dependerá do número de sementes por metro linear da fileira e do seu tamanho (Tabela 12).

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Figura 27. Detalhe da granulometria de sementes de amendoim, segundo alguns tamanhos: 60/70, 50/60 e 38/42.

Tabela 11. Número de sementes por Kg, segundo sua granulometria. Tamanho da Sementes (*)

Sementes por Kg

38/42

1400

40/50

1600

50/60

1950

60/70

2300

70/80

2650

80/100

3200

(*) Número de sementes por onça (28,35 gramos). Fonte: Ricardo Pedelini

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Tabela 12. Quantidade em Kg de sementes de amendoim a semear por hectare, segundo seu tamanho. Tamanho da

Sementes por metro linear de fileira 14

15

16

semente

17

18

19

20

Quilogramos de sementes

(*) 38/42

143

153

164

174

184

194

204

40/50

125

134

143

152

161

170

179

50/60

103

110

117

125

132

139

147

60/70

87

93

100

106

112

118

124

70/80

75

81

86

92

97

103

108

80/100

63

67

72

76

80

85

89

Fonte: Ricardo Pedelini

Segundo Pedelini (2008), uma regra prática foi preparada para definir um determinado número de sementes de amendoim por metro linear. Nesse exemplo, ficou estipulado 12 sementes por metro e o material disponível foi representado com as seguintes qualidades: 85% de germinação, granulometria 50/60 e 93% de sementes inteiras e saudáveis, sendo 85% a sua eficiência de emergência. Em primeiro lugar, o valor cultural de um lote de sementes seria calculado multiplicando a porcentagem obtida no teste de Pureza pela porcentagem no teste de Germinação e dividindo o resultado por 100. Então, o cálculo geral seria realizado da seguinte maneira: Para 100 kg de sementes = 93 kg de sementes inteiras x 85% de germinação = 79 kg de sementes viáveis x 85% eficiência de emergência = 67 kg de sementes que originam plantas úteis. O número de sementes por metro a ser semeado para conseguir 12 plantas por metro linear de sulco, então seria determinado com base no cálculo abaixo:

(12 x 100)/67 = 18 sementes;

Consultado a Tabela 12, determina-se que para semear 18 sementes por metro linear de sulco, de uma semente de granulometria 50/60, é necessário utilizar 132 kg de sementes por hectare.

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AQUISIÇÃO DE SEMENTES

Os produtores de sementes encontram na Embrapa Produtos e Mercado sementes básicas de amendoim das variedades recomendadas para a região Nordeste. Por sua vez, as sementes certificadas, geradas a partir das sementes básicas, são produzidas por entidades particulares e comercializadas para atender os agricultores em geral, mas, com bastante antecedência, é necessário saber se o material será produzido em campo agroecológico. As sementes certificadas são produzidas dentro das normas e exigências do sistema de produção das certificadas, de acordo com a lei nº 10.771 de 05/08/2003, regulamentado pelo Decreto nº 5.153 de 23/07/2004. Na impossibilidade da aquisição de sementes certificadas orgânicas, pode-se utilizar a sementes da própria lavoura, tomando-se o cuidado de selecionar as plantas de desenvolvimento uniforme com elevado padrão de qualidade antes da operação de colheita, além de eliminar as plantas de amendoim doentes ou anormais (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011).

TRATAMENTO DAS SEMENTES ORGÂNICAS

O tratamento de sementes é uma prática realizada para proteger a semente de agentes externos como enfermidades e roedores. No caso de produção ecológica, as normas não permitem o uso de sementes de produção convencional e nem o uso de sementes tratadas com produtos químicos, mas é permitido o tratamento com produtos biológicos e produtos naturais a base de minerais. Na Tabela 13, duas alternativas para o tratamento contra doenças fúngicas de sementes orgânicas:

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Tabela 13. Fungicidas naturais para tratamentos de sementes de amendoim. Produto Calda Sulfocálcica

Eucalipto

Modo de preparação

Dose

A calda sulfocálcica é um defensivo utilizado na agricultura. Constituída essencialmente por polissulfetos de cálcio, é o resultado de uma reação entre o óxido de cálcio (da cal virgem) e o enxofre, quando dissolvidos em água e submetidos à fervura. Possui ação inseticida, acaricida e fungicida. Mistura a calda sulfocálcica em 20 litros de água. Introduz as sementes em um saco de malha. Submergir na calda por 3 minutos. Em seguida, as sementes são extraídas e secadas à sombra, evitando a exposição direta com raios solares. Uma vez concluída a secagem, as sementes são ensacadas em novos sacos de polipropileno. Colocar as folhas de eucalipto para secar ao sol. Moer as folhas

¼ litro de

secas até obter uma espécie de pó. Uma vez moída, mesclar o

folhas

pó com as sementes e umedecer levemente até obter uma pasta

eucalipto

consistente. Deixar secar e ensacar. Esta prática deve ser

por 1 kg de

realizada um dia antes da semeadura ou três horas antes de

sementes

sulfocálcica em 20 litros de água

de

3 de

plantar. Fuente: Fundación Valles (2011).

Em casos excepcionais, a entidade certificadora de produtos orgânicos poderá autorizar o uso de sementes convencionais para as seguintes situações: - Quando existam suficientes evidências e a organização certificadora demonstre que no mercado local ou regional comercializa apenas sementes convencionais, não havendo disponibilidade de sementes de produção ecológica. - As sementes ou plantas não sejam geneticamente modificadas (OGM). No caso do produto com risco de OGM no contexto local, recomenda-se apresentar uma declaração do fornecedor sobre o uso dessas práticas (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

PREPARAÇÃO DO SOLO

A preparação do solo é feita com aração profunda para cobrir os restos de cultura completamente (cultivos anteriores), a uma profundidade não inferior a 15 cm. É recomendável utilizar sistemas conservacionistas para a preparação do solo, empregando cultivadores que removem o solo deixando os resíduos na superfície, devido principalmente aos seguintes fatores: as plantas de amendoim não são boas protetoras do ISBN 978-85-67494-25-8


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solo; os solos onde predomina a cultura (arenosos) são naturalmente sujeitos à erosão e não é recomendável o repasse excessivo de implementos durante o preparo do solo (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2013).

As primeiras operações são classificadas como preparo primário e iniciam-se com a passagem de roçadeiras e/ou grades com discos recortados, com a finalidade de picar os resíduos vegetais sobre a superfície do terreno. Sua manutenção em boa parte da superfície cultivada do amendoim é uma forma efetiva de acumular água já que facilita a infiltração de água de chuva, reduzir a erosão do solo por água e o vento e diminui a evaporação da umidade acumulada. Além disso, é necessário que disponha de uma semeadora apropriada, controlar corretamente as plantas daninhas, evitando semear em terrenos com horizontes endurecidos ou irregularidades do terreno.

Devido à peculiaridade da planta de amendoim, que tem frutificação hipógea (os frutos desenvolvem-se debaixo do solo; Figura 28), um solo bem preparado oferece condições para germinação, emergência e desenvolvimento das plantas, reduzindo falhas no “stand” e proporcionando maior aeração, além de favorecer as trocas respiratórias das vagens na fase de frutificação. Portanto, recomenda-se cultivar o amendoim em áreas bem drenadas, de razoável fertilidade e textura arenosa, de maneira a favorecer a penetração dos ginóforos ou esporões, o desenvolvimento das vagens e a redução de perdas na colheita. Em solos argilosos, apesar do bom desempenho vegetativo, as perdas na colheita são significativas em razão da dificuldade no arranque de vagens maduras.

Figura 28. Frutos do amendoim desenvolvendo dentro do solo. Foto: Vicente de Paula Queiroga ISBN 978-85-67494-25-8


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A cultura do amendoim pode ser cultivada em quase todos os tipos de solo. Quando se trata de um terreno plano com solo arenoso e sem pedras, o preparo mecanizado inclui somente uma passagem de grade de arraste na véspera de semeadura, havendo efetuado, cerca de um mês antes, uma única aração. Nos solos mais argilosos, recomenda-se efetuar duas arações antes de um mês, enquanto seguem-se as gradeações em número suficiente, um pouco antes da semeadura, para obter um bom destorroamento do terreno e destruição das sementeiras de plantas daninhas (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2013).

Em solos argilosos, quando se constata a presença de compactação, deve-se utilizar o subsolador. A subsolagem serve para tornar soltas as camadas compactadas, sem, entretanto, causar inversão das camadas de solo, devendo somente ser recomendada quando houver uma camada muito endurecida, em profundidades não atingidas por outros implementos (Figura 29). O arado escarificador é semelhante a um subsolador, mas trabalha em profundidades menores, exigindo menor esforço tratório para execução das operações agrícolas (GADANHA JÚNIOR et al., 1991; ALOISI et al., 1992).

Figura 29. Preparo do solo com arado subsolador. Foto: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.

A topografia do solo pode variar desde plana até a ondulada, contanto que em áreas planas não haja problema de encharcamento e na ondulada ou acidentada, práticas de conservação sejam observadas e adotadas para evitar erosão do solo, ou seja, o preparado do terreno deve ser em curva de nível, onde nas áreas pequenas pode ser utilizado o instrumento “pé de galinha” (Figura 30).

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Figura 30. Preparo do solo em curva de nível no terreno ondulado. Foto 1: Diego Antonio Nóbrega Queiroga; Foto 2: Vicente de Paula Queiroga.

Outro conceito associado às curvas de nível (mas que não deve ser confundido) é o “plantio em curvas de nível”. Trata-se de uma técnica para plantio em terrenos acidentados que segue o traçado das curvas (Figura 30). Lembrando que a legislação ambiental brasileira proíbe o desmatamento e plantio em terrenos com declividade maior que 45° por se tratar de Áreas de Preservação Permanente (APP) devido à alta tendência a erosão. Enquanto o plantio em curvas de nível é uma técnica que visa diminuir a velocidade da enxurrada (arraste) e aumentar a infiltração da água no solo para, com isso, evitar que aconteçam erosões.

a) Em Terreno Plano No preparo do solo, os leirões (camalhões) devem serem feitos com arado sulcador de dois discos (Figura 31), de maneira que através desta operação se substituam as práticas de aração e gradagens convencionais, evitando o encharcamento do solo. Em caso de encharcamento (causa inóxia a planta por falta de oxigênio às raízes) por períodos superiores a três dias, poderá contribuir no aparecimento de doenças às plantas. Essa tecnologia adotada de camalhões com superfície retangular de 50 cm de largura e 15 a 20 cm de altura é preparada com o sulcador adaptado, nas quais são semeadas duas fileiras do amendoim ereto, sendo espaçadas entre si com 25 cm e deixando com 10 a 15 cm entre plantas, o que tem permitido alcançar o estabelecimento de populações adequadas de plântulas em pouco espaço de tempo. Vale destacar também que, após as precipitações, parte da umidade é retida pelo solo e o excesso de água é drenado pelos sulcos (FUNDACIÓN VALLES, 2011; Figura 32). Para o método de plantio em leirões

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abaulados, as sementes de amendoim são depositadas com distâncias de 60 a 70 cm entre leirões e de 10 a 15 cm entre plantas (Figura 33).

Figura 31. Em terreno plano, adota-se a formação camalhões retangulares preparados com o sulcador adaptado para o plantio do amendoim. Foto: Ricardo Cardias e Tiago Oliveira Silva; Vicente de Paula Queiroga.

Figura 32. Em área encharcada, planta-se o amendoim ereto em fileiras duplas (25 cm) sobre cada camalhão ou leirão em superfície retangular. Fotos: Anastacia Quiros Pastrana. ISBN 978-85-67494-25-8


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Figura 33. Em área encharcada, planta-se o amendoim sobre cada leirão abaulado (ou sulco) no espaçamento de 60 a 70 cm.

A profundidade de preparo do solo deve ser modificada em cada período de cultivo. Se a camada compactada estiver a menos de 30 cm de profundidade, ela pode ser rompida com arado de aivecas ou arado escarificador (Figura 34), atuando nessa profundidade (CASTRO; LOMBARDI NETO, 1992).

Figura 34. Preparo do solo com arado de aiveca ou arado escarificador. Foto: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.

O arado de discos é menos vulnerável a estas obstruções, pois o movimento giratório dos discos faz com que eles girem sobre o solo e a vegetação, cortando-os (GADANHA JÚNIOR et al., 1991). Para uma melhor eficiência no preparo de solo com aração, devese dar preferência ao uso de arado com discos recortados (Figura 35).

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Figura 35. Preparo do solo com arado de discos (A) e modelo de disco de arado com perfil recortado (B). Foto: José Barbosa dos Anjos.

Por sua vez, os pequenos produtores do município de São João do Sabugi, RN realizam o preparo do solo das lavouras com um minitrator Tobatta com bitola de 80 cm (Figura 36), alugado de uma associação de pequenos produtores da propriedade Matinha, cujo conjunto realiza a atividade por hectare no tempo de aproximadamente 5 horas (QUEIROGA et al., 2011).

Figura 36. Minitrator cultivador utilizado pelos produtores de São João do Sabugi-RN para preparar o solo das diferentes culturas. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

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b) Em Terreno Inclinado As valas são canais construídas em curvas de nível em terreno inclinado. Sua finalidade é impedir que as águas venham a se movimentar rapidamente pela pendente e arrastem o solo. Ao realizar a primeira passagem do arado sem as ponteiras sulcadoras, que é um preparo mínimo continuo em terreno inclinado, permitirá abrir apenas um sulco guia de semeadura (Figura 37) e irá remover menos quantidade de solo, diminuindo assim as probabilidades de erosão. Nas seguintes passagens são realizadas com as ponteiras sulcadoras para remover um maior volume de solo e obter uma largura apropriada da trincheira (Figura 38). Recomenda-se fazer a aradura das valas em curvas de nível, separadas 100 cm entre si, de modo que a parte não arada seja conservada as plantas daninhas, as quais servem para reter o solo e para absorver a água de chuva. O trabalho de construção de valas para conservação de solos em pendente poderá ser utilizado uma junta de bois, ou até mesmo um único animal (ESPINOZA, 2009).

Figuras 37. Preparo de solo mínimo e continuo em terreno inclinado. Fuente: Arquivo FOMENTA.

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Figura 38. Construção de valas em terreno inclinado apenas com um animal. Fuente: Arquivo FOMENTA.

Por outro lado, o importante no preparo do solo é o uso adequado das máquinas e implementos agrícolas para cada tipo de solo e a operação feita no momento oportuno. Alguns sistemas de preparo do solo adotado para o amendoim orgânico são: convencional, mínimo e mínimo em conjunto com a semeadura. a) Preparo convencional – Consiste no emprego do arado aiveca na profundidade aproximada de 20 cm e/ou grade acionado por trator ou animal (Figura 39). Para solos arenosos ou mesmo de textura franco-arenosa, já trabalhados muitas vezes, só necessitam de uma ou duas gradagens no preparo do solo antes da semeadura, sendo que a última gradagem, se amarra a este um tronco roliço para aplanar o terreno (Figura 40). Ou seja, tal operação facilitará o sulcamento e/ou semeadura, pois uniformizará o terreno, eliminando os torrões. Em seguida, abrem-se os sulcos de semeadura, utilizado um cultivador com um escarificador a tração animal ou um arado sulcador de três linhas puxado por uma junta de boi e, logo atrás, efetua-se manualmente a semeadura do amendoim (Figura 41).

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Figura 39. (A;B) -Preparo do solo com o equipamento arado de aiveca reversível de tração animal e (C;D) -Preparo do solo para o plantio do amendoim apenas com gradagem. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

Figura 40. Gradagem e nivelamento do solo ao mesmo tempo com o tronco roliço amarrado a grade. Foto: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.

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Figura 41. A) Abertura de sulcos com arado de madeira, acoplando um riscador de três linhas, a tração animal e, logo atrás, três operários efetuam manualmente a semeadura do amendoim em cada sulco; B) Cultivador com apenas um escarificador para a abertura de sulcos no terreno a tração animal. Fotos: Ritza Marina Lainez Navarrete e Vicente de Paula Queiroga.

Em áreas que se cultiva normalmente o amendoim, procede-se uma aração, aplicando-se o calcário e, a seguir, uma gradagem para complementação da aração e incorporação do calcário. Os equipamentos utilizados para estas operações podem ser a tração animal ou tratorizados (SANTOS et al., 2006). b) Preparo mínimo – Significa remover e aflouxar a terra unicamente aonde se vai semear, conservando assim a estrutura do solo e evitando sua compactação, além de economizar mais trabalho em comparação ao preparo convencional (Figura 42). Outra vantagem importante do preparo mínimo é que os cultivos podem ser realizados imediatamente, depois que o cultivo anterior tenha sido colhido.

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Figura 42. Cultivador a tração animal e mini trator usados no preparo mínimo da área de amendoim. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

c) Preparo mínimo com semeadura - Este sistema aplica-se tanto para solo plano (arenoso) como em solo inclinado. Entretanto, não se deve semear o amendoim em solos com pendentes bastante pronunciadas (não superior a 30º), porque, com as atividades de colheita, o solo é removido e pode acelerar o processo de erosão (hídrica e eólica; FUNDACIÓN VALLES, 2011).

Nas áreas de renovação de canaviais (sem uso de adubo químico e inseticida), a soqueira é destruída com grade pesada, antes da aração (LASCA, 1986). Outras opções que apresentam perspectivas favoráveis para o cultivo de amendoim seriam as semeaduras diretas sobre a palhada da cana-de-açúcar (Figura 43) e de reforma de pastagem não degradada, porém à presença de resíduos da cultura anterior tem favorecido o desenvolvimento de doenças, principalmente ocasionadas por Sclerotium rolfsii.

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Figura 43. Amendoim sobre palhada de cana é uma técnica promissora. ÉPOCA DE PLANTIO

A planta do amendoim apresenta grande plasticidade genética, podendo ser cultivada em várias condições agroecológicas. Nas condições do Nordeste, a época de plantio é considerada um manejo cultural ecológico do amendoim que pode resultar no desenvolvimento de plantas dentro das condições climáticas ideais, em razão de que a maioria do amendoim é cultivado em regime dependente das águas.

A observância da época adequada oferece maior possibilidade de êxito para o produtor dentro das variações de clima a que está sujeita o cultivo do amendoim para as condições do Nordeste. É importante destacar que a maioria do amendoim é cultivada em regime de sequeiro, sendo mais concentrado nas regiões da Mata, Agreste e Semiárido. Por outro lado, sua área cultivada em condições irrigadas é pouco significativa. Nas condições da Mata e Agreste, chove, frequentemente, de abril a agosto e as precipitações anuais, sobretudo na Zona da Mata, ultrapassam os 1.000 milímetros. Como os materiais de porte ereto e precoce predominam na região, recomenda-se efetuar o plantio perto do final da estação chuvosa (maio-junho) para favorecer sua colheita na ausência de chuva. Enquanto no semiárido, chove de novembro a março e as frequências e distribuição são irregulares. Consequentemente, recomenda-se iniciar o plantio no início do período de chuvas, quando tiver chovido aproximadamente 30 mm. Nestas condições o solo apresenta umidade suficiente para a germinação das sementes e desenvolvimento das plantas (BELTRÃO et al., 1989; BOLONHEZI et al., 2013). ISBN 978-85-67494-25-8


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MÉTODO DE PLANTIO

a) Semeadura manual

Consiste em depositar manualmente as sementes sobre covas ou sulcos abertos, sendo de imediato cobertos com uma camada de terra, utilizado o pé ou um pranchão de madeira (ou peça metálica) a tração animal para cobrir as sementes (Figuras 44 e 45). A semeadura deve ser realizada em função do ciclo da cultivar e do regime de chuvas da região, cuja profundidade da semente no solo não deve ultrapassar 5 cm, assim evita que a semente esgote suas reservas para elevar os cotilédones à superfície do solo. Quando se realiza semeadura mais rasa, a emergência é mais rápida, desde que haja umidade suficiente no solo. O consumo de sementes dentro dos espaçamentos mais usuais, 60 ou 50 cm entre linhas e 5 a 10 cm na linha, os gastos com sementes variam de 70-80 a 140-160 kg.ha-1. A elevação do custo de produção, devido à maior quantidade de sementes, é compensada pela redução dos tratos culturais e maior rendimento (GODOY et al., 1982; SANTOS et al., 2006).

Figura 44. Semeadura manual do amendoim em sulcos abertos (ou covas) feita pelo pequeno agricultor nordestino.

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Figura 45. Pranchão de madeira puxado pelo animal para fechar os sulcos abertos, após a semeadura manual. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

b) Semeadura com matraca

Os produtores de Barbalha-CE semeiam o amendoim com auxílio de matraca convencional, para evitar que a semente não seja colocada no solo arenoso à profundidade superior a 5 cm é necessário adaptar um limitador na parte inferior da matraca (Figura 46). Essa semeadora é de fácil uso, sendo capaz de um operário plantar cerca de 30 kg de sementes de amendoim por dia. Antes disso, deve-se ajustar o registro da máquina ao tamanho da semente.

Figura 46. Matraca da marca Krupp usada no plantio de sementes de amendoim, sendo uma máquina convencional e outra adaptada com um limitador de profundidade. Fotos: Vicente de Paula Queiroga. ISBN 978-85-67494-25-8


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c) Semeadora mecânica manual

Uma máquina de plantio de amendoim de uma linha divulgada no mercado virtual poderá atender os pequenos produtores familiares da região semiárida do Nordeste, principalmente se o amendoim é semeado em solos de textura arenosa ou francoarenosa. O desempenho dessa semeadora poderá ser eficiente por economizar tempo e mão-de-obra em relação ao sistema de plantio totalmente manual. Seu mecanismo de funcionamento consiste em depositar uma semente no solo, no momento em que cada bico alimentador penetra no solo (Figura 47).

Figura 47. A semeadora mecânica manual de uma linha para semeadura do amendoim divulgada no mercado virtual. Fotos: Arquivo da Alibaba.

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d) Semeadora mecânica a tração animal

Para que uma semeadora funcione de forma eficiente, recomenda-se utilizar sementes devidamente classificada por tamanho, para garantir que o disco dosifique a quantidade exata de sementes (Figura 48). Além disso, tal classificação pode proporcionar uma colheita em maior escala de sementes maduras e de elevado teor de óleo. Também a semeadura com a semeadora exige que o terreno seja bem preparado, destorroado e sem plantas daninhas.

Figura 48. Operação de classificação por tamanho, realizada antes do plantio, com passagem das sementes pela peneira de tamanho 23. Foto: Ignácio José de Godoy.

Nos anos 80, um projeto hondurenho, denominado PROMECH, para desenvolvimento de uma semeadora foi criado para melhorar a produção de amendoim dos pequenos produtores familiares, que mediante a troca do rotor (distribuidor de sementes) que se instala no interior da máquina semeadora é possível realizar uma semeadura eficiente de sementes de gergelim, arroz, milho, sorgo, feijão, amendoim e algodão orgânico (Figura 49). A semeadora fica acoplada ao arado, cujo conjunto de equipamento poderá permitir o seguinte: 1). O arado instalado à frente permite abrir o sulco, enquanto a semeadora, posicionada atrás, efetua o semeio e cobri as sementes e 2). Regula a quantidade de sementes, a distância e a profundidade para alcançar uma qualidade de plantio de precisão por cada posição do rotor em movimento.

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Figura 49. Arado combinado com semeadora de amendoim e outras espécies cultivadas. Foto: Arquivo FOMENTA.

Outra semeadora a tração animal foi desenvolvida pelo fabricante Careyso S.R.L. da Bolívia. Com este equipamento é possível economizar 50% em mão-de-obra e diminuição do tempo empregado para a semeadura do amendoim. O equipamento oferece menos risco de compactação do solo (Figura 50).

Figura 50. Semeadora de uma linha para sementes de amendoim desenvolvida na Bolívia. Fotos: Arquivo da Fundación Valles. ISBN 978-85-67494-25-8


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e) Semeadora tratorizada

O sistema pneumático de distribuição de sementes, usado para o plantio em grande escala, é um método de precisão de alta tecnologia e muito utilizado para a semeadura de sementes de amendoim, permitindo que se trabalhe com velocidade de até 8,0 km /h, desde que sejam feitos os ajustes na regulagem da máquina, evitando assim quebras das sementes. É uma tecnologia bem mais cara que a dos métodos tradicionais, pois, necessita da tomada de força do trator para seu acionamento, além de requerer cuidado permanente da estanqueidade do ar e ajustes na seleção das sementes (Figura 51).

Figura 51. A) Semeadora pneumática usada na semeadura de sementes de amendoim pela Embrapa Algodão; B) Sementes previamente selecionadas em peneira. Foto: Vicente de Paula Queiroga. ISBN 978-85-67494-25-8


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PROFUNDIDADE

Para todos os métodos utilizados de semeadura, deve-se adotar a profundidade ótima de 5 – 7 cm. A profundidade uniforme de semeadura é importante para a germinação e o desenvolvimento da planta de amendoim. As chuvas constantes e fortes prejudicam a germinação de uma plântula, tendem a endurecer ou sedimentar a terra solta da superfície e podem lavar o solo arrastando as sementes.

A sistematização do solo (correção da superfície) é conveniente para evitar encharcamentos, arraste do solo ou sedimentação nas partes mais baixas do terreno, os quais podem sufocar ou enterrar as plantas (Figura 52). Além do seu efeito no número reduzido de plantas sobreviventes, ao evitar os encharcamentos também se evitam doenças como a murcha-de-Sclerotium (Sclerotium rolfsii).

Figura 52. Problemas de baixa população por arraste de solo ou sedimentação. Foto: Eduardo R. Garrido Ramírez.

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SISTEMAS DE PRODUÇÃO

ESPAÇAMENTO

O espaçamento de uma cultura é definido pela densidade e pela disposição de plantas na área cultivada. Entende-se como densidade, o número de plantas por unidade de área, resultante da combinação entre o espaçamento entrelinhas e o número de plantas por metro de linha (BERNARDES; VICCARIO, 1986).

O uso do espaçamento adequado de plantas, além de contribuir para maximizar a produtividade, tem efeitos sobre o controle de plantas daninhas, podendo representar uma estratégica importante para utilização de alguns fatores de produção como luz, água e nutrientes. É importante, no entanto, atentar para alguns aspectos que podem auxiliar nas decisões a serem tomadas, como maior ou menor consumo de sementes e a realização dos tratos culturais (NAKAGAWA et al.,1994).

A alteração na densidade de semeadura é o recurso mais fácil para aumentar a população de plantas, pois o produtor não necessita realizar modificações drásticas na semeadora, embora incremente o gasto de sementes por área. Por outro lado, essa variação na densidade de plantas de amendoim pode ocasionar efeitos na massa de 100 sementes tendo-se aumento destas com a diminuição do número de plantas por hectare (GOPALASWAMY et al.,1979).

Nakagawa et al. (1994), trabalhando com a cultivar Tatu Vermelho-53, com as densidades de 7, 10, 13, 16, 19, 22, 25 e 28 sementes/m, com espaçamento entrelinhas de 0,60 m, verificaram que à medida que se aumentou o número de sementes por metro, houve uma diminuição na percentagem de emergência de plântulas, bem como na percentagem de sobrevivência das plantas. O número de vagens por planta foi afetado pela densidade de semeadura, tendo-se obtido maiores valores para a densidade de 7 sementes/m (6,49 plantas/m à colheita). Verificou-se que com o aumento da densidade de semeadura houve diminuição no número de vagens por planta, observando-se maiores reduções até a densidade de 16 sementes/m (14,3 plantas/m à colheita).

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Gonçalves et al. (2004), trabalhando com a cultivar Vagem Lisa, grupo botânico Valência, no Recôncavo Baiano, BA, com espaçamentos entrelinhas de 0,50 m, 0,65 m e 0,80 m, e três densidades de semeadura de 5, 10 e 15 plantas/m e um tratamento adicional, como testemunha (covas espaçadas de 0,25 m x 0,30 m), observaram que independentemente do espaçamento estudado, à medida que se eleva a densidade de plantas há decréscimos nos valores médios encontrados no número total de vagens e grãos por planta. Para os componentes massa seca de 1000 grãos e volume de vagens frescas, apenas o fator densidade influenciou de maneira significativa, sendo o arranjo espacial de 5 plantas/m x 0,80 m na entrelinha (62.500 plantas/ha), o que apresentou os maiores resultados. Para a produção de vagens em kg/ha, o arranjo de 15 plantas/m x 0,50 m apresentou a maior produtividade (3.429kg/ha), superando a média regional. É importante considerar que o número de vagens por planta é o componente da produção mais afetado pelo aumento da população de plantas, ocorrendo invariavelmente redução, que ao mesmo tempo é compensada pelo maior número de vagens por área.

Para cultivares de porte ereto, Godoy et al. (1998) recomendam o espaçamento de 0,60 m entrelinhas, distribuindo-se 15 a 20 sementes por metro linear. Já para cultivares rasteiras recomendam a semeadura em linhas duplas espaçadas de 0,70 a 0,80 m e 1,00 m nos intervalos entrelinhas duplas, distribuindo-se 10 a 12 sementes por metro linear de sulco. Para a colheita mecanizada do amendoim, os mesmos autores relatam que, apesar de não haver comprovação científica para os espaçamentos em linhas simples e em linhas conjugadas, na prática tem sido mais adequado o espaçamento de linhas conjugadas, o que consiste em um conjunto de duas linhas com distância de 0,55 m entre si, sendo os conjuntos de linhas distanciadas em 0,70 m, para as cultivares eretas (Figura 53) e para as rasteiras, recomenda-se as linhas simples espaçadas de 0,90 m.

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Figura 53. Espaçamento de linhas conjugadas adotado para a lavoura mecanizada de amendoim do tipo porte ereto. Foto: Ignácio José de Godoy. Foi comprovado experimentalmente que um espaçamento apropriado sempre pode resultar em uma colheita mais abundante e de melhor qualidade, portanto, ao efetuar a semeadura do amendoim com a semeadora, recomenda-se uma distância não menor de 45 a 50 cm entre linhas, e de 10 a 13 cm entre plantas. Quando a operação de semeadura é feita com enxada ou cultivador, o espaçamento ideal seria de 60 cm entre fileiras e de 15 cm entre covas. Godoy et al. (1998) recomendam utilizar o espaçamento de 0,60 m entrelinhas, distribuindo-se 15 a 20 sementes por metro \linear para cultivares de porte ereto. Já para as cultivares rasteiras, a semeadura deve ser realizada em linhas duplas, espaçadas de 0,70 a 0,80 m e 1,00 m nos intervalos de entrelinhas duplas, distribuindo-se 10 a 12 sementes por metro linear de sulco. Na Tabela 14, encontram-se os espaçamentos utilizados para as cultivares BR-1 e BRS Havana. Tabela 14. Espaçamento, quantidade de sementes necessárias ao plantio, densidade populacional e produtividade das cultivares de amendoim BR-1 e BRS Havana. Espaçamento

Quantidade de sementes

População -1

(plantas ha )

(kg/ha-1)

Produtividade esperada em casca (kg/ha-1)

0,70 m x 0,20 m

64

143.000

1.700

0,50 m x 0,20 m

90

200.000

2.100

0,30 m x 0,20 m

150

333.333

3.200

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Em comparação ao espaçamento convencional (0,70 m x 0,20 m), Neves (2007) verificou que, quando se utilizou o espaçamento de 0,50 m x 0,20 m, houve uma elevação de 63% na produtividade do amendoim com casca. Além disso, gastou-se 90 kg de sementes da cultivar BR-1 por ha, e, ainda, houve redução nos custos das capinas, que caiu de três para duas. No espaçamento de 0,30 m x 0,20 m, o gasto de semente se situou em 110 kg/ha e a elevação na produtividade subiu para 94%. Vale destacar que os espaçamentos 0,50 m x 0,20 m e 0,30 m x 0,20 são utilizados para os cultivos manual e mecânico, respectivamente. Conforme se observa na Tabela 14, o aumento da população de plantas pode resultar em acréscimo na produção de vagens por área, todavia, esse aumento é limitado até certo ponto pelas características da cultivar, pelo histórico de fertilidade do solo, pelas condições climáticas da região e risco de ocorrência de doenças.

O espaçamento convencional de amendoim para a região Nordeste, cultivado em regime de sequeiro, é de 0,70 m x 0,20 m, podendo o plantio ser procedido em consórcio com outras culturas, como milho, gergelim, mandioca ou algodão. A quantidade de sementes utilizadas é entre 60 e 65 kg, para o caso da cultivar BR-1. Ao adotar o plantio isolado, recomenda-se o espaçamento de 0,50 m entre linhas e 0,20 m entre plantas para as cultivares dos tipos BR-1, BRS Havana, e BRS 151 L7, todas de porte ereto, necessitando-se de 90 kg/ha de sementes e apenas duas capinas durante o ciclo. Para a cultivar rasteira do amendoim BRS Branco, recomenda-se 0,70 m a 0,80 m entre linhas e 0,25 m a 0,30 m entre plantas, deixando-se duas sementes por cova (SANTOS et al., 1997, 2006; NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

ADUBAÇÃO Um dos maiores desafios para a agricultura nesta década será o de desenvolver sistemas agrícolas que possam produzir alimentos e fibras em quantidade e qualidade suficientes, sem afetar adversamente os recursos do solo e o meio ambiente (MIYASAKA et al., 1983). Por intermédio da agricultura orgânica, a fertilidade do solo e a produtividade agrícola se mantém através da rotação de cultivos, da aplicação de esterco animal e adubos verdes, do uso de compostagem e coberturas orgânicas. Portanto, quando se adota o cultivo orgânico há maior sustentabilidade, há maior disponibilização dos nutrientes gradualmente, há melhoria na estrutura do solo; há ainda o maior fornecimento de macros

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e micronutrientes e, em consequência disso, melhora as condições físicas, químicas e físico-químicas do solo (KIEHL, 2010). Os adubos orgânicos sob os resíduos de origem animal ou vegetal, na forma sólida ou líquida, podem ser utilizados para a fertilização dos solos, sendo rico em nutrientes, tais como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, cobre e zinco. Os resíduos orgânicos, além de fertilizarem o solo, são ativadores da microvida e melhoradores da estrutura e textura do solo, permitindo maior infiltração de água e maior aeração (SANTOS; SANTOS, 2008). Um dos adubos orgânicos muito utilizados é a torta, que é um resíduo industrial, considerado coproduto da produção do biodiesel, a partir de oleaginosas como a mamona, girassol, dendê, pinhão-manso e soja, dentre outras. A torta é muito utilizada como fertilizante orgânico e condicionador de solo, além de outras utilidades (SILVA et al. 2012). Por outro lado, o esterco caprino apresenta fermentação mais rápida que outros estercos, podendo ser utilizado com sucesso na agricultura (SOUZA; REZENDE, 2006). Contudo, a utilização de esterco caprino na quantidade de 6 t ha-¹ influencia positivamente no crescimento do amendoim. Um dos fatores a ser levado em conta relacionado à quantidade de esterco e outros resíduos orgânicos a ser adicionada em determinada área são: a composição e o teor de matéria orgânica desses insumos, classe textural e nível de fertilidade do solo, exigências nutricionais da cultura explorada e condições climáticas regionais (DURIGON et al. 2002). Um dos macronutrientes encontrados no esterco é o potássio, considerado o elemento mais elevado no solo pelo uso contínuo. O teor desses elementos depende da qualidade e da quantidade de esterco caprino, bem como do tipo de solo (SANTOS et al., 2006). Segundo Kluthcouski (1980), várias espécies vegetais podem ser empregadas como adubos verdes, como por exemplo as leguminosas e gramíneas; mas, de acordo com Inforzato (1947) e Franco e Souto (1984), o emprego de plantas leguminosas é mais difundido devido, principalmente, à realização da fixação do nitrogênio atmosférico que essas plantas desenvolvem, e porque os seus sistemas radiculares são mais profundos e mais ramificados que os das gramíneas, melhorando a estrutura do solo e a reciclagem de nutrientes; e também porque, segundo informações de Neme (1940), a biomassa das plantas leguminosas é maior e mais rica em teores de nutrientes do que a biomassa das gramíneas. ISBN 978-85-67494-25-8


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Estudando os efeitos do emprego da adubação verde através da incorporação da biomassa vegetal, produzida no local ou importada, da rotação de culturas e da adubação orgânica: como mecanismos para obter aumentos de produção das culturas subsequentes, (MIYASAKA et al., 1965; FERRAZ et al., 1977; TANAKA et al., 1992); como mecanismos para melhorar o aproveitamento dos nutrientes minerais do solo pelas culturas (ANDRIOLI et al., 1993); e a retenção de água advinda da melhor capacidade de infiltração, diminuindo, consequentemente, a erosão do solo (ALVARENGA et al., 1993); como mecanismos para controlar a população de fungos, ervas daninhas e nematoides (SHARMA et al., 1981; SILVA et al., 1989) e reduzir a amplitude térmica da superfície do solo e em profundidade (ALMEIDA, 1984), e para a fixação biológica do nitrogênio (FRANCO; SOUTO, 1984). Os elementos químicos mais indispensáveis para a lavoura de amendoim são, em ordem de importância, K-Ca-P-N. Aplicações menores de adubos orgânicos, como esterco de gado e adubos semilíquidos, podem favorecer a mineralização das substâncias orgânicas. Sua aplicação deve ser feita quando as plantas estiverem com mais de 10 cm de altura em quantidades correspondente a 10 kg N ha-1 (equivale a 2 ton. de esterco por ha ou 0,5% de N). Em caso de aplicações diretas de adubo, a compostagem curtida se aplica no momento do plantio ou durante a primeira capina (15 dias) em quantidades de aproximadamente 3 t ha-1 (aprox. 7 m3 ha-1). A disponibilidade de potássio tem sido praticamente normal para os solos da região Nordeste. Também é importante que o cálcio e magnésio sejam absorvidos em maior escala pelas plantas de amendoim, mas é necessário fornecer o calcário em pó (rocha dolomita) por agregar o mineral carbonato de cálcio e magnésio CaMg(CO3)2 (AUGSTBURGER et al., 2000). Tanto o regulamento para a agricultura ecológica da União Europeia 2092/91 como as normas básicas de IFOAM permitem, em pouca quantidade, somente o uso de fosfatos naturais sobre solos pobres em fósforo. Portanto, as deficiências de fosforo na lavoura de amendoim podem ser compensadas mediante aplicação de rocha fosfórica em pó e farinha de ossos, antes da preparação do terreno. A disponibilidade de fosfatos é melhorada mediante a simbiose com as micorrizas pelo incremento da superfície radicular. A segregação de diferentes substâncias, como por exemplo a atividade da enzima fosfatase, permite que o fósforo (P) fixado organicamente se torne disponível para as plantas (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000). ISBN 978-85-67494-25-8


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O manejo dos aspectos nutricionais do amendoim é primordial para a obtenção de altas produções e elevada qualidade. Essa planta extrai quantidades menores de macronutrientes primários (N, P e K), razão pela qual comumente é classificada como cultura pouco exigente em adubação, em comparação com os cereais produzidos em grande escala. A seguir, alguns resultados de pesquisas referentes a recomendações de N, P, K e Ca para a lavoura de amendoim:

Nitrogênio - O amendoim por ser uma leguminosa, a planta tem a capacidade para fixar na quantidade suficiente o nitrogênio do ar, por meio da associação simbiótica com bactérias do gênero Bradyrhizobium sp., pertencentes ao grupo chamado “miscelânea caupi”. A ausência das bactérias especificas, devido à seca, o encharcamento ou a compactação do terreno que limita a aeração do solo, prejudicam a efetividade na fixação de nitrogênio. Outros fatores interferem no suprimento de N para o amendoim, tais como: as características da cultivar, presença de estirpes nativas competidoras, tipo de solo, umidade e temperatura. Quando a disponibilidade de nitrogênio não é suficiente, então a folhagem do cultivo apresentará uma cor verde claro a ligeiramente amarelado (PEDELINI, 2008; Figura 54). Estima-se que cerca de 55% do N requerido pelo amendoim é proveniente da fixação biológica, sendo considerado um suprimento intermediário quanto a eficiência (ELKAN, 1995). Além disso, as plantas de amendoim são capazes de remover cerca de 190 kg de N para atender uma expectativa de produção de 3 t/ha de vagens (BOLONHEZI et al., 2013).

Figura 54. Faixa de cultivo de amendoim sem aplicação de inoculante (verde claro) e lote tratado com inoculante (verde escuro). Foto: Ricardo Pedelini. ISBN 978-85-67494-25-8


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Fósforo – É considerado o elemento com maior influência na produtividade do amendoim, apesar de ser requerido em menores quantidades, assim como o enxofre. A intensidade de respostas é maior em solos esgotados e com sua aplicação, garante resultados positivos em termos de quantidade e qualidade do produto (GILLIER; SILVESTRE, 1970). Para as condições do Nordeste, onde os solos são mais arenosos e pobres em nutrientes, a aplicação de P pode elevar a produção de vagens em mais de 40% (SANTOS et al., 1996). Sichmann et al. (1979) comprovou que sua absorção ocorre por meio dos ginóforos e das vagens em desenvolvimento.

Potássio - Na maioria das vezes, as respostas com K no amendoim são menores que as esperadas, mesmo em solos com baixos teores desse elemento (GARGANTINI et al., 1958; ARRUDA; BRITO, 1972; BRITO et al., 1973). Tal fato está relacionado ao sistema radicular do amendoim, o qual consegue explorar camadas de solo mais profundas, podendo então absorver o K acumulado no subsolo.

Cálcio - O amendoim é muito sensível a falta de cálcio no solo. A reposta do amendoim a calagem está ligada, principalmente, ao fornecimento de cálcio aos frutos. Portanto, o fornecimento de Ca suplementar deve ser efetuado no período compreendido entre 30 a 100 dias, dependendo da cultivar ser precoce ou tardia e também do tamanho da semente, mediante aplicação de calcário dolomítico, o que poderá proporcionar aumentos nos números de vagens por planta e sementes por vagem. Os expressivos resultados da calagem se devem por causa da maior nodulação e neutralização do alumínio tóxico, uma vez que este último influencia diretamente o número de vagens por planta. Essa deficiência é descrita como lesões semelhantes à mancha-de-cercospora, mas os sintomas mais comuns e visíveis são: vagens chochas e mal desenvolvidas, cascas frágeis, redução do índice de fertilidade de flores e consequente menor número de ginóforos, grãos menores, murchos ou abortados, além do crescimento deficiente das raízes (BOLONHEZI et al., 2013). O íon Ca é passivamente absorvido (fluxo de massa) pelo sistema radicular e transportado por meio do xilema até a parte aérea. Todavia, como esse elemento praticamente não se transloca via floema, então essa imobilidade impede a redistribuição do Ca para os frutos e sementes, sendo então necessária a absorção direta da solução do solo pelos ginóforos, cascas e vagens do amendoim (BOLONHEZI et al., 2013).

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INOCULAÇÃO

O amendoim responde bem a fertilização nitrogenada, especialmente em solos com baixo teor de matéria orgânica. Essa prática, contudo, é de baixa adoção pelos pequenos produtores nordestinos, sobretudo se a fonte for de natureza química, devido à elevação nos custos de produção (RODRIGUES et al., 2004).

No aspecto fisiológico, o nitrogênio é um elemento imprescindível para o desenvolvimento vegetativo das plantas, devido seu papel na composição de vários compostos orgânicos, incluindo aminoácidos e ácidos nucleicos. A habilidade de fixação biológica por meio das plantas leguminosas torna essas espécies autossuficientes e mais competitivas em termos de adaptação ambiental, considerando-se outras espécies que não detém a mesma capacidade para se auto suprir, via simbiose (EPSTEIN; BLOOM, 2006).

O amendoim tem habilidade para realizar associação com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico (N2), o qual é convertido em amônio (NH3) por meio de nódulos formados nas raízes de plantas leguminosas. Essa simbiose estabelecida entre bactérias e plantas é chamada coletivamente de rizóbios. As bactérias pertencem aos gêneros Rhizobium, Bradyrhizobium, Azorhizobium, Alorhizobium e Mesorhizobium, entre outros (NOVO et al., 1998; EPSTEIN; BLOOM, 2006).

O amendoim é considerado uma espécie capaz de nodular com uma ampla faixa de rizóbios nativos do solo. Por esse motivo, a maximização da fixação biológica do nitrogênio (FBN) nessa espécie costuma ser pouco eficiente, entretanto a inoculação com estirpes selecionadas é capaz de aumentar a efetividade da simbiose e aumentar o rendimento do amendoim. O sucesso da seleção de uma simbiose eficiente é dependente do conhecimento da variabilidade genética do macro e do microssimbionte (BORGES, 2006; BORGES et al., 2007; HOFFMAN et al., 2007; SANTOS et al., 2007a; SANTOS et al., 2007b).

No Brasil, a inoculação não é uma prática comum, embora diversos estudos tenham sido realizados visando encontrar e catalogar estirpes eficientes para a cultura a fim de maximizar a produção (BORGES et al., 2007; HOFFMAN et al., 2007; SANTOS et al., 2007a; SANTOS et al., 2007b). Atualmente, segundo recomendação do MAPA (MAPA, ISBN 978-85-67494-25-8


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2011), há uma estirpe de Bradyrhizobium sp., SEMIA 6144, autorizada para inoculação na cultura do amendoim.

Estudando a efetividade de rizóbios nativos e isolados em solos da região Nordeste, Santos et al. (2005b) verificaram que solos sem histórico de produções anteriores proporciona ao inoculante alta eficiência de nodulação, pois não há competição com rizóbios nativos ou já introduzidos no solo. O pH entre 5,9 e 6,3 é considerado a faixa adequada para a fixação biológica para a lavoura do amendoim (BOLONHEZI et al., 2005).

Apesar dos vários benefícios às lavouras, advindos da adoção de inoculantes como fonte suplementar de N, no Brasil, a inoculação não é uma prática comum, possivelmente devido à falta de um mercado com demandas definidas para este segmento. Como o processamento do inoculante depende de protocolos laboratoriais para viabilizar a eficiência da bactéria, acredita-se que a inexistência de um fluxo contínuo de demanda limite a disponibilização do produto aos agricultores. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento disponibiliza uma relação de isolados recomendados para várias lavouras; para amendoim, a estirpe recomendada, oriunda de Bradyrhizobium sp., é a SEMIA 6144 (VINCENT, 1970; MELO, 2013).

No estudo que se utilizou o isolado BR 1405 (SEMIA 6144) de Bradyrhizobium sp., o referido material foi cedido pela Embrapa Semiárido. Essa bactéria foi cultivada em meio líquido “Yeast Extract Malt Agar”, YMA (glicose 1%, agar 2%, peptona 0,5%, malte 0,3%, extrato de levedura 0,3%) à 28°C, sob agitação, por 7 dias até o final da fase exponencial de crescimento das bactérias. Para cada vaso, aplicaram-se 2 mL do inoculante (1,0 x 109 UFC/mL), diretamente na cova, após o plantio das sementes (VINCENT, 1970; Figura 55).

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Figura 55. Comparação entre o amendoim tratado com inoculante comercial e sem inoculante (testemunha ou testigo). Foto: Ricardo Pedelini

A inoculação da semente de amendoim, que será utilizada na semeadura, é feita a sombra. Inicialmente, a semente é umedecida até que seu tegumento se torne brilhante. Sua exposição ao sol ocorre quando há excesso de umidade, mas de imediato a semente é mesclada com o inoculante, de forma homogênea, e está pronto o material para semeio em campo. Apenas deverão inocular as sementes que vão ser semeadas nesse dia. No mercado mexicano, o inoculante é adquirido em pacote com conteúdo de 450 g. Esta quantidade é suficiente para inocular de 50 a 60 kg de sementes, sendo a quantidade de sementes usadas para semear um ha. O inoculante escolhido deverá ser mantido em um lugar fresco (refrigerado) até o momento do seu emprego (SAGARPA, 2002).

Na Argentina, recomenda-se usar a dosagem de 200 g do inoculante Rizobium (gênero Bradyrhizobium, grupo “miscelânea caupi”) para cada 10 kg de sementes de amendoim. Também existe no mercado argentino o inoculante “Nitragin Lift” para o amendoim na formulação líquida aquosa que assegura máxima concentração de bactérias fixadoras de nitrogênio (Figura 56). Sua distribuição dentro do suco de plantio permite que as raízes da nova planta fiquem rapidamente expostas a uma considerável população de bactérias aumentando as possibilidades de uma precoce nodulação na raiz principal, um maior aporte de nitrogênio por fixação biológica e um consequente aumento de produtividade.

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Figura 56. O inoculante “Nitragin Lift” para amendoim é vendido na Argentina em caixa de 9 litros (seis hectares). Recomenda-se a dose de 1,5 litros por ha para o plantio no espaçamento de 70 cm entre fileiras ou 10,5 mL para cada 100 metros linear. Foto: Arquivo da empresa Nitragin.

Por outro lado, o manejo das três cultivares submetidas aos diferentes tratamentos estabelecidos com e sem inoculante Bradyrhizobium, em comparação ao tratamento com sulfato de amônia, não alterou o início de floração das plantas nem o período de maturação das vagens, que ocorreram para as cultivares eretas da Embrapa, entre 21-23 e 87-90 dias após a emergência, respectivamente (SANTOS et al., 2005a). A altura, contudo, teve redução média de 60% em todas as plantas, que não ultrapassaram 15 cm, em função do tipo de solo em que foram cultivadas (Figura 57).

Figura 57. Detalhe das plantas de amendoim, aos 80 dias após a emergência. L7 bege no tratamento controle (esquerda), com Sulfato de amônia (centro) e com Bradyrhizobium (direita). Fotos: Emanuelle B. S. Melo.

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BIOFERTILIZANTES

Os biofertilizantes são resíduos orgânicos resultantes da fermentação de estercos em biodigestores e bastante utilizados em sistemas de agricultura orgânica. Tais produtos contêm células vivas de diferentes tipos de microorganismos, que têm a habilidade de converter nutrientes presentes no solo em formas indispensáveis para disponíveis por meio de processos biológicos (WU et al., 2005).

O uso dos biofertilizantes no Brasil foi iniciado na década de 90, para o controle de pragas, doenças e suprimento nutricional. Os biofertilizantes são compostos bioativos (MEDEIROS; LOPES, 2006), resíduo final da fermentação de compostos orgânicos, contendo células vivas ou latentes de microrganismos. Esses compostos são ricos em antibióticos, enzimas, vitaminas, fenóis, toxinas e ácidos.

A utilização de biofertilizante é uma alternativa de baixo custo e ambientalmente sustentável para reciclar os nutrientes originalmente retirados pelas plantas, além de contribuir para melhorar as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo (WU et al., 2005).

Biofertilizante de Esterco Bovino (QUEIROZ FILHO, 2005). INGREDIENTES: - Esterco curtido de bovino - Esterco curtido de galinha - Açúcar (cristalizado ou refinado) - Água

PREPARO: Numa lata de 20 litros, deve-se colocar meia lata (10 litros) de esterco de curral curtido, esterco de galinha em torno de 250 gramas e 250 gramas de açúcar (cristalizado ou refinado). Completar com água, deixando um espaço de 8 a 10 centímetros antes da borda acima, para evitar transbordar. Fechar muito bem a boca da lata, vedando com um saco ISBN 978-85-67494-25-8


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plástico bem amarrado. Deixar por cinco dias bem fechado (fermentação anaeróbica). A calda pronta deve ser diluída, misturando 1 litro da calda para cada 10 litros de água (Figura 58).

Figura 58. Aplicação de biofertilizante feito de esterco de gado sobre as plantas de amendoim aplicado com pulverizador, destinado exclusivamente para os produtos orgânicos da propriedade.

Biofertilizante de Abacaxi e Nim A elaboração de biofertilizante foliar com frutos de abacaxi e as qualidades inseticidas das folhas de nim tem sido usado para o controle de cochonilha farinhosa. INGREDIENTES: Preparação de 26,68 litros de boifertilizante foliar com bioinseticida (MARTEZ et al., 2009). - Frutas de abacaxi maduras e picadas 0,5 kg - Folhas de nim picadas 0,5 kg - Melaço puro - Água PREPARO: - Coloque no recipiente plástico com capacidade para 10 litros as frutas e folhas de nim picadas e o melaço.

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- Ponha um objeto pesado (bloco de cimento ou pedra) encima do material para prendêlo; - A mescla é coberta com sacos para que não entrem insetos; - Deixar em repouso em um lugar fresco por uma semana; - O biofertilizante está pronto quando a mescla muda de cheiro (cheiro açucarado a cheiro alcoólico) e deixa soltar as borbulhas; - Coar o material, separando e descartando o material sólido; - Elevar o volume para 6,67 litros por adição de água e se guarda em garrafas com tampas com roscas; - Com um litro do concentrado se prepara 4 litros de biofertilizante/bioinseticida (Tabela 15).

Tabela 15. Composição química do biofertilizante foliar de abacaxi e nim. Elemento/ composto

(%)

Elemento

g/ml (¿)

1,54-1,96

Mn

90-150

P2O5

Traços

Fe

100-260

K2O

0,28 - 4,22

Cu

10-280

MgO

0,45 – 1,54

CaO

0,81 – 2,31

N

Fonte: Laboratório de solos de IDIAP

IRRIGAÇAO Nogueira e Santos (2000) relatam que a planta do amendoim é conhecida por apresentar mecanismos fisiológicos de tolerância à deficiência hídrica. Esta oleaginosa parece ter habilidade genética para aprofundar suas raízes e extrair água em maior profundidade, quando cresce em solos apropriados para seu cultivo, podendo, desta forma, adiar a dissecação durante a estação da seca; a produção, entretanto, provavelmente será reduzida, uma vez que a absorção d’água de maior profundidade pode não ser suficiente para suprir toda a demanda evaporativa da cultura (BOOTE et al., 1982).

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Em geral, o requerimento óptimo de água durante o ciclo vegetativo do amendoim é de 500 mm, enquanto que as necessidades mínimas variam entre 250 e 300 mm para as variedades precoces. Todavia, é necessário destacar que a maior parte da chuva deve ser aproveitada durante as fases de germinação, crescimento e floração. Na etapa de maduração, as chuvas podem ser escassas (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011). A produção de amendoim da região nordeste, no cultivo das águas, está sujeita à irregularidade na distribuição das chuvas, acarretando perdas de plantas e de produção. O uso de irrigação nessa época de cultivo, como complementação de água das chuvas, tornase importante, particularmente, se feita nas fases de máxima necessidade, principalmente entre 30 e 45 dias antes da colheita, por provocar ataque de Aspergillus flavus em vagens com danos ou mesmo nas sadias (Figura 59). A irrigação é, para essas áreas, uma técnica necessária, por permitir a redução dos riscos e possibilitar as culturas externarem os potenciais de produtividade.

Figura 59. Plantas de amendoim atacadas pelo fungo Aspergillus flavus, ocasionado pelo estresse hídrico ocorrido entre 30 e 45 dias antes da colheita. Foto: Fundación Valles

A irrigação por sulcos de infiltração para a lavoura do amendoim está limitada tanto pela declividade, por não permitir extrapolar mais que 5%, e por não se aplicar em solos que não apresentem alta permeabilidade. Contrariamente, o método de irrigação por aspersão pode ser adaptado a todos os tipos de solos e em quase todas as condições de topografia, ISBN 978-85-67494-25-8


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com exceção de locais que ocorrem ventos fortes ou de temperaturas muito elevadas que podem limitar o método. Para solucionar tais problemas, recomenda-se realizar a irrigação à noite, para evitar as perdas por evaporação e seu funcionamento na hora que não há vento, parando quando esse ultrapassar 4 m s-1 (GILLIER; SILVESTRE, 1970).

AMONTOA

A prática da amontoa, também conhecida como roçagem, consiste em colocar terra ao redor das plantas, entre 25 a 40 dias após germinação, o que geralmente coincide com a primeira limpa ou capina. É uma prática imprescindível porque além de proteger a base da planta, também facilita a penetração do ginóforo (“esporões”) no solo. Essa atividade pode ser feita manual (enxada) ou mecanicamente e de forma isolada ou associada a outros tratos culturais, procurando criar melhores condições para o estabelecimento e produção das culturas (KASAI; PAULO, 1993). É feita principalmente em áreas onde o plantio é realizado em fileiras e em solo nivelado (Figura 60). Quando o plantio é feito em leirões, essa prática pode ser abolida (SANTOS et al., 2006). Existem implementos apropriados ao sistema de plantio em pequenas propriedades para fazer essa operação, mas também é possível adaptar um cultivador para efetuar esse trabalho de amontoa (Figura 61).

Figura 60. Plantio do amendoim sobre o solo nivelado com a prática da amontoa. Marcelino Vieira, RN. Foto: Vicente de Paula Queiroga

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Figura 61. Plantio do amendoim realizado sobre leirões com superfície abaulada através do cultivador adaptado. Foto: Vicente de Paula Queiroga

No caso de amendoim de porte ereto e de ciclo curto, somente as flores que se formam nos nós da base (haste e ramos) têm possibilidades de formação de frutos, enquanto as dos nós superiores não apresentam tempo hábil para completarem o desenvolvimento dos frutos. Em razão disso, mesmo que seja efetuado uma amontoa com maior quantidade de terra visando alcançar os carpóforos dessas flores em nada irá favorecer a produção do amendoim. É importante acrescentar que o uso de terra em demasia pode causar asfixiamento das gemas da base da planta. Por outro lado, normalmente deve chegar um pouco de terra junto às plantas durante a capina, desde que se trata de solos arenosos e bem preparados. O mesmo procedimento é válido quando se trata de solos de textura argilosa. Tal operação deve ser feita cinco a dez dias após o início do florescimento. Vale ISBN 978-85-67494-25-8


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lembrar que nos sistemas de cultivo mínimo e de plantio direto, a operação de amontoa está totalmente descartada.

AMENDOIM CONSORCIADO

Segundo Pinto et al. (2011), a consorciação de culturas consiste no cultivo simultâneo de duas ou mais espécies numa área agrícola, onde as culturas encontram-se em uma mesma dimensão espacial e temporal. No sistema consorciado de culturas, cultiva-se mais espécies com diferentes ciclos e arquiteturas vegetativas, pois não é necessário que a mesmas tenham sido semeadas ao mesmo tempo, porém são exploradas na mesma área e num mesmo período de tempo (REZENDE; GUSTAVO, 2002).

O cultivo consorciado retrata um sistema intermediário entre a monocultura e as condições de vegetação natural, onde duas ou mais espécies numa mesma área por um determinado período de tempo, compartilham o mesmo ambiente, todavia o sucesso de um sistema de cultivo consorciado está na determinação das culturas a serem utilizadas (REZENDE et al., 2006). Na consorciação tem-se sempre uma cultura que é considerada a principal, enquanto as demais são as secundárias. Além de conceder ao solo uma excelente cobertura, o sistema consorciado possibilita um melhor rendimento por área e faz o controle biológico de pragas e doenças. Pois, algumas espécies podem ser cultivadas no sistema consorciado como plantas armadilhas para atrair os insetos predadores ou parasitos dos insetos-praga, livrando então do seu ataque a cultura principal (GUTIERREZ et al., 2011).

Quando as espécies componentes apresentam sistema radicular em regiões distintas de exploração, tornam mais efetiva a exploração do perfil do solo. Usando espaçamentos adequados minimiza-se a competição entre os sistemas radiculares e permite-se interceptação efetiva da luz pelo dossel das plantas. Para o amendoim, o sombreamento pode ser benéfico no estádio de emissão do carpóforo. O efeito cumulativo destes fatores pode traduzir-se em uma produção relativa próxima àquelas que seriam alcançadas pelas culturas solteiras, dentro da mesma área (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011).

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A região Nordeste do Brasil caracteriza-se por um ecossistema com reconhecidas limitações edafoclimáticas que afetam a produtividade da maioria das espécies cultivadas. A convivência dos agricultores com esse ambiente em bases sustentáveis requer a promoção de inovações tecnológicas com potencial para incrementar a produção de grãos de culturas importantes para a melhoria da renda dos produtores rurais, principalmente daqueles que têm como base a exploração agrícola familiar (SOARES et al., 2010). Dessa forma o sistema de cultivo do amendoim consorciado surge como alternativa para o incremento da renda do pequeno agricultor. Segundo Beltrão et al. (2006) os consórcios variam de acordo com o arranjo espacial das culturas no campo, tais como:

Cultivos mistos: aqui as culturas são organizadas em fileiras distintas; Cultivos em faixa: as culturas são plantadas em faixas suficientemente amplas para permitir o manejo independente de cada cultura, porém são faixas bastante estreitas para possibilitar a interação entre elas; Cultivos de substituição: uma cultura é plantada depois que a anterior alcançou a fase reprodutiva do crescimento, porém ainda não atingiu o ponto de colheita.

Alguns aspectos determinam a utilização desse sistema como redução dos riscos de perdas, maior retorno econômico, assim como maior aproveitamento da área da propriedade. Todavia o bom rendimento desse sistema requer níveis adequados de luz, água, gás carbônico, oxigênio e temperatura. Por sua vez, deve-se considerar que as plantas no consórcio competem por um ou mais desses fatores, ocasionando em rendimentos sempre menores que os obtidos nos monocultivos (PORTES, 1996).

Uma prática bastante generalizada entre os pequenos produtores de amendoim é o cultivo do feijão, na mesma linha do amendoim, de forma que o feijão é colhido antes. Também o amendoim pode ser consorciado com outras culturas como algodão, gergelim, mamona, mandioca e milho (GONÇALVES et al., 2006; SANTOS, 2006). A grande vantagem do cultivo do amendoim consorciado com outras culturas é que ele fixa nitrogênio do ar atmosférico, também supre nitrogênio para o solo, servido de adubação para a outra cultura de ciclo mais longo, como pode ser o caso da mandioca (Figura 62).

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Figura 62. Cultivo consorciado de mandioca com amendoim, cultivar BRS Havana, recomendado para agricultores familiares. Foto: Ruy Bucar/Ascom Unitins. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

Os tratos culturais no cultivo de amendoim são práticas comuns que buscam reduzir os custos de produção e aumentar a produtividade. O manejo das plantas daninhas em pequenas propriedades é normalmente realizado através de capinas, manualmente com enxada ou tração animal, feitas cuidadosamente para não danificar o sistema radicular e, consequentemente, reduzi a produção do amendoim (BOLONHEZI et al., 2005). Esse controle manual ou mecânico do mato na lavoura do amendoim é de difícil aplicação após o florescimento e a penetração dos ginóforos no solo, especialmente no amendoim rasteiro, devido a sua ramificação alternada (Figura 63).

Figura 63. Esquema do porte rasteiro ou arbustivo do amendoim com ramificação alternada (A) e o porte ereto com ramificação sequencial (B). Foto: Inácio José de Godoy.

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A produtividade do amendoim pode ser reduzida drasticamente, e algumas vezes, pela presença das plantas daninhas. Estas perdas não podem ser creditadas exclusivamente à competição por água, luz, nutrientes e espaço, que ocorre entre o mato e a cultura, mas a todo um conjunto de interferências, tais como: o favorecimento à incidência de pragas e doenças, a liberação de compostos alelopáticos, a dificuldade na realização de tratos culturais, os obstáculos criados à colheita, além da própria competição (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011).

O nascimento da semente de amendoim segue um período que se chama de prefloração que pode durar 21 dias aproximadamente. Contudo, neste período é importante que as chuvas caiam intensa e repentinamente, de tal forma que as plantas são muito favorecidas e crescem bastantes. Ao contrário, se as chuvas são escassas, as plantas de amendoim podem se adaptar por um tempo à falta de umidade, mas quando as chuvas voltam a cair, as plantas reiniciam o seu desenvolvimento (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

É importante que os produtores entendam sobre as vantagens de se efetuar as capinas superficiais na lavoura de amendoim, pois é comum eles dedicarem apenas uma única capina quando as plantas estão suficientemente crescidas. Entretanto, recomenda-se que a primeira capina seja realizada após completar duas semanas de nascimento do amendoim, ou seja, quando as pequenas plantas estejam com 6 folhas. Enquanto a segunda capina deve ser efetuada 15 dias depois e, se for necessário, executar a terceira capina com muito cuidado aos 40 dias. Depois dos 42 dias deverá suspender o uso de cultivador a tração animal e as capinas com enxada, pois as plantas bem desenvolvidas inibem o nascimento das plantas daninhas, inclusive elas evitam que o solo fique exposto ao impacto das chuvas (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

A época crítica de competição é o período em que o cultivo é mais afetado com as plantas daninhas. No caso do amendoim, deve-se manter o campo livre do mato durante os primeiros 60 dias, dependendo do ciclo de cada cultivar. A Figura 64 mostra os efeitos, respectivamente, do período de convivência das plantas daninhas com o desenvolvimento do cultivo de amendoim e do período de controle de plantas daninhas sobre a produção de vagens. Por outro lado, a Fundación Valles (2011) destaca que quando o controle do mato se inicia ao final do período vegetativo ou posterior aos 30 dias, as perdas na lavoura do amendoim alcançam até 25% da produção de vagens. Entretanto, quando o controle ISBN 978-85-67494-25-8


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do mato for iniciado no final do período reprodutivo ou posterior aos 50 dias, as perdas de produção alcançam até 50% e podem atingir até 90%, quando o tal controle é feito no final do período de maturação (120 dias).

Figura 64. Época crítica de competição do mato desde o período vegetativo até os 60 dias do período reprodutivo para uma variedade com ciclo de 150 dias (colheita). Na parte superior, esquema do desenvolvimento do cultivo de amendoim com controle de invasoras e, na parte inferior, sem controle de invasoras. Foto: Fundación Valles (2011).

Para a produção do amendoim orgânico, o controle das plantas daninhas pode ser efetuado por distintos métodos: cultural, preventivo, manual e mecânico. Cultural - Existe o método cultural que corresponde na aplicação de técnicas que irão diminuir a presença ou competição de plantas daninhas. Assim, a escolha de uma cultivar rasteira que têm a vantagem de cobrir rapidamente a superfície do solo em relação a ereta. A rotação de culturas é também uma técnica que permite reduzir a população de ISBN 978-85-67494-25-8


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determinada espécies de plantas daninhas, sendo assim um controle seletivo por diminuir os problemas para a cultura do amendoim. Outra técnica seria o cultivo do amendoim consorciado em que a ocupação de outras culturas restringiria a competição das plantas invasoras. Ainda tem a técnica do manejo populacional que pode ser realizado pelo produtor visando espaçamentos que possibilitem maior capacidade de competição das plantas de amendoim com as plantas invasoras (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011). Preventivo – Tal método inicia-se com o uso de sementes de boa qualidade ou certificada, sem a presença de sementes estranhas à espécie. Também é necessário que seja feito um adequado preparo do solo, como controle preventivo do mato, deixando, se possível, a última gradagem para ser realizada no dia anterior a semeadura.

Manual - A enxada é uma ferramenta que predomina na agricultura familiar da região Nordeste, a qual proporciona um eficiente controle de plantas daninhas, suficientemente rápido e muito econômico, principalmente para o agricultor de escassos recursos (Figura 65). Tal capina deve ser realizada na linha e na entrelinha, com as plantas daninhas apresentando de cinco a oito centímetros de altura, logo após o estabelecimento da lavoura, ou seja, de 15 a 25 dias após a emergência das plântulas do amendoim. Havendo reinfestação do mato, deve-se fazer nova capina, entre 30 e 40 dias, podendo-se fazer um chegamento de terra nas plantas para facilitar a penetração dos carpóforos (amontoa).

Figura 65. Lavoura de amendoim conduzida por produtores de Barbalha, CE. Foto: Tarcísio M. Gondim, Embrapa Algodão.

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Mecânico - O cultivo mecanizado é realizado com diversos tipos de cultivadores (planet, de discos ou de hastes) tracionados por animal ou trator, destacando-se o tipo denominado “asa de andorinha”. Seu cultivo deve ser feito cuidadosamente para não ferir as plantas de amendoim ou cobri-las com terra durante sua passagem. As feridas, assim como o enterramento dos talos e ramos, põem em perigo as plantas, devido ao surgimento da doença chamada de podridão ou mofo branco (Sclerotium rolfsii) que causa danos nas vagens e raízes do amendoim. As capinas, manualmente com enxada ou a tração animal com cultivador, são em número de três (no espaçamento 0,70m x 0,20m) ou duas (0,50m x 0,20m).

O cultivador a tração animal (burro ou cavalo) é, sem dúvida, o mais preferido pelo produtor, especialmente se o plantio do amendoim tem sido feito com semeadora ou em fileira. As principais vantagens da semeadora são: representa menos despesas no trabalho de capina e da cultura; trabalho mais rápido e para o caso do trabalho de cultivo profundo, porque solta bem a terra.

Uma pequena capinadeira manual é usada pela Embrapa para o controle de plantas daninhas, principalmente na sua fase inicial de crescimento. Esse equipamento leve é dotado de uma lâmina de 50 cm na sua parte traseira, sendo a mesma pressionada contra o solo, de forma superficial, pelo operador para cortar com eficiência as ervas daninhas (Figura 66). Na cultura do amendoim, de no máximo um hectare, recomenda-se passar essa capinadeira de lâminas aos 14, 28 e 42 dias após o seu plantio.

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Figura 66. Capinadeira manual dotada de uma lâmina de 50 cm na parte traseira para o controle de plantas daninhas em fase de crescimento. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

No mercado livre virtual, o equipamento motocultivador está disponível para comercialização (Figura 67), o qual poderá ser utilizado na lavoura de amendoim, visando manter a cultura livre de ervas daninhas nos primeiros 45 dias após o plantio quando a floração está em intensa atividade e os ginóforos (pegs) estão em pleno crescimento geotrópico para desenvolvimento das vagens. A floração inicia-se entre 25 e 28 dias após a emergência; é necessário cuidado no manejo das limpas para não prejudicar a emissão dos ginóforos e as flores em desenvolvimento (SANTOS et al., 2006).

Figura 67. Uso do motocultivador adaptado com enxada rotativa (tipo capinadeira) à gasolina para a cultura de amendoim.

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PLASTICULTURA

O filme plástico de polietileno utilizado na agricultura para a cobertura do solo, mais conhecida como “mulching” usado também para cobrir camalhão (leirão), pode ser branco e preto. Suas principais vantagens consistem na diminuição do período de germinação da cultura, com a consequente antecipação na data da colheita, na grande economia em água de irrigação, evita a erosão e o endurecimento da terra, pois o plástico retém a umidade dos solos, além da maior facilidade no controle de plantas invasoras.

O plástico preto é mais barato e, ao aquecer o solo, impede o crescimento das espécies invasoras e não permite a passagem da luz. Enquanto o plástico branco é empregado para refletir a luz e não elevar muito as temperaturas. Portanto, o material branco seria mais apropriado para o cultivo do amendoim, considerando a alta temperatura da região Nordeste, em razão de sua produção de vagens, nas raízes, que ocorrerem abaixo da superfície (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

Os plásticos IRT (transmissor de infravermelhos) é um pouco mais caro que o plástico preto e, por aquecer o solo, impede o crescimento de plantas daninhas, permitindo apenas deixar passar os raios infravermelhos (a luz visível é a que necessita a erva daninha para crescer). Exemplo de um material sintético usado como cobertura é IRT-76 High Tech Mulching Film, por combinar as melhores características dos plásticos branco e preto. A vantagem que tem o plástico inorgânico é a sua durabilidade por conservar em boas condições durante anos. Não obstante, os orgânicos injetam nutrientes no terreno que são colocados e à medida que estão em processo de decomposição (Figura 68).

Figura 68. Uso de plástico orgânico é adequado para a lavoura orgânica. ISBN 978-85-67494-25-8


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ROTAÇÃO DE CULTIVOS

Consiste na alternância de diferentes espécies e com nutrição distintas de plantas em uma mesma área, variando os tipos radiculares de fasciculado ou pivotante, que se evita a persistência de pragas na cultura do amendoim nos ciclos subsequentes. Essa prática permite um melhor aproveitamento dos nutrientes do solo e corresponde a um manejo de solo. Além disso, o amendoim é bastante sensível aos efeitos dos cultivos que precedem na rotação, especialmente no que se refere as condições físicas do solo. Também é necessário considerar que uma correta rotação permite um certo controle de plantas daninhas, doenças e pragas. Para alcançar tal resultado, o amendoim deve ser semeado no mesmo terreno a cada 3-4 anos. Por outro lado, o monocultivo do amendoim orgânico deve ser descartado, pelo fato de produzir uma deterioração gradual do solo por perda de estrutura, além de surgirem, em pouco tempo e com maior intensidade, as doenças foliares e do solo (BRAGACHINI et al., 1993).

A planta do amendoim, em decorrência da rusticidade e da tolerância que apresenta a alguns nematoides, é utilizada tradicionalmente nos esquemas de sucessão e rotação, visando melhorar os rendimentos de outras culturas. Quando se utiliza amendoim em rotação com a cana-de-açúcar, houve aumento de receita nas lavouras canavieiras em aproximadamente 57%, como também, reduziu o custo de sua implantação (ORTOLAN, 1979; RODRIGUES, 1984).

Estudando a rotação do amendoim, durante 7 anos, com as lavouras da mucuna-preta e do milho, Dechen et al. (1990) verificaram que o sistema que envolvia o cultivo do amendoim, seguido da mucuna e depois do milho, proporcionou melhores rendimentos na produção de vagens, quando comparado com o monocultivo. Outro trabalho sobre os efeitos da rotação com mucuna-preta e da adubação orgânica em relação ao amendoim contínuo e a entressafra com pousio, durante 8 anos consecutivos, Rodrigues Filho et al. (1996) observaram que a rotação com leguminosas proporcionou aumentos médios de 64% na produção de vagens.

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CAPÍTULO 4

PRAGAS E DOENÇAS DO AMENDOIM

(Autores) Vicente de Paula Queiroga Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque

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PROTEÇÃO FITOSSANITÁRIA BIOLÓGICA

Existem numerosas resistências do amendoim contra pragas e doenças e constantemente as empresas de pesquisas nacionais e internacionais estão selecionando novas variedades resistentes. Os principais problemas podem ocorrer com o cultivo contínuo no mesmo local, manifestando-se tanto na fase de plantio, com as doenças de sementes e plântulas, como durante o desenvolvimento da cultura, com as doenças causadas por fungo do solo ou da parte aérea, e após a colheita, com fungos produtores de aflatoxina ou de grãos armazenados. Essas doenças podem causar a redução de 10% a mais de 47% na produção de vagens. As medidas mais importantes para prevenir as doenças são: rotação de cultivos, seleção de variedades, disponibilidade suficiente de nutrientes, evitar a propagação através do arranque das primeiras plantas afetadas e eliminação das partes afetadas das plantas depois da colheita (Tabela 16).

Tabela 16. Medidas preventivas de controle das doenças mais importantes do amendoim. DOENÇAS IMPORTANTES/DISTRIBUIÇÃO

MEDIDAS PREVENTIVAS

Cercosporioses (Cercospora spp.) Transmissão mediante resíduos de colheita e esporos podem vir aderentes as sementes Ferrugem (Puccinia arachidis) Propaga-se rapidamente. Transmissão pelo amendoim semisilvestre de aparência endêmica. Fungos (Aspergillus flavus) Doenças de raiz e murchamento Sclerotium rolfsii, Rihizoctonia spp. Murcha-bacteriana (Pseudomanas solanacearum) ou “bacterial wilt” Presença de restos de culturas e várias ‘espécies hospedeiras (principalmente da família Solanaceae) Mosqueado ou mosaico ou “peanut mottle virus”. Vetores: Insetos (pulgão-preto: Aphis craccivora). Transmissão por sementes Tospoviroses ou tomato spotted. Vetor thips Eliminar plantas hospedeiras (feijão caupi). Fonte: Asociación Naturland (2000).

Rotação de cultivos; eliminação de resíduos infestados proveniente da colheita. Cultivo de variedade resistentes. Cultivo de variedades resistentes

Cultivo de variedades resistentes Rotação de cultivos; transmissão por sementes. Utilizar variedades resistentes. Rotação com arroz inundado.

Utilizar variedades resistentes

Transmissão mecânica. Cultivo misto com cereais

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a) Doenças Causadas por Fungos do Solo

MURCHA DE SCLEROTIUM

O agente causal dessa doença é o fungo Sclerotium rolfsii Sacc., sendo que a podridão e as estruturas fúngicas, formadas por micélio e escleródios, que em condições normais se desenvolvem na região do colo, podem afetar todas as partes da planta do amendoim. Em geral, as lesões se iniciam próximo à superfície do solo, em consequência do ataque de toxinas produzidas pelo crescimento do fungo em tecido vegetal morto junto ao colo. O patógeno produz ácido oxálico, que é uma fitotoxina que produz uma coloração roxa na semente e é responsável pela clorose e necrose da folhagem durante as primeiras etapas do desenvolvimento da doença. As áreas afetadas apresentam cor-marrom-clara no início da infecção, tornando-se marrom-escura à medida que ocorre a morte do tecido. Os primeiros sintomas visíveis da doença são o amarelecimento e murchamento dos ramos laterais, haste principal ou a planta completa (Figura 69), resultantes de lesões na haste e raízes, que impedem a absorção de água e o transporte de nutrientes. Além disso, S. rolfsii é um patógeno polífago, apresentando uma extensa gama de hospedeiros em mais de 200 espécies de plantas, sendo mais frequentes as espécies pertencentes às famílias das Leguminosas e Compostas (MORAES; GODOY, 1997; MORAES, 2006; FUNDACIÓN VALLES, 2011).

Figura 69. Planta de amendoim sadia em comparação a planta com sintomas de murcha por causa do ataque de Sclerotion rolfsii. Fotos: Nelson Dias Suassuna e http://www. ipmimages.org/browse /subthumb.cfm ?sub=18988&area=8.

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As principais medidas aplicáveis em áreas onde a doença atingiu alto nível de severidade são: rotação de cultura é mais efetiva, mas requer período mais longo (3 a 4 anos), usando os cultivos como milho, sorgo, cana-de-açúcar, algodão, pastagem. Uma aração profunda serve para reduzir o inóculo. Deve-se suspender a irrigação para evitar disseminar os escleródios. Recomenda-se também queimar as plantas e vagens infestadas, quando se trata de ataque em forma de reboleiras, evitando sua incorporação ao solo como restolho (FUNDACIÓN VALLES, 2011; PIO-RIBEIRO et al., 2013).

RHIZOCTONIOSE

A Rhizoctonia solani, Kuhn do amendoim é o agente causal da rizoctoniose, a qual é apresentada como um conjunto de doenças, tais como: tombamento de plântulas, podridão de raiz e caule, podridão de vagem e queima de folhas (BRENNEMAN, 1997). A rizoctoniose é favorecida por alta umidade do solo e temperaturas amenas. Os principais sintomas são lesões de coloração marrom-escura no colo da planta, abaixo da superfície do solo, por agentes causadores de doenças em pré e pós-emergência de plântulas de amendoim, provocando a morte da plântula. O agente causal da doença pode sobreviver no solo na forma de estruturas de resistência (escleródios) ou matéria orgânica, podendo ser disperso para outras áreas de cultivo por meio de sementes contaminadas. São fungos cosmopolitas que ocorrem em um grande número de hospedeiros economicamente importantes, como amendoim, batata, café, cenoura, feijão, soja, entre outras.

Para seu controle preventivo, recomenda-se a utilização de sementes sadias, de boa qualidade. Deve-se evitar locais úmidos, onde prevalecem baixas temperaturas e solos mal drenados. A rotação de cultura por 3 a 4 anos com milho, arroz, sorgo reduz a severidade do ataque de R. Solani. Outras medidas incluem: arações profundas, controle de plantas daninhas, procedimento adequado de secagem e armazenamento e uso de variedade resistente, a exemplo de Georgia Browne (BRENNEMAM, 1997).

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PODRIDÃO-DO COLO

A podridão do colo é causada por Aspergillus niger Van Tiegh. O fungo A. niger é típico do solo, vivendo normalmente como saprófita, podendo causar doenças como a podridão do colo do amendoim, principalmente em solos com baixa matéria orgânica. A podridão do colo pode afetar desde o estágio de plântulas até plantas de amendoim em qualquer estágio de desenvolvimento, mas é mais comum nas primeiras. Os principais sintomas da doença são observados em sementes em processo de germinação, na forma de podridão mole, em plântulas (Figura 70); no hipocótilo, causando tombamento de pré e pósemergência; em plantas jovens, produzindo podridão de raiz e do colo; e em plantas adultas, induzindo à murcha e, ocasionalmente, morte. É comum os tecidos afetados apresentarem uma massa escura constituída por conidióforos e conídios do fungo (PORTER et al., 1982; MELOUK; DAMICONE, 1997; BARRETO, 2005; MORAES, 2006).

Figura 70. Pequena planta atacada por Aspergillus niger. Foto: Arquivo da Sagarpa (2005).

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Para o controle de A. flavus em sementes, destinadas ao cultivo foi conseguido por Bansal e Sobti (1990) resultado promissor com o uso de extrato de folha de neem (Azadirachta indica A. Juss) no controle, in vitro, de A. niger e A. flavus em sementes de amendoim, não diferindo dos resultados obtidos com thiran e mancozeb, além de favorecerem a germinação e a sanidade de plântulas. Esses fungos são favorecidos pelos seguintes fatores: utilização de sementes de má qualidade e infectadas com fungos; utilização de sementes com baixo poder germinativo (abaixo de 80%), baixo vigor, sem certificação e pureza varietal; plantios profundos (acima de 15 cm), retardando a emergência das plântulas e expondo-as a um maior período aos fungos de solo; ausência de rotação de culturas, especialmente em áreas com antecedentes de problemas de "stand", causada por fungos do solo, como Rhizoctonia, Pythium e Fusarium (MORAES, 2006).

TIÇÃO OU CARVÃO POR SCLEROTINIA

O tição ou carvão do amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma das doenças mais importante da Argentina por causar perdas anuais significativas na produção do amendoinzeiro, por infecção de fungos patógenos do solo (ainda não detectada no Brasil). É causada pelos fungos Sclerotinia minor Jagger e S. sclerotiorum (Lib.), o qual prefere os lugares frescos e úmidos. Os sintomas se manifestam por um crescimento algodonoso do fungo sobre os caules, sendo os sinais mais visíveis nas manhãs molhadas ou depois de uma chuva (Figura 71). A parte final de um ramo infectado pode permanecer verde e parecer saudável durante vários dias antes de se murchar. Os escleródios de S. minor, que se produzem em maior número que os de S. sclerotiorum, são também de coloração negro e amorfos, mas seu tamanho é menor, oscilando entre 0.5 e 3 mm de diâmetro. Os escleródios negros se assemelham a insetos ou excrementos de ratos e se podem observar nos tecidos infectados (MARINELLI et al., 2001).

Figura 71. Carvão ou tição do amendoim (Sclerotinia minor). Fotos: http://www. ipmimages.org/browse /subthumb.cfm ?sub=18988&area=8.

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O seu controle pode ser feito através de uma combinação de medidas de controle cultural, como a rotação com culturas como algodão ou milho, e a eliminação de ervas daninhas que abrigam o patógeno. Uso de variedades resistentes. A dispersão da doença ocorre pela semente infectada e restos de colheita levados pelas máquinas.

NEMATOIDES

Os nematoides formadores de galhas (Meloidogyne arenaria) são os mais importantes para a cultura do amendoim, os quais reduzem diretamente a produção por ocasionar danos aos carpóforos, vagens e sementes e, indiretamente, por afetar as raízes e enfraquecer as plantas (PIO-RIBEIRO et al., 2013). O seu controle pode ser feito com aplicação de manipueira (1 L de manipueira para 1 L de água) sobre o solo infestado. A rotação de culturas contribui muito para reduzir as infestações, principalmente com o plantio de mucuna-preta ou a crotalária. O cultivo de cravo-de-defunto ou mamona no solo infestado reduz consideravelmente a população de certas espécies de nematoides (FRANCO et al, 1990).

b) Doenças da Parte Aérea

CERCOSPORIOSES

São representadas por duas doenças que atacam as folhagens do amendoinzeiro, as quais são capazes de reduzir sua produtividade entre 23 e 47%, favorecendo também a incidência do cultivo a murcha causada pelo fungo Sclerotium e de perdas pelo apodrecimento de vagens. Os danos provocados pelas manchas foliares dependem das condições ambientais favoráveis prevalecentes no campo e da época de plantio do amendoim.

- A mancha-castanha ocorre no início do florescimento, aparecendo de 30 a 35 dias depois da semeadura, e é causada pelo fungo Cercospora arachidicola Hori. Inicialmente se caracterizam por manchas cloróticas circulares e irregulares, coalescendo então para manchas circundadas por um halo de coloração amarelada, com tamanho variando de 1 mm a 12 mm, e desenvolve frutificação do patógeno na superfície superior da folha. A mancha-castanha apresenta lesões de coloração castanha a marrom-clara na superfície ISBN 978-85-67494-25-8


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abaxial (inferior) dos folíolos e marrom na superfície adaxial (superior) (PIO-RIBEIRO et al., 2013; Figura 72).

Figura 72. Lesões mais escuras nas faces superior e inferior do folíolo (ou folha-C) do amendoim causadas pelo fungo Cercospora arachidicola, agente causal da manchacastanha. Fotos: Bruno Luiz Krevoruczka e Jussiê Carlos Moro (A;B) e http://www. ipmimages.org/browse /subthumb.cfm ?sub=18988&area=8 (C).

- Os sintomas da mancha-preta, na superfície das folhas, caracterizam-se por lesões de coloração castanho-escura na face superior, arredondadas, de diâmetros variáveis, às vezes circundadas por um pequeno halo amarelado (Figura 73). As frutificações do fungo Cercospora personatum (Berk. & Curt.) se concentram na face inferior das folhas, como pequenos pontos escuros distribuídos circularmente nos centros das lesões, que apresentam coloração escura a preta, característica que a diferencia da mancha castanha em cultivares suscetíveis. Nas hastes, as manchas tomam forma mais alongada. A mancha preta é mais frequente a partir do final do período de florescimento (MORAES, 2006).

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Figura 73. Lesões mais escuras nas faces superior e inferior do folíolo (ou folha-C) do amendoim causadas pelo fungo Cercospora personatum, agente causal da mancha-preta. Fotos: Bruno Luiz Krevoruczka e Jussiê Carlos Moro (A;B) e Sérgio Almeida de Moraes (C).

O controle das cercosporioses do amendoim pode ser alcançado com boa eficiência por meio de práticas culturais como: rotação de cultura por 2 a 3 anos, incorporação de restos culturais com aração profunda, eliminação de plantas voluntárias de amendoim, escolha da época de plantio para evitar condições favoráveis à ocorrência de epidemias e controle de ervas daninhas para diminuir a formação de microclima junto a planta, o que favorece o desenvolvimento das doenças. Outra estratégia seria a utilização de variedades resistentes.

FERRUGEM

O fungo Puccinia arachidis (Speg.) é o agente causal da ferrugem do amendoim. Na face das folhas são observadas pústulas de coloração amarela, formadas por uredosporos do patógeno, os quais se dispersam mais rápido do que os agentes causais da manchacastanha e pinta-preta. Com a maturidade, esses pontos passam da cor amarelada para marrom avermelhada, com aspecto pulverulento e ferruginoso às folhas severamente infectadas (Figura 74). As pústulas são de 0,3 a 1,4 mm de diâmetro. O agente causador da ferrugem sobrevive em restos de culturas apenas por poucos dias e necessita de umidade do ar e temperaturas elevadas (entre 20 oC e 30 oC) para se desenvolver (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

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Figura 74. Sintomas avançados de ferrugem na face inferior dos folíolos de amendoim. Fotos: Eduardo R. Garrido Ramírez.

Como medida de controle, recomenda-se erradicar as plantas infestadas para reduzir a fonte primária de inóculo. Outra medida, que visa diminuir a taxa de infecção, seria adequar a escolha de épocas e os locais de plantio, assim evitaria as condições favoráveis a epidemia. Além disso, deve-se impedir a entrada dos agentes por meio de vagens e sementes contaminadas em áreas livres dessas doenças (SUBRAHMANYAM, 1997; PIO-RIBEIRO et al., 2013).

MANCHA-BARRENTA

O fungo phoma arachidicola (Marasas, Pauer & Boerema) é o agente causal da manchabarrenta do amendoim. A doença ocorre geralmente do meio para o final do ciclo das plantas, sendo responsável pela diminuição da área fotossintética das folhas infectadas, embora os folíolos não caem até que sejam completamente cobertos pelas manchas. Sua ocorrência é mais severa sob temperaturas mais amenas (15-21 ºC) e sob períodos prolongados de molhamento das folhas, sendo mais comum em culturas irrigadas, que sob chuva normal, embora períodos chuvosos bem distribuídos com menor evaporação favoreçam a doença. Na fase inicial da doença, são frequentemente observadas manchas pardas com bordos difusos e irregulares, com aspecto de "teia", visíveis somente na face adaxial dos folíolos. Os sintomas na face abaxial se tornam visíveis somente após o desenvolvimento avançado das manchas na face adaxial, com a cor quase preta e superfície rugosa. Com a evolução da doença, essas lesões crescem e coalescem,

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abrangendo grande área dos folíolos, e adquirem a aparência de salpicos de barro (PIORIBEIRO et al., 2013; Figura 75).

Figura 75. Sintomas da mancha-barrenta (phoma arachidicola) na face dos folíolos do amendoim. Foto: http://www.ipmimages.org/browse/subthumb.cfm ?sub=18988 &area =8.

O controle da mancha-barrenta pode ser alcançado com boa eficiência por meio de práticas culturais como: rotação de culturas com plantas não hospedeiras do patógeno, erradicação dos restos culturais por aração profunda e destruição de plantas voluntárias, constituindo-se em formas úteis de eliminação das fontes primarias de inóculo, promovendo controle parcial da doença.

VERRUGOSE

A verrugose é causada pelo fungo Sphaceloma arachidis, que pode sobreviver de um ano para o outro em plantas oriundas de sementes deixadas durante a colheita ou restos de culturas do ano anterior. Sua maior incidência está associada ao ataque de tripes, provavelmente a penetração do patógeno poderia se dar por meio de ferimentos causados pelos insetos ou que haja coincidência de condições ambientais favoráveis para ambos. Os principais sintomas dessa doença são cancros ou verrugas, que ocorrem na parte aérea da planta, principalmente na haste, nas nervuras e folhas (Figura 76), causando deformações na planta. Ou seja, as hastes e pecíolos severamente afetados apresentam-se com aspecto sinuoso e retorcido, devido à paralisação no crescimento do tecido infectado, ISBN 978-85-67494-25-8


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prejudicando o crescimento das plantas (BARRETO, 2005; MORAES, 2006; PIORIBEIRO et al., 2013).

Figura 76. Verrugose em folíolos e na haste de amendoim. Foto: Nelson Dias Suassuna

O controle da verrugose é efetuado pela redução do inóculo inicial, com a rotação de culturas por 2 a 3 anos, eliminação de plantas voluntárias e incorporação do restolho por aração profunda, além do uso de cultivares resistentes. A maioria dos cultivares disponível (especialmente os de porte ereto, dos grupos Valência e Spanish) é suscetível.

OUTRAS DOENÇAS

Além das doenças relatadas anteriormente outros patógenos do amendoim podem ocorrer esporadicamente, como:

A queima das folhas de Leptosphaerulina crassiasca (mais comum em cultivares rasteiros do grupo Virgínia, em ocorrências sazonais durante os meses quentes e chuvosos de verão); o mofo cinzento ou queima de Botrytis cinerea (mais comum com temperaturas mais baixas, de 15-20 ºC, e umidade relativa superior a 80%); as podridões de vagens e raízes de Fusarium spp.(fungos comuns nos solos, cuja importância está mais correlacionada com a ação conjunta com outros patógenos de solo, que individualmente); a mancha anular ("Tomato spotted wilt virus - TSWV" - vírus também ISBN 978-85-67494-25-8


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conhecido por vira-cabeça do tomateiro, causando o subdesenvolvimento das plantas, a formação de rosetas na extremidade das hastes, a necrose do parte apical e folhas com áreas cloróticas irregulares ou em forma de anel, cujo principal vetor é o tripes) (MORAES, 2006).

CONTROLE DE INSETOS

Os insetos que causam danos ao cultivo de amendoim podem ser classificados em dois grandes grupos: os que se alimentam da planta a nível do solo ou imediatamente abaixo da superfície e os que se alimentam da parte aérea da planta. Geralmente, os insetos não constituem uma ameaça importante aos rendimentos e nem à qualidade do amendoim. Todavia, em algumas regiões e diante de determinadas condições climáticas, constituem um grande problema.

a- Pragas do Solo

LARVA-ALFINETE A larva-alfinete –Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae). As larvas são de coloração branco-leitosa e de formato afilado. Os adultos, vulgarmente conhecido como vaquinha (Figura 77) são de coloração verde e cabeça castanha. As fêmeas ovipositam no solo e, após sua eclosão, as lavras movem-se para o sistema radicular do amendoim, onde iniciam a alimentação. A larva perfura as vagens ainda não completamente formadas, além de facilitar a penetração de patógenos. O adulto alimentase do limbo foliar, provocando perfurações circulares (ALMEIDA, 2013).

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Figura 77. Larva-alfinete e adulto de Diabrotica speciosa. Foto: Dirceu Neri Gassen e Iris A. Reckziegel.

LAGARTA-ROSCA

A lagarta rosca -Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1767) (Lepidoptera: Noctuidae). As lagartas variam de cinza-escura a verde-escura, tem o hábito de quando tocadas enrolarem-se rapidamente. O adulto é uma mariposa de coloração marrom. Esta praga corta o coleto da planta em nível de solo (Figura 78). O ataque intenso reduz significativamente a população de plantas (ALMEIDA, 2013).

Figura 78. Lagarta rosca (Agrotis ípsilon). Foto: Marcela Nery e Samuel Juan Pereira

O controle da lagarta-rosca deve ser feito de forma preventiva, realizando-se aração profunda na área (controle mecânico), de três a seis semanas antes do plantio ou após o plantio, a fim de expor as lagartas e pupas da praga à ação dos raios solares e de inimigos naturais, contribuindo assim para diminuir sua infestação. Além disso, deve-se manter a ISBN 978-85-67494-25-8


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área livre de plantas daninhas e de restos de cultura, tanto após a aração como também após o plantio, evitando-se o uso de cobertura morta ou restos de capina na área de cultivo, material esse que serve de abrigo e de refúgio para as lagartas e as protege da ação de inimigos naturais ou de outras medidas de controle.

PERCEVEJO-PRETO E PERCEVEJO-CASTANHO

As formas jovens do percevejo preto - Cyrtomenus mirabilis (Hemiptera: Cydnidae) - são de coloração esbranquiçada, sendo os adultos de coloração preta e mede aproximadamente 7 mm de comprimento. Enquanto as formas jovens do percevejocastanho - Scaptocoris castanea (Hemiptera: Cydnidae) – são de coloração branca a amarelada, e os adultos de coloração marrom, com as patas anteriores do tipo escavadora, com aproximadamente 9 mm de comprimento. São percevejos de hábitos subterrâneos e a característica que denuncia a presença desses insetos no campo é o forte cheiro exalado quando o solo é revolvido para plantio (ALMEIDA, 2013; Figura 79).

Figura 79. A) Adulto do percevejo-castanho (Scaptocoris castânea; Perty 1830) e B) adulto do percevejo-preto (Cyrtonemus mirabilis; Perty 1836). Fotos: Dirceu Neri Gassen e Instituto Biológico.

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LAGARTA ELASMO

As lagartas (Elasmopalpus lignosellus) (Zeller, 1848) (Lepidoptera: Pyralidae), são muito ativas, apresentando listras transversais e possuindo coloração verde azulada. Os adultos apresentam coloração pardo-avermelhada, pardo-escura a cinza. Sua cabeça é pequena com coloração marrom escura. Considerada uma praga de solo mais importante do amendoim por atacar ginóforos e vagens, principalmente em solos arenosos e em anos secos. Além disso, a lagarta penetra na planta jovem, o nível do solo ou pouco abaixo, abrindo galeria no interior do caule, e produz uma teia característica no orifício de entrada (ALMEIDA, 2013; Figura 80).

Figura 80. Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus). Foto: Arquivo Via Rural.

b- Pragas da Parte Área

TRIPES

Tripes-dos-folíolos (Enneothrips flavens) (Moulton, 1941) e Tripes-do-prateamento (Caliothrips brasiliensis) (Morgan, 1929) (Thysanoptera: Thripidae). Os tripes foliados são de tamanho que não ultrapassam os 2 mm de comprimento. Suas formas jovens têm coloração amarelada e os adultos apresentam coloração escura. Vivem abrigados nos folíolos fechados do ponteiro, raspando e sugando a seiva que exsuda. Enquanto os tripesISBN 978-85-67494-25-8


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do-prateamento são de tamanho aproximadamente de 1 mm de comprimento. Suas formas jovens têm coloração branco-amarelada e os adultos apresentam asas franjadas com duas faixas brancas e são de coloração escura. São encontrados frequentemente na face inferior das folhas, onde provocam a formação de pontuações decorrente de sua alimentação (ALMEIDA, 2013; Figura 81).

Figura 81. Injúrias em folíolos causadas por tripes e adulto de Enneothrips flavens em folíolo de amendoim. Fotos: Taís de Moraes Falleiro Suassuna e Odair Aparecido Fernandes.

Os tripes da espécie Frankliniella schultzei Trybom (Thysanoptera: Thripidae) (Figura 82), ocorrem preferencialmente na cultura do amendoim. Seus danos são confundidos com os sintomas de outras doenças. Em ataques intensos, causam prejuízos consideráveis na produção.

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Figura 82. Tripes (Frankliniella schultzei). Foto: Arquivo da University of Flórida.

CIGARRINHA VERDE

Cigarrinha verde (Empoasca kraemeri) (Ross & Moore, 1957) (Hemiptera: Cicadellidae). De coloração verde tem como característica locomover-se lateralmente. Tanto os adultos como as formas jovens sugam a seiva das folhas e a parte terminal das hastes. As folhas atacadas apresentam manchas inicialmente amareladas, depois necróticas como consequências das picadas do inseto, visto que injetam toxina. As folhas se apresentam ligeiramente curvadas e com manchas amarelas nas bordas (ALMEIDA, 2013; Figura 83).

Figura 83. Ninfa de cigarrinha verde (Empoasca kraemeri). Foto: Raul Porfírio de Almeida

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GARFALHOTO-DO-NORDESTE

Gafanhoto-do-nordeste

(Schistocerca

pallens)

(Thrunberg,

1815)

(Orthoptera:

Acrididae), as ninfas são de coloração verde e à medida que desenvolvem, são denominadas de saltões, aumentam de tamanho a cada mudança de ecdise. Os adultos são de coloração castanha, cinzenta, amarelada ou esverdeada. Esta praga remove grandes quantidades de área foliar, deixando a planta completamente desfolhada (ALMEIDA, 2013; Figura 84).

Figura 84. Ninfa de gafanhoto-do-nordeste (Schistocerca pallens). Foto: Raul Porfírio de Almeida

LAGARTA-DA-SOJA

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) (Hübner, 1818) (Lepidoptera: Noctuidae), apresenta coloração variável de verde a preto, tendo como característica duas estrias brancas no dorso (Figura 85). A mariposa apresenta coloração parda com duas manchas pretas nas asas posteriores. Inicialmente redilha os folíolos e à medida que se desenvolve consome todo o limbo foliar, atacando o amendoim em todos os estádios de seu desenvolvimento. Grandes infestações ocasionam desfolhamento completo da cultura, incluído destruição dos brotos terminais (ALMEIDA, 2013).

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Figura 85. Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis). Foto: Giliardi Alves

CURUQUERÊ-DOS-CAPINZAIS

Curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes) (Guenée, 1852) (Lepidoptera: Noctuidae). As lagartas são de coloração amarelada com listras longitudinais castanho-escuro. A cabeça também apresenta estrias longitudinais amarelas. O adulto apresenta coloração parda. Locomovem-se como mede palmo. Atacam as ramas e os folíolos, podendo em altas infestações consumir toda área foliar (ALMEIDA, 2013; Figura 86).

Figura 86. Curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes). Oscar Jiménez e Marybell Muñoz; Bernardo Navarrete (2014).

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LAGARTA-DA-TEIA

Lagarta-da-teia (Stylopalpia costalimai) (Almeida, 1960) (Lepidoptera: Pyralidae). Esta lagarta apresenta coloração esverdeada a cinza. O ataque caracteriza-se pela presença de vários insetos sobre uma mesma planta, podendo causar o seccionamento na altura do coleto. As lagartas desde pequenas se alimentam com voracidade, são mais ativas e, quando molestadas, dependuram-se em um fio de teia. Ataques intensos formam um verdadeiro emaranhado de teia entre as hastes e a região do coleto (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011; ALMEIDA, 2013).

LAGARTA-DO-CARTUCHO

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) J. E. Smith,1797 (Lepidoptera: Noctuidae). Estes insetos apresentam coloração variando de pardo-escuro ao verde a quase preto, apresentado um “Y” invertido na parte frontal da cabeça (Figura 87). No dorso verificase três linhas longitudinais branco-amareladas, lateralmente logo abaixo destas linhas, uma linha escura mais larga e, inferior a esta, uma linha amarela irregular marcada de vermelho. Este inseto alimenta-se vorazmente de o limbo foliar, e à medida que se desenvolvem seu consumo aumenta. Em altas infestações pode consumir completamente a área foliar das plantas (ALMEIDA, 2013).

Figura 87. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Foto: Iris A. Reckziegel.

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LAGARTA-DO-PESCOÇO-VERMELHO

Lagarta-do-pescoço-vermelho (Stegasta bosquella, Chambers, 1875) (Lepidoptera: Gelechiidae), esta lagarta apresenta como característica marcante a coloração avermelhada nos dois primeiros seguimentos torácicos, o que ocasionou a denominação de lagarta de pescoço vermelho. A lagarta completamente desenvolvida mede cerca de 6 mm de comprimento, de coloração branco-esverdeada e de cabeça preta. O ataque das lagartas em brotações novas, ainda com os folíolos fechados, pode ocasionar perfurações simétricas. O desenvolvimento das plantas é reduzido em função das gemas serem danificadas na fase inicial do ciclo de desenvolvimento da cultura (ALMEIDA, 2013; Figura 88).

Figura 88. Lagarta-do-pescoço-vermelho (Stegasta bosquella). Foto: Odair Aparecido Fernandes.

ÁCARO RAJADO

Ácaro rajado (Tetranychus urticae) (Koch, 1836) (Acari: Tetranychidae), esses artrópodes são de tamanho bastante reduzidos, apresentando na sua fase adulta quatro pares de pernas. Tem como característica principal duas manchas verde-escuro no dorso, uma de cada lado do corpo (Figura 89). Localizam-se na face inferior dos folíolos, devido ao hábito alimentar característico, e tecem considerável quantidade de teia, em altas infestações migram para o ponteiro da planta para dispersão. As injúrias são muito parecidas com as causadas por tripes. Durante a alimentação introduzem seus estiletes nas células das folhas e sugam o conteúdo celular extravasado. As plantas geralmente ISBN 978-85-67494-25-8


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apresentam as folhas cloróticas, e com a evolução do ataque tornam-se bronzeadas, podendo cair (NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011; ALMEIDA, 2013).

Figura 89. Ácaro rajado (Tetranychus urticae). Foto: Ricardo Cardias e Tiago Oliveira Silva.

ÁCARO VERMELHO

Ácaro vermelho (Tetranychus evansi) (Baker; Pritchard, 1960) (Acari: Tetranychidae), morfologicamente estes ácaros são muito parecidos com o ácaro rajado, porém apresentam coloração vermelha intensa, as formas jovens são verdes (Figura 90). Os sintomas são os mesmos do ácaro rajado, ou seja, formação de teia e clorose nos folíolos. Os ácaros não são tão importantes como praga do amendoinzeiro em condições normais, entretanto quando da ocorrência de veranico (alta temperatura e baixa unidade) podem se tornar problema sério, pois nessas condições seu desenvolvimento populacional é bastante acelerado (ALMEIDA, 2013).

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Figura 90. Ácaro vermelho (Tetranychus evansi). Foto: Raul Porfírio de Almeida. c) Pragas de Grãos Armazenados

TRAÇA DAS VARGENS

Traça das vargens (Corcyra cephalonica) (Stainton, 1865) (Lepidoptera: Pyralidae), o adulto é uma pequena mariposa de coloração cinza nas asas anteriores. As lagartas são de coloração branco-pérola, com cabeça, escudo torácico e último segmento abdominal castanhos, atingindo 12 mm de comprimento, quando desenvolvida (Figura 91). No caso desta praga apenas a forma jovem causa injúria. Os insetos atacam os grãos defeituosos sobre os quais abrem uma galeria. Em grãos inteiros atacam a região do embrião. A lagarta ainda pode atacar o amendoim armazenado em casca (ALMEIDA, 2013). Mesmo assim, recomenda-se armazenar o amendoim em casca sempre que possível. Os danos mecânicos, da colheita e beneficiamento, na casca favorecem a infestação de C. cephalonica. Também deve armazenar o material com nível de umidade adequado em armazém ou depósito bem limpo e higienizado.

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Figura 91. Traça das vargens (Corcyra cephalonica). Foto: Arquivo do Instituto biológico.

GORGULHO

Gorgulho (Tribolium castaneum) (Herbst, 1797) (Coleoptera: Tenebrionidae), as larvas são de coloração branco-amarelada e os besouros adultos são achatados de coloração castanha-avermelhada (Figura 92). Tanto os adultos como as larvas provocam perfurações nos grãos, dão preferência a grãos quebrados. Sendo pequenos, penetram facilmente nas embalagens. A ocorrência desta praga é um sinal de presença anterior de uma praga primária. Altas temperaturas também favorecem a abundância dessa praga nos grãos, portanto, recomenda-se que o amendoim seja mantido armazenado em casca por longo período até o momento de sua utilização no plantio (ALMEIDA, 2013).

Figura 92. Gorgulho (Tribolium castaneum). Foto: Fábio Aquino de Albuquerque.

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PRAGAS

Com relação ao controle ecológico das pragas do amendoim, Augstburger et al. (2000) estabelecem as seguintes medidas de prevenção:

1- Fomentar os predadores naturais (exemplo: criar um ecossistema com árvores, arbustos, plantio diversificado, impedir a queima dos roçados na região etc);

2- Rotação de cultivos sob critério de exclusão de plantas hospedeiras;

3- Semeadura mista para a diversificação do sistema agroecológico, assim algumas pragas se desorientam e os predadores são favorecidos.

4- Cultivo de flores amarelas (girassol) ao redor dos campos de amendoim. A cor da flor atrai as pragas, as quais se controlam de forma preventiva.

5- No campo e ao seu redor, destruir os resíduos da colheita do amendoim e plantas hospedeiras.

Para controle de doenças do amendoim orgânico no Brasil, a Embrapa recomenda seguir algumas medidas de controle ecológico (Tabela 17).

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Tabela 17. Medidas de controle ecológico adotadas para as principais pragas da cultura do amendoim. Pragas importantes

Exemplos para a prevenção e controle

Lagartas, cupins

Aração profunda

Cigarrinha

Controle eficiente das ervas daninhas

Lagarta-elasmo

Proteção mediante irrigação e antecipar semeadura

Larva alfinete

Usar variedades resistentes

Thripes, vetores para TSWV/PBNV-virus

Usar variedades resistentes

(Tospoviroses) Spodoptera

Responsável pela maior parte das aplicações de inseticidas. Na Índia, a mamona foi plantada em cujas folhas se podia reconhecer facilmente a postura de ovos, permitindo assim sua coleta (ovos). No entanto, o controle oportuno de ervas daninhas é primordial.

Aphis

craccivora

(pulgão)

vetor

para

Semeadura com variedades resistentes ou cultivo

diferentes virus p.e. “peanut mottle” vírus

em tempos de baixa população dos vetores (estação

(Mosqueado).

seca). Cultivo consorciado com milho, milheto, sorgo. Na África, culturas mistas com feijões phaseolus bem peludos, onde os pulgões ficam aderidos aos pelos. Não combina seu cultivo com Vigna unguiculata.

Fonte: Asociación Naturland, 2000.

PREPARAÇÃO DE MACERADO PARA CONTROLE DE PRAGAS

MACERADO PARA LAGARTA •

a) Pimenta malagueta (Capsicum frutescens)

-200 g de pimenta malagueta;

-1 litro de álcool;

-Misturar a pimenta e álcool no liquidificador e deixar repousar por uma semana para cura;

-Depois desse tempo deve coar no pano e acrescentar 100 mL de detergente neutro;

-Adicionar 200 mL de óleo de algodão;

-Utilizar apenas quatro colheres de sopa para cada pulverizador costal de 20 litros;

-Pulverizar a cada dois dias, nas primeiras horas da manhã, ou ao final da tarde. ISBN 978-85-67494-25-8


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MACERADO PARA PULGÃO E LAGARTA

a) Cebola (Allium cepa L.) e alho (Allium sativum)

A substancia ativa se denomina de alicina e sulfato de alilo, que é responsável pela atividade medicinal, além do odor característico do alho (FUNDACIÓN VALLES, 2011). •

-Três cebolas médias e cinco cabeças de alho (total de 250 g);

-10 litros de água;

-Triturar as cebolas e alhos, misturando aos 5 litros de água;

-Coar no pano fino para evitar entupimento do pulverizador e adicionar a mistura (solução) com mais 5 litros de água;

-Pulverizar ao final da tarde com pulverizador costal de 10 litros.

- Aplicar a cada duas semanas e, semanal, quando a infestação é intensa.

b) Tomate (Lycopersicum esculentum) •

-1 kg de folhas e talos de tomate bem macerados;

-1 litro de álcool;

-Misturar o álcool e as folhas + talos macerados e deixar repousar por 4 dias para cura;

-Coar no pano fino e pressionar para o máximo aproveitamento (recipiente fechado e escuro);

-Utilizar dois vasos do extrato para ser diluído em 20 litros de água (pulverizador costal).

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MACERADO PARA LAGARTA

Recomenda-se preparar o seguinte macerado para controle de pulgão e lagarta (DANTAS, 2001):

a) Folhas de urtiga (Fleurya aestuans L) •

-1 kg de folhas de urtiga picadas;

-2 litros de água;

-Passar as folhas com a água no liquidificador ou pilão (esmagar e mexer bem) e deixar de repouso por dois dias para cura;

-Coar para evitar o entupimento do pulverizador;

-Adicionar o conteúdo para cada pulverizador costal e completar o volume com água para 20 litros.

b) Folhas de angico (Piptadenia colubrina) •

-1 kg de folhas de angico picadas;

-10 litros de água;

-Passar as folhas com a água no liquidificador e deixar de molho por 8 dias para cura;

-Coar para evitar o entupimento do pulverizador costal;

-Usar 5 litros do extrato no pulverizador costal com capacidade de 20 litros;

MACERADO PARA LAGARTAS, PERCEVEJO, GARFANHOTO, TRIPES E ÁCAROS

As recomendações dos preparos dos macerados de nim para sementes despolpadas e folhagem com talos tenros, estão indicadas respectivamente nos trabalhos de Dantas (2001) e Soares et al. (2003).

a) Sementes despolpadas de NIM -Em primeiro lugar, os frutos são coletados e despolpados; -Em seguida, as sementes são secas; -As sementes são raladas e imersas em água; ISBN 978-85-67494-25-8


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-Na proporção de 30 a 40 g de sementes por litro de água; -Deixar de repouso por dois dias para cura; -Coar e acrescentar 10 mL de detergente neutro e completar o volume do pulverizador com água; -Para o pulverizador de 20 litros, são necessários 700 g de sementes.

b)-Folhagem e talos tenros de NIM

Azadirachta indica, conhecida pelos nomes comuns de amargosa e nim, é uma árvore da família Meliaceae, com distribuição natural no sul da Ásia (Índia e Birmânia) e utilizada na produção de madeira e para fins medicinais. Tem efeito como repelente, inibidor do crescimento da praga, fungicida e nematicida. O composto ativo, o Azadirachtin, controla os insetos impedindo sua metamorfose em fase de larva, além de repeli-los. O nim é um produto bioinseticida já registrado nos USA.

Para reduzir os custos de produção do amendoim, mudas de nim devem ser distribuídas e plantadas pelos produtores nas comunidades rurais do semiárido. Para se tornar autossuficiente na produção de bioinseticidas à base de nim, é necessário manter pelo menos 50 plantas dessa espécie em cada comunidade familiar dos agricultores nordestinos, visando reduzir os custos de produção do amendoim (Figura 93).

Figura 93. Pequeno bosque de nim com o mínimo de 50 plantas para atender cada comunidade de agricultores familiares e que pode também funcionar com barreira quebravento, ou área de arborização da propriedade. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

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O rendimento dos frutos do nim varia entre 25 e 50 kg por árvore, de acordo com a temperatura, umidade, tipo de solo e genótipo da planta. Normalmente, 50 kg de frutos maduros têm cerca de 30 kg de sementes, as quais produzem em média 6 kg de óleo e 21 kg de pasta. Cada quilograma de sementes secas contém aproximadamente 3.000 unidades (SOARES et al., 2003). Um cuidado de suma importância, ao final do processo de secagem, consiste no recolhimento e acondicionamento das sementes do nim em sacos de aniagem, para permitir boa aeração e evitar, o aparecimento de fungos patogênicos que possam causar deterioração das mesmas. Satisfeitas essas condições básicas, as sementes de nim podem ser armazenadas por mais de um ano.

Depois do despolpamento dos frutos, as sementes de nim devem ser colocadas ao sol, em camadas finas, sobre uma superfície cimentada. Deve-se evitar o contato delas com a umidade, para não ocorrer mofamento. Esta operação requer um único dia de sol, já que posteriormente, as sementes devem ser transportadas para locais sombreados, onde permanecerão cerca de oito dias.

Os extratos de nim podem ser preparados com a simples trituração das sementes ou frutos frescos, em água, deixando-se a mistura descansar por 24 horas, filtrando-se o líquido e pulverizando-o sobre as áreas infestadas. O mesmo procedimento pode ser utilizado para folhas frescas ou secas, embora o Azadirachtin nesse caso, ocorra em menor concentração (SOARES et al., 2003). A seguir, a preparação da folhagem e talos tenros de nim:

-1 kg de folhas e talos tenros picados (Figura 94) para 20 litros de água (equivale a 40 a 50 g de folhas por litro de água); -Passar no liquidificado com 2 litros de água (ou macerado no pilão) -Deixar os 20 litros da mistura em repouso por 2 dias para; -Coar e acrescentar 10 mL de detergente neutro; -Adicionar o conteúdo no pulverizador costal de 20 litros de água.

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Segundo Soares et al. (2003), as quantidades a serem utilizadas variam para cada espécie de inseto. De modo geral, recomenda-se por litro de água, de 30 a 40 g de sementes de nim ou de 40 a 50 g de folhas secas de nim.

Figura 94. Folhas de nim sendo trituradas manualmente.

MARCERADO PARA PRAGAS EM GERAL DO AMENDOIM

a) Calda de mamona (Figura 95) •

-Indicações:

-Controle de pragas em geral do amendoinzeiro e pode ser utilizada como adubo foliar.

-Ingredientes:

-* 80 folhas fresca de mamona;

-* 20 litros de água;

Modo de preparo e uso:

Triturar ou macerar as folhas, depois colocar na água e deixar em repouso por doze horas, num local escuro. Depois coar e utilizar, mas dever-se ser armazenada, no máximo 3 dias.

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Figura 95. Planta de mamona usada como macerado para preparação de bioinseticida.

b) Macerado de mamona - Modo de preparo: Colocar 250 g de mamona (frutos e folhas) macerados ou triturados em 1 litro de água, ferver por 30 minutos e depois deixar descansar por 24 horas. Para pulverizar, dissolver 1 litro de macerado filtrado ou coado em 10 litros de água.

- Aplicação Para pulverizar, utilize o pulverizador manual (Figura 96), caso a área plantada seja pequena.

- Cuidados: Por ser orgânico, esse inseticida não é nocivo à saúde como os industrializados, mas, depois de aplicar o produto, caso seja aplicado em hortaliças como alface, repolho, cebolinha, coentro, etc., dever-se respeitar um período de carência de pelo menos dois dias e lavar o alimento antes de consumir.

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Figura 96. Pulverizador manual ou garrafa Pet. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

G-Cigarrinha

MACERADO PARA CIGARRINHA

a) Macerado de piretro (extrato da flor de Chysanthemum cinerariaefolium) -Ingredientes: -300 gramas de flores de piretro -1 Litro de álcool. Embeber as flores em álcool e deixar em repouso por 48 horas em uma garrafa bem lacrada. Depois desse período, a solução pode ser coada e diluída na proporção de 1:20, ou seja, 1 parte da solução para 20 partes de água. O piretro tem grandes concentrações de piretróide, o principal constituinte dos inseticidas domésticos. Indicada contra insetos como percevejo, ácaros, pulgões e cigarrinha.

MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

Antes do plantio do amendoim, os próprios produtores devem usar a estratégia de preparar preventivamente os macerados para combater as pragas na fase inicial de infestação (lagartas ainda pequenas, tripes e ácaros na fase inicial ou larval, cigarrinha e gafanhoto na fase de ninfa, etc), pois as mesmas são mais vulneráveis à ação dos bioinseticidas. Recomenda-se guardar as soluções de bioinseticidas, para cada praga, em depósitos de plástico lacrados para evitar a perda do seu princípio ativo (QUEIROGA et al., 2008). É ISBN 978-85-67494-25-8


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possível identificar em campos as pragas ainda na sua fase jovem e facilmente combatêlas com o uso de macerados de ação mais repelentes do que bioinseticida, quando o agricultor é orientado pelos técnicos como realizar no seu campo o Manejo Integrado de Pragas (MIP). A eficiente gestão do campo ocorre quando os agricultores realizam essas identificações de pragas periodicamente em sua propriedade (Figura 97).

Figura 97. Identificação de pragas periodicamente em campo de amendoim, seguindo a técnica de Manejo Integrado de Pragas (MIP). Foto: Raul Porfírio de Almeida.

DOENÇAS A presença de doenças no cultivo ecológico de amendoim pode causar perdas significativas, pelo qual é necessário realizar um controle de medidas preventivas, mediante a preparação de extratos orgânicos (biofungicidas caseiros) com aplicações periódicas. Segundo a Fundación Valles (2011), os extratos fúngicos mais recomendados para o cultivo do amendoim são mostrados, a seguir, com base nas suas receitas ou modo de preparação dos extratos.

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a) Biofungicida de Papaya

INGREDIENTES: - Folhas e talos de papaya (mamão) triturados na quantidade de 1 kg; - Água.

DESCRIÇÃO DO PRODUTO A substância ativa é a papaína que tem um efeito fungicida que controla doenças das plantas, inclusive da cultura do amendoim (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

PREPARO: Esmagar ou triturar 1 kg de folhas de papaya. Deixar repousar durante 24 horas em 2 litros de água. Filtrar para separar a parte líquida do bagaço. Recomenda-se utilizar a dosagem de um litro da solução para 10 litros de água e aplicar no intervalo de 15 dias. Os biofungicidas devem ser guardados em garrafas ou envases escuros (FUNDACIÓN VALLES, 2011; Figura 98).

Figura 98. Biofungicida de papaya envasado em garrafa escura para conservar melhor o princípio ativo. Foto: Fundación Valles, 2011.

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b) Biofungicida de Cavalinha (Equisetum arvense)

A cavalinha é uma planta perene, que tem cor verde escura oca e geralmente pode ser encontrada em áreas úmidas e tem uma grande quantidade de cristais de silício (ou areia) em seu tecido. A Equisetum arvense também conhecida como rabo-de-cavalo, cola-decavalo, milho-de-cobra, cauda-de-raposa, cana-de-jacaré, erva-canudo, lixa-vegetal, dentre outros nomes populares (Figura 99). Pertence à família Equisetaceae. O silício reforça os tecidos celulares da planta impedindo a penetração de fungos fitopatógenos. Essa planta fúngica pode controlar várias doenças por seu alto teor de silício, principalmente Phytophtora (vulgarmente associadas ao termo "podridão"), Alternaria, Peronospora, Cercospora, etc. (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

INGREDIENTES

- Folhas de cavalinha trituradas na quantidade de 1,5 kg; - Água.

PREPARO

Ferver 1,5 kg de folhas e talos de cavalinha em 10 litros de água durante meia hora. Deixar repousar, esfriar e filtrar. Utilizar a dosagem de 10 litros do extrato sem mesclar a solução (não diluir mais o extrato com água). Sua aplicação deve ser realizada a cada duas semanas, mas no caso de infestação elevada, aplica-se semanalmente (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

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Figura 99. Planta cavalinha (Equisetum arvense).

c) Calda de cinza

Usada para o controle de doenças de vários cultivos, principalmente Phytophtora (vulgarmente associadas ao termo "podridão"; FUNDACIÓN VALLES, 2011).

INGREDIENTES

- Cinza de fogão de lenha bem peneirada na quantidade de 5 kg - 400 g de sabão - 10 litros de água - Um recipiente metálico com capacidade de 20 litros.

PREPARO

No recipiente, misturar 10 litros de água, 5 kg de cinza e 400 g de sabão. Colocar no fogo e agitar constantemente até completar 20 minutos, deixar esfriar e coar para eliminar os resíduos. Recomenda-se aplicar a dosagem de 1 litro de calda em 20 litros de água. Utiliza-se alternativamente com a calda bordalesa.

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d) Calda Bordalesa

A calda bordalesa é um fungicida que surgiu no século passado, na região de Bourdeaux, na França, para o controle de míldio em videiras. Ela resulta da mistura de sulfato de cobre com cal virgem, diluídos em água. O seu uso é permitido na Agricultura Orgânica por ser o sulfato de cobre um produto pouco tóxico, e por melhorar o equilíbrio nutricional das plantas. A calda controla as doenças fúngicas como oídio, carvões, antracnoses e cercospora. A preparação mais comum da calda bordalesa se dá na proporção de 1 parte de cal virgem e 1 parte de sulfato de cobre para 100 partes de água (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

INGREDIENTES

Sulfato de cobre - 200 g Cal virgem - 200 g Água - 20 L

PREPARO

Num dos recipientes, coloque cinco litros de água. Coloque 200 gramas de sulfato de cobre, bem moído, dentro de um saco de pano ralo, amarrado em uma vara atravessada sobre o recipiente, de modo a ficar mergulhado na água. O saquinho deve ficar suspenso, próximo à superfície da água, para facilitar a dissolução. Para dissolver mais rapidamente o sulfato de cobre, pode-se utilizar água morna ou colocá-lo na água na noite anterior (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

A cal virgem deve ser de boa qualidade para reagir totalmente com a água. Os 200 gramas de cal são colocados no fundo de um balde com pouca água para haver reação rápida. Se não houver aquecimento da mistura em menos de 30 minutos, a cal não deve ser usada, pois é de má qualidade. Quanto mais rápida é a reação, melhor é a cal. Depois de a cal ter reagido com a água, formando uma pasta rala, deve-se completar o volume de água até 5 litros, cuja mistura terá uma aparência de leite de cal, bem homogênea.

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A mistura das duas soluções deverá ser feita despejando-se a mistura com sulfato de cobre sobre a de cal, nunca o contrário. A mistura deverá ter um aspecto denso, onde a cal não se decanta. Após mexer algumas vezes, coar a mistura e despejar no pulverizador, completando o volume até 20 litros. Aplica-se a calda sem mesclar a cada duas semanas, mas pode ser semanal, caso a intensidade da doença seja elevada (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

CONTROLE DE PRAGAS DOS GRÃOS ARMAZENADOS

a) Pó de Mastruz

INGREDIENTES Mastruz – coletar a planta inteira ou a parte aérea.

PREPARO

As plantas coletadas são expostas ao sol para ser desidratada. Em seguida, a planta seca é triturada em pilão (ou liquidificador) e passada em uma peneira fina até obter um pó. Recomenda-se guardar em vidro seco e bem lacrado. A dosagem de Chenopodium ambrosioides testada por Procópio e Vendramim (1995) foi de 0,30 g do pó/20 g de sementes, o que equivale a 900 g do pó para 60 kg de sementes, correspondendo a quantidade de amendoim utilizada no plantio de um hectare. As informações detalhadas sobre o mastruz encontram-se no capitulo 5 (armazenamento de grãos de amendoim).

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CAPÍTULO 5

COLHEITA, BENEFICIAMENTO E ARMAZENAMENTO DO AMENDOIM

(Autores) Vicente de Paula Queiroga Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque

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DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA

A maturação da semente é considerada, por Barros (1986), como o resultado de todas as alterações morfológicas, físicas e fisiológicas, como o aumento do tamanho e as variações no grau de umidade, no vigor e no acúmulo de matéria seca. É um processo que se inicia com a fertilização e se estende até a maturidade fisiológica. Contudo, em uma mesma planta, nem todas as vagens ficam maduras na mesma época, já que o florescimento se estende por longo período, havendo, pois, uma formação contínua de vagens. Consequentemente, na época de colheita, as plantas de amendoim apresentam vagens em vários estádios de desenvolvimento ou maior desuniformidade de maturação, principalmente para as cultivares de hábitos rasteiro em comparação as de porte ereto (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

A determinação do ponto de colheita do amendoim requer cuidados especiais, exigindo visitas frequentes aos campos de produção, pelo fato da espécie apresentar geocarpia e crescimento indeterminado. Como o florescimento se estende por um período relativamente longo, nem todas as vagens tornam-se maduras ao mesmo tempo. Essa desuniformidade torna-se mais acentuada quando ocorre deficiência hídrica em uma fase do ciclo (GODOY et al., 1983. SANTOS et al., 1997 e 2006). Sanders (1995) sugere para colheita dos três principais tipos comerciais Runner, Virgínia e Spanish, 70-80%, 60-65% e 75-80% de vagens maduras, respectivamente. O tipo comercial Valência deve ser tratado de forma semelhante ao do tipo Spanish uma vez que não possuem dormência nas sementes. Assim, a maturação das cultivares da Embrapa ocorre a partir dos 85 dias após a semeadura, estando à maioria das vagens em ponto de colheita aos 85 - 95 dias, para a cultivar BRS 151 L-7; 90 – 100 dias para as cultivares BR 1 e BRS Havana e 115 – 125 dias para a BRS Pérola Branca (SANTOS et al., 1999). A realização da colheita com a maior parte das vagens plenamente madura é importante para se obter maior produtividade, com produto de maior massa, de qualidade física, química e organolética (SANDERS; BETT, 1995). A antecipação da colheita diminui a produção, pois as sementes não se encontram totalmente desenvolvidas (excessivo número de vagens imaturas), redução no sabor (altera concentração de óleos) e apresentam-se com menor massa. Atrasando-se a colheita, há aumento de perda de vagens, em função do apodrecimento do carpóforo, além da germinação das sementes no ISBN 978-85-67494-25-8


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interior dos frutos, caso haja umidade suficiente no solo, principalmente para as cultivares que não apresentam dormência, e maior exposição das vagens aos fungos causadores de aflatoxina (GODOY et al., 2005; BULGARELLI, 2008). Colheitas antecipadas em uma semana em relação ao ponto ótimo ocasionam menores perdas na produção que o atraso em uma semana (SANDERS, 1995; PELEDINI, 1998). Algumas pesquisas, entretanto, mencionam que o atraso no arranquio pode aumentar o retorno líquido, sendo dependente da cultivar que apresenta dormência, e que a colheita precoce também pode ocasionar redução de 15 e 21%, na produção e no valor do produto, respectivamente (WRIGHT; PORTER, 1991; JORDAN et al., 1998).

Um critério utilizado para se estimar a época da colheita é a contagem dos dias após a emergência das plantas, embora isto dependa das condições ambientais durante o ciclo. Normalmente, as cultivares de porte ereto e rasteiro são colhidas, respectivamente, com 100-110 e 120-135 dias após a semeadura na região Sudeste e 85-100 e 110-120 dias, na região Nordeste (GODOY et al., 1999). Pelo aspecto e coloração das folhas das plantas, não se consegue determinar com segurança a época de colheita, pois o amendoim não apresenta acentuada seca da parte aérea, permanecendo relativamente verde até a maturação das vagens.

O método mais comum de determinação do ponto de colheita baseia-se na presença de manchas escuras no interior da casca da vagem para as cultivares eretas dos grupos botânicos Valência e Spanish. Para amendoins eretos o ponto ideal de colheita ocorre quando 70% das vagens apresentarem coloração interna escura e para os rasteiros o percentual de vagens maduras de 60-65% determinam o ponto de colheita (GODOY et al., 2005). Esse ponto de maturação pode ser determinado, simplesmente arrancando-se ao acaso, no meio da cultura, plantas de diferentes locais e examinando-se as vagens. Uma vagem madura, quando aberta, apresenta manchas marrom-escuras características na face interna da casca, as sementes devem estar bem desenvolvidas e o tegumento (película) com a coloração típica da cultivar, porém, com a tonalidade pouco mais clara. Enquanto as vagens imaturas, além da falta de coloração das sementes, apresentam a face interna das cascas completamente branca (Figura 100; NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

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Figura 100. Identificação da maturação do fruto colhido de amendoim com base no aspecto da vagem: imaturo (A) por antecipar a colheita; maduro (B) por se encontrar no ponto ideal de colheita; e superamadurecimento (C) por atraso na colheita. Foto: Arquivo do Agricultural Engineering Institute.

A tabela de classificação de maturação do amendoim, cujo método foi desenvolvido nos Estados Unidos pelo Ministério da Agricultura e pela Universidade da Geórgia, permite que o produtor identifique com maior precisão o grau de maturação do amendoim e decida o momento certo do arranquio. Esse ponto correto de colher define a produtividade máxima e a qualidade ideal do grão. Esta é uma ferramenta em que o produtor pode se basear para tomar uma decisão consciente, possibilitando que o amendoim possa ser colhido no maior pico de frequência de vagens dentro das classes de cores laranja e marrom (frutos maduros) e poucas vagens nas classes de cores amarela, branca (frutos imaturos) e preta (frutos maduros; Figura 101). O uso da tabela permite, ainda, a administração mais eficiente do maquinário disponível, estabelecendo, de maneira antecipada, prazos para finalizar cada etapa da colheita com o mínimo possível de perda.

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Figura 101. Tabela utilizada para classificação do grau de maturação das vagens de amendoim pelo método de raspagem da casca e verificação da cor do endoderma. Foto: Cristiano Zerbato on Prezi.

Para as avaliações do grau de maturação das vagens pelo método de raspagem da casca e verificação da cor do endoderma (“hull scrape method”), seguindo a tabela de classificação desenvolvida pela Universidade da Georgia, USA (Figura 101), são colhidos, de forma manual e aleatória, 200 vagens no campo, as quais são mantidas umedecidas para determinação do grau de maturação. Segundo Williams e Monroe (1986) as vagens de amendoim seguindo a verificação da cor do endoderma (“hull scrape method”) são classificadas da seguinte forma: Classe Branca: apresenta coloração branca, tamanho médio, macia e facilmente amassável. Classe Amarela Claro: amarelo bem claro começa a substituir o branco, a partir do centro da vagem progride até que toda a área escarificada fique amarela. Classe Amarela escura: começa a substituir o amarelo claro, a partir do centro e progride até que toda a área escarificada fique amarelo escuro. As vagens são mais rígidas e um pouco ásperas. Classe Laranja: Laranja ou ferrugem começa a substituir o amarelo escuro no centro e progride até que toda a área escarificada tornese cor de ferrugem. Classe Marrom: Marrom começa a substituir o laranja no centro e ISBN 978-85-67494-25-8


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progride até que toda a área escarificada torne-se marrom. Classe Preta: Preto começa a substituir o marrom no centro e progride até que toda área escarificada torne-se preta (Figura 101). De acordo com a tabela, a maturação é considerada pelo método de junção das classes: branca, amarela clara, amarela escura como imaturas e o restante (laranja, marrom e preta) como vagens maturas.

Em variedades comerciais de amendoim rasteiro, pode-se usar o mesmo método, de forma mais simplificada, que consiste em raspar a casca por fora, expondo o tecido imediatamente abaixo da casca. Essa mudança gradativa de cor, de branco a marrom escuro, acontece à medida que a vagem vai se tornando madura (Figura 102). Examinando-se as vagens de cada planta recolhida no campo, determina-se a proporção de vagens, que já atingiram a coloração escura. Nos amendoins rasteiros, normalmente, o ponto ideal de colheita é definido quando cerca de 60 a 65% das vagens já atingiram a cor escura. Nos eretos, este porcentual é em torno de 70%.

Figura 102. Procedimento de raspagem das vagens de amendoim nas variedades rasteiras e a verificação da cor escura (Foto C).

Amostragem das vagens em campo - Para obter uma média do grau de maturação dos frutos por hectare, recomenda-se arrancar pelo menos umas dez plantas de amendoim em lugares representativos do terreno. Em seguida, verificar o grau de maturação das vagens da primeira camada (Figura 103). As vagens de todas amostras devem ser abertas para verificar se existem manchas marrons na capa interna do pericarpo. Quando as manchas escuras estão presentes em 70% das vagens amostradas, então a colheita deve ser iniciada ISBN 978-85-67494-25-8


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em até 3 dias. Caso seja menos de 70%, outra amostragem deve ser realizada nos próximos 7 dias. Quando a primeira e segunda camada alcançam seu ponto ótimo de maturação, os quais correspondem as vagens de maior tamanho, melhor qualidade e elevado valor econômico, aconselha-se não esperar a maturação da terceira e posteriores camadas, porque existe o risco de perder as vagens da primeira camada por superamadurecimento e ainda aumenta sua perda no momento de arrancamento (vagens retidas no solo) (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

Figura 103. Posição das vagens de amendoim em diferentes camadas do solo. Foto: Arquivo Fundación Valles.

COLHEITA

A demanda e o preço do amendoim estão relacionados ao sabor do grão, o qual pode ser considerado o critério mais importante de qualidade, por ser tal caracteristica definida pela “aceitação do consumidor”. Consequentemente, para obter uma produção de amendoim de alta qualidade ou elevado sabor, é necessário colher a maior quantidade de grãos maduros. Isso se alcança com um correto processo de arrancamento da lavoura de amendoim em seu período máximo de maturação.

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A mecanização da colheita do amendoim tem aumentado ano após ano, o que permitiu a colheita mais rápida e com menos trabalho humano, mas também aumentou a exigência de capital e conhecimento técnico. Mesmo assim sua disponibilização aos pequenos agricultores nordestinos irá depender da produção organizada por cooperativas e associações de produtores. Verifica-se com frequência que uma colheita incorreta pode comprometer os benefícios das boas práticas de produção, devido às perdas durante a colheita ou pela diminuição da qualidade do amendoim que termina sendo rejeitado pelo mercado. Por muitas razões, a colheita pode ser uma das operações mais críticas na produção de amendoim.

No Brasil, a colheita totalmente mecanizada é utilizada apenas nas lavouras do Estado de São Paulo, onde os produtores são mais tecnificados. Nos estados produtores do Nordeste, a maior parte do amendoim produzido é proveniente de pequenos produtores com pouco uso da mecanização, principalmente na colheita. Tal operação pode ser realizada nas seguintes modalidades: a) manual, b) semimecanizada e c) totalmente mecanizada, sendo está última utilizada em áreas maiores. Em cada modalidade de colheita, as operações envolvidas se dividem em três fases: de arrancamento das plantas, secagem e separação dos frutos das plantas (batedura ou trilha). Por meio de uma moderna colheitadeira de amendoim, a ordem das operações pode ser alterada para arrancamento das plantas, separação dos frutos e secagem.

a) Colheita Manual Arranquio – Este processo de colheita consiste em segurar manualmente as ramas do amendoim em feixe, movimentando-se o conjunto de plantas de um lado para o outro com movimentos de vibrações e tração suaves, até que a parte da planta sob o solo se desprende, arrancando-se a seguir com cuidado (Figura 104). Também se recomenda realizar tal operação em dia de sol, por ser colhida a planta inteira de amendoim a partir da maturação fisiológica das sementes (70 a 80% de frutos maduros). Além disso, devese evitar sua colheita com o solo ainda encharcado (Figura 105). Outro método manual com enxada ou enxadão pode facilitar o arranquio do amendoim, o qual permite reduzir o número de vagens que ficam no solo. Em solos arenosos e bem trabalhados, este processo é facilitado e não há praticamente perdas de vagens no solo. É importante ISBN 978-85-67494-25-8


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destacar que a colheita manual, como as operações de arranquio, recolhimento e batedura, é utilizada a mão-de-obra familiar, principalmente nas pequenas propriedades da região Nordeste. Não é recomendado atrasar o período de colheita do amendoim uma vez que tal procedimento pode incorrer em germinação das sementes dentro da própria vagem, já que no Nordeste são utilizadas variedades de tipo ereto, cujas sementes não apresentam dormência. O atraso na colheita também favorece a incidência de pragas e de doenças, que comprometem a qualidade do produto (SANTOS et al., 2006).

Figura 104. Colheita manual: Arranquio de molhos, enleiradas em molhos (raízes viradas para cima), secagem ao sol, batedura dos molhos e limpeza em peneira dos frutos de amendoim.

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Figura 105. Recomenda-se não colher o amendoim com o solo encharcado (A), apenas colher quando o solo estiver mais seco (umidade adequada; B). Fotos: Arquivo da Agricultural Engineering Institute.

Secagem – A operação de secagem dos frutos é de máxima importância para preservar o valor e a qualidade do amendoim. As vagens que, por ocasião do arrancamento apresentam teor de água em torno de 40% (30 a 50%), ou mais, devem ter o seu teor reduzido para 8 a 10%, para possibilitar o armazenamento posterior, sem problemas. Portanto, as plantas arrancadas permanecem na lavoura, em molhos com as raízes para cima, por 2 a 3 dias, caso não chova (Figura 106), para completar o processo de secagem natural até os grãos atingirem cerca de 14% de umidade (secagem preliminar). Apesar de ser o método mais utilizado, o processo tem o inconveniente de deixar as plantas expostas as condições ambientais durante o ciclo, sujeitas às chuvas, e, devido ao excesso de umidade do produto colhido, há possibilidade de desenvolvimento de Aspergilus flavus, com consequente formação de aflatoxina. Este problema também pode suceder quando a umidade relativa do ar está acima de 80% e a temperatura entre 30 a 40 ºC (SANTOS et al., 2006; NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011).

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Figura 106. Após o arranquio do amendoim, as plantas são enleiradas (viradas) para secagem dos frutos. Foto: Tarcísio Marcos de Souza Gondim.

Há um processo especial de secagem de amendoim, outrora empregado, denominado “secagem em medas”, que demanda uma grande quantidade de mão-de-obra, mesmo assim tem a vantagem de proporcionar uma secagem mais lenta e uniforme, resultando em amendoim de qualidade superior, sobretudo como sementes para novos plantios. As vagens ainda não completamente maduras terminam seu ciclo na meda, aumentando desta forma também o peso e a qualidade do produto final. Após desmanchar uma meda bemfeita, sobram as ramas fenadas, excelente alimento para o gado.

Para se fazer uma meda, basta deixar o amendoim arrancado secar ao sol por um dia, ficando completamente murcho, no “ponto de feno”. É importante não deixar secar demais, tornando as ramas quebradiças e perdendo folhas. Em seguida, fincar no chão, à profundidade de 0,5 m, uma estaca de 2 m de altura (Figura 107). Sobre uma base de madeira em forma de cruz com arame trançado é feito um suporte para empilhar as plantas, elevando-se essa base da meda a um palmo ou 30 cm do solo. Esse espaço se destina à ventilação da parte inferior da meda e ao isolamento contra a umidade do solo. Deve-se arrumar as plantas já murchas, com as vagens voltadas para dentro, não se encostando à estaca para permitir a circulação do ar e a secagem completa. No final, arrumar um chapéu de sapé ou capim (ou plástico) na ponta da meda para evitar a entrada da água da chuva (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011; Figura 108).

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Figura 107. Estaca de madeira de 2 metros de comprimento com sua base em cruz para iniciar o empilhamento dos molhos murchos de amendoim, formando assim uma meda de secagem. Foto: Arquivo Fundación Valles.

Figura 108. Construção de medas para secagem de amendoim, sendo a sua ponta coberta com plástico para evitar a entrada da água da chuva.

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Depois de três ou quatro semanas o amendoim está em condições de ser despencado. Nessa oportunidade desmancham-se as medas, faz-se o despencamento e aproveita-se a folhagem seca para a alimentação animal. Quando se efetua o despencamento mecanicamente, as medas não necessitam ser tão bem-feitas, pois neste caso as ramas podem ser jogadas de qualquer maneira nas máquinas. Entretanto, medas mal executadas podem não evitar a entrada de água, quando então o feno se perde, podendo mesmo prejudicar a qualidade das vagens, por escurecimento generalizado do produto. Dependendo do tamanho da meda e da produtividade da cultivar, cada hectare produz material para fazer vinte medas aproximadamente, distanciadas umas das outras. O despencamento manual se executa batendo um feixe de amendoim seco contra a borda de um jacá provido de um pedaço de madeira para maior eficiência. A batedura é feita por operários no próprio campo (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

O modelo rústico de secador de amendoim usado na África pode ser adotado pelos pequenos agricultores nordestinos. Sua construção começa com a limpeza da área. Após sua demarcação com comprimento de 3 m e uma altura de 1,5 m, efetua-se à abertura das covas para o soterramento das estacas, seguindo o desenho de uma figura que se assemelha a um triângulo (Figura 109). As linhas horizontais com 20 cm de distancias são feitas com varas finas e com cordas, são amarradas. Preencher com capim a parte do secador que estiver vazia ou sem produto, de modo a evitar a incidência direta da chuva que pode deteriorar as vagens. Essa estrutura rústica pode suportar a produção colhida de 0,48 ha. Depois de 45 dias, o amendoim pode ser removido do secador para consumo ou venda (PRODEZA, 2014).

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Figura 109. Secador rústico de amendoim utilizado na África, sendo a colocação da rama de baixo para cima em cada lado (B). Não compactar demais o produto, pois à presença de umidade no amendoim recém-colhido do campo pode provocar o surgimento de fungos e consequentemente perda de produto. No final da construção do secador (E), fechar as laterais para evitar a entrada de animais (cães, entre outro) que consomem o amendoim. Fotos: Prodeza e Adra (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais).

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Despencamento manual– Após a secagem, as vagens presas as plantas necessitam ser separadas das hastes. Esta operação recebe o nome de despencamento, sendo feita manualmente (batedura) ou mecanicamente (trilha). A operação de despencamento é feita no próprio campo, a qual consiste em bater um feixe de plantas de amendoim seco contra a borda de uma madeira presa ao tambor ou um cavalete de madeira revestido com sacos plásticos, sendo os frutos amparados em sua queda no próprio tambor ou lona plástica, caixote, etc (Figura 110). Além do despencamento totalmente manual ser o mais adotado na região Nordeste (Figura 111), outro método manual para desprender os frutos secos de amendoim é passando o feixe de plantas entre os dentes de um pente (feito de madeira com vários pregos) preso à borda de uma lata. Desta forma, as vagens ainda úmidas, por não terem atingido o teor ideal na secagem preliminar realizada antes da batedura, necessitam receber imediatamente uma secagem complementar, seja em terreiros, quadras cimentadas, lonas plásticas, etc, deixando-as expostas ao sol por mais dois dias (Figura 112).

Figura 110. Sistema tradicional de despencamento manual, batendo os molhos de amendoim seco contra a borda de um tambor ou um cavalete de madeira e, devido ao impacto, os frutos caídos são amparados no próprio tambor ou por uma lona plástica.

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Figura 111. Processo manual de despencamento das vagens de amendoim em Lucrecia, RN. Foto: Adeilton Alves da Cunha.

Figura 112. Após o processo de despencamento, efetua-se a secagem complementar das vagens de amendoim, esparramando-as sobre lona plástica (sem amontoar) e expondo-as ao sol por dois dias. Foto: Arquivo Fundación Valles.

Por outro lado, quando as vagens de amendoim são limpas e manualmente selecionadas, estão diz que o lote beneficiado apresenta 0% de impurezas (Figura 113). São consideradas impurezas, materiais como galhos, grãos de outras espécies, hastes, cascas, películas e rabiças que se encontravam destacadas das vagens, como tamanho menor que ISBN 978-85-67494-25-8


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as vagens de amendoim. Essas impurezas levam em consideração que os produtos agrícolas, quando submetidos a processos de secagem e, ou aeração, geralmente apresentam níveis de impureza de até 6% (CORRÊA et al., 2001).

Figura 113. Apresentação das impurezas associadas a produção colhida e as vagens de amendoim secas e limpas. Foto: Arquivo Brasil (2010).

b) Colheita Semimecanizada

Removedor de fileiras - No sistema semimecanizado, o implemento empregado para o corte da raiz pivotante da planta de amendoim é dotado de duas lâminas cortantes à tração tratora, em forma de V aberto, que cortam quatro fileiras por vez (Figura 114). Outro implemento simples de colheita semimecanizada consiste em adaptar uma ferramenta, como um facão de ferro afiado em forma de L, na armação do cultivador de tração animal, para cortar as raízes das plantas de duas fileiras, aproximadamente uns 15 cm abaixo do nível do solo (Figura 115). Ela pode ser adaptada para a tração tratora, possibilitando um maior rendimento, em função de se trabalhar com maior número de fileiras. Ambos os implementos devem ser usados com a finalidade de cortar a raiz pivotante da planta de amendoim, devendo-se, portanto, tomar todo cuidado para que essas lâminas cortadoras se aprofundem o suficiente no solo a uma profundidade de aproximadamente 5 cm abaixo das vagens da planta (GODOY et al., 1984; SAGARPA, 2005; NAKAGAWA, ROSOLEM, 2011).

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Figura 114. Removedor de fileiras empregado no corte da raiz pivotante da planta de amendoim, o qual é dotado de duas lâminas cortantes à tração tratora, em forma de V aberto, que cortam a 15 cm de profundidade quatro fileiras por vez. Fotos: Daniel Franco Goulart.

Figura 115. Equipamento de colheita de amendoim semimecanizado que consiste na adaptação de uma ferramenta, como um facão de ferro em forma de L, na armação do cultivador de tração animal.

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Por outro lado, a Embrapa Algodão avaliou diversas enxadas acopladas a um implemento à tração animal, com a finalidade de auxiliar no arranquio do amendoim (SILVA et al., 1999a). O implemento consiste em uma armação de um pequeno arado (Figura 116), o qual se acopla uma enxada do tipo facão ou aiveca, para efetuar o arranquio do amendoim. Este equipamento reduz a mão de obra necessária para o arranquio de 12 dias/homem para 2 dias/homem. Em estudo feito por Silva et al. (1999a) com vários tipos de enxadas, verificaram que o arrancador com enxada tipo facão e asa de andorinha foram os que demandaram menor força, potência e energia para a operação de afofamento da terra, para o arranquio das plantas de amendoim e consequentemente demandaram menores custos. O arrancador com a enxada do tipo facão foi o único tratamento que não alterou a configuração das fileiras de plantas de amendoim.

Figura 116. Implemento removedor de fileiras de amendoim de atração animal para a agricultura familiar com adaptação feita na armação de um pequeno arado.

Na colheita semimecanizada, a operação de colheita para os agricultores familiares pode ser iniciada com o arracador-enleirador de pequeno porte adaptado a um microtrator, cuja tecnologia na Figura 117 foi desenvolvida na China. Outro equipamento de tração animal ou motriz é utilizado pelos produtores de amendoim na Bolívia (Figura 118), o qual se adapta principalmente para variedades eretas, sendo seu funcionamento mais eficiente em solos de textura leviana (arenosa), reduzindo assim em 60% os custos de mão-de-obra em relação a colheita manual (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

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Figura 117. Pequeno arracador-enleirador que pode ser adaptado ao tobatinha ou microtrator. Fotos: Equipamentos desenvolvidos na China.

Figura 118. Arrancador-enleirador de tração animal ou motriz utilizado na colheita do amendoim das variedades eretas pelos campesinos da Bolívia. Foto: Fundación Valles (2011).

Secagem - A operação de arranquio é complementada manualmente, arrancando e sacudindo as plantas para eliminação de terra ainda aderente às vagens e às raízes, procedimento denominado de “chacoalhação”. Em seguida é feito o enleiramento manual, amontoando as plantas em fileiras com as vagens para cima, de maneira a favorecer o processo de cura ou secagem por 2 a 3 dias em condições de campo. É importante destacar que no momento do arranquio, o amendoim contém cerca de 40% de umidade ou mais, mas a partir deste ponto o material começa a perder umidade numa velocidade que ISBN 978-85-67494-25-8


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depende do clima (sol, chuvas, dias nublados etc.) e também da maneira com a planta se encontra disposta no chão para secar: se deitada ou enleirada (com as vagens para cima). Enquanto a umidade estiver acima de 20-22%, a atividade metabólica da vagem oferece resistência à penetração do fungo e o risco de contaminação é praticamente nula. Abaixo de 11% (no amendoim em casca) não há umidade suficiente para os fungos crescerem e também não há perigo de contaminação. O intervalo de 22-20 até 11% de umidade é, portanto, o período crítico e se houver demora da secagem nesta fase, a probabilidade de contaminação do amendoim será muito grande. Dessa forma, abaixo de 20% de umidade o amendoim deve ser seco o mais rapidamente possível, até 11%, e só então ser batido ou despencado e ensacado, para se evitar o desenvolvimento do A. flavus e, consequentemente, que haja contaminação com a aflatoxina. Nem sempre essa secagem rápida pode ser conseguida porque, na hora da colheita da safra de maior volume, que é chamada "das águas", e que ocorre nos meses de janeiro/fevereiro para o estado de São Paulo, às vezes chove muitos dias em seguida ou faz dias nublados o que impede uma secagem rápida (FONSECA, 2006).

Outro fator que atrasa a secagem é a posição deitada em que muitos agricultores colocam o amendoim após a colheita: nesta posição o amendoim seca muito lentamente e favorece a contaminação. Além disso, as vagens podem ser enterradas pelas chuvas ocasionais e, quando isso acontece, a contaminação é quase certa. Na posição de enleirado, o amendoim seca muito mais depressa, corre muito menos risco de ser contaminado, mesmo chovendo bastante, e quebra menos na batedura. A prática, amplamente empregada, de bater e ensacar o amendoim ainda úmido (cerca de 14-18%), é altamente prejudicial. Dentro do saco o amendoim demora muito para secar e o calor gerado pela própria atividade do grão, mais o ambiente úmido da sacaria, são extremamente favoráveis à contaminação. Da mesma forma, o amendoim que, embora seco, for mal armazenado pode, em época chuvosa (devido à elevada umidade relativa do ar), reumedecer-se e dar condições ao fungo de crescer, possibilitando a contaminação com aflatoxina (FONSECA, 2006).

Despencamento mêcanico - Após o processo de cura e secagem, faz-se a retirada das vagens ou despencamento, o qual pode ser efetuado manualmente batendo-se um feixe de amendoim seco contra a borda de um balaio de bambu ou com auxílio de máquina despencadora estacionária (Figura 119). Após a batedura, as vagens do amendoim são ISBN 978-85-67494-25-8


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peneiradas, ensacadas e, conforme o grau de umidade, continuam a secar em terreiro ou continuar a secagem em secador artificial antes de ser consumido ou comercializado. Para a estacionária, há a necessidade de se alimentar a máquina manualmente. Portanto, o material a ser despencado precisa ser recolhido para o local de batedura.

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Figura 119. Máquina despencadora estacionária para processar a separação das vagens de amendoim da parte vegetativa da planta. Partes do equipamento: 1) Moega de alimentação; 2) tambor de trilhar; 3) Pentes flexíveis (destaque em círculo na foto A) e tambor de trilhar; 4). Peneiras vibratórias para separação de vagens e material estanho; 5) Protetor de correia; 6) Polia de conexão ao motor; 7) Polia de conexão a trilhadora; 8) Saída, descarga de produto; 9) Motor estacionário a gasolina de 13 HP; 10) Chassis de transporte e 11) Tampa de ventilação. Fotos: Arquivo da CIAPROT (Bolívia; máquina despicadora ou descapotadora de amendoim).

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Outro método semimecanizado de despencamento de amendoim consiste na utilização de uma máquina tracionada por um trator que se movimenta ao lado de cada fileira enleirada de amendoim, após sua secagem em campo (Figura 120). Para obter maior rendimento, são enleiradas quatro ou mais linhas de amendoim em uma só linha e com isto possibilitase uma maior eficiência no processo manual (pá em forma de garfo) de recolhimento dos molhos secos para alimentar a moega da máquina. Além de separar as vagens da parte vegetal, o produto limpo e seco é ensacado na outra extremidade do equipamento.

Figura 120. Despencamento semimecanizado do amendoim com tração tratorizada, sendo a alimentação da máquina realizada manualmente com os molhos secos. Foto: Arquivo da Empresa Master Grãos.

c) Totalmente Mecanizado

Arracamento e enleiramento - Atualmente, os produtores mais tecnificados vêm utilizando a colheita mecanizada em todas as etapas do processo de colheita, o que tem ocasionado redução da necessidade de mão de obra, diminuindo significativamente o custo de produção, além de aumentar significativamente o rendimento operacional e proporcionar melhora na qualidade do produto, uma vez que a operação é mais rápida, reduzindo o tempo que o produto fica exposto às intempéries do clima no campo. Na colheita mecanizada, a operação de colheita do amendoim inicia-se com o arracadorenleirador, passando pelo processo de cura (ou secagem) em condições de campo e finalizando com o recolhimento das vagens (SILVA et al., 2009). Para o arranquio e enleiramento são utilizados os equipamentos denominados de arrancadores-invertedores, que fazem as duas operações simultaneamente (Figura 121). Este equipamento possui lâminas cortadoras em forma de “V”, onde atrás de cada lâmina ISBN 978-85-67494-25-8


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existem diversas hastes. Em seguida às hastes, a máquina apresenta uma esteira elevadora das plantas acionada pela tomada de potência do trator (TDP). O arranquio ocorre com as lâminas cortadoras penetrando no solo a uma profundidade de aproximadamente 5 cm abaixo das vagens da planta com a finalidade de cortar as raízes e proporcionar o afofamento do solo ao redor das vagens. As hastes contidas na parte posterior das lâminas conduzem as plantas com as vagens e o solo para a esteira elevadora que, dotada de movimento, separa o solo das plantas. Estas são conduzidas até a parte superior da esteira e caem sobre um dispositivo que realiza o enleiramento das plantas na superfície do solo, deixando as plantas voltadas para cima (SILVA et al., 2009).

Figura 121. Representação esquemática de um arrancador-enleirador de amendoim. Fotos: Adriana de Souza Rocha e Raimundo Estrela Sobrinho.

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A velocidade do equipamento arrancador deve ser sincronizada com a velocidade de corte ou do alimentador, para obter um fluxo contínuo de plantas e uma linha uniforme. Os pontos de roçamento devem estar bem polidos, ou revestidos de material plástico deslizante, para permitir o fluxo normal de plantas e evitar o desprendimento de vagens (BRAGACHINI et al., 1993).

Considera-se fundamental arrancar o amendoim no momento adequado de maturação. Os grãos imaturos com mais de 50% de umidade ou os superamadurecidos (muito deteriorados) são mais susceptíveis ao ataque de fungos. Deve-se arrancar com a umidade correta do solo e regular adequadamente a arrancadora–invertedora para não arrastar a terra ao molho de amendoim. No caso em que as condições do solo não são ideais e a máquina arrasta o amendoim com excessiva terra, deve ser usado sem dúvida o removedor de fileiras. Além disso, o arrancador-enleirador é a técnica que praticamente permitiu a eliminação da ocorrência de aflatoxinas na fileira, em razão das vagens ficarem expostas ao ar livre. Desta forma o molho de amendoim é secado rapidamente, evitandose a proliferação de Aspergillus. Portanto, durante a operação arrancador-enleirador é muito importante assegurar que a máxima quantidade de plantas ficou completamente invertida, já que as vagens, que ficam para baixo e tocam o solo, vão formar um microclima ideal para o desenvolvimento do fungo A. flavus (CASINI et al, 2010; Figura 122).

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Figura 122. Arrancador-enleirador de plantas de amendoim de uma fileira acionado pela tomada de potência do trator. Fotos: Rafael Marani Barbosa

Secagem – As plantas arrancadas permanecem na lavoura por 3 a 5 dias, com as raízes para cima (viradas), para completar o processo de secagem natural até os grãos atingirem cerca de 18% de umidade (Figura 123). Para isso a secagem ou “cura” do amendoim é uma operação de grande importância, na qual se deve tomar o máximo cuidado, pois grande parte do valor e qualidade desta oleaginosa pode ser perdida durante essa etapa. ISBN 978-85-67494-25-8


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Entretanto, esse cuidado normalmente não é verificado, especialmente em virtude de razões climáticas e econômicas. Quando arrancadas, as vagens de amendoim normalmente contêm entre 35 a 40% de teor de água (CRIAR; PLANTAR, 2008), necessitando serem reduzidas para teores entre 18 a 24%, pois de acordo com Silva (2007) este é o teor de água ideal para o recolhimento mecanizado do amendoim.

Figura 123. Plantas enleiradas ou invertidas no campo em processo de cura ou secagem.

Recolhedor de vagens - Após a secagem ao sol ou cura, é feito o recolhimento e despencamento das vagens de forma mecanizado, efetuando assim a separação das vagens do resto da planta (Figura 124). O equipamento utilizado com esta finalidade é acoplado na barra de tração do trator e acionado pela tomada de potência. Na parte dianteira existe uma plataforma recolhedora que recolhe as plantas enleiradas do solo por meio de dedos com molas e as conduz a uma esteira elevadora, a qual por sua vez, conduz as plantas para o mecanismo de batimento ou despencamento constituído pelo cilindro batedor e pelo côncavo (SILVA et al., 2009). O funcionamento da batedeira está condicionado ao grau de umidade do material a ser colhido, ou seja, o rendimento da máquina é maior quando o amendoim colhido se encontra bem seco (Figura 125). O cilindro batedor trabalha a baixas rotações, normalmente de 400 rpm a 600 rpm, e o côncavo é constituído de uma tela perfurada em formato de um losango onde ocorre a separação das vagens das demais partes da planta. Após a separação, as vagens passam por um sistema de limpeza composto por peneiras vibratórias e ar, de maneira semelhante às colhedoras de grãos e cereais, sendo que, em seguida, as vagens são conduzidas a uma caçamba graneleira ISBN 978-85-67494-25-8


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própria onde são armazenadas ou podem ser ensacadas com auxílio de um operador. Atualmente, a maioria dos equipamentos de recolhimento possui uma caçamba basculante para armazenamento do amendoim em vagem e para o esvaziamento da mesma; cilindros hidráulicos externos acionados pelo trator levantam a caçamba e fazem o descarregamento nos veículos utilizados no transporte (SILVA et al., 2009).

Figura 124. Equipamentos utilizados no recolhimento e despencamento do amendoim em sistema totalmente mecanizado. Fotos: Odilon R.R.F. Silva

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Figura 125. A) Detalhes da mĂĄquina de arrancamento e enleiramento de amendoim e B;C) desempenho da recolheitadeira ĂŠ maior quando o amendoim colhido se encontra bem seco. Fotos: Cristiano Zerbato on Prezi (A) e Arquivo da Sotelo e Sotelo (B). ISBN 978-85-67494-25-8


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O despencamento deve ser realizado quando a umidade do amendoim na fileira diminui de 40-45%, no momento da operação de arrancamento, para 20-24%, após 4 a 10 dias de secagem (início do despencamento). Esse intervalo de umidade do ínicio do despencamento dependerá do sistema de secagem:

1) No caso de contar com secadores no campo, o despencamento pode iniciar com 1822% de umidade, em função de produzir menos danos e perdas mecânicas.

2) No caso de armazenar o amendoim em campo, sem a prévia secagem artificial, a umidade das vagens no momento do início de despencamento não deve ser inferior a 15%, porque aumenta o risco de produzir dano mecânico (BRAGACHINI; BONGIOVANNI, 1993b).

É necessário retirar o amendoim o mais rápido possível do campo. A secagem preliminar do amendoim na fileira deve ser feita o mais rapidamente possível já que o fungo se desenvolve rapidamente e precisa de apenas algumas horas para produzir aflatoxinas, especialmente quando o grão tem um alto teor de umidade e a temperatura ambiente é superior a 25 °C. O uso de colhedoras equipadas com o sistema multicilíndrico de dentes flexíveis permite um despencamento progressivo e operando-as corretamente evitam o dano mecânico nas vagens. A alta velocidade do cilindro e dos mecanismos internos são as principais causas de dano mecânico no amendoim. Recomenda-se usar a menor velocidade possível do cilindro que permita uma correta separação das vagens do resto da planta. O dano mecânico em vagens e grãos é um dos fatores de maior incidência ao deterioro do amendoim, aumentando assim a predisposição ao ataque de fungos com consequente formação de aflatoxinas. Uma boa regulagem das máquinas colhedoras evita o recolhimento excessivo de impurezas (terra, plantas daninhas e outros restos vegetais). Finalmente, é muito importante limpar bem a máquina despencadora e equipamentos (acoplados, moegas, correias, etc.) antes e depois de operá-las para remover os restos de colheita, porque constituem numa fonte frequente de contaminação de aflatoxinas (CASINI; BRAGACHINI, 2010).

Quando a colheita mecanizada é feita com recolhedoras que fazem o armazenamento das vagens de amendoim a granel, a produção é transportada por meio de carretas graneleiras ou transbordos tracionados por trator. Por sua vez, quando a recolhedora utilizada faz o ISBN 978-85-67494-25-8


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ensaque, o amendoim em vagem ensacado fica distribuído no campo, e se utilizam carregadeiras usadas para colheita de cana-de-açúcar para o carregamento dos sacos em caminhões que transportam do campo até as unidades de recebimento ou armazenamento (BOLONHEZI, 2013). No sistema mecanizado, que requer necessariamente espaçamento de 0,90 m entre fileiras, o processo de colheita do amendoim, principalmente para as variedades rasteiras, pode ser iniciado pela passagem de uma roçadeira de pasto, tracionada por trator, regulada à altura do corte para a cerca de 0,30 m do nível do solo, a fim de aparar as extremidades dos ramos da cultura, eliminando-se assim a maior parte da folhagem (Figura 126). Uma vez reduzindo a quantidade de massa verde, a seguir é utilizado o implemento arrancadorinvertedor para efetuar numa só operação, o corte das raízes das plantas em duas fileiras (quatro ou seis), chacoalha as plantas, por um sistema vibrador, visando a retirada da terra e deixe-as enleiradas no terreno, com as vagens viradas para cima, para permitir a secagem. Apesar de o arrancamento mecanizado ocasionar maior perda de vagens em relação ao sistema semimecanizado, em que o amendoim foi enleirado manualmente, o rendimento elevado de sua operação favorece o trabalho de colheita em vastas áreas cultivadas (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

Figura 126. Roçadeira de pasto, tracionada por trator, regulada à altura do corte para a cerca de 0,30 m do nível do solo, a fim de aparar a maior parte da folhagem das plantas do amendoim rasteiro, facilitando o trabalho da máquina arrancador-enleirador. Foto: Bruno Vitor Laurindo.

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Nos últimos anos, produtores mais tecnificados realizam todas as etapas da colheita mecanicamente, onde as vagens ainda úmidas são despencadas, em algumas situações, com o teor de umidade acima do adequado. Ou seja, as plantas são arrancadas, enleiradas no solo, onde sofrem secagem preliminar suficiente no campo para as folhas murcharem e poder realizar a operação da batedura ou despencamento. Por não terem atingido o teor ideal de umidade antes da batedura mecanizada, as vagens são levadas imediatamente para o processo de secagem, seja naturalmente em terreiros, lonas plásticas ou em secadores artificiais (NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

Secagem artificial - Quando se utiliza a secagem artificial, ainda feita na quase totalidade para as sementes em fábricas de extração de óleo, o amendoim pode murchar apenas em campo, o suficiente para um despencamento manual ou mecânico, devendo ir imediatamente para o secador horizontal ou vertical. Neste caso a qualidade do produto pode ser também baixa, após essa secagem artificial, devido ao seguinte:

1– Secagem demasiadamente rápida, com temperaturas acima de 35ºC, que muitas vezes causam torração, enrugamento, rompimento da película (tegumento), separação dos cotilédones, escurecimento dos cotilédones, rachadura na casca das sementes, sabor desagradável e oxidação do óleo (rancidez). As temperaturas utilizadas embora variem em função do sistema e do equipamento, podem ser maiores quando o produto se destina para a indústria de óleo, comparadas ás recomendações para o consumo e menores quando destinadas à semente (PUZZI, 1986; NAKAGAWA; ROSOLEM, 2011).

2– Secagem muito lenta, com pouco calor e ventilação, resulta muitas vezes em bolores, descoloração e rancificação das sementes.

Os trabalhos experimentais mostram que, quanto maior o teor de água do produto, tanto menor deve ser a temperatura de secagem (no caso do amendoim de 30 a 35 ºC) para evitar alterações indesejáveis. Por outro lado, quanto mais seco, mais o produto tolera temperaturas mais altas (38 a 40 ºC; PUZZI, 1986). A seguir, o detalhamento do funcionamento de dois tipos de secadores: horizontal e vertical.

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Secador horizontal - Para o processo de secagem artificial no secador horizontal (Figura 127), recomenda-se que as vagens de amendoim provenientes do campo sejam selecionadas com base na sua qualidade antes de acondicioná-las em sacos de ráfia ou juta. O secador horizontal é constituído por dois túneis individuais feitos por uma estrutura cimentada por onde circula o ar quente com a temperatura de até 41ºC, a qual é controlada por um termostato. Na parte superior da plataforma do secador é instalado uma grossa estrutura de madeira com várias bocas retangulares, com formato parecido a um tabuleiro de jogo de xadrez. Em cada boca de saída de ar quente, insuflado por um ventilador, é vedado por um saco de amendoim, podendo permanecer por até 4 dias em processo de secagem e a cada dia, os sacos são reposicionados. O tipo de agente de secagem é o diesel que fica armazenado em um cilindro de aço posicionado na extremidade do secador. Sua queima irá aquecer o ar ambiente que é insuflado pelo ventilador sobre o leito de secagem. O fluxo de ar deverá ser suficiente para vencer a perda de carga nos dois túneis e nos sacos de frutos que estão fechando as bocas retangulares de secagem, bem como para arrastar todo a umidade liberada pelo material para fora do secador. Caso o produto não requeira ar quente para secagem, o fluxo de ar de secagem do ventilador poderá utilizar apenas a temperatura ambiente, deixando sem funcionar o queimador a deisel. Em seguida, os sacos com os frutos são transportados a uma máquina de ar e peneira, visando eliminar as impurezas, e, de imediato, submetidos ao processo de higienização.

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Figura 127. Secador horizontal com os sacos de amendoim tapando as bocas de saidas de ar ambiente ou ar quente insuflado por um ventilador e/ou um queimador gerado a diesel. Fotos: Vicente de Paula Queiroga

Secador vertical - O princípio de funcionamento do secador vertical é quase parecido ao sistema de secador horizontal. Ou seja, através do elevador de caçamba, as vagens são transportadas para encher os três silos verticais. Na tubulação de descarga dos frutos deve apresentar uma inclinação direcionada para a parede superior do silo, na qual está fixada uma pequena folha de borracha de esponja para evitar a queda das vagens. Com a queima do diesel, o ar quente gerado é insuflado por um ventilador para o leito de secagem do silo. Esse sistema está projetado para atender os dois silos verticais (Figura 128), enquanto o terceiro silo denominado de pulmão apenas recebe a insuflação do ar ambiente (Figura 129). Ao lado de cada silo vertical existe de forma independente um ventilador e um queimador (cilindro de aço abastecido com diesel), exceto o silo pulmão que não dispõe de queimador. O sistema de secagem é considerado estacionário porque o calor é fornecido e a água é removida dos frutos acumulados no interior do silo. Uma vez completado o processo de secagem, os frutos deslizarão por gravidade pela tubulação para

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encher os sacos de ráfia ou esteira vibratória que desemboca na moega que alimenta uma máquina de ar e peneira, instalada dentro do galpãos.

Figura 128. Silos verticais estacionários dotados de sistema de aquecimento e ventilação. Fotos: Vicente de Paula Queiroga

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Figura 129. Silo pulmão dotado apenas de ventilação. Fotos: Vicente de Paula Queiroga

Ensacamento - Uma vez colhido o amendoim, manual ou mecanicamente, é acondicionado, em casca, no próprio campo, geralmente em sacas de juta ou malva com capacidade de 25 kg/vagens. Quando se emprega recolheitadeira que não realiza o ensacamento, então a produção é transportada a granel para o local de processamento ou armazenamento, sendo o mesmo procedimento para o amendoim ensacado.

BENEFICIAMENTO

Antes de efetuar a comercialização das sementes, em se tratado de cooperativa ou associação de produtores, o amendoim em vagem, normalmente seco, é recebido em sacaria ou a granel na Unidade de beneficiamento de Sementes (UBS). Primeiramente, as vagens são submetidas ao processo de limpeza em máquinas de pré-limpeza (ou prélimpeza e em separador de pedras), antes de sofre descascamento ou o armazenamento. Quando as vagens estiverem úmidas em função da colheita totalmente mecanizada e da secagem preliminar no campo, então o material deverá seguir imediatamente para a secagem artificial e depois irá sofrer a limpeza. Esta limpeza é pouco necessária no material procedente da colheita manual em comparação as mecanizadas ou semimecanizadas.

O descascamento pode ser realizado por descorticador de barras ou por descorticador de discos (FONSECA, 1981). Após o processo de descascamento, as sementes são separadas

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das impurezas empregando máquinas, cujos órgãos principais são as peneiras e os ventiladores (colunas de ar ou fluxo de ar). Para mercados exigentes, o material limpo pode sofre uma classificação em tamanho com emprego de classificador por largura (peneiras), por diferença de densidade ou massa em mesa de gravidade (ou densimétrica), seleção eletrônica (coloração) e por catação manual em esteiras (aspecto visual da semente). Com relação ao tratamento orgânico, recomenda-se usar o mastruz em pó na dosagem de 900 g do pó para 60 kg de sementes de amendoim (PROCÓPIO; VENDRAMIM, 1995). Por meio de balança ensacadora, as sementes são pesadas e colocadas em embalagem de papel multifoliado e valvulado (30 kg). Na Figura 130, verifica-se o fluxograma da linha de beneficiamento utilizada na UBS desde a entrada das vagens de amendoim até a embalagem das sementes ou grãos.

Figura 130. Fluxograma do processo de beneficiamento utilizado na UBS de amendoim desde o recebimento das sementes ou grãos em vagens até o setor de embalagem. Fonte: João Nakagawa e Ciro Antônio Rosolem (2011). ISBN 978-85-67494-25-8


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Após a etapa de secagem das vagens de amendoim em campo, recomenda-se proceder a eliminação dos materiais defeituosos e as impurezas, a fim de diminuir ou evitar a contaminação com a aflatoxina. Uma vez recebido as vagens, provenientes da colheita realizada no campo, estas seguem para a UBS, e dependendo de como chega, pode passar pelas seguintes máquinas:

Máquina de pré-limpeza – Essa máquina de pré-limpeza de vagens (ou sementes) de amendoim está projetada para remover eficientemente os materiais estranhos contidos dentro do lote (Figura 131). A eficiência dessa máquina para produzir sementes mais limpas ou padronizadas, dependerá do tipo de colheita (manual ou mecânica) e do tamanho da semente de cada cultivar. Suas peneiras de pré-limpeza possuem bandejas de largura e tem uma capacidade nominal de 75-100 toneladas por dia. Na Figura 132, encontram-se os principais matérias contaminantes do lote de amendoim.

Figura 131. Esquema de funcionamento da máquina de ar e peneiras: A- Moega; BVentilador aspirador; C- Primeira peneira; D- Segunda peneira; E- Terceira peneira; FVentilador de impulsão; G- Depósito de impurezas leves; H- Saída de vagens limpas; e I) Saída de impurezas grossas. Vagens de amendoim classificadas em tamanhos diferentes através da máquina de ar e peneiras. Foto: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.

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Figura 132. Frutos de amendoim defeituosos que deverão ser eliminados na máquina de pré-limpeza, evitando assim a contaminação do lote com a aflatoxina. Foto: Arquivo da Agricultural Engineering Institute.

Separador de pedras – Quando lotes de vagens ou sementes de amendoim, após passarem pela máquina de ar e peneiras, ainda possuírem materiais pesados como pedra e areia, é aconselhável utilizar um separador especial que também separa baseado na diferença de peso específico, denominado de separador de pedras. Além de ser semelhante à mesa de gravidade, o separador de pedras (Figura 133) é um equipamento com o mesmo princípio de funcionamento por separar somente dois componentes, as vagens ou sementes (fração leves) e as impurezas (fração pesada). Em princípio, o ar estratifica o material e em seguida se dá a movimentação das vagens ou sementes para baixo e das pedras, mais pesadas, para cima. A fração pesada (pedras, por exemplo) é descartada na extremidade de descarga.

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Figura 133. Separador de pedras contidas nos lotes de vagens ou sementes de amendoim.

Descascadores – O descascamento do amendoim pode ser feito manualmente ou com equipamentos de acionamento manual ou totalmente mecanizado. O descascamento manual é extremamente demorado, requerendo elevada quantidade de mão de obra. Assim, as formas predominantes de descascamento utilizadas pelos pequenos produtores são por meio de pequenas máquinas de acionamento manual ou motorizado, e os grandes produtores utilizam máquinas de grande porte motorizadas. A seguir alguns modelos de descascador de amendoim que poderão ser utilizados por pequenos, médios e grandes produtores nordestinos de amendoim.

Um modelo simples de máquina de descascar amendoim que é composto por uma tela curva na parte inferior do tambor e, no seu interior, gira um pneu largo com superfície estriadas, acionado manualmente por uma manivela, para atritar junto a tela de metal as vagens que estão sendo alimentadas na moega. Com efeito ocorre no tambor a separação de cascas das sementes, sendo ambos materiais descarregados por gravidade sobre uma rampa inclinada (Figura 134).

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Figura 134. Descascador manual de amendoim para os pequenos agricultores da agricultura familiar.

Para facilitar o beneficiamento do amendoim, os técnicos da Colômbia desenvolveram um pequeno descascador manual para atender os pequenos produtores, o qual permite a separação da casca da semente e também sua limpeza em uma só operação e com menor esforço. Trata-se de um equipamento simples e de baixo custo, formado por um tambor dentro do qual gira um eixo ondulado que, ao introduzir as vagens de amendoim por um alimentador, irá esfregar e descascar, expulsando assim as cascas por umas telas inferiores (Figura 135). Sua capacidade operacional de descascamento é de 80 a 100 Kg por hora, mas é necessário o rodízio de três pessoas para atingir seu máximo rendimento. Além disso, a máquina não requer uma manutenção especial, apenas a limpeza normal.

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Figura 135. Equipamento de descascamento de amendoim usado pelos pequenos produtores da Colômbia. Foto: Arquivo da Agricultural Engineering Institute.

O descascador mecânico de amendoim do fabricante Semecat (modelos SM-2 e SM-3) é composto por cilindros descascadores. O amendoim passa por estes cilindros compostos por grelhas e barras onde a casca é retirada, à qual é levada para fora do sistema por meio de um ventilador, deixando somente o amendoim passar para uma peneira oscilante onde é separado (Figura 136). As menores vagens não descascadas voltam para um cilindro menor para serem descascadas. No modelo mais simples “SM-1” do mesmo fabricante (Semecat), o seu mecanismo de funcionamento difere um pouco dos referenciados acima, por após a remoção das cascas do sistema, as sementes do amendoim serem levadas por gravidade para um deposito abaixo.

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Figura 136. Descascador de amendoim do fabricante Semecat, modelos SM-3 (A) e modelo SM-1 (B). Fotos: Arquivo da Semecat - Máquinas Agrícolas e Vicente de Paula Queiroga.

A Embrapa Algodão desenvolveu alguns equipamentos visando aumentar a capacidade de trabalho do pequeno produtor rural e reduzir os custos, principalmente da operação de descascamento do amendoim (SILVA et al., 1999b). O equipamento de descascamento possui um chassi feito com cantoneiras de ferro para sustentação do mecanismo descascador, o qual é composto de um côncavo, confeccionado com barras chatas e redondas de ferro, que formam uma tela curva e um semicilindro formado por barras chatas de ferro dotadas de fileiras de grampo galvanizado de cerca, com a função de promover a quebra das vagens, sendo este acionado por uma alavanca manual (Figura 137). O descascamento ocorre pela fricção das vagens no côncavo, provocada pelo movimento alternado semicircular do semicilindro, induzindo à quebra das cascas das vagens, e estas, juntamente com as sementes, fluem através das malhas do côncavo, caindo sobre uma lona de pano ou de plástico. A alimentação é feita por um operador, que coloca as vagens de forma contínua e uniforme, em uma espécie de moega, que é continuação do côncavo. Por se tratar de um equipamento simples, o mesmo não dispõe de dispositivo de separação da casca das sementes, necessitando, assim, que esta operação ISBN 978-85-67494-25-8


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seja feita de forma manual, com o auxílio de uma peneira e do vento para a abanação e, consequentemente, da limpeza dos grãos. Em testes de avaliação, o equipamento apresentou capacidade operacional média de 83 a 113 kg/hora de trabalho efetivo, com eficiência de descascamento entre 95% a 96% e quebra das sementes abaixo de 6%, dependendo das condições de umidade das vagens do amendoim.

Figura 137. Equipamento de descascamento do amendoim de acionamento manual. Fotos: Odilon R.R.F. Silva e Vicente de Paula Queiroga.

A partir do equipamento de acionamento manual, a Embrapa Algodão também desenvolveu um equipamento com o mesmo princípio de funcionamento com acionamento motorizado. Entretanto, o equipamento com acionamento motorizado possui um sistema de separação das cascas dos grãos, o qual é feito por meio de um ventilador exaustor que succiona o ar na parte de baixo do côncavo, e, como as cascas são mais leves que os grãos, succiona as mesmas e ocorre a remoção (Figura 138).

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Figura 138. Descascador de amendoim adquirido no mercado pela Embrapa. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

As máquinas de grande porte utilizadas em unidades de beneficiamento são constituídas basicamente por dois sistemas, sendo um de descascamento ou batimento e outro de separação e limpeza (Figura 139A). O sistema de descascamento é constituído de um cilindro batedor de barras e um côncavo em forma de peneira (Figura 139B). A ação do cilindro sobre as vagens quebra as mesmas e faz com que tanto as sementes como os fragmentos de vagens (cascas) atravessem a peneira do côncavo. Em seguida, as cascas são separadas das sementes por meio da força do ar produzido por um ventilador. As sementes por apresentarem peso maior que as cascas não são carregadas pelo ar e são conduzidas para outro mecanismo de separação e limpeza ou então ensacadas.

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Figura 139. Equipamento utilizado no descascamento do amendoim (A) e mecanismo de descascamento do equipamento constituído por cilindro e côncavo (B). Fotos: Valdinei Sofiatti.

Máquina de limpeza e classificação de sementes – Após o processo de descaroçamento, as sementes de amendoim junto com as impurezas devem ser submetidas a uma ventilação complementar numa máquina de classificação adaptada pela Indústria Scott Tech de Vinhedo, SP, dotada de duas peneiras vibratórias, com alimentação feita por um elevador de caçamba, o qual possui uma bica de descarga na sua parte superior por onde passam as sementes sujas (Figura 140). A função da peneira da parte superior é apenas reter as impurezas maiores, enquanto as sementes são retidas na peneira inferior, a qual deixa passar as impurezas menores. Uma vez eliminadas essas impurezas contidas no lote, o processamento permite aumentar a pureza das sementes acima de 98%, pois esse equipamento tem um desempenho de funcionamento semelhante à máquina de ar e peneira utilizada nas Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS). Uma forma ISBN 978-85-67494-25-8


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simples de limpeza de sementes de amendoim em local coberto para pequenos agricultores é através de peneira comum utilizada na construção civil e com ajuda de ventiladores (Figura 141).

Figura 140. Ventilação de sementes de amendoim em máquina de classificação da Unidade de Beneficiamento de Sementes. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

Figura 141. Limpeza dos grãos de amendoim usando uma peneira numa área coberta e com ventilação artificial.

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A Tabela 18 é usada para separar os grãos de amendoim por tamanho. A medida de separação é expressa em peneiras de furos redondos de diversos tamanhos (Figura 142), onde os grãos maiores são retidos nas peneiras de nº 23, 25 ou maior, enquanto os menores são retidos nas peneiras de nº 17, 19 e 21. Os grãos mais valorizados no comércio são os de tamanho 38/42 e 40/50.

Tabela 18. Classificação dos grãos de amendoim por tamanho, exigido pelo comércio exterior. Peneira

Grãos/Onça

25

38/42

23

40/50

21

50/60

19

60/70

17

80/100

Fonte: Ignácio José de Godoy; Obs: Ao passar na Peneira de nº 25, são necessários 38 a 42 grãos para pesar 28,35 g ou 1 onça.

Figura 142. Peneiras em chapas com diversos furos redondos usadas para classificação dos grãos de amendoim por tamanho.

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Seleção de sementes em mesa de gravidade - As pesquisas têm evidenciado que a inclusão da mesa gravitacional na linha de beneficiamento é vantajosa para o aprimoramento da qualidade das sementes de amendoim (Figura 143). Ao estudar essas perdas em toda linha de beneficiamento, estima-se uma perda de 20% de massa de sementes. Ou seja, essa perda quantitativa de sementes é possível exemplificar da seguinte forma: 100 kg de sementes irá resultar em 80 kg de sementes amendoim de alta qualidade no final do processo de classificação em mesa de gravidade (GREGG, 1969).

Figura 143. A operação na mesa de gravidade seleciona e melhora a qualidade das sementes de amendoim ou classificação por peso específico. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

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Os equipamentos que separam pela densidade, como a mesa de gravidade, têm sido amplamente usados na indústria de sementes já que melhoram a qualidade ao eliminar do lote os seguintes tipos de grãos: danificados, chocos, perfurados por pragas, partidos ou trincados, doentes, ou outros materiais indesejáveis mais leves do que os grãos ou sementes boas (Figura 144). Isso permite a comercialização de uma porção do lote de sementes que de outra forma seria descartada como sementes por não preencher os requisitos mínimos de qualidade dos padrões recomendados pelo MAPA.

Figura 144. Por meio do beneficiamento na mesa de gravidade, eliminam-se os grãos indesejáveis contidos no lote de amendoim para prevenir contaminação de aflatoxina. Foto: Arquivo da Agricultural Engineering Institute.

Seletora eletrônica - No Brasil, o equipamento conhecido como classificador de sementes por cor é chamado de Seletron, o qual exerce a função de separação de sementes com base na coloração. O princípio de utilização é semelhante ao do equipamento Color

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Sortex, o qual consiste de sistemas de células fotoelétricas que mudam suas características elétricas de acordo com a intensidade luminosa emitida pela semente (PESKE et al., 2003; Figura 145). Entretanto, é baseado em um sistema monocromático (mais claro e mais escuro) e bicromático (claro e escuro) empregado mais em sementes de amendoim, arroz, feijão e café. Prete e Cícero (1987), trabalhando com sementes de amendoim na classificação pela cor pelo uso da Seletron, verificaram baixa qualidade física, fisiológica e sanitária das sementes no material descartado.

Figura 145. Máquinas fotoelétricas bicromáticas utilizadas na separação de grãos que apresentam algum tipo de dano ou de diferente cor ao estabelecido como padrão. Foto: Arquivo da empresa semillero El Carmen.

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Por conseguinte, a máquina fotoelétrica bicromática exerce a função da separação com base na coloração das sementes procedentes da máquina de limpeza e classificação. Essa classificação fotoelétrica é feita a partir de diferenças de tonalidades de sementes aceitáveis e indesejáveis. A máquina é programada para remoção de sementes com cores pré-estabelecidas (Figura 146). Cada semente é analisada individualmente, por meio de dispositivo de detecção. Caso seja detectada a cor padrão da semente, estas são direcionadas para a bica de material desejável. Porém, quando as sementes apresentam alteração na cor e manchas, um jato de ar comprimido é acionado e são desviadas para a bica de material indesejáveis (SILVA, 2012). Além disso, as máquinas fotoeléctricas bicromáticas separam os grãos que apresentam algum dano, corpos estranhos, vagens ou grãos de outra cor que diferem da cor padrão do amendoim de confeitaria que se deseja obter. O material removido é acumulado com os demais da etapa anterior até sua posterior destinação.

Figura 146. Equipamento utilizado para seleção vagem ou grãos de amendoim por cor. Foto: Arquivo da empresa Alibaba.

Catação manual – O amendoim procedente da máquina de limpeza e classificação de sementes ingressa na inspeção final feita manualmente, com grãos de amendoim conduzidos através de uma esteira transportadora, onde o pessoal especializado remove todo corpo estranho, grãos defeituosos ou de outra cor, que na etapa anterior não foi eficiente na separação (Figura 147). Sua seleção manual é exigida quando os grãos se destinam para o mercado externo, obtendo-se o produto denominado HPS (Hand Picked and Selected = catado e selecionado à mão). ISBN 978-85-67494-25-8


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Figura 147. Pessoal especializado na remoção manual de material estanho ou grãos defeituosos do lote de sementes ou grãos.

Tratamento de sementes com produto natural em pó (Chenopodium ambrosioides) Depois da etapa de seleção em mesa de gravidade, as sementes de amendoim são retiradas pelo produtor e estão prontas para sua comercialização ou podem ainda ser direcionadas ao setor de tratamento de sementes com produto orgânico em pó, dando assim ao agricultor a opção de levar a sua semente tratada organicamente para o armazenamento.

Portanto, na manutenção da qualidade das sementes e na prevenção e controle de doenças, o controle com estratos orgânicos é essencial. Nesse contexto o tratamento das sementes com estrato orgânico tem sido uma prática indispensável, sendo que praticamente 100% das sementes de amendoim destinadas ao armazenamento por mais de 3 meses deverão ser tratadas organicamente.

O Brasil é o maior consumidor de pesticida da América Latina, com graves problemas relacionados ao seu uso, já amplamente conhecidos. Entretanto, novos métodos alternativos de controle de pragas estão sendo utilizados (LOVATTO et al., 2004). Uma das alternativas para minimizar esses problemas é a utilização de novos produtos com ação inseticidas, extraídos das plantas ricas em compostos bioativos de atividades inseticidas, fungicidas, repelentes, principalmente para atender o nicho dos consumidores ISBN 978-85-67494-25-8


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de produtos orgânicos e dos agricultores que não dispõem de recursos para aquisição e uso de inseticidas sintéticos.

A espécie Chenopodium ambrosioides L. (Chenopodiaceae) tem mostrado eficiente no controle das pragas de grãos armazenados e este tratamento deve ser preventivo (PROCÓPIO et al., 2003). Além do nome de mastruz, essa planta também é popularmente conhecida por erva-de-santa-maria, mastruço, ambrosia e erva-mata-pulgas (MORGAN, 1994; CRUZ, 1995). Por sua vez, essa planta apresenta hábito herbáceo, com até um metro de altura, caule piloso e sulcado, folhas inteiras e simples, sendo as superiores sésseis e as inferiores pecioladas, de dimensões variadas e providas de pêlos (PACIORNIK,1990). É importante salientar que o mastruz é uma planta medicinal originária da América do Sul, que ocorre em todo o Brasil, sendo considerada uma planta daninha em algumas regiões do país. Possui propriedades aromáticas fortemente notáveis e características peculiares, sendo seu princípio ativo encontrado no óleo de suas sementes e nas folhas.

Após cromatrografia em camada delgada (CCD), bioensaio utilizando a técnica CCD bioautografia revelou a fração antifúngica do óleo de Chenopodium ambrosioides. Os compostos dessa fração foram identificados por cromatografia gasosa (CG), cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) e cálculo do índice de retração de Kováts (KI), sendo como: (Z)-ascaridol (44,4%), (E)-ascaridol (30,2%) e p-cimento (25,40%), sendo considerado o ascaridol o principal componente antifúngico do óleo (JARDIM et al., 2008). Em contrapartida, o óleo essencial das folhas de C. ambrosioides mostrou-se ativo contra Aspegillus fumigatus no trabalho de Kumar et al. (2007), além de exibir amplo espectro fungicida contra A. niger, Botryodiplodia theobromae, Fusarium oxysporum, Sclerotium rolfsii, Macrophomina ophaseolina, Cladosporium cladosporioides, Helminthosporium oryzae e Pythium debaryanum na concentração de 100 μg/ml. Em adição, foi muito eficaz em inibir a produção de aflatoxina B1 produzida pela cepa produtora de aflatoxinas de Aspergillus flavus.

Estudando as atividades inseticida e repelente de vários pós de origem vegetal em relação a pragas de grãos armazenados, Novo et al. (1997), Procópio e Vendramim (1997), Jardim et al. (2008) observaram uma boa atividade contra os fungos importantes, tais como: Aspergillus flavus, A. glaucus, A. niger, A. ochraceous, Acanthoscelides obtectus, ISBN 978-85-67494-25-8


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Colletotrichum gloesporioides, C. musae, Fusaruim oxysporum, e F. semitectum. Resultados promissores também foram encontrados por Procópio e Vendramim (1995) em outro estudo, os quais analisaram, separadamente, a atividade inseticida da planta inteira, fruto e folha de C. ambrosioides sobre S. zeamais, verificando 100% de insetos mortos já no segundo dia de avaliação, além da não emergência de nenhum adulto.

Além disso, a análise da composição química do óleo volátil das folhas de C. ambrosioides (Figura 148), coletadas no município de Alegre-ES, resultou na identificação de cinco compostos totalizando 98,81% da sua composição, piperitone (0,7%), α-terpineno (1,24%), p-cymeno (4,83%), (E)-ascaridol (5,04%), (Z)-ascaridol (87%), sendo o último o principal componente presente na mistura (VIEIRA et al., 2011). Mesmo assim, pode ser tornar tóxica, dependendo da dosagem utilizada, por causa da substância monoterpeno que é constituinte de seu óleo essencial denominado ascaridol, cujo teor no óleo nunca é inferior a 60% (SOUSA et al.,1991)

Figura 148. Folhas de Chenopodium ambrosioides, popularmente conhecida como mastruz. Foto: Kress, H. (2013).

Posteriormente à coleta de Chenopodium ambrosioides em campo, as estruturas vegetais são secadas em estufa, com circulação de ar, a 40° C por dois dias. Após a secagem, são trituradas em moinho elétrico “de facas” para a obtenção de um pó fino, armazenado separadamente (por parte e/ou a planta inteira) em recipientes escuros, hermeticamente fechados (Figura 149). Outro método simples é coletar a planta inteira (parte aérea) e coloca-la em condições ambiente (sol) para ser desidratada. Em seguida, a planta seca é triturada em pilão (ou liquidificador) e passar em uma peneira fina até obter um pó.

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Recomenda-se guardar em vidro seco e bem lacrado. A dosagem de Chenopodium ambrosioides testada por Procópio e Vendramim (1995) foi de 0,30 g do pó/20 g de sementes, o que equivale a 900 g do pó para 60 kg de sementes, correspondendo a quantidade de amendoim utilizada no plantio de um hectare. Para obter uma mistura uniforme, utiliza-se um tratador de sementes formado por um tambor giratório oitavado em polietileno de acionamento por manivela (Figura 150).

Figura 149. Material vegetal triturado com moinho de facas e pós vegetais armazenados em recipientes de vidro. Fotos: Alana de Lima Mendonça.

Figura 150. Tratador de sementes em estrutura em aço modelo TSM 50. Foto: Aquivo da Metalúrgica Berofer – rotomoldagem.

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Balança ensacadora e produto embalado. São utilizados sacos de papel multifoliados, com capacidade para 25 kg de sementes de amendoim tratadas com produto natural em pó (Figura 151). Geralmente, essas embalagens consistem de duas ou mais camadas de papel kraft, protegidas por uma capa externa de papel mais resistente. Entre as paredes multifoliadas, podem-se colocar capas especiais de asfalto, polietileno ou alumínio delgado, para maior proteção contra efeitos da umidade. O saco de embalagem cumpre a função não apenas de facilitar o manuseio e o transporte, mas, também, de manter a qualidade das mesmas (PIVA, 2013). As sementes devem ser ensacadas com uma umidade entre 8 a 10%. Recomenda-se empilhar os sacos em lote baixo, para evitar que o peso elevado da carga não danifique as sementes. É necessário manter espaços e corredores adequados para circulação de pessoal e amostragem, bem como divisões que permitam imediata identificação entre os diferentes lotes de sementes numa mesma fileira. Periodicamente, os lotes devem ser inspecionados, a fim de verificar anormalidades como: umidades, insetos, etc. O tamanho de cada lote de sementes não pode ultrapassar a quantidade de 30 toneladas.

Figura 151. Pesagem de sementes de amendoim em balança ensacadora e seu empilhamento em estrado de madeira no armazém. Foto: Vicente de Paula Queiroga

Armazenamento - O amendoim é comercializado pelo produtor em sua quase totalidade em casca (vagem) e somente pequena parte descascada (grãos). Geralmente, o produto é comercializado imediatamente após colheita. Entretanto, quando há interesse na conservação, o armazenado pode ser feito em casca embalado em sacos de jutas, malvas ou polietileno trançado com capacidade de 25 kg. Para o produto descascado, sua embalagem é feita em papel multifoliado ou saco de juta com capacidade de 30 ou 50 kg. Os grãos também podem ser embalados em sacos grandes (big bags) de 1.000 a 1.500 kg. ISBN 978-85-67494-25-8


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O armazenamento em casca permite conservar melhor o amendoim até sua venda final, principalmente no Nordeste do Brasil, devido às condições climáticas tropicais e subtropicais. É nessa fase que os produtores necessitam ter grande cuidado, visando à preservação da qualidade, diminuindo a velocidade do processo deteriorativo e o problema de descarte de lotes (MACEDO et al., 1998). Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), no armazenamento, a velocidade do processo deteriorativo pode ser controlada em função da longevidade, qualidade inicial das sementes e das condições do ambiente.

O local de armazenamento deve ser ventilado, seco, com boa cobertura, de preferência com paredes duplas e piso de concreto. Deve ter estruturas de ventilação, ser protegido de chuva e de insetos, pássaros e roedores, com flutuação mínima de temperatura. Os grãos devem ser distribuídos de maneira uniforme, favorecendo a dispersão do calor e umidade. Desta forma, há redução das áreas favoráveis à proliferação de insetos, que causam picos de aquecimento e umidade, favorecendo o crescimento do fungo que produz a aflatoxina. Umidade relativa do local menor que 70% e temperatura entre 0 e 10 oC propiciam ótimas condições de armazenamento. Recomenda-se medir a temperatura em intervalos fixos para monitorar a ocorrência de altas temperaturas, que indicam atividade microbiana ou de insetos (FONSECA, 2005).

Os problemas com o cultivo do amendoim estão concentrados principalmente na colheita e no armazenamento do amendoim. A colheita da maior safra do amendoim é feita na época das chuvas, o que dificulta a secagem dos grãos. Como os grãos devem ser ensacados com uma umidade máxima de 11%, a demora na secagem facilita a contaminação pela aflatoxina. E os grãos, quando reumidecidos no armazenamento, ficam vulneráveis ao fungo (AGROBYTE, 2005). Mudanças nas velhas práticas de cultivo e armazenamento do amendoim podem trazer bons resultados quanto à qualidade e produtividade. Desta forma, uma síntese dos procedimentos de gestão da qualidade segue na Tabela 19.

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Tabela 19. Síntese das boas práticas na cadeia produtiva do amendoim. Etapas Preparação

Práticas agronômicas das

-Aquisição de sementes certificadas e de qualidades comprovadas;

sementes

- Seleção de sementes pelo tamanho e seu tratamento com bioinseticidas.

Cultivo

-Evitar injúrias nas vagens antes da colheita.

Colheita

- Colher o amendoim maduro (mais de 70%), preferencialmente em períodos secos; -Efetuar a secagem o mais rápido possível e, quando colhido em época de chuvas, secar artificialmente; -Evitar o reumidecimento dos grãos; - Eliminar vagens e grãos quebrados.

Transporte

e

-Evitar o reumidecimento dos grãos e injúrias.

armazenamento Armazenamento

- Armazenar o amendoim em locais secos e ventilados; -Empilhar os sacos entre estrados de madeira, conforme Figura 152. - Monitorar a umidade do produto - Fazer o monitoramento de pragas e roedores; -Armazenar em baixas temperaturas.

Fonte: Scalco; Machado (2009).

Figura 152. Distribuição correta dos estrados de madeira entre os sacos empilhados de amendoim (a cada seis pilhas de sacos), evitando assim que o peso da carga não esmague ou danifique o produto armazenado. Foto: Arquivo do MF Rural.

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Os fungos são os principais componentes da microflora nos grãos armazenados e constituem a principal causa das deteriorações e perdas constatadas durante o armazenamento (TANAKA et al., 2001). Estes invadem grãos e sementes em diferentes fases que caracterizam a contaminação por micotoxinas: antes da colheita, durante a colheita, na secagem e no armazenamento ou em todas essas etapas. Os efeitos da invasão fúngica implicam em significativa perda de qualidade do produto como, por exemplo, de germinação, descoloração, odor, aquecimento da massa, crescimento fúngico e produção de micotoxinas (HERMANNS et al., 2006)

Quando tecnicamente conduzido, o armazenamento dos grãos mantém a composição química dos produtos no seu estado natural, além de controlar os fatores físicos como temperatura e umidade (PUZZI, 2000). O ponto-chave para prevenir a contaminação por aflatoxina durante o armazenamento, é evitar a reidratação dos grãos (DHINGRA; COELHO NETO, 1998).

O sucesso na conservação da umidade das sementes se deve, em grande parte, à eficiência do tipo da embalagem empregada durante o armazenamento. A escolha da embalagem depende das condições predominantes no local em que as sementes vão ser armazenadas. Na embalagem, o produto é separado do ambiente externo com a finalidade de reduzir a taxa de transporte de oxigênio ou vapor de água. Para Almeida et al. (1997), o emprego de embalagens e/ou recipientes herméticos, é de fundamental importância para proteger sementes e grãos contra danos provocados pelas pragas de armazenamento sem a necessidade de um tratamento prévio.

Gurjão (1995), ao estudar o armazenamento de amendoim dentro e fora do fruto acondicionado em três tipos de embalagem, em duas microrregiões do Estado da Paraíba, por 15 meses, comprovou que as sementes fora do fruto são mais susceptíveis ao ataque de pragas que ocorrem com maior ou menor intensidade, conforme a embalagem empregada. Esse autor observou que, ao longo do armazenamento, as embalagens impermeáveis apresentaram menos de 3% de sementes danificadas, enquanto as embalagens semipermeáveis e permeáveis apresentaram 20 e 24%, respectivamente, de sementes danificadas por algum tipo de microrganismo. Para acondicionar as sementes em embalagem hermética (Figura 153), é necessário beneficiá-las em máquina mecânica ISBN 978-85-67494-25-8


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manual e reduzir a umidade das sementes em até 5% (HARRINGTON; DOUGLAS, 1970).

Figura 153. Sementes de amendoim acondicionadas em garrafa pet. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Em lugares extremamente úmidos, pode requerer a aplicação de secantes para a manutenção do poder germinativo da semente de amendoim e evitar o seu mofamento. Uma maneira simples para lograr tal intento consiste em ensacar o amendoim bem seco em dois sacos e armazená-lo juntamente com o cloreto de cálcio. Um saco telado com 40 kg de amendoim é introduzido dentro de um saco de polietileno impermeável. No seu interior, coloca-se uma garrafa plástica de gargalo largo com 300 g de cloreto de cálcio, a qual é fechada por uma tampa perfurada. Ao mesmo tempo, a boca da garrafa pode ser coberta com uma tela fina. Em seguida, a garrafa é depositada no meio do saco com amendoim. Assim procedendo, a Asociación Naturland (2000) admite que 80% das sementes mantêm seu poder germinativo durante 10 meses, mas alerta que as sementes não servem para o consumo humano.

O controle de insetos-praga de grãos armazenados deve ser preventivo. Como o ambiente não é estável, qualquer população de insetos tende a aumentar, sendo necessário, portanto, a utilização de inseticidas vegetais na forma de pó ou como extratos alcoólicos ou aquosos, têm-se mostrado eficientes no controle de diversas espécies de insetos-praga. A ISBN 978-85-67494-25-8


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erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides L.) tem sido estudada como uma potencial alternativa aos tradicionais métodos de controle de insetos. A C. ambrosoides (mastruz) é uma planta herbácea de pequeno porte, possui propriedades aromáticas fortemente notáveis e características peculiares, sendo seu princípio ativo encontrado no óleo de suas sementes e nas folhas.

Aflatoxina - O amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma oleaginosa de grande valor nutricional e seus grãos são utilizados em escala industrial na fabricação de produtos para consumo in natura e na forma de paçoca e confeitos de amendoim (BULGARELLI, 2008). Entretanto, de acordo com Silva et al. (2013), o amendoim é um dos cereais mais sensíveis à contaminação fúngica, por ser um excelente substrato para o desenvolvimento de fungos toxigênicos, que além de causar degradação dos nutrientes, produzem metabólitos secundários tóxicos aos homens e animais.

O desenvolvimento de fungos em alimentos não implica necessariamente na presença de micotoxinas, mesmo tratando-se de um gênero potencialmente toxigênico, (GLORIA et al., 20067). Segundo Rosmaninho et al. (2001), existem várias micotoxinas de interesse à saúde pública, entretanto, as mais toxigênicas são as aflatoxinas, ocratoxinas e zearalonas, produzidas por espécies fúngicas do gênero Aspergillus spp. e Fusarium spp.

As micotoxinas são metabólitos secundários, tóxicos, produzidos por várias espécies de fungos filamentosos. De acordo com Batina et al., (2005), estes micro-organismos, sob condições favoráveis de temperatura, umidade e nutrientes, podem se desenvolver sobre diversos substratos, principalmente os produtos agrícolas como os grãos de amendoim, milho, trigo, arroz e a castanha produzindo e liberando toxinas, que podem exercer efeitos tóxicos, representando, assim, um problema para a saúde pública (CALDASA et al., 2002) e de acordo com Becker et al., (2010), resultando em grandes prejuízos para a agroindústria.

Entre as micotoxinas, as aflatoxinas podem ser produzidas por Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e eventualmente por Aspergillus nomius e Aspergillus pseudotamarii. Atualmente, são conhecidos 18 compostos similares designados como aflatoxinas, porém os principais tipos de interesse médico e sanitário são identificados ISBN 978-85-67494-25-8


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como aflatoxina B1, B2, g1 e g2. Portanto, as aflatoxinas são micotoxinas produzidas pelos fungos Aspergillus flavus e Aspergilus parasiticus (Figura 154), as quais comprometem seriamente a segurança do alimento, por causar alterações tóxicas, mutagênicas e carcinogênicas em animais e humanos. A falha no controle da umidade e da temperatura propicia a contaminação do amendoim nas diversas fases e etapas da cadeia produtiva.

Figura 154. Aflatoxinas do tipo B1 e B2 produzidas pelos fungos Aspergillus flavus com temperatura ótima entre 36 ºC a 38 ºC e Aspergilus parasiticus e do tipo G1 e G2 produzidas apenas por Aspergilus parasiticus com temperatura ótima entre 25 e 28 ºC. Foto: Arquivo Fundación Valles.

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A distinção destas substâncias foi realizada baseando--se na sua fluorescência e mobilidade cromatográfica. As letras referem-se à cor que emitem sob luz ultravioleta de comprimento de onda de 365 nanômetros. As aflatoxinas B1 e B2 emitem fluorescência azul (blue) e as aflatoxinas g1 e g2 apresentam fluorescência verde (green), e os números estão relacionados a sua toxicidade, sendo o número 1 a forma mais tóxica.

Os produtos agropecuários cultivados em áreas tropicais e subtropicais apresentam as melhores condições para o desenvolvimento dos fungos e, consequentemente, para a produção das toxinas, sendo assim, os grãos estão mais sujeitos à contaminação em locais que apresentam altas temperaturas (25 a 30°C) e altos índices pluviométricos seguido de períodos mais secos (NETTO et al., 2002). O estado de São Paulo é considerado o maior produtor de amendoim do país, e a região da alta Paulista é a maior produtora e industrializadora de amendoim do estado, compreendendo aproximadamente 25% da produção nacional (IEA, 2012), assim a maior incidência de contaminação por micotoxinas, segundo Shundo et al., (2003), está concentrada nesta região.

Para tanto, em termos nacionais, a agência Nacional de Vigilância Sanitária e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estabeleceram limites de 20 μg/kg e de 50 μg/kg para a soma das aflatoxinas B1, B2, g1 e g2 em amendoim e seus derivados para o consumo humano e para rações destinadas aos animais, respectivamente (BRASIL, 2011). Na Tabela 20, encontra-se alguns limites de tolerância da aflatoxina para o amendoim.

Tabela 20. Limites de tolerância da aflatoxina para o amendoim em vários países. Local

Parâmetro

Limite Máximo Permitido (LMP)

Bolívia

Aflatoxinas totais (B1+B2+G1+G2)

20 ppb

Europa

Aflatoxinas totais (B1+B2+G1+G2)

4 ppb

B1

2 ppb

Brasil

Aflatoxinas totais (B1+B2+G1+G2)

20 ppb

Austrália

Aflatoxinas totais (B1+B2+G1+G2)

15 ppb

USA

Aflatoxinas totais (B1+B2+G1+G2)

20 ppb

Canadá

Aflatoxinas totais (B1+B2+G1+G2)

10 ppb

Polônia

B1

0

Japão

B1

10

Obs: Aflatoxinas se quantificam em parte por bilhões (ppb) ou (μg/kg). ISBN 978-85-67494-25-8


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MEDIDAS PARA PREVENÇÃO DA AFLATOXINA

As medidas que visam prevenir a produção de amendoim contaminado, principalmente por aflatoxina, são, na maior parte, relacionadas com a prevenção de infecções pelos fungos ou com a sua inativação. Neste sentido, o produtor deverá estar atento à sua lavoura, realizando a todo custo medidas como a prevenção de infecções no campo; tomando os devidos cuidados após a colheita; usando variedades resistentes de amendoim; e fazendo o devido monitoramento do problema. Segundo Godoy et al. (2005), as principais medidas são:

a) Prevenção de infecções no campo

- Controle de insetos e fungos: o controle de insetos e fungos, em geral, é importante, uma vez que estes abrem caminho para a penetração do Aspergillus e outros fungos produtores de aflatoxina. O próprio controle das manchas foliares promove o vigor das plantas, previne a germinação precoce (que é um importante ponto de infecção) e reduz o acúmulo de folhas no solo.

- Rotação de culturas: esta prática é importante para o amendoim, uma vez que muitos fungos sobrevivem no solo de um ano para outro. A rotação de culturas reduz, inclusive, a intensidade de ataque das manchas foliares.

- Nutrição: vagens e sementes de plantas bem desenvolvidas são mais resistentes à infecção por fungos. Alguns nutrientes, como o cálcio, contribuem diretamente para esta resistência. O cálcio é responsável pela rigidez das células e pelo bom desenvolvimento das sementes. Em lotes de sementes contaminados por aflatoxina, os maiores teores são encontrados entre as sementes enrugadas e mal desenvolvidas.

- Prevenção de estresse hídrico: quando possível, a cultura deve ser conduzida em condições que evitem os períodos de seca, especialmente durante a fase de desenvolvimento das sementes e enchimento das vagens. Os períodos de estresse hídrico provocam danos aos tecidos e podem criar condições favoráveis para o desenvolvimento dos fungos. Portanto, é equivocado achar que o excesso de umidade na época de ISBN 978-85-67494-25-8


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maturação e colheita é o que produz maiores contaminações por aflatoxina. Chuvas em excesso, nesta época, são prejudiciais porque em geral impossibilitam as operações de campo e não permitem que o amendoim seja secado naturalmente. Nesses casos, a secagem artificial elimina este problema.

- Prevenção de danos mecânicos: como já mencionado, as diversas práticas culturais e a própria colheita devem ser feitas de forma a evitar os danos mecânicos, por onde os fungos podem penetrar. Na colheita, o ponto ideal de maturação deve ser identificado. A colheita prematura aumenta a proporção de vagens e sementes imaturas e mal desenvolvidas. Na colheita atrasada, há uma proporção maior de vagens germinadas ou já deterioradas.

b) Cuidados após a colheita

A secagem é um dos pontos mais importantes da prevenção da aflatoxina. O amendoim recém-colhido apresenta umidade em torno de 50%. Após o arrancamento, a prática mais comum é o enleiramento das plantas no campo. Quando as plantas permanecem enleiradas por vários dias ao sol e sem tomar chuva, a umidade das vagens é bastante reduzida, permitindo que o produto seja trilhado e armazenado na umidade desejada. Como, em muitos casos, a secagem no campo ocorre em dias nublados ou em períodos de chuva, há necessidade de secagem artificial. O importante é saber que, para prevenir o aparecimento da aflatoxina, o teor máximo de umidade recomendado para que o amendoim possa ser armazenado com segurança é de 8% nos grãos. O transporte e armazenamento, em qualquer fase da comercialização do produto, devem ser feitos de maneira a evitar o reumedecimento, o aquecimento e outras condições que proporcionem desenvolvimento de microrganismos, infestação de insetos e roedores e outras formas de danos mecânicos. Nas etapas de preparo e utilização do produto, é importante salientar que a limpeza do amendoim (eliminação de grãos chochos, manchados, deteriorados e mal desenvolvidos) é uma prática que reduz significativamente os níveis de aflatoxina.

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c) Uso de variedades resistentes

A criação de variedades resistentes à infecção por fungos, ou portadoras de mecanismos que inibem alta produção de aflatoxina é uma possibilidade para o futuro. Alguns países conduzem pesquisas neste sentido. Atualmente, porém, as principais variedades comerciais que se conhece ainda não dispõem desses mecanismos específicos de resistência. Uma alternativa, neste sentido, em curto prazo, é a utilização de variedades que sejam mais adaptadas a condições adversas, que propiciam altos níveis de aflatoxina. A resistência à seca, resistência às manchas foliares ou outros patógenos, resistência a danos mecânicos, dormência das sementes e menores exigências nutricionais são atributos varietais que podem, indiretamente, contribuir para a redução dos riscos com a aflatoxina.

d) Conscientização e monitoramento do problema

Como foi visto, a contaminação por aflatoxina pode ocorrer em qualquer das etapas, da produção agrícola até o seu consumo. O desconhecimento do assunto contribui bastante para a falta de cuidados com a qualidade do amendoim. Levando-se em consideração as características de cada região, é necessário que sejam feitos trabalhos de conscientização para o problema, desde o produtor até o consumidor. É necessário, também, que sejam seguidas as normas e padrões existentes sobre o assunto. Mesmo em regiões ou sistemas de produção de pequena escala, as modernas técnicas aqui apresentadas para se produzir amendoim com qualidade, podem ser substituídas por boas práticas de produção e manuseio do produto, em pequena escala ou com estrutura familiar, de maneira a prevenir as contaminações por aflatoxina. Quando há conhecimento e adoção dos cuidados para prevenção do problema, o amendoim passa a ser um produto saudável e apreciado, podendo ser consumido com segurança.

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MERCADO

Atualmente, não há registro de produção e comercialização do amendoim proveniente dos campos orgânicos ou agroecológicos, principalmente no que se refere às áreas cultivadas na região Nordeste do Brasil. Apesar disso, o consumo de amendoim não orgânico, seja in natura e/ou industrializado, apresenta uma tendência de crescimento no Brasil. Segundo especialistas do setor, o mercado brasileiro do amendoim é um tanto quanto promissor. O produto é conhecido e consumido de norte a sul do País. No entanto, a oferta de uma ampla gama de alimentos industrializados à base de amendoim está concentrada no estado de São Paulo, onde se localizam as grandes áreas de produção agrícola. (CONAB, 2006). O consumo per capita de amendoim é ainda baixo no Brasil, aproximadamente 0,65 kg/habitante/ano — nos Estados Unidos, o consumo de amendoim é de 3 kg/habitante/ano (ZEPPER, 2006).

Nas pesquisas realizas sobre comercialização, mercados e preços, Sabes e Alves (2008) constataram que fatores sazonais, safra e entressafra, influenciam o comportamento e a dispersão de preços no mercado de amendoim ao produtor. Além disso, a oscilação de preços no mercado de produção do amendoim pode estimular o processo de transmissão de preços para os demais setores que se encontram adiante no sistema agroindustrial do amendoim, porém com níveis de intensidade diferentes, por exemplos: setor atacadista, setor agroindustrial e setor distribuidor. Contudo, os autores ressaltam a importância de conhecer a variação sazonal e a irregularidade de preços do amendoim em diferentes níveis de mercado que compõem a sua cadeia produtiva, sendo esse estudo valioso no norteamento dos agentes econômicos que operam, direta e indiretamente, no agronegócio do amendoim. Tal situação tem reflexo para as diversas empresas processadoras de amendoim instaladas no Nordeste brasileiro, em razão de boa parte da sua matéria-prima ser proveniente do estado de São Paulo. Desta forma, o comportamento dos preços (e, consequentemente, dos custos das empresas nordestinas) é fortemente influenciado pelas variações dos preços nos mercados produtor e atacadista paulistas.

Para comercializar o amendoim, os produtos em casca (vagens) e descascado (grãos) são classificados, seguindo a normatização dada pela Portaria nº 147 do Ministério da Agricultura, de 14 de junho de 1987 (BRASIL, 1987). O amendoim é classificado em

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grupos, subgrupos, classes e tipos, segundo sua forma de apresentação, preparo, tamanho dos grãos, cor da película e qualidade (Tabela 21).

Tabela 21. Classificação do amendoim quando a produção em escala é destinada ao mercado. Grupos Amendoim em casca Amendoim descascado

Subgrupos Comum (produto em vagem) Ventilada Selecionado e catado a mão Bica corrida (industrial)

Classes

Subclasses

Graúdo

Cor vermelha

Selecionado com pre-limpeza, ventilação e peneiramento

Médio

Cor clara

Selecionado e catado à mão

Bicolor

Tipos Limites Tolerâncias (%) Tipo 1 (Casca)

Tipo 2 (Grãos)

Miúdo Despeliculado mecanicamente (sem tegumento)

Mesclada Tipo 3 (Industrial)

Fonte: João Nakagawa e CiroAntônio Rosolem (2011).

Com o advento do cultivo das variedades de amendoim Runner — a cultivar Runner IAC 886, pesquisado e desenvolvido em território brasileiro, tem característica aceita no mercado internacional de amendoim; a cultivar IAC 886 é muito parecida aos produtos produzidos em outros países exportadores, como os Estados Unidos, a Argentina e a China (LOURENZANI; LOURENZANI, 2006) — e a cultivar Caiapó de ciclos longos e também do grande investimento em equipamentos mecanizados tanto para o plantio como para a colheita, verificou-se uma significativa redução nos custos de produção da referida lavoura. O custo de produção total em reais (R$) por hectare (ha) varia entre R$ 2.789,26 e 3.073,89, custos de produção convencional (não orgânico) para a região de referência de Guariba/SP. (AGRIANUAL, 2006). A variedade Runner tem ciclo de 125130 dias enquanto que a variedade Caiapó tem ciclo de 130-135 dias. Ambas cultivares foram desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) (FÁVERO, 2004).

Um problema particular na exportação do amendoim resulta com o embarque marítimo de amendoim dentro de contêineres. As condições de transporte podem favorecer a formação de aflatoxina e pode até chegar a perder a mercadoria no espaço das semanas de transporte. Isso pode suceder no país em que as taxas de aflatoxina do produto tenham sido controladas e seus valores tenham mostrados dentro da margem tolerada, mediante

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amostragens corretas no momento da pré-embalagem. No entanto, a amostragem de aflatoxina no porto de desembarque mostra então um valor totalmente distinto em comparação aquele do embarque, mas quando esses valores ultrapassam o limite permitido, a mercadoria deverá ser eliminada.

As mudanças de temperaturas dentro do contêiner podem alcançar valores extremos, principalmente se o transporte é feito com cobertura. O amendoim transpira e com o resfriamento da temperatura externa condensa a umidade nas paredes. Em caso de que essa água condensada passe a entrar em contato com o amendoim, o gotejamento desde a parte superior da mercadoria permite incrementar a infecção com Aspergillus. Algumas medidas podem ser recomendadas: a) Secagem do amendoim antes do transporte até 67% de umidade; b). Embarcar em contêiner com refrigeradores e aeração (custa mais caro, mas evita a perda total da mercadoria); e c). Cobrir tudo com uma folha absorvente de umidade ou pelo menos com cartolina (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000).

Por outro lado, o amendoim no Recôncavo da Bahia é comercializado utilizando-se uma vasilha denominada quarta (Figura 155). É como se fosse um caixote que comporta de 25 a 30 litros de legumes. A maior parte dos agricultores (85%) vende o amendoim para os atravessadores (pessoas que compram e revendem) em suas propriedades (ALMEIDA, 2014).

Figura 155. Caixote de madeira (denominado de quarta), que comporta de 25 a 30 litros de legumes, usado na comercialização do amendoim produzido no Recôncavo da Bahia.

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O tamanho médio da lavoura de amendoim na região Nordeste pode ser estimado entre uma tarefa (1/3 ha) e cinco hectares/produtor, geralmente desenvolvido com a mão de obra familiar, praticamente sem a utilização de insumos e sendo consorciado com milho. No caso da produção do Recôncavo da Bahia, o amendoim é comercializado utilizandose uma vasilha denominada quarta (Figura 155). É como se fosse um caixote que comporta de 25 a 30 litros de legumes. A maior parte dos agricultores (85%) vende o amendoim para os atravessadores (pessoas que compram e revendem) em suas propriedades. Assim o amendoim verde, colhido aos 70 dias após o plantio, se destina para o mercado de amendoim cozido, enquanto o colhido seco, a comercialização é realizada por intermediário na comunidade (ALMEIDA, 2014).

Estrutura de Custo Operacional

O custo operacional foi segmentado por cultivo manual (tradicional) e apenas a colheita semimecanizada do amendoim, principalmente por se tratar de cultivo orgânico, ou qual irá requerer uma pequena área de no máximo 2 ha (sistema manual) ou 3 ha (semimecanizado). O sistema tradicional não significa baixo nível tecnológico, mas sim o uso intenso de mão-de-obra, incluindo apenas a colheita semimecanizada. É importante destacar que no sistema semimecanizado, o produtor utiliza tanto a mão-de-obra como o corte mecânico de raízes, acionado pela tomada de força do trator ou tração animal, dando também preferência para uso de máquinas no preparo do solo (Tabela 22).

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Tabela 22. Estimativas de custos variáveis por hectare para o cultivo manual ou semimecanizado do amendoim. Ítem

Discriminação

1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 2 2.1 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.

INSUMOS Sementes Inoculante (bradyrhizobium) Calcário dolomítico Adubo orgânico Preparação de macerado Sacaria OPERAÇÕES Preparo do solo Gradagem aradora Gradagem niveladora Aplicação a lanço de calcário (calagem) Distribuição de adubo orgânico com carroça /tração animal Semeadura manual Sulcamento a tração animal (cultivador) Semeio manual Semeio com matraca Aplicação de macerado (pulverizador costal) Retoque a enxada Colheita e beneficiamento (Manual) Rendimento de sementes COLHEITA MECANIZADA Corte de raízes, arranchamento e enleiramento mecanizados Batedura mecânica COLHEITA SEMIMECANIZADA Corte mecânico de raízes (arranchamento) Enleiramento manual Batedura manual IRRIGAÇÃO Energia elétrica PRODUTIVIDADE ESTIMADA (amendoim em casca)

2.2 2.2.1 2.2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 3 3.1 3.1 4 4.1 4.2 4.3 5 5.1 6

Unidade

Quantidade

kg Pc de 200g ton ton. litro Unid

120 14 2 10 3 60

h/m h/m d/h d/h

1 0,7 5 5

d/animal d/h d/h d/h d/h d/h %

1,0 4a6 1,5 5 10 20 70 a 72

h/m

1,6

h/m

0,90

h/m h/d h/d

0,67 2,96 4,5

Kw Kg

1.400 1.500 (sequeiro) 2.500 (irrigado) Fontes: Embrapa Algodão e João Nakagawa; Ciro Antônio Rosolem (2011). Espaçamento adotado: 0,50 cm x 0,20 cm

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CAPÍTULO 6

PRODUÇÃO DE SEMENTES DE AMENDOIM E PRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA

(Autores) Vicente de Paula Queiroga Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque Ayices Chaves Silva Paulo de Tarso Firmino

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A) PRODUÇÃO DE SEMENTE CERTIFICADA DE AMENDOIM

INTRODUÇÃO

A semente é o veículo que leva ao agricultor todo o potencial genético de uma cultivar com características superiores. Em seu caminho, do melhorista à utilização pelo agricultor, pequenas quantidades de sementes são multiplicadas até que sejam alcançados volumes em escala comercial, no decorrer do qual a qualidade dessas sementes está sujeita a uma série de fatores capazes de causarem perda de todo potencial genético. A minimização dessas perdas, com a produção de quantidades adequadas, é o objetivo principal de um programa de sementes.

O ponto de partida da semente certificada é, pois, uma pequena quantidade de sementes, obtida por melhoramento genético de determinada cultivar, ou da multiplicação das sementes de alguma cultivar já existente, sob condições controladas, não sendo suficientes para ser distribuída entre as entidades produtoras da semente certificada. É necessário que seja multiplicada, o que requer o aparecimento de algumas classes intermediárias, até que se chegue à semente certificada. Portanto, a semente certificada é a semente resultante da multiplicação da básica, da registrada ou da própria certificada. É produzida pela entidade produtora de acordo com as normas estabelecidas pela entidade certificadora. É esta a classe de sementes que vai ser distribuída comercialmente entre os agricultores.

Para alcançar uma produção em escala comercial, a qualidade dessas sementes está sujeita a uma série de fatores capazes de causarem perda de todo potencial genético. A minimização dessas perdas, com a produção de quantidades adequadas, é o objetivo principal de um programa de sementes. Por outro lado, todo produtor agrícola para produzir sementes deve estar inscrito no Registro Nacional de Produtores de Sementes (RNPS). Todas as variedades destinadas à produção e comercialização, tanto para os sistemas de produção de sementes básicas, certificada e fiscalizada, devem estar inscritas no Registro Nacional de Cultivares (RNC).

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Pelo fato de ser uma planta de autopolinização (baixa taxa de cruzamento), a normativa do Ministério de Agricultura exige que o isolamento mínimo dos campos seja de 10 metros de distância para produção de sementes básicas e de 5 m para as demais classes (Certificadas 1 e 2) entre campos de cultivares da mesma espécie.

A limpeza dos campos (roguing) de amendoim deve ser efetuada pelo responsável técnico inscrito no RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas/ MAPA) nas áreas destinadas para produção de sementes, antes da inspeção oficial pelo técnico responsável da empresa certificadora, visando eliminar as plantas atípicas e garantir a identidade genética do material. Essa contaminação de plantas pode ser de ordem genética e mecânica. No caso do amendoim é necessário realizar a operação de eliminação das plantas atípicas nos seguintes estádios fenológicos da cultura: Pré-floração, floração, précolheita e colheita.

CERTIFICAÇÃO DE SEMENTES: INSPEÇÃO E LAUDOS DOS CAMPOS

O processo de produção de sementes certificada é executado mediante um controle de qualidade em todas as etapas de seu ciclo, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações. De acordo com as inspeções realizadas em campo, quem emite o Laudo de Aprovação de Campo de Sementes Certificadas de Amendoim é a Entidade Certificadora, mas quem se responsabiliza perante o cliente consumidor de sementes (governo, empresa ou agricultor), pôr o que consta no Certificado, é a Entidade Produtora. A inspeção de campo envolve a verificação de conformidades referentes às áreas que serão cultivadas: da origem das sementes, por exame das notas fiscais de compra e venda; do certificado ou do atestado de conformidade da semente; da localização dos campos, por meio de registros de georreferenciamento desses; da adoção de práticas agronómicas recomendadas para a produção de sementes; da observação dos requisitos de cultivos anteriores; de isolamento e da verificação de contaminantes e, principalmente, do cumprimento das normas e dos padrões preestabelecidos pelo MAPA (Tabela 23). Com a atuação do MAPA, as vistorias pelo responsável técnico do campo de produção ocorrem no mínimo em duas etapas: floração e pré-colheita, mas no caso de empresa certificadora privada poderá chegar até 6 inspeções (pré-semeadura, pós-semeadura, floração, précolheita, colheita e pós-colheita).

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Tabela 23. Padrões para a produção e a comercialização de sementes de amendoim (Arachis hypogaea L.). 1.

PESO MÁXIMO DO LOTE (KG)

2.

PESO MÁXIMO DAS AMOSTRAS (g)

30.000

-Amostra submetida ou média

1.000

-Amostra de trabalho para análise de pureza

1.000

-Amostra de trabalho para determinação de outras sementes por número

1.000

3.

PRAZO MÁXIMO PARA SOLICITAÇÃO DA INSCRIÇÃO DE CAMPO (dias após o plantio)

4.

PARÂMETROS DE CAMPO

30

CATEGORIAS/ ÍNDICES

4.1

Básica

C11

C22

S13 e S24

-Área máxima da gleba (ha)

25

25

25

50

- Número mínimo5

2

2

2

2

- Número mínimo de subamostras

6

6

6

6

-Número de plantas subamostras

1.000

500

375

250

- População da amostra

6.000

3.000

2.500

1.500

Vistoria

106

5

5

5

0/6.000

0/3.000

3/2.250

3/1.500

0/6.000

0/3.000

0/2.250

0/1.500

- Cultivadas/ Silvestres/ Nocivas Toleradas

-

-

-

-

Nocivas Proibidas

-

-

-

-

- Murcha de Sclerocium (Atlhelia rolfsií)

0/6.000

30/3.000

25/2.250

20/1.500

- Sclerotínia sclerotiorum (nº máximo)

0/6.000

0/3.000

0/2.250

0/1.500

4.2

Isolamento ou Bordadura (mínimo em metros)

4.3

Plantas Atípicas7 (fora do tipo) (nº máximo)

4.4

Plantas de Outras Espécies8: - do Gênero Arachis

4.5

Pragas:

5. PARÂMETROS DE SEMENTES CATEGORIAS/ ÍNDICES

5.1

C22

S13 e S24

98,0

98,0

98,0

98,0

-Material inerte9 (%)

-

-

-

-

-Outras sementes (% máximo)

0

0

0,1

0,1

0

0

0

1

-Sementes silvestres (nº máximo)

0

1

1

1

-Sementes nocivas toleradas11 (nº máximo)

0

0

1

1

0

0

0

0

Determinação de Outras Sementes por Número: -Sementes de outras espécies cultivadas (nº máximo) 10

11

-Sementes nocivas proibidas (nº máximo) 5.3

Germinação (% mínima)

5.4

Validade do teste de germinação13 (máxima em meses)

5.5

C11

Pureza: -Semente pura (% mínima)

5.2

Básica

60

13

Validade da reanálise do teste de germinação (meses)

12

70

70

70

8

8

8

8

4

4

4

4

1. Semente certificada de primeira geração. 2. Semente certificada de segunda geração. 3. Semente de primeira geração. 4. Semente de segunda geração. 5. As vistorias obrigatórias deverão ser realizadas pelo Responsável Técnico do produtor ou do certificador, nas fases de floração e de pré-colheita. 6. Para semente básica, deve-se deixar a faixa de 10 metros livres ou uma bordadura de 20 (vinte) metros, cuja produção deve ser desprezada.

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C a p í t u l o V I | 239 7. Número máximo permitido de plantas, da mesma espécie, que apresentem quaisquer características que não coincidem com os descritores da cultivar em vistoria. 8. Quando presentes no campo deverão ser empregadas técnicas que eliminem os efeitos do contaminante na produção e na qualidade da semente a ser produzida. As técnicas empregadas deverão ser registradas nos Laudos de Vistoria. 9. Relatar o percentual encontrado e a sua composição no Boletim de Análise de Sementes. 10. As sementes de outras espécies cultivadas e sementes silvestres na Determinação de Outras Sementes por Número serão verificadas em Teste Reduzido – Limitado em conjunto com a análise de pureza. 11. Esta determinação será realizada em complementação à análise de pureza, observada a relação de sementes nocivas vigente. 12. A comercialização de semente básica poderá ser realizada com germinação até 10 pontos percentuais abaixo do padrão, desde que efetuada diretamente entre o produtor e o usuário e com o consentimento formal deste. 13. Excluído o mês em que o teste de germinação foi concluído.

O inspetor deverá observar o tamanho máximo do campo para efeito de inspeção, de acordo com os padrões de cada espécie, de modo que sejam realizadas tantas inspeções quantas sejam necessárias em razão do tamanho do campo (divisão em módulos). Exemplo: quando a amostragem da área do campo é maior do que a do MÓDULO (máximo de 25 ha), dever-se dividi-la de modo que cada subárea resultante seja menor do que ou no máximo igual à área do módulo.

As subamostras são áreas do campo cujo tamanho específico é determinado em função do limite de tolerância para os fatores contaminantes (atípicas; plantas daninhas toleráveis, enfermidades), tomadas ao acaso na trajetória de inspeção. Nas subamostras são feitas as observações detalhadas e identificados e contados os contaminantes. Segundo a normativa do MAPA, o que é verificado nas inspeções específicas são: a) Plantas atípicas: Plantas que apresentam uma ou más características que não coincidem com a descrição varietal da variedade a ser certificada. b) Plantas daninhas proibidas: Cenchrus echinatus (carrapicho); Aconthospermum hispidum (carrapicho de carneiro); Bidens pilosa (picão preto). c) Plantas daninhas toleráveis- Amaranthus spp (bredo); Cassia tora (mata-pasto). Enfermidades de plantas de amendoim: Murcha de Sclerocium (Atlhelia rolfsií); Sclerotínia sclerotiorum.

A inspeção deve ser livre de tendenciosidades e não deverá ser selecionado deliberadamente, com a intenção de incluir ou evitar plantas atípicas. Antes de adentrar no campo, o inspetor deverá dispor de um croqui, desenho ou modelo de trajeto que utilizará na caminhada. Sobre a trajetória, anotar ao acaso as posições aonde serão tomadas as 6 (seis) subamostras, que são as áreas dimensionadas nas quais serão efetuadas as observações detalhadas e os contaminantes, contados e anotados (REVIER; YOUNG, 1972). ISBN 978-85-67494-25-8


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Com relação ao tamanho da amostra de inspeção, o tamanho dessas áreas varia em função dos limites de tolerância constantes para os contaminantes. Revier e Young (1972) recomendam amostra de tamanho suficiente para incluir a ocorrência de três plantas atípicas e ainda permanecer nos limites de tolerância constantes dos padrões. Isto está dentro do tamanho mínimo, estatisticamente aceitável. Ou seja, se os padrões de campo permitirem plantas atípicas ou contaminantes à razão de 1/5.000, isto significa que um contaminante é permitido para cada cinco mil plantas. Então, a amostra para inspeção de campo deve incluir três vezes cinco mil, ou seja, 15 mil plantas.

Uma amostra de inspeção compreende a trajetória através do campo de produção de sementes, com tomada de subamostras para contagem de contaminantes (Figura 156). Uma inspeção refere a uma estimativa da qualidade, efetuando-se a contagem de 6 (seis) subamostras, para qualquer espécie. A inspeção é que irá determinar a excelência do campo e a decisão de aceitá-lo ou rejeitá-lo.

Figura 156. Inspeção de um campo de produção de sementes, mostrando os locais das 6 subamostras tomadas ao acaso, durante a trajetória do inspetor e o detalhe de uma subamostra.

Uma das últimas fases da certificação vem a ser a análise em laboratório, das sementes já processadas e que tenham sido cuidadosamente amostradas, seguindo-se as recomendações encontradas nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Na realidade, essa análise de laboratório pode ser considerada uma inspeção feita às sementes quanto a pureza física, à verificação de espécies e cultivares, à germinação, ao número de sementes silvestres nocivas e ao teor de água. Dependendo das espécies, são ISBN 978-85-67494-25-8


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realizadas outras análises, além destas, como, por exemplo, peso hectolítrico, porcentagem de sementes infestadas, porcentagem de sementes defeituosas, etc. Os resultados obtidos para as características analisadas são comparados aos padrões de sementes, e se forem inferiores aos requisitos mínimos estabelecidos, as sementes são rejeitadas. A Figura 157 esquematiza alguns dos benefícios decorrentes da certificação de sementes.

Figura 157. Benefícios da certificação de sementes.

COLHEITA E BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE AMENDOIM

A produção de sementes de amendoim (Arachis hypogaea L.) com alto potencial fisiológico requer técnica e manejo cuidadoso. No entanto, nem mesmo a produção mais tecnificada consegue obter todas sementes viáveis e vigorosas. A produção com germinação suficiente, para garantir adequado estande de plantas, é um problema comum para os produtores de sementes de amendoim.

O amendoim, mesmo com ampla adaptabilidade, tem a produtividade muito influenciada pelas condições físicas do solo (LEONEL et al., 2007) e por fatores ambientais, especialmente temperatura, disponibilidade de água e radiação (HARO et al., 2008; SILVEIRA et al., 2013). Durante o período de colheita, esses fatores afetam diretamente a qualidade fisiológica das sementes. Baixos teores de água podem dificultar as operações de beneficiamento. Sementes muito secas estão mais sujeitas, à separação dos cotilédones e remoção do tegumento. A ausência do tegumento em sementes de espécies da família ISBN 978-85-67494-25-8


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Fabaceae as configura como material inerte (BRASIL, 2009), o que eleva o nível de perdas.

Além da baixa qualidade sanitária, outros fatores podem afetar a qualidade dos lotes, como a falta de uniformidade na maturação das sementes (CARLEY et al., 2008; BRANCH et al., 2010), a ocorrência de chuvas durante a “cura” (SANTOS et al., 2013a), os danos oriundos de ataque de insetos (SANTOS et al., 2013b), os problemas técnicos na colheita, secagem e beneficiamento (LOPES et al., 2011) e a falta de monitoramento da qualidade durante as etapas de produção (MORTON et al., 2008). A identificação de falhas nestas etapas, que podem causar redução do desempenho das sementes, é de primordial importância para o sucesso da produção de sementes.

Em razão da maturidade relativamente tardia que as cultivares Runner apresentam (BALOTA; PHIPPS, 2013), muitas vezes o calor e chuvas intensas no período de colheita não permitem as operações mecanizadas e a secagem natural ou cura, o que interfere na produtividade e qualidade de sementes (HARO et al., 2008). Além disso, o amendoim apresenta desenvolvimento indeterminado (BRANCH et al., 2010), e mesmo quando a colheita ocorre em momento ótimo, são colhidas vagens em diferentes estádios de maturação (CARLEY et al., 2008; DORNER, 2008).

À medida que as sementes são beneficiadas, estão sujeitas a danos mecânicos imediatos e latentes. Embora, os danos às sementes durante a colheita, secagem e armazenamento sejam reduzidos, pois estão protegidas pela vagem, a trilha mecânica, a classificação por tamanho e a separação por densidade podem causar a redução da germinação e vigor, além de permitir a infestação por patógenos (SADER et al., 1991; FESSEL; BARRETO, 2000), pois as sementes de amendoim possuem tegumento delgado e delicado, o que as torna sensíveis ao dano mecânico, quando o beneficiamento é inadequado.

Assim, o processamento pode não aprimorar a qualidade fisiológica e sanitária de sementes de amendoim, conforme constatado para 'Tatu Vermelho' (FESSEL; BARRETO, 2000) e 'Runner IAC 503' e 'Runner IAC 886' (SANTOS et al., 2013b). Porém, sabe-se que as operações de beneficiamento são imprescindíveis, para que se obtenham sementes de elevada qualidade, como ocorre no beneficiamento de sementes de outras espécies. ISBN 978-85-67494-25-8


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Quando se destina a produção de sementes, o lote de amendoim deverá ingressar numa unidade de beneficiamento de grande porte, que tem capacidade de 50 a 60 toneladas de vagens por dia, para uma jornada diária de trabalho de 8 horas (Figura 158). As etapas pelas quais atravessam o amendoim na linha de beneficiamento são: pré-limpeza, limpeza, descascamento, mesa de gravidade, etapa de seleção eletrônica, etapa de classificação por tamanho, etapa de empacotamento e armazenamento (Figura 159).

Figura 158. Unidade de beneficiamento de amendoim com casca de grande porte pertencente a empresa de sementes El Carmen, Córdoba. Foto: Jovtis María Luz e Juez Cristian David (2014).

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Figura 159. a) Peneiras planas utilizadas para classificar por tamanho as vagens de amendoim e b) Sementes com casca envasadas em big-bag na unidade de beneficiamento do sementeiro El Carmen, Córdoba. Foto: Jovtis María Luz e Juez Cristian David (2014).

B) PRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA

INTRODUÇÃO

A busca de alimentação proteica de baixo custo tem levado a utilização de co-produtos de processamento de grãos, em diversos alimentos. O amendoim encontra-se em posição privilegiada em relação as oleaginosas cultivadas pois, além de apresentar um óleo de excelente qualidade para diversos fins, sua torta residual é rica em proteínas e em aminoácidos sulfurado e têm amplo mercado na alimentação animal. Quando refinado,

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esse óleo é utilizado em processos da indústria farmacêutica, cosmética, alimentícia, entre outros. O óleo não refinado é utilizado como combustíveis e lubrificantes. Também pode participar da produção de sabões especiais para o branqueamento de lã e seda. Atualmente, sua produção tem sofrido um considerável aumento devido à alta demanda do setor produtivo e da expansão e transformação tecnológica para a produção de biodiesel (ALMEIDA et al., 2011).

Tendo em vista as boas perspectivas dos mercados nacionais e internacionais, as sementes do amendoim contêm cerca de 30% de proteína, 46% de óleo e vitaminas E, do complexo B (tiamina (B1) e riboflavina (B2) e niacina), além de outras vitaminas como o αtocoferol, importante substância associada a poderes antioxidante, e encontram-se em plena ascensão, devido ao aumento da quantidade de produtos industrializáveis para o consumo. Também o interesse é devido a sua composição rica em ácidos graxos insaturados, como o oleico (monoinsaturados) e o linoleico (poli-insaturados) que, juntos, somam, em média, 80%. Por ser resistente à rancificação, possui qualidade marcante de permanecer fresco por longos períodos de tempo (FREIRE et al., 2009; ALMEIDA et al., 2011; STEPHENS et al., 2010).

O óleo contém cerca de 98% de digestibilidade e sua farinha possui o dobro da quantidade de aminoácidos essenciais à dieta humana, em especial a arginina, importante para lactantes. É também rico em vitaminas do complexo B, como tiamina, riboflavina, niacina, piridoxina, colina, biotina, inositol, ácido fólico e ácido pantotênico. As principais formas de consumo são de amendoins torrados ou cozidos, em ambas as formas salgadas; sua farinha, processada, pode ser utilizada na confecção de pães, bolos biscoitos, salgados, pastas, cremes, doces e sorvetes, para melhoria de sabor e no enriquecimento da qualidade proteica. Uma outra forma largamente utilizada em vários países, especialmente é o amendoim na forma de pasta ou manteiga. Especialmente nos Estados Unidos da América, este produto é utilizado em várias refeições, lanches e em especial no desjejum. A literatura revela que é capaz de curar até casos severos de desnutrição. No Brasil, além desta forma de consumo, ela é amplamente utilizada nas indústrias de sorvetes e picolés, por exemplo (FREIRE et al., 2009).

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Por outro lado, é importante destacar que as principias tecnologias de pós-colheita do amendoim são: Qualidade inicial – No campo se obtém a qualidade primaria, onde a premissa básica é considerar a própria vagem como a melhor embalagem para se conservar o amendoim. Mas é necessário manter essa vagem intacta durante as etapas de colheita e pós colheita até ser adquirida pela cooperativa ou empresa extratora de óleo, após análises laboratoriais de aflatoxina e umidade sobre o material amostrado. Portanto, as vagens de amendoim destinadas para extração de óleo devem ser colhidas sem danos mecânicos, limpas, sem problemas de sanidade e armazenado seco; Sanidade do amendoim – A sanidade se refere principalmente à ausência de aflatoxina, pois não deve utilizar amendoim com índices superiores as normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura. O Nordeste do Brasil é uma das regiões com melhores condições agroclimáticas para produzir amendoim livre de aflatoxinas. As aflatoxinas são substâncias produzidas por fungos (Aspergillus sp.), que são tóxicas para a saúde humana e animal, sendo um dos principais fatores limitantes para alguns países exportadores de grãos. Geralmente as tolerâncias estão entre 1 e 3 ppb (partes por bilhões), enquanto que alguns países têm um nível zero de tolerância. Os fatores adversos que predispõem ao ataque de tais fungos são: falta de maturação, excesso de maturação, estresse hídrica no período de maturação, danos mecânicos, danos causados por insetos, impurezas, alta umidade dos grãos, condições de alta umidade e temperatura ambiente durante a armazenagem. É muito importante limpar cuidadosamente os equipamentos de transporte, especialmente as bocas de descarga, já que comumente são fontes de contaminação muito importantes que às vezes não são levados em conta; e Sabor: O aroma e o sabor característico do amendoim derivam de uma série de combinações de produtos químicos e enzimáticos. O sabor pode ser alterado por uma série de fatores adversos, tais como: grãos imaturos, danos mecânicos, incidência de patógenos, agentes climáticos desfavoráveis, secagem e armazenamento inadequados. Além disso, as contaminações durante o processamento do produto podem ser evitadas através de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e das Análises dos Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), as quais visam pela melhoria e manutenção da qualidade do produto. Em linhas gerais, o fluxo do processo realizado na agroindústria do amendoim são:

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Nível de campo – A extração do óleo inicia com as operações de colheita do amendoim, que podem ser realizadas de forma manual, semimecanizada ou totalmente mecanizada (Figura 160), estão divididas basicamente em três etapas: arrancamento de plantas, sua secagem e despendoamento das vagens da parte vegetal. A realização da colheita no momento certo é importante para garantir a máxima qualidade química e organolética (sabor), principalmente quando os grãos de destinam para a extração do óleo. O ponto ideal de colheita para as variedades rasteiras deve ser definido quando 60% a 65% das vagens já atingiram a cor escura na casca, após sua raspagem, e de 70%, para as eretas A antecipação da colheita diminui a produtividade e a qualidade. Enquanto o atraso também provoca perda de vagens, germinação das sementes no interior dos frutos e maior exposição das vagens aos fungos produtores de aflatoxina. Para as cultivares desenvolvidas pela Embrapa para a região Nordeste do Brasil, a colheita é iniciada entre 85 e 110 dias, dependendo da sua precocidade. Após essa etapa, as plantas são enleiradas para secagem de modo a reduzir a umidade das sementes. O despencamento das vagens é manual e ocorre quando elas estão completamente secas (secagem natural), com cerca de 8% a 10% de umidade (BOLONHEZI et al., 2013) ou no caso mecânico, quando os grãos atingirem cerca de 14% de umidade (ou inferior a 16%). Nas pequenas propriedades nordestinas, a secagem é frequentemente realizada em terreiro, deixando-se as plantas expostas ao sol por, pelo menos, três a cinco dias seguidos. Uma vez efetuado o despendoamento das vagens, o amendoim em casca é transportado por caminhão do campo até a indústria de extração de óleo o mais rapidamente possível para evitar a sua contaminação por aflatoxina.

Figura 160. Arrancador-enleirador usado na colheita do amendoim. Foto: Arquivo da MIAC –Máquinas Agrícolas. ISBN 978-85-67494-25-8


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EXTRAÇÃO DO ÓLEO Recepção das vagens na unidade extratora – Na recepção ocorre uma amostragem da carga de vagens, por uma sonda pneumática, sendo retirados 30 kg de vagens por caminhão em três pontos aleatórios (Figura 161). Da amostra, são realizadas as análises de rendimento, umidade, impurezas e aflatoxina, evitando assim o desenvolvimento dos fungos trazidos do solo, na lavoura. O pagamento do lote é determinado por essas análises, sendo descontados os valores conforme o aumento de cada um destes índices. Quanto ao índice de aflatoxina, quando o lote apresenta o teor superior a 20 μg/kg, então seu destino é para produção de óleo industrial, por exemplo como sabão e não alimentação (BRASIL, 2003).

Figura 161. Caminhão carregado de amendoim em vagens na unidade de beneficiamento e realizando amostragem do produto. Foto: Rafael Marani Barbosa

Uma vez feita a pesagem da carga à granel, é realizada as análises obrigatórias para a aceitação/rejeição e classificação do amendoim e posterior armazenagem. Geralmente os atributos de qualidade do amendoim, medidos pela indústria ou cooperativa na recepção do produto, são o índice de aflatoxina e taxa de umidade.

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Unidade de pré-limpeza - Em seguida, o amendoim deve passar pela unidade de prélimpeza, onde o produto é descarregado na moega. Por meio de um elevador mecânico, as vagens são transportadas para uma peneira classificadora e vibradora, que fica submetida a um mecanismo de turbulência de ar, cuja finalidade é a eliminação dos materiais estranhos contidos no produto (pedra, areia, material orgânico em forma de casca, folhas etc). Em uma peneira vibratória onde são retidos pedaços de ramos e folhas, terra e as vagens caem na carreta de secagem. Em seguida, as vagens são encaminhadas para a secagem artificial (Figura 162).

Figura 162. Unidade de pré-limpeza das vagens de amendoim do fabricante Scott Tech. Foto: Vicente de Paula Queiroga

Secagem Artificial - O produto que vem do campo em sacos ou a granel, dependendo do volume colhido e também da modernidade da unidade extratora, deve ser secado artificialmente em carreta secadora. Quando se trata de uma miniusina, a secagem natural é realizada com as vagens espalhadas sobre uma lona plástica. É importante destacar que o uso de secadores artificiais, a partir de 1999, impulsionou a produção de amendoim no Brasil, pois permitiu controlar a ocorrência de aflatoxinas.

As vagens são enviadas para o secador. A secagem pode ser feita em carreta secadora, que possui fundo vazado para permitir a circulação de ar (Figura 163). Nesse sistema de

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secagem, o ar quente, com umidade relativa de 50 a 60%, é insuflado na parte lateral da carreta e, por uma canaleta e no interior, passa de maneira ascendente pela massa de vagens. Cada carreta comporta cerca de 250 sacas de 25 kg de amendoim em vagem (6 ton). Para um melhor desempenho da operação artificial, o amendoim deve estar com umidade entre 16 a 18% nos grãos. O tipo de agente de secagem é o diesel que fica armazenado em um cilindro de aço posicionado na extremidade do secador. Sua queima irá aquecer o ar ambiente que é insuflado pelo ventilador sobre o leito de secagem. A baixa umidade do ar, ao entrar em contato com as vagens, retira o excesso de umidade das mesmas. A temperatura de secagem deve ser iniciada com 35°C e, gradativamente, ser aumentada sem ultrapassar 38 ºC - 40 ºC, para que as qualidades químicas e o sabor do amendoim não se alterem, além de evitar quebra dos grãos durante o beneficiamento posterior à secagem. O tempo gasto na secagem depende da umidade inicial do produto.

Figura 163. Detalhe do funcionamento da carreta secadora com um fundo vazado na parte inferior por onde é injetado o ar para o ajuste do teor de água das vagens de amendoim. Fotos: Arquivo da Coplana, SP e Inácio José de Godoy. ISBN 978-85-67494-25-8


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O sistema de secagem diretamente em carreta permite maior agilidade nas operações e maior controle do processo em função das condições de cada lote. Para determinar o momento de interromper a secagem, são realizadas amostragens no secador em três pontos durante o período de 20 a 24 horas de secagem, até atingir 8% de umidade nos grãos, sendo o índice 9% para grãos e de 11% para vagens, índice exigido para armazenamento das vagens na legislação vigente (BRASIL, 2003).

Segunda pré-limpeza de vagens secas - Após a secagem, as vagens estão prontas para a segunda fase de limpeza. Ou seja, outra descarga do material é feita na moega e, através de um elevador, as vagens são colocadas novamente na máquina de pré-limpeza e, por meio de um mecanismo de turbulência e peneira, se eliminam o material fino e as impurezas contidas no lote. As vagens selecionadas podem ser transportadas para o depósito onde se armazena o produto natural limpo em embalagens de sacos de 25 kg (ou big bags; Figura 164) ou podem ser encaminhadas diretamente para o processo de descascamento.

Figura 164. Ensacamento de amendoim com casca em embalagens big bags para armazenamento e comercialização. Foto: Arquivo da Coplana.

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Descascamento do amendoim – Trata-se de um equipamento simples e de baixo custo, formado por um tambor dentro do qual gira um eixo ondulado que, ao introduzir as vagens de amendoim por um alimentador, irá esfregar e descascar, expulsando assim as cascas dos grãos e, por gravidade, ambos vão cair numa peneira (Figura 165). Essa armação com peneira, localizada na parte inferior, tem por objetivo separar as cascas das sementes. A Segunda máquina requer uma alimentação manual continuo de vagens e tem a capacidade de produzir 500 kg/h de grãos, a qual descasca através da sua fricção na parte interna do equipamento e por meio da ventilação, as cascas fragmentas são expelidas por uma boca superior e os grãos mais pesados são descarregados pela boca inferior.

Figura 165. Diferentes descascadoras de amendoim. Foto: Arquivo da Alibaba.

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Mesa de Gravidade - Os equipamentos que separam os grãos pela densidade, como a mesa de gravidade, têm sido amplamente usados na indústria extratora de óleo já que melhoram a qualidade ao retirar do lote grãos danificados, chocos, perfurados por pragas, partidos ou trincados, doentes, ou outros materiais indesejáveis que são geralmente leves do que os grãos bons. As pesquisas têm evidenciado que a inclusão da mesa gravitacional na linha de beneficiamento é vantajosa para o aprimoramento da qualidade dos grãos ou sementes de amendoim (Figura 166).

Figura 166. A operação na mesa de gravidade seleciona e melhora a qualidade dos grãos ou sementes de amendoim.

Secagem Natural de grãos ou artificial - Uma vez secados ao sol e atingindo a umidade máxima de 5-6%, os grãos de amendoim ainda aquecidos (quentes) devem ser conduzidos imediatamente para o setor de prensado, visando obter um maior rendimento no processo de extração de óleo. Também se obtém assim um produto de melhor qualidade (amarelo ouro) e com maior vida de prateleira. Recomenda-se não realizar extração de óleo em dias nublados, pois o rendimento de extração de óleo é baixo, exceto no caso de a unidade processadora dispor de um sistema artificial de secagem. Nesse caso para não comprometer o sabor, os grãos já com umidade entre 8% a 10% poderão ser submetidos a temperatura de 38 ou até 40ºC da carreta secadora (Figura 163) ou utilizando outros modelos de secadores (Figura 167), buscando assim reduzir a umidade dos grãos para 5% a 6%. Imediatamente, o material com baixa umidade deve ser prensado na unidade de extração de óleo.

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Figura 167. Distintos tipos de secador artificial utilizado no processo de secagem dos grãos. Extração do óleo de amendoim – O óleo de amendoim é convencionalmente extraído por prensagem mecânica. A prensagem mecânica é um processo menos eficiente, mas com óleo mais pesado, levando a baixa recuperação de óleo (rendimento de 45%; Figura 168). A prensa contínua ‘Expeller” é formada por barras em montagem circular próximo ao final da rosca, por onde flui o óleo expulso da torta. No final da rosca, por um espaço anular variável entre o eixo da rosca e o corpo da prensa sai a torta (Figura 169).

Figura 168. Extrusora YZS-100 de extração do óleo de amendoim.

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Figura 169. A estrutura da prensa contínua ‘Expeller é composto por um alimentador, caixa de engrenagem, câmara de prensagem, eixo do parafuso e o suporte da máquina.

Por outro lado, a verticalização da produção de amendoim é mais procurada por pequenas comunidades de agricultores familiares. Portanto, uma miniusina de extração de óleo poderá ser instalada na associação ou cooperativa dos produtores de amendoim, de acordo com as normas de vigilância sanitária, onde serão implantados os equipamentos: miniprensa (Figura 170) e filtro da prensa. Antes de definir instalar a unidade extratora de óleo, recomenda-se realizar um estudo econômico do mercado das grandes cidades mais próximas a ela, levando-se em conta as dificuldades de distribuição e venda do óleo, impostas pelo mercado.

Figura 170. Unidade de extração de óleos vegetais (amendoim, gergelim, girassol, etc) da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Familiares de Lucrecia, RN (COAFAL). Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

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O óleo extra virgem é obtido por prensagem a frio numa sala com apenas iluminação indireta do ambiente externo, utilizado uma prensa do fabricante Ecirtec ou Scott Tech, ambas empresas de São Paulo. Dependendo do modelo do equipamento, o seu rendimento médio de extração de óleo a frio pode variar de 30% a 45% (Figura 171). Para conservar melhor todas as propriedades químicas naturais do óleo, deve-se realizar seu envase em embalagem de vidro escuro (frasco âmbar). Embalagens transparentes de vidro e de plástico, usados pelos fabricantes, alteram as características do produto.

Figura 171. Prensa de extração de óleo de sementes de amendoim do fabricante Ecirtec com rendimento entre 30% a 35%, equipamentos pertencentes ao patrimônio da Embrapa Algodão. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Por outro lado, o equipamento do fabricante Scott Tech de Vinhedo SP tem capacidade de processar 100 quilos de matéria prima por hora, rendimento de 44% de óleo extravirgem e poderá extrair 20 litros de óleo de amendoim por hora, o qual é envasado em garrafa de vidro (QUEIROGA et al., 2014; Figura 172).

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Figura 172. Prensa e filtro de extração de óleo de amendoim do fabricante Scott Tech de Vinhedo, SP com rendimento entre 40 a 45%. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

Filtragem do óleo - O óleo obtido por prensagem sempre arrasta resíduos que tendem a turvar o óleo. A separação deste material pode ser por sedimentação ou por filtragem. A filtragem tem a finalidade de retirar os resíduos que estão misturados com o óleo. No tipo de equipamento empregado, o óleo passa através de uma série de filtros (10), feitos de tecido grosso. Em cada filtro, vai sendo retirada uma borra, composta pelos resíduos do óleo. Esse filtro de prensa é do tipo placas verticais, com 6 placas e 7 quadros, fechamento mecânico manual, bica recolhedora e bandeja para retenção de finos. Também acompanha uma bomba para alimentação e motor de 0,33 CV (Figura 173). Dependendo da qualidade ISBN 978-85-67494-25-8


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dos grãos empregados (natural sujo de campo) e do grau de impureza do óleo, pode ser feita uma ou mais etapas de filtragem (QUEIROGA et al., 2007).

Figura 173. Filtros de prensa de porte médio utilizados na extração do óleo dos grãos de amendoim. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

O óleo extraído do equipamento sai quente, sendo recomendado esfriá-lo à temperatura ambiente para facilitar sua clarificação. Deve-se deixar por 24 horas o óleo decantar e conservar o mesmo dentro de um vidro lacrado em um local fresco. Esse óleo escuro que sai da prensa contém muitas impurezas, com resíduos de cascas e endospermas dos grãos de amendoim. Por isso, deve ficar em repouso, para sedimentar essas impurezas (Figura 174). O repouso é importante, pois aumenta a eficiência da etapa seguinte: a filtragem. Uma alternativa para os produtores das comunidades rurais é utilizar um pano grosso para fazer a filtragem do óleo que passou pelo processo de sedimentação (repouso).

Figura 174. Depósito de aço inoxidável usado na sedimentação do óleo extraído dos grãos de amendoim pela prensa de extração. ISBN 978-85-67494-25-8


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Amostragem do óleo em laboratório - A análise da amostra de óleo de amendoim em Laboratório é a última fase do processo de extração, porque determina a qualidade final do produto e define ou não sua comercialização para o mercado. As amostras tiradas de cada tambor são armazenadas para a realização das respectivas análises de peróxido e acidez em 4 repetições por cada teste (Figura 175). Uma vez concluído essa operação, realiza-se a etiquetagem das garrafas indicando no rotulo o índice de peróxido e acidez.

Figura 175. Tambor especial (aço inoxidável) para alimento com logomarca da empresa usado para encher com óleo de amendoim.

Engarrafamento do óleo - O processo de engarrafamento se divide em quatro etapas. A primeira consiste no processo de lavagem, esterilização e secagem das garrafas, que em seguida seguem para a etapa de envasamento, onde acontece o enchimento das garrafas. A terceira etapa é a colocação de rótulo e selo na superfície externa da garrafa, e por último as garrafas são colocadas em caixas para distribuição ou comercialização local. Nessa etapa, alguns resíduos e efluentes gerados podem ser apontados como aspectos ambientais relevantes. Os efluentes gerados no processo são a água utilizada na assepsia dos recipientes e as soluções contendo detergente. Também são gerados, rótulos de papel, tampinhas de garrafa, restos de cola, cacos de vidro, etc (SEBRAE, 2001).

O óleo deve ser envasado em recipientes novos, mesmo assim é necessário submetê-los ao processo de esterilização. Atualmente, os materiais permitidos são: vidros, lata de alumínio e garrafa pet. A capacidade de cada embalagem não pode ser maior de 1 litros e não é permitido usar embalagem com marcas que não sejam de propriedade do Produtor Autorizado ou ser um envasador aprovado nos términos das normas oficiais. No entanto, ISBN 978-85-67494-25-8


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o óleo de amendoim bruto normalmente contém um número de impurezas. Assim, para óleo comestível, o óleo de amendoim prensado precisa ser enviado para o processo de refinação. Recomenda-se colocar em frasco de 473 mL (Figura 176).

Figura 176. Óleo refinado de amendoim orgânico obtido por temperatura elevada. Foto: Arquivo da Spectrum.

O óleo refinado é considerado como um dos mais finos óleos disponíveis no mercado. O óleo de amendoim refinado é usado comumente, não somente na indústria do processamento dos alimentos, mas também em numerosas aplicações como na indústria farmacêutica e de cosméticos. As etapas para a obtenção do óleo refinado de amendoim ISBN 978-85-67494-25-8


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são: degomagem; neutralização ou refinação alcalina; branqueamento ou clarificação; winterização e desodorização.

Além do óleo refinado, existem vários tipos de óleo de amendoim, incluindo: óleo de amendoim torrado aromático, extra virgem ou óleo de amendoim prensado a frio e extrato de amendoim. Nos Estados Unidos, o óleo de amendoim refinado está isento de leis de rotulagem de alergênicos. O óleo de amendoim é muitas vezes usado no cozimento, uma vez que tem um sabor suave e uma relativamente elevada ponto de fumo (esfumaçar). Devido ao seu elevado teor de mono-insaturado, é considerado mais saudável do que os óleos saturados, e é resistente ao ranço.

O óleo de amendoim - É considerado um dos principais óleos na dieta humana. As sementes de amendoim contêm 27-29% de proteína e 45-50% de óleo. Desse total, cerca de 50% é de gorduras monoinsaturadas, 33% de poli-insaturadas e 15% de gorduras saturadas. Uma colher do óleo (13 ml) fornece 119 calorias, 4.321 mg de ácidos graxos poli-insaturados do tipo ômega 6, 2.1 mg de vitamina E e 0.1 mcg de vitamina K. Seu óleo oferece vários benefícios para a saúde, além de ser uma fonte mais saudável de gordura. O óleo de amendoim serve para reduzir as dores da artrite reumática, tonificar a pele e o cabelo, baixar o colesterol e bloquear a ação dos radicais livres. Como não tem sabor muito acentuado, pode ser utilizado para massagens, frituras, temperar saladas, finalizar pratos e até mesmo para substituir a manteiga em receitas de doces ou salgadas.

Outa vantagem do óleo de amendoim é que custa frequentemente menos do que o azeite de oliva, embora contenha a maioria dos mesmos nutrientes e forneça praticamente os mesmos benefícios. O uso desse óleo representa uma escolha econômica sábia, assim como uma escolha saudável de alimento. Ao comprar óleo de amendoim, observe se as embalagens indicam "100% de óleo de amendoim", principalmente quando se deseja obter o máximo de benefícios para a saúde humana, tais como: baixa o colesterol, diminui a pressão de sangue, ajuda na perda de peso e diabéticas (Figura 177).

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Figura 177. Óleo de amendoim e seus beneficios para a saúde humana. Foto: Empresa Interoleos.

Extração de óleo a quente. No mercado virtual, encontram-se várias marcas de máquinas elétricas de extração de óleo, tipo bancada, que permitem ajuste automático do dispositivo de extração para quente ou para frio (natural), pois o equipamento é dotado de um termostato de aquecimento (potência 400W) e capacidade operacional para 30 kg de grãos por hora. Estima-se um rendimento de extração de 2,5 a 3,5 kg de grãos para se obter 0,8 a 1 kg de óleo. Essa máquina automática de extração de óleo é utilizada para várias espécies oleaginosas, principalmente para os grãos de amendoim (Figura 178).

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Figura 178. Máquina de extração de óleo de grãos de amendoim com ajuste automático para quente e frio (natural).

Biodiesel - O óleo de amendoim, juntamente com os outros óleos vegetais, vem sendo estudado para a utilização como biocombustíveis em motores diesel, seja só ou em mistura com o óleo diesel, com resultados promissores (MELLO et.al., 2006). Esse óleo (Figura 179), como os demais de origem vegetal, apresenta densidade próxima ao combustível empregado tradicionalmente, porém com poder calorífico pouco menor, e fazem parte do Programa Nacional de Produção e Uso de Biocombustível, que estabeleceu a obrigatoriedade (Lei 11.097 de13/01/2005) da adição de 2% de biocombustível ao diesel a partir de 2008 e com elevação para 5% em 2013.

Figura 179. Esquematização da produção de biodiesel a partir do óleo de amendoim (viscosidade dada em cST - centistokes).

Deve-se considerar ainda a grande diversidade de opções de oleaginosas para produção de biodiesel, tais como a Elaeis Guineensis N. (dendê) e Orbignya phalerata (babaçu) no norte, Glycine max (soja), Helianthus annuus (girassol) e Arachis hipogaea (amendoim) nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, e no semiárido nordestino, Ricinus communis ISBN 978-85-67494-25-8


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(mamona), Jatropha curcas L. (pinhão manso). Destacam-se também como alternativa às demais regiões do país, além destas, as oleaginosas Mauritia flexuosa L. (buriti), Caryocar brasiliense Camb (pequi), Crambe Hochst Abyssinica (crambe), Licania rigida Benth (oiticica), Sesanum indicum (gergelim), Carapa guianensis Aubl (andiroba), dentre outras oleaginosas, vem sendo investigadas em suas propriedades físico-químicas, reológicas e de resistência a degradação térmica e oxidativa, direcionadas a produção de biocombustível (ROCHA, 2007).

A produção de biodiesel é uma oportunidade tecnológica e estratégica para o Brasil, tendo em vista que o País possui em abundância espécies vegetais de onde se extraem óleos, matérias primas necessárias para a produção desse combustível, que já tem na produção de álcool de cana-de-açúcar um excelente exemplo nesse aspecto (HAAS et al., 2001).

PRODUTOS À BASE DE AMENDOIM PARA PEQUENAS AGROINDÚSTRIAS

O primeiro passo para a agroindustrialização do amendoim é a limpeza e classificação dos grãos e o processo mínimo antes do consumo humano que consiste em dois tratamentos tradicionais: o descascamento e/ou torragem ou cozimento, visando à melhoria da digestibilidade e do sabor. Vale lembrar que embora cozinhar os alimentos melhore a qualidade nutricional das leguminosas, mas o aquecimento prolongado resulta em decréscimo na qualidade da proteína e perda de vitaminas e minerais. Na realidade um dos maiores benefícios do cozimento dos grãos é a destruição da protease, inibidor que interfere na digestibilidade. Alguns equipamentos que poderão compor a agroindústria para facilitar os trabalhos de preparação de receitas de amendoim, tais como: torração, despeliculação, trituração, processamento e de revestimento de grãos (Figuras 180 a 184).

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Figura 180. Diferentes modelos de máquinas torradoras de grãos de amendoim. Fotos: Arquivo da Alibaba.

Figura 181. Diferentes modelos de máquinas despeliculadoras de grãos tostados de amendoim. Fotos: Arquivo da Alibaba. ISBN 978-85-67494-25-8


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Figura 182. Moinho triturador facilita o processo de cozimento e de extração de óleo, quebrando a semente de amendoim em partes menores (maior rendimento de óleo).

Figura 183. Diferentes modelos de máquinas processadoras de grãos para fazer manteiga de amendoim (8,4 litros). Foto: Arquivo da comercial Xeoleo.

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Figura 184. Máquina de revestimento de amendoim com chocolate, pasta quente de amendoim e para confecção do amendoim japonês.

Após esta etapa dos equipamentos auxiliares, segue-se o preparo de algumas das formulações / receitas, tais como:

Despelicular o amendoim ou branquear

O processo consiste em eliminar o tegumento (exemplo: cor vermelha) do grão de amendoim através de processo seco, úmido e mecânico. Durante o processo seco, os grãos são aquecidos durante 25 minutos na temperatura de 139ºC e logo, mediante fricção dos grãos, se tira o tegumento. Para o processo úmido, os grãos passam por uma peneira de arame, a qual irá cortar levemente o tegumento. Em seguida, o tegumento é eliminado mediante um jacto de água morna e, de imediato, o amendoim deve ser secado até 5% de umidade. Ao passar os grãos entre os rolos pequenos e o rolo grande central da máquina (Figura 181), é eliminado o tegumento do amendoim (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000).

Tostar o amendoim

Para tostar o amendoim a 150ºC de temperatura, os grãos devem ser imergidos por um tempo curto dentro do óleo de soja ou amendoim. Enquanto o amendoim em cascara se tosta em tambores durante 40-60 minutos a uma temperatura de 160ºC. As temperaturas mais elevadas deverão ser evitadas, caso contrário pode evaporar o óleo dos grãos para a ISBN 978-85-67494-25-8


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casca, consequentemente a vagem adquirirá uma coloração bastante escura (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000).

Amendoim salgado

INGREDIENTES

- 500 g de amendoim torrado - 3 colheres de chá de sal - 5 colheres de sopa de água - 3 colheres de sopa de óleo de amendoim ou gordura vegetal hidrogenada suficientes para misturar-se ao amendoim

PREPARO

Aqueça numa panela aberta o óleo de amendoim ou gordura vegetal hidrogenada e misture o amendoim até conseguir que o óleo esteja passando uniformemente por todos os grãos e os aqueça; em seguida acrescente o sal distribuindo uniformemente. Tire, do fogo e deixe esfriar. Retire o excesso de sal por peneiramento caso ocorra.

Bolo de amendoim

INGREDIENTES

- 200 g (1 pacote) de manteiga - 2 xícaras de açúcar - 1 pitada de sal - 5 ovos - 1 colher das de sopa de fermento em pó - 3 xícaras de farinha de trigo peneirada - 1 xícara de amendoim torrado e moído

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PREPARO

Bata a manteiga com o açúcar e o sal, até obter um creme leve e esbranquiçado. Acrescente os ovos, um de cada vez, sempre batendo Peneire a farinha de trigo com o fermento em pó, junte-os à massa, adicionando, por último, o amendoim moído. Misture bem tudo. Despeje em um tabuleiro untado com manteiga ou margarina; espalhe por igual. Asse em forno moderado por aproximadamente 40 minutos. Assim que estiver bem assado, tire-o do forno. Obs. Esta receita de bolo pode ser confeccionada em forminhas menores e comercializado em mercados e supermercados e repassados para fornecimento da merenda escolar. Pode também receber algumas gotas de chocolate e ser comercializado como um similar de “muffin”, muito apreciado pelos jovens e com excelente apelo visual.

Manteiga de amendoim

INGREDIENTES

500 g de amendoim torrado e descascado (com ou sem as peles) 1 colher (café) de sal

PREPARO

Coloque os ingredientes no liquidificador ou triturador (Figura 185) ou pilão, misture até formar uma pasta (aproximadamente 5 a 10 minutos). Inicialmente o amendoim é triturado, depois passa por farinha fina e, no final, o preparado se transformará em pasta. Se necessário, pare a máquina e use uma espátula de borracha ou plástico para raspar a mistura dos lados do recipiente e atrás, em contato com as lâminas. Continue misturando até alcançar a consistência desejada.

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Figura 185. Máquina de processamento de manteiga de amendoim e seu envasamento em vidro (210 g).

Manteiga de amendoim (outra receita)

INGREDIENTES

500 g de amendoim torrado, sem casca e sem pele 150 ml de óleo vegetal 1 colhe de sopa de açúcar mascavo

PREPARO

- Bata o amendoim torrado e sem pele no liquidificador até ele ficar totalmente moído, em grãos muito pequenos - Misture lentamente o óleo vegetal. Vai ser necessário parar o processo de mistura no meio para mexer com uma colher o amendoim que já estará dentro do liquidificador, pois ele tende a se acumular nos cantos e embaixo, dificultando a mistura com o óleo vegetal - Após misturado o amendoim com o óleo vegetal, misturar o açúcar mascavo. Pode ser misturado no liquidificador ou à mão, já dentro do pote em que será guardado para ser consumido. ISBN 978-85-67494-25-8


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Amendoim confeitado doce

INGREDIENTES

1 copo (americano) de água 1 copo (americano) de açúcar cristal ou triturado 1 copo (americano) de amendoim cru descascado.

PREPARO

Nas mesmas porções: 01 parte de amendoim, 01 parte de água e 01 parte de açúcar. Coloque tudo junto numa panela de preferência bem aberta, como um tacho e leve ao fogo. Quando estiver açucarando salpique água que o amendoim soltará e ficará no ponto. Imediatamente retire da panela e despeje em um vasilhame ou tabuleiro ou numa mesa. Espere esfriar, solte com as mãos algum “bolo” que tenha ficado junto e embale preferencialmente em saquinhos de papel ou em saquinhos de “dindin” ou de papel branco.

Bala de amendoim

INGREDIENTES

2 xícaras de açúcar 1 xícara de mel ½ xícara de amendoim torrado e picado Margarina para untar

PREPARO Colocar o açúcar com o mel em uma panela, para cozinhar até o ponto de quebrar. Despejar em uma forma untada e espalhar por cima o amendoim picado. Quando estiver morna e puder manusear, enrolar a massa sobre si mesma e puxe-a, dobre-a e torne a puxá-la, repetindo essa operação até esfriar. Formar um rolo e cortar as balas com uma tesoura untada com margarina. ISBN 978-85-67494-25-8


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Salgadinho de amendoim INGREDIENTES

½ kg de farinha de trigo 250g de margarina 1 xícara de chá de amendoim torrado e moído Sal a gosto PREPARO Ao amendoim torrado e moído, misturar bem os demais ingredientes e abrir a massa. Fazer as bolinhas e decorá-las colocando um grão torrado inteiro no centro do salgadinho. Assar em forno quente.

Amendoim achocolatado

INGREDIENTES

½ kg de amendoim sem tegumento 2 xícaras (chá) de açúcar cristal 1 xícara (chá) de água 1 colher (chá) de pó royal – fermento 1 colher (sobremesa) de achocolatado ou chocolate em pó.

PREPARO

Colocar os ingredientes em uma panela para cozinhar e quando a massa fica bastante pastosa, acrescenta o amendoim descascado. Durante todo tempo, usar uma espátula de plástico para misturar os componentes. Quando estiver açucarando salpique água que o amendoim soltará e ficará no ponto.

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Amendoim cozido

INGREDIENTES

-Amendoim com casca colhido imaturo - Sal -Água

PREPARO

Colocar uma panela com água e sal no fogo e, quando quente, adiciona o amendoim colhido imaturo (70 dias DAS; Figura 186). Deixa então o amendoim com casca ser cozido por um determinado tempo.

Figura 186. Amendoim colhido imaturo (ainda verde) para ser cozido, sendo um produto tradicional para os consumidores nordestinos. Foto: Daniel Franco Goulart.

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Óleo de amendoim

Como conseguir fazer seu próprio óleo de amendoim em casa.

INGREDIENTES •

3 xícaras de amendoim sem casca (preferencialmente orgânicos);

3 colheres (de sopa) de água morna.

PREPARO

-Descasque os amendoins e limpe-os cuidadosamente com água morna; -Coloque os amendoins no liquidificador com as três colheres de água levemente aquecida; -Bata bem, até obter uma mistura homogênea; -Coloque a mistura em uma tigela e cubra. Leve à geladeira por 24 horas, a fim de deixar o óleo se separar e subir; -Retire o óleo da tigela e coloque em uma peneira sobre uma tigela; -Após ter separado o óleo dos demais componentes do amendoim, guarde-o em um vidro com tampa; -Essa receita de óleo de amendoim rende 1 xícara e deve ser mantida no refrigerador (Figura 187); -Se preferir, utilize a parte sólida da mistura para fazer pasta de amendoim (alimento riquíssimo em proteínas).

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Figura 187. Óleo de amendoim de sementes orgânicas. Foto: Arquivo da Empresa Mundo Boa Forma.

Kabukim israelense de amendoim

Os amendoins revestidos crocantes, chamados de kabukim em hebraico e de origem obscura, são usados como um lanche popular em Israel. Os kabukim são comumente vendidos em peso nas lojas específicas, onde as nozes e as sementes frescas são vendidas, embora também possam vir embaladas (Figura 188). O revestimento tipicamente consiste em farinha, sal, amido, lecitina e, às vezes, sementes de gergelim. Um tipo adicional de amendoins crocantes revestidos, popular em Israel, é chamado ”peanuts americanas” (Figura 189). Seu revestimento é mais fino, além de ser mais difícil de quebrar ou rachar.

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Figura 188. Amendoins revestidos crocantes com e sem coberturas de sementes de gergelim despeliculadas, chamados de kabukim em hebraico e vendidos nas lojas israelenses.

Figura 189. Amendoins crocantes revestidos, popular em Israel, chamados de kabukim (camada grossa de revestimento sobre a semente sem pele de amendoim) e ”peanuts americanas” (camada fina de revestimento), sendo que os dois são muito semelhantes no gosto, mas têm algumas diferenças de forma e no seu crocante.

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Bamba Israelense com cobertura de manteiga de amendoim

Outro amendoim popular israelense, Bamba puffs, é semelhante em forma aos salgadinhos, mas são feitos de milho e aromatizado com manteiga de amendoim (Figura 190). Seu processo de fabricação consiste: Os grãos de milho são "estourados" sob alta pressão, transformando-os em longas filas de bamba branca, inchada e sem sabor. Essas linhas são cortadas em nuggets e, em seguida, movidas para uma câmara de secagem onde são assadas no ar quente por 20 segundos, o que lhes dá uma textura crocante. A manteiga de amendoim , importada da Argentina , é adicionada no final. Através de tambor rotativo, o operador derrama uma jarra cheia de manteiga de amendoim na forma líquida e, à medida que o tambor gira, os nuggets são revestidos. O Bamba quente é então movido ao longo de uma correia transportadora para esfriar antes da embalagem.

Figura 190. Bamba puffs israelense com revestimento de pasta de amendoim.

Resveratrol em amendoim

Em 1976, Ingham, citado por Chen et al. (2002), identificou pela primeira vez o resveratrol no amendoim, analisando hipocótilos infectados por fungos. Estudos posteriores mostraram o acúmulo de resveratrol também em diferentes partes da planta em resposta à infecção fúngica, como em cotilédones em diferentes estágios de ISBN 978-85-67494-25-8


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maturidade em resposta à agressão mecânica, em calos em resposta à luz ultravioleta-C, e em raízes, comparando as estações de outono e primavera (FRITZEMEIER et al., 1983; ARORA; STRANGE, 1991; CHEN et al., 2002).

A raiz foi a parte da planta que apresentou maior teor deste composto, provavelmente devido ao maior contato com patógenos, como também ao atrito entre o tecido vegetal e o solo durante o crescimento (CHUNG et al.; 2003). Chen et al. (2002) encontraram teores elevados em raízes, variando entre 0,130 e 1,330 mg/g para amostras do outono de 2000 e entre 0,015 e 0,063 mg/g para amostras do inverno de 2001. Ao comparar os produtos de amendoim comercializados nos Estados Unidos da América, Sobolev e Cole (1999) encontraram teores de resveratrol variando entre 0,02 e 0,08 μg/g para produtos torrados; 0,15 e 0,50 μg/g para cremes (Figura 191), e 0,05 a 7,87 μg/g para os produtos cozidos. A substância resveratrol, que contém no amendoim, é idêntica à encontrada no vinho tinto, que ajuda a proteger o sistema cardiovascular.

Figura 191. Amendoim e a manteiga feita com o alimento (de forma natural e não a versão industrializada) também são consideradas boas fontes de resveratrol.

Luteolina (Bioflavonóides)

A luteolina (ou extrato de casca de amendoim), é uma molécula que ocorre naturalmente, sendo conhecida como bioflavonóides, muitas vezes encontrada em alimentos como salsa, folhas de alcachofra, aipo, pimentas, azeite de oliva, alecrim, limões, hortelã, sage e muitos outros. Esse estrato em pó fino de cor amarelo (98% de luteolina) ou suprimento ISBN 978-85-67494-25-8


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alimentar tem um importante papel no corpo humano como: antioxidante, limpador do radical livre, agente na prevenção da inflamação, promotor do metabolismo de carboidratos, e modulador do sistema imunológico (Figura 192). As informações estão disponíveis em: file:///C:/Users/m173236/Desktop/Alta%20qualidade%20da%20casca %20de%20amendoim_98%25%2099%25%20Luteolina%20em%20%C3%93leo%20es sencial%20de%20Beleza%20&%20Sa%C3%BAde%20no%20AliExpress.com%20_% 20Alibaba%20Group.htm.

Figura 192. Pó de luteolina a base do extrato de casca de amendoim. Foto: Arquivo da Alibaba.

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CAPÍTULO 7

AGRICULTURA ORGÂNICA E CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS ORGÂNICOS

(Autores) Vicente de Paula Queiroga Francisco de Assis Cardoso Almeida Ênio Giuliano Girão Esther Maria Barros de Albuquerque

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DEFINIÇÕES DE AGRICULTURA ORGÂNICA

Existem diferentes definições de agricultura orgânica, entre as quais se apresentam as seguintes: A agricultura orgânica proíbe o uso total de pesticidas, pois seu princípio se baseia na aplicação de adubos orgânicos e nas práticas agrícolas que são planejadas para restabelecer e manter um balanço ecológico da biodiversidade (PEREZ; LANDEROS, 2009). Espinoza et al. (2007) afirmam que a agricultura orgânica é uma estratégia de desenvolvimento que visa mudar algumas das limitações encontradas na produção convencional e que, além de uma tecnologia de produção, é uma estratégia de desenvolvimento que se fundamenta não apenas no melhor manejo ou gestão da terra e de promover o uso de insumos locais, mas também por seu maior valor agregado e por permitir uma cadeia de comércio justo. Gomez et al. (2008) assinalam que a agricultura orgânica surgiu como uma alternativa para proteger o meio ambiente e as diferentes espécies de plantas e animais dos perigos da agricultura convencional ou moderna.

A agricultura orgânica se define melhor como aqueles sistemas holísticos de produção que promovem e melhoram a saúde do agroecossistema, incluindo a biodiversidade, os ciclos biológicos e a atividade biológica do solo. Além disso, esse sistema prefere o uso de práticas de manejo dentro da propriedade agrícola em lugar do uso de insumos externos, tendo em conta que as condições regionais dos produtores têm preferências pelos sistemas já adaptados às condições locais, o que se logra ao utilizar, possivelmente, métodos culturais, biológicos e mecânicos em oposição a materiais sintéticos para desempenhar qualquer função específica dentro do sistema (CODEX ALIMENTARIUS, 1999; GÓMEZ, 2000). A agricultura orgânica se refere mais a um processo do que a um produto, mas também significa simplesmente que esse produto deve ser ajustado às normas de produção preestabelecidas (QUINTERO; GIOANETTO, 2006). Assim sendo, há uma diferença considerável entre produção orgânica certificada e agricultura orgânica natural (ou agroecológica), pois a primeira baseia-se numa série de procedimentos agronômicos que descartam a utilização de agroquímicos, antibióticos, entre outros insumos da agropecuária moderna. Ademais, esse sistema produtivo deve rigorosamente passar por todo um processo de certificação, desde os insumos, manejo e gestão técnica da propriedade agrícola. Já a agroecologia, além da adoção de algumas práticas agrícolas, ISBN 978-85-67494-25-8


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aplica-se apenas estrume como fertilizante, total ou parcialmente, ou com a simples aplicação de bioinseticidas e/ou biofertilizantes, e envolve em seu contexto questões sociais, políticas e ideológicas.

Na abordagem anterior há ocasião que pode causar confusão aos produtores que esperam obter um elevado preço por sua colheita, quando unicamente aplicaram em seus sistemas de produção a prática da agricultura orgânica normal ou agroecológica, a qual em nenhum momento poderá receber um elevado benefício econômico, situação que poderá suceder quando se trata do segundo caso (orgânico certificado). É importante observar que também estão presentes no nosso país os dois tipos de produtores, aqueles que estão de acordo com a agricultura orgânica como sistema holístico e aqueles que o vê como um bom negócio, deixando de lado as questões ambientais; no entanto ambos os sistemas de produção são capazes de serem certificados. O termo “alimento cultivado organicamente” tem como princípios e práticas encorajar e realçar ciclos biológicos dentro do sistema de agricultura para manter e aumentar a fertilidade do solo, minimizar todas as formas de poluição, evitar o uso de fertilizantes sintéticos e agrotóxicos, manter a diversidade genética do sistema de produção, considerar o amplo impacto social e ecológico do sistema de produção de alimentos, e produzir alimentos de boa qualidade em quantidade suficiente (INTERNATIONAL FEDERATION OF ORGANIC AGRICULTURAL MOVEMENTS, 1998).

Desde 1990 a agricultura orgânica vem crescendo rapidamente, tanto em área cultivada como em número de produtores e mercado consumidor. O crescimento da agricultura orgânica se deve, principalmente, ao fato da agricultura convencional basear-se na utilização intensiva de produtos químicos e à maior consciência de parcela dos consumidores quanto aos efeitos adversos que os resíduos de produtos químicos podem causar à saúde. No entanto, o mercado de produtos orgânicos apresenta algumas dificuldades como a baixa escala de produção e, ainda, a necessidade do pagamento da certificação, fiscalização e assistência técnica que, diferentemente do sistema convencional, representam custos adicionais aos produtores (DAROLT, 2003). Mesmo diante de tais dificuldades, alguns estudos comparativos entre os sistemas orgânico e convencional mostraram que o sistema orgânico pode ser vantajoso e competitivo tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. ISBN 978-85-67494-25-8


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ASPECTOS GERAIS DA CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS ORGÂNICOS

A produção orgânica aplica numerosas práticas naturais para conservar os recursos naturais, promover o respeito à ecologia e preservar a vida do campo. Já a certificação permite a venda, apresentação e etiquetagem de produtos agrícolas como orgânicos no mercado, ou seja, marca a diferença entre um produto já certificado e um que é cultivado de forma convencional.

Portanto, a certificação de produtos orgânicos reveste-se de fundamental importância para a garantia da qualidade desse tipo de produtos, através do estabelecimento de um processo de confiança entre os agentes. Ou seja, “a certificação é um procedimento pelo qual se assegura, por escrito, que um produto, processo ou serviço obedece a determinados requisitos, através da emissão de um certificado. Esse certificado representa uma garantia de que o produto, processo ou serviço é diferenciado dos demais” (SOUZA, 2001).

HISTÓRIA Segundo a Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica – IFOAM, o sistema orgânico já é praticado em mais de uma centena de países ao redor do mundo, sendo observada uma rápida expansão, sobretudo na Europa, EUA, Japão, Austrália e América do Sul. Essa expansão está associada, em grande parte, ao aumento de custos da agricultura convencional, à degradação do meio ambiente e à crescente exigência dos consumidores por produtos “limpos”, livres de substâncias químicas e/ou geneticamente modificados (DAROLT, 2002).

A agricultura orgânica no Brasil surgiu na década de 70, principalmente por causa de insatisfações com o padrão tecnológico da “Revolução Verde”. Sua cadeia de distribuição se ampliou significativamente, mas trouxe como consequencia que seu produto estaria sujeito a passar por vários atravessadores e deveria viajar por quilometros antes de chegar a mãos do consumidor. Em tais circunstâncias, o consumidor necessitava saber se os produtos comprados eram realmente orgânicos. Tambem sucedia o efeito inverso, onde o produtor devia comprovar aos consumidores que estava fazendo uso de práticas orgânicas no seu sistema de produção. Para sanar tais problemas, nasce o processo chamado de certificação. ISBN 978-85-67494-25-8


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A certificação de produtos orgânicos no Brasil teve início em meados dos anos 80. Ocorreu então que em outubro de 1998, foi colocada em consulta pública as normas disciplinadoras para a produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade de produtos orgânicos, de origem vegetal ou animal, que resultou mais tarde na primeira norma brasileira para produtos orgânicos, a Instrução Normativa (IN) nº 7 de 17/05/1999 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), constando de 7 anexos: I – do período de conversão, II- adubos e condicionadores de solos permitidos, III – produção vegetal, IV- produção animal, Vaditivos para processamento e outros produtos que podem ser usados na produção orgânica, VI- da Armazenagem e do transporte, VII - da rotulagem (BRASIL, 2003). O Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (BR) foi regulamentado pela Lei 10.831 de 23 de dezembro de 2003, com base no Decreto 6.323 de 27 de dezembro de 2007 e as Instruções Normativas correspondentes. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é o proprietário e gestor deste esquema, em conjunto com o INMETRO, responsável pela acreditação dos organismos de certificação.

Os sistemas de certificação foram originalmente criados por agricultores e, até certo ponto, pelos comerciantes que participavam do mercado emergente de produtos orgânicos. Em um esforço para proteger seu mercado de fraude e para garantir a autenticidade do selo orgânico, os agricultores começaram a estruturar sistemas de autoregulação para assegurar que os alimentos orgânicos do mercado correspondiam com as técnicas ecológicas de produção e de preparação do solo, as quais dão seu significado ao termo orgânico (GOMEZ; GOMEZ, 2002; GONZALEZ; NIGH, 2005). A comercialização de produtos orgânicos envolve a inspeção e certificação dos métodos de produção utilizados, que são realizados principalmente por agências estrangeiras.

Conceito de Certificação Orgânica

Define-se como procedimento mediante o qual se garante que um determinado produto vegeta ou animal, os equipamentos e processos de produção cumpre as normas de um organismo regulador orgânico, sem causar danos ao meio ambiente (GUTIERREZ, 2011). Uma das finalidades da certificação é a capacidade de rastrear a origem do produto orgânico.

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As empresas ou organizações que certificam são chamadas de agências certificadoras e se ocupam do estudo das propriedades orgânicas, no que se refere as normas de produção, as quais não diferem muito dos princípios gerais em todo mundo. Essas agências podem ser estatais, privadas ou organizações sem fins lucrativos, como sucede com as Associações de Produtores ou Consumidores Orgânicos (GUTIERREZ, 2011).

Requisitos para a Produção Orgânica

Para se tornar um agricultor orgânico, é necessário que o candidato seja submetido a um rigoroso processo de investigação das condições ambientais do estabelecimento agrícola e de potencialidade para a produção. São considerados aspectos como o não uso de adubos químicos e agrotóxicos nos últimos três anos, a existência de barreiras vegetais quando há vizinhos que praticam a agricultura convencional, a qualidade da água a ser utilizada na irrigação e na lavagem dos produtos, as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores, o cumprimento da legislação sanitária e a inexistência de lixo espalhado pelo estabelecimento (DULLEY, 2003).

O produtor deve respeitar as normas durante todas as etapas de produção, desde a preparação do solo à embalagem do alimento, sempre preservando os recursos naturais (MIRANDA, 2001). O agricultor assina um contrato com uma certificadora que prevê a fiscalização da sua produção, de modo a garantir a rastreabilidade e a qualidade do produto a ser disponibilizado para o consumidor.

Etapas do Processo de Certificação

A certificação de produtos e processos orgânicos se realiza por toda uma série de etapas de campo e transmites administrativos, visando comprovar que efetivamente a produção, transformação e comercialização de produtos certificados têm respeitado um conjunto de regras, normas e procedimentos que estão em consonância com as práticas de produção orgânica (GARCIA et al., 2009).

Para identificar os produtos orgânicos no mercado competitivo, é necessário emitir um selo que certifique os processos, que é uma forma de garantir sua qualidade. Essa marca de certificação é um selo de certificação, símbolo ou logotipo que identifica que um ou ISBN 978-85-67494-25-8


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diversos produtos estão em conformidade com as normas oficiais de produção orgânica (SANTOS; MONTEIRO, 2004). Os selos nos produtos orgânicos estabelecem uma taxa por seu uso, a qual em sua maioria dos casos oscila 0,5 e 1,5% do total das vendas. Sua vantagem irá depender do prestigio da certificadora no mercado orgânico.

Antes de escolher uma agência certificadora, o produtor solicitante deve saber a que países ou mercados deseja vender seu produto. Deve-se eleger um organismo de certificação que conta com a acreditação para certificar os produtos com os diferentes programas. Esse programa de certificação permite aos produtores brasileiros com certificados, por exemplo no ato da matrícula com o IBD (Instituto Biodinâmico; Figura 193), comercializar seus produtos tanto no mercado interno como em outros países. É possível escolher ser certificado com normas dos Estados Unidos ou com o regulamento da Europa ou de outro país como Japão. Também existe a opção de ser certificado em mais de um programa ao mesmo tempo, levando-se em conta que haverá aumento da tarifa, mas teria como vantagem a possibilidades de diversificação de mercado (GUTIERREZ, 2011; IBD, 2016).

Figura 193. Selo da agência certificadora IBD. Foto: Arquivo do IBD.

1). Atender a todas as certificações orgânicas feitas pelo IBD Certificações no mercado interno e é usado em conjunto com o selo de produtos orgânicos do Brasil (Figura 194).

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Figura 194. Selo da agencia certificadora IBD para produto orgânico do Brasil. Foto: Arquivo do IBD.

2). Atender a todas as certificações feitas para o Mercado Comum Europeu (Figura 195), sendo que o IBD está acreditado com adoção de normas equivalentes, valendo para isso as Diretrizes IBD, aprovadas pelos credenciadores Europeus como equivalente à norma Europeia.

Figura 195. A) Selo da agencia certificadora IBD para produto orgânico destinado ao Mercado Comum Europeu. Foto: Arquivo do IBD.

3). Atender a todas as certificações feitas para o Mercado Norte Americano (USA), sendo que o IBD está acreditado com adoção de norma USDA/NOP (Figura 196), valendo somente estas. Os produtos para o Japão são identificados com o selo oficial JAS (Estándar Agrícola Japonês; Figura 197).

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Figura 196. Selo da agencia certificadora IBD para produto orgânico destinado ao Norte Americano (USA). Foto: Arquivo do IBD.

Figura 197. Selo da agencia certificadora JAS para produto orgânico destinado ao Japão.

Normas e Regulamentação da Produção Orgânica

As normas na agricultura orgânica compreendem um conjunto de regras e procedimentos adotados por uma entidade certificadora, que, por meio de auditoria, avalia a conformidade de um produto, processo ou serviço, objetivando a sua certificação. Esse mecanismo poderá controlar desde a produção até o processamento e a comercialização dos diferentes produtos através de normas específicas que dão credibilidade ao produtor e indústria processadora e ao mesmo tempo oferecem seguridade ao consumidor. Esse procedimento se realiza através de inspeções de sistemas de controle específicos, estabelecidas por empresas certificadoras independentes, com base nas normas e regulações internacionais que avaliam sua rastreabilidade e manejo adequado em todos os processos. Seu ciclo de certificação é anual, culminando na emissão/renovação do Certificado de Conformidade, quando todos os requisitos de certificação são atendidos

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(GUTIERREZ, 2011; IBD, 2016). Esse ciclo de certificação é composto das seguintes grandes etapas (Figura 198):

Figura 198. As etapas do ciclo de certificação usadas para a produção orgânica (Arquivo do IBD - Instituto Biodinâmico). A agência certificadora envia ao solicitante um formulário de solicitação de proposta, visando coletar todas as informações necessárias para atender bem a sua demanda e lhe oferecer um atendimento comercial personalizado. Quando o produtor pretende comercializar um produto, como o amendoim, para os Estados Unidos ou Alemanha, é preferível consultar o importador sobre a agência certificadora que é de sua confiança (GUTIERREZ, 2011).

Quando não existe preferência por parte do comprador, o solicitante pode fazer uma licitação com várias certificadoras para cotizar o preço do serviço. Admite-se que o processo de certificação pode ajudar o produtor a entender melhor as normas orgânicas, além de permitir deixar em ordem sua documentação e atualizar sobre os materiais proibidos e aprovados (GUTIERREZ, 2011).

Por outro lado, a gerência comercial da certificadora, para o caso do IBD, realiza uma análise crítica da solicitação conforme os requisitos da ISO17065, de modo a esclarecer quaisquer dúvidas e garantir que a tal agência possui a competência e os recursos necessários para realizar o serviço. Uma vez firmado a proposta comercial, o solicitante manifesta seu acordo com os termos e condições estabelecidos no contrato que está ISBN 978-85-67494-25-8


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disponível no website do IBD. Esse contrato informa dos direitos e deveres dos clientes, incluindo os requisitos e restrições do uso do nome do IBD e das marcas de conformidade ou de acreditação (IBD, 2016).

Quando chega o questionário em suas mãos, detalhando informação das atividades de produção com respeito ao tipo de operação, a certificadora se encarrega de revisar o questionário, assegurando que toda essa informação se cumpra com as normas estabelecidas. Uma vez cumpridas todas as normas, o produtor toma conhecimento dos custos de certificação e é nomeado um inspetor qualificado para fazer a inspeção (GUTIERREZ, 2011).

Inspeção Orgânica

O trabalho de inspeção é realizado por uma pessoa física que é contratada pelo Organismo Certificador para elaborar um relatório com base na unidade de produção dos produtos orgânicos. O custo de produção está estritamente relacionado com o número de horas e dias que carece o inspetor para verificar a unidade de produção. Algumas empresas abrangem a inspeção no seu orçamento total, enquanto outras apresentam em separado o custo real da inspeção mais o serviço da agência certificadora (GUTIERREZ, 2011).

Vale frisar que para atender as empresas privadas, a inspeção pode levar de 1 a 2 dias por empresa, mas, quando se trata de grupos comunitários de produtores, a inspeção se prolonga, já que tem que revisar as propriedades por amostras de produtores. Além de examinar o sistema de controle interno, o qual registra os principais dados de produção e trabalho efetuado por cada parceiro da organização durante o ciclo produtivo (GUTIERREZ, 2011).

Para que um produtor possa usar o selo de certificação, deve se submeter a inspeções periódicas. As certificadoras e seus inspetores devem ter acesso a todas as instalações, inclusive aos registros contábeis e demais documentos relativos às unidades certificadas. As visitas de inspeção devem ter um planejamento prévio que deve incluir, entre outros, o levantamento de inspeções anteriores, descrições das atividades, dos processos, mapas, planos, especificações dos produtos, insumos utilizados, irregularidades identificadas anteriormente, infrações, medidas disciplinares adotadas e condições especiais ISBN 978-85-67494-25-8


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estabelecidas para a certificação da unidade em análise (BRASIL, 2002). A nível de campo, o inspetor também examina os cultivos, condições do terreno, a sanidade das plantas, manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, equipamentos, sistema de irrigação e o manejo pós-colheita (GUTIERREZ, 2011).

Uma vez concluída a inspeção, um informe é enviado com todo visto dado e discutido com o produtor. O inspetor apenas reporta suas observações, mas não toma parte na decisão da certificação. Um comitê de certificação da agência analisará e avaliará as diferentes partes do processo produtivo orgânico. Cabe as eles decidirem ou não a certificação do produto (GUTIERREZ, 2011). O tempo decorrido entre o início do manejo orgânico de culturas e sua certificação como processos orgânicos é chamado de período de conversão (BRASIL, 2002). É necessário um espaço de tempo para a descontaminação do solo dos resíduos de agrotóxicos e não poderá ultrapassar cinco anos. Esse período deverá ser suficiente para o estabelecimento de um sistema produtivo viável e sustentável, econômico, ecológico e socialmente correto (IBD, 2002).

Segurança Alimentar

Os alimentos produzidos de acordo com os princípios e práticas da agricultura convencional, normalmente apresentam resíduos dos compostos químicos utilizados, seja pela intensidade da aplicação, seja pelo não cumprimento dos prazos de carência, os quais podem causar danos à saúde do consumidor quando usados indiscriminadamente. Nesse sentido, cabe discutir o papel da segurança alimentar na produção de alimentos. O termo segurança alimentar engloba dois conceitos: food security (alimento seguro) e food safety (segurança alimentar). Food security está relacionado ao abastecimento, à garantia de que todas as pessoas possam ter o acesso físico e econômico a alimentos nutritivos, seguros e em quantidade suficiente. Enquanto o conceito food safety, se refere à garantia de que o alimento não apresente ameaça à saúde do consumidor quando preparado e ingerido de acordo com as recomendações de consumo, ou seja, que se apresente inócuo ao consumidor (FAO/WHO, 1997; FAO, 2003).

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Certificação Orgânica

É importante ressaltar que para cumprir o processo de certificação, a agência certificadora necessita realizar a coleta e análise laboratorial de amostras de produtos, solo, água, insumos tecidos e outros materiais relevantes às atividades de certificação. Quando se expede sua certificação, o produtor já pode começar a vender seu produto como orgânico, mencionando a agência reguladora e sua etiqueta (GUTIERREZ, 2011).

Quando o produto orgânico é respaldado por um certificado, isto demonstra que houve o cumprimento das normas orgânicas em todo o processo que segue o mesmo, as quais se estendem desde a produção de matéria prima até o produto final. Vale esclarecer que a certificadora nunca participa do sistema de distribuição. Mesmo assim, um inspetor visitará anualmente o produtor para a unidade já certificada para avaliar se tudo segue com base nas normas, inclusive alguns produtores podem receber uma inspeção surpresa (GUTIERREZ, 2011).

Através da certificação, o produtor não só obtém o selo confirmatório de que oferece os produtos orgânicos certificados, mas também agregam valor pelo aspecto ecológico que conferem ao consumidor e ao meio ambiente, além da possibilidade de oferecer aspectos de limpeza, sem contaminação química. É também da responsabilidade da empresa certificadora verificar o uso e a exibição corretas de certificados e marcas de conformidade do proprietário ao esquema de certificação e/ou do organismo de acreditação, principalmente nos rótulos de produtos certificados, mas também nos materiais de comunicação, tais como website, anúncios, folders, brochuras, cartões de visita, etc (GUTIERREZ, 2011).

Período de Conversão para Orgânico Quando o produtor deseja certificar sua produção para o mercado da Europa ou Japão é necessário que passe por um período de conversão. Este período é variável e dependerá do manejo historial de uso de inseticidas que o produtor tenha utilizado na sua propriedade (Tabela 24).

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Tabela 24. Período de exclusão de agroquímico nas parcelas destinadas ao plantio de amendoim. Categoria de

Símbolo de

Período de exclusão de uso de agroquímicos em relação a data de

classificação

classificação

semeadura do amendoim

Convencional

C

Aplicou agroquímico recentemente

Convencional

Co

Aplicou agroquímico em menos de um ano

Transição

C1

Aplicou agroquímico faz mais de um ano

Ecológico

E

Aplicou agroquímico faz mais de 2 anos

Fonte: Fundación Valles (2011).

Para os produtores que se encontram no programa de certificação do amendoim, estabeleceram as semeaduras em parcelas adequadas definidas por um programa de rotação e unidades de produção previamente aprovadas como ecológicas sob um acompanhamento rigoroso por parte do técnico encarregado da região. Cada parcela dos produtores deve estar protegida por barreiras vegetais, as quais evitam a contaminação das parcelas vizinhas que possivelmente tenham utilizado agroquímicos (FUNDACIÓN VALLES, 2011).

Principais Agências Certificadoras

A certificação das áreas sob produção orgânica na América Latina é realizada, principalmente por agências reguladoras internacionais, tais como: QUAI (Quality Assurance International), FVO (Farm Verified Organic), BCS- OKo Garantie, Naturland, Ecocert S.A., Skal (Holanda), SGS, IMMO Control, entre outros (Tabela 25).

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Tabela 25. Agências certificadoras de origem latino-americano. Países Argentina Bolívia Brasil Chile

Colômbia Costa Rica Equador Guatemala México Peru

Empresas Certificadoras Argencert S.R.L., Bio Certificación Letis S.A., OIA (Organización Internacional Agropecuaria) Bolicert IBD (Instituto Biodinámica), Red de Certificación Participativa Ecovida CCO (Certificadora Chile Orgánico) CIAL (Corporación de Investigación en Agricultura Alternativa), PROA (Corporación de Promoción Orgánica Agropecuaria) Biológicos del Trópico (Socia de Ecocert S.A.), CCI (Corporación Colombia Internacional) Aimcopoc, Eco-Lógica S.A. Fundación Biocon, PROBIO (Corporación Ecuatoriana de Agricultores Biológicos) Mayacert (Certificadora Maya S.A.) Certimex S.C (Certificadora Mexicana de Productos y Procesos Ecológicos), CUCEPRO (Comité Certificador de Productos Orgánicos) BIO LATINA (Agencia certificadora latinoamericana fundada por Biopacha de Bolivia), Bio Muisca (Colombia), Cenipae (Nicaragua), e Inka Cert (Perú ̇)

Uruguai

ARU (Asociación Rural del Uruguay), SCPB (Sociedad de Consumidores de Productos Biológicos), Urucert Fonte: García 2002. IICA-INTA 2004.

A certificação da produção orgânica nacional é realiza por cerca de 21 agências certificadoras, 12 nacionais e 9 internacionais, que atestam que a produção do alimento obedeceu às normas de qualidade orgânica. A maioria das certificadoras nacionais encontra-se no estado de São Paulo, enquanto as internacionais são provenientes, sobretudo, de países da União Europeia, sendo que a certificadora Farm Verified Organic (FVO) é de origem americana, atuando no Brasil desde o ano de 1980 e sua representação fica na cidade de Recife, PE (fvobr@terra.com.br; CAMARGO FILHO, 2004).

O Instituto Biodinâmico (IBD) de Botucatu/SP, fundado em 1982, com o objetivo de implementar atividade de ensino e pesquisa e também de certificar produtos orgânicos, conta com dois credenciamentos internacionais, um da IFOAM e outro da Alemanha (DAP), o que permite que seu certificado seja aceito nos três principais blocos econômicos: Europa, Estados Unidos e Japão. No Brasil existem 250 projetos certificados pelo IBD dos quais participam 2.000 produtores, totalizando 60.000 hectares de produção agroecológica.

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Custos da Certificação

Antes de iniciar um processo de certificação, os produtores devem saber qual é o montante a ser pago e se tal orçamento não irá afetar diretamente sua economia. Ademais, os clientes exigem que a certificadora ofereça um trabalho ágil, eficiente e de qualidade por um preço justo. As taxas cobradas pela certificadora podem variar dependendo de vários fatores: a) Tamanho e complexidade do projeto a ser certificado; b). Gastos administrativos; c) Localização da unidade de produção; d) Análises de laboratório e tomada de amostras; e) Programa de certificação para o caso de o produto ser comercializado no mercado interno ou exportado para outros países; f) Trabalho de inspeção; e g) Uso do selo (GUTIERREZ, 2011).

Considerações Antes de Solicitar uma Certificadora

Antes do produtor contratar uma certificadora, recomenda-se observar alguns pontos para definir se na realidade é ou não necessário a certificação do produto. a) Cumprir com as normas de produção orgânica da certificadora – O fato de que a certificadora aceite sua solicitude de certificação não significa que ela vá outorgar a certificação. É de responsabilidade do produtor conhecer muito bem as normas e assegura-se que seu sistema de produção está cumprindo com tais regulamentos, antes de efetivar qualquer acordo de certificação; b) Usar a certificação para a comercialização – Ao vender produtos orgânicos diretamente da propriedade para os clientes conhecidos, provavelmente não seja necessário a certificação. Essa certificação pode ser exigida quando se trata de exportar ou vender seus produtos fora da região da propriedade; c). Justificar economicamente o custo de certificação – É imprescindível que a certificação seja viável, de modo a pagar com margem de lucro os custos da certificação (GUTIERREZ, 2011).

Cadeia Produtiva de Alimentos Orgânicos

A cadeia produtiva estabelece a relação entre os diversos agentes envolvidos. Sua análise permite identificar pontos de estrangulamento e fundamentar intervenções ou estratégias ISBN 978-85-67494-25-8


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de ajustes e desenvolvimento. A cadeia produtiva de alimentos orgânicos conforme proposta por Ormond et al. (2002) foi a primeira descrita para o segmento de orgânicos, conforme mostra a Figura 199, onde são identificadas as funções que compõem a cadeia produtiva, os agentes que as executam e as formas de relacionamento entre eles.

Figura 199. Cadeia produtiva dos orgânico. Fonte: Ormond et al. (2002).

Segundo Ormond et al. (2002), a cadeia produtiva de produtos orgânicos pouco se diferencia da cadeia de produtos convencionais, a não ser pela presença da certificação e pela inexistência da figura do atacadista ou do intermediário entre a produção e o elo seguinte, em função da pequena escala de produção. Os produtos orgânicos in natura reúnem certas particularidades na comercialização, distribuição e consumo, se comparadas às equivalentes da cadeia produtiva de produtos convencionais. As funções do atacadista são realizadas pelo próprio produtor/agricultor ou por associações e cooperativas (processamento primário), que embora não assumam relações contratuais com os produtores, mantêm acordos informais para fornecimento de insumos e assistência técnica. Novos métodos de relacionamento entre produção, processamento e comercialização têm sido verificados ao longo dessa cadeia. O trabalho conjunto de desenvolvimento de produto e métodos de produção entre os diferentes agentes da cadeia pode ser exemplificado por uma grande rede de supermercados que criou selo próprio e definiu normas de fornecimento de produtos orgânicos oferecidos em suas lojas (ORMOND et al., 2002; SATO et al., 2003; SANTOS; MONTEIRO, 2004). ISBN 978-85-67494-25-8


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O principal entrave da produção de alimentos orgânicos é a baixa escala de produção, o que implica maiores custos (mão-de-obra, insumos) por unidade de produto, seguida da falta de recursos dos produtores e de treinamento, da desorganização do sistema de produção (falta de planejamento) e do processo de comercialização, além da embalagem que pode encarecer o produto em cerca de R$ 0,15/unidade (DAROLT, 2002). Diferentemente do sistema convencional, o agricultor tem que pagar para ser certificado, fiscalizado e também pela assistência técnica, que é quase toda particular e exercida por consultores credenciados pelas certificadoras (DULLEY, 2003).

Por outro lado, a logística de produtos orgânicos perecíveis, cuja distribuição e consumo devem ser realizadas diariamente, é um fator crucial ao produtor, pois este não tem a possibilidade de armazenar produtos. Sendo assim deve haver uma integração e um planejamento bastante eficientes, assim como conhecimento da demanda (SATO et al., 2003).

Algumas Considerações sobre a Construção da Cadeia de Produtos Orgânicos (CAMARGO FILHO, 2004):

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CAPÍTULO 8

AMENDOIM: CINÉTICA DE LIOFILIZAÇÃO E PRODUÇÃO DE EXTRATOS EM PÓ

(Autores) Luzia Marcia de Melo Silva Francisco de Assis Cardoso Almeida Vicente de Paula Queiroga Acácio Figueiredo Neto Antônio Jackson Ribeiro Barroso Esther Maria Barros de Albuquerque

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1. INTRODUÇÃO

A utilização de grãos, como fonte alternativa na elaboração de produtos para a alimentação humana, na forma de extrato aquoso natural ou fermentado foi inicialmente descrita com o uso da soja. Aproveitando-se os métodos de produção de extrato aquoso fermentado ou não à base de soja, processos tecnológicos têm sido utilizados e modificados para outros vegetais como quirera e arroz integral (CARVALHO et al., 2011), quinoa (BICUDO et al., 2012) e amendoim (ALBUQUERQUE et al., 2013).

Desta forma, o emprego de tecnologias pós-colheita pode viabilizar o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e de pequenas comunidades rurais, através do aumento do período de comercialização dos vegetais, assim como o desenvolvimento de subprodutos, com melhor aproveitamento da produção e agregação de valor, além de incentivar o consumo de alimentos regionais com potencial valor nutritivo e funcional (CAMPOS et al., 2012).

Na fase de pós-colheita dos produtos vegetais, a secagem é o processo mais utilizado para preservar sua qualidade e estabilidade, considerando que a redução do teor de água do material reduz a atividade biológica e as mudanças químicas e físicas que ocorrem durante o armazenamento (RESENDE et al., 2011). Contudo, a secagem pode trazer consequências

negativas

como

a

deterioração

de

componentes

nutricionais,

escurecimento e obtenção de produtos com baixa capacidade de reidratação (ROSA, 2010).

A secagem é um processo complexo que envolve a transferência simultânea de calor e massa requerendo controle de processos precisos (JANGAM; MUJUMDAR, 2010). Durante a liofilização é necessário um fornecimento de calor para sublimar o teor de água do material e também deve haver um sorvedor de teor de água para remoção do vapor d’água formado a partir da superfície do material a ser seco.

Neste contexto, a secagem por liofilização ganha destaque entre os métodos tradicionais na conservação dos constituintes do alimento. O processo de liofilização provoca poucas alterações no valor nutricional e nas características sensoriais, uma vez que é realizado a

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baixas temperaturas, preservando os componentes termossensíveis do produto resultando em alimentos na forma de pó.

Alimentos liofilizados são produtos com alto valor agregado por reter grande parte de seus nutrientes originais, uma vez que emprega baixas temperaturas em seu processamento. Entretanto, seu custo é expressivamente maior quando comparado aos produtos secos por outras técnicas, necessitando-se, assim, de pesquisas que minimizem os custos operacionais, ofertando, desta maneira, produtos a um preço competitivo. Além disso, a qualidade final do produto, considerando-se os aspectos nutritivos e sensoriais, também deve ser pesquisada para garantir alimentos seguros e nutritivos aos consumidores (VIEIRA et al., 2012).

A finalidade da cinética de liofilização é o acompanhamento da variação da razão de teor de água sempre relacionado à predição do tempo de secagem. A partir das limitações do processo para um determinado produto pode-se avaliar, projetar e/ou otimizar o processo de secagem permitindo a avaliação do tempo de secagem (RESENDE et al., 2010). Dessa forma, objetivou-se estudar a cinética de liofilização das formulações de extrato aquoso de amendoim com pele e sem pele compostas por diferentes proporções de extrato (1:2; 1:4; 1:6) e diferentes concentrações de maltodextrina (0, 10, 20 e 30%) ajustando-se aos dados experimentais os modelos matemáticos de Henderson e Pabis, Logarítmico e Page.

1.1. Liofilização

A liofilização, também denominada de criodesidratação, é um tipo específico de desidratação por sublimação (ORDOÑEZ, 2005). Tem sido considerado o melhor processo de secagem de produtos termossensíveis, pois reduz a degradação nutricional e sensorial (ZOTARELLI et al., 2012), devido a retenção de compostos voláteis (SOTO et al., 2012), além de minimizar a taxa de reações enzimáticas (PALACIOS et al., 2012), sendo utilizada com o intuito de manter a atividade biológica (MOSQUERA et al., 2012), uma vez que a amostra não é exposta à temperaturas elevadas (SANTO et al., 2013). Entretanto, seu custo é significativamente maior quando comparado aos produtos secos por outras técnicas (VIEIRA et al., 2012), requerendo um maior tempo de processo e custos de capital e energia mais elevados (XU et al., 2012), necessitando-se, assim, de

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pesquisas que minimizem os custos operacionais, ofertando, dessa maneira, produtos a um preço mais competitivo (VIEIRA et al., 2012).

Na liofilização, o alimento é congelado e, em seguida, a água é removida da amostra pela redução da pressão da câmara de secagem, de modo a permitir que a água congelada sublime diretamente da fase sólida para a gasosa (PALACIOS et al., 2012), protegendo a estrutura principal e a forma do produto com uma redução mínima de volume (RAWSON et al., 2011), apesar da sublimação do gelo criar poros ou fendas nessa estrutura (OIKONOMOPOULOU et al., 2011). A combinação de baixas temperatura e pressão também leva a uma boa preservação da cor e sabor, permitindo a penetração da água e rápida recuperação de características semelhantes ao produto integral através da reidratação (SCHÖSSLER et al., 2012).

O processo de liofilização geralmente envolve três etapas: congelamento, secagem primária e secagem secundária (WEI et al., 2012). O congelamento é eficiente para solidificar a maior parte do solvente, que normalmente é a água (HARNKARNSUJARIT; CHAROENREIN, 2011), evitando o movimento de soluto e líquido (PAN et al., 2008) e interrompendo reações químicas e atividades biológicas (TATTINI JUNIOR et al., 2006). O desempenho global da liofilização e a qualidade do produto final dependem significativamente deste estágio. Uma vez que, o tamanho e homogeneidade dos cristais de gelo, definem a forma, a distribuição, o tamanho e a conectividade dos poros da camada seca formada pela sublimação, influenciam, consequentemente, os parâmetros que caracterizam a transferência de calor e massa no produto durante a secagem primária e secundária (MARQUES, 2008).

Durante a secagem primária, o vapor de água é progressivamente removido do material congelado por sublimação, enquanto que a temperatura da câmara de secagem é controlada a uma temperatura constantemente baixa (WEI et al., 2012). A sublimação ocorre quando a pressão de vapor e a temperatura da superfície do gelo se encontram abaixo do ponto triplo da água (0,0099 °C e 610,5 Pa) (SONG et al., 2005), proporcionando-lhe o calor latente de vaporização (2,84 MJ kg-1) (ORDOÑEZ, 2005). O controle da temperatura na secagem primária é muito importante para evitar amolecimento das amostras, o que induz a falha do processo, ou até mesmo redução na taxa de sublimação (QIAO et al., 2012). ISBN 978-85-67494-25-8


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A secagem secundária consiste na retirada de água que está ligada a estrutura do material, quando não existe mais água na forma de gelo. Ocorre com velocidade menor que a sublimação, já que o teor de água é menor e a água não está livre (5% a 10% do total de água do material) (MARQUES, 2008). É iniciada com a redução da temperatura promovida pela redução de pressão na câmara de secagem, de modo que a água do material semi-seco possa ser removida, reduzindo o teor de água do produto a níveis desejados (WEI et al., 2012). Mosquera et al. (2012) afirmam que a remoção de água durante a liofilização, muitas vezes conduz à formação de uma matriz amorfa, onde biomateriais solúveis e insolúveis aparecem molecularmente desordenados, podendo ser encontrados na forma vítrea ou semelhante a borracha.

Zotarelli et al. (2012) relatam que na liofilização, como a água é removida a partir de um produto congelado, uma estrutura porosa é formada, resultando em um produto desidratado com melhores propriedades quando reidratado. Apesar da natureza higroscópica dos produtos liofilizados ser vantajoso para a reidratação, a adsorção de vapor de água durante o armazenamento e a distribuição pode se constituir em um sério problema (RHIM et al., 2011), por isso Galmarini et al. (2011) sugerem que, para manter a qualidade de frutas liofilizadas, deve-se considerar a utilização de adjuvantes de liofilização, como a maltodextrina com diferentes dextroses equivalente (DE). Além de permitir obtenção de pós menos higroscópicos, esse aditivo pode produzir pó “solto”, de fácil manuseio e com boa qualidade (MOSQUERA et al., 2012).

Pelo fato da liofilização não submeter os alimentos a altas temperaturas como nos outros processos de secagem, e consequentemente não ocorrer a degradação do valor nutricional (ROSA et al., 2013), vários trabalhos vem sendo desenvolvidos com uma grande variedade de frutas, a exemplo do açaí (PAVAN et al., 2012), abacaxi (VIEIRA et al., 2012), banana (ZOTARELLI et al., 2012), cajá (OLIVEIRA, 2012), framboesa (SOTO et al., 2012), graviola (CEBALLOS et al., 2012), jabuticaba (MARQUES et al., 2012), maçã (HUANG et al., 2012), manga (DORTA et al., 2012; CAPARINO et al., 2012), morango (MOSQUERA et al., 2012), pêssego, damasco, ameixa (LEONG & OEY, 2012), toranja (MORAGA et al., 2012), abacate (SOUZA et al., 2011), figo da india (MARTÍNEZ et al., 2011), maracujá (CATELAM et al., 2011), sapoti (OLIVEIRA et al., 2011), pequi (ALVES et al., 2010), pitaya (AYALA et al., 2010), ubaia (OLIVEIRA et al., 2010), uva (TORRES et al., 2010), dentre outros. ISBN 978-85-67494-25-8


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Apesar de a liofilização apresentar uma série de vantagens, mantendo intacta a estrutura dos alimentos, preservando o valor nutritivo e suas características sensoriais como sabor, aroma e textura, ainda não foram encontrados na literatura consultada estudos envolvendo o processo de liofilização do extrato aquoso do amendoim.

1.2. Aditivos

Atualmente, existe uma diversidade de aditivos disponíveis no mercado. O Decreto nº 50.040 dispõe normas técnicas para o uso de aditivos químicos. Assim, consideram-se aditivos para alimentos (corantes, flavorizantes, antioxidantes, espumíferos, umectantes, estabilizantes, edulcorantes, conservador, antiumectante, acidulante e espessante) as substâncias ou misturas de substâncias, dotadas ou não de poder alimentício, acrescentadas aos alimentos com a finalidade de lhes conferir ou intensificar o aroma, a cor, o sabor ou modificar seu aspecto físico geral ou ainda prevenir alterações indesejáveis (BRASIL, 1961).

A indústria de alimentos utiliza essa grande variedade de métodos de conservação e processamento para estender a vida útil de frutas, hortaliças e oleaginosas, de tal forma que possam ser consumidas durante todo o ano e transportadas de forma segura para consumidores em todo o mundo atendendo não apenas àqueles localizados nas proximidades das regiões produtoras. A conservação de alimentos visa principalmente criar um produto microbiologicamente seguro, todavia mantendo as características de qualidade (BARRETT; LLOYD, 2012).

Alimentos em pó ricos em açúcares de baixo peso molecular são muito sensíveis às condições ambientais, com difícil manuseio, sendo susceptível a redução de qualidade, devido às suas características higroscópicas. Para evitar esta situação indesejada à utilização de diferentes substâncias de elevado peso molecular, tais como maltodextrina com diferentes dextroses equivalente (DE) têm sido descritas como alternativa para produzir pós “soltos”, de fácil manuseio e com boa qualidade (MOSQUERA et al., 2012), sendo bastante empregada em processos de secagem devido suas propriedades físicas, tais como elevado grau de solubilidade, reduzindo a aglomeração dos pós desidratados ajudando a reter os compostos voláteis.

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Maltodextrina é um produto em pó, de cor branca a levemente creme, sabor neutro a levemente adocicado, com ausência de grânulos de amido, pH entre 4,5 e 5,5, acidez entre 0,5 e 2,0 mL de NaOH/100g e 5>DE<20, com presença de baixos teores de maltose (<5%) e de glicose (<3%). A maltodextrina pode ser considerada um amido pré-gelatinizado levemente hidrolisado por enzimas, pouco higroscópica e por essa razão tem aplicação nos produtos onde ganhos significantes de teor de água são indesejáveis. Também podem ser usadas em sistemas alimentícios para controlar a cristalização de sacaroses e dextroses. A presença de maltodextrina irá impedir que estes dois açúcares se aglomerem e formem uma estrutura endurecida (DAIÚTO; CEREDA, 2003).

A maltodextrina tem sido utilizada durante a produção de pós-alimentícios não somente para prolongar a vida-de-prateleira do produto, mas também para protegê-lo de oxidação (MORAGA et al., 2012), evitar aglomeração, atuar como barreira ao oxigênio e devido às boas características de dispersão e solubilidade (CEBALLOS et al., 2012). Galmarini et al. (2011) relatam que para melhorar a qualidade dos produtos liofilizados, deve-se considerar a utilização de hidratos de carbono como auxiliares de secagem. Muitos pesquisadores vêm utilizando maltodextina como adjuvante de secagem nos processos de liofilização, a exemplo do abacaxi (VIGANÓ et al., 2012), cajá (OLIVEIRA, 2012), graviola (CEBALLOS et al., 2012), mirtilo (CHUN et al., 2012), morango (GALMARINI et al., 2011; MOSQUERA et al., 2012), amora-preta (GÓMEZ et al., 2011), caqui (BENEDETTI et al., 2011), manga (MEHRNOUSH et al., 2011), maracujá (PEDRO et al., 2010; CATELAM et al., 2011), maçã (JAKUBCZYK et al., 2010), dentre outras.

1.3. Armazenamento

A qualidade dos produtos desidratados se altera com o tempo de armazenamento, devido a diversas reações de natureza enzimática, oxidativa entre outras. De maneira geral, tais produtos, quando embalados, de forma a serem protegidos para evitar o contato com o oxigênio e o ganho de água, apresentam maior vida útil (SILVA et al., 2005). A vida útil do produto pode ser definida como o período de tempo decorrido entre a produção e o consumo do alimento, durante o qual se mantém a aceitabilidade pelos consumidores (SANTOS et al., 2010) e as características sensoriais e microbiológicas inalteradas, sem oferecer riscos à saúde do consumidor (MENEZES et al., 2011).

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Apesar de não terem sido encontrados estudos referentes à liofilização do extrato aquoso do amendoim e armazenamento do pó obtido nesse processo, observa-se que a estabilidade de várias espécies de frutas em pó já foi estudada, incluindo àqueles obtidas por esse processo de secagem, como uva (MORAGA et al., 2012), cajá (OLIVEIRA, 2012), framboesa (SYAMALADEVI et al., 2011), maçã (RAHARITSIFA; RATTI, 2010), entre outras, as quais obtiveram resultados satisfatórios. Para produtos alimentícios em pó, o umedecimento e recristalização são causas comuns do endurecimento, sendo dependentes da composição do pó. As condições ambientais (temperatura, umidade relativa, pressão), características das partículas (estrutura do estado sólido, formulação e tamanho, distribuição e forma da partícula) e tempo de armazenamento são conhecidos por influenciar a estabilidade do pó (STOKLOSA et al., 2012).

A vida útil do produto pode ser determinada a nível laboratorial, sem a intervenção de análise sensorial (HOUGH; GARITTA, 2012), através de ensaios químicos, físicos e microbiológicos. No entanto, quando não se têm recursos laboratoriais suficientes, a vida útil pode ser analisada em função da avaliação sensorial do produto pelo consumidor. A análise sensorial envolvendo consumidores torna-se, portanto, um fator chave na determinação da vida útil de muitos alimentos (MANZOCCO et al., 2012). Uma das maneiras de verificar a vida útil do amendoim, segundo Shin et al. (2010), é a relação oléico/linoléico, quanto maior a razão entre eles, maior foi a sua vida útil, como consequência da maior estabilidade oxidativa.

2. CINÉTICA DE LIOFILIZAÇÃO DOS EXTRATOS EM PÓ DE AMENDOIM

2.1. Elaboração das formulações para cinética de liofilização

Para obtenção do extrato aquoso de amendoim foi utilizado o equipamento de bancada “DiaMilk” (Figura 200), que consiste basicamente de um sistema de alimentação, sistema de trituração, sistema de acionamento e base de sustentação do equipamento.

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Figura 200. Equipamento utilizado para obtenção do extrato aquoso de amendoim. (Fonte: BARROS NETO et al., 2014).

Na Tabela 26, encontram-se apresentadas as formulações destinadas ao processo de liofilização. Foram elaboradas vinte e quatro formulações de extrato aquoso de amendoim com pele e sem pele para secagem pelo processo de liofilização, dentre as quais em dezoito formulações utilizou-se maltodextrina (0, 10, 20 e 30%) e as demais foram elaboradas sem adição de adjuvante de secagem, constituindo-se em formulações controle.

Tabela 26. Formulações do extrato aquoso de amendoim destinadas à liofilização Formulação

Tratamento

Proporção de Extrato (Kg/L)

Maltodextrina (%)

Controle (01)

Com pele

1:2

0

02

Com pele

1:2

10

03

Com pele

1:2

20

04

Com pele

1:2

30

Controle (05)

Sem pele

1:2

0

06

Sem pele

1:2

10

07

Sem pele

1:2

20

08

Sem pele

1:2

30

Controle (09)

Com pele

1:4

0

10

Com pele

1:4

10

11

Com pele

1:4

20

12

Com pele

1:4

30

Controle (13)

Sem pele

1:4

0

14

Sem pele

1:4

10

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Sem pele

1:4

20

16

Sem pele

1:4

30

Controle (17)

Com pele

1:6

0

18

Com pele

1:6

10

19

Com pele

1:6

20

20

Com pele

1:6

30

Controle (21)

Sem pele

1:6

0

22

Sem pele

1:6

10

23

Sem pele

1:6

20

24

Sem pele

1:6

30

Para obtenção dos extratos em pó de amendoim foi utilizado um liofilizador de bancada da marca Liobras, modelo L101 (Figura 201), que consiste basicamente de painel digital, bomba a vácuo, câmara de condensação com válvula de dreno integrada, câmara de secagem em acrílico constando, na parte superior, manifolds com oito torneiras de silicone para o encaixe de balões de vidro com sistema de alívio de vácuo e, no interior da câmara de secagem, um suporte em aço inoxidável para três bandejas.

Figura 201. Liofilizador utilizado nas secagens (Fonte: LIOBRAS, 2012).

2.2. Cinética de liofilização

As diferentes formulações foram submetidas, em triplicata, à cinética de liofilização com pesagens iniciais em tempos regulares de 60 min e com a menor variação de peso aumentou-se o intervalo de tempo das leituras até atingir o equilíbrio. Para tanto, os balões ISBN 978-85-67494-25-8


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de vidro contendo as amostras foram retirados com alívio do våcuo pelo fechamento das vålvulas que os interligam à câmara de secagem e então pesados em balança com pressão 0,001 g. As razþes de ågua e as curvas de razão de ågua em função do tempo de liofilização foram calculadas e construídas a partir dos dados de perda de massa das amostras durante as liofilizaçþes e dos teores de ågua determinados no início e no final das mesmas, de acordo com a Equação 1. RX =

đ?‘‹ − đ?‘‹đ?‘’ đ?‘‹đ?‘– − đ?‘‹đ?‘’

(1)

onde: RX - razĂŁo de ĂĄgua do produto (adimensional) X - teor de ĂĄgua do produto Xi - teor de ĂĄgua inicial do produto Xe - teor de ĂĄgua de equilĂ­brio do produto.

Os modelos semiempíricos da Tabela 27 foram ajustados aos dados experimentais da cinÊtica de liofilização, utilizando-se o programa computacional Statistica 8.0 por meio de anålise de regressão não linear, pelo mÊtodo Quasi-Newton.

Tabela 27. Modelos semiempíricos para predizer o fenômeno de secagem das formulaçþes de extrato de amendoim. Designação

Modelo

Henderson e Pabis

RX  a.exp(k.t)

2

LogarĂ­tmico

RX  a.exp(k.t)  c

3

Page

RX  exp( k.t n )

4

Em que: t - tempo de secagem, min; k - constante de secagem; h-1; a, c, n - coeficiente dos modelos.

Na determinação do grau de ajuste de cada modelo às curvas de liofilização, foram consideradas as magnitudes do coeficiente de determinação (R2) e do desvio quadråtico mÊdio (DQM). O desvio quadråtico mÊdio para cada um dos modelos foi calculado de acordo com a Equação 2.

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∑ni=1(đ?‘…đ?‘‹đ?‘’đ?‘Ľđ?‘? − RXpre ) √ DQM = N

2

(2)

onde: DQM - desvio quadrĂĄtico mĂŠdio RXpre - razĂŁo de teor de ĂĄgua predito RXexp - razĂŁo de teor de ĂĄgua experimental N - nĂşmero de dados experimentais.

3. DADOS EXPERIMENTAIS DA CINÉTICA DE LIOFILIZAĂ‡ĂƒO

Na Tabela 28 encontra-se os parâmetros obtidos a partir do ajuste dos modelos de Henderson e Pabis, Logarítmico e Page, descritos na Tabela 2, aos dados experimentais de quantidade de ågua obtidos na cinÊtica de liofilização de extratos de amendoim com pele e sem pele na proporção 1:2 (amendoim: ågua), sob diferentes concentraçþes de maltodextrina. Tabela 28. Parâmetros estatísticos, coeficientes de determinação (R2) e desvio quadråtico mÊdio (DQM) para os modelos de Henderson e Pabis, Logarítmico e Page durante o processo de liofilização dos extratos de amendoim com pele e sem pele na proporção 1:2 (amendoim: ågua). Extrato em pó de amendoim com pele Modelos

Henderson e Pabis

LogarĂ­tmico

Page

CM*

Parâmetros

R²

DQM

K

N

a

C

0

0,002625

-

1,065341

-

0,9917

0,0019

10

0,002635

-

1,064778

-

0,9912

0,0022

20

0,002637

-

1,063435

-

0,9902

0,0023

30

0,002634

-

1,061942

-

0,9896

0,0023

0

0,002274

-

1,108197

-0,06166

0,9950

0,0000

10

0,002199

-

1,120662

-0,07925

0,9954

0,0000

20

0,001995

-

1,162780

-0,13254

0,9967

0,0000

30

0,001864

-

1,198731

-0,17509

0,9975

0,0000

0

0,000335

1,326236

-

-

0,9981

0,0010

10

0,000337

1,325844

-

-

0,9979

0,0012

20

0,000341

1,324624

-

-

0,9976

0,0014

30

0,000347

1,322320

-

-

0,9974

0,0015

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C a p í t u l o V I I I | 312

Extrato em pó de amendoim sem pele Modelos

Henderson e Pabis

Logarítmico

Page

CM*

Parâmetros

DQM

K

N

a

C

0

0,002500

-

1,062796

-

0,9925

0,0018

10

0,002509

-

1,062273

-

0,9919

0,0021

20

0,002511

-

1,061574

-

0,9914

0,0022

30

0,002513

-

1,060407

-

0,9910

0,0023

0

0,002147

-

1,108546

-0,06579

0,9958

0,0000

10

0,002067

-

1,123046

-0,08579

0,9963

0,0000

20

0,001965

-

1,144266

-0,11335

0,9971

0,0000

30

0,001863

-

1,170173

-0,14476

0,9990

0,0000

0

0,000366

1,302026

-

-

0,9982

0,0010

10

0,000368

1,301818

-

-

0,9980

0,0012

20

0,000371

1,301224

-

-

0,9978

0,0013

30

0,000376

1,299550

-

-

0,9977

0,0014

* Concentração de maltodextrina, %

Analisando os indicadores estatísticos dos modelos ajustados aos dados experimentais da cinética de liofilização durante a dessorção dos extratos de amendoim, verifica-se a boa representação do modelo de Page que obteve os maiores coeficientes de determinação (R2) variando de 0,9974 a 0,9982, apresentando um melhor ajuste da curva aos dados experimentais.

Observa-se, na Tabela 28, a magnitude da constante de secagem (k) que, de acordo com Goneli et al. (2009), representa o efeito das condições externas de secagem, e tende a aumentar com a elevação da temperatura do ar de secagem, tendência esta observada nos modelos de Henderson e Pabis e Page ao aumentar a concentração de maltodextrina. O coeficiente do modelo de logarítmico não apresenta uma tendência clara em função do aumento do adjuvante de secagem. Os valores observados do coeficiente de determinação (R2) para a descrição da perda de água a cada tempo da cinética de liofilização dos extratos de amendoim com pele e sem pele na proporção 1:4 (amendoim: água), também revelam o modelo de Page (Tabela 29) como melhor modelo representativo.

ISBN 978-85-67494-25-8


C a p í t u l o V I I I | 313

Tabela 29. Parâmetros estatísticos, coeficientes de determinação (R2) e desvio quadrático médio (DQM) para os modelos de Henderson e Pabis, Logarítmico e Page durante o processo de liofilização dos extratos de amendoim com pele e sem pele na proporção 1:4 (amendoim: água). Extrato em pó de amendoim com pele Modelos

Henderson e Pabis

Logarítmico

Page

CM*

Parâmetros

DQM

K

N

a

C

0

0,002620

-

1,065590

-

0,9923

0,0017

10

0,002629

-

1,065084

-

0,9912

0,0021

20

0,002636

-

1,064467

-

0,9907

0,0023

30

0,002637

-

1,063470

-

0,9902

0,0024

0

0,002377

-

1,094100

-0,04126

0,9945

0,0000

10

0,002195

-

1,120832

-0,07906

0,9955

0,0000

20

0,002097

-

1,139372

-0,10359

0,9961

0,0000

30

0,001995

-

1,162806

-0,13252

0,9967

0,0000

0

0,000333

1,326483

-

-

0,9983

0,0009

10

0,000336

1,326228

-

-

0,9980

0,0012

20

0,000338

1,325776

-

-

0,9978

0,0014

30

0,000341

1,324680

-

-

0,9976

0,0015

DQM

Extrato em pó de amendoim sem pele Modelos

Henderson e Pabis

Logarítmico

Page

CM*

Parâmetros K

N

a

C

0

0,002495

-

1,063075

-

0,9931

0,0017

10

0,002504

-

1,062654

-

0,9927

0,0019

20

0,002511

-

1,062284

-

0,9923

0,0022

30

0,002515

-

1,061944

-

0,9919

0,0024

0

0,002254

-

1,092624

-0.04297

0,9952

0,0000

10

0,002211

-

1,099188

-0,05302

0,9954

0,0000

20

0,002152

-

1,108701

-0,06671

0,9958

0,0000

30

0,002070

-

1,12299

-0,08617

0,9963

0,0000

0

0,000365

1,302148

-

-

0,9984

0,0009

10

0,000367

1,301927

-

-

0,9983

0,0011

20

0,000369

1,301701

-

-

0,9981

0,0012

30

0,000370

1,301481

-

-

0,9980

0,0014

* Concentração de maltodextrina, %

ISBN 978-85-67494-25-8


C a p í t u l o V I I I | 314

Na Tabela 30 estão apresentados os parâmetros obtidos a partir do ajuste dos modelos por meio de regressão não linear aos dados experimentais de quantidade de água obtidos na cinética de liofilização do extrato de amendoim na proporção 1:6 (amendoim: água), considerando as diferentes concentrações de maltodextrina. Tabela 30. Parâmetros estatísticos, coeficientes de determinação (R2) e desvio quadrático médio (DQM) para os modelos de Henderson e Pabis, Logarítmico e Page durante o processo de liofilização dos extratos de amendoim com pele e sem pele na proporção 1:6 (amendoim: água). Extrato em pó de amendoim com pele Modelos

Henderson e Pabis

Logarítmico

Page

CM*

Parâmetros

DQM

k

N

a

C

0

0,002617

-

1,065679

-

0,9926

0,0016

10

0,002628

-

1,065191

-

0,9923

0,0019

20

0,002637

-

1,064717

-

0,9911

0,0023

30

0,002641

-

1,064196

-

0,9906

0,0025

0

0,002409

-

1,089885

-0,03494

0,9944

0,0000

10

0,002383

-

1,093878

-0,04149

0,9944

0,0000

20

0,002200

-

1,120679

-0,07936

0,9954

0,0000

30

0,002100

-

1,139243

-0,10380

0,9961

0,0000

0

0,000333

1,326413

-

-

0,9984

0,0008

10

0,000336

1,326041

-

-

0,9982

0,0010

20

0,000338

1,325793

-

-

0,9979

0,0013

30

0,000545

1,248176

-

-

0,9973

0,0014

DQM

Extrato em pó de amendoim sem pele Modelos

Henderson e Pabis

Logarítmico

Page

CM*

Parâmetros k

N

a

C

0

0,002491

-

1,063220

-

0,9934

0,0016

10

0,002501

-

1,062798

-

0,9930

0,0019

20

0,002508

-

1,062472

-

0,9927

0,0021

30

0,002512

-

1,062100

-

0,9919

0,0023

0

0,002288

-

1,088048

-0,03604

0,9951

0,0000

10

0,002258

-

1,092547

-0,04323

0,9952

0,0000

20

0,002213

-

1,099233

-0,05333

0,9954

0,0000

30

0,002069

-

1,122955

-0,08590

0,9963

0,0000

0

0,000364

1,302220

-

-

0,9985

0,0008

10

0,000366

1,301980

-

-

0,9983

0,0010

20

0,000368

1,301792

-

-

0,9982

0,0012

30

0,000369

1,301609

-

-

0,9980

0,0014

* Concentração de maltodextrina, % ISBN 978-85-67494-25-8


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O coeficiente de determinação R² quantifica a qualidade do ajustamento, visto que fornece uma medida da proporção da variação explicada pela equação de regressão em relação à variação total das respostas, variando de 0 a 100%. De acordo com os resultados obtidos, os valores devem ser superiores a 75% para serem considerados com bom ajuste (RODRIGUES; IEMMA, 2009).

Com relação ao coeficiente (n) do modelo de Page, observou-se uma tendência definida dos seus valores em relação à concentração de maltodextrina. Normalmente, com a elevação dos sólidos totais, menor é o valor de “n”, uma vez que há maior diferença entre a pressão de vapor do ar na amostra, promovendo maior remoção de água.

As figuras representativas de ajuste do modelo de Page nas três proporções de extratos e diferentes concentrações de maltodextrina estão apresentadas nas Figuras 202, 203, 204, 205, 206 e 207. De acordo com Marques (2008) o processo de liofilização se mostra eficiente frente às características sensoriais dos produtos, apesar de proporcionar maiores tempos de secagem.

Razão de Teor de Água (adimensional)

1,0

0,8

0,6

Page y=exp(-(0,335 -3 )*x**(1,32624)) Dados experimentais da cinética de liofilização ___ Dados preditos pelo modelo matemático

0,4

0,2

0,0 0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Tempo (minutos)

2000

(A)

Razão de Teor de Água (adimensional)

1.0

0.8

0.6

Page y =exp(-(0,337-3 )*x**(1,32584)) Dados experimentais da cinética de liofilização ___ Dados preditos pelo modelo matemático

0.4

0.2

0.0 0

200

400

600

800

1000

Tempo (minutos)

1200

1400

1600

1800

(B)

ISBN 978-85-67494-25-8


C a p í t u l o V I I I | 316

Razão de Teor de Água (adimensional)

1.0

0.8

0.6

Page y =exp(-(0,341-3 )*x**(1,32462)) Dados experim entais da cinética de liofilização ___ Dados preditos pelo m odelo m atem ático

0.4

0.2

0.0 0

200

400

600

800

1000

1200

1400

(C)

Tem po (m inutos)

Razão de Teor de Água (adimensional)

1.0

0.8

0.6

Page y =exp(-(0,347-3 )*x**(1,32232)) Dados experim entais da cinética de liofilização ___ Dados preditos pelo m odelo m atem ático

0.4

0.2

0.0 0

200

400

600

800

Tem po (m inutos)

1000

1200

1400

(D)

Figura 202. Ajuste do modelo de Page aos dados experimentais da cinética de liofilização do extrato de amendoim com pele na proporção 1:2 (amendoim: água) nas concentrações de maltodextrina de 0% (A), 10% (B), 20% (C) e 30% (D).

Observa-se que, embora o modelo de Page tenha sido o de melhor desempenho, quando avaliado o coeficiente de determinação, os outros modelos também tiveram excelente ajuste uma vez que seus R² foram superiores a 0,9896. Paula (2015) ajustou o modelo de Page para a cinética de liofilização de soro de leite encontrando valores de coeficiente de determinação acima de 0,99.

Os comportamentos das curvas de secagem observados para os extratos vegetais são típicos de secagem de material biológico, em que a taxa de secagem ocorre inicialmente em período constante e decresce à medida que o volume de água vai diminuindo da matriz até atingir período constante. Resultados similares foram observados por Rocha (2013) ao estudar a cinética de liofilização de suco misto de açaí, morango e acerola.

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C a p í t u l o V I I I | 317

Figura 203. Ajuste do modelo de Page aos dados experimentais da cinética de liofilização do extrato de amendoim sem pele na proporção 1:2 (amendoim: água) nas concentrações de maltodextrina de 0% (A), 10% (B), 20% (C) e 30% (D). ISBN 978-85-67494-25-8


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Os tempos médios necessários para completar o processo de liofilização dos extratos de amendoim com pele e sem pele na proporção 1:2 (amendoim: água) em diferentes concentrações de maltodextrina variaram entre 1200 a 1920 minutos na temperatura de 55 ± 3 ºC, sendo diretamente proporcional ao teor de água dos extratos, cujos resultados se assemelham aos reportados por Vieira et al. (2012) e Rocha (2013) em seus estudos com cinética de secagem de fatias de abacaxi e suco misto de açaí, morango e acerola com tempo de liofilização inferior a 30 horas.

O tempo de secagem depende, dentre outras características, do sistema de liofilização (sistema de vácuo, fonte de calor para o processo de sublimação), do tipo e material a ser liofilizado, da quantidade e do teor de água inicial do material, além da área de secagem e da espessura que será liofilizada (PAULA, 2015). Em função de todas essas características, diferentes tempos de liofilização podem ser encontrados, tendo em vista que cada material apresenta suas especificações.

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C a p í t u l o V I I I | 319

Figura 204. Ajuste do modelo de Page aos dados experimentais da cinética de liofilização do extrato de amendoim com pele na proporção 1:4 (amendoim: água) nas concentrações de maltodextrina de 0% (A), 10% (B), 20% (C) e 30% (D). ISBN 978-85-67494-25-8


C a p í t u l o V I I I | 320

Figura 205. Ajuste do modelo de Page aos dados experimentais da cinética de liofilização do extrato de amendoim sem pele na proporção 1:4 (amendoim: água) nas concentrações de maltodextrina de 0% (A), 10% (B), 20% (C) e 30% (D).

ISBN 978-85-67494-25-8


C a p í t u l o V I I I | 321

Na determinação da cinética de secagem dos extratos em pó de amendoim com pele e sem pele na proporção 1:4 (amendoim: água) em diferentes concentrações de maltodextrina os tempos de secagem variaram entre 1320 a 2520 minutos. Raharitsifa e Ratti (2010) e Catelam et al. (2011) encontraram um tempo superior a 2280 minutos (48h) para garantir que o produto atingisse os teores de água desejados.

Poucos trabalhos levam em consideração a cinética de liofilização, sendo outros métodos de secagem, como os convencionais a ar quente, bastante pesquisado. Este fato pode ser explicado pelo maior tempo requerido até alcançar o teor de água desejado, porém esse fenômeno torna-se insignificante quando avaliada a preservação dos componentes químicos da amostra, tendo em vista que quanto maior a temperatura utilizada no processo, maior serão as perdas dos constituintes.

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C a p í t u l o V I I I | 322

Figura 206. Ajuste do modelo de Page aos dados experimentais da cinética de liofilização do extrato de amendoim com pele na proporção 1:6 (amendoim: água) nas concentrações de maltodextrina de 0% (A), 10% (B), 20% (C) e 30% (D). ISBN 978-85-67494-25-8


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Figura 207. Ajuste do modelo de Page aos dados experimentais da cinética de liofilização do extrato de amendoim sem pele na proporção 1:6 (amendoim: água) nas concentrações de maltodextrina de 0% (A), 10% (B), 20% (C) e 30% (D). ISBN 978-85-67494-25-8


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Os tempos médios necessários para completar o processo de liofilização dos extratos de amendoim com pele e sem pele na proporção 1:6 (amendoim: água) em diferentes concentrações de maltodextrina variaram entre 1440 a 2880 minutos. Resultados superiores foram reportados por Paula (2015) em seus estudos de cinética de secagem de soro de leite com tempo de liofilização de 3305 minutos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que o processo de liofilização mostrouse promissor para a redução do teor de água dos extratos vegetais, contribuindo para a preservação de suas qualidades físicas e nutricionais. Além disso, o conhecimento da cinética de liofilização dos extratos vegetais, obtido neste trabalho, contribuirá para o posterior desenvolvimento de modelos matemáticos da liofilização, com base nas leis de transferência de calor e massa.

5. REIDRATAÇÃO DO EXTRATO EM PÓ ❖ Para preparar um copo de “leite” (200 mL): em um copo com água morna ou fria (180 mL), coloque 2 colheres de sopa (30 g) de extrato em pó de amendoim e misture bem. ❖ Para preparar 1 litro (1000 mL): em uma jarra com água morna ou fria (900 mL) coloque 10 colheres de sopa (150 g) de extrato em pó de amendoim e misture bem.

Obs.: Após o preparo, manter sob refrigeração e consumir em até 24 horas.

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Artigo

publicado

https://prodezanews.wordpress.com

em

June

20,

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