TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.) var. Medjool

Page 1

TAMAREIRA(Phoenix dactylifera L.) var. Medjool TECNOLOGIADE PRODUÇÃO DE FRUTOS GRANDES PARAO SEMIÁRIDO BRASILEIRO Vicente de Paula Queiroga Josivanda Palmeira Gomes Nouglas Veloso Barbosa Mendes Denise de Castro Lima Alexandre José de Melo Queiroz Bruno Adelino de Melo Esther Maria Barros de Albuquerque Editores Técnicos

TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.) var. Medjool TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE FRUTOS GRANDES PARA O SEMIÁRIDO BRASILEIRO

1ª Edição

CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO

LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA

Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito

VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO

Diretor Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito

ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

Editor chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA AREPB CNPJ 12.955.187/0001 66 Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL

Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani

Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone

VICENTE DE PAULA QUEIROGA JOSIVANDA PALMEIRA GOMES NOUGLAS VELOSO BARBOSA MENDES DENISE DE CASTRO LIMA ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ BRUNO ADELINO DE MELO ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE (Editores Técnicos)

TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.), var. Medjool TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE FRUTOS GRANDES PARA O SEMIÁRIDO BRASILEIRO 1ª Edição ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA AREPB 2023

©Copyright 2023 by

Organização do Livro

VICENTE DE PAULA QUEIROGA, JOSIVANDA PALMEIRA GOMES, NOUGLAS VELOSO BARBOSA MENDES, DENISE DE CASTRO LIMA, ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ, BRUNO ADELINO DE MELO, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

Arte da Capa

ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

Editoração

ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

Diagramação

ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores.

Data de fechamento da edição: 23/05/2023

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

Q3t Queiroga, Vicente de Paula. Tamareira (Phoenix dactylifera L.), var. Medjool: Tecnologia de produção de frutos grandes para o semiárido brasileiro 1ed. / Organizadores, VicentedePaulaQueiroga, JosivandaPalmeiraGomes, Nouglas Veloso Barbosa Mendes, Denise de Castro Lima, Alexandre José de Melo Queiroz, Bruno Adelino de Melo, Esther Maria Barros de Albuquerque. Campina Grande: AREPB, 2023 338 f. : il. color.

ISBN 978 65 87070 27 8

1. Tâmara 2. Phoenix dactylifera 3. Sistema de produção. 4. Colheita. 5. Frutos. 6. Alimento. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Gomes, Josivanda Palmeira. III. Mendes, Nouglas Veloso Barbosa. IV. Lima, Denise de Castro. V. Queiroz, AlexandreJosédeMelo. VI. Melo, Bruno Adelino. VII Albuquerque, Esther Maria Barros de. VIII. Título.

CDU 634.2

Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda AREPB

Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda AREPB. Foi feito o depósito legal.

O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de CampinaGrande PB,com oobjetivodeserum locus depropagaçãodeumanovamaneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br

EDITORES TÉCNICOS

Vicente de Paula Queiroga (Dr)

Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Centro Nacional de Pesquisa do Algodão CNPA Campina Grande, PB (Brasil)

Josivanda Palmeira Gomes (Dra)

Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola

Universidade Federal de Campina Grande

Campina Grande, PB (Brasil)

Nouglas Veloso Barbosa Mendes (M. Sc.)

C&N Serviços Agroambientais Ltda Agritech Semiárido Agricultura Ltda Pereiro, CE (Brasil)

Denise de Castro Lima (Drª)

Doutora em Ciência do Solo Profª do Curso Técnico em Fruticultura CENTEC Pereiro, CE (Brasil)

Alexandre José de Melo Queiroz (Dr)

Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola

Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)

Bruno Adelino de Melo (Dr)

Pesquisador do CNPQ / UFCG

Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)

Esther Maria Barros de Albuquerque (Drª)

Doutora em Engenharia de Processos

Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)

APRESENTAÇÃO

“Medjool” é uma variedade de Dactylifera no gênero Phoenix. A variedade Medjool é nativa da costa atlântica de Marrocos. Esta variedade em particular é um performer comprovado que é muito superior à maioria das outras variedades de Dactylifera quando utilizadaemcondiçõessubtropicaisoutropicais.AveneráveltâmaraMedjooléproduzida na Califórnia e Arizona por sua excelente fruta e foi introduzida nos USA para uso em paisagismo em 1990. O fruto da tamareira, chamado de tâmara, é uma baga. Geralmente é oblongo ou elipsoide com uma única semente envolta por um endocarpo membranoso fino. Devido ao caráter dioico dessa espécie, os sexos das tamareiras são apresentados por indivíduos separados. Essa tamareira tem seus tecidos ativos e centralizados na gema terminal da planta da qual resulta a formação das folhas, cachos, crescimento em altura e diâmetro. A perda do meristema apical significa morte da tamareira. Na produção de tâmaras é importante plantar um clone de cultivar vegetativo da Palmeira Medjool, em razão de ser um clone comercial de destaque. A Palmeira fêmea Medjool pode iniciar a produção de tâmaras mais cedo do que as plantas derivadas de cultura de tecidos, cerca de 7 anos dependendo da idade da Palmeira Medjool transplantada (rebento radicular). Mesmo que a Palmeira Medjool seja uma planta do deserto, ela pode sobreviver a um ambiente muito variado, especialmente no semiárido brasileiro. Em geral, as tâmaras Medjool poderão prospera em qualquer lugar desde que as temperaturas do inverno não atinjam e permaneçam abaixo de 15 graus. Por outro lado, este livro cobrem a descrição botânica e sistemática, origem, distribuição geográfica e valor nutricional, importância econômica, exigências climáticas, manejo do pomar, colheita e doenças e pragas da tamareira. Em razão disso, este livro escrito em português pode ser um manual útil para aquele que decidir cultivar essa planta e conhecê la em maior profundidade, o livro "Tamareira (Phoenix dactylifera L.), var. Medjool: Tecnologia de produção de frutos grandes para o Semiárido brasileiro”, será de grande interesse e ajuda para o produtor que necessita pôr em prática as várias tecnologias abordadas no mesmo. Autores

SUMÁRIO

CAPÍTULO I - SISTEMA PRODUTIVO DA TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.)

Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Nouglas Veloso Barbosa Mendes, Denise de Castro Lima, Alexandre José de Melo Queiroz, Bruno Adelino de Melo, Ênio Giuliano Girão, Acácio Figueiredo Neto, Esther Maria Barros de Albuquerque 10

CAPÍTULO II PRÉ COLHEITA, COLHEITA E PÓS COLHEITA DE TÂMARAS

Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Nouglas Veloso Barbosa Mendes, Denise de Castro Lima, Alexandre José de Melo Queiroz, Bruno Adelino de Melo, Esther Maria Barros de Albuquerque 238

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 298

CAPÍTULO I

SISTEMA PRODUTIVO DA TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.)

Vicente de Paula Queiroga Josivanda Palmeira Gomes

Nouglas Veloso Barbosa Mendes Denise de Castro Lima

Alexandre José de Melo Queiroz

Bruno Adelino de Melo Ênio Giuliano Girão

Acácio Figueiredo Neto

Esther Maria Barros de Albuquerque (Editores Técnicos)

Capítulo I | 10

INTRODUÇÃO

As tamareiras, Phoenix dactylifera L. (Arecaceae ou palmae), são amplamente cultivadas nas regiões áridas entre 15°N e 35°N, do Marrocos a Oeste até a Índia a Leste (ZAID; DE WETT, 2002). As tâmaras são cultivadas como alimento básico nos oásis do deserto do mundo árabe há milhares de anos. A produção mundial de tâmaras aumentou de pouco mais de 1.809.000 toneladas métricas em 1962 para quase 8.619.600 toneladas métricas em 2016 (http://faostat.fao.org).

Os gregos e romanos usavam esta árvore como símbolo de triunfo, e para as culturas hebraica e cristã era vista como símbolo de paz. Etimologicamente, o nome “Fênix” (Phoenix)é derivadodosfeníciosque estiveram entre osprimeirosa descreveresta planta em suas viagens. Dactylifera é derivado de dactylus para “data” (tâmara em inglês) da palavra grega dactylos, e fero para “árvore portadora de tâmaras” (https://www.unce.unr.edu/publications/files/ho/2002/sp0212.pdf).

A tamareira é uma árvore dióica: basta um caroço de uma tâmara caída para crescer uma planta com um novo genótipo, na maioria das vezes diferente da planta mãe. Foi assim que, ao longo dos séculos, vários milhares de genótipos foram criados. Existem mais de 3000 variedades de tâmaras em todo o mundo. Quase 400 variedades foram contadas no Irã, 370 no Iraque e 250 na Tunísia. Quanto ao palmeiral marroquino, é rico em mais de 400 variedades de tâmaras inventariadas e milhares de khalts (híbridos não selecionados de semi naturais aos quais às vezes nenhum nome foi atribuído). Além disso, em comparação com outros órgãos da tamareira, as características da tâmara são as mais importantes para o reconhecimento das variedades. Assim, muitas vezes as cultivares são identificadas apenas por seus frutos e a maioria das classificações estabelecidas são baseadas nas características das tâmaras. No entanto, elas são, em certa medida, influenciadas pelo ambiente e pela condição das árvores (HARRAK; BOUJNAH, 2012). A avaliação da qualidade das tâmaras depende de vários critérios relacionados ao método utilizado. De fato, existem métodos que levam em consideração as características físicas ou químicas isoladamente ou em combinação. Além disso, estes são os métodos mais utilizados e mais frequentes para caracterizar e selecionar cultivares (HASSAN et al., 2005; SEDRA, 2001 e 2011; SAWAYA et al., 1982 e 1983; GOLSHAN TAFTI; FOOLADI, 2005; MRABET et al., 2008; AL JUHAIMI et al., 2014), ou para determinar a adequação de variedades para uso em tecnologia de alimentos (EL HOUMAIZI et al.,

Capítulo I | 11

2002; CHETTO et al., 2005; HARAK; BOUJNAH, 2012). Outros métodos automatizados ou informatizados recentemente qualificados permitem a avaliação da qualidade e maturidade das tâmaras por meio do uso de novas tecnologias. Essa alternativa depende dos programas e da tecnologia implementada. Dentre esses métodos, destaca se o método publicado por Zhang et al. (2014) que foi testado e validado para tâmarasMedjool.Essa tecnologia propostapermite detectarautomaticamente a qualidade e maturidade das tâmaras com base no uso de cores para separar e classificar as tâmaras Medjool de acordo com o grau de maturidade.

Ou seja, as tâmaras de diferentes variedades e khalts (híbridos espontâneos) não possuem as mesmas qualidades nutricionais, organolépticas, tecnológicas e comerciais. Essas qualidades das tâmaras podem ser avaliadas estudando seus critérios morfológicos, físicos, físico químicos, bioquímicos e sensoriais. A avaliação destas qualidades permite um melhor aproveitamento e valorização do ponto de vista agronómico (divulgando os genótipos precoces e de qualidade, assegurando lhes os cuidados necessários, etc.), tecnológico por uma melhor orientação das tâmaras para usos adequados (comercialização como fruta fresca, conservação e transformação) e comercialização (promoção do consumo, etc.)

Apadronização da qualidade dastâmarastambémcontribui para a avaliaçãodosprodutos de tâmaras. Assim, a norma UNECE DDP 08, relativa à comercialização e controle de qualidade comercial das tâmaras publicada pela ONU em 2010, contém disposições relativas: às qualidades que as tâmaras devem ter no estágio de controle na exportação, após acondicionamento e embalagem, calibragem, tolerâncias, apresentação e marcação (ONU, 2010).

A nível nacional, o Ministério da Agricultura e Pescas Marítimas publicou em 2012 uma norma denominada normas gerais para a comercialização de tâmaras marroquinas (NGCDM). Esta norma inclui as mesmas disposições da Norma UNECE DDP 08, com especificações das variedades nacionais das quais a Medjool faz parte (MAPM, 2014).

Asprincipaisvariedadesde tâmarasmarroquinassãoKhalt,Jihel,Bousekri,Boufeggouss e Medjool, entre outras variedades. Em 2009, a produção total de tâmaras em Marrocos foi de cerca de 31.600 t, com a variedade Medjool representando quase 2.250 t (7,1%). Errachidia, Figuig, Ouarzazate/Zagora e Tata são as três principais regiões produtoras de tâmaras em Marrocos, representando mais de 90% da produção nacional.

Capítulo I | 12

A fruta de tâmara líder mais famosa é a Medjool, sendo um tanto rara no mercado marroquino e é produzida principalmente no vale de Tafilalet (região de Errachidia) (NIXON, 1951); é conhecida pelos preços altos durante todo o ano (o preço médio no varejo de 1 kg de tâmaras Medjool no Marrocos é de 120 DH (US $ 15) em comparação com muitas outras variedades híbridas que são vendidas por menos de 15 DH / kg (US $ 2). Atualmente,um novo mercado é oMarrocos, embora seja consideradoum antigolíder na indústria de tâmaras, está lentamente, mas gradualmente se tornando um dos produtores de melhor qualidade. O foco principal no futuro é que o Marrocos sirva internacionalmente como uma fonte de plantio derivado de cultura de tecidos e material da fase de iniciação da cultura de tecidos. Destaca se a cultivar mais elogiada e amplamente distribuída, Medjool que é originada deste país

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Em termos de cultivo em grande escala, bem como em unidades agrícolas menores, as vantagens da elasticidade desta árvore aos estresses bióticos e abióticos são incomparáveis. A extraordinária vantagem é sua resiliência, sua necessidade de insumos limitados, sua produtividade a longo prazoe seu múltiplo propósito para uso (DOWSON, 1982). A capacidade inerente de tolerarambientes que induzem estresses extremos,como sal e seca, tem sido bem observada entre os produtores. O microecossistemas também podem ser criados usando cultivo de tamareiras e em apoio a tais construções palmeirais em geral que podem atingirgrandesalturascomopilaresformandoum ambiente de estufa para outras árvores frutíferas e leguminosas.

A tamareira é um tipo de palmeira frutífera mais importante de regiões áridas a semiáridas, devido às suas qualidades adaptativas. Mais do que uma árvore frutífera, a relevância religiosa monoteísta é significativa nas fés cristã e islâmica. Citado muitas vezes no Alcorão Sagrado, é usado para quebrar o jejum com um copo de leite durante o mês sagrado do Ramadã, quando o jejum ocorre anualmente. Uma infinidade de religiões e crenças antigas aclamam o benefício das tâmaras.

Em escala internacional, o processamento de tâmaras para garantir maior diversidade de produtos e pontos de comércio existia principalmente desde a Antiguidade e vinha de iniciativas privadas em pequena escala e em nível local. Assim sendo, o desenvolvimento dos produtos derivados da tâmara se baseia na existência de quantidades de tâmaras de segunda qualidade, ou de tâmaras fornecidas de um sistema de produção competitivo ou

Capítulo I | 13

marginal, sendo resto das operações de embalagem ou pelo surgimento de um excesso de produção.

A tecnologia de tâmara é o caminho certo para preservar e melhorar a qualidade das tâmaras. Abrange todasasoperaçõesque,desde a colheita à comercialização,se destinam a conservar todas as suas qualidades nos frutos e a transformar os que não são consumidos, ou consumíveis, tal como são, em produtos diversos, em bruto ou acabados, destinados à alimentação humana ou consumo animal e para a indústria. As tecnologias de tâmara mais amplamente utilizadas e conhecidas internacionalmente estão resumidas na Figura 1.

Figura 1. Possibilidades de valorização agroindustrial das tâmaras. Fonte: Estanove (1987).

Capítulo I | 14

Vários produtos podem ser obtidos a partir de tâmaras (BARREVELD, 1993; AL ABID et al., 2007a,b). As tâmaras são comercializadas inteiras, sem caroço, cortadas em pedacinhos ou maceradas (moídas ou picadas) e podem ser utilizadas em pastelaria. Tâmaras inteiras com caroço ou sem caroço podem ser comercializadas soltas ou prensadas (comprimidas em camadas por meio de força mecânica). Os produtos de tâmaras incluem suco concentrado Tamar (dibis), açúcar líquido, produção de álcool e bebidas alcoólicas, vinagre e produção de proteína unicelular (SIDHU, 2006; Figura 1).

A farinha de tâmaras pode ser obtida a partir de tâmaras secas ou secadas. A calda pode ser produzida a partir de tâmaras muito moles (escorridas) ou de tâmaras de baixa qualidade após hidratação e maceração. O xarope obtido é concentrado a 30/35 ◦Brix e depois filtrado para atingir uma cor marrom clara. O açúcar é extraído das tâmaras, e o vinagre, o álcool e o fermento também podem ser produzidos a partir das tâmaras (MUNIER, 1965). As tâmaras do estágio Kimri (verde) podem ser usadas para picles (fermentar naturalmente um vegetal através de suas próprias bactérias) e chutney (tipo de molho agridoce). As tâmaras do estágio Khalal podem ser usadas para geleia ou tâmaras em calda (dibis). As tâmaras do estágio Rutab podem ser usadas para geléia, manteiga, barras de tâmaras e pasta de tâmaras. As tâmaras do estágio Tamar podem ser processadas em barras de tâmaras, pasta de tâmaras ou xarope de tâmaras. Subprodutos do processamento de tâmaras e tâmaras de baixa qualidade podem ser usados para extração de açúcar ou produção de álcoois de açúcar, ácido cítrico, etanol, vinagre ou fermento de padeiro. Para remover a adstringência, as tâmaras podem ser mergulhadas em uma solução de 3 4% de ácido acético ou em vinagre, ou fumigadas com vapor de ácidoacético em um recipiente aquecido.Astâmarasimaturastambémpodemserimersas em água quente por alguns minutos ou incubadas a 32 38 ◦C por alguns dias, onde a fruta amolece, fica translúcida e o sabor melhora (AIT OUBAHOU; YAHIA, 1999).

Exemplos de cultivares bem conhecidos são a Medjool (também denominado Madjool), DegletNooreBarhee(ZAID;DEWET,2002).Relatosnaliteraturaindicamqueos frutos da tamareira contêm carboidratos, lipídios e proteínas, e são uma excelente fonte de fibra alimentar e certas vitaminas e minerais essenciais. Tem sido demonstrado que as tâmaras têm a maior concentração de polifenóis entre as frutas secas (VINSON et al., 2005). Outras investigações revelaram que as sementes de tamareiras (caroços) contêm procianidinas e seus monômeros (HABIB et al., 2014) juntamente com flavonoides (MANSOURI et al., 2005). Um dos relatos mais interessantes descreveu a presença de

Capítulo I | 15

treze flavonoides glicosilados de luteolina, quercetina e apigenina juntamente com procianidinas em diferentes estágios de maturidade (HONG et al., 2006). Mais recentemente, novos derivados de diosmetina também foram inequivocamente caracterizados por Michael et al. (2013). Os constituintes citados podem contribuir para efeitos sinérgicos em aspectos farmacológicos que foram bem revisados por Baliga et al. (2011). Em outros relatórios farmacológicos, os extratos de frutas de tamareira demonstraram ter propriedades antioxidante (BILGARI et al., 2008), antimutagênica (VAYALIL, 2002), antidiabética (MARD et al., 2010) e anti inflamatória (ZHANG et al., 2013). Além disso, extratos de frutas de tamareira foram descritos como fornecendo proteção contra neuropatia periférica diabética em ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina (ZANGIABADI et al., 2011), e possuindo propriedades antitumorais (ISHURDA; JOHN, 2005), antiaterogênicas (ROCK et al., 2009; BOROCHOV NEORI et al., 2013) e atividades antivirais (JASSIM; NAJI, 2010). A estimulação dos tempos de trânsito gastrointestinal também foi descrita (SOULI et al., 2014), juntamente com um aumento nas atividades séricas de paraoxonase e arilesterase em ratos tratados para hipercolesterolemia (TAKAEIDI et al., 2014).

Essas propriedades promotoras da saúde devem se à presença de compostos bioativos em sua composição, produzidos como mecanismos de defesa contra condições adversas (Figura 2). Dentre esses compostos destacam-se os compostos fenólicos, como flavonoides e ácidos fenólicos, carotenoides, fitoesteróis e fitoestrógenos, aos quais são atribuídas propriedades benéficas à saúde (AL ALAWI et al., 2017). Esses constituintes fitoquímicos podem reduzir o risco de desenvolver doenças e melhorar a funcionalidade. Dessa forma, eles são responsáveis por atividades antioxidantes e antimicrobianas, propriedades anti inflamatórias e outros benefícios à saúde contra câncer, diabetes e doenças cardiovasculares (EL FAR et al., 2019). Essas funções, juntamente com suas origens naturais e ausência de efeitos secundários indesejáveis, os tornam potenciais substitutos de medicamentos sintéticos.

Capítulo I | 16

Figura 2. Metabólitos secundários associados à atividade biológica de produtos de tamareira. Foto: Noemí Echegaray et al., 2020.

As vastas aplicações da estrutura da árvore e dos materiais derivados são muito importantes e podem ser usadas para construir estruturas de abrigo confiáveis. Não só produz um fruto que é uma fonte única e importante de nutrição por si só, mas também é usado para suporte estrutural, sombreamento, fibras e cordas (fabricação de cestas) e materiais à base de casca, bem como produtos que incluem açúcar, mel, óleo, resina e vinho. As frutas de tâmaras colhidas são amplamente consumidas, 91%, dentro da nação de origem. Informação nutricional aproximada. As tâmaras são uma excelente fonte de energia 278 301 kcal/100 g em peso fresco (AL FARSI et al., 2007) e são compostas por 10 22% de umidade e 44 65% de carboidratos (algumas variedades podem chegar a 88%). Osaçúcaresconsistiram principalmenteem sacarose,frutose e glicose e sãodeterminados principalmente por características varietais. A maioria das variedades de tâmaras pertencem ao tipo de açúcar invertido, onde a sacarose é totalmente invertida em glicose e frutose no estágio de Tamar comestível maduro. As proteínas estão presentes nas tâmaras em pequenas quantidades e variam de 2,3% a 5,6% contendo 23 tipos de aminoácidos, alguns dos quais não estão presentes nas frutas mais populares, como laranja, maçã e banana. As tâmaras contêm altas concentrações de ácido aspártico, prolina, glicina, histidina, valina, leucina e arginina, mas baixas concentrações de

Capítulo I | 17

treonina, serina, metionina, isoleucina, tirosina, fenilalanina e lisina e concentrações muito baixas de alanina (EL SOHAIMY; HAFEZ, 2010). As tâmaras são pobres em gorduras (0,2 0,5%). As tâmaras contêm ácidos graxos saturados, como láurico, caprílico, palmítico e insaturados como os ácidos palmitoleico, oleico, linoleico e linolênico (AL SHAHIB; MARSHALL, 2003). As tâmaras contêm 3,5 a 4,2% de cinzas, 6,4 a 11,5% de fibra alimentar, das quais 84 a 94% são fibras insolúveis (ELLEUCH et al., 2008) e 0,5 a 3,9% de pectinas solúveis, que tornam a fruta mais tenra e macia (MYHARA et al., 1999). As tâmaras contêm muitos minerais importantes (0,1 1%), como cálcio, ferro, magnésio, fósforo, potássio, sódio, boro, flúor, cobre, cobalto, selênio e zinco (AHMED; AHMED,1995)e váriasvitaminas,incluindoC,B 6,K,E, A, tiamina, riboflavina, niacina e folato (BARREVELD, 1993; AHMED; AHMED, 1995).

Além disso, a riqueza nutricional das tâmaras está bem documentada e também foi usada para os procedimentos medicinais ao longo da história humana. Rahmani et al. (2014) relataram as valiosas vitaminas e minerais, bem como fibras presentes em frutas de tâmara. Os nutrientes prontamente disponíveis são óleos, cálcio, ferro, cobre, manganês, magnésio, potássio e fósforo, encontrados relativamente presentes. As tâmaras são diferentes da maioria das frutas como fontes de nutrientes por causa de seus principais efeitos na saúde do cérebro, devido a quantidades razoáveis de níveis de vitamina B6 que foramassociadosaomelhordesempenhoepontuaçãodosestudantes(BALKetal.,2007).

A inclusão de tâmaras na dieta é, em última análise, bastante benéfica, embora aqueles que podem ter um guloso na família devam evitar o consumo excessivo, resultando em condições adversas de saúde devido ao teor relativamente alto de açúcar. Alguns problemas de saúde foram relatados como tratáveis pela utilização da tâmara e implementação da dieta. Estes variam desde o alívio da inflamação, laxante da constipação, promoção da saúde e força óssea, controle de distúrbios intestinais, melhora daqueles com anemia; saúde do sistema nervoso; cegueira noturna; diarreia; ao câncer abdominal (AL SHAHIB; MARSHALL, 2003; AL KURAN et al., 2011).

Fitoquímicos e antioxidantes. As propriedades antioxidantes das tâmaras variam dependendo da quantidade de fenólicos, vitaminas C e E, carotenoides e flavonoides presentes (AL FARSI et al., 2005a; MANSOURI et al., 2005). Dentre todos os componentes dietéticos das tâmaras, os fenólicos são responsáveis pela maior parte das propriedades antioxidantes, exibindo uma ampla gama de efeitos biológicos que podem ser classificados como inibidores de radicais livres, prevenindo danos oxidativos de

Capítulo I | 18

ácidos nucleicos, proteínas e lipídios ou pela capacidade de modular bioquimicamente e fisiologicamente ou molecularmente a fisiologia celular. Análises de correlação indicaram que existe uma relação linear entre a atividade antioxidante e a quantidade de compostos fenólicos e flavonoides em frutas de tâmara (ALLIATH; ABDALLA, 2005).

Os compostos fenólicos são compostos principalmente de ácidos fenólicos livres e ligados.

Al Farsi et al. (2005b) relataram que os teores médios de fenólicos totais em tâmaras frescas e secas foram 193,7 e 239,5 mg/100 g, respectivamente. Pelo menos oito ácidos fenólicos estavam presentes em tâmaras secas de Omã e da Tunísia (AL FARSI et al., 2005b; REGNAULT ROGER et al., 1987). Cinco ácidos fenólicos consistiam em derivados hidroxilados do ácido benzóico (ácido gálico, ácido protochatécuico, ácido p hidroxibenzóico,ácidovanílicoeácidosiríngico)etrêseramderivadosdoácidocinâmico (ácido cafeico, ácido p cumárico e ácido ferúlico). A contribuição dos fenólicos totais para a atividade antioxidante em tâmaras é maior do que a do ácido ascórbico (SHIVASHANKARA et al., 2004).

Os principais carotenoides encontrados nas tâmaras são luteína, _ caroteno, zeaxantina e neoxantina (AL FARSI et al., 2005b; BOUDRIES et al., 2007). Embora nem todos os carotenoides atuem como provitamina A, as tâmaras provavelmente contribuem para a necessidade humana de vitamina A. As variedades de tâmaras de cor amarela têm carotenoides totais mais altos do que os tipos de cor vermelha, que contêm carotenoides de hidrocarbonetos como licopeno, neurosporeno, caroteno, fitoflueno e fitoeno (AL FARSI et al., 2005b).

Aspectos técnicos da produção da tâmara Medjool em Marrocos. As tâmaras com Indicação Geográfica “Tâmaras Madjool de Tafilalet” (Marrocos) têm as seguintes características físicas, químicas e organolépticas:

São tâmaras classificadas de acordo com a consistência da polpa como semi mole com coloração marrom mais clara na parte superior. A forma dos frutos jovens é assimétrica. A forma da tâmara madura é alongada.

-O epicarpo da tâmara caracteriza-se pela sua aderência mais ou menos completo para a polpa na maturidade o que leva, dependendo do caso, à formação de grandes bolhas ou pequenas rugas regulares.

Capítulo I | 19

A variedade Medjool é uma tâmara que pode chegar a 6,5 cm em comprimento e 4 cm de largura. O peso da tâmara pode chegar a 30 g com uma relação polpa/tâmara superior a 90 (Figura 3).

As operações de produção e de embalagem das tâmaras são realizadas na área geográfica delimitada por árida e semiárida. No sistema de manejo das tamareiras da variedade Medjool, o uso da irrigação é essencial. A lâmina de irrigação depende da demanda climática, do tipo de solo e da idade da plantação. A frequência de irrigação varia de 1 a 2 irrigações por mês no inverno a 5 ou 6 irrigações por mês no verão. A fertilização é geralmente orgânica (20 a 30 kg de esterco/planta). O uso de fertilizantes químicos, principalmente nitrogênio, é feito para solos pouco férteis.

A polinização artificial é praticada para garantir uma boa colheita. Vai de março até o final de abril nas condições de Marrocos. O período de receptividade é de 3 dias. A operação é repetida 3 a 4 vezes para garantir uma boa polinização. Isso deve ser feito em clima seco e quente.

A podridão das flores é controlada pela queima de todas as inflorescências e espatas doentes ou por tratamento químico após a colheita. Para as traças, as instalações de armazenamento são limpas no final da campanha, pintadas de branco e ventiladas.

As tâmaras são colhidas assim que os sinais do início da maturação aparecem no fruto (estágio Nakkar). Começa no final de agosto e dura até o final de outubro em Marrocos. A técnica utilizada é a coleta seletiva da fruta no cacho Uma vez colhidas, as tâmaras são

Capítulo I | 20
Figura 3. Tâmara da variedade Medjool. Foto: Hasnaâ Harrak (2012).

espalhadas em lonas ao sol por 4 a 5 dias para terminar sua maturação, depois são espalhadasà sombra por 20 diasa 2 mesespara manter sua corantes de serem embaladas. Em seguida, as tâmaras colhidas são classificadas em diferentes categorias de maturidade idêntica e em lotes homogêneos (Figura 4).

ORIGEM E HISTÓRIA

A tamareira é cultivada primitivamente em zonas quentes áridas e semiáridas de 4.500 a 5.000 anos a.C. tanto como frutífera quanto como espécie ornamental (BENZIOUCHE; CHRIET, 2012). De acordo com Djerbi (1999), o cultivo da tamareira provavelmente começou simultaneamente na Mesopotâmia e no Vale do Nilo. O cientista Chevalier citado por Munier (1973), deu origem saariana à tamareira, enquanto o italiano Biccanicity de Ferry et al. (1998), pensava que a origem da tamareira é o Golfo Pérsico. Na Mesopotâmia, os documentos mais antigos escritos e gravados na tamareira, que está na Babilônia desde 4 000 anos antes de Jesus Cristo (DJERBI, 1999).

Os estudiosos mais recentes, no entanto, consideraram a região do Golfo como a origem mais provável, de acordo com as evidências disponíveis sobre a distribuição pré histórica de Phoenix dactylifera, com base em registros escritos antigos, restos arqueológicos e achados arqueobotânicos (FULLER; STEVENS, 2019; TENGBERG, 2012, 2003; ZOHARY; SPIEGEL ROY, 1975).

Capítulo I | 21
Figura 4. Embalagem de papelão das tâmaras frescas da variedade Medjool de Tafilalet, Marrocos. Fonte: ORMVA de Tafilalet.

Antes do cultivo e domesticação, as tamareiras selvagens eram exploradas há milênios. Por exemplo, elas faziam parte da dieta Neandertal 50.000 anos atrás, como evidenciado por fitólitos encontrados em cálculos dentários de dentes recuperados na caverna Shanidar, Iraque (HENRY et al., 2011). A evidência mais antiga da exploração de tamareiras por humanos modernos foi encontrada em dois locais na costa do Golfo: Ilha Dalma, Emirados Árabes Unidos (BEECH; SHEPHERD, 2001) e Sabiyah, Kuwait (PARKER, 2010) e data para trás de aproximadamente 5000 aC. Essa evidência inicial de exploração na região do Golfo informou as visões atuais sobre as origens geográficas do cultivo, mas permanecem importantes questões pendentes sobre as origens da tamareira domesticada.

Assim, a tamareira (Phoenix dactylifera) é uma das frutíferas bastante conhecidas, de origem e cultivo subtropical. Pode ter se originado no Sul do Iraque, onde foi cultivado há 5.000 anos (CHAO; KRUEGER, 2007). A propagação da tamareira e a migração ocorreram ao longo de muitos séculos e ao longo de duas rotas principais; primeiro do Iraque em direção ao Leste para o Irã, Paquistão e Índia e, em segundo lugar, do Egito para o Oeste para os países árabes de Al Maghreb, Espanha e para as condições do novo mundo. Portanto, essa planta está na história e na cultura desde os tempos antigos da região da Península Arábica etornou se uma parte completa da economia da culturaárabe (HUSSAIN, 2010) A semente tem vida longa como demonstrado por SALLON et al. (2008) que germinaram sementes de tâmaras de 2.000 anos que foram escavadas na área de Massada, na Judéia, no Mar Morto.

Essa palmeira (Phoenix dactylifera L.) ou 'Khajoor' na língua urdu, é apelidada de 'árvore da providência divina' por muitas pessoas que dependem dela em suas vidas. A tamareira oferece muitos benefícios às comunidades nos oásis do deserto e nas áreas rurais. Por milhares de anos, as pessoas que viajam pelo deserto carregam tâmaras como alimento de alta energia. A madeira da árvore foi usada para construir casas, para fazer artefatos e queimada como combustível. Durante o Ramadã, os muçulmanos quebram o jejum todos os dias comendo tâmaras. As folhas de palmeira são usadas pelos cristãos na celebração do Domingode Ramose pelosjudeusna celebraçãoda FestadosTabernáculos(Barracas) (CENTER

FOR INVASIVE SPECIES RESEARCH, 2010)

Por sua vez, as palmeiras da variedade Medjool crescem em espécimes de paisagem de tamanho enorme e, nos tempos antigos, essa palmeira era reverenciada como sagrada como produtora de tâmaras, de forma que a fruta podia ser seca e preservada por meses

Capítulo I | 22

para comer quando a disponibilidade de alimentos era escassa. No sistema de produção de tâmaras é importante plantar um clone vegetativo da Palmeira Medjool, por ser um clone comercial de destaque. Quando a Palmeira Medjool é retirada de uma planta adulta fêmeapodeiniciara produçãode tâmarasmaiscedodoque asmudas deculturadetecidos e seminais, cerca de 7 anos dependendo da idade da Palmeira Medjool transplantada. Mesmo que a Palmeira Medjool seja uma planta do deserto, ela pode sobreviver a um ambiente muito variado. Em um dos maiores pomares de palmeiras Medjool na Califórnia, nos arredores de Yuma, AZ., os trabalhadores usam escadas altas para subir nas palmeiras para realizar a colheita de tâmaras. As tâmaras Medjool dessa operação comercial de palmeiras são famosas pelo delicioso sabor da tâmara Medjool, as quais são vendidas por catálogos de correspondência no Natal. Além disso, a Palmeira Medjool é um pouco sensível a temperaturas frias, mas pode sobreviver a geadas leves e congelamentos.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA MUNDIAL

Os frutos da tamareira são bagas contendo uma única semente envolta por pergaminho fibroso comoo endocarpo,omesocarpocarnosoe a casca dofruto(pericarpo). Diferentes regiões dão tâmaras diferentes que variamem forma, tamanho e peso. Além disso, podem variar em suas características organolépticas, físicas e químicas (Al QARAWI et al., 2004; BARGHINI et al., 2007). É de forma oblonga, embora certas variedades possam chegar perto da forma esférica. A tamareira começa a frutificar com uma idade média de 5 anos com uma produção média de 400 600 kg/árvore/ano e continua a produzir por até 60 anos. Egito, Irã, Argélia, Arábia Saudita, Iraque, Paquistão, Sudão, Omã, Emirados Árabes Unidos (UAE) e Tunísia são os dez principais países produtores de tâmaras (Figura 5). Mais de 100 milhões de tamareiras espalhadas pelo Continente Americano, sendo 1,3milhõesde hectaresem todo omundo(FAO,http://www.fao.org). Amaiorárea de contribuição é o continente asiático, incluindo países do Oriente Médio (833.351 hectares), seguido pela África com 416.695 ha, dos quais 392.200 hectares somente no norte da África (AL-SHAHIB; MARSHALL, 2013)

Capítulo I | 23

Figura 5. Mapa mundial dos dez principais países produtores de frutas de tâmaras em 2014. Fonte: Al Alawi et al., 2017 Assim sendo, a tamareira (Phoenix dactylifera L.) é considerada uma das frutíferas mais valiosas e importantes em sua principal área de distribuição no Oriente Médio e Norte da África. Esta espécie está entre as poucas plantas que podem prosperar em ambientes áridos e podem fornecer recursos significativos para as populações locais (CHAO; KRUEGER, 2007). Mais recentemente, pelas características das frutas apreciadas em todo o mundo, foi introduzida em novas áreas como América, Austrália, Namíbia, etc. (GARBATI PEGNA, 2008). Nas últimas décadas, a produção de tâmaras cresceu extraordinariamente e espera se que continue aumentando (CHAO; KRUEGER, 2007). Em todo o mundo aumentou de 6.440.583 t em 2000 para 8.460.443 t em 2016, enquanto a área colhida aumentou de 1.051.482 ha em 2000 para 1.353.159 ha em 2016 (Figura 6) (FAOSTAT, 2018).

Capítulo I | 24

Figura 6. Cultivo da tamareira no mundo. Fonte: FAOSTAT (2018).

A produção situa se principalmente nas regiões islâmicas da Ásia Ocidental e Norte de África, onde a tâmara tem um grande significado cultural e tradicional. De acordo com FAOSTAT (2018), os dez principais países produtores de tâmaras em 2016 foram Egito (1.694.813 t), República Islâmica do Irã (1.065.704 t), Argélia (1.029.596 t), Arábia Saudita (964.536 t), Emirados Árabes Unidos (671.891 t), Iraque (615.211 t), Paquistão (494.601 t), Sudão (439.120 t), Omã (348.642 t) e Tunísia (241.000 t) (Figura 7). Mas entre estes, a Tunísia é o país com os preços de exportação mais elevados graças aos produtos de primeira qualidade, seleção de variedades específicas (Deglet Nour) e boas relações comerciais com a Europa, em particular a França. De fato, a Europa é o líder mundial em importação de tâmaras em valor monetário e o segundo, depois da Índia, em quantidade (BATTAGLIA, 2011).

Figura 7. Os 10 principais países produtores de tâmaras (FAOSTAT, 2018).

Capítulo I | 25

Outro importante centro de produção de tamareiras está em Israel e nos Estados Unidos (Califórnia e Arizona). A quantidade média (toneladas totais) é muito menor, mas a qualidade é alta e comanda uma vantagem de preço para exportação, especialmente para a variedade Medjool (CHAO; KRUEGER, 2007).

O Brasil não produz tâmaras, mas é um grande importador deste produto. A tamareira foi introduzida no Brasil há muitos anos, porém poucos foram os estudos sistemáticos realizados com esta cultura (QUEIROZ et al , 1995). O primeiro registro de introdução da tamareira no Brasil, segundo Gomes (1975), data de 1928 quando materiais foram introduzidos em São Paulo e alguns estudos foram realizados na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, onde foram originadas algumas variedades (OLIVEIRA; ASSIS, 1999).

No Nordeste do Brasil a tamareira foi introduzida em projetos públicos de irrigação, entretanto muito poucas informações sobre a cultura foram coletadas, embora se saiba que, foi nesta região onde as plantas apresentaram resultados mais promissores (QUEIROZ et al., 1995).

No início da década de oitenta, o Centro de Pesquisas Agropecuárias do Trópico Semiárido e o Centro Nacional de Recursos Genéticos (CENARGEN), ambos da Embrapa, introduziram cerca de 26 variedades de tamareira provenientes da África e dos Estados Unidos no submédio São Francisco, cujos plantios foram instalados na Estação Experimental de Bebedouro,em Petrolina/PE (NUNES et al.,1989).Apartirdesta época, foram feitosestudosdeacompanhamentoecaracterizaçãodosmelhoresmateriaisaserem cultivados, onde diversas variedades mostraram se com grande potencial de produção. Atualmente, Petrolina PE é uma prova da ótima adaptabilidade da planta em solos nordestinos. Toda a extensão da orla da cidade possui estas exuberantes palmeiras, presenteando os habitantes não apenas com sua beleza imponente, mas também com grande fartura de frutos.

Semiárido brasileiro. O Nordeste tem tudo para se tornar exportador de tâmaras, mas ainda não começou a investir nesse nicho de mercado. "A planta tem um valor econômico muito bom. E o único país latino que faz a aclimatação da tâmara é o México, de onde o Brasil importa a maior parte da tâmara que consome hoje", segundo o professor egípcio, Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa, que desenvolveu, no laboratório de biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), para produção de mudas de

Capítulo I | 26

cultura de tecidos das variedades de tamareiras que se adaptaram ao clima do Nordeste brasileiro.

Segundo o professor egípcio, em Petrolina, Sertão de Pernambuco, há alguns produtores de tâmaras, mas que plantam a partir de sementes, o que não garante a qualidade dos frutos. Ou seja, uma grande parte destas plantas eram originadas de sementes, resultando em umgrande número deindivíduoscomcaracterísticasgenéticasdiferentesda variedade original, entretanto, um outro grupo de plantas originadas de rebentos, apresentam as características genéticas das variedades originais. No laboratório de biotecnologia da UFRN é possível desenvolver, em grande escala comercial, mudas em processo de biotecnologia, que assegura o tamanho, o sabor e a precocidade das tâmaras". Desta forma, as tamareiras demoram apenas quatro anos para darem frutos, quando, a partir de sementes sem controle de qualidade, as tâmaras poderiam demorar até 8 a 10 anos para produzirem frutos. O cultivo de tamareira tem por objetivo maior ocupar regiões degradas e solos do semiárido brasileiro, pois se trata de uma planta do Oriente Médio, produzida em todos os países árabes, que se desenvolve no deserto. Além da questão econômica, que é o que mais interessa hoje, há também a questão ambiental, que está na ordem do dia. As palmeiras de tâmara fertilizam o solo, suavizando a temperatura e interrompendo a progressão das zonas em processo de desertificação.

BOTÂNICA, MORFOLOGIA E FISIOLÓGICA DA TÂMARA

-Aspecto Botânico e Descrição Sistemática. É uma planta diploide (2n=2x=36), perene e angiosperma monocotiledônea (BARROW, 1998; CHAO; KRUEGER, 2007), mas casos de poliploidia foram relatados com as tamareiras da variedade iraquiana (2n = 64) (AL SALIH; AL NAJJAR, 1987, citado por AL KHAFAJI, 2013). Seus principais órgãos são as raízes, o tronco ou estipe, as folhas ou as palmeiras, as flores e as tâmaras (MUNIER, 1973; Figura 8). É uma planta angiosperma pertencente à família Arecaceae (anteriormente Palmaceae) que inclui cerca de 235 gêneros e 400 espécies (BENZAIOUCH; CHERIET, 2012). Suas folhas largas que se estendem do centro da cúpula apical e caem harmoniosamente para formar uma estrutura de floretes de 360°. Uhl e Dransfield (1987) classificaram a tamareira em: Grupo (Spadiciflora), Ordem (Arecales), Família (Palmae/Arecaceae), Subfamília (Coryphyoideae), Gênero (Phoenix)

Capítulo I | 27

e Espécie (P. dactylifera). À medida que a árvore adulta brota do solo, cria um meristema sólidodominante,queraramenteformagalhos,excetoporramificaçõesnabasedasfolhas anteriores acima do solo. Normalmente, todas as cultivares de tamareiras produzirão ramificações como uma forma de auto multiplicação especializada. No entanto, em ambientes comerciais onde a tâmara é a cultura específica, estes são evitados, pois limitam o potencial da capacidade da planta mãe de produzir um produto de boa qualidade. Figura 8. Componentes da tamareira. Foto: Hagit Nol (2015).

Capítulo I | 28

De acordo com dados recentes do código internacional de nomenclatura botânica, a tamareira ocupa a seguinte posição no reino vegetal:

Reino: Plantae (Plantas);

Sub-reino: Tracheobionta (Plantas vasculares); Superdivisão: Spermatophyta (Plantas com sementes);

Divisão: Magnoliophyta (Plantas com flores); Classe: Liliopsida (Monocotiledôneas);

Subclasse: Arecidae; Ordem: Arecales; Família: Arecaceae (família das palmeiras); Gênero: Phoenix L.; Espécie: Phoenix dactylifera L.

O nome botânico, Phoenix dactylifera L., está relacionado a muitas interpretações diferentes. Uma delas refere se à ave mitológica “Fênix” pela forma estrutural da planta e “dactylifera” das palavras gregas daktylos, alude se à aparência de um dedo do cacho de frutas e fero, que significa “eu carrego” (LINNÉ, 1734, citado por ZAID; DE WET, 2002a).

Além datamareira, cincodessasespéciesproduzem frutoscomestíveis(Phoenix atlantica chev., Phoenix reclinata Jacq., Phoenix farinifera Roxb., Phoenix humilis Royle. e Phoenix acaulis Roxb.). Portanto, a maioria das 12 espécies de Phoenix são conhecidas comoornamentais, sendo a maisvalorizada a Phoenix canariensis Chabeaud,comumente chamada depalmeira dasIlhasCanárias. Phoenix sylvestris Roxb.é amplamente utilizado na Índia como fonte de açúcar. Phoenix dactylifera L. se distingue das duas espécies anteriores por várias características que podem ser resumidas da seguinte forma:

Produção de rebentos (perfilhos);

Tronco alto, colunar e relativamente grosso. Se for incluída a copa de folhas, a tamareira pode atingir mais de 20 m de altura (BLATTER, 1926); e

Folhas verdes escuras, (em vez da cor verde brilhante das outras duas espécies). A estreita relação entre as 12 espécies é evidenciada pela facilidade de hibridização e polinização cruzada (MOORE, 1963; MUNIER, 1973). Vários híbridos naturais foram

Capítulo I | 29

assim obtidos: Phoenix dactylifera X. Phoenix sylvestris (Índia); Phoenix dactylifera × Phoenix canariensis (Marrocos, Argélia e Israel); Phoenix dactylifera × Phoenix reclinata (Senegal).

A espécie Phoenix dactylifera L. tem 36 cromossomos (n = 18; 2n = 36) (BEAL, 1937), mas casos de poliploidia foram relatados por Al Salih e Al Najjar (1987) com variedades de tâmaras iraquianas (2n = 64). Os mesmos autores relataram diferenças entre as variedades: Sayer como variedade precoce (2n = 32) e Khasab, variedade tardia (2n = 36). Além disso, em ambas as variedades foram observadas aneuploidia (alteração cromossômica numérica, caracterizada pela presença de menos ou mais par de cromossomos) e euploidia (alteração do conjunto de cromossomas): (Sayer: 32, 34, 36 e 64 e Khasab: 32 e 36).

Aspecto Morfológico

Planta A tamareira (2n = 2x = 36), monocotiledônea perene dioica, é a frutífera mais importante nas regiões de clima árido do norte da África e do Oriente Médio. Além disso, há produção de tâmaras na China, Índia, Paquistão, Espanha e Califórnia (Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2004). A variedade 'Medjool' (também chamado 'Medjhool', 'Medjehuel', 'Mejhul' ou 'Mejhoul') produz frutos grandes e macios, com polpa amarelo alaranjada e um sabor levemente ricoe agradável. As frutas 'Medjool' têm uma aparência única de outras frutas de tamareira e são altamente valorizadas nos mercados de todo o mundo. A origem do 'Medjool' é conhecida por ser do Vale de Tafilalet (Errachidia) em Marrocos (NIXON, 1950). Geneticamente, a variedade ‘Medjool’ pertence ao maior grupo de acessos de tâmaras do Norte da África que inclui outras variedades como ‘Deglet Noor’ (origem da Argélia/Tunísia) e variedades do Egito (EL ASSAR et al., 2005). O plantio de ‘Medjool’ e outras variedades no Marrocos e na Argélia foi severamente diminuído pela doença bayoud (abiadh em árabe) causada pelo fungo Fusarium oxysporum Schlechtend.: Fr. f. sp. albedinis (Killian & Maire) Gordon (ELMER et al., 1968). A tamareira é comumente propagada vegetativamente usando rebento ou perfilho (NIXON; CARPENTER, 1978). As plantas derivadas de rebentos da mesma variedade são consideradas geneticamente idênticas entre si e às suas plantas “mães”.

Capítulo I | 30

Raiz As tamareiras podem atingir 25 a 30 metros de altura, crescendo sozinhas ou formando uma touceira com vários caules de um único sistema radicular. Para suportar tal crescimento vertical elevado, o sistema radicular é altamente desenvolvido e alcança profundidade para os recursos hídricos (Figura 9). A tamareira possui um sistema radicular fibroso fasciculado que se origina de um bulbo na base do tronco. As raízes primárias têm comprimento médio de 4 metros e podem se estender até 10 metros em solos leves. As raízes primárias dão origem a raízes secundárias que se ramificam para formar raízes terciárias que são mais curtas em comprimento e diâmetro (ZAID; DE WET, 2002). As raízes primárias se originam de sementes, mas também podem continuar a crescer se a tamareira for cultivada a partirde um perfilhoou rebentooude uma plântula cultivada em tecido.

Capítulo I | 31

Figura 9. Representação esquemática da estrutura da tamareira, mostrando a fixação do rebento à palmeira mãe, sistema radicular fibroso fasciculado, espata (inflorescência) entre outras características morfológicas. Fonte: Diagrama de arquivo do USDA, Chao e Krueger (2007).

Capítulo I | 32

Apartir da Figura 3.1, fica claroque osistema radicularda tamareira é divididoem quatro zonas (OIHABI, 1991):

Zona I: Denominada zona respiratória: Localiza se noentornoda baseda tamareiracom profundidade não superior a 25 cm e distribuição lateral de no máximo 0,5 m do caule tipo estipe. Encontram se nesta zona principalmente raízes de natureza primária e secundária. A maioria dessas raízes tem um geotropismo negativo e desempenha um papel respiratório.

- Zona II: Chamada zona nutricional: é uma zona grande e contém a maior proporção de raízes primárias e secundárias. Poderia conter 1000 raízes por m² e mais de 1,60 g de raízes/100 g de solo (OIHABI, 1991). Desenvolvem se entre 0,90 e 1,50 m de profundidade e podem ser encontrados lateralmente fora da projeção da copa da árvore. No caso da variedade Deglet Nour, as raízes laterais foram encontradas até 10,5 m do tronco (BLISS, 1944). Os rebentos recentemente plantados desenvolvem as suas raízes na zona II e depois na zona III. Com um ano de idade, podem atingir 1 m, enquanto 3 m de profundidade são facilmente alcançados no segundo ano.

Zona III: Denominada zona absorvente: A importância desta zona depende do tipo de cultura e da profundidade das águas subterrâneas. Geralmente é encontrado a uma profundidade de 1,5 a 1,8 m. Principalmente raízes primárias com uma densidade decrescente de cima para baixo são encontradas aqui. A densidade desta zona é menor do que na zona II - apenas cerca de 200 raízes são encontradas por m².

- Zona IV: A maior parte desta zona é dependente de água subterrânea. Em uma profundidade menor, torna se difícil distinguir entre a Zona III e a Zona IV, pois ambos os tipos de raízes são encontrados aqui. Quando a água subterrânea é profunda, as raízes desta zona podem atingir uma profundidade maior. Geralmente apresentam-se como radículas com geotropismo positivo.

Em conclusão, o tipo de raiz e a distribuição ilustram o papel da tamareira. A falta de raízes no solo superior permite que outras culturas como trigo, luzerna e vegetais sejam intercaladas. Enquanto isso, a alta concentraçãoe a presença profunda de raízes primárias permitem que a tamareira se beneficie da umidade subterrânea e, consequentemente, ao contrário da maioria das palmeiras frutíferas, resista ao estresse hídrico e às condições de seca.

Capítulo I | 33

O desenvolvimento e a distribuição das raízes das tamareiras dependem das características do solo, tipo de cultura, profundidade da água subterrânea e variedade. Sendo uma monocotiledônea, a tamareira não tem raiz principal. Ou seja, seu sistema radicular é fasciculado e as raízes são fibrosas. As raízes secundárias aparecem na raiz primária que se desenvolvem diretamenteda semente.Essas raízes secundárias produzem raízes laterais (raízes terciárias e assim por diante) do mesmo tipo com aproximadamente o mesmo diâmetro em todo o seu comprimento (Figura 3.2). As raízes também podem crescer a partir do tronco na superfície do solo (AL KHAFAJI, 2013). Essas raízes são denominadas aéreas e podem enfraquecer o tronco para que as rachaduras que produzem saiam da axila da fronde básica (Figura 10). Neste caso à parte nua do tronco deve ser coberta com terra para evitar este problema e enterrar as raízes aéreas (Al Khafaji, 2013). Todasasraízesda tamareira apresentam pneumática, que sãoórgãosrespiratórios(ZAID; DE WET, 2002a). As raízes são encontradas até 25 m da palmeira e a profundidades superiores a 6 m, mas 85% das raízes estão distribuídas na zona de 2 m de profundidade e 2 m em ambos os lados laterais em solo argiloso profundo (MUNIER 1973; ZAID; DE WET, 2002a).

Figuras 10. Raízes aéreas com consequente enfraquecimento do tronco.

Capítulo I | 34

Tronco O tronco da tamareira, também chamado de caule ou estipe, é vertical, cilíndrico e colunar da mesma circunferência até o topo (ZAID; DE WET, 2002a). A circunferência não aumenta uma vez que o dossel das folhas esteja totalmente desenvolvido. É de cor castanha, lignificada e normalmente sem ramificação, embora possa ocorrer fenómeno de ramificação (Figura 11). Sua circunferência média é de cerca de 1 a 1,10 m. Otroncoé compostode feixesvascularesfibrosose resistentes,cimentados em uma matriz de tecido celular muito lignificado próximo à parte externa do tronco. Sendo uma monocotiledônea, a tamareira não possui camada de câmbio. O crescimento horizontal ou lateral é assegurado por um câmbio extra fascicular que logo desaparece, resultando em uma largura de tronco constante e uniforme durante toda a vida da palmeira. O crescimento vertical da tamareira é assegurado pelo seu broto terminal, denominado filóforo ou filogênio e lateralmente através de tecido fascicular (ZAID; DE WET, 2002a).

Capítulo I | 35
Figuras 11. Fenômeno de ramificação.

O tronco principal da tamareira é um único cilindro vertical de igual diâmetro, que é coberto com bases (bainhas) de folhas que são envoltas em fibra, um mecanismo evolutivo para proteger o tronco de insetos e animais herbívoros, além de um isolamento para reduzir a perda de água (ZAID; DE WET, 2002). O tronco (denominado estipe) é coberto apicalmente por frondes que são folhas pinadas alongadas, que são sustentadas por uma vasta rede de tecidos fibrosos (ZAID; DE WET, 2002). A água e os nutrientes são translocados através do tecido vascular composto por feixes vasculares bem empilhados.

Os brotos auxiliares vegetativos, florais ouintermediários podem ser encontrados na base de cada folha. Durante a vida juvenil da árvore, esses brotos podem formar os chamadas perfilhos (rebentos radiculares) ou ventosas (rebentos caulinares) (Figura 12). Os rebentos radiculares ou perfilhos são separados da planta mãe (produção de mudas) e podem se desenvolver em uma palmeira adulta e dar frutos na maturidade. Já os rebentos caulinares (ventosas ou chupões) deverão ser podados do tronco principal, pois são considerados ventosas ou chupões de seivas.

Figura 12 Rebentos caulinares ou ventosas devem ser eliminados (seta vermelha) ou podados do tronco principal.

Capítulo I | 36

Folhas Dependendo da variedade, idade da palmeira e condições ambientais, as folhas da tamareira têm de 3 a 6 m de comprimento (média de 4 m) e 0,5 metro de largura na nervura central média que se estreita em direçãoa ambas asextremidades das folhas, com espinhos no pecíolo, pinados e dispostos em espiral ao redor do tronco (UHL; DRANSFIELD, 1987). Normalmente têm vida útil de 3 a 7 anos (ZAID; DE WET, 2002a). São formados por 120 a 140 folíolos por fronde ou folha, inteiramente lanceolados, dobrados longitudinalmente e obliquamente ligados à raque (Figura 13a). Seu comprimento varia de 15 a mais de 100 cm e em largura de 1 a 6,3 cm. A nervura central da folhagem ou pecíolo é relativamente triangular em seção transversal com dois ângulos laterais e um dorsal. É desprovido de espinhos em ambos os lados, que variam de alguns cm a 24 cm de comprimento e de alguns mm a 1 cm de espessura (Figura 13b). A base da folhagem é uma bainha que envolve a palma e consiste em tecido conectivo branco ramificado por feixes vasculares (DOWSON, 1982; ZAID; DE WET, 2002a). À medida que a folhagem cresce para cima, o tecido conectivo desaparece em grande parte ficando seco, e imediatamente marrom.

Figura 13 Folha de tamareira (esquerda) e desenho esquemático (direita). Fotos: Zaid e de Wet, 2002a; Mirmehdi, 2014.

Capítulo I | 37

O número de folhas produzidas anualmente varia de 10 a 26 e uma palmeira adulta pode ter de 100 a 125 folhas; 50% delas são fotossinteticamente ativas (ZAID; DE WET, 2002). As folhas permanecem presas à árvore após a senescência e devem ser podadas manualmente.

Inflorescência A tamareira é uma espécie dióica com flores masculinas e femininas sendo produzidasem cachosem palmeirasseparadas(ZAID; DE WET,2002a).Em casos raros, ambasasflorespistiladase estaminadassão produzidasna mesma espiga,enquanto a presença de floreshermafroditasna inflorescência também foi relatada (MASON,1915; MILNE, 1918; ZAID; DE WET, 2002a). As palmeiras que carregam flores unissexuais e hermafroditas são conhecidas como polígamas. As flores unissexuais são pistiladas (femininas) e estaminadas (masculinas) e nascem em um grande cacho (inflorescência) chamado espádice ou espiga, que consiste em um caule central chamado raque e vários filamentos ou espiguetas (geralmente 50 150 ramos laterais). A inflorescência, também chamada de cacho de flores, em seus estágios iniciais é encerrada em um envelope rígido conhecido como espata (cobertura coriácea esverdeada que envolve a inflorescência imatura), que se abre à medida que as flores amadurecem, expondo toda a inflorescência para fins de polinização (na antese, torna se marrom e se divide longitudinalmente expondo toda a inflorescência para fins de polinização). As espatas masculinas são mais curtas e largas que as femininas. A espata protege as delicadas flores de serem murchas pelo calor intenso até que estejam maduras e prontas para desempenhar sua função (ZAID; DE WET, 2002a). Cada espigueta carrega um grande número de flores minúsculas, de 8.000 a 10.000 na inflorescência feminina e ainda mais na inflorescência masculina (CHANDLER, 1958; ZAID; DE WET, 2002a). O número anual de espatas nascidaspor uma palmeira varia de nenhuma acercade 25nasfêmease umnúmeromaior nos machos, mas a média é de uma dúzia para as fêmease um pouco mais para os machos (ZAID; DE WET, 2002a). A inflorescência masculina é aglomerada no final da raque, enquanto os ramos da inflorescência do cacho feminino são menos densamente aglomerados no final da raque. Essas características permitem o reconhecimento do sexo da inflorescência antes de sua abertura (Figuras 14 e 15).

Capítulo I | 38

Figura 14 Destaque da inflorescência da tamareira: Espata fechada, espata abrindo, inflorescência pronta para polinização (antese) e cacho de frutos (vingados).

Capítulo I | 39

Figura 15. Diferentes inflorescências na tamareira. (A) Dois grupos de inflorescências femininasem diferentesestágiosde desenvolvimento.Asinflorescênciasna parte inferior estão prontas para a polinização. (B) Inflorescência masculina (direita) fora de sua espata (esquerda), em processo de secagem antes da extração do pólen. (C) Fios masculinos (esquerda) e um único fio feminino (direita). Fonte: Imagem A (School of Palm andDate Lovers, 2020). Fonte: Imagens B, C (Fotos: Ricardo Salomón Torres).

Inflorescências estaminadas e pistiladas aparecem em diferentes plantas, interfoliares como espádices eretos (Figura 16). O pedúnculo é curto ou alongado longe da base da folha, com um único profilo de duas quilhas, ou a bráctea na base da inflorescência que envolve a inflorescência em uma brotação.A inflorescência estaminada com o pedúnculo pode ter 60 centímetros ou mais de comprimento, enquanto as brácteas marrons furfuráceas têm aproximadamente 40 × 10 centímetros de tamanho. Dentro do profilo há uma rhachilla com flores estaminadas, que nascem isoladas ou ligeiramente agrupadas em espiral ao longo da rhachilla (DRANSFIELD 1985; UHL; MOORE, 1977).

Capítulo I | 40
Capítulo I | 41
Figura 16. Inflorescência estaminada de tamareira. Foto: M. Z. Paszke.

Flor As flores reprodutivas femininas ou masculinas são produzidas em cachos, que surgem das axilas das folhas originadas no ano anterior (ZAID; DE WET, 2002; Figura 17). As flores de tamareiras também emergem de brotos auxiliares dentro da roseta terminal e formam cachos ramificados. As flores femininas têm 3 carpelos estreitamente unidos. Apenas um dos carpelos é fertilizado e se desenvolve em uma baga de uma semente. Os outros dois carpelos abortam.

Por se tratar de uma espécie dióica; flores masculinas e femininas são encontradas em tamareiras separadas (UHL; DRANSFIELD, 1987) e somente as palmeiras femininas podem dar frutos após fertilização natural ou artificial. As flores masculinas e femininas são pequenas, brancas e dispostas em espiquetas que se prendem a uma raque formando uma inflorescência chamada espádice ou espiga, que consiste em uma haste central chamado raque e vários filamentos ou espiguetas (geralmente 50 a 150 ramificações laterais).Cada espigueta carrega um grande númerode pequenasflores,de 8.000a 10.000 nas fêmeas e mais na inflorescência masculina. A inflorescência masculina é aglomerada no final da raque, enquanto as ramificações da inflorescência do grupo feminino são menos densamente aglomerados no final da raque (UHL; DRANSFIELD, 1987, ZAID; DE WET, 2002).

Capítulo I | 42
Figura 17. Flores masculinas da tamareira, colhidas manualmente, polinizam as flores fêmeas da tamareira. Foto: Battesti V. (2005).

A flor masculina é perfumada e normalmente tem seis estames, cercados por pétalas e sépalas semelhantes a escamas cerosas (três cada). Cada estame é composto por dois pequenos sacos polínicos amarelados. A flor feminina tem cerca de 3 a 4 mm de diâmetro e possui estames rudimentares e trêscarpelos bem colados e oovárioé súpero (hipógino). As três sépalas e três pétalas são unidas de modo que apenas as pontas divergem. Aoabrir as flores femininas apresentam coloração mais amarelada, enquanto as masculinas apresentam pó de cor branca, produzido pela agitação (Figura 18). Os sacos polínicos geralmente abrem dentro de uma ou duas horas após o rompimento da espata. Apenasum dos três ovários é capaz de se desenvolver em uma baga (AL YAHYAI; KHARUSI, 2012, ZAID; DE WET, 2002). A polinização da palmeira é muitas vezes feita pelo vento e a polinização artificial também é uma prática comum para obter maior rendimento.

Figura 18. a) Inflorescência feminina amarelada e b) inflorescência masculina branca.

Fotos: Dowson, 1982

O cálice, ou a parte externa estreita do perianto (também chamado de cúpula), não faz parte morfologicamente do fruto, mas está sempre ligado a ele antes da maturidade. Muitas vezes, é um recurso característico associado a formas. O tamanho e a forma deste cálice são úteis para observar. Em algumas variedades, o cálice é achatado ou achatado contra a corola, ou parte interna. Em outras variedades, pode subir acima de 2 ou 3 mm. O cálice é descrito como achatado ou levemente proeminente quando está no mesmo planodacorola ou seeleva menosde 1mmacima da corola,moderadamente proeminente

Capítulo I | 43

quando se eleva entre 1 e 2 mm acima da corola, proeminente quando se eleva mais de 2 mm acima da corola. A cor do cálice é a da haste floral ou raque (HARRAK; BOUJNAH, 2012)

Biologia floral. As plantas masculinas emitem inflorescências mais cedo que as femininas.Uma planta macho poliniza, em média,17fêmeas,podendo, em terrenoplano, polinizar até 50 fêmeas. As tâmaras florescem quando a temperatura da sombra da copa aumenta para mais de 18 ºC e dão frutos quando a temperatura é superior a 25 ºC (ZAID; DE WET, 2002a). As flores (e mais tarde os frutos nas árvores femininas) nascem em um pedúnculo ou raque plano e afilado, comumente conhecido como “haste de fruto” nas árvores femininas. A inflorescência consiste em muitas ráquilas não ramificadas, conhecidas como "filamentos", dispostas em espirais na raque. Tanto as flores femininas quanto as masculinas costumam ter três sépalas e três pétalas (Figura 19). As flores masculinas são geralmente cerosas e as flores femininas geralmente são verde amareladas.Poucoantesdafloração,ainflorescênciasurgenoeixodefolhas,empurrando as espatas, e as espatas racham longitudinalmente na antese. Apenas a porção da ráquila que dá flores é exposta. Cinquenta a 60 dias após a antese, a haste do fruto se alonga e empurra a porção da inflorescência que não dá flores para um comprimento de 60 a 120 cm. O fruto normalmente se desenvolve após a fertilização de um dos três carpelos dentro de cada flor pistilada. A queda natural do fruto ocorre de 25 a 35 dias após a quebra da espata, e algumas cultivares apresentam uma segunda queda do fruto cerca de 100 dias apósa quebra da espata (àsvezeschamadade “queda de junho”) (REUVENI etal.,1986).

Capítulo I | 44

A taxa de crescimento e desenvolvimento dos frutos semeados segue uma curva de crescimentosigmoide. Ofruto datâmara passa porcincoestágiosdistintosdecrescimento e amadurecimento. Esses cinco estágios são geralmente referidosem termos derivados do árabe iraquiano como estágio Hababouk (início de crescimento e de desenvolvimento do fruto verde; Figura 20) "Kimri", "Khalal" (às vezes chamado de "Bisr"), "Rutab" e "Tamar",osquaisrepresentam o verde imaturo,o madurototalmente colorido,o marrom suave e os estágios de passas duras, respectivamente (REUVENI et al., 1986). Durante o estágio Kimri, o fruto aumenta de tamanho e peso rapidamente até o estágio Khalal. A cordo fruto muda de verde duranteoestágio Kimri para umacorcaracterística dacultivar durante o Khalal. A fruta permanece túrgida e adstringente durante o estágio Khalal e contém uma quantidade substancial de taninos solúveis em água. Durante o estágio Khalal, a taxa de ganho de tamanho e peso diminui ligeiramente e a fruta atinge o tamanho e o peso máximos. As frutas durante o estágio de Rutab são caracterizadas por um escurecimento da casca para âmbar, marrom ou quase preto, acompanhado de

Capítulo I | 45
Figura 19.Floresmasculinas(esquerda)efemininas(direita)da tamareira.Foto:Arquivo do USDA.

amolecimento, diminuição da adstringência e aumento de taninos insolúveis. Durante o estágio de Tamar, as frutas perdem grande parte de sua água e a relação açúcar água é alta o suficiente para impedir a fermentação, semelhante a passas ou ameixas secas. O teor de água é de 75% a 80% em frutos jovens, diminuindo para 40% a 60% no início do amadurecimento e diminuindo rapidamente mais tarde. O teor de açúcar é de cerca de 20% de matéria seca durante o início do estágio Kimri, aumentando de forma constante para 50% de matéria seca no início do estágio Khalal, e vai acumulando a uma taxa mais rápida até atingir 72% a 88% de matéria seca na maturação (REUVENI et al., 1986). A fruta da tâmara varia em tamanho e forma dependendo da cultivar, cultura e ambiente. A tamareira produz em média 40 kg de frutos anualmente, com rendimentos de mais de 100 kg possíveis com manejo intensivo. Quando cultivadas com baixos níveis de insumos e manejo, as tâmaras podem produzir 20 kg de frutas ou menos anualmente. As plantas fêmeas começam a produzir tâmaras aos 4 a 6 anos de idade e atingem a plena produção dentro de 15 a 20 anos (NIXON; CARPENTER, 1978).

Figura 20. Cinco estágios de crescimentode um fruto de tâmara por dias pós polinização (DPP). Foto: Al Mssallem et al. (2013).

Fruto A tâmara é uma baga que contém uma única semente, comumente chamada de caroço (Figura 21). Possui uma cobertura celulósica, pele ou epicarpo. Este último é descrito como fino, médio fino ou grosso. Às vezes é descrito como macio ou duro. Caracteriza se também pela sua adesão mais ou menos completa na maturidade o que leva, dependendo do caso, à formação de grandes bolhas ou pequenas rugas regulares. Uma vez que essas diferenças aparentes são afetadas pela estação climática, manejo e

Capítulo I | 46

outros fatores, elas são de pequeno valor na diferenciação entre variedades. O mesocarpo da tâmara é mais ou menos carnoso e de consistência variável, apresentando uma zona periférica de cor mais intensa e textura compacta, e uma zona interna de cor mais clara e textura fibrosa. O endocarpo é reduzido a uma membrana de pergaminho que envolve o caroço ou semente (Figura 22). O epicarpo, o mesocarpo e o endocarpo são geralmente confundidos com o nome de carnoso ou polpa (HARRAK; BOUJNAH, 2012)

Figura 21. Corte de uma tâmara. Foto: Hasnaâ Harrak (2012).

Capítulo I | 47

Figura 22. A anatomia do fruto da tâmara no estádio Tamar, destacando o endocarpo e a semente. Foto: Sami Ghnimi et al. (2016).

A evolução da textura da polpa durante a maturação também é um bom critério varietal. No entanto, podem existir variações nas tâmaras devido aos fenômenos de metaxenia. Geralmente, as tâmaras recém colhidas, amadurecidas em condições normais, são classificadas de acordo com sua consistência em três categorias: macias, semi moles e secas.

Tâmaras moles, de polpa muito aquosa quando frescas, requerem tratamento para reduzir o teor de água para uma boa conservação, como as variedades Boufeggous (Marrocos), Rhars (Argélia) e Barhi (Iraque);

Tâmaras semi moles, cujo teor de água da polpa é inferior ao da categoria anterior, e que permanecem macioscomo asvariedadesMedjool (Marrocos), Deglet Nour(Argélia) e Zahidi (Iraque);

Tâmaras secas, cuja polpa é naturalmente seca, como Ademou (Marrocos), Degla Beïda (Argélia) e Kentichi (Tunísia).

Astâmarastambém diferem na parte interna da polpa que delimita a cavidade que contém o caroço,chamada de“rag” pelosautoresamericanos,que pode sermaisoumenosfibrosa dependendo da variedade (Figura 23). O peso das tâmaras pode variar de 2 a 60 g; as

Capítulo I | 48

dimensões são 18 mm a 110 mm de comprimento e 8 a 32 mm de largura. A cor pode ser mais ou menos amarelo claro, amarelo âmbar translúcido, marrom mais ou menos pronunciado,vermelhooupreto.Astâmarassãogeralmentealongadas,oblongas,ovoides ou esféricas.

Figura

nos estádios

Critérios físicos e morfológicos da tâmara a) Critérios de peso e tamanho. O peso vantajoso e as grandes dimensões são características atraentes no contexto da indústria global de tâmaras. A importância ou a abundância relativa da polpa constitui também uma característica de valorização das qualidades comerciais da tâmara. Esta proporção, expressa pelo rendimento em peso da polpa e caroço ou pelo rendimento em peso da polpa e a tâmara inteira (teor de polpa), é utilizada pelos melhoristas para avaliar a qualidade de uma variedade; assim, por exemplo, a tâmara da variedade Deglet Nour de qualidade de mercado, pesando cerca de 10 g, contém 10% de caroço(em geral,o caroçorepresenta de 7a 30%dopesoda tâmara)

Capítulo I | 49
23. Anatomia do fruto da tamareira (Phoenix dactylifera L., cv. Confitera) tardios de Tamar (A) e de Rutab (B). Foto: Fernández-López et al. (2022).

e 90% de polpa em peso (Figura 24). Esses caracteres, que devem ser observados apenas namaturidade,são,emcertamedida,influenciadospelaxênia(efeitodopólennoembrião e endosperma ou cruzamento),pelonúmerode frutosporcachoouporpalmeira (desbaste manual de frutos em cada fio do cacho), por fatores ecológicos e condições ambientais.

Figura 24 Estágio Tamar (Tamr) de desenvolvimento da tâmara de diferentes cultivares e tamanho do fruto, destacando no tamanho a variedade Medjool. Foto: Kader, A. A.; Hussein, Awad. 2009.

Para as principais variedades de tâmaras marroquinas, nos critérios de peso destacam a superioridade da variedade Medjool (a tâmara Medjool contém 93,04% da polpa em peso e apenas6,96% do caroço; Figura 25)sobre asdemaisvariedades,seguida de Boufeggous (Figura 26)e Bourhare.Estasduasvariedadestambém produzem frutosde pesovantajoso com uma importância da polpa comparável à da variedade tunisiana Deglet Nour.

Capítulo I | 50

Figura 26. Tâmaras da variedade Boufeggous. Foto: Hasnaâ Harrak. No que diz respeito às dimensões do fruto, nota se também a superioridade da Medjool em relação às outras variedades, seguidas também da Boufeggous e Bourhare que produzem frutos de dimensões consideradas igualmente interessantes no contexto da indústria da tâmara. O comprimento da variedade Medjool é significativamente maior que o da variedade tunisiana Deglet Nour ou das principais variedades iraquianas, como Khiyara. Comprimentosde tâmara maislongosforam encontradospara “khalts”(híbridos espontâneos) selecionados em Marrocos.

b) Volume e densidade específica da tâmara. O volume da tâmara, um dos critérios de qualidade comercial, varia, para entre variedades de tâmaras marroquinas: de 5,00 cm3 para Bouslikhène a 18,32 cm3 para Medjool. Quanto à maioria dos critérios de peso e

Capítulo I | 51
Figura 25. Tâmaras da mundialmente famosa variedade Medjool. Foto: Hasnaâ Harrak.

tamanho,a variedade Boufeggous(15,30cm3)mantém sua classificaçãoapósa variedade Medjool. Asvariedadescom tâmarasde pequenosvolumessãoBousthammi branco(5,47 cm3), Bousthammi preto (5,06 cm3), Bouittob (5,02 cm3) e Bouslikhène (5,00 cm3).

As variedades Medjool, Mah Elbaid, Bousthammi branco e Boufeggous apresentam densidades específicas médias que não diferem significativamente entre si (cerca de 1,20 g/cm3 emmédia),masassuasdensidadessãosignificativamente superioresàsdensidades médias obtidas para as outras variedades. As variedades menos densas são Outoukdim (0,83 g/cm3), Tadment (0,82 g/cm3) e Bouslikhène (0,74 g/cm3) (HARRAK; BOUJNAH, 2012)

c) Cor da tâmara. A evolução da cor durante o amadurecimento é um bom critério varietal. No entanto, podem existir variações nas tâmaras devido aos fenômenos de metaxenia (compatibilidade do polén Macho Fêmea). No entanto, de todas as características dos frutos estudados, a cor do estágio Khalal foi considerada a mais confiável para a classificação das variedades (Figura 27). Dependendo da cor desse estágio, as variedades podem ser classificadas como amarelas, vermelhas ou uma combinação de vermelho e amarelo.

Figura 27. Diferenças de cor entre cultivares no estágio Khalal de desenvolvimento da tâmara. Foto: Kader, A.A.; Hussein, Awad. 2009.

Capítulo I | 52

Além disso, a cor da tâmara é um importante critério de qualidade para comercialização. Variedades com tâmaras marrons têm um mercado mais valioso, sendo o caso da variedade Medjool. A cor mais apreciada pelos consumidores marroquinos é o “aspecto mel” ou “dourado”. As tâmaras com uma cor tendendo ao preto podem não ter um alto valor comercial, mesmo que algumas sejam de excelente sabor. O estudo das principais variedades de tâmaras marroquinas mostrou que a cor dominante da tâmara é o castanho. A variedade Bouskri, por outro lado, tem uma cor característica que permanece marrom esverdeada mesmo quando madura.

d) Forma da tâmara. A forma do fruto é uma característica varietal particularmente importante, apesar de algumas anomalias (polimorfismo específico do genótipo e não ligado à metaxenia). Pode ser definido pela razão entre o comprimento (L) e o diâmetro (D). Algumas variedades têm frutos quase esféricos (L/D próximo a 1), outras são muito alongadas(L/Dpróximoa 3).Aforma observadaantesda maturidade plena pode àsvezes ser caracterizada por uma figura geométrica. Deve se notar também que a forma dos frutos jovens observados algumas semanas após a polinização é bastante típica de cada variedade. No entanto, a forma do fruto pode ser observada no estágio Khalal. No entanto, a partir deste estágio, as diferenças distintivas tendem a desaparecer durante a maturação. As formas da tâmara são definidas da seguinte forma:

Oblongo: refere se a um perfil, ou forma, duas ou três vezes mais longo do que largo com uma diminuição muito pequena no diâmetro do meio para uma das duas extremidades.

-Elíptico: é oblongo com perfil curvo. Ambas as extremidades são semelhantes em espessura.

Oval: é o mesmo que uma forma elíptica larga, ou elíptica com a largura maior que a metade do comprimento.

Ovado: é comparável a um ovo com a ponta grossa presa a haste. Exemplo da variedade Medjool.

-Obovado: é inversamente oval, ou oval com a extremidade estreita está ligado a haste.

e) Natureza fibrosa da polpa. As membranas das células da tâmara são feitas principalmente de celulose. Esta substância e outros sólidos insolúveis (hemicelulose, lignina, lignocelulose e pectinas insolúveis) representam cerca de 85% da matéria seca da

Capítulo I | 53

tâmara verde, mas à medida que o teor de açúcar aumenta, o teor de fibra diminui. Eles são parcialmente hidrolisados por várias enzimas que tornam a fruta mais macia. Uma tâmara macia quando totalmente madura não contém mais do que cerca de 2% de fibra bruta ou celulose. No entanto, a proporçãode celulose varia entre variedades; diminui em variedades de alta qualidade (tâmaras finas) como Deglet Nour. Algumas variedades comuns de menor qualidade utilizadas para fins industriais, particularmente fibrosas, podem conter mais de 10% de celulose. Para 14 variedades de tâmaras do Iraque, Irã, Egito e Arábia Saudita, o teor de fibra foi avaliado entre 6,4 e 11,5%.

Por outro lado, um baixo teor de fibra pode ser correlacionado com alta qualidade comercial (tâmaras finas) (especialmente no caso das variedades Medjool e Boufeggous). Para tâmaras moles, a polpa dentro da tâmara geralmente não é muito fibrosa (caso da variedade Bousthammi preto) (HARRAK; BOUJNAH, 2012)

Semente ou caroço A semente representa a parte não comestível da tâmara por constituir 10% a 30% do seu peso total (HASAN et al., 2005), é alongada fusiforme atenuada nas extremidades e apresenta protuberância em certas variedades, sua face ventral é convexa enquanto sua superfície dorsal tem um sulco de forma variável (Figura 28), seu peso varia de 0,5 a 4 gramas e seu comprimento de 12 a 36 milímetros e sua largura é de 6 a 13 milímetros (PEYRON, 2002; CHIBANE et al., 2007). A semente possui um embrião pequeno, sendo constituído por um albúmen córneo de consistência dura (endosperma duro) (ZAID; DE WET, 2002a; Figura 29) e, como em todos os frutos, suascaracterísticasvariamde acordocoma variedadee ascondiçõesde cultivo (DJERBI, 1999).

Figura 28. Sementes sulcadas na superfície dorsal da tâmara. Foto: www.noureleslam.com

Capítulo I | 54

Por outro lado, as plantas fornecedoras de sementes devem ter as melhores características da espécie ou variedade em questão, tais como: alta produtividade, boas propriedades dos frutos (bom sabor e tamanho), precocidade e sanidade (isenta de pragas e doenças). No que diz respeito ao caroço, a sua cor, forma e dimensões são de menor importância na identificação das variedades. O pólen tendo assegurado a fecundação (xênia) tem um efeito marcante nas dimensões do caroço e em pequena medida na sua forma e cor. No entanto, essas variações permanecem pequenas em comparação com as diferenças varietais. A forma do caroço, quantificada pela razão entre o comprimento e o maior diâmetro, geralmente varia na mesma direção da forma do fruto; mas a forma geral tomada na direção dos contornos pode ser diferente. A posição do poro germinativo às vezes é útil na identificação, especialmente se estiver próximo à base ou ao topo. Esta posição também pode ser no meio do comprimento. A ranhura dorsa pode ser fechada ou aberta. Se aberto, pode variar em largura e profundidade. A cor do caroço pode variar de

Capítulo I | 55
Figura 29. Estrutura da semente de tâmara. Foto: Djerbi (1999).

bege claro a marrom bastante escuro, dependendo da variedade. A superfície do caroço é parcial ou totalmente áspera. Crescimentos longitudinais mais ou menos grandes e numerosos são comuns em certas variedades. Finalmente, a extremidade inferior, ou pistilada, do caroço pode ser arredondada, alongada, acuminado ou terminar em uma pequena ponta rígida.

Aspecto fisiológico

Germinação A primeira etapa para plantar tâmaras é escolher bem as sementes. Para isso, pegue frutos maduros, remova as sementes e limpe as bem em água corrente. Elas devem ser submetidas à limpeza para eliminar os resíduos de polpa (Figura 30a). Para facilitar o processo de quebra de dormência, basta submergir as sementes de tâmara, em água quente (50º C), por 24 horas e, depois, em água fria por 48 horas. É importante que a água seja trocada várias vezes (a cada 12 horas) para evitar o surgimento de mofo. As sementes que flutuarem devem ser descartadas. O próximo passo é umedecer as três folhas de papel germitest (Figura 30b). Essas sementes embrulhadas no papel germitest umedecido devem ser acondicionadas, em um saco plástico fechado, a ser armazenado, em local escuro, sob temperatura de aproximadamente 25°C, por até oito semanas.

Figura 30 a) Selecione frutos maduros e b) germinação de sementes da variedade Medjool em papel germitest.

Capítulo I | 56

Após quatro semanas, as sementes começam a germinar. Este é o momento certo de plantar as sementes. Cada semente germinada deve ser plantada em um saco plástico apropriado ou balde, que seja mais resistente. Recomenda se colocar uma terra de boa qualidade e matéria orgânica como substrato Outro método de germinação seria colocar uma semente (uma vez pré tratada para retirada da polpa) diretamente em cada saquinho, enterrando cerca de dois ou três centímetros de profundidade. Em seguida, regue pelo menos uma vez na semana (Figura 31).

No ensaio conduzido por Alasasfa (2020), as sementes coletadas foram lavadas com água doce três vezes para remover os pedaços de frutos restantes. As sementes foram secas por 6 a 8 dias em área arejada e sombreada. Em seguida, as sementes foram mantidas em local seco por dez dias para reduzir a umidade após a coleta. Apenas sementes secas sadias foram utilizadas para o experimento. Com base no estudo sobre o efeito da estratificação e tratamentos de escarificação ácida (quebra de dormência) em sementes de Medjool, tamareira selvagem (Phoenix dactylifera)e Washingtonia robusta,osresultados mostraram que a maior porcentagem de germinação foi obtida a partir do genótipo de tamareira silvestre (79,56 a 86,65%). Com relação às ‘sementes de Medjool’, a porcentagem de germinação foi de 59,29% e 65,62% após 20 e 30 dias do plantio. Os resultados também mostraram que o maior comprimento de plúmula foi obtido da semente de Washingtonia robusta após 30 dias do plantio. Além disso, o estudo mostrou que o emprego de diferentes tratamentos de pré semeadura induziuaumento significativo na porcentagem de germinação, comprimento da radícula e comprimento da plúmula das sementes após 20 e 30 dias do plantio. A maior porcentagem de germinação foi relatada

Capítulo I | 57
Figura 31. Germinação de sementes de tâmara em balde plástico.

quando as sementes foram imersas em água fria (8°C) por 12 horas seguida de água quente (80°C) por 8 horas. Além disso, verificou se que o tipo de fonte de água durante o processo de germinação (se torneira ou água destilada) não teve efeito significativo na porcentagem de germinação ou comprimentos de radícula e plúmula.

ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS TÂMARAS

Após a fertilização, o fruto é formado (vingamento), desenvolve se mudando de cor, aparência e consistência, até o estágio Tamar (tâmara madura). Ao mesmo tempo, sua composição está mudando. Entre o vingamento e o estágio final, distinguem se os estágios intermediários que nos permitem acompanhar a evolução da tâmara e aplicar técnicas adequadas durante as operações de processamento e acondicionamento.

Cada estágio de maturação da tâmara foi identificado por nome, o que permite acompanhar a evolução do fruto durante o seu desenvolvimento. A Tabela 1 apresenta os estágios de desenvolvimento e os nomes usados no Norte da África e no Iraque (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Tabela 1. Etapas de desenvolvimento e designação da tâmara usada no Norte da África e no Iraque.

Países Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5 Marrocos Blah Blah Blah Nekkar/Mbellah Tamar Argélia Loulou Kh’lal Bser Mretba/Martouba Tamar Líbia - Gamag Bissir Routab Tamar Iraque Hababouk Kimri Khalal Routab Tamar Mauritânia Zei Tefejena Enguei Blah Tamar Fontes: Munier, 1973; Harrak, 1999.

No entanto, as expressões adotadas por muitos autores são as da nomenclatura iraquiana A aparência física e as características gerais dessas etapas são mostradas na Figura 32.

Capítulo I | 58

Figura 32. Tâmara de desenvolvimento do fruto. Fonte: Adaptado de Barreveld (1993).

O estágio Hababouk (Figura 33) que se segue à polinização é o primeiro estágio de desenvolvimento das tâmaras e dura cerca de cinco semanas e termina com a queda dos dois carpelos não fertilizados. Neste estágio, o fruto está completamente coberto pelo perianto e é caracterizado por um crescimento lento. O fruto jovem é branco amarelado a branco esverdeado ou amarelo, ou creme a verde claro, mesclando se com o da haste e dos pedicelos do cacho. A fruta então fica verde brilhante, uma cor que mantém até o próximo estágio. O fruto é ovoide com uma ponta no ápice. É do tamanho de uma ervilha e pesa menos de 1 g no fruto vingado.

Figura 33. Estágio Hababouk. Fonte: Munier (1973).

Capítulo I | 59

OestágioKimri(Figuras34e35)refere seapequenastâmarasedurasdenoveaquatorze semanas. Caracteriza se pela ampliação das tâmaras (rápido aumento de peso e volume). A tâmara geralmente se alonga para atingir seu tamanho final no final deste estágio. Também atinge seu peso máximo de 5 a 12 g. Caracteriza se também por uma elevada taxa de umidade, uma acumulação de açúcares redutores, uma acidez muito elevada,uma concentração de taninos e amido e um ligeiro aumento dos açúcares totais e da matéria seca. O desenvolvimento da tâmara no estágio Kimri pode ser dividido em duas fases. O primeiro é caracterizado por um rápido aumento de peso e tamanho, um rápido acúmulo de açúcares redutores, um aumento lento, mas crescente, de açúcares totais (especialmente sacarose), uma acidez muito alta e um alto teor de água. A segunda fase é caracterizada por um aumento mais lento de peso e dimensões, uma queda significativa na taxa de acumulação de açúcares redutores, um abrandamento considerável da já baixa formação de açúcares totais, uma ligeira diminuição da acidez e um teor de água ligeiramente superior em comparação à primeira fase. Durante este estágio, a fruta tem uma cor verde. Este estágio continua até que as tâmaras comecem a mudar da cor verde para a cor característica do próximo estágio (Khalal). Neste estágio, o caroço está fisiologicamente maduro e pronto para germinar. Portanto, pode se considerar este estágio como o de maturação fisiológica.

Figura 34. Estágio Kimri. Fonte: Munier (1973).

Capítulo I | 60

O estágio Khalal (Figura 36) dura de três a cinco semanas. O aumento de peso e dimensõesécada vezmaislento(nofinal,opeso podeatédiminuirum pouco),oacúmulo de açúcares invertidos é baixo, mas a proporção de sacarose, açúcares totais e sólidos aumenta rapidamente. Acidez, teor de água e teor de amido (transformação em açúcares) diminuem. Duranteesteestágio,acordatâmaramudade verdeparaamareloclaro,depois fica amarela, rosa ou vermelha, dependendo da variedade; a tonalidade ou combinação exata de amarelo e vermelho é característica da variedade neste estágio. As tâmaras no estágio Khalal podem ser amarelas, rosa, vermelhas, escarlates ou amarelas salpicadas de vermelho (muitas vezes mais de um lado do que do outro), dependendo da variedade. Deve se notar que neste estágio, as tâmaras, tanto com a sacarose quanto com os açúcares redutores, acumulam a quantidade máxima de açúcar na forma de sacarose.

Capítulo I | 61
Figura 35. Estágio Khimri de desenvolvimento da tâmara. Foto: Kader, A.A.; Hussein, Awad. 2009. Figura 36. Estágio Kkalal. Fonte: Munier (1973).

O estágio Routab (Figuras 38 e 39) é o estágio que abrange o período desde que a fruta começa a amolecer na extremidade (o topo) até ficar madura. Dura de duas a quatro semanas. O fruto perde sua turgescência com a diminuição do teor de água, mas não o suficiente para se autoconservar. Também perde sua adstringência (os taninos migram para as células localizadas na periferia do mesocarpo e se instalam de forma insolúvel). Nenhum ou poucos açúcares são acumulados durante este estágio. No entanto, verifica se à transformação do amido em açúcares e ao aumento do teor de monossacarídeos que conferem um sabor adocicado à fruta. Para tâmaras com açúcares redutores, toda a sacarose acumulada no estágio anterior (Khalal) é invertida. Durante este estágio, a tâmara torna se mais ou menos translúcida, sua cor amarela ou vermelha do estágio Khalal muda para escuro ou preto; algumas variedades ficam esverdeadas como a variedade marroquina Bouskri. Este estágio é muitas vezes referido como o estágio de amadurecimento e a tâmara é considerada madura quando completamente macia. No entanto, a noção de maturidade é relativa, alguns consumidores a aplicam ao estágio Khalal, outros ao estágio seguinte chamado Tamar. Com efeito, durante os estágios de Khalal e Routab, as chamadas tâmaras Blah, embora incompletamente maduras e de sabor áspero devido aos taninos ainda encontrados em forma solúvel na polpa, são consumidas e comercializadas em alguns países produtores de tâmara (“phœnicicoles”),

Capítulo I | 62
Figura 37. Estágio Khalal de desenvolvimento dos frutos da tamareira. Fotos: Kader, A.A.; Hussein, Awad. 2009 e Kader, A. A.

na Mauritânia em particular, onde são particularmente apreciados. Por outro lado, algumas variedades populares (Barhi, Bisr Hlou, etc.) podem ser consumidas no estágio Khalal dada a ausência de taninos no mesocarpo da fruta.

Figura 38 a) Cacho de tâmara da variedade Fardh no estágio de transição de Khalal para o eatágio Rutab; e b) fruto no estágio Routab. Fonte: Munier (1973).

Figura 39. Amostras de frutos de tâmaras de Barhi em estágios imaturos e três maduros (Khalal, Rutab e Tamar). Fotos: Hamdi Taher Altaheri (2019). Obervação: * O estágio Rutab começa com o aparecimento da cor escura na ponta da tâmara e depois se espalha gradualmente por toda a tâmara.

Capítulo I | 63

O estágio Tamar (Figura 40) corresponde ao estágiofinal de maturação dos frutos. Neste estágio, o desenvolvimento do fruto está completo e ocorre cerca de 200 dias após a polinização. A tâmara perde então uma quantidade significativa de água, o que confere uma elevada relação açúcar/água para evitar a fermentação e garantir a conservação do fruto. A tâmara também perde toda a adstringência ligada à precipitação dos taninos em forma insolúvel. Também diminui gradualmente em peso na maturidade total. Neste estágio, a tâmara apresenta características físico químicas diferentes consoante a variedade. Da mesma forma, a cor da tâmara varia de acordo com a variedade (amarelo mais ou menos claro, amarelo âmbar translúcido, marrom mais ou menos pronunciado, vermelho ou preto; Figura 41). Este é o estágio de maturação comercial (HARRAK; BOUJNAH, 2012)

Capítulo I | 64
Figura 40. Estágio Tamar (Tamr) de desenvolvimento da tâmara. Fotos: Kader, A. A.; Hussein, Awad. (2009) e Munier (1973).

POLINIZAÇÃO

Atamareira (Phoenix dactylifera L.)é umaárvore deimportância socioeconômica devido ao seu uso alimentar, fibra e material de construção em regiões áridas e semiáridas do mundo. É uma árvore dioica monocotiledônea que produz flores masculinas e femininas em indivíduos separados. A palmeira masculina (flores estaminadas) produz o pólen e a palmeira feminina (flores unissexuais são pistiladas) produz o fruto. Os pedúnculos das flores são produzidos a partir das axilas das folhas em posições semelhantes àquelas em que são produzidos os rebentos. Morfologicamente, as inflorescências masculinas são protegidas por uma espata inflada com flores desenvolvendo pétalas e anteras visíveis, enquantoasfloresfemininassempétalassãoprotegidasporumaespataplanacomovários globulares (Figura 42). Ou seja, a inflorescência consiste em uma espata longa e robusta que, ao estourar, expõe muitas espiguetas (filamentos) florais densamente aglomerados que são fortes e curtos no macho e longos e finos na fêmea. Uma palmeira adulta, em média, produz de 15 a 25 espatas contendo de 150 a 200 espiguetas cada. As flores masculinas nascem solitárias e são brancas cerosas, enquanto as flores femininas nascem em cachos de três e são de cor verde amarelada.

Capítulo I | 65
Figure 41. Frutos de Medjool em diferentes estágios: Khalal, Rutab e Tamar. Foto: Francesco Bonechi (2018).

Figura 42. Características morfológicas das inflorescências e espatas de tamareiras em uma árvore masculina (esquerda) e feminina (direita). Fotos: Intha e Chaiprasart (2018).

A polinização natural pelo vento, abelhas e insetos é fundamentada para produzir uma boa frutificação em várias áreas dos países de cultivo de tâmaras (Marrakech/Marrocos; Elche/Espanha; San Ignacio, Baixo/México; Ica/Peru, por exemplo). Todas essas regiões são caracterizadas por sua composição 100% de plântulas (mudas) com cerca de 50% de machos. Na ausência de tal polinização natural, as flores femininas não são fertilizadas. Isso leva ao desenvolvimento de carpelos e, consequentemente, são obtidos frutos partenocárpicos sem valor comercial. Os produtores de tâmaras dessas áreasestão cientes das técnicas de polinização artificial, mas devido aos incentivos de pressão econômica insuficiente, tais técnicas não são aplicadas.

A técnica de polinização muito antiga e primitiva consistia em colocar uma espata masculina inteira na copa da palmeira feminina e deixar o resto para a polinização pelo vento. Segundo Chevalier (1930) e Dowson (1961), esta técnica foi utilizada na Mauritânia e na Líbia, respectivamente. Foi abandonadoporque nãopodia produzirfrutos uniformemente bons e requer a disponibilidade de um grande número de espatas masculinas (DOWSON, 1982).

A produção comercial de tâmaras requer polinização artificial que garante uma boa fertilização e supera as desvantagens da dicogamia e também reduz o número de palmeiras masculinas. A razão macho/fêmea em uma plantação moderna é de 1/50 (2%).

A polinização artificial pode ser realizada de acordo com um método tradicional ou usando um dispositivo mecanizado (ENAIMI; JAFAR, 1980).

Capítulo I | 66

Técnicas de polinização

Dependendo do tipo de pólen disponível, uma das três técnicas a seguir é usada: 1. Filamentos ou fios masculinos frescos.A técnica maiscomum de polinizaçãoé cortar os fios das flores masculinas de uma espata masculina recém aberta e colocar dois a três desses fios, no sentido do comprimento e em posição invertida, entre os fios da inflorescência feminina (Figura 43) ou pequenos ramos masculinos em posição transversal no interior da inflorescência feminina (Figura 44). Isso deve ser feito após algum pólen ter sido sacudido sobre a inflorescência feminina (DOWSON, 1982). Para manter os fios machos no lugar e também para evitar o emaranhamento dos fios do cacho feminino durante seu rápido crescimento, recomenda se usar um barbante (uma tira arrancada de uma folha de palmeira ou um barbante) para amarrá los aos fios da fêmea polinizada 5 a 7 cm da extremidade externa.

Figura 43 a) Técnica de polinização usando dois a três fios masculinos e b) Inflorescência feminina de tamareira polinizada à mão com fios masculinos colocados no meio. Fotos: Zaid; De Wet (2002); Al Yahyai, R.; Khan, M. M. (2015).

Capítulo I | 67

Figura 44. A inflorescência masculina: a) Espata madura semiaberta; b) Preparação de pequenos feixes de pólen; c). Colocar esses pequenos ramos masculinos em posição transversal no interior da inflorescência feminina para polinização manual da tamareira (Phoenix dactylifera L.), Oásis de Siwa (Egito). Fotos: V. Battesti (2005).

Suspensão de pólen. Experimentos de laboratório e de campo em três variedades da Arábia Saudita (Khalas, Ruzaiz eShishi)mostraramque umasuspensãode grãosdepólen contendo 10% de sacarose e 20 ppm de GA3 poderia ser usada para polinização (AHMED; JAHJAH, 1985). Verificou se que as pulverizações de polinização foram bastante significativas em relação à frutificação em comparação a polinização manual. Resultados semelhantes também foram obtidos por Khalil e Al shawaan (1983) que experimentaram grãos de pólen suspensos em solução de sacarose a 10%. A frutificação foi de 80% usando esta técnica de suspensão, enquanto obteve apenas 60% usando a técnica clássica de polinização manual. Por outro lado, uma solução de suspensão

Capítulo I | 68

contendo grãos de pólen, sacarose, boro, glicerina e GA3 não corresponderam aos resultados da polinização manual (HUSSAIN et al., 1984).

A polinização seca e líquida usa espanadores manuais ou pulverizadores mecânicos da superfície do solo, sem subir na árvore (Figura 45). Ambas as técnicas utilizam pólen extraído da espata madura (BEN SALAH; EL MARZOOQI, 2000; SHABANA et al., 1985). A extração de pólen de cachos machos pode reduzir a infestação do cacho e pode reduzir o transporte de insetos do macho (polinizador) para a tamareira fêmea. Na polinizaçãoseca,opólené misturadoportalco oufarinha.Na polinizaçãolíquida,opólen é misturado com água. Ambos os métodos podem reduzir o transporte de pragas e a infestação de cachos.

Figura 45. Processo de polinização por abanador para polinizar a inflorescência fêmea. Foto: Ben Salah, M. 2019. Polinização com pólen em suspensão líquida. Este método de polinização está sendo amplamente divulgado devido aos bons resultados obtidos. Pode ser feito com pulverizador manual (Figura 46A) ou por mecanismo com suspensão de água pressurizada (Figura 46B). É comumente uma mistura de água com pólen da tamareira em proporções de 0,5 a 4 g de pólen por L de água. Aproximadamente 100 mL são pulverizadosem cada inflorescência com um pulverizadormanual (Figura 46C)(AWAD, 2010;ABU ZAHRA; SHATNAWI,2019).Asuspensãolíquidaàsvezesémisturadacom elementosadicionais,como10%de sacarose e 20ppm de GA3, que contribuem parauma melhor porcentagem de frutificação (IQBAL et al., 2012).

Capítulo I | 69

Figura 46. Métodos de polinização de tamareiras usando pólen líquido e seco. (A) Polinização manual com suspensão líquida. (B) Polinização com suspensão líquida

Capítulo I | 70

usando um mecanismo montado em um trator para entrega de alta pressão. (C) Inflorescência antes e depois da polinização líquida. (D,E) Máquinas manuais para polinização com pólen seco de tamareira (F) Máquina de polinização com mecanismo hidráulico. (G) Espanador motorizado. (H) Pulverizador pressurizado. (I) Polinização da palmeira usando um polinizador elétrico. (J) Protótipo de um braço robótico polinizador usando inteligência artificial. Fonte: Imagens A, B, D, E, G (Fotos: School of Palm and Date Lovers, 2020). Fonte: Imagem C (Foto: Ricardo Salomón Torres). Fonte: Imagem F (Foto: Agrom Agricultural Machinery, LTD, www.agrommachine.com; acessado em 22 de julho de 2020). Fonte: Imagens H, I, J (Fotos: HAJIAN, 2005; MOSTAAN et al., 2010; SHAPIRO et al., 2008)

Este aparelho é usado como um pulverizador pressurizado do solo. Seu tubo telescópico, com até 10 m de comprimento, pode transportar pólen até a copa da palmeira, facilitando a polinização de inflorescências femininas selecionadas sem subir na palmeira. Há também uma versão com espanador manual, que inclui uma pequena bomba de pistão conectada a um reservatório e montada em um conjunto de tubos de alumínio, enquanto a versão com espanador motorizado inclui um pequeno compressor, acionado por motor a gasolina (Figura 46G) (EL-MARDI et al., 1995). Este equipamento é portátil, pode ser operado por um homem e é semelhante a um pulverizador costal, e um trabalhador pode polinizar de 150 a 200 palmeiras por dia (ULLAH et al., 2018).

A polinização líquida da tamareira, desenvolvida recentemente, provou ser uma boa técnica para melhorar a taxa de vingamento dos frutos, economizar tempo, reduzir custos e consequentemente melhorar a qualidade das tâmaras. Além disso, o uso da tecnologia de polinização líquida reduz os custos trabalhistas e o risco de acidentes de escalada. A avaliação econômica da polinização líquida mostra redução de mais de 50% no custo da operação. A técnica está sendo disseminada com sucesso para todos os países do GCC (Conselho de Cooperação do Golfo) dentro do projeto (BEN SALAH; AL RAISSI, 2017).

Capítulo I | 71

3. Polinização Mecânica comPólen Seco. Esta técnica de polinização é maiseconômica e permite o uso adequado do pólen, bem como o controle adequado do momento da polinização. O pólen seco pode se originar da última estação, de machos de maturação precoce da mesma estação, ou de flores masculinas com poucos dias de idade. Existem várias técnicas para aplicar pólen seco:

a) Pedaços de algodão: A técnica mais comum de usar pólen seco é espalhá lo em pedaços de algodão do tamanho de uma noz e colocar um ou dois pedaços entre os fios das inflorescências femininas.

b) Uso de um soprador: Um pequeno borrifador manual de inseticida, conhecido como 'soprador', também é usado para aplicar pólen seco. Esta técnica é utilizada isoladamente ou em conjunto com a técnica dos pedaços de algodão (NIXON, 1966).

c) Polinização mecânica: A mecanização da produção de tâmaras tem sido adotada nos últimos anos para aumentar a produção e melhorar a eficiência agrícola, chegando inclusive ao uso de inteligência artificial nos processos de polinização (SHAPIRO et al, 2012). Os processos de automação têm permitido solucionar alguns problemas da indústria como escassez de mão de obra qualificada, horários de pico de operação, custos elevados, intensidade de trabalho (MOSTAAN, 2012).

A polinização mecânica foi desenvolvida principalmente em novas áreas tecnificadas da tamareira (EUA e Israel), onde a mão de obra é cara e nem sempre disponível. Consiste em polinizar espatas femininas recém abertas do solo com o uso de um aparelhoespecial. A polinização mecânica tem sido uma das alternativas mais importantes quando a mão de obra rural foi reduzida em 50 70% (NIXON; CARPENTER, 1978; GHALEB et al., 1987). Estima se que um homem deve escalar uma tamareira oito a dez vezes desde o momento da polinização até a colheita. De acordo com Perkins e Burkner (1973) todas as outras operações de tratos culturais para uma plantação de 25 ha poderiam ser completadas com uma força de trabalho de aproximadamente 200 homens, enquanto a polinização requer cerca de 700 homens dia durante o período de pico. A polinização mecânica do nível do solo por três vezes e com 1:4 (proporção pólen/enchimento) foi recomendada por Nixon e Carpenter (1978) para alcançar alta produtividade da maioria das variedades de tâmaras. Parece que a frequência de polinização mecânica, bem como a concentração adequada de relação pólen/enchimento são os fatores mais importantes na polinização da tamareira.

Capítulo I | 72

De acordo com Perkins e Burkner (1973), um borrifador ao nível do solo é capaz de polinizar 24 a 32 ha por estação. Para adaptar à altura da palma e também direcionar o tubo de entrega de pólen próximo à área de floração de cada palma,a máquina é equipada com uma plataforma de altura variável com capacidade de movimento vertical de 4,5 m.

O borrifador é conduzido ao longo de um lado da fileira de tamareira e depois retorna no lado oposto para terminar o ciclo de polinização. Essa polinização mecânica exigirá dois trabalhadores e pode ser realizada de acordo com duas abordagens:

(i) Polinização de cada espata fêmea recém aberta ou;

(ii) Pulverização de toda a copa feminina logo acima das espatas abertas.

A primeira técnica é a mais precisa, mas exige que o agricultor tenha um bom conhecimentodesua plantação,bem comoumaboamanutençãoderegistrosparagarantir a polinização de todas as espatas. A segunda técnica é economicamente viável e economiza tempo. No entanto, uma alta taxa de frutos abortados pode ocorrer quando esta técnica é utilizada.

Durante a polinização precoce, ou quando a estação de polinização é caracterizada por baixas temperaturas normais, recomenda se alternar a polinização dos lados da palmeira em intervalos de 4 a 7 dias. Esta sobreposição de polinização mostrou produzir resultados mais confiáveis do que a polinização total da palma de uma só vez (NIXON; CARPENTER, 1978).

Há uma tendência de usar um dispositivomecânico simpleschamado polinizadormanual. É constituído por um “bulbo” de borracha, uma garrafa plástica contendo pólen, tubo plástico de 5 a 8 m acoplado a um tubo sólido de alumínio (Figura 47). Ao pressionar repetidamente o “bulbo”, o pólen localizado na garrafa é expelido com o ar produzido e se move através de um tubo plástico em direção às espatas femininas. A frutificação resultante do uso de polinização mecânica é geralmente mais pobre do que a polinização manual, mas a qualidade e a produtividade dos frutos são iguais como resultado da diminuição do desbaste das inflorescências polinizadas mecanicamente. Além disso, vale ressaltar que a polinização mecânica requer aproximadamente 2 ou 3 vezes mais pólen do que a polinização manual. Para superar esse problema, os produtores de tâmaras estão misturando o pólen com adjuvantes, também chamados de enchimentos, como talco, farinha de trigo branqueada, pó de casca de noz com proporção pólen/enchimento 1:9 ou 1:10. Um grama de pólen poderia polinizar dez espatas femininas. Os adjuvantes devem

Capítulo I | 73

apresentar as seguintes características: seu tamanho de partícula deve ser semelhante ao do grão de pólen, sem prejudicar a viabilidade do pólen ou sua germinação em estigmas femininos. Hamood e Mawlood (1986) descobriram que repetir a polinização mecânica, 4 vezes durante a estação usando 1:10 (relação pólen/enchimento), aumentou a produtividade total da cultivar Zahdi.

Figura 47. Esquema ilustrando os vários componentes do polinizador manual. Foto: Zaid; De Wet (2002).

As vantagens da polinização mecânica podem ser resumidas da seguinte forma:

* Redução do trabalho e duração da polinização, ambos contribuindo para a redução do custo da polinização. Além disso, não requer mão de obra altamente treinada como na técnica tradicional;

* Garantindo a possibilidade de polinizar uma palmeira várias vezes em um curto período de tempo;

* Permitira utilizaçãode uma mistura de pólen proveniente de diversasfontes,garantindo assim uma boa fertilização;

* Eliminando o risco de acidentes, como no antigo método de escalar uma palmeira de vários metros de altura.

Capítulo I | 74

d) Polinização de aeronaves: Experimentos com polinização de tâmaras com uma aeronave foram realizados em Coachella Valley da Califórnia na variedade Deglet Nour por Brown e Perkins (1972). Os resultados mostraram que, embora as temperaturas e as condiçõesclimáticasfossem favoráveis,osmétodosde aplicaçãode helicópteroe asafixa produziram menos frutificação do que o método de polinização manual. Essa técnica foi abandonada, pois exigia pelo menos 4 a 5 vezes a quantidade de pólen tradicionalmente usada, além de não ser economicamente viável.

2. Colheita e manuseio de pólen

Uma espata masculina que está pronta para se dividir assume uma cor marrom e uma textura macia. Imediatamente após a quebra da espata, a inflorescência masculina atinge sua maturidade eoscachosdefloresmasculinasdevemsercortadosnesta fase.Para evitar que o vento ou as abelhas causem perda de pólen, recomenda se que a espata recém aberta seja cortada no início da manhã. Os produtores de tâmaras tradicionalmente colhem as espatas masculinas um ou dois dias após sua abertura e as colocam em uma área sombreada e livre de umidade para secagem (Figura 48). Os fios (filamentos) são então destacados e armazenados até serem necessários para a polinização das inflorescências femininas. O transporte de cordões (fios) de longa distância (entre duas plantações de tâmaras) deve ser feito com o máximo cuidado. O uso de sacos de papel é recomendado para preservar o pólen e evitar perdas.

Capítulo I | 75
Figura 48. Secagem das espatas masculinas em área sombreada e sem umidade. Foto: Zaid; De Wet (2002).

A prática comum de cortar a espata masculina um ou dois dias antes de sua abertura natural como praticada no Oriente Médio e Norte da África não é recomendada porque requer um alto nível de experiência e familiaridade com as palmeiras masculinas (NIXON; CARPENTER, 1978). A técnica consiste em pressionar a parte média ou inferior da espata masculina entre o polegar e o indicador. Se um ruído crepitante for ouvido, é um sinal de maturidade das flores. Nesse caso, a espata pode ser cortada e as flores levadas para a sala de armazenamento para secagem.

Um protocolo de manipulação de pólen requer a desidratação rápida e eficiente do pólen úmido antes de seu armazenamento.

Asaltastemperaturas têm um efeitonegativonosprocessosde secageme armazenamento do pólen. O pólen exposto à luz solar direta ou colocado próximo a uma fonte de calor, irá rapidamente se deteriorar e perder a viabilidade (também chamada de vitalidade). A viabilidade é definida como a capacidade de um grão de pólen germinar e se desenvolver (GERARD, 1932).

3. Extração, processo de secagem e armazenar pólen

O processo de extração começa quando a espata masculina começa a amadurecer na tamareira (Figura 49A). Um sinal de maturação é quando a espata que cobre a inflorescência masculina racha (Figura 49C) ou quando a parte inferior da espata seca em sua base (Figura 49B). Para evitar que a inflorescência emerja inteiramente da espata e a consequente perda de pólen, a espata é cortada da palma e levada para uma sala com temperatura controlada (18 22°C), ou algum local designado para continuar secando por vários dias.

Capítulo I | 76

Figura 3. Processo de extração do pólen da tamareira. (A) Espata prestes a abrir na palmeira. É comum amarrar e pressionar a espata com barbante para que amadureça o maiortempopossível napalmeira.(B)Abase daespatase solta,indicandoque esta espata está pronta para ser cortada. (C)Espata aberta, pronta para secar. (D) Espatas penduradas, secando e liberando grãos de pólen. (E) Espata em uma camada de papel. (F) Atingindo

Capítulo I | 77

levemente a inflorescência para liberar mais pólen. (G) Máquina de extração de pólen, artesanal. (H,I) Equipamento industrial e automatizado para extração de pólen. Fonte: Imagens A, B e C (Fotos: Ricardo Salomón Torres). Fonte: Imagens D, E, F e G (Fotos: School of Palm and Date Lovers. 2020.; YouTube, 2009). Fonte: Imagens H, I (Fotos: Agrom Agricultural Machinery, LTD).

O surgimento de muitas inflorescências precoces em tamareiras femininas antes da abertura de um número adequado de espatas masculinas em palmeiras masculinas disponíveis sempre resulta em escassez de pólen. Além disso, é sabido que, dependendo das condições climáticas, um produtor de tâmaras pode enfrentar uma estação em que uma forte floração feminina precoce se desenvolve. Consequentemente, o armazenamento de pólen dentro da estação de polinização (2 a 3 meses) ou de uma estação para outra é uma necessidade, principalmente para pólen conhecido por ter um alto efeito metaxênico. Os produtores de tâmaras devem plantar machos suficientes, selecionar os melhores e propagá los para atender às suas próprias necessidades sem depender de outras fontes de pólen.

Normalmente, as inflorescências masculinas produzem pólen nos meses de fevereiro e março, enquanto as inflorescências femininas são receptivas à polinização entre os meses de março e abril. Às vezes, devido às condições climáticas, as inflorescências masculinas atrasam seu aparecimento e abertura, ficando atrás da floração das inflorescências femininas (MESNOUA et al., 2018). Isso representa um grande risco para o agricultor, devido ao fato de a inflorescência feminina ser receptiva ao pólen por 3 a 12 dias após a emergência, dependendo da cultivar (ZAID; ARIAS JIMENEZ, 2002). Quando o processo de polinização for realizado além desse período de tempo, haverá altas porcentagens de aborto ou muito baixa porcentagem de frutificação. Da mesma forma, a porcentagem de frutificação diminuicomoaumentodotempoapósarachaduradaespata, com diferenças varietais referidas (REAM; FURR, 1969; REUVANI, 1970). Para evitar esse problema, muitos agricultores de tâmaras conservam o pólen da temporada anterior para a primeira rodada de polinização atual.

Asfloresmasculinasrecém abertascontêm um altonível de umidade; consequentemente, se não forem utilizados imediatamente, a sua secagem imediata é importante para evitar a destruição do pólen pelos bolores (mofos). Como mencionado acima, o movimento do

Capítulo I | 78

ar e a luz solar devem ser evitados para proteger a viabilidade do pólen. Existem várias maneiras e técnicas para armazenar o pólen, dependendo da quantidade a ser armazenada, das condições de armazenamento e da duração do armazenamento.

O pólen fresco armazenado em condições secas mantém a viabilidade à temperatura ambiente (24°C) por quatro semanas ou mais, o que é suficiente para a atual estação de polinização (DENNEY, 1992). No entanto, se o pólen for mantido por períodos mais longos, ele precisa ser armazenado em baixas temperaturas em garrafas ou recipientes de plástico selados. Vários estudos analisaram diversos métodos para sua conservação em períodos de um ano ou mais, utilizando geladeiras a 4°C, freezers a 20 e 80°C, bem como a criopreservação a 196°C com nitrogênio líquido (MARYAM et al., 2017; SHAHEEN, 2004; MESNOUA et al., 2018; MARYAM et al., 2017; ANUSHMA et al., 2018). De acordo com diferentes testes de viabilidade, o pólen de tamareira sofreu degradação mesmo quando preservado. No entanto, concluiu se que o pólen de tamareira criopreservado mantém quase a mesma porcentagem de germinação que o pólen fresco (ANUSHMA et al., 2018). Verificou se também que o pólen de tamareira armazenado por mais de um ano a uma temperatura de 20°C mantém uma porcentagem de germinação melhor do que o armazenado a 4°C (MESNOUA et al., 2018). O pólen armazenado para as polinizações da próxima estação deve ser mantido em um recipiente selado, de preferência com um dessecante, a fim de manter o pólen em estado seco (NIXON; CARPENTER, 1978).

Armazenamento de fios ou espiguetas. É uma forma simples de armazenar uma pequena quantidade de pólen; os fios são separados e espalhados em uma camada fina sobre papel em uma bandeja rasa em uma área sombreada/protegida.

Aglomerados de flores masculinas Os cachos são colocados em cima de bandejas de tela ou prateleiras com um recipiente embaixo para recolher o pólen seco que cai das flores; observe que a qualidade do pólen permanece inalterada mesmo que as flores escureçam dentro de 3 a 7 dias. Esta técnica de armazenamento é usada principalmente para lidar com grandes quantidades de pólen.

Produtores de tâmaras no Iraque (DOWSON, 1921) e no Egito (BROWN; BAHGAT, 1938) conservam o pólencolocandoas flores, geralmente secase esmagadas,em um saco de musselina (cortina) e deixadas em uma área bem seca e ventilada.

Capítulo I | 79

Armazenamento de fios. É uma forma simples de armazenar uma pequena quantidade de pólen; os fios são separados e espalhados em uma camada fina sobre papel em uma bandeja rasa em uma área sombreada/protegida.

- Extrator e coletor mecânicode pólen. Amáquina é composta porum agitadorvertical, um barril de coleta, um copo de peneira cilíndrico, um disco de peneira giratória, um separador ciclônico e um ventilador de sucção (Figura 49G,H,I). A máquina pode lidar diariamente com até 450 cachos de flores masculinas e coleta aproximadamente 40% mais pólen do que qualquer outro método de extração. A viabilidade e longevidade do pólen não foram afetadas por tal extração mecânica.

Temperaturasmoderadasem uma sala seca serãosatisfatóriaso suficiente para armazenar pólen por 2 a 3 meses, consequentemente cobrindo as necessidades durante a estação de polinização. O armazenamento de pólen de um ano para o outro requer condições mais controladas e um sistema de secagem adequado. Uma vez que o pólen esteja bem seco e armazenado a frio em um recipiente hermético, ele pode ser reutilizado com segurança durante a próxima estaçãocom muito pouca perda de viabilidade.Nebel (1939) descobriu que uma umidade relativa de 50% e uma temperatura de 2 a 8°C eram as condições ideais em árvores de folha caduca para armazenamento de pólen por mais de quatro anos.

Aldrich e Crawford (1941) enfatizaram a importância de manter o pólen o mais seco possível durante o período de armazenamento. Para manter zero por cento de umidade, o pólen seco é colocado em uma jarra aberta dentro de um recipiente hermético maior (um dessecador) no fundo do qual há pedaços bem secos de cloreto de cálcio (Ca Cl2) como agente desidratante (Figura 50).Outrosabsorventesque também podem ser utilizadossão soluções saturadas de cloreto de zinco (ZnCl2), nitrato de cálcio (N(CaO)³)² 4H²O) e cloreto de potássio (KC1).

Capítulo I | 80

Figura 50. Dessecador usado para armazenamento de pólen em longo prazo. Foto: Zaid; De Wet (2002). Os dessecadores devem então ser mantidos em baixas temperaturas em um refrigerador (entre 4°C e 7°C) (ALDRICH; CRAWFORD, 1941; OPPENHEIMER; REUVENI, 1965). Segundo os mesmos autores, cerca de 500 g de cloreto de cálcio são suficientes para 2 a 3 kg de pólen. De acordo com Hamood e Bhalash (1987), para se obter uma boa frutificação (vingamento) é recomendado que o pólen armazenado seja primeiramente testado quanto à sua viabilidade; uma vez comprovado o pólen deve ser misturado com um enchimento (por exemplo, flor de trigo; talco industrializado não perfumado; etc.) na proporção de

Capítulo I | 81

1/9 respectivamente; a mistura deve ser preparada imediatamente antes da polinização. Também é uma boa prática misturar o pólen fresco com o armazenado por um ano.

O armazenamento em câmara fria pode ser no refrigerador comum (4° a 5°C) ou freezer ( 4 a 18°C) mostrou se satisfatório (Figura 51). Segundo Nixon e Carpenter (1978), temperaturas mais baixas em condições sujeitas a menor flutuação são mais seguras. Como mencionado anteriormente, a avaliação da viabilidade do pólen, fresco ou armazenado, é importante antes da operação de polinização. A utilização de pólen selecionado com alto grau de viabilidade garantirá uma melhor frutificação e, consequentemente, uma produtividade aceitável. O pólen pode ser seco por liofilização usando temperaturas de congelamento (freezer) entre 60 e 80°C. A água é eliminada por sublimação entre 50 e 250 mm Hg (DJERBI, 1994).

Figura 51. a) Armazenamento de pólen de tâmara em baixas temperaturas: ( 4°C até 18°C) e b) Mesmo em armazenamento a baixa temperatura, é necessário um agente desidratante (cloreto de cálcio). Foto: Zaid; De Wet (2002).

Descobriu-se também que o pólen da tamareira pode ser armazenado criogenicamente com sucesso usando nitrogênio líquido ( 196°C) (TISSERAT et al., 1985). O período mais longo foi de 435 dias quando o pólen desta palma foi tratado com nitrogênio líquido (TISSERAT et al., 1983). Esses resultados sugerem que o armazenamento em longo prazo do pólen da tamareira, usando temperaturas ultrabaixas, pode ser usado sem afetar

Capítulo I | 82

a viabilidade do pólen e a frutificação. Recentemente, Kristina e Towill (1993) colocaram pólen de tâmara sobre uma solução salina saturada com menor umidade relativa (CuSO4 5H2O) por aproximadamente 2 horas; o teor de umidade foi reduzido para menos de 15%, e a quantidade de água congelável no pólen da tâmara caiu para 5% tornando viável o armazenamento em nitrogênio líquido (Tabela 2).

Tabela 2. Valores de germinação para pólens frescos e secos armazenados em nitrogênio líquido.

Pólen Fresco % Geminação para pólen seco Nitogênio Líquido1 % de umidade seca Tâmara 54 59 29 5 Milho 45 49 39 12

Fonte: Kristina e Towill (1993)

¹ O tempo de armazenamento do nitrogênio líquido para essas amostras varia de 24 h (milho) a seis meses.

² Os valores de porcentagem de germinação fresca e seca são sinônimos.

4. Eficiência da polinização

A polinização de 60 a 80% das flores femininas é considerada satisfatória e geralmente leva a uma boa frutificação. A eficiência da polinização é afetada por vários fatores e, consequentemente, a frutificação é altamente dependente desses fatores. O tempo de polinização, o período de floração da palmeira macho, o tipo de pólen, sua viabilidade e quantidade, e a receptividade das flores femininas são os principais fatores a serem considerados.

Tempo de polinização. Resultados satisfatórios de polinização são obtidos dentro de 2 ou 4 dias após a abertura da espata feminina. Março e abril é o período normal de polinização no Hemisfério Norte; julho e agosto para o Hemisfério Sul. A variedade e a estação podem atrasar ou adiantar a abertura das flores.

Período de floração da palmeira masculina. Os períodos de floração das palmeiras masculinas e femininas devem ser sincronizados para que haja pólen suficiente quando as espatas femininas se abrirem. É preferível que a espata masculina se abra 2 a 4 dias antes da espata feminina. Assim, as palmeiras masculinas devem receber as mesmas técnicas culturais que as palmeiras femininas e devem ser plantadas preferencialmente em áreas que recebam mais luz solar; (ou seja, no Hemisfério Norte, sua exposição ao sul

Capítulo I | 83

favorece, em geral, a floração precoce). A falta de irrigação durante o outono e inverno no Norte do Negev (Israel) foi à única razão para atrasar a floração da tâmara e, consequentemente, resultando em baixa frutificação (OPPENHEIMER; REUVENI, 1965).

Fonte e quantidade de pólen. Estudos conduzidos por Nasr et al. (1986) revelaram que os machos das plântulas (seminais) são altamente variáveis em seu vigor de crescimento, característicasda espata e qualidade dopólen.Além disso,a quantidade de grãosde pólen produzidos pela espata variou muito de um macho para outro (0,02 82,29 g/espata). O tamanho do grão de pólen também varia entre os machos (ASIF et al., 1987); O diâmetro médio do pólen variou de 16 a 30 mícrons.

É bem conhecido que diferentes variedades de tamareiras requerem diferentes quantidades de pólen (DOWSON, 1982). Usando fios (espiguetas) masculinos frescos, o número necessário para polinizar uma espata feminina pode variar de 1 a 10, dependendo da variedade. Além disso, algumas variedades têm inflorescências femininas maiores do que outras, o que vai exigir mais espiguetas masculinas.

Os resultados de um experimento de pesquisa realizado no USDA Citrus and Date Station(Indio, Califórnia EUA) mostraram,no entanto,que todas,exceto3 ou4 das mais de 100 variedades de tâmaras, foram polinizadas uniformemente com resultados satisfatórios usando apenas 2 a 3 filamentos (espiguetas) masculinos por inflorescência feminina (NIXON; CARPENTER, 1978). Aplicar mais espiguetas (quando o pólen não é escasso) é considerado um bom seguro e não haverá desvantagens. A maioria das tamareiras masculinas utilizadas em todas as áreas de cultivo de tâmaras do mundo são de origem de mudas seminais com grande variação quanto à qualidade do pólen. No entanto, e graças ao programa de seleção realizado em vários países, várias palmeirasmasculinasforam selecionadasecomeçam a serreconhecidascomovariedades (Mesque, MejhoolBC3,DegletNourBC4,FardNo.4,JarvisNo.1,BoyerNo.11(EUA); Deglet Nour, Hayani e Bentamouda (Egito e Sudão). No entanto, ainda há espaço para melhorias e um produtor de tâmaras deve levar em consideração os seguintes caracteres desejados antes de selecionar e usar qualquer palmeira macho:

* Cachos de flores masculinas. O tamanho e o número de inflorescências produzidas por palmeira macho são os primeiros critérios a serem observados. De fato, quanto mais e maiores forem às inflorescências masculinas disponíveis, menos palmeiras por ha serão

Capítulo I | 84

necessárias. Como mencionado anteriormente, a capacidade média de suporte de pólen de uma boa palmeira masculina deve ser suficiente para 50 palmeiras femininas. A abundância de pólen é determinada tanto pelo número de flores quanto pela quantidade de pólen por flor.

Segundo Monciera (1950) e Wertheimer (1954), as boas palmeiras masculinas da Argélia produziam anualmente uma média de 740 g de pólen com um máximo de 2.133 g. No entanto, tanto o número de inflorescências quanto o peso do pólen dessas palmeiras mostraram um fenômeno de alternância entre anosde altae baixa produtividade. Segundo Djerbi (1994),uma boa palmeira macho deve produzirem média 500gde pólencomuma produção regular ao longo do tempo. No entanto, grandes quantidades de pólen não garantem a qualidade do pólen produzido e consequentemente o seu efeito no fruto (Metaxenia).

Em regiões onde ocorre a podridão da inflorescência (causada principalmente pelo fungo Mauginiella scaettae cav.), o pólen deve ser retirado apenas de palmeiras machos sadios. Evidências sugerem que o pólen contaminado pode espalhar os esporos fúngicos e estabelecer a doença em palmeiras femininas. Metaxenia. Sabe se que o pólen não afeta apenas o tamanho do fruto e da semente (mais afetado pelo raleio do fruto), mas também o tempo de maturação (SWINGLE, 1928). A metaxenia não deve ser confundida com a Xenia, que é o efeito do pólen no endosperma (embriãoe albúmen). Oefeito metaxenia foi verificadopor váriasinvestigações nosEUA (NIXON; CARPENTER, 1978), em Israel (COMELLY, 1960), no Paquistão (AHMED; ALI, 1960) e em Marrocos (PEREAU LEROY, 1958). O efeito do pólen no tempo de amadurecimento dos frutos provou ser benéfico e atualmente é considerado como a aplicaçãopráticamaisimportantedametaxenia.Produzirecomercializarfrutosdetâmara a preços elevados no início da safra, juntamente com o objetivo de ter um período de maturação mais uniforme e curto (evitando uma colheita prolongada) são os dois principaisobjetivosda utilizaçãode um pólenselecionadodealtoefeitometaxênico.Uma terceira aplicação útil da metaxenia é onde o período de desenvolvimento da planta é caracterizado por uma soma total insuficiente de calor para o amadurecimento dos frutos das variedades tardias.

Vale ressaltar que o efeito metaxenia também pode ser usado com sucesso para acelerar a maturação dos frutos e, consequentemente, escapar dos danos causados pela chuva que

Capítulo I | 85

normalmente são esperados no final do período de desenvolvimento dos frutos (Argélia, Tunísia, EUA, etc.); O uso do macho Fard 4 avançou os estágios de maturação de várias variedades em todo o mundo em duas semanas. No entanto, sob uma estação chuvosa de verão (Índia, Paquistão, Namíbia, República da África do Sul, por exemplo), o amadurecimento tardio pode ser mais desejável e a seleção de machos com efeito de maturação tardio é recomendada.

* Compatibilidade macho-fêmea. Normalmente, uma muda masculina de uma variedade específica dará frutos melhores com variedades femininas específicas. Djerbi (1994) observou que algumas variedades de tâmaras terão melhor rendimento se forem polinizadas com alguns machos do que com outros. No entanto, vários autores (MONCIERO, 1954; PEREAU LEROY, 1958) não observaram incompatibilidade interclonal, e a frutificação obtida foi sempre satisfatória. O pólen de 75 diferentes machos de tâmaras da Tunísia com mais de 10 variedades femininas foi examinado para selecionar aqueles que têm maturidade avançada e melhor qualidade de tâmaras (BOUABIDI; ROUISSI, 1995). Seis tipos de pólen provaram ser indutores de precocidade (DG9, DG4, DF4 1, HF4 1, HF4 3 e HF4 5). Tal caráter depende da variedade feminina, sem relação entre o tempo de maturação e a qualidade do fruto.Esses resultados confirmam os encontrados por Bouguediri e Bounaga (1987).

Como primeira conclusão, um teste para verificar se o pólen do potencial macho é satisfatório para as variedades em que será utilizado, é importante antes de analisar outras características.

Viabilidade do pólen. A capacidade do pólen de germinar e crescer normalmente é conhecida como viabilidade. A avaliação da viabilidade do pólen recém colhido e armazenado é muitas vezes desejável antes de usá los para polinização. O pólen de palmeiras masculinas geneticamente diferentes tem viabilidade variável. Portanto, um teste de viabilidade pode ajudar na seleção dos tipos de pólen que são altamente viáveis. O uso de pólen altamente viável provavelmente resultará em mais frutificação e maior rendimento.

A aplicação de pólen suficiente não garante uma boa frutificação, a menos que o pólen utilizado seja viável com uma alta porcentagem de germinação. Como mencionado anteriormente,a avaliação da viabilidade dopólen,seja frescoouarmazenado,é essencial antes da operação de polinização. A utilização de pólen selecionado com alto grau de

Capítulo I | 86

viabilidade garantirá uma melhor frutificação e, consequentemente, uma produtividade aceitável. Devido à sua origem de plântula seminais, diferentes palmeiras macho produzirão pólen diferente do ponto de vista da qualidade (cf. Metaxenia) e também diferentes porcentagens de pólen viável.

O pólen das inflorescências masculinas mais tardias e mais precoces foi encontrado inferior ao de outras na mesma palmeira (MONCIERO, 1954). A baixa frutificação resultante do uso das inflorescências masculinas mais precoces ou mais tardias pode ser explicada pela não maturação do pólen, geralmente causada pela baixa soma de calor. Assim, condições ambientais como alta temperatura, baixa umidade, acúmulo de salinidade e radiação UV podem influenciar a viabilidade do pólen.

5. Teste de germinação de grãos de pólen

A germinação in vitro permite a medição das aptidões intrínsecas do pólen para germinar fora de qualquer interação entre o pólen e o estigma. Além disso, a capacidade do pólen de fertilizar o óvulo e frutificar é considerada como uma estimativa das aptidões intrínsecas naturais. Assim, a germinação in vitro é considerada o teste mais valioso da viabilidade do pólen (BOUGHEDIRI; BOUNAGA, 1987). Existem várias técnicas rápidas e confiáveis que garantem excelente e rápida germinação, crescimento normal do tubo polínico e quase nenhuma explosão dos grãos de pólen. A seguir, um detalhamento de duas técnicas de germinação desenvolvida por Albert (1930) e Monciero (1954): Técnica de Albert (1930) - Uma pequena quantidade de grãos de pólen é polvilhada sobre uma gota de sacarose 20% colocada sobre uma lamela (fina placa de vidro), que é então invertida sobre uma célula de vidro. Um filme fino de vaselina é colocado na parte superior dacélulapara selara tampadevidro.Emseguida,écolocadoem umaincubadora a 27°C por 12 a 14 horas e a inspeção é feita ao microscópio. O início do crescimento do tubo polínico é considerado como evidência de germinação. As contagens de germinação devem ser feitas em 4 campos para cada slide.

Técnica de germinação de Monciero (1954) O meio é sólido e consiste em 1% de ágar e 2 a 10% de glicose; é executado a uma temperatura média de 27°C durante 24 horas.

Capítulo I | 87

6. Receptividade das flores femininas

Antes de discutir a receptividade das flores femininas, vale ressaltar que o período de floração feminina está relacionado à variedade e à temperatura e não excede 30 dias (AL BEKR, 1972). Segundo Munier (1973), esse período está entre 30 a 50 dias, podendo até ser maior quando a temperatura média diária é baixa. No Hemisfério Norte, está localizado durante fevereiro, março e abril, enquanto no Hemisfério Sul é de julho até o início de outubro.

A duração do período de receptividade das flores pistiladas pode, em geral, variar até 8 ou 10 dias dependendo da variedade (ALBERT, 1930; PEREAU LEROY, 1958).

Segundo Djerbi (1994), o período de receptividade das cultivares norte africanas varia de uma variedade para outra (30 dias para Bousthami Noire, 7 para Deglet Nour, 8 dias para Jihel e Ghars e apenas 3 dias para Medjool, Boufeggous e Iklane). Além desses limites, a porcentagem de frutos partenocárpicos é superior a 40%. No Iraque, a receptividade da variedade "Ashrasi" foi considerada ótima antes da abertura natural da espata feminina, enquantooutra variedade(Barban)até aproximadamente 20 diasapósa abertura daespata (DOWSON, 1982).

Al Heaty (1975) verificou que os estigmas da variedade Zahidi têm um período de receptividade de 10 dias. Oppenheimer e Reuveni (1965), em trabalho realizado com as variedades Khadrawy, Zahidi e Deglet Nour, verificaram que a frutificação declinava significativamente quando a polinização era atrasada 10 dias ou mais após a rachadura da espata.

De acordo com Ream e Furr (1969), as flores femininas da variedade Deglet Nour não se tornamreceptivaspor possivelmente 7diasoumaisapósa rachadura da espata.Um atraso adicional para 13 dias causou uma redução moderada na frutificação e atrasos superiores a 13 dias reduziram bastante a frutificação.

Dentro do período de polinização, durante o qual a porcentagem de frutificação obtida não difere estatisticamente, houve um dia em que se obteve a frutificação máxima: em Khadrawi, no dia da rachadura da espata; em Zahidi, no dia seguinte e em Deglet Nour, no sétimo dia após a rachadura da espata (REUVENI, 1970). Outro fato interessante, especialmente observado com Deglet Nour, é que o dia de ótima receptividade varia em diferentes inflorescências de uma mesma tamareira.

Capítulo I | 88

Como mencionado anteriormente, resultados satisfatórios de polinização são geralmente obtidos dentro de 2 a 4 dias após a abertura da espata feminina, seguido por uma segunda passagem de polinização 3a 4 dias depois (Tabela 3). Além disso, e comoconclusão, está bem confirmado que quanto mais tempo a polinização é retardada após a abertura da espata, mais pobre é o fruto, vingado e se passar mais de uma semana o rendimento é geralmente muito reduzido.

Tabela 3. Duração do período de receptividade de várias variedades de tâmaras

Variedades Período de receptividade após a abertura da espata (dias)

Ashrasi Após abertura

Medjool 3

Bousthami Noire 30

Deglet Nour 7 a 12

7. Efeito de fatores ambientais

Referências

Dowson, 1982

Djerbi, 1994

Djerbi, 1994

Ream and Furr, 1969; Djerbi, 1994

Efeito da temperatura. Altas temperaturas inibem o desenvolvimento de espatas, resultando em um atraso na estação de polinização. As baixas temperaturas, geralmente no início da temporada, também têm um efeito negativo na frutificação. No entanto, se as flores femininas abrem no início da estação e sua polinização é essencial, os conjuntos podem ser melhorados colocando sacos de papel sobre a inflorescência feminina no momento da polinização. O ensacamento de cachos de flores no início da estação pode ser praticado como um seguro contra frutificação ruim causada pelo clima frio. Os sacos devemseramarradosparaevitarqueoventoosderrube.Essessacosdevemserremovidos duas a três semanas depois.

O ensacamento de espádices fêmeas usando sacos de papel (40 70 cm) imediatamente após a polinização e durante as primeiras quatro semanas resultou em aumento significativo na frutificação, produtividade e dimensões dos frutos da cv. Hallawy (GALEB et al., 1988). Além disso, o crescimento dos carpelos polinizados no tratamento com ensacamento foi mais rápido do que com o não ensacado.

Segundo Reuveni et al. (1986), a melhor frutificação obtida em inflorescências ensacadas nem sempre pode ser atribuída a melhores condições de temperatura; provavelmente

Capítulo I | 89

atrasa a secagem dos estigmas e permite o progresso normal do tubo polínico no óvulo mesmo em temperaturas relativamente baixas.

A polinização eficiente está localizada no período em que o pólen pode fertilizar os óvulos. Depende da longevidade do óvulo e da velocidade de crescimento do tubo polínico, que é altamente suscetível a baixas temperaturas. Durante a época de polinização, recomenda se não polinizar no início da manhã ou no final da tarde, devido ao efeito negativo das baixas temperaturas na frutificação. A frutificação 10 a 15% maior foi obtida experimentalmente quando a polinização foi realizada entre 10:00 e 15:00 horas. (SURCOUF, 1922; PEREAU LEROY, 1958). Os resultados do laboratório concluíram que uma temperatura média de cerca de 35°C é ótima para a germinação do pólen; temperaturas mais baixas diminuíram a porcentagem de germinação (REUTHER; CRAWFORD, 1946).

Em locais onde as temperaturas máximas diárias durante a polinização são frequentemente inferiores a 24°C, o método de polinização mecânica não é recomendado (BROWN et al., 1969).

Efeito da chuva. Há controvérsia sobre o efeito da chuva na frutificação. Alguns consideram a chuva,que ocorre logoapósa polinização,comoum agente de lavagem que retira a maior parte do pólen aplicado antes de desempenhar seu papel. Nesse caso, é necessário repetir a polinização após o término da chuva. Outras pessoas consideram o efeito negativo da chuva na frutificação como um efeito indireto por meio de baixas temperaturas que acompanham ou seguem a chuva. Se as temperaturas estiverem entre 25 e 28°C, a maioria dos tubos polínicos atinge a base do estilete das flores da variedade Hayani em 6 horas (REUVENI, 1986); enquanto a 15°C, os tubos polínicos não atingem a base do estilete mesmo após 8 horas. Uma terceira explicação para o efeito da chuva é a redução da receptividade dasflorespistiladaspelocontatocom aágua.Achuvatambém é responsável por aumentar a umidade relativa do ar o que favorece o ataque de doenças criptogâmicas que resultam no apodrecimento das inflorescências. Essa alta umidade relativa também está associada à redução da explosão do pólen.

Em conclusão, os produtores de tâmaras devem assumir que a chuva pode causar todos os efeitos acima, e qualquer operação de polinização imediatamente seguida de chuva deve ser repetida no tempo. Após experimentos de polinização conduzidos na estação de pesquisa do USDA em Indio, Califórnia (DOWSON, 1982) e também de acordo com

Capítulo I | 90

Pereau Leroy (1958) há um período limitado (4 a 6 horas antes ou depois da polinização) durante o qual, se ocorrer chuva, a polinização e a frutificação são afetadas e a operação de polinização deve ser repetida

Efeito do vento. Na maioria das áreas de cultivo de tâmaras, a última parte da estação de polinização é geralmente caracterizada por ventos quentes e secos severos que secam os estigmas das flores femininas. Ventos frios perturbam a germinação do pólen. Parece, portanto, que as tempestades de vento seco levam a uma secagem mais rápida dos estigmas antes que o tubo polínico atinja o óvulo (REUVENI et al., 1986). A velocidade do vento também pode afetar a eficiência da polinização; vento fraco é benéfico e favorece a polinização, enquanto ventos de alta velocidade levam grande parte do pólen, especialmente para as palmeiras encontradas nas bordas da plantação. Em alguns casos, ventos fortes também podem quebrar a haste do fruto da inflorescência (raques), bloqueando o movimento dos nutrientes elaborados nas folhas (fotossíntese) e, finalmente, causando a morte do cacho.

Tempestades de poeira que deixam depósitos de poeira nas flores durante a estação de polinização nas partes do Sul de Israel e na Califórnia são às vezes consideradas a causa da má frutificação.

Resumindo, a má dispersão do pólen da tamareira na inflorescência e os efeitos de fatores ambientais como alta umidade, chuva, baixas temperaturas e ventos fortes podem ter um efeito negativo na eficiência da polinização (AL KHALIFAH; ASKARI, 2011). Quando isso acontece, o fruto não desenvolve sua polpa ou sua semente, todos os três carpelos se desenvolvem em pequenos frutos não comerciais, ou o fruto aborta. Este fenômeno é conhecido como partenocarpia. A Figura 52B,C mostra exemplos de frutos partenocárpicos na tamareira.

Capítulo I | 91

Figura 52. Fruto partenocárpico na tamareira. (A) Frutos de tâmaras resultantes de boa polinização. (B,C) Frutos de tâmara partenocárpica resultantes de inflorescências naturalmente polinizadas, baixa compatibilidade entre as palmeiras masculinas e femininas ou polinização fora do tempo receptivo da inflorescência feminina. (D) Fruto abortado com frutos partenocárpicos tripletos. (E,F) Tâmaras maduras sem sementes, devido à partenocarpia. Fonte: Imagens A, F. Fotos: Ricardo Salomón Torres e Fonte: Imagens B E. Fotos: School of Palm and Date Lovers (2020).

Os métodos que atingem uma eficiência de polinização de 60 a 80% das inflorescências femininassãoconsideradossatisfatórios,e com issouma boa porcentagem de frutificação será alcançado (ZAID; ARIAS JIMENEZ, 2002) (Figura 52A).

Capítulo I | 92

FENOLOGIA

O trabalho conduzido por Gammoudi et al. (2016) foi iniciado com a identificação das características de rendimento da tamareira. As flores unissexuadas nascem em árvore separada e na sua filotaxia utilizam os espirais 8 e 5. Localiza se o espiral (a primeira folha estendida) considerado nº 1, numerando essas folhas desde a base até a copa, sendo que cada inflorescência tomou a posição na axila da folha (Figura 53).

Figura 53. Medida morfométrica nas inflorescências: Numeração das folhas.

Capítulo I | 93

Os agrupamentos de folhas são numerados de acordo com parastícios (espirais) por padrão de sequência numérica com uma curva cronológica à esquerda, a posição relativa das folhas será exatamente simétrica: n, n+3 à sua esquerda, n+5 à sua direita, n+8 à sua esquerda, de 5, 8 e 13. Isso é típico para sistema que cresce em um padrão seguindo a sequência de Fibonacci. As hélices 3 e 8 giram na mesma direção da curva cronológica e a hélice 5 na direção oposta (FERRY, 1998; ELHOUMAIZI et al., 2002).

A observação do desenvolvimento e maturação da inflorescência permitiu deduzir o ciclo vegetativo da tamareira (Tabela 4) nas condições climáticas e culturais do oásis costeiro no Sul da Tunísia (GAMMOUDI et al., 2016). Os resultados obtidos de frutificação e maturação neste estudo estão de acordo com os obtidos por El Houmaizi (2002).

Tabela 4. Ciclo de crescimento da tamareira no oásis litorâneo da Tunísia.

MELHORAMENTO

As maiores coleções de cultivares de tamareiras e espécies de Phoenix estão localizadas na Argélia, Brasil, Índia, Iraque, Emirados Árabes Unidos e EUA. Várias abordagens de métodos in vitro, crio armazenamento e ex situ estão sendo usadas para a conservação e preservação de germoplasma (BEKHEET, 2011).

Astâmarastêm uma longa história de domesticação.Noentanto,aspopulaçõesselvagens são mal documentadas em relação à diversidade e conservação. Os projetos de conservação têm se concentrado na preservação das diversas variedades comercializadas. Existe um nível implícito de maior diversidade nas populações selvagens, uma vez que todos os genótipos comerciais são propagados clonalmente, o que provavelmente levaria a uma menor diversidade. Há exceções, como no caso de parentes selvagens de tâmaras, como P. theophrasti. Estas são principalmente variantes especificas, consideradas em

Capítulo I | 94
Fonte: Gammoudi et al. (2016).

estado vulnerável e encontradas apenas em um número limitado de locais isolados (GONZÁLEZ PÉREZ et al., 2004; PINTAUD et al., 2010).

A abordagem moderna para selecionar e estabelecer variedades a serem produzidas levou a uma erosão significativa da diversidade genética. Há uma tendência de se ter o objetivo de substituir genótipos locais e estabelecidos há muito tempo por outras consideradas ‘elites’, como 'Medjool' e 'Fard Abyad' (branco). Isso leva a menos genótipos e, portanto, uma grande erosão genética. No caso da bananeira (Musa sp.) propagada por clonagem, o que resultou em uma base genética estreita e falta de variação dentro das populações comerciais. Seriamente ameaçado pelo ressurgimento de um Fusarium Wilt. A doença, causadapelofungodosolo Fusarium oxysporum f.sp.cubense(Foc)etambémconhecida como “doença do Panamá”, que foi resolvida através de uma rápida substituição da cultivar principal, resistente à doença através da produção de cultura de tecidos (PÉREZ VICENTE et al., 2014). Na cultura de tecidos de tamareiras, isso se tornou um desafio, pois uma porcentagem muito pequena dos genótipos de tecidos meristemáticos de ramificações responde às fórmulas do meio. Técnicas baseadas na cultura de pontos de crescimento apicais meristemáticos (cúpula apical de broto) e sua cultura em um meio sob medida (cada cultivar de tâmara varia em seus requisitos para o crescimento), é onde ocorre o desenvolvimento da planta.Issoem parte está relacionadoàsua estrutura fibrosa, o que dificulta o trabalho. Essa ameaça continuará a piorar enquanto a abordagem de micropropagação permanecer limitada aos genótipos que respondem a essa técnica de multiplicação rápida e, portanto, potencialmente levando a um enfraquecimento da diversidade genética futura.

A diversidade genética de populações naturais ou selvagens de tamareiras tem sido pouco estudada, mas continua sendo um recurso potencial que pode ser utilizado em futuras manipulações genéticas (JAIN et al., 2011). Esses centros de preservação parecem consistir principalmente de cultivares comerciais e linhas híbridas; portanto, espera se que a diversidade seja bastante baixa, pois a propagação clonal é o meio de manutenção. É importante não apenas preservar o maior número possível de cultivares, mas também uma boa representação de populações selvagens/naturais. Como as populações selvagens são predominantemente baseadas na propagação de sementes, elas são consideradas mais diversificadas, uma vez que os indivíduos podem ser catalogados como um genótipo único. A preservação de genótipos naturais permanece prejudicada por instabilidades políticas e guerras em várias regiões de cultivo de tamareiras (ou seja, Iraque, Síria, Irã,

Capítulo I | 95

Líbia, Iêmen). Isso tem levado a perdas de germoplasma e variações nas populações, o que é necessário para preservar e proteger a grande diversidade das espécies.

Os recursos genéticos não declarados e as coleções encontradas em áreas como a China representam fontes importantes para uso no futuro e, portanto, precisam de proteção. Também houve relatos de pequenas coleções e projetos de preservação acadêmica em todo o mundo (BAJAJ, 1995; DICKIE et al., 1992; JOHNSON, 1996; GONZÁLEZ PÉREZ et al., 2004). Estes continuam a ser uma pequena porcentagem dos esforços da última década nos principais centros de pesquisa e desenvolvimento, que estão usando métodos inovadores e superiores para preservar a diversidade genética. Poucas informações estão disponíveis sobre populações naturais/selvagens, e sua diversidade genética presente (MORRCR, 1998).

Como ornamentais, as espécies de Phoenix se saem muito bem, pois sua seleção se limita principalmente à apreciação visual e não envolve as características dos frutos comerciais. Numerosos Phoenix spp. são considerados valiosos, embora aqueles que são amplamente distribuídos, como P. canariensis, P. roebelenii e P. loureiroi, sejam considerados bem preservados, assim como P. sylvestris, P. reclina e P. paludosa. Como a conservaçãotem sido focada principalmente em espécies ou culturas de lucro monetário, o status de P. acuaulis, P. atalantica, P. caespitosa e P. pusilla, para citar alguns, juntamente com a maioria das populações selvagens de Phoenix ainda são desconhecidos (JOHNSON, 1996).

Terra arável seca a semi seca é de grande preocupação para a conservação do Phoenix spp. A perda de habitat é mais uma preocupação para as palmeiras, especialmente em suas regiões predominantes, pois essas províncias carecem das avaliações que as terras do mundo ocidental implicam. Onde a erosão genética é preocupante, perdas extensas foram relatadas, embora nãotenhamos informações e dados acumulados suficientes entre as coleções para concluir o nível de perdas. Assim, o conhecimento da vulnerabilidade genética da tamareira, no que diz respeito à compreensão de quão bem ela é distribuída e sua diversidade genética tanto de populações cultivadas quanto selvagens, influenciadas pela desertificação, degradação da terra provocada pelo homem e mudanças climáticas não são bem compreendidas. Houve conservações por meio de manutenção “ex situ” e “in situ”, embora não tenham tido um efeito significativo em relação à compreensão do desgaste genético (GEBAUER et al., 2007; AL YAHYAI; AL KHANJARI, 2008).

Capítulo I | 96

Por sua vez, a genética, morfologia, morfogênese e fisiologia da tamareira é um pouco menos compreendida do que outras culturas frutíferas. Tem sido difícil de estudar porque são nativas de regiões tropicais, têm ciclos de vida longos e têm hábitos de crescimento diversificados e únicos em comparação com outras árvores frutíferas. O melhoramento de tamareiras é um esforço de longo prazo (CARPENTER, 1979). A seleção de mudas de alta produção de frutos deve aguardar a floração. A maioria das variedades de tamareiras não floresce até 5 7 anos após a germinação das sementes. Além disso, não existe nenhum meio viável para identificar a progênie masculina e feminina na tamareira. A propagação da tamareira por sementes ou embriões zigóticos é desejável para melhoramento das cultivares e para seleção de resistência a doenças, qualidade de frutos e altorendimento.Além disso,a determinaçãoprecoce dotipode sexoémuitoimportante para acelerar os programas de melhoramento. As técnicas de cultura de tecidos vegetais oferecem excelentes ferramentas para a rápida proliferação de clones sexuais de tamareirase outrasplantasdióicassemelhantes. Acultura de embriõesmadurosexcisados de sementes maduras é utilizada para eliminar os inibidores de germinação de sementes ou para encurtar o ciclo reprodutivo. A cultura de embriões imaturos também pode ser usada para germinar híbridos interespecíficos ou intergenéricos únicos que não sobrevivem na natureza (resgate de embriões) (HODED, 1977). As técnicas de cultura de embriões envolvem o isolamento e o crescimento de embriões zigóticos imaturos ou maduros sob condições estéreis em um meio nutriente asséptico com o objetivo de obter plantas viáveis (MARK, 1994).

Capítulo I | 97

VARIEDADE MEDJOOL: CARACTERÍSTICAS

Sinônimos: Mejhool, Medjoul, Majhoul, Majul, Medjhool, Medjehuel, Majhol e Mejool.

Significado: (árabe); referindo se à sua origem: Desconhecido.

História: Originária de Marrocos (zona de Tafilalet) onde foi considerada a principal tâmara de exportação desde o século XVII e foi vendida numa caixa de presente de Natal em Paris, Madrid e Londres, mas largamente introduzida no novo mundo da cultura da tâmara: EUA (1927) e Israel (1934).

Características distintivas: Tronco de tamanho médio, folhas curtas a médias que se organizam com pouca curvatura. Tem uma alta qualidade de frutos (tamanho grande e atraente). Tal cultivar supera todas as outras variedades no que diz respeito à qualidade e tamanho do fruto. É de alto valor comercial e é considerada a tâmara nº1 para o mercado de exportação.

Descrição da planta

Palmeira: As folhas são curtas a médias (3,5 3,8m), cerca de 1 m mais curtas que as variedadesDegletNoureBarhee comumaligeiracurvatura.Afolhaédecorverdeescuro em tenra idade, depois muda para amarelo com tiras marrons no meio.

Tronco: Diâmetro estreito a médio.

Bases das folhas: de tamanho médio com descamação leve e discreta nas bordas.

Espinhos: 30 a 35 em número, grossos e bastante desenvolvidos na base, 1/4 do comprimento da folha; geralmente em 2's e às vezes em 3's. Comprimento da coluna inferior de 5 a 10 cm e superior de 15 a 20 cm.

Folíolo: Reto, mas pode ser encontrada a curvada ao meio; um folíolo mais alto (70 a 80 cm x 2,5 a 4 cm); largura (36 cm a 54 cm × 4,5 cm a 5,0 cm). No lado exterior central da folha estão abertos a 160° 180°, e no lado interior a 50° a 90°. No final da folha, os folíolos estão a 45° nos lados interno e externo. Na base da folha, os folíolos começam a 50° abrindo a 90°. Ao longo do comprimento da folha, os folíolos se projetam em vários ângulos (45° a 180°), em uma formação única, específica do Medjool (Figura 54)

Capítulo I | 98

Figure 54. As partes das folhas da tamareira. Foto: ضایرلا ، et al. (2008).

Inflorescência: base curta laranja com um grande número de espiguetas cada uma com 50 a 60 flores.

Frutos: De cor amarelo alaranjada; tamanho curto a médio, mas grosso; uma cobertura de cera é geralmente encontrada em sua metade inferior. O pedúnculo com seu comprimento curto, se não for bem apoiado, pode quebrar ao carregar muito.

Fruto: Muito grande (20 a 40 gramas) e alongado oval amplamente oblongo a algo ovalado (5 cm de comprimento por 3,2 cm de diâmetro). Irregularidades na forma são comuns e estão associadas a sulcos na semente. A cor amarelo laranja com tiras vermelhas escuras claras no estágio Khalal Cor âmbar em Rutab e marrom escuro transparente a preto no estágio Tamar (maduro). A cor dos frutos maduros está relacionada com o clima e as condições de cultivo. Coberto com uma estrutura cerosa. A pele é irregularmente enrugada, brilhante no cume e fosco na parte inferior. A pele é de espessura média e macia, grudada à polpa, mas no estágio de Tamar ela encolhe; espessura da polpa: ± 5 a 7 mm com pouca fibra. A polpa é firme, carnuda e espessa, de

Capítulo I | 99

cor âmbar acastanhada, translúcida, com praticamente nenhuma fibra ao redor da semente. O sabor é excelente, doce, mas não concentrado.

Semente: Nogueira Cor marrom brilhante mais escura no final, 1,5 grama. A saída da plântula está fechada aproximadamente 50% do diâmetro da semente com pequenas rugas. Em cada lado da semente há uma saliência formando em "forma de asa" que é típica de Medjool e diferente de todas as outras variedades.

Defeitos nos frutos: Dois defeitos não patogênicos principais são típicos do Medjool: a) Pele solta: Durante a secagem, na palmeira e após a colheita, à medida que a polpa perde água, a pele tende a se separar da polpa. A pele solta é principalmente o resultado das condições de crescimento e habitat. Não é muito afetado pelo processo de secagem natural ou artificial. A pele solta é um defeito estético e não um defeito de sabor e frutas com mais de 20 a 25% de pele solta são classificadas como Classe II.

b) Cristalização de açúcar: Um problema comum com frutas com casca solta, principalmenteondeacascaestá trincada,équecristaisdeaçúcararomáticosãoformados na polpa e sob a pele solta. A cristalização do açúcar é mais comum em frutos com alto teor de umidade na colheita. Novamente este é um defeito estético que categorizará o fruto como Classe II.

Pragase fungos: Durante asecagem,muitosfrutoscaem docachosemo cálice,deixando um buraco na base do fruto antes que a secagem seja concluída. Através deste orifício, besouros e fungos fermentadores entram na fruta e isso faz com que a fruta azede. Um processo de secagem lento resulta em um maior nível de deterioração da fruta.

Tratamento especial da Medjool

Tamanho da fruta. Para atingir tamanhos grandes e jumbo, o número de frutos por espigueta e cacho e a produtividade por palmeira devem ser monitorados pelo produtor. Dependendo das condições gerais de crescimento, sugere se o seguinte: Rendimento por tamareira: 80 120 kg

Número de espiguetas por cacho: 25 35

Número de frutos por espigueta: 5 10

Capítulo I | 100

A redução do número de frutos por espigueta pode ser alcançada por:

1. Polinização não efetiva.

2. Diminuição do número de frutificação das flores por pulverização química (não recomendado).

3. Desbaste manual. Os melhores resultados ainda são o desbaste manual quando a fruta tem de 1 a 1,5 cm de tamanho.

Comentários

Estima se que, em 1996, 100.000 palmeiras Medjool, metade nos EUA e metade em Israel, abasteceram o mercado mundial com 1.000 toneladas de frutas Medjool.

Todas as palmeiras Medjool do mundo são originárias de uma palmeira em Bou Denib (Marrocos).

- Medjool é uma variedade de maturação precoce.

Embora classificado comouma tâmara suave, o Medjool é mais firme doque variedades como Barhee e Khadrawy.

Muito pouco dano da chuva. A qualidade dos frutos, no entanto, é muito sensível à temperatura e umidade. Ambos os extremos baixos e altos não são adequados para obter frutos de alta qualidade.

O desbaste extrapesado é necessário para obter uma fruta comercial de alto valor.

Produz facilmente de 20 a 25 ramificações por palmeira.

Em Israel, Namíbia RSA e EUA as superfícies de Medjool e Barhee estão aumentando anualmente

Principais características da Medjool: fruto suculento e de textura suave, carnoso e doce. A origem do Medjool é o Marrocos, sendo esta variedade conhecida como ‘rei das tâmaras’, devido ao seu tamanho e sabor. Seu peso varia de 16 35g e sua forma é alongada. Tem uma cor castanho clara a escura, em tonalidade mogno (Figura 55).

Capítulo I | 101

A Califórnia é o maior produtor mundial desta tâmara ‘premium’, e Israel, o maior exportador, tendo sido responsável pela exportação, em 2015, de aproximadamente 60% do total exportado desta variedade.Atualmente,em razãoda grande demanda domercado internacional e, em particular, dos países da União Europeia, as áreas de expansão do cultivo da tamareira em Israel é feita com a variedade Medjool. Outras variedades

Variedade Deglet Nour. É uma variedade caracterizada pela sua pele brilhante (tâmara da luz em árabe), tom âmbar e sabor delicioso de nozes. Essas tâmaras semi secas são doces e delicadas, ligeiramente enrugadas e sua cor varia de castanho dourado claro a escuro. A origem do Deglet Nour é a Tunísia do Norte da África. Seu tamanho é 9 12 g de médio a grande, e sua forma é alongada (Figura 56). A Tunísia e a Argélia são responsáveis por 90% das exportações mundiais dessa fruta, embora os EUA e Israel também tenham lugares importantes no mercado. Essa variedade é a favorita tradicional da Europa.

Capítulo I | 102
Figura 55. Frutos da variedade Medjool. Foto: José Baldin Pinheiro.

Variedade Hallawi. É uma tâmara seca, doce, macia, rica em fibras e sabor caramelado. A origem do Hallawi é da Mesopotâmia (Iraque). Seu tamanho é 7 12 g (fruta pequena a média), sua forma é alongada e fina, e de cor marron dourada (Figura 57), cuja polpa é delicada e pálida.

Variedade Barhee. A palmeira da variedade Barhee foi introduzida na Califórnia em 1913 a partir de Basra, Iraque. São as tâmaras mais delicadas e frágeis. A pele e a polpa firmes tornam se âmbar, depois douradas quando armazenadas, e a fruta em si é de tamanho pequeno a médio. O fruto da Barhee é frequentemente consumido durante o estágio de Khalal,estágio em que sua coloração passa de verde para amarelo (Figura 58).

Capítulo I | 103
Figura 56. Frutos da variedade Deglet Nour. Foto: USDA Organic. Figura 57. Frutos da variedade Hallawi.

Figura 58. Frutos da variedade Barhee.

Variedade Khadrawi. As tâmaras Khadrawi são uma variedade de tamanho pequeno a médio com uma forma oval robusta. Elas têm uma polpa vermelha dourada espessa que envolve uma única semente e são conhecidas por sua textura extra pegajosa, mas mastigável. As tâmaras Khadrawi têm um sabor rico de caramelo, embora um pouco menos doce que o Medjool. Sua pele fina como papel tende a secar, então mantenha as bem embrulhadas e refrigeradas em um recipiente hermético (Figura 59) A palmeira Khadrawi é nativa do atual Iraque e foi introduzida pela primeira vez na Califórnia no início de 1900.

Capítulo I | 104
Figura 59. Frutos da variedade Khadrawi.

CRITÉRIOS FÍSICO QUÍMICOS E BIOQUÍMICOS

a) Teor de água. A água é um dos constituintes essenciais da tâmara. Tem uma importância fundamental na qualidade das tâmaras e determina a aptidão para a conservação. O teor de água das tâmaras varia muito com o grau de maturidade. Da mesma forma, varia de 12 a 30% do peso da polpa fresca dependendo da variedade de tâmarase de acordocom asregiõesde produçãoe,em geral,astâmarasapresentam níveis de umidade abaixo de 40%. Como resultado, as tâmaras são classificadas entre os alimentos com umidade intermediária cuja conservação é relativamente fácil. Nos Estados Unidos, as tâmaras da variedade Deglet Nour podem atingirmais de 30% de teor de água, enquanto no Iraque, as tâmaras são vendidas com apenas 15% de água. A variedade Deglet Nour da Argélia ou Tunísia contém cerca de 25% de água, a variedade Alligh cerca de 30% e a variedade Kentichi 20%.

De acordo com um estudo das vinte principais variedades de tâmaras marroquinas, as variedades mais úmidas são Boufeggous (30,5%), Mah Elbaid (28,4%) e Medjool (27,6%), enquanto as variedades menos úmidas são Bouslikhène (9,9%), Bouijjou (12,6%) e Mest Ali (15,1%). Os altos valores de umidade estão quase todos de acordo com as normas internacionais (UNECE DDP 08 e Codex STAN 143 1985) relativas à comercialização de tâmaras inteiras que exigem limites de teor de umidade de 26% para variedades secas e 30% para variedades macias. A variedade Boufeggous, excedendo ligeiramente o teor de umidade recomendado, necessita de tratamento de desidratação para assegurar a sua estabilização (HARRAK; BOUJNAH, 2012) Além disso, tâmaras de baixo valor de mercado e alto teor de água podem ser utilizadas em determinadas preparações, como sucos, caldas e geleias.

b) Teor de açúcar. A tâmara contém trêsaçúcares principais: sacarose, glicose e frutose. Isso não exclui a presença de outros açúcares como galactose, xilose e arabinose. Algumas tâmaras são totalmente desprovidas de sacarose; por outro lado, outros contêm uma proporção elevada. Portanto, o teor de açúcar das tâmaras pode ser usado como um marcador da caracterizaçãovarietal da tamareira. De fato,asdiferentesvariedadespodem ser diferenciadas pelo teor de sacarose de seus frutos. O amadurecimento das tâmaras é caracterizadoporumaumentonoteordeaçúcarestotais,independentementedaqualidade do fruto. Os açúcares redutores geralmente estão presentes em uma solução equimolar de glicose e frutose resultante da hidrólise da sacarose.

Capítulo I | 105

As quantidades de sacarose e açúcares redutores presentes na tâmara, dependendo da variedade, estão relacionadas com a textura do fruto e são modificadas durante a maturação. No caso das tâmaras moles, os últimos estágios de desenvolvimento do fruto são caracterizados pela inversão da sacarose em glicose e frutose, enquanto nas tâmaras semi moles e secas, a sacarose se acumula até o estágio maduro. Isso é explicado pelo fato de que a taxa de evaporação de água é baixa em frutas onde a atividade específica da invertase é alta (tâmaras com açúcares redutores) e que essa taxa é maior em frutas onde a atividade da invertase é baixa (tâmaras com sacarose).

No entanto, a classificação de acordo com a quantidade de açúcares redutores entre tipos de tâmaras com açúcares redutores e não redutores nem sempre é consistente quando são consideradas variedades intermediárias. As tâmaras da Hallawi são um exemplo das variedades intermediárias com tendência ao tipo de açúcar redutor. Os frutos desta variedade podem conter 0 15% de açúcares na forma de sacarose. Da mesma forma, a relação geral entre textura seca e alto teor de sacarose não parece estar relacionada, uma vez que muitas variedades de textura seca têm uma quantidade muito pequena de sacarose. Exemplos dessas variedades são Ashrazi, Dayri, Fursi, Menakher, Zahidi e Azmashi. Além disso, a variedade Deglet Nour, considerada uma tâmara de sacarose por excelência, é uma exceção porque está entre as tâmaras semi moles (a sacarose geralmente constitui nesta variedade 60 a 80% dos açúcares totais). De fato, ao contrário da tâmara seca, a variedade Deglet Nour passa por um estágio em que adquire as características de uma excelente tâmara suave. É neste estágio que é colhido. A sua riqueza em sacarose confere lhe um sabor adocicado e um sabor agradável muito apreciado pelos consumidores. No entanto, a presença de sacarose em alta proporção nas tâmaras pode contraindicar em algumas crianças com deficiência enzimática que as impede de utilizar esse açúcar corretamente.

Além disso, vários fatores influenciam a quantidade de sacarose hidrolisada durante o amadurecimento. Os tratamentos de cultivo, temperatura, umidade e precipitação durante a maturação influenciam, sem dúvida, a quantidade hidrolisada.

O tipo de açúcar que predomina na tâmara está entre as características varietais de interesse do embalador. Assim, o embalador que trata as tâmaras com sacarose terá que manter uma temperatura baixa para evitar a inversão da sacarose que tornaria as tâmaras xaroposas. Este poderia ser o caso, em particular, da variedade marroquina Bouskri, que

Capítulo I | 106

contémumaelevada percentagem desacarose.Com tâmarascom açúcaresredutores,esse cuidado durante o processamento não é necessário.

Em relação ao teor de açúcar de vinte variedades principais de tâmaras marroquinas, o maior teor de açúcares redutores é observado na variedade Medjool (80,6%), enquanto a variedade Bouskri foi distinguida pelo menor teor (26,7%). Este último contém uma grande quantidade de sacarose (43,5%). O teor médio de açúcar total varia de 64,7 a 80,6%. Os níveis mais altos são obtidos para as variedades Medjool (80,6%), Jihel (78,3%), Ahardane (77,5%) e Bouittob (77,3%). Por outro lado, o teor registrado para a variedade Boufeggous (64,7%) é significativamente inferior ao de todas as outras variedades. A variedade Bouskri tem um teor interessante de açúcares totais (72,5%), dos quais 60% são compostos por sacarose. Esses altos teores de açúcares totais das tâmaras marroquinas são interessantes do ponto de vista tecnológico, permitindo considerar a extração de açúcares (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Do ponto de vista nutricional, as tâmaras com açúcares redutores são as mais interessantes, pois esses açúcares fornecem calorias energéticas que podem ser utilizadas instantaneamente pelo organismo. As tâmaras também são uma importante fonte de energia. Tomadas como snack ou integradas numa sobremesa, as tâmaras, graças à sua riqueza em hidratos de carbono, contribuem para um bom equilíbrio da ingestão diária de energia. Uma ração de 100 g de tâmaras fornece, dependendo da variedade, entre 170 e 240 kcal, ou seja, 7 a 10% da necessidade energética diária estimada em 2.400 kcal.

Como resultado, as tâmaras são um alimento de escolha para o trabalho muscular, especialmente porque também fornecem vitaminas do grupo B (necessárias para o metabolismo dos carboidratos). São frutos a recomendar para a prática desportiva, sobretudo por longos períodos como caminhadas, ciclismo e corridas de montanha, e sempre que tenha de fazer esforço físico significativo ou prolongado.

c) Índice de qualidade (ou dureza). Os açúcares e a água são os elementos mais importantes que conferem à tâmara, pela sua proporção, a consistência da polpa. É possível definir um índice “r” chamado de qualidade ou dureza, igual à relação entre o teor de açúcar e o teor de água das tâmaras. O cálculo deste índice permite estimar o grau de estabilidade do fruto, considerado ótimo se a relação “r” for igual a 2, avaliar sua aptidão para conservação e determinar sua categoria de consistência. Isso leva à

Capítulo I | 107

classificação de tâmaras que são então qualificadas como suaves para uma relação “r” inferior a 2, semi moles para “r” entre 2 e 3,5 e secas para “r” superior a 3,5.

De fato, uma tâmara muito úmida fermentará. É por isso que é necessário deixar as tâmaras frescas e macias suar (transpirar) para diminuir o nível de umidade e garantir sua preservação. As tâmaras frescas semi moles podem por vezes apresentar um ligeiro excesso de umidade, em certos anos, nas regiões produtoras de tâmaras onde a umidade do ar é relativamente elevada ou na sequência de chuvas intempestivas. É por isso essencial conhecer o índice de qualidade “r”, para oacondicionamento das tâmaras e para poder garantir a sua estabilidade.

De fato, a adequação da tâmara para conservação pós colheita é uma característica muito almejada. Muitos genótipos perdem sua qualidade durante o armazenamento tradicional, outros genótipos mantêm sua qualidade por um período de tempo. Em geral, as tâmaras semi moles ou semi secas manter se iam melhor do que as tâmaras suaves. Estas últimas são frequentemente presas de pássaros e bolor (mofo). Elas são difíceis de armazenar e devem ser consumidos rapidamente ou processados. Por outro lado, as tâmaras secas se mantêm bem em um ambiente seco.

Em termos de consistência, a tâmara mole é um fruto pastoso e viscoso cuja polpa não tem consistência. A tâmara semi suave tem uma textura elástica e viscosa.A tâmara seca, poroutrolado,tem uma consistência sólida e dura. Também é identificada outracategoria de tâmaras intermediárias entre semi moles e secas. São tâmaras semi secas cuja textura é elástica e não viscosa. Para o consumidor marroquino, a maciez, aliada à suavidade e polpa suculenta são qualidades desejadas.

Os índices de qualidade “r”, variandoentre 1,5 e 6,3, permitiram classificar 20variedades marroquinas nas três categorias de consistência: macia, semi mole e seca. A variedade Boufeggous, considerada macia (r= 1,5), está sujeita a deterioração e, caso se planeja seu armazenamento, deve ser estabilizada por secagem. Na categoria de tâmaras semi suave, encontram se, entre outras variedades, Bouskri, Jihel e Medjool. Estas tâmaras têm boa consistência e boa capacidade de armazenamento. As tâmaras moles e semi-moles, especialmente aquelas com baixo desempenho físico como Iklane e Bousthammi preto, podem ser usadas, por exemplo, para a produção de suco, massa ou geléia. Tâmaras que podem ser consideradas secas geralmente são adequadas para um bom armazenamento. Aquelas com uma consistência relativamente dura devem ser umedecidas para tornar sua

Capítulo I | 108

consistência aceitável. Além disso, devido ao seu baixo teor de água, as tâmaras secas e as que secam facilmente após a colheita, como Bouskri, Jihel e Bourhare, podem ser usadas para preparar farinha (HARRAK; BOUJNAH, 2012)

d) Proteínas e aminoácidos. As tâmaras são consideradas uma fonte limitada de proteína. Em comparação com as variedades estrangeiras, as vinte principais variedades de tâmaras marroquinas são ricas em proteínas; o que lhes confere uma boa qualidade nutricional. A variedade Outoukdim pode ser caracterizada pelo maior teor de proteína (4,22%), enquanto a Medjool possui um teor de 2,75%.

Além disso, o estudoda composição deaminoácidosde 5variedadesdetâmaras(Bouskri, Deglet Nour, Medjool, Thoory e Zahidi) em diferentes estágios de maturidade e pertencentes a diferentes origens geográficas (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Catar, Mali, Argélia e Estados Unidos) mostrou que esses aminoácidos livres não apresentam grandes variações entre si. Como resultado, a composição de aminoácidos das tâmaras não é um bom marcador para a caracterização varietal. Os 18 aminoácidos detectados são: alanina, asparagina, ácido aspártico, arginina, ácido γ aminobutírico, glutamina, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, fenilalanina, valina, metionina, serina, treonina e tirosina. Dentre esses 18 aminoácidos analisados, a serina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina e valina são predominantes nos estágios Kimri e Khalal, enquanto o ácido γ aminobutírico, glutamina e glicina geralmente estão presentes em maior quantidade no estágio maduro. Além de sua importância nutricional, os aminoácidos participam das reações de escurecimento que ocorrem durante o amadurecimento das tâmaras. Além disso, eles desempenham um papel fundamental nas reações de escurecimento não enzimático (reações de Maillard) que ocorrem durante o armazenamento. De fato, os níveis elevados têm uma influência significativa na evolução da cor, causando um rápido escurecimento da tâmara durante o armazenamento (HARRAK; BOUJNAH, 2012). e) pH e acidez total titulável. A acidez fornece informações sobre a qualidade comercial das tâmaras. Da mesma forma, altos valores de pH das tâmaras (tendendo a pH neutro) podem ser um indicador de qualidade comercial. Entre os ácidos orgânicos da tâmara, encontram se os ácidos cítrico, málico e oxálico, que seriam um componente do sabor das tâmaras frescas. O pH ligeiramente ácido de algumas variedades de tâmaras também é prejudicial para as bactérias, mas adequado para o desenvolvimento da flora fúngica.

Capítulo I | 109

Para vinte variedades principais de tâmaras marroquinas, o pH e a acidez total titulável variaram respectivamente de 4,9 a 6,7 e de 0,165 a 0,470 g de ácido cítrico/100 g de tâmaras.

Do ponto de vista da acidez total titulável, as variedades com maior acidez total titulável e também com menor pH são Bouijjoue Outoukdim. Por outrolado,as variedades menos ácidas são Bouskri, Mah Elbaid, Bousthammi branco e Bousthammi preto. Quanto ao pH, as variedades com pH mais alto são Medjool (6,7), Bouskri (6,6) e Bouzeggar (6,5). Tais valores de pH das tâmaras (tendendo à neutralidade) podem ser um indicador de qualidade comercial. A maioria das outras variedades tem pH entre 5,3 e 6,3, característico de tâmaras de qualidade média (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

f) Compostos fenólicos. Os compostos fenólicos são constituintes naturais responsáveis pela qualidade organoléptica dos frutos (sabor e cor). Para a tâmara, constituem um dos critérios de qualidade mais importantes a serem dominados desde a colheita até a comercialização. Quase todas as tâmaras são adstringentes no estágio Kimri devido à presença de uma camada de tanino logo abaixo da pele. Quando as tâmaras perdem a cor verde e se tornam amarelas ou vermelhas, os taninos se instalam nas células maiores, onde estavam presentes na forma solúvel, e ali formam grânulos insolúveis, e a adstringência desaparece.

Para algumasvariedades,a tâmara verde nãoé adstringente.É o casode Chirâni de Basra, Doueiki do Egito, Tâliss de Fezzan e Arsébabo de Tibesti (Chade). Da mesma forma, o estágio Khalal imaturo de algumas variedades, como Barhee e Braim, contém tão pouco tanino que são leves e não muito adstringentes.

Areaçãode escurecimentoporoxidação química espontânea de taninosinsolúveisparece ser mais importante que a reação enzimática na medida em que esta é limitada pelo teor de água. Por exemplo, para temperaturas abaixo de 38°C e um teor de água abaixo de 19%, ocorrerá a reação de oxidação dos polifenóis, ao contrário da reação de escurecimento enzimático.

Quanto aos polifenóis em formas simples, eles estão presentes em baixas concentrações na maioria das variedades de tâmaras. Existem essencialmente ácidos fenolcarboxílicos na origem das vias de síntese de muitas substâncias (lignina, por exemplo) e cumarinas. Aoutra família decompostosfenólicospresentesna tâmara éa dosflavonóides,incluindo flavonas, flavonóis, chalconas e antocianinas. A análise da composição de flavonóides da

Capítulo I | 110

variedade Deglet Nour no estágio Khalal revelou a presença de glicosídeos luteolina, quercetina e apigenina.

Os ácidos protocatecuico, vanílico, siríngico, ferúlico, gálico, parahidroxibenzóico, cafeico, ortocumárico e paracumárico também fazem parte dos compostos fenólicos da tâmara. Entre as tâmaras mais cultivadas na Tunísia, a variedade Mermella tem o menor teor de ácidos fenólicos (5,73 mg/100 g), enquanto a variedade Korkobbi tem a maior quantidade (54,66 mg/100 g).

Asprocianidinassão taninoscondensados e osprincipaisprecursoresdospigmentosazul violeta e vermelho em frutas, legumes, nozes, sementes, flores e cascas. Sua estrutura química apresenta unidades flavânicas do tipo catecol ou epicatecol.

As tâmaras da variedade marroquina Bousthammi preto contêm um teor médio de polifenóis totais de 105,3 mg EAG/100 g de matéria seca, ou 80,6 mg EAG(/100 g de matéria fresca (Equivalente de ácido gálico=EAG) (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Os polifenóis desempenham um papel importante no corpo humano: têm efeitos anti inflamatórios e antioxidantes. Eles também reduzem a pressão arterial e estimulam o sistema imunológico.

(g) Compostos aromáticos. A identificação dos compostos aromáticos das tâmaras permite apreciar a sua qualidade organoléptica. Eles têm um lugar privilegiado entre os marcadores de qualidade da tâmara, pois atingem diretamente o centro olfativo humano. Esses compostos também são de interesse tecnológico por orientar os fabricantes em determinados processos de transformação de frutas e na produção de extratos aromatizantes.

Em geral,astâmarasnão sãomuitoaromáticas,e seuaroma,maisoumenospronunciado, é formado principalmente por álcoois, aldeídos e cetonas. O aroma frutado e doce das tâmaras é, portanto, o resultado de uma complexa mistura de compostos.

Quarenta e sete compostos voláteis foram identificados pelo método dinâmico de extração SPME (Solid Phase Micro Extration) em tâmaras de oito variedades marroquinas (Aziza, Boufeggous, Bouskri, Bousthammi preto, Iklane, Jihel, Medjool e Najda). O número de compostos voláteis por variedade foi bastante variável. Diferenças significativas na composição dos compostos aromáticos entre as 8 variedades foram destacadas.

Capítulo I | 111

No entanto, do ponto de vista da natureza química dos compostos, notaram se algumas semelhanças entre as variedades Bouskri e Iklane, com a característica de serem muito ricas em hidrocarbonetos terpenos, aldeídos, compostos cetônicos e as menos ricas em álcoois alifáticos. As variedades Aziza e Bousthammi preto contêm, em particular, o mesmo número de compostos cetônicos, mas são desprovidos de álcoois terpênicos. As variedades Boufeggous e Medjool, muito apreciadas pelo consumidor marroquino e de elevado valor de mercado, distinguem se respectivamente por uma diversidade relativamente maior ao nível dos compostos alcoólicos terpénicos e pelo menor número de compostos cetónicos. A aplicação do método de extração SPME (Solid Phase Micro Extration) às tâmaras marroquinas permitiu reduzir para 82 o número de compostos aromáticos identificados. Alguns compostos conhecidos pelas suas propriedades sensoriais (floral, frutado, herbáceo, doce, caramelo, etc.), como o β ionona, n hexanal, p cimeno e D limoneno, estão entre os compostos aromáticos das tâmaras (HARRAK; BOUJNAH, 2012). h) Materiais minerais. A composição mineral da polpa de tâmara é de algum interesse agronômico. De fato, é possível avaliar a perda desses constituintes no nível da palmeira durantea colheita. Essa perda deve sercompensada pelaadiçãodefertilizantesàsárvores. O teor de cinzas (matéria mineral total) das tâmaras varia, em geral, de 1,9 a 4,2% no estágio Khalal e de 1,5 a 3,0% no estágio Tamar. Este teor, portanto, diminui durante a maturação, mas essa diminuição é menor em comparação com a dos outros constituintes. Além disso, esse teor, que é baixo em relação ao peso da matéria seca do fruto, reflete uma síntese relativamente ativa de compostos orgânicos pelas partes vegetativas. A proporção de sais minerais presentes é, no entanto, significativa a nível nutricional e as tâmaras podem ser consideradas como os frutos mais ricos em elementos minerais.

Os teores de potássio, fósforo e ferro das tâmaras são significativamente maiores do que em outras frutas. Essas taxas são 3 a 5 vezes maiores do que as de uvas, maçãs, laranjas e bananas. Dependendo da variedade, em 100 g de polpa de tâmara seca, o teor desses minerais pode variar de 107,4 a 916 mg de potássio, de 13 a 63 mg de fósforo e de 0,3 a 10,4 mg de ferro. Devido o seu rico teor de ferro, as tâmaras são recomendadas para indivíduos anêmicos. Outros minerais estão presentes em quantidades variadas, como cálcio (9,5 a 207 mg), cobalto (0,8 a 1 mg), cobre (0,1 a 2,9 mg), manganês (0,3 a 5,9 mg) e zinco (0,1 a 1,8 mg).

Capítulo I | 112

As tâmaras também contêm flúor (0,1 a 0,2 mg) que previne o aparecimento de cáries dentárias e selénio (0,1 a 0,3 mg) que desempenha um papel na prevenção do cancro e na manutenção do sistema imunológico

No entanto, o teor de sal mineral não parece ser um bom marcador varietal de tamareira.

Por outro lado, pode contribuir para a caracterização de uma determinada origem geográfica.

Para vinte variedades principais de tâmaras marroquinas, o conteúdo de elementos minerais, incluindo cálcio, magnésio, potássio, fósforo, ferro, cobre, zinco e manganês, é geralmente significativo; isso indica um bom valor nutricional. A maioria dessas variedades também possui uma relação Cálcio/Fósforo satisfatória para um bom equilíbrio nutricional.

Esses minerais, especialmente o potássio, que se acumulam na tâmara durante sua maturação, obviamente, fazem desta fruta um alimentomuitoenergéticopara pessoasque sofrem de hipertensão. Além disso, as tâmaras, ricas em minerais plásticos (Ca, Mg, P e S) e minerais catalíticos (Fe e Mn) são remineralizantes e fortalecem significativamente o sistema imunológico. Eles também são recomendados para mulheres que amamentam. Além disso, as tâmaras são recomendadas para indivíduos anêmicos devido ao seu alto teor de ferro (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

e)Lipídios.Apolpa de tâmara contém uma pequena quantidade de lipídios(cerca de 0,13 a 1,9% do peso fresco). Os lipídios concentram se principalmente no epicarpo (2,52 a 7,42%) na forma de uma camada de ceras onde desempenhariam um papel fisiológico na proteção contra a evaporação do fruto. Além disso, a quantidade de lipídios na pele das tâmaras moles pode estar inversamente relacionada à suscetibilidade à alteração pela umidade. As tâmaras da variedade Deglet Nour, por outro lado, são ricas em lipídios brutos e são muito propensas à deterioração pela umidade.

Os lipídios da tâmara, presentes na forma de ácidos graxos saturados ou insaturados e esteróis,nãotêmvalornutricional.Osácidosgraxos,combinadossaturadoseinsaturados, estão presentes a uma taxa de 0,1 a 0,4%. Podem ser mencionados os ácidos palmítico, cáprico, caprílico, láurico, mirístico, linoleico e outros. Além disso, as tâmaras contêm esteróis na forma de colesterol, campesterol, estigmasterol, β sitosterol e iso fucosterol (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Capítulo I | 113

j) Vitaminas.Apolpa de tâmara contém vitaminasem quantidadesvariadas,dependendo da variedade e sua origem. Contém carotenóides e vitaminas do grupo B em quantidades significativas (100 g de polpa de tâmara contém 1,7 mg de vitamina B3, 0,8 mg de vitamina B5, 1,15 mg de vitamina B6, 0,10 mg de vitamina B2). Durante o amadurecimento, o teor de carotenóides cai de 23,2 para 12 μg/g (matéria seca) para tâmaras semi moles e de 36,3 para 21,2 μg/g para tâmaras moles. A degradação dos carotenóides pode ser explicada pela diminuição do teor de água que ocorre durante a fase de maturação. O escurecimento gradual durante esta fase não parece afetar a estabilidade desses compostos.

Um estudo realizado em três variedadesdetâmarasargelinas(Deglet Nour,Tantebouchte e Hamraya) mostrou a presença de três tipos de carotenóides: luteína, β caroteno e neoxantina. As três variedades contêm, respectivamente, um teor total de carotenóides de [61,7 167], [32,6 672], [37,3 773] μg/100 g de tâmaras. Os valores mais altos são registrados no estágio Khalal. A concentração de vitamina A é de cerca de 35 50 UI (Unidade Internacional) por 100 g de fruta fresca para tâmaras moles.

Notou se a ausência de vitaminas C e D no estágio Tamar. De fato, a vitamina C (que atingiu 15 mg na tâmara fresca) desapareceu quase completamente na tâmara seca (2 mg em média). O teor de provitamina A raramente excede 0,03 mg/100 g (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

k) Amido. Uma pequena quantidade de amido aparece em tâmaras jovens logo após a polinização,maslogodepoisdesaparece na maioria dasvariedades.Avariedade Samaani dos Emirados Árabes Unidos contém 12,8% do amido (baseado na matéria seca) no estágio Kimri e 3,1% no estágio Routab. Esta substância é gradualmente substituída por açúcares no estágio Khalal e, com algumas exceções, as tâmaras maduras não contêm nenhum.

A comparação entre o teor de amido e o teor de açúcar total/água das variedades tunisianas analisadas no estágio de maturidade ideal (estágio Tamar) revelou que esses dois parâmetros variam inversamente. As tâmaras secas contêm relativamente pouco amido (0,2 g% de matéria seca), enquanto as tâmaras moles contêm 0,5 g% de matéria seca (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

(l) Substâncias pécticas. Durante a formação do fruto, as substâncias pécticas aumentam até o início do amadurecimento. A quantidade de protopectina atinge o pico quando a

Capítulo I | 114

fruta atinge o tamanho máximo, mas as pectinas solúveis aumentam lentamente até o início do amadurecimento. De fato, algumas substâncias pécticas insolúveis são convertidas em pectinas solúveis durante a maturação e a quantidade de substâncias pécticas totais diminui. Portanto, do estágio de Kimri ao estágio de Routab, a proporção de pectina solúvel vai de aproximadamente 2% a 1%, a de protopectina de 4,5% a cerca de 1% e a de substâncias totais de pectina de 6,5% a 2%.

As pectinas insolúveis contribuem para a rigidez dos tecidos durante o seu amadurecimento. A degradação dessas pectinas sob a ação de enzimas leva ao amolecimento dos tecidos. Além disso, as substâncias pécticas (protopectina, pectina solúvel, etc.) têm certa importância para o fabricante do xarope de tâmaras, sua presença dificulta a filtragem. Por este motivo, recomenda se o pré tratamento (ebulição, ajuste de pH) e o uso de filtros especiais. Uma diastase, chamada pectinesterase, transforma a pectina em um gel. O mesmo vale para o suco de tâmaras após ebulição prolongada (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

m) Substâncias corantes. Pigmentos de diferentes naturezas foram identificados em tâmaras egípcias frescas: carotenóides, antocianinas, flavonas, flavonóis, licopenos, cartenos, flavoxantina e luteína. Outros estudos em 8 variedades de tâmaras iraquianas em diferentes estágios de desenvolvimento do fruto revelaram a presença de clorofila, carotenóides, antocianina e antocianidina especificamente nos estágios iniciais de desenvolvimento (Kimri e Khalal). Um estudo realizado em três variedades de tâmaras de Omã mostrou que as antocianinas estavam presentes apenas nas tâmaras frescas e que a cor da fruta variava de acordo com o teor desses compostos (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

n) Enzimas. As enzimas desempenham um papel importante nos processos de conversão que ocorrem durante a formação e amadurecimento dos frutos. Entre as enzimas de particular interesse para a qualidade final da tâmara, encontram se a invertase, poligalacturonase e pectinestrase, celulase e polifenoloxidase. A atividade das diferentes enzimas é iniciada durante os últimos estágios de desenvolvimento do fruto. O aumento da atividade da invertase ocorre antes da poligalacturonase e da celulase que suavizam a fruta, ou da polifenoloxidase responsável pelo escurecimento da cor da fruta. Duranteoestágiofinalde RoutabatéoestágioTamar,quandoastâmarasperdemgrande parte de sua estrutura de parede celular e conteúdo de água, a atividade da invertase

Capítulo I | 115

diminui. Há uma diminuição semelhante na atividade da poligalacturonase de tâmara. É bem conhecido que durante este período, a cor do fruto fica marrom como resultado do escurecimento enzimático e não enzimático, e ambas as reações podem afetar a estrutura e a atividade da enzima.

O conhecimento das funções e atividade dessas enzimas é de importância prática para o embalador e processador, pois pela manipulação adequada da temperatura e umidade, a atividade da enzima pode ser estimulada ou inibida de acordo com o resultado desejado. Normalmente,a atividade enzimática ocorre em uma solução ouatmosfera úmida; a faixa de temperatura ideal é geralmente entre 30 e 40°C; acima e abaixo dessas temperaturas a atividade diminuiria (por exemplo, invertase a 50°C perde 50% de atividade e 90% de atividade a 65°C após 10 minutos). O armazenamento prolongado de tâmaras sob refrigeração ou congelamento baseia se principalmente na redução da atividade enzimática. n.1) Invertase. A invertase é a enzima mais estudada devido à facilidade com que sua atividade é monitorada. Supõe se que as condições que favorecem sua atividade também podem favorecer a atividade de outras enzimas. Sua principal atividade é converter sacarose em glicose e frutose. Nas variedades moles esta conversão é quase completa, mas na maioria das variedades semi secas e secas apenas uma parte da sacarose é hidrolisada. Sua atividade é influenciada pelo alto teor de água e temperatura. O estudo da atividade da invertase durante os últimos estágios de desenvolvimento da tâmara de três variedades (Khadrawi, Deglet Nour e Hallawi) mostrou que essa atividade ocorre no início do estágio de Routab. No entanto, a atividade máxima da invertase e seu desenvolvimento progressivo são diferentes nas 3 variedades estudadas. Essas enormes diferençasna atividade da invertaseentreasvariedadesafetam a atividade deágua (“aw”) nos frutos. De fato, esse processo, que hidrolisa a sacarose em duas moléculas (glicose e frutose), diminui rapidamente a “aw” da fruta. Como resultado disso, a taxa de evaporação de água é menor em frutos com alta atividade de invertase do que naqueles com baixa atividade. Uma diminuição significativa da atividade enzimática é observada em todas as variedades durante a secagem natural dos frutos nas árvores ou após o amadurecimento artificial dos frutos que estão no estágio de Routab.

A comparação do conteúdo total de enzimas mostra uma diferença fundamental nas diferentes variedades que parece ser atribuída a características genéticas. De fato, a

Capítulo I | 116

atividade da invertase foi quase 250 vezes maior para a variedade Khadrawi do que para Deglet Nour. A velocidade e extensão da hidrólise e outras reações enzimáticas aumentam com o aumento do teor de água.Em frutos onde a atividade da invertase é alta, portanto, um alto teor de água é retido no fruto, o que parece permitir que outras enzimas responsáveis pelo amolecimentoe escurecimentodo frutoatuem nasmelhores condições. Assim, a invertase é uma enzima chave que controla os açúcares redutores e o teor de água nas tâmaras. Parece afetar as reações enzimáticas e não enzimáticas responsáveis pelas mudanças na textura, cor e sabor das tâmaras que amadurecem naturalmente na palmeira.

n.2) Poligalacturonase e pectinesterase. São duas enzimas pécticas que convertem substâncias pécticas insolúveis, contribuindo para o amolecimento da tâmara.

n.3) Celulase. A celulase transforma a celulose em substâncias de cadeia curta com solubilidade crescente. Essa transformação pode eventualmente conduzir à glicose, levando a uma diminuição do teor de fibras.

n.4) Polifenolase. A polifenolase (polifenoloxidase) é responsável por parte da oxidação enzimática do escurecimento das tâmaras. É mais sensível que a peroxidase ao pH ácido, mas é mais tolerante ao pH alcalino. Seu pH ótimo é 5,0. Sua tolerância ao calor é intermediária entre a invertase e a peroxidase.

n.5) Peroxidase.Aperoxidaseé encontrada emtâmaras, massua funçãonãoé conhecida. Não está envolvido em reações relacionadas ao escurecimento. O pH ideal é 4,7. É mais tolerante ao calor do que a invertase e a polifenolase. Altas concentrações de sacarose inibem marcadamente a atividade, mas a dextrose tem pouco ou nenhum efeito (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

PROPAGAÇÃO

Três métodos principais são praticados atualmente para propagar a tamareira (EL HADRAMI et al., 2011a). Historicamente, o método mais comum dependia do transplante de mudas trocadas ou comercializadas entre produtores e pomares. Em condições normais, os rebentos transplantados começam a dar frutos dentro de 5 a 8anos, com plena maturidade por volta dos 30 anos. O segundo método de propagação é por sementes. Embora seja o mais fácil, as mudas seminais de palmeiras podem levar até 10 anospara começar a florescere darfrutos.Finalmente,ousode micropropagaçãoe vários

Capítulo I | 117

métodos de cultura de tecidos e biotecnologias permitem gerar um grande número de plantas mais rapidamente em comparação com os outros dois métodos (JAIN, 2006; EL HADRAMI; EL HADRAMI, 2009; EL HADRAMI et al., 2011b).

Propagaçãovegetativa. Maisuma vez, ométodomaiscomum éa propagaçãovegetativa de rebentos, que garante a identidade genética das variedades maternas. Os rebentos se desenvolvem a partir de gemas axilares no tronco perto da superfície do solo durante o estágio juvenil da tamareira. Os rebentos, após 3 a 5 anos de fixação à palmeira parental, produzem raízes e podem ser removidos e plantados. Esta é aproximadamente a idade em que os rebentos começarão a produzir flores e, nas linhas femininas, frutos.

Ou seja, a propagação da tamareira tem sido tradicionalmente realizada usando rebentos que são produzidos a partir de gemas axilares situadas na base do tronco durante a vida juvenil da palmeira. Os rebentos se desenvolvem lentamente e seus números são limitados. Os números de rebentos variam de 10 a 30, dependendo do genótipo, e são produzidos apenas dentro de certo período de tempo na vida da tamareira mãe. Ainda não existe um método baseado em campo disponível para aumentar o número de rebentos por planta. A propagação sexuada da tamareira é inadequada para a propagação comercial de genótipos de elite fiel ao tipo desejado, devido às características heterozigóticas das plântulas e à sua natureza dioica. Metade da progênie é geralmente masculina, que não produz frutos, e grandes variações no fenótipo podem ocorrer na progênie. Além disso, nenhum método é conhecido atualmente para sexagem de tamareiras em um estágio inicial de desenvolvimento da árvore para a eliminação de árvores machos improdutivos no viveiro antes do plantio em escala de campo. Propagação por sementes. O segundo método de propagação é usar mudas aleatórias de cruzamentos sexuais. As mudas seminais não são idênticas às árvores maternas e não são uniformes geneticamente, variando muito em sua produção e qualidade dos frutos. Cerca de 50% das mudas seminais são do sexo masculino, embora não possam ser identificadas até que as árvores comecem a florescer após 4 a 5 anos. A produção e a qualidade dos frutos de pomares derivados de mudas seminais são bastante reduzidas em comparação com pomares desenvolvidos a partir de rebentos. Outra desvantagem da propagação de sementes é que o crescimento e a maturação das mudas são extremamente lentos. Uma muda seminal de tamareira pode levar de 8 a 10 anos, ou mais, antes que a frutificação ocorra e isso tenha dificultado a reprodução da tamareira.

Capítulo I | 118

Propagação por cultura de tecidos O terceiro método de propagação de tâmaras é através de TC (cultura de tecidos) (ZAID; DE WET, 2002b). A propagação da cultura de tecidos de tamareiras a partir de pontas de brotos através de embriogênese ou organogênese foi desenvolvida pela primeira vez na década de 1970 a 1980. A organogênese pode ser alcançada usandobrotosauxiliaresemeristemasapicais,enquanto a embriogênese pode ser feita através do estágio de calo de vários tecidos meristemáticos como brotos, folhas jovens, caule, raque e assim por diante. Ambas as abordagens de organogênese e embriogênese somática têm sido aplicadas com sucesso para a propagação de plantas para uma ampla gama de plantas (JAIN; ISHII, 2003; JAIN; GUPTA, 2005). A embriogénese somática tem limitações, por exemplo genótipo e baixa taxa de germinação de embriões somáticos, o que tem dificultado o maior uso comercial em algumas espécies vegetais. Assim sendo, as cultivares respondem a cultura de tecidos (TC) de forma diferente, e diferentes condições ótimas são necessárias para cada cultivar. Demora cerca de 6 anos para atingir a produção através do processo TC e 8 anos para atingir as quantidades comerciais. Em geral, as progênies de cultura de tecidos (TC) têm características semelhantes às derivadas da propagação de rebentos radiculares. No entanto, um dos principais problemas com a propagação do TC é a variação somaclonal (tipos off). Essas variantes somaclonais exibem vários fenótipos típicos, incluindo variegação nas folhas, variação na estrutura foliar e padrões gerais de crescimento da planta, árvores que não formam inflorescências ou produzem desenvolvimento floral anormal e árvores que produzem frutos partenocárpicos sem sementes. A maioria das variantes somaclonais pode ser detectada nos estágios iniciais; no entanto, alguns só podem ser detectados no campo, vários anos após o plantio ou após a floração, frutificação e maturação das árvores. A frequência de variação somaclonal em tamareiras derivadasde TC pode sermuitoalta algumasvezes,masosmecanismosque causamessas variações não são claros e ainda estão sob investigação (GUREVICH et al., 2005).

Meio de cultura O meio de cultura mais comum usado para micropropagação via embriogênese somática é o MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962). Raramente o meio B5 foi usado. Vários grupos modificaram a composição do meio adicionando vitaminas, sulfato de adenina, tiamina, glicina, glutamina, mio inositol e carvão ativado (FKI et al., 2003; AL KHYARI, 2005). Entre os reguladores de crescimento de plantas, 2,4 D (10 100 mg/L) é comumente adicionado sozinho ou em combinação com citocinina (cinetina, 2 isopentil fosfato) no meio de cultura. Em alguns casos, 2,4 D é substituído por NAA.

Capítulo I | 119

O papel das vitaminas na embriogênese somática da tamareira não está bem definido, exceto pela influência positiva da tiamina e da biotina no crescimento do calo e na produção de embriões somáticos. A sacarose, 20 30g/L, é geralmente usada como a principal fonte de carbono e energia em meios de cultura de tecidos. Muitas vezes em combinação com a sacarose, outros açúcares como manitol, maltose e sorbitol foram adicionadosao meiode cultura para aumentara embriogênese somática.Além de seruma importante fonte de carbono, o sorbitol e o manitol atuam como agentes osmóticos para alterar o potencial osmótico do meio. O estresse osmótico induzido por sorbitol acelerou a indução da embriogênese somática. A adição de polietilglicol (PEG 8000) no meio de cultura melhorou a maturação e germinação dos embriões somáticos. A adição de nitrato de prata, inibidor de etileno, também teve influência estimuladora na embriogênese somática, e a resposta a ele foi genotípica dependente. No laboratório de cultura de tecidos e biotecnologia de Jimmah (Omã), uma série de experimentosfoi realizada para padronizar astécnicasde micropropagação de tamareiras; a maioria das técnicas desenvolvidas pode ser amplamente aplicada a muitas cultivares com modificações necessárias. Neste instituto, dois tipos de procedimentos têm sido empregados com sucesso na cultura de tecidos de tamareiras. O método mais comum é a embriogênese somática, que apresenta muitas vantagens e desvantagens. Com este método, a clonagem em massa de plântulas de tamareira por meio de embriogênese somática repetitiva existe desde 1996, e um bom número de propágulos foi distribuído aos produtores de tâmara (Figura 60). No entanto, envolve a possibilidade de alguma variabilidade genética indesejável em plantas derivadas de cultura de tecidos, resultando em algumas características vegetativas anormais, bem como hábitos de floração e frutificação incomuns, que geralmente não são aparentes até o estágio de frutificação. Variações genéticas foram registradas em culturas de 6 e 12 meses de idade. Observou se também que todos os brotos morfologicamente anormais apresentaram variações genéticas em nível molecular (SAKER et al. 2000). Um dos métodos alternativos usados atualmente é a organogênese direta. Espera se que o desenvolvimento bem sucedido desta nova técnica reduza o número de etapas na cultura, encurtando assim a duração da cultura com maiores concentrações de auxinas, o que pode levar a variações somaclonais reduzidas.

Capítulo I | 120

Figura 60. Estágios de aclimatação de plântulas de tamareira em sala de crescimento e em condições de crescimento das mudas de tâmara em viveiro, usando cultura de tecidos Fotos: R. Al Yahyai; M. M. Khan (2015) e M. Shahid.

Cultivares utilizadas As cultivares mais utilizadas para a indução da embriogênese somática são: Deglet Noor e Barhee, que não apresentaram variação somaclonal (FKI et al., 2003; SMITH; AYNSLEY, 1995); clones Bou Feggous (BFG), Jihel (JHL) e Bou Skri (BSK), Sair S 16 (S16) e Sair S 35 (S35) (4); Medjool; Thory e Zahdi; Tagaza e Takerboucht (Argélia) e Zaghloul (Egito).

Explantes usados. Vários explantes têm sido usados para iniciar culturas in vitro de tamareiras, e sua resposta a vários reguladores de crescimento de plantas tem sido estudadas. Os explantes utilizados foram: embriões zigóticos maduros e imaturos, segmentos foliares excisados de plântulas e rebentos jovens, tecidos foliares e merismáticos excisados de plantas in vitro e tecido de inflorescência. Os explantes mais utilizados são as pontas dos brotos apicais e as gemas laterais, pois têm sido os mais responsivos ao cultivo in vitro

Capítulo I | 121

Cultura embrionária. A cultura de embriões envolve a excisão asséptica de um embrião da semente e o plantio em um meio nutriente estéril (HODED, 1977). Sugere se que a cultura de embriões tenha várias aplicações potenciais na pesquisa de plantas. É usado para salvar embriões que não se desenvolvem naturalmente no fruto ou na semente, ou para desenvolver embriões de hibridização interespecífica onde endospermas defeituosos são comuns (JOHNSTON; STERN, 1957). A cultura de embriões também pode ser utilizada para reduzir longos períodos de dormência devido a inibidores físicos e/ou químicos presentes no fruto ou semente (HODED, 1977). Embriões excisados cultivados in vitro, livresdessesinibidores, geralmente germinamimediatamente.Embriõesisolados também foram escolhidos como material de explante em estudos metabólicos (RAGHAVAN, 1976). A cultura de segmentos de embriões isolados pode ser útil para estudar o desenvolvimento dos meristemas primários, a organogênese e as interações entre os diferentes órgãos (RABÉCHAULT; GAS, 1974). A cultura do embrião fora da semente foi realizada pela primeira vez com crucíferas (HANNING, 1904). Desde então, tornou se um procedimento de rotina.

Com relação a tamareiras e outras palmeiras, a iniciação de calos e indução embrióide foi observada pela primeira vez por Rabéchault (1962) trabalhando com embriões de dendezeiros. Reuveni (1979) relatou que calos e raízes se desenvolveram a partir do tecido da bainha cotiledonar do embrião da tamareira em meio contendo ácido naftaleno acético(NAA). Estecalocontinuoua proliferare adiferenciarraízesquandosubcultivado se um pedaço da bainha cotiledonar estivesse presente. Ammar e Benbadis (1977) estabeleceram calos organogênicos da bainha cotiledonar da tamareira de embrião zigótico germinado in vitro.

Reynolds e Murashige (1979) cultivaram explantes de embrião de Chamaedores costaricana Oerst, Howeia forsteriana Becc. e Phoenix dactylifera L. in vitro. Frutos verdes da tamareira, colhidos dois a três meses após a polinização, foram plantados em meio enriquecido com ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4 D), e posteriormente desenvolvido um calo granulado de cor cremosa. A transferência deste calo para um meio livre de auxina resultou no desenvolvimento de numerosos embriões assexuados. Embriões zigóticos maduros cultivados em meio nutriente contendo carvão com altos níveis de auxinas, 10 e 100 mg/1NAA, também produziram calo nodular (TISSERAT, 1979). A cultura repetida resultou na formação de plântulas. Tisserat e DeMason (1980) descreveram a formação de plântulas a partir de culturas de tecidos de tamareiras. O

Capítulo I | 122

desenvolvimento morfológico de embriões assexuados a partir de calos é muito semelhante à germinação de embriões zigóticos excisados in vitro.

Principais vantagens da embriogênese somática. As principais vantagens do uso da embriogênese somática são: a) É possível produzir um número ilimitado de plântulas sob condições controladas; b) Produção em larga escala rentável de plântulas em meio líquido, e biorreator que pode levar à automação da produção de embriões somáticos; c) Criopreservação para armazenamento a longo prazo; d) Os embriões somáticos possuem meristema caulinar e radicular que se desenvolvem na mesma etapa do processo, o que possibilita a regeneração direta da planta como a germinação de sementes; d) Encapsulamento para produção de sementes artificiais; e) Transformação genética.

Micropropagação. Até agora, a micropropagação da tamareira teve sucesso limitado. O mercado mundial precisa de cerca de 1 2 milhões de tamareiras por ano. Independentemente da importância das tamareiras em regiões secas, a demanda pode não aumentar devido à escassez de água e migração urbana de regiões secas. Dos cerca de 25 grupos conhecidos ativos na pesquisa de tamareiras em todo o mundo, empresas privadas estão localizadas em Israel, Emirados Árabes Unidos, EUA, Reino Unido, França e Marrocos.

Empresas localizadas em Israel, EUA, Reino Unido e França multiplicam plântulas de tamareiras por meio da embriogênese somática. A empresa marroquina, El Bassatine, foi sem dúvida a mais bem-sucedida na micropropagação de tamareiras, adotando a abordagem de organogênese, ou seja, a regeneração de plantas a partir de uma única célula por meio de estruturas de órgãos, geralmente brotos. O Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (INRA) do governo marroquino, em estreita colaboração com El Bassatine, encontrou protocolos para ampliar algumas variedades com organogênese. A maioriadasmaisde3.000variedadesdetamareirascultivadasemtodoomundorequerem protocolos específicos para micropropagação em larga escala. Por exemplo, algumas variedades precisam de mais açúcar no meio, enquanto outras requerem mais vitaminas, nitrogênio ou cálcio. A pesquisa básica para lidar sistematicamente com essas diferenças é escassa. No entanto, Smith e Aynsley (1995) relataram resultados sobre o desempenho em campo de tecidos cultivados com tamareiras produzidas clonalmente por embriogênese somática. Frutificaram dentro de 4 anos a partir do plantio em campo de plantas pequenas com comprimento de folha de 100 cm e 1,5 cm de diâmetro na base.

Capítulo I | 123

Frutos de plantas derivadas de cultura de tecidos, cultivar Barhi, eram indistinguíveis dos frutos de plantas que se originaram de rebentos (ramificações). Esses resultados justificam o aumento comercial de procedimentos de micropropagação usando embriogênese somática para fornecer um meio rápido e econômico de obter material de plantio de tamareira de elite. Recentemente, no Centro de Pesquisa de Palmeiras de Tâmara(DPRC)daUniversidadedeBasrah,noIraque,cientistasdesenvolveramsistemas de clonagem in vitro para variedades de tamareiras iraquianas. Essa tecnologia possibilitará a produçãode até 60.000 clones de um genitor que pode atingir a maturidade de frutificação em quatro anos, comparado a 8 10 anos pelos métodos tradicionais. Antes da guerra, o Iraque abrigava 40 milhões de árvores de cerca de 624 variedades. Agora, o número diminuiu para 10 milhões, e este novo sistema de propagação clonal ajudará a substituir as tamareiras destruídas em cerca de uma década.

Propagação de rebentos

A propagação de rebento, também chamada de propagação assexuada ou vegetativa, oferece as seguintes vantagens:

(i) Os rebentos de plantas são fiéis ao tipo da palmeira mãe. Os rebentos radiculares ou ramificações se desenvolvem a partir de gemas axilares na base do tronco da planta mãe e, consequentemente, os frutos produzidos terão a mesma qualidade da palmeira mãe e garantem a uniformidade da produção.

(ii) A planta secundária dará frutos 2 a 3 anos antes das mudas seminais ou cultura de tecidos. A vida da tamareira é dividida em duas fases distintas de desenvolvimento: vegetativa, na qual os botões que se formam nas axilas das folhas se desenvolvem em ramificações ou rebentos; e generativa, em que os botões formam inflorescências e os rebentos cessam. A partir do momento em que a gema axilar de uma folha se diferencia em rebento até o momento em que cresce para fora, leva até três anos (18 a 36 meses), com mais três a quatro anos até atingir o tamanho desejado para sua separação e plantio (HILGEMAN, 1954).

Os rebentos são produzidos principalmente em número limitado (20 a 30 no máximo) durante o início da vida da palmeira (10 a 15 anos a partir da data de seu plantio), dependendo da variedade e do tratamento prévio de adubação, irrigação e terraplenagem ao redor do tronco, (NIXON; CARPENTER, 1978). Embora 20 a 30 rebentos sejam produzidosporuma palmeira,apenastrêsouquatrorebentossãoadequadospara oplantio

Capítulo I | 124

em um ano e ainda devem ficar no viveiro por 1 a 2 anos antes do plantio no campo. As variedades Zahidi, Berim e Hayani são conhecidas por produzirem um grande número de rebentos, enquantoas variedades Mektoum e Barhee produzem um número relativamente baixo de rebentos.

As ramificações são reconhecidas por sua forma curva, enquanto as mudas seminais ou cultura de tecidos têm uma forma reta. Outra maneira de diferenciar os dois é que as mudas de cultura de tecidos têm raízes em toda a sua base sem ponto de conexão com a palmeira, enquanto uma ramificação não tem raízes no lado em que foi conectada à planta mãe. Além disso, um rebento ou ramificação sempre tem uma marca em um lado que é resultado do desprendimento de sua palma mãe.

Para obter uma alta taxa de sobrevivência de rebentos transplantados, os seguintes passos são recomendados:

Seleção de rebentos. O rebento selecionado para remoção deve estar livre de doenças e pragas e ter no mínimo três a cinco anos de idade, com diâmetro de base entre 20 e 35 cm (Tabela 5), com peso superior a 10 kg, mas não superior a 25 kg devido às dificuldades de manejo. Os sinais de rebentos maduros são a disponibilidade de suas próprias raízes, a primeira frutificação e a produção de uma segunda geração de rebentos (NIXON; CARPENTER, 1978).

Tabela 5. Relação entre o diâmetro e o peso do rebento.

Diâmetro da base do rebento (cm)

Peso aproximado (Kg) 12 15 4 8 15 20 8 15 25 35 22 35

Fonte: A. Zaid; P. F. de Wet (2002).

Os pequenos rebentos com peso igual ou inferior a 5 kg, se necessário, também podem ser utilizados, mas o seu potencial de sobrevivência será muito inferior ao de rebentos maiores. Devem inicialmente ter cuidados, por pelo menos dois anos, em viveiro, ouleito de neblina em casa de vegetação ou estrutura de sombrite (REUVENI et al., 1972). Os fungos geralmente são um problema sério em um leito de névoa, e as ramificações (rebentos) devem ser tratadas duas vezes por mês com um fungicida de grande espectro.

Capítulo I | 125

Embora sejam aproveitadas, no plantio, rebentos ainda muito pequenos, quando ainda não pesam mais de 5 quilos, osmelhores são os mais desenvolvidos,isto é,quandopesam mais de 10 a 15 kg e têm acima de 10 cm de diâmetro. Os rebentos grandes e suculentos são sempre mais difíceis de enraizarem.

Poda de rebentos. Quando o objetivo é a produção de rebentos, nenhuma folha verde deve ser retirada de um rebento até que ele seja cortado da palmeira mãe, pois o crescimento de um rebento é proporcional à sua área foliar. Quando os rebentos maiores são selecionados para o corte do ano seguinte, todas as suas folhas devem ser retidas até que os rebentos sejam removidos. Quando as folhas interferem nocultivo, elas podem ser amarradas.

Quando umatamareiraestá repleta de ramificações ourebentos,apenas5a 6 ramificações maiores podem ser deixadas, considerando o equilíbrio da árvore, e as outras menores podem ser totalmente removidas se não forem necessárias no futuro, ou ter suas folhas cortadas rente ao broto para retardar seu crescimento.

Remoção de rebentos radiculares

Após 3 a 5 anos de fixação à palmeira mãe, dependendo da variedade, os rebentos radiculares formarão suas próprias raízes e começarão a produzir uma segunda geração de ramificações ou rebentos. Somente nesta fase eles estão prontos para serem removidos (NIXON, 1966; NIXON; CARPENTER, 1978).

Cuidado e habilidade, adquiridos apenas pela experiência, são importantes para cortar e remover adequadamente um rebento de sua palmeira mãe. A operação, geralmente realizada por dois trabalhadores qualificados, começa com irrigação vários dias antes do corte. O solo é entãoescavado do(s) rebento(s) usando um tipo machadocom cabo afiado de lâmina reta (uma bola de terra, de 5 a 8 cm de espessura, deve ser deixada presa às raízes do rebento, com a conexão exposta em cada lado). As raízes nunca devem ser cortadas mais perto do que o necessário, uma vez que a maioria das raízes cortadas morre e as novas raízes que estão surgindo são suscetíveis a lesões (NIXON; CARPENTER, 1978).

Para a operação da separação do rebento, é usado um machado próprio, de aço, com 40 cm de comprimento por 15 de largura do gume, tendo, na parte superior, um maciço reforçado para receber pancadas. Machado e marretas devem ter cabos longos (Figura

Capítulo I | 126

61), pois a tamareira é dotada de folhas e acúleos muito agressivos, tornando difícil a aproximação na primeira idade, quando a planta não ostenta alto e acessível estipe, idade na qual os rebentos são abundantes. Pode se empregar também o formão, que consiste numa peça de aço com 10 cm de largura e 15 cm de comprimento, um lado reto, outro enviesado, com uma cortante de cada lado de 5 cm e com o cabo de 1,20 m de comprimento e 3 cm de espessura, para, ao fazer, o corte, receber pancadas com marreta (GOMES, 1975).

Figura 61 Machado de açodeve terum cabolongo redonda lisa para receberaspancadas da marreta. O rebento quando maduro é separado cuidadosamente da planta mãe e do solo removido depois de pelo menos um ano de atracado da planta mâe. Quando há um grande número de plantas mães, é aconselhável deixar, em cada uma, somente dois perfilhos (os demais se suprimem). Desta maneira, se obtêm rebentos mais robustos, que crescem com grande vigor na nova plantação. Pode se fazer os rebentos enraizarem mais facilmente, colocando terra junto aos mesmos, na planta mãe, e conservando o solo sempre úmido. Os rebentos levam geralmente 6 meses para desenvolverem um sistema radicular suficiente a ponto de garantirem sua remoção sem perigo de perda (BAKSHI, 1972).

Capítulo I | 127

A fazer o desmame, descobre se o ponto de união do rebento à planta mâe e nele faz se penetrar o machado (e\ou formão) por um lado e depois pelo outro e secciona se o tecido que une à palma. Um operáriosegura o instrumento cortanteentre operfilhoe a palmeira mãe,enquantoo outro martela a cabeça desse instrumento. Corta se igualmente numlado e depois no outro, até que os dois cortes no talo se encontrem. Não se deve tentar retirar as mudas com alavancas ou outro objeto semelhante, porque os tecidos ainda são frágeis do broto terminal e vão ser danificados (NUNES et al., 1989; Figura 62).

Figura 62. Rebentos de tamareira cobertos na base com terra para enraizar antes de sua separação da planta mãe. Foto: Nunes et al. (1989).

Asfolhasinferioresdevem sercortadase asrestantesamarradaspara facilitaromanuseio. Uma vez que a fibra solta e as bases das folhas velhas são cortadas e a conexão entre o rebento e a palmeira mãe é feita, o primeiro corte é feito na lateral da base do rebento próxima ao tronco principal. O lado plano do machado é colocado em direção ao ponto fraco do rebentoe o ladochanfrado em direção à palmamãe (Figura 63). Aslesõesdevem serevitadasemtodososmomentos,o bulbosensíveldorebentonuncadeveserdanificado e a operação de corte deve ser apenas de um lado para obter uma superfície de corte lisa.

Capítulo I | 128

Figura 63. Remoção do rebento radicular (folhas inferiores podadas e as superiores amarradas) da palmeira mãe com auxílio de um machado afiada adaptado a um cabo bem reforçado para receber as pancadas de marreta.

Após a remoção da ramificação ou rebento, os tocos das folhas velhas e as folhas inferiores são cortadas perto da fibra e a parte basal é deixada sem folhas. Dez ou doze folhas ao redor do botão são retidas e amarradas 6 a 8 cm acima do botão com barbante ou arame grosso. As partes terminais dessas folhas que se estendem além da amarração (20 cm acima da ponta centro da ramificação) também são cortadas (Figura 64). Aconselha se que as superfícies cortadas da ramificação e da palmeira mãe sejam cobertas com um produto de sulfato de cobre para evitar a infecção por Diplodia e outros parasitas.

Capítulo I | 129

Figura 64. Métodos de poda de rebentos ou ramificações: 1) A como um bulbo de cebola; B poda média; C poda curta e 2) Vários rebentos radiculares já removidos da planta-mãe. Fotos: A. Zaid and P. F. de Wet (2002) e www.medjool-date-palms.com

Capítulo I | 130

A sobrevivência de brotos de corte depende em grande parte da variedade (Figura 65). O rebento da variedade Medjool é muito mais difícil de estabelecer do que as variedades Deglet Nour ou Zahidi.

Figura 65. Plantio de rebentos removidos da planta mãe em balde ou saco plástico com substrato orgânico + solo por até dois anos. Fotos: www.medjool date palms.com.

Em lugares como Fezzan (Líbia), algumas áreas do Iraque e Arábia Saudita, e Hadramaout (Iêmen), os rebentos radiculares não são removidos e continuam a crescer fora da palmeira mãe original, produzindo grandes aglomerados consistindo de centenas de brotos, nenhum dos quais produz um tronco e, claro, sem rendimento significativo (DOWSON, 1982).

Podem se plantarosrebentosnolocal definitivo,logodepoisde separadosda planta mãe, podendo se ter uma perda de até 25% das mudas e\ou enviveirados em abrigos rústicos, sob temperatura e umidade elevadas para apressar o enraizamento. Esta segunda opção possibilita um melhor tratamento dos rebentos, fazendo se produzir antes que os plantados diretos (BAKSHI, 1972; REUVENI et al., 1972; MOHAMMED, 1978).

É aconselhável que um rebento radicular nunca seja plantado no campo diretamente após a remoção da planta mãe. Um período de enraizamento de um a dois anos em um viveiro é essencial para garantir uma ótima taxa de sobrevivência e evitar o desenvolvimento desigual da plantação.

Capítulo I | 131

Viveiro. Pode se, também, colocar os rebentos em viveiros. Deve se escolher um local de fácil acesso e que possa ser cuidadosamente irrigado. O solo deve ser profundo e bem drenado, para evitar o apodrecimento da base dos rebentos (SIMONNEAU, 1961). Fazer uma aração profunda e duas gradeações, de modo a deixar o solo bem destorroado. Após o preparo do solo, proceder à abertura das covas com as 3 dimensões (comprimento, largura e altura) de 1 m, em fileiras num espaçamento de 1,6 m x 1,00 m. Fazer, no viveiro, uma adubação antes do plantio, com esterco bem curtido (10 kg por m2 .

Proceder o plantio dos rebentos com o solo úmido e temperatura amena (dia nublado), tendo se o cuidado de dispor as raízes o mais natural possível, para evitar danos no sistema radicular.Fecharascovascomterra, comprimindo sebempara darmaiorfirmeza à planta, e irrigá las após o plantio.

Os rebentos deverão permanecer no viveiro até um completo enraizamento, quando já terão algumas folhas novas, sendo, então, levados ao pomar, com bloco de terra. Plantio em local definitivo. Na maioria dos solos, o crescimento precoce e rápido do rebento é melhor quando as covas são preparadas um a dois meses antes do plantio. O tamanho do buraco deve ser de um m³ (1 m x 1 m + 1 m de profundidade) e os buracos devem ser preenchidos com uma mistura de terra vegetal e 10 a 15 kg de esterco de alta qualidade (com esterco curtido) e fertilizantes NPK. As covas cheias devem ser irrigadas várias vezes para favorecer a decomposição do esterco e também para permitir que o solo misturado se assente na cova. O estrume bem curtido pode ser utilizado em covas preparadas e irrigadas pouco antes da plantação, mas deve se tomar muito cuidado para colocar o estrume (e fertilizantes) suficientemente profundo para formar uma camada de solo de pelo menos 15 a 20 cm de espessura entre o esterco e a base do rebento (bulbo).

A base da folha do rebento deve estar claramente acima do nível do solo. É importante plantar o rebento na profundidade do seu maior diâmetro para evitar o apodrecimento da base (se for muito baixo) e para evitar que a água atinja a fibra solta perto do botão que provoca a sua dessecação (se for muito alto). A bacia d’água da planta, de 1,5 a 1,8 m de diâmetro e 20 a 30 cm de profundidade, deve ser preparada no entorno do rebento (Figura 66).

Capítulo I | 132

Figura 66. a) Bacia d’água em torno de uma tamareira jovem (1,5 a 1,8 m de diâmetro e 20 a 30 cm de profundidade) preenchida com palha como cobertura morta e b) Bacia em redor da planta adulta (demarcada pelo círculo vermelho). Foto: A. Zaid and P. F. de Wet (2002).

O solo próximo aos rebentos recém plantados deve ser mantido sempre úmido por irrigação leve e frequente. A frequência de irrigação depende dotipo de solo. Solos muito arenosos requerem irrigação diária durante o primeiro verão. Solos pesados requerem irrigação apenas uma vez por semana; enquanto na maioria dos solos a irrigação é necessária a cada dois ou três dias. Durante as primeiras seis semanas (ou até o aparecimento de um novo crescimento), o produtor de tâmaras deve sempre inspecionar seus rebentos plantados para garantir que o solo da superfície não seque e enfraqueça o rebento. Uma cobertura de palha ao redor do rebento aumentará a contenção de umidade, controle de ervas daninhas e, finalmente, melhorará o húmus na bacia.

Os rebentos jovens e as plantas derivadas da cultura de tecidos devem ser protegidos de condições climáticas adversas (sol e vento durante o primeiro verão e frio no inverno seguinte) e contra alguns animais (coelhos, etc.). Recomenda se o uso de uma rede de

Capítulo I | 133

sombra/envoltório de juta ou uma cobertura de folhas de tâmara (Figura 67). O topo da cobertura deve ser deixado aberto para que um novo crescimento possa passar.

Figura 67. Uso de envoltóriode juta no rebento e palha em sua volta noplantiodefinitivo de rebentos, b Cobertura de proteção feita de folhas de tâmara. Fotos: Zaid and P. F. de Wet (2002) e Rashid Al Yahyai (2018).

Nas condições da Namíbia (Hemisfério Sul), existem dois períodos apropriados para o plantio: fevereiro/março e setembro/outubro. O primeiro período é preferível, pois permite mais tempo para que o rebento se estabeleça antes da chegada das temperaturas quentes do verão seguinte, embora passe pelos meses frios do inverno (junho, julho e agosto), enquanto a planta ainda está em sua fase inicial de estabelecimento. O segundo período (setembro/outubro) evita as temperaturas frias e depois recebe temperaturas quentesque permitemumcrescimentoativo seguidodoverãoquente(dezembro, janeiro).

Capítulo I | 134

Para resumir, a propagação de rebentos vegetativos é fiel ao tipo, mas não é muito prática do ponto de vista da propagação em massa e, consequentemente, não satisfaz as grandes necessidades de material vegetal. As seguintes razões ilustram esta desvantagem:

A produção de rebento radicular é limitada a um certo período de vida da palmeira (uma curta fase vegetativa de cerca de 10 a 15 anos);

Durante esta curta fase, apenas um número limitado de rebentos é produzido (20 a 30 rebentos, no máximo, dependendo da variedade);

Algumas variedades produzem mais que outras (algumas não produzem rebentos);

Um espécime maduro sem rebentos será perdido se nãofor propagadopor outra técnica;

Dependendo dos cuidados dispensados, frequentemente se obtém baixa taxa de sobrevivência de plantio quando se utilizam rebentos;

O uso de rebentos aumentará a disseminação de doenças e pragas da tamareira;

A propagação de rebentos é difícil, trabalhosa e, portanto, cara. Em comparação com a técnica de propagação por sementes, os rebentos que são gemas vegetativas axilares, oferecerão as seguintes duas vantagens:

Os frutos produzidos terão a mesma qualidade da palmeira mãe e garantirão a uniformidade do produto (fiel ao tipo).

O rebento radicular dará frutos mais cedo que as mudas seminais ou cultura de tecidos (por 2 3 anos).

CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS

Condições climáticas:

A tamareira é a espécie frutífera que tolera as maiores diferenças climáticas, mas, ao mesmo tempo, é a mais exigente em relação a elas, para alcançar um adequado desenvolvimento e frutificação. Esses fatores climáticos que influenciam o crescimento e a produção da tâmara são: Temperatura, chuva, umidade, luz e vento. São os fatores climáticos mais importantes que determinam a adequação de um local específico para o cultivo da tamareira.

Capítulo I | 135

1 Temperatura As temperaturas máximas mais altas encontradas nas áreas de cultivo de tâmaras do mundo são resultado da baixa umidade, grande insolação e longos dias no verão. Em comparação ao Brasil, observam se na Tabela 6 os registros de temperatura em alguns países produtores de tâmara:

Tabela 6. Temperatura máxima e mínima nos países produtores de tâmaras.

Lugar/País Duração do registro (anos) Média máxima de maio a outubro incl. Média mínima (jan.)

Erfoud/Morrocos 12 36,4 1,3

Muscat/ Arábia Saudita 38,5 15,9 Elche/Espanha 28,2 6,9

Indio/Califórnia; USA 25 37,6 3,7

Petrolina PE\Brasil 31,31 21,5

O zero da parte vegetativa é de 10 ºC, ao contrário, o crescimento é máximo quando ultrapassa os 32ºC. Entretanto, a planta pode suportar uma temperatura abaixo de 5ºC se estiver completamente em repouso, mas requer uma média de 30ºC para o amadurecimento ideal de seus frutos. Um período de relativa inatividade parece ser necessário para acumular estoques de carboidratos.

O calor é o elemento mais importante do clima, sendo necessárias temperaturas médias superiores a 17ºC, de Maio a Outubro, ambos inclusive, para atingir uma integral térmica de 3000ºC. Por sua vez, os incêndios florestais são um problema comum entre as plantações dos oásis. Os verões quentes aumentam o risco de incêndios nas plantações mais abandonadas dos oásis. Muitas vezes as palmeiras não são completamente mortas pelos incêndios, mas as colheitas são perdidas e leva vários anos para se recuperar. Incêndios recentes afetaram as plantações em San Ignacio e Mulege, em Baja California Sur.

2 Chuva. Há controvérsias sobre o efeitoda chuva na polinizaçãoe frutificação. A chuva que ocorre logoapósa polinizaçãoé considerada umagente delavagem que retira amaior parte do pólen aplicado. Outro efeito negativo da chuva na frutificação também resulta das baixas temperaturas que acompanham ou seguem a chuva. Um terceiro fator é a redução da receptividade da flor quando em contato com a água.

Capítulo I | 136

Os produtores de tâmaras devem assumir que a chuva afetará a polinização/frutificação, e qualquer operação de polinização imediatamente precedida ou seguida de chuva (4 a 6 horas) deve ser repetida.

A chuva também é responsável por aumentar a umidade relativa do ar criando condições favoráveis para doenças criptogâmicas que resultam no apodrecimento das inflorescências. Um leve aguaceiro de primavera com alta umidade relativa, seguido de temperatura quente imediatamente antes da polinização, causa a doença de Khamedj (Mauginiella schaetae).

O maior dano causado pela chuva ocorre quando a chuva é precoce ou as tâmaras estão atrasadas no amadurecimento. De fato, a chuva não danifica seriamente as tâmaras quando ainda estão no estágio inicial de Khalal, mas tem um efeito benéfico ao lavar todas as partículas de poeira e areia das frutas. A chuva pode, no entanto, causar severas lesões e rachaduras nos estágios Kimri e Khalal tardio. Em algumas áreas da Califórnia (EUA), onde os danos causados pela chuva são frequentes, os produtores de tâmaras costumam usar papel artesanal para proteger os cachos de frutas. Os estágios Rutab e Tamar são os mais sensíveis, pois a chuva e a umidade associada causam danos graves, incluindo apodrecimento e queda do fruto. Chuva ou clima frio que ocorre perto da colheita também tende a atrasar o amadurecimento.

Vale a pena mencionar que a quantidade de qualquer chuva em particular é menos importante do que as condições sob as quais ela ocorre (NIXON; CARPENTER, 1978). Uma chuva leve acompanhada por períodos prolongados de tempo nublado e alta umidade relativa doar pode causarmais danos do que chuva forte seguida de tempoclaro e ventos secos.

Variedades de tâmares diferem em sua suscetibilidade à chuva e umidade. Dayri, Khastawi, Thoory, Khadraoui e Sair, nas condições do Vale Coachella, foram às menos danificadas das dezesseis variedades (NIXON, 1950). As variedades Zahidi, Khalas e Barhee tiveram danos médios, enquanto Deglet Nour, Yatima, Hayani e Ghars foram as mais sensíveis. Tanto as variedades muito precoces (Al Mehtari/Irã) quanto às tardias (Khissab e Hilali/Iraq) escapam da chuva e, consequentemente, seus frutos não são afetados.

As chances de chuvas danosas (em agosto, setembro e outubro para o Hemisfério Norte e janeiro, fevereiro e março para o Hemisfério Sul) em qualquer estação do ano são mais

Capítulo I | 137

importantes do ponto de vista prático. Assim, uma estação pode ser considerada: Boa à média, se menos de 50 mm de chuva caíram em cada um dos três meses; média a ruim, se mais de 50 mm de chuva em um dos três meses, ruim, se mais de 50 mm de chuva em dois dos três meses; e muito ruim, se mais de 50 mm de chuva caíram em cada um dos três meses (ZAID; DE WET, 2002).

3 Umidade relativa do ar. Dependendo da umidade do ar na localidade de uma plantação de tamareiras, várias vantagens e/ou desvantagens são encontradas. De fato, o ecossistema das tamareiras é principalmente de natureza árida, onde a umidade relativa do ar tem uma grande influência. Ou seja, a produção comercial de tamareiras é limitada às áreas de clima quente que apresentam umidade continuamente baixa durante a estação de amadurecimento da fruta.

O crescimento da tamareira é bom em regiões de clima úmido, mas sua colheita pode ser consideravelmente reduzida e, além disso, os frutos são de baixa qualidade, pois a tamareira é uma planta heliófila, ou seja, desenvolve se melhor com grande iluminação. Na presença de alta umidade do ar, algumas doenças foliares, como a mancha foliar de Graphiola (Graphiola phoenicis Moug. Poit.), estão se tornando mais prevalentes, enquantooutras, como o ácaro da tâmara (Bou Faroua),tornam se rarasou ausentes.Por outro lado, quando a umidade do ar é baixa, as doenças fúngicas estão ausentes, enquanto os ataques de pragas e ácaros são dominantes.

A umidade do ar também afeta a qualidade da tâmara durante o processo de maturação. Em alta umidade, os frutos tornam se macios e pegajosos, enquanto em baixa umidade tornam se muito secos (caso do Norte do Sudão e plantações em terra). Este fenômeno é reforçado quando a baixa umidade é associada a ventos quentes e secos (chamados Chili na Tunísia, Chergui no Marrocos, N W no Iraque, etc.).

Ventossecose quentesprovocam um rápidoprocessode maturaçãolevandoà dessecação do fruto e ao aparecimento de um anel amarelo ou branco na base do fruto.

Quando a umidade do ar é alta durante a maturação (plantações de tâmaras no Bahrein, Minab/Irã), a casca da tâmara apresenta vários cortes ou quebras com um escurecimento das bordas (Ponta Negra), os frutos moles caem no chão e consequentemente perdem seu valor.

Capítulo I | 138

O número dessas quebras e a maneira como elas ocorrem (longitudinais, transversais ou irregulares) variam entre as variedades. A lesão na variedade Deglet Nour ocorre principalmente perto da ponta da fruta.

O efeito acima ocorre apenas quando a alta umidade é experimentada imediatamente antes do estágio Khalal. Depois que a fruta adquire o estágio Khalal, a lesão não ocorre mais. Depois que a polpa amolece no estágio de Rutab, a casca não se rompe facilmente em contato com a umidade, mas a fruta absorve a umidade e tende a se tornar pegajosa e mais difícil de manusear. Atingido o estágio de Tamar, a umidade do ar causa poucos danos à fruta, a menos que seja negligenciada.

A maioria das plantações comerciais de tâmaras nos EUA e em Israel não é consorciada com outras plantas/espécies de árvores frutíferas (cítricos, luzerna, etc.), devido ao efeito crescente destas no nível de umidade da plantação de tâmaras.

4 Luz. De acordocom Mason (1925), ocrescimentode uma tamareira é inibido porraios de luz na extremidade violeta e amarela do espectro, mas intensificado por raios na outra extremidade do espectro, ou seja, a luz vermelha. Esses últimos raios são mais ativos na promoção da fotossíntese.

As nuvens podem reduzir a intensidade da luz, mas, infelizmente, o céu não está nublado nos países de cultivo de tâmaras durante o período de maturação (julho a outubro no Hemisfério Norte e fevereiro a maio no Hemisfério Sul).

5 Vento.Emcomparaçãocomoutrasespéciesdeplantas,atamareiranãoapresentadanos em condições de vento. De fato, a tamareira resiste ao vento forte, quente e poeirento do verão e, consequentemente, protege as demais culturas, quebrando a força do vento e abrigando a vegetação mais suscetível (DOWSON, 1982).

O vento é, no entanto, um portador de poeira e areia que adere aos frutos da tâmara em seu estágio macio (Rutab e Tamar). Quando os frutos estão em seu estágio inicial de desenvolvimento (verde/Habakouk), manchas endurecidas quase pretas às vezes são vistas nos frutos por causa do vento batendo os frutos tenros contra as folhas duras. Entretanto, pequenos rebentos recentemente plantados podem, no entanto, ser facilmente arrancados por ventos fortes.

Na maioria das áreas de cultivo de tâmara, a última parte da estação de polinização é geralmente caracterizada por ventos quentes e secos severos que secam os estigmas das

Capítulo I | 139

flores femininas. Ventos frios perturbam a germinação do pólen. Parece, portanto, que as tempestades de vento seco levam a uma secagem mais rápida dos estiletes, o que diminui o tempo para o pólen atingir o óvulo (REUVENI et al., 1986). A velocidade do vento também pode afetar a eficiência da polinização; ventos fracos são benéficos e favorecem a polinização, enquanto ventos de alta velocidade sopram grande parte do pólen, especialmente nas palmeiras encontradas nas bordas da plantação. Em alguns casos, o vento forte também pode quebrar o pedúnculo do fruto da inflorescência (rachis), bloqueando o movimento dos nutrientes e, finalmente, causando a morte do cacho. Também foi sugerido que os ácaros são transportados de palma em palma pelo vento. A queda de uma tamareira velha pode ser causada por vento forte, mas apenas nos seguintes casos:

Se a palmeira for muito alta com uma copa grande e crescer em solo raso;

Se um grande número de ramificações for retirado do tronco de uma palmeira de uma só vez, deixando a palmeira sem suporte basal; e

Se os ratos roeram as raízes de um lado da palmeira.

É altamente recomendável que os quebra ventos sejam plantados um a dois anos antes do estabelecimento de qualquer plantação comercial de tamareiras. A madeira de corte (Casaurina cunninghummiana, ou C. glauca) é o quebra vento mais adequado para a proteção de uma plantação de tamareiras (Figura 68), pois são tolerantes à seca e ao sal.

Figura 68. Quebra ventos (Casuarina cunninghamiana) usados para proteção de uma plantação de tâmaras comerciais (Naute, Namíbia). Foto: Zaid; DE Wet (1989).

Capítulo I | 140

O estado de Baja California Sur é altamente suscetível a furacões e chuvas contínuas nas épocas de maturação e colheita, causando a queda das palmeiras adultas, e a alta umidade remanescente favorece o ataque de fungos e a fermentação dos frutos. Além disso, os furacões às vezes causam intrusão de água salgada em estuários de água doce perto da costa. Embora as tamareiras e as palmeiras Washingtonia sejam relativamente tolerantes ao sal, essas intrusões de água salgada podem resultar em níveis de sal no solo altos o suficiente para enfraquecer ou matar as palmeiras que crescem perto da costa. Este é principalmente um problema nas culturas dos oásis, particularmente Mulegé. Nos vales de Mexicali e San Luis Rio Colorado, as chuvas são muito escassas nas épocas de amadurecimento e colheita da fruta e por isso não apresentam problemas.

Em conclusão, os cinco fatores importantes que determinam a adequação de um local para a cultura da tamareira são temperatura, chuva, umidade, luz e vento. O efeito desses fatores sobre o crescimento e produtividade da tamareira deve ser considerado como uma combinação de todos os fatores e não cada um separadamente.

Além disso, devido à natureza da tamareira, seu crescimento não é tão fácil quanto algumasoutrasespéciesde plantas e atençãodevem serdadasàsseguintescaracterísticas:

A tamareira não pode ser classificada como arenosa, nem aquática. Embora frequentemente encontrada crescendo na areia, suas raízes são caracterizadas por espaços aéreos semelhantes aos das raízes da bananeira, mas também cresce bem onde a água do subsolo está próxima à superfície.

Não é uma verdadeira halófita, apesar de seu crescimento saudável em lugares extremamente salgados, pois cresce melhor quando o solo e a água são doces.

Não é xerófita; embora tenha cutícula cerosa espessa, folíolos com as duas metades de suas faces superiores voltadas para o sol, superfície foliar reduzida, isolamento eficiente do ponto de crescimento e dos feixes vasculares de seu tronco; requer um abastecimento abundante de água.

Condições edáficas

:

A tamareira prospera em quase todos os tipos de solo, mas os francos arenosos bem drenados se dãoespecialmente bem. Os solos arenosos, os solos aluvionais profundos são os mais indicados para tal cultura (LEPIDI, 1950; SIMÃO, 1971), principalmente para a região do semiárido brasileiro (NUNES et al., 1989). Também apresenta grande

Capítulo I | 141

resistência à seca e máxima resistência à salinidade. Não tolera bem as geadas, por isso é cultivada principalmente em áreas costeiras. Mas para evitar possíveis geadas, uma contribuição de sulfato de potássio e/ou sulfato de magnésio será feita no solo no outono para obter um endurecimento das plantas.

Portanto, as tamareiras habitam ambientes desérticos severos e permanecem viáveis mesmo em áreas com solos salinos e sobrevivem por longos períodos com abastecimento limitado de água (NIXON, 1951; WICKENS, 1998; MAAS; GRATTAN, 1999; RAMOLIYA; PANDEY, 2003; SANÉ et al., 2005; ELSHIBLI et al., 2016; MÜLLER et al., 2017). Apesar da alta tolerância ao estresse abiótico, as tamareiras requerem grandes volumes de água para produzir frutos de padrão comercial e sofrem com menor produtividade ereduçãoda qualidade dosfrutosquandosujeitasaestresse hídricoe salino (ALHAMMADI; KURUP, 2012; HUSSAIN et al., 2012). As tamareiras podem crescer em solos de até 12 dS m 1 sem apresentar sintomas de estresse salino (RAMOLIYA; PANDEY, 2003). No entanto, Maas e Grattan (1999) relataram que para cada unidade de salinidade crescente acima de 4 dS m 1, a tamareira experimenta um declínio de 3,6% no rendimento. Por conseguinte, aumentos modestos na salinidade do solo podem ter impactosmensuráveis na produtividade dasculturas(HUSSAINet al.,2012)e a irrigação de longo prazo com água salina pode não ser comercialmente viável (TRIPLER et al., 2007, 2011). Além dos impactos na produção, a salinidade afeta importantes características agronômicas, incluindo estender o estágio juvenil em 2 anos e retardar o desenvolvimento dos frutos em adultos (TRIPLER et al., 2007, 2011).

Muitas áreas de cultivo de tamareiras são cada vez mais afetadas por solos salinos (PITMAN; LÄUCHLI, 2004; MALASH et al., 2008; HAJ AMOR et al., 2016), seca (ELSHIBLI et al., 2016), redução dos lençóis freáticos (AL MUAINI et al., 2019a) e aumento da salinidade das águas subterrâneas (ALFARRAH; WALRAEVENS, 2018). Esses fatores tiveram efeitos significativos no cultivo de tamareiras. Por exemplo, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), a salinidade do solo é alta em muitas áreas devido à irrigaçãoexcessivacomáguacadavezmaissalina,demodoqueumagrandeporcentagem de propriedades tem salinidades do solo na faixa de 16 20 dS m 1 (DAKHEEL, 2003). Isso resultou no declínio da produtividade em áreas afetadas pelo sal e no abandono de propriedades e quebra de safra em casos graves (DAKHEEL, 2003). Além das preocupações regionais sobre a produtividade da tamareira, os altos requisitos de uso de água da tamareira (ou seja, até 210 L por dia por árvore no verão e aproximadamente 1/3

Capítulo I | 142

do uso total deágua subterrânea nosEmiradosÁrabesUnidos; AL MUAINIetal.,2019a) estão pressionandoasautoridadesregionaispara moderaraspráticasdeirrigaçãoe avaliar o impacto da irrigação de tamareiras com água cada vez mais salina (AL MUAINI et al., 2019a, b). Essas preocupações motivam a expansão da pesquisa sobre estresse abiótico em tamareiras e estabelece as bases para o melhoramento das culturas.

ESCOLHA DA ÁREA

Os fatores críticos a serem considerados durante este exercício de planejamento são resumidos da seguinte forma:

Disponibilidade e qualidade da água de irrigação; Seleção de campo; Ações mecânicas a serem implementadas; Necessidades químicas para melhoramento do solo pré plantio; Ferramentas e equipamentos necessários para o cultivo de tâmaras; Necessidades de mão de obra; Projeto e instalação de irrigação; Planejamento de drenagem; Abertura de covas; Requisitos financeiros e Cronograma do tempo. Seleção de campo. Aárea selecionada para oestabelecimentodoplantiode tâmaraspode influenciar o custo do preparo da terra a ponto de não ser viável prosseguir com o desenvolvimento. O objetivo dos autores é destacar as áreas críticas a serem consideradas na seleção do terreno para o estabelecimento de uma nova plantação de tâmaras. a. Disponibilidade de água: Embora nem sempre seja realizada, a tamareira requer uma quantidade bastante grande de água para um crescimento sustentável. Os fatores críticos em relação à água para fins de irrigação são:

Capítulo I | 143

(i) a sustentabilidade da fonte de água, (ii) a quantidade de água disponível para irrigação, (iii) a distância até o campo, e (iv) a qualidade da água.

b Profundidade do solo: Com o tempo, as tamareiras adultas vão ficar muito altas e tornam se pesadas, especialmente durante o estágio de frutificação. Elas, portanto, precisam de espaço suficiente para o desenvolvimento adequado das raízes para apoiar as tamareiras. Além da importância do desenvolvimento radicular, a profundidade do solo também influencia as possibilidades de drenagem e lixiviação. Quaisquer camadas obstrutivas devem ser avaliadas para determinar se influenciarão o desenvolvimento radicular e se podem ser corrigidas.

c. Qualidade dosolo: As tamareiraspodem crescere produzir em diferentestiposdesolo em regiões quentes e áridas e semiáridas. A adaptação pode ir de um solo muito arenoso a um solo argiloso pesado. A qualidade do solo está relacionada à sua capacidade de drenagem principalmente quando os solos são salgados ou a água de irrigação é caracterizada com alto teor de sal. Solos arenosos são comuns na maioria das plantações de tâmaras do velho mundo. Raros casos de solos argilosos (ou seja, Basra Iraque) com sistemas de drenagem são encontrados permitindo a cultura de tamareiras. As condições ideais do solo são encontradas onde a água pode penetrar até pelo menos 2 m de profundidade. Ao avaliar a qualidade do solo, deve se atentar para: (i) a textura do solo que influenciará a capacidade de retenção de água, e (ii) o teor de nutrientes para determinar as medidas corretivas necessárias para a melhoria do solo.

d. Salinidade ou acidez do solo: O crescimento das plantas é influenciado por condições salinas ou ácidas do solo que, no final, resultarão em uma perda de rendimento potencial. Solos salinos e alcalinos são comuns em plantações de tâmaras e são caracterizados por uma alta concentração de sais solúveis e sódio trocável,respectivamente. Os sais solúveis presentes nestes solos pertencem aos cátions: sódio, cálcio e magnésio e aos ânions cloreto e sulfato.

Capítulo I | 144

Solos salinos têm uma condutividade elétrica (CE) de seu extrato saturado maior que 4 mmhos/cma 25°C,com umataxa deabsorçãodesódiomenorque15e um pHgeralmente menor que 8,5. Solos salinos podem ser reconhecidos pela presença de uma camada branca na superfície do solo resultante da alta concentração de sal que pode prejudicar o crescimento e desenvolvimento da tamareira.

Os solos alcalinos são caracterizados por uma EC do seu extrato saturado inferior a 4 mmhos/cm a 25°C com uma taxa de absorção de sódio superior a 15 e um pH superior a 8,5. Solos alcalinos contêm quantidades prejudiciais de álcalis com o grupo hidroxila OH, especialmente NaOH. Estes tipos de solo são geralmente difíceis de corrigir aliados a uma baixa produção resultante do baixo teor de cálcio e nitrogênio. No entanto, recomenda se eliminar o excesso de sódio pela adição de agentes acidificantes (gesso, sulfato de ferro ou enxofre).

Os solos salinos e alcalinos são geralmente o resultado de:

(i) aumento do nível do subsolo causado por situações de seca excessiva (elevada evaporação);

(ii) o uso de água com alto teor de sal, e (iii) sistema de drenagem muito precário.

Onde a tamareira cresce em climasde pouca chuva,masgrande calore muita evaporação, a água de irrigação ou inundação evapora rapidamente, e seus sais ficam na superfície do solo.

A influência negativa das condições salinas são:

(i) alta concentração de sais solúveis; (ii) pH elevado do solo; (iii) drenagem e aeração deficientes; e (iv) o efeito negativo do sódio no metabolismo da planta

Segundo Arar (1975), a tamareira é mais tolerante ao sal do que qualquer outra frutífera. Sobreviverá em solos contendo 3% de sais solúveis; quando esse teor for superior a 6%, a tamareira não crescerá. Este autor também estudou a tolerância das culturas e os requisitos de lixiviação de algumas culturas importantes, incluindo tamareiras. A partir

Capítulo I | 145

desses resultados, fica claro que é possível irrigar as tamareiras com água de salinidade de até 3,5 mmhos/cm sem redução no rendimento, desde que seja previsto um requisito de lixiviação de 7%. Uma redução de dez (10) % no rendimento é obtida quando a água de irrigação tem um teor de sal de 5,3 mmhos/cm e com uma necessidade de lixiviação de 11%.

PREPARO DO SOLO

Ao estabelecer uma nova plantação de tâmaras, certas ações precisam ser implementadas para garantir o sucesso da plantação a longo prazo. Uma dessas ações envolve o preparo inicial da terra que deve ser feito antes do transplante do material vegetal (rebentos ou plantas derivadas da cultura de tecidos).

O objetivo do preparo do terreno é fornecer as condições de solo necessárias que melhorem o estabelecimento bem sucedido dos rebentos jovens ou das plantas de cultura de tecidos recebidas do viveiro. Considerando a natureza da tamareira, não se pode “economizar” nessa operação e esperar a sustentabilidade da plantação em longo prazo. O objetivo é permitir que o produtor de tâmaras planeje e estruture com antecedência o processo de implantação, garantindo o sucesso do estabelecimento da plantação de tâmaras. O planejamento faz parte da preparação inicial e ajudará a limitar paradas desnecessárias durante a fase de implementação.

Preparo do solo: Uma vez selecionada uma área adequada para o estabelecimento da plantação e finalizada a operação de planejamento, a preparação propriamente dita pode ser ativada. Essas atividades são divididas para estruturar e dinamizar o processo de implantação, a fim de estar pronto para o plantio no momento mais adequado, de acordo com as condições climáticas regionais específicas.

a- Preparação mecânica do campo: A preparação mecânica ou preparo do solo diz respeito principalmente à preparação de um campo para uma operação mais detalhada, como instalação do sistema de irrigação, abertura de covas, etc. As ações, se aplicáveis à área, incluem:

(i) destocamento de arbustos e limpeza do terreno de plantas daninhas; (ii) remoção de pedras e rochas; (iii) preparo do solo; e (iv) nivelamento do solo.

Capítulo I | 146

O preparo do solo para o cultivo da tamareira, quando realizado de forma correta desempenha um importante papel para o transplantio de rebentos da planta mãe ou de plantas derivadas de cultura de tecidos e no posterior crescimento e desenvolvimento lento das plantas, principalmente por se trata de uma espécie perene (Figura 69).

Figura 69. Crescimento lento de plantas de tamareira: Da direita para a esquerda: 3 meses, 6, 9 e 12 meses. Foto: Zaid; De Wet (2002).

Por este motivo, é necessário avaliar sua viabilidade econômica em função de três tipos de situações: sem preparo, preparo mínimo e preparo total do campo.

Sem preparo. O plantio da área de tamareira poderá ser realizado no início do inverno com rebentos ou mudas derivadas de cultura de tecidos de 2anos, as quais são preparadas no viveiroe, para garantirsua sobrevivência ascondiçõesadversas.Altastaxasdematéria orgânica no solosão recomendadas,e aspráticas normalmente seguem as recomendações para outras culturas. A matéria orgânica pode ser incorporada nos locais de plantio 2 3 meses antes do plantio.

Preparo mínimo. O preparo mínimo do solo para o plantio de rebentos de tamareira (ou plantas derivadas de cultura de tecidos) poderá ser realizado apenas nas linhas de plantio com aração mecânica. Se houver necessidade de acesso a equipamentos, uma nova limpeza de terreno pode ser feita usando um trator para remover plantas grandes junto com suas raízes. O uso de uma escavadeira pode causar compactação do solo e a aração profunda subsequente precisa ser realizada após a limpeza do terreno. Sob condições

Capítulo I | 147

médias do solo, uma passada de aração de disco (ou escarificação profunda) seguida de gradagem é suficiente para atingir a preparação do solo desejada (OSMAN; MILAN, 2006).

Preparo do solo em toda área. A aração e gradagem com o trator podem ser feitas em toda área a ser cultivada com a tamareira no início da estação úmida, mas tal procedimento só é viável quando se pretende aproveitar os espaços livres para o plantio consociado com outras espécies (exemplo da bananeira)

b- Instalação do sistema de irrigação: O tipo de sistema de irrigação a ser utilizadoserá determinado pela disponibilidade de água, condições topográficas e do solo. Uma vez concluída a preparação inicial do solo, em seguida vem à instalação do sistema de irrigação necessário ao terreno

ESTABELECIMENTO DO CAMPO: PLANTIO

A própria escavação da cova é uma das últimas ações antes do plantio, mas deve se enfatizar que esta não é a preparação finalpara a operaçãode plantio em si. Este é o ponto em que os insumos necessários, como gesso e materiais orgânicos, são inseridos no solo e é iniciado o programa de lixiviação. A razão pela qual a lixiviação só é aplicada nesta fase é por causa da área relativamente pequena que é ocupada pela tamareira. Se a área total tivesse que ser lixiviada,issose tornaria muitocarocom poucoounenhum benefício a longo prazo.

Recomenda se preparar uma cova de 1 m³ e misturar o solo da cova com o material orgânico e gesso (Figura 70). A mistura de solo é então colocada de volta no buraco, após o que o local é claramente marcado para o posicionamento das pequenas tamareiras.

Capítulo I | 148

Figura 70. Terreno sem preparo do solo: a) Cova de plantio de m³; observe que os solos 1/3 superior e 2/3 inferiores são separados e b) Um quadrado de madeira (1 m x 1 m + 1 m de profundidade) para que os trabalhadores respeitem o volume de 1m³ exigido. Fotos: P. Klein e A. Zaid (2002).

Marcação e coveamento. Faz se a marcação com piquetes de madeira, para que possam ser abertas as covas e realizar o plantio. O espaçamento mais utilizado é o de 10 m x 10 m, totalizando 100 plantas por ha. As covas devem ser abertas com a dimensão de 1 m em todos os sentidos (comprimento, largura e altura). Estas devem ser enchidas da seguinte maneira: Uma parte da terra da superfície passa para baixo da cova, coloca se 10 kg de esterco no meio da cova,misturando com obarro retiradodela (Figura 71).Após o enchimento da cova, que deve ser feito com antecedência de 15 dias, fazer a adubação fosfatada e potássica,colocando os adubosna cavidade que irá conter a muda (GUERRA, 1939; SIMÃO, 1971).

Capítulo I | 149

Figura 71. Esquema ilustrativo do preparo da cova. Foto: Nunes et al., 1989.

Nesta fase, uma vez preparado e fechado à cova, procede se à rega e implementação de um programa de lixiviação. Oabastecimento de água aumentará então a lixiviação de sais excessivose contribuirá para oprocessode fermentaçãodomaterial orgânico.Airrigação subsequente, várias vezes (2 a 3) antes doplantio,também permitirá que o solomisturado se instale na cova (1 m x 1 m).

Na maioria dossolos, o crescimentoprecoce e rápidoda tâmara é melhorquando ascovas são preparadas um a dois meses antes do plantio. O estrume bem curtido também pode ser usado em covas preparadas e irrigadas pouco antes da plantação, mas deve se tomar muito cuidado para colocar o estrume (e fertilizantes) suficientemente profundo para permitir que uma camada de solo de pelo menos 15 a 20 cm de espessura seja colocada entre o estrume e as raízes da planta de tâmara.

Capítulo I | 150

OPERAÇÃO DE PLANTIO

Esta é provavelmente a fase mais crítica no estabelecimento de uma nova plantação de tâmaras. Erros neste ponto podem levar a uma baixa taxa de sobrevivência de rebentos ou plantas derivadas de cultura de tecidos,independentemente dos esforçosfeitos durante as fases de preparação. O objetivo é auxiliar o produtor de tâmaras a executar a operação de plantio de forma a garantir uma alta taxa de sobrevivência do transplante na plantação recém estabelecida. A operação de plantio é dividida em diferentes atividades que serão discutidas separadamente.

1. Espaçamento entre plantas: É difícil prescrever um espaçamento definido entre plantas, mas existem fatores específicos que influenciam o espaçamento, tais como: permitir luz solar suficiente quando as palmeiras são altas; permitir espaço de trabalho suficiente dentro da plantação; e para fornecer espaço suficiente para o desenvolvimento da raiz. Anteriormente, a suposição geral para uma plantação comercial de tâmaras era usar um espaçamento entre plantas de 10 m × 10 m (100 palmeiras/ha). No entanto, mudou ao longo do tempo e um espaçamento entre plantas de 9 m × 9 m (121 palmeiras/ha; Israel) ou 10 m × 8 m (125 palmeiras/ha; Namíbia), é usado em plantações modernas. A densidade de plantio também depende de fatores ecológicos (principalmente umidade) e das variedades. Em geral, as plantações comerciais usam 10 m × 10 m; 9 m × 9 m ou 10 m × 8 m (Figura 72), para todas as variedades, exceto Khadrawy (variedade anã com copa pequena) que poderia ser plantada em maior densidade. A tendência de plantar mais perto é encontrada quando o vento predominante é seco e extremamente quente e forte. O 10 m × 10 m é desejado em áreas onde a umidade durante o período de maturação da tâmara (Coachella Valley EUA, Elche Espanha e Costa da Líbia (Zliten)) é alta (DOWSON, 1982); Esse espaçamento mais amplo permite que o sol e o vento neutralizem a influência da umidade.De acordocom Nixon(1933), oespaçamentoamplo também é recomendado sempre que houver perigo considerável de danos causados pela chuva às tâmaras durante a época de maturação.

Capítulo I | 151
Capítulo I | 152
72. a) Cultivo
de 9 m x 9 m; e b) Plantio de tamareira no espaçamento de 10 m x 8 m. Fonte
Um
e
Nerd
Figura
de tamareira numa grande fazenda em Omã no espaçamento
: Diwan do Royal Court DG do Projeto
Milhão de Tamareiras
Fotos: Hasan Shabana; Abdulkader Al Sunbol (2007) e Produce

2. Época de plantio. O fator crítico é transplantar as plantas de tamareiras jovens derivadas de cultura de tecidos ou rebentos naquela época do ano que garantirá uma boa taxa de sobrevivência e estabelecimento adequado antes do início de uma temporada "difícil".

Na maioria das regiões de tâmaras do Hemisfério Norte, a primavera e o outono são os preferidos para o plantio de rebentos ou plantas derivadas da cultura de tecidos. A primavera evita o frio do inverno e aproveita o clima quente que estimula o crescimento rápido, enquanto o outono dá aos brotos mais tempo para se estabelecerem antes do calor do verão. Cada uma das duas estações, no entanto, tem sua desvantagem correspondente; a primavera, a aproximação precoce do grande calor, e o outono, a aproximação precoce do frio.

No Hemisfério Sul, a melhor época de estabelecimento é durante o outono (fevereiro/março) pelos seguintes motivos: Os invernos são relativamente livres de geadas, Temperaturas de verão muito altas, Ventos fortes e secos durante agosto janeiro, e Tempestades de areia durante o verão. Em áreas sem verões extremamente secos, quentes e com forte geada durante o inverno, recomenda se plantar em agosto/setembro ou em época segura da ocorrência de geadas.

3. Estágio de transplante. A pesquisa mostrou que a melhor taxa de sobrevivência de campo, bem como o desenvolvimento inicial da planta, é obtida quando as plântulas de culturadetecidossãotransplantadasnoestágio de quatro(4)folhasde folíolos.Asplantas recebidas de um laboratório de cultura de tecidos normalmente apresentam apenas folhas juvenis ou no máximo uma folha de folíolo. Essas plantas são, portanto, muito pequenas para serem transplantadas para o campo. Portanto, é necessário incluir uma fase de endurecimento para o desenvolvimento das plantas, que também permite algum tempo para que as plantas se adaptem às condições climáticas locais. Isso faz com que as plantas jovens sejam mantidas no viveiro da propriedade por um período (aproximadamente 812 meses), até que o número suficiente de folhas de folíolos se desenvolva antes do transplante.

Capítulo I | 153

Em um teste de campo no projeto Eersbegin (Namíbia), plantas de cultura de tecidos com 4 6 folhas de folíolos foram transplantadas e os resultados indicaram que o desenvolvimentoinicial da planta, após o transplante, foi melhor quando as plantas foram transplantadas no estágio com 4 folhas de folíolos do que no estágio de 5 6 folhas de folíolos. Em relação aos rebentos, é altamente recomendável garantir o seu enraizamento no viveiro após a separação da planta mãe (pelo menos 10 a 12 meses). Não é recomendado plantar um rebento diretamente após sua separação.

4. Tempo de plantio e profundidade da cova. O plantio deve ser iniciado sempre no início da manhã para limitar o estresse das plântulas de tâmara e também para permitir temposuficiente para adaptação(dosacoplásticoaosolo).Ossacosdevem serremovidos com cuidado e a planta, com a maior parte do substrato circundante, deve ser plantada com cuidado.

O plantio é provavelmente a área onde a maioria dos produtores comete o erro vital de plantar a planta muito profundamente. A profundidade de plantio é fundamental porque o "bulbo" da planta nunca deve ser coberto com água. Uma vez que a planta é coberta com água, o ponto de crescimento apodrece e a planta morre. Se uma planta de tâmara for plantada muito rasa, suas raízes secarão e morrerão.

A regra de ouro é garantir que omaior diâmetro do bulboda planta esteja no mesmonível da superfície do solo após o transplante e garantir que a água não ultrapasse o topo da planta de tâmara.

5 Preparação da bacia. Imediatamente após o transplante, uma bacia é preparada ao redor da palmeira para evitar o escoamento e garantir o abastecimento de água suficiente para a planta (Figura 73). Ao utilizar um sistema de micro irrigação, recomenda se ter uma bacia de aproximadamente 3 m de diâmetro e 20 a 30 cm de profundidade. A bacia deve ter uma ligeira inclinação para baixo em direção à planta para permitir que a água alcance o sistema radicular da planta jovem.

Capítulo I | 154

Figura 73. Formação de bacia em redor das mudas plantadas. Observa se que parte do bulbo da plântula está acima da superfície do solo e não é coberto por água.

6. Mulching ou cobertura morta. Os benefícios da matéria orgânica são extremamente importantes no preparo da terra, como parte do desenvolvimento do plantio. A cobertura morta é feita colocando uma camada de material orgânico (por exemplo, palha de trigo ou bagana que é palha triturada de carnaubeira) ao redor da base da palmeira. A cobertura morta da bacia tem as seguintes vantagens:

Limita a perda de água do solo por evaporação; Previne a formação de crostas; Permite uma melhor penetração da água no solo: Limita o crescimento de ervas daninhas ao redor da planta; e Melhora o teor de húmus do solo.

IRRIGAÇÃO

A tamareira (Phoenix dactylifera L.) é uma cultura importante na maioria das regiões áridas e semiáridas do mundo (ABD ELGAWAD et al., 2019). Essas regiões são geralmente caracterizadas pela escassez de recursos hídricos (SHADEED, 2013). Apesar da escassez hídrica em tais regiões, o uso ineficiente da água ainda prevalece e pode ser comumente notado nas propriedades que cultivam as tamareiras, os quais são responsabilizados pelo esgotamento das preciosas fontes de água subterrânea (BAIG et al., 2020). Em regiões de escassez hídrica, o uso da água de irrigação para a produção agrícola requer uma adequada transferência de tecnologias e pesquisas inovadoras (PEREIRA et al., 2002). A produtividade da água deve estar conduzindo a política de

Capítulo I | 155

tâmaras, não a produção de tamareiras (FAO, 2007). Embora a maior produção de palmeiras de tâmara seja alcançada ao fornecer as necessidades completas de água de irrigação por métodos tradicionais, a mesma produção pode ser alcançada com aplicação de água significativamente menor, até 50% menos, usando sistemas de irrigação modernos (FAO, 2007).

A conservação da água e a maximização da eficiência do uso da água em regiões áridas e semiáridas por meio de modernas tecnologias de irrigação tornaram se fundamentais para a produção agrícola sustentável (DENG et al., 2006). Na maioria das situações práticas para irrigação de tamareiras e maracujás, a água necessária é calculada com base na evapotranspiração potencial da cultura (ETc) usando a equação de Penman Monteith de evapotranspiração de referência (ETo), que requer dados de clima predominante (ALLEN et al., 1998). Para converter o ETo em ETc, é necessário um fator de cultura (Kc), que varia com o estágio de desenvolvimento da cultura (CARR, 2014). O uso da água da tamareira também pode ser previsto a partir da relação de ETc = 0,95 LI ETo onde LI é a luz interceptada pela copa. Portanto, reduções na água de irrigação podem ser alcançadas por podas foliares intensivas para reduzir a fração interceptada de luz (AL MUAINI et al., 2019). Kassem (2007) usou os métodos de uma abordagem de balanço hídrico do solo e de balanço de energia pela razão de Bowen para calcular o uso anual real de água na irrigação por gotejamento de tamareiras de 15 anos (cv. Sukariah), ou seja, 1 640 mm e 1 780 mm, respectivamente. Al Omran et al. (2018) realizaram um estudo para estimar as necessidades hídricas das tamareiras em várias regiões do Reino da Arábia Saudita. As necessidades hídricas, com base na proporção da área cultivada de tamareira (100palmeirasha)para cada ano,variaram de 7.298,9a 9.495,2m3 .ha 1.Outro estudo foi realizado na região Oeste da Arábia Saudita que recomendou 7.300 m3 ha 1 de água de irrigação para a tamareira (ISMAIL et al., 2014).

As tamareiras são consideradas uma das árvores frutíferas mais importantes do Reino da Arábia Saudita. O número de árvores é superior a 23 milhões e está aumentando a cada ano. A produção aumentou para atingir um milhão de toneladas no ano de 2007, pois são cultivadas em uma área superior a 156.000 ha (MINISTRY OF AGRICULTURE AND WATER, 2008). A tamareira é resistente à seca e pode suportar salinidade de até 4 dS/m sem qualquer redução na produtividade (AYERS; WESCOT, 1985). Embora a profundidade da zona radicular varie entre 1,5 a 2,5 m (DOORENBOS; PRUITT, 1977), aárvorepodeabsorverde65a80%deáguadentrodeumaprofundidadedazonaradicular

Capítulo I | 156

não superior a 1,2 m (YAACOB, 1996). As tamareiras são geralmente irrigadas por um sistema de irrigação por bacia que utiliza uma quantidade abundante de água; a quantidade é geralmente decidida com base na experiência do agricultor. A necessidade de água da cultura para uma tamareira adulta varia entre 115 e 306 m3, ou seja, 1,15 a 3,06 m3/ha (ALBAKER, 1972). Se a expansão da agricultura de tamareiras continuar no mesmo ritmo atual na Arábia Saudita, espera se que uma grande quantidade de água seja necessária para irrigar as tamareiras. No entanto, devido aos recursos hídricos limitados no Reino da Arábia Saudita, é vital usar alguns métodos de economia de água, como os sistemas de irrigação recentes (irrigação por gotejamento). Portanto, estudos visando avaliar a necessidade hídrica da tamareira são essenciais e levarão à aplicação precisa da água de irrigação sem uso excessivo.

Por outro lado, a comercialização de tâmaras requer medidas e arranjos de qualidade para atender às exigências dos clientes (consumidores). Essas disposições variam de acordo com vários fatores e condições, em particular a variedade e as técnicas de produção das tâmaras, das quais a irrigação é a técnica fundamental para o manejo das plantações de tamareiras (AL YAHYAI; AL KHARUSI, 2012; AL YAHYAI; MANICKAVASAGAN, 2013).

Osestudosque analisaram osefeitosda irrigaçãona qualidade sãomuitolimitados. Nesse sentido, Al Yahyai; Al Kharusi (2012) e Al Yahyai; Manickavasagan (2013) relataram que o regime hídrico afetou significativamente a qualidade das tâmaras. Por outro lado, Alihouri e Torahi (2013) mostraram, por meio de um experimento realizado no Irã, que a frequência de irrigação não influenciou a composição química das tâmaras da variedade Barhee.Este último resultadotambémfoicitadoporIsmail et al.(2014)na Arábia Saudita na variedade Nabbout Saifail.

Mesmo assim, a qualidade da tâmara Medjool diz muito sobre o bom manejo cultural da tamareira. A fim de avaliar o efeito do regime hídrico na qualidade e quantidade de tâmaras no estágio de Tamar, Sabri et al. (2017) realizaram um ensaio experimental por dois anos consecutivos (março de 2012 a fevereiro de 2014). Foram aplicados sete regimeshídricoslocalizados: regime doagricultor (T0),100%(T1); 80%(T2); 60%(T3); 80 100 60% (T4); 150% (T5) e 60 100 80% (T6) ETM (Evapotranspiração máxima). As medições dizem respeito à medição do peso fresco e seco dos frutos, do teor de água, do rendimento total e da classificação das tâmaras de acordo com as normas gerais de comercialização da tâmara marroquina. Os resultados mostraram que o regime hídrico

Capítulo I | 157

60 100 80% ETM melhorou qualitativa e quantitativamente o rendimento das tâmaras. Enquanto o déficit hídrico controlado no limite de 40% tem um efeito significativo na produtividade da palmeira, aumentando a categoria I em detrimento da categoria Extra. Reino da Arábia Saudita. A tamareira representa cerca de 74% da área total cultivada com frutos em todo o Reino da Arábia Saudita (KASSEM, 2007). As tamareiras são geralmente irrigadas pelo sistema de irrigação por inundação que utiliza uma quantidade abundante de água. No entanto, a quantidade de água aplicada nas propriedades pelos agricultores geralmente é baseada em sua experiência (AL AMOUD, 2010). As aplicações de métodos tradicionais de irrigação, como a irrigação por inundação, não só estão colocando mais pressão sobre os já escassos recursos hídricos, mas também são um desperdício (FAURES et al., 2001; DARFAOUI; AL ASSIRI, 2010). A adoção de técnicas modernas de irrigação deve ser enfatizada para aumentar a eficiência do uso da água. A irrigação por gotejamento e os sistemas de irrigação por gotejamento subterrâneo são as formas mais eficazes de transportar diretamente água e nutrientes para as plantas e não apenas economizar água, mas também aumentar o rendimento das culturas. Por outro lado, os resultados de experimentos de consumo de água de tamareiras na área de Riad (Arábia Saudita) indicaram que as quantidades médias que foram entregues às tamareiras por ano foram; 108 m3/árvore (1,08 m/ha), 216 m3/árvore (2,16 m/ha) e 324 m3/árvore (3,24 m/ha) para tratamentos de água correspondentes de 50, 100 e 150% da taxa de evaporação, respectivamente (AL AMOUD et al., 2000). A análise econômica do rendimento para os vários sistemas de irrigação (gotejamento, bacia e borbulhador) no experimento acima mostrou que o maior rendimento foi para palmeiras irrigadas por gotejamento do que os sistemas de bacia. As diferenças dentro dos tratamentos de água foram mínimas, ou seja, o uso de uma quantidade de 108 m3/ano/árvore é suficiente para obter a maior eficiência de uso da água para as tamareiras. A comparação entre as eficiências de uso de água para vários métodos de irrigação (gotejamento, bacia e borbulhador) em tamareiras mostraram que o sistema de gotejamento tem a maior eficiência de uso de água seguido pelo sistema de bacia, em seguida, o sistema de irrigação por borbulhador (AL AMOUD et al., 2000). A resposta ótima da tamareira à irrigação por gotejamento se deve à natureza do sistema onde a água é fornecida em um processo lento por um período de tempo relativamente longo através de emissores. Esse processo proporciona melhor controle e distribuição da água pelo perfil do solo, de modo

Capítulo I | 158

que as perdas porevaporaçãoe percolação profunda são reduzidas aomínimo e,portanto, a tamareira pode aproveitar quase toda a água fornecida. Conforme Al Omran et al. (2018) é importante desenvolver uma pesquisa que forneça informações para determinar as necessidades mensais e anuais de água por tamareira em oito regiões diferentes da Arábia Saudita, visando especificamente melhorar a gestão da água de irrigação. As áreas selecionadas para este estudo estão localizadas nas regiões da Medina (Al Ula), Tabuk (Teimaa), Makkah (Al Jumum), Al Jouf (Sakakah), Riyadh (Sodos), Qassim (Riyad Al Khabra), Hail (AL Kaedh) e Região Leste (Al Ahsa). As necessidades de água para irrigação (m3/ha) após levar em conta a proporção da área cultivada de tamareira para cada ano foram 9.495,24, 7.340,18, 7.298,93, 8.913,59, 8.614,96,8.568,68, 7.996,99,8.510,72 m3/ha, respectivamente,por 100tamareiras/ha.As necessidades totais anuais de água de irrigação (m3/árvore) nestas regiões são 95, 73,4, 73, 89, 86, 85,7, 80, 85 m3, respectivamente, considerando o raio da área sombreada por árvore é de 3,5 m. A diminuição da necessidade de água da cultura (CRW) em todos os locais de estudo para cerca de 8.000 m3/ha tem sido relatado por muitos pesquisadores que é sobretudo atribuída à porcentagem de área sombreada de tamareira. Portanto, recomenda se que de uma distância entre árvores de 10 m × 10 m seja alterada na prática para 7 m × 7 m, a fim de reduzir a estimativa de CRW de tamareiras.

Estudos de análise econômica mostraram a superioridade da irrigação por gotejamento subsuperficial sobre o sistema de irrigação por aspersão de pivô central. Verificou se que o custo total do sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo por hectare (incluindo; investimento, gestão, operação, etc.) é inferior em 30% em comparação com o sistema de pivô central.

Califórnia - USA. A região desértica da baixa Califórnia é a principal área de produção de tamareira nos Estados Unidos, com uma área de quase 10.000 acres (Relatório de Produção Agrícola doCondado de Riverside de 2017 e Relatóriode Área de Cultivomais recente do Distrito de Irrigação Imperial). Os pomares de tâmaras do “Coachella Valley” representam cerca de 85% da área total de tamareiras na Califórnia e os 15% restantes estão no “Imperial Valley”. A indústria de tâmaras da Califórnia está crescendo,e espera se que a produção continue a aumentar, já que muitas novas palmeiras foram plantadas nos últimos anos e/ou estão sendo plantadas.

Capítulo I | 159

Apesar da importância regional e internacional da tamareira e de sua dependência da irrigaçãooudeumlençolfreáticorasoparaasobrevivência,relativamentepoucapesquisa foi realizada sobre as relações hídricas e as necessidades de irrigação da tamareira em todo o mundo. A falta de informações precisas sobre o uso da água pelas culturas, juntamente com a viabilidade da micro irrigação, são as maiores incertezas enfrentadas pelos produtores de tamareiras no deserto da Califórnia. Embora os produtores de tamareiras tenham começado a adotar a micro irrigação, em muitos casos, a irrigação é baseada em dados desenvolvidos décadas atrás em pomares irrigados por inundação. Tanto as irrigações por micro/gotejamento quanto por inundação (nas entre fileiras) são práticas comuns na região, embora os produtores que desenvolveram sistemas de micro irrigação em seus pomares prefiram irrigar suas palmeiras por meio de uma irrigação integrada por micro inundação durante a estação (MONTAZAR, 2019; Figura 74).

Capítulo I | 160
Figura 74. Frutos em tamareiras adultas em Coachella, início de agosto de 2019. Foto: Aliasghar Montazar (2019).

A utilização de irrigação por gotejamento, juntamente com estimativas mais precisas do uso da água pelas culturas e programação de irrigação em pomares de tâmaras, pode ter um impacto significativo nos problemas de qualidade da água no lago Salton (localizado no Sul da Califórnia) e na disponibilidade de água do solo, aumentando potencialmente a sustentabilidade econômica da produção de tâmaras. O desenvolvimento dessas informações permitirá que os produtores utilizem água e nutrientes de forma mais eficiente e obtenham ganhos econômicos totais de seus pomares.

Sistemas de irrigação

O tipo de sistema de irrigação é importante e a disponibilidade de sistemas de irrigação adequados dificilmente atende às necessidades de desenvolvimento agrícola. A água de irrigaçãoestá rapidamente se tornando oprincipal fatorlimitante para a produçãoagrícola (VIALA, 2008).

Aspráticasde plantiodiferem com base natécnica de irrigação.Oabastecimentolimitado de água está forçando a irrigação a recorrer a sistemas pressurizados; no entanto, a irrigação por inundação é o principal método de distribuição de água. Campos irrigados por inundação são nivelados com equipamentos a laser, enquanto em áreas desérticas arenosas, onde a irrigação por inundação é impraticável, não há necessidade de nivelamento e o uso de irrigação por gotejamento com gotejadores compensados por pressão permite pequenas encostas e dunas no campo de produção. Em Baja California Sur, a irrigação em plantações comerciais modernas é feita por sistemas de gotejamento, enquanto em Coahuila, apenas a técnica de inundação é usada. Sistema de irrigaçãoporinundação.Astamareirassãogeralmenteirrigadaspor sistema de irrigaçãosuperficialque utilizamuita água deacordocom aFAO(2008). Aquantidade é normalmente decidida pela experiência do agricultor. A necessidade de água da cultura para tamareiras adultas varia entre 115 m3 e 306 m3, que é igual a 1,15 a 3,06 m3 h 1 (AL AMOUD, 2010). Os antigos pomares de tamareiras em KSA (Reino da Arábia Saudita) eram irrigadosa partir de poçosusandométodosde irrigaçãode superfície,especialmente bacias e geralmente eram irrigados uma vez por semana no verão e a cada três semanas no inverno (CARR, 2013). O censo agrícola de 2004 2005mostra que 96% das palmeiras são irrigadas usando o sistema de irrigação por inundação (FAO, 2008; Figura 75). Os valores sugeridos de necessidades de irrigação para tamareiras plantadas em diferentes partesdoReino da Arábia Saudita variaram entre 39.585e 72.270 m3/h/anopara irrigação

Capítulo I | 161

por inundação e entre 28.275 e 51.621 m3 h 1/ano para irrigação por aspersão (AL AMOUD et al., 2012).

Figura 75. Tamareira adulta irrigada por sistema de inundação em Thermal. Região desértica da baixa Califórnia, USA. Foto: Aliasghar Montazar (2019).

Embora as tamareiras possam suportar longos períodos de seca sob altas temperaturas, são necessárias grandes quantidades de água para um crescimento vigoroso, alto rendimento e frutos de alta qualidade. Sob condições de produção típicas na Califórnia, o consumo anual de água foi de 1,3 m (FURR; ARMSTRONG, 1956). A maior parte foi dos 2 m superiores do solo, o que coincidiu com a distribuição das raízes. Ressalta se que este estudo foi realizado com ‘Khadrawy’, uma cultivar de pequena estatura que provavelmente teria menor consumo de água do que cultivares de maior porte. Em condições semelhantes, a aplicação de excesso de água não aumentou a taxa de crescimento das tamareiras nem a produção de frutos; no entanto, a retenção de água durante os meses de verão diminuiu a taxa de crescimento das árvores e diminuiu o teor de umidade do fruto (REUTHER; CRAWFORD, 1946). A irrigação por inundação é a

Capítulo I | 162

forma mais antiga de irrigação e ainda é usada em muitas áreas. Aspersores, microaspersores e irrigação por gotejamento são frequentemente usados em plantações mais recentes (ABDUL BAKI et al., 2002).

Vale ressaltar que o objetivo da irrigação é o estabelecimento e manutenção de um ciclo úmido para seco, mas úmido para seco na camada superior de 24” (61 cm) do solo. A dificuldade número 1 que causa “problemas” com a variedade Medjool no local são as condições de inundação na superfície. Onde a superfície permanece constantemente molhada,a variedade Medjool não se sairá bem, portanto, se o seu lugar de plantioestiver constantemente molhado na superfície, é melhor selecionar uma espécie diferente. Um lençol freático alto que atinge até 24” (61 cm) abaixo da superfície não é um problema para esta espécie; os problemas só ocorrem se o lençol freático estiver dento dos limites de 24” (61 cm) da superfície.

Sistema de irrigação Borbulhador. A irrigação borbulhante é uma versão modificada do sistema de irrigação por gotejamento para plantações de pomares; a poderosa utilização dosistema de irrigação borbulhador continuou otrabalho de melhorar oprojeto do sistema que pode ser dependente em diferentes condições (RAWLINS, 1977). É composto por uma fonte de água, uma unidade de bombeamento, um tanque de mistura, linha principal, várias linhas secundárias, laterais, borbulhadores, etc. (SOOTHAR et al., 2015). O layout do sistema é o típico de todos os sistemas pressurizados. Consiste em uma unidade simples de controle principal sem filtros e instrumentos de fertilizantes. A rede e as sub redes são geralmente tubos rígidos de PVC enterrados, com hidrantes subindo no subsolo. Os coletores e laterais também são muitas vezes tubos de PVC sólidos enterrados. Os borbulhadores são colocados acima dosolo e associadosàs laterais com um pequeno tubo flexível subindo na superfície, ou podem ser encaixados em pequenos tirantes de PVC associados às laterais enterradas (PHOCAIDES, 2000). Os gotejadores produzem uma vazão máxima de 9,45 litros por minuto para cada lateral, sendo imprescindível o controle da água de irrigação através de alguns métodos de conservação de água, como os sistemas de irrigação por gotejamento (AL-AMOUD, 2008). Amiri et al. (2007) estudaram a resposta da tamareira (cultivar Zahdi) sob três diferentes sistemas de irrigação: bacia, borbulhador e aspersão. Eles descobriram que houve uma expansão no crescimento com um incremento na água e que o sistema de irrigação borbulhador é o melhor (Figura 76). Em outra investigação, eles obtiveram da irrigação por borbulhador melhor desempenho em comparação as irrigações por bacia e

Capítulo I | 163

por aspersão (IBRAHIM et al., 2019). A vantagem dos borbulhadores sobre a irrigação porbacia está em fornecerà cultura uma necessidade hídrica satisfatória.Essesresultados estão compatíveis com os obtidos por Bhardwaj et al., 1995; AL Amoud et al., 2000; Amiri et al., 2007. O sistema de irrigação borbulhador foi satisfatório para o que foi projetadoem termos de uniformidade de distribuição, poisa uniformidade de distribuição variou em 92,6% para as laterais e 93,9% para todo o sistema e os resultados indicaram que cerca de 30,94% de água foi economizada no método de irrigação borbulhador quando afrontado com o método de irrigação por bacia (SOOTHAR et al., 2015)

Figura 76. Irrigação da tamareira por sistema de gotejamento pelo método borbulhador. Foto: FAO. Sistema de irrigaçãopor gotejamentode superfície. Reuveni (1971)estudouo impacto de um gotejamento em comparação com a irrigação por aspersão no crescimento e rendimento de tamareiras; ele descobriu que a irrigação por gotejamento tem vantagens definitivas sobre a irrigação por aspersão, pois a árvore irrigada com irrigação por gotejamento pode ser cultivada com o volume limitado de solo molhado (Figura 77). Os resultados também mostraram que as tamareiras irrigadas com irrigação por gotejamento apresentam uma expansão aceitável em folhas, flores e frutos em comparação com aquelas irrigadas por sistema de aspersão (NIMAH, 1985). O sistema de irrigação por gotejamento ganhou popularidade nos últimos anos devido aos benefícios obtidos com a minimização da erosão do solo, distribuição uniforme da água, minimização do custo de

Capítulo I | 164

mão de obra, variação na oferta, redução do risco de doenças. Além disso, pode ser operado em pressão mais baixa do que outros tipos de irrigação pressurizada, o que resultou na redução dos custos de energia (SIVANAPPAN, 1998).

Figura 77. a).Irrigação da tamareira por sistema de gotejamento usando o método do emissor de orifício e de mangueiras com orifícios em redor da planta. e b). Pomar de tamareira adulta equipada com irrigação de gotejamento (tubulação suspensa por arames, tendo em cada palmeira uma mangueira que faz conexão com o solo) em Coachella, região desértica da baixa Califórnia, USA. Fotos: FAO e Aliasghar Montazar (2019).

A produtividade de palmeiras irrigadas por gotejamento foi significativamente maior do que aquelas irrigadas por aspersores (AL AMOUD et al., 2000). A comparação deste sistema com os sistemas de irrigação de superfície e aspersão demonstra que há mais vantagens em relação aos demais (HAMDY et al, 2003).

Capítulo I | 165

Sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial (SDI). A definição de irrigação por gotejamento subsuperficial está relacionada à irrigação por gotejamento, mas o sistema está abaixo da superfície do solo. Rodríguez Sinobas e Gil Rodríguez, 2012 mencionaram que o SDI era referido como sub irrigação e irrigação subsuperficial e algumas vezes referido como gestão do lençol freático. O sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial (SDI) é a abordagem de irrigação recente e é considerada a melhor técnica para irrigar culturas agrícolas e paisagem rural (KALFOUNTZOS et al., 2007). A estrutura e textura do solo e o padrão de melhoramento das raízes da cultura são considerados no projeto do SDI (PATEL; RAJPUT, 2009). Há um aumento no rendimento e uma economia considerável de água em comparação com o método convencional de irrigação por gotejamento. Além disso, houve um grande aumento na eficiência do uso da água (AL AMOUD, 2010). Phene (1995) e Elmaloglou et al. (2010) também relataram que os sistemas DI (gotejamento superficial) e SDI (gotejamento subsuperficial) podem aumentar a eficiência do uso da água somente se o sistema for projetado para atender às condições do solo e da planta.

Comparando o sistema SDI com o DI tradicional e o sistema de irrigação por aspersão, o uso geral de água é reduzido em 50% em relação ao sistema de irrigação por aspersão e 30% em comparação com o sistema de irrigação por gotejamento convencional. Notou se também que a produção aumentou em um percentual que varia entre 30 a 70% em relação ao sistema de irrigação superficial (BARTH, 1995).

Sob os climas áridos e semiáridos, onde as chuvas são mínimas e a temperatura do ar é alta, isso resultará em um grande aumento na taxa de evaporação da superfície do solo que resulta no acúmulo de sal na camada superior do solo onde se concentram raízes ativas que por sua vez leva à redução do rendimento. Para minimizar o acúmulo de sal causado pela evaporação, é possível aplicar o sistema de gotejamento subterrâneo para lavar os sais além da zona da raiz. Este método foi aplicado com sucesso, em árvores adultas de pera, onde as laterais de subsuperfície foram colocadas a profundidades de 30 e 60 cm abaixo da superfície do solo (ORON et al., 1995). Outros experimentos em sistemas subsuperficiais porosos mostraram que a pressão de trabalho tem uma clara influência no desempenho dessas tubulações, onde o melhor desempenho foi observado em uma pressão de operação não inferior a 80 kPa e não superior a 150 kPa (MOHAMMED, 1998).

Capítulo I | 166

De acordo com Al Amoud et al. (2000), a comparação da eficiência do uso da água entre diferentes métodos de irrigação da tamareira (gotejamento, inundação e microjato) mostrou que o sistema de irrigação por gotejamento é o mais eficiente, seguido pelo sistema de irrigação por inundação e microjato. Por outro lado, a irrigação por gotejamento subsuperficial representa a recente melhoria da irrigação, pois evita, ou na maioria dos casos, reduz significativamente as perdas por evaporação direta, escoamento superficial e percolação profunda (HANSON; MAY, 2007; SAFI et al., 2007). Assim, a irrigação por gotejamento subsuperficial é considerada a maneira mais eficaz de fornecer água e nutrientes diretamente às plantas e aumentar a produtividade das culturas (TIWARI et al., 1998; THOMPSON et al., 2002; THOMPSON et al., 2003; DOUH; BOUJELBEN, 2010).

Camp (1998) revisou os resultados de alguns trabalhos anteriores que compararam o rendimento das culturas tanto em subsuperfície quanto em outros diferentes métodos de irrigação superficial. Ele concluiu que os rendimentos das culturas para sistemas de gotejamento subterrâneo foram iguais ou melhores do que os outros sistemas em todos os casos, incluindo diferentes culturas, solos e condições de cultivo. Enquanto Barth (1995) comparou o sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial com o sistema tradicional de irrigação por gotejamento superficial e sistema de irrigação por aspersão, os resultados mostraram que o uso geral de água é reduzido em 50%em comparaçãocom o sistema de irrigação por aspersão e 30% em comparação com o sistema de irrigação por gotejamento superficial tradicional. De outro modo, Hassanli et al. (2009) compararam três métodos de irrigação, tais com: gotejamento tradicional (superfície), gotejamento subsuperficial e irrigação por sulcos. Os resultados mostraram que a quantidade máxima de água com maior eficiência de uso foi obtida do sistema de irrigação subsuperficial.

As tamareiras foram irrigadas separadamente com irrigação por gotejamento superficial (DI) e irrigação por gotejamento subsuperficial (SDI) durante o período de estudo realizado por Dewidar et al. (2016). O sistema de irrigação consistiu em unidade principal, tubos de polietileno de saída principal e sub-principal de 75 e 63 mm de diâmetro, respectivamente (Figuras 78 e 79). A linha principal foi conectada à subprincipal que conduz a água para as subáreas através das laterais. As laterais para os sistemas SDI e DI tinham 32 mm de diâmetro. Os gotejadores/emissores foram colocados na superfície do solo (DI) ou enterrados a 40 cm de profundidade do solo (SDI) em anéis

Capítulo I | 167

concêntricos ao redor das tamareiras. As trincheiras foram escavadas e revestidas manualmente.

Figura 78. Esquema dos principais componentes do sistema de abastecimento de água e irrigação. Foto: A. Z. Dewidar et al. (2016).

Figura 79 Irrigação da tamareira por sistema de gotejamento subsuperficial, onde os emissores de orifício estão enterrados no solo

Capítulo I | 168

No cultivo de tamareiras, a produtividade da água da cultura (crop water productivity CWP) de um sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial foi muito maior do que um sistema de irrigação por borbulha, embora o método SDI (surface drip Irrigation) tenha um custo adicional, mas que é econômico a longo prazo (DHEHIBI, 2018). A redução da quantidade de água de irrigação em 49 53%, juntamente com o aumento da produtividade da tamareira de 45 49%, foi observada usando um sistema de irrigaçãopor gotejamento subsuperficial (subsurface irrigation system SSI) de baixa flexibilidade em comparação com tubos de média e alta flexibilidade em um sistema de irrigação subsuperficial (AHMED, 2011). Da mesma forma, irrigação deficitária em intervalos de 100 mm de evaporação resultou no maior peso do cacho, rendimento e WUE (water use efficiency)semqualquerdegradaçãodaspropriedadesqualitativasdosfrutosdatamareira (cv. Mazafati) (ALIKHANI KOUPAEI et al., 2018). Da mesma forma, também é relatado que a irrigação por gotejamento profundo leva a uma melhoria notável na qualidade dos frutos e no rendimento comercializável, além do aumento da WUE (water use efficiency) de 1,55 kg m/3 de tamareira sob um sistema de irrigação por gotejamento profundo e solo coberto (mulching) em comparação com um sistema de irrigação com borbulhador de superfície (surface bubbler irrigation SBI). e sem mulched no solo (SADIK et al, 2018). O desenvolvimento de novas tecnologias de irrigação é imperativo para garantir o uso eficiente da água de irrigação em regiões áridas. O novo sistema SSI (subsurface irrigation system SSI) foi construído para fornecer eficientemente a água de irrigação diretamente à zona funcional da raiz da palmeira. Assim, fornece um meio de economizaráguadeirrigação,reduzindoaevaporaçãoeainfiltraçãoemzonasradiculares não absorventes.

Tal sistema é caracterizado pela simplicidade da instalação ao redor da palmeira. Necessita apenas de uma cova com 20 cm de diâmetro e 40 cm de profundidade e quatro unidades de irrigação ao redor da tamareira. Ou seja, o sistema de gotejamento subsuperficial (subsurface irrigation system SSI) consiste de um recurso hídrico, unidadesdeirrigaçãosubterrânea,bombaelétrica,caixad'água,tubulaçãodedistribuição, sublinhas, linhas laterais e vários tubos de distribuição. Quatro unidades de irrigação subterrâneas foram enterradas ao redor da tamareira dentro de um círculo de 1,40 m de diâmetro (AHMED MOHAMMED et al., 2020; Figura 80).

Capítulo I | 169

Figure 80. Instalação do sistema de irrigação subsuperficial na zona radicular da palmeira. Foto: Maged Elsayed Ahmed Mohammed et al. (2020).

É importante destacar que o estresse das plantas devido à irrigação atrasada e limitada geralmente leva a perdas econômicas de rendimento. Em muitos países produtores de tamareiras, a irrigação por inundação ainda é popular, apesar de sua baixa eficiência para conservar a água, particularmente em solos arenosos (ZAID; ARIAS-JIMENEZ, 2002; AL AMOUD, 2010). A produtividade e qualidade de frutos de tamareiras de 17 anos submetidas a diversos sistemas de irrigação revelaram diferenças substanciais entre essas

Capítulo I | 170

características. No entanto, a adoção de um sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial (subsurface irrigation system SSI) mostrou um aumento notável no rendimento de até 163 kg por palmeira 1, e uma diminuição no consumo de água em comparação com a irrigação por gotejamento superficial (surface drip Irrigation) (AL AMOUD, 2006). Em outro estudo, foi revelado que o sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial aumentou substancialmente o rendimento da tamareira, reduziu a necessidade de água de irrigação e melhorou o WUE (water use efficiency) em comparação com a irrigação por gotejamento superficial (AL AMOUD, 2010). Também foi relatado que o rendimento da tamareira foi 25 60% maior devido a um aumento no WUE usando um sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial (AL AMOUD, 2010; AHMED et al., 2011; AL AMOUD et al, 2012). Da mesma forma, Alikhani Koupaei et al. (2018) obtiveram maior produtividade de tamareiras em intervalos de irrigação de 70% ETc.

Estudos de análise econômica mostraram a superioridade da irrigação por gotejamento subsuperficial sobre osistema de irrigaçãopor aspersão de pivôcentral.Constatou seque o custototalparaosistema de irrigaçãoporgotejamentosubterrâneoporhectare éinferior em 30% em comparação com o sistema de pivô central (DHUYVETTER et al., 1994).

Método do Tanque de Classe A para calcular as necessidades de água de tamareira

Desde os primeiros tempos, diferentes métodos foram usados para calcular as necessidades de água de diferentes culturas. Como resultado, vários métodos foram desenvolvidos e adotados para tamareiras. Alguns desses métodos são mais precisos do que outros e alguns mais convenientes de usar do que outros, devido à disponibilidade de informações para o local onde as tamareiras serão plantadas. A seguir, o exemplo do método do tanque classe A:

ETP\ Tanque de Classe A: o método é simples e consiste na utilização de um tanque de evaporação direta, cheio de água, onde são feitas medidas em milímetros da água evaporada entre uma leitura e outra. Em Israel, EUA e África Austral, o método de evapotranspiração/Tanque de Classe A é frequentemente usado porque as informações necessárias estão prontamente disponíveis.

Capítulo I | 171

Tanque Classe A. Dentre os vários métodos existentes para o manejo da irrigação, o do tanqueclasse Atem sidoamplamenteutilizado em todoomundo,devido,principalmente, ao seu custo relativamente baixo, à possibilidade de instalação próximo da cultura a ser irrigada e à sua facilidade de operação, aliado aos resultados satisfatórios para a estimativa hídrica das culturas. O tanque de evaporação classe A é cilíndrico (Figura 81), com diâmetro de 121 cm e 25,5 cm de profundidade, construído de material galvanizado (calibre 22), e montado sobre uma plataforma de madeira aberta, de 15 cm de altura. Deve se completá lo com água até 5 cm da borda e o nível da água não deve baixar além de 7,5 cm desta. A água deve ser renovada regularmente para eliminar as impurezas. Normalmente, é dotado de parafuso micrométrico, com capacidade para medir variações de 0,02 mm, localizado em poço tranquilizador. O local para instalação deve ser preferencialmente gramado (20 m x 20 m), com abertura nas laterais da plataforma para permitir a livre circulação do ar.

Figura 81 Tanque classe “A” (a), poço tranquilizador e parafuso micrométrico (b), utilizados na medição da evaporação. Foto: Francisco José de Seixas Santos.

Capítulo I | 172

Para medir a evaporação, coloca se uma régua graduada (começando do zero) dentro do tanque alternativo e efetua se a leitura. O volume evaporado é obtido por meio da subtração entre os valores da leitura do dia anterior e do dia da medida. Os valores registrados podem ser anotados em uma tabela, possibilitando a obtenção de valores da evaporação diária, mensal e anual e valores médios. Necessidades hídricas. Para se obter a evapotranspiração de uma cultura utiliza se a equação: Etc = Eto . Kc (1) onde Etc é a medida diária da evapotranspiração da cultura (mm.dia 1); Eto é a evapotranspiração potencial de referência (mm dia 1) estimada ou medida diariamente; e Kc é o coeficiente da cultura. Como a maioria dos efeitos ambientais é incorporada na estimativa de Eto, a mesma representa os índices da demanda climática, enquanto Kc varia predominantemente com as características específicas da cultura, com limitada influência da atmosfera. Isto torna possível a utilização dos valores médios de Kc para diferentes locais e climas, sendo esta a razão básica para a aceitação global e a utilidade da aproximação do coeficiente de cultivo. O Kc é, basicamente, a razão entre a Etc e Eto, representando a integração dos efeitos de quatro características primárias que distinguem as culturas da grama utilizada como referência: altura da cultura,albedoda superfície cultura solo, resistência do dossel da folha, e evaporação do solo.

A Tabela 7 mostra com mais detalhes os cálculos feitos para prever as necessidades hídricas das palmeiras para os 12 meses do ano e usando diferentes métodos de irrigação para Naute Namíbia. (Observe que isso é para o período de colheita do Hemisfério Sul, de março a abril).

Capítulo I | 173

Tabela 7. Necessidades de água para tamareiras em Naute, Namíbia (Tanque Classe A).

Fonte: Liebenberg e Zaid (1989).

Irrigação por Inundação ® h = 60%

Microirrigação ® h = 85%

Irrigação por Gotejamento ® h = 90%

i Kc Esta é uma estimativa de acordo com algum estudo documental de P.J. Liebenberg e A. Zaid (1989).

ii Kc Use este fator de corte somente para cálculos de tanque de evaporação classe A.

A Eto pode ser determinada tanto a partir de dados meteorológicos, como de medidas de tanques de evaporação. A taxa de evaporação a partir de tanques é facilmente obtida, e a evaporação do tanque classe A (EV) é relacionada com Eto por meio do coeficiente do tanque (Kp)

Eto = Kp. EV (2)

Onde, EV é a evaporação obtida no tanque classe A (mm dia 1); e Kp é o coeficiente do tanque.

Usando se as equações (1) e (2) pode se definir:

Ki = Kc. Kp (3)

Etc = Ki . EV (4)

Onde, Ki é o coeficiente de irrigação.

As necessidades hídricas da tamareira devem ser estudadas na Região Nordeste (semiárido brasileiro), em razão de ser a região com clima mais adaptado para tal cultura.

Capítulo I | 174

Efeito da deficiência de água de boa qualidade para irrigação

Todo o Oriente Médio enfrenta diversos desafios hídricos, mas para o próprio GCC (Conselho de Cooperação do Golfo), a ameaça número um é a escassez. A água nos Estados Árabes não é renovável. A natureza arenosa da maioria dos solos aliada à alta drenagem aumenta as perdas por lixiviação e reduz a capacidade de abastecimento de água dos solos. A fonte de água difere de país para país. Alguns, como o Egito e o Iraque, dependem principalmente daságuassuperficiaisde grandesriosuniversais. Outros, como o Iêmen e os Estados Árabes dos países do Conselho de Cooperação do Golfo, dependem quase de águas subterrâneas e dessalinizadas, enquanto outros usam uma combinação de águas superficiais e subterrâneas.

No caso do Egito, um dos principais países produtores de tamareiras, também enfrenta grandes desafios devido aos seus recursos hídricos limitados representados principalmente por sua parcela fixa da água do Nilo e sua característica de aridez. Devido à escassez de água de boa qualidade, o uso de água salina compartilha muito alto na irrigação de tamareiras porque a noção geral é que a tamareira é uma árvore tolerante ao sal.

No entanto, esta afirmação empirica não pode ser aceita como base porque estudos indicam que as perdas de crescimento e produtividade da tamareira começam a ocorrer na condutividade elétrica (EC) da água de 4-6 dS m 1 dependendo do potencial varietal, textura do solo, drenagem e fatores climáticos. Os valores de EC da água para perdas de rendimento de 10, 25 e 50 % foram relatados como 4,5, 7,3 e 12,2 dS m 1, enquanto EC do solo para a mesma magnitude de perdas foram 6,8, 11,0 e 18,0 dS m 1. Os estudos de avaliação de qualidade indicaram que a maior parte das águas subterrâneas é salina e que há perigo oculto de efeitos negativos no crescimento e produtividade das tamareiras (HUSSAIN, 2010).

Na Jordânia, as produtividades de água ao longo de um ano caíram de 1,25 para 0,64 kg m 3 à medida que a quantidade de água de irrigação aplicada aumentou (50, 75, 100 e 125% ETc). Os rendimentos correspondentes de frutas frescas foram de 34, 36, 38 e 43 kg árvore 1 (BARREVELD, 1993; MAZAHRIH et al., 2012). No entanto, Al Amoud et al.(2000) determinaram orendimentomédio de 173kg árvore 1 em todasascombinações de tratamento ao longo de quatro anos. As árvores irrigadas com gotejamento superaram

Capítulo I | 175

as irrigadas pelos outros dois métodos em alguns anos, mas não em todos (geralmente em cerca de 20%).

Plantações de tamareiras não irrigadas (cultivo de sequeiro)

A profundidade das águas subterrâneas é principalmente inferior a 12 pés (3,65 m) nestas áreas onde as árvores maduras dependem das águas subterrâneas rasas e não são irrigadas (Figura 82). As tamareiras podem facilmente estender suas raízes para acessar as águas subterrâneas.

Figura 82.Plantaçõesde tamareirasnãoirrigadasno Baluchistão que dependem de águas subterrâneas rasas. Foto Adel A. Abul Soad (2010).

A introdução de sistemas de irrigação para suplementar as plantações de tamareiras, seja na Bacia do Rio Sindh ou áreas desérticas no Baluchistão, com as seguintes irrigações: gotejamento, aspersão ou microirrigação. No entanto, a gestão da água terá que levar em contao nível de habilidadesdisponíveiseexigirá capacitaçãoe orientaçãodosprodutores. Comunidades de agricultores podem ser organizadas para o benefício coletivo dos produtores, e os técnicos de extensão rural também deverão ser envolvidas para organizar

Capítulo I | 176

tal capacitação, produção e comercialização, e para resolver conflitos entre os produtores locais de tamareiras (ABUL SOAD, 2011).

CONSORCIAÇÃO

A tamareira é uma cultura importante de Sindh, crescendo principalmente nos distritos de Khairpur e Sukkur (Paquistão). Quase 85% das tâmaras Sindh são produzidas apenas em Khairpur. Em Khairpur, o benefício máximo foi alcançado através do consórcio de outras culturas sob a copa das árvores (temperatura superior a 50 oC no verão). As tamareiras permitem que outras espécies como milho, banana, mandioca, inhame, abacaxi, amendoim, melancia, melão, abóbora ou as leguminosas para adubação verde (preferencialmente utilizar culturas temporárias) prosperem em termos de crescimento (Figura 83). Algumas dessas espécies precisam de luz solar plena, como arroz, trigo, etc. e irrigação frequente. Subsequentemente, a distância entre as tamareiras adultas foi aumentada para atingir 30 pés (9,14 m) para permitir a penetração da luz nessas culturas de cereais. A produtividade de árvores adultas não houve nenhuma diminuição significativa. As tamareiras recém estabelecidas de 3 4 anos influenciaram dramaticamente. A irrigação por inundação causou a entrada de água no interior de árvores jovens, consequentemente ocorreu infecção fúngica com a doença Diplodia.

Capítulo I | 177
Figura 83. Consorciação de culturas de arroz e banana sob a copa da tamareira em Khairpu (Paquistão). Fotos: Abul Soad A. A., 2010.

Não há contradição entre a tamareira e as espécies consorciadas quanto à aplicação de fertilizantes. Osprodutorescostumavam ignorarqualqueraplicaçãode adubona palmeira enquanto aplicam em outras espécies consorciadas. A tamareira pode responder positivamente à adição lateral de fertilizantes orgânicos e inorgânicos, mas os melhores sistemas de irrigação são em intervalos longos com irrigação intensa. Além disso, a suspeita de que intervalos curtos com irrigação frequente e encharcamentos podem ser uma das razões que causam a doença do declínio da tamareira em Khairpur no Paquistão, onde o cultivo consorciado é uma prática comum. A água persistente pode aumentar o patógeno do solo de Fusarium solani, consequentemente irá infectar as árvores. O consórcio com culturas frutíferas, como banana, citrinos, etc., é preferível em relação às culturas anuais, tais como: cereais e milho, que requerem suplementação frequente de água.

ADUBAÇÃO

A fertilização é necessária para a tamareira melhorar o crescimento geral da planta, prolongar a longevidade das folhas e melhorar o rendimento da tamareira. A deficiência de nutrientes pode afetar o crescimento da tamareira e os sintomas podem ser facilmente observados. A boa saúde da tamareira pode reduzir as infestações por insetos e pragas. É aconselhável aplicar os fertilizantes orgânicos e fosfatados como uma aplicação de fundação. Elementos de nitrogênio e potássio devem ser divididos em 3 4 aplicações, começando no início da estação de floração (janeiro fevereiro) e repetidas a cada 2 meses até a colheita de tâmara. O fertilizante orgânico é uma das fontes mais importantes de infecção quando não é tratado termicamente (bem curtido). Ovos e larvas de insetos podem ser transportados por adubos orgânicos. As tamareiras geralmente são fertilizadas, embora em muitos casos apenas com nitrogênio (NIXON; CARPENTER, 1978). As respostas à fertilização são inconsistentes e provavelmente dependem da cultivar, tipo de solo e outros fatores. Por exemplo, nos Estados Unidos, Furr e Cook (1952) amostraram ‘Deglet Noor e ‘Khadrawy’ e relataram que asconcentraçõesdeNerammaioresnasfolhasde árvoresfertilizadasem comparação com árvores não fertilizadas. No entanto, não houve correlação consistente com a produtividade tanto da adubação quanto dos níveis foliares de N. Houve uma aparente resposta fraca da vareidade 'Deglet Noor', mas nenhuma foi observada com 'Khadrawy'.

Capítulo I | 178

Labanauskas e Nixon (1962) amostraram palmeiras saudáveis e em declínio, mas não notaram diferenças significativas nas concentrações de nutrientes. Os valores relatados para a maioria dos elementos foram inferiores aos estabelecidos para citros. As concentrações de nutrientes da folha de palmeira publicadas de vários países são inconsistentes, mas geralmente mostram baixas concentrações de N em comparação com outras culturas perenes. Curiosamente, as concentrações de tamareiras cultivadas nos Estados Unidos e recebendo altos níveis de N têm sido consistentemente mais baixas do que as relatadas para tamareiras no Oriente Médio e Norte da África (KRUEGER, 2001).

A fertilização é fornecida principalmente para N P K, em doses entre 2 e 2,5 kg de nitrogênio, 0,5 kg de fósforo e 6 kg de potássio para uma planta adulta por ano. Em solos arenosos, o fertilizante é fornecido por meio de sistemas de irrigação (fertirrigação por gotejamento; Figura 84), e são amplamente utilizados aditivos para melhorar a retenção de água no solo. As áreas de produção orgânica são pequenas, mas estão aumentando lentamente. Várias propriedade estão sendo certificadas, pois o mercado desta categoria de produtos oferece melhores preços para a tâmara cultivada organicamente.

Mesmo que a tamareira seja uma planta forte e bem adaptada, capaz de crescer em solos que contenham mais álcalis ou sais do que muitas outras plantas poderão tolerar, alguma ajuda por fertilização deve ser necessária. Dentre os diversos esquemas de adubação, interessante é o proposto pela FAO (KLEIN; ZAID, 2002) que sugere programas de

Capítulo I | 179
Figura 84. Sistema de fertirrigação. Foto: P. Klein e A. Zaid (2002).

adubação de acordo com a quantidade perdida de nutrientes por ano, supondo 121 palmeiras por hectare (Tabelas 8 e 9).

Tabela 8. Perdas médias de nutrientes.

Nutrientes

Perdas\palma\ano (g) Perdas\ha\ano (kg)

Nitrogênio 350 42 Fósforo 90 11 Potássio 540 65

Tabela 9. Aplicação média mundial.

Nutrientes Aplicação\palma\ano (g) Aplicação\ha\ano (kg)

Nitrogênio (N) 650 78 Fósforo (P) 650 78 Potássio (k) 870 104

Oestrume tem sido tradicionalmente usadona produçãode tâmaras,masem muitoscasos são usados fertilizantes inorgânicos. Muitos produtores, mesmo na produção industrializada, consideram o esterco superior ao fertilizante inorgânico (CHAO; KRUEGER, 2007).

Os produtores de tâmaras aplicam fertilizantes manualmente usando esterco animal duas vezes por ano (AL YAHYAI, 2010). Os fertilizantes químicos não são comumente usados em tamareiras em Omã. No entanto, a maioria das tamareiras são consorciadas com leguminosas usadas como forragem, assim talvez disponibilizando nitrogênio suficiente para a tamareira. Al Kharusi et al. (2009) avaliaram os efeitos de fertilizantes minerais e orgânicos com e sem a suplementação de micronutrientes sobre as características químicas e qualidade de frutos de tâmara de duas cultivares de tamareira (Khalas e Khasab). Eles descobriram que o teor de matéria seca foi maior quando os fertilizantes minerais (NPK, em 4 aplicações) foram suplementados com turfa orgânica e micronutrientes. Eles também relataram que a aplicação de turfa orgânica durante um período de 3 anos aumentou o teor de tanino, enquanto os fertilizantes minerais o reduziram. Matéria seca, taninos e acidez titulável foram afetados pela cultivar e tratamento de adubação. No geral, o estudo descobriu que os fertilizantes minerais (ou seja, NPK) têm um impacto significativo na qualidade dos frutos de tâmaras.

Capítulo I | 180

Oestrume tem sido tradicionalmente usadona produção de tâmaras,masem muitoscasos são usados fertilizantes inorgânicos. Muitos produtores, mesmo na produção industrializada, consideram o esterco superior ao fertilizante inorgânico. As culturas de coberturatambém sãofrequentementeutilizadasna produçãode tâmaras(ABDUL BAKI et al., 2002). Em regiões áridas, as tamareiras podem fornecer sombra para o cultivo de outras culturas. O consórcio de tâmaras com frutas, hortaliças e pastagens é comum em áreas tradicionais de produção de tâmaras.

O fertilizante orgânico deve ser tratado termicamente para garantir sua segurança contra larvas e ovos da praga. Recomenda se adicionar 5 10 kg/árvore anualmente. Essa quantidade pode variar dependendo da fertilidade do solo (EL BEKR, 1972; KLEIN; ZAID, 2002).

Entre as operações ao nível do solo, pode se considerar também a gestão de resíduos (folhas velhas, etc.) e a retirada do material acumulado dentro das plantações. Adubação durante transplante: Antes de realizar o transplante do rebento ou muda derivada da cultura de tecidos, deve se ser preparada uma cova de plantio para garantir que as necessidades de nutrientes da pequena planta sejam satisfeitas uma vez que ela tenha sido plantada no campo. Além disso, a aplicação de fertilizantes nesta fase também serve como medida de melhoria do solo, adicionando nutrientes a um solo possivelmente pobre. As quantidades exatas e os tipos de fertilizantes a serem aplicados serão determinados pela análise do solo. Ao cavar o buraco, certifique se de que os solos superiores e inferiores estejam separados, pois os fertilizantes são misturados com o solo superior.

Recomendação geral:

10 a 15 kg de esterco (boa qualidade, devidamente curtido e seco);

0,7 kg Superfosfato Duplo;

15 kg de Gesso (caso o solo esteja com teor elevado de sódio);

1,25 kg Sulfato de amônia; e

1,08 kg Cloreto de potássio.

O sulfato de amônia e cloreto de potássio pode ser misturado na superfície do solo junto com o restante dos produtos ou pode ser aplicado através do sistema de irrigação após o

Capítulo I | 181

transplante. É importante notar que nitrogênio e potássio devem ser aplicados separadamente com dois ou três ciclos de irrigação entre eles.

Método manual. Este método é usado ao aplicar fertilizantes em uma plantação onde o fertilizante não pode ser fornecido pelo sistema de irrigação. Os fertilizantes são então medidos em pequenas quantidades e aplicados manualmente nas tamareiras. O cuidado mais importante ao aplicar por esse método é garantir uma distribuição uniforme dos fertilizantes dentro da área de gotejamento da palmeira e não muito próximo à base da palmeira (Figura 85). No entanto, as desvantagens são: demorado; trabalho intensivo; pode ocorrer queimadura da raiz se não for distribuída uniformemente; e a quantidade correta de fertilizante nem sempre é aplicada.

Figura 85. Danos de fertilização em uma palmeira de cultura de tecidos Medjool de um ano em Eersbegin, (Namíbia). Foto: P. Klein e A. Zaid (2002).

Capítulo I | 182

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

As tamareiras são sensíveis à concorrência de plantas daninhas por água, luz e nutrientes, o que prejudica seu bom desenvolvimento, daí a grande necessidade de se fazer capinas e escarificações relativamente frequentes, tantas quantas forem necessárias. As plantas daninhas se mostram mais prejudiciais no início do desenvolvimento das tamareiras, quando a concorrência se estabelece mais intensivamente (MUNIER, 1973).

O controle de plantas daninhas pode ser feito através de capinas (manuais, roçadas, escarificações, mecânica, gradagem), mulching e com uso de herbicidas. Em qualquer método utilizado para combater as plantas daninhas, devem ser evitados danos às plantas durante a operação de limpeza.

Mulching. As ervas daninhas podem ser controladas por cobertura morta usada apenas no coroamento sob a planta (Figura 86). A importância da cobertura morta não é apenas pelo seu efeito na melhoria do rendimentoe qualidade das tâmaras, mas também peloseu efeito de resfriamento que aumenta a atividade das raízes,economizando uma quantidade considerável de água, reduzindo a evaporação e o controle de ervas daninhas.

Figura 86. Utilização de cobertura morta em redor da tamareira (coroamento). Foto: Rashid Al Yahyai (2018).

Capítulo I | 183

Vantagens do mulching Regula a temperatura do solo através do isolamento, absorção de calor e sombreamento. Aumenta a disponibilidade de água e nutrientes e melhora o crescimento das raízes

Conserva a umidade do solo

Redução da temperatura e evaporação

Reduz a erosão do solo

Controle de ervas daninhas

Fonte de matéria orgânica e nutrientes.

Desvantagens:

Pode abrigar pragas, doenças, roedores e outros animais nocivos

As raízes podem crescer na cobertura morta se forem excessivas

Facilmente danificado por produtos químicos

Herbicidas: Os herbicidas podem ser utilizados, recomendando se, no entanto, cuidado no seu manuseio, pois as tamareiras possuem raízes fasciculadas não muito profundas quando irrigadas, e folhas sensíveis. Portanto, só se deve utilizar herbicidas quando a planta alcançar uma altura que as folhas não sejam atingidas (aproximadamente 2 m (CARPENTER, 1981). Herbicidas do tipo dessecante (contato) à base de paraquat/diquat são adequados para controlar ervas daninhas em cultivo de tamareira.

Enrelvamento. O enrelvamento entre as fileiras de tamareiras é um sistema de controle que permite aumentar a proporção de solo coberto por leguminosas e gramíneas, beneficiando assim a palmeira (Figura 87), visto que aumenta a infiltração de água no solo, principalmente no início da estação chuvosa e diminuiu as perdas de água por evaporação na estação seca, particularmente em anos de precipitação reduzida.

Capítulo I | 184

Pastoreio do pomar de palmeiras. O pastoreio pode ser também um método de controle da vegetação herbácea no cultivo comercial de tamareira. Os produtores de tâmara usam ovelhas para ajudar no manejo de ervas daninhas (Figura 88). Em Israel, os burros são usados para pastar as ervas daninhas no pomar de tamareira. Isso é necessário por vários motivos, inclusive para manter as pragas fora dos pomares e longe das frutas em crescimento, bem como limpar as fileiras para irrigação por inundação (nos campos onde isso é usado).

Capítulo I | 185
Figura 87. Enrelvamento com gramínea entre as fileiras de tamareiras. Foto: Rashid Al Yahyai (2018).

Figura 88. Controle de plantas daninhasem pomares de tamareira com o pastoreioovino. Foto: Marianna Merritt (2021).

DOENÇAS E PRAGAS

A tamareira é conhecida por ser muito sensível às operações de campo. A produção e a saúde da árvore são relativas à atenção dos produtores. Diversas operações de campo, incluindo a escolha de rebentos, espaçamento, adubação, irrigação, desbaste de frutos, poda de folhas e colheita são importantes práticas de campo. As operações de cultivo, se bem conduzidas, podem reduzir a infestação de pragas em tamareiras e frutos, melhorar a saúde da tamareira e sua produção. É essencial adotar as melhores práticas para evitar muitas infestações de fungos e pragas e reduzir a perda da produção de tamareiras em até 30 40%. A praga Gorgulho Vermelho da Palmeira (Rhynchophorus ferrugineus) se espalhou rapidamente do Leste a Oeste durante 30 anos passados e foi relatado em vários paísesprodutoresde tâmarasda região.Estudosrealizadosna área de cultivoda tamareira confirmaram que as práticas de cultivo da tamareira adotadas, a variedade plantada, o método de irrigação (inundação/gotejamento), a densidade da palmeira, a sanitização da lavoura e do campo, a poda das frondes e a retirada de ramos impactaram significativamente o estabelecimento e nível de infestação subsequente devido ao gorgulho vermelho da palmeira na tamareira.

Capítulo I | 186

1. Doenças

-Botryodiplodia theobromae. É um fungo que em condições de umidade adequadas é patogênico para Phoenix dactylifera. Os sintomas que produz são folhas com pontas e áreas secas, manchas necróticas elípticas na raque, nos folíolos e na sua área de inserção, e a formação de pequenas pústulas de cor escura, picnídios, no tecido morto.

É uma doença que, embora geralmente não cause danos graves, em certas situações pode até causar a morte da planta.

Controle.

No viveiro será necessário evitar a umidade excessiva.

Em plantas adultas recomenda se remover as folhas velhas por meio de uma poda sanitária que favoreça a aeração da copa.

O manejo cuidadoso das plantas é recomendado para reduzir as feridas que favorecem a infecção deste fungo.

Elimine os restos de plantas infectadas, pois nelas se formam facilmente conídios que podem disseminar a doença.

O combate químico centra se em tratamentos para a parte aérea à base de: Benomyl, Carbendazime ou Propiconazol.

Doença de Bayoud. O nome bayoud vem da palavra árabe, "abiadh", que significa branco, que se refere ao branqueamento das folhas das palmeiras doentes (Figura 89).

Esta doença foi relatada pela primeira vez em 1870 em Zagora-Marrocos. Em 1940, já havia afetado várias plantações de tâmaras e, após um século, a doença afetou praticamente todos os palmeirais marroquinos, bem como os do Saara argelino ocidental e central (KILLIAN; MAIRE, 1930; TOUTAIN, 1967).

Capítulo I | 187

Figura 89. a) Os sintomas de Bayoud aparecem em uma ou mais folhas da copa do meio e b) Os sintomas de Bayoud avançam para a copa central. Fotos: A. Zaid et al. (2002).

A doença de Bayoud causa danos consideráveis que às vezes podem assumir proporções espetaculares quando a doença apresenta seu aspecto epidêmico violento. Bayoud destruiu em um século mais de doze milhões de palmeiras no Marrocos e três milhões na Argélia. Bayoud destruiu as variedades mais conhecidas do mundo que são suscetíveis à doença e particularmente aquelas que produzem frutas de alta qualidade e quantidade (Medjool, Deglet Nour, BouFegouss). Também acelerou o fenômeno da desertificação. O resultado é um influxo de agricultores que abandonaram suas terras e se mudaram para grandes centros urbanos.

A propagação contínua do bayoud põe em evidência o problema que ameaça as importantes plantações de Deglet Nour e Ghars em Oued Rhir, Zibans na Argélia e mesmo na Tunísia, atualmente indemne (ileso) da doença, mas com 70 % a 80 % das áreas de tamareiras sob variedades suscetíveis a ele. A doença do bayoud ataca igualmente palmeiras maduras e jovens, bem como os rebentos em sua base (SAAIDI, 1979).

Sintomas externos: O primeiro sintoma da doença aparece em uma folha de palmeira da copa do meio. Esta folha assume uma tonalidade plúmbea (cinza acinzentado) e depois murcha, de baixo para cima, de uma forma muito particular: alguns folíolos ou espinhos situados num dos lados da folha murcham progressivamente desde a base até ao ápice.

Capítulo I | 188

Após um lado ter sido afetado, o clareamento começa no outro lado, progredindo desta vez na direção oposta do topo da folha para a base.

Uma mancha marrom aparece longitudinalmente na face dorsal da raque e avança da base até a ponta da folhagem, correspondendo à passagem do micélio nos feixes vasculares da raque. Depois, a folhagem apresenta um arco característico, semelhante a uma pena molhada e pende ao longo do tronco. Este processo de branqueamento e morte dos folíolos pode levar de alguns dias a várias semanas.

A mesma sucessão de sintomas começa então a aparecer nas folhas adjacentes. A doença avança inelutavelmente e a palmeira morre quando o broto terminal é afetado. A palma pode morrer a qualquer momento de várias semanas a vários meses após o aparecimento dos primeiros sintomas. A rápida evolução dos sintomas depende principalmente das condições de plantio e da variedade.

Sintomas internos: Uns pequenos números de raízes infectadas pela doença, de cor avermelhada, são revelados quando uma palmeira afetada é arrancada. As manchas são grandes e numerosas em direção à base do estipe. À medida que avançam em direção às partes superiores da palma, os feixes condutores coloridos se separam e seu caminho complicado dentro dos tecidos saudáveis pode ser seguido.

As folhas das palmeiras que manifestam sintomas externos exibem uma cor marrom avermelhada quando cortadas, mostrando os feixes condutores altamente coloridos. Há, portanto, uma continuidade de sintomas vasculares que vão desde as raízes da palmeira até as pontas das folhas da palmeira. A observação dos sintomas é necessária para reconhecer o bayoud, mas para identificar esta doença com certeza, as amostras das frondes afetadas devem ser analisadas por um laboratório especializado.

Patógeno. O organismo causal responsável pelo bayoud é um fungo microscópico que pertence à micoflora do solo e é denominado Fusarium oxysporum forma specialis albedinis (KILLIAN; MAIRE, 1930; MALENÇON, 1934 e 1936). O Fusarium oxysporum f. sp. albedinis é preservado na forma de clamidósporos nos tecidos mortos da palmeira infectada, especialmente nas raízes mortas pela doença e no solo.

A contaminação ocorre regularmente de palma para palma e mais rapidamente à medida que a quantidade de irrigação aumenta. O aparecimento da doença em locais distantes da área original infectada é causado principalmente pelo transporte de rebentos infectados

Capítulo I | 189

ou fragmentos de palmeiras que abrigam o fungo. Muitas plantas são frequentemente cultivadas como consórcios em palmeirais, notadamente luzerna (Medicago sativa L.; alfafa), henna (Lawsonia inermis L.) e vegetais (BULT et al., 1967; DJERBI et al., 1985; LOUVET; TOUTAIN., 1973). Essas plantas podem abrigar o organismo bayoud sem manifestar nenhum sintoma (portadores assintomáticos).

Controle químico. O tratamento do solo desse tipo de doença está destinado, a priori, ao fracasso e, portanto, deve ser evitado. O controle químico pode, no entanto, ser viável no caso da descoberta de fontes primárias de infecção em uma área saudável. Neste caso, as técnicas de erradicação devem ser usadas: as palmeiras são desenraizadas e incineradas no local. O solo é então tratado com brometo de metila ou cloropicrina e a área fechada com replantio proibido até novo aviso.

Controle cultural. Como os fatores que favorecem o alto rendimento das tamareiras (irrigação, fertilização, etc.) são os mesmos que favorecem o crescimento do fungo, as técnicas culturais não são aconselhadas. No entanto, uma redução significativa na quantidade de irrigação pode retardar o avanço da infecção, ou seja, interrompendo a irrigação entre osmeses de maio e outubro, durante a estação quente no Hemisfério Norte (PEREAU LEROY, 1958).

Como a contaminação ocorre principalmente pelo contato com as raízes, as palmeiras livres de doenças podem ser isoladas cavando uma vala de 2 m de profundidade ao seu redor. A água deve ser fornecida por uma calha ligando o resto do bosque a esta parcela isolada. Nessas condições, essas palmeiras podem ser protegidas por mais de 10 anos (DJERBI, 1983).

Doença da queimadura negra. A queimadura negra, também chamada de Medjnoon ou doença do tolo, é causada por Ceratocystis paradoxa (Hohn), que é a forma perfeita de Thielaviopsis paradoxa.

A queimadura negra foi observada em tamareiras em todas as áreas de cultivo de tâmaras do mundo. Os sintomas são geralmente expressos em quatro formas distintas: queima preta nas folhas, crestamento das inflorescências, podridão do bulbo ou do tronco e podridão das gemas em palmeiras de todas as idades. As infecções são todas caracterizadas por necrose parcial a completa dos tecidos. As lesões típicas são marrom

Capítulo I | 190

escuras a pretas, duras, carbonáceas e, como massa, conferem aos pecíolos, ramos e talos de frutos uma aparência chamuscada, semelhante a carvão (Figura 90a, b)

Figura 90. Sintomas de queimadura preta (Thielaviopsis paradoxa) em tamareira; e b). Observa-se o efeito de nanismo em uma folhagem jovem de palmeira Medjool derivada de cultura de tecidos de um ano de idade em Naute (Namíbia). Fotos: El Gariani et al. (2007); A. Zaid et al. (2002). A deterioração é mais grave quando ataca o botão terminal e o bulbo levando à morte da palmeira. Algumas palmeiras se recuperam, provavelmente pelo desenvolvimento de um broto lateral dasporçõesnãolesadasdotecidomeristemático.Essaspalmasmostramuma curva característica na região da infecção. É por isso que é chamado de Medjnoon. Eles atrasaram ocrescimentonormal emváriosanos. AsvariedadesMedjoole Barhee também são suscetíveis à doença.

Uma boa higienização é o primeiro passo no controle da queimadura preta. As frondes, bases foliares e inflorescências afetadas devem ser podadas, coletadas e queimadas imediatamente. Os cortes de poda e os tecidos circundantes devem ser protegidos por pulverização com mistura de calda bordalesa, solução de cal enxofre, mistura de cal

Capítulo I | 191

sulfato de cobre, diclona, tiram ou qualquer novo fungicida à base de cobre. Sob um ataque severo, as palmas afetadas devem ser removidas e queimadas.

Manchadefolhamarrom.Amanchafoliarmarrom,assimcomooutrasdoençascomuns da tamareira, também foi observada no Norte da África e no Oriente Médio (RIEUF, 1968).Aslesõesescurassãoclaramentedelimitadasnasfolhasverdes,enasfolhasmortas a margem da lesão permanece avermelhada/marrom à medida que o centro fica pálido. As lesões também ocorrem na raque, folíolo e espinhos (Figuras 91a, b, c). A mancha marrom da folha é causada por Mycosphaerella tassiana (De Not) Johns.

Figura 91. Mancha marrom causada por Mycosphaerella tassiana (De Note) John em três diferentes estágios de ataque: cedo, médio e tardio. Fotos: A. Zaid et al. (2002). Por ser uma doença de pouca importância significativa, nenhum tratamento é recomendado. No entanto, aconselha se a poda anual das folhas velhas infectadas e a sua queima imediata.

Doença de diplodia. A doença de Diplodia, causada por Diplodia phoenicum (Sacc), foi registradaem20variedadesde tâmarasemtodoo mundo,embora pareça sermaiscomum em Deglet Nour. Os sintomas são graves nos rebentos radiculares e são caracterizados pela morte, enquanto ainda estão presos à palmeira mãe ou depois de serem removidos e plantados. O fungo pode infectar as folhas externas e finalmente matar as folhas mais jovens e o broto terminal; ou a copa central pode ser infectada e morrer antes das folhas

Capítulo I | 192

mais velhas. Faixas marrom amareladas se estendem ao longo da base da folha (Figura 92).

Figura 92. Fungo Diplodia phoencium associado a folhas de tamareira. Foto: El Gariani et al. (2007). Nas folhas de palmeiras mais velhas, a porção média ventral dos caules é comumente afetada, apresentando estrias marrom amareladas, de 15 cm a mais de um metro de comprimento, estendendo se ao longo da base da folha e da raque. A parte superior das folhas, no entanto, ainda pode parecer verde e não afetada.

Como o fungo geralmente entra na palma através de feridas feitas durante a poda oucorte ao retirar os rebentos, uma precaução é desinfetar todas as ferramentas e superfícies de corte. Mergulhar ou pulverizar os rebentos com vários produtos químicos (benomil, mistura de calda bordalesa, metiltiofanato, tiram e outros fungicidas à base de cobre) mostrou se eficaz contra a doença.

Capítulo I | 193

Mancha de Graphiola. Amancha foliarde Graphiolaé causada por Graphiola phoenicis (Moug) Poit., que é um fungo de carvão. Desenvolve se subepidérmica, em pequenas manchas em ambos os lados das folhas dos folíolos, na raque e na base da folha (Figura 93). As numerosas estruturas de frutificação emergem como pequenos soros amarelos/marrons a pretos, de 1 a 3 mm de diâmetro, com duas camadas. Esses soros são abundantes em folhas de três anos, conspícuos em folhas de dois anos, mas ausentes ou infrequentes em folhas de um ano. Isso ocorre devido ao ciclo de incubação de 10 a 11 meses para esse patógeno. Em uma folha, os soros são abundantes nos folíolos apicais, menos abundantes na seção intermediária, tornando se ainda menos na seção basal da folha.

A vida normal de 6 a 8 anos das folhas das tamareiras será reduzida para 3 anos pela doença de Graphiola e as folhas fortemente infectadas morrem prematuramente, o que consequentemente reduz o rendimento da palmeira.

A doença da mancha foliar de Graphiola é mais comum no Egito (região do Delta e Fayum), mas ausente nos oásis menos úmidos. Na Arábia Saudita,é abundante em Kattif, Demam e Jeddah, mas ausente no Iraque. Relatos desta doença também se originam da Argélia e dos EUA. Em todo o mundo é a doença mais disseminada e ocorre onde a

Capítulo I | 194
Figura 93. Fungo Graphiola phoenicis associado a folhas de tamareira. Foto: El Gariani et al. (2007).

tamareira é cultivada em condições húmidas principalmente áreas marginais de cultivo de tâmaras (costa mediterrânica), mas também nas regiões mais húmidas do sul do Mali, Mauritânia, Níger e Senegal.

As medidas de controle incluem a poda foliar associada ao tratamento com calda bordalesa ou qualquer fungicida de grande espectro (mancozebe, hidróxido cúprico, hidróxido cúprico + maneb, ou oxicloreto de cobre + maneb + zineb; 3 a 4 aplicações em esquema de 15 dias após, esporulação, foi recomendado). A tolerância genética foi encontrada em algumas variedades (Barhee, Adbad, Rahman, Gizaz, Iteema, Khastawy, Jouzi e Tadala).

Doença de Khamedj. Khamedj ou Kerot inflorescência é uma doença grave que afeta a maioria das áreas de cultivo de tâmaras do velho mundo. Causa danos em inflorescências em palmeirais negligenciadas em regiões quentes e úmidas, ou em áreas com períodos prolongados de chuva forte, 2 a 3 meses antes da emergência das espatas. A doença pode reaparecer a cada ano na mesma palmeira com a mesma intensidade e estima se que, em casos graves, sejam perdidos de 30 a 40 kg de frutos anualmente (CHABROLIN, 1928).

Durante 1948 1949 e 1977 1978 ocorreram graves surtos no Iraque em Basrah, afetando palmeiras masculinas e femininas e destruindo 80% da colheita (AL HASSAN; WALEED, 1977). Danos graves também foram reconhecidos em Katif no Reino da Arábia Saudita em 1983, com perdas variando de 50 a 70%.

A doença é causada pela Mauginiella scattae Cav., que é sempre encontrada em estado puro nos tecidos afetados (Figura 94). No entanto, Fusarium moniliforme e Thielaviopsis paradoxa raramente podem causar apodrecimento da inflorescência.

Capítulo I | 195

O primeiro sintoma visível da doença aparece na superfície externa das espatas fechadas e apresenta se na forma de uma área acastanhada ou cor de ferrugem. É mais aparente na face interna da espata, onde o fungo já começou a infectar a inflorescência. Quando as espatas infectadas se dividem, elas revelam a destruição parcial ou completa das flores e dos fios. Espatas severamente danificadas podem permanecer fechadas e seu conteúdo interno pode ser completamente infectado. As inflorescências tornam se secas e cobertas de frutificação pulverulenta do fungo.

A transmissão da doença de uma palma para outra ocorre pela contaminação das inflorescênciasmasculinasdurante operíodo de polinização.Ainfecçãodainflorescência jovem ocorre precocemente e acontece quando a espata ainda está escondida nas bases das folhas. O fungo penetra diretamente na espata e depois atinge as inflorescências onde o fungo esporula abundantemente.

Capítulo I | 196
Figura 94 Podridão da inflorescência causada por Mauginiella scaettae em tamareira. Foto: El Gariani et al. (2007).

O aparecimento frequente da doença em plantações de tâmaras negligenciadas indica que um bom saneamento e manutenção eficiente é o primeiro passo no controle da doença de Khamedj. A coleta e queima de todas as inflorescências e espatas infectadas deve ser seguida de tratamento das palmeiras doentes com os seguintes fungicidas após a colheita e um mês antes da emergência das espatas: uma mistura bordalesa ou cobre (1/3), sulfato de cal (2/3) ou uma pulverização de diclono a 3% ou uma pulverização de tirame a 4% na taxa de 8 litros por palma ou com benonil e tuzet na taxa de 125 g/ha (AL HASSAN et al., 1977).

Algumas variedades são particularmente suscetíveis à doença Khamedj: Medjool, Ghars, Khadrawy e Sayer. Outros manifestam uma boa capacidade de resistência: Hallawi, Zahdi, Hamrain e Takermest (LAVILLE, 1973).

Omphalia podridão da raiz. A podridão radicular de Omphalia foi registrada na Califórnia, EUA e na Mauritânia por Fawcett e Klotz (1932) e Bliss (1944), respectivamente. Também é chamada de doença do declínio por causa de sua associação com palmeiras em declínio.

Quatro variedades da Mauritânia (Ahmar, Marsij, Mrizigueg e Tinterguel) foram consideradas suscetíveis a esta doença por Sachs (1967). Ao contrário de outras variedades de tâmaras plantadas na Califórnia, a Deglet Nour apresentou a menor taxa de infecção.

Duas espécies de Omphalia (O. tralucida Bliss e O. pigmentata Bliss) causam a doença e são amplamente disseminadas em plantações de tâmaras de Coachella Valley, CA EUA e em Kankossa (Mauritânia) (DJERBI, 1983).

A morte prematura das frondes seguida de retardo e cessação do crescimento são as principais características da doença seguidas de necrose e destruição das raízes. Um estágio completamente improdutivo é o resultado do ataque.

O uso de Brestan ou Dexon na proporção de uma pulverização a cada duas semanas durante oito semanas foi recomendado por Sachs (1967) como medida de controle químico.

Doença de Belaat. A doença de Belâat foi relatada por vários autores e de vários países do Norte da África (Argélia, Marrocos, Tunísia, etc.) (MAIRE, 1935; MONCIERO, 1947; CALCAT, 1959; TOUTAIN, 1967). Todo o aglomerado de frondes jovens vão

Capítulo I | 197

clarear e morrer como resultado do ataque, seguido pela infecção e morte do broto terminal (Figura 95). Acompanhada por organismos secundários, a infecção irá progredir para baixo no tronco como uma forma cônica de coração úmido, liberando um odor de fermentação acética e butírica.

Figura 95. Uma tamareira adulta com o ápice terminal totalmente morto destruído pela doença de Belaat. Foto: A. Zaid et al. (2002).

A doença de Belaat é causada por Phytophtora sp. semelhante a P. palmivora (DJERBI, 1983). A manutenção eficiente das plantações de tâmaras é altamente recomendada para evitar ataques desta doença. A pulverização com mistura de maneb ou calda bordalesa na proporção de 8 litros/palmeira pode controlar a doença em seus estágios iniciais. Os rebentos das palmas afetados geralmente permanecem saudáveis.

2. Pragas

Traça de amêndoa [Ephestia cautella (Walker)]. A traça da amêndoa é a praga pós colheita mais importante de tâmaras em todo o mundo, com infestação de até 90% relatada em algumas áreas. A mariposa é uma praga séria na Arábia Saudita, Iraque, Egito, Argélia, Marrocos, Líbia e Sudão. Informações abrangentes sobre a biologia da praga foram fornecidas por Moore (2001). A fêmea põe ovos nos cachos de tâmaras,

Capítulo I | 198

especialmente nas variedades de maturação tardia. Os ovos podem ser colocados individualmente ou em cachos em frutas caídas, armazéns, empacotadores e fábricas. Os ovoseclodem em 3 a 4diase aslarvastotalmentecrescidaspodem atingir15mm.Alarva tem coloração branca cremosa com pelos finos em seu corpo. Existem cinco ínstares larvaise o período larval dura 3 semanas.A pupa tem cerca de 1 cm de comprimento com coloração marrom e geralmente é encontrada em casulos de seda. O período pupal é de cerca de 7 dias e há quatro a cinco gerações em um ano, dependendo das condições ambientais prevalecentes. Estas insetos causas enormes perdas econômicas, pois a mariposa da amêndoa, com sua adaptabilidade fisiológica, é um dos insetos mais destrutivos de materiais armazenados, como figo seco, farinha de trigo, frutas secas de chocolate, nozes, grãos e tâmaras (SINGH; MOORE, 1985; Figura 96). As larvas causam danos consideráveis ao se alimentarem e/ou contaminando os alimentos armazenados com cadáveres e seus próprios produtos, por exemplo, excrementos, teias, seda e fezes; os adultos não causam danos, pois se alimentam de alimentos líquidos e/ou não se alimentam, mas seus corpos podem se tornar indesejáveis.

Figura 96. Traça de amêndoa [Ephestia cautella (Walker)]. Foto: Russell IPM. Traça de passa [Cadra figulilella (Gregson)]. A mariposa da passa é encontrada no Norte da África, no Oriente Médio e nos EUA, particularmente na Califórnia, onde ataca apenas o cultivo de frutas; enquanto é uma importante praga de armazenamento no Norte da África e no Oriente Médio (MOORE, 2001).

A mariposa adulta é de cor cinza e aproximadamente 1 cm de comprimento, com faixas escuras obscuras e manchas nas asas anteriores (Figura 97). A pupa é marrom e tem

Capítulo I | 199

casulo de seda. Os adultos são ativos durante o início da noite e permanecem em áreas protegidas sombreadas durante o dia (CARPENTER; ELMER, 1978). A presença de larvas em frutos caídos auxilia no desenvolvimento da praga durante todo o ano sem a necessidade de hospedeiros alternativos. A fêmea põe cerca de 100 200 ovos na superfície das tâmaras, que incubam em 3 4 dias a 30 ◦C; o período larval e pupal é de 51 a 61 dias. Frutos maduros são atacados tanto no solo quanto em cachos nas palmeiras. As perdas por esta praga podem chegar a 50%. As larvas podem ser encontradas o ano todo na plantação de tâmaras, em frutos caídos e em decomposição; enquanto que frutos em cachos são atacados somente após o amadurecimento (KEHAT et al., 1969).

Besouros de seiva (Nitidulídeos). Besouros de seiva são pragas de muitas culturas agrícolas, incluindo tâmaras em todo o mundo (CARPENTER; ELMER, 1978). Os adultos do besouro da fruta seca Carpophilus henipterus são castanhos, castanho pretos ou pretos, com élitros curtos truncados que cobrem apenas parcialmente o abdómen. As pernas são amareladas. As antenas são de 11 segmentos. O corpo tem 2 4 mm de comprimento. Eles só podem ser diferenciados de outras espécies pela presença de duas manchas claras e brilhantes nos élitros (asa anterior endurecida; Figura 98). As larvas são esbranquiçadas ou amareladas com cabeças marrons e crescem até um comprimento final de 5 a 7 mm. As larvas pupam no solo e as pupas são brancas ou amarelas com 3 a 4 mm de comprimento. Os ovos são de forma elíptica esbranquiçada e 0,7 mm de comprimento. Se as tâmaras permanecerem nas palmeiras ou no armazém por um longo período, elas provavelmente ficarão infestadas de besouros de seiva. Os besouros nitidulídeos

Capítulo I | 200
Figura 97. Traça da passa [Cadra figulilella (Gregson)]. Foto: Chemtica.com

danificam as tâmaras de amadurecimento e cura nas palmeiras, no solo e no armazenamento, entrando no fruto geralmente no final do cálice e se alimentando da polpa. Várias gerações podem ser produzidas durante o armazenamento prolongado. Os besouros podem voar até 4 km e são considerados pragas primárias em plantações de tâmaras e figueiras (BARTELT, 1997; BATRA; SOHI, 1972).

Figura 98. Besouros de seiva, também conhecidos como Nitidulidae, são uma família de besouros. Foto: Wikipedia. Traça da farinha indiana [Plodia interpunctella (Hubn)]. A traça da farinha é uma das pragas mais importantes de tâmaras armazenadas em todo o mundo. O inseto adulto tem cerca de 1 cm de comprimento, a metade externa da asa anterior é marrom avermelhada com manchas escuras e a parte interna é cinza com uma faixa cor de cobre separando as duas áreas (Figura 99). Os ovos são depositados na pele das tâmaras; a fêmea põe uma média de 170 ovos, que eclodem em 4 a 20 dias, o período larval é de 3 a 4 semanas e o período de pupa é de 2 a 3 semanas (HUSSAIN, 1974). A larva totalmente crescida pode atingir 13 mm e empupar entre tâmaras em cachos; a pupa tem cerca de 9 mm de comprimento.Aslarvasentram nofrutodatâmaraatravésde qualquerlesãonasuperfície, ou na extremidade do cálice do fruto, ou perfuram o fruto intacto. Preferem os frutos maduros e mais secos e inclusive atacam as tâmaras duras ou sementes (CARPENTER; ELMER, 1978). O ciclo de vida varia de 36 dias no verão a 5 meses no inverno.

Capítulo I | 201

Figura 99. Traça da farinha indiana adulta (Plodia interpunctella (Hubn). Foto: John Obermeyer Traça de alfarroba [Ectomelois ceratoniae (Zeller)]. A mariposa da alfarroba é uma praga polífaga de frutas encontrada em alfarrobeiras, amêndoas no Oriente Médio, frutas cítricas na África do Sul e em tâmaras na Califórnia (NAVARRO et al., 1986). A praga também é relatada no Norte da África (Argélia e Marrocos) (CARPENTER; ELMER, 1978). A mariposa da alfarroba tem 8 a 10 mm de comprimento, com asas brancas a cinzas cremosas e envergadura de 22 a 24 mm. Tem duas listras brilhantes em toda a largura da asa (Figura 100). As asas traseiras são cinza branco com veias castanho claras. Os ovos são elípticos e alongados (0,75 × 0,5 mm), esbranquiçados na oviposição e tornando se posteriormente marrom avermelhados. A larva é de cor rosada com cabeça marrom e pode atingir cerca de 15 mm de comprimento. Há pequenas saliências marrom escuras no dorso da larva. Os ovos eclodem em 3 a 7 dias e o estágio larval pode levar de 1 a 8 meses. A pupação ocorre no local de alimentação das larvas. A vida adulta é de 3 a 6 dias, durante os quais a fêmea põe de 60 a 120 ovos (CARPENTER; ELMER, 1978). Este inseto degrada as tâmaras armazenadas e causa perda de peso e diminuição do valor econômico das tâmaras.

Capítulo I | 202

Besouro de dente de serra [Oryzaephilus surinamensis (L.)]. Os besouros de grãos com dentes de serra ocorrem em todas as áreas de cultivo de tâmaras do Velho Mundo e são comumente relatados como pragas menores. São insetos típicos de empacotamento e armazenamento e raramente encontrados em tâmaras recém colhidas (HUSSAIN, 1974). Eles são controlados com sucesso por saneamento em packinghouses e por fumigação. O besouro é achatado, marrom avermelhado e tem cerca de 2,5 a 3,5 mm de comprimento (Figura 101). A fêmea põe em média 300 ovos individualmente ou em pequenos lotes dentro do material alimentar. Os ovos eclodem em cerca de 8 dias e as larvas e a pupa amadurecem em cerca de 37 e 67 dias, respectivamente. O ciclo de vida pode ser concluídoem 51 diasou em 27 a 35dias.Essesbesouros são planose capazesde mastigar caixas de papel ou papelão fechadas, através de embalagens embrulhadas em celofane, plástico e papel alumínio. Uma vez lá dentro, as populações se acumulam rapidamente, muitas vezes se espalhando para outros produtos armazenados. O besouro mercante de grãos, Oryzaephilus mercator (Fauvel) está intimamente associado ao besouro de grãos dente de serra. É difícil separar morfologicamente esses dois besouros, no entanto, sob ampliação, o besouro de grão de serra tem olhos expostos, enquanto o besouro de grão comerciante tem os olhos mais protegidos por pequenos botões atrás dos olhos. Além disso, a cabeça é mais triangular no besouro de grãos mercante (HALSTEAD, 1980; JACOB, 1981).

Capítulo I | 203
Figura 100. Mariposa de alfarroba [Ectomelois ceratoniae (Zeller)].

Figura 101.

(L.)]. Foto:

Obermeyer. - Cochonilha vermelha da palma (Phoenicococcus marlatti). A cochonilha vermelha é uma espécie subsaariana distribuída noNorte da África (Figura 102).NosEstados Unidos foi introduzido em 1985 e na Espanha expandiu se ao longo da década de 1990.

Capítulo I | 204
Besouro de grão serrado ([Oryzaephilus surinamensis John Figura 102. Cochonilha vermelha da palma vermelha (Phonicoccus marlatti).

Esta praga está localizada na base das folhas tenras e adultas, sempre em áreas profundas e abrigadas da luz. Também se localizam na base da folha que, ao ser cortada, permanece no tronco, na área úmida. Não causa a morte da planta, embora possa enfraquecê la ou secar algumas de suas folhas.

Controle

Inimigos naturais como Pharoscymnus anchorago no Norte da África.

Tratamentos químicos à base de Clorpirifós ou Propoxur em pulverização (Figura 103) ou Metil Parathion em pó.

Figure 103. Pulverização de pesticidas para manejo em grande escala de produção. Escama branca. A escama branca, causada por Parlatoria blanchardii Targ., está amplamente presente na maioria das áreas de cultivo de tamareiras do mundo, exceto nos EUA, onde foi erradicada em 1936, e em alguns países do Hemisfério Sul (Namíbia e RSA). É considerada uma praga séria na Argélia, Kuwait, Líbia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia. Iraque,Omã,Arábia Saudita e Sudão consideram esta praga moderada,enquanto Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Iêmen a consideram uma praga de pouca importância.

O dano por escama branca é muito grave em palmeiras jovens entre dois e oito anos de idade, mas mesmo sob ataques severos, a palmeira e seus ramos não morrem. Ninfas e adultos sugam a seiva do folíolo, nervura central e das tâmaras. Sob cada escama, uma

Capítulo I | 205

área descolorida aparece no folíolo. A forte infestação faz com que os folíolos fiquem amarelos e contribua para a morte prematura das folhas (Figura 104).

Figura 104. Cobertura total da folha da palmeira e raque pela Escama branca (Parlatoria blanchardi Target). Foto: A. Zaid et al. (2002).

O controle químico parece ser realizado ocasionalmente em plantações jovens. São utilizados óleos minerais (DJERBI, 1994).

Bicudo da palma (Diocalandra frumenti). É um besouro que provoca o ressecamento das folhas internas e a formação de pequenas galerias na raque da folha que podem afetar os feixes vasculares, neste caso causando sérios danos à palmeira (Figura 105) No corte da poda a superfície peneirada é apreciada pelos furos das galerias. Em seis a oito meses, uma palmeira infectada murcha e morre.

Capítulo I | 206

Figura 105. Bicudo da palma (Diocalandra frumenti). Controle

.

Realizar tratamentos à base de Carbaril, apresentado como pó molhável.

Curculionídeo ferruginoso (Rhynchophorus ferrugineus). Este curculionídeo é nativo das áreas tropicais do Sudeste Asiático e da Polinésia. Ele está localizado dentro da palmeira e pode causar a morte da palma afetada. O inseto adulto é um besouro avermelhado, entre 2 5 mm e possui duas antenas que lhe conferem a forma de um tridente (Figura 106). O adulto é atraído por substâncias emitidas pela planta lesada (kairomone), e se o local for apropriado, emitirá feromônios de agregação que atrairão novos adultos.

Figura 106. Curculionídeo ferruginoso (Rhynchophorus ferrugineus). Foto: Wikipédia.

Capítulo I | 207

Os sintomas se manifestam com torção das folhas mais externas do nervo central que adquirem uma cor palha ou caem.

Controle.

Efetuar o monitoramento do voo dos adultos e confirmar sua presença por meio de armadilhas com atrativos sintéticos (feromônios de agregação e sinergistas vegetais ou cairomônios).

Destruir os pés afetados para evitar a saída de adultos e a sua dispersão.

Coccotrypes dactyliperda. É um Scolytidae com ampla distribuição na área mediterrânea.Porumlado,esteinsetodanificaofrutoetambémassementes,sendoassim uma fonte de inoculo. O indivíduo adulto perfura o fruto e o caroço onde põe os ovos, e a larva danifica o caroço e a plântula recém germinada. Os furos podem ser vistos nas tâmaras afetadas e causam a queda de frutos imaturos.

Controle.

Efetuar tratamentos do solo com Lindano, Malathion, Clorpirifós, de forma controlada para evitar fitotoxicidade e aparecimento de resistência.

Tratar as sementes com fosforeto de alumínio antes da semeadura.

As partes infectadas devem ser removidas.

Apate monachus. É um besouro que causa enormes danos às palmeiras no Norte da África. É de cor marrom escuro brilhante e geralmente ataca principalmente palmeiras jovens(Figura 107).Aslarvasperfuram galeriasnasnervurasprincipaisdasfolhas, dando origem a um amarelecimento progressivo das folhas até finalmente secarem. Essas galerias são de dimensões consideráveis, e em cada uma delas pode haver várias larvas. Contra esses danos, a palmeira se defende emitindo uma substância espessa e borrachosa.

Capítulo I | 208

Figura 107 Apate monachus. Foto: P. Zagatti.

Controle.

Remoção e queima de material infectado.

Infestação de insetos nos frutos armazenados. Os insetos de armazenamento, se não forem controlados, podem devastar as tâmaras quantitativa e qualitativamente. Os insetos mais comuns são as brocas (Ectomyeloïs ceratoniae Zeller.; Plodia interpunctella Hbn., Cadra cautella Walk. e Cadra figulilella Greg.) e os gorgulhos (Oryzaephilus surinamensis, Tribolium confusum e Carpophilus spp.) (Figura 108).

Figura 108. Tâmaras sujeitas a infestação de insetos. Fonte: Harrak (2011).

Capítulo I | 209

Desses insetos, as brocas do milho causam os maiores danos. Eles atacam os frutos maduros tanto na palmeira antes da colheita quanto durante o armazenamento em mercadorias expostas a venda ou armazéns. O desenvolvimento de insetos durante o armazenamento é favorecido por uma alta taxa inicial de infestação antes do armazenamento (ovos), alta temperatura e umidade do ar de armazenamento e alto nível de umidade das tâmaras. As tâmaras, portanto, sofrem danos muito significativos das lagartas. A estimativa de danos aos campos na maturidade antes da colheita está entre 1 e 4%, mas o dano real aos locais de armazenamento é 10 vezes maior (de 30% a 40% de perdas entre as culturas de tâmaras no Marrocos). O dano da tâmara é o resultado da alimentação das larvas em desenvolvimento dentro da fruta, deixando um resíduo de “frass” (fezes) e teias.

DISTÚRBIOS DA QUALIDADE DO FRUTO

As tâmaras são suscetíveis a dois tipos de distúrbios: (1) físicos/fisiológicos (escurecimento da cor, separação ou inchaço da pele e manchas de açúcar ou açúcaramento) e (2) patológicos (azedamento, decomposição ou fungos causadores de mofo).

O escurecimento dos frutos (além do normalmente desejado) pode ser devido ao escurecimento enzimático e não enzimático, que aumenta com maior teor de umidade e temperaturas mais altas. O escurecimento enzimático pode ser inibido em baixas concentrações de oxigênio e baixas temperaturas. Para tâmaras colhidas e comercializadas no estágio Khalal, evitar danos/contusões nos frutos é fundamental para minimizar o escurecimento enzimático. A separação da pele ou inchaço se desenvolve duranteo amadurecimentodecultivaresde tâmarasmoles,que variamem suscetibilidade. Alta temperatura e alta umidade em um estágio anterior ao início do amadurecimento podem predispor as tâmaras à separação da pele (a pele fica seca, dura, quebradiça e se separa da polpa). A mancha de açúcar ou 'açucaramento' se desenvolve como resultado da cristalização de açúcares abaixo da pele e na polpa de cultivares de tâmaras moles. Embora esse distúrbio possa não afetar o sabor, ele altera a textura e a aparência. A incidência e a gravidade da mancha de açúcar aumentam com o aumento da temperatura e do tempo de armazenamento. O armazenamento em temperaturas recomendadas minimiza esse distúrbio, que ocorre principalmente em cultivares em que a glicose e a

Capítulo I | 210

frutose são os principais açúcares. O açucaramento, se não muito severo, pode ser reduzido pelo aquecimento suave das tâmaras afetadas (RYGG, 1975; YAHIA 2004).

A deterioraçãomicrobiana pode ser causada por leveduras (mais importante em tâmaras), fungos e bactérias. Espécies de leveduras de Zygosaccharomyces são mais tolerantes ao alto teor de açúcar do que outras encontradas em tâmaras. As tâmaras infectadas com leveduras fermentam e desenvolvem um odor alcoólico. As bactérias Acetobacter podem converter o álcool em ácido acético (vinagre) resultando em azedamento de tâmaras (devido ao acúmulo de etanol e/ou ácido acético) com teor de umidade acima de 25% quando mantidasem temperaturasacima de 20 ◦Ce sua gravidade aumenta com a duração e temperatura de armazenamento. O armazenamento a baixas temperaturas reduz a incidência e a gravidade doazedamento.Osfungos (Aspergillus, Alternaria e Penicillium spp.) podem crescer em tâmaras de alta umidade, especialmente quando colhidos após chuva ou período de alta umidade. O crescimento de Aspergillus flavus em tâmaras pode resultar em contaminaçãopor aflatoxinas,o que astorna inseguras para consumo humano e não comercializáveis (TAFTI; FOOLADI, 2005; YAHIA, 2004; YAHIA; KADER, 2011).

REMOÇÃO DE CACHOS

Uma prática regularé a remoçãodecachosinteirosquandoseunúmeroporpalma é muito alto (Figura 109). Uma tamareira adulta pode produzir 20 ou mais cachos de frutos. De fato, se o número de cachos de frutos por palmeira não for reduzido a um nível adequado, a produção do próximo ano será baixa e, consequentemente, um fenômeno de alternância se estabelece.

Capítulo I | 211

Outra vantagem da remoção de cachos é manter um equilíbrio adequado entre o número de folhas e cachos de frutos. Segundo Nixon (1966), uma palmeira adulta Deglet Nour, juntamente com outras variedades de fios longos, podadas de 100 a 120 folhas (uma proporção de oito a nove folhas por cacho) é capaz de dar rendimento satisfatório sem fenômeno de alternância.

O número de cachos de frutos para uma palmeira transportar com segurança depende de sua idade, tamanho, vigor, variedade e do número de folhas verdes boas que ela carrega: Nenhuma produção de frutos nos primeiros três anos (nessa idade, o crescimento é mais importante que a produção de frutos até que a palma esteja bem estabelecida); um oudois cachos por planta no quarto ano, três ou quatro cachos no quinto ano e assim por diante.

Dependendo da variedade e das condições de cultivo, a produção total acompanhada do número e tamanho máximo de folhas geralmente é alcançada em 10 a 15 anos e, então, cerca de 10 cachos por palmeira podem ser permitidos.

Capítulo I | 212
Figura 109 Remoção de cachos inteiros quando seu número por palma é elevado. Foto: Rashid Al Yahyai (2018).

A remoção do cacho é praticada imediatamente após a frutificação. A prioridade, de cachos a serem removidos, deve ser da seguinte forma: cachos com frutificação pobre; cachos precoces e tardios: geralmente são pequenos, pouco polinizados e localizados na posição inferior e superior do nível de produção das inflorescências; cachos em grande número de um lado da palma (sua remoção garantirá o equilíbrio da palma); e cachos com pedúnculos partidos ou fios partidos.

Os pedúnculos dos cachos a serem removidos devem ser cortados bem na base (ponto de partida do estipe); a operação geralmente é realizada com um único corte, pois o pedúnculo é relativamente macio nesta parte.

PROPORÇÃO DE CACHOS DE FRUTOS-FOLHAS

Uma palmeira Deglet Nour adulta, podada de 100 a 120 folhas, é capaz de carregar anualmente de 12 a 15 cachos de frutos moderadamente desbastados sem qualquer fenômeno de alternância; a relação folha cacho é de 8 a 9 folhas para cada cacho de fruto (NIXON; CARPENTER, 1978). Resultados semelhantes foram obtidos com a cultivar Zahdi no Iraque (HUSSAIN et al., 1984). Um produtor é aconselhado a levar em consideração a variedade, o estado de suas palmeiras e as condições culturais existentes antes de determinar qual proporção de cachos folhas adotar.

Vale ressaltar que é uma operação complicada, pois o valor da folha para a palmeira diminui com a idade e não há duas folhas com a mesma idade. Além disso, as folhas com 4 anosde idade sãoapenascercade 65porcentotãoeficientesna fotossínteseporunidade de área, quanto as folhas com 1 ano de idade (NIXON; WEDDING, 1956). Em boas condições culturais, uma folha pode sustentar a produção de 1 a 1,5 kg de tâmaras. Independentemente da relação folha cacho, vários fatores podem afetar a produção de frutos: ou seja, falta de adubação e irrigação insuficiente, o que pode reduzir o número de cachos de flores e limitar a capacidade de suporte da palmeira.

Como determinar o número de folhas por palmeira. As folhas são agrupadas em 13 colunas quase verticais, espiralando ligeiramente para a esquerda em algumas palmeiras e para a direita em outras. O agricultor deve contar apenas o número de folhas em uma

Capítulo I | 213

dessas colunas e multiplicar por 13. Segundo Nixon e Carpenter (1978) e para permitir sequenciar as podas irregulares na base, as contagens poderiam ser feitas em lados opostos e divididas por dois (Figura 110).

Figura 110. Folhas de tamareiras agrupadas em 13 colunas, em espiral para a direita ou para a esquerda.

Onúmerode folhasde cada palmeira foi contadopara avaliara densidade dasfolhas.Este foi um indicador muito importante, pois uma grande quantidade de folhas pode representar um obstáculo para alcançar os cachos em diferentes posições e alturas. Por isso, foram definidas três classes de densidade principais:

Capítulo I | 214

120 folhas: Alta densidade da fronde. Os cachos estão completamente cobertos pela folhagem e é difícil alcançá los (Figura 111.a).

100 folhas: Densidade média da folhagem. Os cachos ainda estão dentro da fronde, mas é muito mais fácil alcançá los (Figura 111.b).

90 folhas: Baixa densidade da folhagem. Poucos cachos estão completamente fora da fronde e todos eles são facilmente alcançáveis (Figura 111.c).

Figura 111.a.b.c. Densidade da folhagem 120 folhas (esquerda), 100 folhas (centro) e 90 folhas (direita).

INCLINAÇÃO E SUPORTE DE CACHOS

Com a maioria das variedades de tâmaras comerciais, após a época de polinização, os cachos são puxados para baixo através das folhas, com suavidade suficiente para não quebrar nenhum dos fios, e o pedúnculo do cacho é apoiado ou suportado quando amarrado à nervura central (raque da folha) de uma das folhas inferiores para evitar a sua quebra.

Esta operação é executada quando o pedúnculo está totalmente estendido (longo o suficiente), porém ainda flexível para permitir que a parte da curvatura seja distribuída, de modo que a base não suporte todas as tensões. Isso também torna o cacho facilmente acessível para desbaste, ensacamento e/ou aplicação de pesticidas.

Aamarração pode serfeita com folíolostorcidosda palmeira,com corda oucom barbante (Figura 112). Também previne danos causados por cicatrizes e quebra dos frutos durante ventos fortes, e diminui o risco posterior de quebra do pedúnculo, sustentando o cacho à medida que o peso aumenta (NIXON; CARPENTER, 1978).

Capítulo I | 215

Após a estação de polinização, alguns dos cachos menores e posteriores nem sempre têm idade suficiente para serem amarrados quando os cachos anteriores e maiores estão prontos para tal operação, e podem ser amarrados 3 a 4 semanas depois. Em geral, o pedúnculo cresce rapidamente durante as primeiras semanas após a polinização e mostra flexibilidade e alta capacidade de flexão. Quando o alongamento cessa, é de se esperar a quebra e a perda óbvia do pedúnculo (Figura 113). Normalmente, o cacho não precisa de suporte até que o fruto atinja cerca de 3/4 do seu tamanho total. Quando o cacho de frutos amadurece, pode facilmente atingir um peso de 35 kg ou mais. Vale ressaltar que o manejo do cacho das variedades de tâmaras moles deve receber mais atenção do que o das variedades de tâmaras secas.

Capítulo I | 216
Figura 112. Suporte de cachos com barbante. Foto: Klein e De Wet (2002).

Figura 113. Quebra do pedúnculo do cacho quando não tem usado suporte do cacho.

Foto: Klein e De Wet (2002).

Com as palmeiras jovens, os cachos são mantidos fora do solo, prendendo o talo da fruta em uma extremidade de uma estaca de madeira (em forma de garfo, chamada de poste) (Figura 114).

Figure 114. Suporte de cachos em uma tamareira jovem usando uma estaca de madeira em forma de garfo. Foto: Klein e De Wet (2002).

Capítulo I | 217

PODA DE FOLHAS

Em geral, a poda na tamareira se refere a remoção de folhas velhas, mortas ou danificadas e suasbasesou bainhas (Figuras115).Asfolhaseliminadassãousadascomosubprodutos para fazer vários artesanatos, incluindo caixotes, cordas e cestos, além de fonte de combustível para aquecimento e cozimento e para a construção de casas. Usando dois tipos de ferramentas (ou seja, uma foice afiada e uma faca de colheita), a poda é realizada anualmente após a colheita e para limpar os cachos de frutas restantes, folhas mais velhas e fibras.

Figure 115. Ferramenta pneumática utilizada para poda de folhas e colheita de cachos de frutos. Foto: Klein e De Wet (2002).

Dependendo da variedade e das condições culturais, as folhas da tamareira podem permanecer vivas por pelo menos sete anos com atividade máxima durante o primeiro ano e uma diminuição final em sua capacidade fotossintética. Como as folhas não caem por conta própria, elas devem ser cortadas.

A poda é desejável para melhorar a qualidade dos frutos da tâmara e também aumentar a capacidade de suporte. De fato, quando muitas folhas (até 180 folhas/palmeira não podadas por 5 a 6 anos) são retidas e atingem abaixo do nível dos cachos de frutos, uma alta porcentagem de frutos afetados com lesão e ponta preta e de frutos nos graus secos é obtida. A lesão, que ocorre durante o meio do verão, é aumentada pela alta umidade relativa causada pelas folhas mais baixas. Além disso, essas bases de folhas inferiores provavelmente competem com os frutos e criam locais favoráveis para doenças e pragas

Capítulo I | 218

(Figura 116). A remoção das folhas até o ponto em que as extremidades inferiores da maioria dos cachos de frutas estão expostas é altamente recomendada para palmeiras adultas em plena produção.

Figura 116. a) Poda não adequada do tronco de tamareira coberto com bases lenhosas e extensas de folhagens (frondes) pode servir de abrigo de pragas e doenças; e b) Poda correta do tronco de tamareira coberto com cicatrizes da bainha das folhas. Fotos: S. Jedraszek, Universidade de Gdansk; M. Z. Paszke. A poda é praticada principalmente após a colheita dos frutos. A poda também pode ser realizada em qualquer momento conveniente entre a colheita e a floração (recomenda se o período de desbaste) e devido à maior facilidade no corte, é desejável retirá los antes que as bases fiquem duras e secas. As folhas secas, velhas penduradas e murchas ou doentes são cortadas junto com os rebentos supérfluos ou caulinares. A poda das folhas também pode ser sincronizada com a amarração dos cachos ou com o ensacamento. Recomenda se que as folhas ainda verdes não sejam podadas para aproveitar ao máximo

Capítulo I | 219

a fotossíntese. Evidências consideráveis mostram que, em igualdade de condições, a capacidade de produção de frutos de uma tamareira é proporcional ao número de folhas verdes que ela carrega.

Durante a operação de poda, os ramos indesejados também devem ser removidos para promover o crescimento daqueles que são retidos na palmeira para propagação, para facilitar o acesso à palmeira e promover o crescimento e o porte da palmeira mãe. No crescimento de ramificações muito densas, algumas das plantas pequenas podem ser ventosas (ramos ladrões) em vez de rebentos verdadeiras e devem ser descartadas.

No entanto, em região onde houver ameaça de geadas no próximo inverno, não se recomendaapodaeasfolhassãodeixadasparaproteçãodofriodasfolhasjovensetenras.

RETIRADA DE ESPINHO NA BASE DA FOLHA

Outro importante processo de poda é a retirada dos espinhos. É vantajoso remover anualmente os espinhos da base das folhasnovas para facilitara polinização e o manuseio dos cachos de frutos. Os próprios espinhos cortados são uma fonte de algum perigo, porque se alojam nas bases das copas no solo onde persistem como um perigo para o operário.

COBERTURAS DE CACHO

As coberturas ou capas de cachos de tamareiras oferecem várias vantagens e são comumente utilizadas nas áreas de cultivo de tâmaras do Novo Mundo para proteger os frutos da alta umidade e chuva, de ataques de pássaros e também de danos causados por insetos.

Proteção contra alta umidade e chuva. Em várias áreas de cultivo de tâmaras (EUA, Argélia, Tunísia, etc. no Hemisfério Norte; e na Namíbia, RSA no Hemisfério Sul), a chuva pode coincidir com a estação de amadurecimento e, consequentemente, causar severa perda de frutos. Um papel artesanal resistente marrom claro é usado nos EUA para cobrir e fornecer boa proteção ao cacho durante a estação de amadurecimento (Figura 117).

Capítulo I | 220

A proteção é aplicada aos cachos no estágio final do Kimri. As capas de papel, enroladas ao redor do cacho e amarradas ao cacho, podem ser usadas em combinação com um programa de pesticidas, porque a parte inferior do cacho não é coberta. Cobrir os cachos muito cedo pode levar à queimadura solar dos frutos jovens externos, uma vez que a cobertura é removida.

Nas variedades como Khadrawy e Hallawy, as quais têm uma copa relativamente aberta, descobriu se que as capas de papel branco causam menos queimaduras solares do que as capas de papel marrom. Os cachos de Medjool são geralmente protegidos com um saco leve de algodão branco, cuja parte superior é à prova d'água. Os sacos de plástico devem ser evitados por causa de queimaduras solares e danos causados pelo calor à fruta, bem como acúmulo de umidade.

O clima úmido resultante da umidade muito alta e/ou da chuva produzirá vários níveis de danos, dependendo do estágio de amadurecimento do fruto:

Capítulo I | 221
Figura 117. Unidade de proteção feita de papel craft para evitar danos causados pela chuva nos cachos de frutas (EUA).

Imediatamente antes do estágio Khalal, ocorrem pequenas quebras superficiais ou lesões na casca da fruta. A abundância dessas lesões e seus tipos (transversais, longitudinais ou irregulares) variam nas diferentes variedades. Quando a lesão é severa, geralmente é seguida por um escurecimento e enrugamento da ponta (ponta preta).

Na corKhalal (amareloa vermelho),quando nãoocorrea lesão,a água produzirá quebras ou rachaduras mais profundas e mais longas (fenômeno de divisão) na pele e na polpa abaixo. Além disso, o clima úmido durante o estágio Khalal também favorece o ataque de vários fungos, causando séria deterioração por podridão.

No estágio de Rutab, a umidade não causa mais ruptura da casca, mas a fruta absorve a umidade e fica pegajosa, menos atraente e mais difícil de manusear. O alto teor de umidade da fruta resultará em fermentação e azedamento que muitas vezes resulta em grandes perdas.

No estágio de Tamar, a alta umidade e chuva causam poucos danos ao fruto, exceto quando é negligenciado. O momento da proteção do cacho da chuva geralmente é quando a fruta começa a adquirir sua cor Khalal. Uma cobertura precoce aumentará a lesão e a ponta preta, porque reduz a ventilação dentro do cacho. Embora os frutos escapem de danos por molhamento real, porém os danos por umidade excessiva aumentam.

Proteção contra pássaros. Aves de várias espécies causam danos severos comendo o fruto durante o estágio de Rutab (Figura 118). Quando houver perigo de danos graves de aves, os sacos de papel, que evolvem os cachos, também devem ser protegidos por baixo com uma boa qualidade de pano poroso ou rede que exclua pássaros e insetos, mas ao mesmo tempo não interfira seriamente na ventilação da fruta.

Capítulo I | 222

Figura 118. Um cacho de frutas não protegido mostrando os danos causados pelas aves. Foto: Klein e De Wet (2002).

A importância da ventilação aumenta durante os estágios posteriores de crescimento e amadurecimento dos frutos, bem como com a frequência das chuvas e períodos de alta umidade. Se tais condições ocorrerem, é aconselhável usar uma cobertura alargada e não se estendendo para baixo nas laterais do cacho. O desbaste das mechas (fios) centrais de um cacho promoverá melhor aeração dos frutos. Anéis ou espalhadores de 15 a 30 cm de diâmetro, feitosgeralmente de arame grosso,podem serinseridosnoscentrospara manter os cachos abertos à medida que a fruta cresce. Esse acessório é recomendado principalmente para variedades de fios curtos, com frutos bastante macios. Os anéis de formato de estrela de muitas pontas (ou arame ondulado) permanecem no lugar melhor que os circulares e devem ser inseridos antes que a fruta atinja o estágio Khalal.

Capítulo I | 223

Proteção contra insetos. Os sacos retêm os frutos e fornecem alguma proteção contra pássaros, mas não impedem os insetos que infestam os frutos (CARPENTER, 1981). A menos que apenas a fruta Khalal seja colhida, os insetos podem danificar mais de 50% da fruta no estágio Rutab. As tâmaras armazenadas dessas palmeiras mostrarão grande infestação por insetos vivos e mortos. A exclusão física da maioria dos insetos pelo uso de sacos de tela é uma medida prática usada em várias localidades do Oriente Médio (CARPENTER, 1975). Mariposas e outros insetos maiores que besouros frutíferos (Nitidulidae) são excluídos. Os sacos são de tela flexível de malha 18 × 20 ou rede de sombreamento (recomenda se 80%) e têm 1,0 a 1,5 m2, dependendo dotamanho docachoa sercoberto(Figura 119).Está intimamente ligado ao pedúnculo para garantir que a água da chuva não entre e também para evitar que seja levada pelo vento. O melhor momento de sua colocação é o estágio Kimri do meio para o final.

Figura 119. Sacos de rede de sombra usados para proteger os frutos de tâmaras do ataque de pássaros e insetos (Direita: 60% e esquerda 80%). Foto: Klein e De Wet (2002).

Capítulo I | 224

O produtor de tâmaras é aconselhado a realizar o controle adequado de insetos no campo, seguido de fumigação imediata dos frutos logo após a colheita. O saneamento da casa de embalagem está intimamente relacionado ao controle de insetos no campo. A instalação de embalagem deve ser livre de insetos para evitar a reinfestação de frutas fumigadas por "insetos infestantes de frutas secas", moscas, baratas e outras pragas. Além disso, assacolaseliminama necessidade deagrotóxicosnasfrutase,assim,mantêm o controle biológico da cochonilha Parlatoria e de outros insetos.

FIXAÇÃO E RALEIO DOS FRUTOS

Crescimento e desenvolvimento de frutos. O crescimento e desenvolvimento do fruto da tamareira envolvem diversas mudanças físicas, fisiológicas e químicas, começando com a polinização e culminando na colheita. Polinização. A polinização é um dos fatores de pré colheita mais importantes que afetam a qualidade dos frutos das tâmaras (AL DELAMI; ALI, 1969). Na plantação comercial, as árvores femininas são polinizadas artificialmente (polinização manual ou mecânica) com pólen de árvores masculinas. A seleção de um bom polinizador é de primordial importância na tamareira,poisotipode pólenparental afeta o tamanhodofrutoe otempo de amadurecimento do fruto, bem como a composição química do fruto, o que é referido como metaxenia (ABBAS, 1997).

Desbaste ou raleio de frutos no filamento (espigueta ou fio), número de filamentos por cacho ou número de cachos por planta. A fixação dos frutos nas tâmaras está intimamente relacionada com a viabilidade do pólen, bem como com as temperaturas prevalecentes durante o período de polinização. A boa fruta geralmente é obtida quando a temperatura diária está na faixa de 23,9 a 26,2 ◦C (NIXON; CARPENTER, 1978). A frutificação deficiente resultante da baixa temperatura que pode ser melhorada cobrindo os cachos de flores no momento da polinização com sacos de papel (RYGG, 1975). Um conjunto de frutos de 50 80% é considerado suficiente para obter uma colheita completa. A produtividade e a produção total de tâmaras aumentam gradativamente com o aumento da relação folha/cacho (6, 8, 10 e 12 folhas/cacho). No entanto, a relação folha/cacho não teve efeito no comprimento, largura e peso das tâmaras da variedade Khlass e as diferenças entre os tratamentos não foram significativas (AL SALMAN et al., 2012).

Capítulo I | 225

Embora aumente o tamanho e a qualidade dos frutos, o raleio de cachos e frutos não é comumente praticado, exceto em raros casos em que a palmeira tem mais de 20 cachos. (AIT OUBAHOU; YAHIA, 1999). É essencial garantir uma floração adequada no ano seguinte, reduzir ou prevenir o fenômeno de produção alternada, melhorar a qualidade dos frutos, promover o amadurecimento dos frutos e reduzir a compactação dos cachos de frutos. O desbaste pode ser feito manualmente ou com o uso de reguladores de crescimento.Odesbaste manual é maiscomum e envolve a retirada de algunscachose/ou algunsfilamentos de cada cachoe/ouencurtamento docomprimentodosfios. Noentanto, a retirada de alguns frutos de cada filamento ou espigueta é o melhor método de raleio de frutos, embora muito caro. O método mais fácil de desbaste de frutos é remover várias espatasouinflorescênciaseequilibraronúmero decachoscom onúmerode folhasverdes na árvore (RYGG, 1975). Vários reguladores de crescimento têm sido usados como agentes raleantes na tamareira, como as auxinas (ácido naftaleno acético (NAA), ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4 D) e o composto liberador de etileno, ethefon, mas com resultados variáveis, e, portanto, o raleio manual de frutas ainda é a prática amplamente utilizada (RYGG, 1975; NIXON; CARPENTER, 1978).

O desbaste de cachos ou de espiguetas (filamentos ou fios) por cacho leva a um aumento significativo no peso, tamanho e porcentagem de polpa do fruto. O raleio dos frutos também melhorou positivamente as propriedades químicas dos frutos da tamareira. Vale a pena notar que, deixando 30 35 filamentos/cacho resultaria em um rendimento considerável caracterizado pela alta qualidade dos frutos das tamareiras das cultivares Zaghloul e Hayani (MOSTAFA; EL AKKAD, 2011).

Importância do raleio de frutos

O desbaste de frutas é comumente praticado na maioria das regiões de cultivo de tâmaras do mundo para propiciar as seguintes melhorias:

a. Evitar o fenômeno da alternância e garantir uma floração adequada para a próxima safra. O desbaste permitirá que a tamareira produza regularmente a cada ano, em vez de ser enfraquecida durante um ou dois anos por uma produção pesada e fazendo com que produza frutos pequenos e finos no próximo ano;

b. Melhorar o tamanho do fruto e consequentemente satisfazer a preferência do mercado;

c. Melhorar a qualidade e textura da fruta que irá repercutir no preço;

Capítulo I | 226

d. Garantir um amadurecimento precoce e ser o primeiro no mercado;

e. O raleio precoce permitirá espaço para o desenvolvimento do fruto; e haverá menos perda de nutrientes (N,P,K.) que precisam ser substituídos por fertilização. A maioria das fontes pesquisadas está, portanto, recomendando o desbaste precoce em vez do desbaste tardio.

f. Reduzindo o peso e a compactação dos cachos de frutos, o que beneficiará as operações de colheita e embalagem.

O desbaste de tâmaras pode ser realizado em três níveis:

(i) redução do número de cachos por palmeira (remoção de cachos inteiros); (ii) redução do número de fios por cacho (principalmente da parte central do cacho); e (iii) redução do número de frutos por fio (desbaste do cacho; retirada de uma proporção de cada cacho).

1. Desbaste de cachos. O desbaste de cachos que se baseia principalmente no corte dos fiosterá um efeito máximonotamanhodosfrutosse aplicadonomomentoda polinização (NIXON; CARPENTER,1978).Cortarosfioscentraisdeveesperaraté que ocachotenha emergido mais. No entanto, e de um modo geral para a maioria das variedades, recomenda se esperar 6 ou 8 semanas após a polinização para aplicar o método de desbaste adequado.

A operação de raleio de cachos da variedade Deglet Nour está altamente relacionada ao clima e ajuda a reduzir os danos causados pela umidade por uma maior circulação de ar ao redor dos frutos. Essa ventilação reduzirá o risco de fermentação posterior da fruta, podridão e azedamento. No entanto, em algumas variedades, a redução de frutos por cachopodeaumentarasuscetibilidadedofrutoàfrutificação(rachaduradacascadofruto; pequenas rachaduras na cutícula e células epidérmicas) ou bico preto (escurecimento e enrugamentoda ponta).Em outrosclimase com outrasvariedades, Al Bakir e Al Azzauni (1965) não encontraram efeito pronunciado do raleio no tamanho do fruto.

O objetivo do raleio de cachos é obter cachos mais uniformes em função da frutificação (remoção de fios de flores se a frutificação for ruim e vice versa). Os produtores de tâmaras são aconselhados a levar em consideração a variedade, a importância relativa do

Capítulo I | 227

tamanho e as condições climáticas locais antes de selecionar o método de desbaste e seu grau. Além disso, os produtores também devem ter em mente que:

(i) um afinamento excessivo aumentará o inchaço e a formação de bolhas (separação da pele e da polpa);

(ii) quanto mais cedo for feito o desbaste, mais eficaz será no aumento do tamanho;

(iii) cachos grandes combinados com clima úmido resultarão em podridão e azedamento dos frutos; (iv) seja qual for a técnica adaptada, todos os cachos devem ser desbastados uniformemente para obter tamanho e qualidade uniformes.

Ao manter registros precisos, um produtor de tâmaras pode rapidamente determinar o potencial de produção ideal de suas palmeiras. Registros de palmeiras individuais seriam mais úteis para elaborar uma política eficaz de desbaste. Registros do número de cachos de flores formados anualmente ajudarão a determinar se o produtor está desbaste muito leve ou muito severamente.

Ao cortar as pontas e afinar os fios, a remoção de um total de cerca de 50 a 60 por cento das flores ou frutos do cacho foi considerada altamente desejável. Para justificar o gasto e o trabalho envolvidos no desbaste dos cachos, a cultura e o controle de insetos devem ser adequados para garantir uma colheita de frutos sadios.

Segundo Nixon (1966), o raleio dos frutos nos cachos da variedade Deglet Nour e outras variedades de filamentos longos é praticado de forma diferente, dependendo da natureza dos cachos de cada variedade. Variedades de fios longos (por exemplo, Deglet Nour)

1 .Remoção do terço inferior ou um pouco mais do cacho cortando as pontas de todos os fios (Figura 120). O número total de flores em um fio de comprimento médio deve ser contado para determinar o número desejado para remover e, consequentemente, seu equivalente pelo comprimento do fio.

Capítulo I | 228

Figura 120. Raleio com remoção do terço inferior do cacho. Foto: Zaid; De Wet (2002)

2 .Remoção de fios centrais inteiros para reduzir o número de fios no cacho de um terço para cerca de metade em cachos muito grandes (Figura 121). O número total de fios deve ser contado para determinar quantos devem ser cortados do centro. Os fios externos inteiros nunca devem ser removidos porque o talo da fruta pode morrer.

Capítulo I | 229

Figura 121. Raleio com remoção de fios centrais inteiros. Foto: Zaid; De Wet (2002).

Com outras variedades, a técnica é comumente modificada em relação à quantidade final de tâmaras por fio (20 a 35) e ao número de fios por cacho (30 a 50). Serão obtidos em média 7 a 11 kg de frutos maduros por cacho dependendo do tamanho original do cacho antes do desbaste, da porcentagem de frutificação e da quantidade de desbaste.

A partir de experimentos conduzidos por El Fawal (1972) em uma variedade egípcia "Samany", seria sugerido que os melhores resultados podem ser obtidos a partir de um tratamento de desbaste em que cerca de 40% do fruto é removido em duas etapas: a primeiraécortar,nomomentodapolinização,aspontasdosfiososuficientepararemover cerca de 20 % do número total de flores. O segundo passo é remover cerca de 20% do número total de fios do centro aproximadamente 8 semanas após a polinização.

Os resultados do trabalho de Khairi e Ibrahim (1983) sobre o desbaste de frutos da variedade Khastawi (Iraque) concluíram que o corte das pontas dos fios para reduzir a cargainicialdefrutosemcercade30%nomomentodapolinizaçãoearemoçãodecachos fracos com baixa carga de frutos no momento da dobra do cacho, seis semanas depois, é útil no manejo de cachos para produzir frutos de alta qualidade.

Capítulo I | 230

OdesbastedavariedadeBarheeéfeitoemIsraeldaseguinteforma:Naaberturadaespata, o 1/3 superior é cortado e 3 a 4 semanas depois o produtor volta a desbastar mais 1/ 3 por dentro. Esta técnica deixa 45 a 50 espiguetas por cacho e 20 a 25 frutos por espigueta.

Em geral, o raleio dos cachos não é inferior à metade e não é superior a três quartos do número total de frutos. Para a maioria das variedades, geralmente é desejável reduzir o número de fios por cacho e o número de frutos por fio. No entanto, qualquer método de redução do número de frutos por cacho aumentará o tamanho e o peso e, até certo ponto (5 a 10 %) melhorará a qualidade; além disso, não há correlação positiva entre os pesos dos frutos e sementes entre todos os experimentos de raleio, indicando que o aumento do peso é devido ao aumento do peso da polpa, mas o desbaste pesado aumentará a suscetibilidade à lesão, o que reduzirá o teor.

Variedades de fios curtos (por exemplo, Hallaway e Khadrawy)

Essas variedades têm fios mais curtos, mas são mais numerosos que o Deglet Nour. Consequentemente, seu desbaste deve se concentrar na remoção de fios centrais inteiros e menos deve ser cortado das pontas dos fios. A remoção de um décimo a um sexto das pontas dos fios, juntamente com o corte de cerca de metade do número total de fios do centro do cacho, deu resultados muito satisfatórios. De acordo com Russel (1931), o número de fios nas variedades Hallaway e Khadrawy deve ser restrito a 40 a 60 de 80 a 100 fios removendo os internos, e o comprimento dos fios deve ser de 35 a 45 cm de comprimento cortando as extremidades 7 10 cm. Cada fio carregará 20 frutas (800 1.200 frutas em cada cacho). Variedades de tâmaras extragrandes e longas (por exemplo, Medjool)

A variedade Medjool, devido à sua alta qualidade de frutos, é a única variedade comumente desbastada pela remoção manual de frutos individuais. Em vez de cortar os fios, apenas certa proporção de frutas é removida dos fios. Os frutos de Medjool são tão grandes na maturidade que, com um conjunto normal de frutas, muitas frutas estão muito cheias para serem colhidas sem danos e as frutas são muitas vezes deformadas pela pressão de frutas adjacentes nascidas no mesmo fio. De acordo com os resultados satisfatórios obtidos em Israel, o desbaste recomendado para a variedade Medjool deve ser de aproximadamente 30 espiguetas por cacho, o qual é realizado 3 a 4 semanas após a polinização, onde as espiguetas são desbastadas manualmente, deixando apenas 10 frutos por espigueta ou fio (Figura 122). No momento da colheita são obtidos 300 frutos

Capítulo I | 231

por cacho com peso médio de 20 g por fruto. Uma palmeira adulta com 10 a 12 cachos produzirá 60 a 72 kg de tâmaras Medjool de alta qualidade.

Capítulo I | 232
Figura 122. Dez frutos de tâmara por espigueta da variedade Medjool no estágio Kimri.

PRODUTIVIDADE

Uma palmeira adulta ou madura totalmente produtiva pode produzir de 60 a 100 kg de frutos por ano, com algumas cultivares produzindo até 180 kg (ERSKINE et al., 2011; HUNTRODS, 2011). As tâmaras são frutos de uma única semente de forma cilíndrica, arredondada ou ovóide, com um mesocarpo carnudo doce coberto por um epicarpo fino, de cor um pouco amarelada a marrom avermelhada. Os frutos são geralmente dispostos em espiguetas com algumas dezenas de tâmaras individuais cada. Espiguetas são presas a uma haste central para formar um cacho (MATER, 1991). O número de cachos por árvore varia de 5 a 30, dependendo da cultivar e das condições ambientais. De acordo com Barreveld (1993) e Nixon; Carpenter (1978), a tamareira produz cerca de 40 kg de frutos anualmente, com rendimentos de mais de 100 kg possíveis com manejo intensivo. Quando cultivadas com baixos níveis de insumos e má gestão ou manejo, as palmeiras podem produzir 20 kg ou menos de frutos anualmente. As plantas fêmeas começam a produzir tâmaras aos 4 a 6 anos de idade e atingem a produção total dentro de 15 a 20 anos. A vida econômica média de um pomar de tâmaras é de 40 a 50 anos, mas alguns são produtivos até 150 anos.

EXPERIÊNCIA DOS USA (CALIFÓRNIA)

A tâmara Medjool foi trazida para os Estados Unidos através do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Havia uma doença no Marrocos que estava se espalhando rapidamente entre as tamareiras Medjool e um funcionário marroquino ofereceu alguns brotos a um representante do USDA que por sua vez acabaram sendo plantados na Califórnia. O Medjool agora está prosperando na Califórnia como uma das principais cultivares de tâmara.

Também as Palmeiras Medjool são muito populares para paisagismo por causa de sua aparência real e dossel completo. As tamareiras Medjool têm um dossel maior e mais denso quando comparado ao Deglet Noor, que possui um dossel mais esparso e aberto com menos folhas. As palmeiras Medjool e Zahidi são as mais semelhantes na aparência com bela folhagem verde prateada.

Nos últimos 20 anos, as tamareiras se tornaram amplamente plantadas em todo o Sul da Califórnia, principalmente como espécimes de palmeiras de paisagem e também para

Capítulo I | 233

produção residencial e comercial. Proprietários de casas no Sul da Califórnia estão plantando palmeiras em seus quintais para colher uma safra anual de tâmaras cultivadas em casa!

A vida econômica média de um pomar de tâmaras é de 40 a 50 anos, mas alguns ainda são produtivos até 150 anos. Existem algumas tamareiras que provavelmente têm várias centenas de anos. Por causa da biologia da tamareira, seu cultivo possui uma série de características incomuns que não são comuns em outras culturas perenes. Há uma série de práticas culturais que requerem acesso à copa da árvore e, em árvores antigas que atingem dezenas de metros de altura, isso pode ser desafiador e às vezes perigosas. A copa da árvore precisa ser acessada para polinização, amarração do cacho, cobertura com saco, colheita e poda. Embora a prática de subir nas árvores para acesso à copa ainda seja encontrada em todas as áreas produtoras de tâmaras, o uso de elevadores mecânicos é comum em áreas de produção mais avançadas ou industrializadas, como os Estados Unidos (NIXON; CARPENTER, 1978).

Nas tamareiras femininas, existem três variedades principais de tamareiras plantadas na Califórnia; a tamareira Medjool (Figura 123), a tamareira Zahidi e a tamareira Deglet Noor. As tamareiras Medjool custam mais do que as tamareiras Deglet Noor. Outra variedade de tamareira que também é muito desejável por suas tâmaras e também para paisagismo é a tamareira Halawi, que é ainda maior que a tamareira Medjool.

Capítulo I | 234

As tamareiras crescem bem em todo o Sul da Califórnia (Figura 124). As tamareiras masculinas são frequentemente usadas no paisagismo porque, uma vez maduras, não produzem a safra anual de tâmaras que podem atrair pragas se não forem removidas da palmeira. Ou seja, as tamareiras também são uma escolha muito popular em paisagens residenciais hoje por seu significado histórico e religioso, bem como pelo apelo da paisagem tropical das tamareiras.

Capítulo I | 235
Figura 123. Pomar comercial de Medjool cultivado no Sul da Califórnia. Foto: www.medjool dates palms.com

A tâmara é polinizada pelo vento de forma natural, mas a polinização por insetos também é possível. Comercialmente, poucas árvores masculinas são cultivadas em pomares de tâmaras, e o pólen é coletado para a polinização artificial que é fundamental para o sucesso da produção. A polinização artificial tem sido praticada no Norte da África e no Oriente Médio há milhares de anos. A polinização de 60% a 80% das flores femininas resulta em frutificação eficiente. As cultivares diferem muito em sua porcentagem de frutificação. A incompatibilidade ou incompatibilidade parcial entre diferentes cultivares femininas e masculinas é comum, mas não é bem compreendida. Apenas um óvulo por flor é fertilizado, produzindo um único fruto (NIXON; CARPENTER, 1978; ZAID; DE WET, 2002c).

Diferentes fontes de pólen podem influenciar o tamanho e a forma das sementes (efeito ‘‘xenia’’). O pólen também pode ter um efeito “metaxenia”, influenciando o tecido fora do embrião e endosperma (NIXON, 1934, 1936; REUVENI, 1986). Como exemplo de efeitos metaxênicos em tamareiras, Nixon (1934) relatou que 'Fard No. 4' produzia consistentemente frutas mais precoce, porém menores do que a média de todas as fontes de pólen estudadas, enquanto 'Mesquita' produzia consistentemente frutas maiores,

Capítulo I | 236
Figura 124. Imagem aérea de um pomar comercial de tamareira na California, USA. Foto: Aliasghar Montazar (2019).

todavia mais tardias do que a média. A polinização com pólen de diferentes espécies de Phoenix também exibiu efeitos metaxênicos (NIXON, 1936). Embora efeitos semelhantes tenham sido relatados em vários outros países, em alguns casos nenhum efeito observável foi relatado de polinizações com pólen de diferentes machos testados. Isso tem sido atribuído ao fato de que os efeitos metaxênicos são menos pronunciados quando as condições climáticas são favoráveis (ou seja, unidades de calor mais altas) ou a possibilidade de que os machos específicos testados não produzam efeitos metaxênicos (REUVENI et al., 1986).

Após a polinização, os cachos são frequentemente amarrados aos pedúnculos das folhas para suportar o peso do fruto. O desbaste de frutas às vezes é praticado no cultivo de tâmaras. O desbaste de frutos é usado para diminuir a produção alternada ou rolamento, aumentar o tamanho dos frutos, melhorar a qualidade dos frutos, antecipar o amadurecimento dos frutos e facilitar o manejo do cacho. O raleio de frutos pode ser realizado de três maneiras: remoção de cachos inteiros, redução do número de fios por cacho e redução do número de frutos por fio. Cultivar, clima e práticas culturais influenciam os níveis apropriados de raleio (desbaste) dos frutos. Os cachos de tâmaras são geralmente cobertos (ensacados) nos Estados Unidos com papel Kraft de cor parda (tonalidade de madeira), papel branco ou sacos de malha de algodão ou nylon. O ensacamento pode proteger os cachos de frutas da alta umidade e da chuva, minimizar os danos causados pelas queimaduras solares e diminuir as perdas das aves (NIXON; CARPENTER, 1978; ZAID; DE WET, 2002c).

Clone comercial. A Palmeira Medjool é uma palmeira fêmea e pode iniciar a produção de tâmaras mais cedo do que as mudas seminais ou cultura de tecidos, cerca de 7 anos dependendoda idade da Palmeira Medjooltransplantada.Mesmoque a Palmeira Medjool seja uma planta do deserto, ela pode sobreviver a um ambiente muito variado.Em um dos maiores pomares de palmeiras Medjool na Califórnia, nos arredores de Yuma, AZ., os trabalhadores usam escadas altas para subir nas palmeiras durante a colheita para colher as tâmaras. As tâmaras Medjool dessa operação comercial de palmeiras são famosas pelo delicioso sabor da tâmara Medjool, vendida por catálogos de correspondência no Natal. A Palmeira Medjool é um pouco sensível a temperaturas frias, mas pode sobreviver a geadas leves e congelamentos.

Capítulo I | 237

Capítulo II PRÉ COLHEITA, COLHEITA E PÓS COLHEITA DE TÂMARAS

Vicente de Paula Queiroga Josivanda Palmeira Gomes

Nouglas Veloso Barbosa Mendes

Denise de Castro Lima

Alexandre José de Melo Queiroz Bruno Adelino de Melo

Esther Maria Barros de Albuquerque (Editores Técnicos)

Capítulo I I | 238

PRÉ COLHEITA

As melhores regiões de cultivo de tamareiras são caracterizadas por verões longos, quentes e secos com chuvas mínimas de verão/outono. Em outras palavras, uma estação de crescimento longa, quente e árida é necessária para o crescimento da tamareira e para o desenvolvimento, maturação (maturidade fisiológica) e amadurecimento (amadurecimento organoléptica) dos frutos. Ou seja, o amadurecimento ('ripening') é o conjunto de mudanças que levam a fruta a atingir suas características gustativas específicas (amadurecimento organoléptica), quando a fruta termina está pronta para o consumo (fruit ripe); começa depois que a semente atinge a maturidade fisiológica (maturation) (GILLASPY et al. 1993) e é anterior à senescência do fruto (AGUSTÍ, 2000). As variedades de maturação precoce, como Mejhool e Deglet Noor, no baixo deserto da Califórnia, exigem cerca de 6.500 graus dia de unidades de calor desde a floração até o amadurecimento dos frutos. Estágios de crescimento/maturidade do fruto. O crescimento e desenvolvimento do fruto da tamareira envolve diversas mudanças físicas e químicas. O desenvolvimento do fruto é classificado em cinco estágios usando termos árabes: Hababouk, Kimri (também conhecido como Khimri ou Jimri), Khalal (também conhecido como Balah ou Bisr), Rutab e Tamr (ou Tamar) (AIT OUBAHOU; YAHIA, 1999; FAYADH; AL SHOWIMAN, 1990; YAHIA; KADER, 2011).

O estágio Hababouk começa após a fertilização e é caracterizado pela perda de dois carpelos não fertilizados. Este estágio às vezes é incluído no próximo estágio. A cor da fruta neste estágio é de cor cremosa a verde claro. Kimri é o estágio verde imaturo, caracterizado pelo alto teor de água e um rápido ganho de peso e tamanho do fruto. Este estágio dura cerca de 9 semanas, dependendo da cultivar e da localização. No estágio Khalal (Bisir)o frutoestá fisiologicamente maduro; dura cerca de 4 a 5 semanase resulta em uma ligeira diminuição no peso e tamanho do fruto, bem como no teor de amido. A cor do fruto muda de verde para amarelo, rosa ou vermelho, ou amarelo manchado de vermelho, dependendo da cultivar (Figura 125). Durante o estágio de Rutab (que significa macio ou úmido), a fruta amolece, muda de cor para marrom claro, começa a perder peso e acumula mais açúcares (principalmente açúcares redutores). Durante os estágios Khalal e Rutab, a fruta perde progressivamente água (30 45%) e o amido é convertido em açúcares (Figura 126).

Capítulo I I | 239

Figura 125. Estágios de desenvolvimento de frutos de tâmara: Khimri (esquerda) e Khalal (direita). Fonte: A. A. Kader (2009).

Figura 126. O amadurecimento de tâmara variedade Barhi (fruta suculenta) do estágio Khalal ao Rutab. Fonte: A. A. Kader (2009).

O Tamar (o nome árabe das tâmaras) é o estágio de desenvolvimento totalmente maduro, perde mais umidade e ganha mais açúcares, atingindo assim uma alta relaçãoaçúcar água (dependendo da cultivar). A maioria das tâmaras é colhida na fase Tamar, quando o fruto apresenta cerca de 60 a 80% de açúcar, dependendo da localização e da cultivar; a cor escurece, o que também é marcado pelo baixo teor de umidade (10 25%). Neste estágio,

Capítulo I I | 240

os frutos podem ser colhidos macios (suculentos), semi secos ou secos, dependendo do destino e uso. Este estágio dura de 2 a 4 semanas e as tâmaras são apropriadas para armazenamento ou processamento a seco de longo prazo. As tâmaras também podem se desenvolver partenocarpicamente se não forem polinizadas. No entanto, esses frutos não passarão pelos cinco estágios descritos acima e não atingirão o desenvolvimento completo (ABBAS; IBRAHIM, 1996; AIT OUBAHOU; YAHIA, 1999; YAHIA, 2004; YAHIA, KADER, 2011).

Desenvolvimento do fruto da variedade Medjool. A fruta da tâmara Medjool também passa por cinco estágios de maturidade/amadurecimento: Hababouk, Kimri (Khimri), Khalal, Rutab e Tamar (Tamr). As tâmaras levam de 5 a 7 meses a partir do momento em que emergem da espata, cacho ou invólucro até que estejam totalmente maduras (Figura 127)

Figura 127. Diferentes estágios de frutificação da tamareira variedade Medjool desde a data de polinização (PD) em 10 de abril de 2017 até a data de colheita (13 de outubro de 2017) na Estação de Pesquisa da Universidade da Jordânia. Vale do Jordão. Fontes: Hashem Alhejjaj e Jamal Ayad (2018) e Al-Alawi et al. (2017)

Capítulo I I | 241

Após a polinização, o primeiro estágio Hababouk apresenta uma duração entre 1 6 semanas. O segundo estágio chamado Kimri, o fruto vai atingir entre às 6 16 semanas da DP (data de polinização) Quando colhidas neste ponto, as tâmaras são pequenas, verdes, com textura dura e não comestíveis. Além disso, elas não podem ser amadurecidas artificialmente além de um estágio Khalal de baixa qualidade. No estágio Kimri, há um rápido aumento no tamanho, peso e açúcares redutores; é o período de maior atividade ácida, umidade (80%) e teor de taninos (SAWAYA et al., 1982; MYHARA et al., 1999).

O terceiro estágio, Khalal (Bisir), ocorre aproximadamente ente 17 20 semanas após a polinização. A cor da tâmara é amarela ou vermelha da variedade Medjool, o teor de sacarose aumenta, o teor de umidade diminui (60%), e os taninos começam a precipitar e perder a adstringência; embora alguns consumidores os considerem ainda adstringentes (Tabela 5.2).

No estágio Rutab (21 24 semanas após a polinização), a ponta do fruto começa a ficar marrom, o peso diminui devido à perda de umidade (cerca de 35%), a sacarose é parcialmente convertida em açúcar invertido (frutose e glicose), os taninos precipitam, a pele fica marrom e os tecidos amolecem (AHMED et. al., 1995; IMAD; ABDUL WAHAB, 1995).

O estágio final de maturação da tâmara é o estágio de Tamar (aproximadamente 25 27 semanas após a polinização). As frutas estão totalmente maduras; muito doce, marrom escuro ou quase preto, macio e mastigável, com o menor teor de umidade e tanino (cerca de 28% e 6%, respectivamente), rico em açúcares redutores (frutose e glicose) e pobre em sacarose (SAWAYA et al., 1983; ALEID et al., 1999). Neste estágio, os microrganismos não serão capazes de crescer nas tâmaras, no entanto, podem ocorrer absorção de umidade e alterações na composição se não forem tomados cuidados especiais durante o armazenamento.

Mudanças de composição durante o crescimento e a maturidade dos frutos. O peso do fruto e da polpa aumenta gradualmente durante o desenvolvimento, atingindo um máximo no estágio Khalal verde imaturo, mas diminui ligeiramente depois durante o amadurecimento. O teor de umidade das frutas de tâmara diminui e os açúcares totais aumentam à medida que amadurecem (Figura 128).Noestágio Kimri é em média 83,6%, no estágio Khalal é cerca de 65,9%, e continua a diminuir através do estágio Rutab (43%) até o estágio Tamar (24,2%). A concentração total de carboidratos aumenta nas

Capítulo I I | 242

tâmaras desde o estágio Kimri (6,2%) passando pelos estágios Khalal (26,6%) e Rutab (45,2%),até oestágio Tamar (50,8%)e édependente da variedade de tâmaras(AHMED; AHMED,1995).Aglicose e a frutose também aumentam de 4,9e 2,8%,respectivamente, no estágio Kimri, para 13,1 e 11,8% no estágio Khalal, 21,4 e 19,4% no estágio Rutab e 29,7 e 27,6% no estágio Tamar. O aumento da concentração de açúcares do estágio Kimri para o estágio Tamar está relacionado à diminuição do teor de água das tâmaras durante esses estágios. Os teores de proteína, gordura e cinzas diminuem durante o amadurecimento de 5,6 a 2,3%, de 0,5 a 0,2% e de 3,7 a 1,7%, respectivamente (AL HOOTI et al., 1995). Além disso, a variação mineral não ocorre apenas entre espécies e estágios de maturidade, mas também dentro de uma mesma variedade cultivada sob diferentes condições agroclimáticas.

Figura 128. Umidade e açúcares totais em frutas de tâmara em vários estágios de desenvolvimento/maturidade (média de 16 variedades para açúcares e 12 variedades para umidade). Fonte: Al Shahib e Marshall (2003a).

As tâmaras contêm níveis significativos de procianidinas ou taninos condensados (causa de adstringência) no estágio Khalal. Esses taninos, que estão principalmente na casca, são polimerizados à medida que os frutos amadurecem até os estágios Rutab e Tamar (sem adstringência) (Figura 129). As tâmaras são a única fruta em que os sulfatos de flavonoides foram relatados. A atividade antioxidante varia entre as cultivares de tâmaras de moderada a alta em relação a outras frutas.

Capítulo I I | 243

Figura 129. Teores de tanino em frutas de tâmara em vários estágios de desenvolvimento/maturidade. Fonte: Adaptado de Al Yahyai e Manickavasagan (2012).

Durante o amadurecimento, vários fatores transcricionais são ativados induzindo a transcrição de genes relacionados ao amadurecimento (Figura 130). As proteínas recém sintetizadas estão envolvidas em muitos processos, incluindo síntese de etileno, síntese de açúcares e ácidos orgânicos (que melhora o sabor), produção de voláteis responsáveis pelo odor do amadurecimento da tâmara, desenvolvimento de enzimas responsáveis pela degradação do pigmento e mudança de cor e enzimas envolvidas na degradação da membrana e da parede celular, garantindo o amolecimento da fruta (EL HADRAMI; AL KHAYR, 2012). Uma diminuição constante no índice de estabilidade da membrana (MSI %), medida pela perda de íons, é observada na progressão do desenvolvimento do fruto, especialmente durante os estágios Khalal e Rutab, indicando uma perda gradual da estabilidade da membrana devido a mudanças ocorrendo nas propriedades bioquímicas e biofísicas das membranas celulares (AWAD et al., 2011). El Zoghbi (1994) mostrou que a porcentagem de pectina nas tâmaras diminui de 1,6% no estágio Kimri para 0,54% no estágio Tamar. Este estudo também apontou que os teores de hemiceluloses, celulose, lignina e fibrastotaisdiminuem com a transiçãodofrutodosestádios Kimri para Tamar.

Capítulo I I | 244

A atividade da pectinesterase em tâmaras também aumenta com o amadurecimento atingindoum máximo de 60,8UIpor100gde tecido,explicandoassim a perda de pectina (EL ZOGHBI, 1994). Da mesma forma, a atividade das celulases foi estimada em 2 a 4 vezes maior na fruta durante o processo de amadurecimento (EL ZOGHBI 1994).

Figura 130. Ilustração representando a séries de mudanças metabólicas que ocorrem nas tâmaras durante o processo de maturação. Fonte: Adaptado de El Hadrami e Al Khayr (2012).

FISIOLOGIA PRÉ-COLHEITA DE TÂMARAS

Astâmarasnãosãoclimatéricascomtaxade respiração relativamente baixa:<25 ml/kg/h para tâmaras de estágio Khalal e <5ml CO2/kg/h para tâmaras de estágio Rutab e Tamar mantidas a 20 ◦C. As taxas de respiração aumentam com maior teor de umidade e temperaturas. A taxa de produção de etileno das tâmaras também é muito baixa a 20 ◦C, ou seja, <0,5 L/kg/h para o estágio Khalal e <0,1 L/kg/h para as tâmaras Rutab e Tamar (YAHIA, 2004).

Capítulo I I | 245

Serrano et al. (2001) estudaram alguns parâmetros físico químicos relacionados ao amadurecimentoe sua relaçãocom oetilenoem tâmaras(cv.Negros),que foram colhidas e classificadas em dezesseis estádios de maturação de acordo com sua cor, variando de amarelo esverdeado a marrom escuro. A firmeza dos frutos diminuiu ao longo dos diferentes estádios de maturação, enquanto o índice de maturação, expresso pela relação entre sólidos solúveis e acidez, aumentou; a maior perda de firmeza da fruta correlacionou se com os maiores aumentos nas atividades de poligalacturonase e _ galactosidase. Nos estágios iniciais de maturação, foi detectado um pequeno pico na produção de etileno, seguido de um pico na taxa de respiração; sendo o hormônio vegetal etileno responsável pelas alterações na cor, firmeza do fruto, teor de sólidos totais e acidez.

Em relação à resposta ao etileno, foi relatado que não houve efeito da exposição das tâmaras Barhee amarelas do estágio Khalal a 100 ppm de etileno por até 48 horas a 20 ◦C e 85 90% de umidade relativa. No entanto, as tâmaras do estágio Khalal podem responder à ação do etileno em temperaturas mais altas (30 35 ◦C), as quais são mais apropriadas para seu amadurecimento. As tâmaras de estágio Rutab e Tamar não são influenciadas pela exposição ao etileno, mas podem absorver facilmente o aroma de outros produtos. Assim, as tâmaras não devem ser armazenadas com alho, cebola, batata ou outros produtos com odor forte (KADER; HUSSEIN, 2009). O aumento da produção de etileno acompanhando o climatério é um importante evento regulatório no amadurecimento de muitas espécies frutíferas (YANG, 1980; KLEE; CLARK, 2002). No entanto, outros eventos regulatórios precedem e seguem esse aumento, como o acúmulo de ácido abscísico (ABA) e o aumento das atividades de ACC sintase (ACC ácido 1 carboxílico 1 aminociclopropano) e ACC oxidase (LELIEVRE et al., 1997; LARA; VENDRELL, 1998).Serrano et al. (2001) relataram que nos estágios iniciais de maturação da tâmara 'Negros' cultivada na Espanha, um pequeno pico na produção de etileno foi detectado seguido por um pico na taxa de respiração, sugerindo que as tâmaras são frutos climatéricos, sendo o etileno responsável pelos processos de amadurecimento. Foi relatado que a aplicação de ethefon a 500 ppm, 1000 ppm ou 1500 ppm logo após a plena floração em tamareiras 'Zaghloul' e 'Samani' cultivadas no Egito avançou o amadurecimento dos frutos em cerca de um mês, especialmente, na concentração de 1500 ppm (KAMAL, 1995). Assim, Musa (2001) relatou que a eficácia do ethrel (Ethefon 720) em melhorar o amadurecimento dos frutos de tâmaras 'Mishrigi

Capítulo I I | 246

Wad Khatib' e 'Mishrigi Wad Lagi' cultivadas em Cartum, Sudão, foi 2 3 vezes maior pela injeção de 2 ml de ethrel (480 g /l a.v.) em uma fenda (orifício) feita no pedúnculo em comparação com 1000 ppm de ethrel pulverizando sobre a fruta. No entanto, especialmenteemregiõesquenteseáridas,a eficácia da pulverização de ethefonfoi muito baixa, mais variável e deu resultados imprevisíveis mesmo quando aplicados em alta concentração (1000 ppm) (EL HAMADY et al., 1993; AL JUBURI et al., 2001). Além disso, Rouhani e Bassiri (1977) descobriram com tâmaras Bisir ‘Shahani’ cultivadas no Irã que um tratamento pós colheita de imersão em etefon aumentou a taxa de respiração e a acidez, mas afetou apenas ligeiramente o amadurecimento dos frutos, sugerindo que outros fatores endógenos também controlam o amadurecimento. Aplicação pós colheita de vários compostos, por exemplo, NaCl, NaOH e ácido acético, também foram relatados para acelerar o amadurecimento das tâmaras; no entanto, o sabor e a cor dos frutos eram geralmente inferiores aos amadurecidos naturalmente na árvore (KALRA; JAWANDA, 1974; SHAMSHIRI; RAHEMI, 1999; Figura 131).

Capítulo I I | 247
Figura 131. Frutos amadurecidos na tamareira. Foto: Jordan River Dates.

COLHEITA

A tamareira é a cultura de subsistência mais bem-sucedida e importante na maioria das regiões desérticas quentes e áridas (BOTES; ZAID, 1999). Geralmente, as tâmaras inteiras são colhidas e comercializadas em três estágios de desenvolvimento: firme (Bisir ou Khalal), madura (Rutab) e seca (Tamar) (Figura 132). A decisão pela colheita em um ou outro estágio depende das características da cultivar, principalmente níveis de taninos solúveis, condições climáticas e demanda do mercado (GLASNER et al., 1999).

'Helali' é uma das cultivares de tamareira de final de temporada sendo amplamente cultivada na região do Golfo. No estágio maduro (Bisir), os frutos são adstringentes devido ao alto teor de taninos solúveis, sendo necessária a remoção dos taninos para que os frutos sejam comestíveis.

Figura 132. Diferentes estágios de crescimento e maturidade de frutos de tâmara.

Capítulo I I | 248

Ou seja, a maioria das tâmaras são colhidas nos estádios Rutab (marrom claro e macio) e Tamar (marrom escuro e macio, semi seco ou seco) totalmente maduros, quando apresentam altos teores de açúcares, menores teores de umidade e taninos (desaparecimento de adstringência), e são mais suaves do que as tâmaras do estágio Khalal (Figura 133).

Figura 133. Tâmaras da variedade Barhee colhidas no estágio Khalal (acima) e tâmaras da variedade Deglet Noor colhidas no estágio Tamar (Tamr). Fonte: E.M. Yahia e A.A. Kader (2011).

O estágio de maturação em que os frutos são colhidos depende da cultivar e da finalidade de consumo dos frutos. A época da colheita é baseada no teor de açúcar e umidade, aparência e textura da fruta. As tâmaras para venda imediata são muitas vezes colhidas quando o teor de umidade ainda é alto, enquanto que as tâmaras que serão armazenadas são deixadas na tamareira para a cura natural para perder o excesso de umidade. Os estágios de maturidade das tâmaras incluem Hababouk (estágio inicial de

Capítulo I I | 249

desenvolvimento), Khimri, Khalal, Rutab e Tamar. Algumas cultivares de tâmaras ricas em açúcares e pobres em taninos, como Barhi (Barhee, Berhi), Hayani, Samany e Zaghlol são colhidas no estágio Khalal (parcialmente maduras) quando são amarelas ou vermelhas (dependendo da cultivar), mas muitos consumidores os consideram adstringentes (devido ao alto teor de tanino). As tâmaras de outras cultivares colhidas antesda maturidade total devem seramadurecidasartificialmente.Além disso,astâmaras muito imaturas não podem ser adequadamente amadurecidas artificialmente e, consequentemente, serão de má qualidade. Uma série de mudanças físicas e químicas foram avaliadas como índices de maturidade e colheita (YAHIA; KADER, 2011), incluindo o aumento de açúcares totais, sólidos totais, mudanças de cor de verde para amarelo ou vermelho ou laranja ou roxo de acordo com a cultivar, a rápida queda da firmeza dos frutos, a diminuição acentuada do teor de umidade, o aumento dos açúcares redutores e a diminuição da sacarose, bem como a diminuição da acidez e perda de taninos. A possibilidade de usar o aumento na produção de etileno como um indicador fisiológico de maturidade em tâmaras de Hillawi também foi avaliada, e os resultados mostraram que o aumento na produção de etileno começou em 7 10 dias (dependendo do tipo de pólen parental usado na polinização às flores femininas) antes do amadurecimento dos frutos (IBRAHIM, 1996).

1.Métodos de colheita

Na colheita manual, geralmente o acesso à copa da árvore é feito por meio de escalada ou elevadores mecânicos. À medida que a palmeira cresce, a colheita das tâmaras torna se mais difícil, perigosa e mais cara. A colheita manual de tâmaras envolve o uso de escadas de alumínio para palmeiras baixas e plataformas de colheita para palmeiras mais altas. As escadas podem ser apoiadas na palmeira para facilitar a colheita ou vários tipos de subidas, como escalada de árvore com cinto e plataforma elevatória autopropelida, são usados para alçar os trabalhadores colhedores, visando facilitar a colheita. As frutas são colocadas dentro de um balde e abaixadas até o solo, e então acondicionadas em caixotes a granel e enviadas para o “packinghouse”.

COLHEITA MANUAL

a. Colheita manual seletiva de frutos. Os frutos não amadurecem uniformemente, mesmo no próprio cacho e, consequentemente, são necessárias várias colheitas (10 15) durante a época de colheita (início de agosto a final de novembro). No entanto, apenas 30

Capítulo I I | 250

a 40% do total de frutos podem normalmente amadurecer na árvore e os frutos restantes não amadurecem, causando perdas econômicas. Assim, acelerar o amadurecimento dos frutos dentro ou mesmo fora da árvore é um processo crítico. Geralmente, a taxa de amadurecimento dos frutos é muito maior em agosto e declina acentuadamente em setembro, outubro e novembro. A notável diminuição das temperaturas que ocorre durante este período pode estar relacionada com tal falha de amadurecimento. Portanto, o ensacamento dos cachos pode aumentar o acúmulo de unidades de calor ao redor da fruta e acelerar o amadurecimento.

As tâmaras das variedades comercializáveis devem ser colhidas à medida que amadurecem na árvore (coleta seletiva), especialmente aquelas com maturação escalonada (Medjool, Boufeggous, etc). Essa colheita manual seletiva consiste em colher as tâmaras uma a uma à medida que os frutos vão amadurecendo (Figura 134). Justifica se para variedades de boa qualidade comercializável com preço de venda muito remunerador (caso da variedade Medjool). É também a melhor maneira de obter frutos muito bonitos e ao mesmo tempo limitar os danos causados pelas aves. Esse processo é incentivado apesar de dois inconvenientes: a mão de obra necessária e a impossibilidade de controlar possíveis furtos em Marrocos.

Figura 134. Colheita manual: as tâmaras maduras individuais são colhidas diretamente dos cachos para o balde de plástico. Foto: Hamdi Taher Altaheri (2019).

Capítulo I I | 251

As tâmaras colhidas também podem ser recolhidas num cesto adequado ligado ao apanhador por uma corda que lhe permite descer suavemente com o cesto cheio apenas auxiliado por um apanhador que escala a palmeira (Figura 135) ou através de uma grande escada de alumínio (Figura 136)

Figura 136. Escada de alumínio usada na colheita de tâmaras em cesto preso ao pedúnculo do cacho. Foto: Fazendas de Woodspur Millicent Harvey.

Capítulo I I | 252
Figura 135. Apanhador escalador recolhendo as tâmaras num cesto. Foto: Ahmed Nourani e Francesco Garbati Pegna (2022).

Assim, a identificação e capacitação dos "coletores" nas regiões de produção sobre as condições adequadas para a colheita de tâmaras devem conscientizá los para um melhor manejo das colheitas, a fim de preservar sua qualidade e garantir sua higiene.

b. Usando uma bolsa com manga. É uma bolsa de lona forte mantido aberta por uma armação de metal estendidaporuma manga comprida, transportada porum garfo demetal com ganchos colocados em sua extremidade. O cacho é envolvido pela bolsa. Um movimento de vai e vem transmitido ao garfo sacode o cacho e destaca as tâmaras maduras. Estes últimos, recolhidos pela bolsa, são conduzidos pela manga comprida para dentro de uma caixa (Figura 137). Este modo de colheita seletiva oferece vantagens, mas só pode ser utilizado para cultivares com cachos suspensos (Figura 138). De qualquer forma, a colheita da tâmara pode ser feita com alguns cuidados simples que podem trazer bons resultados.

Figura 137. Bolsa coletora de manga comprida feito de tela de nylon instalada em cada cacho durante a colheita para acumulação de frutos de tâmara, evitando seu contato com o chão. Fotos: DESERT magazine (2017) Mona de Crinis

Capítulo I I | 253

c. Colheita de cachos A escala varietal de maturidade das tâmaras marroquinas é variável. As tâmaras são classificadas como precoces, sazonais ou tardias.

Para variedades com maturação simultânea, os cachos devem ser cortados quando totalmente maduros.

Para tâmaras de qualidade média, os cachos devem ser cortados quando 75% dos frutos atingirem a maturidade.

Uma vez no solo, agitam se os cachos e recolhem se as tâmaras maduras. As tâmaras que permanecem nos cachos devem continuar a amadurecer em locais adequados. Um procedimento usual para escalar as tamareiras é o uso de um cinto largo de tecido de fibra de coco para apoiar as costas do escalador e cortar todo o cacho. Os cachos podem ser abaixados por cordas ou passando o cacho de mão em mão. Os frutos também são colhidos sacudindo o cacho e todos os frutos maduros que se desprendem facilmente e caem em redes de tecidos espalhadas ao redor da palmeira. Frutas muito macias podem ser danificadas neste processo. Equipamentos mecânicos para colheita têm sido amplamente utilizados nos EUA, Arábia Saudita (AL HAMDAN, 2006) e Emirados Árabes Unidos. Apenas as tâmaras secas são adequadas para a colheita mecânica, pois as

Capítulo I I | 254
Figura 138. Colheita seletiva de tâmaras: Descida dos cachos em cesto e corda. Fonte: Chabana & Al Chariki (2000).

tâmaras mais macias podem ser danificadas pela colheita inadequada. A frequência da colheita depende de vários fatores, como tipo de tâmara (mole, seco ou semi seco), condições climáticas, demandas do mercado, métodos de manuseio, custo do manuseio e disponibilidade e custo com os catadores.

Para tâmaras de boa qualidade como Medjool e Boufeggous, o cacho pode ser ensacado antes de ser cortado e depois enviado por corda para o chãoabaixo da árvore cobertocom uma lona.

Quando se trata de variedades de qualidade média, os cachos de tâmaras são cortados de uma só vez e baixados ao solo por meio de uma corda em direção ao solo, mas abaixo da copa da árvore está coberta com uma lona (Figura 139).

Figura 139. Colheita manual de tâmaras na Arábia Saudita (acima) e Egito (abaixo). Fotos: Atef Elansari e Awad Hussein.

c) Ensacamento de cachos de frutas.

Mesmo que seja um encargo monetário adicional (essas práticas culturais aumentam os custos de mão de obra), o ensacamento dos cachos com sacos de vários tipos (papel especial, plástico, redes, etc.), tem efeitos benéficos na qualidade das tâmaras. Cachos de

Capítulo I I | 255

tâmaras geralmente são cobertos (embalados) com papel kraft marrom, papel branco ou sacos de malha de algodão ou nylon. Awad (2007) constatou que o uso de sacos de polietileno preto e azul aumentou a taxa de amadurecimento dos frutos e elevou o rendimento de Rutab por cacho. Oensacamento pode proteger oscachos de frutas da alta umidade e chuva, minimizar os danos causados pelas queimaduras solares e diminuir as perdas causadas pelas aves (NIXON E CARPENTER, 1978; ZAID; DE WET, 2002).

O ensacamento dos cachos também evita qualquer clima "sujo" para as tâmaras, tais como: chuva e vento quente, seco e forte, o que pode evitar a fermentação das tâmaras, a queda das tâmaras, os arranhões da pele, a quebra dos cachos, etc. Também promove o crescimento de frutos jovens e permite várias vantagens no momento da maturação (aparência homogénea, maturação agrupada, etc.) (Figuras 140 e 141).

Figura

Capítulo I I | 256
140. Método tradicional de colheita de tâmaras. Fonte: Noé Ortiz Uribe et al. (2019).

Figura 141. Empacotamento de frutas ('cobertura de cacho') auxiliado por uma grua.

Outra vantagem do ensacamento é a proteção das tâmaras contra o ataque da broca do milho no campo (proteção por ensacamento dos cachos de tâmaras com sacos “rede” de malha fina). Este meio de defesa permite bloquear a infestação, ou pelo menos parcialmente (metade), de pragas e, assim, cobrir os cachos até que as tâmaras amadureçam e sejam colhidas. A época de instalação ou instalação desses sacos de malha é meados de junho (condições de Marrocos) ou no início do crescimento dos frutos para todas as variedades em produção.

Além disso, o ensacamento de cachos de tâmaras com sacos de rede de malha muito fina oferece um meio seguro de defesa contra pássaros e particularmente pardais, pois ambos são as pragas de tâmaras durante este período. É muito justificado para variedades de tâmaras de boa qualidade (Figura 142).

Capítulo I I | 257

O ensacamento de cachos com diferentes materiais como sacos de polietileno preto ou azul, “agrisafe” branco (lã de polipropileno) e sacos de papel durante a estação de crescimento aumentam significativamente a taxa de amadurecimento dos frutos e aumentam o rendimento de Rutab por cacho, sendo os sacos de polietileno preto e azul os mais eficazes (AWAD, 2007). A aplicação de ethrel pré colheita por pulverização ou injeção no pedúnculo do cacho aumentou a produção de frutos de Rutab por cacho em comparação com os controles (AWAD, 2007).

d) Equipamento de colheita. Para o corte dos cachos, recomenda se o uso de instrumentos muito afiados (pequena foice, podadeiras, lâminas de serra, etc.) (Figura 143).

Figura 143. Corte do cacho de tâmaras com instrumento cortante (tipo foice pequena), adaptado por um protetor no cabo da foice contra espinhos.

Capítulo I I | 258
Figura 142. Ensacamento de cachos. Foto: Hasnaâ Harrak.

e) Coleta de tâmaras. Para a coleta de tâmaras, a extensão das lonas no solo diretamente sob aspalmeiraséumamelhoriatrazidaaoprocessode colheita.Astâmarasbemmaduras que sempre caem dos cachos durante a operação (durante o corte e a descida do cacho) caem sobre essaslonas.Estaslonasevitama mancha dastâmarasem contactocom osolo. São lonas especiais, feitas de lona resistente, dotadas de uma rebaixa para a locação da caixa de coleta e equipadas nos cantos com alças de corda para facilitar o manuseio. Para a coleta, manuseamento e transporte das tâmaras durante a colheita, é preferível utilizar caixas especiais com extremidades reforçadas e equipadas com pegadores. Estas caixas limitam o tamanho da colheita, evitam danificar as tâmaras e facilitam o carregamento (Figura 144).

COLHEITA MECÂNICA

Há uma tendência positiva que está forçando o cultivo de tâmaras a desenvolver novas soluções para enfrentar os desafios da produção moderna: a pontualidade das práticas agrícolas, o aumento dos custos da mão de obra, a escassez de mão de obra qualificada, a fadigae osriscosinerentesa este trabalho fazem parte dasprincipaisquestõesa abordar. De fato, o cultivo da tamareira é caracterizado por várias operações realizadas no nível da fronde (agrupamento de folhas), que muitas vezes está a mais de 6 m acima do solo e

Capítulo I I | 259
Figura144.Caixaplásticaparacoleta,manuseioetransportedetâmaras. Fonte:Chabana & Al Chariki (2000).

pode atingir até 20 m em plantações antigas. Na maioria das plantações o acesso ao nível da folhagem ainda é feito de forma tradicional, onde os trabalhadores têm que subir no tronco com a ajuda de cintos ou correias ou longas escadas ou de outras pessoas empilhadas nos ombros uns dos outros (OPARA; EL MARDI, 2003; GARBATI PEGNA, 2008, NOURANI, 2016). Isso faz com que essas operações, entre as quais a colheita é obviamente a mais importante, sejam muito difíceis e arriscadas, principalmente quando a altura das tamareiras é superior a 6 8 m, causando muitas vítimas anualmente ou o abandono das palmeiras mais altas (GARBATI PEGNA, 2008). Uma grande mudança que ocorreu no cultivo de tâmaras nos Estados Unidos foi à mecanização de algumas práticas de cultivo e, em particular, a época e o método de colheita (BARREVELD, 1993; AKYURT, 2002). Durante as décadas de 1940 e 1950, sob o impacto do aumento dos custos trabalhistas e da altura cada vez maior das palmeiras, alguns produtores nos EUA construíram grandes torres de colheita puxadas por trator, para evitar a necessidade de escadas (AKYURT, 2002); a partir de 1960, experimentou se o uso de máquinas de posicionamento de homem tipo guindaste hidráulico montado em caminhão, a fim de mover trabalhadores de palma em palma (AKYURT, 2002). Mesmo que nenhuma dessas tentativas tenha proporcionado um aumento significativo na produtividade dos trabalhadores, a escassez de mão de obra era tal que em 1966, 80% da safra de tâmaras nos EUA estavam sendo colhidas com o uso desses dispositivos mecânicos (BROWN, 1983; AKYURT, 2002). Hoje em dia foram desenvolvidas outras máquinas, que podem colher tâmaras sacudindo a planta ou que por um mecanismo deslizante e uma força de pressão no caule podem subir o operador até a folhagem, foram desenvolvidas, mas esses dispositivos não são adequados para a maioria das variedades de tâmaras e ainda precisa de muitas melhorias (SHAMSI, 1998). Um dos passos mais importantes na mecanização do acesso dos operadores às folhas, flores e frutos das tamareiras tem sido uma grande plataforma aérea em forma de “U”, mantida por uma lança telescópica movida hidraulicamente ou empilhadeira montada em um transportador off road, que pode fornecer suporte e espaço para vários trabalhadores permitindo que eles trabalhem em uma palmeira ao mesmo tempo. Este sistema, que oferece bons níveis de eficiência e segurança para os trabalhadores e permite um reembolso mais rápido do investimento, é amplamente utilizado em grandes plantações especializadas onde são cultivadas variedades valiosas. No entanto, os altos custos de aquisição e manutenção deste equipamento o tornam inviável para as médias e pequenas

Capítulo I I | 260

propriedades (GARBATI PEGNA, 2008; SHAMSI, 1998). Limites adicionais podem ser identificados em dificuldades de manobra em espaços apertados causados por sistemas de irrigação, disposição irregular de palmeiras, espaçamento insuficiente de árvores e consórcio (SHAMSI, 1998). Em alguns destes casos, ou onde são utilizados equipamentos diferentes, os operadores têm que saltar da plataforma para alcançar os frutosseoscachosestiveremescondidospelasfrondes (agrupamentodefolhas),anulando assim o aspectode segurança.Dispositivosde elevaçãomenorestambémforampropostos por vários fabricantes (GARBATI PEGNA et al., 2012), mas nenhum conseguiu conquistar a confiança dos agricultores. Com o objetivo de resolver os problemas de mecanização de fazendas menores ou difíceis, fornecendo uma máquina flexívele leve para oacesso do operador às partesaltas das palmeiras, duas empresas italianas ERREPPI e CO.ME.T. desenvolveram a Xiraffe, uma plataforma aérea leve off road, facilmente adaptável a diversas condições de operação, garantindo segurança e facilidade de trabalho mesmo em alturas consideráveis (Figura 145). Essa máquina constitui uma novidade neste sector pelas suas características e a sua aptidão para trabalhar em condições adversas, podendo representar uma solução rentável, também susceptível de futuros desenvolvimentos, para operações de campo ao nível das frondes (copa), oferecendo uma solução de mecanização especializada adequada e acessível mesmo para as médias e pequenas fazendas.

Capítulo I I | 261

Figura 145. Equipamento Xiraffe desenvolvido por empresas italianas, que é uma plataforma aérea leve off road auto movível para cultivo de tamareiras. Foto: Empresas italianas ERREPPI e CO.ME.T.

Este estudo analisa o desempenho da plataforma Xiraffe com foco nas operações de colheita; a investigação é baseada em dados coletados em 2017, durante testes de campo em plantações de Medjool no Vale doJordão (H.K. da Jordânia); estesensaios,realizados em palmeiras de diferentes alturas e características, visavam comparar a colheita mecanizada e manual tradicional, que ainda é o método mais comum na região do presente estudo.

A colheita do fruto da tamareira é muito crítica em termos de determinação da qualidade do produto e, portanto, do preço final. O fruto da tâmara é colhido manualmente ou com algum grau de mecanização, especialmente em grandes propriedades em Omã (Figura 146). O maquinário de colheita precisa ser eficiente e limpo, pois afetará o restante das etapas posteriores, como processamento, embalagem e comercialização.

Capítulo I I | 262

Figura 146. Plataforma de colheita de frutos de tâmara em forma de U em atividade operacional em grandes propriedades em Omã. Fonte: H. Jayasuriya.

Com o desenvolvimento subsequente da indústria de tamareiras em Omã, as estratégias de colheita também sofreram avanços, e agora a colheita mecanizada (Figura 146) está se tornando popular. Normalmente, os sistemas mecanizados de colheita de tâmaras consistem em veículos equipados com vários braços longos com cestos na extremidade, onde um trabalhador pode ficar no cesto para colher os frutos (MAZLOUMZADEHA et al., 2008) (Figura 147).

Capítulo I I | 263

Figura 147. Modelo de plataforma elevatória de colheita. Fonte: H. Jayasuriya.

Nos USA, a colheita manual pode atingir até 45% dos custos operacionais e, portanto, esforços foram feitos para desenvolver métodos de colheita mecânica para realizar a colheita de forma mais conveniente e rápida do que o método tradicional (manual) (AL SUHAIBANI et al., 1991; IBRAHIM et al., 2007). Alguns ensaios foram realizados com tâmaras Deglet NournoCoachella Valley,Califórnia, usandoplataformasconstruídasem torres extensíveis, permitindo que o colhedor se movesse de uma tamareira para outra (BROWN, 1982) Uma vez no topo da palmeira, a colheita é feita manualmente, usado o mesmo procedimento de colheita manual. Mais tarde, desenvolveu se o conceito de colheita mecânica de cachos de frutos maduros, em que os cachos inteiros eram cortados

Capítulo I I | 264

em duas ocasiões. Um desenvolvimento posterior foi o uso de agitadores mecânicos, nos quaiso eixodocachode frutoseraagitadoe osfrutoscoletadossobaárvore. Esta colheita mecanizada reduziu em 25% o custo operacional da colheita, além de reduzir em 60% o custo de manuseio e embalagem. Assim, o método de colheita mecânica de cortar os cachos de frutas inteiros e, em seguida, usar agitadores mecânicos para remover a fruta tornou se o procedimento padrão no Coachella Valley, Califórnia.

Um desenvolvimento posterior foi à utilização de uma grua hidráulica construída sobre um caminhão e a grua tinha um cesto utilizadopelocatadorpara alcançarotopoda árvore (Figuras 148 e 149). O catador corta o cacho inteiro e o coloca na cesta, que é abaixada pelo guindaste até um reboque agitador para sacudir. Após a agitação, as frutas caem nos silos a granel colocados sob o reboque agitador. Os silos a granel são então levantados por um “shuffle” e colocados em caminhões para serem transportados para o “packinghouse”. Quase 80% das tâmaras produzidas nos EUA são colhidas por esse método, o que reduziu os custos operacionais em 50% (RYGG, 1975; BROWN, 1982; HODEL; JOHNSON, 2007).

Figura 148. Guindaste hidráulico construído sobre um caminhão utilizado pelo catador para chegar ao topo da palmeira. Fotos: Davis Karp e Afron Machinery.

Capítulo I I | 265

Figura 149. Mulheres trabalhando na colheita da tâmara a bordo de uma plataforma mecânica em forma de U, efetuando a operação de empacotamento de cacho antes da sua colheita. Fonte: Noé Ortiz Uribe et al. (2019).

Época de colheita. A época de colheita é baseada na aparência e textura da tâmara, as quais estão relacionadas à umidade e teor de açúcar (YAHIA, 2004). A maioria dessas características depende da experiência dos produtores e do uso e destino da tâmara. As tâmaras para venda imediata são muitas vezes colhidas quando o teor de umidade ainda é alto, enquanto as tâmaras que serão armazenadas são deixadas nas tamareiras para cura natural e para perder o excesso de umidade. Embora algumas cultivares com baixo teor de taninos e alto teor de açúcares possam ser colhidas no estágio Khalal, as tâmaras de outras cultivares colhidas antes da maturidade total devem ser amadurecidas artificialmente. Tâmaras muito imaturas não podem ser adequadamente amadurecidas artificialmente e, consequentemente, serão de má qualidade. Os frutos da cultivar Deglet Nour não devem ser colhidos antes do estágio de “viragem” (mudança de cor) em que a textura é maleável e a cor é âmbar canela. Frutos colhidos com anel avermelhado na extremidade do perianto têm melhor potencial de armazenamento do que frutos deixados na palma até que o anel se desvaneça com a maturidade mais avançada (RYGG, 1975). Os frutos da variedade Halawi não devem ser colhidos antes do estágio de maturação suave, mas também podem ser colhidos no estágio de Tamar. As frutas Maktoom e Boufgouss podem ser colhidas quando 10 a 25% da superfície são translúcidas e depois amadurecidas até uma qualidade aceitável.

Capítulo I I | 266

O momento adequado da colheita reduz a incidência e a severidade de fraturas ou rachaduras de tâmaras, desidratação excessiva, infestação de insetos e ataque de microorganismos. As tâmaras são colhidas de julho a agosto no estágio Khalal ou de setembro a dezembro nos estágios Rutab e Tamar nas regiões produtoras do Hemisfério Norte. No Hemisfério Sul, a colheita ocorre em fevereiro, março e abril. As tamareiras são colhidas várias vezes durante a época de colheita, uma vez que nem todas as tâmaras amadurecem simultaneamente. Ou seja, as tâmaras são colhidas na maturidade ou perto dela. O amadurecimento dos frutos depende da cultivar, das condições de calor durante a estação de crescimento e do estágio em que os frutos são colhidos. Para cultivares de maturação precoce, o fruto dentro do cacho pode levar de 3 a 4 semanas para completar o amadurecimento, enquanto para cultivares de maturação tardia, o amadurecimento dos frutos dentro do cacho ocorre em cerca de 8 a 12 semanas. A colheita antecipada é comumente praticada para aproveitar os preços mais altos no mercado e evitar condições climáticas adversas, fraturas ou rachaduras dos frutos, desidratação excessiva nos frutos precoces,infestação de insetose ataque demicrorganismos.Comooamadurecimentodas tâmaras é progressivo no cacho, alguns frutos podem amadurecer demais, enquanto outros ainda estão nos estágios Khalal ou Rutab. A colheita seletiva de tâmaras ou espiguetas individuais é frequentemente praticada para boa qualidade na maturidade primária. Quando essa estratégia é adotada, várias colheitas são feitas antes do amadurecimento de todos os frutos. O método comum é colher por cacho quando a maioria das tâmaras está amadurecida (Figura 150)

Capítulo I I | 267
Figura 150. Presença de várias máquinas na época de colheita de tâmaras. Foto: AL OMRAN et al. (2018).

A maturação das tãmaras 'Medjool' ocorre gradualmente do final de agosto ao início de outubro. Em palmeiras jovens, as tâmaras são colhidas do solo (Figura 151). À medida que a planta fica mais alta, os operários sobem usando as fortes bases das folhas que permanecem após a poda. Uma vez que chegam à parte da copa da planta, prendem se com um arnês (fitas resistentes), depois agitam o racemo e abrem a parte inferior do saco para recolher as tâmaras, retirando se do saco até o último fruto colhido. As tâmaras são coletadas em uma bandeja circular, feita com um anel de metal e rede de pesca, então a bandeja é abaixada até o chão onde as tâmaras são colocadas em bandejas plásticas de 2 polegadas de profundidade. Para árvores mais altas, uma empilhadeira com plataforma redonda é utilizada para elevar de seis a oito trabalhadores ao nível do racemo, onde coletam os frutos (ANGULO ZUÑIGA et al., 2015; Figura 152b,c).

Capítulo I I | 268
Figura 151. Em palmeiras jovens, as tâmaras são colhidas diretamente do solo

Figura 152. Mecanismo de colheita de tâmaras. (a) Escadas anexadas às tamareiras (b) Grua mecânica com a plataforma em forma de U no nível de racemo. Fotos: Hamdi Taher Altaheri (2019). Algumas cultivares de tâmaras, como Barhi (Barhee, Berhi), Hayani, Samany e Zaghlol, são colhidas no estágio Khalal (parcialmente maduras) quando são amarelas ou vermelhas (dependendo da cultivar), mas muitos consumidores as consideram adstringentes (devido ao alto teor de tanino). O amadurecimento das tâmaras do estágio Khalal pode ser acelerado ensacando os cachos durante o crescimento dos frutos. Após a colheita, essas tâmaras podem ser amadurecidas até o estágio Rutab por congelamento rápido e manutenção a 18 ◦C ou temperaturas mais baixas por pelo menos 24 horas e descongelamento, ou por exposição a vapores de acetaldeído ou etanol. A maioria das tâmaras são colhidas nos estádios Rutab (marrom claro e macio) e Tamar (marrom escuro e macio, semi seco ou seco) totalmente maduros, quando apresentam teores bem

Capítulo I I | 269

maiores de açúcares, menores teores de umidade e taninos (desaparecimento da adstringência), e sãomais suaves que as tâmaras doestágio Khalal. Os teores de umidade das tâmaras Khalal, Rutab e Tamar são 45 65%, 30 45% e <30%, respectivamente (KADER; HUSSEIN, 2009).

As tâmaras no estágio Khalal (Bisir) às vezes são comercializadas em espiguetas (filamentos) ou cachos (Figura 153). Os cachos inteiros são colhidos quando as tâmaras estão completamente amarelas e rebaixados ao nível do solo, depois pendurados em um transportador para transporte para o “packinghouse” ou diretamente para o mercado. Frutos verdes a amarelo esverdeados e maduros (Rutab) são removidos dos cachos antes de serem embalados para envio aos mercados. Os cachos de tâmaras são geralmente cobertos com revestimentos de rede (tecido) para coletar os frutos maduros caídos.

Figura 153. Tâmaras da variedade Deglet Nour em estágio Khalal em espiguetas (filamentos) ou em cachos para venda na Tunísia. Foto: E. M. Yahia.

Capítulo I I | 270

A taxa de maturação das tâmaras do estágio Khalal pode ser aumentada pela aplicação de ethrel em pré colheita, seja em pulverizaçao ou injetando no pedúnculo do cacho. Além disso,a imersãopós colheitadefrutasno estágio Khalalemethrele ácidoabscísico ou vapor de etanol mostrou acelerar o amadurecimento da tâmara (AWAD, 2007).

As tâmaras nos estágios Rutab e Tamar são colhidas como cachos inteiros quando a maioria das tâmaras estão maduras, os quais são rebaixados ao nível do solo e agitados em uma caixa ou cachos colhidos são agitados para remover as tâmaras maduras (Figura 154). Alternativamente, tâmaras maduras individuais são colhidas em cachos e, em média, são necessárias três colheitas durante vários dias. Os apanhadores usam diferentes tipos de recipientes e auxiliares de colheita para baixar as tâmaras ao nível do solo. Tâmaras caídas no solo, que estão sujeitas a maiores danos mecânicos, nunca devem ser coletadas e vendidas para consumo humano devido às maiores chances de contaminação microbiana e incorporação do solo no mesocarpo (polpa) quando as tâmaras tocam o solo (KADER; HUSSEIN 2009)

Figura 154. As tâmaras da cultivar Deglet Nour no estágio de Tamar após a colheita em cachos são agitadas em caixotes para remover os frutos maduros. Foto: Davis Karp.

Capítulo I I | 271

Cuidados durante a colheita das tâmaras: -Reduzir o comprimento abrangente das folhagens, para instalar as lonas ao redor da árvore.

Podar as ventosas e as folhagens inferiores (primeira copa) para acessar os cachos de tâmaras com menor risco.

Elimine os espinhos próximos aos cachos.

Após a colheita, podar as árvores: limpar as árvores eliminando os restos das espatas, os pedúnculos dos cachos, as folhagens secas ainda presas ao tronco, principalmente as atacadas pela cochonilha e destruí las pelo fogo.

As tâmaras que caem no chão ou as que ficam na árvore devem ser recolhidas o mais rápido possível.

Os rejeitos aéreos (folhagens) devem ser eliminados do campo. Esse cuidado permite promover a saúde das palmeiras, evitando a acomodação de diversos parasitas e facilitando certos trabalhos posteriores, principalmente a polinização e a colheita.

TRANSPORTE

É preferível transportar as tâmaras colhidas para as unidades de processamento e de embalagem em carretas puxadas por um veículo. Também é preferível usar carrinhos engatados, reboques ou caminhões motorizados.

À chegada à unidade de processamento e de embalagem de tâmaras, a tâmara colhida é armazenada durante um máximo de dois ou três dias antes de ser processada, de forma a constituir uma reserva para assegurar o funcionamento contínuo da unidade de processamento e de acondicionamento de tâmaras. A colheita também pode ser armazenada até o processamento em armazéns equipados com dispositivos de ventilação ou em câmaras frigoríficas.

TRIAGEM

As tâmaras destinadas a serem comercializadas ou armazenadas por muito tempo devem estar livres de doenças e defeitos e, portanto, é necessária a triagem. Este último deve ser realizado à medida que as tâmaras são colhidas.

Capítulo I I | 272

As tâmaras colhidas devem ser classificadas pelo produtor de tamareiras em diferentes categorias de maturidade idêntica e em lotes homogêneos (de acordo com a cor, textura, tamanho e teor de água). É necessário agrupar as tâmaras por variedade, eliminar as tâmaras danificadas (podres ou parasitadas) e partenocárpicas e remover os corpos estranhos. Os frutos de descarte podem ser usados em nível de fazenda para alimentação do gado.

Para uma triagem higiênica e eficiente, é melhor prever áreas ou galpões especiais, abertos, com telhado de zinco. As mesas de classificação permitem que os operários trabalhem mais rápido, estejam eles sentados ou em pé. As mesas podem ser cobertas com uma folha de polietileno, que é fácil de limpar e barata. A iluminação deve ser boa. Os classificadores dispõem de caixas nas quais depositam as tâmaras por categoria. As mesas de triagem podem ser providas de calhas metálicas ou plásticas, que conduzem às caixas para facilitar o trabalho dos classificadores. Para refrescar o interior do galpão, o telhado pode ser pintado de branco e irrigado (Figura 155).

Capítulo I I | 273
Figura 155. Operação de triagem na empresa de tâmara nos Estados Unidos da América. Foto: Hasnaa Harrak.

Separação, lavagem, secagem e embalagem

A classificação das tâmaras é realizada manualmente. Um transportador de esteira metálica dentada para classificação de tâmaras é mostrado na Figura 156. Durante esta etapa, os trabalhadores separam e removem as tâmaras com qualquer indicação de infestação, bem como outras partículas e tâmaras danificadas (OFTS, 2002).

Limpeza

As tâmaras são frequentemente sujas por partículas de solo, grãos de areia, poeira, restos de plantas, produtos de tratamento, parasitas, cochonilhas e ácaros em particular, apesar dasprecauçõestomadasdurante otrabalhode colheita.Essasmanchasaderem fortemente à pele quando as tâmaras estão totalmente maduras e um pouco xaroposas.

Por este motivo, as tâmaras são normalmente lavadas em uma lavadora circular (tipo tambor) por pulverização com jatos finos de água (aspersores) e são curadas e secas usando um sistema de soprador de ar quente em um ambiente higiênico (SBI, 2010). Os processadores de tâmaras geralmente contam com desinfetantes de água de lavagem para reduzir as contagens microbianas para manter a qualidade e prolongar a vida útil do produto final (GIL et al., 2009). A lavagem com desinfetantes é importante para remover

Capítulo I I | 274
Figura 156. Transportador de esteira metálica movendo as tâmaras no estágio Khalal após a triagem. Foto: S. M. Aleid.

o solo e detritos e para a desinfecção da água para evitar a contaminação cruzada entre os lotes de produção

a.

Limpeza a seco com escova

Os pincéis devem ser macios para não danificar a pele das tâmaras; eles entopem rapidamente. É preferível realizar a operação com rolos forrados com tecidos que possam ser facilmente limpos durante a operação.

b. Lavagem

- Por pulverização: As tâmaras passam sob uma série de jatos finos. Este processo também só é eficaz para a remoção de partículas leves, mas não remove os grãos de areia embutidos (grudados) na pele.

- Por agitação: Os lavadores utilizados são geralmente do tipo tambor; as grades são forradas internamente com tecido macio para evitar o efeito abrasivo das chapas metálicas. Este método de lavagem é eficaz e dá excelentes resultados, desde que se utilize água adoçada com açúcar ou xarope de tâmaras para evitar a difusão de açúcares na água de lavagem; dependendode sua qualidade,essa água adoçada pode serreutilizada após a decantação. A lavagem deve ser seguida de secagem ao ar livre (as tâmaras são colocadas em prateleiras) ou em túnel de vento (Figura 157).

Capítulo I I | 275
Figura 157. Secadora. Foto: Nazhat for Industry.

Em ambos os métodos de lavagem (pulverização e agitação), água e uma solução desinfetante de formaldeído podem ser usados nas primeiras etapas da lavagem. Esta solução é removida lavando apenas com água nas etapas de estágios finais.

A lavagem pode diminuir a adequação das tâmaras destinadas para armazenamento. Para isso, é preferível colher as tâmaras de acordo com os métodos corretos sem que sejam muito sujas para limitar o tempo de lavagem. As variedades secas podem ser lavadas por um longotempoou até mesmoembebidasem água para lavare hidratar aomesmo tempo. Para tâmaras colhidas antes da maturidade, é preferível não as lavar para evitar sua rápida fermentação. A lavagem com agitação não pode ser usada para variedades macias, mas os jatos de pulverização dão bons resultados.

A máquina de lavar tâmaras deve ser lavada de tempos em tempos para evitar o desenvolvimento de mofo em suas diferentes partes. A lavagem é realizada com a ajuda de uma forte corrente de água quente que atinge todas as partes da máquina.

É preferível adicionar uma solução desinfetante à água de lavagem para facilitar a lavagem e a destruição de microrganismos.

PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO

Os fatores de qualidade do padrão CODEX para tâmaras incluem o seguinte: (1) as tâmaras devem possuir a cor e o sabor característicos da variedade, estar no estágio adequado de maturação e estar livres de insetos vivos e ovos de insetos e ácaros; (2) Teor de umidade de 26 a 30%, dependendo da variedade; (3) Tamanho mínimo do fruto de 4,75g (sem caroço) ou 4,0g (com caroço); (4) Ausência de defeitos, incluindo manchas, danos mecânicos, não maduros, não polinizados, sujeira ou areia incorporada, fruto danificado por insetos e/ou ácaros, azedamento, mofo e decomposição. As tâmaras e os seus produtos devem estar isentos de matérias censuráveis e isentos de microrganismos que representem um perigo para a saúde humana.

O padrão CODEX para tâmaras inclui três tamanhos com base no número de tâmaras por 500 g: pequeno (> 110tâmaras sem sementes ou > 90 tâmarascom sementes), médio (90 110 tâmaras sem sementes ou 80-90 tâmaras com sementes) e grande (<90 tâmaras sem sementes ou <80 tâmaras com sementes).

Nos Padrões dos EUA para classificação de tâmaras, o índice de qualidade inclui 20 pontos para cor, 10 pontos para uniformidade de tamanho, 30 pontos para ausência de

Capítulo I I | 276

defeitos e 40 pontos para caráter (bem desenvolvido, bem encorpado e macio). US classe A ou US Longa são dados a tâmaras inteiras ou sem caroço de uma cultivar que atingem uma pontuação de 90 ou superior. As notas menores incluem a Classe B dos EUA ou a Seleção dos EUA e a Classe C dos EUA ou o padrão dos EUA. Defeitos que reduzem sua pontuação incluem descoloração, pele quebrada, deformidade, deterioração, inchaço, cicatrizes,queimadurassolares,lesãoporinsetos,hidrataçãoinadequada, lesãomecânica, falta de polinização, odor ruim, mancha lateral, escaldadura preta, amadurecimento inadequado, azedamento, mofo, sujeira, e infestação de insetos.

Nos EUA, os produtores da Medjool usam um padrão de classificação que diferencia quatro graus com base no tamanho do fruto e na ausência de defeitos, conforme a Tabela 10.

Tabela 10. Padrão de classificação adaptado nos USA para a tâmara cultivar Medjool. Classificação Tâmaras por quilograma

Descrição

Jumbo 35 42 Sem manchas, separação da pele ou ressecamento.

Grande 44 51 Sem manchas, separação da pele ou ressecamento.

Extra longa 44 53 Pequenos defeitos, embalados todos os tamanhos juntos.

Longa 44 57 Alguma secura e separação da pele, embalado todos os tamanhos juntos.

Fonte: Adel A. Kader e Awad M. Hussein (2009).

EMBALAGEM

Para promover criteriosamente a produção de tâmaras e melhorar a embalagem das tâmaras, é necessário:

Que as cooperativas de tâmaraslocalizadas nas principaisáreas de produção de tâmaras, realizem o acondicionamento das tâmaras em embalagens apresentáveis.

Reduza a parcela do volume em comparação com as tâmaras embaladas.

Projetar especificações para embalagens adequadas com base no que cada variedade exige para sua conservação e atratividade.

Designdeembalagenscom baseemdiferentesmateriaisdeacordocomasespecificações elaboradas pelos especialistas de variedades.

Capítulo I I | 277

As tâmaras sãoembaladas em três formas: tâmaras aolongo da haste (pedicelo) do cacho, tâmarassoltascomcaroçosetâmarassoltassemcaroços.Elas sãoembaladasemunidades de pesos diferentes, na maioria das vezes variando de 250 g a 10 kg. Vários tipos de embalagens são recomendados e geralmente são realizados no nível da unidade de embalagem. Estas embalagens garantem uma boa apresentação das tâmaras e protegem nas contra determinados efeitos do ambiente externo. Em todos os casos, a embalagem escolhida deve ter a melhor relação custo/benefício e corresponder à demanda do mercado.

A manutenção da qualidade e o prolongamento da vida útil da maioria das frutas frescas podem ser alcançados pela embalagem em atmosfera modificada (MAP) e armazenamento em atmosfera controlada (CA). O MAP é praticamente usado para embalagens de varejo, enquanto o armazenamento CA é geralmente usado para armazenamento em massa de longo prazo. O conceito do MAP é combinar a permeabilidade do filme com a respiração da fruta. As tâmaras nos estágios Rutab e Tamar, que são os estágios de colheita mais comuns, apresentam baixas taxas de respiração (<5 mLCO2/kg a 20 ◦C) (KADER; HUSSEIN, 2009). Devido às suas baixas taxas de respiração, a qualidade das tâmaras após a colheita muda lentamente em comparação com outras frutas de alta respiração. O armazenamento de tâmaras frescas sob baixa concentração de oxigênio mostrou prolongar a vida útil das tâmaras frescas. Vários estudos demonstraram que a embalagem de tâmaras sob nitrogênio ou altos níveis de dióxido de carbono atrasou as mudanças de qualidade das tâmaras (ALEID, 2012). Existem estudos limitados envolvendo o efeito dos materiais de embalagem na retenção da qualidade das tâmaras durante o armazenamento; normalmente, apenas filmes de polietileno, polipropileno e celofane foram estudados anteriormente (SALARI et al., 2008).

O teor de umidade das tâmaras naturais varia devido a vários fatores, incluindo estágios de maturidade e de variedades. As tâmaras frescas podem conter naturalmente os níveis de umidade desejados após a colheita ou geralmente são secas para preservar a fruta por longosperíodossem refrigeração.Asecagem oudesidrataçãode tâmarasfrescascomteor de umidade de cerca de 20% ou menos pode inibir processos microbianos, como fermentação eazedamentoe deterioraçãomicrobiana, bemcomoa cristalizaçãodoaçúcar (ZAID, 2002). As taxas de respiração também diminuem com a diminuição do teor de umidade.

Capítulo I I | 278

As tâmaras secas e desidratadas são aparentemente os produtos mais antigos. A atividade de água (aw) está relacionada à vida de prateleira dos produtos de tâmaras, pois está diretamente relacionada à deterioração microbiana. A secagem e a desidratação reduzem o teor de água nos produtos de tâmaras. A absorção de umidade tende a ocorrer em produtos secos e desidratados durante o armazenamento, resultando em perda de textura e deterioração. Tâmaras secas e desidratadas e pó de tâmaras, que são sensíveis à umidade, devem ser embalados em uma barreira contra alta umidade para evitar a absorção de umidade. Como descrito anteriormente, o oxigênio está envolvido em reações de escurecimento enzimático e não enzimático (Maillard) de tâmaras. A barreira de oxigêniodesempenha um papelimportante na prevençãodemudançasde cordareação de escurecimento enzimático, mas não da reação de Maillard (BARREVELD, 1993). Há uma grande variedade de formas e materiais usados para embalagens de tâmaras no varejo. Os tipos mais comuns incluem uma caixa de papel, uma bandeja de garra, uma bandeja de plástico com tampa, um filme embrulhado ou selado a quente e uma bolsa de plástico. Também existem diferentes estilos de caixas de papelão para tâmaras. Os estilos mais comuns são caixa dobrável com saco plástico (Figura 158a), bandeja termoformada com tampa plástica (Figura 158b) ou envoltório individual de tâmaras (Figura 158c). O recipiente de design de telescópio completo é uma caixa de duas peças feita de duas bandejas como corpo e tampa. Recipientes de papelão ocasionalmente possuem uma “janela” para apresentar os produtos embalados. A impressão e o design das embalagens de varejo têm um impacto significativo nas decisões de compra.

Figura 158.Embalagem devarejo de tâmarasemcaixasde papelão:(a)comoembalagem secundária com tâmaras em saco plástico de alta barreira à umidade como embalagem primária; (b) tâmaras em embalagem tipo concha/rígida e caixa com janela; e (c) tâmaras embaladas individualmente em caixas com janela selada. Fonte: Chonhenchob et al. (2014).

Capítulo I I | 279

O estilo de bandeja tipo concha (Figura 159) é o estilo mais comum usado recentemente, pois fornece recursos de intertravamento para base e tampa para garantir o fechamento e o empilhamento. Alguns designs podem fornecer dobradiças para unir a base e a tampa para facilitar o manuseio, bem como abas para facilitar a abertura.

Figura 159. Bandejas articuladas em concha termoformadas com recurso de intertravamento unindo a base e a tampa.

Também é possível encontrar no mercado as seguintes embalagens

-Pratos: As tâmaras são dispostas em um prato de papelão e embrulhadas em um papel especial transparente ou em uma folha de plástico. Esta apresentação muito clássica permite ver os frutos e facilita o seu manuseamento. Os pratos contêm 250 a 500 g de frutas.

- Bandejas: São caixinhas com tampa com capacidade de 200 a 250 g feitas de papelão, madeira e papelão ou plástico, nas quais as tâmaras são armazenadas ao longo dos pedicelos do cacho.

Caixas e bandejas: fechadas ou providas de janela plástica transparente, forrada com papel ou plástico. As tâmaras (>1 a 5 kg) estão soltas ou armazenadas (Figura 160).

Capítulo I I | 280

Figura 160. Embalador de tâmaras em cartonagem (250 a 1000 g). Foto: Nazhat for Industry. Sachês de papel especial ou material plástico contendo tâmaras soltas. Caixotes e caixas de papelão de 15 a 25 kg de tâmaras em embalagem de apresentação. Essas embalagens podem ser revestidas internamente com plástico especial ou envelope de folha de flandres selado. Esses pacotes permitem destinar e comercializar tâmaras para regiões de clima úmido. Existem também embalagens de papelão ou papel com uma camada de alumínio revestida com plástico; estas embalagens hermeticamente fechadas protegem completamente o seu conteúdo da umidade e da infestação de insectos parasitas e roedores. Elas são particularmente interessantes para os comerciantes que estão mal equipados para armazenar suas mercadorias. Para evitar o risco de danos às tâmaras por cortes, esmagamentos, choques e vibrações, recomendam se a utilização das embalagens forradas com papel e folhas, embalagens rígidas, embalagens rasas (caso de variedades moles) e embalagens adequadas para fácil

Capítulo I I | 281

manuseio. Para o transporte, deve ser fornecida uma sobrembalagem (embalagem secundária ou terciária).

ARMAZENAMENTO

As tâmaras são:

Ou vendidas diretamente nos diversos mercados consumidores;

Ou armazenadas para venda no mercado nacional em períodos de elevado consumo (Ramadan, cerimónias religiosas e casamentos). Esse armazenamento é praticado por comerciantes intermediários que possuem os meios necessários para realizá lo.

O armazenamento deve ser realizado em condições específicas para que as tâmaras mantenham a integridade de suas qualidades. Portanto, para difundir e regularizar a comercialização das tâmaras, recomendam-se manteras frutas em armazéns refrigerados. Esta operação visa preservar a qualidade do fruto e evitar a sua fermentação e escurecimento. De fato, a temperatura transforma a sacarose da tâmara em açúcares redutores (glicose e frutose) e muda a cor da tâmara que se torna mais escura e isso começa a uma temperatura de 27°C. O efeito da temperatura diminui quando a temperatura está abaixo de 4,5°C.

Além disso, é preferível escolher um local fresco e seco, pois a deterioração microbiana, principalmente por mofo, é consideravelmente acelerada pelo calor e pela umidade.

Ensaios de armazenamento a frio foram realizados nos EUA e permitiram definir as temperaturas de armazenamento para as tâmaras da variedade Deglet Nour para tempos determinados (Tabela 11). Na França, o Instituto Internacional de Refrigeração recomenda uma temperatura de armazenamento para tâmaras de 18°C para armazenamento por um período de um ano.

Tabela 11. Temperaturas máximas de armazenamento e durações das tâmaras da variedade Deglet Nour para tempos determinados.

Temperatura de armazenamento

Vida útil máxima de conservação 26 / 27 °C 1 mês 15 / 16 °C 3 meses 4 / 5 °C 8 meses 17 / 18°C Mais de um ano Fonte: Munier (1973).

Capítulo I I | 282

O armazenamento a uma temperatura de 0°C 21°C requer uma umidade relativa de 65 a 70% para evitar absorção de água com umidades mais altas e secagem de tâmaras com umidades mais baixas. No entanto, a tendência das tâmaras de absorver umidade diminui com a diminuição das temperaturas de armazenamento. Com as variedades macias, as condições ideais seriam 0°C com umidade relativa de 75 a 80%.

Algumas tâmaras moles com alto teor de água deterioram se rapidamente, apesar do armazenamento em baixas temperaturas em torno de 0°C. Para isso, requerem temperaturasabaixo de 0°C.Outrastâmarassão caracterizadaspela formaçãodemanchas deaçúcar(apósasolidificaçãodecertassubstânciasaçucaradasnapolpadetâmaraabaixo doepicarpo)oumanchasdemofo(quesedesenvolvemabaixodoepicarpo);estas tâmaras devem ser conservadas entre 17 e 23°C.

Astâmarasarmazenadascom outrosprodutosaromáticospodem absorveroaroma desses produtos. Portanto, é importante que o ar nas salas de armazenamento não contenha aromas estranhos. Os sabores de maçã, cebola e batata podem ser detectados em tâmaras armazenadas com esses produtos em temperaturas normais de refrigeração. O aroma da carne bovina pode ser muito marcante em tâmaras congeladas na mesma câmara onde se encontra a carne.

Em todos os casos, deve se tomar cuidado para garantir que as instalações cumpram os requisitos de armazenamento de alimentos e que os métodos de armazenamento sejam compatíveis com os requisitos de tâmaras.

TRATAMENTOS COMPLEMENTARES

Ostratamentoscomplementaresvisam melhorara apresentação,aparênciae consistência. Entre esses tratamentos estão:

1) Secagem e reumedecimento.

A consistência e o grau de estabilidade das tâmaras são embalados pela proporção de açúcares em relação ao teor de água da polpa. Esses dois principais constituintes da

Capítulo I I | 283
2
3
1 Secagem e umedecimento
Maturação adicional
Polimento 4 Revestimento (brilho).

tâmara são os que mais interessam ao embalador. O teor de água provavelmente parece mais importante para o embalador porque o teor total de açúcar é invariável quando a fruta chega até ele. O teor de água, por outro lado, pode ser modificado à vontade por desidratação (ressecada) ou hidratação (reumedecimento). O índice de qualidade (relação teor de açúcar e teor de água) deve ser próximo de 2. A exportação de tâmaras da variedade Deglet Nour, por exemplo, só é autorizada quando contiverem o dobro de açúcares do que a água.

A quantidade de água a ser retirada ou a ser absorvida até a tâmara pode ser calculada pelas seguintes fórmulas:

Água de secagem: Q = H * c (S * c / a) Água de reumidificação: Q = (S * c / a) H * c

Onde, Q: é a quantidade de água a evaporar ou absorver; H: é a umidade da polpa; S: é o teor de açúcar da polpa; c: é a proporção de celulose na tâmara; a: sendo a relação açúcares/umidade final.

a. Desidratação/secagem. A desidratação é uma etapa importante do processamento da tâmara, pois condições como temperatura de secagem, umidade relativa e tempo de secagem afetarão a cor, o sabor, o enrugamento, a separação da pele e da polpa e a aceitabilidade geral (YANG; ATALLAH, 1985). A secagem convencional requer altas temperaturas por um longo tempo, e o produto final é caracterizado por baixa porosidade e altos valores de densidade aparente. Os materiais secos a vácuo são caracterizados por uma melhor retenção de nutrientes e aromas voláteis. No entanto, o custo desse processo é alto (TSAMI et al., 1998). Fornos de microondas também podem ser usados para secagem rápida e uniforme. A uniformidade da secagem por micro ondas, tempos de secagem mais curtos e reduções tanto de microrganismos quanto do valor nutritivo dos alimentos resultam de efeitostérmicos e não de energia de micro ondas (SCHIFFMANN, 1995). Ao escolher o método e as condições de secagem mais adequados, a qualidade do

Capítulo I I | 284

produto final pode ser controlada. Frutas desidratadas, como as tâmaras, são utilizadas como produtos alimentícios ou como ingredientes industriais no processamento de diversos alimentos, como produtos de panificação e pós instantâneos de frutas (HUSSIN, 1995; MOHAMED et al., 2005).

A operação de secagem da tâmara reduz a proliferação microbiana, bem como as reações de alteração química e enzimática. Ao nível do palmeiral, a secagem das tâmaras moles pode ser feita por exposição ao sol. As tâmaras são exibidas em estrados telados durante o dia. É necessário contar com 7,5 kg de tâmaras por metro quadrado de estrados telados. O tempo de exposição é variável dependendo do teor de água dos frutos e das condições climáticas.

Este método requer uma grande área de exposição com solo estabilizado e protegido dos ventos que carregam poeira. Requer ter o pessoal necessário para abrigar as tâmaras em caso de chuva e tempestades de areia.

O processo de secagem das tâmaras envolve a perda de peso devido à evaporação da umidade dos frutos que é auxiliada pela alta temperatura e baixa umidade do ar em movimento. O projeto da Casa de Secagem de Policarbonato (PDH) (Figura 161) é uma tentativa de fornecer condições ideais para atingir os requisitos de secagem. Os estrados telados geralmente são dispostos em suportes localizados a um metro do solo. Esse método geralmente faz com que as tâmaras fiquem marrons. A secagem pode ser feita em estufa envidraçada (Figura 162), forno solar ou forno industrial. Este último processo é o mais utilizado e consiste em submeter às tâmaras a uma corrente de ar quente; as tâmaras progridem em um forno túnel na direção oposta à do ar quente, cuja temperatura deve ser inferior a 70°C para evitar fenômenos de escurecimento.

Capítulo I I | 285
Figura 161. Estufa de Secagem de Policarbonato (PDH) de frutos de tâmaras colocados sobre um estrado telado suspenso por cavaletes Foto: Al-Shoaily et al. (2018).

A secagem pode ser realizada a (60 a 66 °C) por (3 a 4 horas) com uma umidade relativa de (30 a 35%). Também pode ser realizadoa uma temperatura de 54°Ce umidade de50% para tâmaras semi moles e para tâmaras suaves ou escuras, é preferível utilizar uma temperatura de 60 °C.

Dependendo do teor de água das tâmaras, existe uma temperatura de secagem e umidade relativa óptimas que não devem ser ultrapassadas e que dão bons resultados.

b. Reumedecimento. A re umedecimento das tâmaras pode ser conseguida por:

Imersão em água fria ou quente a 70 °C. Esta operação é seguida de drenagem e limpeza. Este processo requer um longo tempo de processamento. Pode fazer com que as tâmaras fermentem se o clima não for controlado; também pode levar à dissolução de açúcares na água de re umedecimento.

Tratamento com vapor após vácuo preliminar. Esse processo, adotado nos Estados Unidos e em outros países produtores de tâmara, consiste na injeção de vapor d'água após submissão de vácuo no recinto de tratamento. Este processo tem a vantagem de permitir uma reumidificação rápida a baixa temperatura.É de fácil manutençãoe proporcionauma

Capítulo I I | 286
Figura 162. Estufa envidraçada para secagem de tâmaras. Fonte: Chabana & Al Chariki, 2000.

espécie de pasteurização das tâmaras. As tâmaras também adquirem uma aparência brilhante.

2) Maturação complementar

As tâmaras devem ser colhidas quando estiverem totalmente maduras (estágio Tamar). Às vezes, as tâmaras são colhidas com maturação incompleta:

ou porque a maturação é escalonada ao longo do cacho.

ou que a colheita seja antecipada devido a determinadas condições climática (chuva).

Por estas razões, o amadurecimento é realizado artificialmente. Esta técnica tem a vantagem de reduzir o tempo de maturação e evitar danos de infestação causados pela chuva ou pela queda de frutos já maduros.

O amadurecimento artificial consiste em remover a adstringência e reduzir o teor de umidade dos frutos. Pode ser realizado através do uso de agentes químicos ou físicos. Para as tâmaras, o amadurecimento artificial só pode ocorrer se o fruto tiver já atingido um certo grau de maturação,chamado de "momentocrítico". Omomentocríticoantecede em alguns dias o “veraison”, ou seja, o primeiro ponto escuro e mole que geralmente se observa no topo da tâmara e que anuncia a passagem do estágio “Khalal” para o estágio “Routab”. Esta passagem é geralmente marcada por um acúmulo significativo de açúcares. Abaixo deste ponto, a estimulação térmica ou química nãotem efeito. Por outro lado,alémdisso,essa açãopodeeliminarouestimular oprotoplasma dascélulasdotecido de modo a liberar as diástases anteriormente insolúveis ou inativas. a. Tratamento com ácido acético. Este ácido atua sobre os taninos tornando os insolúveis. O tratamento pode ser feito por imersão em solução de ácido diluído a 3 ou 4% ou em vinagre de álcool comum. Após a imersão, as tâmaras são deixadas a escorrer em estrado de telado e depois de marinar em recipiente fechado durante 20 a 24 horas. Também pode proceder por fumigação com vapor de ácido acético em um recinto aquecido. Após o tratamento, as tâmaras devem ser colocadas em prateleiras, no ar, para perder o cheiro de vinagre. O tratamento com vapor de ácido acético tem um efeito notável no amadurecimento das tâmaras. Outro método é aspergir as tâmaras em pé (cacho) com vinagre.

Capítulo I I | 287

b. Fermentação.Astâmarascommaduração incompleta caracterizam se porum elevado teor de água e por uma adstringência que diminui com o progresso da maturação. Esta adstringência é devida aos taninos em estado solúvel.

c) Secagem ao sol. É realizado expondo astâmaras ao sol, mas a operação é longa e cara; é tanto mais longo quanto o estado de maturação dos frutos é menos avançado. Esse processo faz com que as tâmaras fiquem marrons. A maturação também pode ser obtida em salas quentes. Esses processos são adequados apenas para tâmaras quase maduras. Não permitem obter tâmaras de qualidade, completamente maduras. Observa se, de fato, que apenas a parte externa das tâmaras tratadas amadureceu, mas não a parte central ao redor do caroço. As salas quentes devem estar equipadas com dispositivos para a circulação doar uniformemente em todasas partes da sala e para a introdução de ar fresco conforme necessário. A temperatura e a umidade devem ser controladas (Figura 163).

Capítulo I I | 288
Figura 163. Amadurecimento adicional das tâmaras por exposição ao sol. Fonte: ORMVA de Tafilalet.

d) Secagem industrial. A temperatura desempenha um papel decisivo no amadurecimentodastâmaras.Torna possível aumentara velocidadedasreaçõesquímicas em duas a três vezes para cada aumento de 10 °C. No entanto, a temperatura correta depende de vários fatores: variedade da tâmara, teor inicial de água, teor de açúcar e sólidos, velocidade do ar, umidade relativa do ar, etc. As tâmaras menos maduras precisam de temperatura e umidade mais altas do que tâmaras mais maduras. Para a variedade Deglet Nour, recomenda se não ultrapassar a temperatura de 35°C para preservar sua fragrância e sua característica de cor dourado. Para este processo de cura pode ser utilizado um secador solar ou um secador industrial (Figura 164).

Capítulo I I | 289
Figura 164. Secador de tâmaras. Fonte: Chabana & Al Chariki, 2000.

3) Polimento

É um tratamento de alta temperatura por um curto período de tempo com uma forte corrente de ar. Isso permite a dissolução da camada de ceras na superfície das tâmaras. Após o resfriamento, tem uma aparência brilhante e atraente.

A exposição das tâmaras ao calor (130 °C durante 5 minutos) espalha a cera da fruta na superfície e dá lhe um aspecto brilhante. O tratamento a vapor por 10 minutos também dá bons resultados.

4) Revestimento (brilho)

O revestimento melhora a aparência das tâmaras, conferindo uma camada protetora e um aspecto brilhante e reduzindo a adesão de tâmaras moles. É feito por imersão muito breve em uma solução de xarope de glicose a 20 °Brix. Recomenda se também praticar um revestimento com uma solução contendo 6% de amido ou 3% de metilcelulose. Outras técnicas oferecem uma solução contendo 2% de butil hidroxianisol, 6% de butil hidroxitolueno e óleo vegetal. As tâmaras também podem ser embebidas em uma solução concentrada de açúcar ou em uma solução composta por 15% de glicerina e 85% de álcool.

TRATAMENTOS DE CONSERVAÇÃO

Alguns insetos que parasitam as tâmaras põem ovos na superfície ou dentro das tâmaras. Esses ovos dão origem a larvas vulgarmente chamadas de vermes, que organizam cavidades dentro da polpa que consomem,que contaminam com seus excrementos; então elesseestabelecememcasulos.Apresençadessaslarvas,excrementosecasulos,deprecia fortemente as tâmaras.

Esses insetos atacam as tâmaras nos cachos e põem ovos no palmeiral, durante as operações de colheita e transporte, durante seu armazenamento antes de serem processados e embalados. Nem sempre é possível lutar contra insetos adultos no palmeiral, mas é possível se proteger contra seus ataques nas oficinas tomando as precauções necessárias: disposição dos armazéns de armazenamento, tratamento das instalações e colheita a granel, etc.

Capítulo I I | 290

No entanto, recomenda se tratar as tâmaras no palmeiral o mais rápido possível, para eliminar larvas e ovos de insetos antes da eclosão.

Métodos de controle

Fumigação por brometo de metila ou fosfina, radiação ionizante, baixas e/ou altas temperaturas e atmosferas modificadas podem ser usadas para controlar insetos em tâmaras (PAULL; ARMSTRONG, 1994; YAHIA, 1998, 2009; YAHIA; KADER, 2011).

1) Desinsetização por fumigação. Esta operação é realizada tratando as tâmaras em caixas dispostas de tal forma que sejam deixados intervalos para permitir uma boa circulação do produto fumigante. O tratamento é realizado sob uma lona impermeável cujas bordas são mantidas no solo por um cordão de terra (cobras de areia) para evitar qualquer fuga do fumigante.

O produto fumigante é injetado sob a lona e deve permanecer em contato com as tâmaras a serem tratadas pelo tempo necessário. O brometo de metila (CH3Br) a 30 g/m3 (30 ppm) por 12 24 horas em temperaturas acima de 16 °C é muito eficaz para desinfestação de insetos (YAHIA; KADER, 2011). No entanto, embora o brometo de metila seja muito eficaz no controle de insetos de produtos armazenados, suas emissões têm um efeito deletério na atmosfera e é um tremendo perigo para a saúde humana; o Protocolo de Montreal decidiu eliminar sua produção e uso até o final de 2015 em todo o mundo.

Um substituto potencial para o brometo de metila é o fluoreto de sulfurila a 34 g/m3 por 24 horasa 20 25°C,que foi recentementeregistrado pela Agência de ProteçãoAmbiental dos Estados Unidos (USEPA), embora grupos ambientalistas estejam fazendo campanha contra esse composto devido aos seus potenciais efeitos negativos. A fosfina (PH3) é um fumigante eficaz, mas o tratamento leva de 3 a 5 dias a 20 °C e 60% de umidade relativa. No entanto, o uso de fosfina como gás pode reduzir o tempo de tratamento necessário para algumas horas. Os regulamentos atuais em cada país devem ser consultados antes que esses fumigantes sejam usados. A fumigação mostrou se mais eficiente quando aplicada sob baixa pressão. Ahmed et al. (1982) compararam fumigação com brometo de metila e irradiaçãode tâmaras Zahdi e relataram que ambasas técnicas são eficientespara desinfestação durante o primeiro períodode armazenamento (25 dias), mas a reinfestação de tâmarasocorreudurante oarmazenamento levando à detecçãode insetosvivos.Assim, as tâmaras desinfestadas devem ser protegidas da reinfestação pelo armazenamento em baixas temperaturas e em embalagens à prova de insetos.

Capítulo I I | 291

A desinsetização mais rigorosa com fumigantes mais tóxicos só pode ser realizada em unidades de fumigação equipadas com equipamentos adequados e operadas por pessoal qualificado. Os gases utilizados são tóxicos e cancerígenos:

Metil Brometo (BrCH2): Usado para processamento rápido e para uma grande quantidade de armazenamento.

Fósforo de hidrogênio (Phostoxyn): Usado quando o fator tempo nãoé muito importante e para uma pequena quantidade de armazenamento.

Afumigação é um métodomuitoeficaz,masseuuso está sujeitoa regulamentaçõesmuito rígidas e até a proibição do brometo de metila em 2015. Entre as desvantagens da fumigação estão também seu alto custo e o aparecimento de novas gerações de insetos resistentes a produtos químicos. Isso tornou necessário buscar outros processos alternativos tão eficazes quanto os fumigantes.

No palmeiral, como os trabalhadores não são técnicos especializados, é preferível que o gás utilizado não seja tóxico. Para isso, é utilizada uma mistura de bissulfito de carbono (CS2) e tetracloreto de carbono (CCl4). Se a quantidade de tâmaras a tratar for pequena e não houver risco de incêndio próximo ao local da fumigação, o bissulfito de carbono pode ser usadosozinhoouum poucomaisleve com arpara reduzirseucaráterinflamável.

2) Desinsetização por frio. As tâmaras são muito resistentes a baixas temperaturas e, portanto, podem reduzir significativamente a infestação de insetos (YAHIA, 2004; YAHIA; KADER, 2011). Temperaturas abaixo de 13 ◦C evitarão danos à alimentação e reprodução, e temperaturas de 5 ◦C ou inferiores são eficazes no controle de diferentes formas de insetos (BARREVELD, 1993). A larva da mariposa pode viver por 85 dias a 2 6 ◦C, mas o armazenamento a 0 ◦C pode resultar em mortalidade total da larva da mariposa e do adulto do besouro após 15 e 27 dias, respectivamente (HUSSAIN, 1974). Assim, tâmaras fumigadas embaladas podem ser mantidas livres de infestação a 4 ◦C por até 1 ano (HUSSAIN, 1974). Congelar a 18 ◦C ou menos por pelo menos 48 h (a partir do momento em que a temperatura da fruta atinge 18 ◦C ou menos) é suficiente para matar todos os estágios de vida dos insetos dos produtos armazenados. Portanto, o frio pode parar ou retardar reações biológicas e bioquímicas. Isso depende de: Características das tâmaras e da natureza dos microrganismos e insetos. Porcentagem de umidade de tâmaras.

Capítulo I I | 292

Temperatura: Temperaturas de 4°C ou ligeiramente inferiores impedem a atividade dos insetos, mas não matam toda a vida dos insetos. Temperaturas bem abaixo de 0°C são necessárias para garantir a morte completa.

3) Desinsetização por calor. A alternativa, que poderia ser o tratamento térmico como meio de desinfestação, à fumigação com brometo de metila, poderia atender a demanda do setor de tâmaras. A este problema de infestação de tâmaras, acrescenta se o das alterações enzimáticas e microbianas encontradas para tâmaras com alto teor de água. Estas tâmaras devem ser estabilizadas por secagem para trazer o teor de água a um nível que permita a conservação.

Como resultado, o tratamento térmico das tâmaras em escalas adequadas permite a inativaçãodasenzimasresponsáveis peloescurecimentoenzimático,desidrataçãoparcial, preservação da composição da tâmara tratada, pasteurização parcial, melhora da aparênciadastâmarastratadaseeliminaçãodetodososestágiosdamariposa.Issopermite a extensão da vida útil das tâmaras. Para a secagem por convecção, foi demonstrado que uma temperatura “alta”, em torno de 74°C, modifica as características físico químicas das tâmaras e reduz seu valor de mercado.

Como resultado, o tratamento em fornos de corrente de ar quente pode ser realizado em temperaturas em torno de 60°C, mantidas por menos de duas horas. No entanto, a temperatura dentro da câmara de tratamento deve ser cuidadosamente monitorada para que permaneça sempre abaixo de 70°C. Esta é a técnica adotada pelas cooperativas de tâmaras no Marrocos usando fornos Gonet (Figura 165).

Capítulo I I | 293

A pesquisa realizada pelo INRA sobre variedades marroquinas mostrou que os tratamentos térmicos (em fornos) apresentados abaixo permitiram a destruição total da traça e a preservação da qualidade das tâmaras:

50°C por uma hora para a variedade Boufeggous; 60°C por uma hora para as variedades Jihel, Najda, Bouskri e Bouittob. Outros estudos mostraram que a uma temperatura de 60°C, a mortalidade dos ovos de Ephestia cautella Walker é completa após 20 minutos. Deve se observar que a imersão em água fervente é uma técnica reservada para tâmaras de qualidade seca ou secundária. Não é adequado para frutas destinadas à exportação. O tratamento térmico das tâmaras a 60 70 ◦C por 2 horas matou 100% tanto da traça da figueira quanto do besouro, mas resultou em uma aparência brilhante ou vitrificação da fruta (HUSSAIN, 1974). A exposição de tâmaras a temperaturas de 65 80 ◦C por 30 min a 4 horas em alta umidade controla insetos (YAHIA, 2004); no entanto, esta estrategia nem sempre é muito eficiente para o controle de insetos em tâmaras com alto teor de umidade, pois altas temperaturas por períodos prolongados podem causar escurecimento e aparecimento de cor opaca e perda de sabor. Rafaeli et al. (2006) descreveram um método eficaz, de curta duração e barato usando recipiente de aquecimento pós colheita.

Capítulo I I | 294
Figura 165. Forno Gonet usado para processamento de tâmaras em Marrocos. Fonte: Harrak & Chetto (2001).

Eles descobriram que o regime de temperatura ideal para o escape máximo de besouros da fruta foi de 55 ◦C por 2,5 horas, atingido a uma taxa de 1,8 ◦C/min. Ar aquecido a 50 55 ◦C por 2 4 horas (a partir do momento em que a temperatura da fruta atinge 50 ◦C ou mais) é eficaz para desinfestação de insetos (NAVARRO, 2006), mas o uso de temperaturas mais altas não é recomendado porque torna a cor das tâmras mais escura. O ar quente forçado é recomendado para obter um aquecimento mais rápido e uniforme das tâmaras. O resfriamento das tâmaras até a temperatura de armazenamento desejada (0 ◦C) logo após a conclusão do tratamento térmico reduz a intensidade do escurecimento da cor. Hussein et al. (1989) relataram que a água fervente é mais eficiente no controle da infestação de insetos de tâmaras do que a exposição ao ar quente a 70 ◦C. No entanto, a água muito quente também aumenta a perda de açúcar que pode chegar a 20%.

4) Ionização. O tratamento com radiação γ na dose de 50 Krad permite a destruição de 100% da mariposa (Ephestia cautella). O tratamento com radiação γ na dose de 25 Krad permite interromper o desenvolvimento da mariposa nos diferentes estágios do seu ciclo. Quanto ao tratamento na dose de 20 Krad, permite a destruição de 100% da Ephestia cautella em todasestasfasesde desenvolvimentoexcepto na última fase da idade de larva que apresenta resistência à radiação.

Entre as vantagens da ionização

Preservação do aroma inicial das tâmaras;

Conservação da composição química e valor nutricional (açúcares, glicose, frutose, sacarose, proteínas, aminoácidos, carotenoides, pectinas, etc.);

Nenhuma alteração no sabor.

A combinação de ionização com fumigação, tratamento a frio oucalor permite minimizar ao máximo as doses de radiação e beneficiar da complementaridade entre os tratamentos para prolongar a vida útil das tâmaras.

A radiação ionizante em doses abaixo de 1 kGy (um nível atualmente aprovado para uso em frutas e vegetais) tem potencial para desinfestação efetiva de insetos sem efeitos negativos na qualidade das tâmaras (AHMED 1981; AL TAWEEL et al., 1993). Ahmed et al. (1982) verificaram que uma dose de 0,86 kGy foi adequada para a desinfestação de pequenas embalagens de tâmaras envoltas em polietileno, causando completa inibição da

Capítulo I I | 295

emergência de adultos tanto de Ephestia quanto de Oryzaephilus. Al Taweel et al. (1990) relataram que uma dose de 0,44 kGy por 30 minutos foi suficiente para desinfestar as tâmaras e nenhum inseto vivo foi detectado após um período de armazenamento de 185 dias. Azelmat et al. (2005) encontraram que 0,3 kGy foi o mínimo necessário para evitar danos causados pela alimentação e prevenir a emergência de adultos, e 0,45 kGy foi necessário para matar o quarto instar de Plodia interpunctella (Huber) (Lepidoptera: Pyralidae). Alguns estudos conduzidos por El Sayed; Baeshin (1983), Grecz et al. (1986) e Al Khahtani et al. (1998) mostraram que os degustadores conseguiam discriminar entre controle e tâmaras irradiadas de 0,2 a 6,0 kGy. No entanto, Aleid et al. (2013) mostraram que a qualidade sensorial foi afetada em doses >3kGy.

Niakousari et al. (2010) expuseram tâmaras contaminadas com todas as fases de vida (adultos, larvas e ovos) da traça da farinha indiana (Plodia interpunctella) e do besouro dente de serra (Oryzaephilus surinamensis) ao ozônio gasoso (600, 1200, 2000 e 4000 ppm) por 1 2 horas. A exposição de amostras a concentrações de ozônio >2000 ppm por 2 horas resultou na mortalidade completa de larvas e adultos. A ozonização a 4000 ppm causou 80% de mortalidade dos ovos, mas a exposição ao CO2 antes da ozonização não aumentou a mortalidade.

5) Microondas. Wahbah (2003) relatou que a radiação de microondas em 2540 MHz por 19 a 22 segundos foi suficiente para causar 50% de mortalidade das duas espécies Oryzaephilus surinamensis e Tribolium castaneum, respectivamente, enquanto Al Azab (2007) indica que 20 segundos em 2450 MHz foram necessários para produzir 100% de mortalidade para todos os estágios de Ephestia cautella; com sensibilidade sendo pupas>adultos>ovos>larvas.

6) Radiofrequência. Alfaifi et al. (2013) relataram o potencial para o desenvolvimento de tratamentos de radiofrequência contínuos e em larga escala (28,4 103,7 cm de profundidade a 27 MHz) para o controle pós colheita de insetos em frutas secas.

7) Atmosfera modificada (MA) e atmosfera controlada (CA). Embalar tâmaras infestadas em sacos de polietileno com vácuo de 80-90% resultou em 100% de mortalidade após dois dias (HUSSAIN, 1974). Uma exposição de 4 horas a 2,8% de O2 em N2 a 26 ◦C resultou em mais de 80% das populações iniciais de besouros da família Nitidulidae aemigrardastâmarassecasinfestadas(NAVARROet al.,1998a,b).Al Azab (2007) usou uma mistura de atmosfera modificada (65% CO2, 15% N2 e 20% O2) e

Capítulo I I | 296

descobriuque uma exposiçãopor24horas a 34 ◦Ce 65% de umidade relativa causa 100% de mortalidade contra os adultos de Ephestia cautela. El Mohandes (2009) descobriu que 100% de mortalidade foram alcançadas após 36 horas de exposição a concentrações de CO2 de 75% a 25 ◦C e 55% de umidade relativa para os adultos de Oryzaephilus surinamensis e Tribolium confusum. Além disso, a aplicação de CO2 em concentrações de 75% com meia dose de PH3 a 28 ± 2 ◦C e 60 ± 5% de umidade relativa causou 100% de mortalidade, de ambos os insetos testados, após 6 horas de exposição.

Capítulo I I | 297

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAS, M. F. Metaxenic effect in date palm (Phoenix dactylifera L.) cv. Hillawi in relation to levels of endogenous hormones. Basrah J. Sci., v.15, p.29 36, 1997.

ABBAS, M. F.; IBRAHIM, M. A. The role of ethylene in the regulation of fruit ripening in the Hillawi date palm (Phoenix dactylifera). J. Sci. Food Agric. V.72, p.306 308, 1996.

ABDELGAWAD, H.; SALEH, A. M.; AL JAOUNI, S.; SELIM, S.; HASSAN, M. O.; WADAAN, M. A. M.; SHUIKAN, A. M.; MOHAMED, H. S.; HOZZEIN, W. N. Utilization of actinobacteria to enhance the production and quality of date palm (Phoenix dactylifera L.) fruits in a semi arid environment. Sci. Total Environ., v.665, p.690 697, 2019.

ABDUL BAKI, A.; ASLAN, S.; LINDERMAN, R.; COBB, S.; DAVIS, A. Soil, water, and nutritional management of date orchards in the Coachella Valley and Bard 2nd ed California Date Commission Indio, CA. 2002.

ABUL-SOAD, A. A. Micropropagation of date palm using inflorescence explants. In: JAIN, S. M.; AL KHAYRI, J.; JOHNSON, D. V. (eds). Date palm biotechnology. Springer, Dordrecht, 2011, p.91 118.

ABU ZAHRA, T. R.; SHATNAWI, M. A. New pollination technique in date palm (Phoenix dactylifera L.) Cv. “Barhee” and “Medjool” under Jordan Valley Conditions. Am Euras. J. Agric. Environ. Sci., v.19, p.37 42, 2019.

AGUSTÍ, M. Crecimiento y Maduración del Fruto. In: AZCON BIETO, J.; TALÓN, M. (eds). Fundamentos de Fisiología Vegetal. Barcelona, McGraw Hill Interamericana. 2000, p.419 434.

AHMED, M.; ALI, N. Effect of different pollens on the physical and chemical characters and ripening of date fruit. Punjab Fruit J., v.23, n.80, p.10 11, 1960.

AHMED, M. S. Investigations on insect disinfestation on dried dates using gamma radiation. Date Palm J., v.1, p.107 116, 1981

Capítulo I I | 298

AHMED, M. S. H.; AL HAKKAK, Z. S.; ALI, S. R.; KADHUM, A. A.; HASSAN, I. A.; AL MALIKY, S. K.; HAMEED, A. A. Disinfestation of commercially packed dates, Zahdi variety, by ionizing radiation. Date Palm J., v.1, p.249 273, 1982.

AHMED, H. S., JAHJAB, M. A. The pollination of date palm with pollen grains suspension. Date Palm J., v.4, n.1, p.33 40, 1985.

AHMED, I. A.; AHMED, A W. K. Chemical composition of date varieties as influenced by the stage of ripening. Food Chem., v.54, p.305 309, 1995.

AHMED MOHAMMED, M. E.; ALHAJHOJ, M. R.; ALI DINAR, H. M.; MUNIR, M. Impact of a novel water saving subsurface irrigation system on water productivity, photosynthetic characteristics, yield, and fruit quality of date palm under arid conditions. Agronomy, v.10, n.1265, 2020.

AHMED, T. F.; HASHMI, H. N.; GHUMMAN, A. R. Performance assessment of subsurface drip irrigation system using pipes of varying flexibility. Mehran Univ. Res. J. Eng. Technol., v.30, p.361 370, 2011.

AIT OUBAHOU,A.;YAHIA,E.M.Postharvesthandlingofdates.PostharvNewsInfo, v.10, n.6, p.67 74, 1999.

AKYURT,M.;REHBINI,E.;BOGIS,H.; ALJINADI,A.A. Asurveyofmechanization efforts on date palm crown operations. The 6th Saudi Engineering Conference. King Fahd University of Petroleum and Minerals, Dhahran, Saudi Arabia. 2002.

AL ABID, M.; AL SHOAILY, K.; AL AMRY, M.; AL RAWAHY, F. Maintaining the soft consistency of date paste. Acta Hort., v.736, p.523 530, 2007a.

AL ABID, M.; AL SHOAILY, K.; AL AMRY, M.; AL RAWAHY, F. Preparation of caramel color from dates. Acta Hort., v.736, p.537 541, 2007b.

AL ALAWI, R.; AL MASHIQRI, J. H.; AL NADABI, J. S. M.; AL SHIHI, B. I.; BAQI, Y. Date palm tree (Phoenix dactylifera L.): Natural products and therapeutic options. Frontiers of Plant Science, v.8, p.1 12, 2017.

AL AMOUD, A. I. Date palm response tosubsurface drip irrigation. In: ASABE Annual Meeting; American Society of Agricultural and Biological Engineers. In Proceedings of the CSBE/SCGAB Annual Conference, Edmonton, AB, Canada, 16 19 July 2006.

Capítulo I I | 299

AL AMOUD, A. I. Performance of bubbler irrigation system as compared to trickle for large size date palm tree farm. The Canadian Society for Bioengineering, p.08 172, 2008.

AL AMOUD, A. I. Subsurface drip irrigation for date palm trees to conserve water. In: Proceedings of the Acta Horticulturae, Abu Dhabi, UAE, 3 December 2010; Volume 882, p.103 114.

AL AMOUD, A. I.; BACHA, M. A.; AL DARBY, A. M. Seasonal water use of date palms in the central region of Saudi Arabia. International Agricultural Engineering Journal, v.9, n.2, p.51 62, 2000.

AL AMOUD, A. I.; MOHAMMAD, F. S.; AL HAMED, S. A.; ALABDULKADER, A. M. Reference evapotranspiration and date palm water use in the Kingdom of Saudi Arabia. International ResearchJournal ofAgricultural Science andSoil Science,v.2, n.4, p.155 169, 2012.

ALASASFA, M. Effect of stratificationand sulphuric acidscarification for breakingseed dormancy on different genotypes of Arecaceae family; Phoenix dactylifera and Washingtonia robusta. Mu'tah Lil-Buhuth wad-Dirasat, Natural and Applied Sciences, v.35; n.2, p.53 66, 2020.

AL AZAB, A. M. Alternative approachestomethyl bromide for controlling Ephestia cautella (Walker) (Lepidoptera: Pyralidae). 2007. 23f. MSc Thesis, Arid Land Agriculture Department. King Faisal University, Alahsa, Saudi Arabia. 2007.

AL BAKER, A. Date Palm Trees. Ministry of Higher Education, Baghdad, Iraq, 1972, 225p. (in Arabic).

AL BAKIR, A. J.; AL AZZAWI, J. Date palm studies at Zaafaraniya. Horticultural Experimental station. 1965.

ALBERT, D.W. Viability of pollen and receptivity of pistillate flowers. Date Growers' Inst. Report, v.7, p.5 7, 1930.

AL DELAMI, K. S.; ALI, S. H. The effect of different date pollen on maturation and quality of Zahdi date fruit. J. Am. Soc. Hort. Sci., v.94, p.638 639, 1969.

ALDRICH, W. W.; CRAWFORD, C. L. Second report upon cold storage of date pollen. Date Grower's Inst. Report, v.18, n.5, 1941

Capítulo I I | 300

ALEID, S. M.; EL SHAARAWY, M. I.; MESALLAM, A. S.; AL JENDAN, S. I. Chemical composition and nutritive value of some sugar and date syrups. Minufiya J. Agric. Res., v.24, p.577 587, 1999.

ALEID, S. M.; BARBER, A. R.; RETTKE, M.; LEO, A.; ALSENAIEN, W. A.; SALLAM, A. A. Utilization of modified atmosphere packaging to extend the shelf life of Khalas fresh dates. Int. J. Food Sci. Technol., v.47, p.1518 1525, 2012.

ALEID, S. M.; DOLAN, K. D.; SIDDIQ, M.; JEONG, S.; MARKS, B. Effect of low energy X ray irradiation on physical, chemical, textural and sensory properties of Dates. Intl. J. Food. Sci. Technol., v.48, p.1453 1459, 2013.

ALFAIFI, B.; WANG, S. J.; TANG, J. M.; RASCO, B.; SABLANI, S.; JIAO, Y. Radio frequency disinfestation treatments for dried fruit: Dielectric properties. LWT Food Sci Technol., v.50, p.746 54, 2013

ALFARRAH, N.; WALRAEVENS, K. Groundwater overexploitation and seawater intrusion in coastal areas of arid and semi arid regions. Water, v.10, n.143, 2018.

AL FARSI,M.;ALASALVAR,C.;AL ABID,M.;ALSHOAILY,K.; AL AMRYA,M.; AL RAWAHY, F.Compositional andfunctional characteristicsofdates,syrupsand their byproducts. Food Chem., v.104, p.943 947, 2007.

AL FARSI, M.; ALASALVAR, C.; MORRIS, A.; BARON, M.; SHAHIDI, F. Compositional and sensory characteristics of three native sun dried date (Phoenix dactylifera L.) varieties grown in Oman. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.53, p.7586 7591, 2005a.

AL FARSI, M.; ALASALVAR, C.; MORRIS, A.; BARON, M.; SHAHIDI, F. Comparison of antioxidant activity, anthocyanins, carotenoids, and phenolics of three native fresh and sun dried date (Phoenix dactylifera L.) varieties grown in Oman. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.53, p7592 7599, 2005b.

AL HAMDAN, A. M. Technical considerations in date harvesting, handling, and preparation. J. Agric. Investment, v.4, p.53 59, 2006. (in Arabic with English summary)

Capítulo I I | 301

ALHAMMADI, M. S.; KURUP, S. S. “Impact of salinity stress on date palm (Phoenix dactylifera L)”. In: SHARMA, P.; ABROL, V. (eds). Crop Production Technologies (Croatia: Rijek). 2012.

AL HASSAN, K. K.; WALEED, B. K. Biological study on Mauginiella scaettae Cav., the cause of inflorescence rot of date palm in Iraq. Yearbook of Plant Protection Research, Min. Agric. & Agrar. Ref., Iraq., v.1, p.184 206, 1977. (Arabic).

AL HASSAN, K. K.; ABDALAH, M. S.; ABOUD, A. K. Controlling inflorescence rot disease of date palm caysed by Mauginiella scaettae Cav. by chemical methods. Yearbook of Plant Protection Research, Min. Agric. & Agrar. Ref., Iraq, v.1, p.223 236, 1977 (Arabic).

AL HEATY, A. R. Studies on pollination of date palm trees in Iraq. Third Intern. Palm and Date Conference, Baghdad, Iraq. 30 Nov 4 Dec. 1975.

AL HOOTI, S.; SIDHU, J. S.; QABAZARD, H. Studies on the physico chemical characteristics of date fruits of five UAE cultivars at different stages of maturity. Arab Gulf J. Sci. Res., v.13, p.553 569, 1995.

ALIHOURI, A.; TORAHI, A. Effects of water stress on quantitative and qualitative fruit characteristics of date palm (Phoenix dactylifera L.). In: ENDAH RETNO PALUPI et al. (Eds). Proc. 4th International Symposium on Tropical and Subtropical Fruits. Acta Horticulturae, v.975, p.287-292, 2013.

ALIKHANI KOUPAEI, M.; FATAHI, R.; ZAMANI, Z.; SALIMI, S. Effects of deficit irrigation on some physiological traits, production and fruit quality of ‘Mazafati’ date palm and the fruit wilting and dropping disorder. Agric. Water Manag., v.209, p.219 227, 2018.

AL JUHAIMI, F.; GHAFOOR, K.; MUSA ÖZCAN, M. Physicochemical properties and mineral contents of seven different date fruit (Phoenix dactylifera L.) varieties growing from Saudi Arabia. Environ. Monit. Assess., v.186, p.2165 2170, 2014.

AL JUBURI,H. J.; AL MASRY, H.H.; AL BANNA,M.; AL MUHANNA,S. A.Effect of some growth regulators on some fruit characteristics and productivity of date palm trees (Phoenix dactylifera L.). II: Khaniezy cultivar. In: Proceedings of the Second International Conference on Date Palms, United Arab Emirates University, Al-Ain, March, 2001, p.22 35.

Capítulo I I | 302

AL JUHAIMI, F.; GHAFOOR, K.; MUSA ÖZCAN, M. Physicochemical properties and mineral contents of seven different date fruit (Phoenix dactylifera L.) varieties growing from Saudi Arabia. Environ. Monit. Assess., v.186, p.2165 2170, 2014.

AL KHAFAJI, A. A. K. Technical and economic feasibility of organic dates production in Iraq. 2013. (MSc thesis). Mediterranean Agronomic Institute of Bari, Bari, Italy. 2013.

AL KHAHTANI, H. A.; ABU TARBOUSH, H. M.; ALDRYHIM, Y. N.; AHMAD, M. A.; BAJABER, A. S.; EL SHAMI, E.; EL MOJADDIDI, M. A. Irradiation of dates: Insect disinfestations, microbial and chemical assessments, and use of thermo luminescence technique. The first Int Conf on date Palms. Al Ain, United Arab Emirates. 1998, p.126 148.

AL KHALIFAH, N. S.; ASKARI, E. Growth abnormalities associated with micropropagation of date palm. In: Date Palm Biotechnology; Springer International Publishing: Berlin/Heidelberg, Germany, 2011; p.205 219.

AL KHARUSI, L. M.; EL MARDI, M. O.; ALI, A. et al. Effect of mineral and organic fertilizers on the chemical characteristics and quality of date fruits. Int. J. Agric. Biol., v.11, p.290 296, 2009.

AL KHAYRI, J. M. Date palm (Phoenix dactylifera L.). In: JAIN, S. M.; GUPTA, P. K. Protocols of somatic embryogenesis in woody plants. Berlin: Springer, 2005, p.309319.

AL KURAN, O.; AL MEHAISEN, L.; BAWADI, H.; BEITAWI, S.; AMARIN, Z. The effect of late pregnancy consumption of date fruit on labor and delivery. Journal of Obstetrics & Gynecology, v.31, n.1, p.29 31, 2011.

ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration Guidelinesforcomputing cropwater requirements FAOIrrigationand drainage paper56. FAO, Rome, v.300, n.9, p.D05 109, 1998.

ALLEN, R.G.;PEREIRA,L.S.; RAES,D.; SMITH,M. IrrigationandDrainage,Paper No. 56 Crop Evapotranspiration; Food and Agriculture Organization of the United (FAO): Rome, Italy, 1998; Volume 56, p.156.

Capítulo I I | 303

ALLIATH, A.; ABDALLA, A. A. In vitro evaluation of antioxidant activity of different extracts of Phoenix dactylifera fruits as functional foods. Deutsche Leben Rundschan, v.101, p.305 308, 2005.

AL MUAINI, A.; GREEN, S.; DAKHEEL, A.; ABDULLAH, A. H.; ABOU DAHR, W. A.; DIXON, S. et al. Irrigation management with saline groundwater of a date palm cultivar in the hyper arid united arab emirates. Agric. Water Manag., v.211, p.123 131, 2019a.

AL MUAINI, A.; GREEN, S.; DAKHEEL, A.; ABDULLAH, A.; SALLAM, O., ABOU DAHR, W. A., et al. Water requirements for irrigation with saline groundwater of three date palm cultivars with different salt tolerances in the hyper arid united arab emirates. Agric. Water Manag., v.222, p.213 220, 2019b.

AL OMRAN, A.; ALSHAMMARI, F.; EID, S.; NADEEM, M. Determination of date palm water requirements in Saudi Arabia. In: BEHNASSI, M.; POLLMANN, O.; GUPTA, H. (Eds). Climate Change, Food Security and Natural Resource Management: Regional Case Studies from Three Continents; Springer International Publishing: Cham, Switzerland, 2018. p.179 201.

AL QARAWI, A. A.; MOUSA, H. M.; ALI, B. H.; ABDEL RAHMAN, H.; EL MOUGY,S. A.Protectiveeffect ofextractsfrom dates(Phoenix dactylifera L.)oncarbon tetrachloride induced hepatotoxicity in rats. Inter. J. Appl. Res. Vet. Med., v.2, p.176 180, 2004.

AL SALIH, A. A.; AL NAJJAR, N. R.; AL MASHDANI, A. N. A study on the chromosome number of two specific female date palm cultivars. Date Palm J., v.5, p.134 143, 1987.

AL SALMAN, H.; AL WUSAIBAI, N.; AL HUSSEINI, M.; AL HAJJI, H. I.; AL ABDULHADI, I. A.; ABDALLAH, A. B. The effect of different leaf/bunch ratios on yieldand fruit physical characteristics of Khlass date palm cultivar. Ind. J. Sci. Technol., v.5, p.2287 2288, 2012.

AL SHAHIB, W.; MARSHALL, R. J. The fruit of the date palm: Its possible use as the best food for the future? International journal of food sciences and nutrition, v.54, n.4, p.247 259, 2003.

Capítulo I I | 304

AL SUHAIBANI, S. A.; BABEIR, A. S.; KILGOUR, J.; BLACKMORE, S. Field tests of the KSU date palm machine. Proc 4th Intl Agri Mech Energy Conf, Cukurova Univ, Adana, Turkey. 1991, p.364 373

AL YAHYAI, R. Current status of date palm in the Sultanate of Oman. In: Proceedings of the international conference on date palm production and processing technology, Sultan Qaboos University, Muscat, 2010, p.1 6.

AL YAHYAI, R.; AL KHANJARI, S. Biodiversity of date palm in the Sultanate of Oman. African Journal of Agricultural Research, v.3, n.6, p.389 395, 2008.

AL YAHYAI, R.; AL KHARUSI, L. Sub optimal irrigation affects chemical quality attributes of dates during fruit development. African Journal of Agricultural Research, v.7, p.1498 1503, 2012.

AL YAHYAI, R.; MANICKAVASAGAN, A. Quality of Dates: Influencing Factors and Assessment Methods. Proc. 7th International Postharvest Symposium Eds.: H. Abdullah and M.N. Latifah Acta Horticulturae, v.1012, p.1241 1246, 2013.

AMIRI, M. E.; PANAHI, M.; AGHAZADEH, G. Comparison of bubbler, sprinkler and basin irrigation for date palms (Phoenix dactylifera, cv. Zahdi) growth in Kish Island, Iran. Journal of Food, Agriculture & Environment, 2007.

AMMAR, S.; BENBADIS, A. Multiplication végétative du palmier dattier (Phoenix dactylifera L.) par la culture de tissus de jeunes plantes issues de semis. C.R. Acad. Sci Paris. Serie D., v.284, p.1789 1792, 1977.

ANGULO ZUÑIGA, Q.; COTA GARCÍA, J. A.; AGUIRRE AVENDAÑO, N. O. Compendio de la Palma Datilera, 1st ed.; Laredo Impresores: Mexicali, Mexico, 2015; ISBN 978 607 7951 41 4. (In Spanish).

ANUSHMA, P. L.; VINCENT, L.; RAJESEKHARAN, P. E.; GANESHAN, S. Pollen storage studies in date palm (Phoenix dactylifera L.). Int. J. Chem. Stud., v.6, p.2640 2642, 2018.

ARAR, A. Soils, irrigation and drainage of the date palm. 3rd FAO Tech. Conf. on Imp. Date Produc., Proc. and Marktg. Paper No. A3. 1975.

ASIF, M. I.; OSMAN, A. A.; AL GHAMDI, A. S. Variation in date palm pollen grain size. HortScience , v.22, n.4, p.658, 1987.

Capítulo I I | 305

AL TAWEEL, A. A.; HAMEED, A. A.; AHMED, M. S.; ALI, M. A. Disinfestation of packed dates by gamma radiation using suitable food irradiation facility. Radiat Phys Chem., v.36, p.825 828, 1990.

AL TAWEEL, A. A.; AHMED, M. S. H.; SHAWKI, M. A.; NASSER, M. J. Effects of sublethal doses of gamma radiation on the mating ability and spermatophore transfer of Ephestia cautella (Lepidoptera: Pyralidae). Insect Sci. Appl., v.14, p.7 10, 1993.

AWAD, M. A. Increasing the rate of ripening of date palm fruit (Phoenix dactylifera L.) cv. Helali by preharvest and postharvest treatments. Postharv Biol Technol., v.43, p.121 127, 2007.

AWAD, M. A. Pollinationof date palm (Phoenix dactylifera L.‘Lulu’) withpollengrains water suspension. Acta Hortic., v.882, p.337 343, 2010.

AWAD, M. A.; AL QURASHI, A. D.; MOHAMED, S. A. Biochemical changes in fruit of an early and a late date palm cultivar during development and ripening. Int. J. Fruit Sci., v.11, p.167 183, 2011.

AYERS, R. S.; WESTCOT, D. W. Water quality for Agriculture. Irrigation and Drainage Paper. FAO. 1985. http://www.fao.org/DOCReP/003/T0234e/T0234e00.htm

AZELMAT, K.; SAYAH, F.; MOUHIB, M.; GHAILANI, N.; ELGARROUJ, D. Effects of gamma irradiation on fourth instar Plodia interpunctella (Hubner) (Lepidoptera: Pyralidae). J. Stored Prod. Res., v.41, p.423 431, 2005

BAIG, M. B.; ALOTIBI, Y.; STRAQUADINE,G.S.; ALATAWAY, A.Waterresources in the Kingdom of Saudi Arabia: Challenges and strategies for improvement. In: Global Issues in Water Policy; Springer: Cham, Switzerland, 2020; Volume 23, p.135 160.

BAJAJ, Y. P. S. Cryopreservation of plant cell, tissue, and organ culture for the conservation of germplasm and biodiversity. Cryopreservation of plant germplasm I, Springer Berlin Heidelberg: 1995, p.3 28.

BAKSHI, J. C. Propagation of date removal of offshots. Punjab Hort. J., v.12,n.1,p.58 60, 1972.

BALIGA, M. S.; HANIADKA, R.; PEREIRA, M. M.; D’SOUZA, J. J.; PALLATY, P. L.; BHAT, H. P.; POPURI, S. Update on the chemopreventive effects of ginger and its phytochemicals. Crit. Rev. Food Sci. Nutr., v.51, n.6, p.499-523, 2011.

Capítulo I I | 306

BALK, E. M.; RAMAN, G.; TATSIONI, A.; CHUNG, M.; LAU. J.; ROSENBERG, I. H. Vitamin B6, B12, and folic acid supplementation and cognitive function: a systematic review of randomized trials. Archives of Internal Medicine, v.167, n.1, p.21 30, 2007.

BARGHINI, P.; DI GIOIA, D.; FAVA, F.; RUZZI, M. Vanillin production using metabolically engineered Escherichia coli under non growing conditions. Microb. Cell Fact., v.6, p.1475 2859, 2007.

BARREVELD, W. H. Date palm product. Rome, Italy; FAO Agricultural Services Bulletin 101. 1993, 211p. BARROW, S. A monograph of Phoenix L. (Palmae: Coryphoideae). Kew Bull., v.53, p.513 575, 1998.

BARTELT, R. J. Aggregation pheromones of Carpophilus spp. (Coleoptera: Nitidulidae): review of chemistry and biology. Recent Res. Dev. Entomol., v.1, p.115 129, 1997.

BARTH, H. Resource conservation and preservation through a new subsurface irrigation system. Microirrigation for changing world: Conserving resources/Preserving the environment. Proceed Fifth Intern Microirrigation Cong. Orlando, Florida. 1995, p.168 174.

BATRA, S. K.; SOHI, B. S. The yellowish nitidulid beetle on date palm. Rome: FAO Plant Protect Bull, v.20, p.91 92, 1972.

BATTAGLIA, M. La coltivazione della palma da datteri in Libia nella Regione di Al Jufra Studio di filiera. Istituto Agronomico per l’Oltremare, Ministero degli Affari Esteri, Italia. 2011.

BATTESTI, V. Jardins au désert, Évolution des pratiques et savoirs oasiens. Jérid tunisien. Paris, Éditions IRD, 2005, 440p. En ligne: http://hal.archives ouvertes.fr/halshs 00004609.

BEAL, J. M. Cytological studies in the genus Phoenix. Botanical Gazette, v.99, p.400 407, 1937.

BEECH, M.; SHEPHERD, E. Archaeobotanical evidence for early date consumption on Dalma Island, United Arab Emirates. Antiquity, v.75, p.83 89, 2001.

Capítulo I I | 307

BEKHEET, S. A. In vitro conservation of date palm germplasm. In: Date Palm Biotechnology, Springer Netherlands: 2011, p.337 360.

BEN SALAH, M.; EL MARZOOQI, M. H. Mechanization of date palm pollination using hand duster and machine in sultanate of Oman. OADA. Internal report, 2000.

BEN SALAH, M.; AL RAISI, Y. Liquid pollination: New field technique to enhance the date palm production. 2nd National Conference on Agriculture and Fisheries Research (Research for Sustainable Development). 3 4 April 2017. Sultan Qaboos University, Muscat Oman. 2017.

BEN SALAH, M. Importance of field operations for reducing red palm weevil (RPW) infestation on date palm. Arab Journal of Plant Protection, v.37, n.2, p.159 162, 2019.

BENZIOUCHE, S.; CHERIET, F. Structures et contraintes de la filière des dattes en Algérie, Jel. Classification, q.12, f.14, 2012.

BHARDWAJ, S. K.; SHARMA, J. P.; BHANDARI, A.R.; SHARMA, J.C.; TRIPATHI, D. Soil water distribution and growth of apple plants under drip irrigation. Journal of the Indian Society of Soil Science, v.43, n.3, p.323 327, 1995.

BICCANICITY DE FERRY, M.; BOUGUEDOURA, N.; EL HADRAMI, I. Patrimoine génétique et techniques de propagation in vitro pour le développement de la culture de palmier dattier. Cahiers sécheresse, n.2, p.139 146, 1998.

BIGLARI. F.; ALKARKHI, A. F. M.; EASA, A. M Antioxidant activity and phenolic content of various date palm (Phoenix dactylifera) fruits from Iran Food Chem., v.107, p.1636 1641, 2008.

BLATTER, E. The palms of British India and Ceylon. Humphrey Mulford, Oxford Univ. Press, London. 1926.

BLISS, D. E. Omphalia root rot of the date palm. Hilgardia, v.16, p.15 124, 1944.

BOROCHOV NEORI, H.; JUDEINSTEIN, S.; GREENBERG, A.; VOLKOVA, N.; ROSENBLAT, M.; AVIRAM, M. Date (Phoenix dactylifera L.) fruit soluble phenolics composition and anti atherogenic properties in nine Israeli varieties. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.61, n.18, p.4278 4286, 2013.

Capítulo I I | 308

BOTES, A.; ZAID, A. The economic importance of date production and international Trade. In: ZAID, A.; ARIAS, E. J. (eds.). Date palm cultivation, FAO plant production and protection paper, No. 156. 1999, p.45 57.

BOUABIDI, H.; ROUISSI, M. B. Influence des pollens sur la maturation et la qualité de la datte. Centre de Recherches Phoenicicoles, Degache, Tunisie, v.12, p.72 77, 1995.

BOUDRIES, H.; KEFALAS, P.; HORNERO MENDEZ, D. Carotenoid composition of Algerian´ date varieties (Phoenix dactylifera) at different edible maturation stages. Food Chem., v.101, p.13, 2007.

BOUGHEDIRI, L.; BOUNAGA, N. In vitro germination of date pollen and its relation to fruit set. Date Palm J., v.5, n.2, p.120 127, 1987.

BROWN, T. W.; BAHGAT, W. Date palm in Egypt. Min. Agri, Hort. Sec. Booklet, n.24, 1938, 117p.

BROWN, G. K.; PERKINS; R. M.; VIS, E. G. Temperature and heat unit occurrences during date pollination in the Coachella Valley of California. Date Growers' Inst. Report, v.46, p.21 24, 1969.

BROWN, E. K. Date production mechanization in the USA. Proc First Intl Symp Date Palm, King Faisal University, Alahsa, Saudi Arabia. 1982, p.14 24.

BROWN, G. K. Date production mechanization in the USA. Proceedings First Symposium on Date Palm, King Faisal University, Al Hassa, Saudi Arabia, 1983, p.1 12.

BULT, J.; LOUVET, J.; BOUHOT, D.; TOUTAIN, G. Recherches sur les fusarioses. I. Travaux sur le bayoud Fusariose vasculaire du palmier dattier en Afrique du Nord. Ann. Epiphyt., v.18, n.2, p.213 239, 1967.

CALCAT, A. Disease & pests of date palm in the Sahara and North Africa. FAO Plant Protect. Bull., v.8, p.5 10, 1959.

CAMP, C. R. Subsurface drip irrigation: a review. Transactions of the ASAE, v.41, n.5, p.13 53, 1998.

CANPENTE, J. B. Improvement of traditional date culture. Date Palm Journal,v.1,n.1, p.1 16, 1981.

Capítulo I I | 309

CARPENTER, J. B. Breeding date palms in California. Date Grow. Inst. Rep., v.54, p.13 16, 1979.

CARPENTER, J. B.; ELMER, H. S. Pests and diseases of the date palm. USDA Handbook, v.527, p.1 42, 1978.

CARR, M. K. V. Advances in Irrigation Agronomy; Cambridge University Press: Cambridge, UK, 2014.

CARR, M. The water relations and irrigation requirements of the date palm (Phoenix dactylifera L.): A review. Experimental Agriculture, v.49, n.01, p.91 113, 2013.

CHABROLIN, C. La pourriture de l'inflorescence du palmier dattier (Khamedj), Ann. Epiphyt., v.14, p.377 414, 1928.

CHANDLER, W. H. Evergreen orchards. Lea and Fabiger, Philadelphia, USA, 1958.

CHAO, C. T.; KRUEGER, R. R. The date palm (Phoenix dactylifera L.): Overview of Biology, Uses, and Cultivation Horticultur Science, v.42, n.5, p.1077 1082, 2007.

CHETTO, A.; HARRAK, H.; EL HACHAMI, N. Le marketing des dattes au Maroc, défaillances, préférences et attentes. INRA Editions 2005. 157p.

CHEVALIER, A. Le dattier en Mauritanie. Rev. Bot. Appl., v.10, p.372 376, 1930.

CHIBANE, H.; BENAMARA, S.; NOUI, Y.; DJOUAB, A. Some physichemical and morphological characterizations of three varietes of Algerian common dates. European Journal of Scientific Reseach, v.18, n.1, p.134 140, 2007.

KRISTINA, F. C.; TOWILL, L. E. Pollen handling protocol and hydration/dehydration characteristics of pollen for application to long term storage. Euphytica, v.68, p.77 84, 1993.

COMELLY, A. Le palmier dattier en Israël. Fruits, v.15, p.223 231, 1960.

DAKHEEL,A.“Date palm andbiosaline agriculture inthe united arabemirates”. In: The Date Palm: From Traditional Resource to Green Wealth, (Abu Dhabi: UAE Center of Studies and Strategy Researches), 2003, p.199 211.

DARFAOUI, E. M.; ASSIRI, A. A. Response to climate change in the Kingdom of Saudi Arabia. Director General of the Department of Natural Resources, MOA. KSA, 2010, p.1 17.

Capítulo I I | 310

DENG, X. P.; SHAN, L.; ZHANG, H.; TURNER, N. C. Improvingagricultural water use e ciency inarid and semiarid areas of China. Agric. Water Manag., v.80, p.23 40, 2006.

DENNEY, J. O. Xenia Includes Metaxenia. HortScience, v.27, p.722 728, 1992.

DEWIDAR, A. Z.; AL FUHAID, Y.; AL HILAL, S.; BEN SALAH, M. Water Saving in Arid Regions: Comparison of surface and subsurface drip irrigation systems for irrigations of date palm. Beirut, Lebanon: International Center for Agricultural Research in the Dry Areas (ICARDA). Published in 25/5/2016).

DHEHIBI, B.; SALAH, M. B.; FRIJA, A.; AW HASSAN, A.; EL OUHIBI, H.; RAISI, Y. M. Al Economic and technical evaluation of different irrigation systems for date palm farming system in the GCC countries: Case of Oman. Environ. Nat. Resour. Res., v.8, p.55, 2018.

DHUYVETTER, K. C.; LAMM, F. R.; ROGERS, D. H. Subsurface drip irrigation for field corn: An economic analysis. Kansas State University. Cooperative Extension Service (USA). 1994.

DICKIE, J. B.; BALICK, M. J.; LININGTON, I. M. Experimental investigations into the feasibility of ex situ preservation of palm seeds; an alternative strategy for biological conservation of this economically important plant family. Biodiversity and Conservation, v.1, n.2, p.112 119, 1992.

DJERBI, M. Diseases of the Date Palm. FAO Regional Project for Palm and Dates Research Centre in the Near East and North Africa. 1983, 106p.

DJERBI, M.; SEDRA, M. H.; EL IDRISSI AMMARI, M. A. Caractéristiques culturales et identification du Fusarium oxysporum f. sp. albedinis; agent causal du bayoud. Annales de l'Institut National de la Recherche Agronomique de Tunisie., v.58, p.1 8, 1985.

DJERBI, M. Precis de Phéniciculture, FAO, Roma, 1994, 190p

DJERBI, M. Growth and développement stages of date palm fruit. In: ZAID, A. (ed.), ARIASJIMÈNEZ, E. J. (cord.). Date palm cultivation, FAO, Rome: 1999, p.4 20.

DOORENBOS, J.; PRUITT, W. O. Guidelines for predicting crop water requirements. FAO Irrigation and Drainage paper No. 24, Rome. 1977, 144p.

Capítulo I I | 311

DOUH, B.; BOUJELBEN, A. Water saving and eggplant response to subsurface drip irrigation. Journal of Agricultural Segment, v.1, n2, p.15 25, 2010.

DOWSON, V. H. W. Dates and date cultivations of Iraq. Part I The cultivation of the date palm on the Schatt al Arab. Ag. Directorate of Mesopotamia, Memoir III, Heffer, Cambridge. 1921.

DOWSON, V. H. W. Report to the Government of Libya on date production. FAO; Rome. 1961.

DOWSON V. H. W. Date production and protection with special reference to North Africa and the Near East. FAO Technical Bulletin No.35. 1982, p.294.

DRANSFIELD, J. “Palmae”. In: TOWNSEND, C. C.; GUEST, E. (eds.). Flora of Iraq. v.8. Baghdad: Ministry of Agriculture, 1985, p.260 266.

EL-ASSAR, A. M.; KRUEGER, R. R.; DEVANAND, P. S.; CHAO, C. T. Genetic analysis of Egyptian date (Phoenix dactylifera L.) accessions using AFLP markers. Genet. Res. Crop Evol, v.52, p.601 607, 2005.

EL BEKR, A. The date palms. A review of its past, present status and the recent advances in its culture industry and trade. Imp. El Ani. Bagdad. Iraq. 1972, 1050p.

EL HADRAMI, A.; DAAYF, F.; EL HADRAMI, I. In vitro selection for abiotic stress in date palm. In: JAIN, S. M.; AL KHAYRI, J. M.; JOHNSON, D. V. (editors). Date Palm Biotechnology. Springer, Netherlands, 2011b, p.237 252.

EL HADRAMI, A.; DAAYF, F.; ELSHIBLI, S.; JAIN, S. M.; EL HADRAMI, I. Somaclonal variation in date palm. In: JAIN, S. M.; AL KHAYRI, J. M.; JOHNSON, D. V. (editors). Date Palm Biotechnology. Amsterdam: Springer. 2011a, p.183 203.

EL HADRAMI, A.; AL KHAYR, J. M. Socioeconomic and traditional importance of date palm. Emir. J. Food. Agric., v.24, p.371 385, 2012.

EL HADRAMI, I.; EL HADRAMI, A. Breeding date palm. In: JAIN, S. M.; PRIYADARSHAN, P. M. (editors). Breeding Plantation Tree Crops. New York: Springer. 2009, p.191 216.

EL HOUMAIZI, M. A. Modélisation de l’architecture du palmier dattier (Phoenix dactylifera L.) et application à la simulation du bilan radiatif en oasis. 2002, 162f.

Capítulo I I | 312

Thèse Doctorat d’état Es Science (Option: Biologie végétale) à l’Université Cadi Ayyad Faculté des Sciences Semlalia, Marrakech. 2002.

EL FAR, A. H.; OYINLOYE, B. E.; SEPEHRIMANESH, M.; ALLAH, M. A. G.; ABU REIDAH, I.; SHAHEEN, H. M. et al. Date palm (Phoenix dactylifera): Novel findings and future directions for food and drug discovery. Current Drug Discovery Technologies, v.16, n.1, p.2 10, 2019.

EL FAWAL, A. N. A study of fruit development and methods and degrees of fruit thinning in some egyptian date varieties. Date Palm The Punjab fruit Journal, v.114, p.148 157, 1972.

EL HAMADY, M. M.; AL MUGHRABI, M. A.; BACHA, M. A.; ABDELRAHMAN, A. O. Effect ofethephontreatment on fruit thinningand quality of Seleg andMenefydate palm cultivars. In: Proceedings of the Third International Symposium on the Date Palm, King Fasal University, Al Hassa, January, 1993, p.405 413.

EL HOUMAIZI, M. A.; LECOUSTRE, R.; OIHABI, A. Phyllotaxis and handedness in date palm (Phoenix dactylifera L.) Fruits, v.57, n.5 6, p.297 303, 2002.

ELLEUCH,M.; BESBES,S.; ROISEUX, O.; BLECKER,C.; DEROANNE, C.; DRIRA, N.; ATTIA, H. Date flesh: Chemical composition and characteristics of the dietary fiber. Food Chem , v.111, p.676 682, 2008.

EL MALOGLOU, S.; DIAMANTOPOULOS, E.; DERCAS, N. Comparing soil moisture under trickle irrigation modeledas a point and line source. Agricultural Water Management, v.97, n.3, p.426 432, 2010.

ELMER, H. S.; CARPENTER, J. B.; KLOTZ, L. J. Pests and diseases of Date palm. Part II. Diseases. F.A.O. Plant Prot. Bull., v.16, p.97 110, 1968.

EL MARDI, M.; LABIAD, S.; CONSOLACION, E.; ADDELBASIT, K. Effect of pollination methods and pollen dilution on some chemical constituents of Fard Dates at different stages of fruit development. Emir. J. Food Agric., v.7, n.1. 1995.

EL MOHANDES, M. Modified atmospheres and/or phosphine fumigation for controlling postharvest dates pests. Report, regional experts group meeting on applications of methyl bromide alternatives in dates sector United Nations

Capítulo I I | 313

Environment Program, Regional Office for West Asia. 13 16 December, Al Khobar, Saudi Arabia. 2009, p.18 19.

EL SAYED, S.; BAESHIN, N. A. Feasibilityofdisinfestationsofdate fruits produced in Saudi Arabia by gamma irradiation. Proc First Int Symp Date Palm, King Faisal University. Alahsa, Saudi Arabia. 1983, p.342 50.

ELSHIBLI, S.; ELSHIBLI, E. M.; KORPELAINEN, H. Growth and photosynthetic CO2 responses of date palm plants to water availability. Emir. J. Food Agric., v.28, p.58 65, 2016.

EL SOHAIMY, S.; HAFEZ, E. Biochemical and nutritional characterizations of date palm fruits (Phoenix dactylifera L.) Journal of Applied Sciences Research, v.6, p.1060 1067, 2010.

ENAIMI, J. H.; JAFAR, A. La physiologie et la morphologie du palmier dattier (Phoenix dactylifera L.). Université El Basra, Iraq. 1980, 257p.

ERSKINE, W.; MOUSTAFA, A. T.; OSMAN, A. E.; LASHINE, Z.; NEJATIAN, A.; BADAWI, T.; RAGY, S. M. Date palm in the GCC countries of the Arabian Peninsula. 2011. Available at http://www.icarda.org/aprp/datepalm/introduction/intro body.htm (accessed March 23, 2013).

EL ZOGHBI, M. Biochemical changes in some tropical fruits during ripening. Food Chem., v.49, p.33 37, 1994.

FAO. “Irrigated date palm production in the Near East, Chapter 1. In Proceedings ofWorkshoponIrrigationofDatePalmandAssociatedCrops" FoodandAgriculture Organization of the United Nations, Cairo, Egypt. 2008; p.1 15.

FAOSTAT. Food and Agriculture Organization Corporate Statistical Database 2018. www.fao.org/faostat/

FAURES, J.M.; ELIASSON, A.; HOOGEVEEN,J.; VALLEE, D. AQUASTAT FAO's information system on water and agriculture. GRID Magazine of the IPTRID Network (FAO/United Kingdom). 2001.

FAWCETT, H. S.; KLOTZ, L. J. Diseases of the date palm, Phoenix dactylifera L. Calif. Agric. Exp. Sta. Bull., v.522, p.1 47, 1932.

Capítulo I I | 314

FAYADH, J. M.; AL SHOWIMAN, S. S. Chemical composition of date palm (Phoenix dactylifera L.). J. Chem. Soc. Pak., v.12, p.84 103, 1990.

FERRY, M. The phyllotaxis of the date palm (Phoenix dactylifera L.). In: Proc. Inter. Conf. on Date Palms, Al-Ain, UAE: 1998, p.559 571.

FKI, L. et al. An optimised protocol for plant regeneration from embryogenic suspension cultures of date palm, (Phoenix dactylifera L.), cv. Deglet Nour. Plant Cell Reports, v.21, p.517 524, 2003

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED (FAO); International Center for Advanced Mediterranean Agronomic Studies (CIHEAM). Workshop on “Irrigation of Date Palm and Associated Crops” Faculty of Agriculture; Damascus University: Damascus, Syrian Arab Republic, 2007.

FULLER, D. Q.; STEVENS, C. J. Between domestication and civilization: the role of agriculture and arboriculture in the emergence of the first urban societies. Veg. Hist. Archaeobot, v.28, p.263 282, 2019.

FURR, J. R.; ARMSTRONG, W. W. The seasonal use of water by Khadrawy date palms. Date Growers Inst. Rep, v.33, p.5 7, 1956.

FURR, J. R.; COOK, J. A. Nitrogen content of pinnate fruit and seed of Deglet Noor and Khadraway Date Palms as related to nitrogen fertilization. Date Growers Institute Repot., v.29, p.13 14, 1952.

GALEB, H. A.; MAWLOOD, E. A.; HAMOOD, H. H. The infl uence of bagging on fruit set and fruit characteristics in date palm cv. Hallawi. Date Palm J., v.6, n.1, p.238 254, 1988.

GAMMOUDI, S.; BEN SALAH M.; FERCHICHI, A.; REY, H. Phenological and architectural study of the date palm (Phoenix dactylifera L.) female inflorescence. American Eurasian J. Agric. & Environ. Sci., v.16, n.5, p.998 1003, 2016.

GERARD, B. The effect of heat on the germination of date pollen. Date Growers' Inst. Report, v.9, p.15, 1932.

Capítulo I I | 315

GARBATI PEGNA, F. Self moved ladder for date palm cultivation. International Conference: Innovation Technology to Empower Safety, Health and Welfare in Agriculture and Agro food Systems. Ragusa, Italy. 2008.

GARBATI PEGNA, F.; BATTAGLIA, M.; BERGESIO, C. Italian machinery and equipmentfor date palm fieldoperations. DEISTAF, UniversityofFlorence,Florence, Italy. 2012. https://issuu.com/deistaf/docs/italian_equipment_for date_palm fild_operations/21.

GEBAUER, J.; LUEDELING, E.; HAMMER, K.; NAGIEB, M.; BUERKERT, A. Mountain oases in northern Oman: an environment for evolution and in situ conservation of plant genetic resources. Genetic resources and crop evolution, v.54, n.3, p.465 481, 2007.

GHALEB, H. H.; MAWLOOD, E. A.; ABBASS, M. J.; ABDELSALAM, S. Effect of different pollinators on fruit set and yield of Sayer and Hallawy date palm cultivars under Basrah conditions. Date Palm J., v.5, n.2, p.155 173, 1987.

GIL, M. I.; SELMA, M. V.; LÓPEZ GÁLVEZ, F.; ALLENDE, A. Fresh cut product sanitation and wash water disinfection: Problems and solutions. Int. J. Food Microbiol., v.134, p.37 45, 2009.

GILLASPY, G.; BEN DAVID, H.; GRUISSEM, D. W. Fruits: a developmental perspective. The Plant Cell, v.5, p.1439-1451, 1993.

GLASNER, B.; BOTES, A.; ZAID, A.; EMMENS, J. Date harvesting, packing house management and marketing aspect. In: ZAID, A.; AIRAS, E. J. (Eds.). Date Palm Cultivation, FAO Plant Production and Protection Paper No.156, 1999, p.177 198.

GOLSHAN TAFTI, A.; FOOLADI, M. H. Changes in physical and chemical characteristic of Mozafati date fruit duringdevelopment. Journal of Biological Sciences, v.5, p.319 322, 2005.

GOMES, P.ATamareira.In:FruticulturaBrasileira.SãoPaulo,Liv.Nobel,S.A. 1975, p.204 222.

GONZÁLEZ PÉREZ, M. A.; CAUJAPÉ CASTELLS, J.; SOSA, P. A. Allozyme variation and structure of the Canarian endemic palm tree Phoenix canariensis (Arecaceae): implications for conservation. Heredity, v.93, n.3, p.307 315, 2004.

Capítulo I I | 316

GRECZ, N.; AL HARITHY, R.; EL MOJADDIDI, M. A.; RAHMA, S. Radiation inactivation of microorganisms on dates from Riyadh and Alahsa areas. Second Symp on Date Palm. Date palm Research Center, King Faisal University. Alahsa, Saudi Arabia. 1986, p.155 164.

GUERRA, P. B. A tamareira no Nordeste. Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, v.11, n.2, p.165 172, 1939.

GUREVICH,V.; LAVI, U.; COHEN, Y. Geneticvariationindate palmspropagatedfrom offshoots and tissue culture. J. Amer. Soc. Hort. Sci., v.130, p.46 53, 2005.

HABIB, H. M.; PLATAT, C.; MEUDEC, E.; CHEYNIER, V.; IBRAHIM, W. H. Polyphenolic compounds in date fruit seed (Phoenix dactylifera): characterisation and quantification by using uplc dad esi ms. J. Sci. Food Agric., v.94, n.6, p.1084 1089, 2014.

HAJ AMOR, Z.; IBRAHIMI, M. K.; FEKI, N.; LHOMME, J. P.; BOURI, S. Soil salinizationandirrigationmanagementofdatepalmsina Saharanenvironment. Environ. Monit. Assess., v.188, p.497, 2016.

HAJIAN, S. Fundamentals of pollination in date palm plantations in Iran. In: Proceedings of the International Conference on Mango and Date Palm: Culture and Export, Faisaabad, Pakistan, University of Agriculture: Faisaabad, Pakistan, 2005, p.252 259.

HALSTEAD, D. G. H. A revision of the genus Oryzaephilus Ganglbauer, including descriptions of relatedgenera. (Coleoptera: Silvanidae). Zool. J.Linn. Soc., v.69, p.271 374, 1980.

HAMDY, A.; RAGAB, R.; SCARASCIA MUGNOZZA, E. Coping with water scarcity: Water saving and increasing water productivity. Irrigation and Drainage: The Journal of the International Commission on Irrigation and Drainage, v.52, n.1, p.3 20, 2003.

HAMOOD, H. H.; BHALASH, J. S. Effect of storage periods of pollination mixture on fruit set and fruit quality on date palm (Phoenix dactylifera L.) Khastawy cultivar. Date Palm J., v.5, n.1, p.23 37, 1987.

Capítulo I I | 317

HAMOOD, H. H.; MAWLOOD, E. A. The effect of mechanical pollination on fruit set, yield and fruit characteristics of date palm (Phoenix dactylifera L.) Zahdi cultivar. Date Palm J., v.4, n.2, p.175 184, 1986.

HANNING, E. Zur physiologue pfl anwlicher Embryonen I Ueberdie culturvon cruciferen Embryonen ausserhalb des embryosacks. Bot Zeitg: 1904, 62p.

HANSON, B.; MAY, D. The effect of drip line placement on yield and quality of drip irrigated processing tomatoes. Irrigation and Drainage Systems, v.21, n.2, p.109 118, 2007.

HARRAK, H.; BOUJNAH, M. Valorisation technologique des dattes au Maroc INRA Editions 2012. 157p. HASAN, M. M.; CHOWDHURY, S. P.; ALAM, S.; HOSSAIN, B.; ALAM, M. S. Antifungal effects of plant extracts on seed borne fungi of wheat seed regarding seed germination,seedlinghealthand vigourindex. PakistanJ. Biol.Sci.M.,v.8,n.9, p.1284 1289, 2005.

HASSAN, B. H.; ALHAMDAN, A. M.; ELANSARI, A. M. Stress relaxation of dates at Khalal and Rutab stages of maturity. Journal of Food Engineering, v.66, p.439 445, 2005.

HASSANLI, A.M.; EBRAHIMIZADEH, M.A.; BEECHAM,S.The effectsofirrigation methods with effluent and irrigation scheduling on water use efficiency and corn yields in an arid region. Agricultural Water Management, v.96, n.1, p.93 99, 2009. HENRY, A. G.; BROOKS, A. S.; PIPERNO, D. R. Microfossils in calculus demonstrate consumption of plants and cooked foods in Neanderthal diets (Shanidar III, Iraq; Spy I and II, Belgium). Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v.108, p.486 491, 2011.

HILGEMAN, R. H. The differentiation, development and anatomy of the axillary bud, inflorescence and offshoot in the date palm. Date Growers' Inst. Rep., v.31, p.6 10, 1954.

HODED, D. Dates on embryo culture of palm. Principes, v.21, p.103 108, 1977.

Capítulo I I | 318

HODEL, D. R.; JOHNSON, D. V. Dates, imported and American varieties of dates in the United States. ANR Publication 3498, Univ of Calif, Agric & Natural Resources, Oakland, CA, 2007.

HONG, S. Y.; NOH, Y.; DUDHIA, J. A new vertical diffusion package with an explicit treatment of entrainment processes. Mon. Wea. Rev , v.134, p.2318 2341, 2006.

HUNTRODS, D. Date Profile.Agricultural MarketingResourceCenterBulletin.USDA, Washington, DC. 2011, 3p.

HUSSAIN, A. A. Date palms and dates with their pests in Iraq. Ministry of Higher Education and Scientific Research, University of Baghdad, Baghdad, Iraq. 1974.

HUSSAIN, F. A.; BADER, S. M.; SEGAB, K. M.; SAMARMED, E. N. Effect of spraying the inflorescences of date palm (Phoenix dactylifera L.) with pollen grains suspended in Boron, GA3, and Glycerin solutions on fruit set and yield. Date Palm J., v.3, n.1, p.5 21, 1984.

HUSSAIN, F. A.; BADER, S. M.; ALQADI, M. T.; SAMARMED, E. N. (1984): Effect of pruning of date palm (Phoenix dactylifera L.) Zahdi cultivar, on some qualitative and quantitative characteristics of fruit. Date Palm J., v.3, n.2, p.33 43, 1984.

HUSSEIN, F.; SOUIAL, G. F.; KHALIFA, A. S.; GAEFAR, S. I.; MOUSA, I. A. Nutritional value of some Egyptian soft date cultivars (protein and amino acids), Proc Second Symp Date Palm, Alahsa, Saudi Arabia. 1989.

HUSSAIN, N. H. M. Date Palm Global Development Plan; 2010. HUSSAIN, N.; AL RASBI, S.; AL WAHAIBI,N. S.; AL GHANUM, G.; EL SHARIEF ABDALLA, O. A. “Salinity Problems and their management in date palm production”. In: MANICKAVASAGAN,A.; ESSA, M. M.; SUKUMAR,E.(eds) Dates: Production, Processing, Food, and Medicinal Value, Boca Raton, FL: CRC Press, 2012, 442.

HUSSIN, F. R. Chemical andtechnological studieson fruitdrying of some cultivates. 1995. M.Sc. Thesis, Fac. of Agric., Cairo Univ.

IBRAHIM, Y. M.; SAEED, A. B.; ELAMIN, A. W. M. Effect of irrigation water management on growth of date palm offshoots (Phoenix dactylifera) under the RiverNile state conditions. University of Khartoum Journal of Agricultural Sciences, v.20, n.3, 2019.

Capítulo I I | 319

IBRAHIM, M. A. The effect of source of pollen of the physiology of ripening of the fruit of the date palm (Phoenix dactylifera L.) cv. Hillawi. 1996. 72f. M. Sc. Thesis. College of Agriculture, University of Basrah, Iraq, 1996.

IBRAHIM, A. A.; IBRAHIM, H. R.; ABDUL RASOOL, N. Development and testing of a shakersystemfor theselective harvest ofdate fruit. ActaHort.,v.736,p.199 203,2007.

IMAD, A. A.; ABDUL WAHAB, K. A. Chemical composition of date varieties as influenced by the stage of ripening. J. Food Chem., v.54, p.305 309, 1995.

IQBAL, M.; NIAMATULLAH, M.; MUNIR, M. Effect of various Dactylifera males pollinizer on pomological traits and economical yield index of cv’s Shakri, Zahidi and Dhakki date palm (Phoenix dactylifera L.). J. Anim. Plant Sci , v.22, p.376 383, 2012. ISHURDA, O., JOHN, F. K. The anti cancer activity of polysaccharide prepared from Libyan dates (Phoenix dactylifera L.). Carbohydr. Polym., v.59, p.531 535, 2005.

ISMAIL, S. M.; AL QURASHI, A. D.; AWAD, M. A. Optimization of irrigation water use, yield, and quality of “Nabbutsaif” date palm under dry land conditions. Irrigation. and Drainage, v.63, p.29 37, 2014.

JACOB, T. A. Observations of the biology of Oryzaephilus acuminatus Halstead with comparative notes on the common species of Oryzaephilus (Coleoptera: Silvanidae). J. Stored Prod. Res., v.17, p.17 23, 1981.

JAIN, S. M. Radiation induced mutations for developing Bayoud disease resistant date palm in North Africa. In: Proceedings of the International Workshop Trueto Type Date Palm Tissue Culture-Derived Plants, Morocco (editor), 2005, p.23 25. UAE University, Date Palm Global Network, Al Ain, United Arab Emirates. 2006, 31 41.

JAIN, S. M.; AL KHAYRI, J. M.; JOHNSON, D. V. Date Palm Biotechnology Holanda: Springer. 2011, p.742.

JAIN, S. M.; GUPTA, P. K. Protocol for Somatic Embryogenesis in Woody Plants. Dordrecht: Springer. 2005. doi: 10.1007/1 4020 2985 3.

JAIN, S. M.; ISHII, K. Micropropagation of Woody Trees and Fruits. Dordrecht: Kluwer Acad. Publishers. 2003.

Capítulo I I | 320

JASSIM, S. A. A.; NAJI, M. A. In vitro Evaluation of the Antiviral Activity of an Extract of Date Palm (Phoenix dactylifera L.). Pits on a Pseudomonas Phage. eCAM, v.7, n.1, p.57 62, 2010.

JOHNSTON, F. B.; STERN, H. Mass isolation of viable wheat embryos. Nature, v.179, p.160 161, 1957.

JOHNSON, D. V. Palms: Their conservation and sustained utilization: Status survey and conservation action plan (Vol. 31). 1996. IUCN.

KADER, A. A.; HUSSEIN, A. M. Harvesting and postharvest handling of dates, ICARDA, Aleppo, Syria, 2009, 15p.

KALFOUNTZOS, D.; ALEXIOU, I.; KOTSOPOULOS, S.; ZAVAKOS, G.; VYRLAS, P. Effect of subsurface drip irrigation on cotton plantations. Water Resources Management, v.21, n.8, p.1341 1351, 2007.

KALRA, S. K.; JAWANDA, J. S. Softening of doka dates by salt and acetic acid treatments. Punjab Hortic. J., v.4, p.116 121, 1974.

KAMAL,H. M.Effect of some growthregulatorsonthe physical andchemical properties of date fruits. Bull. Facul. Agric. Univ. Cairo, v.46, p.215 227, 1995.

KASSEM, M. A. Water requirements and crop coefficient of date palm trees “Sukariah cv”. Misr. J. Agric. Eng., v.24, p.339 359, 2007.

KEHAT, M.; BLUMBERG, D.; GREENBERG, S. Experiments on the control of the raisin moth, Cadra figulilella Gregs. (Phycitidae, Pyralidae) on dates in Israel. Israel J. Agric. Res., v.19, p.121 128, 1969.

KHAIRI, M. M. A.; IBRAHIM, K. N.; ELHASHMI, K. Some studies on fruit thinning of Khastawi dates in central Iraq. Date Palm Journal, v.2, p.5 18, 1983.

KHALIL, A. R.; AL SHAWAAN, A. M. Wheat flower and sugar solution media as carrier for date palm pollen grains. Proc. of First Symp. on the Date Palm. King Faisal University, AL Hassa, Saudi Arabia: 1983, p.120 125.

KILLIAN, C.; MAIRE, R. Le bayoud, maladie du dattier. Bull.Soc. Hist. Na. Afr., v.21, p.89 101, 1930 (Abstr. Rev. Appl. Mycol., v.10, p.99 100, 1930).

Capítulo I I | 321

KLEE, H. J.; CLARK, D. G. Manipulation of ethylene synthesis and perception inplants: the ins and the outs. HortScience, v.37, p.6 8, 2002.

KLEIN P.; ZAID A. Land preparation, planting operation and fertilization requirements. In: ZAIED, A. (ed.). Date Palm Cultivation. Food and Agriculture Organization Plant Production and Protection Paper no. 156. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy. 2002.

KRUEGER, R. R. Date palm germplasm: Over view and utilization in USA. In: Al AFIFI, M. A. R.; AL BADAWY, A. A. (eds). Proceedings, First International Conference onDate Palms.United Arab EmiratesUniversity,Al Ain, U.A.E.2001, p.2 37.

LABANAUSKAS, C. K.; NIXON, R. W. Concentrations of nutrients in pinnae of date palms in relation to an unexplained die back of leaves in Coachella Valley, California. Date Growers’ Inst. Rep., v.39, p.14 15, 1962.

LARA, I.; VENDRELL, M. Relationships between ethylene, abscisic acid and quality during postharvest storage of ‘Granny Smith’ apples. Postharvest Biol. Technol., v.13, p.11 18, 1998.

LAVILLE, E. Les maladies du dattier. In: MUNIER, P. (Ed.). Le palmier dattier G. P. Maisonneuve & Larose, Paris, 1973, p.95 108.

LELIEVRE, J. M.; LATCHE, A.; JONES, B.; BOUZAYEN, M.; PECH, J. C. Ethylene and fruit ripening. Physiol. Plant., v.101, p.727 739, 1997.

LEPIDI, J. La datte dnas monde. Bul. Econ. Et Social Tunisie, v.27, p.19 24, 1950.

LINNÉ, 1734. In: ZAID, A.; DE WET, P. F. (eds). Date Palm Cultivation. Food and Agriculture Organization Plant Production and Protection Paper no.156. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy. 2002.

LOUVET, J.; TOUTAIN, G. Recherche sur les fusarioses. VIII. Nouvelles observations sur la fusariose du palmier dattier et précisions concernant la lutte. Ann. Phytopath., v.5, p.35 52, 1973.

MAAS, E. V.; GRATTAN, S. R. Crop yield as affected by salinity. In: SKAGGS, R. W.; VAN SCHILFGAARDE, J. (eds). Agronomy Monograph No. 38, Madison, WI., 1999, p.55 108.

Capítulo I I | 322

MAIRE, R. La défense des palmeraies contre le bayoud et le belâat. In: Comp. Rend. Gén., Journées Dattier, 13 17 Novembre 1933, Biskra Touggourt, Algérie. 1935, p.82 93.

MALASH, N.; FLOWERS, T.; RAGAB, R. Effect of irrigation methods, management and salinity of irrigation water on tomato yield, soil moisture and salinity distribution. Irrig. Sci., v.26, p.313 323, 2008.

MALENÇON, G. Les palmeraies du Draa et le Bayoud. Bull. Soc. Hist. Nat. Afr., v.25, p.112 117, 1934.

MALENÇON G. Données nouvelles sur le Bayoud. Rev. Mycol. N. S., v.1, p.191 206, 1936 (Abstr. Rev. Appl. Mycol., v.16, p.34 35, 1936).

MANSOURI, A.; EMBAREK, G.; KOKKALOU, E.; KEFALAS,P.Phenolic profileand antioxidant activity of the algerian ripe date palm fruit (Phoenix dactylifera). Food Chem, v.89, n.3, p.411 420, 2005.

MAPM. Directives stratégiques pour la filière phoénicicole. 2014. In: http://www.agriculture.gov.ma/sites/default/files/140718 dir_strat_palmier_dattier_vd ef sl.pdf.

MARD, S. A.; JALALVAND, K.; JAFARINEJAD, M.; BALOCHI, H.; NASERI, M. K. G. Evaluation of the antidiabetic and antilipaemic activities of the hydroalcoholic extract of Phoenix dactylifera palm leaves and its fractions in alloxan induced diabetic rats. Malaysian J. Med. Sci., v.17, p.4 13, 2010.

MARK, P. B. A review of plant embryo culture. HortScience, v.29, p.1243 1245, 1994. MARYAM, J.; MUHAMMAD, J.; NAQVI, S. A. Storage and Viability Assessment of Date Palm Pollen. In: AL KHAYRI, J. M.; JAIN, S. M.; JOHNSON, D. V. (eds). Date Palm Biotechnology Protocols; Springer: New York, NY, USA, 2017; Volume II, p.3 13.

MASON, S. C. Botancal characters of the leaves of the date palm used in distinguishing cultivated varieties. USDA Bulletin, v.223, p.1 28, 1915.

MASON, S. C. Partial thermostasy of the growth centre of the date palm. J. Agric. Res., v.31, p.415 453, 1925.

Capítulo I I | 323

MATER, A. A. Cultivation and production of date palms Basrah University, Iraq., 1991.

MAZAHRIH, N. T.; AL ZUBI, Y.; GHNAIM, H.; LABABDEH, L.; GHANANEEM, M.; AHMADEH, H. A. Determination actual evapotranspiration and crop coefficients of date palm trees (Phoenix dactylifera L.) in the Jordan Valley; 2012.

MAZLOUMZADEHA, S. M.; SHAMSA, M.; NEZAMABADI POURB, H. Evaluation of general purpose lifters for the date harvest industry based ona fuzzyinference system. Comp. Elect. Agric., v.60, p.60 66, 2008.

MESNOUA, M.; ROUMANI, M.; SALEM, A. The effect of pollen storage temperatures onpollenviability,fruitsetandfruitqualityofsixdatepalmcultivars. Sci.Hortic.,v.236, p.279 283, 2018.

MICHAEL, H. N.; SALIB, J. Y.; ESKANDER, E. F. Bioactivity of diosmetin glycosides isolated from the epicarp of date fruits, Phoenix dactylifera, on the biochemical profile of alloxan diabetic male rats. Phytotherapy Research, v.27, n.5, p.699 704. 2013.

MILNE, D. The Date Palm cultivation in the Punjab. Govt. Printing Press, Lahore, Pakistan. 1918.

MINISTRY OF AGRICULTURE AND WATER. Statistical Year Book, Volume 21, Economical and Statistical Study Department. 2008, 343p. (in Arabic).

MOHAMMAD, F. S. Porous tube subsurface irrigation. Agricultural Sciences, v.3, n.2, p.49 57, 1998.

MOHAMMED, S. Problems in date palm propagation. Indian Horticulture, v.23, n.3, p.15 31, 1978.

MOHAMED, A. F.; CESARETIEN, A.; ANNES, M. Compositional and sensory characteristics of three native sun dried Date varieties grown in Oman. J. Agriculture Food Chemistry, v.23, p.7586 7591, 2005.

MONCIERO, A. Etude comparée sommaire des différents types de culture du palmier dattier en Algérie. Fruits, v.2, p.374 382, 1947.

MONCIERO, A. La fécondation mécanique du palmier dattier. Bull. Inf., v,4, p.38 41, 1950. Congrés Intern. de la datte. Tunis, 4 12 Nov., 1950.

Capítulo I I | 324

MONCIERO, A. Notes sur le palmier dattier. Ann. de l'Inst. Agri. et des Ser. de Rech. et l'Experi. de l'Algerie, v.8, p.3 48, 1954.

MONTAZAR, A. Best irrigation management practices in California date palm. UCANR: Promoting economic prosperity in California. September 30, 2019, 3p.

MOORE, H. E. An annotated checklist of cultivated palms. Palm Society, 1963.

MOORE, D. Insects of palm flowers and fruits. In: HOWARD, F. W.; MOORE, D.; GIBLIN DAVIS, R.; ABAD, R. G. (editors). Insects on Palms. Wallingford, UK: CABI Publishing. 2001, p.233 66.

MORRCR, C. Phoenix canariensis in the wild. 1998.

MOSTAAN, A. Mechanization in date palm pollination. In: MANICKAVASAGAN, A.; ESSA, M. M.; SUKUMAR, E. (Eds.) Dates: Production, Processing, Food, and Medicinal Values; 1st; CRC Press: London, UK, 2012; p.129 140.

MOSTAAN, A.; MARASHI, S.; AHMADIZADEH, S. Development of a new date palm pollinator. Acta Hortic , v.882, p.315 320, 2010.

MOSTAFA, R. A. A.; EL AKKAD, M. M. Effect of fruit thinning rate on yield and fruit quality of Zaghloul and Haiany date palms. Aust. J. Basic Appl. Sci., v.5: p.3233 3239, 2011.

MRABET, A.; FERCHICI, A.; CHAIRA, N.; BEN SALAH, M.; BAAZIZ, M.; MRABET PENNY, T. Physico chemical characteristic and total quality of date palm varieties grown in the Southern of Tunisia. Pakistan Journal of Biological Sciences, v.11, p.1003 1008, 2008.

MÜLLER, H.; SCHÄFER, N.; BAUER, H.; GEIGER, D.; LAUTNER, S.; FROMM, J., et al. The desert plant Phoenix dactylifera closes stomata via nitrate regulated SLAC1 anion channel. New Phytol., v.216, p.150 162, 2017.

MUNIER P. Le palmier dattier, producteur de sucre (The date palm, producer of sugar). Fruits, v.2, p.577 579, 1965.

MUNIER, P. Le Palmier-dattier-Techniques agricoles et productions tropicales. Maison Neuve et Larose, Paris, France. 1973, 217p.

Capítulo I I | 325

MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid growth and bio assays with Tobacco tissue cultures. Physiologia Plantrum, v.15, p.473 497, 1962.

MUSA, S. K. Early ripening of dates using ethrel. In: Proceedings of the Second International Conference on Date Palms, United Arab Emirates Univ., Al Ain, March, 2001, p.36 46.

MYHARA, R. M.; KARKALAS, J.; TAYLOR, M. S. The composition of maturing Omani dates. J. Sci. Food Agric., v.79, p.1345 1350, 1999.

NASR, T. A.; SHAHEEN, M. A.; BACHA, M. A. Evaluation of seedling male palms used in pollination of the Central Region, Saudi Arabia. Date Palm J., v.4, n.2, p.163 173, 1986.

NAVARRO, S.; DONAHAYE, E.; CALDERON, M. Development of the carob moth, Spectrobates ceratoniae, on stored almonds. Phytoparasitica, v.13, p.177 86, 1986.

NAVARRO, S. Postharvest treatment of dates. Stewart Postharvest Rev., v.2, p.1 10, 2006.

NAVARRO, S.; DONAHAYE, E.; RINDNER, M.; AZRIELI, A. Disinfestation of nitidulid beetles from dried fruits by modified atmospheres. In: Proceedings of the Annual International Research Conference on Methyl Bromide Alternatives and Emission Reductions, 7 9 December 1998, Orlando, Florida. 1998a, p.681 683.

NAVARRO, S.; DONAHAYE, E.; RINDNER, M.; AZRIELI, A.; AKSOY, U.; FERGUSSON, L.; HEPAKSOY, S. Storage of dried fruits under controlled atmospheres for quality preservation and control of nitidulid beetles. Acta Hort., v.480, p.221 226, 1998b.

NEBEL, B. R. Longerity of pollen in apple, pear, plum and peach. Proc. Amer. Soc. Hort. Sci., v.37, p.130, 1939.

NIAKOUSARI, M.; ERJAEE, Z.; JAVADIAN, S. Fumigation characteristics of ozone in postharvest treatment of Kabkab dates (Phoenix dactylifera L.) against selected insect infestation. J. Food Protect, v.73, p.763 768, 2010.

NIMAH, M. Localized versus trickle irrigation system. Proceedings of the 3rd Trickle Irrigation Congress, Fresno, California, USA. 1985, p.552 554.

Capítulo I I | 326

NIXON, R. W. Notes on rain damage to varieties at the U.S. Experimental Date Garden. Ann. Rep. Date Growers' Inst., v.10, p.13 14, 1993.

NIXON, R. W. Metaxenia in dates. Proc. Amer. Soc. Hort. Sci., v.32, p.221 226, 1934.

NIXON, R. W. Metaxenia and interspecific pollinations in Phoenix Proc. Amer. Soc. Hort. Sci., v.33, p.21 26, 1936

NIXON, R. W. Imported varieties of dates in the United States. USDA Circular n. 834, Washington. 1950, 143p.

NIXON, R.W. The Date Palm: "Tree of Life" in the Subtropical Deserts. Econ. Bot., v.5, p.274 301, 1951.

NIXON, R.W. Growing dates in the United States. Agric. Inf. Bull., USDA, v.207, p.56, 1966.

NIXON, R. W.; CARPENTER, J. B. Growing Dates in the United States. U.S. Dept. of Agriculture, Agriculture Information Bulletin Number 207; USDA: Washington, DC, USA, 1978, 63p.

NIXON, R. W.; WEDDING, R. T. Age of date leaves in relation to effi ciency of photosynthesis. Amer. Soc. Hort Sci. Proc., v.67, p.265 269, 1956.

NOURANI A. Etude conceptuelle des machines et proposition des techniques pour différentes opérations culturales en phoeniciculture 2016. (PhD. thesis). Ecole Nationale Superieure Agronomique (Ensa), El Harrach Algiers, Algeria. 2016.

NUNES, R. F. M.; SILVA, M. A. Q.; SOUZA, C. M. M. Instruções para a produção de mudas e plantio da tamareira. Embrapa CPATSA, 1989, 36p. (Circular Técnica, 21).

OFTS [Organic Farming in the Tropics and Subtropics]. Exemplary Description of 20 Crops. Date Palm. Naturland e.V. 2002, p.1 23.

OIHABI, A. Etude de l’influence des mycorhizes à vésicules et arbuscules sur le bayoud et la nutrition du palmier dattier. 1991. 110f. Doctorat d’Etat,Universite Cadi Ayyad, Faculte des Sciences Semlalia Marrakech, Maroc., 1991.

OLIVEIRA, L. S.; ASSIS, J. S. Caracterização físico química dos frutos de três variedades de tamareiras (Phoenix dactylifera L.) introduzidas no BAG da Embrapa

Capítulo I I | 327

Semiárido. In: Recursos genéticos e melhoramento de plantas para o Nordeste Brasileiro. Petrolina: Embrapa Semiárido, 1999. Livro eletrônico. Disponível em: <http://www.cpatsa.embrapa.br>. Acesso em: 20 dez. 2004.

OPARA L. U.; EL MARDI, O. Improvements in Mechanization of Date Palm Harvesting and Implications for Fruit Postharvest Handling. Proceedings of Australasian Postharvest Horticulture Conference Brisbane, 01 03 October 2003.

OPPENHEIMER, C. H.; REUVENI, O. Investigation into the causes and possible correction of disturbed date fruit sets in the Norther Negev, Israël. The Volcani Institute of Research. Div. of Scientifi c Publications. Pamphlet No. 97. 1963, 33p.

OPPENHEIMER, C. H.; REUVENI, O. Investigation into the cause and possible correction of disturbed date palm set in the Northern Niger. Volcani Inst. Of Agic. Res. DW. Sci Publ. Rehorot. Pamphlet n.97, 1965.

ORON, G.; DEMALACH, Y.; GILLERMAN, L.; DAVID, I. Pear response to saline water application under subsurface drip irrigation. In: Proc. 5th int. Microirrigation Congress, ASAE, 1995, p.97 103.

OSMAN, M. B.; MILAN, A. R. Fruits for the Future Mangosteen (Garcinia mangostana). Southampton: Southampton Centre for Underutilised Crops, 2006. 170p.

PARKER, A. G. Paleoenvironmental evidence from H3, Kuwait. In: CARTER, R.; CRAWFORD, H. (Eds.). Maritime interactions in the Arabian Neolithic. Evidence from H3, As Sabiyah, an Ubaid related Site in Kuwait. Brill, Harvard. 2010, p.187 199.

PATEL, N.; RAJPUT, T. Effect of subsurface drip irrigation on onion yield. Irrigation Science, v.27, n.2, p.97 108, 2009.

PAULL, R. E.; ARMSTRONG, J. W. Insect Pests and Fresh Horticultural Products: Treatments and Responses Wallingford, UK: CAB Intl. 1994, 368p.

PEREIRA, L.S.; OWEIS, T.; ZAIRI, A. Irrigation management under water scarcity. Agric. Water Manag., v.57, p.175 206, 2002.

PEREAU LEROY, P. Le palmier dattier au Maroc. IFAC, Paris, Minist. Agric., 1958, 142p. Rabat, Maroc.

Capítulo I I | 328

PÉREZ VICENTE, L.; DITA, M. A.; MARTÍNEZ DE LA PARTE, E. Technical Manual Prevention and diagnostic of Fusarium Wilt (Panama disease) of banana caused by Fusarium oxysporum f. sp. Cubense Tropical Race 4 (TR4), Food and Agriculture Organization of the United Nations. 2014. http://www.fao.org/fileadmin/templates/banana/documents/Docs_Resources_2015/TR4/ 13Ma n ualFusarium.pdf. (Accessed August 2016).

PERKINS, R. M.; BURKNER, P. F. Mechanical pollination of date palms. Date Growers' Inst. Report, v.50, p.4 8, 1973.

PEYRON, G. Cultiver le palmier dattier. C.I.R.A.D. Montpellier, France. 2002, 110p.

PHENE, C. J. The sustainability and potential of subsurface drip irrigation Proceedings of the Fifth International Micro Irrigation Congress, Orlando, Florida. ASAE. 1995, p.359 367.

PHOCAIDES, A. Technical handbook on pressurized irrigation techniques. FAO, Rome. 2000, p.145 149.

PINTAUD, J. C.; ZEHDI, S.; COUVREUR, T.; BARROW, S.; HENDERSON, S.; ABERLENC BERTOSSI, F.; BILLOTTE, N. Species delimitation in the genus Phoenix (Arecaceae) based on SSR markers, with emphasis on the identity of the date palm (Phoenix dactylifera, L.). Diversity, phylogeny, and evolution in the monocotyledons. Arhus University Press, Denmark: 2010, p.267-286.

PITMAN, M.; LÄUCHLI, A.. “Global impact of salinity and agricultural ecosystems”. In: LÄUCHLI, A.; LÜTTGE, U. (eds). Salinity: Environment Plants Molecules (Dordrecht: Springer), 2004.

QUEIROZ, M. A.; NUNES, R. F. M.; MELO, N. F.; ASSIS, J. S. Germplasm bank of date palm in northeast brasil. Jornadas Internationales Sobre la Palmera Datilera en la Agricultura de los Oasis de los Paises Mediterrâneos, Elche, Espanha, 1995. Resumos.

RABÉCHAULT, H.; GAS, S. Culture de segments d'embryons. Oléag., v.2, p.73 78, 1974.

RAHMANI, A. H.; ALY, S. M.; ALI, H.; BABIKER, A. Y.; SRIKAR, S. Therapeutic effects of date fruits (Phoenix dactylifera) in the prevention of diseases via modulation of

Capítulo I I | 329

anti inflammatory, antioxidant and anti tumor activity. International journal of clinical and experimental medicine, v.7, n.3, p.483, 2014.

RAMOLIYA, P. J.; PANDEY, A. N. Soil salinity and water status affect growth of Phoenix dactylifera seedlings. New Zeal J. Crop Hort., v.31, p.345 353, 2003.

RAWLINS, S. L. Uniform irrigation with a lowhead bubbler system. Agricultural Water Management, v.1, n.2, p.167 178, 1977.

REAM, C.L.; FURR,J. R.The periodofreceptivityofpistillate flowersandotherfactors affecting set of date fruit. Date Grow. Inst. Rep., 46, p.28 29, 1969.

REGNAULT ROGER, C.; HADIDANE, R.; BIARD, J. F.; BOUKEF, K. High performance liquid and thin layer chromatography determination of phenolic acids in palm (Phoenix dactylifera). Food Chem., v.25, p.61 71, 1987.

REUTHER, W.; CRAWFORD, C. L. The effect of temperature and bagging on fruit set of dates. Date Growers' Inst. Report, v.23, p.3 7, 1946.

REUVENI, O.; ISRAELI, Y.; DEGANI, H.; ESHDAT, Y. Genetic variability in banana plants multiplied via in vitro techniques. In: INTERNATIONAL BOARD FOR PLANT GENETIC RESOURCES MEETING, Rome, 1986. Resumos, Rome: IBPGR, 1986, p.36.

REUVENI, O, et al. A study of new and rapid methods for the vegetative propagation of date palms. Date Growers Inst. Rept., v.49, p.17 24, 1972.

REUVENI, O. Pistil receptivity of “Khadrawi”, “Zahidi” and “Deglet Noor” date flowers. Date Grow. Inst. Rep , v.47, p.3 4, 1970.

REUVENI, O. Trickle irrigation of date palms. Annual Date Growers Institute Report, v.48, p.16 19, 1971.

REUVENI, O.; ABU, S.; GOLOBOVITZ, S. Date palm pollen germination and tube elongation on pistillate flowers cultured at different temperatures. Acta Horticulturea, v.175, p.91 95, 1986.

REUVENI, O. ‘Embryogenesis and plantlets growth of date palm (Phoenix dactylifera L.) derived from callus tissues’. Plant Physiol. (suppl.), v.63, p.138, 1979.

Capítulo I I | 330

REYNOLDS, J. F.; MURASHIGE, T. Asexual embryogenesis in callus cultures of palms. In vitro, v.15, p.383 387, 1979.

RIEUF, P. La maladie des tâches brunes du palmier dattier. Al Awamia, v.26, p.1 24, 1968.

ROCK, W.; ROSENBLAT, M.; BOROCHOV NEORI, H.; VOLKOVA, N.; JUDEINSTEIN, S.; ELIAS, M.; AVIRAM, M. Effects of date (Phoenix dactylifera L., Medjool or Hallawi variety) consumption by healthy subjects on serum glucose and lipid levels and on serum oxidative status: a pilot study. Journal of Agriculture and Food Chemistry, v.57, n.17, p.8010 8017, 2009.

RODRÍGUEZ SINOBAS, L.; GIL RODRÍGUEZ, M. A review of subsurface drip irrigation and its management. In: HUI LEE, T. S. (Ed.). Water Quality, Soil and Managing Irrigation of Crops, InTech. 2012, p.171 194.

ROUHANI, I.; BASSIRI, A. Effect of ethephon on ripening and physiology of date fruits at different stages of maturity. J. Hortic. Sci., v.52, p.289 297, 1977.

RUSSEL, R. Bunch management of date varieties other than Deglet Noor. Date Growers' Inst. Report, v.8, p.3 5, 1931.

RYGG, G. L. Date development, handling and packing in the United States. Washington, DC: Agricultural Research Service, USDA Agriculture Handbook No. 482. 1975, 56p.

SAAIDI, M. Contribution à la lutte contre le Bayoud. Fusariose vasculaire du palmierdattier. Thèsebde troisièmecycle, Univ. Dijon, France. 1979.

SABRI, A.; BOUAZIZ, A.; HAMMANI, A.; KUPER, M.; DOUAIK, A.; BADRAOUI, M. Évaluation de la qualité des dattes de la variété Majhoul produites sous différents régimeshydriques. Revue MarocainedesSciencesAgronomiquesetVétérinaires,v.5, n.2, p.149 153, 2017.

SACHS, G. Sur la présence d'Omphalia sp. Bliss dans une palmeraie Mauritanienne. Fruits, v.22, p.497 501, 1967.

SADIK, A.; ALI, A.; ABD EL GHANY, A. Irrigation water management of date palm under El Baharia oasis conditions. Egypt. J. Soil Sci., 2018.

Capítulo I I | 331

SAFI, B.; NEYSHABOURI, M. R.; NAZEMI, A. H.; MASSIHA, S.; MIRLATIFI, S. M. Water application uniformity of a subsurface drip irrigation system at various operating pressures and tape lengths. Turkish Journal of Agriculture and Forestry, v.31, n.5, p.275 285, 2007.

SAKER, M. et al. Detection of seasonal variations in tissue culture derived date palm plants using isozyme analysis and RAPD fingerprints. Biologia Plantarum, v.43, p.347 51, 2000.

SALARI, R.; KARAZHIYAN, H.; MORTAZAVI, S. A. Study the effect of different packaging films on physiochemical properties of different Iranian dates during storage. Amer Eurasian J. Agric. Env. Sci., v.3, p.485 491, 2008.

SALLON, S.; SOLOWEY, E.; COHEN, Y.; KORCHINSKY, R.; EGLI, M.;, WOODHATCH, I.; KISLEV, M. Germination, genetics, and growth of an ancient date seed. Science, v.320, n.5882, p.1464 1464, 2008.

SANÉ D.; OULD, K. M.; DIOUF, D.; BADIANE, F. A.; SAGNA, M.; BORGEL, A. Growth and development of date palm (Phoenix dactylifera L.) seedlings under drought and salinity stresses. Afr. J. Biotech., v.4, n.9, p.968 972, 2005.

SAWAYA, W. N.; KHATCHADOURIAN, H. A.; KHALIL, J. K.; SAFI, W. M.; AL SHALHAT, A. Growth and compositional changes during the various developmental stages of some Saudi Arabian date cultivars. Journal of Food Science, v.47, p.14891492, 1982.

SAWAYA, W. N.; KHALIL, J. K.; SAFI, W. N.; AL SHALHAT, A. Physical and Chemical characterization of three Saudi date cultivars at various stages of development. Canadian Institute of Food Science and Technology Journal, v.16, p.087 091, 1983.

SBI [Sindh Board of Investment]. Dates processing plant. Sindh Board of Investment, Government of Sindh, Pakistan. 2010, p.1 40.

SCHIFFMANN, R. F. Microwave and Dielectric Drying. In: MUJUMDAR, A. S. (Ed.), Handbook of Industrial Drying, 2nd Ed., 1995, p.345, Marcel Dekker, New York.

SEDRA, M. Y. H. Descripteur du palmier dattier (Phoenix dactylifera L.). INRA Editions 2001. 196p.

Capítulo I I | 332

SEDRA, M. Y. H. Development of New Moroccan selected date palm varieties resistant to bayoud and of good fruit quality. Chapter in Date Palm Biotechnology (Springer Science+Business Media B.V.): 2011, p.513 531.

SERRANO, M.; PRETEL, M. T.; BOTELLA, M. A.; AMOROS, A. Physicochemical changesduringdate ripeningrelated to ethylene production. FoodSci.Technol. Int., v.7, p.31 36, 2001.

SHABANA, H. R.; KHALIL, T. H.; MAWLOOD, I. A. Report of pollination mechanization project. Department of Palms and Dates, Agriculture and Water Resources Research Center, Baghdad, Iraq. 1985

SHADEED, S. Spatio temporal drought analysis in arid and semi arid regions: a case study from Palestine. Arab. J. Sci. Eng., v.38, p.2303 2313, 2013.

SHAHEEN, M. Evaluation of date palm males using pollen viability and ultrastructure. Acta Hortic , v.632, p.37 43, 2004.

SHAMSI, M. Design and development of a date harvesting machine. 1998. (PhD thesis). Silsoe College of Cranfield University, Cranfield, United Kingdom. 1998.

SHAMSHIRI, M. H.; RAHEMI, M. Effect of ethephon, sodium chloride and acetic acid on quality of Mazafati date fruits. Iranian J. Agric. Sci., v.29, p.777 785, 1999.

SHAPIRO, A.; KORKIDI, E.; ROTENBERG, A.; FURST, G.; NAMDAR, H.; SAPIR, B.; MISHKIN, M.; BEN SHAHAR, O.; EDAN, Y. A Robotic prototype for sprayingand pollinating date palm trees. In: Proceedings of the ASME 2008 9th Biennial Conference on Engineering Systems Design and Analysis, Haifa, Israel, 7 9 July 2008; ASME International: Haifa, Israel, 2008; p.431 436.

SHAPIRO, L.; DE MORAES, C. M.; STEPHENSON, A. G.; MESCHER, M. C. Pathogen effects on vegetative and floral odours mediate vector attraction and host exposure in a complex pathosystem. Ecology Letters, v.15, p.1430 1438, 2012.

SHIVASHANKARA, K. S.; ISOBES, S.; AL HAQ, M. I.; TAKENAKA, M.; SHINHA, T. Fruit antioxidant activity, ascorbic acid, total phenol, quercetin, and carotene of Irwin mango fruits stored at low temperature after high electric field treatment. J. Agric. Food Chem., v.52, p.1281 1286, 2004.

Capítulo I I | 333

SIDHU, J. S. Date fruits production and processing. In: HUI, Y. H. (editor). Handbook of fruits and fruit processing. Ames, IA: Blackwell Publishing. 2006, p.391 419.

SIMÃO, S. Tamareira. In: Manual de Fruticultura, São Paulo. Agronômica Ceres, 1971, cap.18, p.509 521.

SIMONNEAU, P. Observationonthe irrigationofthe date palm.The daysofthedate, Algiers 3 to 4 May 1961, p.25 29.

SINGH, P.; MOORE, R. F. Handbook of Insect Rearing. Amsterdam: Elsevier Science Ltd, Vol. II. 1985, 514p.

SIVANAPPAN, R. K. Low cost micro irrigation system for all crops and all farmers. In: VERMA, C. V. J. (ed.). Proceedings of Workshop Micro Irrigation and Sprinkler Irrigation Systems April 1998 at New Delhi. Organized by Central Board of Irrigation and Power, 1998.

SMITH, R. J.; AYNSLEY, J. S. Field performance of tissue cultured date palm (Phoenix dactylifera) clonally produced by somatic embryogenesis. Principes, v.39, p.47 52, 1995.

SOULI, A.; SEBAI, H.; RTIBI, K.; CHEHIMI, L. et al. Effects of Dates Pulp Extract and Palm Sap (Phoenix dactylifera L.) on Gastrointestinal Transit Activity in Healthy Rats. Journal of Medicinal Food, v.17, n.7, p.1 5, 2014.

SOOTHAR, R. K.; CHANDIO, A. S.; MIRJAT, M. S.; MANGRIO, M. A.; MIRJAT, M. U.; TALPUR, M. A. Comparison of bubbler and basin irrigation methods in a bivarietal Mangifera indica orchard in Pakistan. Science International, v.27, n.2, 2015.

SURCOUF, J. M. R. Recherches sur la biologie du Phoenix dactylifera L. Bull. Soc. Hist. Nat. Af. Nord., v.13, p.262 312, 1922.

SWINGLE, W. T. Metaxenia in the date palm. J. Heredity, v.19, p.257 268, 1928.

TAFTI, A. G.; FOOLADI, M. H. Microbial contamination on date fruits. Paper presented at First International Symposium on Date Palm. Bandar Abass, Iran. 2005, 10p.

TAKAEIDI, M. R.; JAHANGIRI, A.; KHODAYAR, M. J.; SIAPOOSH, A.; YAGHOOTI, H.; REZAEI, S.; SALECHEH, M.; MANSOURZADEH, Z. The effect of

Capítulo I I | 334

date seed (Phoenix dactylifera) extract on paraoxonase and arylesterase activities in hypercholesterolemic rats. Jundishapur J. Nat. Pharm. Prod., v.9, n.1, p.30 34, 2014.

TENGBERG, M. Beginnings and early history of date palm garden cultivation in the Middle East. J. Arid Envir., v.86, p.139 147, 2012.

TENGBERG, M. Research into the origins of date palm domestication. In: EMIRATES CENTER FOR STRATEGIC STUDIES AND RESEARCH (ed). The date palm: from traditional resource to green wealth, Abu Dhabi, 2003, p.51 64.

THOMPSON, T. L.; DOERGE, T. A.; GODIN, R. E. Subsurface drip irrigation and fertigation of broccoli: II. Agronomic, economic, and environmental outcomes. Soil Science Society of America Journal, v.66, n.1, p.178 185, 2002.

THOMPSON, T. L.; WHITE, S. A.; WALWORTH, J.; SOWER, G. J. Fertigation frequencyforsubsurfacedripirrigatedbroccoli. SoilscienceSocietyofAmericajournal, v.67, n.3, p.910 918, 2003.

TISSERAT, B. H. Tissue culture of the date palm. Jour. Hered., v.70, p.221 222, 1979.

TISSERAT, B. H.; DeMASON, D. A histological study of the development of adventive embryos in organ cultures of Phoenix dactylifera L. Ann. Bot, v.45, p.465 472, 1980.

TISSERAT, B.; ULRICH, J. M.; FINKLE, B. J. Survival of Phoenix pollen grains under cryogenic conditions. Crop Sci., v.23, p.254 256, 1983.

TISSERAT, B.; GABR, M. F.; SABOUR, M. T. Viability of cryogenically treated dated palm pollen. Date Palm J., v.4, n.1, p.25 32, 1985.

TIWARI,K.N.; MAL,P.K.; SINGH, R. M.; CHATTOPADHYAY,A.Response ofokra (Abelmoschus esculentus (L.) Moench.) to drip irrigation under mulch and non mulch conditions. Agricultural Water Management, v.38, n.2, p.91 102, 1998.

TRIPLER, E.; BEN GAL, A.; SHANI, U. Consequence of salinity and excess boron on growth, evapotranspiration and ion uptake in date palm (Phoenix dactylifera L., cv. Medjool). Plant Soil, v.297, p.147 155, 2007.

TRIPLER, E.; SHANI, U.; MUALEM, Y.; BEN GAL, A. Long term growth, water consumption andyield of date palm asa function of salinity. Agric.WaterManag.,v.99, p.128 134, 2011.

Capítulo I I | 335

TOUTAIN, G. Le palmier dattier culture et production. Alawamia, v.25, p.83 151, 1967.

TSAMI, E.; KROKIDA, M. K.; DROUZAS, A. E. Effect of drying method on the sorption characteristics of model fruit powders. J. Food Eng., v.38, p.381 392, 1998.

UHL, N. W.; DRANSFIELD, J. Genera palmarum: a classification of palms, based upon the work of HAROLD, E.; MOORE, JR. Allen Press, Lawrence. 1987.

UHL, W.; MOORE Jr., H. E. “Correlations in inflorescence, flower structure, and floral anatomy with pollination in some palms”. Biotropica, v.9, n.3, p.170 190, 1977.

ULLAH, M.; AHMAD, F.; IQBAL, J.; IMTIAZ, M.; RAZA, M. K. Effects of different pollination methods on fruit quality and yield of date palm candidate Line Hillawi. J. Environ. Agric. Sci., v,17, p.55 62, 2018.

VAYALIL, P. K. Antioxidant and antimutagenic properties of aqueous extract of date fruit (Phoenix dactylifera L. Arecaceae). J. Agric. Food Chem., v.50, p.610 617, 2002.

VIALA. E. Water for food, water for life a comprehensive assessment of water management in agriculture. Irrigation and Drainage Systems, v.22, n.1, p.127 129, 2008.

VINSON,J. A.; ZUBIK, L.; BOSE, P.; SAMMAN, N.; PROCH, J. Driedfruits: excellent in vitro and in vivo antioxidants. Journal of the American College of Nutrition, v.24, p.44 50, 2005.

WAHBAH, T. F. Control of some dried fruit pest’s. 2003. 95f. Master Thesis, Pesticides Department, Faculty of Agriculture, Alexandria University, Egypt. 2003.

WERTHEIMER, M. La pollination du palmier dattier (Phoenix dactylifera L.). Fruits, v.12, p.305 313, 1954.

WICKENS, G. E. Ecophysiology of economic plants in arid and semi-arid lands Springer, Berlin. 1998.

YAACOOB, A. Irrigation of Date Palm Trees. Translated from GermanLanguage, Basel Scientific Journal for Agricultural Engineering Sciences, v.1, n.1, p.85 88, 1996.

YAHIA, E. M. Modified and controlled atmospheres for tropical fruits. Hort Rev., v. 22, p.123 183, 1998.

Capítulo I I | 336

YAHIA E. M. Date. In: GROSS, K.; WANG, C. Y.; SALTVEIT, M. (editors). The Commercial Storage of Fruits, Vegetables and Florist and Nursery Crops. Agriculture Handbook 66. Beltsville, MD: USDA. 2004, 3p.

YAHIA,E. M. Modifiedandcontrolledatmospheresfor storage,transportation,and packaging of horticultural commodities. Boca Raton, FL: CRC Taylor & Francis. 2009, 589p.

YAHIA, E. M.; KADER, A. A. Date (Phoenix dactylifera L.). In: YAHIA, E. M. (editor). Postharvest biology and technology of tropical and subtropical fruits. Cambridge, UK: Woodhead Publishing. 2011, p.41 79.

YANG, S. F. Regulation of ethylene biosynthesis. HortScience, v.15, p.238 243, 1980. YANG, C. S. T.; ATALLAH, W. A. Effect of four drying method on quality of the intermediate moisture. Lowbush blueberries. J. Food Sci., v.50, p.1233 1237, 1985.

ZAID, A. Date Palm Cultivation. 2002. Available at http://www.fao.org/DOCREP/006/ Y4360E/y4360e0d.htm. (accessed on April 21, 2022).

ZAID, A.; ARIAS JIMENEZ, E. J. Date Palm Cultivation; FAO Plant Production and Protection Paper. Rev. 1; FAO: Rome, Italy, 2002; Volume 156.

ZAID, A.; DE WET, P. F. Botanical and systematic description of the date palm In: ZAIED, A. (ed.). Date Palm Cultivation Food and Agriculture Organization Plant ProductionandProtectionPaperno.156.FoodandAgriculture OrganizationoftheUnited Nations, Rome, Italy. 2002a.

ZAID, A.; DE WET, P. F. Botanical and systematic description of the date palm. In: ZAID, A.; ARIAS JIMENEZ, E. J. (editors). Date Palm Cultivation. Rome, Italy: FAO Plant Production and Protection Paper 156. 2002.

ZAID, A.; DE WET, P. F. Botanical and systematic description of the date palm. In: ZAIED, A. (ed.). Date Palm Cultivation Food and Agriculture Organization Plant Production and Protection Paper no. 156. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy. 2002a.

ZAID, A.; DE WET, P. F. Climatic requirements of date palm In: ZAIED, A. (ed.). Date Palm Cultivation. Food and Agriculture Organization Plant Production and Protection

Capítulo I I | 337

Paper no. 156. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy. 2002c.

ZAID, A.; DE WET, P. F. Origin, geographical distribution and nutritional values of date palm. In: ZAIED, A. (ed.). Date Palm Cultivation. Food and Agriculture Organization Plant Production and Protection Paper no.156. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy. 2002b.

ZAID, A.; DE WET, P. F. Pollination andbunch management. In: ZAIED, A. (ed.). Date Palm Cultivation Food and Agriculture Organization Plant Production and Protection Paper no. 156. Food and Agriculture Organization of the United Nations, Rome, Italy. 2002d.

ZANGIABADI, N.; ASADI SHEKAARI, M.; SHEIBANI, V.; JAFARI, M., SHABANI, M., ASADI, A. R.; JARAHI, M. Date fruit extract is a neuroprotective agent in diabetic peripheral neuropathy in streptozotocin induced diabetic rats: a multimodal analysis. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, 2011, 948 976.

ZHANG, C. R.; ALDOSARI, S. A.; VIDYASAGAR, P. S.; NAIR, K. M.; NAIR, M. Antioxidant and Anti-inflammatory Assays Confirm Bioactive Compounds in Ajwa Date Fruit. 2013.

ZHANG, D.; DAH JYE, L.; TIPPETTS, B. J.; LILLYWHITE, K. D. Date maturity and quality evaluation using color distribution analysis and back projection. Journal of Food Engineering, v.131, p.161 169, 2014.

ZOHARY, D.; SPIEGEL ROY, P. Beginnings of fruit growing inthe old world. Science, v.87, n.4174, p.319 327, 1975.

Capítulo I I | 338

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.