Sistema de Produção de Algodão Colorido Orgânico no Semiárido

Page 1

SISTEMA DE PRODUÇÃO DO ALGODÃO COLORIDO ORGÂNICO NO SEMIÁRIDO

Vicente de Paula Queiroga Adriana Calderan Gregolin Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros Albuquerque Editores Técnicos

REVISTA CIENTÍFICA


SISTEMA DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO COLORIDO ORGÂNICO NO SEMIÁRIDO

1ª edição


CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone



VICENTE DE PAULA QUEIROGA ADRIANA CALDERAN GREGOLIN FRANCISCO DE ASSIS CARDOSO ALMEIDA ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE ORGANIZADORES

SISTEMA DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO COLORIDO ORGÂNICO NO SEMIÁRIDO

1ª EDIÇÃO

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB

2017


©Copyright 2016 by

Organização do Livro VICENTE DE PAULA QUEIROGA, ADRIANA CALDERAN GREGOLIN, FRANCISCO DE ASSIS CARDOSO ALMEIDA E ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Capa FLÁVIO TORRÊS DE MOURA Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Data de fechamento da edição: 23-01-2017

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

Q3s

Queiroga, Vicente de Paula. Sistema de produção de algodão colorido orgânico no semiárido. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Adriana Calderan Gregolin, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque. – Campina Grande: AREPB, 2017. 107 f. : il. color. ISBN 978-85-67494-20-3 1. Algodão. 2. Sistema de produção. 3. Agricultura familiar. 4. Processamento. 5. Agroecológico. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Gregolin, Adriana Calderan. III. Almeida, Francisco de Assis Cardoso. IV. Albuquerque, Esther Maria Barros de. V. Título. CDU 633.5

Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB

Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal.


O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina GrandePB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br


ORGANIZADORES Vicente de Paula Queiroga (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)

Adriana Calderan Gregolin (M.Sc) Coordenadora Regional de Projeto Organización de la Naciones Unidas para la Alimentación y la Agricultura (FAO) – Representación en el Chile Santiago (Chile)

Francisco de Assis Cardoso Almeida (Dr) Professor Associado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Centro Tecnológico e Recursos Naturais Universidade Federal de Campina Grande, PB (Brasil)

Esther Maria Barros de Albuquerque (Drª) Doutora em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande-UFCG Campina Grande, PB (Brasil)


APRESENTAÇÃO Os agricultores, participantes da base da cadeia, poderão ser motivados e sensibilizados pelos técnicos de pesquisa da Embrapa Algodão e de extensão rural, para uma constância de produção do algodão colorido orgânico, que atenda satisfatoriamente a demanda do mercado e agreguem valor à sua produção, o que é importante, pois o algodão é considerado o cultivo de maior importância social para esses pequenos agricultores da região semiárida. Vários tipos de algodoeiro arbóreo BRS 200 Marrom e os herbáceos BRS Verde, BRS Rubi, BRS Safira e BRS Topázio, deverão estar isolados na distância de 300 m ou separados entre si por uma barreira de milho de 50 m. É importante destacar que a consolidação da cadeia produtiva de uma determinada cultura sempre tem reflexo direto sobre o nível tecnologico dos agricultores em geral. Como vantagem relacionada à produção orgânica é que, ainda que em pequena escala, existem soluções para seu beneficiamento, como o caso dos fardos produzidos pelo minidescaroçador itinerante de 20 serras, que tem o mesmo volume do fardo da indústria de grande porte (peso de 200 kg do fardo, cuja dimensão é: 50,5 cm x 104,1 cm), no entanto, com uma densidade menor (entre 80 a 100 kg). Sua capacidade de beneficiamento é de 100 kg de algodão em rama/ hora. Outra vantagem é que os agricultores irão plantar o algodão isento de agroquímicos, o qual é cultivado por métodos que fomentam a atividade biológica, estimula a sustentabilidade agrícola e exige manejo diferente do modelo convencional. O "modus operandi" depende basicamente, de materiais biodegradáveis que contribuem para a saúde do solo e das pessoas. Ou seja, o uso da tecnologia algodão colorido orgânico minimiza os perigos com poluentes agrícolas (pesticidas e adubos químicos), da indústria têxtil (corantes sintéticos), resíduos de pesticidas nas fibras e restaura ou preserva o equilíbrio entre os diferentes componentes do ecossistema, inclusive, pode reduzir os custos de produção e aproveitar a mão-de-obra ociosa da zona rural. Para ser considerado orgânico, o algodão necessita de um certificado que só é concedido se a produção aconteceu dentro de um conjunto mínimo de normas. E essa condição atinge toda a cadeia produtiva. Portanto, este trabalho traz informações importantes para os técnicos de extensão e produtores, a respeito do sistema de produção de algodão colorido de forma orgânica, apresentando todas as etapas tecnológicas desse sistema, as quais irão servir como um guia para o desenvolvimento deste sistema de produção.

Carlos Alberto Domingues da Silva Pesquisador da Embrapa Algodão


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. SISTEMA

DE

PRODUÇÃO

DE

ALGODÃO

COLORIDO

ORGÂNICO NO SEMIÁRIDO – Vicente de Paula Queiroga, Adriana Calderan Gregolin, Francisco de Assis Cardoso Almeida ............................................................ 10


C a p í t u l o I | 10

Capítulo I

SISTEMA DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO COLORIDO ORGÂNICO NO SEMIÁRIDO (Autores) Vicente de Paula Queiroga Adriana Calderan Gregolin Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque


C a p í t u l o I | 11

1.INTRODUÇÃO Na década de 80, as áreas de algodão apresentaram uma redução significativa no Nordeste brasileiro principalmente devido ao surgimento do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis Boheman) o que ocasionou aumento nos custos de produção. A "modernização" do sistema de produção baseado no aporte de insumos externos (adubos minerais, sementes melhoradas, agrotóxicos, material transgênico, etc) dificultou a atividade para o agricultor familiar descapitalizado. Mesmo nesse cenário desanimador, são notórios os esforços dos agricultores familiares do Nordeste em procurar se adaptar às novas tendências de mercado do algodão, tendo eles se apropriado das tecnologias geradas pela pesquisa para o sistema de produção do algodão ecologicamente correto. Essa capacidade de inovação dos agricultores em suas propriedades foi condição primordial para o fortalecimento do cultivo do algodão numa perspectiva agroecológica e para mercados especializados, como o orgânico. A política de apoio à produção orgânica no Brasil possibilitou a criação de uma cadeia produtiva de algodão ecologicamente sustentável e conduzida por agricultores familiares. Trata-se de uma cadeia produtiva solidária e que preserva os recursos naturais, gerando inclusão social e um produto final com um diferencial no mercado. A crescente demanda dos mercados nacional e internacional por produtos orgânicos tem modificado o comportamento dos agricultores, que estão passando a se dedicar a formas mais eficientes de produção sem resíduos químicos, reduzindo assim a agressão ao meio ambiente. Para algumas empresas que buscam produtos diferenciados e se preocupam com os problemas ambientais, o algodão colorido assume grande importância já que não utilizam corantes e outros produtos químicos na produção dos tecidos. Além disso, as fibras naturalmente coloridas são valorizadas pela indústria de confecção, pois agregam maior valor ao produto acabado (ANUÁRIO BRASILEIRO DO ALGODÃO-2004, 2004). Inicialmente, o mercado do algodão colorido era restrito e consumido por pessoas alérgicas a corantes sintéticos, grupos ambientalistas e ONGs que desenvolviam trabalhos com agricultura orgânica. Recentemente, esta mentalidade ecológica vem ganhando novos adeptos da sociedade, preocupados com a questão do uso indiscriminado de produtos químicos no sistema produtivo da cotonicultura moderna, que de certa forma está agredindo o meio ambiente e influindo aos poucos no aquecimento globalizado. Por


C a p í t u l o I | 12 lei, a indústria têxtil tem que investir em equipamentos de despoluição e reaproveitamento da água, porque para a lavagem e tingimento do tecido para uma única calça jeans, por exemplo, consome 80 litros de água. Como o processo é oneroso, muitas fábricas burlam a lei e despejam a água suja direto nos rios. Essa é a principal vantagem do algodão colorido. Na tecelagem os fios dispensam a fase da tinturaria, que representa 50% do custo dos tecidos (BELTRÃO et al., 1995). Dessa forma, é possível economizar água e preservar os rios. A primeira cultivar de fibra geneticamente colorida, lançada em 1999 pela Embrapa Algodão, cujo evento teve grande repercussão no mercado, foi a BRS 200 Marrom, que pode ser indicada para ser cultivada na região do Seridó, intensamente castigada pela seca, por se tratar de um material derivado do algodão arbóreo – mocó (COLORIDO..., 2001). O plantio comercial do algodão colorido orgânico ainda é incipiente na região semiárida do Nordeste, sendo mais cultivado no Estado da Paraíba (BELTRÃO; CARVALHO, 2004). Para incentivar a sua produção na referida região, seria necessário o apoio dos governos de cada Estado com sementes, defensivos orgânicos e assistência técnica para os produtores familiares. Toda a produção dos produtores familiares da Paraíba é adquirida diretamente por organizações da sociedade, a exemplo da Cooperativa de Produção Têxtil e Afins do Algodão do Estado da Paraíba (CoopNatural), a qual é formada por 23 microempresas de confecções (BELTRÃO; CARVALHO, 2004) e pela empresa de vestuário Natural Cotton Color, a qual já participou de semanas de moda como a Fashion Rio e exposições fora do Brasil. Essas microempresas têxteis são responsáveis pela confecção de mais de 10 mil peças por mês, entre roupas, acessórios, artigos de decoração e outros. Dependendo da época do ano (plantio de sequeiro ou de irrigação), o preço praticado para aquisição do algodão colorido orgânico (em caroço) é definido dentro das normas de comércio justo, isto é, as empresas e os representantes envolvidos da produção sentam numa mesa apresentando suas planilhas de custos e elaborando o preço de acordo com as partes. Desde que as cultivares de fibras de diferentes tonalidades foram introduzidas no sistema de produção das regiões secas, dezenas de famílias puderam se inserir competitivamente no mercado (ANUÁRIO BRASILEIRO DO ALGODÃO-2004, 2004). Atualmente o cultivo do algodão é amplamente dominado pelas grandes plantações do Cerrado brasileiro. Contudo, existe uma tendência de expansão da área de produção orgânica no semiárido, principalmente do algodão colorido, por dispensar o processo de


C a p í t u l o I | 13 tingimento, que representa no algodão branco, como mencionado, de 30 a 50% do seu custo final. Além disso, existe uma bonificação de 20% no preço do algodão branco orgânico em rama e de até 100%, quando se trata de fibra colorida orgânica após processo de descaroçamento, em comparação aos produtos convencionais. A CoopNatural e a empresa de vestuário Natural Cotton Color já exportam mais de 50% dos seus produtos naturais, os quais são considerados pelo "nicho" de mercado como produtos socialmente corretos e ecologicamente justos. De símbolo regional em lojas de artigos para turistas, o algodão colorido alcançou o status de peças de luxo em feiras internacionais. As coleções são exportadas para a França, Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, Japão, Estados Unidos e países escandinavos. Em abril de 2015, o algodão colorido produzido no semiárido esteve presente na feira "1.618 Luxo Sustentável", em Paris. O evento seleciona as melhores iniciativas voltadas para o consumo sustentável ao redor do mundo. Os resultados do algodão colorido trouxeram vários benefícios socioeconômicos para agricultura familiar da região semiárida, tais como; produzir sementes básicas das cultivares coloridas; transferir a tecnologia de produção para produtores líderes; produzir fibras para parte da cadeia (confecção) e, principalmente, levar condições de emprego e renda para os produtores e a mão-de-obra agregada com o seu cultivo. No Assentamento Margarida Maria Alves, a 100 km da capital João Pessoa (PB), quinze famílias de assentados cultivam o algodão colorido que vira peças de luxo para o mercado externo. Segundo a Associação da Indústria do Vestuário da Paraíba (Aivest, PB) e do grupo Natural Cotton Color, o perfil do consumidor das peças de algodão colorido é um público consciente e com alto poder aquisitivo, que se preocupa com a origem do produto que consome. Desta forma, a tecnologia social em apreço se inseriu nas comunidades beneficiadas, compostas por produtores familiares como mais uma opção de renda e de trabalho, uma vez que se trata de produto de melhor preço no mercado e com redução quase que total do risco da comercialização, quando os acordos comerciais são definidos previamente. Na verdade, trata-se de um novo "nicho" de mercado, cuja tendência é crescer no Brasil e, principalmente, nos países do primeiro mundo, em especial a Europa, que na maioria dos países, não tem clima propício para produzir algodão, mas têm recursos para adquiri-lo tanto na forma de matéria-prima inicial, a fibra, quanto às demais formas de fio, tecidos e confecções. Os produtores, participantes da base da cadeia deverão ser motivados e sensibilizados pelos técnicos de pesquisa e de extensão rural,


C a p í t u l o I | 14 para uma constância de produção do algodão colorido que atenda satisfatoriamente a demanda do mercado e aumentem suas rendas, o que é importante, pois o algodão é considerado a cultura de maior importância social para a região Nordeste (BELTRÃO et al., 1995). Em todos os elos envolvidos na cadeia produtiva da pluma, a Embrapa Algodão ajudou, em 2011, na articulação e organização do Comitê Gestor do Arranjo Produtivo Local de Confecções e Artefatos de Algodão Colorido do Estado da Paraíba, que integra empresários, produtores e suas organizações e instituições de apoio (Embrapa, Abit, FIEP, APEX, Senai, Sebrae, bancos públicos e privados, Governo do Estado da Paraíba, Mapa, SFA-PB e Conab-PB). Uma das principais conquistas do comitê gestor foi a garantia de compra da produção do algodão colorido, que deu segurança ao produtor para realizar o plantio e alimentar a cadeia produtiva do Estado que envolve tecelagens, confecções e pequenas indústrias de moda e decoração. Por outro lado, o algodão colorido tornou-se uma das melhores alternativas de renda para as comunidades eleitas de agricultores familiares do semiárido nordestino, onde foram doadas várias miniusinas pelo programa do governo, que, de forma conjunta, conseguem beneficiar toda safra produzida na própria comunidade e vender a pluma e os subprodutos diretamente. Neste sentido, a figura do intermediário tradicional é eliminada durante a transação comercial, o que ganha contornos muito positivos na tentativa de acrescentar valor à produção primária e estimular iniciativas associativas. O objetivo deste trabalho foi à validação da tecnologia social para a exploração do algodão colorido orgânico na região semiárida do Nordeste brasileiro, visando tornála viável para o pequeno produtor familiar, além de definir as estratégias agroecológicas para o sistema de produção do algodão colorido.


C a p í t u l o I | 15 2. MANEJO ECOLÓGICO DE PRODUÇÃO DO ALGODÃO COLORIDO

2.1. Certificação do campo orgânico Para identificar os produtos orgânicos no mercado competitivo, é necessário emitir um selo que certifique os processos, que é uma forma de garantir sua qualidade. Essa marca de certificação é um selo de certificação, símbolo ou logotipo que identifica que um ou diversos produtos estão em conformidade com as normas oficiais de produção orgânica. Esse mecanismo poderá controlar desde a produção até o processamento e a comercialização dos diferentes produtos através de normas específicas que dão credibilidade ao produtor e indústria processadora e ao mesmo tempo oferecem seguridade ao consumidor. Esse procedimento se realiza através de inspeções de sistemas de controle específicos, estabelecidas por empresas certificadoras independentes, com base nas normas e regulações internacionais que avaliam sua rastreabilidade e manejo adequado em todos os processos. Ou seja, a certificação das áreas sob produção orgânica na América Latina é realizada, principalmente por agências reguladoras internacionais, tais como: QUAI (Quality Assurance International), FVO (Farm Verified Organic), BCSOKo Garantie, Naturland, Ecocert S.A., Skal (Holanda), SGS, IMMO control, entre outros (Tabela 1).

Tabela 1. Agências certificadoras de origem latino-americano. Países Argentina Bolivia Brasil Chile

Colombia Costa Rica Equador Guatemala México Perú Uruguai

Empresas Certificadoras Argencert S.R.L., Bio Certificación Letis S.A., OIA (Organización Internacional Agropecuaria) Bolicert IBD (Instituto Biodinámica), Red de Certificación Participativa Ecovida CCO (Certificadora Chile Orgánico) CIAL (Corporación de Investigación en Agricultura Alternativa), PROA (Corporación de Promoción Orgánica Agropecuaria) Biológicos del Trópico (Socia de Ecocert S.A.), CCI (Corporación Colombia Internacional) Aimcopoc, Eco-Lógica S.A. Fundación Biocon, PROBIO (Corporación Ecuatoriana de Agricultores Biológicos) Mayacert (Certificadora Maya S.A.) Certimex S.C (Certificadora Mexicana de Productos y Procesos Ecológicos), CUCEPRO (Comité Certificador de Productos Orgánicos) BIO LATINA (Agencia certificadora latinoamericana fundada por Biopacha de Bolivia), Bio Muisca (Colombia), Cenipae (Nicaragua), e Inka Cert (Perú ̇)

ARU (Asociación Rural del Uruguay), SCPB (Sociedad de Consumidores de Productos Biológicos), Urucert Fonte: García 2002. IICA-INTA 2004.


C a p í t u l o I | 16 A primeira exportação brasileira de algodão orgânico certificado pelo IBD (Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural de Botucatu, SP) aconteceu em 1999, quando a empresa norte-americana Tribal Trading Co adquiriu 3 toneladas de fibra da associação dos pequenos agricultores de Tauá-CE para confecção de roupas intimas, sendo os fios e a malha elaborados pela Têxtil Bezerra de Menezes de Fortaleza, CE (ORGÂNICO, 2001). Mesmo se tratando de pequenas áreas plantadas (no máximo 2 ha), os pequenos produtores orgânicos nordestinos têm dificuldades em pagar a taxa anual para certificar junto ao IBD os seus campos de algodão como orgânico. Meirelles (2003) destaca que o preço cobrado pelo serviço de certificação é impeditivo para pequenos agricultores, além de diferentes exigências de selos de cada comprador ou importador, o que é totalmente insustentável. Uma forma de resolver tal problema seria negociar um contrato de terceirização da produção do algodão colorido orgânico firmado entre os fornecedores da matéria prima (Associação de Produtores ou Cooperativas Agrícolas) e a indústria têxtil de produtos naturais, ficando esta indústria com a responsabilidade de pagar a taxa de certificação dos campos de produção de algodão orgânico e os pequenos produtores apenas assumiriam o papel de cooperados no sistema produtivo do algodão dessa empresa. Recentemente, esta situação sucedeu com os produtores familiares de Remígio, PB, os quais foram contratados por uma indústria têxtil para produzir ecologicamente o algodão colorido, tendo ela incluído no contrato que iria assumir o pagamento da taxa de certificação do produto.

O Instituto Biodinâmico (IBD) de Botucatu/SP, fundado em 1982, com o objetivo de implementar atividade de ensino e pesquisa e também de certificar produtos orgânicos, conta com dois credenciamentos internacionais, um da IFOAM e outro da Alemanha (DAP), o que permite que seu certificado seja aceito nos três principais blocos econômicos: Europa, Estados Unidos e Japão. No Brasil existem 250 projetos certificados pelo IBD dos quais participam 2.000 produtores, totalizando 60.000 hectares de produção agroecológica.

Na Paraíba, quinze famílias do Assentamento Margarida Maria Alves cultivam o algodão colorido em sistema de sequeiro, sem nenhum tipo de adubo ou inseticida sintético. O algodão é certificado pela Associação de Certificação Instituto Biodinâmico


C a p í t u l o I | 17 (IBD) e em processo para receber o selo de certificação orgânica participativa, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o que representará uma redução dos custos de produção, tendo em vista que o produto será avaliado pelos próprios agricultores, com a supervisão da Superintendência Federal da Agricultura no Estado da Paraíba.

Além disso, o algodão é beneficiado no próprio assentamento na miniusina descaroçadora desenvolvida pela Embrapa para os pequenos produtores de algodão. A máquina separa a semente da fibra; a semente fica no assentamento para o próximo plantio e para alimentação animal; e a fibra segue para a indústria de fiação em Campina Grande e João Pessoa e, depois, para teares mecânicos rústicos que ainda existem em diversos municípios paraibanos.

Uma exigência importante adotada pelo IBD (Brasil) para certificação do campo de produção do algodão orgânico está relacionada à escolha do terreno, pois seus técnicos só reconhecem a lavoura ecologicamente correta quando cultivada em áreas agrícolas sob pousio de 3 anos, na ausência de defensivos e adubos minerais. Na Tabela 2, destaca-se a evolução da área utilizada para produção orgânica certificada de alguns países da América do Sul.

Tabla 2. Área utilizada para produção orgânica certificada (ha). País Área 2000 Argentina 169.200 Brasil 50.000 Paraguai 23.975 Uruguai 14.824 Fonte: Adaptado de Batalha e Buainain, 2007.

Área 2004 2.960.000 841.000 91.414 760.000

Taxa de crescimento em % 1.649,4 1.583,5 281,3 5.026,8

Condições Ambientais e Solo O algodoeiro herbáceo vegeta bem nos solos de baixada e aluvião da região semiárida do Nordeste, consequentemente a planta fica mais sujeita a infestação de pragas por se tratar de solos úmidos durante o período de inverno. Já a incidência de pragas é menor em solos de tabuleiros da referida região, apesar de que o desempenho produtivo do algodoeiro herbáceo não seja bastante promissor, ou seja, a produtividade do algodoeiro é regular em função da baixa fertilidade do solo. O contrário ocorre com as pragas (infestação insignificante), quando o algodão arbóreo ecológico, cultivar BRS 200


C a p í t u l o I | 18 Marrom, é plantado irrigado, através de poço artesiano ou tubular, na microrregião do Seridó paraibano e norte-rio-grandense, cujo clima de verão (julho a dezembro) é caracterizado por baixa umidade relativa do ar e elevada temperatura.

Nos casos em que um mesmo produtor tenha que plantar ecologicamente os tipos de algodoeiro arbóreo (BRS 200 Marrom) e herbáceo (BRS Verde), ele deve escolher os terrenos de baixios e os de aluviões para plantio do herbáceo e reservar os solos de tabuleiro para o arbóreo.

Para um melhor rendimento e uma boa produção devem ser procurados os solos profundos, bem estruturados, de pH entre 5,5 e 6,5, não sujeitos a encharcamento ou erosão.

A topografia do solo pode variar desde plana até a ondulada, contanto que na plana não haja problema de encharcamento e na ondulada ou acidentada, práticas de conservação sejam observadas e seguidas para evitar erosão e carreamento. Os solos recém-desbravados são ricos em matéria orgânica e com alto teor de nitrogênio, podendo ocasionar o desenvolvimento vegetativo do algodoeiro em prejuízo à produção (QUEIROGA, 1983).

Preparo do Solo Um dos fatores que influem no rendimento da cultura é o preparo do solo. Quando bem feito, facilita o plantio, favorece a germinação da semente e o desenvolvimento do sistema radicular.

O solo pode ser preparado pelo método tradicional de aração e gradagem, preferencialmente com arado de aiveca ou de discos dependendo do tipo do solo. Esse método deve ser feito em solo úmido, no ponto da fiabilidade. De preferência deve-se usar o arado de aiveca que danifica bem menos o ambiente do solo.

O uso de grades aradoras é desaconselhado, pois favorece a erosão laminar, é ineficiente no controle das plantas daninhas e principalmente porque provoca aumento da compactação do solo (PRIMAVESI, 1980; SEGUY et al., 1984).


C a p í t u l o I | 19 Grande parte dos agricultores familiares, por não disporem de outros recursos, prepara o solo, apenas usando o cultivador a tração animal. Nesse caso devem passar o cultivador até que o solo fique bem destorroado para melhorar o rendimento e a eficiência deste tipo de preparo; também pode ser recomendado o uso do arado de aiveca a tração animal antecedendo o trabalho do cultivador, principalmente quando se trata de solo argiloso.

Se o preparo for feito mecanicamente a trator, recomenda-se nos solos compactos fazer uma aração a uma profundidade de 15 a 20 cm antes da gradagem. Nos solos mais arenosos fazer apenas duas gradagens, sendo a segunda contrária à caída das águas, ou seja, perpendicular ao sentido da declividade do terreno visando controlar a erosão (QUEIROGA, 1983).

No planejamento de um sistema de preparo do solo, o técnico deverá considerar que: 1. O plantio será feito em curva de nível; 2. No preparo do solo deverá fazer um camalhão (leirão), o qual é efetuado com arado sulcador de dois discos (Figura 1), de maneira que através desta operação se substituam as práticas de aração e gradagens convencionais;

Figura 1. Em terreno plano, adota-se a formação de sulco e camalhões retangulares preparados com o sulcador adaptado para o plantio do algodão.

Para tanto deverá seguir a seguinte marcha: . Traçar as niveladas básicas de acordo com a Tabela abaixo; . Declive de 0 a 3 %, niveladas a cada 50 cm; . Declive de 3 a 6 %, niveladas a cada 40 cm;


C a p í t u l o I | 20 . Declive de 6 a 9 %, niveladas a cada 30 cm; . Declive de 9 a 12 %, niveladas a cada 20 cm.

1. Usar o arado de disco sulcador com dois discos fazendo os sulcos e camalhões em curva de nível com linhas paralelas à nivelada básica superior ou inferior;

2. Esses sulcos e camalhões deverão obedecer ao espaçamento a ser adotado entre linhas para a cultura do algodão, ou seja, 1m entre linhas.

Conservação do Solo Há, por parte do agricultor, certa resistência em adotar práticas conservacionistas, sobretudo porque oneram a produção, e, segundo eles, não há retorno econômico.

A manutenção do algodoal sempre no limpo e livre das ervas daninhas, impõe ao algodoeiro a feição de cultura aberta, desprotegida de meios que atenuem o carreamento da camada arável do solo pelas águas das chuvas. Este fator, aliado ás operações mecânicas

normalmente

realizadas,

segundo

Queiroga

(1983)

favorece

consideravelmente a erosão, um dos responsáveis pelo depauperamento dos solos e sensível redução da produção.

Como maneira para atenuar as perdas por erosão existe uma série de práticas conservacionistas; pela simplicidade e eficiência podem-se recomendar as seguintes: 1. Cultivo em curva de nível nas declividades de até 5 %; 2. Utilização de sulcos de retenção conforme preconizado no sistema de lavoura seca; 3. Rotação de culturas, considerando que já é prática corrente a utilização de 36 fileiras de algodão para uma de milho e/ ou feijão. Recomenda-se usar faixas de 6 fileiras de milho, gergelim e/ou feijão em rotação com algodão; 4. Capinas alternadas consistem em se capinar as ruas, dando um intervalo de 2 a 5 dias entre cada passagem do cultivador pelos dois lados de cada fileira; 5. Amontoa- é a operação de “chegar terra” às fileiras por ocasião das capinas.


C a p í t u l o I | 21 É conveniente a utilização de mais de uma prática conservacionista ao mesmo tempo, como cultivo em nível e rotação de culturas para melhor eficiência e controle da erosão. Nos cultivos em faixas, a distância entre elas é determinada através de tabelas apropriadas de acordo com a declividade do terreno.

Como regra geral deve-se evitar o plantio a favor das águas e sim, plantar em nível ou em sentido perpendicular à caída das águas.

Descompactação Mecânica do Solo Outro aspecto de deve ser considerado como essencial para as áreas dos agricultores, quanto à conservação do solo, é para a formação das raízes da planta, já que as causas principais de impedimento para a penetração e desenvolvimento das raizes são: camada de solos dura e compactas (pressão por máquina pesada ou pé de arado), terreno pedregoso, excesso de umidade, altas concentrações de sodio (alcalinidade), de sais o de alumínio (acidez).

Os pés de arado são camadas superficiais compactas que inibem o desenvolvimento do algodoeiro (Figura 2) e que se formam imediatamente por debaixo da profunidade do arado ou do preparo do solo, devido a ação do passo do implemento atrelado ao trator. Para evitar este problema, a profundidade de preparo do solo deve ser modificada em cada período de cultivo. Se a camada compactada estiver a menos de 30 cm de profundidade, ela pode ser rompida com arado de aiveca ou arado escarificador (Figura 3), atuando nessa profundidade.


C a p í t u l o I | 22

Figura 2. Efeito da compactação de solos sobre o desenvolvimento radicular do algodoeiro.

Figura 3. Preparo do solo com arado de aiveca ou arado escarificador.

O arado de aiveca corta, eleva, inverte e esboroa parcial ou totalmente as leivas, que ficam dispostas lado a lado. Quando o serviço de aração com aivecas é bem feito, há enterrio total dos restos de cultivo. O arado de aiveca produz uma inversão do solo melhor que a do arado de discos (Figura 4), mas apresenta restrições ao uso em solos com obstáculos, tais como pedras e tocos, caso não haja mecanismos de segurança, com desarme automático. O arado de discos é menos vulnerável a estas obstruções, pois o movimento giratório dos discos faz com que eles girem sobre o solo e a vegetação, cortando-os.


C a p í t u l o I | 23

Figura. 4. Preparo do solo com arado de discos.

Quando a camada se apresenta muito endurecida ou compacta, dentro dos primeiros 50 a 60 cm de perfil, em profundidades não atingidas por outros implementos, é necessária a subsolagem (operação realizada em solo seco) para tornar soltas as camadas compactadas, sem, entretanto, causar inversão das camadas de solo (Figura 5). Para otimizar a penetração no solo, alguns subsoladores permitem a regulagem de inclinação das hastes, em cuja extremidade inferior existe uma ponteira que pode ter diversos formatos, de acordo com o projeto do fabricante e o grau de compactação do solo. O arado escarificador é semelhante a um subsolador, mas trabalha em profundidades menores, exigindo menor esforço tratorio para execução das operações agrícolas.

Figura 5. Preparo do solo com arado subsolador.


C a p í t u l o I | 24 Em solos de algodoeiro também ocorre à compactação como consequência do pisoteio do gado (Figura 6), onde o crescimento e produção do algodoeiro são cada vez mais restringidos. O peso dos animais inseridos no sistema, para efeito de compactação do solo, é divido pela área dos cascos. Sendo assim, como a área de contato do casco do animal com o solo é pequena o peso não precisa ser grande para o solo sentir os efeitos do pisoteio. Desta forma, a compactação detectada está numa profundidade que varia de 07 a 10 centímetros. O ideal é evitar que a compactação ganhe amplitude dentro do sistema, podendo ser controlado mantendo um bom volume de palha na superfície do solo, para que os animais pisem sobre a palha e não diretamente no chão descoberto. E o que mais prejudica, nesse caso, é o produtor errar no cálculo da lotação, pois quanto mais animais por área, maior será a compactação.

Figura 6. O pastoreio das vacas é fator importante na formação de compactação superficial.

Há outros fatores que podem causar a degradação do solo como falta de conhecimento do produtor de práticas de manejo do solo, monocultivo, tendência natural do solo e falta de cobertura vegetal. No caso dos adubos verdes, as plantas são cultivadas ou não com o objetivo de incorporada ao solo melhorar sua fertilidade. Dependendo da espécie, será possível a realização de mais de um corte para aproveitamento da massa verde. O meio para se efetuar o corte podem ser os mais variados, em função do equipamento disponível na propriedade, das condições da área e da forma como o adubo verde está sendo utilizado (solteiro ou em consorciação com outros cultivos).


C a p í t u l o I | 25 Em razão do sistema radicular pivotante do algodão, o mesmo requer solos mais profundos que outros cultivos anuais e, portanto, é necessário efetuar preparo de solo profundo de rompimento, principalmente quando o solo apresenta alguns problemas de consistência como: dureza, compactação, deficiência de aeração ou baixa infiltração e impedimento químico, geralmente de pH (acidez) e concentração de alumínio tóxico no solo.

Cultivares A coloração natural valoriza os novos produtos, ecologicamente corretos, já que dispensam o tingimento artificial que polui o meio ambiente. Além disso, se for produzido organicamente (sem uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos), o produto poderá agregar ainda mais valor comercial em favor do agricultor. A seguir, algumas características das cultivares de algodão colorido lançadas pela Embrapa Algodão:

BRS 200 MARROM- É uma cultivar produtora de fibra de cor marrom, variando do creme ou marrom escuro (Figura 7), tendo uma pequena percentagem, abaixo de 5%, de plantas que produzem fibra branca, que no primeiro ano devem ser colhidas separadas e as plantas arrancadas para não ficar no campo para as produções dos 2˚ e 3˚ ano. Por ser uma cultivar de ciclo semiperene (três anos de exploração econômica), descendente dos algodoeiros arbóreos do Nordeste, possui alto grau de resistência à seca, podendo ser plantada nas regiões do seridó e sertão, preferencialmente nas localidades zoneadas para a exploração do algodoeiro arbóreo. Entretanto, pode ser explorada, também, sob condições irrigadas, no semiárido, quando possibilitará a obtenção de rendimentos de até 3.300 kg de algodão em caroço por hectare (EMBRAPA ALGODÃO, 2007).

Figura 7. Algodão de fibra marrom, cultivar BRS 200 Marrom. Campina Grande-PB.


C a p í t u l o I | 26

BRS VERDE- É uma planta produtora de fibra de cor verde, podendo ocorrer um pequeno desbotamento apenas da parte do capulho que fica exposta à luz solar (Figura 8). Por este motivo, o algodão de cor verde deverá ser indicado para fiar fios grossos e preferencialmente para confecção de jeans e outros artigos de artesanatos como rede. Tem ciclo anual, rendimento de 2.146 kg/ha de algodão em caroço (resultados obtidos no município de Uberlândia, em 2000), resistência de fibra de 25,86 gf/tex e comprimento de fibra de 29,56 mm (2,5%mm). Como a incidência de doenças foliares e de solo é baixa na região Nordeste, esta cultivar se destina preferencialmente a essa região (EMBRAPA ALGODÃO, 2002).

Figura 8. Algodão de fibra verde, cultivar BRS Verde. Campina Grande, PB.

BRS RUBI- É uma cultivar produtora de fibra de cor marrom telha, por apresentar a fibra marrom escura ou marrom avermelhado (Figura 9). Tem ciclo anual, rendimento de fibra de 35,6 % em média, resistência de fibra de 24,5 g/tex, finura de 3,7, comprimento de fibra (2,5%mm) de 25,4 e uniformidade de 81%. A cultivar BRS Rubi foi bastante produtiva em condições de sequeiro na região Nordeste, obtendo um rendimento médio de 1.848 kg/ha de algodão em caroço nos ensaios experimentais instalados em 2003 e em 2004, de 1.894 kg/ha de algodão em caroço. Em condições de irrigação pode obter rendimento médio superior a 3,5 t/ha de algodão em caroço. Esta cultivar possui altura média de plantas de 1,10m e ciclo até a colheita de 140-150 dias. Como a incidência de doenças foliares e de solo é baixa na região Nordeste, esta cultivar se destina preferencialmente a essa região (EMBRAPA ALGODÃO, 2007).


C a p í t u l o I | 27

Figura 9. Algodão de fibra vermelha, cultivar BRS Rubi. Campina Grande, PB.

BRS SAFIRA- Ela é o resultado do cruzamento de material introduzido de fibra marrom-escura e a CNPA Precoce 3. É uma cultivar produtora de fibra de cor marrom telha, por apresentar a fibra escura ou marrom avermelhado (Figura 10), porém em tonalidade mais clara que a fibra da BRS Rubi. Tem ciclo anual, rendimento de fibra de 36,6 % em média, resistência de fibra de 24,2 g/tex, finura de 3,9, comprimento de fibra (2,5%mm) de 24,0 e uniformidade de 80,1%. A cultivar BRS Safira foi bastante produtiva em condições de sequeiro na região Nordeste, obtendo um rendimento médio de 1.915 kg/ha de algodão em caroço nos ensaios experimentais instalados em 2003 e em 2004, de 1.221 kg/ha de algodão em caroço. Em condições de irrigação pode obter rendimento médio superior a 3,5 t/ha de algodão em caroço. Esta cultivar possui altura média de plantas de 1,30m e ciclo até a colheita de 140-150 dias. Como a incidência de doenças foliares e de solo é baixa na região Nordeste, esta cultivar se destina preferencialmente a essa região (EMBRAPA ALGODÃO, 2007).

Figura 10. Algodão de fibra marrom vermelhada, cultivar BRS Safira. Campina Grande, PB.


C a p í t u l o I | 28 BRS TOPÁZIO- É uma cultivar de algodão herbáceo, de fibra marrom-clara (Figura 11), derivada do cruzamento entre as cultivares Suregrow 31 e Delta Opal. Essa cultivar se destaca por possuir alta porcentagem de fibra (43,5%), alta uniformidade (85,2%) e alta resistência (31,9 gf/tex), conferindo excelentes características, comparável às cultivares de fibra branca e superior às demais cultivares de fibra colorida. A produtividade média alcançada pela BRS Topázio, em cultivo irrigado, foi de 2.825 kg/ha, superior às cultivares BRS Safira e BRS Rubi. Ainda não foi avaliada a reação às doenças, por isso, recomenda-se o seu cultivo, preferencialmente, na região Nordeste, onde, praticamente, não há ocorrência de enfermidades. Caso a BRS Topázio seja usada para o plantio nas demais regiões do País, as áreas livres da ocorrência de doenças devem ser as preferidas.

Figura 11. Algodão de fibra marrom-clara (creme), cultivar BRS Topázio. Campina Grande, PB.

Produção de Sementes Certificada de Algodão Todo produtor agrícola para produzir sementes deve estar inscrito no Registro Nacional de Produtores de Sementes (RNPS). Todas as variedades destinadas à produção e comercialização, tanto para os sistemas de produção de sementes básicas, certificada e fiscalizada, devem estar inscritas no Registro Nacional de Cultivares (RNC).

Pelo fato de ser uma planta de polinização cruzada, a normativa do Ministério de Agricultura exige que o isolamento mínimo dos campos seja de 250 metros de distância e de 50 m (com barreiras vegetais) entre campos de cultivares da mesma espécie. Além desses tipos de isolamentos, ainda, para o cultivo em épocas espaçadas no tempo (cultivo


C a p í t u l o I | 29 de mais de 55 dias, dependendo do ciclo das cultivares) de cultivares distintas, pode surtir o efeito desejado como condição de isolamento (QUEIROGA et al., 2008).

A limpeza dos campos (roguing) de algodão deve ser efetuada pelo responsável técnico inscrito no RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas/ MAPA) nas áreas destinadas para produção de sementes, antes da inspeção oficial pelo técnico responsável da empresa certificadora, visando eliminar as plantas atípicas e garantir a identidade genética do material. Essa contaminação de plantas pode ser de ordem genética e mecânica. Mesmo quando se utilizam sementes com elevada pureza genética para semear é possível detectar no campo uma pequena segregação na população das plantas, as quais deverão ser eliminadas pela operação de “roguing”, procedimento usado nos programas de produção de sementes em geral (BELTRÃO; VIEIRA, 2001). No caso do algodão é necessário realizar a operação de eliminação das plantas atípicas nos seguintes estádios fenológicos da cultura (QUEIROGA; BELTRÃO, 2001): Pré-floração, floração, pré-colheita e colheita.

1. Pré-floração - porte distinto, folhagem diferente, presença de pêlos nas folhas, doentes, coloração distinta da haste; 2. Floração - tamanho e intensidade de coloração das flores, florescimento precoce e não uniforme; 3. Pré-Colheita- quanto ao tipo, formato e coloração dos frutos e fibras, inclusive as plantas de baixo rendimento; 4. Colheita- remoção das plantas tardias e com deiscência precoce.

Certificação de Sementes: Inspeção e Laudos dos Campos O processo de produção de sementes certificada é executado mediante um controle de qualidade em todas as etapas de seu ciclo, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações. De acordo com as inspeções realizadas em campo, quem emite o Laudo de Aprovação de Campo de Sementes Certificadas de Algodão é a Entidade Certificadora, mas quem se responsabiliza perante o cliente consumidor de sementes (governo, empresa ou agricultor), por o que consta no Certificado, e a Entidade Produtora.


C a p í t u l o I | 30 A inspeção de campo envolve a verificação de conformidades referentes às áreas que serão cultivadas: da origem das sementes, por exame das notas fiscais de compra e venda; do certificado ou do atestado de conformidade da semente; da localização dos campos, por meio de registros de georreferenciamento destes; da adoção de práticas agronômicas recomendadas para a produção de sementes; da observação dos requisitos de cultivos anteriores; de isolamento e da verificação de contaminantes e, principalmente, do cumprimento das normas e dos padrões preestabelecidos pelo MAPA. Com a atuação do MAPA, as vistorias pelo responsável técnico do campo de produção ocorrem no mínimo em duas etapas: Pós-semeadura e floração, mas no caso de empresa certificadora privada poderá chegar até seis inspeções (pré-semeadura, pós-semeadura, floração, précolheita, colheita e pós-colheita).

O inspetor deverá observar o tamanho máximo do campo para efeito de inspeção, de acordo com os padrões de cada espécie, de modo que sejam realizadas tantas inspeções quantas sejam necessárias em razão do tamanho do campo (divisão em módulos). Exemplo: quando a amostragem da área do campo é maior do que a do MÓDULO (máximo de 100 ha), dever-se dividi-la de modo que cada subárea resultante seja menor do que ou no máximo igual à área do módulo.

As subamostras são áreas do campo cujo tamanho específico é determinado em função do limite de tolerância para os fatores contaminantes (atípicas; plantas daninhas toleráveis, enfermidades), tomadas ao acaso na trajetória de inspeção. Nas subamostras são feitas as observações detalhadas e identificados e contados os contaminantes. Segundo a normativa do MAPA, os que são verificados nas inspeções específicas são:

a) Plantas atípicas: Plantas que apresentam uma ou más características que não coincidem com a descrição varietal da variedade a ser certificada. b) Plantas daninhas proibidas: Cenchrus echinatus (carrapicho); Aconthospermum hispidum (carrapicho de carneiro); Bidens pilosa (picão preto). c) Plantas daninhas toleráveis- Amaranthus spp (bredo); Cassia tora (mata-pasto); Desmodium spp. (beijo de boi). d) Enfermidades de plantas algodoeiras: Xanthomonas malvacearum f. sp vasifectum (Mancha angular ou bacteriose); Fusarium Oxysporium f. sp


C a p í t u l o I | 31 vasinfectum

(fusariose),

Colletotrichum gossypii

var. Cephalosporoides

(ramulose). Doenças: ataque maior de 5% - Campo eliminado e área atacada menor que 5% campo aprovado. e) Praga - Bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis): caso o ataque seja generalizado, com mais de 40% de frutos atacados, dever-se eliminar o campo.

A inspeção deve ser livre de tendenciosidades e não deverá ser selecionado deliberadamente, com a intenção de incluir ou evitar plantas atípicas. Antes de adentrar no campo, o inspetor deverá dispor de um croqui, desenho ou modelo de trajeto que utilizará na caminhada (Figura 12). Sobre a trajetória, anotar ao acaso as posições aonde serão tomadas as 6 (seis) subamostras, que são as áreas dimensionadas nas quais serão efetuadas as observações detalhadas e os contaminantes, contados e anotados (REVIER; YOUNG, 1972).

Figura 12. Na inspeção do campo de sementes para qualquer espécie, o inspetor define previamente no croqui ou desenho a trajetória de caminhada e os pontos de obtenção das seis subamostras.

Com relação ao tamanho da amostra de inspeção, o tamanho dessas áreas varia em função dos limites de tolerância constantes para os contaminantes. Revier e Young (1972) recomendam amostra de tamanho suficiente para incluir a ocorrência de três plantas atípicas e ainda permanecer nos limites de tolerância constantes dos padrões. Isto está dentro do tamanho mínimo, estatisticamente aceitável. Ou seja, se os padrões de campo permitem plantas atípicas ou contaminantes à razão de 1/5.000, isto significa que


C a p í t u l o I | 32 um contaminante é permitido para cada cinco mil plantas. Então, a amostra para inspeção de campo deve incluir três vezes cinco mil, ou seja, 15 mil plantas.

Uma amostra de inspeção compreende a trajetória através do campo de produção de sementes, com tomada de subamostras para contagem de contaminantes (Figura 13). Uma inspeção refere a uma estimativa da qualidade, efetuando-se a contagem de 6 (seis) subamostras, para qualquer espécie. A inspeção é que irá determinar a excelência do campo e a decisão de aceitá-lo ou rejeitá-lo.

Figura 13. Inspeção de um campo de produção de sementes, mostrando os locais das 6 subamostras tomadas ao acaso, durante a trajetória do inspetor e o detalhe de uma subamostra.

Um vez obtidas as cultivares de algodão pela Embrapa Algodão (empresa obtentora), as mesmas seriam protegidas junto ao MAPA. Em seguida, as sementes genéticas são repassadas para Embrapa Produtos e Mercado que se encarregaria da multiplicação do material básico. Através de contrato de licenciamento firmado entre a Embrapa Produtos e Mercado e uma entidade produtora (sementeiro privado), a mesma fica autorizada em produzir as sementes certificadas, oriundas de sementes básicas, obrigando também o pagamento de royalties (6%) sobre o volume de sementes comercializado. A produção de sementes de algodão colorido pelos sementeiros deverá obedecer as seguintes gerações: certificadas (C1 e C2) e fiscalizadas (S1 e S2). Após as sementes completarem tais gerações, no quarto ano o sementeiro terá que comprar novas sementes básicas da Embrapa Produtos e Mercado e firmar outro contrato de licenciamento. Para cada safra semeada (C1, C2, S1 e S2), o produtor terá que solicitar


C a p í t u l o I | 33 autorização do obtentor da cultivar protegida de algodão, mesmo que esteja em vigor o contrato de licenciamento. Para a proteção de cultivares é exigido os testes de DHE (Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade) e de VCU (Valor de Cultivo e Uso) para habilitar as cultivares comerciais, cujos testes são coordenados pelo melhorista da Embrapa Algodão, o qual emitiria o atestado de origem genética. É importante destacar que o teste de VCU deverá ser repetido por dois anos em cada estado recomendado.

Deslintamento para Sementes Orgânicas

Um dos obstáculos no cultivo do algodão é sua semente revestida de uma fibra curta, tecnicamente denominada de línter, a qual impede o seu fluxo no sistema de distribuição da plantadeira a tração animal ou matraca utilizada no plantio do algodão. Assim, o deslintamento é considerado uma etapa essencial para remoção desta fibra, expondo a face lisa das sementes, o que contribui no processo de sua classificação por tamanho em mesa de gravidade (SILVA et al., 2001). Atualmente, para a comercialização das sementes de algodão a remoção do línter é uma prática obrigatória e que seu plantio seja feito apenas com sementes sem línter em todo território nacional, por força da Portaria de nº 607, emitida pelo MAPA em 14 de dezembro de 2001 (BRASIL, 2005). Contrariando tal portaria, os métodos de deslintamento mais utilizados no Brasil para sementes orgânicas apenas eliminam parcialmente o línter, o que impedem sua comercialização, mesmo assim elas são usadas apenas em área própria do deslintador-produtor. Ainda em fase de validação, um novo deslintador foi desenvolvido no USA, o qual permite a eliminação total do línter da semente de algodão por processo mecânico abrasivo, ficando o material no final similar as sementes deslintadas quimicamente.

Antes do processo de deslintamento, os técnicos da Deltapine Monsanto recomendam submeter uma pequena amostra de sementes com línter ao teste de acidez, utilizando os seguintes procedimentos de laboratório:


C a p í t u l o I | 34 1). Na pequena prensa hidráulica se extrai 1 mL de óleo da amostra de sementes (Figura 14). Como o equipamento de extração não tem filtro, o importante é que a umidade da semente não seja superior a 12%, pois do contrário fica difícil obter o óleo; 2). O óleo obtido se mescla com 2,8 mL de solução de fenoltaleina a 1% e logo se faz a titulação com hidróxido de sódio; 3). A quantidade de gotas de hidróxido de sódio utilizado indica o grau de acidez da amostra, sendo o limite definido de 1% para deslintar.

Figura 14. Prensa hidráulica de sementes com línter, acionada por uma bomba de ar comprimido, para extração de óleo. Foto: Riselane de Lucena Alcântara Bruno.

a) Deslintador com escovas e rolos (deslintamento total): O deslintador mecânico de semente orgânica é formado por um tambor posicionado horizontalmente, sendo que a sua parede interna é revestida alternadamente por dois conjuntos de escovas, sendo 42 de escovas de nylon e 42 de arame (Figura 15). Esse tambor gira na velocidade de 300 rpm, quando acionado por um motor elétrico, e funciona como uma lixa quando está em operação. Também no interior do tambor, encontram-se 2 rolos rotativos, movimentando-se no sentido oposto ao tambor, os quais estão posicionados junto as escovas e têm por função pressionar a passagem das sementes com línter entre rolos e escovas (Figura 16).


C a p í t u l o I | 35

Figura 15. Escovas de nylon e de arame posicionadas alternadamente na parede interna do tambor do equipamento deslintador mecânico. Fotos: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).

Figura 16. Detalhe do pequeno equipamento deslintador mecânico de sementes de algodão herbáceo, que funciona com duas escovas. Fotos: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).

Uma vez em funcionamento o equipamento, as sementes são introduzidas numa extremidade do tambor em movimento e sai na outra exterminada já totalmente desnudas devido ao efeito abrasivo gerado pelas escovas de nylon e de arame. Um equipamento de sucção ou exaustor (Figura 17), através de um tubo de conexão, extrair todo material do tambor e no seu interior, as sementes, já separadas do línter, são recolhidas numa boca de saída e em outra boca, o línter. O pequeno deslintador experimental tem a capacidade de deslintar a quantidade de 30 kg de sementes com línter por 10 minutos (ou 180 kg por hora; Figuras 18). A empresa fabricante dos USA (BC Supply) ainda está pretendendo desenvolver um protótipo de maior capacidade de processamento com cinco rolos rotativos (Figura 19).


C a p í t u l o I | 36

Figura 17. Equipamento de sucção que retira todo material do tambor e separa no seu interior as sementes do línter. Foto: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).

Figura 18. A;B). Sementes com línter e sementes totalmente deslintadas pelo deslintador mecânico com escovas e rolos; C). Resultado das sementes deslintadas pelas escovas alternadas: 42 de Nylon e 42 de arame. Fotos: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).


C a p í t u l o I | 37

Figura 19. Rolos rotativos (5) instalados próximo a parede interna do tambor do grande equipamento deslintador mecânico (protótipo). Foto: Greg Holt, Tom Wedegaertner, John Wanjura, and Mathew Pelletier (2016).

b) Flambagem (deslintamento parcial) No caso particular de associações de produtores ou cooperativas, as sementes de algodão orgânico, quando descaroçadas, podem ser deslintadas pelo método de flambagem, que é considerado um equipamento simples destinado para as comunidades familiares (Figura 20). Nesse processo, a massa de sementes com línter é despejada numa coluna de chamas, que queima a maior parte do línter, mas também não deixa a semente totalmente nua (QUEIROGA et al., 1993).


C a p í t u l o I | 38

Figura 20. A) Sementes de algodão herbáceo com muito línter; B) Processo de flambagem utilizado para a eliminação parcial do línter das sementes de algodão; e C) Sementes flambadas com pouco línter.

c) Deslintador mecânico (deslintamento parcial) No plantio do algodão orgânico, as sementes devem ser deslintadas mecanicamente, o que corresponde a um processo de deslintamento parcial por não eliminar totalmente o línter (Figura 21).


C a p í t u l o I | 39

Figura 21. A) Sementes de algodão herbáceo com muito línter; B) Deslintador mecânico utilizado para a eliminação parcial do línter das sementes; e C) Sementes deslintadas mecanicamente com pouco línter. Fotos: Vicente de Paula Queiroga

Época de Plantio A época de plantio é considerada um manejo cultural ecológico do algodoeiro que pode resultar no desenvolvimento de plantas dentro das condições climáticas ideais. A observância da época adequada oferece maior possibilidade de êxito para o produtor dentro das variações de clima a que está sujeita a lavoura na região semiárida do Nordeste, tendo em vista a grande influência do tempo sobre a produção, tanto em quantidade como em qualidade (QUEIROGA, 1983).

Recomenda-se iniciar o plantio quando tiver chovido aproximadamente 40 mm, em duas chuvas por semana. Nestas condições o solo apresenta umidade suficiente para a germinação das sementes e desenvolvimento das plantas (BELTRÃO, 1999). Em área a ser plantada de até 2 ha, alguns agricultores familiares do Nordeste separam as


C a p í t u l o I | 40 quantidades de sementes a serem semeadas no dia seguinte e deixam elas umedecendo durante toda noite, tendo como resultado uma acelerada germinação das sementes em poucos dias após plantio, mesmo em situações de baixa umidade do solo.

Apesar da recomendação de que o algodão convencional deva ser cultivado por ocasião do início das chuvas (AMARAL; SILVA, 2006), agricultores familiares do Curimataú Paraibano costumam plantar o algodão orgânico entre a segunda quinzena do mês de maio e a primeira quinzena do mês de junho. Esta estratégia possibilita concentrar a fase de desenvolvimento do algodão (floração e frutificação) após os meses de junho e julho, consideradas estas épocas de menor temperatura do ano na referida microrregião (COSTA et al., 2008). Em algumas localidades da África Ocidental, o plantio tardio tem sido usado como tática de escape do ataque de pragas do algodoeiro (ANGELINI, 1963; SILVIE, 2006).

Com relação ao período de plantio, a semeadura não deve ultrapassar os 30 dias de um produtor para outro dentro do mesmo município, devido a problemas de pragas, em especial o bicudo e o aumento dos riscos de veranicos durante o ciclo da cultura. No caso de plantio irrigado para a cultivar BRS 200 Marrom, deve-se sincronizar o plantio (época) com a colheita do algodão na ausência de chuvas e para evitar a incidência de pragas, plantar o algodão em cada município dentro da mesma época. Para cada tipo de algodão colorido (anual e semiperene), plantar nas áreas zoneadas para a cotonicultura do Nordeste. Vale destacar que no plantio de diferentes cultivares de algodão colorido dentro da mesma propriedade rural, a Embrapa Algodão exige que o isolamento mínimo dos campos seja de 400 metros de distância para evitar a polinização cruzada pelos insetos, principalmente as abelhas, de modo que não provoque a depreciação do material colorido pelo mercado. Em propriedades onde se cultivam os tipos arbóreo e herbáceo, recomenda-se plantar primeiramente o algodoeiro herbáceo e posteriormente o arbóreo, desde que o produtor obedeça ao período de plantio entre os tipos de algodão superior a 55 dias, a fim de se evitar cruzamento entre as espécies. Provavelmente, poderá ocorrer na segunda lavoura o risco de alta incidência de pragas. Este grande intervalo de plantio é decorrendo da ausência de diferença temporal de floração entre os tipos de algodão colorido (55 dias),


C a p í t u l o I | 41 ou seja, o algodão arbóreo por ser precoce (BRS 200 Marrom) apresenta floração idêntico a das cultivares herbáceas BRS Rubi, BRS Safira, BRS Verde e BRS Topázio.

Espaçamento e Densidade Buendia et al. (1976), constataram haver uma tendência de se elevar a produção do algodoeiro quando se deixa um maior número de plantas por metro linear, por ocasião do desbaste. A experimentação mostrou que quanto mais se reduzia o espaçamento (até o limite experimentado) mais aumentava a produção por área (LAMAS; STAUT, 2001); entretanto, a distância entre fileiras tinha de se limitar à possibilidade do trânsito de máquinas nas ruas da cultura, para efetuar os tratos culturais. As plantas cobrem mais rapidamente o terreno, concorrendo para economizar capinas e atenuar a erosão (RIGHI et al., 1965). Este tipo de arranjo populacional adensado é mais adotado no sistema de plantio do algodoeiro não orgânico.

Divergindo do espaçamento recomendado pela Embrapa Algodão, o sistema de plantio com espaçamento mais largo (1,10 x 0,40 m) apresentou melhor resposta produtiva do algodoeiro orgânico no experimento realizado na região do Curimataú (Remígio, PB), em razão de que tal manipulação do microclima no algodoal irá reduzir a proliferação de pragas e doenças, permitindo então criar às condições para que ocorra maior mortalidade natural do bicudo (COSTA et al., 2008; SWEZEY et al., 1999).

Em geral, o espaçamento indicado pela pesquisa para o algodoeiro colorido varia de 0,75 a 1,00 m entre fileiras, com 4 a 12 plantas por metro linear após desbaste, dependendo dos tipos de algodão (herbáceo e arbóreo). A população ideal para a cultivar BRS 200 Marrom é de 40.000 plantas por ha, podendo usar o espaçamento de 1,00 m x 0,30 m com duas plantas/ cova ou 4 a 6 plantas/metro linear.

Semeadura Além da procedência das sementes de algodão de campos de produção isentos de produtos químicos (adubos e defensivos), as mesmas não podem ser tratadas com produtos químicos (fungicidas e inseticidas) para realizar a sua semeadura em campo. Entretanto, o tratamento de sementes de algodão com produtos naturais tem suprimido uma série de fungos de solo e a praga broca da raiz, principalmente usando o nim


C a p í t u l o I | 42 (Azadirachta indica, A. Juss.) aplicado na forma de óleo extraído da sua semente (MEIO AMBIENTE/ ECOLOGIA, 2007).

A semeadura pode ser manual ou mecânica, sendo que em ambos os casos devese colocar no sulco ou cova uma quantidade de sementes superior à densidade desejada, a fim de evitar o replantio.

O plantio manual pode ser feito, abrindo-se o sulco com o cultivador ou a cova com enxada a uma profundidade de 3 a 5 cm, onde as sementes com línter ou deslintadas mecanicamente são depositadas para uma boa emergência. O plantio manual pode também ser feito utilizando uma matraca específica para sementes com línter (Figura 22), cujo manuseio é bastante simples em solo bem preparado. Há necessidade de regular bem o distribuidor de sementes (BELTRÃO, 1999).

Figura 22. Matraca apropriada para semeadura de sementes de algodão com línter.

O plantio mecânico pode ser feito usando-se uma plantadeira a tração animal ou a semeadora puxada a trator da marca Jumil ou Semeato (Figura 23). Antes de plantar a semente com línter com germinação superior a 80%, a semeadora deve ser regulada para distribuir 20 a 30 sementes por metro de sulco, correspondendo a um gasto de 15 a 25 kg/ha no espaçamento convencional para a cultura isolada. Já no plantio manual, recomenda-se usar 4 a 6 sementes com línter por cova, gastando aproximadamente 30 kg de sementes por hectare. No caso de a plantadeira ter sido usada anteriormente no plantio com sementes tratadas com defensivos químicos, então esse equipamento terá que ser


C a p í t u l o I | 43 bem lavado com detergente neutro ante de utilizá-lo novamente, a fim de evitar a contaminação das sementes orgânicas de algodão.

Figura 23. Plantadeira mecânica adaptada de tração animal e mecanizada para a semeadura de sementes de algodão com pouco línter e sem línter. Fotos: Odilon Reny Ribeiro Silva.

Desbaste Esta operação deve ser realizada por pequenos agricultores que utilizam no plantio sementes de algodão orgânico com línter ou sem línter (deslintamento mecânico abrasivo), o que os obriga a colocar grande quantidade de sementes com línter por cova ou sulco e pouca quantidade de sementes sem línter (12 kg/ha).

O desbaste deve ser realizado entre 20 a 30 dias após a emergência, de preferência com solos úmidos, sendo que aos 30 dias o desbaste deve ser efetuado, mesmo em condições de solo seco. Quando o raleamento é atrasado (após 30 dias) pode ocasionar queda na produção do algodão de forma significativa. A densidade populacional de plantas recomendadas para após o desbaste varia de acordo com a fertilidade do solo e o crescimento médio da lavoura. Segundo Gridi-Papp et al. (1992) deve-se deixar de: 3 a 5 plantas/ metro para lavouras com crescimento superior a 2,0 m 5 a 7 plantas/ metro para lavouras com altura de 1,5 m a 2,0 m 7 a 12 plantas/ metro para lavouras com altura de 1,0 m a 1,5 m 12 a 15 plantas/ metro para lavouras com altura inferior a 1,0 m


C a p í t u l o I | 44 Calagem e Adubação Orgânica É importante destacar que os rendimentos do algodoeiro tendem a diminuir na medida em que o pH dos solos é menor que 5,5 ou maior que 7,5, sendo assim, é necessário corrigir problemas associados com a acidez do solo, no primeiro caso, ou com a alcalinidade no segundo.

Recomenda-se que a calagem para o algodão seja feita de acordo com a análise química do solo. Uma vez constatada a acidez do solo, pela determinação do pH e dosagem do alumínio trocável, deve-se proceder à correção, com o uso de rocha de calcário, de preferência, dolomítico que possui de 25 a 30% de CaO e mais de 12% de MgO (AUGSTBURGER et al., 2000). O calcário deve ser aplicado a lanço, de modo uniforme e depois deve ser incorporado até a profundidade de 20 cm. Essa operação deve ser executada bem antes do plantio, no mínimo dois meses. No caso do gesso natural, que é usado para corrigir solos sódicos e solos salinos-sódicos, com pH elevado, o radical sulfato liberado da hidrólise, favorece a redução do pH, formando sulfato de sódio hidratado que é lixiviado, reduzindo, assim, o problema de sódio no solo.

No nordeste do Brasil, as possibilidades de fertilização mais importantes na produção ecológica do algodão são: utilização de adubo verde através da incorporação da vegetação nativa 30 dias antes da semeadura do algodão e pela aplicação de adubos orgânicos (SILVA et ali., 2005). A adubação foliar pode ser complementada com biofertilizantes naturais especialmente preparados pelo produtor (ORGÂNICO, 2001).

Quanto ao adubo orgânico, recomenda-se usar o esterco de curral bem curtido, na dosagem de 20 t/ha, colocando nas covas ao lado das sementes e um pouco abaixo ou a lanço no plantio (Figura 24), caso o campesino tenha grade de disco para incorporação superficial (BELTRÃO, 1999).


C a p í t u l o I | 45

Figura 24. Aplicação de esterco curtido no solo, disponível na propriedade e antes do plantio, auxiliado por uma carroça. Foto: Nair Helena Castro Arriel.

O fator limitante para a obtenção de altos rendimentos do algodoeiro é a disponibilidade de fósforo, que é o elemento básico de ação na floração e frutificação (QUEIROGA, 1983). Portanto, as deficiências do fósforo em boa parte dos solos da referida região podem ser compensadas mediante aplicações de rocha fosfórica em pó ou farinha de ossos, antes da preparação do terreno.

Na UTD de algodão colorido orgânico instalada nas comunidades de agricultores familiares poderá receber uma aplicação de biofertilizantes aos 47 dias após a emergência das plantas, com efeito, irá resultar em plantas mais vigorosas e com um dos melhores rendimentos em algodão em rama. Segundo Queiroz Filho (2005) o processo de produção de biofertilizantes é bastante simples, basta que o produtor tenha esterco de curral disponível na sua comunidade para fazer o seguinte preparo: Numa lata de 20 litros, devese colocar meia lata (10 litros) de esterco de curral curtido, esterco de galinha em torno de 250 gramas e 250 gramas de açúcar (cristalizado ou refinado). Completar com água, deixando um espaço de 8 a 10 centímetros antes da borda acima, para evitar transbordar. Fechar muito bem a boca da lata, vedando com um saco plástico bem amarrado. Deixar por cinco dias bem fechado (fermentação anaeróbica). A calda pronta deve ser diluída, misturando 1 litro da calda para cada 10 litros de água (Figura 25).


C a p í t u l o I | 46

Figura 25. Aplicação de biofertilizante feito de esterco de gado sobre as plantas de algodão aplicado com o pulverizado, destinado exclusivamente para os produtos orgânicos da propriedade.

Adubo Verde A adubação verde é uma prática agrícola que consiste no plantio de determinadas plantas, de forma alternada com os cultivos de interesse econômico (rotação) ou plantadas na mesma época em linhas intercaladas (associação). Podem ser anuais, ou algumas se mantém vivas por vários anos (perenes), cobrindo o terreno por determinado período de tempo ou durante todo ano. Os adubos verdes melhoram as características do solo e ajudam a manter ou recuperar a sua fertilidade. O adubo verde, além de garantir economia com o uso de adubos, também contribui para a proteção do solo contra a erosão, aumenta a atividade biológica do solo, reduz a infestação de plantas daninhas, fixa o nitrogênio e evita lixiviação, aumenta o rendimento dos cultivos e reduz a incidência dos raios solares sobre o solo descoberto, evitando o seu aquecimento exagerado. Essa prática promove, também, a melhoria da estrutura do solo permitindo melhor penetração das raízes, mais infiltração de água e maior disponibilidade de ar no solo.

Uma das principais vantagens do uso dos adubos verdes é o fato de que o agricultor pode, a cada ano, reservar um pouco das sementes produzidas por ele para serem plantadas no ano seguinte, diferentemente dos adubos químicos que, para serem utilizados, precisam ser comprados a cada ano.

As sementes de adubos verdes devem ser semeadas no início do período chuvoso, quando devem produzir mais massa verde. As espécies crotalária-juncea (Crotalaria juncea), feijão-guandu (Cajanus cajan) e a mucuna preta ou cinza (Mucuna aterrima) podem ser semeadas mais tarde, como cultivos de entre-safra. Nesse caso, a quantidade


C a p í t u l o I | 47 de massa verde produzida será menor, mas ainda em boa quantidade. Ou seja, o feijãoguandu e a mucuna podem ser semeados até março a crotalária júncea até abril, desde que as temperaturas se mantenham altas nessa época do ano. O feijão gundú é bastante tolerante à falta de água no solo.

A semeadura dos adubos verdes pode ser feita a lanço, após a gradagem do terreno, com distribuíção manual ou mecânica. Enquanto em covas, a distribuíção manual irá depender do espaçamento utilizado, usando-se duas a três sementes por cova. Esse último sistema de plantio também pode ser realizado com a matraca. Para as semeaduras das espécies mucuna cinza, crotalária juncea e feijão guandu, gastam-se 90, 40 e 60 kg/ha de sementes, respectivamente. O controle das plantas daninhas deve ser realizado de modo manual, por meio da capina com enxada, para não comprometer o desenvolvimento dos adubos verdes, principalmente em sua fase inicial. Quanto as formas de cultivo para o semiárido, recomenda-se o cultivo de uma espécie solteira de adubo verde (Figura 26).

Figura 26. Cultivo de uma espécie solteira de adubo verde: A) mucuna cinza e B) crotalárea-juncea.

Uma vez realizada a semeadura a lanço de 70 kg/ ha de sementes de mucuna cinza no início do perído chuvoso, na época de floração ou formação das primeiras vagens, procederia a incorporação da massa verde ao solo para melhorar sua fertilização, através pelo equipamento rolo de faca (Figura 27) de tração animal. Depois de 15 a 20 dias, a massa verde incorporada ao solo é totalmente decomposta, e, em seguida, o algodão pode ser semeado nesse terreno.


C a p í t u l o I | 48

Figura 27. Incorporação da mucuna cinza no estádio de floração com o equipamento rolo de faca (tambor cheio de areia) de tração animal.

Em algumas comunidades do município de São Francisco de Assis do Piauí (Brasil), apenas o feijão guandu foi plantado consorciado no meio do plantio da palma (2,00 m x 1,00 m) e também no sistema de plantio de monocultivo (Figura 28) no início das estações chuvosas (fevereiro) de 2009, com o auxílio da matraca. Na Tabela 3, encontram-se características de algumas espécies de adubo verde.

Figura 28. Plantio consorciado da palma e feijão guandu e em sistema de monocultivo na comunidade de Veredas, São Francisco de Asis do Piauí, 2009.


C a p í t u l o I | 49 Tabela 3. Características de algumas espécies de adubo verde.

Fonte: Alexandre Paiva da Silva, 2015. Logo após a colheita das vagens ou das sementes, deve-se proceder o beneficiamento para uniformizar a secagem das mesmas, eliminar restos de cascas, gravetos, torrões de solo, impurezas e outros materiais indesejáveis. Esse processo poderá ser realizado seguindo procedimentos simples utilizados normalmente pelos agricultores que produzem grãos. Inclusive, é bastante comum o uso de garrafas PET para o armazenamento dessas sementes (Figura 29).

Figura 29. Acondicionamento de sementes milheto, feijão de porco (Canavalia ensiformis), mucuna preta, mucuna cinza e feijão guandu em garrafas pets.


C a p í t u l o I | 50 Por ser uma embalagem impermeável, é importante que a secagem das sementes tenha sido realizada adequadamente, a fim de evitar elevação da temperatura das sementes dentro da embalagem, o que levaria a perda de sua viabilidade. É importante considerar a exposiçao dessas sementes ao sol, para reduzir sua umidade.

Consórcio Agroecológico Essa modalidade de exploração da terra permite ao produtor familiar, além de maximizar os recursos disponíveis, abrir o leque de alternativas para enfrentar da melhor maneira possível a grande margem de risco que está sujeita a cotonicultura no semiárido nordestino do Brasil, com relação às pragas, doenças, seca, etc.

No trabalho conduzido em 2007 com algodão colorido orgânico no Assentamento Queimadas, pertencente ao município de Remígio, PB, pelos pesquisadores da Embrapa Algodão, os resultados parciais obtidos permitem afirmar que o tratamento “algodão colorido consorciado com coentro” teve um efeito repelente eficiente sobre a infestação de cigarrinha no algodoeiro em comparação aos outros tratamentos estudados: “algodão colorido consorciado com feijão” e “algodão solteiro”. Provavelmente, a presença do cheiro ativo do coentro (Coriandrum sativum) dentro do algodoal seja uma forma eficiente de convivência natural que funciona apenas para as pragas do algodoeiro não tolerante.

Os sistemas de cultivo consorciados ou policultivos são importantes sistemas para o manejo mais eficiente de pequenas propriedades rurais. Nesses sistemas, a diversificação de espécies vegetais é bastante benéfica, pois promove um melhor aproveitamento dos recursos naturais, haja vista as plantas terem necessidades nutricionais e demanda hídrica distintas, e contribui significativamente para o manejo das pragas. Vale destacar que o Nordeste brasileiro é caracterizado por precipitações anuais em torno de 600 mm, contudo mal distribuídas, sendo comum ocorrer uma chuva de 80 mm a 100 mm num mês e passarem dois a três meses sem chuvas.

O cultivo em consórcios é um sistema tradicional de exploração dos agricultores nordestinos do Brasil, normalmente para as culturas de milho e feijão. A introdução do algodão e gergelim, junto a outras culturas alimentares, vem na tentativa de diversificar


C a p í t u l o I | 51 e incrementar a renda, principalmente pelo algodão orgânico, que tem um preço diferenciado em relação ao algodão convencional.

O Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, iniciado em outubro de 2008, objetiva demonstrar a possibilidade de se expandir a cultura do algodão em bases agroecológicas, em consórcio com culturas alimentares, em assentamentos e comunidades de agricultores familiares do semiárido nordestino do Brasil. Busca também formatar um sistema integrado de geração de renda, segurança alimentar com a produção de alimentos, como milho, feijão, gergelim, dentre outros produtos. Além disso, procura promover o exercício permanente de ações voltadas para preservação e conservação dos recursos naturais, cuidando do solo, da água e da biodiversidade.

Ao contrário do monocultivo do algodão convencional ocorrido no estado do Piauí em 2004, no ano agrícola de 2009 foram instaladas duas UTDs de algodão orgânico consorciado em faixas com outras 5 espécies (feijão comum, milho, feijão guandu, sorgo e gergelim) nas comunidades de Veredas e Barreiro Grande pertencentes ao município de São Francisco de Assis do Piauí. Portanto, o objetivo da ONG denominada de Fraternidade São Francisco de Assis (FFA) foi avaliar a eficiência do plantio do algodoeiro no sistema consorciado em faixas, por ser considerada a condição básica para uma produção agroecológica, pois essa configuração de diversas espécies faz com que algumas pragas se desorientam e os predadores são favorecidos.

O sistema consorciado em duas faixas distintas consiste no plantio de cinco fileiras de algodão em uma faixa e, na outra faixa, 6 fileiras de diferentes espécies, sendo uma fileira ocupada por cada espécie, num espaçamento geral entre as fileiras de 1 metro. O arranjo populacional das espécies no campo obedeceu à seguinte sequência de plantio: 5 fileiras de algodão +1 fileira de feijão + 1 fileira de gergelim + 1 fileira de sorgo + 1 fileira de feijão guandu + 1 fileira de milho + 1 fileira de feijão + 5 fileiras de algodão, etc, sendo que nas bordaduras do campo (circulando toda área plantada) foram plantadas 3 fileiras de gergelim (Figura 30).


C a p í t u l o I | 52

Figura 30. Consórcio agroecológico em faixa entre 5 fileiras de algodão x 5 fileiras com seis espécies distintas: A) Fase vegetativa e B) Fase de frutificação. Campo instalado na comunidade Veredas, município de São Francisco de Assis do Piauí, 2009.

Na safra agrícola de 2010, está previsto a rotação das espécies entre as duas faixas consorciadas, ou seja, na faixa plantada com as cinco fileiras de algodão deverão ser plantadas as cinco diferentes espécies e, na outra faixa ocupada com as seis espécies, serão plantadas as 06 fileiras de algodão. O sistema de consórcio de cinco fileiras de algodão e cinco fileiras de distintos cultivos também foi avaliado em São Sebastião, região do Cariri, PB (Figura 31).

Figura 31. Consórcio agroecológico em faixa de cinco fileiras de algodão x cinco fileiras de cada cultivo alimentício (amendoim, milho, feijão, gergelim), sendo que o jerimum e a melancia são plantados aleatoriamente dentro da área do algodão. Foto: Dalfran Gonçalves Vale.


C a p í t u l o I | 53 A fibra de algodão, considerado o produto principal, representa 9% da produção total do consórcio. Sua renda líquida do consórcio representa 34% (Figura 32), sendo então considerada a cultura com maior agregação de valor, seguida pelo feijão, com 33%. Destaca-se a participação do gergelim na renda líquida do consórcio, sendo a segunda cultura com 11% na participação da renda, apesar de ocupar apenas 3% da área do consórcio, superando, inclusive, o milho, que ocupou aproximadamente 30% do consórcio e foi responsável por 11% da renda. Pelos resultados colhidos em 2011, observou-se que os consórcios se configuram uma opção real e possível para ser empregada por agricultores familiares, desde que as ações estejam associadas a mercados específicos, como no caso do algodão orgânico. Seu rendimento total por hectare com o algodão consorciado tem sido de R$ 2.515,89 (reais).

Figura 32. Algodão em consórcio agroecológico com vários cultivos alimentícios (amendoim, milho, feijão, gergelim), sendo que o jerimum, a melancia e o pepino são plantados aleatoriamente dentro da área do algodão. Fotos: Dalfran Gonçalves Vale.

O consorcio agroecológico realizado no Paraguai tem sido mais exitoso do que o sistema adotado no Brasil. Pois, no Paraguai as sementes com linter são deslintadas mecanicamente para semeadura manual (matraca) para atender os 300 cooperados contratados pela Empresa Prorganica S.A., instalada no município de Villarica. O certificado orgânico é dado a cada propriedade por produtor, ou seja, tudo que é semeado na pequena propriedade é orgânico. As espécies cultivadas são diversas: algodão, chia, girassol, gergelim e canola. A área de algodão por produtor varia de ¼ de ha a 0,5 ha, podendo chegar até 1 hectare e sua produtividade é de 800 kg/ha. Além de distribuir adubos orgânicos, provenientes dos restos culturais do processamento das distintas espécies, a Empresa Prorganica ainda oferece um incentivo de 20 a 30 % de aumento no


C a p í t u l o I | 54 preço de compra do algodão em rama orgânico, em relação ao valor de mercado do algodão convencional.

Controle de Plantas Daninhas As pesquisas mostraram que independentemente da cultivar testada, do ano, dos locais, bem como da natureza da população invasora, os primeiros 15-60 dias após emergência da plântula, foram o período em que as invasoras causaram maiores prejuízos à cultura. Foi observado também que a partir desse período, não houve efeito significativo para produção, denotando que não é mais necessário se promover limpa à cultura, a não ser quando a erva dominante for o carrapicho (Cenchrus echinatus, L.), então se recomenda a limpa no algodoeiro, a fim de evitar a depreciação da qualidade da fibra.

Nas pequenas propriedades do Nordeste, o controle de plantas daninhas no algodoeiro é feito, geralmente, com o uso da enxada. Seu baixo rendimento aliado à elevação do custo e escassez de mão-de-obra no campo torna-o uma operação onerosa correspondendo a mais de 40 % do custo de produção, porque são necessários de 2 a 3 capinas.

O pequeno produtor nordestino comumente utiliza mais os instrumentos como cultivador à tração animal (entre fileiras) e enxada (entre plantas) no controle das plantas invasoras na lavoura do algodão, sendo o cultivador regulado para aprofundar no máximo 3,0 cm do solo para não danificar as raízes do algodoeiro. Após a passagem com o cultivador, deve-se fazer o “retoque” com a enxada, dentro das fileiras.

Vale ressaltar que, no caso do algodão orgânico, não é permitido pulverizar com nenhum tipo de herbicidas para o controle do mato no algodoal.

Estratégia de Controle das Pragas As principais estratégias alternativas de controle de pragas para o algodoeiro colorido orgânico são: a) Controle Biológico, b) Controle Cultural, c) Controle Climático e d) Controle com Produtos Naturais.

a) Controle Biológico. Do ponto de vista ecológico, o controle biológico é uma parte do controle natural, o qual ocorre sem a interferência do homem. Entretanto,


C a p í t u l o I | 55 também pode ter muito valor o controle biológico aplicado, quando a introdução e a manipulação de inimigos naturais são feitas pelo homem, visando à redução de danos causados por pragas em níveis tolerados (BOSCH et al., 1982). Dentre os vários agentes de controle biológico existentes na natureza, apenas o Trichogramma spp. (curuquerê, lagarta rosada e lagarta-das-maçãs) e a bactéria Bacillus thuringiensis (curuquerê e lagarta-das-maçãs) encontram-se disponíveis para aplicação pelo agricultor, sendo que no mercado o Bacillus thuringiensis é encontrado com o nome comercial Dipel. Já a tecnologia da produção de Trichogramma pretiosum encontra-se à disposição de cotonicultores na Embrapa Algodão de Campina Grande-PB.

b) Controle Cultural. Durante a condução da produção do algodão colorido orgânico, o produtor poderá ser orientado na manipulação de várias práticas de cultivo, ecologicamente naturais, visando modificar o agroecossistema, cuja utilização de diferentes estratégias de cultivo é tornar desfavorável o desenvolvimento de pragas e, ao mesmo tempo, favorável ao desenvolvimento de seus inimigos naturais. Essas modificações nas práticas agrícolas podem alterar a atratividade e a suscetibilidade das plantas às pragas, que, segundo Ramalho (1994), pode ser definido como controle cultural. As principais práticas culturais utilizadas para reduzir problemas de pragas no algodoeiro colorido orgânico são: UNIFORMIDADE DE PLANTIO – Nas áreas zoneadas para o cultivo do algodão colorido orgânico da região semiárida do Nordeste deve ser estabelecido seu período de plantio pelos produtores, de forma que a semeadura não deve ultrapassar os 30 dias de um produtor para outro dentro do mesmo município, devido a problemas de pragas, em especial o bicudo e o aumento dos riscos de veranicos durante o ciclo da cultura (SILVA; ALMEIDA, 1998). ESCOLHA DE CULTIVARES – A pesquisa considera que a utilização de cultivares de algodão de ciclo curto seja preferida pelo produtor de algodão orgânico, na tentativa de reduzir o tempo de exposição das plantas à colonização e infestação de pragas (broca, bicudo, lagarta das maçãs e lagarta rosada). Com relação às cultivares coloridas lançadas pela Embrapa algodão, praticamente os distintos tipos de algodão herbáceo (BRS Verde, BRS Rubi, BRS Safira e BRS Topázio) e arbóreo (BRS 200 Marrom) apresentam o mesmo ciclo de 140 dias entre a emergência e colheita. Espera-se que na


C a p í t u l o I | 56 próxima variedade colorida a ser lançada no mercado, o melhorista procura desenvolver uma cultivar de ciclo curto de 110 dias, a qual atenderia melhor o controle cultural de convivência com as pragas, sugerindo sua possível utilização para favorecer o escape da cultura ao ataque do bicudo (SILVA; ALMEIDA, 1998).

PERÍODOS LIVRES DE PLANTIO - Alguns produtores acreditam que deixando uns períodos livres de 2 a 3 anos de intervalos sem plantar o algodão na região, o nível populacional do bicudo fica zerado na região desde que sejam destruídas todas as plantas de algodão e outras espécies hospedeiras, de maneira que quando eles voltam a plantar o algodão praticamente não necessitam fazer qualquer tipo de controle para o bicudo (RAMALHO; SILVA, 1993). Esse é um fenômeno presente no nordeste brasileiro pelo fato das áreas plantadas com algodão colorido no Nordeste pertencerem aos pequenos agricultores, os quais em muitos casos abandonaram as lavouras por não terem recursos financeiros para controlar o bicudo. Nos últimos cinco anos de seca no semiárido, ocorreu uma redução altamente significativa da área plantada de algodão em geral. Quando se trata do caso particular do estado da Paraíba, registou-se em 2015 de que sua área plantada foi inferior a 100 ha.

ESPAÇAMENTO AMPLO - Pesquisadores da Embrapa Algodão constataram que o espaçamento amplo (1,10 m X 0,40 m) utilizado no plantio do algodão orgânico pelos agricultores familiares do Assentamento Queimadas, pertencente ao município de Remígio, Curimataú Paraibano, está de conformidade com o sistema de plantio adotado pelos cotonicultores orgânicos da Califórnia EUA, os quais utilizam menores populações de plantas em seus algodoais para prevenir a infestação de pragas e doenças (SWEZEY et al., 1999). Pierce et al. (2001) citam a manipulação do microclima das plantas de algodão como estratégia de reduzir a sobrevivência de bicudos imaturos. Esses autores verificaram que alta temperatura e baixa umidade relativa promovem um maior percentual de mortalidade natural do inseto. Os mesmos autores também constataram que há uma probabilidade de que 34% dos botões florais que caem ao solo resultaram na emergência de adultos. Ao contrário, aqueles que caem no centro da fileira têm somente 6% de possibilidade de propiciarem sobrevivência do adulto, fruto das condições microclimáticas inadequadas.


C a p í t u l o I | 57 CATAÇÃO DE BOTÕES FLORAIS E MAÇÃS – Vários estudos foram realizados sobre a viabilidade dessa técnica e comprovaram que a catação equivale a reduzir até 60 % das pulverizações com inseticidas de um campo de algodão convencional, dependendo das condições ambientais, da cultivar e da proximidade de outros campos, com seu respectivo controle de pragas (BELTRÃO et al., 1997). Para as pequenas áreas de algodão colorido orgânico dos agricultores familiares, sugere-se que se faça a coleta semanal de todos os botões florais e maçãs caídas no solo, a partir do início da queda dos botões florais. Para as áreas maiores, sugere-se apenas coletar nas bordaduras (15 a 20 fileiras ao redor do campo) e com frequência de uma a duas vezes por semana, dependendo do nível populacional da praga (BLEICHER, 1990). Essas estruturas reprodutivas deverão ser aproveitadas para alimentação dos animais da propriedade ou enterradas ao solo.

DESTRUIÇÃO DOS RESTOS DE CULTURA- Com o surgimento do bicudo, tornou-se obrigatório a destruição dos restos culturais do algodoeiro após colheita, tais como: raízes, caules, botões florais, flores, maçãs, carimãs e capulhos não colhidos, respectivamente, através do arranquio e/ ou coleta, para destruição e incorporação no solo. Essa operação ecologicamente correta visa quebrar o ciclo biológico das pragas, através da eliminação dos sítios de proteção, alimentação e reprodução (SILVA et al., 1997).

ROTAÇÃO DE CULTURA- O cultivo alternado do algodoeiro com outras culturas, em sucessões repetidas, adotando-se uma sequência definida, além de contribuir para redução de pragas específicas associadas a uma delas, concorre favoravelmente para a melhoria das condições físicas e químicas do solo (SILVA et al., 1997). CULTURA-ARMADILHA- Também denominado por “planta-isca” baseia-se no plantio (antecipado ou não) de uma espécie mais atrativa (gergelim) para as pragas (mosca branca e pulgão) do que o algodoeiro (SILVA; ALMEIDA, 1998). Este gergelim (hospedeiro) é plantado nas fileiras marginas do campo, visando estimular a praga em preterir ou retardar a colonização definitiva no algodoeiro e essas pragas seriam controladas com produtos naturais. Scott et al. (1974) demonstraram a eficiência dessa técnica no controle do bicudo, que, no caso do algodoeiro colorido orgânico, essa praga poderia ser atraída pelas faixas de plantio antecipado do algodão e eliminado através de pulverizações sistemáticas com defensivos orgânicos (Nim).


C a p í t u l o I | 58

ARMADILHA DE FERÔMONIO- Refere-se à instalação de Tubo Mata Bicudo (TMB), contendo o feromônio “grandlure”, antes da semeadura e após a colheita. Por se tratar de campos de algodão orgânico, recomenda-se instalar 02 TMBs para cada área do produtor familiar nas faixas ou rota de entrada e saída dos adultos de bicudo, com o objetivo de reduzir a quantidade de insetos que se dirigem as áreas de refúgio, e que posteriormente retornarão às lavouras seguintes (AZEVEDO; VIEIRA, 2002).

c) Controle Climático. Na microrregião do Seridó do Nordeste, as condições edafoclimáticas influem de forma significativa na redução do nível populacional das pragas (broca e bicudo). O algodoeiro colorido orgânico cultivado, em regime de irrigação, numa área do Seridó com insolação excessiva, onde esse solo abrasador, com temperatura acima de 60ºC funcionaria como fator limitante para a sobrevivência, principalmente da broca e do bicudo (RAMALHO, 1994). Este controle climático através da dessecação constitui-se no principal fator de mortalidade natural de larvas, pupas e adultos pré-emergentes do bicudo.

d) Controle com Produtos Naturais. As pulverizações preventivas nas bordaduras (seis fileiras), ao redor do campo de algodão orgânico com o nim ou soluções de mamona, poderão ser eficientes no controle do bicudo, desde que essas pulverizações sistemáticas sejam realizadas semanalmente, a partir da fase inicial de emissão dos primórdios dos botões florais do algodoeiro colorido. Junto com as pulverizações preventivas, deveriam ser efetuadas também as catações dos botões florais nas 6 fileiras da bordadura. Para elevar o poder residual e sua ação tóxica natural no algodoeiro, basta aplicar o nim misturado com óleo bruto de algodão, sendo que nesse último produto já vem incorporado uma substância tóxica natural que é o gossipol.

De maneira resumida, observam-se na Tabela 4 as medidas de controle ecológico das principais pragas do algodoeiro constatadas em lavouras do Nordeste brasileiro.


C a p í t u l o I | 59 Tabela 4. Medidas de controle ecológico adotadas para as principais pragas da cultura do algodão. Bicudo grandis

PRAGAS – Anthonomus

Mosca branca / Bemisia tabaci/ B. argentifolii

Curuquerê argillacea

Alabama

MEDIDAS DE CONTROLE Aplicação de soluções de nim (Azadirachta indica) misturado com óleo bruto de algodão em pulverizações sistemáticas nas bordaduras. Aplicação de soluções com pó de caulim. Controle Cultural: uniformidade de plantio, variedade de clico curto, períodos livres de plantio, espaçamento amplo, catação de botões florais e maçãs, destruição dos restos de cultura, rotação de cultura, cultura-armadilha, tubo mata bicudo etc, e o Controle Climático. Aplicações de soluções de mamona. Sua infestação é mais frequente em período de seca. Com 4 moscas por folha deve-se aplicar o detergente neutro de 180 mL em 20 litros de água ou sabões neutros (0,5 %) para o controle das ninfas, em pulverizações dirigidas a parte inferior da folha. Preparados de alho, piretro (extrato da flor de Chysanthemum cinerariaefolim,), etc têm sido eficientes no controle da praga. Controle Cultural: uniformidade de plantio, culturaarmadilha (gergelim), destruição dos restos de cultura, rotação de cultura (milho), monitoramento do campo com Tubo Mata Bicudo e instalação de barreiras vegetais de sorgo ou milho, implantadas de forma perpendicular a direção predominante dos ventos. Aplicações de Dipel (Bacillus thuringiensis) e de nim. Controle Biológico (liberação de Trichogramma spp.). Aplicações de soluções de nim e de mamona.

Lagarta da maçã Heliothis virescens

Aplicações de Dipel (Bacillus thuringiensis) e de nim. Controle Cultural: destruição das soqueiras, armadilha de feromônio e semeadura na época adequada. Controle Biológico (liberação de Trichogramma spp.). Aplicações de soluções de mamona.

Lagarta rosada Pectinophora gossypiella

Aplicação de nim e Controle Biológico (liberação de Trichogramma spp.). Controle Cultural: destruição das soqueiras e semeadura na época adequada.

Cigarrinha parda / Agallia sp

Aplicação de soluções de nim (Azadirachta indica) nas bordaduras do campo e como repelente o plantio do algodão consorciado com coentro (Coriandrum sativum). Aplicação de soluções de nim (Azadirachta indica), presença de inimigos naturais no campo e cultura-armadilha (gergelim). Controle Climático e Controle Cultural: destruição dos restos de cultura, cultura-armadilha e rotação de cultura. Tratamento de sementes tratadas com soluções de nim e mamona. As folhas do gergelim, em decomposição, contaminam o fungo que serve de alimento para as saúvas, levando a destruição dos formigueiros. Outra estratégia seria alimentar a cada 3 dias os formigueiros com folhagem de maniçoba (Manihot glaziowii Mull.) ou nim, fazendo esta substituição regularmente as formigas deixam de visitar o campo de algodão. Preparação do solo algumas semanas antes da semeadura para eliminar ovos e plantas hospedeiras de larvas. Armadilhas de luz contra traças. Preparados de nim, mamona, piretro (Chysanthemum cinerariaefolim), etc Aplicação de soluções: Calda sulfocálcica (500 mL) + óleo bruto de algodão (300 mL) + detergente neutro (50 mL), esta mistura deve ser utilizada no pulverizador de 20 litros. Aplicação de soluções de nim e mamona.

Pulgão / Aphis gossypii Broca da raiz Eutinobothrus brasiliensis Formigas ou Saúvas / Atta spp.

Lagarta do gênero Spodoptera frugiperda

Cochonilha minos

Planococcus


C a p í t u l o I | 60 Identificação de Pragas Ainda existe no meio rural aquela mentalidade de que “a cultura orgânica significa que a planta é resistente às pragas”, havendo casos de produtores reagirem apenas com replantio do campo e não pulverizarem as áreas atacadas por pragas com produtos naturais (bioinseticidas). Mesmo assim, alguns produtores não tomaram às devidas medidas de controle com a preparação e pulverização de bioinseticidas e, consequentemente, houve pequena incidência de pragas no estádio inicial da cultura (lagartas e cochonilhas), sendo sua proliferação favorecida pela instabilidade das chuvas, que são frequentes na região do semiárido do Nordeste do Brasil.

Antes do plantio do algodão, deve-se usar a estratégia de preparar os macerados pelos próprios produtores familiares de cada comunidade para combater as seguintes pragas: Lagarta, mosca-branca, pulgão, cochonilha e bicudo (Figura 33).

Figura 33. Preparação dos bioinseticidas para combater pragas na cultura do algodoeiro orgânico como mosca-branca, cochonilha, pulgão, lagarta e bicudo. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

A-Broca-da-raiz BROCA-DA-RAIZ - Eutinobothrus brasiliensis (Hambleton) As plantas atacadas murcham, ficando as folhas avermelhadas e pendentes, quando arrancadas mostram as raízes deformadas com nós ou calosidades e partes mortas, podendo se encontrar no seu interior, a broca, cujas larvas abrem galerias entre a casca e o lenho em todas as direções, às vezes circundando completamente a planta, provocando


C a p í t u l o I | 61 murcha e morte (Figura 34). Quando não há morte ocorre hipertrofia, necrose dos tecidos e um enfraquecimento geral da planta. Ataques severos são notados em solos úmidos, observando-se morte de plantas jovens com 20 a 25 cm de altura. O período crítico compreende desde a germinação até o aparecimento da primeira flor. Recomenda-se empregar o tratamento preventivo de sementes apenas em áreas de reconhecida ocorrência. O uso do nim para o controle da broca da raiz seria o tratamento preventivo das sementes de algodão antes do plantio em campo. Esse tratamento consiste em emergir as sementes na solução de 50 g de nim por 2 a 3 horas (ALMEIDA; SILVA, 1999).

Figura 34. Larva da broca atacando a raiz do algodoeiro e vermelhão das plantas ocasionado pelo ataque da broca da raiz. Fotos: Raul Porfírio de Almeida. B-Lagarta LAGARTA ROSCA - Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1767) Os danos são provocados pelas larvas do inseto nas plantas jovens; podem alimentar-se do caule, das folhas e das raízes; o dano mais significativo ocorre no caule, na região acima do colo, chegando a seccioná-lo, ocasionando, em alguns casos, diminuição do número de plantas por hectare (Figura 35). O período crítico compreende desde a emergência das plântulas até o aparecimento do primeiro botão floral (ALMEIDA; SILVA, 1999).


C a p í t u l o I | 62

Figura 35. A praga lagarta rosca do algodoeiro CURUQUERÊ - Alabama argillacea (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) Os danos são observados inicialmente nas folhas novas do ponteiro que se apresentam raspadas e, em seguida, as folhas medianas da planta, apresentam-se com perfurações irregulares; posteriormente, ocorre a desfolha generalizada, deixando a planta sem folhas (Figura 36). A sua ocorrência está associada a períodos de estiagem após precipitações pluviais. O período crítico compreende desde a germinação das plântulas até o aparecimento do primeiro capulho (ALMEIDA; SILVA, 1999).

Figura 36. A praga lagarta curuquerê do algodoeiro

LAGARTA ROSADA - Pectinophora gossypiella (Saunders) Os danos são caracterizados pela imbricação das flores formando uma roseta; as maçãs apresentam a parede do carpelo com galerias, minas ou verrugas e as fibras, de


C a p í t u l o I | 63 uma ou mais lojas, ficam manchadas ou destruídas; sementes parciais ou totalmente destruídas; as maçãs apresentam orifícios de saída construídos pela lagarta e os capulhos amadurecem prematuramente, chegando muitas vezes a não abrirem (Figura 37). Veranicos durante anos de baixa precipitação favorecem a ocorrência da lagarta rosada. O período crítico compreende desde o surgimento da primeira maçã firme até o aparecimento do primeiro capulho (ALMEIDA; SILVA, 1999).

Figura 37. A praga lagarta rosada no fruto do algodoeiro

LAGARTA-DAS-MAÇÃS - Heliothis virescens (Fabricius) Os primeiros danos são observados nas folhas do ponteiro, caracterizados por perfurações irregulares na superfície foliar, tanto na parte interna como nos bordos do limbo; perfurações circulares são verificadas nos botões e maçãs com penetração total ou parcial das lagartas; são observados, paralelamente ao ataque, excrementos (fezes) em grande quantidade entre as brácteas e na superfície dos órgãos atacados (Figura 38). Sua ocorrência é favorecida com o aparecimento da lua nova e precipitações pluviais regulares. O período crítico compreende desde o surgimento dos botões florais até o aparecimento do primeiro capulho (ALMEIDA; SILVA, 1999).


C a p í t u l o I | 64

Figura 38. A praga lagarta-das-maçãs do algodoeiro

HELICOVERPA ARMIGERA (Hübner) O gênero Helicoverpa é composto por diversas espécies (Figura 39) altamente destrutivas, devido a suas características biológicas (polifagia, alta fecundidade, alta mobilidade local das lagartas e migração das mariposas) que lhe permite sobreviver em ambientes instáveis e adaptar-se a mudanças sazonais do clima (ALMEIDA; SILVA, 1999).

Figura 39. Mariposa e lagarta da Helicoverpa armigera de cor esverdeada, bem pequena, mas com grande poder de destruição.

C-Pulgão PULGÕES - Aphis gossypii Glover Os danos caracterizam-se pelo encarquilhamento ou encrespamento das folhas que ficam com os bordos voltados para baixo; a face superior das folhas adquire aspecto brilhante, devido à deposição de substâncias açucaradas excretadas pelo inseto (Figura 40). Essa substância açucarada é vulgarmente denominada “mela”; no período de abertura


C a p í t u l o I | 65 dos capulhos os danos implicam na redução da qualidade da fibra. Alta temperatura e tempo nublado favorecem o aparecimento do pulgão do algodoeiro. Segundo Beltrão e Vieira (2001), os pulgões que vivem em colônias, são sugadores; o ataque se concentra em reboleiras; propiciam o desenvolvimento de fumagina; e são vetores de viroses. O período crítico compreende desde a emergência das plântulas até o aparecimento dos primeiros capulhos.

Figura 40. Planta de algodão atacada por pulgões (Aphis sp). Foto: Raul Porfírio de Almeida.

D-Cochonilhas COCHONILHAS -Dactylopius sp. Segundo Guerra (1985), as cochonilhas são extremamente pequenas e o seu controle na fase larval é mais eficiente (Figura 41). Antes de o inseto formar a carapaça (escudo protetor), apresenta o corpo recoberto por secreção cérica branca, assumindo aspecto semelhante à farinha de mandioca, sobre os galhos infestados, nas formas estranhas filamentosas ou pulverulentas. Nesta oportunidade, os bioinseticidas também oferecem boa eficiência (ALMEIDA; SILVA, 1999).

Figura 41. Ataque de cochonilhas no algodoeiro: A) – Fruto da planta como sintoma do ataque; B) – detalhe da cochonilha na parte apical da planta. Fotos: Raul Porfírio de Almeida.


C a p í t u l o I | 66 E-Moscas branca MOSCAS BRANCA -Bemisia argentifolii Bellows & Perring Os danos iniciais caracterizam-se pelo aparecimento de pequenas pontuações brancas e amareladas na face inferior das folhas devido a sucção da seiva pelas ninfas e adultos do inseto (Figura 42); na face superior das folhas surgem manchas cloróticas, que posteriormente, adquirem aspecto brilhante, devido à deposição de substâncias açucaradas excretadas pelo inseto; ataques severos provocam o definhamento das plantas e intensa formação de “mela”, seguida pela queda das folhas, dos botões e dos frutos. A ocorrência da “mela” coincidentemente com o período de abertura dos capulhos implica na redução da qualidade da fibra. Segundo Beltrão e Vieira (2001), sua infestação é mais frequente em período de estiagem ou veranicos.

Figura 42. Planta atacada pela mosca-branca Bemisia tabaci/ B. Argentifolii, nas fases adultas e ninfas, sendo estas últimas mais vulneráveis aos bioinseticidas.

F-Bicudo BICUDO -Anthonomus grandis Boheman Vinte e quatro horas após os botões florais serem danificados por orifícios de oviposição e/ou alimentação, apresentam-se com as brácteas abertas e amareladas. Para as cultivares brasileiras, os botões florais danificados pelo bicudo podem permanecer fixados a planta por um período de cinco a nove dias, quando então, caem no solo. O sintoma do dano causado por orifício de oviposição em botão floral de idade avançada é o surgimento da “flor sorvete”, isto é, as pétalas e cépalas não se abrem, ficando as extremidades terminais entrelaçadas e abalãozada, formando uma estrutura semelhante a uma bola de sorvete. As maçãs pequenas quando danificadas por orifício de oviposição caem no solo; enquanto que as firmes, mesmo danificadas permanecem na planta. Dependendo do número de lóculos danificados, as maçãs poderão abrir um ou mais lóculos ou mesmo nenhum. A redução na produtividade de algodão herbáceo em rama na


C a p í t u l o I | 67 Paraíba e Pernambuco causado pelo bicudo varia de 54 a 87%. Elevadas umidade do solo e temperatura ambiente em torno de 27oC, favorecem a multiplicação do bicudo (Figura 43). O período crítico compreende desde o aparecimento dos primeiros botões florais até o surgimento dos primeiros capulhos (ALMEIDA; SILVA, 1999).

Figura 43. Adulto do bicudo do algodoeiro. Fotos: Raul Porfírio de Almeida.

Preparação de Macerado para Controle de Pragas

MACERADO PARA LAGARTA •

a) Pimenta malagueta (Capsicum frutescens)

-200g de pimenta malagueta;

-1 litro de álcool;

-Misturar a pimenta e álcool no liquidificador e deixar repousar por uma semana para cura;

-Depois desse tempo deve coar no pano e acrescentar 100 mL de detergente neutro;

-Adicionar 200 mL de óleo de algodão;

-Utilizar apenas quatro colheres de sopa para cada pulverizador costal de 20 litros;

-Pulverizar a cada dois dias, nas primeiras horas da manhã, ou ao final da tarde.

MACERADO PARA PULGÃO a) Cebola (Allium cepa L.) e alho (Allium sativum) •

-Três cebolas médias;

-Cinco cabeças de alho;

-10 litros de água;


C a p í t u l o I | 68 •

-Triturar as cebolas e alho, misturando aos 5 litros de água;

-Coar no pano fino para evitar entupimento do pulverizador e adicionar a mistura (solução) com mais 5 litros de água;

-Pulverizar ao final da tarde com pulverizador costal de 10 litros.

b) Tomate (Lycopersicum esculentum) •

-1 kg de folhas e talos de tomate bem macerados;

-1 litro de álcool;

-Misturar o álcool e as folhas + talos macerados e deixar repousar por 4 dias para cura;

-Coar no pano fino e pressionar para o máximo aproveitamento (recipiente fechado e escuro);

-Utilizar dois vasos do extrato para ser diluído em 20 litros de água (pulverizador costal).

MACERADO PARA PULGÃO E LAGARTA Recomenda-se preparar o seguinte macerado para controle de pulgão e lagarta (DANTAS, 2001):

a) Folhas de urtiga (Fleurya aestuans L) •

-1 kg de folhas de urtiga picadas;

-2 litros de água;

-Passar as folhas com a água no liquidificador ou pilão (esmagar e mexer bem) e deixar de repouso por dois dias para cura;

-Coar para evitar o entupimento do pulverizador;

-Adicionar o conteúdo para cada pulverizador costal e completar o volume com água para 20 litros.

b) Folhas de angico (Piptadenia colubrina) •

-1 kg de folhas de angico picadas;

-10 litros de água;

-Passar as folhas com a água no liquidificador e deixar de molho por 8 dias para cura;


C a p í t u l o I | 69 •

-Coar para evitar o entupimento do pulverizador costal;

-Usar 5 litros do extrato no pulverizador costal com capacidade de 20 litros;

Segundo Beltrão e Vieira (2001), o dano direto da mosca-branca é provocado tanto pelo inseto adulto como pelas ninfas que se estabelecem em colônias, na fase inferior das folhas, onde sugam a seiva da planta. Altas infestações provocam a “mela” e atua como vetor de viroses do grupo geminivirus. Sua infestação é mais frequente em período de estiagem ou veranicos.

MACERADO PARA PULGÃO E COCHONILHAS

a) Samambaia (Nephrolepis exaltata) - Colher 500 gramas de folas de samambaia fresca ou seca trituradas ou maceradas; •

1 litro de água;

Ferver por meia hora e deixar de repouso por 1 dia para cura;

Coar para evitar o entupimento do pulverizador;

Para aplicação, diluir 1 litro da solução mãe para 10 litros de água (pulverizador costal).

MACERADO PARA COCHONILHAS

-500 mL de calda sulfocálcica;

-300 mL de óleo bruto de algodão;

-50 mL de detergente neutro;

-Diluir a mistura no pulverizador costal com 19 litros de água e pulverizar a cada 15 dias


C a p í t u l o I | 70

MACERADO PARA MOSCA-BRANCA ADULTA

a) Folha de fumo (Nicotiana tabacum) •

Fazer repelente do extrato, cozinhando 2 kg de folhas de fumo em 3 litros de água, durante 10 minutos;

Depois de frio, coar o material em pano; e usar um copo da solução do extrato em 10 litros de água para pulverização. Manter o produto sempre guardado em garrafa escura e lacrado.

b) Urina de vaca •

Coletar urina de vaca na hora da ordenha;

Colocá-la num recipiente lacrado;

Deixar no mínimo três dias de repouso para fermentar (liberar a amônia);

Diluir 200 mL de urina para 20 litros de água do pulverizador;

Se necessário aplicar a cada três dias;

Não deve ser aplicada no período de floração, pois induzirá a planta ao aborto.

MACERADO PARA NINFAS DA MOSCA-BRANCA

Com quatro moscas por folhas, deve-se aplicar o detergente neutro na dose entre 180 a 200 mL em 20 litros de água ou através de sabão neutro. Dissolver 100 mL em 1 litro de água e acrescenta em 20 litros de água no pulverizador costal. Aplicar pela manhã com os jatos dirigidos à parte inferior da folha para controle das ninfas (BELTRÃO; VIEIRA, 2001; DANTAS, 2001; DIACONIA, 2006).

O sabão serve para repelir a mosca-branca. Picar 500 gramas de sabão para ser desmanchado em 5 litros de água quente, sendo necessário mexer bem para dissolver o sabão. Pulverizar esta mistura morna sobre as plantas (35˚C).


C a p í t u l o I | 71 MACERADO PARA LAGARTAS, PULGÕES, BICUDO, PERCEVEJO E MOSCABRANCA.

As recomendações dos preparos dos macerados de nim para sementes despolpadas e folhagem com talos tenros, estão indicadas respectivamente nos trabalhos de Dantas (2001) e Soares et al. (2003).

a) Sementes despolpadas de nim -Em primeiro lugar, os frutos são coletados e despolpados; -Em seguida, as sementes são secas; -As sementes são raladas e imersas em água; -Na proporção de 30 a 40 g de sementes por litro de água; -Deixar de repouso por dois dias para cura; -Coar e acrescentar 10 mL de detergente neutro e completar o volume do pulverizador com água; -Para o pulverizador de 20 litros, são necessários 700 g de sementes.

b) Folhagem e talos tenros de nim: -1 kg de folhas e talos tenros picados para 20 litros de água (equivale a 40 a 50 g de folhas por litro de água); -Passar no liquidificado com 2 litros de água (ou macerado no pilão) -Deixar os 20 litros da mistura em repouso por 2 dias para; -Coar e acrescentar 10 mL de detergente neutro; -Adicionar o conteúdo no pulverizador costal de 20 litros de água. Segundo Soares et al. (2003), as quantidades a serem utilizadas variam para cada espécie de inseto. De modo geral, recomenda-se por litro de água, de 30 a 40 g de sementes de nim ou de 40 a 50 g de folhas secas de nim.


C a p í t u l o I | 72 MARCERADO PARA PRAGAS EM GERAL DO ALGODOEIRO

a) Calda de mamona (Figura 44) •

-Indicações:

-Controle de pragas em geral do algodoeiro e pode ser utilizada como adubo foliar.

-Ingredientes:

-* 80 folhas fresca de mamona;

-* 20 litros de água;

-Modo de preparo e uso:

Triturar ou macerar as folhas, depois colocar na água e deixar em repouso por doze horas, num local escuro. Depois coar e utilizar, mas dever-se ser armazenada, no máximo 3 dias.

Figura 44. Planta de mamona usada como macerado para preparação de bioinseticida.

b) Macerado de mamona •

Modo de preparo:

Colocar 250 g de mamona (frutos e folhas) macerados ou triturados em 1 litro de água, ferver por 30 minutos e depois deixar descansar por 24 horas. Para pulverizar, dissolver 1 litro de macerado filtrado ou coado em 10 litros de água. •

Aplicação

Para pulverizar, utilize o pulverizador manual (Figura 45), caso a área plantada seja pequena.


C a p í t u l o I | 73 •

Cuidados:

Por ser orgânico, esse inseticida não é nocivo à saúde como os industrializados, mas, depois de aplicar o produto, caso seja aplicado em hortaliças como alface, repolho, cebolinha, coentro, etc., dever-se respeitar um período de carência de pelo menos dois dias e lavar o alimento antes de consumir.

Figura 45. Pulverizador manual ou garrafa Pet. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

G-Cigarrinha

MACERADO PARA CIGARRINHA PARDA

a) Macerado de piretro (extrato da flor de Chysanthemum cinerariaefolium) -Ingredientes: -300 Gramas de flores de piretro -1 Litro de álcool. Mesclar o álcool com as flores e deixar em repouso por 48 horas em uma garrafa bem lacrada. Depois desse período, a solução pode ser coada e diluída na proporção de 1:20, ou seja, 1 parte da solução para 20 partes de água. O piretro tem grandes concentrações de piretróide, o principal constituinte dos inseticidas domésticos. Indicada contra insetos como bicudo e percevejo, ácaros, pulgões e cigarrinha-parda.


C a p í t u l o I | 74 PLANTA DE NIM (Azadirachtina indica).

Azadirachta indica, conhecida pelos nomes comuns de amargosa e nim, é uma árvore da família Meliaceae, com distribuição natural no sul da Ásia (Índia) e utilizada na produção de madeira e para fins medicinais. Tem efeito como repelente, inibidor do crescimento da praga, fungicida e nematicida. Para reduzir os custos de produção do algodoeiro, mudas de nim devem ser distribuídas e plantadas pelos produtores nas comunidades rurais do semiárido. Para se tornar autossuficiente na produção de bioinseticidas à base de nim, é necessário manter pelo menos 50 plantas dessa espécie em cada comunidade (Figura 46).

Figura 46. Pequeno bosque de nim com o mínimo de 50 plantas para atender cada comunidade de agricultores familiares e que pode também funcionar com barreira quebravento, ou área de arborização da propriedade. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

O rendimento dos frutos do nim varia entre 25 e 50 kg por árvore, de acordo com a temperatura, umidade, tipo de solo e genótipo da planta. Normalmente, 50 kg de frutos maduros têm cerca de 30 kg de sementes, as quais produzem em média 6 kg de óleo e 21 kg de pasta. Cada quilograma de sementes secas contém aproximadamente 3.000 unidades (SOARES et al., 2003).

Depois do despolpamento dos frutos, as sementes de nim devem ser colocadas ao sol, em camadas finas, sobre uma superfície cimentada. Deve-se evitar o contato delas com a umidade, para não ocorrer mofamento. Esta operação requer um único dia de sol, já que posteriormente, as sementes devem ser transportadas para locais sombreados, onde permanecerão cerca de oito dias.


C a p í t u l o I | 75 Os extratos de nim podem ser preparados com a simples trituração das sementes ou frutos frescos, em água, deixando-se a mistura descansar por 24 horas, filtrando-se o líquido e pulverizando-o sobre as áreas infestadas. O mesmo procedimento pode ser utilizado para folhas frescas ou secas (Figura 47), embora a Azadirachtina nesse caso, ocorra em menor concentração (SOARES et al., 2003).

Figura 47. Agricultor colocando as folhagens de nim (cortadas e maceradas no pilão) dentro do tambor para preparo de solução. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Outro cuidado de suma importância, ao final do processo de secagem, consiste no recolhimento e acondicionamento das sementes do nim em sacos de aniagem, para permitir boa aeração e evitar, o aparecimento de fungos patogênicos que possam causar deterioração das mesmas. Satisfeitas essas condições básicas, as sementes de nim podem ser armazenadas por mais de um ano.

USO DE CAULIM NO CONTROLE AO BICUDO

A Embrapa Algodão desenvolveu um inseticida natural à base de caulim - um pó de rocha de cor branca, composto por silicato de alumínio, que vem sendo utilizado no combate ao bicudo do algodoeiro. Esse produto alternativo que vem auxiliando agricultores de algodão agroecológico nas microrregiões do cariri paraibano e do agreste paraibano. O caulim deve ser diluído em água (solução de 60 g por litro) e depois pulverizado nas plantações afetadas. Após a pulverização do caulim, a planta fica tingida de branco, tornando-se irreconhecível para o bicudo, além de atrapalhar a sua movimentação e alimentação, pois as partículas aderem ao corpo do inseto. Recomendase que as aplicações com caulim sejam realizadas sempre que 5% da lavoura de algodão


C a p í t u l o I | 76 apresentar botões florais atacados pelo bicudo e acompanhada de outras tecnologias desenvolvidas pela Unidade (como a catação dos botões florais danificados pelo inseto). Os agricultores do Brasil chegam a vender o algodão orgânico por preço até três vezes maior que o tradicional.

Controle de Pragas Antes do plantio do algodão, os próprios produtores devem usar a estratégia de preparar preventivamente os macerados para combater as pragas na fase inicial de infestação (broca da raiz, lagartas ainda pequenas, pulgões e cochonilhas na fase larval, cigarrinha na fase jovem, mosca-branca na fase de ninfa, etc), pois as mesmas são mais vulneráveis à ação dos bioinseticidas. Recomenda-se guardar as soluções de bioinseticidas, para cada praga, em depósitos de plástico lacrados para evitar a perda do seu princípio ativo (QUEIROGA et al., 2008). É possível identificar em campos as pragas ainda na sua fase jovem e facilmente combatê-las com o uso de macerados de ação mais repelentes do que bioinseticida, quando o agricultor é orientado pelos técnicos como realizar no seu campo o Manejo Integrado de Pragas (MIP). A eficiente gestão do campo ocorre quando os agricultores realizam essas identificações de pragas periodicamente em sua propriedade (Figura 48). Para se tornar autossuficiente na produção de bioinseticidas à base de nim ou Azadirachta indica, é necessário manter pelo menos 50 plantas desta espécie em cada comunidade familiar dos agricultores nordestinos, visando reduzir os custos de produção do algodão.

Figura 48. Identificação de pragas periodicamente em campo de algodão, seguindo a técnica de Manejo Integrado de Pragas (MIP). (Foto: Raul Porfírio de Almeida).


C a p í t u l o I | 77 Os extratos de nim podem ser preparados com a simples trituração das sementes ou frutos frescos, em água, deixando-se a mistura descansar por 24 horas, filtrando-se o líquido e pulverizando-o sobre as áreas infestadas. O mesmo procedimento pode ser utilizado para folhas frescas ou secas, embora a Azadirachtina nesse caso, ocorra em menor concentração. As quantidades de nim a serem utilizadas variam para cada espécie de inseto. De modo geral, recomenda-se por litro de água, de 30 a 40 g de sementes ou de 40 a 50 g de folhas secas (SOARES et al., 2003).

Doenças no Algodoeiro Colorido Como a incidência de doenças foliares e de solo é baixa na região Nordeste, portanto, as variedades coloridas dos tipos de algodão herbáceo (BRS Verde, BRS Rubi, BRS Safira e BRS Topázio) e arbóreo (BRS 200 Marrom) não foram avaliadas nos ensaios pela Embrapa Algodão com relação ao seu grau de resistências às doenças. Segundo Embrapa Algodão (2002), as variedades de algodão colorido se destinam preferencialmente para os agricultores familiares do semiárido do Nordeste.

Para que o algodão colorido orgânico possa ser explorado em outras regiões, alguns cuidados devem ser tomados, no que se refere às doenças, devendo-se escolher áreas livres desses patógenos.

Colheita do Algodão A colheita do algodão colorido no Nordeste é feita manualmente, iniciando-se quando 60% dos capulhos estiverem abertos, sendo que na segunda colheita deve ser realizado 15 dias depois, quando os demais frutos estiverem abertos. A colheita deve ser realizada com tempo seco, para se evitar impurezas que possam vir junto ao capulho, o que prejudicaria a qualidade do algodão colorido. Não colher o algodão com umidade acima do permitido, máximo de 12% (BELTRÃO, 1999).

Segundo Queiroga (1983), o trabalho de colheita deve ser iniciado após às 8:00 horas da manhã, quando parte da umidade noturna ou orvalho no capulho já se dissipou. Deve-se colher somente os capulhos bem formados e completamente abertos (QUEIROGA, 1983), cuja fibra colorida esteja perfeita, sem manchas ou atacadas por pragas e doenças (Figura 49), exceto para o algodão BRS Verde que apresenta um desbotamento esbranquiçado da parte do capulho exposto ao sol. Quando o material


C a p í t u l o I | 78 colhido contém umidade, este deve ser depositado sobre lonas de plástico. Deve-se ter o cuidado de não armazenar o produto colhido após uma chuva, ou com umidade, para evitar sua fermentação que é bastante prejudicial a qualidade intrínseca da fibra.

Figura 49. Campo de algodão BRS Rubi no ponto de colheita.

O algodão em caroço colhido deve ser colocado em saco de pano, de preferência de tecido de algodão bastante arejado com capacidade para 45 a 60 kg, sendo transportado e armazenado em depósitos e galpões específicos. Recomenda-se utilizar cordão de algodão para amarrar os sacos e não contaminar a fibra. Além disso, a sacaria deve ser virgem, pois caso tenha sido usado algum tipo de ração animal corre o perigo de o cheiro contaminar a fibra e evitar também a contaminação mecânica, quando se utilizada outra cultivar de algodão herbáceo. A umidade ideal de armazenamento do algodão em caroço é de 8 a 10% (BELTRÃO, 1999). Ao ensacar, evitar não misturar tipos de algodão orgânicos de uma determinada coloração junto com algodão não orgânico da mesma coloração. Também não comprimir muito o algodão na sacaria, pois pode prejudicar a fibra (neps). Deve-se procurar amarrar os sacos de tecido de algodão com barbante de algodão, para não criar problemas na fiação. Não se devem utilizar sacos de juta e plástico durante a colheita (QUEIROGA, 1983).

Colheita Mecanizada A mecanização nos estabelecimentos rurais nordestinos ainda é uma realidade pouco disseminada, pois, em sua maioria, ainda utilizam práticas rudimentares em sua produção, fator este que limita a produção, mesmo quando se trata de pequenas áreas de algodão (BANCO DO NORDESTE, 2010), principalmente quando associado aos custos elevados e a baixa disponibilidade da mão de obra. A colheita mecanizada é


C a p í t u l o I | 79 extremamente vantajosa em relação a manual, pois os custos operacionais são reduzidos, há melhoria na qualidade do produto colhido, a colheita é feita com maior rapidez, o teor de impurezas é menor e evita a presença de contaminantes. A técnica da mecanização acessível aos pequenos agricultores na fase de colheita do algodão herbáceo ou arbóreo poderá mudar radicalmente o sistema de exploração dessa cultura na região semiárida, pois se trata de conhecimento simples que resolverá questões fundamentais limitantes à exploração das áreas cultivadas atualmente com essa oleaginosa (QUEIROGA; SILVA, 2008).

Uma colhedora de algodão de funcionamento parecido a um aspirador de pó, tendo como mochila um motor de sucção (peso de 3,5 kg) junto a um saco transparente para acumulação do algodão (Figura 50), foi validada pela Embrapa Algodão numa unidade demonstrativa de algodão da Estação Experimental da Embrapa Algodão de Barbalha, CE. Os técnicos observaram que o equipamento é capaz de colher 80 kg/dia de algodão em caroço, sendo esse desempenho considerado o dobro da quantidade colhida manualmente (40 kg/dia).

Figura 50. Colhedora de algodão tipo costal (motor e saco coletor de algodão) com tubo de sucção usado na colheita do pequeno campo da China. Fotos: Arquivo da empresa Alibaba.

A desfolha do algodoeiro é um processo natural que ocorre quando estas estruturas se tornam fisiologicamente maduras. A queda das folhas (abscisão) resulta de atividades de células especiais da base do pecíolo que a fixa a haste central do caule ou dos ramos vegetativos e frutíferos. Esta área é denominada de “camada de abscisão”. A desfolha pode ser causada também por geadas, doenças, estresse hídrico e deficiência mineral. O fenômeno de desfolha, no entanto, pode ser induzido artificialmente através de produtos químicos ou de dessecantes (BAKER; MYHRE,1968).


C a p í t u l o I | 80 No caso de cultivo orgânico não é permitido o emprego de produtos químicos ou dessecantes no cultivo do algodoeiro como meio para facilitar a colheita mecanizada. Esses produtos químicos têm por propósito reduzir a conteúdo de umidade da folhagem e evitar a produção de manchas de clorofila na fibra, as quais afetam a qualidade do produto, principalmente quando se usa colheitadeira arranque (stripper harvester), a qual é capaz de colher capulhos e frutos abertos ou semiabertos resultando em um produto de qualidade inferior, tanto o colhido mecanicamente (colheitadeira de fuso) quanto o colhido manualmente (BELTRÃO et al., 2008). Portanto, a única forma de empregar a colheitadeira de fuso (spindles) de uma linha (Figura 51) no algodoal orgânico é retardar sua colheita, usando variedades de maior retenção dos capulhos nas cápsulas e provocando assim a senescência natural de toda a folhagem, cujo fenômeno é iniciado e finalizado pelo amarelecimento e pelo murchamento das folhas, respectivamente.

Figura 51. Colheitadeira automotriz de algodão de uma linha com fuso ou “spindles”. Fotos: Valdinei Sofiatti e Odilon Reny Ribeiro Ferreira Silva Nesse tipo de colheitadeira de uma linha, o dispositivo de colheita é composto de fusos cônicos estriados, que giram em alta rotação, fazendo com que os capulhos fiquem aderidos aos fusos e, assim, sejam extraídos da planta. Proporciona um produto com menos impurezas, porém, a colhedora apresenta elevado custo de aquisição (US$ 130 mil), sendo mais viável terceirizar essa operação mecanizada de colheita pelos produtores organizados de cooperativas ou associações. Por outro lado, a colheita mecanizada deverá ser realizada nas horas mais quentes do dia, pois facilita a limpeza dos fusos na colhedora, devendo-se atentar também ao teor de água de até 12% com 95% dos capulhos abertos (CUNHA, 2002). Outros fatores ainda podem ser levados em consideração no momento


C a p í t u l o I | 81 da colheita, como as regulagens da colhedora, treinamento dos operadores, velocidade de operação, condições do terreno, e as características da cultura (OOSTERHUIS, 1999; SANTOS et al., 2005). Apesar da colheitadeira mecanizada de algodão apresentar maior rendimento de trabalho (12 mil de algodão em caroço/dia) em relação a colheita manual (equivalente a mais ou menos 200 colhedores), mas o seu produto colhido contém sujidades ou contaminantes tanto para o sistema de produção convencional como para o orgânico. Entretanto, nesse último material, o grau de impureza será bem maior, em função de a colheita mecanizada ser realizada em algodoal sem aplicação de dessecantes foliar. Consequentemente, as impurezas contidas no algodão em caroço proveniente da produção orgânica somente serão eliminadas eficazmente em máquinas de descaroçamento de grande porte (90 serras) e não em máquinas de médio porte (descaroçador de 50 serras existente nas comunidades familiares), em virtude da limitada eficiência do seu pequeno limpador. Poda No final do primeiro ano e após a colheita, apenas no campo do algodão arbóreo BRS 200 Marrom é possível colocar o gado para alimentar dos restos culturais da lavoura. Em seguida, deverá ser feito a poda na altura de 20 cm, corte em “bisel” ou bico de gaita e no final do segundo ano, deve-se fazer a poda dos ramos, deixando-se, também 20 cm de cada um deles. Mas para evitar maior infestação das pragas no algodoal orgânico, seria melhor renovar a área plantada, no caso de o produtor não desejar fazer a exploração do campo a ser podado logo em seguida à sua colheita.

Beneficiamento do Algodão Essa etapa é muito importante para que o produto final seja de qualidade superior e deve ser feito isoladamente para cada cultivar de algodão colorido. Recomenda-se o uso de minidescaroçadores e prensas manuais ou hidráulicas, instaladas especialmente nas comunidades ligadas às cooperativas e associações de produtores familiares. Procurar beneficiar o produto orgânico em máquinas limpas e sem mistura com outros tipos de algodão, para evitar contaminação na fibra e nas sementes, principalmente quando for usá-las novamente, pois são necessárias apenas algumas sementes atípicas para contaminar todo um lote.


C a p í t u l o I | 82 Por trazer acoplado um pequeno limpador sobre o minidescaroçador de 50 serras (Figura 52), é necessário que o agricultor colha o algodão limpo, evitando-se restos de planta (folhas, brácteas, fragmentos de caule e ramos, plantas daninhas e suas partes, capulhos doentes ou não abertos totalmente, terra, etc), visando obter após beneficiamento uma fibra de alta qualidade e de maior aceitação pelo mercado.

Figura 52. Miniusina de algodão de 50 serras para comunidades de produtores familiares. Campina Grande-PB.

Venda da Produção Bruta para Intermediário No semiárido do Nordeste é característico o perfil de pequenas propriedades gerenciadas por agricultores familiares realizarem a tradicional venda direta do algodão em rama para as usinas algodoeiras mais próximas da sua propriedade. No caso do algodão colorido orgânico, a cooperativa da Campal de Patos, PB se especializou na compra do produto em rama e no seu beneficiamento efetuado pelos três descaroçadores de 90 serras, marca Piratininga. Após o beneficiamento, geralmente a fibra é encaminhada para o Consórcio Natural Fashion de Campina Grande, PB ou a empresa de vestuário Natural Cotton Color de João Pessoa, PB e a semente para o mercado específico, ficando a CAMPAL intermediando o beneficiamento e participando com uma fatia significativa do lucro da operação. O empresário Sandoval Farias em parceria com a Campal adotou outra alternativa de agregação de valor à matéria prima, que em vez de comercializar o algodão em rama, estava terceirizando para uma empresa fiadora da Paraíba para comercializar o fio colorido orgânico com o mercado.


C a p í t u l o I | 83 Assim, o uso sistemático das miniusinas para o beneficiamento do algodão colorido orgânico pelas comunidades organizadas de pequenos agricultores do semiárido constitui o veículo mais eficiente na melhoria da rentabilidade das famílias, por vender a fibra e os subprodutos sem intermediário.

Miniusinas de Beneficiamento nas Comunidades A região semiárida do Nordeste de produção de algodão em agricultura familiar testemunhou a gradativa difusão das miniusinas para descaroçamento da fibra de algodão. Esse equipamento representa uma ferramenta importante para a agregação de valor ao algodão colorido orgânico colhido nas comunidades dos produtores familiares, onde constitui, em muitos casos, a principal fonte de renda. A primeira unidade piloto de beneficiamento foi instalada no município de Juarez Távora, PB, tendo sido transformado o Assentamento Margarida Maria Alves em comunidade pólo de produção de algodão e de beneficiamento por agregar mais de 4 comunidades da região.

Direcionada para agricultura familiar, cada miniusina é capaz de beneficiar 2 toneladas de algodão por dia. A mesma ocupa cinco trabalhadores, pois seu abastecimento e a condução da fibra para a prensa é feito manualmente (EMBRAPA ALGODÃO, 2001). O fardo é de volume similar ao obtido na prensa grande, enquanto o seu peso na pequena prensa oscila entre 110 e 120 quilos (Figura 53), enquanto na prensa grande o peso fica entre 190 e 200 quilos. Além da miniusina de 50 serras, recentemente a Metalúrgica Barros de Campina Grande – PB, desenvolveu um novo protótipo itinerante de 20 serras para atender comunidades pequenas de até 10 produtores (Figuras 54).

Figura 53. Fardos de fibra de algodão com diferentes tonalidades: Rubi, marrom, safira e verde. Campina Grande-PB, 2008.


C a p í t u l o I | 84

Figura 54. Miniusina itinerante composta por: um descaroçador de 20 serras, uma pequena prensa de fibra e um reboque para acoplar ao veículo. Fotos: Arquivo da Embrapa Algodão

Como vantagem relacionada à produção orgânica é que, ainda que em pequena escala, existem soluções para seu beneficiamento, como o caso dos fardos produzidos pela miniusina de 20 serras, que tem o mesmo volume do fardo da indústria de grande porte (peso de 200 kg do fardo, cuja dimensão é: 50,5 cm x 104,1 cm), no entanto, com uma densidade menor [entre 80 a 100 kg]. Sua capacidade de beneficiamento é de 100 a 150 de algodão em rama/ hora.

A título de exemplificação, 1kg de fibra de algodão branco orgânico, no Brasil, é comprado por empresas como Veja (Empresa Francesa) e TudoBOM a um custo de R$ 7,50/kg de fibra e, para o algodão orgânico colorido, o valor pago é de R$ 11,50/kg de fibra. O próprio cooperado beneficia sua produção, vende toda fibra com base num contrato fixado com antecedência com as referidas empresas, enquanto uma parte das


C a p í t u l o I | 85 sementes é armazenada para plantio, em garrafas PET, e restante do material é utilizado na alimentação animal (bovinos).

Além da Paraíba, os agricultores organizados em associações dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas e Pernambuco poderão beneficiar o algodão colorido nas pequenas descaroçadoras de 50 serras instaladas nas comunidades rurais, as quais foram produzidas pela Metalúrgica Barros e adquiridas pelo Governo Federal, visando atender o programa da COEP (Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida). Essas miniusinas foram instaladas nas seguintes comunidades de agricultores familiares contempladas pelo programa: Engenho Velho no município de Barro, CE; Furnas em Surubim, PE; Lagoa de Dentro em São José de Piranhas, PB; Quixabeira em Nova Cruz, RN; e também inclui os assentamentos Margarida Maria Alves em Juarez Távora, PB e José Rodrigues Sobrinho em Água Branca, AL. Enquanto outras unidades de beneficiamento de algodão (pequenos descaroçadores) estão desativadas e foram instaladas nas cidades de Paulistana, PE e Brejinho, PE pelo projeto Dom Hélder Câmara.

Particularmente no Nordeste, a venda da produção é feita na forma de algodão em caroço; esse modelo retira do pequeno agricultor plantador de algodão a possibilidade de agregar valor à sua produção. A Embrapa Algodão estima que o produtor tenha um lucro de até 30% sobre o algodão em rama, principalmente pelo fato das comunidades de agricultores assistidas pela COEP só produzir o algodão não convencional (orgânico) e realiza sua comercialização separadamente como sementes e fibra.

Terceirização do Beneficiamento pelas Comunidades A partir do ano 2000, outra modalidade de produção de algodão foi executada pela associação dos agricultores de Serrinha no município de Bom Sucesso-PB, os quais envolveram como parceiros a Embrapa Produtos e Mercado (Embrapa PM) e a cooperativa CAMPAL de beneficiamento de algodão, para produção de sementes acabadas (com línter) de algodões pertencentes ao programa de produção de sementes básicas da Embrapa PM. Para atender tal programação de sementes, a CAMPAL (máquinas de 90 serras) firmou contrato com a referida associação para terceirização do beneficiamento da sua produção de algodão em caroço, sendo cobrada uma taxa de 20% de toda pluma produzida no beneficiamento, incluindo também os 2% de taxa da associação dos agricultores de Serrinha. Além dos serviços prestados de beneficiamento,


C a p í t u l o I | 86 está também embutido na taxa de 20% as despesas do transporte do algodão em caroço entre o campo e a usina e as de sacarias de colheita. O restante da fibra (80%) é do produtor, a qual é comercializada diretamente para a indústria têxtil (QUEIROGA et al., 2001).

Esses pequenos empreendedores da associação de Serrinha podem servir como referência para outras comunidades do Nordeste, desde que haja competência técnica e organização dentro da comunidade dos produtores familiares, dispensando assim a aquisição de equipamentos caros de beneficiamento do algodão em caroço (Figura 55). Em primeiro lugar, a comunidade terá que se reunir com os parceiros da cadeia produtiva do algodão e depois firmar contrato de beneficiamento para produzir sementes acabadas, destacando que o principal propósito da comunidade é fomentar sementes com línter para abastecer os produtores de sementes certificadas de algodão orgânico do seu Estado.

Figura 55. Máquinas descaroçadoras de 90 serras para terceirização do beneficiamento da produção dos produtores familiares. Patos, PB. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.

Por outro lado, a confecção dos fardos de fibra (entre 195 e 210 kg) é feita por meio de prensa, acionada por uma unidade hidráulica composta de um ou mais pistões de 10 ou 12 polegadas, instalados na parte inferior do conjunto, sendo considerada a bomba de óleo comprimido de menor consumo de energia do que a bomba mecânica (Figura 56). É importante destacar que com a evolução dos maquinários da indústria têxtil, o comprimento da fibra deixou de ser a principal característica tecnológica exigida pelo mercado, ficando atualmente a resistência e a finura em primeiro lugar.


C a p í t u l o I | 87

Figura 56. A- Prensa hidráulica de fibra de algodão de duas caixas e um pistão, acionado por B- bomba de pressão de óleo (marca Hidromáquina B8). Fotos: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva e Vicente de Paula Queiroga.

Pré-limpeza das Sementes Deslintadas Mecanicamente (Tipo Abrasivo) Após as etapas de deslintamento mecânico abrasivo, as sementes totalmente deslintadas são classificadas por tamanho por meio de um conjunto de peneiras com furos de tamanho diferentes (Figura 57). Essa máquina de pré-limpeza de sementes sem línter de algodão está projetada para remover eficientemente os materiais estranhos contidos dentro do lote. A eficiência dessa máquina para produzir sementes deslintadas mais limpas ou padronizadas, dependerá do desempenho da etapa de deslintamento mecânico (tipo abrasivo) realizado sobre as sementes para eliminar totalmente o seu línter. Suas peneiras de pré-limpeza possuem bandejas de 60 polegadas de largura e tem uma capacidade nominal de 75-100 tons por dia.


C a p í t u l o I | 88

Figura 57. Esquema de funcionamento da máquina de ar e peneiras: A- Moega; BVentilador aspirador; C- Primeira peneira; D- Segunda peneira; E- Terceira peneira; FVentilador de impulsão; G- Depósito de impurezas leves; H- Saída de sementes limpas; e I) Saída de impurezas grossas. Sementes de algodão classificadas em cinco tamanhos diferentes através da máquina de ar e peneiras, após o deslintamento e sementes com línter antes do deslintamento. Fotos: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva e Patrícia Brunetta.

Em geral, todos os lotes de sementes devem passar inicialmente pela máquina de ar e peneiras, pois muitos lotes podem ser completamente limpos por meio desse equipamento (VAUGHN et al., 1976). Além disso, a pré-limpeza e/ou classificação prévia das sementes em diferentes tamanhos na máquina de ar e peneiras, favorecem uma separação mais precisa na mesa de gravidade.

Seleção de Sementes em Mesa de Gravidade O emprego do deslintamento mecânico abrasivo das sementes de algodão é de fundamental importância econômica porque, ao eliminar completamente o línter, as sementes são submetidas ao processo de seleção em mesa de gravidade. Consequentemente, esse processo poderá influir consideravelmente na obtenção de sementes de elevado valor cultural, reduzindo os custos de produção, por dispensarem as práticas do desbaste e do replantio e assegura uma melhor regulagem das máquinas (GREGG, 1969; QUEIROGA, 1985).

As pesquisas têm evidenciado que a inclusão da mesa gravitacional na linha de beneficiamento é vantajosa para o aprimoramento da qualidade das sementes de algodão (Figura 58). A evolução da qualidade do material pode ser avaliada quando se toma por base o início do deslintamento mecânico abrasivo das sementes com línter até a etapa


C a p í t u l o I | 89 final da mesa de gravidade. Ao estudar essas perdas em toda linha de beneficiamento, estima-se uma perda de 20 a 25% de massa de sementes. Ou seja, essa perda quantitativa de sementes é possível exemplificar da seguinte forma: para cada 100 kg de sementes com línter irá resultar em 75 a 80 kg de sementes deslintadas de alta qualidade no final do processo de classificação em mesa de gravidade

Figura 58. A operação na mesa de gravidade seleciona e melhora a qualidade das sementes deslintadas de algodão.

Os equipamentos que separam pela densidade, como a mesa de gravidade, têm sido amplamente usados na indústria de sementes já que melhoram a qualidade ao retirar do lote sementes danificadas, chocas, perfuradas por pragas, partidas ou trincadas, doentes, ou outros materiais indesejáveis que são geralmente leves do que as sementes boas. Isto permite a comercialização de uma porção do lote de sementes que de outra forma seria descartada como sementes por não preencher os requisitos mínimos de qualidade dos padrões recomendados pelo MAPA. Envasamento e Armazenamento de Sementes Após o deslintamento mecânico abrasivo e a classificação em mesa de gravidade, as sementes são embaladas em sacaria de papel e armazenadas, aguardando a próxima semeadura. O Serviço de Produção de Sementes Básicas da Embrapa Algodão, em Campina Grande-PB, recomenda o armazenamento das sementes de algodão por no máximo oito meses, nas condições ambientais e com teor de umidade abaixo dos 10%. São utilizados sacos de papel multifoliados, com capacidade para 15 kg ou 22,5 kg de sementes orgânicas deslintadas (Figura 59). Geralmente, essas embalagens consistem de duas ou mais camadas de papel kraft, protegidas por uma capa externa de papel mais resistente. Entre as paredes multifoliadas, podem-se colocar capas especiais de asfalto, polietileno ou alumínio delgado, para maior proteção contra efeitos da umidade. O saco


C a p í t u l o I | 90 de embalagem cumpre a função não apenas de facilitar o manuseio e o transporte, mas, também, de manter a qualidade das mesmas (PIVA, 2013).

Figura 59. Identificação da embalagem multifoliada de sementes para comercialização e máquinas ensacadoras de sementes com balança. Fotos: Eleusio Curvelo Freire e Vicente de Paula Queiroga.

Em cada sacaria, a rotulação deve conter todas as informações capazes de identificar o produto e o produtor de sementes, como sementes certificadas, nome e endereço do produtor de sementes, número de registro do produtor junto ao MAPA, CNPJ da Empresa de Sementes, espécie, cultivar, lote, peneira, safra, pureza e germinação mínima, prazo de validade do teste de germinação, peso líquido, etc (QUEIROGA; BELTRÃO, 2001; Figura 59).

Com relação ao armazenamento de sementes, limpar todas as instalações antes de usá-las, para evitar misturas acidentais. Além disso, é necessário identificar todos os lotes de sementes armazenados no galpão. Não recomenda empilhar lotes de sementes de uma espécie ou variedade em cima de lotes de outra espécie ou variedades. É necessário manter espaços e corredores adequados para circulação de pessoal e amostragem, bem como divisões que permitam imediata identificação entre os diferentes lotes de sementes numa mesma fileira. Periodicamente, os lotes devem ser inspecionados, a fim de verificar anormalidades como: umidades, insetos, etc. O tamanho de cada lote de sementes não pode ultrapassar a quantidade de 20 toneladas (Figura 60).


C a p í t u l o I | 91

Figura 60. Sementes de algodão envasadas em sacos de papel multifoliados e valvulados, empilhados sobre estrados de madeira.

Outro fator importante segundo Villela e Menezes (2009), é o tempo de armazenamento onde a deterioração das sementes não pode ser impedida, todavia, a velocidade do processo de deterioração pode ser minimizada por meio de procedimentos adequados de produção, colheita, beneficiamento, transporte e armazenamento.

Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), no armazenamento, a velocidade do processo deteriorativo pode ser controlada em função da longevidade, qualidade inicial das sementes e das condições do ambiente. Entre as várias etapas pelas quais as sementes passam após a colheita, o armazenamento assume papel importante, principalmente no Brasil, devido às condições climáticas tropicais e subtropicais. É nessa fase que os produtores necessitam ter grande cuidado, visando à preservação da qualidade, diminuindo a velocidade do processo deteriorativo e o problema de descarte de lotes (MACEDO et al., 1998).

Para Villela e Menezes (2009), o potencial de armazenamento de diferentes lotes de sementes de uma espécie, sob condições ambientais similares, é determinado pela qualidade fisiológica inicial. O teste de germinação, pelo fato de não avaliar completamente a qualidade de um lote e por oferecer ótimas condições às sementes, possibilita a formação de plântulas normais a partir de sementes em diferentes estádios de deterioração.


C a p í t u l o I | 92 Armazenamento dos Fardos de Fibra Tanto o algodão em caroço como o já beneficiado (fibra), deve ser armazenado adequadamente, para não se ter problemas de redução de qualidade (Figura 61).

Figura 61. Fardos de fibra de algodão armazenados na Cooperativa da CAMPAL de Patos, PB.

No caso dos produtores de uma determinada comunidade de produtores beneficiarem seu próprio algodão, então ela deve ter uma estrutura para armazenar o algodão em caroço, fardos e as sementes, desde que as mesmas sejam usadas para o plantio do ano seguinte, ou, também, se a comunidade for cooperada de um produtor oficial de sementes certificadas. Para a fibra, deve-se ter um armazém com circulação de ar, sem a possibilidade de entrar água de chuvas, com estrados de madeira, sem pontos de tomadas elétricas e com todos os requisitos para a segurança do armazém, em especial contra incêndios e umidade excessivas. A umidade em excesso pode produzir fermentação da fibra dentro do fardo e provocar os chamados Cavitomas, fenômeno da cavitomia, ocasião em que o produto entra em combustão dentro do fardo (EMBRAPA ALGODÃO, 2002). Fenômeno de Cavitomia Uma vez colhido o algodão, especial atenção deve ser dispensada à secagem natural, ao beneficiamento e ao armazenamento, pois esses processos podem afetar a qualidade da semente e, principalmente, da fibra se não forem bem conduzidos (QUEIROGA et al., 1994).

A umidade do algodão em caroço não deve ultrapassar de 11% no momento da colheita (colher apenas os capulhos bem abertos). Quando o algodão em caroço apresenta


C a p í t u l o I | 93 umidade inadequada deve ser submetido à secagem natural (ao sol) sobre uma lona ou quadra cimentada, reduzindo-a para o nível de 9% (SILVA; CARVALHO, 2008), consequentemente, irá obter maior eficiência durante o seu processo de beneficiamento. Ou seja, o excesso de umidade do algodão faz com que o mesmo seja transportado aos montes nas máquinas de limpeza, transporte e descaroçamento, causando entupimento (embuchamento), danos às máquinas e limpeza ineficiente (SHAW; FRANK, 1966; CLAVIJO, 1990). O ideal é armazenar o algodão em caroço entre 8 a 10%. Este algodão com excesso de umidade nos armazéns provisórios do produtor rural e algodoeira (tulhas) pode produzir fermentação da fibra e provocar a sua combustão espontânea, fenômeno da cavitomia que raramente ocorre no fardo de fibra, devido não ser possível efetuar o beneficiamento do algodão em caroço com a umidade elevada (EMBRAPA ALGODÃO, 2001; SILVA; CARVALHO, 2008).

Para evitar incêndio na unidade algodoeira tradicional, o prédio é planejado para funcionar em três compartimentos separados: a) Unidade de recebimento, qualificação e armazenamento temporário da matéria-prima (algodão em caroço); b) Unidade principal de instalação das máquinas (limpadores, descaroçadores e prensa), onde ocorre a extração da fibra das sementes e c) Unidade complementar de armazenamento da fibra, abrangendo também o armazenamento de sementes (SILVA; CARVALHO, 2008).

Para atender o programa da agricultura familiar, são instaladas as miniusinas de 50 serras de algodão e a prensa manual ou hidráulica num prédio de dimensão bastante limitada, o que leva a descumprir as normas de segurança para um produto (algodão) altamente inflamável. Por considerar as máquinas pequenas, um só compartimento do prédio ocupa ao mesmo tempo: recebimento do algodão em caroço, instalação dos descaroçadores e prensa e armazenamento dos fardos de fibra, ou seja, não se isola a matéria prima (algodão em caroço) e fibra do setor das máquinas. Esse problema tem sido constatado em Paulistana, PI (Figura 62), o que ocasionou um incêndio de elevada proporção por um dos três motivos: 1. Provavelmente pode ter ocorrido combustão espontânea do algodão em caroço com umidade em excesso (acima de 16%), chamado de Cavitomas, por falta de fiscalização de um profissional no ato do recebimento da produção;


C a p í t u l o I | 94

2. Ou pelo fato da unidade desmontadora não apresentar os requisitos necessários de segurança contra incêndio e umidade excessiva: armazém sem circulação de ar, possibilidade de entrar água de chuvas; sem estrado de madeira; e a instalação elétrica inadequada com pontos de tomadas (EMBRAPA ALGODÃO, 2001);

3. Ou devido à falta de cuidado durante a colheita, por conseguinte o algodão em caroço apresenta corpos estranhos (arame, detritos da cultura, pedras, terras, barbantes, etc) o que não é eliminado pelo limitado limpador acoplado ao descaroçador de 50 serras, podendo ocasionar desgaste nos dentes das serras do descaroçador (SILVA; CARVALHO, 2008) e, ao mesmo tempo, esse atrito pode gerar uma fagulha, provocando a combustão da fibra, que geralmente é detectado pelo cheiro queimado na caixa da prensa. Uma vez prensada a fibra suspeita, normalmente o fardo é deixado isolado dos demais fardos de pluma por 4 a 5 dias, ou, de imediato, a fibra estragada é eliminada desfazendo o fardo de fibra (Figura 63).

Figura 62. Prédio e máquinas de 50 serras e prensa da mini desmontadora de algodão de Paulistana, PI: A) Antes do Incêndio e B, C) Após incêndio em 2010 com o prédio lotado de algodão e as máquinas danificadas (descaroçador e prensa hidráulica). Fotos: Vicente de Paula Queiroga.


C a p í t u l o I | 95

Figura 63. Eliminação de pluma de algodão em processo inicial de combustão. Foto: Vicente de Paula Queiroga.

Mercado e Comercialização Na região algodoeira do Nordeste brasileiro a comercialização do algodão em caroço é formada por uma cadeia de intermediários, desde a colheita até o processamento de comercialização com as indústrias têxteis. Em geral, o produtor negocia sua lavoura com a unidade de descaroçamento mais próxima da área de produção, apesar de que seria mais viável para o mesmo negociar diretamente com a indústria têxtil. Esta comercialização é mais estabelecida com a usina algodoeira, em razão do apoio logístico recebido pelo produtor, tais como: recursos financeiros, sacarias e transporte, em troca do compromisso de entrega da produção do algodão em caroço por um preço acordado antecipadamente entre ambos.

Para evitar esse intermediário do algodão em caroço e com o propósito de obter maior lucro, é aconselhável que o produtor faça parte de uma comunidade organizada, que já possua sua própria miniusina e utilize a mão-de-obra familiar no processo de descaroçamento, de modo que a comercialização da fibra seja separada das sementes.

Os produtores têm comercializado sua produção de algodão colorido ecológico diretamente com o CoopNatural e a empresa de vestuário Natural Cotton Color. Essas empresas são formadas por várias pequenas microempresas de confecções nas respectivas


C a p í t u l o I | 96 cidades de Campina Grande, PB e de João Pessoa, PB, as quais são responsáveis pelo desenvolvimento de uma coleção de moda com a malha do algodão colorido (Figura 64). Por sua vez, essa coleção de moda foi apresentada na FENIT de São Paulo e de Brasília, e nos vários eventos realizados pelo país, promovidos pela Embrapa Algodão, e também no exterior: Holanda e Alemanha, tornando uma tecnologia social conhecida, no Brasil e no mundo.

Figura 64. Coleção de moda com a malha confeccionada do algodão colorido marrom pela Natural Fashion. Campina Grande, PB.

Coeficientes Técnicos Neste tópico se apresentam os coeficientes técnicos para implantação (Tabelas 5, 6 e 7) de um hectare de algodão colorido nos espaçamentos de 1,00m com 04 a 12 plantas por metro linear com preparo manual e mecanizado. A produção da lavoura de algodão, nas condições de sequeiro e de irrigação, poderá ser estimada em 1.000 e 2.000 kg, respectivamente.


C a p í t u l o I | 97

Tabela 5. Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de algodão colorido herbáceo orgânico em condições de sequeiro. CUSTO DE PRODUÇÃO – ALGODÃO COLORIDO / I,0 ha ATIVIDADE/INSUMO UNID QUANT ATIVIDADES Preparo do solo h/t 3,5 Plantio Matraca H/d 2,0 Aplicação de esterco de curral em fundação H/d 5,0 Desbaste H/d 4,0 Cultivador d/h/a 3,0 Retoque a enxada H/d 15,0 Catação de b. florais H/d 4,0 Preparo de biofertilizantes H/d 1,0 Aplicação de biofertilizantes H/d 1,0 Preparo de inseticidas orgânicos H/d 4,0 Pulverizações com inseticidas orgânicos d/h/a 10,0 Colheita Kg 1000,0 Destruição soqueiras H/d 4,0 INSUMOS Sementes deslintadas mecanicamente Adubo de fundação/ Esterco de curral Biofertilizantes (10 kg de esterco de gado + 250 g de esterco de galinha +250 gramas de açúcar cristalizado ou refinado + completar os 20 litros com água). Colocar o produto numa lata e vedar a boca com plástico por cinco dias. A calda pronta deve ser diluída, misturando 1 litro da calda para cada 10 litros de água.

Kg ton

20,0 20,0

L

20,0

Inseticidas orgânicos (5 kg de folhas + picagem das folhas + macerar as folhas no liquificador ou pilão + fermentação por oito dias + coar no pano + adicionar 1 litro de detergente neutro. A calda pronta deve ser diluída, misturando 2 litros da calda para cada 20 litros de água. L d/h = dias/homem h/tr = hora trator

20,0


C a p í t u l o I | 98 Tabela 6. Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de algodão colorido arbóreo orgânico em condições de sequeiro.

CUSTO DE PRODUÇÃO – ALGODÃO COLORIDO / I,0 ha ATIVIDADE/INSUMO UNID QUANT ATIVIDADES Preparo do solo h/t 3,5 Plantio Matraca H/d 2,0 Aplicação de esterco de curral em fundação H/d 5,0 Desbaste H/d 4,0 Cultivador d/h/a 3,0 Retoque a enxada H/d 15,0 Catação de b. florais H/d 4,0 Preparo de biofertilizantes H/d 1,0 Aplicação de biofertilizantes H/d 1,0 Preparo de inseticidas orgânicos H/d 4,0 Pulverizações com inseticidas orgânicos d/h/a 10,0 Colheita Kg 800,0 Destruição soqueiras H/d 4,0 INSUMOS Sementes deslintadas mecanicamente Adubo de fundação/ Esterco de curral Biofertilizantes (10 kg de esterco de gado + 250 g de esterco de galinha +250 gramas de açúcar cristalizado ou refinado + completar os 20 litros com água). Colocar o produto numa lata e vedar a boca com plástico por 5 dias. A calda pronta deve ser diluída, misturando 1 litro da calda para cada 10 litros de água. Inseticidas orgânicos (5 kg de folhas + picagem das folhas + macerar as folhas no liquificador ou pilão + fermentação por oito dias + coar no pano + adicionar 1 litro de detergente neutro. A calda pronta deve ser diluída, misturando 2 litros da calda para cada 20 litros de água.

Kg ton

20,0 20,0

L

20,0

L

20,0


C a p í t u l o I | 99 Tabela 7. Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de algodão colorido orgânico em condições de irrigação. CUSTO DE PRODUÇÃO – ALG. IRRIGADO / I,0 ha ATIVIDADE/INSUMO UNID QUANT ATIVIDADES Preparo do solo h/t 3,5 Plantio H/d 2,0 Aplicação de esterco de curral em fundação H/d 5,0 Desbaste H/d 6,0 Cultivador H/d/a 3,0 Retoque a enxada H/d 20,0 Catação de botões florais H/d 4,0 Preparo de biofertilizantes H/d 1,0 Aplicação de biofertilizantes H/d 1,0 Preparo de inseticidas orgânicos H/d 4,0 Pulverizações com inseticidas orgânicos d/h/a 10,0 Irrigação H/d 10,0 Colheita Kg 2000,0 Energia (tarifa verde) Kwa 1200,0 Energia (tarifa normal) kwa 1000,0 Destruição de soqueiras H/d 6,0 INSUMOS Sementes deslintadas mecanicamente Adubo de fundação/ Esterco de curral Biofertilizantes (10 kg de esterco de gado + 250 g de esterco de galinha +250 gramas de açúcar cristalizado ou refinado + completar os 20 litros com água). Colocar o produto numa lata e vedar a boca com plástico por 5 dias. A calda pronta deve ser diluída, misturando 1 litro da calda para cada 10 litros de água. Inseticidas orgânicos (5 kg de folhas + picagem das folhas + macerar as folhas no liquificador ou pilão + fermentação por oito dias + coar no pano + adicionar 1litro de detergente neutro. A calda pronta deve ser diluída, misturando 2 litros da calda para cada 20 litros de água.

Kg ton

20,0 20,0

L

20,0

L

20,0


C a p í t u l o I | 100 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, R. P.; SILVA, C. A. D. Manejo integrado de pragas do algodoeiro. In: BELTRÃO, N. E. M. O agronegócio do algodão no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999. p.753-820.

AMARAL, J. A. B.; SILVA, M. T. Zoneamento Agrícola de Algodão Herbáceo no Nordeste Brasileiro Safra 2006/2007 – Estado da Paraíba. Embrapa Algodão, Campina Grande, 11 p. 2006 (Comunicado Técnico 301). ANGELINI, A. L'association “mais-coton” ou “arachide-coton” em Côte d'Ivoire. Coton et fibres tropicales, v. 18, n.3, p.273-280, 1963.

ANUARIO BRASILEIRO DO ALGODÃO-2004, Algodão. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2004, 144p.

AUGSTBURGER, F.; BERGER, J.; CENSKOWSKY, U.; HEID, P.; MILZ, J.; STREIT, C. Agricultura orgánica en el trópico y subtrópico: guías de 18 cultivos: ajonjolí (sésamo).1. ed., Gräfelfing: Naturland, 2000. 30p.

AZEVEDO, F. R.; VIEIRA, F. V. Levantamento populacional de pragas do algodoeiro em condições de sequeiro. Ciência agronômica, v.33, n.1, p.15–19, 2002.

BAKER, D. N.; MYHRE, D. L. Leaf shape and photosynthetic potential in cotton. In: Proc. Beltwide Cotton Prod. Res. Conf., Hot Springs, p.103-109, 1968.

BANCO DO NORDESTE. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste ETENE. Utilização de máquinas e implementos agrícolas nos estabelecimentos rurais do Nordeste, Informe Rural ETENE, v.4, n.9, 2010.

BELTRÃO, N. E. M. O Agronegócio do Algodão no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999. 1023p.


C a p í t u l o I | 101 BELTRÃO, N. E. M.; SOUZA, J. G.; AZEVEDO, D. M. P.; NÓBREGA, L. B.; VIEIRA, D. J.; LEÃO, A. B. Qualidade extrínseca do algodão brasileiro: situação atual e como melhorá-la. In: BELTRÃO, N. E. M.; AZEVEDO, D. M. P. (Ed.). O Agronegócio do Algodão no Brasil. 2. ed. v. 1. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2008. p.1139-1198.

BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, R. M.; BRAGA SOBRINHO, R. Possibilidades do cultivo do algodão orgânico no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA/CNPA, 1995, 36p. (Documentos n.42).

BELTRÃO, N. E. M.; SILVA, O. R. R. F.; RIBEIRO, V. G.; CARVALHO, L. P. Desenvolvimento e avaliação de um catador de botões florais atacados pelo bicudo e caídos no solo. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 1997. 7p. (EMBRAPA-CNPA. Pesquisa em Andamento, 37).

BELTRÃO, N. E. M.; VIEIRA, D. J. O agronegócio do gergelim no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p.121-160. 348p.

BELTRÃO, N. E. M.; CARVALHO, L. P. Algodão Colorido no Brasil, e em particular no Nordeste e no Estado da Paraíba. Campina Grande: Embrapa-Algodão, 2004. 17p. (Embrapa-Algodão. Documentos, 128).

BLEICHER, E. Uso da catação de botões florais no controle do bicudo do algodoeiro. In: REUNIÃO NACIONAL DO ALGODÃO, 6., 1990, Campina Grande. Resumo dos trabalhos. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1990. p.40.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº. 25, de 16 de dezembro de 2005. Estabelecer normas específicas e os padrões de identidade e qualidade para produção e comercialização de sementes de algodão, arroz, aveia, azevém, feijão, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trevo vermelho, trigo, trigo duro, triticale e feijão caupi. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 20/05/2007.


C a p í t u l o I | 102 BOSCH, R. Van den; MESSENGER, P. S.; GUTIERREZ, A. P. An introduction to biological control. New York: Plenum Press, 1982, 247p.

BUENDIA, J. P. L.; PURCINO, A. A. C.; FERREIRA, L. Espaçamento e densidade de plantio na cultura do algodoeiro (G.hirsutum, L.) no Estado de Minas Gerais- Projeto Algodão, Relatório Anual. 74/75. Belo Horizonte, 1976, p.271-321.

CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p.

CLAVIJO, C. A. D, Federation Nacional e Algodoneros, Bases Técnicas para el cultivo del algodón en Colombia, 1990, p.633-653. COLORIDO entra na moda natural. In: ANUÁRIO BRASILEIRO DO ALGODÃO – 2001. Santa Cruz do Sul: gazeta grupo de comunicações, 2001. p. 38 – 39.

COSTA, A. A.; SILVA, C. D.; MACÊDO, R. C.; SILVA, M. N. B.; MOREIRA, J. M. Convivência com as pragas do algodoeiro no Curimataú paraibano. Revista Agriculturas: Experiências em Agroecologia, n.1, v. 5, p. 7-10, 2008.

CUNHA, L. J. C. Ajuste na colheita. Cultivar Máquinas, v.13, p.06-08, 2002.

DANTAS, I.P. Manual técnico: receitas simples, puras, ecológicas e sustentáveis. [S.l.: s.n.], 2001.

DIACONIA. Produção agroecológica: algodão. Recife, 2007. 23 p. (Série Cultivos Agroecológicos).

EMBRAPA ALGODÃO (Campina Grande, PB). Miniusina de beneficiamento de algodão de 50 serras e prensa hidráulica: uma alternativa para associação de pequenos agricultores. Campina Grande, 2001. Folder.

EMBRAPA ALGODÃO (Campina Grande, PB). BRS VERDE. Campina Grande, 2002. Folder.


C a p í t u l o I | 103

EMBRAPA ALGODÃO (Campina Grande, PB). BRS 200 Marrom. Cultivar de algodão de fibra colorida. Campina Grande, 2007. Folder.

EMBRAPA ALGODÃO (Campina Grande, PB). BRS Rubi. Campina Grande, 2007. Folder.

EMBRAPA ALGODÃO (Campina Grande, PB). BRS Safira. Campina Grande, 2007. Folder.

GREGG, B. R. Associations among selected physical and biological of gravity graded cottonseed. State College, Mississippi State Univ., 1969, Dissertation (Doutorado). Mississippi State University, 1969.

GRIDI-PAPP. I. L.; CIA, E.; FUZATTO, M. G.; SILVA, N. M.; FERRAZ, C. A. M.; CARVALHO. N.; CARVALHO, L. H.; SABINO, N. P.; KONDO, J. I.; PASSOS, S. M. G.; CHIAVEGATO, E. J.; CAMARGO, P. P.; CAVALERI, P. A. Manual do produtor de algodão. São Paulo: Bolsa de Mercadorias & Futuros, 1992. 155p.

GUERRA, M. S. Receituário caseiro: alternativas para o controle de pragas e doenças de plantas cultivadas e seus produtos. Brasília, DF: Embrater, 1985. 166p. (Informações Técnicas, 7).

LAMAS, F. M.; STAUT, L. A. Espaçamento e densidade. In: EMBRAPA. Algodão: Tecnologia de produção. Dourados: EMBRAPA, 2001. p.135-139, 296p.

MACEDO, E.; GROTH, D.; SOAVE, J. Influência da embalagem e do armazenamento na qualidade fisiológica de sementes de algodão. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, DF, v.20, n.2, p.454-461, 1998. MEIRELLES, L. A Certificação de Produtos Orgânicos – caminhos e descaminhos, Centro Ecológico Ipê, novembro de 2003, disponível no site da Rede Ecovida http://www.ecovida.org.br.


C a p í t u l o I | 104 MEIO AMBIENTE/ ECOLOGIA. Saiba mais sobre o Nim – inseticida orgânico. 2007. Disponível em: http://www.emater.rn.gov.br/artigos.asp?cod=57. Acesso em: 25 de fevereiro de 2008.

OOSTERHUIS, D. M. Growth and development of a cotton plant. In: CIA, E., FREIRE, E. C., SANTOS, W. J. (ed.) Cultura do algodoeiro. POTAFOS, Piracicaba, Brasil. p.124, 1999.

ORGÂNICO, o difícil é produzir. Anuário Brasileiro do Algodão, Santa Cruz do Sul, p. 40-41, 2001.

PIERCE, J. P. B.; YATES, P. E.; HAIR, C. J. Crop management and microclimate effects on immature boll weevil mortality in Chihuahuan desert cotton fields. Southewestern Entomologist. v. 26, n.1, p.87-93, 2001.

PIVA, D. L. P. D. Hidróxido de sódio na neutralização do ácido sulfúrico no deslintamento de sementes de algodão. 2013. 24f. Tese - (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes) - Universidade Federal de Pelotas, RS. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Pelotas.

PRIMAVESI, A. A agricultura em regiões tropicais: O manejo ecológico do solo. SãoPaulo: Nobel, 1980. 541p.

QUEIROGA, V. P. Cultura do algodão herbáceo no Rio Grande do Norte. Natal: EMPARN, 1983. 51p.

QUEIROGA, V. P. Análise econômica dos processos de melhoria de qualidade das sementes de algodão herbáceo. Campina Grande: Embrapa/CNPA, 1985. 10p.

QUEIROGA, V. P.; BEZERRA, J. E. S.; CORREIA, L. J. Deslintamento à flama da semente de algodão (Gossypium hirsutum L.). Revista Brasileira de Sementes. BrasíliaDF: ABRATES, v.15, n.1, p.07-12, 1993.


C a p í t u l o I | 105 QUEIROGA, V. P.; BARROS, M. A. L.; VALE, L. V., MATOS, V. P. Influência da colheita, armazenamento temporário e beneficiamento nos caracteres tecnológicos do algodão herbáceo. Revista Ceres, Viçosa, MG, v.41, n.236, p.337-357, 1994.

QUEIROGA, V. P.; BELTRÃO, N. E. M. Produção de Sementes. In: O agronegócio do gergelim no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p.285-301. 348p.

QUEIROGA, V. P.; BELTRÃO, N. E. M.; ROSINHA, R. C.; LOBO JUNIOR, J. P. Produção de sementes de algodão por pequenos produtores, como método de transferência de tecnologia. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2001.

QUEIROGA, V. P.; SILVA, O. R. R. F. Tecnologias utilizadas no cultivo do gergelim mecanizado. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2008. 142p. (Embrapa Algodão. Documentos, 203).

QUEIROGA, V. P.; CARVALHO, L. P.; CARDOSO, G. D. Cultivo do algodão colorido orgânico na região semiárida do Nordeste brasileiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2008. 50p. (Embrapa Algodão. Documentos, 204).

QUEIROZ FILHO, V. Agricultura orgânica e biodinâmica consultoria, projetos e cursos: cursos práticos de agricultura orgânica. Petrolina: [s.n.], 2005, 45p.

RAMALHO, F. S. Cotton pest management: Part 4. A Brasilian perspective. Annual Review of Entomology, p.563-578, 1994.

RAMALHO, F. S.; SILVA, J. R. Período de emergência e mortalidade natural do bicudodo-algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.28, n.11, p.1221-1231, 1993.

REVIER, P. R.; YOUNG, A. W. Field Inspection Techniques in Seed Production. Austin, Texas: Departamento de Agricultura do Texas, Divisão de Certificação de Campos de Sementes. 1972.16p.


C a p í t u l o I | 106 RIGHI, N. R.; FERRAZ, C. A. M.; CORREA, D. M. Cultura. In: INSTITUTO BRASILEIRO DE POTASSA. Cultura e adubação do algodoeiro. São Paulo, 1965, p.255-317.

SANTOS, J. B.; FREIRE, E. C.; PEDROSA, M. B.; SILVA FILHO, J. L.; FERREIRA, G. B.; TAVARES, J. A.; ALENCAR, A. R.; EVANGELISTA, R. C. C.; OLIVEIRA, W. P. Avaliação da Perda em Produtividade de Cultivares de Algodoeiro em Função da Colheita Mecanizada no Oeste da Bahia. In: Congresso Brasileiro de Algodão, 5, 2005, Salvador. Anais... Campina Grande: Embrapa CNPA, 2005. 1 CD.

SCOTT, W. P.; LLOYD, E. P.; BRYSON, J. O.; DAVICH, T. B. Trap plots for suppression of flow density overwintered populations of boll weevils. Journal Economic of Entomology. v.17, p.229-283, 1974.

SEGUY, L.; KLUTHCOVSKI, J.; SILVA, J. G.; BLUMENSHEIN, F. N.; DALLACQUA, F. M. Técnicas de preparo do solo: efeitos na fertilidade, na conservação do solo, nas ervas daninhas e na conservação da água. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1984. 26p. (EMBRAPA–CNPAF. Circular Técnica, 17).

SHAW, C. S.; FRANKS, G. N. Limpieza y extracción. In: Estados Unidos. Departamento de Agricultura. Manual para desmotadores de algodón. Roque Sáez Peña, Chaco: INTA, 1966, p.76-87.

SILVA, C. A. D.; ALMEIDA, R. P. Manejo integrado de pragas do algodoeiro no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1998. 65p. (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 27).

SILVA, O. R. R. F.; CARVALHO, O. S. Beneficiamento. In: BELTRÃO, N. E. M.; AZEVEDO, D. M. P. (Editores). O agronegócio do algodão no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica. 2008, p.1199-1232.

SILVA, C. A. D.; RAMALHO, F. S.; ALMEIDA, R. P. Manejo integrado de pragas do algodoeiro. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1997. (Folder).


C a p í t u l o I | 107 SILVA, M. N. B.; BELTRÀO, N. E. M.; CARDOSO, G. D. Adubação do algodão colorido BRS 200 em sistema orgânico no Seridó Paraibano. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, n.2, p.222-228, 2005.

SILVA. O. R. F.; QUEIROGA, V. P.; BEZERRA, R. C.; SANTOS, J. W. Influência do beneficiamento e do deslintamento na germinação e vigor da semente de algodão herbáceo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 3. 2001, Campo Grande, MG. Anais... Campo Grande: 2001, p.923-924.

SILVA, O. R. R. F.; BELTRÃO, N. E. M.; MEDEIROS, J. C.; CARTAXO, W. V. Colheita transporte e armazenamento. In: BELTRÃO, N. E. M; AZEVEDO, D. M. P. O agronegócio do algodão, 2 rev. ampl. Brasília: EMBRAPA, 2008, p.1293-1309.

SILVIE, P. J. Controle das pragas do algodão por práticas culturais e manipulação do habitat. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas. Campina Grande, v.3, p.1183– 1196, 2006.

SOARES, F. P.; PAIVA, R.; NOGUEIRA, R. C.; OLIVEIRA, L. M.; PAIVA, P. D. O.; SILVA, D. R. G. Cultivo e usos do nim (Azadirachta indica A. Juss). Boletim Agropecuário, Universidade Federal de Lavras, n.68, p.1-14, 2003.

SWEZEY, S. L.; GOLDMAN, P.; JERGENS R.; VARGAS, R. Preliminary studies show yield and quality potential of organic cotton. California Agriculture. n.53, v.4, p.9-16, 1999.

VAUGHAN, C. E.; GREGG, B. R.; DELOUCHE, J. C. Beneficiamento e manuseio de sementes. Trad. C.W. Lingerfelt; F. F. Toledo. Brasil: AGIPLAN, 1976. 195p.

VILLELA, F. A.; MENEZES, N. L. O potencial de armazenamento de cada semente. Seed News, Pelotas, v.8, n.4, p.22-25, jul. / ago. 2009.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.