GERGELIM ORGÂNICO TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO
Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque (Editores Técnicos)
REVISTA CIENTÍFICA
GERGELIM ORGÂNICO TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO
1ª edição
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB
ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br
CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone
VICENTE DE PAULA QUEIROGA TARCÍSIO MARCOS DE SOUZA GONDIM FRANCISCO DE ASSIS CARDOSO ALMEIDA ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE ORGANIZADORES
GERGELIM ORGÂNICO TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO
1ª EDIÇÃO
ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB
2017
©Copyright 2016 by
Organização do Livro VICENTE DE PAULA QUEIROGA, TARCÍSIO MARCOS DE SOUZA GONDIM, FRANCISCO DE ASSIS CARDOSO ALMEIDA E ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Capa Flávio Torrês de Moura Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Data de fechamento da edição: 14-03-2017
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
Q3g
Queiroga, Vicente de Paula. Gergelim orgânico: Tecnologia de produção. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque. – Campina Grande: AREPB, 2017. 165 f. : il. color. ISBN 978-85-67494-21-0 1. Sistema de produção. 2. Agricultura familiar. 3. Processamento. 4. Gergelim Orgânico. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Gondim, Tarcísio Marcos de Souza. III. Almeida, Francisco de Assis Cardoso. IV. Albuquerque, Esther Maria Barros de. V. Título. CDU 633.8
Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal.
O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.
A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.
Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.
Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.
Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br
ORGANIZADORES
Vicente de Paula Queiroga (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA Campina Grande, PB (Brasil)
Tarcísio Marcos de Souza Gondim (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa do Algodão - CNPA Campina Grande, PB (Brasil)
Francisco de Assis Cardoso Almeida (Dr) Professor Associado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola Centro Tecnológico e Recursos Naturais Universidade Federal de Campina Grande, PB (Brasil)
Esther Maria Barros de Albuquerque (Drª) Doutora em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande-UFCG Campina Grande, PB (Brasil)
APRESENTAÇÃO A agricultura familiar sustentável é capaz de persistir no tempo, por corresponder a uma unidade de produção na qual prevalece a propriedade, o trabalho e a gestão financeira da família; envolvendo além dos fatores econômicos, a preservação do patrimônio ecológico e as condições sociais. Neste contexto, a cultura do gergelim (Sesamum indicum L.) se apresenta como alternativa de grande importância nutricional, econômica e social para as condições semiáridas do Nordeste brasileiro, por possibilitar a diversificação agrícola com excelentes potencialidades econômicas, agronômicas e sociais, em decorrência de suas características de tolerância à seca e facilidade de manejo. Ademais, pode ser utilizado na alimentação humana in natura ou por meio de processos industrializados. É um alimento de alto valor nutricional, rico em óleo e proteínas. Além de fins alimentares, suas sementes encontram diversas aplicações nas indústrias farmacêutica, cosmética e óleo-química. A torta obtida da prensagem das sementes se constitui em excelente concentrado para alimentação animal. A principal demanda de gergelim procede da indústria alimentícia, sendo que 70% da produção de sementes, na maioria dos países importadores, são utilizadas para a elaboração de óleo e farinha. Dependendo da variedade, a semente integral do gergelim pode conter 54,08% de óleo e 21,83% de proteína, além de ser considerada rica em aminoácidos sulfurados, característica rara entre as proteínas de origem vegetal (QUEIROGA; SILVA, 2008). Em síntese, a cadeia do gergelim no semiárido nordestino apresenta vantagens técnicas, econômicas e sociais, podendo vir a ser alternativa de baixo custo para alimentação humana e animal e, o seu cultivo contribuir para a fixação do pequeno especialmente, e médio produtor no campo. Por fim, convidamos aos interessados na cultura do gergelim, a avaliar as informações imprescindíveis ao seu conhecimento, preparadas pelos autores deste livro.
Autores
PREFÁCIO
Publicar o estado da arte do gergelim com foco na sua produção pelos agricultores familiares da região semiárida do Brasil remete ao levantamento de informações relevantes na literatura pertinente a esta oleaginosa. O material contempla tópicos de relevância quanto ao cultivo orgânico do gergelim.
Na revisão do material tivemos a preocupação de propor uma escrita de fácil interpretação e direta ao assunto, a fim de alcançar produtores rurais, extensionistas, pesquisadores e curiosos nas temáticas abordadas. As figuras ficaram de tal modo, autoexplicativas e as informações condensadas em uma leitura fácil e explicativa.
Para a elaboração deste livro foi consultado uma ampla bibliografia desde teses, dissertações, monográficas, artigos, comunicados técnicos, boletins, resumos de congresso e textos dos próprios autores. No entanto é importante comentar que este se encontra aberto a sugestões e críticas dos leitores.
A você leitor uma boa leitura.
SUMÁRIO CAPÍTULO 1. GERAÇÃO DE TECNOLOGIA – Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Pe. Henrique Geraldo Martinho Gereon, José de Anchieta Moura, Esther Maria Barros de Albuquerque ................................................................................................................... 11 CAPÍTULO 2. ECONOMIA - Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque...18 CAPÍTULO 3. CADEIA DE PRODUÇÃO - Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque ................................................................................................................... 28 CAPÍTULO 4. PRODUÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA - Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Ayicé Chaves Silva, Esther Maria Barros de Albuquerque .................................................................. 37 CAPÍTULO 5. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO - Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque................................................................................................... 50 CAPÍTULO 6. PRAGAS E DOENÇAS DO GERGELIM - Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque ............................................................................ 84 CAPÍTULO 7. PROCESSO DE COLHEITA DO GERGELIM - Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque ............................................................................ 97 CAPÍTULO 8. PROCEDIMENTOS PARA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE GERGELIM - Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Paulo de Tarso Firmino, Ayicé Chaves Silva, Esther Maria Barros de Albuquerque .......................................................................... 115 CAPÍTULO 9. PROCESSO DE DESPELICULAÇÃO DE SEMENTES DE GERGELIM – Francisco de Assis Cardoso Almeida, Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos Souza Gondim, Joselito de Sousa Moraes, Esther Maria Barros de Albuquerque ................................................................................................................. 136 CAPÍTULO 10. COEFICIENTES TÉCNICOS - Vicente de Paula Queiroga, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Esther Maria Barros de Albuquerque ................................................................................................................. 152 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 155
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Capítulo 1
GERAÇÃO DE TECNOLOGIA
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Pe. Henrique Geraldo Martinho Gereon José de Anchieta Moura Esther Maria Barros de Albuquerque
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INTRODUÇÃO
O agricultor familiar do Brasil é responsável por mais de 30% da produção agropecuária nacional. No tocante ao Nordeste brasileiro, a agricultura familiar fica bem caracterizada pelos seguintes números: ocupa 43,5% da área regional, engloba 88,3% dos estabelecimentos existentes e é responsável por 43% do Valor Bruto da Produção Regional (VBPR), utilizando apenas 26,5% dos financiamentos (TORRES et al., 2006).
A cultura do gergelim (Sesamum indicum L.) constitui-se em alternativa de grande importância econômica e social para as condições semiáridas do Nordeste brasileiro, por ser de fácil cultivo, apresentar tolerância a estiagem e, principalmente, por gerar renda e trabalho e por ser fonte de alimento para pequenos e médios produtores. Os mesmos utilizam tecnologias tradicionais de simples manejo para essa cultura, tendo como consequência elevada dependência de mão-de-obra familiar nos períodos de semeadura, desbaste e colheita /beneficiamento (BELTRÃO et al., 1994; QUEIROGA, BELTRÃO, 2001; QUEIROGA; SILVA, 2008).
As áreas do semiárido do Nordeste brasileiro destacam-se como possuidoras de condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo do gergelim de forma ecológica, em microrregiões que exercem papel preponderante na redução natural de pragas da referida lavoura. Além disso, as características das propriedades locais, ocupadas basicamente por agricultores familiares, que cultivam espécies diversificadas e usam a mão-de-obra familiar, adequamse à produção de gergelim neste tipo de sistema de exploração. A transferência de tecnologia do gergelim orgânico ao produtor, que contou com maior abrangência de comunidades rurais, iniciou-se no estado do Piauí e depois difundiu-se para o Rio Grande do Norte, no município de Lucrecia, RN com apoio do programa da Jica e no município de Choró, no estado do Ceará, que tem o apoio técnico da Esplar.
No município de São Francisco de Assis do Piauí-PI, a Fraternidade de São Francisco de Assis (FFA) é a entidade coordenadora dos trabalhos nas comunidades rurais e, desde a sua criação, vem desenvolvendo algumas atividades nas áreas de abrangência da paróquia local, visando à diversificação da produção e à melhoria da qualidade de vida dos produtores da região. Para isto, a FFA tem buscado apoio de algumas entidades para capacitar e acompanhar os produtores no desenvolvimento das atividades agrícolas, tais
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como: apicultura (mel orgânico), criações de animais de pequeno porte (caprinos e galinhas caipiras), cultivo de espécies alimentares, oleaginosas e fibrosas. Neste contexto, a Embrapa Algodão tem sido uma empresa parceira da FFA desde o ano de 2003.
O projeto delineado pela FFA é transformar os produtores das comunidades de São Francisco de Assis do Piauí em pequenos empreendedores rurais, visando dar maior sustentabilidade à produção do gergelim orgânico e, principalmente, possibilidades para poderem viver com dignidade na área rural do Semiárido brasileiro. Nesse sentido, o nível tecnológico da exploração do gergelim pelas comunidades sofreu alteração, ou seja, o sistema produtivo do gergelim passou do estado de "cultura de fundo de quintal" para o de plantio em escala comercial, com lotes de até dois hectares por família. Novas tecnologias como: cultivar recomendada com características de sementes de cor branca e teor de óleo acima de 50%; utilização de semeadora mecânica manual, que dispensa o desbaste e efetua a semeadura no espaço de tempo de duas horas por ha; espaçamentos de 90 cm entre fileiras; época adequada de colheita, indicada pelo amarelecimento do caule, das hastes e das folhas e abertura dos frutos da base do caule; beneficiamento de sementes sobre lona para evitar a mistura de areia no produto; programação da semeadura, para colheita do gergelim na época de ausência de chuvas; cultivo orgânico; rotação de cultura etc, foram demonstradas nas seis Unidades de Teste e Demonstração (UTDs), pela Embrapa Algodão.
Em princípio, vale destacar que a validação tecnológica do sistema de produção do gergelim orgânico desenvolvido pela Embrapa Algodão no Estado do Piauí está mais focada em duas etapas: semeadura e colheita. Estas importantes etapas são consideradas o “gargalo” dentro do sistema produtivo do gergelim, em razão de demandarem bastante mão-de-obra e elevarem o custo de produção. Uma vez recebendo, as comunidades rurais organizadas, algumas tecnologias de baixo custo, as quais serão colocadas à serviço da coletividade, consequentemente os produtores ficarão mais incentivados em aumentar sua área de produção com gergelim orgânico (QUEIROGA et al., 2011).
Essas ações estratégicas foram suficientes para incrementar, em cerca de 30%, a produção de gergelim nas seis comunidades de São Francisco de Assis do Piauí-PI (Lagoa do Juá, Vereda Comprida, Lagoa da Povoação, Veredas, Barreiro Grande e Barra Bonita), que, em organização, podem participar de forma sustentável da economia do município. Já o
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cultivo de fundo de quintal do gergelim, considerado uma tradição no meio rural nordestino, perpetua a pobreza e destrói a capacidade de competição do produtor no mercado globalizado, principalmente por não aproveitar o potencial econômico do gergelim orgânico e pela pouca opção de cultivo rentável existente para as condições do Semiárido do Nordeste.
Sob as condições adversas da safra de 2007, a qual foi caracterizada por um inverno bastante irregular e uma precipitação pluvial máxima de 200 mm, os pequenos produtores de São Francisco de Assis do Piauí-PI plantaram cerca de 30 hectares de gergelim e obtiveram um volume de produção de aproximadamente 7.000 kg de sementes, de forma orgânica, sem uso de defensivos químicos. O desempenho produtivo do gergelim superou as expectativas dos produtores, em relação a outros cultivos tradicionais, como os de milho, mamona e feijão, os quais são importantes para o ambiente dessa região em conjunto com essa experiência ecológica de produção e a rusticidade do gergelim.
Uma vez definida a nova cultivar de gergelim BRS Seda, de cor branca, espécie que veio se juntar às demais culturas de subsistência, a meta da FFA para 2008 foi ampliar a área de cultivo de gergelim orgânico para 100 ha. Esse plantio do gergelim ecológico no município de São Francisco de Assis do Piauí (a 62 km de Simplício Mendes, PI) foi realizado nos dias 28 e 29 de janeiro de 2008, nas seis comunidades rurais citadas anteriormente. Em cada comunidade, foi selecionada uma área de ½ ha de um produtor para funcionar como a UTD matriz (Escola de Campo). Nessas seis UTDs matrizes, os agricultores eram convocados pela rádio local para se reunirem e receberem as aulas práticas diretamente no campo durante as diferentes fases da lavoura do gergelim a partir de orientações de pesquisadores da Embrapa (Figura 1), visando criar um efeito positivo no processo de apropriação tecnológica pelos produtores familiares, cujos conhecimentos adquiridos deverão ser aplicados nos seus lotes (UTDs filiais) e multiplicados aos demais.
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Figura 1. Tecnologias transferidas pela Embrapa Algodão e apropriadas pelos produtores das comunidades de São Fracisco de Assis do Piauí e de Bela Vista do Piauí, os quais se reúnem nas UTDs matrizes para realizarem atividades em forma de mutirão.
Objetivando verticalizar a cultura do gergelim até a fase de limpeza, garantindo um produto de qualidade com registro do Instituto Biodinâmico (IBD; Figura 2) para a comercialização e possível agroindustrialização no polo de produção de gergelim orgânico no ano de 2011 do município de Simplício Mendes, PI. Um total de 122 famílias, envolvidas diretamente no cultivo do gergelim orgânico, foram distribuídas em 07 grupos nos municípios de São Francisco de Assis e Bela Vista do Piauí, sendo,
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Comunidade Mulungu - São Francisco de Assis, 18 na Comunidade Baixas – São Francisco de Assis, 12 na Comunidade Barreiro Grande – São Francisco de Assis, 14 na Comunidade Nova Casa – Bela Vista do Piauí, 22 na Comunidade Santiago – Bela Vista do Piauí, 11 na Comunidade Sítio – Bela Vista do Piauí e 25 na Comunidade Ladeira – Bela Vista do Piauí. Esse polo é composto por produtores organizados em Grupos/Comunidades. Em cada grupo/comunidade foi implantada uma UTD (Unidade de Teste e Demonstração) para facilitar o acompanhamento e apropriação de tecnologia pelos produtores durante todo o ciclo da cultura (preparo do solo, plantio, tratos culturais e fitossanitários (bioinseticidas), colheita, pré-limpeza, limpeza, armazenamento e comercialização. A produção de 54 toneladas de sementes de gergelim tem sido comercializada para a CONAB por um preço médio de R$ 4,50 (quatro reais e cinquenta centavos) por kg, ficando apenas R$ 3,00/ kg para o produtor, já descontando as despesas de frete e 17% de ICMS. Também foi beneficiado a quantidade de 500 kg de sementes de
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gergelim na miniusina (prensa do fabricante Ecirtec modelo MPE-40) de extração de óleo, tendo obtido um rendimento de apenas de 30%, o que equivale a extração de 75 litros de óleo extra-virgem. O óleo foi comercializado pela cooperativa ao preço de R$ 60,00 por litro.
Figura 2. Certificado do gergelim orgânico (50 ton) produzido pelos produtores do Piauí, o qual foi emitido pelo IBD de Botucatu, SP em 2011.
Botânica O gergelim Sesamum indicum L. (Sesamum orientale L.) é uma planta dicotiledônea que pertence à família das Pedaliaceae. É uma planta arbustiva que cresce em forma retilínea e alcança uma altura entre 1 e 2 metros. O período vegetativo geralmente é de 3 a 4 meses. Essa planta oleaginosa é oriunda da Savana da África tropical e foi levada até a Índia e China, onde vem sendo cultivada até a presente data (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000). A raiz principal do caule é muito forte e possuem raízes secundárias que formam uma rede que alcança até um metro de profundidade e como estão em simbioses com fungos micorrizos, o qual lhe permite uma boa nutrição e absorção de água. O caule é quadrado e segundo o tipo apresenta muitas ramificações, com algumas poucas exceções. Das três inflorescências que brotam entre as axilas foliares, geralmente crescem no meio e formam entre 4 e 10 cápsulas em forma de leque. A cápsula quando amadurece se racha desde o alto a baixo nas paredes de separação, permitindo assim deixar as paredes centrais livres,
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as quais estão contidas as sementes. O peso de mil sementes é de 2,5 – 3,2 g. A semente poderá ser de cor branca, amarela, vermelha, marrom ou preta. O tempo de duração da maturação é curto, de 80 a 130 dias. A fase de floração e maturação se produz na planta desde a parte inferior (flores ou frutos) até a parte superior e dura várias semanas (entre 3 a 5 semanas, dependendo da cultivar; ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000).
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Capítulo 2
ECONOMIA
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque
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PAÍSES PRODUTORES
O limite Norte para o cultivo do gergelim, encontra-se no paralelo 42º. Ao Sul, encontrase no paralelo 35º. A zona de maior produtividade se encontra entre os limites 25º Norte e os 25º Sul. Apesar de sua adaptação ideal em lugares secos, o gergelim pode ser cultivado em lugares mais úmidos, tropicais e subtropicais. A espécie Sesamum indicum tem maior importância de cultivo do que as variedades do Sesamum alatum (África tropical) e Sesamum radiatum (África, Ásia e Sudamérica; AUGSTBURGER et al., 2000). Desde os anos 50, já existiam variedades nas quais a capsula não se rompe (indeiscente) e atualmente são colhidas por máquina trilhadora. Esses tipos de variedades são utilizados principalmente nos USA, Austrália e Rússia, porém não possuem a mesma resistência e rendimento de colheita em comparação com as variedades deiscentes ou plantas com cápsulas que se rompem (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000). Além do Brasil, os países que têm cultivos ecológicos de gergelim são: Peru, México, El Salvador, Nicarágua, Índia, Sri Lanka, Paraguai, Turquia, Uganda e China. O cultivo ecológico no El Salvador produz rendimentos de sementes limpas (sem sujeiras) entre 450 a 520 Kg/ha, sendo requerido 350 kg/ha para cobrir os custos de sua produção. Na Nicarágua, a média de colheita pode variar entre 350 a 400 kg/ha, mas a produção corre o risco de ser prejudicada, porque o período de colheita coincide com a época de chuvas em anos desfavoráveis. Enquanto no Peru é possível colher até 800 kg/ha, ficando bem acima da produtividade média mundial do gergelim convencional que é de 330 kg/ha (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000).
Produção no Nordeste do Brasil A produção de gergelim orgânico no período de 2007 a 2011 dos produtores familiares das comunidades de São Francisco de Assis do Piauí e Bela Vista do Piauí esteve sempre evoluído conforme Tabela 1, mas declinou atingindo níveis baixíssimos em virtude das secas, nos últimos 5 anos, que assolaram à produção em geral na região semiárida do Nordeste brasileiro.
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Tabela 1. Evolução da produção do gergelim orgânico produzido pelos agricultores familiares das comunidades de São Francisco de Assis do Piauí e de Bela Vista do Piauí no período de 2007 a 2011 e sua redução produtiva influenciada pela seca nos anos posteriores. Período
Produção de grãos de
Período
gergelim (ton)
Produção de grãos de gergelim (ton)
2007
07
2012
0,3
2008
10
2013
2,8
2009
15
2014
3,2
2010
24
2015
4,1
2011
54
2016
0,8
Fonte: Cooperativa da Comapi de Simplício Mendes, PI
Para o ano agrícola de 2017, a tendência que se espera é de aumento na área colhida e na produção de gergelim nas comunidades organizadas do Piauí, principalmente em relação à 2012/2016, em razão da grande demanda do produto orgânico e por seu atual preço elevado no mercado brasileiro. O retorno e a inclusão de outras regiões à produção de gergelim são hipóteses factíveis, prevendo-se em médio prazo o retorno da produção no semiárido aos níveis de 2010 e 2011, desde que a Embrapa e as outras instituições agrícolas governamentais promovam várias atividades técnicas que visem a melhoria na qualidade de vida desses produtores.
Produção de Gergelim Orgânico Através de Pequenos Empreendedores Familiares Para se alcançar êxito com a cultura do gergelim orgânico, é necessário fomentar a associatividade dos produtores ao longo da sua cadeia produtiva, visando conseguir maior rentabilidade na exploração da referida lavoura. Ou seja, a melhor maneira de obter uma oferta exportável competitiva do gergelim orgânico, de qualidade padronizada e com volumes significativos, de acordo com as circunstâncias da região semiárida do Nordeste, é formando a associação entre pequenos agricultores familiares. O mercado nacional de gergelim é limitado e por este motivo não valoriza tanto a qualidade do gergelim orgânico como o mercado internacional. Esta exportação do gergelim orgânico já vem ocorrendo em pequena escala pelo Brasil, segundo dados levantados por Soares (2004). Outra vantagem da venda do gergelim para o mercado
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internacional, é que os principais países importadores não estabelecem cotas de comercialização, em razão dos mesmos não plantarem gergelim e, portanto, não há concorrência interna com o produto importado. Esta associação de pequenos produtores poderá superar suas principais restrições ao mercado externo, tendo também a oportunidade de aproveitar o potencial agrícola que tem o Brasil frente a outros países competidores internacionais. Esta abertura de mercado orgânico irá permitir a agregação de um maior valor ao produto gergelim. A questão da exportação do gergelim orgânico para o exterior depende da competência gerencial de quem esteja a frente de uma associação ou cooperativa ou grande empreendedor rural. No caso da associação dos pequenos produtores de gergelim do município de São Francisco de Assis do Piauí este problema não constitui mais um paradigma, porque estes pequenos empreendedores já têm a experiência de vários anos de comercialização da sua produção de mel orgânico para os USA e Europa. Para a agricultura em geral, atualmente é importante investir na gestão da qualidade do produto e do ambiente. Com este diferencial, o governo brasileiro poderia dar prioridade a um programa de produção de gergelim orgânico, com exclusividade para a região semiárida do Nordeste, pelas suas condições climáticas favoráveis a tal espécie. Este nicho de mercado orgânico tem incidido cada vez mais na preferência da população rica dos países importadores, tais como: Alemanha, USA, Japão, Holanda, exigindo que os seus produtos apresentem um nível de qualidade elevada. Especialmente se recomenda a aplicação e divulgação de Boas Práticas Agrícolas (BPA) e Boas Práticas de Manufatura (BPM) para que a associação dos produtores de gergelim possa implementar o selo de certificação de qualidade e o controle do meio ambiente.
Perfil de Alguns Importadores e Processadores de Gergelim Orgânico na Europa Em primeiro lugar é necessário destacar que o principal destino dos produtos agrícolas brasileiros é o mercado externo. Com o gergelim não poderia ser diferente, principalmente quando se trata de um produto natural sem nenhum tipo de agrotóxico e adubos químicos. Este mercado pode constituir numa commodity se as produções orgânicas dos grãos de gergelim forem de qualidade uniforme e em grande escala comercial. Além disso, o Brasil tem competência técnica para concorrer no mercado orgânico com os demais países exportadores da Ásia, África, América Central, Oriente Médio etc. O gergelim produzido no Brasil é voltado para exportação porque não há tradição de
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consumo interno; há um grande mercado interno inexplorado de produtos naturais dentro do próprio país. As importações orgânicas constituem no domínio de importadoras especializadas no nicho de produtos orgânicos. Importadores importantes de gergelim na Alemanha e Holanda são: Care Naturkost, Tradin, Doens, Do-it e Worlee. Davert Mühle é considerada a maior empresa que importa gergelim diretamente do país de origem de produção. Provence Regime SA da França é uma extratora que também importa desde a origem de produção (KOEKOEK, 2006). O perfil do mercado para o gergelim destes 3 países (importadores de produto orgânico) será apresentado a seguir:
1. Importadores e processadores de gergelim 1.1. Worlée Naturprodukte GmbH, Hamburgo Worlée Naturprodukte GmbH de Hamburgo faz parte do Grupo Worlée, é uma empresa familiar fundada em Hamburgo em 1851. É um provedor de ingredientes de alta qualidade para a indústria alimentícia europeia. Esta empresa importa gergelim orgânico e tem unidade própria de processamento. Worlée importa umas 400 toneladas de sementes de gergelim por ano. A semente deve estar completamente limpa (100%), sem nenhum teor de areia.
1.2. Davert Mühle, Senden, Alemanha Davert é, em primeiro lugar, uma empresa distribuidora que abastece uma rede de alimentos saudáveis na Alemanha, usando sua própria marca Davert. Esta é uma das marcas líderes na Alemanha. Ademais, a empresa importa, processa e embala produtos orgânicos. Alguns produtos se comercializam em atacado, ainda que a empresa também realize parte de suas vendas aos supermercados. Davert é uma importadora muito importante de gergelim orgânico, chegando a alcançar 20 contêineres anuais de gergelim natural. Este produto é processado por Davert antes de vendê-lo a varejistas e panificadoras. As demandas de qualidade são muito altas, requerendo-se um grau de limpeza de 99,96 por cento.
1.3. Tradin BV Amisterdã Tradin BV é uma empresa importadora e exportadora líder no comércio de produtos básicos orgânicos e um dos maiores importadores de gergelim orgânico. O proprietário
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de Tradin tem sido um dos protagonistas no desenvolvimento da produção de gergelim orgânico no México, Paraguai e Zâmbia.
1.4. Doens Foor Ingrredients BV IJzendijke, Holanda Doens é uma empresa familiar dedicada a importação e ao processamento de produtos básicos, sobretudo grãos e sementes. A empresa, fundada em 1880, está dirigida por Walter Doens. Doens está especializada em limpeza, classificação e moagem de produtos básicos. A empresa é uma importadora importante de gergelim orgânico.
1.5. DO-IT BV, Holanda DO-IT é um importador importante de produtos básicos orgânicos, mas sua presença no mercado de gergelim é relativamente pequena. Todavia, pode haver interesse em comprar mais gergelim.
1.6. A.L. van Eck & Zonen BV, Zevenbergen, Holanda Van Eck & Zn é tanto importador como fornecedor de sementes para a indústria de panificação. Os centros de produção estão localizados nos EE.UU. especialmente os de sementes de girassol. A empresa abastece as panificadoras de toda Europa. Esta empresa deseja abrir uma linha orgânica. O gergelim convencional é obtido da Índia.
2. Empresa extratora de azeite 2.1. Provence Regime SA, Pont St. Espris, França Provence Regime é uma empresa extratora e importadora. Para a extração do óleo se usa o método frio. A empresa oferece azeite orgânico e convencional extraído com o método frio e produtos elaborados orgânicos sobre a base de gergelim, como o tahini. A empresa importa volumes substanciais de gergelim diretamente de Burkina Faso e de algum outro país de origem de produção.
2.2. Ölmühle Kroppenstedt GmbH, Kroppenstedt, Alemanha Compra pequenas quantidades de gergelim de abastecedores alemães. 2.3. Huilerie Moog, Bram, França Uma das três maiores extratoras da França. A semente de gergelim é comprada diretamente no país de origem de produção, de Burkina Faso e Etiópia.
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2.4. Ölmühle Solling, GmbH, Bevern, Alemanha Compra as sementes de gergelim de fornecedores europeus. 2.5. Soluna Ölmanufaktur – Werkhof Ringenwalde, Alemanha É uma extratora pequena que abastece azeite de gergelim orgânico de alta qualidade.
Comércio: Requerimentos de Qualidade Vale salientar que as normas legais de qualidade são exigências impostas pelos importadores, os quais podem entrar em acordo com os exportadores para ajustar os graus mínimos e máximos diferentes da Tabela 2, desde que estas mudanças se encontrem dentro dos marcos que estabelecem os padrões legais.
Tabela 2. Padrões de qualidade dos grãos de gergelim adotados pelos importadores (AUGSTBURGER et al., 2000). Características determinantes de qualidade Sabor e cheiro
Umidade
Graus mínimos e máximos Específico do tipo, fresco, não rançoso, não embolorado (mofado) (99,96 %). Livre de agentes externos como areia, pedrinhas, restos de fibra, insetos etc Máximo 5-7 %
Resíduos Pesticidas Bromo Óxido de etileno
Não detectado Não detectado Não detectado
Metais pesados Cádmio (Cd)
Máximo 0,8 mg/kg
Microrganismos Germes em total Leveduras e mofos Enterobacteriaceae Escherichia coli Staphylococcus aureus Salmonelas Coliformes
Máximo 10.000/g Máximo 500/g Máximo 10/g Não detectável Máximo 100/g Não detectável em 25 g Máximo 10/g
Micotoxinas Aflatoxina B1 Soma das aflatoxinas B1, B2, G1, G2
Máximo 2 µg/kg Máximo 4 µg/kg
Pureza
Devido à baixa incidência de chuvas que ocorre no período de secagem das medas no campo na região semiárida do Nordeste, o risco de contaminação por aflatoxina praticamente não existe, principalmente se o produtor planejou seu plantio para ser
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colhido na ausência de chuvas. Esta incidência de fungos é mais provável que ocorra nos grãos estocados com elevada umidade em consequência da falta de supervisão do produto armazenado ou por falha no processo de secagem (AUGSTBURGER et al., 2000). Para satisfazer as exigências de qualidade e evitar contaminação eventual do gergelim, o processamento das sementes deve ser efetuado em condições de absoluta higiene e limpeza. A seguir, algumas recomendações que devem ser adotadas pelo exportador:
- Todo equipamento, área de trabalho e de secagem, os espaços e armazéns da empresa devem ser limpos periodicamente. - O pessoal da empresa deve apresentar bom estado de saúde e higienização, devendo usar o banheiro para tomar banho e roupa de trabalho (tocas e máscaras descartáveis, enquanto as batas devem ser limpas e laváveis). - A água que se usa para limpeza deverá estar livre de coliformes fecais e outros contaminantes. - Evitar o contato de excrementos de animais com o produto. Exportação do Gergelim Produzido no Paraguai Apesar de sua área de gergelim orgânico ser insignificante, o Paraguai é considerado o maior produtor de gergelim convencional em condições de sequeiro da América Latina. Na safra 2008/2009, esse país plantou uma área de 140 mil ha e uma produção de quase 63 mil ton. de grãos, enquanto no Brasil a área plantada, nesta safra, foi de apenas 25 mil ha e a produção de 16 mil ton, sendo toda produção realizada pelos agricultores familiares com área variando entre 1 a 2 ha. Esses pequenos produtores do Paraguaio antes eram produtores de algodão e, por sua falta de viabilidade econômica, os mesmos mudaram radicalmente para o cultivo do gergelim. Apesar da região de produção do gergelim não oferecer condições satisfatórias por chover bastante durante a colheita, o que aumenta os riscos de perda de qualidade decorrente do contato do grão com a umidade, escurecendoo. Mesmo assim estima-se que exista nesse país mais de 100 mil agricultores familiares, organizados em associações e cooperativas, envolvidos na produção do gergelim (Figura 3). Toda produção de grãos de gergelim é comercializada pelas cooperativas e associações dos agricultores familiares para cinco empresas instaladas no Paraguaio. Antes da exportação de toda produção para o exterior (Figura 4), os grãos são submetidos ao beneficiamento e classificação numa U.B.S., através de máquinas de ar e peneira e mesa de gravidade, respectivamente. A empresa japonesa Shirosawa Co. destaca-se em volume
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de compra e exportação, que representa a metade da comercialização da produção de grãos de gergelim do Paraguaio e destina 72% da sua exportação de grãos para o Japão.
Figura 3. Detalhe da compra de gergelim no Paraguaio sob risco de chuvas. Fotos: Pericles Valinotti.
Figura 4. Organograma de exportação dos grãos de gergelim para vários países pela empresa Shirosawa, instalada na cidade de Limpio, Paraguaio. Fonte: Ocit - Shirosawa Co. S.A.I.C.
Na safra 2000/2001, o gergelim não orgânico produzido no Paraguai atingiu a maior produtividade média de 860 kg/ha de grãos, mas na safra 2007/2008 essa produtividade decresceu para o nível de 580 kg/ha em razão de problemas de diversas ordens: grande quantidade de produtores envolvidos no sistema produtivo sem capacitação técnica, baixa fertilidade do solo, preparo do solo inadequado e incidência elevada de doenças e pragas. A variedade Escoba Blanca chega a ser cultivada por mais de 90% dos produtores
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paraguaios, em razão de ser o material de cor branca de maior aceitação (torta do grão branco não amarga, servindo de alimentação humana) pelo mercado externo (QUEIROGA et al., 2014). Aplicações e Substâncias Existentes Em muitos países da África e Ásia, o cultivo de gergelim como fruto comercial é bastante insignificante, porque é um produto alimentício básico produzido para o consumo diário. A produção diária de gergelim, assim como de amendoim em muitas partes da África, é obrigação das mulheres. Os homens em contrapartida cultivam frutos comerciais. O cultivo de gergelim como fruto comercial depende, portanto, das modificações dos costumes culturais e sociais (AUGSTBURGER et al., 2000). Os brotos e as folhas novas das variedades S. alatum e S. radiatum se consumem em África Ocidental como verdura. As sementes de gergelim se consumem diretamente por ser altamente nutritivas ou se utilizam para refinar os produtos confeitados como os de pastelaria. Os sabores amargos (ácido oxálico) das cascas de sementes se elimina com vapor. Com o gergelim despeliculado, preparam-se sopas e purê. A palha do gergelim cuidadosamente secada pode ser aproveitada em forma limitada como forragem (AUGSTBURGER et al., 2000). Uma grande parte da produção de gergelim é utilizada para a extração do óleo comestível. O teor de óleo está entre 40 e 60%, e as proteínas oscilam entre 17 e 29%. O óleo produzido da primeira prensagem a frio, encontra-se entre os óleos comestíveis mais caros no mercado. Trata-se de um óleo de cor amarelo claro, não secante e suporta altas temperaturas. A boa qualidade do óleo se obtém essencialmente pelo alto teor do ácido linoleico (35 a 41% do óleo total). Em virtude de seus oxidantes sesamina e sesamolina, o óleo de gergelim tem elevada longevidade, consequentemente não se rancifica desde que as sementes utilizadas na sua extração apresentem umidade abaixo de 4%. A torta do prensado contém entre 40 e 70 de proteína e apenas 12% de óleo, além de ser considerada um excelente alimento para os animais (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000). No mercado convencional, assim como no ecológico, a semente branca e uniforme de gergelim tem maior demanda, devido que a proporção de óleo ser maior em comparação a semente de outras cores. O óleo de gergelim do segundo prensado, em presença de aquecimento, tem, depois da extração, menor qualidade do que o óleo prensado a frio. Esse óleo se utiliza para a produção de sabonetes, pinturas, cosméticos e produtos farmacêuticos (ASOCIACIÓN NATURLAND, 2000).
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Capítulo 3
CADEIA DE PRODUÇÃO
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque
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ORGANIZAÇÃO DA CADEIA DO GERGELIM
A região semiárida do nordeste do Brasil conta com condições agroecológicas satisfatórias ao cultivo do gergelim orgânico, em função do clima seco e quente não serem favorável à proliferação de pragas e doenças. Em algumas comunidades do Piauí (São Francisco de Assis do Piauí, Bela Vista, Simplício Mendes), Rio Grande do Norte (Lucrécia), Paraíba (Várzea) e Ceará (Tauá) têm surgido alternativas econômicas especificamente para os produtores familiares, por se tratar de um produto de alta qualidade com um forte posicionamento no mercado internacional (QUEIROGA et al., 2008). A produção do gergelim no semiárido se realiza numa combinação de tradicional e com baixo nível tecnológico. Ou seja, os produtores executam os trabalhos e métodos de produção como: trator para preparo de solo; tração animal para aração da terra, plantio com máquina semeadora, semeadura com garrafa pet, controle manual das plantas daninhas, adubo orgânico, uso de bioinseticidas, etc. A mão de obra é familiar e local. Existem dois métodos de produção: o agroecológico e orgânico, este último o certificado é emitido pela empresa IBD de Botucatu, SP ou a ONG Mãe Terra. As sementes brancas orgânicas ou agroecológicas, como as variedades BRS Seda (ramificada) e BRS Anahí (não ramificada), podem ser exportadas em estado natural, em razão dos melhores preços que o material convencional, para atender a demanda crescente dos mercados Europeus e dos Estados Unidos. Enquanto que a produção de sementes provenientes do cultivo convencional podem ser despeliculadas para atender o mercado. Essas estratégias de mercado deveriam ser adotadas pelas empresas instaladas no semiárido, mas atualmente apenas no setor industrial de São Paulo existe algumas tradicionais firmas compradoras de grãos de gergelim, como a Istambul e a Sesamo Real ambas em SP, e outras pequenas empresas que efetuam o processamento industrial para produção de concentrados proteicos e esmagamento para obtenção de óleo vegetal. Por outro lado, verifica-se na Tabela 3 que a prioridade dos critérios na cadeia do gergelim inicia-se com a demanda do mercado, mas é importante considerar que para pôr em atividade uma cadeia é imprescindível contar com uma demanda de mercado constante. Em segundo lugar, a cadeia do gergelim tem que apresentar viabilidade econômica, pois não se pode desenvolver um negócio em que não haja ganhos econômicos, mesmo que seja em curto ou médio prazo. Outro critério que merece ser estabelecido na cadeia do gergelim é a viabilidade técnica e ambiental, principalmente
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quando se trata da inovação tecnológica que é um dos pontos de maior impacto no desenvolvimento econômico de diversas culturas, inclusive do gergelim. Para não a tornar um sistema tradicional e ao mesmo tempo obsoleto, recomenda-se utilizar novas tecnologias que se aplicam nos processos relacionados ao produto e que sejam de valor agregado.
Tabela 3. Principais características apresentadas pela cadeia do gergelim na região semiárida do Brasil. 1.Demanda do Mercado
2.Viabilidade Econômica
3.Viabilidade Técnica Ambiental
e
4.Existência do Cultivo de Gergelim na Região
5.Potencial da Cadeia para a Inserção no Mercado de Pequenos Agricultores
6.Valor Agregado dos Produtos Gerados pela Cadeia
Também na cadeia do gergelim se priorizam os critérios como: existência do cultivo na região; potencial da cadeia para inserção no mercado os pequenos agricultores; e por último valor agregado dos produtos gerados pela cadeia. Estes critérios deverão ter uma estreita relação para cumprir uma demanda de mercado efetivo, mesmo que seu enfoque de ação envolva a participação de pequenos e médios agricultores. Numa situação favorável de incentivo do governo brasileiro para a cultura do gergelim no Brasil, nos próximos 5 anos, provavelmente apareceria uma estrutura global e organizada da cadeia do gergelim conforme se apresenta na Figura 5, em base a dados da cadeia produtiva dos produtores da Nicarágua que guarda uma estreita relação com a realidade dos pequenos e médios produtores do Brasil:
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Aquisição de bens e serviços relacionados à assistência técnica e serviços especializados PRODUTORES
COMERCIALIZAÇÃO
Exportação
Fornecer conhecimentos, insumos, materiais e máquinas
Tecnologia na produção primária: Sistema tradicional Tradicional e Misto
PRODUTO S:
Intermediário do gergelim natural
PRODUTO: Sementes de gergelim
CONSUMO
Comercialização para consumo de gergelim natural e industrialização nos países importadores
-Para a indústria de alimentos -Indústria farmacêuti ca
INDÚSTRIA NACIONAL
PRODUTOS: -Graxas e óleo
Atividades na fase primária: 1.Preparo do material para semeadura 2. Plantio
CONSUMIDOR/ MERCADO INTERNO
CONSUMIDOR/ MERCADOS EXTERNOS
3.Tratos culturais 4. Colheita 5. Manejo prévio ao processamento industrial Pós-colheita
PRÉ-INDUSTRIALIZAÇÃO: -Fornecedor de grãos -Armazenamento -Limpeza e classificação natural do gergelim -Maceração -Despeliculado -Lavado e eliminação de materiais estranhos
Figura 5. Cadeia produtiva do gergelim visando à expansão da cultura no Brasil.
Essa cadeia do gergelim se constitui numa estrutura insumo-produto em que intervêm agentes, processos, produtos e canais de comercialização, os quais se engrenam em quatro elos principais: A fase primária ou produção agrícola, a fase do processamento ou transformação agroindustrial, o elo da comercialização (que inclui os circuitos de comercialização interna e de exportação) e o consumo (IICA, 2004).
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1. Demandas do Mercado Atualmente, o mercado do gergelim está sendo influenciado por uma ampla formulação de diversos produtos, gerando assim uma tendência crescente em seu consumo. No estudo realizado em 2011, observou-se que 88% do comércio mundial de gergelim é de sementes, seguido da torta de gergelim com 8% e de 4% para o óleo. A principal demanda do gergelim provém da indústria de alimentos, enquanto 70% da produção mundial é destinada a extração de óleo e torta na maioria dos países importadores. Os principais países importadores de gergelim são: Japão, Coréia, China, União Europeia, Estados Unidos e Egito. Estes mercados experimentam um progressivo crescimento em suas demandas, principalmente Egito e Coréia, que tem incrementado suas importações. Os fatores que têm contribuídos nessa grande demanda do gergelim são:
- Aumento da demanda em função do alto teor de óleo do produto; - Maior aceitação da indústria de alimentos por antioxidantes naturais presentes no óleo de gergelim em substituição aos produtos sintéticos. Além disso, o teor de antioxidantes que contém o gergelim protege o óleo da rancidez; - O incremento na demanda do gergelim orgânico tem sido um reflexo das tendências na indústria alimentícia e dos hábitos dos consumidores; - Estima-se que a demanda mundial teve um crescimento anual entre 6 a 8% até o ano 2012. Também se estima que a demanda excederá o seu volume de produção nos próximos 5 anos.
Variedades: grãos brancos que podem ser exportados em estado natural e/ou despeliculadas. Em alguns países da América Central e do Sul, as cooperativas dos produtores trabalham na comercialização do produto diretamente com mercados da União Européia, USA e Japão. A capacidade instalada dos descascadores de grãos de gergelim nas comunidades familiares do Brasil terá que ser dimensionada em função do tamanho dos mercados interno e externo. Além disso, deve ser aberto mercado para o gergelim despeliculado, incentivando o plantio das cultivares com grãos brancos. Por sua aparência branca e sabor doce, as variedades mais utilizadas no descascamento têm sido Caribe, Inamar e Mejicana (IICA, 2004). Além da BRS Seda, recentemente a Embrapa Algodão lançou uma nova variedade de gergelim de sementes brancas, denominada de BRS Anahí. É importante
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destacar que para a venda das sementes despeliculadas, em geral, essas variedades com grãos brancos de gergelim devem possuir teor de óleo superior a 50% (IICA, 2004).
2. Qualidade de Exportação O gergelim se exporta principalmente sob três formas: natural sujo de campo, natural limpo de campo e despeliculados. Cada um apresenta diferentes níveis de processamento, de preços e de custos. No entanto, quando a produção é para exportação apenas as duas últimas qualidades são as demandadas pelo mercado. Assim, a forma natural suja de campo tem uma demanda restrita, devido à desvantagem do preço estipulado pelo mercado (IICA, 2004). Em relação às exportações de óleo de gergelim pelos produtores, a informação sobre tal mercado é escassa (representa menos de 4% do mercado), por ser o óleo mais explorado pelas grandes indústrias para abastecer os vários distribuidores varejistas.
3. Agro Industrialização ou Processamento Este elo da cadeia poderá ser considerado um dos pontos agravantes no sistema produtivo do gergelim no Brasil, em função do baixo valor agregado do produto, caso o mesmo dependesse apenas da exportação na forma de sementes. Ou seja, os baixos níveis de industrialização do produto limitam as expectativas de obter preços mais altos pelas exportações e, de certa maneira, frustraria a consolidação da cadeia do gergelim por parte dos produtores.
4. Fornecedor de Grãos O manejo pós-colheita na empresa de óleo é iniciado pelo fornecedor dos grãos. O usineiro pode adquirir a semente de gergelim por duas vias: a) Do produtor diretamente, sendo o produto entregue na usina de óleo e b) através de intermediários. A intervenção dos intermediários se estabelece por existir um espaço que não está sendo coberto pela cadeia produtiva. Independente do volume produzido, o produtor vende sua colheita de gergelim ou parte dela aos intermediários por dois motivos: por desconhecer que têm outros agentes que pagam melhores preços e por falta de meio de transporte e da distância para levar o produto a outro mercado mais promissor (IICA, 2004).
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5. Fatores Incidentes no Preço do Produto Os preços compactuados dependem essencialmente da variedade e da qualidade do produto. É do conhecimento de alguns produtores de gergelim, que fornecem suas produções diretamente para as empresas de óleo, de que a decisão de compra se realiza após uma série de provas de laboratório efetuadas sobre uma amostra do produto (sementes) para determinar os seguintes aspectos: qualidade, sujeiras, imperfeições e condições do grão. A primeira prova é puramente visual. Mas em geral, são realizadas as provas de laboratório para evitar uma avaliação subjetiva do produto. Quando chega o momento do produtor ou intermediário entregar o produto na usina processadora de óleo, novas amostragens de grãos são realizadas em cada saco de gergelim para constatar se o produto que está recebendo coincide realmente com a primeira amostra analisada. Caso os resultados sejam diferentes, o produto é reclassificado e se estabelece outro valor de compra para o mesmo. O poder de negociação dependerá da maior ou menor oferta do produto no mercado. Quando a oferta do produto é baixa, as exigências por qualidade e variedade diminuem (IICA, 2004).
Limitações no fornecimento de gergelim. 1. Alto grau de sujeira (terra, materiais estranhos) do produto entregue pelo agricultor. 2. Os intermediários realizam as misturas dos produtos com distintas qualidades para evitar a rejeição de parte ruim do produto pelos classificadores da usina de óleo. 3. Antes da compra do produto, os procedimentos para examinar e classificar os grãos, utilizados pelos encarregados da empresa de óleo, pode cometer fraude para desvalorizar o produto. 4. O mercado nacional deveria criar os mostruários padrões em cada usina de óleo, os quais serviriam de parâmetros para uma classificação da qualidade do produto mais justa e transparente. Todavia, dependendo da classificação de qualidade que se realiza sobre o material em negociação e do grau de limpeza que tenha o mesmo, este pode sofrer ainda uma redução no preço acordado (IICA, 2004).
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6. Classificação do Produto e Processamento Agroindustrial O gergelim no Brasil se comercializa em três formas de apresentação: Natural Sujo de Campo, Natural Limpo e Despeliculado. Cada uma destas formas tem seu próprio processo, desde as atividades mais simples as mais complexas.
1.
Gergelim Natural Sujo de Campo. Classificado em indesejável quando não está apto para ser consumido e, desejável (Figura 6) que abrange três categorias de classificação por qualidade: baixa, intermediaria e excelente. O produto é armazenado, ficando pronto para ser comercializado.
Figura 6. Gergelim natural sujo de campo. Foto: Vicente de Paula Queiroga
2. Gergelim Natural Limpo. O produto embalado em sacos é transportado para o depósito da unidade processadora (Unidade de Beneficiamento de SementesUBS), sendo descarregado na moega. Através de um elevador mecânico, os grãos são transportados a uma peneira classificadora e vibradora, que fica submetida a um mecanismo de turbulência de ar, cuja finalidade é a eliminação dos materiais estranhos contidos no produto (pedra, areia, material orgânico em forma de casca, folhas, etc). Em seguida, o produto está pronto para a segunda fase de limpeza. Ou seja, outra descarga do material é feita na moega e, através de um elevador, os grãos são colocados numa segunda máquina e, por meio de um mecanismo de turbulência e peneira, se eliminam o material fino e as sementes em mal estado.
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No final, o produto é acondicionado em novo saco e transportado para o depósito aonde se armazena o produto natural limpo (IICA, 2004; Figura 7).
Figura 7. Gergelim natural limpo. Foto: Diego Antonio Nóbrega
2. Gergelim Despeliculado. Esta forma de apresentação implica os processos de limpeza, despeliculamento e embalagem tipo exportação.
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Capítulo 4
PRODUÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Ayicé Chaves Silva Esther Maria Barros de Albuquerque
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PLANTA
1. Plantas ramificadas e não ramificadas De acordo com Alam et al. (1999), o genótipo ideal para obter maior rendimento de sementes/planta, deve apresentar sistema radicular profundo, porte elevado, grande quantidade de número de ramos e de cápsulas/ramo, alto peso de sementes e elevado índice de colheita. Portanto, as variedades podem ser classificadas em: Variedades Ramificadas: são variedades de dois a oito ramos; e Variedades não Ramificadas: são variedades de um só ramo (Tabela 4).
Tabela 4. As variedades de gergelim cultivadas em Honduras são classificadas em variedades ramificadas e não ramificadas, dependendo da fertilidade orgânica do solo. Variedades
Nº de Ramos sem Adubo
Nº de Ramos com Adubo
San Joaquín
6 ramos
5 ramas
Corea I
1 rama
1 rama
Corea II
1 rama
1 rama
ICTA R-198
6 ramas
6 ramas
Zirandaro
6 ramas
7 ramas
Igualteco
5 ramas
8 ramas
Fonte: Ritza Marina Lainez Navarrete
Para se obter altos rendimentos se utilizam elevadas densidades de plantio (MAZZANI, 1999). Nas variedades não ramificadas (Figura 8) utilizam as populações entre 250.000 350.000 plantas/ha (entre fileiras 30-40 cm e entre plantas 7,5 cm). Já nas variedades ramificadoras, a população pode ficar entre 150.000 - 200.000 plantas/ha (entre fileiras 50-60 cm e entre plantas 10 - 15 cm). Na Figura 8, observa um campo de gergelim da cultivar não ramificada BRS Anahí.
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Figura 8. Campos de gergelim das cultivares BRS Anahí não ramificada e BRS Seda ramificada.
2. Planta com frutos por axila Outro passo importante para obtenção de cultivares mais produtivas é o desenvolvimento de plantas com uma ou três cápsulas por axila (caráter recessivo) em relação a uma cápsula por axila (dominante). Salvo algumas exceções, o rendimento do gergelim tem estado correlacionado a maioria das características morfo-agronômicas (LANGHAM et al., 2006; LANGHAM; RODRÍGUEZ, 1945), em que as mais altas e importantes são: comprimento da cápsula, número de cápsulas por planta (Figura 9 e Tabela 5) e número de ramos por planta.
Figura 9. Plantas de gergelim com um fruto por axila e três frutos por axila. Fotos: Ray Langham.
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Tabela 5. As variedades cultivadas em Honduras se diferenciam segundo a quantidade de cápsulas por axila, pois existem às que produzem uma capsula por axila e outras que produzem mais de uma. Variedades
Nº de Cápsulas por Axila
San Joaquín
3 cápsula por axila
Corea I
3 cápsula por axila
Corea II
1 cápsula por axila
Pungarabato
1 cápsula por axila
ICTA R-198
1 cápsula por axila
Zirandaro
1 cápsula por axila
Igualteco
1 cápsula por axila
Fonte: Ritza Marina Lainez Navarrete
3. Cultivares As variedades de gergelim normalmente se dividem em três tipos, deiscentes, indeiscentes e semideiscentes.
a) Variedades deiscentes: A maioria das variedades deste tipo, que se cultivam nos Estados Unidos, tem sido produzida a partir da variedade Kansas 10 ou K-10 (Figura 10). As sementes desta variedade não ramificadas têm um alto teor de óleo acima de 50%, mas seu sabor amargo limita seu valor no mercado de sementes (OPLINGER, 1990).
Figura 10. Frutos de gergelim deiscente.
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Atualmente, a empresa de pesquisa hondurenha (DICTA) recomenda o uso de sete cultivares de gergelim para os produtores de Honduras, as quais são deiscentes e utilizadas na colheita manual (DICTA, 2014; NAVARRETE, 2014). Suas características são apresentadas na Tabela 6 e Figura 11.
Tabela 6. Características das variedades deiscentes semeadas em Honduras. Variedade
Dias até floração
Altura em cm.
Estrutura da planta
Cor das sementes
Dias até maduração
ICTA-R198
36
170-190
Ramificada
Creme
115
Igualteco
30
170-200
Ramificada
Creme
100
Zirandaro
30
160-170
Ramificada
Branca
100
Pungarabato
30
160-170
Ramificada
Creme
100
San Joaquín
30
160-170
Ramificada
Branca
100
Corea I
20
120-130
Não ramificada
Crema
65
Corea II
26
130-150
Não ramificada
Crema
75
Fonte: Ritza Marina Lainez Navarrete.
Figura 11. Apresentação em colunas das médias de altura da planta, de altura da primeira cápsula e da altura carga dos frutos de gergelim das cultivares: CoreaI, Corea II, ICTA R-198, Igualteco, San Joaquín e Zirandaro. Fonte: Ritza Marina Lainez Navarrete.
Várias cultivares de gergelim desenvolvidas na Venezuela têm sido introduzidas no Brasil desde a década de 1950. Essas cultivares provenientes da Venezuela eram mais precoces (90 dias) que os tipos locais (120 dias) e, também em condições de sequeiro, eram 40% mais produtivas. Com base nesses estudos, recomendavam-se para o cultivo na região Nordeste, as cultivares Venezuela 51, Venezuela 52, Morada, Inamar e Aceitera. Entretanto, as cultivares exóticas, apesar da precocidade e uniformidade, não apresentavam a adaptabilidade e a tolerância à seca em relação aos tipos locais que,
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inclusive, recebiam a preferência dos agricultores (ARRIEL et al., 2001). Na Tabela 7, encontram-se as principais características das cultivares de gergelim desenvolvidas na Venezuela (MAZZANI, 1999).
Tabela 7. Características agronômicas de algumas variedades deiscentes de gergelim desenvolvidas na Venezuela.
Cultivar
Inamar Acarigua Aceitera Arawaca Venezuela 51 Glauca Venezuela 44 Venezuela 52 Píritu Caripucha Maporal Morada b: branco c: cremoso o: escuro s: esverdeado
Rendimento (kg/ha) 996 991 867 812 807 796 710 676 647 583
Ciclo até Colheita (dias)
99 99 98 89 93 106 107 105 116 116 117 99 a: ausente p: presente
Nº de Frutos por Planta 42 49 43 37 48 51 52 49 41 43 44 42
Cor da semente
Massa de 1.000 sementes (g)
Ramificação
Nº de frutos por axila
bc bc bc esc bc bc bc bc o bc b bc
2,75 2,76 2,80 3,18 2,25 2,66 2,66 2,66 3,17 3,09 2,58 2,45
p a a p a p a p p a p p
>1 >1 >1 1 >1 >1 >1 >1 >1 >1 1 >1
A maioria das cultivares deiscentes de gergelim lançadas pela Embrapa Algodão foi direcionada para as regiões do Sertão e do Seridó do Nordeste, com exceção da cultivar BRS Seda que, além do Nordeste, é indicada para os Estados de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e São Paulo (EMBRAPA, 2007). Esta cultivar pode ser plantada no cerrado em janeiro/ ou fevereiro (cultura de safrinha), após a colheita da soja, arroz ou milho precoces. Na Tabela 8, encontram-se as principais características das cultivares deiscentes geradas pela Embrapa (EMBRAPA, 2007).
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Tabela 8. Características das cultivares deiscentes de gergelim desenvolvidas pela Embrapa Algodão. Campina Grande, PB. CULTIVARES Características Seridó 1
CNPA G2
CNPA G3
CNPA G4
BRS Seda
BRS Anahí
Tipo de ramificação
Muito
Muito
Muito
Muito
Muito
Um ramo
Nº de cápsulas por folha axial
1
3
1
1
1
Creme
Cinza claro
Creme
Branca
Cor da semente
Creme cinza
e
Produtividade (Kg/ha)
610
712
760
804
1.000
Início da floração (dias)
60
44
34
36
35
100 (médio)
90-100 médio)
Ciclo da (dias)
Porte (cm)
da
36
90 (médio)
(precoce)
(precoce)
155 (mediano)
155
155
(mediano)
160 (mediano)
(mediano)
(mediano) 50-52
180 (alto)
Teor de óleo (%)
50
50-53
50-53
48-50
50-52
Peso de sementes (g)
3,0
2,0
2,2
3,1
3,22
mil
1.600
90
160
planta
Branca
85-89
cultura 130-140 (tardio)
3
4,22
Savy Filho (2008) admite que os frutos da cultivar IAC-Guatemala são semideiscentes, quando seu cultivo é realizado na região Sudeste, proporcionando maior período de colheita com perdas menores. Este comportamento semideiscente dessa cultivar não ocorreu nos ensaios da Embrapa Algodão realizados na região do Nordeste, pois seus frutos ficaram deiscentes nesse ambiente de alta temperatura (calor).
b) Variedades indeiscentes: As variedades indeiscentes têm sido desenvolvidas para poder ser colhidas mecanicamente (Figura 12). Apesar de que estas variedades normalmente contêm um teor de óleo abaixo de 50%, consequentemente sua semente é utilizada unicamente para a produção de óleo (OPLINGER, 1990). Algumas variedades indeiscentes dos USA incluem: Baco, Paloma, UCR3, SW-16 e SW-17 (Tabela 9).
C a p í t u l o I V | 44
Figura 12. Frutos de gergelim indeiscente, podendo ser cultivada organicamente, desde que essa planta seja mantida por mais tempo no campo para provocar a senescência das folhas (sem uso de dessecante químico). Foto: Derald Langham.
Tabela 9. Rendimento de grãos (kg/ha) e características varietais (cor de sementes, altura e maturidade) das plantas de gergelim indeiscentes desenvolvidas nos USA. Lubbock, Texas. Rendimento (kg/ha)
Cor da semente
Altura
Maturidade
Variedades Indeiscentes Baco
1.760
Marrom
Média
Médio
Paloma
1.320
Creme
Média
Médio
UCR-3
970
Creme
Baixa
Precoce
SW-16
2.080
Creme
Média
Médio
SW-17
1.260
Creme
Média
Médio
1
Baixa até 90 cm; Média = 90 a 150 cm.; Alta > 150cm. Precoce = 90 a 105; Médio = 106 a 120; Tardio = 120+ dias
2
Desde o descobrimento do mutante indeiscente de gergelim, o retrocruzamento, como método de melhoramento, tem sido utilizado no gergelim com bastante êxito na Venezuela (MAZZANI et al., 1975). Segundo Montilla et al. (1990) afirmam que através dos trabalhos de cruzamento entre variedades comerciais e tipos indeiscentes, usando-se este último como doador, foram obtidas as variedades Morada Indeiscente e Inamar indeiscentes (Tabela 10).
C a p í t u l o I V | 45
Tabela 10. Principais características das cultivares de gergelim Morada e Inamar indeiscentes plantadas no Estado de Portuguesa, Venezuela.
Cultivar
Inamar id. Morada id b: branco c: cremoso
Rendimento (kg/ha) <600 <600
Cor da semente
Ciclo até Colheita (dias)
112 99 p: presente
bc bc
Massa de 1.000 sementes (g) 2,55 2,45
Ramificação
Nº de frutos por axila
p p
>1 >1
Bennett (2004) recomenda apenas o uso de quatro cultivares de gergelim para os produtores da Austrália, as quais são indeiscentes e utilizadas na colheita mecânica. Essas variedades são: Aussie Gold, Beech’s Choic, Yori 77 e Edith, e suas características são apresentadas na Tabela 11.
Tabela 11. Algumas características das cultivares de gergelim australiano indeiscentes. Estado de Queensland Características
Magwe
Território Norte
Aussie Gold
Beech’s Choic
Yori 77
Edith
Brown Produtividade de grãos (t/ha)
0,8
1,0
1,0
1,1
1,5
Tamanho de sementes (g/1000)
2,6
3,3
2,9
3,0
3,2
Teor de óleo (%)
54
50
54
54
54
80
94
88
116
119
4,2
3,8
4,2
1,5
0.1
Nº de cápsulas por axila foliar
1
1
1
3
3
Floração (dias)
36
36
40
46
42
Altura de planta (cm) Ramos por planta
c) Variedades semideiscentes: As cultivares de gergelim semideiscentes da empresa Sesaco foram patenteadas no Texas (Figura 13). Para as cultivares da Sesaco não são recomendáveis controlar com dessecante as plantas durante sua maturação fisiológica para acelerar a colheita das sementes, consequentemente o ciclo das cultivares pode se prolongar entre 130 a 150 dias (LANGHAM et al., 2006). Essas plantas permanecerão no
C a p í t u l o I V | 46
campo para secar até atingir a umidade máxima de 6% das sementes (equivalente a 12% do milho), mesmo assim elas irão manter a maioria das sementes dentro da cápsula (sementes retidas pela placenta do fruto). As principais características das cultivares semideiscentes são apresentadas na Tabela 12.
Figura 13. Frutos de gergelim semideiscente com maior retenção das sementes no fruto. Foto: Ray Langham.
Tabela 12. Principais características agronômicas das cultivares de gergelim com frutos semi-deiscentes (retenção de sementes na cápsula) produzidas pela Empresa Sesaco. Texas, USA. Características
Anos ensaios
dos
CULTIVARES Sesaco 25
Sesaco 26
Sesaco 28
Sesaco 29
Sesaco 32
Tipo de ramificação
Todos
Pouco
Muito
Muito
Pouco
Muito
Nº de Cápsulas por folha axial
Todos
1
1
1
1
1
Cor da semente
Todos
Creme
Creme
Creme
Creme
Creme
Produtividade (Kg/ha)
2005UV
1.400
1.806
1.788
1.793
1.856
2006UV
1.650
1.665
1.450
1.540
1.943
2007UV
935
1.364
1.427
1.048
1.270
2005CP
915
823
853
982
1.083
2006CP
776
-
-
991
850
2007CP
1.238
-
-
1.210
1.330
2005-07 UV
38
43
43
40
39
41
43
44
40
42
Floração (dias)
2005-07 CP
C a p í t u l o I V | 47 Término (dias)
da
Floração
2005-07 UV
76
84
84
81
81
80
78
78
78
77
98
104
103
99
101
100
103
102
100
105
121
137
137
137
126
142
135
135
138
129
131
158
150
143
155
134
143
137
125
134
58
61
61
52
58
61
64
64
55
58
28,0
30,3
27,6
28,7
26,7
24,7
25,3
24,3
25,0
24,3
6,8
8,3
8,1
8,1
8,9
7,3
8,1
8,1
7,3
8,3
2005-07 CP
Maturação (dias)
Fisiológica
2005-07 UV 2005-07 CP
Colheita Direta (dias)
2005-07 UV 2005-07 CP
Altura de Planta (cm)
2005-07 UV 2005-07 CP
Altura de Inserção do 1º Fruto (cm)
2005-07 UV 2005-07 CP
Número de cápsulas
nós com
2005-07 UV 2005-07 CP
Média de Comprimento de Entenós (cm)
2005-07 UV 2005-07 CP
Comprimento de cápsula (cm)
Todos
2,84
2,23
2,26
2,79
2,13
Peso de sementes por cápsula (g)
Todos
0.212
0,234
0,229
0,232
0,227
Peso de mil sementes (g)
Todos
3,05
3,31
3,21
3,06
3,13
- Os dois locais dos ensaios: UV= Uvalde no Texas e CP= Caprock em Lorenzo, Texas. - As diferentes produtividades da cultura foram influenciadas pelas épocas de plantio, condições meteorológicas, tratos culturais, umidades e fertilidades de solos.
4. Fenômeno de pleiotropia O gergelim, Sesamum indicum L., é uma espécie oleaginosa anual com formação abundante de flores, cada uma das quais origina um fruto com 40 a 50 sementes, aproximadamente. A domesticação da planta de gergelim é ainda parcial, pois seus frutos abrem uma vez quando estão secos, através de aberturas das cápsulas que facilitam a dispersão das sementes, como nas espécies silvestres. Caso a colheita seja realizada quando o fruto se encontra seco, as perdas de grãos em campo podem originar uma redução dos rendimentos de uns 15 a 25% (MONTILLA; MAZZANI, 1966),
C a p í t u l o I V | 48
principalmente quando se emprega o sistema de colheita semimecanizado de duas etapas (corte e trilha) que predomina na Venezuela. Com respeito a cultivar Morada indeiscente, este tipo de genótipo apresenta baixa fertilidade, tal como foi destacado por Berlingeri (2000), o qual é ocasionado principalmente por uma carga reduzida de pólen sobre o estigma, um menor número de tubos polínicos no estilete e incapacidade do órgão feminino de promover o crescimento dos tubos polínicos, em comparação com a Morada deiscente. Além disso, a cultivar indeiscente tem uma baixa eficiência reprodutiva, expressada como um menor número de sementes por fruto e um menor número de flores por axila. Esse conjunto de fatores negativos nas cultivares indeiscentes se deve à ação de um gen (id) pleiótropo recessivo (LANGHAM, 1946), que ademais produz deformação nas folhas e flores, e desenvolvimento de neoplasias em ambos os órgãos, deformação das cápsulas e engrossamento do mesocarpo (ASHRI; LADIJISKI, 1964; MAZZANI; HOROVITZ, 1952). O efeito do gen id é afetado por genes modificadores (MAZZANI; HOROVITZ, 1952). Estes autores conseguiram materiais genéticos com grandes níveis de indeiscência e boa fertilidade, os quais permitiram levantar a hipótese de que os modificadores são de efeitos simples, afetando cada um deles uma característica em particular, mas não todas em conjunto e, em consequência disso, poderiam acumular-se os efeitos relacionados com a fertilidade, sem perder a indeiscência dos frutos. Os modificadores podem alterar substancialmente a fertilidade das cultivares indeiscentes, chegando ao ponto de se observar uma ausência de correlação entre a abertura da cápsula e o rendimento de sementes em alguns casos (DELGADO et al., 1994). Desde o descobrimento do primeiro mutante indeiscente, os melhoristas têm dado ênfase ao desenvolvimento de cultivares que se adaptem à colheita mecânica. A obtenção de novas cultivares que retenham as sementes depois da maturação poderia ser alcançada através do manejo dos seguintes caracteres: indeiscência dos frutos e/ou sementes fortemente aderidas à placenta ou cápsulas papiráceas (ARRIEL et al., 2001). A diferença entre frutos deiscentes e indeiscentes está relacionada com o número de células do mesocarpo na zona de deiscência, sendo que a cultivar indeiscente de gergelim tem mais camadas de células, média de 11,6 camadas na zona da deiscência contra 1,3 camadas nas deiscentes. A deiscência do fruto tem início no ápice, em direção à base. A maior ou menor velocidade de deiscência dos frutos deve ser observada na planta de
C a p í t u l o I V | 49
gergelim, pois há cultivares cujos frutos se abrem rapidamente e perdem as sementes, que caem no chão, reduzindo a produtividade da cultura (BELTRÃO et al., 2001). A indeiscência ou semi-indeiscência são os caracteres que oferecem as melhores possibilidades para resolver problemas de perdas de sementes e adaptação da cultura à colheita mecanizada. Mazzani e Horovitz (1952) têm detectado efeitos pleiotrópicos dos genes para indeiscência que afetam as folhas, flores, frutos, ciclo vegetativo e rendimento, além dos genes modificadores influírem sobre a fertilidade e a deiscência dos frutos.
C a p í t u l o V | 50
Capítulo 5
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque
C a p í t u l o V | 51
PRODUÇÃO DE SEMENTES
Pelo fato de ser uma planta de polinização cruzada, recomenda-se uma distância mínima de 1.000 metros para o cultivo sem barreiras vegetais e, de 500 m para os plantios com barreiras vegetais, entre campos de cultivares da mesma espécie. Além desses tipos de isolamentos, ainda, para o cultivo em épocas espaçadas no tempo (cultivo de mais de 30 dias, dependendo do ciclo das cultivares) de cultivares distintas, pode surtir o efeito desejado como condição de isolamento, quando se considera cultivar do mesmo ciclo (QUEIROGA et al., 2008). A limpeza dos campos (roguing) de gergelim deverá ser efetuada pelos agricultores (Figura 14) nas áreas destinadas para produção de sementes, visando eliminar as plantas atípicas e garantir a identidade genética do material. A produção própria de sementes pelos agricultores, visando atender os seus compromissos assumidos junto aos Bancos Comunitários de Sementes, irá contribuir na autossuficiência do abastecimento das comunidades organizadas do semiárido, também, evita a introdução de doenças na referida região.
Figura 14. Roguing em campo de gergelim para eliminação de plantas atípicas. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
A contaminação das plantas pode ser de ordem genética e mecânica. Mesmo quando se utilizam sementes com elevada pureza genética para semear, é possível detectar no campo uma pequena variação na população das plantas, devido à segregação, as quais deverão ser eliminadas pela operação de “roguing”, procedimento usado nos programas de produção de sementes em geral (BELTRÃO; VIEIRA, 2001). No caso do gergelim é necessário realizar a operação de eliminação das plantas atípicas nos seguintes estádios fenológicos da cultura (QUEIROGA; BELTRÃO, 2001):
C a p í t u l o V | 52
1. Pré-floração - porte distinto, folhagem diferente, presença de pêlos nas folhas, doentes, coloração distinta da haste; 2. Floração - tamanho e intensidade de coloração das flores, florescimento precoce e não uniforme, 3. Pré-Colheita- quanto ao tipo, formato e coloração dos frutos, inclusive as plantas de baixo rendimento; 4. Colheita- remoção das plantas tardias e com deiscência precoce.
A fase de colheita é também um período crítico para seleção de plantas da cultivar geneticamente puras. Portanto, tomando-se alguns cuidados simples é possível evitar muitos dos problemas de mistura varietal, pois o agricultor na ânsia de selecionar as melhores sementes de gergelim, oriundas de plantas altamente vigorosas pode estar colhendo sementes de outra cultivar. Geralmente, a seleção das sementes é feita sobre o material guardado a granel, ou seja, depois da colheita. Desta forma, perde-se a oportunidade de iniciar a seleção ainda no campo. Além de evitar mistura varietal, a seleção prévia é uma boa alternativa para prevenir problemas de infestação de pragas e doenças (TORRES et al., 2006). Para obter sucesso em tal operação é necessário que os agricultores, com acompanhamento técnico, possam aproveitar a fase vegetativa para marcar as plantas que têm características mais interessantes (por exemplo: maior precocidade de floração) e fazer uma seleção direcionada a um melhoramento genético específico da variedade utilizada, mediante a colocação nessas plantas eleitas de etiquetas coloridas (Figura 15).
Figura 15. Plantas da cultivar BRS Seda, identificadas por etiquetas coloridas com base na sua precocidade de floração. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
C a p í t u l o V | 53
Fatores Críticos Alguns fatores são críticos à produção da cultura de gergelim, dentre os quais, a compactação do solo, pH baixo ou níveis elevados de alumínio, a aptidão climática do local para o cultivo orgânico, solos com baixa fertilidade etc. O gergelim é uma planta de elevado nível de adaptabilidade, sendo cultivado atualmente em diversas localidades entre 25ºS e 25ºN, em áreas com altitude de até 1.250 m, temperaturas médias do ar entre 23 ºC a 30 ºC, e precipitação pluvial entre 300 a 850 mm anuais bem distribuídos durante o ciclo de cultivo.
Condições de Clima e Solo Segundo Queiroga et al. (2007), as áreas do Nordeste brasileiro zoneadas para cultivo do algodoeiro, também oferecem as melhores condições climáticas para o cultivo do gergelim. Tomando-se por base esta afirmação, a região semiárida do Nordeste, onde já se plantaram 3,5 milhões de hectares de algodão nos anos 70, poderão constituir-se em uma extensa área para o cultivo do gergelim quando comparada com outras culturas oleaginosas girassol, mamona e amendoim. O gergelim tem preferência por solos profundos de textura franco-arenoso, bem drenados e de boa fertilidade natural. A planta apresenta maior capacidade de produção em solos de pH próximo de 7, não tolera acidez elevada, abaixo de pH 5,5, nem alcalinidade excessiva acima de pH 8,0. Além disso, o solo ideal é aquele que tem 50% de volume de sólidos, sendo 45% de matéria mineral, 5% de matéria orgânica e 50% de porosidade, dos quais 33,5% de microsporos, armazenadores de água e o restante 16,5% de macrosporos, armazenadores do ar do solo, incluindo o oxigênio, elemento vital para a respiração das plantas (KIEHL, 1979). O gergelim é extremamente sensível à deficiência ou falta temporária desse elemento no solo (BELTRÃO et al., 1994), que pode ser devido à compactação do ambiente edáfico, causando redução substancial da macroporosidade (poros com diâmetro acima de 50 micras), devido à destruição dos agregados do solo (PRIMAVESI, 1985); ou ao excesso de água, que mesmo temporário, leva à ausência do oxigênio no ambiente edáfico, tecnicamente denominada de anoxia, com consequências nefastas para o metabolismo vegetal, especialmente, a absorção de nutrientes e o metabolismo dos carboidratos nas raízes, com surgimento da fermentação (MENGEL; KIRKBY, 1979). A planta de gergelim de raiz pivotante, é resistente ao estresse hídrico, porém se pode obter rendimento superior a 1.000 kg/ha de sementes se houver boa distribuição de chuvas
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(500 mm) no seu período de crescimento. A distribuição ótima seria: 35% da germinação ao florescimento, 45% durante o florescimento, 20% durante o período de formação dos frutos (maturação) e de escassez de chuvas (0%) no período de colheita (AUGSTBURGER et al., 2000). O gergelim é tolerante a seca e pode ser semeada, principalmente o orgânico em zonas áridas da região semiárida. É susceptível aos ventos fortes devido ao talo frágil, quando a planta está totalmente desenvolvida, provocando assim seu tombamento. A topografia do solo pode variar desde plana até a ondulada, contanto que em áreas planas não haja problema de encharcamento e na ondulada ou acidentada, práticas de conservação sejam observadas e adotadas para evitar erosão do solo, ou seja, o preparado do terreno deve ser em curva de nível, com auxílio do instrumento pé de galinha (Figura 16).
Figura 16. Preparo do solo em curva de nível no terreno ondulado. Foto 1: Diego Antonio Nóbrega Queiroga; Foto 2: Vicente de Paula Queiroga.
Plantio Direto Existem outros métodos de plantio, além do uso de semeadora mecanizada raramente utilizada pelo agricultor familiar, os quais são interessantes sob o ponto de vista de proteção à erosão: a) Semeadura direta em campo, tanto em covas individuais como em sulcos; b) Semeadura, depois da preparação de sulcos adensados; c) Semeadura em conjunto com arado de tração animal: A semeadura é realizada mediante uma garrafa pet com tampa perfurada, distribuindo as sementes nos sulcos abertos. Posteriormente, se fecha com terra, auxiliado pelo pé (Figura 17).
C a p í t u l o V | 55
Figura 17. Abertura de sulcos com arado, acoplando um riscador de três linhas, a tração animal e ao lado a semeadura manual de sementes de gergelim por um agricultor. Honduras, 2014. Foto: Ritza Marina Lainez Navarrete.
Compactação de Solo A subsolagem serve para tornar soltas as camadas compactadas, sem, entretanto, causar inversão das camadas de solo, devendo somente ser recomendada quando houver uma camada muito endurecida, em profundidades não atingidas por outros implementos (Figura 18). O arado escarificador é semelhante a um subsolador, mas trabalha em profundidades menores, exigindo menor esforço tratório para execução das operações agrícolas (GADANHA JÚNIOR et al., 1991; ALOISI et al., 1992).
Figura 18. Preparo do solo com arado subsolador. Foto: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.
No preparo do solo deverá fazer um camalhão (leirão), o qual é efetuado com arado sulcador de dois discos (Figura 19), de maneira que através desta operação se substituam as práticas de aração e gradagens convencionais, evitando o encharcamento do solo. Em caso de encharcamento (causa anoxia a planta por falta de oxigênio às raízes) por períodos superiores a três dias, poderá contribuir no aparecimento de doenças às plantas. Essa tecnologia adotada de sulco e camalhão com superfície retangular é preparada com o
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sulcador adaptado, o que tem permitido alcançar o estabelecimento de populações adequadas de plântulas em pouco espaço de tempo. Vale destacar também que, após as precipitações, parte da umidade é retida pelo solo e o excesso de água é drenado pelos sulcos (FONAIAP, 1988). Em Honduras ocorre um sistema de plantio distinto de gergelim nas áreas úmidas próximas ao mar, onde os terrenos são preparados em camalhões para a semeadura de sementes em fileiras duplas (Figura 20).
Figura 19. Em terreno plano, adota-se a formação de sulco e camalhões retangulares preparados com o sulcador adaptado para o plantio do algodão. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Figura 20. Em área encharcada, plantou-se o gergelim em fileiras duplas sobre cada camalhões. Foto: Ritza Marina Lainez Navarrete.
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Preparo do Solo
a) Em Solos planos Para garantir uma rápida germinação e crescimento, as pequenas sementes de gergelim, as quais são de crescimento inicial lento, irão requerer um solo de textura estável, formado por partículas finas, contendo umidade suficiente, livre de plantas daninhas e superfície plana. Isto se alcança mediante a preparação adequada do solo, além do preparo prévio e da rotação de cultivos. Entre os produtores de gergelim, os métodos de semeaduras mais adotados são os seguintes: manual em cova individual ou em sulco, a lanço, lata com orifício, garrafa pet, semeadora mecânica de tração manual (ou tração animal), e semeadora mecanizada.
Em algumas regiões do Nordeste, no caso dos municípios de São Francisco de Assis do Piauí e Bela Vista, PI, ainda realizam o preparo do solo para as diversas espécies (gergelim, feijão, milho e sorgo), com arado de aiveca de tração animal (Figura 21). Este procedimento técnico para preparo do solo é bastante eficiente pelo fato de estar disponível no período ideal, permitindo o aproveitamento da estação chuvosa numa região em que há limitação de chuvas, com frequência e ou, má distribuição (QUEIROGA et al., 2011).
Figura 21. Preparo do solo com o equipamento arado de aiveca reversível de tração animal. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
O importante no preparo do solo é o uso adequado das máquinas e implementos agrícolas para cada tipo de solo e a operação feita no momento oportuno. Para solos arenosos ou mesmo de textura franco-arenosa, já trabalhados muitas vezes, só necessitam de uma ou
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duas gradagens no preparo do solo (Figura 22), sendo que a última gradagem, se amarra a este um tronco roliço para aplanar o terreno (Figura 23).
Figura 22. Preparo do solo para o plantio do gergelim apenas com gradagem. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Figura 23. Gradagem e nivelamento do solo ao mesmo tempo com o tronco roliço amarrado a grade (cultivo mínimo). Foto: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.
A profundidade de preparo do solo deve ser modificada em cada período de cultivo. Se a camada compactada estiver a menos de 30 cm de profundidade, ela pode ser rompida com arado de aivecas ou arado escarificador (Figura 24), atuando nesta profundidade (CASTRO; LOMBARDI NETO, 1992).
C a p í t u l o V | 59
Figura 24. Preparo do solo com arado de aiveca ou arado escarificador. Foto: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.
O arado de discos é menos vulnerável a estas obstruções, pois o movimento giratório dos discos faz com que eles girem sobre o solo e a vegetação, cortando-os (GADANHA JÚNIOR et al., 1991). Para uma melhor eficiência no preparo de solo com aração, devese dar preferência ao uso de arado com discos recortados (Figura 25).
Figura 25. Preparo do solo com arado de discos (A) e modelo de disco de arado com perfil recortado (B). Foto: José Barbosa dos Anjos.
Por sua vez, os pequenos produtores do município de São João do Sabugi, RN realizam o preparo do solo da lavoura de gergelim com um minitrator Tobatta com bitola de 80 cm (Figura 26), alugado de uma associação de pequenos produtores da propriedade Matinha, cujo conjunto realiza a atividade por hectare no tempo de aproximadamente 5 horas totalizando um custo de R$ 75,00 (QUEIROGA et al., 2011).
C a p í t u l o V | 60
Figura 26. Minitrator cultivador utilizado pelos produtores de São João do Sabugi-RN para preparar o solo dos campos de gergelim. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
b) Em Terreno Inclinado As valas são canais construídas em curvas de nível em terreno inclinado. Sua finalidade é impedir que as águas venham a se movimentar rapidamente pela pendente e arrastem o solo. Ao realizar a primeira passagem do arado sem as ponteiras sulcadoras, que é um preparo mínino continuo em tereno inclinado, permitirá abrir apenas um sulco guia de semeadura (Figura 27) e irá remover menos quantidade de solo, diminuíndo assim as probabilidades de eroção. Nas seguintes passagens são realizadas com as ponteiras sulcadoras para remover um maior maior volume de solo e abter uma largura apropriada da trincheira (Figura 28). Recomenda-se fazer a aradura das valas em curvas de nível, separadas 120 cm entre si, de modo que a parte não arada seja conservada as plantas daninhas, as quias servem para reter o solo e para absorvar a água de chuva. O trabalho de construção de valas para conservação de solos em pedente poderá ser utilizado uma junta de bois, ou ou até mesmo um único animal (ESPINOZA, 2009).
Figuras 27. Preparo de solo mínimo e continuo em terreno inclinado. Fuente: Arquivo FOMENTA.
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Figura 28. Construção de valas em terreno inclinado apenas com um animal. Fuente: Arquivo FOMENTA.
A erosão em terreno inclinado causada por ação das chuvas e vento pode ser controlada com a utilização de varas atadas em molhos e colocadas perpendiculares ao sentido da água quando chove (Figura 29), as quais estão fixadas com estacas e amarradas. Abertura de valas que podem depois ser cheias com pedras é outra pratica bastante recomendada. Outro conceito associado às curvas de nível (mas que não deve ser confundido) é o “plantio em curvas de nível”. Trata-se de uma técnica para plantio em terrenos acidentados que segue o traçado das curvas (Figura 30). Lembrando que a legislação ambiental brasileira proíbe o desmatamento e plantio em terrenos com declividade maior que 45° por se tratar de Áreas de Preservação Permanente (APP) devido à alta tendência a erosão. Enquanto o plantio em curvas de nível é uma técnica que visa diminuir a velocidade da enxurrada (arraste) e aumentar a infiltração da água no solo para, com isso, evitar que aconteçam erosões. Ou seja, se recomenda barreiras vivas ou mortas para separar as parcelas, conservar mais água e reter o solo.
Figura 29. Posicionar os molhos de varras amarados sempre em curva de nível.
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Figura 30. Plantio de gergelim em terreno inclinado é bastante utilizado pelos agricultores de Choró, CE, em duas fases: vegetativa e secagem de medas.
Época de Plantio A época de plantio é considerada um manejo cultural ecológico do gergelim que pode resultar no desenvolvimento de plantas dentro das condições climáticas ideais. A observância da época adequada oferece maior possibilidade de êxito para o produtor dentro das variações de clima a que está sujeita o cultivo do gergelim na região do Nordeste do Brasil, tendo em vista a grande influência do tempo sobre a produção, tanto em quantidade como em qualidade (QUEIROGA et al., 2007). Recomenda-se iniciar o plantio no início do período de chuvas, quando tiver chovido aproximadamente 30 mm, em duas chuvas por semana. Nestas condições o solo apresenta umidade suficiente para a germinação das sementes e desenvolvimento das plantas (BELTRÃO et al., 1989).
Método de Plantio
a) Semeadura manual O plantio manual poderá ser realizado por meio de uma lata com furo no fundo (Figura 31) ou semeando com a mão em covas ou sulcos, se utiliza o pé para cobrir as sementes com terra. Por serem muito pequenas, as sementes que ficarem abaixo de 2,5-3,0 cm não germinam. O consumo de sementes neste sistema de plantio é de 3 kg por ha e pode levar até três dias para plantar um hectare, sendo necessário realizar o desbaste que representa em torno de 10 % dos custos de produção.
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Figura 31. Semeadora manual apropriada para plantio em covas ou sulcos, usando garrafa pet e lata com furo.
Uma vez semeado o campo de gergelim manualmente, a prática raleamento deverá ser feita com o solo úmido e em duas etapas. Beltrão et al. (1994) recomendam que o primeiro desbaste seja realizado quando as plantas estiverem com quatro folhas, deixando-se quatro ou cinco plantas por unidade de espaçamento, e o segundo quando as plantas atingirem 12 a 15 cm de altura. Essa operação de desbaste deve ser realizada entre 18 a 30 dias após a emergência das plântulas (Figura 32). Quando o raleamento é atrasado (após 30 dias) pode ocasionar significativa queda na produção do gergelim. Ou seja, o desbaste deve ser feito no momento oportuno, pois quando o mesmo é tardio causa prejuízo como definhamento do talo da planta, em seguida, essas plantas tornam-se suscetíveis ao acamamento.
Figura 32. Prática de desbaste efetuado nas fileiras de cultivo de gergelim. Foto: Ritza Marina Lainez Navarrete.
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b) Semeadura com matraca Na comunidade de São Tiago em Bela Vista, PI, os produtores semeiam gergelim com auxílio de uma matraca plantadeira manual adaptada, onde uma peça metálica de forma retangular é substituída por outra maior com extremidade circular, a qual é instalada no mecanismo regulador de sementes da máquina (Figuras 33 e 34), visando conseguir uma vedação total de sementes pequenas de gergelim. Esta matraca leve da marca Krupp pode ser utilizada pelo agricultor de Choró, CE na semeadura de terreno de ladeira, mas para evitar que a semente não seja colocada no solo à profundidade superior a 2,5 cm é necessário adaptar um limitador na parte inferior da matraca.
Figura 33. A- Chapa metálica de forma retangular no regulador e a circular ao lado; BDosador sem a chapa retangular; C- Chapa metálica de forma circular no regulador e a retangular ao lado; D- Regulador de sementes instalado na matraca. Fotos: Gilvan Tolentino.
Figura 34. Matraca da marca Krupp usada no plantio de sementes de gergelim, sendo uma máquina convencional e outra adaptada com um limitador de profundidade. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
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c) Semeadora mecânica a tração animal Nos anos 80, um projeto hondurenho, denominado PROMECH, para desenvolvimento de uma semeadora foi criado para melhorar a produção de gergelim dos pequenos produtores familiares, que mediante a troca do rotor (distribuidor de sementes) que se instala no interior da máquina semeadora é possível realizar uma semeadura eficiente de sementes de gergelim, arroz, milho, sorgo, feijão e algodão orgânico (Figura 35). A semeadora fica acoplada ao arado, cujo conjunto de equipamento poderá permitir: 1). O arado instalado à frente permite abrir o sulco, enquanto a semeadora, posicionada atrás, efetua o semeio e cobri as sementes e 2). Regular a quantidade de sementes, a distância e a profundidade para alcançar uma qualidade de plantio de precisão por cada posição do rotor em movimento.
Figura 35. Arado combinado com semeadora de gergelim. Foto: Arquivo FOMENTA.
d) Semeadora mecânica manual d.1. Semeadora de uma linha Recentemente, uma máquina de plantio de gergelim de uma linha foi idealizada pela Embrapa para atender os pequenos produtores familiares da região semiárida do Nordeste (Figura 36). Para o caso do produtor de gergelim se interessar em criar sua própria máquina de plantio, fica mais simples e barato ele desenvolver uma máquina com o mecanismo de semear uma linha, apesar de que seu desempenho de plantio por hectare seja o dobro de tempo em comparação à máquina de duas linhas. Uma semeadora similar de uma linha foi desenvolvida no Paraguaio (Figura 37).
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Figura 36. A semeadora mecânica manual de uma linha desenvolvida pela Embrapa Algodão para o plantio de sementes de gergelim (Foto: Vicente de Paula Queiroga).
Figura 37. Semeadora de gergelim desenvolvida no Paraguaio.
d.2. Semeadora de duas linhas Para tornar essa operação mais fácil e de baixo custo para atender os produtores familiares, um técnico de Várzea-PB desenvolveu uma semeadora manual, baseado em equipamentos de plantio de cenoura, cujo sistema de distribuição das sementes é do tipo cilindro perfurado, feito de tubo de PVC com diâmetro de 100 mm, colocado sobre um chassi de cano de ferro dotado de uma roda de bicicleta, na parte dianteira, de duas rodas pequenas como sulcador, tendo logo atrás, dois cilindros de descarga de sementes e, no final, duas correntes como cobridor de sementes ou duas rodas em lugar das correntes (Figura 38). A semeadora aproveita o movimento da roda para acionar o depósito por intermédio de um eixo. O depósito contém, na sua parte central, 4 orifícios de 4 mm de diâmetro e, ao girar, movimenta as sementes, que caem por gravidade através do orifício para dentro do sulco; em seguida, as sementes são aterradas por duas correntes pequenas (para solos leves, tipo areno-argiloso) ou duas rodas (para solos pesados, tipo argiloso). Este mecanismo apresenta uma aceitável distribuição das sementes, desde que se mantenha uma quantidade acima de 1/3 da sua capacidade de abastecimento. Para melhor
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desempenho da semeadora, o solo deve estar bem preparado, isento de torrões, de pedras e de restos de vegetação. Nestas condições, a semeadora de duas linhas tem capacidade de implantar 1 ha por duas horas de trabalho, além de dispensar a operação de desbaste (QUEIROGA et al., 2008; 2014).
Figura 38. A;B) Semeadora mecânica manual de duas linhas usada no plantio não adensado (90-100 cm) da BRS Seda ramificada, sendo as sementes cobertas por correntes para terreno areno-argiloso e requer apenas um operador e C;D). Outra adaptação da máquina sem correntes (rodas) para terreno argiloso e requer dois operadores. Foto B: Luiz Leme e Fotos A;C;D: Vicente de Paula Queiroga)
d.1. Semeadora de três linhas É importante acrescentar que a variedade BRS Anahí não ramificada é mais apropriada para ser semeada com a semeadora mecânica manual de três linhas no espaçamento de 45 cm ou 50 cm entre fileiras (Figura 39). Duas barras são estendidas lateralmente na semeadora mecânica manual com o propósito de dispensar o uso da corda, que auxilia como guia no momento da semeadura. A principal vantagem dessa semeadora de duas ou
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de três linhas é a sua facilidade de transporte por ser um equipamento desmontável (Figura 40).
Figura 39. Semeadora de três linhas para plantio adensado (45–50 cm) da BRS Anahi não ramificada, sendo as sementes cobertas por correntes e B). Outra adaptação da máquina sem correntes (rodas). Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
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Figura 40. a) Semeadora de duas linhas desmontável e b) Com as peças presas da máquina e prontas para o transporte. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
Ademais da fileira simples, a semeadora mecânica manual de duas linhas permite plantar em fileira dupla. Para atender a modalidade de semeadura em fileiras adensadas, na própria semeadora de duas linhas foi adaptada mais outra linha de plantio na sua parte central, de modo que essa máquina ficou capaz de plantar, ao mesmo tempo, três linhas de plantio no espaçamento adensado de 45 cm ou 50 cm entre as fileiras, (Figuras 41 e 42).
Figura 41. Área de cultivo de gergelim realizada com a semeadora mecânica manual na distância de 90 cm entre fileiras (fileiras simples), deixando de 12 a 15 plantas por metro linear (sem necessidade de desbaste). Foto: Vicente de Paula Queiroga.
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Figura 42. Ilustração das distintas modalidades de semeadura realizadas pela semeadora mecânica manual de duas linhas ou três linhas: Fileiras simples (90 cm), fileiras duplas (90 cm x 20 cm) e fileiras adensadas (45 cm).
e) Semeadora tratorizada O sistema pneumático de distribuição de sementes, usado para o plantio adensado (45 cm) em grande escala, é um método de precisão de alta tecnologia e muito utilizado para a semeadura de sementes de gergelim, permitindo que se trabalhe com elevada velocidade. É uma tecnologia bem mais cara que a dos métodos tradicionais, pois, necessita da tomada de força do trator para seu acionamento, além de requerer cuidado permanente da estanqueidade do ar e ajustes na seleção das sementes. Outra tecnologia é o uso semeadora antiga da marca Semeato adaptada para atender o médio produtor de gergelim no espaçamento de 90 cm entre fileiras. Em ambos casos, as máquinas podem ser alugadas pelos produtores (Figura 43).
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Figura 43. Semeadoras adaptadas usadas no plantio adensado (45 cm entre fileiras) e não adensado (90 cm) de sementes de gergelim da cultivar BRS Anahi não ramificada. Fotos: Nair Helena de Casto Arriel e Tarcísio Marcos de Souza Gondim.
Profundidade Para todos os métodos utilizados de semeadura, deve-se adotar a profundidade ótima de 1,5 – 2,5 cm. A profundidade uniforme de semeadura é importante para a germinação e o desenvolvimento da planta de gergelim (ESPINOZA, 2009). As chuvas constantes e fortes prejudicam a germinação de uma plântula, tendem a endurecer ou sedimentar a terra solta da superfície e podem lavar o solo arrastando as sementes.
SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Espaçamento Nas regiões semiáridas do Nordeste, a semeadura requer aumento das distâncias entre fileiras de 75 a 100 cm e entre plantas de 10 a 15 cm. Este espaçamento dependerá das condições climáticas das distintas microrregiões existentes na referida região. Maior distância propicia a ramificação das plantas, mesmo se tratando de variedades não ramificadas como a cultivar BRS Anahí, apesar de que seja mais viável plantá-la no espaçamento adensado de 45 cm entre fileiras. Os produtores de cinco UTDs das comunidades de São Francisco de Assis do Piauí, que usaram a plantadeira mecânica manual, adotaram o espaçamento entre fileiras de 90 cm para a cultivar BRS Seda. Enquanto a UTD da comunidade de Queimada Nova, o espaçamento utilizado com a mesma cultivar foi de 100 cm entre fileiras, em razão do plantio da unidade demonstrativa ter sido manual.
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Adubo O fator limitante para a obtenção de altos rendimentos do gergelim é a disponibilidade, principalmente de nitrogênio e fósforo (PERIN et al., 2010). Portanto, as deficiências desses elementos no solo podem ser compensadas pelo uso dos adubos orgânicos (Figura 44) e aplicações de rocha fosfórica em pó ou farinha de ossos, antes da preparação do terreno. Para a recuperação do solo pobre em matéria orgânica, recomenda-se utilizar 20 toneladas de esterco de curral bem curtido por hectare (QUEIROGA et al., 2008).
Figura 44. A) Aplicação a lanço de esterco curtido no solo, antes da semeadura, transportado por uma carroça. B). Em caso da limitada disponibilidade na propriedade, coloca-se o esterco apenas junto as fileira de gergelim.
Outra possibilidade de fertilização na produção ecológica do gergelim é a utilização de adubo verde através da incorporação da vegetação nativa 30 dias antes da semeadura do gergelim. Essa adubação verde também consiste no cultivo de plantas que estruturam e enriquecem o solo com nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e micronutrientes, no caso das leguminosas: feijão guandu (Cajanus cajan), leucena, mucuna cinza, mucuna preta (Mucuna aterrima), crotalária-juncea (Crotalaria juncea) e feijão de porco, as quais são incorporadas ao solo durante seu estádio de floração, auxiliado com equipamento “rolo de faca” de tração animal. Esta técnica eleva a fertilidade do terreno e aumenta a produtividade das culturas exploradas pelo agricultor (TORRES et al., 2006).
Na comunidade Vereda do município de São Francisco de Assis do Piauí, Brasil, a UTD de gergelim instalada na área do agricultor recebeu uma aplicação de biofertilizantes aos 47 dias após a emergência das plantas, com efeito, resultou em plantas mais vigorosas e com um dos melhores rendimentos em grãos. Segundo Queiroz Filho (2005) o processo de produção de biofertilizantes é bastante simples, basta que o produtor tenha esterco de
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curral disponível na sua comunidade para fazer o seguinte preparo: Numa lata de 20 litros, deve-se colocar meia lata (10 litros) de esterco de curral curtido, esterco de galinha em torno de 250 gramas e 250 gramas de açúcar (cristalizado ou refinado). Completar com água, deixando um espaço de 8 a 10 centímetros antes da borda acima, para evitar transbordar. Fechar muito bem a boca da lata, vedando bem com um saco plástico. Deixar por cinco dias bem lacrado (fermentação anaeróbica). A calda pronta deve ser diluída, misturando 1 litro da calda para cada 10 litros de água (Figura 45).
Figura 45. Aplicação de biofertilizante feito de esterco de gado sobre as plantas de gergelim aplicado com bomba de mochila, destinada exclusivamente para os produtos orgânicos da propriedade.
Irrigação O gergelim é extremamente sensível ao encharcamento e, segundo Weiss (1983), o excesso de umidade em qualquer estádio do desenvolvimento da cultura aumenta a incidência de doenças fúngicas, reduzido sua produtividade. Geralmente, o gergelim oferece mais retorno para o produtor com menor custo (menor risco) do que a maioria das outras opções de culturas (LANGHAM et al., 2008). Langham et al. (2006) tem afirmado que o gergelim é uma das culturas mais tolerantes à seca do mundo e sua maior produção é obtida com o uso da irrigação. As mais altas produtividades, de 2,5 kg/ha ou mais, são obtidas quando a cultura do gergelim se desenvolve sob condições irrigadas principalmente nas regiões áridas (Figura 32), pois o clima quente e seco é mais favorável à cultura e essa baixa umidade da região reduz a incidência de doenças fúngicas (BEECH, 1981). Além de serem utilizados no cultivo do gergelim três sistemas de irrigação (por sulco, aspersão e pivô central), Langham et al. (2008) considera que existem dois tipos de gergelim. O primeiro tipo de gergelim se refere às cultivares adaptadas paras as regiões áridas e secas, as quais poderão encontrar muitas doenças quando são plantadas em zonas
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úmidas. Enquanto o segundo tipo de gergelim se refere às cultivares desenvolvidas para regiões mais chuvosas e, quando cultivadas em ambiente seco, irão apresentar baixo desempenho produtivo. Para o sistema de sulco de irrigação, Langham et al. (2008) recomenda que as irrigações no gergelim sejam rápidas, leves e o turno de regra seja efetuado em curto espaço de tempo. Deve-se dar preferência aos métodos de irrigação por superfície quando a quantidade de água não é limitante, a fonte se encontra numa posição mais elevada do que a área a ser irrigada, a declividade não for acentuada e o solo não for arenoso (Figura 46). Ele constatou que uma pré-irrigação realizada durante a semeadura (mantendo a lâmina de água presa no sulco) e sem nenhuma chuva no ciclo da cultura, as demais irrigações, deixando no final do processo escorre o excesso de água do sulco, poderão ser realizadas na lavoura do gergelim até a quinta semana, em uma ou duas irrigações no intervalo de 10 a 16 dias. Havendo ocorrência de 50 mm ou mais de chuvas, dentro desse intervalo estabelecido, essa chuva ocasional pode ser considerada como substituto da irrigação pelo método de sulco.
Figura 46. Campo de gergelim irrigado por sulco no Texas, USA. (Foto: Ray Langham)
Já se a água tiver que ser bombeada de um rio ou poço que não seja salino e, portanto, a qualidade permitir, a irrigação por aspersão é o método que tem a maior chance de ser usado pelos pequenos produtores de gergelim da região Nordeste do Brasil.
Utilizando-se um sistema de irrigação por gotejamento numa área experimental de 0,7 ha realizado em Honduras com gergelim destinado para multiplicar sementes de 2 variedades: 1. Variedade Igualteco e 2.Variedade ICTA R_198. A quantidade de sementes utilizada na referida área foi entre 2 a 3 kg, distância entre sulcos de 60 cm. Irrigações diárias com duração de 4 horas foram efetuadas, sendo fraccionadas pela
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manhã e tarde, utilizado uma fita de irrigação com 30 cm de distância entre os furos de gotejamento (DICTA, 2014). Estimou-se obter um rendimento de 700 a 1.000 kg de sementes para as duas variedades. (Figura 47).
Figura 47. Instalação de um sistema de irrigação por gotejamento com abertura de sulcos com um trator, distribuição das fitas, plantio manual com garrafa pet, irrigação inicial e placa de identificação da variedade Igualteco. Foto: Ritza Marina Lainez Navarrete.
A máquina mecânica manual permitiu realizar a semeadura em fileiras duplas no espaçamento de 0,90 cm x 0,10 cm x 0,20 cm da UTD de gergelim do sítio Cachoeirinha, município de Lucrecia, RN, utilizando-se em tal cultivo o sistema de irrigação por gotejamento por ser considerado um método preciso e econômico, em razão da seca que assolou a região do Oeste Potiguar em 2012. As mangueiras de irrigação (40 cm entre furos) ficaram posicionadas na parte interna de cada fila dupla (Figura 48).
Figura 48. Sistema de irrigação por gotejamento usado no campo de gergelim de Lucrecia, RN. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
Gergelim Consorciado O sistema consorciado consiste no cultivo simultâneo de diferentes espécies em uma mesma gleba de terra (BELTRÃO et al., 2006). A região Nordeste do Brasil caracterizase por um ecossistema com reconhecidas limitações edafoclimáticas que afetam a
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produtividade da maioria das espécies cultivadas. A convivência dos agricultores com esse ambiente em bases sustentáveis requer a promoção de inovações tecnológicas com potencial para incrementar a produção de grãos de culturas importantes para a melhoria da renda dos produtores rurais, principalmente daqueles que têm como base a exploração agrícola familiar (SOARES et al., 2010). Desta forma o sistema de cultivo consorciado surge como alternativa para o incremento da renda do pequeno agricultor. Segundo Pinto et al. (2011) consorciação de culturas consiste no cultivo simultâneo de duas ou mais espécies numa área agrícola, onde as culturas encontram-se em uma mesma dimensão espacial e temporal. No sistema consorciado de culturas, cultiva-se mais espécies com diferentes ciclos e arquiteturas vegetativas, pois não é necessário que a mesmas tenham sido semeadas ao mesmo tempo, porém são exploradas na mesma área e num mesmo período de tempo (REZENDE; GUSTAVO, 2002). Ou seja, é considerado um sistema que retrata um sistema intermediário entre a monocultura e as condições de vegetação natural, onde duas ou mais espécies numa mesma área por um determinado período de tempo, compartilham o mesmo ambiente, todavia o sucesso de um sistema de cultivo consorciado está na determinação das culturas a serem utilizadas (REZENDE et al., 2006). Segundo Beltrão et al. (2006) os consórcios variam de acordo com o arranjo espacial das culturas no campo, desta forma temos os seguintes tipos de consórcio:
Cultivos mistos: aqui as culturas são organizadas em fileiras distintas; Cultivos em faixa: as culturas são plantadas em faixas suficientemente amplas para permitir o manejo independente de cada cultura, porém são faixas bastante estreitas para possibilitar a interação entre elas; Cultivos de substituição: uma cultura é plantada depois que a anterior alcançou a fase reprodutiva do crescimento, porém ainda não atingiu o ponto de colheita.
O sistema de consórcio apresenta algumas vantagens e desvantagens. Assim dentre as vantagens do sistema consorciado podemos destacar o melhor uso do solo, da água, bem como da área cultivada; redução de problemas com pragas, doenças e plantas daninhas; muitas vezes ocasionam aumentos no rendimento produtivo devido aos benefícios mútuos entre as culturas (KOLMANS; VÁSQUEZ, 1999). Vale salientar, o melhor aproveitamento da luz solar e o aumento da diversificação da renda do produtor (MUELLER, 1996). O consórcio, em função das vantagens proporcionadas aos produtores, pode constituir-se numa tecnologia bastante aplicável e acessível,
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possibilitando maiores rendimentos, pelo efeito sinergístico ou compensatório de uma cultura sobre a outra (REZENDE et al., 2006). Porém o sistema pode ocasionar algumas desvantagens, dentre elas temos restrição no uso de técnicas agrícolas mais eficientes e capazes de conduzir altos rendimentos ou culturais, uma vez que à medida que o nível tecnológico da agricultura evolui, as culturas consorciadas
tornam-se
crescentemente
mais
difíceis
de
serem
manejadas,
principalmente quando a mecanização é introduzida. Outro aspecto negativo do sistema é que o processo impede a utilização da consorciação em maior grau (BELTRÃO, 2006). O consórcio, em especial de oleaginosas com espécies alimentícias, é uma prática generalizada em regiões tropicais e visa incrementar as alternativas produtivas e a flexibilidade econômica dos sistemas familiares, reduzindo os riscos de perda da safra por falta ou excesso de chuvas, ataque de pragas, oscilações do preço do produto no mercado ou outros fatores adversos (LIMA et al., 2008; VIEIRA, 1984). Alguns aspectos determinam a utilização desse sistema como redução dos riscos de perdas, maior retorno econômico, assim como maior aproveitamento da área da propriedade. Todavia o bom rendimento desse sistema requer níveis adequados de luz, água, gás carbônico, oxigênio e temperatura, por sua vez, deve-se considerar que as plantas no consórcio competem por um ou mais desses fatores, ocasionando em rendimentos sempre menores que os obtidos nos monocultivos (PORTES, 1996). Beltrão et al. (2010) estudando a época relativa de plantio no consórcio mamona e gergelim, constatou, que a época relativa de plantio é um fator que deve ser levado em consideração, quando se praticar o consórcio, onde deve-se efetuar o plantio do gergelim entre 15 a 20 dias após semeio da mamona, ou até antes, caso o ambiente seja mais favorável para a pedaliácea. De acordo com Beltrão et al. (2006) o gergelim é cultivado no Nordeste do Brasil predominantemente em sistema de consórcio, principalmente com o feijão vigna, o feijão Phaseolus, mamona, amendoim e o milho. Por sua vez, Lima et al. (2008) avaliando as épocas relativas de plantio do algodoeiro consorciado com gergelim, constatou que o uso eficiente da terra foi maior quando o algodão e gergelim foram plantados no mesmo dia, porém o menor índice foi obtido com o algodão plantado 15 dias antes do gergelim. Além disso, o autor verificou que o gergelim foi mais agressivo no sistema em que foram plantados 15 dias antes do algodão.
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Controle Cultural de Plantas Daninhas Tradicionalmente se consideram plantas daninhas aquelas plantas indesejáveis, inúteis e inoportunas que afetam o cultivo ao competir por água, luz e nutrientes e também por secreção de sustâncias toxicas /alelopática. Na Tabela 13, as principais plantas daninhas que afetam o cultivo de gergelim são.
Tabla 13. As principais plantas daninhas que afetam o cultivo do gergelim. Nome científico
Nome comum
Cyperus rotundus
Tiririca
Digitaria sanguinalis
Pé-de galinha
Amaranthus spinusus
Bredo
Ipomoea sp
Jitirana
Cinodon plectosta chyus Cinodon dactylon
Capim estrela Grama-bermudas
Fonte: Efraín Espinoza (2009).
O método cultural é o controle exercido pelo cultivo sobre as plantas daninhas devido a sua capacidade para competir com elas. Um eficiente controle cultural de ervas daninhas implica um manejo adequado do cultivo. O manejo eficiente de essas práticas agronómicas cria um ambiente desfavorável para as plantas daninhas e benéfica ao cultivo. Segundo Espinoza (2009), as principais práticas para o controle cultural são:
1. Adequada preparação do solo: Esta prática deve garantir a destruição e incorporação da vegetação (plantas daninhas e restolhos) existentes e facilitar sua decomposição total. Com tal prática também se alcança uma germinação uniforme do cultivo e melhor decomposição da vegetação incorporada (realizada 30 dias antes da semeadura).
2.Preparação do solo em período seco: Esta técnica consiste em preparar ou seja arar o solo em período seco, para removê-lo e que as sementes de plantas daninhas e raízes, principalmente tiririca (Cyperus rotundus), fiquem expostas ao sol. Isto causa dessecação (desidratação) dos bulbos ou coquitos. Com base no resultado de diferentes experimentos,
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constatou-se que após a preparação mecanizada, é suficiente 10 dias de exposição ao sol, para obter até 90% de controle da tiririca.
3.Rotação de cultivos: Consiste em semear em uma mesma área diferentes cultivos, num mesmo ciclo ou diferente ciclo agrícola. Um exemplo desta prática seria semear primeiramente o milho e posteriormente o gergelim, desde que as condições de solo e chuva da região possam permitir. Em qualquer atividade agrícola, a prática de rotação de culturas é de suma importância, pois contribui para a manutenção da bioestrutura do solo e para a sanidade vegetal, além de ser prática importante para a conservação do solo. Silva (1983) indica as seguintes rotações para a região do Nordeste: feijão-gergelim, milhogergelim e milho ou mamona-amendoim-gergelim.
4.Uso de adubos verdes: Esta prática se realiza semeando primeiro (onde será plantado o gergelim), algumas leguminosas de ciclo curto como o feijão guandu e feijão de porco. Sua incorporação é feita no período de floração quando apresentem uns 50% de flor, ou seja, entre os trinta e 4 dias depois da semeadura. Depois se esperam duas semanas para sua decomposição, para logo proceder a semeadura do gergelim. Os adubos verdes sobre a superfície do solo irão funcionar como cobertura vegetal ou morta, evitando assim a emergência de plantas daninhas.
5.Uso de semente certificada: A semente certificada vem livre de sementes de plantas daninhas. Ao usar semente obtida de plantio anterior, recomenda-se limpá-la de todo tipo de sementes estranhas.
6.Manejo nutricional da planta: Plantas em solos com adequada fertilidade têm um desenvolvimento mais rápido e competem melhor com as plantas daninhas. Tal manejo é possível conseguir com corretas práticas de conservação de solo, com as semeaduras de feijão, com o uso de adubo verde ou com uma adequada adubação orgânica no momento da semeadura do cultivo.
7.Densidade ótima de semeadura: Ao utilizar a população ideal de plantas ou a mais recomendada por hectare, para cada variedade e cada região; o cultivo de gergelim pode competir favoravelmente com desenvolvimento do mesmo.
as
plantas daninhas,
permitindo
um
melhor
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Controle Mecânico de Plantas Daninhas Nas pequenas propriedades do Nordeste, o controle de plantas daninhas no gergelim é feito, geralmente, com o uso da enxada. Seu baixo rendimento, aliado à elevação do custo e escassez de mão-de-obra no campo, torna-o uma operação onerosa correspondendo a mais de 40% do custo de produção, porque são necessários duas capinas (QUEIROGA et al., 2008). O pequeno produtor do município de São Francisco de Assis do Piauí utiliza comumente o instrumento arado cultivador (tipo bico de pato) à tração animal (entre fileiras) e enxada (entre plantas) no controle das plantas invasoras no campo de gergelim, sendo o cultivador regulado para aprofundar no máximo 3,0 cm do solo para não danificar as raízes das plantas (Figura 49). Por se tratar de uma espécie com suposta atividade alelopática e dependendo do tipo de infestação de ervas daninhas da área plantada (exemplo: o gergelim não inibe a jitirana - Ipomoea cairica), apenas uma passagem com o cultivador é realizada pelos produtores do Piauí entre os 15 a 20 dias após a germinação das sementes. Além disso, deve-se fazer o “retoque” com a enxada, dentro das fileiras (QUEIROGA et al., 2008). Ou seja, o agricultor nordestino utiliza mais os instrumentos cultivador (entre fileiras) e enxada (entre plantas) no controle de plantas daninhas para a lavoura de gergelim (Figura 50).
Figura 49. Controle de plantas daninhas com o instrumento arado cultivador (conhecido como bico de pato ou capinadeira), em lavoura de gergelim no município de São Francisco de Assis do Piauí, 2008. Fotos A e C: Vicente de Paula Queiroga; Foto B: Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva.
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Figura 50. Controle manual de plantas daninhas com uso da enxada. Foto: Ritza Marina Lainez Navarrete.
Os pequenos produtores do município de São João do Sabugi, RN realizam a capina da lavoura de gergelim (espaçamento de 90 cm entre fileiras) mecanicamente com os minitratores cultivadores alugados de uma associação de pequenos produtores do referido município, do tipo Tobatta com uma bitola de 80 cm (Figura 51). O produtor paga R$ 15,00 /hora pelo serviço prestado para essa associação, já incluindo o operador da máquina, cujo rendimento por hectare do minitrator fica em torno de 5 horas (R$ 75,00).
Figura 51. Minitrator cultivador utilizado pelos produtores de São João do Sabugi-RN para capinar os campos de gergelim. Foto: Odilon Reny Ribeiro.
Barreiras de Quebra-Vento Estudando o efeito das barreiras de quebra-ventos sobre o desempenho produtivo das plantas deiscentes de gergelim na Venezuela, Moreno (1985) constatou que o rendimento de sementes foi 47% superior para as plantas que cresceram sem proteção, quando esse campo foi protegido por quebra-ventos altos, e de 39% quando a proteção do campo foi feita com barreiras de porte médio (Tabela 14). Esta proteção média dos ventos pode ser obtida com plantas de nim na distância de 2,5 m a 3,0 m entre covas (Figura 52).
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Enquanto, a proteção alta do campo de gergelim pode ser obtida plantando alternadamente o nim e eucalipto na distância entre covas de 3 metros.
Tabela 14. Alturas dos quebra-ventos utilizadas nos campos de gergelim deiscentes da Venezuela e suas influências sobre o rendimento de sementes. Proteção
Kg/ha
Incremento de produtividade (%)
Alta
1.236
147
Média
1.165
139
839
100
Nula
Figura 52. Quebra-ventos com plantas de nim para proteção do cultivo de gergelim: Barreira adensada com distância 2,5 m entre plantas. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
A influência dos ventos sobre as perdas de frutos das plantas de gergelim foi observada por Langham et al. (2008). O mesmo verificou em campo que as cápsulas sofrem a fricção de hastes e ramos por influência dos constantes ventos de uma determinada região, provocando a caída dos frutos da planta. Além disso, alguns frutos em atritos com os ramos podem permanecer fixos às plantas, mesmo assim eles ficam com sua superfície do epicarpo escurecida (área lesionada) e, consequentemente, irão amadurecer antes do ponto previsto de colheita e, no caso da cultivar deiscente, as sementes das cápsulas lesionadas vão cair no chão mais cedo (amadurecimento fisiológico desuniforme). Dependendo da intensidade dos ventos, Langham et al. (2008) admite que o campo de gergelim mais adensado pode alcançar 70% de perdas dos frutos. Esse fato ocorreu no sul
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da França, onde as perdas de frutos das plantas de gergelim foram altamente significativas, devido à ação de ventos fortes, que inviabilizou seu plantio no referido País. Além de funcionar como barreira vegetal (quebra-ventos) e como cerca viva ecológica, o nim é considerado a planta das mil e uma utilidades. Em Honduras, a DICTA poderia incentivar a produção de mudas de nim na Escola Agricola Luis Lana e distribuí-las com os agricultores dos estados de Chaluteca e Valle, os quais vêm sofrendo perdas parciais de produção de gergelim, ainda não dimensionadas, devido à ação de ventos fortes na região (Figura 53).
Figura 53. Plantas de gergelim acamadas pela ação do vento numa propriedade localizada no estado do Valle em Honduras.
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Capítulo 6
PRAGAS E DOENÇAS DO GERGELIM
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque
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PRAGAS
Com relação ao controle ecológico das pragas do gergelim (AUGSTBURGER et al., 2000), estabelece as seguintes medidas de prevenção:
1- Fomentar os predadores naturais (exemplo: criar um ecossistema com árvores, arbustos, plantio diversificado, impedir a queima dos roçados na região etc); 2- Rotação de cultivos sob critério de exclusão de plantas hospedeiras; 3- Semeadura mista para a diversificação do sistema agroecológico, assim algumas pragas se desorientam e os predadores são favorecidos. 4- Cultivo de flores amarelas (girassol) ao redor dos campos de gergelim. A cor da flor atrai as pragas, as quais se controlam de forma preventiva. 5- No campo e ao seu redor, destruir os resíduos da colheita do gergelim e plantas hospedeiras.
Com relação à infestação de insetos, houve ataque de lagarta, formigas e cochonilhas nas lavouras de gergelim das comunidades de Barreiro Grande e Veredas, o que obrigou a realização de replantio parcial das pequenas áreas afetadas das UTDs. Enquanto que nessa última comunidade, a UTD foi pulverizada com a mistura de Calda Sulfocálcica (500 mL) + óleo bruto de algodão (300 mL) + detergente neutro (50 mL) para combater a Cochonilla, evitando que a mesma provocasse maiores danos econômicos à cultura do gergelim. Já a situação do gergelim de Queimada Nova foi mais afetada pela estiagem no estádio inicial da lavoura, exigindo replantio total da UTD. Junto com a falta de chuvas na referida comunidade, as plantas de gergelim também foram atacadas por lagartas e formigas. Cuidados preventivos devem ser tomados no controle dos formigueiros dentro e próximo à área de plantio do gergelim. Apenas as UTDs das comunidades de Lagoa do Juá, Lagoa da Povoação e Barra Bonita ficaram livres de ataque de pragas durante todo o ciclo da cultivar BRS Seda (95 dias). Na Tabela 15, serão apresentadas medidas de controle ecológica das principais pragas do gergelim constatadas em lavouras de gergelim da região Nordeste.
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Tabela 15. Medidas de controle ecológico adotadas para as principais pragas da cultura do gergelim. PRAGAS
MEDIDAS DE CONTROLE
Lagarta-enroladeira Antigastra catalaunalis
Variedades resistentes (Arawaca, Maporal e Fonucla), aplicações de Dipel (Bacillus thuringiensis) e de preparo a base de nim e de mamona.
Mosca branca / Bemisia tabaci/ B. argentifolii
Sua infestação é mais frequente em período de seca. Com 4 moscas por folha deve-se aplicar o detergente neutro de 180 mL, em 20 litros de água ou sabões neutros (0,5 %) para o controle das ninfas, em pulverizações dirigidas a parte inferior da folha. Preparados de alho, piretro (extrato da flor de Chysanthemum cinerariaefolim,), etc. têm sido eficientes no controle da praga. Variedades resistentes (Arawaca e Piritu).
Cigarrinha verde / Empoasca sp
Aplicação de soluções de nim (Azadirachta indica) e mamona.
Pulgão / Aphis sp
Aplicação de soluções de nim (Azadirachta indica) e mamona.
Formigas ou Saúvas / Atta spp.
As folhas do gergelim, em decomposição, contaminam o fungo que serve de alimento para as saúvas, levando a destruição dos formigueiros. Outra estratégia seria alimentar a cada três dias os formigueiros com folhagem de maniçoba (Manihot glaziowii Mull.) ou Nim, fazendo esta substituição regularmente as formigas deixam de visitar o campo de gergelim.
Lagarta do gênero Spodoptera ssp
Preparação do solo algumas semanas antes da semeadura para eliminar ovos e plantas hospedeiras de larvas. Armadilhas de luz contra traças. Preparados de nim, mamona, piretro (Chysanthemum cinerariaefolim), etc
Cochonilla do Pseudococcidae
Aplicação de soluções: Calda sulfocálcica (500 mL) + óleo bruto de algodão (300 mL) + detergente neutro (50 mL), esta mistura deve ser utilizada no pulverizador de 20 litros.
gênero
Preparação de Macerado para Controle de Pragas
MACERADO PARA LAGARTA a) Pimenta malagueta (Capsicum frutescens) •
-200g de pimenta malagueta;
•
-1 litro de álcool;
•
-Misturar a pimenta e álcool no liquidificador e deixar repousar por uma semana para cura;
•
-Depois desse tempo deve coar no pano e acrescentar 100 mL de detergente neutro;
•
-Adicionar 200 mL de óleo de algodão;
•
-Utilizar apenas quatro colheres de sopa para cada pulverizador costal de 20 litros;
•
-Pulverizar a cada dois dias, nas primeiras horas da manhã, ou ao final da tarde.
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MACERADO PARA PULGÃO a) Cebola (Allium cepa L.) e alho (Allium sativum) •
-Três cebolas médias;
•
-Cinco cabeças de alho;
•
-10 litros de água;
•
-Triturar as cebolas e alho, misturando aos 5 litros de água;
•
-Coar no pano fino para evitar entupimento do pulverizador e adicionar a mistura (solução) com mais 5 litros de água;
•
-Pulverizar ao final da tarde com pulverizador costal de 10 litros.
b) Tomate (Lycopersicum esculentum) •
-1 kg de folhas e talos de tomate bem macerados;
•
-1 litro de álcool;
•
-Misturar o álcool e as folhas + talos macerados e deixar repousar por 4 dias para cura;
•
-Coar no pano fino e pressionar para o máximo aproveitamento (recipiente fechado e escuro);
•
-Utilizar dois vasos do extrato para ser diluído em 20 litros de água (pulverizador costal).
MACERADO PARA PULGÃO E LAGARTA Recomenda-se preparar o seguinte macerado para controle de pulgão e lagarta (DANTAS, 2001): a) Folhas de urtiga (Fleurya aestuans L) •
-1 kg de folhas de urtiga picadas;
•
-2 litros de água;
•
-Passar as folhas com a água no liquidificador ou pilão (esmagar e mexer bem) e deixar de repouso por dois dias para cura;
•
-Coar para evitar o entupimento do pulverizador;
•
-Adicionar o conteúdo para cada pulverizador costal e completar o volume com água para 20 litros.
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b) Folhas de angico (Piptadenia colubrina) •
-1 kg de folhas de angico picadas;
•
-10 litros de água;
•
-Passar as folhas com a água no liquidificador e deixar de molho por 8 dias para cura;
•
-Coar para evitar o entupimento do pulverizador costal;
•
-Usar 5 litros do extrato no pulverizador costal com capacidade de 20 litros;
Segundo Beltrão e Vieira (2001), o dano direto da mosca-branca é provocado tanto pelo inseto adulto como pelas ninfas que se estabelecem em colônias, na fase inferior das folhas, onde sugam a seiva da planta. Altas infestações provocam a “mela” e atua como vetor de viroses do grupo geminivirus. Sua infestação é mais frequente em período de estiagem ou veranicos.
MACERADO PARA PULGÃO E COCHONILHAS
a) Samambaia (Nephrolepis exaltata) •
- Colher 500 gramas de folas de samambaia fresca ou seca trituradas ou maceradas; -1 litro de água;
•
-Ferver por meia hora e deixar de repouso por 1 dia para cura;
•
-Coar para evitar o entupimento do pulverizador;
•
-Para aplicação, diluir 1 litro da solução mãe para 10 litros de água (pulverizador costal).
MACERADO PARA COCHONILHAS •
-500 mL de calda sulfocálcica;
•
-300 mL de óleo bruto de algodão;
•
-50 mL de detergente neutro;
•
-Diluir a mistura no pulverizador costal com 19 litros de água e pulverizar a cada 15 dias
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MACERADO PARA MOSCA-BRANCA ADULTA
a) Folha de fumo (Nicotiana tabacum) •
-Fazer repelente do extrato, cozinhando 2 kg de folhas de fumo em 3 litros de água, durante 10 minutos;
• •
-Depois de frio, coar o material em pano; e usar um copo da solução do extrato em 10 litros de água para pulverização. Manter o produto sempre guardado em garrafa escura e lacrado.
b) Urina de vaca •
-Coletar urina de vaca na hora da ordenha;
•
-Colocá-la num recipiente lacrado;
•
-Deixar no mínimo três dias de repouso para fermentar (liberar a amônia);
•
-Diluir 200 mL de urina para 20 litros de água do pulverizador;
•
-Se necessário aplicar a cada três dias;
•
-Não deve ser aplicada no período de floração, pois induzirá a planta ao aborto.
MACERADO PARA NINFAS DA MOSCA-BRANCA Com quatro moscas por folhas, deve-se aplicar o detergente neutro na dose entre 180 a 200 mL em 20 litros de água ou através de sabão neutro. Dissolver 100 mL em 1 litro de água e acrescenta em 20 litros de água no pulverizador costal. Aplicar pela manhã com os jatos dirigidos à parte inferior da folha para controle das ninfas (BELTRÃO; VIEIRA, 2001; DANTAS, 2001; DIACONIA, 2006). O sabão serve para repelir a mosca-branca. Picar 500 gramas de sabão para ser desmanchado em 5 litros de água quente, sendo necessário mexer bem para dissolver o sabão. Pulverizar esta mistura morna sobre as plantas (35˚C).
MACERADO PARA LAGARTAS, PULGÕES, BICUDO, PERCEVEJO E MOSCABRANCA. As recomendações dos preparos dos macerados de nim para sementes despolpadas e folhagem com talos tenros, estão indicadas respectivamente nos trabalhos de Dantas (2001) e Soares et al. (2003).
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a) Sementes despolpadas de NIM -Em primeiro lugar, os frutos são coletados e despolpados; -Em seguida, as sementes são secas; -As sementes são raladas e imersas em água; -Na proporção de 30 a 40 g de sementes por litro de água; -Deixar de repouso por dois dias para cura; -Coar e acrescentar 10 mL de detergente neutro e completar o volume do pulverizador com água; -Para o pulverizador de 20 litros, são necessários 700 g de sementes.
b) Folhagem e talos tenros de NIM: -1 kg de folhas e talos tenros picados para 20 litros de água (equivale a 40 a 50 g de folhas por litro de água); -Passar no liquidificado com 2 litros de água (ou macerado no pilão) -Deixar os 20 litros da mistura em repouso por 2 dias para; -Coar e acrescentar 10 mL de detergente neutro; -Adicionar o conteúdo no pulverizador costal de 20 litros de água.
Segundo Soares et al. (2003), as quantidades a serem utilizadas variam para cada espécie de inseto. De modo geral, recomenda-se por litro de água, de 30 a 40 g de sementes de nim ou de 40 a 50 g de folhas secas de nim.
MARCERADO PARA PRAGAS EM GERAL DO ALGODOEIRO a) Calda de mamona (Figura 54) •
-Indicações:
•
-Controle de pragas em geral do algodoeiro e pode ser utilizada como adubo foliar.
•
-Ingredientes:
•
-* 80 folhas fresca de mamona;
•
-* 20 litros de água;
•
-Modo de preparo e uso:
Triturar ou macerar as folhas, depois colocar na água e deixar em repouso por doze horas, num local escuro. Depois coar e utilizar, mas dever-se ser armazenada, no máximo 3 dias.
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Figura 54. Planta de mamona usada como macerado para preparação de bioinseticida.
b) Macerado de mamona - Modo de preparo: Colocar 250 g de mamona (frutos e folhas) macerados ou triturados em 1 litro de água, ferver por 30 minutos e depois deixar descansar por 24 horas. Para pulverizar, dissolver 1 litro de macerado filtrado ou coado em 10 litros de água. - Aplicação Para pulverizar, utilize o pulverizador manual (Figura 55), caso a área plantada seja pequena. - Cuidados: Por ser orgânico, esse inseticida não é nocivo à saúde como os industrializados, mas, depois de aplicar o produto, caso seja aplicado em hortaliças como alface, repolho, cebolinha, coentro, etc., dever-se respeitar um período de carência de pelo menos dois dias e lavar o alimento antes de consumir.
Figura 55. Pulverizador manual ou garrafa Pet. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
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G-Cigarrinha
MACERADO PARA CIGARRINHA PARDA a) Macerado de piretro (extrato da flor de Chysanthemum cinerariaefolium) -Ingredientes: -300 Gramas de flores de piretro -1 Litro de álcool. Mesclar o álcool com as flores e deixar em repouso por 48 horas em uma garrafa bem lacrada. Depois desse período, a solução pode ser coada e diluída na proporção de 1:20, ou seja, 1 parte da solução para 20 partes de água. O piretro tem grandes concentrações de piretróide, o principal constituinte dos inseticidas domésticos. Indicada contra insetos como bicudo e percevejo, ácaros, pulgões e cigarrinha-parda.
PLANTA DE NIM (Azadirachtina indica). Azadirachta indica, conhecida pelos nomes comuns de amargosa e nim, é uma árvore da família Meliaceae, com distribuição natural no sul da Ásia (Índia) e utilizada na produção de madeira e para fins medicinais. Tem efeito como repelente, inibidor do crescimento da praga, fungicida e nematicida. Para reduzir os custos de produção do algodoeiro, mudas de nim devem ser distribuídas e plantadas pelos produtores nas comunidades rurais do semiárido. Para se tornar autossuficiente na produção de bioinseticidas à base de nim, é necessário manter pelo menos 50 plantas dessa espécie em cada comunidade (Figura 56).
Figura 56. Pequeno bosque de nim com o mínimo de 50 plantas para atender cada comunidade de agricultores familiares e que pode também funcionar com barreira quebravento, ou área de arborização da propriedade. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
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O rendimento dos frutos do nim varia entre 25 e 50 kg por árvore, de acordo com a temperatura, umidade, tipo de solo e genótipo da planta. Normalmente, 50 kg de frutos maduros têm cerca de 30 kg de sementes, as quais produzem em média 6 kg de óleo e 21 kg de pasta. Cada quilograma de sementes secas contém aproximadamente 3.000 unidades (SOARES et al., 2003). Depois do despolpamento dos frutos, as sementes de nim devem ser colocadas ao sol, em camadas finas, sobre uma superfície cimentada. Deve-se evitar o contato delas com a umidade, para não ocorrer mofamento. Esta operação requer um único dia de sol, já que posteriormente, as sementes devem ser transportadas para locais sombreados, onde permanecerão cerca de oito dias. Os extratos de nim podem ser preparados com a simples trituração das sementes ou frutos frescos, em água, deixando-se a mistura descansar por 24 horas, filtrando-se o líquido e pulverizando-o sobre as áreas infestadas. O mesmo procedimento pode ser utilizado para folhas frescas ou secas (Figura 57), embora a Azadirachtina nesse caso, ocorra em menor concentração (SOARES et al., 2003).
Figura 57. Agricultor colocando as folhagens de nim (cortadas e maceradas no pilão) dentro do tambor para preparo de solução. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Outro cuidado de suma importância, ao final do processo de secagem, consiste no recolhimento e acondicionamento das sementes do nim em sacos de aniagem, para permitir boa aeração e evitar, o aparecimento de fungos patogênicos que possam causar deterioração das mesmas. Satisfeitas essas condições básicas, as sementes de nim podem ser armazenadas por mais de um ano.
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Controle de pragas Antes do plantio do gergelim, os próprios produtores devem usar a estratégia de preparar preventivamente os macerados para combater as pragas na fase inicial de infestação (lagartas ainda pequenas, pulgões e cochonilhas na fase larval, cigarrinha na fase jovem, mosca-branca na fase de ninfa, etc), pois as mesmas são mais vulneráveis à ação dos bioinseticidas. Recomenda-se guardar as soluções de bioinseticidas, para cada praga, em depósitos de plástico lacrados para evitar a perda do seu princípio ativo (QUEIROGA et al., 2008). É possível identificar em campos as pragas ainda na sua fase jovem e facilmente combatê-las com o uso de macerados de ação mais repelentes do que bioinseticida, quando o agricultor é orientado pelos técnicos como realizar no seu campo o Manejo Integrado de Pragas (MIP). A eficiente gestão do campo ocorre quando os agricultores realizam essas identificações de pragas periodicamente em sua propriedade (Figura 58). Para se tornar autossuficiente na produção de bioinseticidas à base de nim ou Azadirachta indica, é necessário manter pelo menos 50 plantas desta espécie em cada comunidade familiar dos agricultores nordestinos, visando reduzir os custos de produção do algodão.
Figura 58. Identificação de pragas periodicamente em campo de algodão, seguindo a técnica de Manejo Integrado de Pragas (MIP). Foto: Raul Porfírio de Almeida.
Os extratos de nim podem ser preparados com a simples trituração das sementes ou frutos frescos, em água, deixando-se a mistura descansar por 24 horas, filtrando-se o líquido e pulverizando-o sobre as áreas infestadas. O mesmo procedimento pode ser utilizado para folhas frescas ou secas, embora a Azadirachtina nesse caso, ocorra em menor concentração. As quantidades de nim a serem utilizadas variam para cada espécie de
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praga. De modo geral, recomenda-se por litro de água, de 30 a 40 g de sementes ou de 40 a 50 g de folhas secas (SOARES et al., 2003).
Doenças Para controle de doênças do gergelim orgânico no Brasil, a Embrapa recomenda seguir algumas medidas de controle ecológico na Tabela 16.
Tabela 16. Medidas de controle ecológico adotadas para as principais doenças da cultura do gergelim no Brasil. PATÓGENO
MEDIDAS DE CONTROLE
Cercosporiose
Queima dos resíduos da cultura e tratamento das sementes com água
Cercospera sesami
quente: 5 minutos com 45ºC. Uso de variedades resistentes (Maporal, Morada id, Acarigua, Arawaca e Inamar).
Mancha-angular
Uso de sementes sadias e variedades resistentes.
Cylindrosporium sesami Podridrão-negra-do-caule
Uso de variedades resistentes (Arawaca, Venezuela 52, Ajimo Atar e
Macrophomina phaseolina
Adong Acol) e sementes sadias. Aplicação de adubo verde para estimular o antagonismo.
Murcha-do-fusarium
O emprego de sementes selecionadas de variedades resistentes (Sesamum
Fusarium oxysporum
radiatum e variedade Delco) é um método de controle eficiente e econômico. Rotação de culturas e eliminação de restos culturais.
Fonte: Efraín Espinoza (2009).
Tratamento Térmico de Sementes de Gergelim ( CERCOSPORA; Figura 59) •
Temperatura del agua: 45ºC;
•
Tiempo de inmersión: 5 minutos;
•
Realizar el proceso de inmersión de semillas: 3 días antes de la siembra (recuperar la humidad inicial de 4% de las semillas);
•
Secado al sol (1 día) sobre carpa
•
Germinación inicial: 92%
•
Germinación final: 80,5%
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Figura 59. Para el cultivo de una o dos manzanas, la baja cuantidad de semillas necesaria permite que cada campesino haga su proprio tratamiento térmico en su finca. Foto: Vicente de Paula Queiroga).
Para a resistência a doenças, no Quênia há duas cultivares que são resistentes a mancha angular (Cercospora sesamicola) e a mancha branca (Cercospora sesame), são elas a SPS045 e SIK013, respectivamente. Há outra cultivar que apresenta resistência a ambas as doenças é a SIK031 (NYANAPAH et al., 1995). Em outra pesquisa foram selecionados mutantes de gergelim para a resistência ao Fusarium e 25 materiais foram estudados para saber o seu comportamento quanto ao Fusarium oxysporium sp. sesame, desses somente quatro apresentaram resistência, e um deles foi lançado como cultivar chamado de: Birkan, que futuramente foi bastante utilizado como fonte de resistência ao Fusarium pelos programas de melhoramento do gergelim (SILME; CAGIRGAN, 2010).
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Capítulo 7
PROCESSO DE COLHEITA DO GERGELIM
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque
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PONTO DE COLHEITA
A determinação do ponto de colheita é fundamental para o sucesso econômico da cultura, o qual corresponde o momento em que a semente atingiu a sua plena maturação fisiológica, sendo caracterizado como o período em que a semente para de receber nutrientes da planta (não há mais ganho de matéria seca). O momento exato do corte das plantas de gergelim recomendado por Beltrão e Vieira (2001) está de acordo com os trabalhos experimentais conduzidos por Queiroga et al., (2010), de que as plantas de gergelim colhidas mais tarde, quando os frutos da base das hastes começam a abrir-se, produzem sementes em maior número e de maior tamanho (FONSECA, 1994; LAGO et al., 2001). Este é o momento exato da colheita, pois daí em diante a deiscência dos frutos progride rapidamente, chegando àqueles localizados no topo da planta, mesmo que sejam constatados no campo perdas visíveis de sementes, mas consideradas essas perdas insignificantes. Mesmo assim, Mazzani (1999) afirma que quando se retarda por três dias o corte das plantas pode representar incremento de 30% no rendimento de sementes imaturas, sendo essas perdas consideradas invisíveis (sementes imaturas, chochas e palhadas; Figura 60).
Figura 60. Ponto de colheita: início da abertura da primeira cápsula da base da haste (perdas visíveis), sendo maior as perdas de sementes imaturas (invisíveis) quando se antecipa esse ponto de corte da planta. Fotos: Tarcísio Marcos de Souza Gondim
Aspecto Técnico da Colheita Mecanizada Devido a versão de 4 rodas com chassis e atadora ser apta para cultivos com altura de até 130-140 cm (Figura 61), uma adaptação na segadora-atadora de 12 CV (4 velocidades adiante e uma velocidade de ré) do fabricante italiano Lombardini é necessária na parte
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dianteira do fluxo de alimentação e de corte das plantas (tubulação em vermelho com lona plástica na cor azul) para a facilitar a colheita mecanizada do gergelim. Tais aparatos de proteção lateral evitam que as plantas cortadas com altura superior a 1,5 m não se inclinem para fora da máquina. Além disso, a largura do corte é de 140 cm e os feixes são atados a 28 cm de altura do solo com cordão natural ou fita sintética. Sua alta velocidade de trabalho permite uma redução no uso de mão-de-obra e uma colheita em pouco tempo por hectare. A variedade não ramificada (BRS Anahí) é mais apropriada para a motosegadora-atadora automotriz, segundo a Cámara Boliviana de Exportadora de Sésamo (CABEXSE). Essa máquina também poderia ser adquirida e disponibilizada pelos tratoristas prestadores de serviços aos agricultores da região semiárida.
Figura 61. Motosegadora-atadora a diesel com adaptação (tubulação em vermelho com lona plástica na cor azul) para facilitar o corte das plantas de gergelim. Fotos: Arquivos da Empresa BCS e Tarcísio Marcos de Souza Gondim.
A outra segadora-atadora é um implemento tracionado e acionado por um trator desenvolvido na Inglaterra para a colheita de gergelim deiscente não ramificado e de outras grandes culturas (Figura 62). Também a largura do corte é de 140 cm e os feixes são atados com cordão natural ou fita sintética. Sua produção diária de corte é de 8 ha e seu valor comercial é 7,575 libras esterlinas, excluído o valor do frete (peso 345 kg).
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Figura 62. Segadora-atadora utilizada na colheita do gergelim não ramificado, sendo um implemento tracionado e acionado por um trator. Fotos: Arquivos da AB Alvan Blanch. Para as cultivares deiscentes de gergelim é utilizado na Venezuela uma ceifadora-atadora de cereais com 240 cm de largura para o corte das plantas no ponto de colheita dos frutos de cada cultivar (Figura 63), a qual corta de 3 a 4 fileiras de plantas, desde que sejam plantadas no espaçamento de 60-80 cm, e as deposita sobre uma esteira transportadora. À medida que vai sendo confeccionado cada feixe na caixa ao lado, o operador que fica sentado na máquina (tipo cadeira) vai controlando com uma alavanca o lançamento do mesmo já atado ao solo. Sua velocidade de operação é 11,7 km/hora (CARDENAS, 1978).
Figura 63. Operação de corte de plantas de gergelim realizado pela máquina segadora atadora, tracionado e acionado por um trator, e vários feixes atados no solo. Fotos: Rafael E. Davila Cardenas.
Por ocasião da colheita, as plantas cortadas, atadas com barbante e agrupadas em feixes com 30 cm de diâmetro, poderão ser transportadas em carroção para secagem, ficando sua disposição em cercas de arame ou por um arame esticado entre duas estacas ou em volta de uma estaca comprida, a qual é posta na posição horizontal, mas sendo apoiada por duas estacas (tocos) em forma de Y ou agrupadas em várias medas expostas ao campo (Figura 64). Após 15 dias ao sol, os feixes pela parte apical são introduzidos numa moega de alimentação da batedeira adaptada de feijão, que conduz o material ao cilindro batedor,
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o qual libera as sementes das cápsulas por gravidade a uma peneira, sendo que os materiais estranhos (talos, folhas e resíduos) são eliminados para fora da máquina por um ventilador. Essa batedeira é acionada pela tomada de força de um trator, a qual é empregado a velocidade de rotação de 800 a 900 rpm e o rendimento operacional é de 110 kg de sementes/hora (Figura 65). No final da operação, as sementes ficam acumuladas dentro do depósito de plástico e, em seguida, são submetidas ao processo de ventilação. Para evitar perdas de sementes durante o processo de batimento dos feixes, uma lona é estendida no chão.
Figura 64. Secagem dos feixes em volta de uma estaca comprida, a qual é posta na posição horizontal e apoiada por duas estacas (tocos) em forma de Y e os feixes reunidos em várias medas bem alinhadas no campo. Fotos: Ray Langham.
Figura 65. Batedura dos feixes de gergelim diretamente na máquina de trilhamento adaptada de feijão. Lucrecia, RN.
-Médio nível tecnológico A colhedora semi-mecanizada de gergelim desenvolvida no Brasil pela empresa Sésamo Real (Figura 66) é um equipamento apropriado para as comunidades organizadas de agricultores familiares do semiárido. Essa máquina funciona acoplada ao trator para efetuar o corte de 3 a 4 ha/dia, por seu baixo desempenho necessita apenas da mão de
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obra de 2 a 3 homens/dia. Esse corte mecânico das plantas deve ser feito antes da abertura das cápsulas. Recomenda-se utilizar essa colhedora nas pequenas áreas de produção do gergelim, desde que tal equipamento seja adquirido e disponibilizado pelos tratoristas prestadores de serviços aos agricultores da região semiárida.
Figura 66. Colhedora semimecanizada de gergelim para atender as pequenas áreas de produção da Agricultura Familiar. Fotos: Túlio Benatti.
Para o caso das comunidades organizadas de agricultores familiares do semiárido que estão dispostas em tecnificar o corte das plantas deiscentes de gergelim, o mercado nacional oferece a opção do equipamento roçadeira, de distintos desempenhos e fabricantes, o qual pode ser adaptado um acessório, em formato de aba metálica junto com disco de serra, visando aumentar a capacidade de colheita diária do gergelim (Figura 67). Além disso, o produtor precisaria de pelo menos 3 pessoas para a colheita do gergelim (2 ha/dia) com esse sistema semimecanizado, sendo 1 operário para o corte com a roçadeira e dois operários para as demais atividades: agrupar os pequenos feixes de plantas, amarrá-los com barbantes e fazer a sua disposição em medas ou junto as cercas de arame para secagem (QUEIROGA et al., 2009).
Figura 67. Roçadeira motorizada adaptada com acessório, em formato de aba metálica junto com disco de serra, para o corte de plantas de gergelim em pequeno feixe.
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O corte mecânico das plantas deve ser feito antes da abertura das cápsulas. Uma vez em operação, a roçadeira motorizado é capaz de cortar e agrupar as plantas em pequenos feixes (Figura 68). De imediato, as mesmas são reunidas e amarradas em feixes de 30 cm de diâmetro, formando assim a meda que é composta pelo agrupamento de 6 a 8 feixes (Figura 69). Provavelmente, a meda em formato de cone e com cobertura de uma capa plástica exerça maior proteção aos frutos secos em situação de chuvas ocasionais.
Figura 68. Pequenos feixes amontoados pela roçadeira motorizada adaptada com acessório, em formato de aba metálica junto com disco de serra.
Figura 69. A; B) Feixe de gergelim com cerca de 30 cm de diâmetro sendo amarrado pelo produtor com tiras de caroá e formação de medas com 6 a 8 feixes de gergelim e C). Cobertura individual de plástico sobre cada meda para evitar as chuvas ocasionais.
-Baixo nível tecnológico Colheita Manual A colheita manual mais utilizada pelos produtores de São Francisco de Assis do Piauí consiste no corte da base das plantas com a serra de capim ou facão afiado (Figura 70).
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Tal corte da haste das plantas tem sido realizado na altura da inserção dos primeiros frutos (15 a 30 cm), de modo a evitar que os feixes de gergelim fiquem grandes e não causem dificuldades para o agricultor durante sua batedura sobre lona. As cápsulas da base, nas cultivares deiscentes, abrem-se mais cedo, o que indica o momento exato para se iniciar a colheita (QUEIROGA et al., 2008).
Figura 70. A) Corte manual das plantas de gergelim (frutos deiscentes) no ponto de colheita e B) Altura de 30 cm das hastes cortadas das plantas (próximo a inserção dos primeiros frutos), visando obter feixes de gergelim de ramos mais curtos. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
Secagem dos Feixes O produtor deve sincronizar o plantio (época) com a colheita do gergelim na ausência de chuvas, para evitar o escurecimento das sementes no fruto, quando as mesmas entram em contato com a umidade durante a secagem, cujo produto é desvalorizado pelo mercado por perda de qualidade. No caso dos produtores das UTDs nas comunidades Veredas, Barreiro Grande e Barra Bonita no município de São Francisco de Assis do Piauí, PI, os mesmos prenderam os feixes com duas fitas de caroá ou de polietileno, sendo que uma fita ficava na base do feixe e a outra, na sua parte média. Já na comunidade Lagoa do Juá, os feixes foram amarrados com três tiras de caroá, sendo que a terceira fita prendia os ápices das plantas enfeixadas. Os feixes deverão ser agrupados manualmente em medas ou arrumados individualmente junto às cercas de arame do campo para a secagem natural (Figura 71). Uma vez escorados nas cercas, os produtores das seis comunidades de São Francisco de Assis do Piauí mantiveram todos os feixes amarrados, passando uma corda ou arame de forma
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trançada, para que eles não inclinassem ou caíssem ao solo pela ação do vento, o qual é frequente na região nos meses de abril a julho de cada ano.
Figura 71. Feixes de gergelim apoiados em arame farpado e escorados em lados opostos na UTD da comunidade Veredas em são Francisco de Assis do Piauí, PI. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Comparando com o clima da região semiárida do Nordeste nos meses secos de maio a dezembro, observa-se que pode ocorrer em alguns anos precipitações pluviométricas atípicas entre os meses de maio e julho, o que ocasiona o escurecimento das sementes de gergelim em processo de secagem no campo. Consequentemente, essa oxidação do produto é bastante depreciada pelo mercado. Portanto, para evitar as chuvas ocasionais durante a secagem dos feixes com ápices voltados para cima, os produtores do município de Lucrecia-RN agruparam os feixes sob uma lona plástica grande, de maneira que ela envolveu vários feixes de gergelim desde a parte superior até a parte inferior, formando uma cobertura total à prova de chuvas (Figura 72).
Figura 72. Sistema de secagem dos feixes de gergelim com cobertura de lona plástica no campo para evitar às chuvas ocasionais. Lucrecia, RN, 2012. Fotos: Ana Yimiko Kojima.
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Batedura dos Feixes e Peneiração dos Grãos Após duas semanas de secagem ao sol, os feixes são trilhados manualmente sobre lona plástica. Devido ao vento forte na região, os produtores familiares das comunidades envolvidas na programação da FFA fizeram três bateduras para soltar todos os grãos dos feixes, pois os frutos na planta apresentam idades diferentes e também diferentes níveis de maturação. De modo geral, os batimentos dos feixes ocorreram aos 8, 15 e 22 dias após o corte das plantas de gergelim nas diferentes comunidades de São Francisco de Assis do Piauí. Caso necessita complementar a secagem dos grãos após a batedura, é recomendável espalhar uma camada fina de grãos sobre a lona plástica, em razão de que os grãos terão que apresentar umidade entre 4 - 6%. O produtor não pode esperar que os frutos dos feixes completem toda secagem para efetuar uma só batedura, porque tal economia de mão-de-obra adotada pelo mesmo poderá comprometer significativamente sua produção de gergelim da cultivar BRS Seda. Ou seja, essa exposição demorada dos feixes por mais de 20 dias no campo contribui bastante pela caída ao chão dos grãos de cápsulas secas pela ação do vento, o qual é bastante frequente na região semiárida do Nordeste após o período das chuvas. Para satisfazer as exigências de qualidade do mercado e conseguir melhor preço pelo produto, os grãos de gergelim devem apresentar um padrão de pureza de 99,96 %, livre de agentes externos como areia, restos de folhas e fibras, insetos etc (QUEIROGA et al., 2007). Para atingir esse rigoroso padrão de qualidade, durante o processo de batedura do gergelim, sugere-se que as extremidades da lona encerada de polietileno (3 m x 3 m) sejam amarradas em vários piquetes de 1 metro de altura (a lona fica parecida a uma canoa), pelos produtores das comunidades de São Francisco de Assis do Piauí (Figura 73).
Figura 73. Batedura dos feixes de gergelim sobre uma lona plástica. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
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No transporte dos feixes para a batedura, os produtores reunidos nas UTDs conduziam os feixes na posição ereta (Figura 74), pois qualquer inclinação dos mesmos representava perdas de grãos. Apenas os feixes secos eram virados totalmente pelos carregadores quando estavam sobre a lona estendida em forma de canoa. Aquela UTD que havia deixado os feixes de plantas mais curtos, as atividades de virada e de sua batedura sobre a lona (Figura 75) mostraram-se ser melhor o manuseio da batedura dos mesmos, em comparação aos feixes longos. Ou seja, recomenda-se cortar a planta da cultivar BRS Seda com facão no início da inserção dos frutos, na altura de 30 cm das hastes das plantas.
Figura 74. Transporte dos feixes (feixes grandes) de gergelim em posição ereta para efetuar sua batedura. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Figura 75. Os produtores executam melhor a batedura do gergelim com feixes curtos. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Uma vez executada a operação de batedura nos feixes com auxílio da própria mão ou de um pequeno porrete, os agricultores do Rio Grande do Norte realizam uma limpeza das sementes depositadas na lona através de uma peneira no formato circular. Para ajudar nessa tarefa de limpeza das sementes utiliza-se um balde de plástico (Figura 76).
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Figura 76. Peneiração dos grãos de gergelim após o processo da batedura dos feixes. Fotos: Vicente de Paula Queiroga. Limpeza: Ventilação Logo após a batedura e antes do ensacamento, recomenda-se utilizar uma ventilação no material resultante para eliminar todo tipo de sujeiras encontradas junto aos grãos (cascas, insetos, palhas, sementes chochas etc). Para os produtores de São Francisco de Assis do Piauí, a ventilação dos grãos é realizada com arupembas de palhas (peneira rústica) nas horas de ventos, pois nas referidas comunidades praticamente não dispõem de energia elétrica para ventilar a produção do gergelim com ventilador. Outra forma fácil de ventilação do gergelim é apresentada na Figura 77, mas são necessárias uma lona e uma quadra cimentada à disposição da comunidade.
Figura 77. Ventilação do gergelim realizado pelos produtores, usando uma lona sobre uma quadra cimentada nas horas de ventos e com ajuda do ventilador. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
Outra técnica simples de ventilação natural dos grãos de gergelim adotada pelos produtores do Nordeste é utilizando uma peneira feita de madeira, contendo uma chapa de latão perfurada por prego, a qual fica no plano inferior da coluna de descarga do grão
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efetuada por um operário de campo sobre um tamborete, visando reter as sujeiras pesadas e grandes presentes nos grãos (QUEIROGA, et al., 2008). Ao mesmo tempo, a coluna de descarga dos grãos é afetada pela ação do vento para separar as sujeiras leves e pequenas (Figuras 78 e 79).
Figura 78. Ventilação natural dos grãos de gergelim usando uma peneira de madeira com chapa de latão perfurada por prego. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
Figura 79. Ventilação natural dos grãos de gergelim usando uma peneira de madeira com chapa de latão perfurada por prego. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Colheita Mecanizada A maioria da limpeza das sementes indeiscentes de gergelim é feita na própria colheitadeira combinada (Figura 80), mesmo assim é necessário que as mesmas sejam transportadas para uma Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) para uma limpeza adicional (LANGHAM et al., 2008).
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Figura 80. Trilhadeira combinada transportando as sementes de gergelim para o caminhão graneleiro, visando de imediato beneficiá-las na UBS. Foto: Ray Langham.
Uma vez na UBS, o produto é descarregado na moega (Figura 81). Por meio de um elevador mecânico, as sementes são transportadas a uma peneira classificadora e vibradora, que fica submetida a um mecanismo de turbulência de ar, cuja finalidade é a eliminação dos materiais estranhos contidos no produto (pedra, areia, material orgânico em forma de casca, folhas etc). Em seguida, o produto está pronto para a segunda fase de limpeza. Ou seja, outra descarga do material é feita na moega e, através de um elevador, as sementes são colocadas numa segunda máquina e, por meio de um mecanismo de turbulência e peneira, se eliminam o material fino e as sementes em mal estado. No final, o produto é acondicionado em novo saco e transportado para o depósito onde se armazena o produto natural limpo (IICA, 2004).
Figura 81. Descarga de sementes de gergelim dentro da Unidade de Beneficiamento de Sementes, após a operação de colheita realizada pela trilhadeira combinada. Foto 1: Jerry Riney e Foto 2 e 3: Diógenes Galindo Diniz.
Embalagem de grãos Cabe ao produtor de grãos a obrigação de acondicionar o gergelim em embalagens apropriadas. Normalmente, são utilizados sacos de papel multifoliado-valvulado, com capacidade para 25 kg de grãos (Figura 82), devidamente rotulados ou pelo menos com o nome gergelim. Esta embalagem cumpre a função não só de facilitar o manuseio e o
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transporte, mas, também, permite personalizar a qualidade do produto pela rotulação em cada saco do seguinte nome: “Gergelim de São Francisco de Assis do Piauí”.
Figura 82. A) Gergelim natural limpo e B) Lote de sementes de gergelim condicionadas em sacos de papel multifoliado/ valvulado e empilhados sobre estrados de madeira. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
Deve-se procurar formar lotes de grãos por comunidade de cada produtor, não devendo cada lote ultrapassar o tamanho de uma tonelada. Periodicamente, é necessário inspecionar os lotes a fim de se verificar anormalidades como umidades, emboloramento e temperatura elevada etc. Atualmente, a produção de gergelim de São Francisco de Assis do Piauí tem optado por acondicionar os grãos em sacos de ráfia (sacos trançados de polietileno) por ser mais barato, apesar do seu baixo aspecto visual para o mercado. O maior impacto comercial seria com a embalagem dos grãos em sacos de papel multifoliado e valvulado (dispensa a costura dos sacos) produzido pela empresa Klabin de São Paulo, mas o frustrante é que essa empresa só aceita pedidos de no mínimo 20 mil sacos. Esta situação estabelecida pela Klabin favorece apenas os produtores do agronegócio, porém afeta demasiadamente comunidades organizadas de pequenos e médios produtores.
Armazenamento dos Grãos Segundo Weiss (1983), os grãos de gergelim perdem rapidamente a qualidade quando manipulados e armazenados sem os devidos cuidados. Colheita fora de época, danos mecânicos na batedura, secagem inadequada (alta umidade) e temperatura de armazenamento, parecem ser os principais fatores que afetam as qualidades alimentícias dos grãos armazenados, segundo Culbertson et al. (1961); Franco (1970); Justice e Bass (1978). Finalmente, é importante mencionar que a qualidade do grão de gergelim é responsabilidade de toda a cadeia de produção.
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Em regiões com alta umidade ambiental, o gergelim volta a absorver umidade e corre o risco de embolorar (mofar). Sob estas condições se deveria armazenar o gergelim num curto espaço de tempo ou em caso contrário depositá-lo em recipiente hermeticamente fechado. Bass et al. (1963), utilizando recipientes herméticos, verificaram que sementes de gergelim se conservam por dois anos quando mantidas em temperatura de 10 ºC e umidade de 7%, enquanto a 21 ºC, a conservação só foi mantida quando o teor de umidade das sementes foi de 4 %. O local escolhido do armazenamento deverá ser apropriado, isto é, seguro, seco, com possibilidades de aeração e condições para fácil combate a roedores, insetos e microrganismos. Manter espaços e corredores adequados para movimentação e amostragem, bem como divisões que permitam pronta identificação entre os diferentes lotes de grãos numa mesma fileira. Os grãos de gergelim devem ser armazenados em sacos novos de papel multifoliados, aniagem ou polietileno trançado no depósito da FFA, localizado na cidade de São Francisco de Assis do Piauí (Figura 83). Os sacos costurados devem ser empilhados sobre estrados de madeira, mantendo uma distância de 1 metro das paredes. Periodicamente, devem-se inspecionar os lotes a fim de verificar anormalidades como umidades, insetos etc.
Figura 83. Depósito da Fraternidade de São Francisco de Assis em São Francisco de Assis do Piauí para armazenamento dos grãos de gergelim produzidos pelos produtores familiares das diferentes comunidades.
O tamanho de cada lote recomendado é até uma tonelada para os sacos empilhados, podendo separar cada lote por comunidade. Como exemplo, estimando-se que toda a produção obtida pela comunidade de Barra Bonita seja de 4.500 kg de grãos de gergelim,
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o seu armazenamento seria distribuído em cinco lotes de grãos, sendo quatro lotes com uma tonelada e o quinto lote, com apenas 500 kg. Limpar todas as instalações antes de usá-las, para evitar misturas acidentais e não comprometer a qualidade do material estocado. Uma vez cumprida à limpeza do depósito, o agente comunitário da FFA já pode considerar o local seguro para receber a produção do gergelim proveniente das comunidades rurais. Ao mesmo tempo, um membro da equipe deverá procurar identificar o número do lote com um lápis piloto nos sacos de gergelim de cada produtor e esse mesmo número deverá ser anotado numa planilha com o respectivo nome do produtor. No caso do produtor Justo Teixeira Rodrigues da comunidade Barreiro Grande entregasse sua produção de gergelim no depósito da FFA em três etapas, então o seu número de identificação dos sacos seria o mesmo da primeira entrada. Ou seja, se na primeira entrada ele entregou 200 kg de grãos de gergelim em 10 sacos de 20 kg e cada saco recebeu uma determinada numeração do lote (exemplo: L-5), consequentemente nas demais entregas da sua produção de gergelim, os sacos vão ser anotados com a mesma numeração, basta o agente comunitário da FFA verificar na sua planilha o número do lote que corresponde ao referido produtor. Este controle dos lotes dos produtores é importante para a comercialização (antes de fechar o negócio, o comprador de gergelim exige amostra do produto), pois numa produção de grãos de gergelim que envolve várias comunidades, é possível aparecer produtos de qualidade inferior, em razão de alguns produtores não terem conduzido bem os processos de beneficiamento dos grãos de gergelim (QUEIROGA et al., 2007). No caso de o programa não adotar um controle rígido de identificação das sacarias de cada produtor, com certeza irá haver uma desvalorização no preço geral do produto, em função de mistura aleatória dos sacos de grãos sujos com os limpos, e isto penaliza mais aqueles produtores que produziram grãos com alto padrão de qualidade. Dependendo do tamanho do lote de gergelim, devem-se retirar várias amostras simples dos grãos ensacados de cada lote, sendo um total de 6 a 12 amostras simples para cada lote. Em seguida, misturam-se essas amostras simples para formar uma amostra composta. Com essa amostra composta identificada (número do lote, variedade, safra, quantidade de sacos do lote), embalada em saco de papel ou plástico e na quantidade mínima exigida de 70 g, a mesma já pode ser remetida para uma unidade de Laboratório de Sementes, considerada oficial pelo Ministério da Agricultura e Reforma Agrária MARA, aonde as sementes ou grãos deverão ser submetidas aos seguintes testes de rotina:
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análise de pureza, umidade e germinação. Dentro de 10 dias, o laboratório emitirá um Boletim de Análise de Sementes. Após reunir toda produção de gergelim no depósito de São Francisco de Assis do Piauí, os agentes comunitários da FFA submeteriam os grãos a uma ventilação complementar num equipamento simples com alimentação manual, o qual é formado por duas peneiras vibratórias, sendo a da parte superior para eliminação das sujeiras grandes contidas nos lotes de sementes e a inferior, para eliminação das sujeiras menores (Figura 84). Antes do material entrar em contato com a primeira peneira, as sementes são submetidas a uma limpeza por ação de um ventilador.
Figura 84. Equipamento de limpeza de sementes de gergelim pertencente à Fraternidade de São Francisco de Assis, estado do Piauí. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
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Capítulo 8
PROCEDIMENTOS PARA EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE GERGELIM
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Paulo de Tarso Firmino Ayicé Chaves Silva Esther Maria Barros de Albuquerque
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1. INTRODUÇÃO
Tendo em vista as boas perspectivas dos mercados nacionais e internacionais, as sementes de gergelim que contém em média 50% de óleo de elevada qualidade com aplicações diversas, encontram-se em plena ascensão, devido ao aumento da quantidade de produtos industrializáveis para o consumo, que tem crescido em torno de 15% ao ano, gerando demanda do produto "in natura" e mercado potencial capaz de absorver quantidades superiores à atual oferta (BELTRÃO; VIEIRA, 2001). Os componentes importantes do gergelim são seus antioxidantes naturais, pertencentes a família das lignanas. Entre eles: sesamina, sesamolina, sesamol e pinoresinol. As pesquisas atuais revelam que o hábito de comer constantemente o gergelim pode trazer benefícios para a saúde humana, pois se considera um alimento funcional que, além de alimento, é também usado como medicamento por auxiliar na prevenção de várias doenças: depressão, osteoporose (por ser rico em cálcio), colesterol (lecitina) e arteriosclerose. Além disso, o gergelim desempenha importantes funções no organismo humano, tais como: atividade mental, afrodisíaco, laxante e de retardar o envelhecimento das células. Esses antioxidantes naturais estão concentrados mais no óleo de gergelim, pois ainda não se constatou sua presença em outros óleos vegetais (BELTRÃO; VIEIRA, 2001; MOLLER, 2006). Por este motivo, o extra virgem de gergelim é considerado o aceite mais caro no mercado (US$ 37.00 o litro). A composição dos antioxidantes naturais da semente de gergelim branca, preta e marrom, foi comparada por Yoshida e Takagi (1997) com a da semente torrada e não. O teor de sesamina foi maior para a semente branca, enquanto o de sesamolina foi maior para a marrom. Com a torração o teor desses antioxidantes diminuiu, enquanto o de sasamol aumentou com o tempo de aquecimento. Com base nos resultados da pesquisa, chega-se à conclusão de que as composições dos antioxidantes naturais apresentam insignificantes variações entre sementes de distintas cores, o que de fato ajuda a acabar com o mito de que: “as sementes pretas são mais indicadas para os tratamentos medicinais”. Esse produto a base de gergelim é um excelente azeitador, dando melhor sabor aos alimentos e as saladas de verduras. O óleo de gergelim possui “flavour” (sabor) característico e agradável e maior estabilidade oxidativa, quando comparado com a maioria dos óleos vegetais, por causa da sua composição de ácidos graxos e pela presença
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dos antioxidantes naturais, sesamolina, sesamina, sesamol e gama tocoferol (BELTRÃO; VIEIRA, 2001). Os técnicos da Dicta (similar a Embrapa) de Honduras classificaram suas variedades de gergelim em três categorias de óleo, tendo a variedade denominada Coreia II sido considerada de alta qualidade para produção de óleo Gourmet de gergelim por proporciona um “flavour” (sabor e cheiro), ao mesmo tempo, delicado e muito característico. Enquanto as variedades Coreia 1 e Zirandaro ficaram na segunda categoria em qualidade de óleo e as demais cultivares de gergelim plantadas em Honduras (San Joaquin, ICTA R-198, Igualteco, etc) na terceira categoria. Até o momento, as variedades de gergelim distribuídas pelo Brasil se enquadram mais na terceira categoria, principalmente por produzirem um óleo sem cheiro. A principal demanda do gergelim provém da indústria de alimentos, enquanto 70% da produção mundial é destinada a extração de óleo e torta na maioria dos países importadores. Os principais países importadores de gergelim são: Japão, Coréia, China, União Europeia, Estados Unidos e Egito. Estes mercados experimentam um progressivo crescimento em suas demandas, principalmente Egito e Coréia, que tem incrementado suas importações. Os fatores que têm contribuídos nessa grande demanda do gergelim são: 1.- Aumento da demanda em função do alto teor de óleo do produto; 2.- Maior aceitação da indústria de alimentos por antioxidantes naturais presentes no óleo de gergelim em substituição aos produtos sintéticos. Além disso, o teor de antioxidantes que contém o gergelim protege o óleo da rancidez; 3.- O incremento na demanda do gergelim orgânico tem sido um reflexo das tendências na indústria alimentícia e dos hábitos dos consumidores; e 4.- Estima-se que a demanda mundial teve um crescimento anual entre 6 a 8% até o ano 2012. Também se estima que a demanda excederá o seu volume de produção nos próximos 5 anos.
2. Recepção do produto no armazém da unidade extratora Após ser pesado (Figura 85), o produto que vem do campo em sacos deve ser empilhado sobre estrados de plástico e não devem manter contato com as paredes do depósito de armazenamento da usina de extração de óleo (recuo de 100 cm). O lote recebido deve estar etiquetado, conhecendo-se a qualidade do produto com as seguintes classificações de qualidade: “A”, “B” ou “C”, assim como sua variedade, quantidade, o nome do produtor, etc. Uma vez identificado, recomenda-se separar o produto por qualidade e variedade (SAG; DICTA, 2007).
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Figura 85. Pesagem do caminhão ao lado da empresa Shirosawa Co exportadora de gergelim em Paraguaio e a armazenagem do produto. Foto: Arquivo Shirosawa Co.
3. Limpeza do gergelim 3.1. Alto Nível Tecnológico Uma vez na Unidade de Processamento de Sementes, o produto é descarregado na moega. Por meio de um elevador mecânico, as sementes são transportadas a uma peneira classificadora e vibradora, que fica submetida a um mecanismo de turbulência de ar, cuja finalidade é a eliminação dos materiais estranhos contidos no produto (pedra, areia, material orgânico em forma de casca, folhas etc). Em seguida, o produto está pronto para a segunda fase de limpeza. Ou seja, outra descarga do material é feita na moega e, através de um elevador, as sementes são colocadas numa segunda máquina e, por meio de um mecanismo de turbulência e peneira, se eliminam o material fino e as sementes em mal estado. No final, o produto é acondicionado em novo saco e transportado para o depósito onde se armazena o produto natural limpo (IICA, 2004; Figura 86).
Figura 86. Descarga de semillas de ajonjolí en la planta procesadora de la empresa Shirosawa. Foto: arquivo da empresa Shirosawa Co.
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No mercado de gergelim, sementes brancas mescladas com outras cores não são adquiridas pelas empresas ou tem preço diferenciado na compra em mais de 30% em comparação as sementes brancas padronizadas (IICA, 2004). Para satisfazer a exigência dos importadores de sementes de alta qualidade, a empresa exportadora Shirosawa Co instalada no Paraguaio submete as sementes de gergelim produzidas pela agricultura familiar daquele País ao processo de classificação de cor por uma máquina com sistema de fotocélulas. A Figura 87 apresenta uma máquina similar do fabricante Sesame Milling Machine (2010).
B
A C Figura 87. A) Máquina de classificação do gergelim pela cor de suas sementes do fabricante Sesame Milling Machine (SMM), modelo SMM-3; B) Sementes de gergelim de cor preta classificadas pela referida máquina e separadas dos grãos com distintas cores; e C) Sementes de gergelim preta com padrão de cor uniforme. Fotos: Arquivo da Sesame Milling Machine, 2010.
3.2. Médio Nível Tecnológico Após reunir toda produção de gergelim no depósito da Unidade de Beneficiamento de Sementes de Lucrecia, RN, os técnicos da cooperativa COAFAL submetem as sementes a uma ventilação complementar numa máquina de classificação adaptada pela Indústria Scott Tech de Vinhedo, SP, dotada de duas peneiras vibratórias, com alimentação feita por um elevador de caçamba, o qual possui uma bica de descarga na sua parte superior por onde passam as sementes sujas (Figura 88). A função da peneira da parte superior é apenas reter as impurezas maiores, enquanto as sementes são retidas na peneira inferior, a qual deixa passar as impurezas menores. Uma vez eliminadas essas impurezas contidas
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no lote, o processamento permite aumentar a pureza das sementes acima de 98%, pois esse equipamento tem um desempenho de funcionamento semelhante à máquina de ar e peneira utilizada nas Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS).
Figura 88. Ventilação de sementes de gergelim na máquina de classificação da Unidade de Beneficiamento de Sementes de Lucrecia, RN. Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
3.3. Baixo nível tecnológico Uma técnica simples de ventilação natural das sementes de gergelim adotada pelos agricultores do Nordeste consiste em utilizar uma peneira feita de madeira, contendo uma chapa de latão perfurada por prego, a qual fica no plano inferior da coluna de descarga da semente efetuada por um operário de campo sobre um tamborete, visando reter as sujeiras pesadas e grandes presentes nas sementes (QUEIROGA et al., 2008). Ao mesmo tempo, a coluna de descarga das sementes é afetada pela ação do vento para separar as sujeiras leves e pequenas. Outra forma de limpeza de sementes de gergelim em local coberto é através de peneira adaptada de areia e com ajuda de ventiladores (Figura 89).
Figura 89. Ventilação natural dos grãos de gergelim usando uma peneira de madeira com chapa de latão perfurada por prego e a limpeza com peneira numa área coberta e com ventilação artificial. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
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4. Lavagem das sementes de gergelim Para obter sem muita dificuldade um aceite limpo e de coloração dourado ouro é necessário que as sementes de gergelim sejam lavadas antes do processo de extração de óleo. Um pequeno equipamento formado por três baldes (grande, média e pequena) conectadas entre si (balde grande x balde médio x balde pequeno) por dois tubos de deságua e uma bomba d’água de 0,5 CV conectada a última cuba (pequena) que irá transportar a água por meio de um cano para um tubo de menor diâmetro instalado dentro do primeiro balde grande. Uma vez os distintos baldes cheios de água, o sistema irá funcionar com base na lei da física dos vasos comunicantes por manter a água em circulação o tempo todo quando aciona a pequena bomba d’água (Figura 90). Como o tubo de pequeno diâmetro fica penetrado até o fundo da cuba grande, então quando as sementes são alimentadas através deste tubo, as mesmas ricas em óleo mergulham e logo vem à superfície da água. Ao mesmo tempo, elas irão desaguar junto com a água para o balde de tamanho médio, mas ao colocar uma peneira sobre sua boca apenas as sementes são retidas, enquanto a água continua em circulação por ação da bomba de 0,5 CV. No fundo do balde grande a contaminação tipo, poeira, areia e pedregulhos não flutuam e ficam acumuladas por ser material pesado. O sistema em funcionamento requer o uso de duas peneiras, pois quando ocorre que uma peneira se encontra cheia de sementes, a outra é colocada em seu lugar. Ou seja, as sementes da peneira cheia são espalhadas sobre uma lona plástica para secar ao sol.
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Figura 90. A;B) Lavador de sementes de gergelim de aço inoxidável, recomendando pela Vigilância Sanitária, para eliminação de pedras e poeiras aderidas a sua superfície, sendo o processo de alimentação de sementes realizada manualmente; A) Protótipo de lavador de sementes de gergelim, feito de acero inoxidável, para eliminação de pedras e poeiras aderidas a sua superfície, sendo o processo de alimentação de sementes ajustado por gravidade.
5. Secagem de sementes 5.1. Baixo Nível Tecnológico Uma vez secadas ao sol e atingindo a umidade máxima de 4% (Figura 91), as sementes de gergelim ainda aquecidas (quentes) devem ser conduzidas imediatamente para o setor de prensado, visando obter um maior rendimento no processo de extração de óleo. Também se obtém assim um produto de melhor qualidade (amarelo ouro) e com maior vida de prateleira (não rancifica). Recomenda-se não realizar extração de aceite em dias nublados, pois o rendimento de extração de óleo é baixo, exceto no caso de a unidade processadora dispor de um sistema artificial de secagem. Nesse caso, as sementes poderão ser submetidas até a temperatura de 45ºC. (Figura 92).
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Figura 91. Secagem natural ao sol: método adotado pelos pequenos agricultores para secagem do gergelim. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
5.1. Médio e Alto Nível Tecnológico
Figura 92. Distintos tipos de secador artificial utilizados no processo de secagem dos grãos. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
6. Extração de óleo 6.1. Médio Nível Tecnológico Uma pequena unidade de extração de aceite foi instalada na cooperativa de Simplício Mendes, PI, de acordo com as normas de vigilância sanitária, onde foram implantados os equipamentos: mini-prensa e filtro da prensa (Figura 93), mesmo assim o aceite foi envasado em garrafa de plástico.
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Figura 93. Prensa de extração de óleo e pequeno filtro de prensa de gergelim da unidade de extração de óleo de Simplício Mendes, PI (Fotos: Vicente de Paula Queiroga).
O óleo de gergelim extraído dos grãos é considerado um dos mais finos óleos no mercado, sendo comumente usados na indústria alimentícia. Na Figura 94, estão vários modelos de prensa de gergelim com baixa capacidade de extração de aceite de 8 litros por dia, envasado em garrafa de plástico. Sua capacidade de rendimento é de 35-40% de óleo, mas sua capacidade de produção é baixa (8 litros por dia), apesar do gergelim ser uma semente rica em óleo com mais de 50% de sua massa.
Figura 94. Prensas de extração de aceite de gergelim: a) Pertence à Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá, CE; b) Mini empresa particular denominada de Delícias do Sertão (Tauá, CE) com envase de plástico; e c) Prensa desenvolvida pela UFPB.
Uma solução encontrada pelo programa da JICA, em parceria com o governo do Estado do Rio Grande do Norte, foi à instalação de duas miniusinas para a extração de óleos vegetais diversos (gergelim, amendoim e girassol), ideais para a cooperativa de pequenos
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produtores de Lucrecia, RN e para a Unidade de Extração de Óleo da Emparn de Natal, RN, apresentando capacidade de processamento de 100 quilos de matéria prima por hora, rendimento de 44% de óleo extra-virgem e extrai 22 litros de óleo por hora, envasado em garrafa de vidro (QUEIROGA et al., 2014; Figura 95).
Figura 95. Unidade de extração de óleo de gergelim da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Familiares de Lucrecia, RN (COAFAL). Fotos: Vicente de Paula Queiroga.
6.2. Baixo Nível Tecnológico Cada 10 kg de sementes têm 5 litros de óleo, mas dependendo capacidade da prensa de extração é possível extrais de 28 a 70% de óleo. A prensa comum tipo hidráulico é um equipamento simples que pode ser desenvolvido em qualquer oficina mecânica das pequenas cidades nordestinas pela facilidade de conseguir as ferramentas necessárias para sua confecção (QUEIROGA et al., 2010). Na elaboração dessa prensa buscou preencher pelo menos três requisitos mínimos: eficiência, baixo custo e o mínimo de peso (volume), para que o equipamento possa ser transportado em um simples “carrinho de mão. Avaliando o desempenho dessa prensa comum, observou-se que a maior pressão exercida sobre a torta por tal equipamento com o auxílio de uma mão de força, resultou num eficiente rendimento de extração de óleo de 44,89%. Para não haver problemas com a vigilância sanitária, recomenda-se confeccionar essa prensa com material de acero inoxidável, principalmente nas partes que tem contato com o aceite ou sementes (Figura 96).
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Figura 96. A) Prensa manual de gergelim com o auxílio de uma mão de força para aumentar o rendimento de extração de óleo; B;C) Prensa manual de gergelim feita de acero inoxidável, evita problemas com a Vigilância Sanitária.
7. Filtragem do óleo O óleo obtido por prensagem sempre arrasta resíduos que tendem a turvar o óleo. A separação deste material pode ser por sedimentação ou por filtragem. A filtragem tem a finalidade de retirar os resíduos que estão misturados com o óleo. No tipo de equipamento empregado, o óleo passa através de uma série de filtros (10), feitos de tecido grosso. Em cada filtro, vai sendo retirada uma borra, composta pelos resíduos do óleo.
7.1. Médio Nível Tecnológico Esse filtro de prensa é do tipo placas verticais, com 6 placas e 7 quadros, fechamento mecânico manual, bica recolhedora e bandeja para retenção de finos. Também acompanha uma bomba para alimentação e motor de 0,33 CV (Figura 97). Dependendo da qualidade dos grãos empregados (natural sujo de campo) e do grau de impureza do óleo, pode ser feita uma ou mais etapas de filtragem (QUEIROGA et al., 2007).
Figura 97. Pequeno filtro de prensa utilizado na extração do óleo de gergelim.
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Dependendo da capacidade de extração do óleo da unidade processadora de gergelim, os filtros podem ser de médio a grande porte (Figura 98).
Figura 98. Filtros de prensa de porte médio e grande utilizados na extração do óleo de gergelim. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
7.2. Baixo Nível Tecnológico O óleo extraído do equipamento sai quente, sendo recomendado esfriá-lo à temperatura ambiente para facilitar sua clarificação. Deve-se deixar por 24 horas o óleo decantar e conservar o mesmo dentro de um vidro lacrado em um local fresco. Esse óleo escuro que sai da prensa contém muitas impurezas, com resíduos de cascas e endospermas dos grãos de gergelim. Por isso, deve ficar em repouso, para sedimentar essas impurezas (Figura 99). O repouso é importante, pois aumenta a eficiência da etapa seguinte: a filtragem. Uma alternativa para os produtores das comunidades rurais é utilizar um pano grosso para fazer a filtragem do óleo que passou pelo processo de sedimentação (repouso).
Figura 99. Processo de sedimentação do óleo extraído pela prensa de extração e depósito de aço inoxidável usado na sedimentação do óleo de gergelim em Lucrecia, RN.
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Com papel de filtro usado para coar café é possível conseguir um óleo de alta qualidade, pois tal eficiência irá depender apenas de as sementes usadas no prensado terem sido submetidas aos processos de lavagem e de secagem. Os equipamentos de filtração do óleo são os mais simples (Figura 100).
Figura 100. Equipamento simples de filtragem do óleo extraído das sementes prensadas, mas que antes as sementes foram submetidas aos processos de lavagem e secagem, necessitando passar o óleo apenas em papel de filtro (café).
8. Amostragem do óleo em laboratório A análise da amostra de óleo de gergelim em Laboratório é a última fase do processo de extração, porque determina a qualidade final do produto e define ou não sua comercialização para o mercado. Utiliza-se de uma pipeta limpa e esterilizada para tirar uma amostra de 100 mL de cada tambor de 200 L de aço inoxidável. Em seguida, deposita a amostra de óleo em cada frasco de vidro esterilizado, usando a mesma numeração que identifica o tambor amostrado. As amostras tiradas de cada tambor são armazenadas para a realização das respectivas análises de peróxido e acidez em 4 repetições por cada teste. Uma vez concluído essa operação, realiza-se a etiquetagem das garrafas indicando no rotulo o índice de peróxido e acidez (SAG; DICTA, 2007; Figura 101).
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Figura 101. A;B) Laboratório de Análises de óleo de gergelim da empresa Shirosawa Co exportadora de gergelim em Paraguai; C) Tambor especial (aço inoxidável) para alimento com logomarca da empresa usado para encher com óleo de gergelim. Fotos: Arquivo da empresa Shirosawa Co.
9. Engarrafamento do óleo O processo de engarrafamento se divide em quatro etapas. A primeira consiste no processo de lavagem, esterilização e secagem das garrafas, que em seguida seguem para a etapa de envasamento, onde acontece o enchimento das garrafas. A terceira etapa é a colocação de rótulo e selo na superfície externa da garrafa, e por último as garrafas são colocadas em caixas para distribuição ou comercialização local. Nessa etapa, alguns resíduos e efluentes gerados podem ser apontados como aspectos ambientais relevantes. Os efluentes gerados no processo são a água utilizada na assepsia dos recipientes e as soluções contendo detergente. Também são gerados, rótulos de papel, tampinhas de garrafa, restos de cola, cacos de vidro, etc (SEBRAE, 2001). O óleo deve ser envasado em recipientes novos, mesmo assim é necessário submetê-los ao processo de esterilização. Atualmente, os materiais permitidos são: vidros, lata de alumínio e garrafa Pet (Figura 102). A capacidade de cada embalagem não pode ser maior de 1 litros e não é permitido usar embalagem com marcas que não sejam de propriedade do Produtor Autorizado ou ser um envasador aprovado nos términos das normas oficiais. Recomenda-se colocar em frasco de 80 mL a 150 ml, pois cada pequeno recipiente de óleo extra virgem de gergelim pode custar para o consumidor final o valor de R$ 10,00 a R$ 15,00.
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Figura 102. Sistema semi-automatizado de envasamento das garrafas de vidro com óleo e etiquetagem manual das garrafas de acordo com as normas oficiais estabelecidas.
De acordo com as normas oficiais estabelecidas, a etiqueta para cada embalagem deve exibir um rótulo legível que contenha as seguintes informações em língua portuguesa: a) A palavra "Óleo de Gergelim"; b) Categoria de extra virgem, de acordo da norma oficial em vigor; c) Conteúdo líquido expresso em litros ou mililitros; d) Nome ou razão social da pessoa física (registrado) ou jurídica onde a óleo é extraído e, quando aplicável, o engarrafador tem que ser registrado; e) Domicílio do Produtor Autorizado pela unidade de extração e envasador registrado; g) Nome da marca ou qualquer outra logomarca distintiva conforme à legislação, normativa e regulamentação aplicáveis no local de comercialização; h) Segundo a norma oficial, deve ser inserido no rótulo o número de registro do produtor; i) Lote: cada embalagem deve levar gravada ou marcada a identificação do lote a que pertence, como um código. No caso da identificação do lote que é incorporado o produtor autorizado ou o engarrafador registrado não deve ser alterado ou oculto de forma alguma; j) A composição química do produto obtida de um Laboratório credenciado pela Anvisa para atender as declarações de aviso estabelecidos na legislação de saúde, etc.
Óleo de Gergelim O óleo de gergelim extraído dos grãos é considerado como um dos mais finos óleos no mercado, sendo comumente usados na indústria alimentícia. Este óleo é rico em ácidos graxos insaturados, contendo aproximadamente 47% de ácido oleico e 39% de ácido linoleico e representa de 44 a 58% do seu peso (BELTRÃO; VIEIRA, 2001) e as proteínas oscilam entre 17 e 29% (MAZZANI; LAYRISSE, 1998). Tanto o óleo como comidas fritadas com ele tem vida de prateleira longa devido à presença dos antioxidantes no óleo (não rancifica), melhorando seu sabor, principalmente dos produtos fritos (BELTRÃO;
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VIEIRA, 2001). Os óleos industrializados de gergelim são: óleo extra virgem, óleo refinado, óleo bruto e óleo tostado de gergelim. Como subproduto da prensagem é obtido a torta ou farinha de gergelim.
Óleo extra virgem: O óleo extra virgem da unidade processadora de Várzea, PB é obtido por prensagem a frio numa sala escura, apenas com iluminação indireta do ambiente externo (sol), e utiliza uma prensa hidráulica de médio porte. Seu rendimento médio de extração de óleo a frio é mais de 80% (QUEIROGA et al., 2007). Para conservar melhor todas as propriedades químicas naturais do óleo, deve-se realizar o seu envase em embalagem de vidro escuro (frasco âmbar; Figura 103). Embalagens transparentes de vidro e de plástico, usadas comumente pelos fabricantes, alteram as características do produto.
Figura 103. Recomenda-se utilizar uma garrafa escura e de pequeno volume (80 até 150 mL) para envasar o óleo, viabilizando assim sua comercialização ao consumidor final, enquanto a garrafa de 250 mL com seu conteúdo de óleo de gergelim extra-virgem tipo gourmet (Foto 5).
Outra categoria de produto de gergelim especifica para perda de peso, são as cápsulas liquidas de sesalin (Ultra Pure Sesame Oil) de rápida ação, oferecido via internet pela empresa Arnold Nutrition (Figura 104). Por outro lado, o dono da unidade de extração de óleo de Várzea, PB conseguiu desenvolver um pequeno protótipo capaz de encher com óleo de gergelim 60 cápsulas de cada vez, mas as cápsulas vazias devem ser adquiridas no mercado.
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Figura 104. A) Cápsulas líquidas de sesalin (óleo) obtidas de sementes de gergelim. (Foto: arquivo Arnold Nutrition, 2011) e B) Cápsulas líquida de óleo extra virgem que são cheias em protótipo desenvolvido pelo dono da unidade de extração de óleo de Várzea, PB.
Óleo refinado: O óleo refinado é considerado como um dos mais finos óleos disponíveis no mercado. O óleo de gergelim refinado é usado comumente, não somente na indústria do processamento dos alimentos, mas também em numerosas aplicações como na indústria farmacêutica e de cosméticos. Esse óleo destaca por suas poderosas propriedades antioxidantes naturais, as quais prolongam o período de conservação de produtos fritados. As características desse produto têm incrementado a rápida diversificação de alimentos (BELTRÃO; VIEIRA, 2001). Atualmente, o óleo de gergelim refinado é obtido de grãos não torrados e, portanto, sua tonalidade é clara (Figura 105). O contrário ocorre com o óleo bruto, ele é marrom porque os grãos foram torrados. As etapas para obtenção do óleo refinado são: cozimento com vapor, prensagem, neutralização, branqueamento, desodorização (consiste na destilação a vapor sob pressão reduzida). A etapa de tratamento térmico dos grãos de gergelim, antes da extração, não é mais empregada pelas indústrias de óleo (BELTRÃO; VIEIRA, 2001).
Figura 105. Óleo refinado de gergelim (não orgânico) de grãos não torrados. Foto: Diego Antonio Nóbrega.
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Óleo bruto: É extraído da torta, resultante do prensado, por método químico (solvente). Para o óleo de gergelim ser usado no cozimento de alimentos (frituras em geral), esse óleo bruto por prensagem é submetido inicialmente ao processo de refinação, visando reduzir o índice de acidez, que pode variar de 3,93% a 7,29% no óleo bruto (BELTRÃO; VIEIRA, 2001), para o tipo refinado de até 0,5 g/100g (Figura 106). Ao mesmo tempo, substancias indesejáveis não gliceridicas que acompanham o óleo bruto também são reduzidas durante o refino, tais como: gomas, mucilagens, carboidratos, fosfatídeos, fragmentos protéicos, pigmentos, esteróides e principalmente ácidos graxos livres. Essas substancias escurecem o óleo bruto, dão sabor e aroma fortes e, uma vez aquecido, produzem fumaça, espuma e favorece a oxidação (MANDARINO; ROESSING, 2001). Ou seja, o óleo bruto é recomendado para ser usado em pratos frios como azeitador, não sendo recomendado para cozinhar alimentos (aquecido) para o consumo humano.
Figura 106. Óleo de gergelim refinado (não orgânico), usado no preparo dos alimentos domésticos. Foto: Diego Antonio Nóbrega.
Óleo tostado de gergelim: Os alimentos preparados com o óleo de gergelim tostado têm uma excelente resistência à rancificação devido aos antioxidantes formados durante o processo de torração (Figura 107). Vale frisar que no processo de torração não se usa nenhum tipo de aditivos, conservantes e produtos químicos (BELTRÃO; VIEIRA, 2001).
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Figura 107. Óleo tostado de gergelim obtido após torração dos grãos ou aquecimento do óleo. Foto: Diego Antonio Nóbrega.
Em forno pré-aquecido, é possível obter óleo de qualidade após torração do grão a 180ºC por 20 minutos ou por 15 minutos a 200ºC ou do aquecimento do óleo. Com o processo de torração do grão ocorre redução nos teores dos antioxidantes sesamina, sesamolina e g tocoferol, com aumento nos teores de sesamol, devido à decomposição de sesamolina. E ainda, o sesamol possui atividade antioxidante maior que o seu percursor (sesamolina). Além disso, com a temperatura, ocorre redução da qualidade da proteína, devido ao escurecimento pela perda de aminoácidos sulfurados, e redução da digestibilidade e solubilidade. Quando torrado, é indispensável nas cozinhas japonesa, chinesa e coreana, em razão do seu “flavour”, ou seja, seu sabor agradável (BELTRÃO; VIEIRA, 2001).
10. Torta o farina A farinha (torta magra; Figura 108) de gergelim, obtida nas extrações mecânica da prensa e química com uso de solvente, pode ser introduzida 20% em produtos panificáveis (pão, biscoito, bolo etc); ou em mistura protéica de soja, gergelim e trigo, nas respectivas proporções 30:30:40, a qual foi utilizada na fabricação de pães, tendo uma boa aceitabilidade e sendo comparados, em sabor, ao pão integral (FIRMINO et al, 2005).
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Figura 108. Destaque da farinha de gergelim obtida da torta resultante do processo de extração do óleo das sementes brancas. Foto: Diego Antonio Nóbrega.
Considerações Gerais -Com um bom trabalho de marketing é possível melhorar o consumo de óleo de gergelim e seus derivados por parte do mercado nacional, em razão dos benefícios proporcionados à saúde humana por causa da composição dos antioxidantes naturais. -O ideal é que os agricultores se organizem em cooperativas e associações para fomentar o cultivo em comunidade, buscando um planejamento antecipado para maior eficiência e rentabilidade da exploração do gergelim, incluindo o processamento da semente para extração do óleo. Essa agregação de valor do gergelim irá depender da aquisição de alguns equipamentos e a construção de uma agroindústria de pequeno porte.
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Capítulo 9
PROCESSO DE DESPELICULAÇÃO DE SEMENTES DE GERGELIM
(Autores) Francisco de Assis Cardoso Almeida Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Joselito de Sousa Moraes Esther Maria Barros de Albuquerque
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DESPELICULAÇÃO DE SEMENTES
As sementes de gergelim possuem uma pele ou casca que precisa ser removida e ao processo se dá o nome de descascamento ou despeliculação. O peso da casca é cerca de 17% do peso total da semente de gergelim. Esta casca contém grande quantidade de ácido oxálico e fibra indigesta. O ácido oxálico pode reduzir o índice de utilização do cálcio dos alimentos e influencia o sabor. Após o descascamento, o ácido oxálico pode ser reduzido de 3% para 0,25% nas sementes de gergelim, o que melhora grandemente a digestibilidade da proteína e os grãos conservam todos seus atributos naturais e nutricionais. Portanto, o descascamento das sementes de gergelim é uma pré-condição para o aumento do uso do gergelim no campo alimentício e os grãos podem ter preço duplicado ou triplicado, quando são destinados para padarias, em relação aos grãos convencionais, e representam 62% do mercado de gergelim. As sementes descascadas são mais leves e mais saborosas que as sementes com casca. A operação de despeliculação (Figura 109) dos grãos pode ser realizada através dos seguintes métodos: manual, físico, mecânico e químico.
Figura 109. A estrutura da semente integral de gergelim com detalhe do tegumento (t) envolvendo todo endosperma (end), cotilédones (cot) e radícula (rad) Foto: Diego Antonio Nóbrega
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Tem-se, também, utilizado a lavagem de sementes de gergelim de cor branca para a produção de itens de confeitaria. Tal técnica que deixa as sementes brancas brilhantes é conhecida como sementes descascadas (Figura 110).
Figura 110. Destaca o brilho e a uniformidade dos grãos despeliculados de gergelim. Foto: Vicente de Paula Queiroga
O processo manual de despeliculação consiste em colocar os grãos com casca numa bacia de inox e adicionar água para o umedecimento dos mesmos por 2 a 3 horas. Após serem umedecidos, é preciso ficar esfregando numa superfície rugosa (peneira de malha fina ou de metal) manualmente os grãos emergidos em água por determinado período de tempo e depois lavá-los com água limpa. Uma vez separados das sujeiras por densidade, os grãos são expostos ao sol para secar até alcançar umidade de 4%. Antes do ensacamento dos grãos despeliculados, é feita a ventilação do material para eliminar as películas remanescentes (QUEIROGA et al., 2007). O descascamento dos grãos é considerado como um processo preliminar de industrialização do gergelim; o mais recomendado seria o mecânico (QUEIROGA et al., 2007). Esta técnica de descascamento de fricção mecânica não inclui nenhum agente químico e, após o processo de separação da película, os grãos conservam todos seus atributos naturais e nutricionais. Esses grãos de cor branca descascados terão melhor preço no mercado por elevar sua qualidade alimentícia, podendo chegar a duplicar ou triplicar o seu valor em relação às sementes convencionais (Figura 111). Estima-se que 70% dos grãos produzidos se destinam para extração de óleo, enquanto que os 30% restantes do mercado do gergelim, 62% representam os grãos despeliculados e 22% dos grãos se destinam para fabricação da pasta de gergelim (tahine).
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Figura 111. Excelente aparência do pão com grãos de gergelim despeliculados. Foto: Vicente de Paula Queiroga
Os pesquisadores da Fundação CIEPE (Centro de Investigaciones del Estado para la Producción Experimental Agroindustrial) da Venezuela tem descrito um método mecânico de descascador de gergelim, no qual o grão depois de agitado num misturador Hobart ou planetário solta facilmente a casca ao submetê-lo a lavagem em água, eliminando-se logo a casca por flutuação. Comparado com o método de descascamento químico, este método desenvolvido pela CIEPE apresenta as vantagens de menor utilização de água, menos tempo de processamento, não utiliza vapor nem hidróxido de sódio e o grão descascado se armazena mais facilmente (MAZZINI, 1999). No processo mecânico de despeliculação, as sementes com casca na quantidade de 20 c3 são umedecidas em água por apenas 6 minutos. Depois elas são colocadas no misturador Hobart ou Planetário (Figura 112) por 5 minutos usando a velocidade três (MAZZANI, 1999). Uma vez completada essa operação de despeliculação, as sementes são separadas das cascas por flutuação e por peneiração. Em seguida, são expostas ao sol para secar até alcançar 4% de umidade. Antes do ensacamento das sementes despeliculadas, é feita a ventilação do material para eliminação das películas soltas.
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Figura 112. Misturador Hobert ou planetário usado no processo de despeliculação mecânica dos grãos de gergelim. Foto: Vicente de Paula Queiroga A despeliculação é mais valorizada quando realizada com grãos de cor branca como a BRS Seda, porque se removendo a película, elimina-se o oxalato de cálcio e a fibra não digerível, e consequentemente o grão fica mais doce, por perder o gosto amargo que é característico da espécie. Já nas sementes de outras cores, esse gosto amargo não é eliminado totalmente quando se remove sua película, pelo fato do oxalato de cálcio estar também presente no endosperma das sementes (QUEIROGA et al., 2007). O grão descascado é mais utilizado no consumo direto pelas padarias, confeitarias e outras indústrias alimentícias. Os grãos despeliculados de gergelim devem ser processados com base na quantidade demandada pela indústria. Ou seja, não é recomendado armazenar grãos descascados para ficar esperando pelo mercado. Dependendo do processo utilizado para despeliculação, o grão que teve contato com a água pode mudar de cor (escurece por oxidação) entre um e dois meses (MAZZANI, 1999). Num trabalho de despeliculação de gergelim realizado na Venezuela, Mazzani (1999) observou que o índice de peróxido (oxidação) foi ligeiramente maior na amostra descascada mecanicamente nas seis semanas de armazenamento, quando comparada com a amostra descascada quimicamente (hidróxido de sódio a 0,06%). Entretanto, esta última amostra apresentou maior deterioração a partir da oitava semana de armazenamento, ficando mais acentuada a mudança de cor. O padrão de qualidade para sementes de gergelim descascadas é:
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Cor: branca Aroma: Aroma de gergelim puro Umidade: ≤ 5% Impureza: ≤ 0,1% Índice de casca pegajosa: ≤ 0,2% Cor excepcional: ≤ 0,2%
O processo de descascamento úmido é comparado ao processo de descascamento seco. O descascamento seco, seca o grão numa panela, após o processo de limpeza, o que pode diminuir a umidade na casca e torná-la frágil. Em seguida, os grãos são submetidos ao choque térmico (método físico) para a retirada da película (tostar a 70 ºC por 60 minutos). O processo seco é curto em linha de tecnologia, requer pequenos investimentos em equipamento, mas é baixo em índice de descasque, facilmente ficando amarelado ou amarronzado, e até mesmo queimado às altas temperaturas. Razão pela qual é utilizado em pequenas quantidades para uso próprio e, em pequenas fábricas alimentícias. O descascamento úmido tem sido desenvolvido visando à retirada fácil da casca da semente de gergelim. A fase preliminar do processo de descascamento consiste na limpeza dos grãos com imersão em água, adicionado água quente (90ºC) e hidróxido de sódio (solução de 0,06%), deixando-se o produto em repouso por um minuto. Após este tempo, os grãos são levados a uma espécie de batedeira, que por fricção e adição de água fria (25ºC) se remove a película e pigmentos. Em seguida, ocorrem os processos de lavagem sob pressão e secagem dos grãos, a qual é efetuada por meio de uma máquina de centrifugação e um sistema de secador (QUEIROGA et al., 2010). Nas Figuras 113, 114 e 115, observa-se um sistema industrial de despeliculação de grãos de gergelim que utiliza a seguinte metodologia (SESAME DEHULLING MACHINE, 2011):
1. Imersão: O objetivo da imersão é encharcar os grãos de gergelim de água para que inchem e sejam separadas das películas. O projeto usa detergente, imersão de grãos de gergelim com cascas, numa certa temperatura, o que melhora a velocidade de infiltração na casca do grão, diminuindo o tempo de imersão enormemente para 30 a 40 minutos (em lugar de 7 ou 8 horas originais). O período de produção é encurtado. Ao mesmo tempo o detergente enfraquece os pigmentos da casca do grão, tornando-o mais esbranquiçado.
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2. Descascamento: Utiliza um descascador vertical para descascar os grãos de gergelim em movimento relativo. Através de uma leve fricção entre os grãos de gergelim, a casca é removida. Na cooperativa del Campo em Nicarágua, o tempo de despeliculação químico é de 15 minutos, sendo mais elástico o tempo quando o referido processo utiliza apenas água.
Figura 113. Misturador vertical tipo centrífuga usado para agitar os grãos em processo de despeliculação com água (Foto A) e máquinas para eliminar o excesso de umidade (Foto B) e para limpeza dos grãos (eliminar as películas; C). Cooperativa del Campo em Nicarágua. Fotos: Cristian Evelio Irias Orellana.
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3. Separação: É o processo chave para a produção de grãos de gergelim, o qual pode afetar o rendimento do produto final. Existe uma mistura de cascas e grãos num tanque de água, pela diferente flutuabilidade de cascas e grãos, retêm-se as cascas manualmente. Por não ser um método por flutuação, então o projeto usa a teoria da separação por diferentes tamanhos geométricos de cascas e sementes. Ou seja, usar a melhor tecnologia de imersão para tornar leves as cascas, aumentando o índice de compressão das cascas, de maneira a não influenciar o índice de grãos que está sendo descascadas, mas ao mesmo tempo está tirando as cascas pelo fluxo de água de um separador automático. Por esse mecanismo as sementes limpas são separadas das cascas. A tecnologia economiza trabalho e gera produto próximo aos valores teóricos.
4. Secagem: O processo usa um sistema de câmara que produz fluidos de ar de alta eficiência. Os grãos flutuam através de um fluxo de ar quente e são polidos por fricção leve entre os mesmos, o que diminui a quantidade de cascas pegajosas e melhora a leveza do produto final. Isto diminui a desvantagem de amarelamento, sujeira, alto índice de casca pegajosa, etc., os quais são mais presentes em outros tipos de secadores.
A
B
C
Figura 114. Estrutura em aço para descascamento do gergelim, destacando os processos de descasque e secagem (ao fundo). A) Unidade completa de despeliculação com capacidade para 20 toneladas/ dia; B) Detalhe da máquina de descascar e C) Detalhe do secador de fluidos de alta eficiência. Fotos: Arquivo SESAME DEHULLING MACHINE.
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Figura 115. Após o processo de secagem (Foto A), os grãos com 3,5% de umidade e descascados são transportados para uma esteira em movimento e através de mangueiras à vácuo, usadas por uma equipe de mulheres (Foto B), são eliminadas as partículas pretas (sementes abortadas) detectadas em cada lote. Cooperativa del Campo em Nicarágua. Fotos: Cristian Evelio Irias Orellana.
Os preços do processamento industrial são elevados na Nicarágua (US$ 7.5 por 60 kg de sementes descascadas; Figura 116), enquanto na Guatemala o preço do processamento é mais barato (US$ 3 a 4 por 60 quilos de sementes despeliculadas). Com base no preço do processamento na Guatemala, a tonelada de gergelim despeliculada seria de R$ 100,00 a R$120,00. Segundo as explicações dos gerentes da usina processadora de gergelim da Nicarágua, esta diferença de custos de descascamento se deve aos elevados preços de combustível, energia e o financiamento existente naquele País. A variedade de gergelim ICTA R-198 é mais exigida pelo mercado para o processo de despeliculação. É importante ressaltar que quando maior for à produção de gergelim em qualquer região do Brasil, há uma tendência de diminuição do preço do processamento de despelicular os grãos em grande escala.
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Figura 116. Processo de embalagem dos grãos despeliculados da cooperativa del Campo em Nicarágua. Fotos: Cristian Evelio Irias Orellana.
DESPELICULADORA DE GERGELIM: PROTÓTIPO A Máquina despeliculadora (protótipo de bancada) foi desenvolvida no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas (LAPPA), da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola (UAEA), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande, Paraíba, seguindo o princípio de funcionamento de uma betoneira. É construída em ferro, fibra de vidro, aço-inox e alguns acessórios em nylon e borracha (Figura 117).
Figura 117. Máquina despeliculadora de gergelim: A – Câmara despeliculadora; B – Compartimento do motor; C – Suporte tipo cavalete; D – Calha para descarregamento. Foto: Joselito de Sousa Moraes (Protótipo em processo de patenteamento).
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A máquina constitui-se de uma base tipo cavalete construída em tubo de ferro quadrado com pés de borracha vibra stop. Sobre esta base está acoplado através de rolamentos o conjunto despeliculador que é composto pelo motor elétrico de 500Watts/ 220 V e pela câmara despeliculadora. O motor elétrico é acionado por um controlador Dimer que permite regular a velocidade de rotação da câmara despeliculadora entre 215 e 245 rpm. A câmara despeliculadora é formada por dois cilindros construídos em aço-inox 316 e um dispersor (escova de nylon com cerdas curtas) sendo acionada pelo motor elétrico através de um conjunto de correia dentada e polias existentes na parte inferior do compartimento do motor. O compartimento do motor foi construído em fibra de vidro.
-Funcionamento da máquina despeliculadora O abastecimento da máquina despeliculadora é realizado manualmente e seu funcionamento se dá através do sistema de rotação da câmara despeliculadora que trabalha com uma inclinação variável entre 90 e 45°. O sistema de rotação submete as sementes de gergelim a um atrito entre si e entre as paredes da câmara despeliculadora e as cerdas do dispersor. Após a despeliculação o material é descarregado soltando-se a trava do sistema e inclinando-se a câmara até terminar a operação de descarga e lavagem com um jato de água. O protótipo apresenta tamanho compacto, podendo ser utilizado em uma bancada, atendendo as necessidades laboratoriais e/ou pequenos produtores, removendo a película das sementes de gergelim sem emprego de produtos químicos com uma eficiência acima de 85%. O processo de despeliculação comtempla uma sequência de etapas que devem ser realizadas seguindo o fluxograma da Figura 118.
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Limpeza das sementes
Imersão em água aquecida por determinado tempo
Drenagem da água
Colocação das sementes na câmara despeliculadora
Limpeza
Secagem
Lavagem das sementes
Agitação das sementes por determinado tempo
Classificação
Embalagem
Armazenamento
Comercialização
Figura 118. Fluxograma do processo de despeliculação mecânica. OBTENÇÃO DO SESAMINA A PARTIR DO ÓLEO DE GERGELIM O óleo de gergelim é fonte de ácidos graxos essenciais, contendo ácidos graxos monoinsaturados, ômega 9 (oléico, gadoléico) e ácidos graxos poliinsaturados como ômega 3 (ácido alfa-linolênico) e ômega 6 (ácido linoléico) que ajudam a reduzir o nível de colesterol. O mesmo é ainda fonte natural de fitohormônios lignanas, tais como: sesamina, sesamolina, sesamol e gama tocoferol que se encontram na parte não saponificável do óleo e que apresentam propriedades antioxidantes, fornecendo ao óleo uma elevada estabilidade (não rancifica). Para Lyon (1972) e Fukuda et al. (1986), os teores dos oxidantes naturais no óleo de gergelim, como o sesamina, podem variar de 0,4% a 1,1% e o sesamolina de 0,3% a 0,6%, enquanto apenas traços de sesamol. Uma correlação positiva foi encontrada entre o teor de óleo da semente e o teor de sesamina presente no óleo (TASHIRO et al., 1990). A composição dos antioxidantes naturais da semente de gergelim branca, preta e marrom, foi comparada por Yoshida e Takagi (1997) na semente torrada ou não. O teor de sesamina foi maior para a semente branca, enquanto o de sesamolina foi maior para a marrom. Já no processo de torração do grão ocorreu redução nos teores de sesamina, sasamolina e g tocoferol, enquanto o sesamolina foi gradualmente convertido para sesamol, sendo que o sesamol tem atividade antioxidante maior que seu precursor
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(sesamolina). Em razão disso, o óleo tostado obtido da semente torrada ou do óleo aquecido tem atividade antioxidante muito maior que o óleo de gergelim bruto da semente não torrada (YOSHIDA, 1994). O óleo de gergelim produzido no primeiro prensado a frio encontra-se entre os óleos comestíveis mais caros. Através da prensa hidráulica da Figura 22 é possível conseguir um rendimento de 70% no processo de extração do óleo extra-virgem, ficando a torta do prensado com 12% de óleo (torta gorda). Entretanto, para conseguir maior concentração de sesamina presente no óleo, recomenda realizar a extração com solvente (hexana ou éter de petróleo) com rendimento de 99% de óleo, o que resultaria na produção de torta com 1% de óleo (torta magra ou uma farinha praticamente sem antioxidante) (QUEIROGA; SILVA 2008). A extração química de óleos vegetais, denominado de extração com solvente, utiliza uma mistura de hidrocarbonetos denominada de "hexana" (fração do petróleo) com ponto de ebulição ao redor de 70 ºC que passa pela matéria prima devidamente preparada. Esta passagem do solvente pela matéria prima é denominada "lavagem" e sua eficiência será maior quando o contato com as células de óleo for facilitado pela exposição de uma superfície maior (através da moagem dos grãos). O óleo da matéria prima que está na superfície é retirado por simples dissolução, e o óleo presente no interior de células intactas são removidos por difusão. Assim, a velocidade de extração do óleo decresce com o decurso do processo. Mesmo com a extração por solvente não se tem uma eficiência de 100%, pois o farelo ficará ainda com um teor de 0,5 a 0,6% (em geral 1%) de óleo. A mistura de óleo com solvente é chamada de "miscela" e o equilíbrio no sistema óleo-miscela-solvente é o fator que determina a velocidade de extração. A difusão do solvente será mais rápida quanto melhor for a preparação da matéria prima e quanto maior for a temperatura de extração (próximo à temperatura de ebulição do solvente). A extração não é completa, pois o farelo geralmente apresenta um teor de 0,5 a 2,0% de óleo. Posteriormente é necessário fazer uma nova destilação, para separar o óleo do solvente (SOAREZ, 2006). Na extração química continua pode utilizar o sistema "Rotocel", que é um cilindro horizontal dividido em setores, onde é colocada a matéria-prima, mantido a baixa rotação, a matéria-prima inicial recebe a miscela mais concentrada e depois gradativamente com miscelas mais diluídas. Enquanto a extração química descontinua utiliza um ou mais extratores (aparelhos tipo tanque vertical com boca de carga e descarga, sistema de aquecimento por meio de camisa com vapor indireto, tomadas para entrada e saída de
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líquidos e gases). Dependendo do número de extratores montados na planta, após circulação de miscela (solvente com óleo), o solvente limpo é circulado sobre o material quase completamente desengordurado. Este solvente sairá do extrator já em forma de miscela, sendo reutilizados nos extratores seguintes, que apresentam teores cada vez mais elevados em óleo (ERCITEC, 2008). Outro método para extração de óleos essenciais de sementes e tortas de gergelim pode ser realizado através do sistema de Extração por Arraste de Vapor. A extração desses óleos é feita por destilação. Uma corrente de vapor passa pela matéria prima e arrasta com ela o óleo essencial. Quando esse vapor condensa, temos dois líquidos imiscíveis: água e óleo essencial. A Ercitec dispõe de vários modelos com diversas capacidades de produção (Figura 119).
A
B
Figura 119. Extração por arraste de vapor dorna: A) equipamento com capacidade de 15 litros e B) equipamento com capacidade de 500 litros. Fotos: Adilson Manzano.
O trabalho de obtenção da mistura de sesamina e sesamolina a partir do óleo de gergelim foi realizado através de métodos cromatográficos convencionais e a separação desses lignanas foi realizada utilizando estes equipamentos (LEITE et al., 2000). Os resultados obtidos por esses métodos (cromatográficos convencionais) não foram satisfatórios, pois o tempo requerido foi longo e as quantidades isoladas de sesamina e sesamolina foram extremamente pequenas. Para se chegar a uma quantidade suficiente de sesamina e sesamolina, Leite et al. (2000) utilizaram as técnicas de RLCCC (Rotation Locular Counter-Current Chromatography) e DCCC (Droplet Counter-Current Chromatography). A separação destes lignanas também foi possível através de CLAE, porém as técnicas de
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cromatografia em contracorrente desenvolvidas nessa pesquisa apresentaram-se mais eficientes, rápidas e baratas. Segundo Leite et al. (2000), o equipamento de RLCCC possui 16 colunas de vidro compostas de 37 compartimentos cada, onde a velocidade de rotação (força centrífuga) e o ângulo de inclinação do aparelho podem ser variados. A técnica consiste na introdução de duas fases líquidas não miscíveis nas colunas, sendo que uma delas é a fase estacionária e a outra é a fase móvel. Esta técnica se baseia na diferença de solubilidade do analítico em solventes de diferentes polaridades não miscíveis. Uma fração (423 mg) proveniente do extrato acetato de etila, composta dos lignanas sesamina e sesamolina, foi injetada no equipamento de RLCCC, utilizando-se como eluente uma mistura de Hex/CH3CN/AcOEt/H2O, tendo-se a fase rica em acetonitrila como fase móvel e a fase rica em hexana como fase estacionária. A análise foi desenvolvida sob um fluxo de 1.0 mL/min a uma pressão de 0,7 kg/cm2. As colunas foram mantidas a 70 rpm, em modo ascendente, levando ao isolamento de 264 mg de sesamina e 142 mg de sesamolina. Condições análogas foram utilizadas no equipamento de DCCC e as quantidades dos lignanas isolados foram muito semelhantes quando comparadas a análise realizada no equipamento de RLCCC (LEITE et al., 2000). A compra de grãos de gergelim pela maior cervejaria “Asahi” do Japão para extração do lignana sesamina, tornou-se um negócio mais lucrativo do que a própria cerveja, segundo informações prestadas pelos técnicos da Jica. Com a comercialização lucrativa de um suplemento alimentar com propriedades benéficas para a saúde, o qual se tornou um produto biofortificado com o enriquecimento de pequenas frações do lignana sesamina, o que vem causando sucesso nos consumidores japoneses, apoiado por um intenso trabalho de marketing. Já o óleo resultante sem o lignana sesamina pode ser tostado, submetendo-o ao aquecimento (ou aquecimento de grãos) a temperatura de 180ºC por 20 minutos (QUEIROGA; SILVA, 2008) que é a forma mais apreciada pelos consumidores dos países asiáticos. Enquanto a farinha (torta magra; Figura 120) de gergelim, obtida na extração com solvente, pode ser introduzida 20% em produtos panificáveis (pão, biscoito, bolo etc); ou em mistura proteica de soja, gergelim e trigo, nas respectivas proporções 30:30:40, a qual foi utilizada na fabricação de pães, tendo uma boa aceitabilidade e sendo comparados, em sabor, ao pão integral (FIRMINO et al, 2005).
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Figura 120. Destaque do óleo tostado e a farinha de gergelim obtida da torta resultante do processo de extração do óleo das sementes brancas. Foto 1: Vicente de Paula Queiroga e Foto 2: Diego Antonio Nóbrega.
A ciência já comprovou as propriedades notáveis do lignano sesamina, o que justificaria o crescente interesse da comunidade científica mundial no estudo desta substância. Segundo Arnold Nutrition (2011), as principais propriedades medicinais atribuídas ao lignana sesamina são: Diante do destaque do gergelim como alimento nutracêutico (este termo vem de ‘nutri’, nutriente e ‘cêutico’, de farmacêutico), uma empresa de Beijing da China, cujo país é considerado o maior produtor de gergelim do mundo, vem oferecendo pela internet a venda do pó de sesamina com 90% de pureza (Figura 121) no valor (preço Fob) de dois mil dólares por quilograma (ALIBABA, 2011). Outra categoria de produto de gergelim especifica para perda de peso, são as cápsulas liquidas de sesalin (Ultra Pure Sesame Oil) de rápida ação, oferecido via internet pela empresa Arnold Nutrition.
Figura 121. Destaque do pó de sesamina e cápsulas líquidas de sesalin (óleo) obtidas de sementes de gergelim. Foto 1: Arquivo ALIBABA e Foto 2: Arquivo Arnold Nutrition.
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Capítulo 10
COEFICIENTES TÉCNICOS
(Autores) Vicente de Paula Queiroga Tarcísio Marcos de Souza Gondim Francisco de Assis Cardoso Almeida Esther Maria Barros de Albuquerque
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ESTRUTURA DE CUSTO OPERACIONAL
O custo operacional foi segmentado por cultivo manual (tradicional) e por cultivo semimecanizado de gergelim, para melhor visualização das necessidades de cada sistema, principalmente por se tratar de cultivo orgânico, ou qual irá requerer uma pequena área de no máximo 2 ha (sistema manual) ou 3 ha (semimecanizado). O sistema tradicional não significa baixo de tecnologia, mas sim o uso intenso de mãode-obra, com apenas emprego da semeadora mecânica manual (Tabela 17).
Tabela 17. Estimativas de custos variáveis por hectare para o cultivo manual do gergelim. Ítem
Discriminação
1
INSUMOS
1.1 1.2 1.3 2 2.1 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.1.5
Sementes Adubo orgânico Preparação de macerado OPERAÇÕES Preparo do solo Capinas Plantio Semeio mecânico manual Aplicação de bioinseticida (pulverizador costal) Colheita manual
Unidade
Quantidade
kg ton litro
3 15 a 20 1
d/h d/h h/m d/h d/h
5 0,2 2,0 0,8 6
No sistema semimecanizado, o produtor utiliza tanto a mão-de-obra como máquinas (semeadora e roçadeira adaptada) e implementos (trilhadeira adaptada acionada pela tomada de força do trator), dando preferência para uso de máquinas no preparo do solo (Tabela 18).
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Tabela 18. Estimativas de custos variáveis por hectare para o cultivo semimecanizado do gergelim. Ítem
Discriminação
Unidade
Quantidade
1 INSUMOS 1.1 Sementes kg 3 1.2 Quirela de arroz kg 24 1.3 Adubo orgânico ton. 15 a 20 1.4 Preparação de macerado litro 1 2 OPERAÇÕES 2.1 Preparo do solo 2.1.1 Gradagem aradora h/m 1 2.1.2 Gradagem niveladora h/m 0,7 2.1.3 Semeio mecanizado (Jimil adaptada) h/m 1,0 2.1.4 Aplicação de macerado (pulverizador costal) h/m 0,8 2.1.6 Corte das plantas com a roçadeira adaptada h/m 0,5 2.1.7 Preparação das medas d/h 8 2.1.8 Alimentação da trilhadeira adaptada de feijão d/h 4 Fontes das tabelas 16 e 18: Arriel (1997); Cardenas (1978); Langham et al. (2006); Mazzani (1999).
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