Palma Forrageira (Opuntia ficus-indica (L.) Mill): Tecnologias de plantio e utilização

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PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica (L.) Mill) TECNOLOGIAS DE PLANTIO E UTILIZAÇÃO

Vicente de Paula Queiroga Edson Batista Lopes (IN MEMORIAN) Ênio Giuliano Girão Acácio Figueirêdo Neto Esther Maria Barros de Albuquerque Editores Técnicos

REVISTA CIENTÍFICA


PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica (L.) Mill) TECNOLOGIAS DE PLANTIO E UTILIZAÇÃO

1ª edição


CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB CNPJ 12.955.187/0001-66 Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL Adilson Rodrigues Pires André Karam Trindade Alessandra Correia Lima Macedo Franca Alexandre Coutinho Pagliarini Arali da Silva Oliveira Bartira Macedo de Miranda Santos Belinda Pereira da Cunha Carina Barbosa Gouvêa Carlos Aranguéz Sanchéz Dyego da Costa Santos Elionora Nazaré Cardoso Fabiana Faxina Gisela Bester Glauber Salomão Leite Gustavo Rabay Guerra Ignacio Berdugo Gómes de la Torre Jaime José da Silveira Barros Neto Javier Valls Prieto, Universidad de Granada José Ernesto Pimentel Filho Juliana Gomes de Brito Ludmila Albuquerque Douettes Araújo Lusia Pereira Ribeiro Marcelo Alves Pereira Eufrasio Marcelo Weick Pogliese Marcílio Toscano Franca Filho Olard Hasani Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha Raymundo Juliano Rego Feitosa Ricardo Maurício Freire Soares Talden Queiroz Farias Valfredo de Andrade Aguiar Vincenzo Carbone



VICENTE DE PAULA QUEIROGA EDSON BATISTA LOPES (IN MEMORIAM) ÊNIO GIULIANO GIRÃO ACÁCIO FIGUEIRÊDO NETO ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE EDITORES TÉCNICOS

PALMA FORRAGEIRA (Opuntia ficus-indica (L.) Mill) TECNOLOGIAS DE PLANTIO E UTILIZAÇÃO

1ª EDIÇÃO

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB

2020


©Copyright 2020 by

Organização do Livro VICENTE DE PAULA QUEIROGA, EDSON BATISTA LOPES (IN MEMORIAM), ÊNIO GIULIANO GIRÃO, ACÁCIO FIGUEIRÊDO NETO, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

Capa FLÁVIO TORRÊS DE MOURA Editoração ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE Diagramação ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Data de fechamento da edição: 25-01-2020

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

Q3c

Queiroga, Vicente de Paula. Palma forrageira (Opuntia fícus-indica (L.) Mill): Tecnologias de plantio e utilização. 1ed. / Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Edson Batista Lopes (in memoriam), Ênio Giuliano Girão, Acácio Figueirêdo Neto, Esther Maria Barros de Albuquerque. – Campina Grande: AREPB, 2020. 224 f. : il. color. ISBN 978-85-67494-35-7 1.Palma forrageira. 2. Sistema de produção. 3. Região Nordeste. 4. Alimentação animal. 5. Cladódio. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Lopes, Edson Batista. III. Girão, Ênio Giuliano. IV. Figueirêdo Neto, Acácio. V. Albuquerque, Esther Maria Barros de. VI. Título. CDU 633.2

Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB

Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB. Foi feito o depósito legal.


O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED, responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira, posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br


EDITORES TÉCNICOS

EDITORES TÉCNICOS

Vicente de Paula Queiroga (Dr) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Algodão Campina Grande, PB (Brasil)

Edson Batista Lopes (Dr) (In memoriam) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/ Empaer (Antiga Emepa) Empaer Lagoa Seca, PB (Brasil)

Ênio Giuliano Girão (M. Sc) Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Agroindústria Tropical Fortaleza, CE (Brasil)

Acácio Figueiredo Neto (Dr) Professor Adjunto do Colegiado de Engenharia Agrícola Universidade Federal do Vale do São Francisco- UNIVASF Juazeiro – BA (Brasil)

Esther Maria Barros de Albuquerque (Drª) Doutora em Engenharia de Processos Universidade Federal de Campina Grande Campina Grande, PB (Brasil)


COLABORADORES Ailton Melo Morais – Biólogo, Dr. Pesquisador da Empaer-PB. Estação Experimental Científica Dr. José Irineu Cabral. João Pessoa-PB Carlos Henrique Brito - Biólogo, Dr. Professor do Departamento de Ciências Biológicas. CCA/UFPB, Campus II, Areia-PB. Claudete Coelho Guedes - Economista, Drª Professora da UFPB, Cidade Universitária. João Pessoa-PB. Djalma Cordeiro dos Santos – Engenheiro Agrônomo. M. Sc. Pesquisador do IPA. Estação Experimental de Arcoverde. Arcoverde-PE. Egberto Araújo - Engenheiro Agrônomo. Dr. ex-Professor, da CCA/UFPB, Setor Fitossanidade. Campus II, Areia-PB. Rildo Sartori Barbosa Coelho - Engenheiro Agrônomo. Dr. Pesquisador do IPA/ SPRRA. Recife-PE. Vanildo Alberto Leal Bezerra Cavalcanti - Engenheiro Agrônomo. M. Sc. Pesquisador do IPA. Recife-PE. Lúcia de Fátima Araújo – Zootecnista, Drª Pesquisadora da Empaer-PB. Estação Experimental Científica Dr. José Irineu Cabral. João Pessoa, PB Manoel Ferreira de Vasconcelos - Engenheiro Agrônomo. M. Sc. Pesquisador da Empaer-PB. Estação Experimental de Lagoa. Lagoa seca-PB. Jacinto de Luna Batista - Engenheiro Agrônomo. Dr. Professor da CCA/UFPB, Setor Fitossanidade, Campus II, Areia-PB. Alexsandro dos Santos Brito - Doutor em Ciências/Solos e Nutrição de Plantas. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano – Campus Guanambi. Paulo Emílio Rodrigues Donato Doutor em Zootecnia (Produção de Ruminantes). Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano – Campus Guanambi. João Abel da Silva - Doutor em Zootecnia (Produção de Ruminantes). Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano – Campus Guanambi. Sérgio Luiz Rodrigues Donato - Doutor em Fitotecnia (Produção Vegetal). Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano – Campus Guanambi. Maria do Socorro Mercês A. Aguiar Doutora em Zootecnia (Produção de Ruminantes). Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano – Campus Guanambi.


APRESENTAÇÃO Os cultivos mais apropriados são os que podem suportar condições de falta de água, altas temperaturas, solos pobres que exijam poucos insumos energéticos, e que sejam de fácil manejo no plantio, para que proporcionem alimento e forragem para a agricultura de subsistência; além do mais é importante que o produto e/ou os subprodutos sejam apreciados e tenham valor no mercado internacional. As Opuntias especialmente a Opuntia ficus-indica - palma forrageira - satisfaz várias das exigências descritas acima. Elas desempenham um papel importante em projetos de preservação do solo para zonas semiáridas e áridas, além de produzirem frutas e verduras para consumo humano, forragem para o gado, biomassa para fins energéticos (combustível ou biogás), cochonilha para a produção de carmim (corante) e os inúmeros subprodutos como: bebidas, queijo vegetariano, remédios e cosméticos. As Opuntias também servem de abrigo e alimento para várias espécies selvagens que vivem em ambientes do semiárido. Portanto, a publicação deste livro significa uma substancial contribuição para aqueles interessados em aproveitar o alto potencial da Palma Forrageira (Opuntia sp.). Este potencial da Opuntia e sua importância para contribuir no desenvolvimento sustentável do semiárido do Brasil, através da exploração econômica de algumas espécies, com resultados benéficos para a conservação do meio ambiente e a segurança alimentar. A utilização da Opuntia como forragem, como verdura para consumo humano, na produção de frutas e como matéria prima para processamento é diversificada. As frutas para consumo no estado fresco têm um mercado internacional potencial nos Estados Unidos e na Europa, onde são consideradas como produto exótico. Finalmente, resultados experimentais demonstraram que a palma forrageira tem propriedades medicinais e pode ser eficiente em tratamentos contra diabetes, gastrite e obesidade. Esta obra procura oferecer um conhecimento básico da anatomia e fisiologia da planta, sua etnobotânica, taxonomia e biologia reprodutiva, bem como expor detalhadamente os aspectos técnicos do manejo da planta e da plantação, da produção das frutas, forragem, do manejo póscolheita, da produção de cochonilha, de energia e de subprodutos. Finalmente, espera-se que este livro desempenhe um papel importante em aumentar o conhecimento e o uso da palma forrageira, tendo em vista seu significativo potencial na agricultura do pequeno agricultor e na economia da região semiárida. Os Editores


SUMÁRIO

CAPÍTULO I. SISTEMA DE PRODUÇÃO DA PALMA FORRAGEIRA – Vicente de Paula Queiroga, Edson Batista Lopes (In memoriam), Ênio Giuliano Girão, Acácio Figueirêdo Neto, Esther Maria Barros de Albuquerque ......................................................................................... 11 Capítulo II. USO E APLICAÇÕES DA PALMA FORRAGEIRA – Vicente de Paula Queiroga, Edson Batista Lopes (In memoriam), Ênio Giuliano Girão, Acácio Figueirêdo Neto, Esther Maria Barros de Albuquerque ....................................................................................... 147 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 194


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CAPÍTULO I

SISTEMA DE PRODUÇÃO DA PALMA FORRAGEIRA

(Editores Técnicos) Vicente de Paula Queiroga Edson Batista Lopes (In memoriam) Ênio Giuliano Girão Acácio Figueiredo Neto Esther Maria Barros de Albuquerque


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INTRODUÇÃO As espécies de palma Opuntia ficus-indica (L.) Mill. e Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck são originárias do México. Elas são as mais destacadas do império Asteca, originalmente cultivadas somente no continente Americano e se encontram atualmente distribuídas em todo o mundo, desde o Canadá (latitude 59ºN) a Argentina (latitude 52ºS), do nível do mar aos 5.100 m de altitude no Peru. Da Europa, para onde foi levada desde 1520, esta cactácea mexicana se espalhou, a partir do Mediterrâneo, para a África, Ásia e a Oceania (HOFFMANN, 2001). Introduzida no Brasil durante o período de colonização para a produção da cochonilha do carmim, que não prosperou. Mas, já em 1893, recomendava-se o plantio de Opuntia ficus-indica para ser usada como forrageira para alimentação do gado nas épocas de seca (MENEZES et al., 2005). O seu cultivo no Nordeste do Brasil, com a finalidade forrageira, começou no início do século XX, por se trata de uma planta xerófila, adaptada às condições de semiárido brasileiro, onde os gêneros Opuntia e Nopalea, com suas espécies, estão presentes na maioria dos seus cultivos (OLIVEIRA et al., 2011). Dotada de mecanismos fisiológicos que a torna uma das plantas mais adaptadas às condições ecológicas das zonas áridas e semiáridas do mundo, a palma forrageira se adaptou com relativa facilidade ao semiárido do Nordeste Brasileiro. Isso se deve ao fato dessa planta apresentar o processo fotossintético conhecido como metabolismo ácido das crassuláceas (CAM), caracterizado pela alta eficiência na utilização da água em virtude da absorção do CO2 no período noturno e a transformação deste em biomassa pela luz do sol nas reações fotossintéticas (OLIVEIRA et al., 2010). Fisher e Tuner (1978) citam que as plantas classificadas como CAM têm uma eficiência no uso de água de até 11 vezes às das plantas de metabolismo C3. Estes autores afirmam que a eficiência do uso de água é de 617 kg de água kg-1 de massa seca nas plantas C3, 300 kg de água kg-1de massa seca nas plantas C4 e 50 kg de água kg-1 de massa seca nas plantas que têm metabolismo fisiológico CAM. No semiárido brasileiro, o fenômeno da seca é normal e causa sérios prejuízos ao setor agropecuário (OLIVEIRA et al., 2010). Essa faixa territorial considerada como semiárida, abrange uma área de 969.589,4 km2, representando 11,39% do território brasileiro e 60% da região Nordeste (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, 2005). Esta área é caracterizada por apresentar solos rasos de média a alta fertilidade, escassez e


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irregularidade das chuvas, que causam severos danos à economia regional com custos sociais elevados. O principal problema climático da região Nordeste não é propriamente o volume médio de precipitação anual, mas, sobretudo a irregularidade do regime de chuvas. Desse modo, o desempenho da pecuária na região semiárida brasileira tem sido limitado pela baixa disponibilidade de forragens, principalmente nos períodos de prolongadas estiagens, além de manejo inadequado dos animais, má utilização dos recursos forrageiros existentes na região, pouco aproveitado do excedente de forragens nos períodos das chuvas, na forma de feno e silagem, e os altos custos das rações. É importante evidenciar que a pecuária é a principal atividade rural desenvolvida no semiárido nordestino, com destaque para o rebanho de pequenos ruminantes -ovinos e caprinos- que, respectivamente, representam 57% e 89% do montante nacional desses animais (IBGE, 2014). Geralmente, eles são criados extensivamente, alimentando-se das espécies nativas e, durante a estiagem, mantidos por espécies forrageiras. Por outro lado, a Caatinga, bioma característico do semiárido brasileiro, é composta, predominantemente, por espécies xerófitas adaptadas ao contexto hídrico da região. A família botânica das cactáceas é uma das mais representativas desse bioma, constituindo importante fonte de água e carboidratos para os ruminantes. Um grande número de cactos possui utilização forrageira, porém dentre eles destaca-se a palma forrageira (ALMEIDA, 2012; CORREIA et al., 2012; LUCENA et al., 2015). A palma forrageira Opuntia fícus-indica (L.) Mill, tem se destacado como uma das grandes alternativas para a convivência em regiões semiáridas, tendo em vista sua adaptação às condições de déficit hídrico e irregularidade de chuvas. Mesmo no auge da estação seca quando há escassez de forragem sob sistemas de sequeiro, a palma se mantém estável e produtiva, sendo muitas vezes considerada um “silo vivo” entre os produtores. É evidente o potencial da cultura no que diz respeito à contribuição ao desenvolvimento das zonas áridas e semiáridas, especialmente nos países em desenvolvimento, onde a exploração racional e econômica da cultura auxiliará na conservação do ambiente e segurança alimentar dos rebanhos (CHIACCHIO et al., 2006). Além disso, Padilha Junior et al. (2016) citam que os sistemas de cultivo para produção de palma forrageira podem ser influenciados por diversos fatores, como: condições climáticas, qualidade do solo, tamanho da propriedade, oferta de mão de obra, assistência técnica, possibilidade de mecanização, custos de aquisição de insumos,


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disponibilidade de adubo orgânico, níveis e fontes dos adubos, pragas e doenças, cultivo consorciado ou solteiro e espaçamento utilizado, dentre outros, inclusive a utilização de irrigação ou não, pois esta atua diretamente no desenvolvimento e crescimento da planta. No Nordeste comercialmente utiliza-se cinco cultivares de palma forrageira, do gênero Opuntia e Nopalea, havendo diferenças quanto à produção, rusticidade, resistência a estiagens e a pragas entre esses gêneros (FARIAS et al., 2000). No Estado da Bahia, há predominância de três cultivares: Gigante (Opuntia fícus-índica (L.) Mill.); Doce (Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dick.) também denominada de “miúda”, e a Orelha de Onça (Opuntia sp.) também conhecida como “Redonda”. A cultivar com maior percentual de cultivo no estado é a Gigante (57%), seguida da cultivar Doce (23%), cultivar Redonda (18%) e outras cultivares (2%) a exemplo da “Baiana”, “Orelha de Elefante” e “IPA Sertânia” (ALMEIDA, 2011). A palma é bastante plantada em todo o semiárido brasileiro, não obstante, sua produtividade média é considerada baixa com 3,5 toneladas de matéria seca por hectare ano (MAPA, 2004), o que demanda pesquisas para solução desse problema. No entanto, há carência de estatísticas atuais e confiáveis sobre área, produção e rendimento médio da cultura. Além disso, nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará há uma grande preocupação com a Cochonilha-do-Carmim (Dactylopius opuntiae Cockerell, 1929), os agricultores e os órgãos de pesquisa buscam a utilização de genótipos que sejam resistentes a essa praga que tem devastado em larga escala os palmais no semiárido (VASCONCELOS et al., 2009).

IMPORTÂNCIA DA PALMA Há discrepâncias na produção entre regiões e de ano para ano, como resultado de mau manejo. A opinião generalizada, porém, errônea, de que a palma forrageira necessita de baixos insumos para dar alto rendimento resultou em que poucas informações científicas fossem repassadas ao agricultor, deixando-se, assim, de se adotar um manejo adequado no cultivo. A experiência italiana demonstrou que um manejo racional da plantação permite melhorar e padronizar os rendimentos e a qualidade da fruta com baixos custos de implantação, manejo e energia (BARBERA; INGLESE, 1993). A razão do maior interesse nas Opuntias e, em particular, na Opuntia ficus-indica é a importante função que elas podem ter no sucesso dos sistemas de agricultura sustentável em zonas áridas e semiáridas. Isso se deve a seu alto grau de resistência à


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seca, à altas temperaturas, a sua adaptabilidade a solos pouco férteis, a sua alta produtividade decorrente de sua alta eficiência no uso da água, bem como à função econômica que pode desempenhar no aumento da viabilidade e eficiência econômica, nos lotes pequenos e médios de agricultores de baixa renda, que buscam produzir para sua subsistência ou para alcançar os mercados nacional ou internacional. As indústrias farmacêutica, alimentícia e de cosméticos vêm investindo na exploração das matérias-primas da palma, considerando suas propriedades químicas. Kaur et al. (2012) fizeram uma ampla revisão sobre as propriedades farmacológicas da palma, as quais são indicadas no tratamento de úlceras (pectina), na atividade antiinflamatória (β-sitosterol), anticâncer (betanina), na capacidade neuroprotetora (quercetina,

dihidroquercetina,

e

3-metil-éter-quercetina),

e

nas

propriedades

antidiabética, hepatoprotetora e antioxidante (extrato do cladódios e suco da fruta). Na indústria alimentícia, dependendo da idade dos cladódios, os mesmos podem ser destinados à produção de verdura (minimamente processadas), pode-se obter a farinha para suplementos alimentícios ricos em fibra, geleias (SÁENZ-HERNANDEZ, 1995), além da mucilagem para utilização nos alimentos, devido aos biopolímeros (ITURRIAGA, 2006). As frutas poderão ser utilizadas para a produção de polpa, sucos concentrados, frutos secos desidratados ou ainda, destinados a extração de corantes (betalaínas) para a sua inclusão em bebidas lácteas (SÁENZ-HERNANDEZ, 1995). Além disso, ainda é possível a fabricação de xampu, sabonetes, cremes e bebidas (Figura 1).

Figura 1. Produtos de beleza industrializados a partir da palma.


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A presença de gloquídios (pelos) e de sementes graúdas e duras são as principais limitantes para aumento do consumo de frutas. Os gloquídios podem ser eliminados depois da colheita, mas a tecnologia deve ser melhorada e os consumidores devem ser educados. Deve-se também estimular a seleção e a melhoria genética de variedades sem gloquídios. A redução da quantidade de sementes é outra meta para pesquisas futuras. Além de produtoras de frutas, as Opuntias servem para outros propósitos econômicos. Seus povoamentos naturais são usados na criação de gado e, particularmente, demonstraram sua importância durante a época de seca, quando desempenham uma função fundamental no fornecimento da quantidade necessária de água e no complemento das necessidades nutricionais do gado (junto com outras forragens). Isso levou a uma sobreutilização em algumas microrregiões do semiárido brasileiro que se encontra em processo de desertificação. As perspectivas futuras também dizem respeito à verdura de palma forrageira. Seu uso atual está limitado ao México, mas um produto com valor nutritivo adequado, que pode crescer sob condições desfavoráveis, sem dúvida será importante para muitas outras regiões. Têm havido importantes modificações nas técnicas de cultivo e na conservação pós-colheita, mas ainda há necessidade de avanços na seleção de novas variedades e no processamento de vários produtos. Com relação ao potencial de produtos não alimentícios, o corante carmim e seus derivados são os mais seguros para o desenvolvimento futuro, tendo em vista a atitude positiva dos mercados internacionais para com os corantes naturais. As potencialidades desses mercados devem ser pesquisadas minuciosamente e é necessário que se desenvolva um sistema mais eficiente para a extração e a purificação de qualidade e quantidade do corante. Na medida em que a palma forrageira requer pouca água e energia, adquire uma relevância importante, não apenas em regiões que sofrem de problemas ambientais e de falta de recursos, mas também em áreas desenvolvidas que se interessam em sistemas de produção intensiva com reduzido impacto ambiental. Por todas as características multiuso, a palma poderá ser utilizada como estratégia nas políticas públicas destinadas a mitigar os impactos advindos da escassez de alimentos nas regiões Áridas e Semiáridas de países da América do Sul e do mundo. É possível que sua importância aumente com as alterações climáticas esperadas.


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Por outro lado, Menezes et al. (2005) verificaram que a palma forrageira tem potencial para produção de biogás e etanol no semiárido do Nordeste. Assim, os autores estimaram que, com uma tonelada de cladódios de palma é possível gerar 60 m3 de biogás. Quanto à produção de etanol por hectare, utilizando-se produtividade de matéria seca de 16 Mg MS/ano, situou-se na faixa entre 1.850,5 – 2.654,4 L etanol/ha/ano. Os autores salientam ainda que há necessidade de estudos mais detalhados no sentido de encontrar alternativas biotecnológicas para viabilizar a produção de biocombustíveis pela biomassa de palma forrageira no Nordeste do Brasil. A empresa mexicana Elqui Global Energy desenvolveu uma usina de produção de energia a partir da palma. Estima-se que 1,0 Mg de biomassa de palma tem potencial para produzir 50 a 60 m3 de biogás (chegando a 70% de metano; JIGAR et al., 2011), gerando 250 a 360 kWh. Em 1,0 ha, é possível obter de 30.000 a 140.000 kWh/ha, ou 2,5 a 12 tep/ha/ano (WAYLAND; RUIZ, 2012). A partir da hidrólise enzimática (celulase e βglucosidase), Kuloyo (2012) observou que é possível a obtenção de etanol a partir da palma, pois, devido a sua ecofisiologia, não compete por área com outras culturas de interesse

econômico

(soja, milho,

trigo), bem

como

não

são

necessários

desflorestamentos para seu cultivo, uma vez que as áreas marginais ou degradadas poderão ser utilizadas. O aumento da presença da palma forrageira também poderia ser uma estratégia para dificultar o acúmulo de CO2 na atmosfera: várias iniciativas de reflorestamento resultarão em depósitos de carbono reduzido e um maior uso de combustíveis vegetais pode ajudar a substituir os combustíveis fósseis, que são os responsáveis pelas principais alterações da composição do ar atmosférico. Uma plantação de palma forrageira pode funcionar como um depósito de carbono nas regiões áridas e semiáridas em que as mudanças de clima podem ocorrer com mais frequência e mais acentuadamente (PARRY, 1990). A exploração de várias espécies de Opuntia sp. para forragem pode perfeitamente responder às necessidades econômicas e ambientais de regiões áridas e semiáridas, assim como de países pobres face às esperadas mudanças climáticas globais. Apesar das diferenças maiores ou menores de condições ambientais e sociais, bem como das características do gado de cada localidade, as Opuntias são um produto muito relevante, tanto para as necessidades nutritivas dos animais, como para a colheita e a armazenagem de água. Assim, poderiam ser amplamente utilizadas, não só por razões econômicas e


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ecológicas, mas também poderiam salvar grandes áreas da desertificação, graças a suas qualidades multifuncionais. Com certeza a erosão da terra, a sobreutilização dos pastos e a salinização poderiam ser reduzidas com sua disseminação. Tudo o que foi exposto até o momento requer atividades adicionais de pesquisa e desenvolvimento, bem como mais estudos de comercialização que permitam identificar as necessidades do consumidor e determinar novas estratégias comerciais. No que se refere à palma forrageira como cultura frutícola, os conhecimentos atuais são insuficientes, embora maiores que os disponíveis para os demais propósitos, e os problemas agronômicos são limitantes críticos para sua expansão (INGLESE et al., 1994).

ORIGEM Não resta a menor dúvida de que a domesticação das plantas cultivadas é uma das maiores revoluções da humanidade, cuja história foi escrita pelo potencial em se deixar manejar de algumas plantas selvagens, e pelo árduo trabalho dos homens que as plantavam e supervisionavam seus crescimentos e produções. Isto resultou numa melhor relação desses homens com os recursos naturais disponíveis de seu ambiente, elevando seu nível cultural e sua qualidade de vida. As cactáceas são plantas suculentas originalmente existentes apenas no continente americano, e estão distribuídas principalmente nos trópicos. Há uma grande quantidade de espécies no México, que possui a mais antiga evidência de seu uso na alimentação humana, encontrada nas escavações arqueológicas realizadas nos vales de Tehuacán, Puebla, que datam de cerca de 6.500 anos A.C (SMITH, 1967). Essas plantas e seus produtos desempenharam importante papel na vida econômica, social e religiosa dos Astecas. Por isso algumas expressões da Cultura Mexicana pré-hispânica e contemporânea nos mostram a importância que elas já possuíram, ou mesmo, que ainda possuem nesse país, tais como: a capital da Civilização Asteca chamava-se Tenochtitlán – Grande Palma Sagrada – cuja Bandeira mostrava uma palma forrageira crescida sobre uma pedra (BRAVO, 1978); as Armas Nacionais Mexicanas orgulhosamente bordadas em sua Bandeira são derivadas de um desenho asteca – o Codex Mendoza – que mostra uma águia sobre um pequeno arbusto de palma forrageira (Figura 2) e por fim, os nomes de algumas cidades atuais, que guardam a palavra asteca nochtli (referente à palma forrageira), como: Nocheztlán, Nochtepec, Xoconochtli, etc.


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Figura 2. Codex Mendoza - Uma águia sobre um pequeno arbusto de palma forrageira.

A espécie cultivada, Opuntia ficus-indica, em sua forma mais conhecida, sem espinhos, com frutos grandes e comestíveis, de diferentes cores e até mesmo sabores, é o resultado da seleção realizada há vários milhares de anos no México. Portanto, não é uma planta selvagem. Possivelmente deste mesmo modo, o cultivo das Opuntias no México evoluiu através dos séculos, cujos três principais marcos evolutivos podem ser assim escalonados: extrativismo vegetal em palmais nativos selvagens pelo homem nômade; plantações de palmas forrageiras selvagens em hortas familiares ao redor dos primeiros assentamentos humanos e o cultivo atual do homem civilizado, com variedades cultivadas modificadas por métodos seletivos, produzidas em sistemas intensivos de uso de insumos modernos, com fins mercadológicos (HOFFMANN, 1983). Atualmente, essa palma forrageira originária do México é distribuída mundialmente (ANAYA-PÉREZ, 2001). Sabe-se que desde o ano de 1520, as Opuntias mexicanas foram levadas para a Europa, de onde se dispersaram a partir do Mediterrâneo para a África, Ásia e Oceania (HOFFMENN, 2001). A introdução da palma forrageira sem espinho no Brasil ainda não é bem definida, mas há relatos de sua entrada em Pernambuco, por volta de 1880, através de sementes importadas dos Estados Unidos (LOPES et al., 2012). Nos dias atuais, o Brasil é o país com maior cultivo da palma


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forrageira do mundo, com área estimada em 600 mil ha, com predomínio da espécie Opuntia ficus-indica (SILVA, 2012).

DISTRIBUIÇÃO DA PALMA NO BRASIL Essa palma forrageira foi introduzida em 1818, no Rio de Janeiro (LIRA et al., 2006), quando o governador solicitou a coroa, o envio de várias plantas, e entre elas cactos com a cochonilha. De fato, desde 1811 D. João VI mandara promover no Real Horto Rio a cultura dos cactos com a cochonilha (REAL HORTO, 2003). Souza (1966) e Farias et al. (1984) relatam que a data de introdução da palma forrageira no Nordeste não é bem definida, existido ainda muita controvérsia sobre o assunto. Pupo (1979) afirmou que a introdução dessa cactácea se deu pelo Estado de Pernambuco, oriunda do Texas (EUA), por volta de 1880, enquanto Pessoa (1967) relatou que possivelmente tenha ocorrido antes de 1900 por dois grandes empresários da indústria têxtil, Delmiro Augusto da Cruz Gouveia e Herman Theodor Lundgren (Figura 3). Eles tomaram conhecimento de que no México havia um vegetal chamado de Nopal que, em condições naturais de campo, era infestado por um inseto denominado Cochonilha. A fêmea desse inseto, ao sugar a seiva da palma, passava a produzir o Ácido Carmínico, base da matéria prima de um corante vermelho conhecido por Carmim. Os empresários, conhecendo esses fatos, trouxeram a planta para o Brasil, que logo passou a ser chamada de palma devido à aparência de seus cladódios com a palma de uma mão humana. Eles a cultivaram nas suas propriedades onde tinham as suas empresas, Delmiro Gouveia no Estado de Alagoas na cidade da Pedra e Herman Lundgren no Estado de Pernambuco na cidade de Paulista e também no Estado da Paraíba na cidade de Rio Tinto. Os mesmos procederam a infestação induzida dos palmais quando estavam crescidos e passaram a produzir o Carmim para o tingimento dos tecidos produzidos em suas empresas. Ou seja, depois de adulto, o inseto era coletado e posto a secar em lonas e, depois de secos eram triturados e transformados em pó. Esse pó já poderia ser destinado às linhas de produção como corante. Para o Brasil, este fato representou um “boom” industrial porque, graças à palma e à Cochonilha, desde o início do século passado, o Brasil passou a produzir, tecidos coloridos competindo com a China e com a Índia no mercado internacional. No início da década de 20, os derivados do petróleo (como os nitritos e nitratos, produtos que formam as tintas e os esmaltes sintéticos) começaram a ser lançados no mercado de maneira intensiva e acabou por inviabilizar economicamente o processo de produção do


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corante carmim para tingimento de tecidos em larga escala (GOES, 1949; SUASSUNA et al. 2012).

Figura 3. Introdução da palma no Nordeste do Brasil por intermédio dos empresários Delmiro Gouveia (A) e Herman Theodor Lundgren (B). Em razão de suas características anatômicas e fisiológicas se adaptarem às condições edafoclimáticas das regiões áridas e semiáridas, estima-se que existam 600.000 ha cultivados com as espécies Opuntia ficus-indica (cv. Gigante e cv. Redonda) e N. cochenillifera (cv. Miúda), principalmente na região Nordeste (SANTOS et al., 2006), destinados basicamente à produção de forragem para atender a demanda dos animais, principalmente nos meses secos do ano. É importante destacar que a pecuária é uma das aptidões da região semiárida, considerando a irregularidade na distribuição de chuvas. Nos últimos anos, a ocorrência da praga do carmim (Dactylopius opuntiae) nos palmais da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte tem trazido prejuízos aos seus cultivos e possivelmente essa área (600 mil ha) tenha se modificado. Assim, um dos temas atualmente mais pesquisados no Brasil na cultura da palma é o uso de cultivares resistentes. A avaliação produtiva dos clones resistentes a cochonilha do carmim em diferentes ambientes no semiárido de Pernambuco (LIRA et al., 2011) tem evidenciado alta produtividade da Orelha de Elefante Mexicana (Opuntia stricta) na maioria dos ambientes, baixa produtividade da Orelha de Elefante Africana (Opuntia undulata) e da Algerian (Opuntia ficus-indica) em todos os ambientes e maior produção da cultivar Miúda (N. cochenillifera), em relação ao clone IPA-Sertânia na maioria dos ambientes. Avalia-se que existam 675.000 ha de Opuntia e Nopalea cultivados na América do Sul. Portanto, a grande expansão da área plantada (600 mil ha) com palma no Brasil deve-se possivelmente à combinação de diferentes atores produtivos, tais como agentes de crédito, políticas governamentais de apoio, extensão rural, setor privado, indústria de processamento de leite, dentre outros. Vale salientar também o destacado papel da


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pesquisa realizada, que culminou no avanço da produtividade da cultura. Os ganhos obtidos pela pesquisa foram devidos ao melhoramento genético, técnicas de plantio, adubação, controle de plantas daninhas e colheita (DUBEUX JR. et al., 2013). Além disso, a produção de frutas da palma é modesta, concentrando os plantios no Estado de São Paulo nos municípios de Valinhos, Jundiaí, Mogi das Cruzes, Campinas e Itapeva, totalizando um pouco mais de 40 ha, que são exportados para Europa e para os Estados Unidos. Os frutos vêm sendo comercializados ao preço de R$ 27,60/kg (SEGANTINI et al., 2010). Finalmente, a exploração de várias espécies de Opuntia sp. para forragem pode perfeitamente responder às necessidades econômicas e ambientais de regiões áridas e semiáridas, assim como de países pobres face às esperadas mudanças climáticas globais. Apesar do seu potencial de uso diversificado, em muitas regiões o uso da palma limita-se a exploração de forragem e dos frutos, de modo que a instalação de indústrias para exploração das suas propriedades farmacêuticas, cosméticas e, principalmente, energéticas poderá abrir novas perspectivas para as populações desses biomas, que são caracterizados pelo baixo índice de desenvolvimento humano. Assim, poderiam ser amplamente utilizadas, não só por razões econômicas e ecológicas, mas também poderiam salvar grandes áreas da desertificação, graças a suas qualidades multifuncionais. Com certeza a erosão da terra, a sobreutilização dos pastos e a salinização poderiam ser reduzidas com sua disseminação.

ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO DA PALMA De acordo com Silva et al. (2006), um estudo agroclimático contribui não apenas para estabelecer o potencial da região, mas, também, abre janelas à expansão de estudos em diferentes áreas do conhecimento, como o melhoramento genético, para a obtenção de variedades mais adaptadas, e fitotecnia, com a possibilidade de geração de novas técnicas de manejo que poderão ser utilizados no sistema de produção. A partir de dados climáticos (temperatura e precipitação) e produtivos da cultura, Souza et al. (2008) estabeleceram indicadores para o zoneamento agrícola da palma para cinco localidades do México, quatro da África e 38 do Brasil. Nesse estudo, 86% dos sites se concentram na faixa ideal (Tabela 1), indicando que se trata de uma espécie com ampla aptidão climática.


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Tabela 1. Indicadores climáticos para a palma forrageira, definidos a partir de um estudo sobre as condições climáticas de regiões de origem e cultivo da espécie. Faixas de aptidão Ideal

Restrita

Inadequada

16,1 ≤ Tmed≤ 25,4

Tméd < 16,1 e Tméd > 5,4

-

28,5 ≤ Tmáx≤ 31,5

Tmáx < 28,5 e Tmáx > 31,5

-

8,6 ≤ Tmín≤ 20,4

Tmín < 8,6 e Tmín > 20,4

-

10,0 ≤ AT ≤ 17,2

AT < 10,0 e AT ≤ 17,2

-

368,4 ≤ P ≤ 812,4

P < 368,4 e 812,4 < P ≤ 1089,9

P > 1089,90

-65,6 ≤ IUS ≤ -31,8

IUS < -65,6 e -31,8 < IUS ≤ 7,7

IUS > 7,7

OBS: Temperaturas (ºC) média (Tméd), máxima (Tmáx) e mínima (Tmín); amplitude térmica (AT); precipitação (P, mm); índice de umidade do solo (IUS). Fonte: Souza et al. (2008).

Em estudo preliminar, foi possível constatar que a faixa de temperatura média ideal para o cultivo da palma situa-se entre 16,1°C e 25,4°C. Estes mesmos autores verificaram que, para as temperaturas máximas e mínimas, os valores ideais situaram-se entre 28,5 °C e 31,5 °C e 8,6 °C e 20,4 °C, respectivamente. A faixa ideal de amplitude térmica (AT) situa-se entre 10 ºC e 17,2 ºC e a precipitação ideal ao cultivo e boa produção das Opuntias sp situa-se entre 368,4 mm e 812,4 mm (SOUZA et al.,2008). O zoneamento agroclimático da palma forrageira foi elaborado com base nos indicadores climáticos delineados na literatura e nos dados climatológicos de precipitação e temperatura (média, máxima e mínima) de 97 localidades do estado da Paraíba. De acordo com os resultados obtidos, a mesorregião da Borborema é a que apresenta as condições climáticas mais favoráveis para o cultivo da palma forrageira. As mesorregiões do Agreste, Sertão e a parte do Litoral, são aptas, porém com restrições. No entanto, recomenda-se o cultivo da palma forrageira em todo o território do estado da Paraíba, exceto para a parte costeira da mesorregião do Litoral e região em torno de Areia, PB. Em ambos os casos a inaptidão ocorre em função do excesso de precipitação. No Estado de Pernambuco, 76 municípios apresentam condições propícias ao cultivo da palma, destacando-se Floresta, Petrolina, Ibimirim e Serra Talhada (BRACALE, 2011), por serem os municípios com maior efetivo de caprinos da região Nordeste do Brasil (IBGE, 2010). O cultivo da palma forrageira é apto e apto com restrição apenas em parte da região semiárida do Estado de Sergipe, próximo aos municípios de Canindé de São Francisco, Porto da Folha e municípios vizinhos. Portanto, o Ministério da Agricultura,


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Pecuária e Abastecimento (MAPA) incluiu 21 municípios de Sergipe na relação de municípios aptos ao cultivo da palma forrageira no Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos. Estão na relação os municípios de Amparo do São Francisco, Aquidabã, Campo do Brito, Canhoba, Cumbe, Feira Nova, Frei Paulo, Graccho Cardoso, Itabaiana, Itabi, Lagarto, Macambira, Moita Bonita, Nossa Senhora das Dores, Pedra Mole, Pinhão, Riachão do Dantas, Ribeirópolis, São Domingos, São Miguel do Aleixo e Simão Dias. Com base no levantamento das áreas cultivadas com a palma forrageira no Estado do Rio Grande do Norte, foram registradas e georreferenciadas 4.213 propriedades, as quais correspondem aproximadamente a três mil hectares (IDIARN, 2013). Algumas regiões e grupos de municípios se destacam pela presença da cactácea, entre eles: no Alto Oeste (Doutor Severiano, São Miguel, Venha Ver e Coronel João Pessoa); no Trairi (Campo Redondo, Coronel Ezequiel, Jaçanã, Santa Cruz e São Bento do Trairi); no Seridó (Equador, Currais Novos, Florânia, Cerro Corá, Lagoa Nova e Tenente Laurentino); no Agreste (São Tomé, Rui Barbosa, São Paulo do Potengi, Barcelona e Lagoa de Velhos). Infelizmente a palma nunca teve um bom desempenho em grande parte do semiárido potiguar, pois sempre sofreu severas murchas em função de condições climáticas inadequadas para a cultura como as altas temperaturas, principalmente noturnas e baixa umidade relativa do ar. Por meio do zoneamento agrícola, foram identificados os seguintes municípios aptos para o cultivo da palma forrageira no Estado de Alagoas: Água Branca, Arapiraca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Carneiros, Craíbas, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Igaci, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Isidoro, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho D'Água das Flores, Olho D'Água do Casado, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Pão de Açúcar, Pariconha, Piranhas, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira e Traipu. A espécie mais cultivada na região é a palma doce ou miúda (Nopalea cochenilifera Salm Dyck). Em pequena escala, também são cultivadas a palma gigante (Opuntia fícus-indica (L.) Mill) e a palma redonda (Opuntia sp). A espécie mais cultivada na Bahia é a palma doce ou miúda (Nopalea cochenilifera Salm Dyck). Em pequena escala, também são cultivadas a palma gigante (Opuntia fícus-indica (L.) Mill) e a palma redonda (Opuntia sp). Os municípios que cultivam a palma forrageira são os seguintes: Abaíra, Abaré, Adustina, América Dourada, Anagé, Andaraí, Andorinha, Antas, Antônio Gonçalves, Aracatu, Araci, Baixa Grande,


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Banzaê, Barra, Barra da Estiva, Barra do Mendes, Barro Alto, Barrocas, Belo Campo, Biritinga, Boa Vista do Tupim, Bom Jesus da Lapa, Boquira, Brumado, Botuporã, Brotas de Macaúbas, Buritirama, Caculé, Caém, Caetanos, Caetité, Cafarnaum, Caldeirão Grande, Campo Alegre de Lourdes, Campo Formoso, Canarana, Candeal, Candiba, Cansanção, Canudos, Capela do Alto Alegre, Capim Grosso, Caraíbas, Casa Nova, Caturama, Central, Chorrochó, Cícero Dantas, Cipó, Conceição do Coité, Condeúba, Contendas do Sincorá, Cordeiros, Coronel João Sá, Curaçá, Dom Basílio, Érico Cardoso, Euclides da Cunha, Fátima, Filadélfia, Gavião, Gentio do Ouro, Glória, Guajeru, Guanambi, Heliópolis, Iaçu, Ibiassucê, Ibicoara, Ibipeba, Ibipitanga, Ibiquera, Ibitiara, Ibititá, Ibotirama, Ichu, Igaporã, Ipirá, Ipupiara, Iramaia, Iraquara, Irecê, Itaberaba, Itaeté, Itaguaçu da Bahia, Itapicuru, Itiúba, Ituaçu, Jacobina, Jaguarari, Jequié, Jeremoabo, João Dourado, Juazeiro, Jussara, Jussiape, Lagoa Real, Lajedinho, Lapão, Licínio de Almeida, Livramento de Nossa Senhora, Macajuba, Macaúbas, Macururé, Maetinga, Mairi, Malhada de Pedras, Manoel Vitorino, Marcionílio Souza, Matina, Miguel Calmon, Mirangaba, Mirante, Monte Santo, Morro do Chapéu, Morpará, Mortugaba, Mulungu do Morro, Mundo Novo, Muquém de São Francisco, Nordestina, Nova Fátima, Nova Redenção, Nova Soure, Novo Horizonte, Novo Triunfo, Oliveira dos Brejinhos, Ourolândia, Palmas de Monte Alto, Paramirim, Paratinga, Paulo Afonso, Pé de Serra, Pedro Alexandre, Pilão Arcado, Pindaí, Pindobaçu, Pintadas, Piritiba, Ponto Novo, Presidente Dutra, Presidente Jânio Quadros, Queimadas, Quijingue, Quixabeira, Rafael Jambeiro, Remanso, Retirolândia, Riachão do Jacuípe, Riacho de Santana, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal, Rio de Contas, Rio do Antônio, Rio do Pires, Rodelas, Ruy Barbosa, Santa Brígida, Santa Teresinha, Santaluz, São Domingos, São Gabriel, São José do Jacuípe, Sátiro Dias, Saúde, Seabra, Sebastião Laranjeiras, Senhor do Bonfim, Sento Sé, Serrinha, Serrolândia, Sítio do Mato, Sítio do Quinto, Sobradinho, Souto Soares, Tanhaçu, Tanque Novo, Tapiramutá, Teofilândia, Tucano, Uauá, Uibaí, Umburanas, Urandi, Valente, Várzea da Roça, Várzea do Poço, Várzea Nova, Vitória da Conquista e Xique-Xique. No estado do Piauí, ficam indicadas no Zoneamento Agrícola de Risco Climático as cultivares de palma forrageira registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atendidas as indicações das regiões de adaptação, em conformidade com as recomendações dos respectivos obtentores/detentores (mantenedores). Relação dos municípios aptos ao cultivo da palma forrageira: Acauã, Alagoinha do Piauí, Alegrete do Piauí, Anísio de Abreu, Assunção do


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Piauí, Belém do Piauí, Betânia do Piauí, Bonfim do Piauí, Brejo do Piauí, Buriti dos Montes, Caldeirão Grande do Piauí, Campo Grande do Piauí, Caracol, Caridade do Piauí, Curral Novo do Piauí, Dirceu Arcoverde, Dom Expedito Lopes, Fartura do Piauí, Francisco Macedo, Francisco Santos, Fronteiras, Inhuma, Ipiranga do Piauí, João Costa, Jurema, Lagoa do Barro do Piauí, Marcolândia, Monsenhor Hipólito, Padre Marcos, Paulistana, Pimenteiras, Pio IX, Queimada Nova, Santo Antônio de Lisboa, São Braz do Piauí, São João da Canabrava, São José do Piauí, São Julião, São Lourenço do Piauí, São Luís do Piauí, São Miguel do Tapuio, São Raimundo Nonato, Simões, Tamboril do Piauí, Várzea Branca e Vila Nova do Piauí. Devido sua adaptação às condições de baixa disponibilidade hídrica, a palma forrageira é de grande importância para a produção pecuária no Ceará e consiste em tecnologia chave para a convivência com o semiárido. No levantamento realizado por Peixoto, 2013 revela que 33,1% dos municípios de clima semiárido deste estado apresentam condições favoráveis ao cultivo da palma forrageira (Figura 4).

Figura 4. Zoneamento agrícola de baixo risco climático para a palma forrageira no Ceará (Z - zoneado; Z+P - zoneado com plantio; e NZ+P - não zoneado com plantio). A linha vermelha representa os limites da região semiárida conforme delimitação vigente à época da publicação original. Foto: Adaptado de Peixoto (2013).


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O zoneamento vem servindo de base para disseminação da palma no Ceará. Hoje, menos de um terço dos municípios do semiárido cearense possuem áreas destinadas a esta cultura. Esse número só não é menor devido aos municípios que cultivam a forrageira apesar de não serem classificados como favoráveis ao seu desenvolvimento (Altaneira, Aurora, Caridade, Cariré, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Forquilha, Icó, Iguatu, Ipú, Iracema, Itapajé, Itapiúna, Jaguaribe, Lavras da Mangabeira, Limoeiro do Norte, Maranguape, Mauriti, Missão Velha, Morada Nova, Mucambo, Nova Olinda, Orós, Pentecoste, Pereiro, Russas, Santana do Cariri, Tabuleiro do Norte e Várzea Alegre).

BOTÂNICA, MORFOLOGIA E ECOLOGIA DA OPUNTIA FICUS-INDICA 1.Aspecto Botânico A taxonomia das Opuntias é muito difícil por várias razões: seu fenótipo, que varia muito segundo as condições ecológicas, a poliploidia que existe em um grande número de populações que se reproduzem vegetativa e sexualmente, e a existência de muitos híbridos, como quase todas as espécies que florescem durante o mesmo período do ano e para as quais não há barreiras biológicas que as separem. Somente um intenso trabalho de campo pode permitir o reconhecimento e a identificação das espécies, suas variedades e adaptações refletidas em seu fenótipo. Observou-se em populações selvagens de Opuntia sp. que as plantas localizadas no meio da população apresentavam menor variabilidade em suas características fenotípicas, enquanto que as plantas situadas na periferia apresentavam grande variabilidade, devido, provavelmente, à maior possibilidade de intercâmbio genético com outras espécies. É um fato que, desde tempos ancestrais, se selecionou e cultivou a planta, influindo, assim, na variabilidade observada (SCHEINVAR, 2001). David Griffiths, um agrônomo norte-americano que dedicou toda sua vida ao estudo do gênero Opuntia como sendo uma importante fonte de forragem e, em especial, às espécies mexicanas, e que concebeu introduzi-las e aclimatá-las no sul dos Estados Unidos na década de 1910-1920, descreveu mais de 30 espécies novas no México, das quais algumas são consideradas sinônimas e outras requerem mais estudos (SCHEINVAR, 2001). Essas espécies se encontram em um herbário do Instituto Smithsoniano (USA) e no Jardim Botânico de Nova Iorque (Nova Iorque). Segundo Bravo (1978) as palmas forrageiras pertencem ao reino Vegetal, subreino Embryophita, a divisão: Angiospermae, a tribu Opuntiae, à classe Liliateae, família


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Cactaceae, subfamília Opuntioideae, gênero Opuntia, subgênero Opuntia e Nopalea. Outra classificação taxonômica destacada por Briton; Rose, 1963, e Bravo, 1978.

Reino: Plantae Subreino: Embryophyta División: Angiosperma (Magnoliophyta) Clase: Dicotiledoneae (Magnoliopsida) Subclase: Dialipetalas Orden: Opuntiales (Caryophillales) Familia: Cactaceae Tribu: Opuntiae Subfamília: Opuntioideae Gênero: Opuntia Subgênero: Platyopuntia Espécie: vários nomes (fícus-indica, tuna, etc.) Nome binomial: Opuntia ficus-indica (L.) Mill.

O nome Opuntia provém de uma antiga vila grega da região de Leocrid, Beócia: Opus ou Opuntia, onde Tournefort encontrou uma planta espinhosa que o fez lembrar as opuntias americanas. Ela inclui 11 subgêneros: Opuntia, Consolea, Austrocylindropuntia, Brasiliopuntia, Corynopuntia, Cylindropuntia, Grusonia, Marenopuntia, Nopalea, Stenopuntia e Tephrocactus. Entre as espécies selvagens e cultivadas mais utilizadas, 12 espécies pertencem a Opuntia e uma Nopalea (SCHEINVAR, 2001).

a. Espécies selvagens (subgênero Opuntia): Opuntia hyptiacantha Web.; Opuntia joconostle Web.; Opuntia lindheimeri (Griff. e Haare) Bens.; Opuntia matudae Scheinv.; Opuntia robusta Wendl. var. robusta; Opuntia sarca Griff. ex Scheinv.; Opuntia streptacantha Lem.; Opuntia tomentosa SD. var. tomentosa e var. herrerae Scheinv.

b. Espécies cultivadas (subgênero Opuntia): Opuntia albicarpa sp. nov.; Opuntia ficus-indica (L.) Mill; Opuntia robusta Wendl. var. larreyi (Web.) Bravo.


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c. Espécie cultivada (subgênero Nopalea) Nopalea cochenillifera (L.) Mill.

2.Aspecto Morfológico PLANTA – A palma forrageira se caracteriza geralmente pela presença de aréolas com pelos e espinhos, caule suculento com casca verde e falta de folhas copadas. A palma apresenta baixo índice de área de cladódio (IAC), o que pode limitar o crescimento e favorecer a incidência de plantas daninhas. Este baixo IAC pode ser parcialmente atenuado por uma maior densidade de plantas ou por colheitas menos frequentes, com a conservação de maior número de cladódios (FARIAS et al., 2000). A espécie Opuntia tuna (Orelha de Elefante) é um vegetal arbóreo de 3 a 5 m de altura, seu tronco é lenhoso e mede entre 20 a 50 cm de diâmetro (Figura 5). No Peru, as variedades mais comuns desenvolvem um porte de aproximadamente 1,5 a 2,00 m de altura. O caule, ao contrário de outras espécies de cactos, é composto por um tronco e ramos achatados que possuem uma cutícula verde espessa de função fotossintética e armazenamento de água nos tecidos.

Figura 5. Arquitetura de planta adulta da espécie Opuntia tuna (Orelha de Elefante) mostrando as raquetes ou cladódios que formam o talo e dão origem aos frutos. Foto: Julio E. Amaya Robles (2009).


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SISTEMA RADICULAR – A Opuntia ficus-indica se caracteriza por um sistema de raízes superficiais e carnosas, com distribuição horizontal, além de desenvolverem raízes laterais carnosas a partir da raiz principal e dessa maneira, absorvem água em níveis baixos. Esta distribuição das raízes pode depender do tipo de solo e do manejo da plantação (Figuras 6 e 7). Todavia, em todos os tipos de solo, a massa de raízes absorventes se encontra nos primeiros centímetros, com uma profundidade máxima de 30 cm e uma dispersão de 4 a 8 m. Ou seja, seu sistema radicular está concentrado na camada superficial do solo, sendo capaz de absorver a umidade proporcionada por chuvas leves e até mesmo pelo orvalho (GUIMARÃES et al., 2013). As plantas fertilizadas periodicamente com esterco desenvolvem raízes suculentas não ramificadas, e, em outros casos, apresentam mais raízes laterais e logo desenvolvem uma camada superficial de casca solta (HILLS, 1995).

Figura 6. Palma forrageira cultivada em solo raso (presença de piçarra), na qual se observa que o sistema radicular atinge profundidade superior a 0,5 m. Foto retirada na área experimental do IFBaiano/Campus Guanambi. Fotos: Alexsandro dos Santos Brito (2012).

Figura 7. Palma forrageira cultivada em solo profundo e bem drenado, na qual observase que o sistema radicular se encontra com maior densidade de raízes nos primeiros 0,2 m de profundidade. Foto retirada na área experimental do IFBaiano/Campus Guanambi. Fotos: Alexsandro dos Santos Brito (2012).


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Em contraste com o sistema vegetativo, as raízes das cactáceas receberam pouca atenção. É verdade que elas diferem de outras plantas pelo fato de desenvolverem características xeromórficas que lhes permitem sobreviver períodos prolongados de seca. Para evitar a perda de água em solo seco, as raízes finas se cobrem com uma camada relativamente impermeável à água ou, então, as raízes caem, formando uma camada de cicatrização. As raízes podem contribuir para suportar a seca de três maneiras: 1) restringindo a superfície da raiz e reduzindo sua permeabilidade à água, 2) absorvendo rapidamente a pequena quantidade de água fornecida por chuvas leves através de "raízes de chuva" ou através da redução da superfície da raiz de onde flui a água, e 3) reduzindo a transpiração devido ao alto potencial negativo da raiz. Com base no exposto, esses economizadores de água resistentes à seca podem ter uma resistência hidráulica alta (PASSIOURA, 1988), o que, por sua vez, reduz o fluxo da água para a parte aérea. CLADÓDIOS - Segundo Buxbaum (1955), as cactáceas se caracterizam geralmente pela presença de aréolas com pelos e espinhos, um caule suculento com uma casca verde e a falta de folhas copadas. Os órgãos tipo caule, conhecidos como cladódios, são suculentos e sua forma é tipicamente de oblonga a espatulada-oblonga, com 30 a 40 cm de comprimento e algumas vezes maiores (70-80 cm), e com 18 a 25 cm de largura (Figura 8). Num corte transversal, anatomicamente o cladódio é uma elipse formada por: pele, casca, um anel de tecido vascular feito de feixes colaterais separados por tecido parenquimatoso, e de uma medula que é o principal tecido suculento. Na Figura 9, os cladódios são numerados por ordem, sendo classificados como primários aqueles originários do cladódio base, os secundários aqueles originários dos primários e assim sucessivamente.


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Figura 8. Cladódios de Opuntia fícus-indica. Foto: Susana Cristina da Costa Martins (2011).

Figura 9. Cladódios de palma forrageira marcados por ordem na planta. Foto: Márcio José Alves Peixoto (2009). EPIDERME - A epiderme constitui a camada mais externa de células no corpo das cactáceas, uma camada protetora contínua com pequenas aberturas chamadas estômatos. A epiderme tem três funções: 1) regular o movimento da entrada de dióxido de carbono e saída do oxigênio da planta, 2) para reter água dentro do corpo, 3) para proteger contra


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fungos, esporos, insetos e luminosidade intensa (MAUSETH, 1984). A epiderme do caule de Opuntia ficus-indica é da espessura de uma célula, com a parede externa impregnada e coberta com uma cera de uma substância gordurosa chamada cutina. A cutícula das cactáceas em comparação com a cutícula da maioria das plantas é relativamente grossa (8-20 µm em Opuntia ficus-indica). A superfície cerosa e dura ao redor da célula epidermal servem a numerosas funções, no que se refere ao equilíbrio hídrico, à cutícula previne o escape do vapor de água das plantas e repele a água da superfície. A cutícula branca reflete boa parte da radiação solar, uma condição que, de outra forma, resultaria numa redução da temperatura do caule. A química e a estrutura da cutícula não podem ser digeridas por pequenos organismos que tentem entrar no cladódio (GIBSON; NOBEL, 1986).

ESTÔMATOS - Os estômatos estão distribuídos uniformemente sobre ambos os lados da superfície de todo um caule e estão dispersos aleatoriamente e não são muito numerosos. A Opuntia ficus-indica tem geralmente de 15 a 35 estômatos por mm. Um canal subestomático saliente através do tecido esclerenquimatoso da hipoderme forma uma passagem para o intercâmbio de gases entre a atmosfera e o tecido fotossintético abaixo da hipoderme, a câmara endoestomática se encontra na camada de clorênquima (HILLS, 1995).

ARÉOLAS - As gemas axilares nas cactáceas são representadas com aréolas ovaladas de 2 mm abaixo da superfície da pele (Figura 10). Sob condições ambientais adequadas aparecerão novos cladódios, flores e raízes a partir do tecido meristemático das aréolas. Em Opuntia ficus-indica as aréolas se encontram distribuídas numa forma helicoidal e desenvolvem espinhos, em vez de folhas como a maioria das plantas.


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Figura 10. Os cladódios mostrando as aréolas e espinhos. Foto: Julio E. Amaya Robles (2009).

Quando o cladódio é jovem, a aréola se forma na base de podárias que seguram uma estrutura verde subulada de vida curta que logo seca e cai, essa estrutura efêmera corresponde à folha. As podárias são salientes no primeiro estágio de desenvolvimento do cladódio e se perdem à medida que o caule se torna adulto. As aréolas iniciam sua formação na base do meristema apical curto e logo desenvolvem os espinhos em diferentes quantidades a partir do meristema basal, frequentemente um ou dois espinhos longos centrais e outros espinhos laterais mais curtos (MAUSETH, 1984). Os espinhos longos centrais crescem durante mais tempo que os outros, e são mais grossos porque são produzidos por primórdios mais robustos e têm células alongadas com paredes celulares lignificadas. À medida que os espinhos crescem, também aparecem os gloquídios. A presença de espinhos é a característica especial das aréolas e como o menciona Robinson (1974), sua morfologia tem um significado taxonômico potencial. É possível distinguir dois tipos: espinhos e pelos espinhosos (gloquídios). A quantidade e a duração dos espinhos e dos gloquídios em Opuntia ficus-indica depende do tipo. Geralmente os espinhos estão presentes no primeiro estágio de crescimento do cladódio e a maioria cai


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à medida que aumenta a temperatura, permanecendo ocasionalmente na base do cladódio por um período prolongado. Na Opuntias ficus-indica, os espinhos têm uma superfície áspera e os gloquídios uma superfície macia, sendo que os espinhos se encontram dispostos em cachos de 7 a 12 nas cavidades das aréolas.

FOLHAS - Apenas em cladódios internos, transformados em espinhos semelhantes a garras, engrossados em sua base, para defesa; as caducas só são observadas em caules tenros (Figura 11). Quando ocorre a renovação das raquetes, em cujas axilas estão as aréolas a partir das quais brotam os espinhos, de aproximadamente 4 a 5 mm de comprimento. As folhas desaparecem quando as raquetes atingem um estágio de desenvolvimento e onde os espinhos permanecem.

Figura 11. Cladódios tenros mostrando as folhas caducas. Foto: Julio E. Amaya Robles (2009). CASCA E MEDULA - Sob a epiderme encontra-se o clorênquima, que constitui o tecido entre a hipoderme e o anel dos feixes vasculares. O clorênquimo da Opuntia é grosso e suculento e consiste de uma casca primária formada por uma massa homogênea de células de parênquima, contém clorofila na parte externa e está arrumada em fileiras radiais longas para formar um clorênquima de paliçada saliente, similar a uma paliçada de um cladódio. A parte interna é branca e formada de células parenquimatosas esferoidais, similares às do mesófilo esponjoso. As partes verdes (clorênquima) e brancas (parênquima) contêm idioblastos que, por sua vez, contêm mucilagem ou cristais menores que os das células epidermais. Enquanto a parte verde que contém os cloroplastos tem a função principal da fotossíntese, a parte branca é mais do que um simples saco de


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armazenagem de água, já que é a fábrica química onde são produzidos os hormônios, alcaloides e outros compostos (como drogas medicamentosas) formados durante o metabolismo da planta (MAUSETH, 1984; SAJEVA; MAUSETH, 1991). Não contendo cloroplastos, a parte branca contém outros organismos, como amiloplastídios (para armazenagem de grãos de amido) e é feita de um tecido parenquimatoso homogêneo com pequenos espaços intercelulares. A função precisa da mucilagem é desconhecida, não obstante acredita-se que ajuda a reter a água dentro das cactáceas. A medula da Opuntia ficus-indica é composta de células grandes esferoidais parenquimatosas com parede celular fina, semelhante às da casca interna. A maioria das células da medula muito próximas dos feixes vasculares contém vários grãos esferoidais de amido ou mucilagem e algumas drusas pequenas.

TECIDO VASCULAR - Como na maioria dos caules das cactáceas, a Opuntia ficusindica tem sob a casca um anel de feixes vasculares colaterais com um tecido macio entre eles (o eustele), que corresponde ao câmbio fascicular ou raios medulares. Os feixes vasculares se conectam com o tecido meristemático das aréolas e formam e elaboram uma fina rede acessória de feixes com tecido vascular. Tal como foi mencionado por Freeman (1970) para a Opuntia basilaris, é comum a anastomose dos feixes vasculares, o que resulta na formação de um cilindro complexo ao redor da medula.

GEMAS FLORAIS - As gemas axilares na palma forrageira são aréolas que se desenvolveram muito cedo na axila do primórdio foliar. A aréola começa a evoluir como uma massa de células que se convertem rapidamente em um meristema apical de broto regular com todas suas zonas: túnica, células mãe centrais, zonas periféricas e meristema medular. Os espinhos e os gloquídios se desenvolvem num estágio muito precoce (Figura 12A). Depois de certo tempo (variável, longo ou curto) o meristema no centro da depressão das aréolas entra em dormência. Quando volta a ser ativo e cresce como um broto longo em vez de um broto curto, forma um ramo com folhas e aréolas ou produz um tipo de broto supermodificado que é a flor (Figura 12B). Desses meristemas só se forma uma flor ou um broto de cladódio por aréola (PIMIENTA, 1985). Várias características tornam a flor da palma forrageira única: dentro da copa floral há uma quantidade de segmentos de perianto levemente diferenciados como pétalas, há numerosos estames dispostos em espiral, um pistilo com quatro ou mais carpelos fundidos, e o ovário é unilocular com placentação parietal que parece estar encaixado no


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final de um ramo modificado (BOKE, 1963). Além disso, a palma forrageira está entre as poucas espécies cuja parte externa do ovário inferior (o receptáculo) apresenta folhas e aréolas perfeitas, pois essa estrutura se converte, posteriormente, na casca da fruta. À medida que a gema emerge, é possível verificar, através de seu volume espacial, se é vegetativo ou reprodutivo. A gema reprodutiva é mais esférica, enquanto que a vegetativa é mais plana, e a proporção entre gemas florais e vegetativas é de 3:1 e 10% dos cladódios podem ter ambos os tipos de gemas na mesma proporção (SUDZUKI et al., 1993).

A

B

Figura 12. A) Aréola no cladódio jovem mostrando dois espinhos, folha efêmera e vários gloquídios (pelos) acastanhados e B) Flores jovens de Opuntia ficus-indica. Fotos: Loreto Pratet al. (2017) e Robles, J. E. A. (2009). As flores são hermafroditas e actinomorfas, desenvolvendo-se na parte superior dos cladódios de um ou dois anos e, ocasionalmente, em cladódios de três anos. Ambos os tipos de gemas podem se desenvolver na superfície plana mais iluminada do cladódio. A diferenciação floral ocorre num período muito curto, de 50 a 60 dias depois que o


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meristema começa a se ativar até a antese, em contraste com outras fruteiras (macieira, pereira, etc.), em que a diferenciação floral começa no ano anterior (PIMIENTA; ENGELMAN, 1981). Ou seja, as flores das palmas forrageiras aparecem principalmente nos cladódios terminais formados durante o ciclo anterior de crescimento, embora os cladódios subterminais também produzam flores (INGLESE et al., 1994; PORTOLANO, 1962; WESSELS, 1988). Analogamente às gemas vegetativas, as gemas florais aparecem como aréolas localizadas na periferia dos cladódios e, principalmente, na periferia superior (Figura 13). A parte estéril da flor é representada pelo perianto e há poucas diferenças entre as sépalas e as pétalas: as sépalas são pequenas, mas ambas são oblongas e fundidas em sua base, com uma cor amarela ou rosa brilhante. As flores amarelas mudam a cor para laranja ou rosa depois da fecundação. Os numerosos estames estão fixados à base e inseridos na cavidade do receptáculo num arranjo fasciculado, desenvolvendo-se centrifugamente de tal forma, que o verticilo interno está abaixo do pistilo e o superior está na altura do estigma (EAMES, 1961). Os filamentos estão livres e as anteras produzem uma grande quantidade de grãos de pólen que se libera antes dos óvulos (protândria), de acordo com Pimienta (1990), as anteras têm um movimento tigmotrópico. No início da antese, os estames estão perto do estilo e as anteras estão em contato com a base do pistilo. A protândria explica o processo autogâmico (clistogamia). A polinização é entomófila, quando a flor se abre, o estigma está acima dos estames (PIMIENTA, 1990; Figura 14). O pistilo tem um estilo largo na base e um estigma saliente secionado, granular e viscoso, formado por dez septos com uma forma similar à da antera. O ovário é sincárpico, unilocular, formado por cinco carpelos e com uma placentação parietal.


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Figura 13. Botão floral na borda de um cladódio totalmente desenvolvido. Foto: Loreto Prat; Nicolas Franck; Fusa Sudzuki (2017).

Figura 14. Uma flor totalmente desenvolvida, mostrando um ovário inferior com numerosos óvulos e o córtex, pétalas, estame e pistilo. Foto: Loreto Prat; Nicolas Franck; Fusa Sudzuki (2017). Tipicamente, o ovário está rodeado por material derivado de haste ou receptáculo de tecido, que forma uma estrutura chamada pericarpel (Figura 15). Tecido derivado das pétalas e sépalas continua a pericarpel, formando um tubo compósito, pois o todo pode


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ser chamado de um tubo floral, estritamente falando, embora apenas o mais distante a partir da parte de base é floral na origem. O exterior da estrutura tubular tem frequentemente aréolas que produzem lã e espinhas. Normalmente, o tubo também tem escala como pequenas brácteas, que mudam gradualmente para estruturas como sépala e, em seguida, pétala, sendo assim, os conjuntos das sépalas e pétalas não podem ser claramente diferenciadas (e, portanto, são muitas vezes chamadas de "tepals").

Figura 15. Detalhe da flor da Opuntia ficus-indica com sua estrutura de receptáculo (Pericarpel), e os conjuntos de sépalas e pétalas não diferenciadas (chamadas de Tepals). Fotos: Arquivo da Imgrum e Roberto Kiesling a and Detlev Metzing. GRÃO DE PÓLEN - O grão de pólen tem uma capa externa grossa, a exina, cuja função é de proteção, muda de volume de acordo com a umidade (EAMES, 1961). A capa interna é a intina, que é fina e se adapta rapidamente a mudanças de tamanho. O padrão da exina tem um valor taxonômico e filogenético, já que a parede pode se tornar grossa e complexa na estrutura e a capa externa aparece com estrias projetadas, espinhos e grânulos. A fecundação dos óvulos começa gradualmente 48 horas depois da antese e continua durante 10 dias. O padrão de fecundação foi denominado como sendo do tipo "progâmico", segundo Rosas e Pimienta (1986). A quantidade média de óvulos fecundados por flor depende da variedade (ROSAS; PIMIENTA, 1986). Na Opuntia sp. é comum a poliembrionia de origem nucelar, isso explica o desenvolvimento de duas ou três plantas por semente. Archibald (1935) estimou que a poliembrionia celular, juntamente com o desenvolvimento do endosperma com ou sem fecundação, ocorre na Opuntia vulgaris, Opuntia ficus-indica e em outras palmas forrageiras.


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FLORAÇÃO - O surgimento de flores marca o início do período reprodutivo (Figura 16). Na primavera, o processo completo de crescimento da gema floral, desde a iniciação do broto até seu desenvolvimento pleno e antese, tem uma duração de seis a sete semanas (BARBERA et al., 1992; PIMIENTA, 1990). As flores ganham muito peso durante o processo e seu peso final corresponde a 20-30% do peso da fruta fresca. O crescimento do volume e o peso fresco acumulados são sigmóides, sendo que a fase de crescimento rápido se inicia depois de iniciada a gema e termina uma semana antes da antese. As gemas florais se diferenciam alguns dias antes da brotação (NIEDDU; SPANO, 1992; RIVERA et al., 1981). O primeiro sinal da estrutura floral pode ser observado ao microscópio quando as gemas atingem um comprimento de 4 a 5 mm; nesse estágio as gemas florais se tornam esféricas e se distinguem facilmente das gemas vegetativas, que são planas. A maioria das gemas florais chega à antese, todavia, uma temperatura baixa por ocasião da brotação pode causar uma alta mortalidade nas flores pequenas (NERD et al., 1991).

Figura 16. Detalhe da floração da espécie Opuntia ficus-indica. Foto: Gerson L. Lopes (2013).

Os períodos de aparecimento das flores se espalham por várias semanas e as plantas podem ter simultaneamente gemas iniciadas, flores e frutas jovens (NERD et al., 1989; WESSELS; SWART, 1990). Isso tem reflexo sobre o tipo de floração e maturação, que também se espalham por um período de várias semanas. O período de maturação, no entanto, é mais concentrado que o período de aparecimento dos brotos. Wessels e Swart (1990) relacionaram essa diferença com uma frequência maior de gemas precoces que tardias.


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As flores da palma forrageira são hermafroditas e florescem durante o dia (Figura 17). Segundo Pimienta (1990), a maioria das flores se abre no fim da manhã (tipo A), embora algumas abram à tarde (tipo B) (PIMIENTA, 1990). Todas as flores se fecham à noite e esse evento marca o fim da fase de antese das flores tipo A; nas do tipo B, no entanto, a antese se reinicia na manhã seguinte e a flor se fecha à tarde. Observa-se que os dois tipos de flores se reabrem por um dia adicional durante as horas da manhã. O período relativamente curto em que as flores permanecem abertas significa que há pouco tempo para que elas sejam visitadas para receber uma determinada quantidade de pólen. Todavia, esse comportamento deve ser considerado como uma adaptação às reduzidas perdas de água por transpiração, o que pode ser ecologicamente importante em ambientes áridos (ROSAS; PIMIENTA, 1986).

Figura 17. Flor de Opuntia fícus-indica. Fotos: Julio E. Amaya Robles (A) e Susana Cristina da Costa Martins (2011; B). FRUTA - A fruta tem sido chamada de uma "flor madura". É uma baga simples e carnosa, mas, como é formada por um ovário inferior fundido em tecido de caule do receptáculo, deveria ser considerado como uma baga falsa. A casca da fruta tem origem no receptáculo e tem a mesma morfologia do cladódio: uma epiderme com folhas efêmeras e aréolas perfeitas, nas quais os gloquídios são mais permanentes que nos cladódios, com uma hipoderme macia e uma casca volumosa com muitas células de mucilagem, porém sem cristais. A polpa se forma da protuberância dos tricomas originados nas células epidermais do funículo e do envoltório funicular (BOKE, 1964; PIMIENTA; ENGELMAN, 1985; WESSELS; CROUKAMP, 1992; Figura 18).


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Figura 18. Vista da polpa da fruta e sementes da espécie Opuntia ficus-indica. Foto: Oscar Roberto Estevez. O tamanho da fruta depende da quantidade de sementes fecundadas e abortadas (ARCHIBALD, 1935; PIMIENTA, 1990; BARBERA et al., 1994; Figura 19). Ainda não se determinou porque as sementes abortam. Frequentemente as frutas têm dois tipos de sementes estéreis, uma das quais predomina algumas vezes. A inviabilidade das sementes deve estar relacionada com a falha do óvulo ou com o embrião adventício jovem (ARCHIBALD, 1935). No último caso a nucela prossegue em seu crescimento, mesmo depois que se forma o embrião, e ao mesmo tempo o funículo muda para uma camada dura lignificada. O diâmetro equatorial é o que melhor representa o peso da fruta fresca e seca. Como a maioria das gemas se desenvolve para as frutas, mas a quantidade de frutas produzidas por uma planta é função da quantidade de cladódios férteis e da quantidade média de gemas florais por cladódio. Os cladódios terminais sombreados quase sempre são inférteis (PIMIENTA, 1990), enquanto que os que estão expostos à luz produzem uma quantidade de flores entre zero e vinte ou mais. Nas palmas forrageiras se conhece muito pouco a respeito da influência dos fatores ambientais e endógenos sobre a fertilidade dos cladódios. Em plantações altamente produtivas de oito anos, aproximadamente 80% dos cladódios terminais produziram frutas na primavera, com uma média de oito frutas por cladódio (NERD et al., 1993; INGLESE et al., 1994).


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Figura 19. Fruto da palma da espécie Opuntia ficus-indica (A) e frutos em distintas fases de maturação da espécie Opuntia tuna (B). Fotos: Loreto Prat; Nicolas Franck; Fusa Sudzuki (2017; A); Oscar Roberto Estevez (B) e Julio E. Amaya Robles (C). SEMENTES - As sementes da fruta da palma forrageira são pequenas, duras e abundantes e sua presença reduz a aceitação da fruta pelo consumidor, particularmente pelas pessoas não familiarizadas com a fruta. Extensos estudos para produzir frutas partenocárpicas foram realizados no Chile (DÍAZ; GIL, 1978; GIL; ESPINOSA, 1980; GIL et al., 1977). Flores emasculadas não lograram produzir frutas, mas tratando-as com ácido giberélico


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(AG) era possível induzi-las a desenvolver frutas de tamanho normal com sementes abortadas. Os tratamentos eficientes com AG foram: aspersão do AG a uma concentração de 500 ppm, 42 dias após a antese; quando as flores não emasculadas eram aspergidas com AG antes e depois da antese se obtinham frutas de tamanho normal com grande quantidade de sementes abortadas. Esses resultados demonstram que o AG inibe o desenvolvimento das sementes e estimula o crescimento das frutas. Comparativamente com frutas normais com sementes, as frutas estimuladas com AG eram maiores, tinham a casca mais grossa e menos polpa, bem como um teor menor de SST (sólidos solúveis totais). Não se conhecem cultivares naturais partenocárpicos, mas alguns pesquisadores detectaram plantas individuais no campo, cujas frutas contêm sementes abortadas (BARBERA; INGLESE, 1993; WEISS et al., 1993). Por outro lado, a propagação da espécie Opuntia tuna (Orelha de Elefante) pode ser feita por semente (Figura 20), que tem um alto poder germinativo, mas seu desenvolvimento é muito lento e de alta variabilidade e é parcialmente destinado ao melhoramento genético, razão pela qual a reprodução assexuada é geralmente utilizada por meio de raquetes ou cladódios.

Figura 20. Sementes da espécie Opuntia tuna (Orelha de Elefante). Foto: Julio E. Amaya Robles (2009).


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3.Aspecto Ecológico A espécie Opuntia ficus indica pode ser um recurso importante na economia rural e em áreas áridas e semiáridas, devido aos altos rendimentos que podem ser obtidos em frutas da palma, ademais de outros usos em vastas áreas que não têm chuvas adequadas para a semeadura de espécies mais exigentes em água e solo. Esta planta é muito eficaz para se adaptar e crescer onde um número maior de fatores limitantes convergem que não são favoráveis para a maioria das espécies de plantas. O aumento da presença da palma forrageira também poderia ser uma estratégia para dificultar o acúmulo de CO2 na atmosfera (efeito estufa): várias iniciativas de reflorestamento resultarão em depósitos de carbono reduzido e um maior uso de combustíveis vegetais pode ajudar a substituir os combustíveis fósseis, que são os responsáveis pelas principais alterações da composição do ar atmosférico. Uma plantação de palma forrageira pode funcionar como um depósito de carbono nas regiões áridas e semiáridas em que as mudanças de clima podem ocorrer com mais frequência e mais acentuadamente (PARRY, 1990). Em Ayacucho (Perú) se mantém um interessante sistema de cultivo das Opuntias, que existe no sopé das suas montanhas. Elas proporcionam uma colheita das frutas na época chuvosa do verão, ao mesmo tempo em que a parte aérea descartada, resultante dessa colheita, é utilizada como pasto para cabras, ovelhas e jumentos. No período seco subsequente, há bom desenvolvimento dos insetos da cochonilha nos cladódios dessas mesmas plantas, que são colhidos no final dessa estação. Nas condições especiais de Ayacucho isso não reduz a qualidade da fruta da estação chuvosa seguinte, e assim sucessivamente. Esse uso múltiplo das Opuntias fornece frutas, cochonilhas e forragens, além de fornecer uma densa vegetação que funciona como barreira contra a erosão das montanhas. O bom uso desse potencial agroecológico proporciona há muitos anos o sustento econômico de muitas famílias rurais.

MELHORAMENTO Estudos preliminares em populações selvagens e cultivadas de palma forrageira nas regiões áridas e semiáridas do México e nos principais países produtores, mostram a existência de uma grande variabilidade na resistência e suscetibilidade a fatores bióticos e abióticos que afetam o desenvolvimento e a produtividade. Contudo, faltam informações a respeito da origem e causas dessa variação. Essas informações são críticas para definir as futuras estratégias de melhoramento, orientadas no sentido de enfrentar


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alguns dos fatores que limitam o desenvolvimento da palma forrageira (i.e. seca, salinidade, baixas temperaturas), sua produtividade (como geadas tardias, pragas e doenças) e qualidade das frutas (i.e. tamanho e quantidade de sementes). É necessário definir estratégias para a identificação e coleção de clones destacáveis para a produção de frutas frescas, forragem e verdura, e com capacidade de adaptação ou tolerância aos principais estresses que afetam os ambientes áridos e semiáridos. Essa atividade deve ser complementada com a avaliação de clones destacáveis, selecionados nos principais países produtores de palma forrageira no mundo, em diferentes climas e latitudes, com a finalidade de obter informações sobre: resistência e tolerância a temperaturas extremas, seca, salinidade e efeitos do fotoperíodo e, em médio prazo, sobre os efeitos das principais mudanças globais do ambiente que afetam o mundo. O melhoramento genético futuro da palma forrageira deve considerar o efeito das mudanças globais do ambiente. Prognósticos recentes dão conta de que mudanças sazonais globais causarão sérias mudanças climáticas que afetarão a adaptação e produtividade dos ecossistemas naturais e cultivados, bom como suas relações com os parasitas (BAZZAZ, 1991). Por outro lado, um trabalho recente revela que a palma forrageira pode ser cultivada com vantagens em uma grande parte da superfície da terra, especialmente em regiões áridas ou semiáridas ou nas que estão prestes a se converter em terras secas (NOBEL, 1991). Serão necessários estudos básicos a respeito da reação da palma forrageira a mudanças ambientais globais. Além disso, deve-se ter em mente que a palma forrageira será num futuro próximo, uma planta valiosa, já que é uma das poucas com mecanismo fotossintético especializado, que a torna três vezes mais eficiente que qualquer gramínea ou leguminosa na transformação de água em matéria seca (NOBEL, 1989). E mais, suas relativamente baixas necessidades de energia antropogênica facilitarão sua inclusão nos modelos modernos de produção agrícola, para os quais se apregoa como condição fundamental a aplicação de conceitos ecológicos na produção agrícola, visando sistemas de produção sustentáveis, uma vez que, por seu tipo de metabolismo, apresenta uma eficiência maior no uso da água e de nutrientes minerais. Nos últimos anos, os produtores de palma forrageira perceberam o aumento de danos causados por pragas e doenças, o que resulta em efeitos negativos sérios sobre a produção de frutas e sua qualidade. No entanto, ainda são muito escassas as pesquisas a respeito de aspectos biológicos das principais pragas e doenças da palma forrageira, bem como a respeito de seu controle. Em face de essa ausência de informações, os produtores começaram a usar indiscriminadamente uma grande variedade de produtos agroquímicos


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para reduzir os danos causados por insetos. Essas providências devem ser orientadas no sentido de reduzir os impactos sobre o ambiente, sobretudo àqueles que podem afetar o equilíbrio natural da população dos insetos. Um fator importante a ser considerado com referência às parasitas é o fato de que é comum a palma forrageira, como outras culturas que se multiplicam por clones (i.e. cana, juta, banana e agave), apresentar resistência genética horizontal a diferentes parasitas (ROBINSON, 1984), o que é vantajoso como uma estratégia genética natural para enfrentar a grande diversidade de parasitas que podem atacar as populações cultivadas de palma forrageira a curto e médio prazo. Os trabalhos sobre melhoramentos genéticos, orientados para gerar resistência contra pragas e doenças na palma forrageira, devem levar em consideração as vantagens de manter a resistência horizontal no material selecionado e também o fato de que há ancestrais selvagens disponíveis como fonte de resistência genética contra pragas e doenças. Diversos programas de melhoramento contribuíram com excelentes materiais. O México, através do Colégio de Pós-graduação da Escola Nacional de Agricultura (COPENA), desenvolveu cultivares voltadas para produção de frutas e de cladódios juvenis consumidos como hortaliça: Copena V1 (CPV1), Copena F1 (CPF1), entre outras. A Texas A&M University administra uma coleção de palma forrageira e tem um programa de melhoramento ativo. Itália, África e Brasil, selecionam materiais de polinização aberta, buscando identificar genótipos superiores (MONDRAGÓNJACOBO; PÉREZ-GONZÁLES, 2001). No Brasil, o único programa de melhoramento genético da palma é conduzido pelo IPA. Em conjunto com a UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco, o IPA possui mais de 1.350 acessos, desses: 1000 são clones em processo de avaliação e 350 são genótipos oriundos de diversas regiões do mundo. O Programa lançou as cultivares predominantemente plantadas na região e vem alcançando incrementos produtivos ao longo dos anos (SANTOS et al., 2011). Essas cultivares são adaptadas às condições locais, porém não apresentam a concatenação, em um só genótipo, de um número relevante de características importantes para a região. Geralmente, possuem alguma susceptibilidade patogênica ou mal fisiológico, que enfraquece a cultivar. É importante salientar que os cruzamentos e autopolinizações controlados são frequentemente utilizados nos programas de melhoramento genético da palma, essas ações são possíveis devido à manipulação floral. A emasculação das flores na O. fícusindica Mill segue um protocolo: I) Eliminação dos gloquídeos, com um pincel; II) Retirar


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a corola, utilizando um estilete ou bisturi, cuidadosamente para evitar danos ao botão; III) Cortar, com tesoura ou estilete, as anteras; IV) Eliminar resíduos da operação com esguichos d’água; V) Enxugar com papel toalha, suavemente; VI) Esperar de 15 –20 minutos para secagem; VII) Cobrir a flor com um saco de papel ou de TNT (tecido-nãotecido); e VIII) Identificá-lo. (BUNCH, 1997; MONDRAGÓN-JACOB, 1999).

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DAS ESPÉCIES CULTIVADAS NO NORDESTE No Nordeste Brasileiro, são cultivadas predominantemente duas espécies, a Opuntia fícus-indica, (palma gigante) e a Nopalea cochenillifera, (palma miúda ou doce). As duas espécies mencionadas não possuem espinhos (são inermes) e foram obtidas pelo geneticista Burbanks, a partir de espécies com espinhos. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1880, em Pernambuco, através de sementes vindas do Texas, nos Estados Unidos, onde demonstraram grande utilidade. Não toleram umidade excessiva e em solos profundos apresentam extraordinária capacidade de extração de água do solo, a ponto de possuir cerca de 90-93% de umidade, o que a torna importantíssima para a região do polígono das secas (PUPO, 1979). Os principais caracteres morfológicos das duas espécies são:

Opuntia ficus-indica (L.) Mill. - Tipo loc.: América Tropical, sem especificar o país ou a localidade exata. Arborescente com 3-5 m de altura, coroa larga, glabra, caule com 60150 cm de largura, cladódios obovalados com 30-60 cm de comprimento, 20-40 cm de largura e 19-28 mm de espessura, verde escuro, cobertos com uma camada de cera. As aréolas estão dispostas em 8-9 séries espirais, piriformes, com 2-4,5 mm de comprimento e aproximadamente 1-3 mm de largura, os espinhos são quase ausentes, raramente um em poucas aréolas, aproximadamente com 1 cm de comprimento, cor cinza, translúcidos. As flores com 7-9 cm de comprimento são da cor laranja ou amarela, o pericarpo é 2-2,5 vezes mais comprido que o perianto, tuberculizadas com aproximadamente 8 séries de espirais de aréolas. A fruta é doce, suculenta, comestível, com 5-10 cm de comprimento e 4-8 cm de largura, piriforme, ligeiramente curvada para o umbigo, amarela, laranja, vermelha ou púrpura com muita polpa e uma casca fina. As sementes vão de obovaladas a discóides com 3-4 mm de diâmetro. Pinkava (1992) menciona que essas espécies podem ser heptaplóides (n=77) ou octaplóides (n=88). Barrientos (comunicação pessoal) encontrou plantas hexaplóides (n=66). Essas espécies já haviam sido domesticadas nos


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tempos pré-hispânicos. Os cladódios jovens são utilizados no México como verdura e as frutas, que são muito doces, brancas, amarelas ou púrpuras são apreciadas no mercado nacional e internacional. Os cladódios também são utilizados como forragem ou para propagar plantas novas. Esta espécie é cultivada principalmente na América tropical e subtropical e nos países mediterrâneos, atualmente há interesse em cultivá-la em quase todas as zonas áridas e semiáridas do mundo. De acordo com os critérios de Britton e Rose (1963), essas espécies podem ser consideradas como um membro não espinhento da série Streptacanthae.

Nopalea cochenillifera (L.) Mill. - Tipo: não designado. Tipo loc.: Jamaica. Arbóreo com 7 m de altura, muito ramoso, glabro, caule bem definido, cladódios oblongos estreitos com aproximadamente 30 cm de comprimento e 4-7 cm de largura, verde claro, as aréolas estão dispostas em séries espirais de 9-10 com lã amarela e gloquídios. Não há espinhos, encontrando-se algumas vezes um espinho em cladódios velhos, espinho esse com 1 cm de comprimento, amarelado, ao expor-se ao sol, a quantidade pode aumentar ligeiramente. As flores são tubulares com aproximadamente 5,5 cm de comprimento, vermelho púrpura, quase não se abrem durante a antese, os estames são forçados e dispostos 1-1,5 cm acima do perianto, os filamentos são cor de rosa e as anteras amarelas. O estilete aparece acima do androceu, é rosa avermelhado e os 6-7 lóbulos dos estigmas são verdes, e é polinizado por pássaros. A fruta é obovalada, tuberculada, com aproximadamente 5 cm de comprimento, vermelha, sem espinhos e somente com gloquídios, as sementes são numerosas, bem formadas, obovaladas, hilo rebaixado, um arilo lateral sub-basal e lateral bem desenvolvido. É uma espécie domesticada há muitos séculos e é propagada pelas sementes ou vegetativamente em todos os países tropicais e subtropicais da América. No México é cultivada principalmente nas costas do Atlântico e do Pacífico; também é cultivada na frente de muitas casas na América Central, em Cuba e no estado de Santa Catarina no Brasil. As frutas são comidas pelos pássaros. No México essa espécie é utilizada como substrato para a multiplicação do inseto cochonilha, do qual provavelmente deriva seu nome. O pericarpo da flor é utilizado como hortaliça para consumo humano e forragem para o gado. O chá feito das flores é utilizado como remédio para crianças em fase de dentição. Na região semiárida do nordeste do Brasil é utilizada como forragem com resultados muito bons (FERREIRA SANTOS et al., 1992).


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VARIEDADES DE PALMA FORRAGEIRA CULTIVADAS NO SEMIÁRIDO A palma forrageira cultivada no Nordeste brasileiro é utilizada quase que exclusivamente na alimentação animal. Está hoje muito bem adaptada à região semiárida de diversos Estados. Duas espécies de palma - originárias do México (DOMINGUES, 1963) – são utilizadas pelos agropecuaristas como forrageira para rebanhos: a palma “doce ou miúda” (Nopalea cochenillifera) e a palma “graúda ou gigante” (Opuntia ficusindica), existindo ainda uma variação desta, conhecida como palma redonda (ARRUDA, 1983). A primeira é mais rústica e a segunda é mais exigente em umidade (FARIAS et al., 2005). Entre as variedades mais cultivadas pelos produtores da região Nordeste, destacam-se a ‘Gigante’, a ‘Redonda’, a ‘Orelha de Elefante’ (todas do gênero Opuntia) e a ‘Miúda’ (gênero Nopalea).

Palma gigante, palma santa, palma graúda, palma azeda (Opuntia ficus-indica L.) Mill. É uma planta de porte bem desenvolvido e caule menos ramificado (Figura 21), o que lhe transmite um aspecto mais ereto e crescimento vertical pouco frondoso. Sua raquete pesa cerca de 1,0 -1,5 kg, apresentando até 50 cm de comprimento, forma ovalelíptica ou subovalada, coloração verde-fosco (SILVA; SANTOS, 2006; LOPES et al., 2012). As flores são hermafroditas, de tamanho médio, coloração amarela brilhante e cuja corola fica aberta na antese. O fruto é uma baga ovoide, grande, de cor amarela, passando à roxa quando madura (LOPES et al., 2012). Reconhecidamente é mais resistente à seca e à cochonilha de escamas (SANTOS et al., 1997; FARIAS et al., 2005) e altamente produtiva, entretanto, é suscetível à cochonilha do carmim (NEVES et al., 2010; VASCONCELOS et al., 2009), e tem valor nutricional inferior às demais com menor aceitabilidade pelos animais (SILVA; SANTOS, 2006).


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Figura 21. Palma Gigante. Foto: Edson Batista Lopes. Palma Redonda também conhecida como ‘Orelha de onça’ (Opuntia ficus-indica L.) Mill. A planta tem raquetes com peso de até 1,8 kg (SILVA; SANTOS, 2006), é resistente à seca, porém é muito suscetível à cochonilha-do-carmim (VASCONCELOS et al., 2009). A palma Redonda é uma planta de porte médio e caule muito ramificado lateralmente, prejudicando assim o crescimento vertical, mais palatável em relação à palma Gigante, possui resistência à seca, alta produtividade (VASCONCELOS et al., 2009; Figura 22). Essa cultivar tem sido cada vez menos usada, pois além da susceptibilidade à cochonilha do Carmim, seu hábito de crescimento mais horizontal (esgalhado) em comparação ao crescimento vertical das cultivares Gigante e Miúda, o que dificulta o consórcio com outras culturas anuais e seu cultivo precisa ocorrer isoladamente (ALBUQUERQUE, 2000).


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Figura 22. Palma Redonda (Opuntia ficus-indica). Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al., 2002). A cultivar ‘Orelha de Elefante’ (Opuntia tuna (L.) Mill. A palma ‘Orelha de Elefante é um clone importado do México e da África (Figura 23). Tem como vantagem a resistência à cochonilha-do-carmin e a menor exigência em fertilidade do solo (CAVALCANTI et al., 2008). A presença de espinhos dificulta o manejo como forrageira, no entanto essa característica, apesar de indesejável na alimentação animal, garante a esse material maior resistência à seca, pois os espinhos servem para reduzir a temperatura do caule durante o dia (RAO et al., 2006). Para facilitar o manejo e o fornecimento aos animais, a palma, após o corte, pode ser queimada para eliminação dos espinhos.


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Figura 23. Campo cultivado com a palma forrageira cultivar Orelha de Elefante (Opuntia tuna). Foto: Adaptada de: https://goo.gl/fxBB9c, 2012.

Palma doce ou miúda (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck). A cultivar Miúda ou Doce tem porte pequeno e caule ramificado (Figura 24). Sua raquete pesa cerca de 350 g, possuem quase 25 cm de comprimento, forma acentuadamente obovada (ápice mais largo que a base) e coloração verde intenso brilhante. As flores são vermelhas e sua corola permanece meio fechada durante o ciclo. Nos três tipos, as raquetes são cobertas por uma cutícula que controla a evaporação, permitindo o armazenamento de água (90-93% de água). Apresenta maiores teores de matéria seca e carboidrato, mas é mais nutritiva. É mais exigente em fertilidade e umidade e tem menor resistência à seca, embora seja resistente à cochonilha-do-carmin (VASCONCELOS et al., 2009). Exige temperatura noturna mais amena, quando comparada às outras cultivares, e não é indicada para algumas áreas de sertão (ALBUQUERQUE, 2000). Quanto à produtividade de massa verde, a palma ‘Miúda’ tem-se mostrado inferior às cultivares Gigante e Redonda. No entanto, quando essa produção é transformada em matéria seca, os resultados se equivalem por ter a palma ‘Miúda’ mais matéria seca que as outras. A palma Miúda é bastante aceita pelos produtores por apresentar artículos (raquetes) lisos (VASCONCELOS et al., 2009).


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Figura 24. Palma Miúda. Foto: Edson Batista Lopes.

Palma Espinho (Opuntia dillenii (Ker-Grawl.) Haw. A palma de Espinho Opuntia dillenii (Ker-Grawl.) Haw é uma espécie exótica muito utilizada como cerca-viva defensiva em muitas propriedades no semiárido brasileiro e que passou a ser utilizada como alternativa forrageira a partir dos episódios de estiagem e seca que ocorreram desde o mês de agosto de 2011 e com repercussões ainda em junho de 2016 (Figura 25). Além de sua extrema resistência a estiagem, essa espécie ainda apresenta outra virtude que é a de não ser atacada pela cochonilha do carmim Dactylopius opuntiae e pela cochonilha de carapaça Diaspis echinocacti. Entretanto, é na recuperação de áreas degradadas e em processo de desertificação que a espécie tem se mostrado muito promissora (INSA, 2016). Então, sua propagação feita por meio de parte da planta adulta, onde as mudas devem ser retiradas da parte central da planta, pois as raquetes situadas na base são muito celulósicas e de difícil brotação, além disso, raquetes selecionadas para o plantio devem apresentar bom vigor, ausência de pragas e doenças (PESSOA, 1967). Portanto, a espécie Opuntia dillenii deve ser indicada para as regiões mais seca do semiárido (exemplo do Seridó) e para facilitar o seu fornecimento aos animais, recomenda-se que as raquetes, após o seu corte, sejam queimadas para eliminação dos espinhos.


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Figura 25. Potencial da palma Espinho, como é vulgarmente conhecida a espécie Opuntia dillenii, para a alimentação do gado e a recuperação de áreas degradadas (em processo de desertificação) no semiárido. Foto: Arquivo do INSA (2016). Também existem várias outras cultivares na região Nordeste (Italiana, Algerian, Copena-5, Cristalina, Mão de Moça -“clones IPA Sertânea (Figura 26) e PALMEPAPQ1”-, Palma Azul, Moradella, Formosa, Gigantona, Língua de Vaca, e Baiana ou Alagoana), que são utilizadas em menor proporção pelos agricultores nordestinos. Recentemente, a cultivar IPA20, a qual foi obtida por cruzamentos seguidos de seleção do programa de melhoramento do Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA tem ganhado destaque especial (ROCHA, 2012; FARIAS et al., 2005). Esta cultivar temse apresentado altamente produtiva e é superior a cv. Gigante (ALBUQUERQUE, 2000; SANTOS et al., 2006).


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Figura 26. Palma forrageira cv. IPA Sertânia. Foto: Nilzemary Lima da Silva. FENOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS FRUTOS A fenologia das plantas está relacionada ao clima (temperatura, radiação e umidade). Compreende os fenômenos biológicos, como a brotação de gemas, a inflorescência e a maturação dos frutos. É essencial reconhecer cada uma dessas mudanças biológicas para identificar momentos-chave para a tomada de decisão em relação ao manejo da cultura (fertilização, irrigação, poda, aplicação de hormônios, controle de doenças, etc.), portanto é importante identificar o início e final da floração, o início da fase de frutificação e a duração do período de desenvolvimento dos frutos (PDF) (AMAYA ROBLES, 2009). O ciclo de desenvolvimento dos frutos de Opuntia tuna (cv. Orelha de Elefante) a partir do início da floração na planta até a completa maturação do fruto e o ponto máximo de desenvolvimento e a maturidade fisiológica dos frutos se obtém aos 80 dias após a antese (AMAYA ROBLES, 2009; Figura 27).


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Figura 27. Evolução do desenvolvimento e maduração de frutos de Opuntia fícus-indica (Orelha de Elefante) antes da antese; Estádios de maduração: V (fruto verde); IP (início da pigmentação amarela); VA (verde amarelado) e AV (Amarelo verde). Foto: Robles, J. E. A. (2009). A maturidade fisiológica corresponde ao momento em que a fruta acumula a maior parte das reservas. O conhecimento dos estádios de maturidade é importante para planejar a colheita, sendo o teor de açúcares um indicador de maturidade e, o clima, um dos fatores que mais influenciam o acúmulo de açúcares. Os índices de colheita são determinados por meios visuais, físicos, químicos e fisiológicos. Os meios visuais incluem cor e forma (Figuras 28 e 29); métodos físicos através da mensuração da firmeza na polpa, peso, diâmetro e volume; os métodos químicos por meio da determinação do amido pelo iodo, determinação de substâncias insolúveis em álcool (amido, celulose, pectina e proteínas), acidez, etc. e métodos fisiológicos através dos níveis de respiração e produção de etileno (AMAYA ROBLES, 2009). Um dos estádios mais comuns de desenvolvimento de maturidade para Opuntia sp. pode ser descrito da seguinte maneira:

Figura 28. Estádio 1 (VC) verde claro; Estádio 2 (IP) início da pigmentação; Estádio 3 (AP) amarelo predominante; Estádio 4 (AA) amarelo alaranjado e Estádio 5 (NR) laranja avermelhado. Foto: Robles, J. E. A. (2009).


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Figura 29. Componentes do fruto de Opuntia tuna. Foto: Robles, J. E. A. (2009). METABOLISMO ÁCIDO DAS CRASSULÁCEAS A maioria das plantas fixa o bióxido de carbono durante a fotossíntese na presença de luz solar. Sob estas condições, os estômatos se encontram abertos e apresentam uma grande perda de umidade. Algumas plantas, que evoluíram em condições de pouca umidade, modificaram seu metabolismo com a finalidade de economizar água. Esse tipo de metabolismo se encontrou pela primeira vez em plantas da família Crassuláceas e, portanto, se chamou Metabolismo Ácido Crassuláceo, e as plantas que o apresentam se denomina CAM. O metabolismo ácido das crassuláceas (CAM, do inglês Crassuláceo Ácido Metabolismo) é um dos três tipos (outras vias estão às plantas C3 e C4) possíveis de assimilação do carbono atmosférico (CO2) via fotossíntese, o qual está presente em certas espécies de plantas, especialmente plantas suculentas como a Opuntia ficus-indica L. Portanto, a planta de Opuntia está incluída no grupo de plantas chamadas suculentas ou crasas (crassulaceae), que crescem preferencialmente em ambientes quentes e até desérticos. Sendo uma planta suculenta, tem uma capacidade extraordinária de absorver e reter a pouca água que pode estar no solo, mesmo do orvalho. Para isso,


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tem uma rede de raiz muito desenvolvida e muito próxima da superfície. As plantas CAM têm sua eficiência no uso da água aumentada, especialmente as suculentas, constituindo uma importante adaptação fisiológica a condições áridas. Na palma e outras plantas que possuem o sistema CAM de fotossíntese, a fase da síntese de cadeias é dividida em duas partes. Em síntese, as plantas CAM abrem os seus estomas durante a noite, absorvendo dióxido de carbono durante esse período, e armazenando-o nos vacúolos das células sob a forma de ácido málico. Ou seja, elas fixam o carbono em ácidos orgânicos, principalmente o málico. Durante o dia, com a incidência de luz solar, o ácido málico sofre reações no ciclo de Calvin e é transformado em moléculas de glicose (Figura 30).

Figura 30. Metabolismo Ácido Crassuláceo (CAM) apresentado nas plantas da espécie Opuntia ficus-indica L. Como o CO2 é concentrado no local do início do ciclo de Calvin, as perdas por fotorrespiração são reduzidas. Essa maior eficiência fotossintética das plantas CAM é uma vantagem que a palma tem no seu crescimento em regiões secas. Todas essas modificações evolutivas no processo bioquímico têm como principal vantagem à possibilidade de separar, no tempo, o processo de fotossíntese, com a captura da energia do sol durante o dia e a fixação do CO2 durante a noite (TAIZ; ZEIGER, 2004).


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Esse sistema de fotossíntese da palma tem uma característica prática interessante. Há uma variação na acidez da palma ao longo do dia e da noite. Em condições normais de fixação de CO2, no início da madrugada, as raquetes estão carregadas de ácidos. Ao longo do dia, a acidez vai diminuindo, chegando ao seu mínimo no final da tarde. Assim, o momento de colheita da palma pode ser escolhido de forma que a forragem tenha maior ou menor acidez. A variação da acidez também pode ser usada, medindo-se o pH interno da palma, para verificar a intensidade do processo de fotossíntese (SAMPAIO, 2005). O processo evolutivo da fotossíntese das plantas CAM tem como resultado uma maior eficiência no uso da água que as plantas C3, no qual pode ser medido como a relação entre a massa de água transpirada e a massa de CO2 fixada, em medidas de curto prazo. Em prazos mais longos, pode ser medida como a relação entre a massa de água usada e a massa vegetal formada. As medidas de longo prazo são menos variáveis e mais interessantes do ponto de vista prático. Em geral, a relação para as plantas CAM oscila entre 100 e 200:1, ou seja, são usados de 100 a 200 kg de água para cada kg de matéria seca formada, mas há registros de 50:1 (BOYER, 1996). Nas plantas C3, esta relação fica em torno de 1000:1 e nas plantas C4 de 500:1. Naturalmente, estas relações são valores médios e as eficiências no uso da água podem ser muito variáveis, dependendo das condições locais.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA A palma é um alimento de grande importância para os rebanhos, notadamente nos períodos de estiagens prolongadas, pois além de fornecer um alimento verde, supre grande parte das necessidades de água dos animais na época de escassez. Na Tabela 2, é mostrado o valor nutricional da palma, comparado com as silagens de sorgo e de milho. A palma possui, em termos de digestibilidade da matéria seca, valor superior às silagens, que são volumosos reconhecidos como de bom valor nutritivo. Todavia, o que se tem verificado como limitante na utilização da palma é o baixo consumo de matéria seca e de fibra pelos animais.


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Tabela 2. Composição química e digestibilidade das cultivares de palmas Redonda, Gigante e Miúda e das silagens de sorgo e de milho. Cultivares Discriminação Redonda Gigante Matéria seca 11,0 10,2 Proteína bruta 5,0 5,3 FDA1 22,2 22,4 FDN2 28,1 26,9 DIVMS3 74,4 75,0 Cálcio 2,88 2,78 Fósforo 0,14 0,13 Potássio 2,45 2,11 Carboidratos solúveis 29,1 29,5 1FDA - Fibra em detergente ácido. 2FDN - Fibra em detergente neutro. 3DIVMS - Digestibilidade “in vitro” da matéria seca. 4ND- Valores não determinados pelo fato de serem silagens.

Miúda 15,4 3,5 23,0 28,4 77,4 2,25 0,10 1,50 57,9

Silagens Sorgo Milho 37,6 35,6 5,5 6,5 68,0 72,0 0,43 0,36 0,12 0,22 1,18 1,57 ND4 ND

A palma forrageira apresenta baixo teor de matéria seca, em torno de 10%, com variação observada de 6,07 a 16,57%, o que limita a sua inclusão em dietas de bovinos pela pequena densidade de nutrientes. Além disso, também apresenta baixo teor de proteína bruta, comumente, entre 4 a 5% da matéria seca, o que exige a maior inclusão de ingredientes proteicos nas formulações para os bovinos. Comparado aos dois tipos de silagens (Sorgo e Milho), as três cultivares da palma forrageira apresentaram menores teores de Matéria Seca, Proteína Bruta e FDN (Fibra em detergente neutro) e maior teor de CNF (CNF = carboidrato não fibroso). Entretanto, observou-se variação dos nutrientes entre as cultivares o que, provavelmente, aconteceu devido às diversas condições ambientais e de manejo a que foram submetidas. Ressaltase o teor de CNF da palma forrageira variou de 42,27% a 71,17 %, com média de 57% da Matéria Seca, valores que podem atingir o dobro do que, comumente, é observado para silagens de milho e sorgo. Além disso, apresenta teores de FDN (Fibra em detergente neutro) que podem ser 50% inferiores aos observados para as silagens. Esta composição dos carboidratos pode ser considerada uma grande vantagem nutricional da palma forrageira, pois representa maior porção dos carboidratos mais degradáveis no rúmen e, consequentemente, melhor aproveitado pelos bovinos. Entretanto, trata-se de um alimento desbalanceado quanto aos nutrientes e por isso deve ser incluído de forma criteriosa para que tenha melhor aproveitamento do mesmo pelos animais, principalmente aqueles de maior exigência nutricional.


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PROPAGAÇÃO A palma forrageira é cultivada de forma extensiva como uma espécie produtora de frutas e forragem em muitos países. O cultivo extensivo se baseia na propagação vegetativa, que é a preferida, dada sua facilidade. As plantações comerciais são fonte de material vegetativo, apesar de haver algumas desvantagens técnicas, tais como o risco de espalhar doenças e a falta de certificação genética. Enquanto a reprodução sexual da Opuntia fícus-indica é a obtida por meio de sementes, as quais foram polinizadas e desenvolveram a partir de flores até a obtenção de frutos maduros com sementes.

Propagação por sementes - As sementes são obtidas de frutas inteiras, saudáveis, maduras ou ligeiramente passadas e são lavadas e peneiradas (Figura 31). As sementes são secadas ao sol durante dois dias para reduzir a umidade externa. Os resíduos de polpa que permaneceram aderidos às sementes são removidos esfregando-se umas contra as outras (Figura 32). A fruta tem dois tipos de sementes, a saber: viáveis ou normais e abortadas ou estéreis. As sementes bem desenvolvidas podem conter de um a três embriões, são mais escuras e maiores que as abortadas, justamente por conter os embriões. As sementes poliembriônicas têm formas irregulares e seu tamanho depende da quantidade de embriões que contêm. A proporção de sementes normais/anormais depende do cultivar e de algumas condições ambientais, mas não tem relação com a quantidade absoluta de sementes (BARBERA et al., 1994).

Figura 31. Corte longitudinal do fruto de Opuntia ficus-indica evidenciando no seu interior a polpa e as sementes. Foto: Susana Cristina da Costa Martins (2011).


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Figura 32. Sementes extraídas da polpa do fruto da espécie Opuntia fícus-indica. Foto: Susana Cristina da Costa Martins (2011). A semente da palma forrageira tem uma cobertura lignificada que serve de proteção contra fatores ambientais adversos e também como prevenção contra a germinação. Foram tentados vários métodos para reduzir seus efeitos (MURATALLA et al., 1990; SÁNCHEZ, 1992), entre eles: a) rompimento mecânico; b) rompimento mecânico e imersão em ácido giberélico; c) imersão em água a temperaturas perto dos 100ºC durante 5 a 20 minutos; d) imersão em ácido sulfúrico concentrado, seguida de lavagem e embebição em ácido giberélico a 100 mg/litro. Essas técnicas foram bemsucedidas, ou parcialmente bem-sucedidas, pois ainda há diferenças entre variedades que alteram os resultados. Depois da escarificação convém tratar as sementes para evitar a putrefação das raízes. Isso pode ser feito com produtos como Captan ou Thiram.

Armazenamento - As sementes da palma forrageira podem ser armazenadas em pequenos recipientes de plástico ou em envelopes de papel, em um lugar seco e fresco. A armazenagem em longo prazo reduz gradualmente o percentual de germinação; Muratalla et al., (1990) registrou valores abaixo de 50% para sementes armazenadas durante nove anos. Uma armazenagem passageira das sementes aumenta o percentual de germinação. Segundo Pérez (1993), sementes armazenadas durante nove meses depois da colheita tiveram um percentual de germinação de 80%, em comparação a baixas taxas de germinação apresentadas por sementes armazenadas durante quatro meses.

Germinação - Para estimular a germinação, as sementes devem ser estocadas em temperaturas frescas (13-20ºC) e sob luz difusa, para evitar ressecamento e queimaduras


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das plântulas. A radícula emerge da cobertura da semente nos três primeiros dias, sendo que, em alguns genótipos, é possível se observar a emissão da raiz até o quarto dia. A taxa de germinação normalmente é muito irregular, inclusive em sementes provenientes da mesma fruta, e isso é comum, tanto em plantações comerciais, como no caso de plantas selvagens (ALTARE et al., 2006).

Estudos sobre germinação de sementes, realizados em diversas espécies de Opuntia colhidas no oeste do Texas, revelaram que a escarificação com ácido sulfúrico aumentou o grau de germinação de maneira consistente. As temperaturas ótimas ficaram entre 25 e 35ºC e a germinação nada melhorou com sua variação. Houve uma tendência de aumento da germinação quando as sementes foram submetidas à lavagem em água durante doze horas, o que dá a entender a presença de inibidores químicos. As sementes que passaram pelo trato digestivo de gado bovino apresentaram percentuais de germinação 1,5 vezes maiores que as sementes germinadas depois retiradas das frutas (POTTER et al., 1984). As sementes de Opuntia ficus-indica, como muitas outras espécies de Opuntia, apresentam baixa capacidade de germinação devido principalmente a seus tegumentos endurecidos, sendo que o mais interno é o funículo que envolve o embrião, o qual chega a obstruir a protrusão da radícula. O objetivo do estudo realizado por Altare et al. (2006) foi acelerar o início do processo de germinação e reduzir o seu tempo de finalização pela ação de agentes físicos e químicos. Os ensaios de germinação foram realizados em placas de Petri e sob condições controladas a temperatura constante (25 °C) e regime fotoperiódico de 14 horas de luz por dia, luz contínua e escuro contínuo. Além desses fatores ambientais durante o período de incubação, foram testados os efeitos de agentes capazes de quebrar diferentes tipos de dormência ou efeitos inibitórios. Todos os ensaios seguiram um delineamento inteiramente casualizado com três repetições de 25 sementes para cada tratamento. Verificou-se que a escarificação química das sementes com H2S04 concentrado ou com reagente de Schweizer, seguida da incubação das sementes tratadas em soluções de H202, sob condições fotoperiódicas, proporcionou a maior porcentagem de germinação no menor tempo. As respostas de germinação das sementes à ação de diferentes agentes físicos (Tabela 3 e Figura 33) mostraram que sementes dessa espécie necessitam de luz, administrada em regime fotoperiódico durante 40 ou 60 dias, para estimular a germinação, enquanto a luz ou escuridão contínua não induziu a germinação (ALTARE et al., 2006).


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Tabela 3. Efeito de diferentes concentrações de H202 sobre o tempo de germinação das sementes de Opuntia ficus-indica e em função de condições fotoperiódicas. Tratamento H202 (5%)

Dias de incubação Percentagem de germinação (média) 20 8,0a 30 17,3b 35 24,0b 50 30,7bc 60 32,0c H202 (15%) 60 0,0e H202 (30%) 60 0,0e H202 (0%) Testemunha 35 2,7a 50 4,0a 60 5,3a -Diferentes letras indicam diferença significativa a nível de 5%. Fonte: Juan Carlos Guevara.

Figura 33. Sementes de Opuntia ficus-indica L. dispostas em placas de Petri (10 cm de diâmetro) com uma camada de algodão sobre a qual foi disposto um disco de papel de filtro. Foto: Juan Carlos Guevara. Fenômeno de poliembrionia – As plântulas de Opuntia ficus-indica não são fenotipicamente uniformes, devido ao seu crescimento lento e o longo período juvenil (PIMIENTA-BARRIOS, 1990). A maioria das sementes germinadas desenvolveu uma única planta (monoembrionia). No entanto, alguns apresentaram fenômeno de poliembrionia, com duas plântulas provenientes da mesma semente (Figura 34 a-f). A grande poliembrionia pode ocorrer com 4 plântulas por semente de Opuntia, conforme relatado na literatura (APAT, 2003), porém isso não foi destacado neste estudo.


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Figura 34. Mudas em diferentes estágios de desenvolvimento mostrando poliembrionia e anormalidades morfogenéticas. Poliembrionia foi reportada para plântulas de três (a) ou quatro (b, c) semanas e para plântulas de três (d, e) ou quatro meses (f). Tricotiledôneas (g) cotilédones dissimétricos (h, i), enrolados (j) ou aderidos (k, l) foram observados para plântulas de duas semanas (h), um (g, j, k, l) ou dois (i) meses. As porcentagens de poliembrionia das sementes germinadas variaram de acordo com a duração do tratamento. A maior taxa (29,3%) foi registrada após 25 e 30 min de tratamento. Além disso, altas taxas foram registradas após 40 e 45 min de tratamento (23,3% e 22,2%, respectivamente). O fenômeno da poliembrionia foi relatado para muitas espécies de Opuntia (PIMIENTA-BARRIOS, 1990; ASKER; JERLING, 1992; MONDRAGON; PIMIENTA-BARRIOS, 1995; GARCIA; PIMIENTA-BARRIOS, 1996; NEGRON-ORTIZ, 1998; MONDRAGON, 2001) e Opuntia ficus-indica (MONDRAGON; PIMIENTA-BARRIOS, 1995; NIEDDU; CHESSA, 1996; VELEZ; RODRIGUEZ, 1996). Esse fenômeno pode ocorrer durante a multiplicação por sementes induzindo a formação de dois ou mais embriões. Um deles é um embrião zigótico de origem sexual derivado da fertilização do saco embrionário. O outro, foi denominado apomítico, derivado diretamente do tecido nucelar (agamospermia esporofítica) (PIMIENTA-BARRIOS, 1990) ou de óvulo não fertilizado (diplospória-partenogênese)


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(GARCIA;

PIMIENTA-BARRIOS,

1996;

VELEZ;

RODRIGUEZ,

1996;

MONDRAGON, 2001). Propagação por cladódios: A palma possui estrutura anatômica peculiar com folhas em forma de espinhos endurecidos e pontiagudos (rudimentares). Seu caule é do tipo cladódio (comumente chamado de raquete) que se caracteriza pelo aspecto volumoso (“carnudos”), verdes e achatados, podendo ser classificados em primário ou secundário (Figura 35), de acordo com a sua disposição sobre o crescimento (VIDAL; VIDAL 2003). Portanto, quando a propagação das palmas é feita de forma assexuada, recomenda-se retirar os cladódios-sementes da parte intermediária da planta, devendo ser evitados os da base.

Figura 35. Características anatômicas das cactáceas. Foto: Adaptada de Agência Sergipe de Notícias. Disponível em: https://goo.gl/Vdsa0j. Estudando os efeitos da cura de cladódios à sombra nos períodos de 0, 8, 16, 24 e 32 dias no enraizamento da palma Gigante (Opuntia fícus-indica), Lopes et al. (2009a) verificam que o melhor tratamento que proporcionou o maior número de raízes foi o período de cura por 32 dias e plantados aos 15 dias. O maior comprimento de raízes de palma Gigante foi obtido quando os cladódios-sementes foram submetidos a um período de cura de 32 dias e plantados aos 25 dias após a cura. Enquanto os cladódios-sementes


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colhidos e plantados no mesmo dia, mesmo em solo seco, apodreceram devido a infecção causada pela bactéria Erwinia atroseptica subespécie Carotovora. Propagação por fragmentos de cladódios - O método tradicional de formação de um palmal é pelo plantio de cladódios inteiros ou raquetes (GALVÃO JÚNIOR et al., 2014, NEVES et al., 2010). Na forma adensada, necessita-se de 40 a 80 mil cladódios para implantação de um hectare de palma forrageira (SILVA et al., 2014), quantidade que pode estar indisponível em localidades onde não há palmais visando a produção de cladódios para propagação. Assim, a adoção de técnicas que favoreçam a multiplicação rápida da palma poderá incrementar sua difusão. Dentre estas técnicas, destaca-se a fragmentação do cladódio, que consiste no seu corte em fragmentos menores e o plantio dos mesmos para obtenção de novas mudas (NEVES et al., 2010, SILVA et al., 2014). Essa técnica de baixo custo possibilita a implantação de palmais para produção de mudas a partir de uma menor quantidade de cladódios (NEVES et al.,2010, SILVA et al., 2014). O experimento de propagação, por fracionamento do cladódio, de palma forrageira Nopalea cochenillifera foi conduzido por Cavalcante et al. (2017). Os três tipos de fragmentos estudados (Figura 36) foram plantados em recipientes de plástico com capacidade de dois litros, preenchidos com substrato formado por solo:esterco bovino (1:1). Cada fragmento foi introduzido cuidadosamente no substrato até metade de seu comprimento, de modo a garantir um mínimo de uma aréola em contato com o solo. Os tratamentos foram alocados em casa de vegetação telada e irrigados duas vezes por semana durante 45 dias. Os tratamentos foram avaliados 45 dias pós-plantio para o percentual de fragmentos viáveis, número de brotações/fragmento, comprimento, largura e área estimada dos cladódios brotados. Todos os fragmentos do tratamento T1/2 permaneceram viáveis contra 73,3% nos demais tratamentos. Todos os fragmentos viáveis dos tratamentos adotados apresentaram 01 brotação/fragmento. As brotações obtidas em T1/2 apresentaram maior desenvolvimento quando comparados aos demais tratamentos tanto para comprimento (P=0,002), largura (P=0,001) e área estimada (P=0,001), não havendo diferenças entre os tratamentos Tsup, Tmed e Tinf (Figura 37). Correlação linear positiva (P=0,001) foi observada entre o peso dos fragmentos utilizados nos tratamentos com o comprimento (r=0,899), largura (r=0,842) e área estimada dos cladódios (r=0,910). O uso de fragmentos de 1/2 e 1/6 do cladódio mostrou ser viável na propagação de Nopalea cochenillifera var. Miúda (CAVALCANTE et al., 2017).


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Figura 36. Fragmentação do cladódio inicial nos tratamentos avaliados T1/2 (cladódio seccionado longitudinalmente), Tsup (uso da parte superior do cladódio após dois cortes transversais em uma das metades do cladódio), Tmed (uso da parte média) e Tinf (uso da parte inferior). Foto: José Maurício Maciel Cavalcante et al. (2017).

Figura 37. Desenvolvimento de cladódios após 45 dias de plantio dos fragmentos do tratamento Tsup (A) e T1/2(B). Foto: José Maurício Maciel Cavalcante et al. (2017).

Em pesquisa realizada por Lima et al. (2013), fora testado a propagação via cladódio inteiro, 1/2 cladódio, ¼ cladódio e 1/8 cladódio, mostrando assim que é possível se multiplicar o mesmo fracionado a raquete e, assim, elevando a quantidade de propágulos e reduzindo a necessidade de material propagativo. Lima et al. (2013) encontraram maior percentual de brotação de fragmentos obtidos do terço basal de cladódios de Nopalea cochenillifera, var. Baiana (Figura 38). Entretanto, estes autores atribuíram esta constatação ao fato de que esta região apresenta maior quantidade de fitomassa no cladódio e, consequentemente, maior quantidade de reservas.


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Figura 38. Subdivisão de cladódios em seções. Foto: Washington Benevenuto de Lima (2012). MICROPROPAGAÇÃO No decorrer dos últimos quinze anos, foram desenvolvidas técnicas de cultivo in vitro para mais de mil espécies, incluindo as cactáceas. As Opuntias se multiplicam por estaquia dos cladódios e a necessidade de grandes quantidades de material demandado por grandes plantações é um sério problema prático. Por essas razões, aplicam-se técnicas de cultivo in vitro para se obter um sistema eficiente de multiplicação, desse gênero, em grande escala. Essa eficiência implica uma alta taxa de multiplicação, uniformidade genética, peso e volume reduzido em comparação com o método convencional (VILLALOBOS, 2001). No trabalho de avaliação para a multiplicação in vitro de dois genótipos de palma forrageira (Opuntia tuna (L.) Mill var. Orelha de Elefante e Nopalea cochenillifera Salm Dyck var. Mão de Moça), Santos et al. (2015) utilizara os explantes provenientes de cladódios de ambas as espécies, os quais foram inoculados em meio de cultura MS suplementado com 1,5 mg/L de benzilaminopurina (BAP) e 0,0625 mg/L de ácido naftalenoacético (ANA), seguindo-se o protocolo básico estabelecido por Escobar et al. (1986) com modificações. Para cada genótipo, foram inoculados 12 explantes de aproximadamente 25 mm2, em um total de 486 potes plásticos com 8 cm de diâmetro e


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10 cm de altura, sendo cultivados em sala de crescimento com temperatura de 25± 2 ºC e fotoperíodo de 16 horas. Foram obtidos valores médios para as variáveis: número de brotos, altura (mm), percentagem de enraizamento e número de raízes por brotação. A aclimatização foi realizada em substrato composto por vermiculita, areia e solo (1:1:1). A espécie Opuntia tuna apresentou melhor desenvolvimento in vitro, com taxa de multiplicação média de 4,67 brotos/explante, 32,6 mm de altura, 100,0% de enraizamento e 3,2 brotos enraizados/explante. Enquanto a N. cochenillifera apresentou taxa de multiplicação de 1,42 brotos/explante, 30,3 mm de altura, 91,6% de enraizamento e 2,35 brotos enraizados/explante. No período avaliado, foram produzidas 27.235 plantas de palma da variedade Orelha de Elefante e 8.281 da variedade Mão de Moça, com 100% de sobrevivência na aclimatização. O protocolo utilizado mostrou-se eficiente para a produção de mudas de Opuntia tuna, necessitando de ajustes para a multiplicação de N. cochenillifera (Figura 39).

Figura 39. Produção de mudas por micropropagação de dois genótipos de palma forrageira. a) Nopalea cochenillifera. b) Opuntia tuna. c) A climatização. Fotos: Santos et al. (2015).


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CLIMA E SOLO Clima – O bom rendimento dessa cultura está climaticamente relacionado a áreas com 400 a 800 mm anuais de chuva, umidade relativa acima de 40% (VIANA, 1969) e temperatura diurna/noturna de 25 a 15ºC (NOBEL, 1995). Vale ressaltar que umidade relativa baixa e temperaturas noturnas elevadas encontradas em algumas regiões do semiárido podem justificar as menores produtividades ou até a morte da palma. Na Paraíba, a palma forrageira é cultivada nas Microrregiões do Cariri Ocidental e Oriental, Curimataú Ocidental e Oriental, Campina Grande, Serra do Teixeira, Umbuzeiro, Itaporanga, Piancó, Cajazeiras e Seridó Oriental. Nas primeiras sete microrregiões são onde se concentram as maiores áreas cultivadas, pois o clima reinante é ameno, com temperaturas baixas à noite (13-18ºC) e umidade relativa do ar (UR) alta, (em torno de 80%), também, à noite, esses fatores climáticos são muito importantes do ponto de vista do enchimento (nutrição) dos cladódios. Em relação às condições climáticas exigidas para o seu desenvolvimento, é necessária uma temperatura média anual de 16-28 °C; uma precipitação média anual de 150-1800 mm., a altitude tem uma margem de 800 – 1.800 metros acima do nível do mar. Em geral, os intervalos mencionados referem-se às condições ótimas de desenvolvimento da planta de Opuntia fícus-indica, porém, a espécie prolifera fora dessas características principalmente quando se trata do semiárido do Nordeste. Uma vez que a plantação é estabelecida, ela se adapta as condições ou áreas perturbadas, embora exija um manejo adequado ou um trabalho cuidadoso para alcançar bons rendimentos e longevidade do plantio (ROBLES, 2009). O crescimento da palma é favorecido nas maiores altitudes, devido à redução da temperatura do ar e ao aumento da umidade relativa no período noturno (55%-60%) (FARIAS et al., 2005). As espécies do gênero Opuntia não se adaptam a regiões de baixa altitude, às elevadas temperaturas noturnas e à baixa amplitude térmica. Isso ocorre em algumas regiões do semiárido e são a causa da baixa produtividade e até mesmo da morte da palma (SANTOS et al., 2006), a exemplos do município de Sobral no Ceará (LIRA et al., 2006) e das áreas baixas do Seridó e do Sertão Central do Rio Grande do Norte. Também, no Sertão, ocorrem muitas noites quentes e baixa umidade relativa do ar, levando a palma a perder água na época seca e apresentar os cladódios murchos, que são popularmente chamados de correia. Em geral, é importante observar que as cultivares de


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palma Gigante e Redonda são cultivadas nas zonas mais secas e de solos mais pobres, enquanto que a palma doce é cultivada nas zonas mais chuvosas e nos melhores solos. Solo-As condições edáficas do Semiárido são caracterizadas por solos rasos, pedregosos ou arenosos, com pouca matéria orgânica, porém ricos em minerais solúveis e pH neutro ou próximo de sete. A palma forrageira é uma cultura relativamente exigente quanto às características físico-químicas do solo. Desde que sejam férteis, podem ser indicadas as áreas de textura arenosa à argilosa, sendo, porém mais frequentemente recomendados os solos argilo-arenosos. Além da fertilidade, é fundamental, também, que os mesmos sejam de boa drenagem, uma vez que as áreas sujeitas a encharcamento não se prestam ao cultivo da palma. Evitar o plantio em áreas marginais, pois a palma não tolera terras duras e pedregosas, pobres em nutrientes e salinas. Em resumo, os solos devem ser francos, argilosos e franco-argilosos, com pH 6.58.5. Os melhores solos para as plantações de Opuntia ficus-indica são aqueles de origem calcária com textura arenosa, com boa drenagem, profundidade média e pH neutro ou preferencialmente alcalino. O solo deve ter boa fertilidade natural e pelo menos 30 cm de profundidade para garantir o bom vigor das plantas. Por sua vez o sistema radicular da palma é superficial com maior concentração de raízes na camada de 0–0,2 m. Entretanto, o manejo do solo, visando qualidade física, química e biológica, pode favorecer a exploração de maior volume de solo e evitar que a planta sofra com estresse hídrico provocado pela falta de chuva. Além disso, haverá melhor utilização dos nutrientes. Também é possível observar que existem raízes abaixo de 0,5 m de profundidade, sendo que esse palmal é mais velho. No Nordeste brasileiro, desde a sua introdução e devido à grande rusticidade e facilidade de desenvolvimento e propagação das mudas, a espécie vem sendo cultivada em condições adversas, nas piores áreas das propriedades e sem o mínimo manejo e tratos culturais necessários ao seu desenvolvimento. O resultado disso é a baixa produtividade nos plantios. Como termo de comparação, no México, país com características ambientais semelhantes às do Nordeste seco, onde se faz o plantio com mudas selecionadas, preparo de solo, adubação, densidade de plantio e tratos culturais, são garantidas colheitas médias anuais da ordem de 400 toneladas por hectare (volume capaz de suprir as demandas energéticas de 220 caprinos ou 20 bovinos), representando cerca de 8 a 10 vezes mais o volume atualmente obtido no Semiárido brasileiro, que só consegue produzir o suficiente para 22 caprinos ou 2 bovinos por hectare.


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TIPOS DE SOLOS EXPLORADOS COM A PALMA FORRAGEIRA A palma forrageira, planta dotada de sistema radicular fasciculado de crescimento horizontal, se mantém a poucos centímetros de profundidade em relação à superfície do solo. Quando explorada em regime de cultivo requer solos de textura leve, preferencialmente os argilo-arenosos ou areno-argilosos não sujeitos a encharcamento, para que alcance um bom desenvolvimento vegetativo e produtivo. Entretanto, desde que se faça a descompactação do solo através de mecanização, e se adicione matéria orgânica ao mesmo, outros tipos de solo também podem ser usados para este fim. Excetuando-se, todavia, os solos com afloramentos rochosos e aqueles íngremes, onde a aração ou gradagem não se aplicam. Neste aspecto, em se tratando das microrregiões paraibanas “Cariri e Curimatau”, com muita frequência, se encontram grandes plantações dessa cultura em solos dos tipos Bruno não Cálcico e Litólico, solos esses cuja estrutura, em estado natural, é bastante compactada, porém, depois de mecanizados, se tornaram aptos ao cultivo dessa forrageira. No Estado de Alagoas, a palma vem sendo tradicionalmente cultivada em latossolo vermelho - escuro, podzólico vermelho-amarelo e solos escuros e pedregosos. Observa-se, deste modo, que o tipo de solo, por si só, não constitui impedimento para o cultivo de palma forrageira. Para a região de interesse do cultivo da palma a ocorrência das classes de solos relacionadas a seguir, serve como indicativo do seu uso juntamente com uma breve descrição de suas características (EMBRAPA/CNPS, de acordo com o sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro, 1999:

1-Argissolos Vermelho-Amarelos Eutróficos (Podzólicos Vermelho-Amarelos Equivalentes Eutróficos) - Classe caracterizada por solos com horizonte B textural, de profundidade média a profundos (Figura 40), bem drenados, textura média nas camadas superficiais passando a argilosa em profundidade, moderada susceptibilidade à erosão hídrica e fertilidade natural média a alta.


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Figura 40. Argissolo com palma gigante em Bonito de Santa Fé, PB. Foto: Edson Batista Lopes; Djalma Cordeiro dos Santos; Manoel Ferreira de Vasconcelos (2007).

Situam-se em relevo plano a suave ondulado e, em determinados locais, podem apresentar perfis com caráter plíntico e/ou solódico. A aptidão agrícola para agricultura de sequeiro, do conceito central desses solos, é classificada como 2 abc, ou seja, aptidão regular em qualquer nível de manejo considerado, tendo como principal restrição as características adversas do clima regional.

2.Luvissolos Crômicos Vérticos (Brunos não Cálcicos Vérticos) - Classe caracterizada por solos pouco profundos ou rasos, com horizonte B textural pouco espesso e com cores avermelhadas (Figuras 41 e 42), bem a imperfeitamente drenados, com presença de fendas e “slickensides” na porção inferior do perfil (caráter vértico), existindo áreas onde este caráter não se manifesta.


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Figura 41. Luvissolo CrĂ´mico plantado com palma em Monteiro, PB. Foto: Edson Batista Lopes; Djalma Cordeiro dos Santos; Manoel Ferreira de Vasconcelos (2007).

Figura 42. Luvissolo CrĂ´mico plantado com palma em Soledade, PB. Foto: Edson Batista Lopes; Djalma Cordeiro dos Santos; Manoel Ferreira de Vasconcelos (2007).


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É bastante frequente a presença de calhaus e matacões cobrindo a superfície do terreno. Ocorrem normalmente em relevo suavemente ondulado e plano. Do ponto de vista químico, são eutróficos e apresentam alta disponibilidade de nutrientes para as plantas. Não obstante, para a utilização agrícola de sequeiro, em virtude da excessiva deficiência hídrica regional, foram incluídos na classe 5n, ou seja, na de terras com aptidão regular para pastagens naturais. A utilização da prática de irrigação deverá ser bastante cautelosa, pois em muitos locais, apresentam caráter solódico, ou seja, com 6 a 15% de saturação com sódio trocável nos horizontes subsuperficiais.

3. Neossolos Regolíticos Eutróficos (Regosolos Eutróficos) - Classe constituída de solos normalmente arenosos (Figura 43), pouco desenvolvidos, não hidromórficos, com horizontes na sequência A e C, podendo ou não apresentar fragipan logo acima da rocha. São profundos a moderadamente profundos, porosos, moderada a excessivamente drenados.

Figura 43. Neossolo Regolítico plantado com palma em Pocinhos, PB. Foto: Edson Batista Lopes; Djalma Cordeiro dos Santos; Manoel Ferreira de Vasconcelos (2007).


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São pouco desenvolvidos, mas apresentam contato lítico em profundidade superior a 50 cm. Em consequência da textura grosseira predominante, estes solos possuem baixa capacidade de troca de cátions e, consequentemente, baixa capacidade de retenção e disponibilidade de água, características que se constituem nas suas principais limitações ao uso agrícola. Do ponto de vista da aptidão para agricultura de sequeiro foram enquadrados na classe 2 (a)b(c), ou seja, com aptidão restrita para cultivos que utilizem práticas agrícolas de baixo ou alto nível tecnológico, e regular para aquelas de nível intermediário í.

4. Neossolos Litólicos Eutróficos (Solos Litólicos Eutróficos) - Classe caracterizada com afloramento de rocha, rasos. Ocorrem em relevo suave ondulado a plano, e, pedregoso (Figura 44) dependendo do local de ocorrência. A principal diferença para os solos dessa última classe se deve ao fato dos solos apresentarem um horizonte nátrico, isto é, com saturação com sódio trocável superior a 15%.

Figura 44. Neossolo Litólico plantado com palma em Pocinhos, PB. Foto: Edson Batista Lopes; Djalma Cordeiro dos Santos; Manoel Ferreira de Vasconcelos (2007).


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Normalmente são eutróficos, apresentando altos valores de soma e saturação de bases, e solódicos em virtude de apresentarem, na superfície do solo, camada com saturação com sódio trocável que atende aos requisitos desse caráter. Quanto à aptidão agrícola para cultivos de sequeiro, também foram incluídos na classe 5n, devido às características restritivas do clima regional.

ESCOLHA DA ÁREA PARA PLANTIO A palma tem preferência por terrenos leves, que não corram o risco de encharcamento e com topografia suave. Deve-se procurar evitar os terrenos rasos, com pedregosidade acentuada, ácidos e salinizados. Para isso, faz-se necessário realizar uma análise de solo. Deve-se dar preferência também às áreas que já tenham sido trabalhadas com lavouras anuais, evitando assim novos desmatamentos. Se na propriedade os terrenos forem declivosos e já apresentarem problemas com erosão, não haverá problemas, pois, a palma quando cultivada de maneira correta, é a melhor opção no controle de erosão dos solos. A distância que separa o pomar do local de beneficiamento também deve ser considerada uma vez que isto poderá aumentar os custos da produção.

PREPARO DO SOLO O terreno deve ser destocado para facilitar as operações de preparo do solo. Como se trata de um cultivo permanente com sobrevivência estimada em mais de 15 anos, um preparo de solo adequado deve ser analisado com maior preocupação pelo produtor. Tal manejo do solo visa melhorar a estrutura do solo e eliminar as ervas daninhas, cuja atividade é efetuada com maquinaria ou animais. Portanto, o preparo do solo refere-se ao conjunto de operações realizadas com a finalidade de dar ao terreno condições de receber as raquetes de Opuntia ficus-indica. As práticas mais comuns utilizadas no semiárido são:

Desbravamento: O sistema de plantio da palma envolve a limpeza do terreno para, posteriormente, se proceder ao preparo do solo propriamente dito. Caso o terreno contenha vegetação arbustiva, recomenda-se a destoca ou roço, que poderá ser manual ou tratorizada. Porém, quando o solo apresenta vegetação natural (matas, capoeiras, campos nativos), torna-se necessária a remoção desses obstáculos para a instalação do palmal consorciado com outras culturas, dependendo da inclinação do terreno. É recomendável evitarem-se áreas com declividades superiores a 5% (COSTA et al., 1973), com


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afloramento rochoso ou com excesso de pedras superficiais soltas. Às operações então requeridas são chamadas operações de preparo inicial do solo, as quais são: corte de plantas nativas, retirada da madeira, destocamento, encoivaramento e queimada. Recomenda-se deixar algumas árvores dentro da plantação para servir de abrigo aos trabalhadores, além de ajudar a preservar o meio ambiente.

Subsolagem: Antes de se iniciar a operação de preparo do solo, deve-se verificar a presença ou não de camadas compactadas. A presença e a profundidade dessas camadas compactadas são detectadas por sondagens com penetrômetros ou pela abertura de trincheiras. Deve-se também coletar amostras de solo para análise química. Além de facilitar o crescimento radicular em profundidade, a subsolagem serve para tornar soltas as camadas compactadas, sem, entretanto, causar inversão das camadas de solo. Realizar uma subsolação com arado subsolador de 03 ou 05 hastes (a depender da potência do trator), a 0,60 m –0,70 m de profundidade em forma cruzada, complementado com uma gradagem com grade leve. Não se recomenda usar o subsolador em solo com bastante umidade, em razão de que cada haste do equipamento subsolador irá limitar sua área de rompimento de solo. É importante frisar que na extremidade inferior da haste existe uma ponteira que pode ter diversos formatos, de acordo com o projeto do fabricante e o grau de compactação do solo (GADANHA JÚNIOR et al., 1991; ALOISI et al., 1992; Figura 45).

Figura 45. Subsolagem do terreno para a instalação de uma plantação de Opuntia ficusindica. Foto: Oliveira F. T., 2008.


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Arado: Quando a camada compactada estiver a menos de 30 cm de profundidade, ela pode ser rompida com arado de aivecas ou arado escarificador (Figura 46), atuando nessa profundidade (CASTRO; LOMBARDI NETO, 1992). O arado de aiveca corta, eleva, inverte e esboroa parcial ou totalmente as leivas, que ficam dispostas lado a lado. Quando o serviço de aração com aivecas é bem feito, há enterrio total dos restos de cultura. O arado de aiveca produz uma inversão do solo melhor que a do arado de discos, mas apresenta restrições ao uso em solos com obstáculos, tais como pedras e tocos, caso não haja mecanismos de segurança, com desarme automático. O arado de discos é menos vulnerável a estas obstruções, pois, o movimento giratório dos discos faz com que eles girem sobre o solo e a vegetação, cortando-os (GADANHA JÚNIOR et al., 1991). Em geral, o preparo do solo é feito, geralmente, com uma aração, utilizando-se o arado de discos, nos dois sentidos, complementado com uma gradagem com grade leve. A aração não deve ser feita com o solo muito úmido nem muito seco. Há um ponto de umidade em que o solo não adere ao implemento e nem faz nuvem de poeira. É o ponto em que o solo se desmancha com alguma facilidade à pressão dos dedos. Vale lembrar que a aração com subsequente gradagem do solo permite melhor desenvolvimento radicular.

Figura 46. Preparo do terreno com arado de disco, em forma cruzada e com 30 cm de profundidade, para a descompactação do terreno destinado ao plantio da palma forrageira.


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Gradagem: É uma técnica secundária, cuja função principal é romper torrões de terra ocasionada por uma operação prévia de aração ou subsolagem, e nivelar o terreno, facilitando assim a semeadura e a implantação do cultivo da palma forrageira (Figura 47). É importante ter o solo destorroado, principalmente quando se planeja aplicar herbicidas pré-emergentes. Porém, se os solos apresentarem tendência arenosa duas gradagens são suficientes no preparo do solo.

Figura 47. Operação de gradagem do solo para nivelar o terreno e facilitar o plantio da palma forrageira. Foto: Oliveira F. T., 2008.

Sulcador: A abertura dos sulcos de plantio deve ser realizada com sulcador tratorizado (Figura 48), de tração animal e/ou coveamento manual, com profundidade média entre 30 e 40 cm. Para plantios com populações elevadas o coveamento manual torna a operação onerosa, uma vez que a distância entre plantas na linha de plantio é pequena, o que pode fazer com que as covas se encontram. O sulco deve ser aberto em função do espaçamento escolhido entre fileiras de plantio e contrário à declividade do terreno, minimizando assim problemas com erosão dentro da área do palmal.


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Figura 48. Suqueando para plantio da palma forrageira. Foto: Oliveira F. T., 2008.

Fertilização de fundação: Em solos arenosos e livres de ervas daninhas, as operações antes de plantar podem se restringir à escavação de covas individuais ou de sulcos. Junto com a preparação do solo há uma fertilização de fundação com esterco de curral (Figura 49).


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Figura 49. Antes do plantio das raquetes da palma forrageira, adiciona o adubo orgânico nos sulcos abertos com o equipamento sulcador. Foto: Oliveira F. T., 2008.

Preparo de solo com tração animal: Traçar os sulcos de acordo comas curvas de nível (cortando as águas), com profundidade média de 30 cm utilizando um sulcador de aivecas de tração animal de uma linha, com espaçamento entre sulcos de 1,80 m (Palma Gigante) ou 1,40 m (Palma Miúda) para facilitar os tratos culturais durante todo o ciclo de cultivo (Figura 50).

Figura 50. Utilização do arado de aiveica (Tombador) para sulcar o solo. Foto: Vicente de Paula Queiroga.


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Preparo de solo manual: Procurar fazer o sulcamento de acordo comas curvas de nível (cortando as águas), utilizando uma chibanca para escavar o solo comum à profundidade média de 30 cm e com espaçamento entre sulcos de 1,80 m (Palma Gigante) ou 1,40 m (Palma Miúda) para facilitar os tratos culturais durante todo o ciclo de cultivo (Figura 51). Junto com a preparação do solo há uma fertilização de fundação com esterco de curral e a aplicação de calcário.

Figura 51. Abertura manual de sulcos para plantio da palma forrageira com adição de adubo orgânico e calagem. Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012. SELEÇÃO DOS CLADÓDIOS Inicialmente, deve-se escolher a variedade mais adequada à região. Em seguida, devem-se eleger as plantas matrizes mais viçosas. Posteriormente, procuram-se selecionar as raquetes mais sadias e vigorosas, que estão localizadas no meio da planta e que não estejam nem muito verdes e nem maduras demais (com idade aproximada de 08 a 12 meses).

CORTE DOS CLADÓDIOS (RAQUETES) - DESPENCA Procurar cortar as raquetes na junta com uma faca bastante amolada e limpa para evitar possíveis contaminações (Figura 52). Deve-se evitar a utilização de raquetes novas que são muito tenras ou velhas que são muito lenhosas.


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Figura 52. Recomenda cortar na junção entre raquetes com auxílio de uma faca amolada. Foto: Núcleo de Comunicação do IPA. DESIDRATAÇÃO DAS RAQUETES (REPOUSO) Após a despenca, procurar deixar as raquetes em repouso, à sombra, por um período de 12 a 15 dias (LOPES et al. 2009a). Esse repouso promove a cicatrização dos cortes provocados pela despenca além de favorecer a brotação das gemas e aumentar o índice de pega das raquetes diminuindo o replantio (Figura 53).

Figura 53. Cicatrização da ferida de corte à sombra. Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012.


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ÉPOCA DE PLANTIO A observância da época de plantio adequada oferece maior possibilidade de êxito para o produtor dentro das variações de clima a que está sujeita os cultivos em várias microrregiões do Nordeste do Brasil, tendo em vista a grande influência do tempo sobre o estabelecimento das plantas da palma forrageira. Recomenda-se iniciar o plantio um mês antes do período das chuvas, pois as raízes dos cladódios ou raquetes já estão desenvolvidas o suficiente para aproveitar a umidade do solo. Quando se vivem períodos de invernos normais, as plantas, que vão fornecer as mudas ou raquetes, devem permanecer túrgidas o ano todo. Neste caso, o plantio deve ocorrer nos meses de novembro e/ou dezembro, pois se realizado nessa época, assegura que no início do inverno seguinte as plantas já estejam enraizadas, condição esta que evita o tombamento das plantas em consequência do impacto das primeiras chuvas e proporcionando um bom desenvolvimento inicial da plantação. A orientação da raquete deve ser no sentido Norte/Sul. Todavia, nos anos de invernos escassos, quando normalmente, as plantas matrizes atingem estágios críticos de desidratação reduzindo, portanto, a capacidade de enraizamento no solo seco, o plantio só deve ser realizado quando as raquetes readquirirem certo teor de umidade (turgidez) (Figura 54). Caso seja realizada essa plantação com mudas não turgidas e em época não apropriada, a tendência é que a elevada temperatura do solo elimine em definitivo a grande maioria das raquetes plantadas. Todavia, esse quadro de murchas e baixas produções tem sido revertido quando se implanta a irrigação, mesmo utilizando quantidades mínimas de água, como por exemplo, num sistema por gotejamento, tornando-se uma opção tecnológica para essas localidades.


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Figura 54. Raquetes turgidas usadas para o plantio. Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012.

É necessário esclarecer novamente que o plantio da palma geralmente é realizado no terço final do período seco (outubro a dezembro), pois quando se iniciar o período chuvoso os campos já estarão implantados, evitando-se o apodrecimento das raquetes que plantadas na estação chuvosa, com alto teor de água e em contato com o solo úmido, apodrecem, diminuindo muito a pega devido à contaminação por fungos e bactérias.

PLANTIO Por ocasião do plantio, a posição do artículo, que é um cladódio, também denominada pelo produtor de “raquete” ou de “folha”, pode ser inclinada ou vertical dentro da cova, com a parte cortada da articulação voltada para o solo (Figura 55) e, plantada na posição da menor largura do artículo, obedecendo à curva de nível do solo.


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Figura 55. Posição de plantio. Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012.

As mudas devem ser enterradas no solo cerca de um terço ou metade do seu comprimento, para garantir uma melhor fixação da futura planta, evitando-se assim o tombamento em função do crescimento da planta (Figura 56). Com relação ao alinhamento de plantio, a parte plana da raquete pode ser colocada na posição leste/oeste ou não. Naturalmente, a planta ao emitir os brotos, vai posicioná-los de forma a captar a maior quantidade de energia solar, ou seja, leste/oeste (LOPES et al. 2009b).

Figura 56. Recomenda compactar em volta do cladódio e deixe o artículo inclinado para baixo. Fotos: Julio E. Amaya Robles (2009) e Paulo Suassuna (2013).


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Quando se trata de plantios com distância entre plantas na linha de plantio muito próximas existe a necessidade de utilização de gabaritos de plantio para facilitar o posicionamento das mesmas, de modo que as raquetes fiquem todas na mesma distância (Figura 57).

Figura 57. Gabarito de madeira para posicionar as mudas. Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012.

Na definição do sistema de plantio, deve ser levada em consideração a necessidade do uso da forragem a ser gerada pela palma. Quando não há palma na propriedade ou, se existe, é insuficiente para atender a demanda, recomenda-se usar sistemas de plantios adensados com vistas a alcançar uma razoável oferta de massa verde a partir de um ano de idade da cultura. Porém, quando o objetivo é gerar reservas estratégicas adicionais prevendo evitar escassezes futuras, sugerem-se adotar sistemas de plantios menos adensados. Neste caso, embora a densidade populacional por unidade de área seja menor que nos plantios adensados, os resultados finais geralmente são satisfatórios, pois graças à possibilidade de um bom manejo cultural no tocante aos tratos culturais/fitossanitários e adubação orgânica em cobertura, obtêm-se materiais de boa qualidade além de preservar meio ambiente. Os plantios muito adensados, via de regra, impossibilitam essas ações.

Para atender uma densidade das plantas, é necessário plantar 40 mil raquetes por hectare distribuídas a uma distância de 30 cm contadas de centro a centro de cada cladódio. A


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distância entre sulcos deve ser de 80 cm. Um mês ou dois meses após o plantio, uma camada de esterco bovino de 3 a 5 cm de espessura deve ser aplicada na linha de plantas (Figura 58).

Figura 58. Após 60 dias de plantio da palma forrageira, efetua-se a aplicação de adubo orgânico entre os sulcos. Foto: Edson Batista Lopes. ESPAÇAMENTO A luz é um fator que assume grande importância, e no caso da palma forrageira, a disposição quase perpendicular dos cladódios em relação ao solo dificulta a interceptação da luz incidente, o que resulta em um crescimento inicial lento, em função da baixa área fotossintética, mas constitui um mecanismo de defesa contra o estresse por radiação. O plantio adensado permite maior interceptação de luz por meio do aumento do IAC (índice de área do cladódio), resultando em maiores produtividades. Podem ser utilizados espaçamentos em fileiras simples, duplas, triplas ou quádruplas, com populações que variam de 5.000 a 60.000 plantas por hectare. O plantio em fileiras simples, como por exemplo, 1,00 m x 0,50 m ou 1,00 m x 0,25 m, contendo 20.000 e 40.000 plantas por hectare, são indicadas para áreas pequenas, onde a mão-deobra é familiar e a colheita é realizada em pequenas quantidades, podendo o transporte


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ser feito em carrinhos de mão, sacos e/ou balaios (Tabela 4). Espaçamentos de plantio com 1,0 m entre linhas dificultam os tratos culturais no palmal.

Tabela 4. Espaçamentos de cultivos de palma forrageira e densidade total de plantas por hectare. Entre raquetes (m)

Fileira dupla (m)

Entre fileiras (m)

Densidade Nº plantas/ha

1,00

-

2,00

5.000

0,80

0,40

3,20

12.500

0,80

0,40*

3,20

17.860

1,20

0,30

-

19.230

1,20

-

1,60

31.000

0,25

-

1,0

40.000

*Fileira quádrupla; Fontes: Albuquerque (2000); Silva et al. (2004).

Na região Nordeste, o espaçamento predominante no cultivo da palma é o de 1,0 m entre linhas. No espaçamento 2,0 m x 1,0 m, a densidade de plantio é de 5.000 plantas/ha (Figura 59), ao passo que usando o espaçamento de 1,0 m x 0,25 m, a densidade de plantas na área é oito vezes maior, ou seja, 40.000 plantas/ha. Atualmente têm sido recomendados os espaçamentos de 1,60 m entre linhas e 20 cm entre raquetes (com aproximadamente 31.000 plantas) para facilitar os tratos culturais e colheita no interior do palmal.


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Figura 59. Espaçamento em fileira simples. Fotos: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012 e Paulo Suassuna (2013).

Os plantios em fileiras duplas, triplas e quádruplas são indicados para grandes áreas, onde a colheita de maiores quantidades de raquetes exige o transporte por tratores e/ou carroças, permitindo também o consorcio com culturas graníferas (feijão, gergelim) ou forrageiras (milho, sorgo, milheto, guandú), cultivados entre as linhas das fileiras (Figura 60). Também é possível o plantio entre fileiras de 1,5 m com maior densidade entre plantas, quando se trata da espécie Opuntia dillenii (palma Espinho; Figura 61).


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Figura 60. Espaçamento de plantio em fileira dupla (3 m x 1 m x 1 m). Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012.

Figura 61. Espaçamento utilizado para a palma de Espinho (Opuntia dillenii) (1,5 m x 0,5 m x 0,5 m). Fonte: Pesquisa de Campo 2015/2016. Catolé de Boa Vista, Campina Grande, PB.


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Os espaçamentos em fileiras duplas, triplas e quádruplas, onde a distância entre as fileiras (duplas, triplas e quádruplas) são geralmente entre 3 e 4 m, permite a operação mecanizada de aplicação de defensivos para o controle de pragas e facilita a aplicação de herbicidas para o controle de ervas daninhas, permitindo uma melhor logística da colheita e transporte das raquetes para o processamento (Figuras 62 e 63).

Figura 62. Espaçamento em fileiras quádruplas. Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012.

Figura 63. Espaçamento em fileira quádrupla. Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012.


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O espaçamento com menor adensamento faz com que haja maior exposição das plantas ao sol, diminui a incidência de pragas e doenças além de facilitar os tratos culturais com tração animal quando cultivada por agricultores familiares (RAMOS et al., 2011). Segundo Teles et al. (2004), pode-se conseguir maiores produtividades em plantios com maior densidade, porém exige-se maior necessidade de nutrientes do solo. A Figura 64 demonstra o plantio no espaçamento adensado entre plantas de 10 cm.

Figura 64. Plantio adensado com espaçamento de 10 cm entre plantas e 2 m entre fileiras. Foto: Edson Batista Lopes. De acordo com Cavalcanti et al., (2014), em plantios de palma forrageira com adensamento superior a 40.000 plantas/ha ocorre redução no teor de lignina devido ao menor tamanho dos cladódios e aumento da disponibilidade de nutrientes entre os mesmos. De acordo com Dubeux Junior et al. (2006) e Ramos et al. (2011), a palma forrageira responde ao adensamento do plantio com a maior produção de matéria seca e aproveitamento das águas da chuva. A Tabela 5 apresenta os resultados da produtividade da palma em relação aos diferentes espaçamento e densidade de plantio.

Tabela 2 - Produtividade da palma forrageira em diferentes densidades de plantio. Cultivar

Miúda

Gigante

Redonda

Espaçamento

Densidade

(m)

(Plantas/ha)

2

2

2

Fonte: Adaptada de Silva et al. (2014).

Matéria Verde (kg/ha)

Matéria Seca (kg/ha)

10.000

118.000

8.500

80.000

639.000

44.700

10.000

100.000

5.800

80.000

400.000

20.200

10.000

113.000

5.800

80.000

518.000

26.500


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Diversas pesquisas foram realizadas com relação a espaçamento de plantio (Figura 65). Ramos et al. (2011) indicaram que o espaçamento de 1,0 m x 0,5 m (10.000 plantas/ha) promoveu maior produtividade (130 Mg/ha; massa verde) e maior eficiência no uso da chuva (6,13 kg MS/ha/mm de chuva), quando comparado ao espaçamento de 2,0 m x 1,0 m (40 Mg/ha e 1,9 kg MS/ha/mm de chuva).

Figura 65. Pesquisadores e agricultores no processo de implantação do campo de pesquisa do município de Itaporanga, Paraíba.

Em regiões onde o plantio adensado se aplica, a distância entre as linhas deve ser de 1,80 m para as variedades de raquetes grandes (Cvs. Gigante, IPA 20, Redonda) e de 1,40 m para a palma Miúda, permitindo o trânsito entre as linhas, possibilitando o monitoramento de possíveis ocorrências de pragas, doenças, facilitando a aplicação de produtos fitossanitários e tratos culturais. Já as distâncias entre as raquetes podem variar de 9 a 25 cm, dependendo da população de planta desejada (Figura 66).


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Figura 66. Pequena distância entre raquetes, onde os cladódios deverão ser plantados com suas faces voltadas para o eixo Leste-Oeste e a sua orientação para o eixo Norte-Sul (NOBEL, 1994). Foto: Julio E. Amaya Robles (2009).

Plantios mais adensados vêm sendo difundidos no Nordeste (mais de 60.000 plantas/ha) por produzirem maior quantidade de MS por hectare (LIRA et al., 2006), em função do maior número de brotações por unidade de área (DUBEUX JUNIOR; SANTOS, 2005). Entretanto, têm maior dependência de insumos externos (adubos químicos e corretivos) (TELES et al., 2002) e devem ser evitados nas regiões onde existe incidência da Cochonilha do Carmim, pois podem garantir a permanência da praga e facilitar a infestação da cultura (ALBUQUERQUE, 2000).

TECNOLOGIA DO CULTIVO INTENSIVO DA PALMA - TCIP Com observações feitas no campo, entre os anos de 1994 e 2009, pode-se perfeitamente perceber que a maioria dos brotos das raquetes que foram plantadas no sentido norte-sul já saia no alinhamento Leste-Oeste. Por esta razão, associado às comprovações científicas, resolveu-se, com este novo modelo tecnológico de produção, inverter a orientação do plantio deixando as faces da palma voltadas para o alinhamento Leste-Oeste, o que tem dado resultados espetaculares de brotação.


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Na TCIP (Tecnologia do Cultivo Intensivo da Palma), a palma pode ser plantada de duas formas sempre levando em consideração o seu alinhamento em relação ao eixo do sol. Vários são os espaçamentos que podem ser aplicados entre as raquetes. A densidade de plantio a ser utilizada dependerá das condições de solo e clima (NOBEL, 1994), assim como

a

presença

ou

não

da

Cochonilha

Silvestre

Dactylopius

opuntiae

(ZIMMERMANN, 2007). As duas modalidades de plantio tipo TCIP são:

1) Plantio com alinhamento bilateral dos cladódios (DOMINÓ) ou plantio com superposição dos cladódios (BARALHO).

a) plantio com alinhamento bilateral de raquetes (Dominó) Em condições normais de solo e clima, serão utilizadas 11 raquetes por metro linear de sulco, dispostas uma atrás da outra e distanciadas de 09 cm, sendo enterradas à base de 50% dentro do sulco, como auxílio de um sacho ou uma enxada já gasta como cabo serrado onde se faz as marcações do espaçamento com uma fita adesiva. Desta forma, no caso de Palma Gigante com espaçamento entre sulcos de 1,80 m e com as raquetes distanciadas de 09 cm, serão utilizadas, aproximadamente 60.000 raquetes por hectare (Figura 67).


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Figura 67. Plantio Bilateral (tipo Dominó) com espaçamento de 10 cm entre plantas e 2 m entre fileiras. Fotos: Disponível em: https://goo.gl/F5HlW1; Paulo Suassuna.

No caso de palma Miúda com espaçamento entre sulcos de 1,40 m e com as raquetes distanciadas de 09 cm, serão utilizadas aproximadamente 78.000 raquetes por hectare. Para esta forma de plantio, os sulcos deverão estar alinhados sempre acompanhando a curvatura do terreno (cortando as águas). Em caso de o terreno ser plano, os sulcos deverão ser traçados obedecendo ao alinhamento Leste-Oeste. NOTA: Em casos de terrenos mais pesados (argilosos), e em ambientes que chovem com mais intensidade, o plantio deverá ser feito em cima do sulco para se evitar problemas com podridões na base das raquetes.


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b) Plantio com superposição dos cladódios (BARALHO) Deve-se utilizar para esta forma de plantio 11 raquetes por metro linear de sulco, dispostas uma ao lado da outra, de maneira sobreposta, sendo enterradas à base de 50% dentro do sulco, como auxílio de uma enxada na parede oeste do sulco para se evitar possíveis queimaduras nas raquetes (Figura 68).

Figura 68. O plantio no espaçamento de 2,00 m x 0,20 m, com os cladódios apoiados na parede Oeste do sulcamento para se evitar possíveis queimaduras nas raquetes. Foto: Edson Batista Lopes (2007).

No caso de Palma Gigante com espaçamento entre os sulcos de 1,80 m e com as raquetes sobrepostas, serão utilizadas, aproximadamente 60.000 mil raquetes por hectare (Figura 69).


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Figura 69. Plantio da palma Gigante com raquetes sobrepostas. Foto: Paulo Suassuna.

Para o caso de Palma Miúda com espaçamento entre sulcos de 1,40 m e com as raquetes sobrepostas, serão utilizadas aproximadamente 78.000 raquetes por hectare. Para esta forma de plantio, os sulcos deverão estar alinhados sempre acompanhando a curvatura do terreno (cortando as águas). No caso de o terreno ser plano, os sulcos deverão obedecer ao alinhamento Norte-Sul. NOTA: Em casos de terrenos mais pesados (argilosos), e em ambientes que chovem com mais intensidade, o plantio deverá ser feito na parte superior do sulco para se evitar problemas com podridões na base das raquetes. 2) Plantio com superposição dupla de cladódios (BARALHO DUPLO) Neste caso, devemos considerar duas formas de disposição das raquetes nos sulcos: -Com sulcamento simples (Figura 70). -Com sulcamento duplo (Figura 71).


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Figura 70. Plantio tipo Baralho Duplo com Sulcamento Simples. Foto: Paulo Suassuna.

Figura 71. Plantio tipo Baralho Duplo com Sulcamento Duplo. Foto: Paulo Suassuna.


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No primeiro caso, com sulcamento simples, deve-se utilizar 22 raquetes por metro linear de sulco, dispostas uma ao lado da outra, de maneira sobreposta, nas duas faces do sulco, sendo enterradas dentro do sulco à base de 50% como auxílio de uma enxada. No caso de palma Gigante (Opuntia fícus-indica) com espaçamento entre os sulcos de 1,80 m e com as raquetes sobrepostas nas duas faces do sulco, serão utilizadas aproximadamente 120.000 mil raquetes por hectare. Para a palma Miúda (Nopalea sp.) com espaçamento entre sulcos de 1,40 m e com as raquetes sobrepostas nas duas faces do sulco, serão utilizadas aproximadamente 156.000 raquetes por hectare. Para esta forma de plantio, os sulcos deverão estar alinhados sempre acompanhando a curvatura do terreno (cortando as águas). No caso de o terreno ser plano, os sulcos deverão obedecer ao alinhamento Norte-Sul. Nos dois casos (baralho e baralho duplo). Em casos de terrenos mais pesados (argilosos), e em ambientes que chovem com mais intensidade, o plantio deverá ser feito em cima do sulco para se evitar problemas com podridões na base dos cladódios.

CALAGEM E ADUBAÇÃO DO SOLO

Calagem - A correção e a adubação do solo devem ser baseadas no resultado da análise de solos da área a ser implantada o palmal. A análise de solo é uma ferramenta básica para recomendações de calagem. Sua aplicação tem sido reconhecida como uma das principais técnicas na agricultura para controlar a acidez dos solos, reduzir os níveis de Al+3 e atuar como fonte de Ca+2 e Mg+2 para as culturas agrícolas. É importante ressaltar que a pesquisa orienta que a aplicação do calcário, se for necessária, deverá ser feita dois meses antes do plantio, para que o calcário tenha produzido a correção pretendida ou a disponibilização de Ca e Mg na quantidade esperada. Contudo, mesmo que não dê para aplicar calcário com a antecedência recomendada, apurando-se a necessidade de calagem através da análise de solo, deve-se fazer a calagem a qualquer tempo, pois os efeitos benéficos da calagem serão alcançados no decorrer do desenvolvimento da cultura. Quando a dosagem de corretivo recomendada for superior a 2 t/ha, a calagem deve ser dividida em duas aplicações, sendo a primeira antes da aração, e a segunda, após a primeira gradagem. Quando o solo apresentar pH acima de 5,0, a correção é complementar e o corretivo pode ser aplicado de uma só vez e incorporado. A calagem incorporada tem sido utilizada principalmente na conversão de áreas agrícolas com o


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objetivo de potencializar a reação do produto no solo, uma vez que o mesmo possui baixa solubilidade (Figura 72).

Figura 72. A calagem deve ser feita no preparo do solo para garantir uma boa incorporação e homogeneização com o solo.

Na implantação da lavoura de palma forrageira, a calagem pode ser realizada em área total, aplicando-se 50% antes da aração e os outros 50% após a aração e antes da gradagem. Este procedimento tem a finalidade de uniformizar a distribuição do calcário (pontos brancos na figura) na camada arada do terreno para um crescimento mais abundante das raízes das plantas cultivadas (Figura 73).

Calcário total + aração

½ Calcário + aração

½ Calcário + gradeação

Figura 73. Distribuição do calcário no perfil do solo conforme o tipo de incorporação.

O produtor pode também realizar uma calagem na cova ou sulco de plantio (Figura 74). O calcário na cova de plantio tem efeito localizado e contribui de forma mais significativa para o crescimento radicular em profundidade. É uma aplicação opcional e não deve ser entendida como substituta da calagem em área total. Sua utilização baseiase em critérios agronômicos bem consolidados e não deve ser feita sem prévia análise de solo.


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Figura 74. Aplicação de calcário no sulco em solos ácidos. Foto: Julio E. Amaya Robles (2009).

Adubação orgânica - A distribuição do esterco e do adubo químico (nitrogênio, fósforo, potássio e boro) deve ser feita dentro do sulco de plantio (Figuras 75 e 76), podendo ser incorporado ao solo com o auxílio do próprio sulcador tratorizado, de tração animal ou de enxada se for manual. Quando se tratar de dose de esterco com mais de 30 Mg ha-1, a mesma deve ser dividida, aplicando um terço no sulco de plantio e o restante nas entre linhas da cultura, 30 dias após ou quando iniciar as chuvas (Figura 77).

Figura 75. Aplicação de adubo orgânico dentro do sulco de plantio da palma. Foto: Julio E. Amaya Robles (2009).


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Figura 76. Adubação orgânica no sulco de plantio (1 Mg (megagrama) = t (toneladas). Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012.

Figura 77. Adubação orgânica em cobertura após plantio. Foto: Paulo Emílio Rodrigues Donato, 2012. Áreas de extremo déficit hídrico e com altas temperaturas que dificultam o desenvolvimento da cultura da palma, pode ser utilizado o sistema de irrigação por gotejamento com a aplicação de pequena quantidade de água em grande intervalo entre irrigações e tem-se alcançado altos níveis de produtividade. Rego et al. (2015) avaliaram a morfologia e rendimento de biomassa da palma miúda irrigada com lâmina de água de 2,5 mm a cada sete dias, sob três doses de adubação orgânica e diferentes intensidades (altura) de corte aos 12 meses de idade (Tabela 6).


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Tabela 6 Produção de Matéria Seca (t/ha) da palma Miúda irrigada sob diferentes alturas de rebaixamento e doses de adubação orgânica aos 12 meses de idade. Altura de corte

20

Níveis de esterco Mg ha-1 ano-1 40

Cladódio mãe

10,94

15,42

10,78

Cladódio primário

15,83

16,70

15,18

Cladódio secundário

25,99

29,75

25,91

60

Fonte: Adaptada de Rego et al. (2015).

Os autores observaram que houve resposta positiva da produção de MS até a inclusão de 40 Mg ha-1 ano-1 de esterco bovino, com notória redução quando adubação foi de 60 Mg ha-1 ano-1. De acordo com o aumento da altura de corte, que no caso das cactáceas, faz por meio da preservação dos cladódios mãe, primário ou secundário, houve aumento da produção de MS independente da dose de adubação, pois ao preservarem os cladódios secundários (mais altos), provavelmente aumentou-se a área de captação de luz e, consequentemente, a taxa fotossintética. Adubação química + orgânica – ‘Não há produção racional de palma sem a devida correção do solo e consequentemente sua fertilização’. Com base nestas informações e no fato de que a palma melhora significativamente como alimento quando é bem nutrida com nitrogênio e fósforo (GONZALEZ; EVERITT, 1990) e (FELKER, 2001) após a interpretação da análise do solo, no sentido de se obter os melhores resultados de produtividade, realizam-se as adubações em duas etapas procurando deixar sempre os níveis de N e P2O5 estabilizados em 270 kg/ha e 216 kg/há, respectivamente, da seguinte forma:

·Adubação de fundação, que é realizada antes do plantio;

·Adubação de cobertura, que é realizada após o plantio.

É importante detalhar o plano de adubações do primeiro e do segundo ano de cultivo porque a partir deste, as adubações serão idênticas por mais de vinte anos quando o palmal deverá ser refeito.


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-Adubação de fundação (1º Ano) A palma é bastante exigente em matéria orgânica (esterco), fósforo e potássio. Portanto, antes do plantio, dentro dos sulcos, deve-se colocá-los nas quantidades abaixo discriminadas:

Superfosfato Simples é a Fonte de P2O5

216 g por metro de sulco de plantio (Palma Gigante).

168 g por metro de sulco de plantio (Palma Miúda).

Esterco de curral (Bovino, Caprino ou Ovino)

2,7 kg de esterco por metro de sulco, por cima do Superfosfato Simples. Isto garante uma quantidade aproximada de 15 a 19 toneladas de esterco por hectare para o plantio de palma Gigante ou palma Miúda, respectivamente.

OBS: Se o terreno for pesado (com altos teores de argila), a adubação com esterco de curral, na fundação, deverá ser evitada, pois, isso levará às perdas por podridão de base das plantas e, para que isto não aconteça, deve-se espalhar o esterco entre as linhas de cultivo.

NOTA: Os solos que formam a região semiárida brasileira são riquíssimos em potássio. Para a utilização deste elemento, na TCIP (Tecnologia do Cultivo Intensivo da Palma), é recomendável que a análise de solo seja interpretada e comparada com a dos anos anteriores para que os níveis nutricionais não baixem.

a-Adubação de cobertura (1º Ano) No inverno, com a palma plantada e já brotada, deve-se proceder à adubação de cobertura. Para se obter um aumento no número, no tamanho e no teor de proteína das raquetes, sobretudo quando se trata de palma Gigante, deve-se utilizar a ureia como fonte de nitrogênio. Para isso, a adubação deverá ser realizada sempre ao lado das plantas, com


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o terreno úmido e fracionada em três vezes para se evitar perdas por volatilização e lixiviação nas quantidades abaixo discriminadas:

1ª Aplicação: 36 g de ureia por metro de sulco, ao lado das plantas no início do inverno.

2ª Aplicação: 36 g de ureia por metro de sulco, ao lado das plantas no meio do inverno.

3ª Aplicação: 36 g de ureia por metro de sulco, ao lado das plantas no fim do inverno.

OBS: Se o terreno for mais argiloso, as adubações nitrogenadas poderão ser diminuídas para 03 aplicações de 30 g por metro de sulco.

NOTA: Através de observações feitas em campo, os teores de proteína nas raquetes podem variar de acordo com a intensidade das chuvas. Chovendo menos no inverno, a absorção do nitrogênio é comprometida e, como consequência disto, os teores de proteína também.

b-Adubações de cobertura (2º Ano em diante) Anualmente, após a colheita da palma, deve-se proceder a novas coletas de solo para análise e interpretação. A ideia é manter os níveis de N e P2O5 estabilizados em 270 e 216 kg/ha, respectivamente. Para isto, quando nos períodos chuvosos, devem-se realizar as adubações de cobertura entre as linhas de cultivo. Se, após a interpretação da análise de solo, detectar-se que todos os nutrientes ofertados foram consumidos no ciclo de cultivo anterior, deve-se realizar 04 adubações intercaladas de 20 dias, sendo a primeira, no início do inverno, utilizando o adubo MAP (Fosfato Monoamônico, 400 kg por hectare) como fonte de P2O5 na proporção de 72 g por metro linear ao lado das plantas (Palma Gigante) ou 56 g por metro linear (Palma Miúda). A segunda e a terceira adubações devem ser realizadas utilizando ureia como fonte de N na proporção de 45 g por metro (Palma Gigante) ou 35 g por metro linear (Palma Miúda). Por fim, já no final do inverno, a quarta adubação deve ser realizada utilizando-se esterco de curral (30 toneladas por hectare) na proporção de 5,4 kg por metro (Palma Gigante) ou 4,2 kg por metro (Palma Miúda). No caso em que as plantas não tenham consumidos todos os nutrientes ofertados no ciclo de cultivo anterior, deve-se dar apenas o complemento para


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se manter em equilíbrio os níveis de N e P2O5 na proporção de 270 e 216 kg/ha, respectivamente.

A Tabela 7 apresenta os valores da extração de nutrientes pela cultura da palma forrageira (SANTOS et al., 1990). Vale ressaltar que melhores resultados de produção têm sido observados quando se associam as adubações orgânica e mineral. O emprego da adubação orgânica (20 a 30 t/ha de esterco de curral bem curtido) ou mineral (100 kg de N/ha e fósforo, potássio e calcário de acordo com análise de solo) e de um espaçamento adequado podem propiciar aumentos de mais de 100% na produção de forragem.

Tabela 7. Extração de nutrientes pela cultura da palma forrageira. Produtividade (t

de

MS/ha/ano)

Quantidades de nutrientes removidos (kg/ha) N

P

K

Ca

90

16

258

235

Obs: Admitindo-se teores de N, P, K e Ca de 0,9%; 0,16%; 2,58% e 2,35%, respectivamente (SANTOS et al., 1990).

c-Adubação química de cobertura x adubação orgânica de cobertura Deve-se ter muito cuidado com a acidez do solo em função das adubações com ureia. Se o pH do solo começar a baixar, sugere-se que se faça a correção do solo com calcário calcítico ou dolomítico e que a fonte de nitrogênio seja substituída por nitrato de potássio. NOTA: Todos os níveis de adubação que atualmente estão sendo propostos na Tecnologia do Cultivo Intensivo da Palma -TCIP vêm sendo intensamente testados e corrigidos, através de experimentos, desde o início dos anos 90 em fazendas do semiárido brasileiro, partindo dos resultados de pesquisas realizadas em diversos países do mundo de forma a se chegar aos melhores resultados obtidos de produtividade.

IRRIGAÇÃO No Nordeste brasileiro, tradicionalmente a palma forrageira tem sido cultivada com o objetivo de produção de forragem e apenas em regime de sequeiro, com a realização do primeiro corte aos dois anos após o plantio e a realização de cortes subsequentes a cada dois anos. Mesmo assim, as oscilações climáticas provocam grandes variações no crescimento e produtividade da palma forrageira (SANTOS et al., 2013;


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PEREIRA et al., 2017), em que, períodos de estiagem causam danos fisiológicos sobre a cultura, dentre eles a fotossíntese nos cladódios é reduzida, devido as reduções no conteúdo relativo de água, espessura do parênquima e conteúdo de clorofila (SCALISIS et al., 2016). Em países do mediterrâneo e no México é comum o uso de irrigação na palma durante os longos períodos de seca, para suprir a sua necessidade de água e garantir a produtividade e sobrevivência da cultura, que é destinada principalmente à produção de frutas e alimentos humanos (FLORES-HERNÁNDEZ et al., 2004; CASTILLO et al., 2006; CONSOLI et al., 2013). Em seu estudo referente à estimativa de evapotranspiração diária e do coeficiente de cultura, para um pomar de palma durante dois anos, Consoli et al. (2013), afirmam que a estratégias de irrigação por déficit devem ser estudadas e aplicadas para a cultura. Lira et al. (2017) citam que ao se dispor de um sistema de irrigação, mesmo que a quantidade de água seja um tanto limitada, ou seja, em condições em que que o suprimento hídrico através da irrigação não atinja os requerimentos da cultura, pois uma pequena quantidade de água pode promover respostas produtivas positivas na planta. Esse tipo de manejo, conhecido como irrigação deficitária, ou déficit de irrigação, pode ser utilizado em áreas com disponibilidade limitada de água para fins agrícolas, além de ser uma opção para o cultivo de palma nestas regiões, com a utilização mínima de água em sistema de gotejamento ou por microaspersão (Figura 78).

Figura 78. Irrigação da palma forrageira por microaspersão na Estação Experimental de Ibimirim-PE. Foto: Núcleo de Comunicação do IPA.


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É importante frisar que o uso racional da irrigação fortalece e estimula a produção vegetal das Opuntias e que, segundo Lima et al. (2015), no cultivo irrigado de palma a quantidade de água utilizada na irrigação é mínima e torna difícil encontrar outra cultura que tenha a eficiência de uso de água próxima ao da palma e que não venha a competir por esse recurso já tão escasso na região semiárida do Brasil. Dessa forma, no caso da palma irrigada, não se recomenda a realização de consórcios a não ser no ano de estabelecimento do sistema, com culturas de ciclo curto durante o período chuvoso. Donato (2012) recomenda que a irrigação só deva ser realizada quando a palma começar a apresentar sinais de desidratação, alcançando bons resultados, utilizando 5,0 litros de água por 1,0 metro linear, com intervalo de 15 dias. No entanto, Chaves et al. (2014) afirmam que uma irrigação de 1,0 litro de água planta-1 semanalmente, aplicada de duas vezes, apresenta influência positiva tanto na emissão de brotos como no vigamento dos cladódios na palma forrageira Orelha-de-Elefante. Rego et al. (2014) citam que em vários municípios do Rio Grande do Norte que apresentam uma baixa umidade relativa e elevadas temperaturas, principalmente noturnas, alta evapotranspiração e déficit hídrico, as plantas murcham e podem morrer no período seco pela excessiva perda de água. Entretanto, um cultivo com um sistema de manejo com base na utilização mínima de água em sistema de irrigação por gotejamento é uma opção viável para o cultivo da palma nestas regiões (Figura 79).

Figura 79. Irrigação da palma forrageira por gotejamento. Foto: Poliana et al. (2015).


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No Rio Grande do Norte, as primeiras experiências com o cultivo da palma irrigada foram realizadas nos municípios de Lajes, Angico e Pedro Avelino, no ano de 1996. Nas pesquisas desenvolvidas pela EMPARN com a palma irrigada e adensada com densidades de 50 mil plantas por hectare obtiveram produtividades médias da ordem de 250 a 350 t matéria verde ha-1, ou seja, de 5 a 7 kg de matéria verde por planta em cortes com frequência anual, onde a produção de matéria seca é variável e dependente da concentração de matéria seca na planta em função do período do ano. Como no período seco a umidade relativa é muito baixa mesmo com a irrigação por gotejamento em baixa intensidade (5 L m-1 a cada 15 dias) associada a adubação orgânica e mineral, as palmas ainda apresentam alguma murcha e as concentrações de matéria seca (MS) aos 12 meses ficam próximas e em algumas ocasiões podem ultrapassar os 10% de MS normalmente encontrados nas plantas no período chuvoso. Consequentemente, não houve diferenças significativas entre as cultivares de palma Gigante e palma Miúda ou Doce. Vale destacar que, após um corte de uniformização aos 18 meses de idade, foram realizados dois cortes com intervalos de 12 meses com rendimentos médios de 250 t matéria verde/ano (27 t MS/ha/ano) para a palma Gigante e de 240 t matéria verde/ano para a palma Miúda ou Doce (25 t MS/ha/ano) (LIMA et al., 2015). Com relação a produtividade da palma forrageira irrigada em solos e condições adversas, a EMPARN testou diversas densidades de plantio em solos Luvissolos crômicos vérticos (Bruno não cálcicos) bastante rasos e pedregosos na Estação Experimental de Cruzeta, RN. Mesmo nessas condições, em plantios com densidades médias de 60 mil plantas/ha foram obtidos rendimentos de 150 t de matéria verde e 24 t de matéria seca para a palma Miúda e de 177 t matéria verde e 20 t matéria seca para a Gigante, no corte aos 24 meses após o estabelecimento. Para o experimento da Estação Experimental de Apodi, RN, em regime de irrigação com densidade 50 mil plantas por ha, com adubação orgânica e química, resultaram em rendimentos médios de 500 t matéria verde/ha para a palma Gigante e 400 t de matéria verde para a palma Miúda, em cortes com 24 meses (LIMA et al., 2015).

CONSORCIAÇÃO DA PALMA O consórcio com outras culturas ocorre normalmente no período chuvoso no início do plantio ou após a colheita para otimizar o uso da terra e proteger o solo, diminuindo a perda hídrica por meio de uma camada de restos culturais. Lima et al. (2015) citam que os consórcios com a palma geralmente são implementados com uso de fileiras


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duplas, não esquecendo que na maioria das vezes os consórcios implicam em diminuição da produtividade da palma. O espaçamento mais recomendado em fileiras duplas poderá ser de 3,0 m x 1,0 m x 0,5 m ou em fileiras com mais de 3m entre as filas duplas, dependendo da necessidade do produtor (FARIAS et al., 1986). Para Santos et al. (2002), a utilização de culturas anuais consorciadas com a palma, como milho, sorgo, feijão, fava, guandu, jerimum, mandioca, etc. (Figuras 80 e 81), tem sido uma prática adotada pelos produtores com objetivo de viabilizar o cultivo em termos econômicos e de tratos culturais desta forrageira, onde recomenda-se fazer o consórcio apenas no ano do plantio da palma ou nos anos de colheita. Todavia, nos espaçamentos simples de 2,0 m x 0,5m e 2,0 m x 1,0m, recomenda-se fazê-lo no primeiro. No caso do feijão guandu, o agricultor plantou consorciado no meio do plantio da palma (2,00 m x 1,00 m) com auxílio da matraca (Figura 82).

Figura 80. Cultivo consorciado entre palma forrageira e Gliricidia sepium, Pernambuco, Brasil, plantando a palma entre fileiras. Foto: Jose Dubeux.


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Figura 81. Exemplo do plantio consorciado da Opuntia ficus-indica e milho. Foto: Jaime Mena.

Figura 82. Plantio consorciado da palma e feijão guandu na comunidade de Veredas, São Francisco de Asis do Piauí, 2009. Foto: Vicente de Paula Queiroga

Em pesquisa realizada em São Bento do Una, PE, durante 12 anos, Farias et al. (2000) obtiveram produções de 5,2; 4,8 e 2,9 t MS/ha/ano de palma, de 1,6; 1,3 e 2,0 t ha/ano de grão de sorgo e 2,1; 2,1 e 3,1 t MS/ha/ano de restolho do sorgo, para os tratamentos 2,0 m x 1,0m; 3,0 x 1,0 m x 0,5m e 7,0 x 1,0 x 0,5m, respectivamente. Foram feitas adubações com 20 t/ha de estrume de curral no ano das colheitas da palma. O espaçamento em fileiras duplas também favorece o uso de mecanização, diminuindo-se, assim, os custos de produção, além de contribuir para o controle da erosão do solo. O


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plantio da palma em filas duplas, nos espaçamentos de 3,0 m x 1,0 m x 0,5 m ou 7,0 m x 1,0 m x 0,5 m, permite a consorciação com milho, feijão, algodão e outras culturas, diminuindo os custos com tratos culturais e promovendo maior produtividade da terra e economicidade das culturas. Gonzaga Neto e Rao (1997), estudando espaçamentos em palma forrageira, cultivar Gigante, de 1,0 m x 1,0 m; 2,0 m x 1,0 m; 2,0 m x 0,50 m; 2,0 m x 0,67 m; e 3,0 m x (1,0 m x 0,50 m), verificaram que houve diferença de produção de forragem entre os espaçamentos estudados. Esses autores observaram decréscimo na produção de palma de 24,31%, quando consorciada com feijão-de-corda (Vigna unguiculata L.) e de 42,81%, quando consorciada com sorgo (Sorghum bicolor L.).

TRATOS CULTURAIS Quando a palma é plantada, desde o primeiro ano, devido à chegada das chuvas e, principalmente em função dos adubos químicos e esterco utilizados, há uma tendência muito forte ao surgimento de ervas invasoras, pois a mesma responde muito bem a capinas e roços. Em plantios adensados devem ser efetuadas, em média, três capinas por ano. Em São Bento do Una - PE, quando foi feita a roçagem, foram obtidos aumentos acima de 100% na produção de forragem, quando comparada com a palma sem tratos culturais. Em plantios tradicionais, os tratos culturais podem ser um roço no final da estação chuvosa. As limpas não só evitam que as ervas daninhas cresçam como também favorecem a entrada do ar no solo, melhorando o desenvolvimento da palma, porém, muito cuidado neste momento para não atingir o sistema radical das plantas uma vez que, o crescimento da palma é absolutamente afetado quando isto acontece. Em cultivos adensados, Farias et al., (1998), em trabalho conduzido em Caruaru, encontraram que os herbicidas de pré-emergência Tebuthiuron, Ametryne em uso exclusivo ou aplicado junto com Simazine e o Diuron aplicado isoladamente ou com Trifluralina nas dosagens recomendadas pelos fabricantes, foram eficientes no controle de plantas daninhas, sem causarem efeitos adversos no número médio de brotações por planta e não deixaram resíduos no solo nem na planta. Em termos de produção, o Diuron (Cention SC) proporcionou produção de 9,67 e o Ametryne (Gesapax 500) 8,74 t MS/ha de palma (Figura 83), enquanto que no tratamento sem tratos culturais (Figura 84), a produção foi de 3,03 t/ha, dois anos após o plantio (FARIAS et al., 2001).


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Figura 83. Palmal tratado com herbicida. Foto: FARIAS et al., 2001.

Figura 84. Palmal sem tratos culturais. Foto: FARIAS et al., 2001.

PRAGAS DA PALMA Diversos insetos ocorrem sobre a palma forrageira, tais como besouros (Coleoptera; Ligyrus spp.), formigas (Hymenoptera), gafanhotos (Orthoptera), lagartas (Lepidoptera), tripes (Thysanoptera), etc., porém o que realmente constituem pragas da palma no Nordeste do Brasil são as cochonilhas do carmim (Dactylopius opuntiae


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Cockerell) e de escama (Diaspis echinocacti Bouché, 1833) (Hemiptera, Diaspididae), conhecida vulgarmente por escama, piolho ou mofo da palma.

1.Cochonilha-do-carmim (Dactylopius opuntiae) É a principal praga da palma forrageira no semiárido nordestino. A cochonilha do carmim foi importada pelo Estado de Pernambuco visando à obtenção do corante carmim (ácido carmínico) e tornou-se uma praga devastadora para a palma forrageira variedade Gigante (Opuntia ficus indica), ameaçando a sobrevivência de milhares de famílias nordestinas que dela dependem para a sobrevivência de seus rebanhos nos períodos de estiagens prolongadas. “A cultura da palma forrageira é uma atividade lucrativa para os caririzeiros, pois além da alimentação dos rebanhos, se obtém renda extra para o sustento da família. Um hectare de palma nas épocas de estiagem prolongadas chega a custar entre R$ 1.800,00 e 2.000,00. Num hectare de palma forrageira se produz, em média, 400 kg de cochonilha seca que comercializada a R$ 2,50 somariam R$ 1.000,00. Com esses dados, infere-se que, economicamente, é mais rentável produzir a palma para comercialização do que a cochonilha, pois depois de estabelecida no palmal degeneram drasticamente todas as plantas, inclusive matando-as, a ponto de não servirem Nos últimos anos, a cochonilha do carmim (Figura 85) tem causado elevados danos às lavouras de palma forrageira (Figura 86), impossibilitando a pecuária bovina, caprina e ovina, com sérios prejuízos para o agronegócio, já tendo destruído mais de 100 mil hectares da cultura nos estados de Pernambuco, Paraíba e Ceará. Atualmente, dados mais recentes de junho de 2007, a Paraíba conta com 63 municípios infestados todos eles com ataque de cochonilha e perdas acima de 90%. Altamente devastadora, a praga, que chega a provocar perdas de 100% da produção, é disseminada através do vento, animais, veículos, mudas e partes vivas (raquetes ou cladódios) da planta.


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Figura 85. Alta infestação da praga. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).

Figura 86. Área de palma dizimada pela praga. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).


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No gênero Dactylopius são conhecidas diversas espécies que produzem o ácido carmínico, das quais três são citadas no Quarto Catálogo dos Insetos que vivem nas plantas do Brasil (SILVA et al., 1968), ocorrendo em território nacional como sendo nativas, Dactylopius ceylonicus, D. indicus e D. subterraneus. O corante natural carmim, fabricado a partir da síntese do ácido carmínico, é produzido por um inseto do gênero Dactylopius pertencente à família Dactylopiidae, da ordem Hemiptera, que se cria em Opuntia fícus indica e conhecida internacionalmente como grana cochinilla ou cochonilha-do-carmim (Dactylopius coccus) (Figuras 87 e 88). O corante carmim ou ácido carmínico (Figura 89) é um corante natural, recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para ser usado em alimentos, bebidas, tecidos, produtos de beleza, medicamentos, etc.

Figura 87. Cochonilha-do-carmim ou grana cochinilla. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).


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Figura 88. Formas jovens e adultos da cochonilha-do-carmim. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).

Figura 89. Fórmula química do ácido carmínico, extraído da cochonilha seca.


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Diante da maleficidade e devastação desenfreada da cochonilha-do-carmim, recomendam-se a adoção das seguintes medidas:

1-O controle mecânico em pequenos focos com baixa densidade populacional do inseto, consiste em coletar as raquetes infestadas e transportar em sacos para alimentar os animais, uma vez que este inseto é inofensivo ao homem e animais.

2-No caso do cultivo da cochonilha sobre a palma, a coleta das fêmeas adultas para o processamento da matéria prima do corante constitui uma medida de controle mecânico da população do inseto. O corante carmim é usado em alimentos, bebidas, produtos de beleza, remédios, etc.

3-Em grandes focos, onde se faz necessário medidas mais enérgicas, o recomendado é cortar e dar ao gado, incinerar, ou ainda aplicar o tratamento químico.

4-No tratamento químico, a poda das raquetes serve para facilitar as aplicações. Na Tabela 8, é mostrado o tratamento químico recomendado e suas respectivas dosagens. Tabela 8. Tratamento químico recomendado para o controle da cochonilha do carmim. Produto comercial

Ingrediente ativo

Actara 250 WG Thiamethoxan Calypso 480 SC Thiacloprid Confidor 700 GRDA Imidacloprid Detergente neutro (1%) Imidacloprid Karate 50 CE Lambdacyhalothrin Lorsban 480 BR Clopirifos etil Mospilan 200 PS Acetamiprid Sevin 480 SC Carbaryl Fonte: Cavalcanti et al. (2001).

Unid.

Dosagem utilizada para 20 litros de água

g mL g mL mL mL g mL

4 6 6 200 20 60 5 32

5-O controle biológico da cochonilha é desenvolvido com a utilização de inimigos naturais - parasitoides e predadores.

6-Utilizar as variedades de palma recomendadas pela pesquisa quais sejam: Palma Doce de Monteiro (Nopalera) (Figura 90). Orelha de Elefante mexicana F-15 (Figura 91), Palma Doce Sertânia (Figura 92), Orelha de Elefante africana, Miúda tradicional e Forrageira F-13.


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Figura 90. Campo de Palma Doce em Monteiro (Nopalera). Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).

Figura 91. Palma Orelha de Elefante – IPA. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).


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Figura 92. Palma Doce Sertânia – IPA. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).

Constatou-se, na prática, que o gênero Nopalea, conhecida popularmente por palma Doce ou palma Miúda, não se encontra infestada pela cochonilha-do-carmim mesmo em plantios onde a palma Gigante encontra-se infestada severamente.

7-O uso de produtos biodegradáveis também contribui significativamente para minimizar as populações de Dactylopius opuntiae, sendo recomendados em função dos resultados de pesquisa, os extratos a base de Nim, Azadirachata indica A. Juss, detergente neutro, sabões e óleos minerais. A Tabela 9 mostra a eficiência desses produtos, com destaque para o nim a 2%, quando obteve um percentual de mortalidade de 100%, aos 57 dias da aplicação (LACERDA et al., 2011).

Tabela 9. Número e porcentagem de colônias mortas de Dactylopius opuntiae em palma forrageira pulverizada com produtos alternativos (Recife, PE). TRATAMENTOS 36 dias Testemunha

0,00 ± 0,00

Óleo mineral 2%

0,00 ± 0,00

Óleo mineral + sal 2%

0,00 ± 0,00

DIAS APÓS INFESTAÇÃO 43 dias número 50 dias número 57 dias número ∕ (%) ∕ (%) ∕ (%) 0,12 ± 0,12 c 0,75 ± 0,31 b 0,75 ± 0,49 c (4,16 ± 4,16) 0,87 ± 0,35 abc

(25,00 ± 10,44) 2,25 ± 0,25 a

(25,00 ± 16,36) 2,75 ± 0,16 ab

(29,16 ± 11,68) 1,62 ± 0,42 b

(75,00 ± 8,33) 2,50 ± 0,26 a

(91,66 ± 5,45) 2,37 ± 0,37 ab


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Sal 2%

0,00 ± 0,00

Nim 1%

0,00 ± 0,00

Nim 2%

0,00 ± 0,00

Manipueira 50%

0,00 ± 0,00

Manipueira 100%

0,00 ± 0,00

(54,16 ± 13,99) 0,25 ± 0,16 c

(83,33 ± 8,90) 0,37 ± 0,18 b

(79,16 ± 12,5) 1,25 ± 0,41 bc

(8,33 ± 5,45) 0,75 ± 0,25 abc

(12,49 ± 6,09) 1,25 ± 0,45 ab

(41,66 ± 13,73) 2,50 ± 0,26 ab

(24,99 ± 8,33) 2,00 ± 0,26 a

(41,66 ± 15,10) 2,25 ± 0,16 a

(83,33 ± 8,90) 3,00 ± 0,00 a

(66,66 ± 8,90) 0,62 ± 0,26 bc

(75,00 ± 5,45) 0,37 ± 0,37 b

(100,00 ± 0,00) 1,62 ± 0,32 abc

(20,83 ± 8,76) 0,12 ± 0,12 c

(12,50 ± 12,50) 0,37 ± 0,18 b

(54,16 ± 10,79) 1,87 ± 0,47 abc

(4,16 ± 4,16) (12,49 ± 6,09) (62,50 ± 15,98) Dados: 43 dias: F = 6,6427; P = 0,0000; CV = 20,67%; 50 dias: F = 10,6285; P = 0,0000; CV = 19,07%; 56 dias: F = 4,9109; P = 0,0002; CV = 19,33% Medias nas colunas seguidas por mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

2. Cochonilha de escama (Diaspis echinocacti) Foi a principal praga da palma forrageira no Nordeste, antes do aparecimento da cochonilha-do-carmim em 2000, no Estado de Pernambuco. Conhecida vulgarmente por escama, piolho ou mofo da palma, que causa danos e prejuízos à cultura (Figuras 93 e 94). É um inseto cosmopolita que ocorre em todas as regiões onde a cactácea é cultivada. No México, é conhecido por escama blindada, por apresentar dificuldades às medidas de controle. A praga infesta às raquetes ou artículos com suas colônias, onde formas jovens e adultos protegidos por uma escama ou escudo de cera sugam a seiva para se alimentar, causando inicialmente o dano direto pela ação espoliadora, quando as raquetes começam a apresentar clorose. Em seguida, vem o dano direto, que por se tratar de um inseto picador-sugador, abre orifício por onde penetram microrganismos que causam o apodrecimento e queda das raquetes e, consequentemente, a morte da planta.


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Figura 93. Infestação inicial da praga. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).

Figura 94. Alta infestação da praga. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).

A palma infestada pela cochonilha de escama é facilmente reconhecida pelo aspecto peculiar do aglomerado de escamas do inseto, com coloração marrom-clara, mascarando o verde típico da cactácea. As escamas são removidas por leve atrito com a


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unha ou um graveto sobre as colônias que recobrem as raquetes, que constitui uma forma para confirmar a infestação da praga (ARRUDA, 1983). A ocorrência da cochonilha de escama sobre as cactáceas forrageiras apresenta uma sintomatologia bem típica, não devendo ser confundida com o chamado mal fisiológico, que acontece geralmente em raquetes mais velhas nos períodos de estiagem, com exibição de pústulas sobre o tegumento das plantas. Que tem, também, certa semelhança com as colônias do inseto praga, mas que não é facilmente destacável, não provoca clorose, nem queda dos artículos, não prejudicando assim a planta. A cochonilha de escama encontra-se atualmente dispersa nos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Quando a praga for identificada em uma área de palma deve-se, de imediato, tomar as devidas providências, pois se nenhuma medida de controle for aplicada, o inseto devasta completamente a cultura (ARRUDA, 1983). Para combater a cochonilha de escama na palma forrageira, o indicado é o manejo integrado, com ênfase no controle biológico, uma vez que são conhecidos diversos inimigos naturais da praga, atuando principalmente nos Estados de Pernambuco e Alagoas. Parasitoides (vespinhas) e predadores (besouros de pequeno porte), conhecidos por joaninhas, estão sendo utilizados em programas de controle biológico desenvolvidos pelo IPA e pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Alagoas - EPEAL (CARVALHO et al., 1978; SILVA, 1990; WARUMBY et al., 1993). O manejo integrado é à medida que reúne todas as técnicas possíveis de serem aplicadas para controlar e manter a população da praga em nível de equilíbrio, dificultando a forma de vida e o crescimento de sua população. Para o caso da cochonilha de escama as recomendações são as seguintes:

A) O plantio deve ser feito corretamente na época indicada, com raquetes sadias sem vestígio de cochonilha e de procedência conhecida para evitar a presença da praga no início da plantação.

B) Identificar a presença da cochonilha na área cultivada com palma logo no início facilita o controle com a erradicação das plantas infestadas. A infestação da praga se inicia em plantas isoladas na área cultivada.


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C) Proceder a capinas, para evitar concorrência de ervas daninhas com a cultura, e adubação química ou orgânica, de acordo com as quantidades indicadas. A adubação, além de aumentar a produção, induz uma certa resistência da planta ao inseto.

D) É importante o conhecimento de cultivos com palma infestada pela cochonilha para evitar que os homens e animais passem destas áreas para plantações de palma sem a praga, pois esta é uma das formas de propagação da praga.

E) A eliminação dos focos de cochonilha na área cultivada com palma é muito importante, desde que as raquetes infestadas não apresentem inimigos naturais (joaninhas e vespinhas). Esta eliminação consiste em cortar as raquetes infestadas para reduzir a população do inseto. A palma cortada, mesmo infestada, pode ser utilizada na alimentação do gado. F) O controle biológico - consiste na utilização dos inimigos naturais da praga – as joaninhas e as vespinhas são, respectivamente, predadores e parasitoides - que são liberados no campo onde a praga está ocorrendo para se processar o equilíbrio natural. O procedimento deve ser o seguinte: uma vez confirmada a presença da praga e ausência dos controladores naturais, estes devem ser adquiridos para liberação no local onde a cochonilha vem se desenvolvendo. Os inimigos naturais da praga podem ser remanejados de onde eles ocorrem para as áreas com problema. Os controladores biológicos da praga podem ser criados em laboratório ou em gaiolas teladas, para posterior liberação no campo.

É de grande importância o conhecimento dos inimigos naturais da praga para preservação e manutenção dos mesmos no campo.

Parasitóides: Plagiomerus cyaneus (Hymenoptera, Encyrtidae) vespinha. Prospaltella aurantii (Hymenoptera, Aphelinidae) vespinha.

Predadores: Coccidophilus citricola (Coleoptera, Coccinellidae) joaninha preta pequena. Chilocorus nigrita (Coleoptera, Coccinellidae) joaninha preta grande.


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Zagreus bimaculosus (Coleoptera, Coccinellidae) joaninha alaranjada e preta. Pentilia egena (Coleoptera, Coccinellidae) joaninha preta. Pentilia sp. (Coleoptera, Coccinellidae) joaninha marrom. Zagloba beautimonti (Coleoptera, Coccinellidae) joaninha cinzenta. Zagloba sp. (Coleoptera, Coccinellidae) joaninha cinzenta. Calloeneis sp. (Coleoptera, Coccinellidae) joaninha. Salpingogaster conopida (Diptera, Syrphidae) mosca de corpo alongado.

G) Cultivares resistentes - deve-se proceder ao plantio de palma de preferência com cultivares que apresentem alguma forma de resistência à praga. A eliminação das plantas mais suscetíveis ao inseto ajuda na manutenção do controle.

H) O uso de produtos químicos - deve ser feito com muita cautela para não prejudicar o desenvolvimento dos inimigos naturais, que são mais sensíveis aos defensivos agrícolas que a própria praga. A aplicação de inseticidas deve ser feita em pequenas áreas, através de produtos seletivos com indicação para cochonilha de escama, em plantações de palma onde não foram encontrados inimigos naturais. Em caso de ataque muito severo, pode ser aplicado óleo mineral a 1% com os devidos cuidados. No combate químico, recomendase três aplicações de óleo mineral a 1% (200 ml/20 litros) junto com sal de cozinha (1kg/20 litros). As aplicações devem ser feitas de forma intercalada a cada 20 dias.

Pão-de-galinha (Ligyrus spp.) - o aparecimento de larvas do besouro Ligyrus spp. Conhecida por pão de galinha ou rola-bosta (Figura 95), provoca apodrecimento nas raquetes da base da planta, isso acontece quando se usa esterco de curral ainda verde, com muita umidade, na adubação, o que pode ser facilmente evitado.

Figura 95. Larva e adulto do pão-de-galinha. Foto: Rildo Sartori Barbosa Coelho.


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Preá - São duas as espécies de preás existentes no Brasil. A de nome científico Cavia aperea é encontrada nos Estados do Sul e do Sudeste. A outra, batizada cientificamente de Galea spixii spixii, é típica da região Nordeste. São roedores rústicos (Figura 96) que vivem em bandos e é um dos mamíferos mais comuns da caatinga. Geralmente, faz seus ninhos em moitas de cactos ou bromélias e em pequenos buracos. Roedor com cerca de 25 centímetros de comprimento, de hábitos crepusculares vive em capinzais, entre moitas e arbustos, às vezes perto de áreas alagadas, onde consegue mergulhar e nadar. Alimentase de brotos, folhas e raízes. Quando seu ambiente natural sofre alterações, invade arrozais e hortas sendo considerado praga, por se alimentar e dilacerar as raquetes da base da planta, provocando o tombamento da planta.

Figura 96. Animal jovem do preá do Nordeste.

DOENÇAS As doenças da palma têm sido pouco estudadas no Brasil e quase todos os trabalhos descrevem o assinalamento, sintomatologia e patogenicidade dos agentes causadores. Dentre as doenças descritas no Nordeste, principalmente em Pernambuco, Paraíba e Alagoas, destacam-se as podridões de artículos primários e secundários, causadas pelos fungos Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griff & Maubl. (Denominada de Podridão Preta), Sclerotium rolfsii Sacc (Podridão de Sclerotium), Scytalidium lignicola Pes. (Podridão Seca Escamosa), Fusarium solani (Mart.) Sacc. (Podridão de Fusarium), Macrophoma sp. (Mancha de Macrophoma), Pollaccia sp. (Podridão Polaciana) e Rhizoctonia solani Kühn (Rizoctoniose), podridões de raízes e raquetes da base devido a fungos ou a bactéria Erwinia subsp. Carotovora (Jones) Bergey et al. (Podridão Mole) e manchas em artículos.


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1. PODRIDÕES DOS ARTÍCULOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS •Podridão negra. Agente causal: Lasiodiplodia theobromae.

Sintomas: A podridão ocorre, geralmente, a partir do local de inserção das raquetes primárias, secundárias ou terciárias, sendo no início de cor marrom e, em seguida, tornase escura devido à produção de estruturas do fungo. A podridão é consistente, com abundante exsudação de goma de coloração amarelo leitosa e tornando-se, posteriormente, enegrecida. As infecções em raquetes primárias ou secundárias promovem o tombamento de partes da planta, causando prejuízos na produção (Figura 97).

Figura 97. Sintomas da Podridão preta em artículos jovens de Opuntia ficus-indica. Foto: Giovanni Granata et al. (2017). Controle: Na época de plantio, utilizar raquetes-sementes sadias para evitar a introdução da doença nas áreas de produção. Remoção e destruição das raquetes infectadas no campo. Pulverização com fungicidas, em intervalos de 15 a 20 dias, no período mais favorável à doença. •Gomose. Agente causal: Dothiorella ribis (Fuck.) Sacc.

Sintomas: Presença nas raquetes de algumas ou várias manchas circulares em forma de cancros, com superfícies rachadas, devido à esporulação do fungo. Exsudação abundante


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de goma em torno das lesões mais jovens. A camada externa da lesão é de cor marromcinza e coreácea. Em ataques severos ocorre podridão das raquetes e morte de partes da planta (Figura 98).

Figura 98. Sintoma da Gomose em artículo de palma severamente atacado, observandose a formação de cancros e exudação gomosa. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2002).

Controle: Deve ser recomendado o uso de raquetes-sementes sadias, remoção e destruição das partes de plantas afetadas e pulverização com fungicidas, em intervalos de 15 a 17 dias, durante o período chuvoso. No México e Itália, são utilizados os produtos Benlate ou Cercobin. No Brasil, não existem produtos fungicidas registrados para a cultura da palma. •Podridão de Fusarium. Agente causal: Fusarium solani.

Sintomas: Podridão na raquete da base de consistência mole e coloração esverdeada. As raquetes primárias e secundárias murcham e tombam sobre a planta poucos dias após a infecção. Os tecidos da raquete infectada tornam-se aquosos, escurecem e expõem as estruturas internas lenhosas. As raízes apodrecem, exibindo coloração marromavermelhada (Figura 99). O desenvolvimento desta doença é frequentemente favorecido


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em solos de elevada acidez, baixa permeabilidade e alta umidade. Ocorre nas raquetessementes e raquetes da base em plantas adultas.

Figura 99. Sintoma da Podridão de Fusarium em artículo de N. cochenillifera. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2002).

Controle: As medidas de controle mais efetivas envolvem o uso de raquetes-sementes sadias e plantio em solos não infestados pelo fungo. Outras medidas de controle podem reduzir a ocorrência da doença, destacando-se a correção da acidez do solo, evitar o plantio em períodos chuvosos, realizar aração do solo para plantio, eliminação de plantas doentes e evitar o plantio da palma miúda (mais suscetível) em áreas onde ocorre a doença. •Podridão mole. Agente causal: Erwinia carotovora subsp. Carotovora.

Sintomas: A bactéria penetra nas raquetes através de ferimentos e aberturas naturais, causando podridão mole de coloração preta que deteriora rapidamente os tecidos, principalmente em condições de elevada umidade (Figura 100).


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Figura 100. Sintoma da Podridão mole em artículo da base de Opuntia ficus-indica, causada por E. carotovora subsp. Carotovora. Foto: Giovanni Granata et al. (2017).

Controle: Utilização de raquetes-sementes sadias, evitar o plantio em períodos chuvosos, remoção e destruição de plantas doentes e pulverização com fungicidas cúpricos no período de umidade elevada.

2. MANCHAS EM ARTÍCULOS •Mancha de Alternaria. Agente causal: Alternaria tenuis Nees. Ex Pers.

Sintomas: Na palma Miúda os sintomas da doença caracterizam-se por manchas de coloração preta nas raquetes, nas formas circulares ou elípticas, medindo 1,0 – 3,0 cm de diâmetro com abundante esporulação na superfície da lesão. As lesões podem se estender de uma face a outra da raquete, exibindo perfurações devido à queda do tecido infectado. As manchas podem coalescer, formando grandes áreas necrosadas e causando defoliação das plantas (Figura 101). Esta doença foi recentemente assinalada no município de São Bento do Una – PE, ocorrendo de forma epidêmica com 70% de incidência em cultura de palma Miúda e causando intensa defoliação na cultura. No México, uma espécie de


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Alternaria não identificada causa a “Mancha oro”, com sintomatologia distinta da Mancha de Alternaria.

Figura 101. Sintoma de Mancha de Alternaria em artículos de N. cochenillifera. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2002).

Controle: Remoção e destruição das raquetes afetadas. Plantio de cultivares da espécie Opuntia ficus-indica. Promover adubação equilibrada na cultura baseada na análise de fertilidade do solo.

3. OUTRAS DOENÇAS •Podridão de Sclerotium. Agente causal: Sclerotium rolfisii Sacc.

Sintomas: Ocorre sob a forma de podridão mole, incidindo nos artículos mais próximos ao solo. Crescimento cotonoso e esclerócios são observados na superfície da lesão. Controle: Recomenda-se para o controle a eliminação de plantas afetadas e evitar o excesso de umidade e matéria orgânica. •Rizoctoniose. Agente causal: Rhizoctonia solani Kuhn.

Sintomas: Assinalada no Rio Grande do Norte, causa podridão escura na raquete da base. Esclerócios do fungo são formados na superfície da lesão.


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Controle: Como medidas de controle deve-se corrigir o pH do solo, usar artículossementes sadios e eliminar raquetes afetadas. •Podridão de Macrophomina. Agente causal: Macrophomina phaseolina (Tass.) Goid.

Sintomas: Os artículos infectados exibem lesões necróticas escuras, deprimidas, envolvidas por halo amarelado, exibindo pecnídios na superfície da lesão. Com a evolução da doença, os tecidos necrosados se desprendem formando perfurações nos artículos (Figura 102). De ocorrência frequente e severa no México, provoca, em algumas áreas, morte em 50% das plantas. No Brasil, foi relatada a ocorrência em Alagoas, infectando palma Miúda (N. cochenillifera), e em Pernambuco, nos municípios de Afogados da Ingazeira, Caruaru e Pesqueira.

Figura 102. Sintomas da Podridão de Macrophomina em artículo de palma Miúda inoculada. Fotos: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2002).

Controle: Remoção e destruição das raquetes afetadas, uso de raquetes sadias para plantio e adubação equilibrada.

ALTURA DE CORTE A raquete que se planta é chamada de raquete-base, e as outras são denominadas de 1ª ordem, 2-ª ordem, 3-ª ordem, e assim por diante. No corte, deve-se deixar todas as raquetes de 1ª ordem, e uma raquete de 2-ª ordem em cada raquete de 1-ªordem (Figura 103). Fazendo-se isto, a produção é mais uniforme ao longo do período de duração do palmal, que deve ser de 8 a 10 anos.


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Figura 103. Esquema de corte da palma, deixando-se a raquete-base, todas as raquetes de 1ª ordem, e uma raquete de 2ª ordem em cada raquete de 1ª ordem. Foto: Daniel Duarte Pereira.

COLHEITA Normalmente inicia-se a colheita com cerca de 1,5 a 2 anos ou mais dependendo do desenvolvimento da cultura, a qual dependerá apenas das condições do solo e clima. Posteriormente poderá ser feito o corte anual. A palma de maneira geral é colhida manualmente apesar de aumentar o custo de produção, mais é a maneira mais racional de utilização da palma. As raquetes são colhidas diariamente e fornecidos aos animais nos cochos. É muito importante que a palma seja cortada anualmente coma finalidade de mantê-la sempre sadia, pois, desta forma, evita-se o aparecimento de pragas e doenças. Esta prática também confere à palma uma maior capacidade de resistência aos períodos secos pela diminuição da superfície ativa de transpiração. Resultados experimentais mostraram que a palma se beneficia, em termos de produtividade e longevidade, quando não se faz uma redução drástica da superfície fotossintetizante, ou seja, a coleta de artículos. Assim, para cultivos onde se utilizam espaçamentos menores ou se adotam culturas intercalares como feijão, sorgo, milho ou algodão, deve-se deixar todos os artículos primários (Figura 104), enquanto que, para cultivo em filas duplas, devem-se deixar todos os artículos secundários.


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Figura 104. Colheita deixando o artículo primário. Foto: Edson Batista Lopes et al. (2007).

Apenas da primeira vez, a palma deve ser cortada com 01 ano e no primeiro inverno, mesmo porque a palma deve ser plantada antes do inverno do primeiro ano e cortada depois do inverno do ano seguinte (período equivalente a 1,5 ano). A partir daí, do segundo ano em diante, logo após os períodos chuvosos, a palma deve ser cortada sulco a sulco e diariamente ofertada ao rebanho mantendo o seu padrão de qualidade como ração. Da primeira à terceira ou quarta colheita, o corte deve ser realizado, entre a raquete matriz e as raquetes primárias, na junta comum, com a faca bem amolada e limpa para se evitar contaminações. Para isto, o produtor deverá ficar atento às condições de brotação da raquete matriz (ou raquete base; Figura 105).


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Figura 105. Corte drástico da palma na junta entre a raquete matriz e as raquetes primárias. Foto: Arquivo INSA (2016).

Se o produtor observar que a raquete matriz não brotará mais depois daquele corte (a raquete matriz vai cegar) então, o corte deverá ser realizado deixando-se aproximadamente 5 cm da base das raquetes primárias junto à raquete matriz (Figura 106). Este procedimento provocará uma superbrotação das raquetes matrizes que deverão ser cobertas com terra depois que os brotos estiverem crescidos para aumentar o enraizamento. Estes brotos, doravante, passarão a ser conduzidos como raquetes matrizes e, dessa forma, o processo de colheita se repetirá por mais de vinte anos quando o palmal deverá ser refeito.

Figura 106. Detalhe do corte das raquetes primárias (ponto de corte em azul), deixando aproximadamente 5 cm da sua base junto a raquete matriz (raquete-mãe ou raquete base).


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A utilização da palma também poderia ser por pastejo, porém promove muitas perdas por causa da presença dos animais no palmal, por isso, mesmo com o acréscimo de mão-de-obra para o corte manual fica mais viável para o produtor. Exceto quando utilizada sob pastejo, como ocorre com certa frequência em algumas propriedades em Alagoas e na Bahia, a palma é colhida manualmente e, dependendo do espaçamento e da necessidade, pode ser colhida em intervalos de dois ou quatro anos, sem perda do valor nutritivo (FARIAS et al., 1989). Santos et al. (1998a), estudando o efeito do período de armazenamento póscolheita sobre a composição química da palma cv. Gigante, observaram que durante períodos de armazenamento de 0 (zero), 8 e 16 dias não ocorreram perdas aparentes de matéria seca, proteína bruta e fibra-bruta. Também foi semelhante à produção de leite das vacas alimentadas com palma armazenadas nesses três períodos. Esses autores sugerem que a maior quantidade de palma pode ser colhida, independente do uso imediato, promovendo assim uma redução no custo no corte e transporte da palma. Quando o plantio e a manutenção são feitos em padrões adequados, é possível iniciar-se a colheita quando a cultura tem entre 12 e 15 meses. A colheita convencional pode ser feita das seguintes maneiras: a) arrancando-se a planta completa; b) colhendo-se apenas parte das raquetes. O primeiro caso geralmente é usado quando se tratam de plantios muito adensados, antigos ou com sintomas acentuados de doenças. Nestes casos os palmais são totalmente arrancados e reimplantados em seguida. Porém o sistema mais comum é a colheita parcial. Por este sistema, colhem-se apenas parte da aérea copada da planta e deixa-se o tronco com algumas raquetes para propagação da cultura. Neste caso a colheita pode ser feita a partir das raquetes primárias ou das secundárias (Figura 107). Estes procedimentos asseguram a próxima colheita sem a necessidade de replantio, cujo procedimento pode ser repetido por várias vezes, necessitando apenas que se proporcionem intervalos de descanso de 02 anos entre as colheitas e se promova a manutenção adequada da cultura. Em casos extremos de carência de forragem, não raro, os pequenos produtores fazem colheitas rasas em plantios jovens onde são colhidas apenas algumas das raquetes mais antigas da plantação.


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Figura 107. Colheita da palma conservando-se os cladódios primários (a) e secundários (b). A palma normalmente é colhida manualmente e, dependendo do espaçamento e da necessidade do criador, pode ser colhida em intervalos de dois ou quatro anos, sem perda do valor nutritivo (FARIAS et al., 1989). Resultados preliminares obtidos em Caruaru e Arcoverde, PE, com população de 40 mil plantas/ha, apresentaram produção de 320 t MV/ha dois anos após o plantio. Com população de 20 mil plantas (1,0 m x 0,5 m), a produção foi de 240 t MV/ha e, com 5 mil (2,0 m x 1,0 m), de 104 t MV/ha, a cada dois anos. Em cultivo com fileiras duplas de 3,0 m x 1,0 m x 0,5m, consorciada com sorgo, a produção de palma foi de 100 t MV/ha. Além disso, nesse sistema foram obtidas produções de 1,3 e 2,1 t MS/ha/ano de grãos e restolhos de sorgo, respectivamente. Vale ressaltar que neste sistema ocorre uma redução das culturas consorciadas, em relação ao cultivo isolado. Mas por outro lado ocorre ganho no índice de produtividade da terra (FARIAS et al., 1986). Os sistemas de plantio nos espaçamentos de 2,0 m x 1,0 m e 3,0 m x 1,0 m x 0,5m permitem colheitas a cada quatro anos, com produções duas vezes superiores às colheitas a cada dois anos, quando são conservados apenas os artículos primários (FARIAS et al., 1989). Em colheitas anuais, com a cultivar Miúda, tem-se obtido uma produção média de 10,6 t MS/ha/ano e 77,8 t MV/ha/ano, adubada com 20 t de estrume de curral/ha/ano e com população de 20 mil plantas/ha. Esperam-se produções maiores nas colheitas subsequentes devido a um maior número de artículos primários ou secundários distribuídos nas plantas (SANTOS et al., 1998a). A palma, após a colheita, pode ser utilizada de imediato ou mantida à sombra até 16 dias, para ser fornecida aos animais, sem que haja perda do valor nutritivo (SANTOS et al., 1998b).


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O número de colheitas possíveis depende do manejo, principalmente da adubação e do controle do mato. Segundo Leite et al. (2014), em um levantamento visando caracterizar os sistemas de produção de palma forrageira no Cariri do estado da Paraíba, verificaram que a idade média dos palmais era de mais de nove anos. Os autores encontraram uma propriedade com um palmal de 56 anos de implantado, produzindo forragem ininterruptamente, evidenciando a rusticidade e longevidade da cultura, além da plena adaptabilidade às condições ambientais do Cariri paraibano.

RENDIMENTOS A produtividade de um palmal está diretamente ligada ao Sistema de Produção que é montado (Figura 108). Com a Tecnologia do Cultivo Intensivo da Palma, onde o produtor rural não relaxa com as limpas e nem com as adubações e tratos culturais, produtividades anuais de 400 toneladas por hectare são facilmente conseguidas já a partir da primeira colheita.

Figura 108. Cultivo Intensivo da Palma apresenta maior rendimento com produtividades anuais de 400 toneladas por hectare. Foto: José C. B. Dubeux Jr. et al. (2017).

Foi constatado a eficiência da Tecnologia do Cultivo Intensivo da Palma no campo instalado no município de Logradouro, localizado na região do Curimataú paraibano, no período de fevereiro de 2006 a março de 2007 (13 meses) onde foram colhidas 611


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toneladas de palma Gigante por hectare e 500 toneladas de palma Miúda por hectare com uma pluviometria média de 800 mm.

COEFICIENTE TÉCNICO DA PALMA FORRAGEIRA Na Tabela 10, apresenta o coeficiente técnico para a implantação de um hectare de palma irrigada por gotejamento e adensada (População de 50.000 plantas/ha para a cv. palma Miúda e 20.000 plantas/ha para a cv. Orelha de Elefante Mexicana). No entanto, torna-se importante destacar que a única alternativa para que os agricultores nordestinos possam desenvolver uma pecuária com escala de produção, é via formação de reservas forrageiras em quantidade e qualidade. Vale também ressaltar de que a palma é uma cultura perene e que os custos de implantação serão diluídos nos muitos anos de manejo da cultura.

Tabela 10. Coeficiente técnico para implantação de um hectare de palma Miúda irrigada e adensada. Discriminação I.INSUMOS Raquetes-sementes (+10%) Superfosfato simples Ureia Cloreto de potássio Adubo orgânico Herbicida Inseticida Óleo mineral Energia elétrica Cerca II.MÃO-DE-OBRA Limpeza do terreno Subsolagem Aração Gradagem Abertura de sulcos Adubação orgânica Adubação química Plantio Aplicação de defensivos Capina manual Colheita III.SISTEMA DE IRRIGAÇÃO Equipamentos, bombas e conexões (R$ 8.000,00); Figura 109. Instalação Fonte: Lima et al. (2015).

Unidade

Quantidade

mil kg kg kg t L L L KVA

27,5 500,0 300,0 200,0 20,0 7,0 2,0 5,0 360,0

D/H H/Trat. H/Trat. H/Trat. H/Trat. D/H D/H D/H D/H D/H D/H

10,0 8,0 2,0 2,0 2,0 3,0 10,0 2,5 25,0 10,0 25,0


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Figura 109. Detalhes dos equipamentos de irrigação e fertirrigação (parte inferior). Foto: José C. B. Dubeux Jr. et al. (2017).


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Capítulo II

USOS E APLICAÇÕES DA PALMA FORRAGEIRA

(Autores) Vicente de Paula Queiroga Edson Batista Lopes (In memoriam) Ênio Giuliano Girão Acácio Figueiredo Neto Esther Maria Barros de Albuquerque


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1. ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

Introdução A má distribuição e irregularidade de chuvas no Semiárido são responsáveis por estiagens prolongadas, resultando em sérios prejuízos econômicos para os pecuaristas, que, assim, são forçados a comercializar o rebanho, periodicamente, com preços abaixo do mercado, em função da falta de alimentos (FELKER, 2001). Diante desse cenário, a produção de alimentos para as populações e para os rebanhos na região, deverá ser baseada em espécies vegetais que apresentem características de alta adaptabilidade às condições edafoclimáticas regionais. Nos 95 milhões de hectares do semiárido do Nordeste, em função das condições ambientais, a pecuária, tem se constituído, ao longo do tempo, em uma das principais atividades econômicas e desempenha um papel importantíssimo no sistema agropecuário da região. Entretanto, um dos maiores entraves tecnológicos para o êxito desta atividade é a produção de forragens para os rebanhos, que apresenta como fator determinante a deficiência hídrica que associada às altas temperaturas e forte evapotranspiração causam baixa produtividade das pastagens e, consequentemente, baixo ganho de peso do rebanho. A palma forrageira, em regiões do semiárido, é a base da alimentação dos ruminantes, pois é uma cultura adaptada às condições edafoclimáticas e além de apresentar altas produções de matéria seca por unidades de área. É uma excelente fonte de energia, rica em carboidratos não fibrosos, 61,79% (WANDERLEY et al., 2012) e nutrientes digestíveis totais, 62% (MELO et al., 2003). Porém a palma apresenta baixos teores de fibra em detergente neutro, em torno de 26% (FDN), necessitando sua associação a uma fonte de fibra que apresente alta efetividade (MATTOS et al., 2000). A produtividade da palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill), em cultivo adensada após dois anos do plantio, pode chegar a 220 t/ha de biomassa verde (OLIVEIRA et al., 2011). Estudando essa mesma espécie, Valadares Filho et al. (2006) encontraram valores de 5,02% para proteína bruta, 10,21% para material mineral e 55,63% de carboidratos não fibrosos, apresentando digestibilidade in vitro da matéria seca de 75%, citado por Andrade et al. (2002). Além disso, essa palma forrageira garante o suprimento de alimento extremamente importante para a manutenção dos rebanhos, evitando frustrações na atividade pecuária, nos períodos de seca. A palma não pode ser fornecida aos animais exclusivamente, pois apresenta limitações quanto ao valor proteico e de fibra, não conseguindo assim atender as


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necessidades nutricionais do rebanho. Então, torna-se necessário o uso de alimentos volumosos e fontes proteicas. Animais alimentados com quantidades elevadas de palma, comumente, apresentam distúrbios digestivos (diarreia), o que, provavelmente, está associado à baixa quantidade de fibra dessa forrageira (ALBUQUERQUE et al., 2002). Daí a importância de complementá-la com volumosos ricos em fibra, a exemplo de silagens, fenos, capins secos etc, e também com fontes proteicas (farelo de soja, caroço de algodão, etc). O fato da palma forrageira possuir baixo conteúdo de matéria seca, quando comparada à maioria das forrageiras, compromete o atendimento das necessidades de matéria seca dos animais que recebem exclusivamente palma e, provavelmente, a elevada umidade limita o consumo pelo controle físico, por meio do enchimento do rúmen.

Teor de água e ingestão pelos animais A elevada umidade observada na palma forrageira, independente da cultivar, é uma característica importante, tratando-se de região semiárida, pois atende grande parte da necessidade de água dos animais, principalmente no período seco do ano. O alto teor de umidade da palma forrageira provoca, geralmente, uma redução na ingestão de água, por suprir parte da necessidade total de líquido dos animais, o que é de suma importância para região onde essa forrageira é explorada. Ocorre uma redução no consumo de água (via bebida) e um aumento de consumo de água (via dieta) com o incremento de palma forrageira na dieta de bovinos, ovinos e caprinos (Figura 110).

Figura 110. Elevado teor de água na palma forrageira e sua ingestão pelo animal. Foto: Maria do Socorro Mercês A. Aguiar.


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A privação de água limita o consumo de matéria seca, tornando-se uma das grandes limitações à produção animal. Isso ocorre porque a água é necessária à digestão dos alimentos, absorção, eliminação de frações indigeríveis e produtos residuais. Os requerimentos de água pelo animal são influenciados por fatores como temperatura ambiente, teor de proteína, matéria seca, ingestão de sal, espécie animal e estado produtivo. Animais alimentados com palma forrageira apresentam aumento no volume urinário. Fato atribuído a eleva da ingestão de água por meio da palma forrageira, muitas vezes acima do requerido pelo animal, caso a palma forrageira esteja em alta proporção na dieta. A diurese abundante (perda de água pela urina) não está relacionada exclusivamente como o aumento da ingestão de água, mas também outras substâncias orgânicas e minerais podem apresentar efeitos diuréticos com o potássio (K) e magnésio (Mg).

Período de armazenamento O tempo de armazenamento da palma após a colheita é muito importante, já que a maioria dos criadores colhe, processa e fornece a palma diariamente, ocasionando um aumento dos custos de produção. Dados de pesquisa demonstram que a palma poderá ser colhida e armazenada em locais sombreados por até 16 dias sem alterar o consumo de matéria seca, ganho de peso e a produção de leite (NEVES et al., 2010). No caso de armazenamento, colocar a palma para secar ao sol, por 60 horas, podendo em seguida ser utilizada ou guardada por um período de até oito meses (SILVA et al., 2009; Figura 111). Assim, as maiores quantidades de material poderão ser colhidas, independentemente de sua utilização imediata, diminuindo atividades de corte e transporte, e consequentemente, reduzindo custos (NEVES et al., 2010).


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Figura 111 . Armazenamento da palma em local apropriado (sombreado). Foto: Maria do Socorro Mercês A. Aguiar.

Segundo Santos et al. (1998b), a palma pode ser colhida em grandes quantidades a fim de reduzir custos de mão de obra e transporte, pois ao estudarem períodos de armazenamento de 0 (zero), 8 e 16 dias do material colhido não observaram diferenças nos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN) e na produção do leite das vacas.

Processamento da palma A forma como a palma é processada e fornecida aos animais, merece atenção, pois após passada em máquina forrageira apropriada (Figura 112), a palma expõe sua mucilagem, proporcionando uma aderência aos outros alimentos que compõem a dieta, consequentemente, facilitando o consumo, reduzindo a seletividade, inclusive de alimentos pouco palatáveis, como exemplo a cama de frango.


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Figura 112. Palma processada na máquina forrageira (triturada). Foto: Maria do Socorro Mercês A. Aguiar. Ingestão da matéria seca A palma é um alimento de excelente palatabilidade e a quantidade que um bovino chega a consumir é bastante elevada. Um novilho chega a ingerir 45 kg/dia de palma in natura e uma vaca leiteira adulta consome de 90 a 104 kg/dia. Os bovinos, caprinos e ovinos têm maior aceitabilidade da palma quando comparada a outros alimentos (Figura 113).

Figura 112. Ingestão da matéria seca (palma) como ingrediente da ração (mistura completa). Foto: Maria do Socorro Mercês A. Aguiar.


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Nas espécies caprina e ovina, Cavalcanti et al. (2008) avaliaram o seu comportamento ingestivo com dietas que continham palma Gigante e Orelha-de-elefante na sua formulação, obtendo-se comportamentos ingestivos semelhantes entre as espécies. Entretanto, a palma Orelha-de-elefante proporcionou a redução no consumo de matéria seca por caprinos e ovinos que, segundo os autores, pode ter sido proporcionado pela quantidade de espinhos da variedade. O farelo de palma mostrou grande potencial para uso como fonte alternativa de energia para ruminantes; todavia, sugere-se que a substituição do milho pelo farelo de palma seja mais estudada (VERAS et al. 2002).

Formas de fornecimento Apesar da necessidade de associação da palma forrageira com fontes de fibra efetiva, na prática, a forma mais comum de fornecimento para bovinos leiteiros é picada no cocho, sem a mistura de qualquer outro alimento, e o concentrado, quando utilizado, é oferecido no momento da ordenha. No entanto, a melhor maneira de fornecimento deve ser na forma de mistura completa, onde as fontes de fibra (silagens, fenos, etc), concentrados e a palma serão oferecidos juntos, proporcionando consumo adequado de nutrientes, sem comprometer o desempenho e a composição do leite. Outros pontos a serem considerados se referem à forma como é picada (máquina forrageira ou com facas). O ideal é que a mesma seja passada na máquina forrageira, pois ocorre a exposição da mucilagem e os ingredientes da dieta ficam mais aderidos, diminuindo a seletividade e aumentando o consumo (FERREIRA, 2005; Figuras 114, 115 e 116).


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Figura 114. Comedouro de pneu com palma para alimentação animal. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos (2002).

Figura 115. Máquina forrageira usada na trituração das plantas forrageiras, acionada à tomada de força do trator da comunidade de Lagoa de Juá. São Francisco de Assis do Piauí, 2009. Foto: Vicente de Paula Queiroga.


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Figura 116. Forma picada da palma forrageira com facas para alimentar os animais ruminantes.

Com o fornecimento dos alimentos em separado, nem sempre é possível a obtenção de estimativa da ingestão real dos mesmos, principalmente quando mais de um volumoso é consumido. Isso decorre da preferência por determinados alimentos, o que torna difícil o cálculo do consumo médio individual e a caracterização da dieta ingerida pelo animal. Alimentos pobres em fibra, como é o caso da palma forrageira, quando fornecidos em separado e em grandes quantidades, podem causar uma série de distúrbios ruminais. O uso de ração completa ou TMR (total mixed ration) tem se tornado comum, como meio de regular a composição da dieta, que, teoricamente, deve conter todos os nutrientes de forma balanceada. O fornecimento da ração completa possibilita a alimentação de grande número de animais com dieta homogênea. De maneira oposta, em alguns sistemas de alimentação, como exemplo o concentrado, alimento rico em carboidrato não fibroso, é fornecido separadamente, em uma ou mais porções durante o dia, o que pode acarretar mudanças bruscas no ambiente ruminal ocasionando o aparecimento de distúrbios digestivos, especialmente a acidose e laminite. Uma dieta com a composição de: 39% de palma forrageira, 31% de silagem de sorgo e 30% de concentrado, sendo este último composto de 58,33% de farelo de soja, 32,6 7% de farelo de trigo, 4% de ureia, 1,67% de sal mineral e 5% de minerais, fornecida


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a vacas da raça Holandesa em lactação propiciou um melhor desempenho dos animais e também que os mesmos não selecionaram os ingredientes. O ideal é oferecer a mistura completa em duas refeições de manhã e tarde, de preferência nos mesmos horários (Figura 117).

Figura 117. Fornecimento da ração palma em mistura completa (fibra: silagens, fenos; e concentrados: composto de farelo de soja, farelo de trigo, ureia, sal mineral e minerais). Foto: Maria do Socorro Mercês A. Aguiar. No estudo com vacas holandesas em lactação, Sosa et al. (2005) concluíram que o fornecimento de palma e a silagem de sorgo misturados promovem maior tempo de ruminação e mastigação. Quando a palma e o concentrado foram fornecidos em mistura, promoveram um menor consumo de fibra, com consequente diminuição do tempo de ruminação e mastigação, e consequentemente maior eficiência de ruminação. A palma forrageira constitui uma alternativa alimentar para vacas leiteiras, sempre que a mesma não seja fornecida como única fonte de volumoso, mas sim associada a outros ingredientes fibrosos, propiciando adequada relação de fibra na ração. A associação da palma com alimentos fibrosos e proteicos pode ser recomendada, dependendo da disponibilidade de um ou outro alimento na propriedade.

Utilização da palma e desempenho animal A palma é um alimento rico nos nutrientes água, carboidratos, principalmente carboidratos não-fibrosos, e matéria mineral, no entanto, apresenta baixos teores de fibra quando comparada com alimentos volumosos, além de apresentar alta digestibilidade da matéria seca. Aspectos estes deverão ser levados em consideração quando da sua utilização na alimentação dos animais, pois esses nutrientes poderão interferir no trato


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digestivo, através da taxa de passagem, digestibilidade, fermentação, produtos finais, absorção e consequentemente no desempenho e saúde animal. A palma quando utilizada como volumoso exclusivo provoca distúrbios metabólicos, tais como, diarreia não patológica (fezes moles), baixa ruminação além de variação negativa do peso vivo dos animais. Quando associada a uma fonte de fibra efetiva, considerando a relação carboidratos fibrosos/carboidratos não fibrosos, tem-se obtido bons resultados. Portanto, a palma forrageira deve ser utilizada como um ingrediente da ração animal, a qual deverá ser balanceada junto com outros ingredientes para atender à necessidade dos animais. A porcentagem de palma na ração irá depender da fonte de fibra utilizada. A quantidade de palma será maior em dietas composta com bagaço de cana, devido à alta concentração de fibra e baixa de energia, do que em rações compostas com silagens ou gramíneas de boa qualidade. Pode-se verificar que a palma forrageira quando utilizada como ingrediente da dieta, associada com fontes de fibra efetiva (forragem ou não forragem) e atendida todas as exigências nutricionais e recomendações quanto ao balanceamento dos carboidratos é possível obter de média a alta produção, sem comprometer a saúde animal. A palma deverá ser fornecida aos animais como um ingrediente da ração, na qual fornece nutrientes e que estes nutrientes deverão ser balanceados para atender as exigências dos animais, sem esquecer a necessidade dos microrganismos por nutrientes e principalmente o ambiente adequado para sua multiplicação. Estudos comprovam que a palma utilizada na alimentação de diferentes categorias de bovinos, caprinos e ovinos resultaram em ganhos em peso que variaram de 580 a 1200 g/dia. A utilização da palma forrageira com restos da cultura do sorgo na alimentação de ovinos e caprinos na proporção de 40% de palma e 60% de restos, apresentaram resultados positivos na época da seca. Ovinos Santa Inês alimentados com palma forrageira e níveis crescente de ureia observaram ganho médio em peso de 128,4 g/dia, enquanto que alimentados exclusivamente com palma, houve perda de peso de 21,7 kg para 17,3 kg. Novilhas mestiças 3/4 holandês-zebu alimentadas com 60% da palma na dieta com silagem de sorgo e concentrado, apresentaram ganho médio de peso 700 g/dia, valor considerado bom, já que houve grande inclusão da palma.


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Cortadeira manual de palma forrageira A palma forrageira, em virtude de sua ampla aptidão às condições climáticas das regiões do Cariri e Curimataú da Paraíba, constitui-se na principal fonte de alimentos para ruminantes no semiárido nordestino. A parte forrageira desta essência é constituída por cladódios (raquetes) de grandes dimensões, as quais para que se tornem adequadas ao consumo animal necessitam passar por um processo manual de fatiamento, processo tal, que tem provocado acidentes graves, muitos deles irreparáveis, nos operários que lidam diretamente com essa atividade, haja vista a utilização de equipamentos inadequados tais como facas e facões. Com o objetivo de reduzir os riscos de acidentes, aumentar a rentabilidade operacional e otimizar o produto para os ruminantes em geral, foi desenvolvido pela Empaer-PB um equipamento para o fatiamento das raquetes (Figura 118), de excelente desempenho funcional e baixo custo de fabricação. A validação, multiplicação e difusão do invento tiveram o apoio da Empaer-PB em parceria com a Embrapa-Algodão e a UFPB.

Figura 118. Máquina fatiadeira de palma em plena ação. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2007).


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Utilização da palma na presença da levedura Saccharomyces cerevisiae por meio da fermentação em estado semissólido A utilização de microrganismos por fermentação em meio semissólido no enriquecimento proteico de vegetais como a palma forrageira e outras forragens, buscando-se tecnologia adaptada às condições rurais, está se tornando atrativo, com chances reais de chegar a um processo economicamente viável, principalmente por propiciar aumentos dos índices de produtividade dos rebanhos, através da aplicação do processo de bioconversão da palma forrageira, obtendo um produto de alto valor agregado. Dentre os produtos que podem substituir os suplementos concentrados industrializados, destacam-se os fermentos à base de microrganismos (algas, fungos filamentosos e leveduras), considerados uma fonte unicelular de elevado teor proteico, além de possuírem um rápido crescimento e possibilidade de cultivo em diversos substratos. A eficiência da conversão proteica por leveduras depende de fatores como temperatura, suprimento de oxigênio e disponibilidade de nutrientes. O tempo médio para dobrar o teor proteico é de apenas 5 horas de fermentação (Figura 119). Realizar o cultivo em biorreatores (Figura 120) sem aeração forçada e colocá-los em área coberta para evitar a penetração dos raios solares, chuvas e predadores. O substrato, depois de inoculado, permanecerá nos biorreatores por um período de 12 horas de fermentação (revolvido duas vezes a cada 6 horas) e posteriormente será oferecido aos animais.


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Figura 119. Fermentação em meio semissólido de cladódios triturados com a máquina forrageira. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2007).

Figura 120. Fermentação da palma nos biorreatores em meio semissólido. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2007).

A utilização das dietas contendo 20% da palma forrageira com 2% de inoculação, da levedura, na terminação de cordeiros, proporcionou os melhores resultados de ganho de peso diário (0,494 kg/animal), conversão alimentar (2,5) e consumo diário de matéria seca (1,2 kg/animal), cujos ganhos foram obtidos no período de 14 dias de confinamento.


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A palma forrageira enriquecida com a levedura resulta em um bioproduto de alto valor agregado para ser utilizado na alimentação de cordeiros em terminação.

Considerações finais A crescente demanda por estratégias alimentares na produção animal, especialmente, caprinos, ovinos e bovinos no Semiárido nordestino mantem estreita relação com o cultivo de palma forrageira. A cultura detém importante relevância na manutenção dos rebanhos, principalmente, nos períodos de estiagem. Contudo, muitos pecuaristas ainda não desenvolvem o seu cultivo satisfatoriamente, deixando de executar tratos culturais simples, como capinas e adubações, o que contribui para índices de produtividade abaixo do potencial da cultura. Aspectos como fornecimento na forma de dieta completa e a associação com volumosos e fontes de nitrogênio, constituem premissas máximas quando do uso da palma forrageira. Além disso, o cultivo adensado e irrigado, também, vem sendo estudado. Estas iniciativas poderão contribuir, ainda mais, para melhoria na produtividade da cultura e, consequentemente, crescimento na sua área cultivada.

2. BROTO DE PALMA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA (VERDURA)

No México, a exploração da palma forrageira é bastante diversificada. Utiliza-se todo o potencial produtivo da planta, a exemplo de produção de frutas, de brotos jovens sob a forma de verdura para alimentar a população, forragens para os animais, cercas vivas para proteção dos solos, na medicina entre outros usos e aplicações (FLORES VALDEZ, 2001). O uso de brotos ou verdura da palma, basicamente, é restrito ao México e outros países com influência mexicana (FLORES VALDEZ, 2001), onde existem mais de 200 receitas de comidas à base de palma forrageira (GUEDES et al., 2004; Figura 121). Nos EUA e alguns países europeus e asiáticos, a verdura participa de receitas culinárias, consumidas esporadicamente como alimento exótico.


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Figura

121.

Salada

de

verdura

a

base

de

brotos

de

palma.

Foto:

www.deharinaydemaiz.com

No Brasil, especificamente em alguns municípios do Sertão e da Chapada Diamantina, o broto de palma entra na dieta alimentar da população, sendo empacotado e comercializado nas feiras livres (GUEDES, 2002). O reconhecimento do valor nutricional dessa planta tem motivado, nos últimos anos, o desenvolvimento de trabalhos pela Universidade Federal de Pernambuco, em parceria com o Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa (SEBRAE) e outros colaboradores, objetivando introduzir a verdura de palma na dieta alimentar do nordestino. A propósito, várias receitas de pratos com sabores regionais vêm sendo desenvolvidas por Guedes (2002 e 2004). O cultivo de palma forrageira para produção de verdura é desenvolvido em três sistemas de produção: palmais nativos selvagens, hortas familiares e plantios comerciais (SODI, 1964). As raquetes ou brotos de palma, devem ser colhidos 30 a 60 dias após a brotação, com 80 a 120 g e 15 a 20 cm de comprimento, a fim de que possam ser utilizados como verdura na alimentação humana (FLORES VALDEZ, 2001; Figura 122). Guedes et al. (2004) fornecem equivalência do peso do cladódio em relação ao tamanho: pequeno = 40-60 g; médio = 90-110 g e grande = 150-200 g. Para estes autores, o cladódio ideal para uso em preparações culinárias deve apresentar as seguintes características: tamanho da palma da mão de uma pessoa adulta, cor verde brilhante, sem espinhos e facilmente quebrável quando dobrada.


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Figura 122. Corte de brotos de palma. Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2007).

Iniciativas como essas devem assumir caráter prioritário, desempenhando papel fundamental nos programas sociais, na expectativa de reduzir a fome e minimizar as deficiências nutricionais da população. As cultivares de palma utilizadas para produção de verdura ou broto variam em função da região de cultivo. São usadas, desde variedades selvagens a melhoradas ou domesticadas, em plantios comerciais. Nestes, predominam ‘Milpa Alta’, ‘Copena V1’, ‘Copena F1’, ‘Moradilla Atixco’ e ‘Polotitan’ (FLORES VALDEZ, 2001). Segundo este autor, a produtividade do cultivar Milpa Alpa é da ordem de 80 a 90 t/ha, comercializado em fardos de 250 a 300 kg, com preços variando entre US$ 8 a 24, dependo da época do ano (Figura 123).


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Figura 123. Tradicionais fardos cilíndricos contendo ≤ 300 kg ou ≤ 4.500 cladódios (brotos). Foto: Candelario Mondragon Jacoboa e Santiago de Jesus Mendez Gallegos.

3. PRODUÇÃO DE FRUTOS Além de preparações culinárias com os brotos da palma ou raquetes jovens (cladódios), denominados de verdura, os frutos também são usados na alimentação humana, ao natural ou processados. Cada espécie do gênero Opuntia produz frutos de diferentes formas, cores e sabor delicado (CANTWELL, 2001). A Figura 124 exibe um palmal produtivo e a Figura 125, frutos característicos do gênero Opuntia, respectivamente. Os dados da composição da polpa da palma, em relação a do mamão, estão contidos na Tabela 11.


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Figura 124. Palmal com alta produção de frutos. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2007).

Figura 125. Frutos da palma. Foto: Paolo Inglese, Giorgia Liguori e Erick de la Barrera.


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Tabela 11. Comparação da composição da polpa do fruto da palma com a do mamão. Componente Água (%) Carboidratos Totais (%) Fibras cruas (%) Lipídios (%) Proteínas (%) Cinzas (%) Cálcio (mg/100g) Vitamina C (mg/100g) Vitamina A (UI) Fonte: Suassuna (2004).

Fruto da palma 85,0 11,0 1,8 0,1 0,5 1,6 60,0 30,0 50,0

Mamão 88,7 10,0 0,8 0,1 0,6 0,6 20,0 50,0 1100,0

Para a produção de frutas, a densidade de plantio varia de acordo com o terreno e a tecnologia aplicada. Geralmente a palma é semeada no espaçamento entre fileiras de 3,0 m e 1,0 m entre plantas, perfazendo uma população estimada de 3.333 plantas por hectare. Enquanto o plantio em fila dupla é feito em leirões de 1,20 m de largura com espaçamento entre leirões de 3,0 m sucessivamente e a distância entre plantas de 0,50 m, perfazendo uma população de 9.047 plantas (Figura 126).


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Figura 126. Plantação comercial de Opuntia tuna (cultivar sem espinho), para a produção de frutas. Fotos: Julio E. Amaya Robles (2009) e Emparn.


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Por outro lado, na maior parte dos sistemas produtivos onde se cultiva a palma forrageira (Opuntia spp.) no se realiza nenhum tipo de poda na planta; dessa maneira irá dificultar a colheita, pois a planta é muito grande e produz frutos longe do alcance do pessoal que colhe (Figuras 127 e 128). A prática sugerida é regular naturalmente o estádio vegetativo da planta, pois melhora a capacidade reprodutiva e reduz o tamanho das plantas, o que facilita a colheita e os tratos culturais, como o controle de ervas daninhas e pragas.

Figura 127. Esquema mostrando a distância entre a altura da planta e a equipe de poda. Foto: Julio E. Amaya Robles (2009).

Figura 128. Aspecto de uma palma forrageira desenvolvida sem poda de estruturação.


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A poda abre a estrutura da planta e permite uma melhor captação de luz, o que se traduz em maior incidência de radiação nos cladódios e, consequentemente, melhora na produção. Para realizar a poda, duas etapas devem ser atendidas: a) no primeiro ano, todas as raquetes que crescem para baixo, horizontalmente e a partir da base, são eliminadas; b) em anos posteriores, todos os cladódios que crescem para dentro devem ser adicionados à poda anterior. Como regra geral, recomenda-se deixar duas raquetes primárias por cada matriz (Figura 129).

Figura 129. Desenvolvimento do cultivo da Opuntia tuna. Foto: Julio E. Amaya Robles (2009).

É importante realizar a poda na lavoura com a finalidade de dar uma boa forma à planta e para facilitar seu manejo. São recomendados quatro tipos de poda, a saber:

Poda de produção: As podas devem ser feitas quando brotam um número excessivo de raquetes, sendo aconselhável eliminar alguns delas, para manter a planta em equilíbrio. Também é costume realizar o chamado desbaste de frutas, uma prática que consiste em eliminar precocemente os frutos menores ou quando a frutificação é excessiva, podendo deixar sete frutos em média por cladódio ou raquete, o que proporciona frutos maiores, melhor qualidade e maior preço no mercado (Figura 130).


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Figura 130. Desbaste de frutas, uma prática que consiste em eliminar precocemente os frutos menores, quando a frutificação é excessiva.

Poda de formação: A poda da formação é a mais conveniente, pois facilita o trabalho cultural e a colheita dos frutos. De preferência, os cladódios são dispostos em um plano, para o qual se aplica a poda na planta, eliminando os cladódios que saem do plano de distribuição escolhido. A seleção dos cladódios deve ser feita após o rebrote, ou seja, numa planta bastante jovem, para evitar o seu enfraquecimento. É importante eliminar as raquetes que crescem para baixo ou para o centro da planta em condições de sombra, porque estas raquetes geralmente não produzem frutos devido à sombra.

Poda de sanidade: Consiste na eliminação de raquetes em mau estado, isto é, com malformações e aquelas danificadas por pragas e doenças.

Poda de rejuvenescimento: Realizado em plantações com idades de 10 a 15 anos, devendo cortar as plantas antigas e deixando apenas os 40 a 45 centímetros do caule (raquete matriz). Outra alternativa é substituir a antiga plantação por novo material vegetativo.


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Poda de estimulação de brotos: Em alguns países é realizado em plantações, onde o produtor deixa a planta se encher de brotos ou "brotos tenros" e no momento em que os preços de mercado são favoráveis, ele corta todas as raquetes deixando apenas aquelas em que se espera obter brotos, após 20 dias, obtendo um grande número de brotos (8 a 15 nopalitos por raquete; Figura 131).

Figura 131. Poda de rejuvenescimento e estimulação de brotos. Julio E. Amaya Robles (2009).

O ciclo de desenvolvimento dos frutos da Opuntia sp. desde o início do florescimento na planta até a completa maturação do fruto, e o ponto máximo de desenvolvimento e a maturidade fisiológica dos frutos é obtido 80 dias após a antese. Para obter um produto com valor é necessário considerar os requisitos de qualidade que são exigidos nos mercados. No mercado internacional, a qualidade da fruta de Opuntia tuna destinada ao consumo como fruta fresca é determinada pelo tamanho, cor da casca, proporção de sementes, polpa, casca (pele) e teor de açúcares. Na Figura 132, é mostrada a descrição relacionada às mudanças de cor com os diferentes estágios de maturidade da Opuntia ficus-indica, que atualmente são oferecidas no mercado.


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Figura 132. Especificações para a cor do fruto de Opuntia tuna: Cor 0: Fruto de cor verde, totalmente desenvolvido, com algumas depressões entre as aréolas; Cor 1: A cor verde torna-se menos intensa, há ligeiros tons amarelos e as depressões desaparecem entre as aréolas; Cor 2: A cor amarela torna-se mais intensa entre as aréolas e estas se tornam lenhosas; Cor 3: Amarelo ocupa uma área maior, a cor verde quase desapareceu; Cor 4: Algumas tonalidades verdes permanecem na área perto do pedúnculo e colorações avermelhadas aparecem do centro para o ápice da fruta; Cor 5: A fruta tem uma cor amarela avermelhada; Cor 6: A fruta é completamente vermelha. Foto: Julio E. Amaya Robles (2009). O fruto para consumo humano é utilizado na fase em que toma a sua cor 3, embora em alguns casos, a cor 2 seja utilizada para fins de exportação, sendo as fases de cor 4 ou cor 5 utilizadas principalmente para consumo local e também na indústria como meio de cultivo, porque quanto maior o estado de maturação da fruta, mais açúcar está presente nela, o que favorece o meio de cultura microbiana. O fruto mais adequado para o mercado internacional é o amarelo-laranja. As cultivares verde claro ou branco, assim como a rosalaranja, são relevantes apenas nos mercados locais e apresentam maiores problemas de manuseio e armazenamento. Outro parâmetro utilizado de qualidade do fruto é o seu tamanho. O tamanho de fruto para exportação deve pesar como mínimo 120 g. e se classificam em: a) Frutos extra grandes : mais de 160 gr.; b) Frutos de primeira classe: 120-160 gr.; Frutos de segunda classe: 80-100 gr.; e Frutos de terceira classe: menos de 80 gr. Vale lembrar que o cultivo da palma quando é destinado à produção de frutas, os parâmetros utilizados para definir a época de colheita são relacionados às características fenotípicas da fruta, sendo a cor da casca uma delas (FAO, 2001).


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No ano de 2006, um cultivo de palma frutífera da variedade “X Italiana” (Figura 133) foi implantado na propriedade do Dr. Antônio Vilar no Município de Taperoá, PB. As plantas vêm apresentando bom aspecto vegetativo e uma razoável produção de frutos, característicos da variedade e denominados comercialmente de figo-da-índia.

Figura 133. Aspecto vegetativo do pomar de palma frutífera X Italiana em Taperoá, PB. Foto: Djalma Cordeiro dos Santos et al. (2007). Dentro da composição química do fruto de Opuntia tuna, deve ser mencionado inicialmente que o alto teor de água é da ordem de 90 a 92,5%. Entre os minerais que contém, os principais são cálcio e potássio, além de sílica, sódio e pequenas quantidades de ferro, alumínio e magnésio, entre outros (Opuntia tuna é considerado uma boa fonte de cálcio, já que em 100 g existem cerca de 80 miligramas desse mineral). Opuntia tuna também contém em várias proporções, diferentes carboidratos e compostos nitrogenados. O nopal (ou fruto) é rico em fibras, vitaminas (A, B, B2, C e K), riboflavina, vitamina B6, clorofila e proteínas. Em relação ao valor nutricional dos cladódios, pode-se dizer que em 1 xícara de cladódios brutos (aproximadamente 86 g) existem 2,9 g de carboidratos e 1,1 g de proteína e apenas 17 kcal.


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Atualmente, uma área de 1,5 ha vem sendo cultivada onde 70% da produção de frutas são exportadas e o restante comercializado no mercado interno, com faturamento em torno de US$ 8 mil/ano (GLASS, 2004). No palmal, são produzidos cerca de 100 mil frutos/ano, estimando-se uma produtividade em torno de 5,5 mil kg/ha, comercializados por volta de R$ 11,22/kg, em algumas redes de supermercados do Estado de São Paulo, Brasília, Salvador, Recife, João Pessoa e Campina Grande.

4. CRIAÇÃO DO GRANA FINA DE COCHONILHA (Dactylopius coccus COSTA). A origem de Dactylopius coccus sempre foi controversa, mas segundo um novo trabalho de pesquisa admite-se que o seu ambiente ecológico nativa, com todas as suas plantas hospedeiras e inimigos naturais, ocorre na América do Norte (GRIFFITH, 2004; PORTILLO, 2005; NOVOA, 2006, PORTILLO; VIGUERAS, 2006). Portanto, o México é considerado seu centro de origem (HOFFMANN, 1983), mas, até hoje, ninguém foi capaz de determinar o lugar ou lugares exatos da América onde se originou o grana fina. Mesmo assim, apesar da falta de evidências concretas, sugeriu-se que foi entre os Mixtecos. A evolução do inseto é desconhecida. Existem duas teorias: 1) O grana fina se derivou de uma espécie selvagem superior, hoje desaparecida. 2) O grana fina é o resultado de um melhoramento de uma das espécies selvagens conhecidas, sendo suas diferenças atribuídas somente a um processo gradual e prolongado de domesticação (SANTIBÁÑEZ WOOLRICH, 1990). O comportamento da cochonilha em diferentes espécies de Opuntia sp. e Nopalea foi especialmente pesquisado no Peru e no México. As espécies Nopalea cochenillifera Salm Dyck apresentam uma resistência ao inseto. As O. ficus-indica Mill e O. jaliscana Bravo suportam a maior quantidade de cochonilha (PORTILLO; ZAMARRIPA, 1992). Em vários insetos, observa-se que a fêmea e o macho são morfologicamente diferentes, isto é conhecido como dimorfismo sexual. Montiel (1995) realizou um estudo sobre a morfologia e biologia de cochonilha, no qual destaca o dimorfismo sexual que apresenta este inseto, consequentemente as fêmeas são de metamorfose hemimetábola (incompleto), enquanto os machos são de metamorfose holometábola (completo). Portanto, os estados imaturos deste último devem ser chamados de larvas, em vez de ninfas como corresponde no caso das fêmeas. Os machos têm asas no seu instar adulto, são móveis e menores; enquanto que as fêmeas são sem asas, imóveis e maior (cerca de 6 mm), de forma oval. Em poucos minutos, o corpo, inclusive apêndices, se cobre de uma


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cera branca pulverulenta que sai facilmente ao soprar. Marin e Cisneros (1977) relataram que a fêmea passa pelos instares de ovo, ninfa e adulto, enquanto o macho apresenta os instares de ovo, ninfa, pupa e adulto (Figura 134). Ambos têm dois estados ninfais muito semelhantes antes do estado adulto.

Figura 134. Ciclo biológico do grana fina cochonilha (Dactylopius coccus Costa). A) ovo, B) vista dorsal e ventral da ninfa I migrante ou caminhante, C) ninfa I estabelecida no cladódio, D) primeira muda ou ninfa II, E) ninfa II, F) segunda muda ou muda a fêmea adulta, G) vista ventral e dorsal do inseto maduro fêmea, H) pupa do macho, I) vista dorsal e ventral do macho adulto. Foto: Portillo (1992).


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A fêmea, que é a usada para extrair o pigmento, tem uma forma oval, mede 6,24 mm de comprimento por 4,71 mm de largura, mas aumenta de tamanho quando está perto de ovipositar. A duração do ciclo biológico do ovo à fase adulta é variável, pois pode ser de 90 a 103 dias (MARÍN; CISNEROS, 1977) ou 128 dias (CONDEÑA, 1997), dependendo da variabilidade da temperatura e de outros fatores que podem ser estendidos em climas frios ou reduzidos em climas quentes. Por outro lado, o macho forma um casulo ou pupa e ao sair dele apresenta dois pares de asas e a cabeça, o tórax e o abdômen bem diferenciados, segmentos que não são visíveis a olho nu na fêmea. O macho mede 2,2 mm de largura por 4,8 mm de comprimento (MARÍN; CISNEROS, 1977). No México se emprega duas formas de criação de grano fina cochinilha. A primeira é realizada em uma planta estabelecida, usada por alguns agricultores em base familiar, e a segunda em cladódio (raquete) cortado e armazenado em coberturas como lona plástica e telas para proteger o inseto. Os principais fatores a serem considerados são a disponibilidade de insetos vivos, a viabilidade do transporte com as devidas precauções, a eficiência do método de infestação e a planta hospedeira adequada, mas sempre de acordo com o tempo, temperatura, presença de predadores, a disponibilidade do hospedeiro e outros fatores abióticos específicos para cada região. Recentemente, a maneira mais utilizada para produzir cochonilha é levá-la a estufas de 1.356 m2, com capacidade para 432 mil raquetes (ESCALANTE, 2010). Marin e Cisneros (1983) observaram que a produção de cochonilha é determinada, não pelo número total de cladódios na planta, mas sim pelo número de cladódios novos. Oitenta e nove por cento da infestação ocorre em cladódios com um ano de idade, 10% em cladódios de dois anos e menos de 1% em cladódios mais velhos. Essa idade influi no estabelecimento dos insetos caminhantes. Portanto, os cladódios com menos de cinco meses e com mais de três anos de idade não são adequados para a produção de cochonilha. Com a idade, a espessura da cutícula e a composição química do cladódio têm um efeito negativo sobre o estabelecimento da cochonilha. O ideal são cladódios com um ou dois anos de idade. É de conhecimento geral que a planta deve estar sã e vigorosa para produzir bons rendimentos de cochonilha. Foi observado que, quando os cladódios têm deficiências em seus sistemas de alimentação e de água (por exemplo, clorose e falta de turgescência), o desenvolvimento normal da cochonilha é prejudicado.


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O efeito do vigor do cladódio sobre o estabelecimento de ninfas I foi observado e medido. Os cladódios grossos, pesados e de cor verde escuro com boa saúde e alta turgescência mostraram alta resistência ao inseto. Os caminhantes tinham capacidade de penetrar nos cladódios finos, débeis e cloróticos, com pouca turgescência intracelular. Os de turgescência intermediária se mostraram suscetíveis e muitos caminhantes lá se estabeleceram. Pode-se concluir que as plantas não devem ser regadas dois meses antes da infestação da cochonilha, a fim de se garantir o estabelecimento otimizado dos insetos caminhantes.

Infestação: Os fatores climáticos têm um grande impacto sobre a infestação de cochonilha. O vento e a chuva podem separar facilmente os caminhantes e os primeiros instares do cladódio. Chuvas torrenciais e granizo também separam insetos em outros estágios e até adultos dos cladódios. A melhor época para infestação é depois das chuvas; na Bolívia essa época se caracteriza por pouco vento, temperaturas mínimas acima de 8 a 10ºC e poucas precipitações. Quando a época de chuva retorna, a cochonilha está no fim da segunda geração e já começando a terceira. No meio da cochonilha já estabelecida, que tende a formar colônias densas de insetos, há proteção suficiente para manter a população durante a época das chuvas. No caso de uma infestação ser danificada por chuva ou vento, recomenda-se "re-semear" no início da primavera, depois do frio do inverno; no caso da Bolívia, a semeadura é feita em abril-maio e em agosto. Para efetuar a infestação, corta-se um cladódio com uma cochonilha fêmea madura da planta mãe. A cochonilha madura se conhece pelos primeiros ovos vermelhos liberados, o que não deve ser confundido com o primeiro ovo infértil ou excremento que fica na parte final do inseto por mais de um mês. O cladódio cortado pode ser dividido em pedaços pequenos quando estiver bem povoado de cochonilha. O cladódio ou suas partes são colocados em cladódios baixos internos da planta a ser infestada e, em seguida amarradas com um cordão (Figura 135). A cochonilha começa a pôr ovos e os caminhantes se deslocam para a planta nova (FLORES-FLORES; TEKELENBURG, 1995).


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Figura 135. Um cladódio infestado de cochonilha. Fonte : FBE, 1992.

A cochonilha retirada de sua fonte de alimentação pode liberar ovos durante até 15 dias, desde que esteja na sombra. O transporte da cochonilha madura é difícil e deve ser feito com cuidado em caixas especiais de papelão com compartimentos separados em que são colocadas camadas finas do inseto. O tempo entre a coleta da cochonilha fresca e a infestação deve ser minimizado, não devendo ultrapassar três dias. Outro método de infestação mais prático e econômico é o uso de sacos de filó ou outro material disponível, como papel, gaze ou tecido. As cochonilhas maduras são colocadas num recipiente e divididas em sacos pequenos, feito dos materiais já mencionados. A forma e tamanho dos sacos variam de acordo com a região; normalmente têm 10 cm x 10 cm, dobrados no meio (Figura 136). Dependendo da quantidade de cochonilhas maduras, da densidade de infestação desejada e do tamanho da planta, colocam-se de 1 a 5 cochonilhas frescas por saco. No Peru os sacos são preparados com cinco a dez fêmeas maduras. A quantidade de sacos por planta também pode variar de três a sete. Uma média de 20 g de cochonilha fresca por planta é suficiente para garantir um bom nível de infestação (FLORES-FLORES; TEKELENBURG, 1995).


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Figura 136. Infestação de cochonilha com saco de filó.

Um exemplo prático de produção de cochonilas em ambiente fechado: Um pequeno inseto vive na palma forrageira e tem bebês (ou caminhantes) que criam uma cobertura difusa para proteção enquanto crescem e se tornam em adultos maduros. Depois de se acasalarem, os machos voam para longe e acabam morrendo, a mãe é incubada em pequenos tubos trançados de palha (Figura 137). Os bebês engatinham e se espalham na palma, enquanto as mães morrem e se transformam em corante (ácido carmenico) depois de estarem secas. Muitos milhares de insetos secos de cochonilha compõem um quilo de corante.


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Figura 137. Cultivo de cochonilha dentro de ripado e suspenso em quadrados de madeira com solo.


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Colheita: As formas de realizar a colheita da cochonilha são muito diversas, mas as bases são as mesmas, isso significa separá-la da planta hospedeira, diretamente da planta (Figura 138) ou de raquetes separadas da planta. Em qualquer caso, a ideia não é para esmagar o inseto com os instrumentos colhedores (colheres, escovas, raspadores, etc.), o qual está em função das formas de realizar a criação do inseto e das características fenotípicas das plantas hospedeiras.

Figura 138. Colheita da cochonilha. Fonte: FBE, 1992. A cochonilha a ser colhida deve estar madura e ser poedeira de ovos. As cochonilhas pequenas têm um percentual baixo de ácido carmínico (A.C.), entre 13 e 16% (peso seco) (Figura 139). Na colheita são utilizados vários materiais. O Peru é conhecido pelas inovações na colheita. Durante a separação da cochonilha, deve-se ter cuidado, já que a larva que está cheia de líquido vermelho pode se abrir com facilidade durante o manejo. A colheita de colônias é feita com pincéis pequenos de pelos ou de raízes de plantas nativas, utilizando-se, também, pequenos paus para a colheita individual (FLORES-FLORES; TEKELENBURG, 1995).


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Figura 139. Cochonilhas maduras com baixa (A) e alta (B) concentrações de ácido carmínico. Foto: MOLERO; HERRERA (2013).

Pós-colheita: Para o manuseio pós-colheita que significa a maneira de matar e secar o inseto depois de ser liberado do hospedeiro e que são usadas em quatro etapas: seleção, sacrifício, secagem ou desidratação e classificação final. A primeira etapa de seleção da cochonilha fresca é feita imediatamente depois da colheita, a qual consiste em separá-la a madura da não madura. Quando se deseja alta qualidade, essa seleção é essencial. A segunda etapa de matar a cochonilha é uma prática comum, e sua finalidade é evitar que as fêmeas maduras poedeiras liberem ovos. O método tradicional adotado no Peru consiste em espalhar a cochonilha sobre lonas de plástico ou badejas de metal e expô-las ao sol por 5 a 6 horas diárias durante 7 dias no mínimo. A cochonilha deve ser revolvida com frequência para evitar que o inseto se amontoe ou se junte. A principal desvantagem desse método é a baixa qualidade, resultante do baixo teor de ácido carmínico. A diferença qualitativa entre cochonilha pós-poedeira e cochonilha morta (expressa em termos de percentual de ácido carmínico) é de 6% a favor da pós-poedeira (mínimo de 20% e máximo de 26%). Os agricultores praticam a matança dos insetos, não por razões de qualidade, mas devido ao maior peso final que se obtém. A prática aplicada nas grandes empresas do Peru é matar o inseto com hexano. Apesar de ser considerada uma prática eficaz por não deixa resíduos, mas o hexano não é fácil de se obter no mercado (FLORESFLORES; TEKELENBURG, 1995). A produção com manejo intensivo só existe em empresas privadas, onde é necessário aumentar a densidade da plantação, chegando a 8.000 - 20.000 plantas por hectare (ao contrário das operações de agricultores pequenos, com 1.600 plantas/ha). Essa densidade produz rendimentos médios de 150 a 300 kg de cochonilha seca por hectare e


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ano. Foram feitos estudos sobre manejo técnico intensivo, que consideram: inicialmente uma "semeadura" artificial, uma infestação natural e, em seguida, uma colheita total depois de oito meses. Depois disso, o processo se inicia novamente com outra "semeadura" artificial nos cladódios. As vantagens são: controle sobre o nível de infestação e produção e uma população homogênea. Com esse tipo de manejo é muito difícil que a cochonilha danifique a planta e se consegue uma produção sustentável (FLORES-FLORES; TEKELENBURG, 1995). Depois de morta, a terceira etapa consiste na secagem da cochonilha até uma umidade entre 7 e 10%. Normalmente a secagem é feita sobre lonas e na sombra, sendo o fluxo de ar importante para evitar a putrefação. Sob temperaturas altas a secagem é mais rápida e não afeta a qualidade; da mesma forma, os raios solares diretos não afetam a qualidade. Como mencionado anteriormente, um dos requisitos de qualidade é o percentual de ácido carmínico. Na quarta etapa, uma classificação é necessária em relação ao tamanho da cochonilha, que deve ser peneirada numa peneira com malha de 14 mesh (14 furos por polegada ou cerca de 200 furos por polegada quadrada). Vale destacar que é a cochonilha seca que deve ser submetida ao processo de peneiração. Uma vez seca e peneirada, a cochonilha fica limpa com sua qualidade elevada entre 80 a 85% (BUSTAMANTE-MURILLO, 1985; TEKELENBURG, 1994). Depois são feitos uma limpeza final e um controle, após o que a cochonilha é vendida em sacos de juta com 50 kg de peso líquido. Atualmente, os preços médios oscilam entre $19.00 y $40.00 dólares por kg. Além disso, a tendência é avaliar a qualidade da cochonilha quanto ao teor percentual de ácido carmínico. Portanto, ao comparar os insetos de diferentes estados do Peru, grupos semelhantes foram observados entre alguns estados, mas também uma diferença marcante quando comparados com os insetos de outros estados. De acordo com as características avaliadas por Molero e Herrera (2013), como cor, tamanho, forma, granulação fina ou grossa de insetos tanto inteiros como moídos, foram encontrados três grupos bem diferenciados. Cada um desses grupos coincide em pertencer a uma faixa de valores percentuais de concentração de ácido carmínico, devido ao qual se classificou em três qualidades: baixa, média e alta (Figuras 140 e 141).


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Figura 140. Três qualidades de Cochonilhas inteiras provenientes de distintos estados do Peru: Estados de Ayacuch (Baixa (Baja em espanhol) concentração de ácido carmínico 18,02%- 19,07%); de Ica (Mediana concentração de ácido carmínico – 20,65% - 20,75%); de Arequipa (Alta concentração de ácido carmínico – 21,55% - 22,61%). Foto: MOLERO; HERRERA (2013).

Figura 141. Três qualidades de Cochonilhas moídas provenientes de distintos estados do Peru: Estados de Ayacuch (Baixa [baja] concentração de ácido carmínico - 18,02%19,07%); de Ica (Mediana concentração de ácido carmínico – 20,65% - 20,75%); de Arequipa (Alta concentração de ácido carmínico – 21,55% - 22,61%). Foto: MOLERO; HERRERA (2013).


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5. ÓLEO DE SEMENTES Os frutos de Opuntia spp. contêm quantidades variáveis de sementes, mas geralmente estão presentes em uma alta proporção (10-15 g/100 g − 1). Na maioria dos processos da fruta da palma, as sementes são separadas da polpa, resultando em grandes quantidades de sementes descartadas que se tornam um problema de desperdício ambiental (Figura 142). Por esse motivo, nas últimas décadas, pesquisadores de diferentes países estudaram a composição de sementes e buscaram diferentes usos possíveis para as sementes. Sawaya et al. (1983) estudaram a composição de sementes e sua potencial utilização na alimentação animal. Eles constataram em 16,6% de proteína, 17,2% de óleo, 49,6% de fibra e 3,0% de cinzas. O conteúdo mineral é rico em sódio (67,6 mg 100 g − 1), potássio (163,0 mg 100 g − 1) e fósforo (152,0 mg 100 g − 1).

Figura 142. Separador da polpa de sementes. Foto: Carmen Saenz.

O óleo de semente da palma é comestível; poderia ser outro produto nutritivo e funcional de potencial interesse para a indústria alimentícia, mas talvez não para consumo direto. O óleo é usualmente extraído em pesquisas utilizando solvente orgânico (4,4−14,10%) (SAWAYA; KHAN, 1982; SEPÚLVEDA; SÁENZ, 1988; ENNOURI et


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al., 2005; BECERRIL, 1997; TLILI et al., 2011; OUERGHEMMI et al., 2013; CHOUGUI et al., 2013), dependendo de fatores como o crescimento, condições, variedade e maturidade dos frutos (ÖZCAN; AL JUHAIMI, 2011). O uso de uma prensa a frio para obter o óleo de semente foi relatado apenas por Gharby et al. (2015) de Marrocos, com um rendimento de 6 a 7%. Este tipo de extração é mais ecológico, pois evita o uso de solventes orgânicos. Os rendimentos de óleos comestíveis são de 6 a 17%, o que, em termos de fluxo de resíduos, compara-se razoavelmente com outros óleos de sementes comumente usados. A produção de óleo de semente de palma como óleo comestível só é viável com processamento integrado, usando todas as partes da planta (SÁENZ et al., 2006). O óleo de semente de Opuntia spp. é rico em ácidos graxos insaturados e possui alto teor de ácido linoléico (57,7 a 73,4%) e baixo teor de ácido linolênico. A Tabela 12 mostra as percentagens dos principais ácidos gordos do óleo de semente. O óleo tem um alto teor de ácidos graxos insaturados, assim como outros compostos saudáveis, como esteróis, tocoferóis, vitamina E, caroteno e vitamina K (RAMADAN; MÖRSEL, 2003; KOUBA et al., 2015; Figura 143).

Figura 143. Óleo de semente de Opuntia spp.

]


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Tabela 12. Teor de ácidos graxos (%) no óleo de semente de palma (Opuntia ficus−indica) de diferentes países. Ácidos graxos Palmítico

Fórmula C16:0

Marrocos (a) 11,9

Esteárico Oleico

Turquia 10,612,8 3,3-5,4 13-23,5

África do Sul 13,7

Tunísia

Alemanha

Chile

12,2 a 12,7 3,2-3,9 16,422,3 4,8

23,1

16,2

Argélia (g) 13,1

C18:0 3,4 3,38 2,67 3,3 3,5 C18: 1 21,3 15,7 24,1 19,9 16,3 w9 Vaccênico C18: 1n- 5,1-6,3 5,3 7 Linoleico C18: 60,8 49,364,38 53,532,3 57,7 61,8 2W6 62,1 60,6 OBS: a Gharby et al. (2015); b Matthaus and Ozcan (2011); c Tlili et al. (2011); d Ramadan and Morsel (2003a); e Sepulveda; Saenz (1988); f Chougui et al. (2013); g Ouerghemmi et al., 2013.

6. SISTEMA DE BIOGÁS PARA AGRICULTURA FAMILIAR Introdução A energia renovável não convencional (NCRE) é cada vez mais proeminente, fornecendo uma fonte inesgotável de energia compatível com a sustentabilidade humana e ambiental. As várias formas de NCRE incluem eólica, solar, pequena hidro, maré, geotérmica e biomassa. A biomassa utiliza processos biológicos, químicos e físicos para gerar biocombustíveis líquidos ou gasosos, como biodiesel, bioetanol e biogás. O biogás é uma forma viável e essencial de energia na agricultura e áreas rurais, obtida a partir do processamento de resíduos orgânicos através da biodigestão anaeróbica. Além do biogás (composto principalmente de metano e dióxido de carbono, além de outros gases traço), o processo também produz um resíduo orgânico estabilizado, digerido (também conhecido como biol ou biofertilizante), que pode ser usado como condicionador de solo ou biofertilizante (VARNERO, 1991, 2001). A taxa de biodegradação de resíduos orgânicos está relacionada à atividade microbiana no sistema anaeróbio. Essa atividade depende do tipo de matéria-prima, do pH do meio, do teor total de sólidos, da temperatura do processo e de outros parâmetros que determinam o período de biodigestão para a produção de biogás e biofertilizante.

Usando resíduos de cactos na produção de biogás As áreas de clima seco reduziram a disponibilidade de resíduos orgânicos - uma desvantagem óbvia para a produção de biogás. Este obstáculo pode ser superado pelo desenvolvimento

de

culturas

energéticas

bem

adaptadas

a

áreas

áridas.


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Neste contexto, as opuntias - entre elas, Opuntia ficus-indica (L.) Mill. - caracterizada pelo metabolismo ácido das crassuláceas (CAM), é recomendada como uma fonte alternativa de energia, pois tem um alto potencial de produção de biomassa (GARCÍACORTÁZAR; NOBEL, 1992; GARCÍA-CORTÁZAR; VARNERO, 1995). Os agricultores podem, assim, reduzir suas contas de eletricidade e gás (gás liquefeito de petróleo, GLP) produzindo sua própria energia, melhorando a sua qualidade vida e as condições do solo, aplicando os resíduos gerados aos campos. Varnero e Garcia-Cortazar (1998) indicam que os cladódios não são um bom material metanogênico. A qualidade do material de partida nos biodigestores, particularmente quando carregados em lote (HILBERT, 2009), é vital para o processo. É, portanto, necessário incluir um material particular derivado de outro biodigestor e enriquecido com bactérias metanogênicas, ou incorporar uma porcentagem de esterco animal. Tais ajustes antecipam o tempo de início da fase metanogênica no biodigestor e aumentam a produção de biogás. Além disso, o pH da polpa de palma é muito baixo, e isso também afeta a produção de biogás. Por esta razão, é preferível misturar com outras matérias-primas, principalmente esterco animal. A eficiência de fermentação de misturas contendo diferentes proporções de cladódios e esterco animal mostrou que é crucial manter o pH da mistura próximo ao pH = 6 para obter biogás com um teor de metano> 60%. A composição do biogás produzido pela fermentação metanogênica está intimamente relacionada ao pH das matérias primas biodigestas. Em pH <5,5, o biogás é predominantemente dióxido de carbono, com reduzida combustibilidade e conteúdo energético; inversamente, com um pH neutro ou básico, o biogás é enriquecido com metano. É, portanto, importante aumentar a proporção de estrume animal na mistura e usar cladódios com mais de 1 ano. O tamanho de partícula do material picado não tem influência significativa na eficiência do processo de fermentação (VARNERO; LOPEZ, 1996; VARNERO; GARCIA-CORTAZAR, 1998). Durante a biodigestão anaeróbica do esterco animal, a adição de cacto cladódios promove a fermentação metanogênica, desde que o pH das misturas dessas matériasprimas permaneça dentro de uma faixa neutra ou levemente ácida. Além disso, a adição de uma porcentagem apropriada de cladódios ao esterco animal ajuda o processo de fermentação a começar mais cedo (URIBE et al., 1992; VARNERO et al., 1992): o conteúdo de energia e carbono dos cladódios favorece o desenvolvimento de bactérias acidogênicas, gera o substrato requerido pelas metanobactérias, acelerando assim o


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processo metanogênico e reduzindo o tempo necessário para essa atividade (VARNERO; GARCIA- CORTAZAR, 2013). Opuntia spp.: Plantações para a produção de biogás. As opuntias podem crescer com sucesso em áreas com uma variedade de climas e solos. Portanto, plantações formais podem ser estabelecidas para otimizar a produção de biomassa. Sua avaliação econômica ainda está pendente. Estudos mostraram que 1 ha de Opuntia com mais de 5 anos pode produzir até 100 toneladas de cladódios frescos por ano em áreas com pouca chuva (≤ 300 mm) (GARCIA-CORTAZAR; NOBEL, 1992). Em algumas partes semiáridas do México, os cladódios são tradicionalmente coletados de cactos silvestres como fonte de forragem; a poda regular aumenta o rendimento e melhora a qualidade dos frutos ou dos nopalitos. A poda no palmal pode produzir aproximadamente 10 toneladas de matéria seca (MS) ha-1 ano-1, e as podas podem ser usadas para biogás, composto ou ração animal (GARCIA-CORTAZAR; VARNERO, 1995). A poda também pode fornecer a matériaprima para alimentar biodigestores, combinada com esterco animal. Os cladódios maduros (1 ano de idade) podem ser cortados, picados e alimentados diretamente nos biodigestores. É importante utilizá-los assim que forem picados, a fim de reduzir a biodegradação e melhorar a eficiência da produção de biogás e biofertilizante. Se a capacidade do biodigestor não for suficiente para uso imediato, os cladódios podem ser armazenados em local seco, fresco e sombreado por vários dias (VARNERO; GARCIACORTAZAR, 2013). À medida que a plantação amadurece, o crescimento dos cladódios diminui, porque a taxa fotossintética líquida diminui devido ao efeito de sombreamento dos cladódios superiores (ACEVEDO; DOUSSOULIN, 1984). O conteúdo de matéria seca não é afetado, assim como o crescimento continua ao longo do ano. No Chile, a produção comercial máxima de frutos frescos é estimada em 16 toneladas ha– 1 para plantas de 16 a 20 anos sob boa gestão. Isso começa a diminuir entre 21 e 35 anos de idade, chegando a 8 toneladas/ha (ACEVEDO; DOUSSOULIN, 1984; PIMIENTA BARRIOS, 1990). Durante a safra de janeiro e abril, a produção é de 5 a 16 toneladas/ha, enquanto em junho e setembro é de apenas 0,5 toneladas/ano (SUDZUKI et al., 1993). Toha (1999) indica que 3 kg de cladódios secos produzem 1 m3 de biogás, o que equivale a uma produção de 10 kWh. Além disso, Baeza (1995) indica que o valor


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calórico do biogás de palma é de 7.058 kcal m− 3 (variação de 6.800 a 7.200 kcal m− 3) e o potencial de biogás da Opuntia é equivalente a 0,360 m3 kg − 1 de MS.

Projeto e operação do biodigesters O biodigestor deve ter certas características: • Hermético - para evitar a saída de gás indesejado e a entrada de ar indesejado. • Isolamento térmico - para evitar grandes mudanças de temperatura. • Equipado com válvula de segurança. • Facilmente acessível - para carregar e descarregar o sistema com matéria-prima, remoção de espuma do biodigestor e manutenção do biodigestor (VARNERO, 1991, 2001). Há uma ampla informação disponível em vários países, incluindo Índia, China e Alemanha, sobre o projeto de biodigestores (GARCIA- CORTAZAR; VARNERO, 1995). Enquanto a maior parte da produção e uso de biogás é obtida de biodigestores familiares (Figura 1), os digestores comunitários podem também ser viáveis em algumas situações, especialmente quando grandes quantidades de matéria-prima e conhecimento tecnológico estão disponíveis. Existem dois tipos de biodigestor: contínuo e descontínuo (carregado em lote). Biodigestor contínuo: O carregamento de material é frequente (diário ou semanal). Cada carga pode substituir aproximadamente 5 a 15% do volume total. A concentração de sólidos é baixa (6 a 8% do volume) e, uma vez iniciado o processo de biodigestão, a taxa de produção de biogás é relativamente constante (depende principalmente da temperatura). Os biodigestores contínuos são mais adequados para situações em que há uma produção constante de material para biodigestão, ou seja, se os cladódios forem coletados ao longo do ano. Eles também são adequados para pequenas propriedades onde o lixo doméstico pode ser adicionado como matéria-prima - por exemplo, incorporando fezes produzidas pelos animais ou através de uma conexão entre o banheiro e o biodigestor (VARNERO; GARCIA-CORTAZAR, 2006; FAO, 2011; Figura 144).


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Figura 144. Sistema de biogás de tamanho familiar. Foto: Maria Teresa Varnero e Ian Homer (2017). Tradução: Nopal (fruto), cladodes (cladódios), inlet (entrada), Bag (tanque), outlet (saída), storage pool (tanque de armazenamento), crop (agricultura), slove (fogão), generator (gerador), desulfrizer (dessulfurizador). Três modelos de biodigestor contínuo estão disponíveis: 1- Tipo Taiwan, biodigestor fabricado em lonas plásticas (polietileno) (Figura 146a); 2- Tipo indiano (Figura 145a) - gasômetro incluído no biodigestor na forma de um sino flutuante; 3- Tipo chinês (Figura 145b) - fechado, com acúmulo de gás no topo, parecido ao biodigestor indiano.

Figura 144. a) Biodigestor indiano; b) Biodigestor chinês; c) Biodigestor descontinuo. Fotos: Maria Teresa Varnero e Ian Homer (2017).


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Figura 145. Diferentes materiais utilizados para a construção de biodigestores: a) Lonas plásticas; b) tijolo; c) concreto; d) tambores de plástico reciclados; e) tambores de metal reciclados; f) pré-fabricado. Fotos: Maria Teresa Varnero e Ian Homer (2017). Biodigestores descontínuos (Figura 145c) compreendem uma bateria selada de tanques ou depósitos, com uma saída de gás conectada a um gasômetro flutuante, onde o biogás é armazenado. Com múltiplos digestores, um está sempre carregando ou descarregando, enquanto os outros estão na produção de biogás. Alimentar ou carregar o biodigestor com a matéria-prima, que possui uma maior concentração de sólidos (40 a 60%), é feito apenas uma vez, já que não há recarga durante o processo de fermentação. O material orgânico estabilizado é descarregado quando a produção de biogás é concluída. A produção de biogás tem um período inicial de espera, durante o qual ocorre hidrólise fermentativa, formação de ácido orgânico e formação de metano. A maior parte da produção de biogás ocorre então, antes de desacelerar e, eventualmente, diminuir para quase zero, à medida que os materiais carregados em lote se esgotam. A duração total do processo depende da temperatura. O sistema descontínuo é adequado para determinadas situações, por exemplo, quando: as matérias-primas exibem problemas de manuseio em sistemas contínuos; os materiais são difíceis de digerir por fermentação metanogênica; ou matérias-primas estão disponíveis de forma intermitente. A matéria-prima da colheita do cladódio está disponível uma ou duas vezes por ano (VARNERO; GARCIA DE CORTAZAR, 2006; FAO, 2011).


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Em condições ideais e para o mesmo volume de matéria seca, os dois tipos de biodigestores produzem a mesma quantidade de biogás. Portanto, a escolha deve ser baseada na freqüência de produção de resíduos (neste caso, cladódios) e na disponibilidade de água. Para pequenos e médios produtores, uma ampla gama de materiais pode ser usada para construir um biodigestor de biogás. Os tipos contínuos mais econômicos são feitos de tubo de polietileno de baixo custo (ou EPDM, PVC, HDPE) como mostrado na Figura 146a. Conhecido como o tipo de Taiwan, é difundido na Ásia e em alguns países da América Latina. Os custos de material para este tipo são de US$ 7 m−3. Os modelos indianos ou chineses podem ser feitos com materiais diferentes (Figuras 146b-f).

Aspectos econômicos O custo inicial da produção de biogás em domicílios rurais é de cerca de US$ 50 por biodigestor (BUI XUAN AN et al., 1997). Este custo é recuperado dentro de 9 a 18 meses através da economia nos custos de combustível. Nas áreas rurais onde o principal combustível é a madeira, o uso de biogás reduz os danos ao ecossistema (menos desmatamento e contaminação) e leva a economia de tempo de até 5 horas por dia por domicílio - tempo que pode ser usado para outras tarefas mais produtivas (RUTAMU, 1999). O resíduo obtido dos processos de digestão (Figura 147b) tem um alto teor de nutrientes; é, portanto, um fertilizante valioso e permite poupar na despesa de fertilizantes comerciais. Segundo Varnero (1991), 1 tonelada de biofertilizante equivale a 40 kg de ureia, 50 kg de nitrato de potássio e 94 kg de superfosfato triplo.

Figura 147. a) Digerido sólido; b) biofertilizante (digestivo líquido). Fotos: Maria Teresa Varnero e Ian Homer (2017).


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