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ANO 2 | NO 06 | FEV 2011

R$ 12,00

um choque de

inovação RELAÇÃO DE TRABALHO Sérgio Nobre detalha proposta de inovar legislação

DILMA ROUSSEFF A comandante da equipe promete mais inovação

AGÊNCIA BRASIL

EXEMPLAR CORT E SIA



editorial

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INOVAR OU INOVAR “Inovar ou Inovar” tende a tornar-se uma das mais importantes bandeiras dos programas de desenvolvimento a serem sustentadas pelo governo da presidente Dilma Rousseff. Não apenas pelo que ela própria assegurou em seu discurso de posse (pág. 13), mas por todas as autoridades ouvidas na reportagem especial que INOVABCD traz aos seus leitores nesta edição. Como previne a primeira mulher presidente, o pré-sal é um passaporte para o futuro, “mas só o será plenamente se produzir uma síntese equilibrada de avanço tecnológico, avanço social e cuidado ambiental”. Do contrário, alertam economistas e sociólogos, pode transformar-se em pesadelo. A literatura econômica fala em uma predisposição à chamada “doença holandesa”, lembra Jeroen Joha­ nnes Klink, que conheceu de perto o fenômeno das grandes descobertas de gás do Mar do Norte transformadas em desastre para a economia holandesa, na metade do século passado. Holandês, Klink é mestre em economia pela Universidade de Tilburg, doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo e atualmente coordenador do Núcleo de Ciência, Tecnologia e Sociedade na Universidade Federal do ABC.

AGÊNCIA PETROBRAS

E não é campanha de oposição, nem alarmismo. Aloizio Mercadante, novo ministro da Ciência e Tecnologia, Glauco Arbix, que acaba de assumir a Finep e autor do livro “Inovar ou Inovar”, publicado pela editora Papagaio, Sérgio Resende, ex-ministro, e Helena Tenório, diretora do BNDES, ouvidos pelo repórter Maurício Thuswohl, todos trabalham com esta preo-

cupação. Para eles, apesar da conjuntura altamente favorável vivida pela economia brasileira, “inovar ou inovar” se torna cada dia mais urgente e o único remédio que pode afastar do horizonte o fantasma da doença holandesa. Na Região do ABCD, um dos polos mais dinâmicos da indústria brasileira, setores como o de autopeças e o metal-mecânico já dão sinais concretos das ameaças provocadas pela valorização do real sobre sua competitividade internacional, antes mesmo dos primeiros impactos do pré-sal. Aqui também a saída é uma só, como mostra o exemplo da Freudenberg, pronta para enfrentar a concorrência chinesa, como é relatado pelo repórter Felipe Rodrigues (pág. 9). É com este cuidado que o leitor deve acompanhar as informações desta edição sobre os recordes de empregos, tanto em nível nacional quanto no regional (pág. 11), bem como sobre as exportações de automóveis para a Argentina (pág.5). Como acredita Glauco Arbix, o Brasil precisa de um “choque de inovação” em todas as dimensões de sua vida. E não pode ficar apenas observando a intervenção do governo federal, enquanto exporta mais commodities e importa mais tecnologia. Precisa, antes de tudo, inovar na sua cultura. As empresas precisam investir em inovação. E os trabalhadores precisam qualificar-se, adquirir conhecimento e inovar em todas as direções, inclusive na construção de novas bases de relações de trabalho, como propõe Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. o editor


ANO 2 | NO 06 | FEV 2011

Com investimento e direcionamento o País deverá alcançar novos patamares em inovação científica e tecnológica

05 Negócio Exportações Argentina, o melhor freguês do ABCD

06 Entrevista | Sérgio Nobre

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC revela detalhes de um novo modelo de negociação que promete revolucionar as relações de trabalho

09 Expansão Global Sucursal da alemã Freudenberg no ABCD apresenta tecnologias e começa a operar nova unidade de negócios para veículos pesados

AGÊNCIA PETROBRAS

12 especial futuro da inovação 12 A nova cara da inovação 17 Entre os muros da academia 18 A base legal da inovação 20 Internacional: o triângulo de ouro

10 Notas 24 Segurança Competitividade Shering Willians investe US$ 4,6 milhões em ampliação de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e sistema de combate a incêndios

26 Apoio Sebrae Cem empresas formam o Polo de Noivas do ABC, que buscam o fortalecimento do setor e melhoria dos serviços

28 Autos Tecnologias A Volkswagen e a Mercedes-Benz apresentam veículos movidos à energia elétrica

31 Logística

14 AMANDA PEROBELLI

O novo ministro Aloizio Mercadante assume pasta de Ciência e Tecnologia e propõe a criação de condições para que as empresas pautem o esforço científico e acadêmico

Case de Sucesso BBC Imóveis troca CPUs pelos terminais magros e reduz custos de atualização e gerenciamento de aplicativos em até 50%

32 Serviço Fomento, financiamento e suporte à inovação Financiamento pode ser adquirido através de fundo setorial

34 Ponto de Vista Jefferson da Conceição Secretário de Desenvolvimento de São Bernardo expõe o esforço municipal pela inovação

EXPEDIENTE: INOVABCD é uma publicação da MIDIA PRESS Editora Ltda. INOVABCD não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.Travessa Monteiro Lobato, 95 – Centro São Bernardo do Campo Fone (11) 4128-1430 DIRETOR: Celso Horta (MTb 140002/51/66 SP) EDITOR: Gilberto Nascimento Redação: Clébio Cavagnolle Cantares, Felipe Rodrigues, Joana Horta, Maurício Thuswohl, Niceia Climaco e Vinicius Morende. Correspondente: Flávio Aguiar Arte: Ligia Minami TRATAMENTO DE IMAGENS: Fabiano Ibidi DEPARTAMENTO COMERCIAL: FONE (11) 4335-6017 Publicidade: Jader Reinecke ASSINATURA: Jéssica D’Andréa Impressão: Leograf Tiragem: 40 mil exemplares

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LUCIANO VICIONI

negócio

exportações

Linha de montagem de montadora da Região: setor é o que mais vende para a Argentina

Argentina, o melhor freguês do ABCD A Região exportou US$ 2,5 bi em motores, acessórios automotivos e outros produtos para o país vizinho Felipe Rodrigues Região do ABCD exportou entre janeiro e dezembro de 2010 mais de US$ 6,1 bilhões para diversos países. Mas o principal comprador das indústrias do ABCD foi a Argentina. No período analisado, o país vizinho gastou US$ 2,5 bilhões com a aquisição de produtos de empresas instaladas em São Bernardo, São Caetano, Santo André, Mauá, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A cidade que mais vendeu para o exterior entre janeiro e dezembro do ano passado foi São Bernardo, que exportou US$ 3,9 bilhões. O município destinou US$ 1,6 bilhão das vendas às empresas argentinas. Os produtos mais comercializados são motores de veículos, tratores rodoviários e automóveis para transportar de três a seis pessoas. As exportações contribuem para o crescimento da cidade e também da Região, de acordo com Jefferson da Conceição, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Bernardo. “Apesar dos problemas no câmbio, as empresas da cidade estão se

recuperando e em especial o setor automotivo, que conseguiu driblar as dificuldades e passou a ter uma grande importância na balança comercial da Região”, diz Conceição. A cidade que ficou em segundo lugar no ranking de exportações para o Exterior foi São Caetano, com um total de US$ 699 milhões no período. As vendas das empresas de São Caetano para a Argentina somaram US$ 640 milhões. Os artigos mais comercializados foram automóveis e acessórios para carros e tratores. Apesar de registrar um ritmo menor de crescimento das exportações que as outras duas cidades entre o ano passado e 2009, Santo André foi o terceiro município que mais exportou no ABCD entre janeiro e dezembro de 2010. A cidade comercializou US$ 669 milhões com o Exterior no período. Somente as empresas instaladas na Argentina compraram US$ 143 milhões. Pneus novos para ônibus, caminhões e automóveis, tubos de cobre e chapas em cobre foram os produtos de Santo André mais procurados. O aquecimento industrial global é um dos principais fatores que estão contribuindo para o crescimento das exportações na Região, observa Charles Camargo, secretário- adjunto de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de

Santo André. “O ABCD está cada vez mais forte. Nossas empresas conseguiram se recuperar da crise do ano passado. Nosso objetivo agora é incentivar os microempresários do município a buscarem espaço e começarem a exportar seus produtos”, comemora Camargo. Com a marca de US$ 412 milhões em produtos vendidos ao Exterior, Mauá foi o quarto maior exportador da Região. A Argentina comprou US$ 84 milhões em produtos fabricados pelas indústrias da cidade. Os itens mais exportados por Mauá foram motores de explosão, cabeçotes, blocos de cilindros e copolímeros de propileno, em formas primárias. No acumulado entre janeiro e dezembro de 2010, Diadema exportou US$ 174 milhões, Ribeirão Pires US$ 158 milhões e Rio Grande da Serra US$ 522 mil. As empresas de Diadema exportaram US$ 33,5 milhões para a Argentina. Já Ribeirão Pires comercializou US$ 11,8 milhões com o país vizinho e Rio Grande da Serra, US$ 36 mil. Os produtos mais comercializados pelos três municípios ao Exterior foram freios para tratores, caixas de marchas, acessórios para tratores, cartuchos para espingardas, discos agrícolas, tubos de aço, óleo vegetal, metais e barras para direção. FEVEREIRO 2011 | INOVABCD

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entrevista

Sérgio Nobre

Sérgio Nobre discursa em carro de som para centenas de trabalhadores do ABCD, durante campanha salarial

a revolução nas re No fim do seu primeiro mandato à frente da diretoria do Sindicato dos em São Bernardo, revela detalhes de uma nova proposta de negociação por Niceia Climaco INOVABCD - Do que se trata a proposta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre acordos e negociação coletiva? Sergio Nobre – A proposta do Sindicato é criar um novo instrumento para regular as relações no local de trabalho dentro da fábrica. Esse instrumento, que não invalida nem atropela as que já existem e estão previstas na lei e na Constituição Federal, dará maior segurança jurídica para que trabalhadores e empregadores firmem acordos e negociações coletivas adequadas as suas diferentes realidades e especificidades, respeitando as necessidades das partes envolvidas. INOVABCD - Em que estágio está a proposta? Nobre – O Sindicato está trabalhando para transformar essa proposta em projeto de lei.

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INOVABCD - O que vai mudar para trabalhadores e empresas se a proposta virar projeto de lei e for aprovada no Congresso Nacional? Nobre – O projeto vai melhorar as relações entre trabalhadores e empregadores dentro da fábrica porque, reafirmo, os acordos e negociações coletivas tratarão das necessidades específicas de cada local de trabalho. E cito um exemplo: hoje, por força da lei, a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) é paga ao trabalhador em duas parcelas: uma no início do ano e a segunda no final do ano ou somente no começo do seguinte. Mas é do interesse do trabalhador ter um intervalo menor entre os pagamentos e receber em três parcelas. A lei, porém, não permite que isso seja feito, mesmo que a decisão conste de acordo coletivo. Com o novo instrumento que estamos propondo, os trabalhadores poderão ter a sua PLR paga em três vezes, desde que seja

vontade da maioria aprovada em assembleia. Esse é apenas um dos vários exemplos de soluções que a proposta garante. INOVABCD - Como o Sindicato vai buscar apoio para conseguir a aprovação da proposta? Nobre – Ao longo de 2010, o sindicato promoveu vários encontros com diferentes segmentos da sociedade (especialistas em questões trabalhistas, juristas, universitários, sindicalistas, empresários e representantes dos poderes públicos) nos quais apresentou e explicou a proposta, suas motivações, objetivos e futuros resultados. O sindicato seguirá com essa rotina de trabalho de debater e explicar a sua proposta a toda a sociedade de forma a construir um amplo leque de apoios para garantir a aprovação do projeto quando ele estiver em tramitação no Congresso Nacional.


FOTOS: AMANDA PEROBELLI

fotos: AMANDA PEROBELLI

Nobre está à frente de um projeto inovador, que poderá representar uma mudança revolucionária nas relações de trabalho. Ele defende que as empresas e os trabalhadores sejam autorizados a negociar direitos previstos em lei em seus próprios locais de trabalho, conforme explica nesta entrevista à INOVABCD. O sindicalista critica o fato de os trabalhadores terem apenas a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) como forma de garantir seus direitos e, principalmente, coibir a tentativa dos empresários em burlar os direitos básicos dos trabalhadores. Nobre, ajustador mecânico da Mercedes-Benz e presidente do Sindicato desde 2009, deve concorrer à reeleição. À época, Nobre foi eleito com 97% dos votos válidos de 49 mil metalúrgicos que foram às urnas. O sindicalista acumula uma experiência de militância sindical de mais de três décadas, desde que ingressou como aprendiz do Senai, em 1980. Em 1986 foi para a Mercedes, onde se elegeu membro da CIPA e depois da Comissão de Fábrica. Ocupou a coordenação do setor automotivo da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT. Entre 2002 e 2005 foi o coordenador da Regional Diadema do sindicato e, a partir de 2005, secretário de organização. Já estiveram na mesma cadeira de presidente do sindicato o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva; o atual prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho; Jair Meneguelli, Vicente Paulo da Silva e Egberto Guiba Navarro.

lações de trabalho Metalúrgicos do ABC, Sergio Nobre, funcionário da Mercedes-Benz, para uma categoria que envolve uma base de 103 mil trabalhadores INOVABCD - Os acordos coletivos já são previstos na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas)? Nobre – Sim. Os acordos e negociações coletivas estão previstos na CLT. O artigo 616 fala da negociação coletiva, mas não ‘diz’ que as partes (sindicatos e empresas) são obrigadas a firmar um acordo coletivo, mas determina que não podem se recusar à negociação. O acordo coletivo está previsto no artigo 611 da CLT. Porém, o espaço que os trabalhadores e empresários têm para negociar é muito restrito porque a CLT, que é dos anos 1940, está em descompasso com a realidade do mundo do trabalho atual. Hoje, não há forma de adaptar a legislação à realidade com segurança jurídica. A nossa proposta garante justamente essa segurança.

INOVABCD - A reforma sindical contemplava esse projeto? Nobre – A reforma sindical não deu certo exatamente porque não respeitava as diferentes realidades e estágios organizativos de cada categoria. Infelizmente, não existe negociação coletiva no Brasil. O que existe são relações de trabalho selvagens em um País que ainda convive com o horror do trabalho escravo. A proposta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC trata de separar o moderno do arcaico. E o arcaico tem de ser fiscalizado sob o rigor da lei e o moderno tem de ser prestigiado e valorizado por meio da negociação coletiva.

INOVABCD - Qual a importância da representação no local de trabalho? Nobre – Os comitês são a garantia de democracia e de respeito aos direitos dos trabalhadores nos locais de trabalho. A realidade é que nas empresas onde existem comitês sindicais, como ocorre na base dos Metalúrgicos do ABC, não há qualquer possibilidade de fraude. O trabalhador é mais autônomo, tem mais respeito da chefia e a fiscalização é diária e permanente. Se existisse um comitê sindical em cada local de trabalho do País, não haveria trabalhadores sem carteira assinada nem sequer desrespeito aos seus direitos básicos, como férias e 13° salário, problemas que obrigam os trabalhadores a buscar a Justiça do Trabalho, onde hoje tramitam mais de 7,2 milhões de processos trabalhistas.

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Os comitês são a garantia de democracia e de respeito aos direitos dos trabalhadores nos locais de trabalho. A realidade é que nas empresas onde existem comitês sindicais, não há qualquer possibilidade de fraude. Se existisse um comitê sindical em cada local de trabalho do País, não haveria trabalhadores sem carteira assinada nem sequer desrespeito aos seus direitos básicos, como férias e 13° salário.” SÉRGIO NOBRE, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

INOVABCD - Como são constituídas as comissões sindicais de empresa? Qual o mandato de cada diretoria? Nobre – A eleição dos membros dos CSEs (Comitês Sindicais de Empresa) ocorre a cada três anos e envolve a direção do Sindicato em todos os níveis. A composição de cada comitê é definida de acordo com o número de trabalhadores sindicalizados em cada empresa. Vai desde o mínimo de dois membros para fábricas que têm entre um e 100 (cem) funcionários até 11 a 25 membros para empresas com mais de 10 mil trabalhadores. Os comitês podem ser criados pela diretoria executiva do sindicato e também por meio de abaixo-assinado dos trabalhadores. INOVABCD - Existem outras entidades que apoiam o projeto? Quais? Nobre – A maioria dos convidados do sindicato ao qual a proposta foi apresentada em 2010 se mostrou bem impressionada e manifestou apoio. Estão nessa lista profissionais da área do Direito, empresários, sindicalistas, acadêmicos e especialistas em questões trabalhistas, além de representantes do Poder Público nas três esferas.

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INOVABCD - Há críticos à proposta e dizem que significaria uma flexibilização das leis trabalhistas. Quem diz isto está equivocado? Por quê? Nobre – A proposta nada tem a ver com flexibilização das leis trabalhistas. Ela trata de adequar a legislação e convenções coletivas às especificidades das empresas e trabalhadores e seu sentido é dar segurança jurídica às negociações que já ocorrem todos os dias entre as partes. Fiscalizar o cumprimento da convenção coletiva e da legislação trabalhista é o papel das representações sindicais nos locais de trabalho. Um modelo que foi construído aqui, nos metalúrgicos do ABC, com muita luta e que está completando 30 anos em 2011. E o que tem 30 anos não é experiência, é realidade consolidada e reconhecida como o que há de mais moderno no Brasil em termos de relações do trabalho. INOVABCD - A proposta pode ser adotada por todas as empresas e sindicatos? Nobre – Não. A adoção do futuro projeto levará em consideração a representatividade do sindicato que – assim como a empresa - terá de atender aos vários critérios e exigências que estão sendo debatidos. É importante destacar que a adesão ao projeto será voluntária, tanto da empresa como do sindicato.

Acredito que, se o projeto fosse aprovado hoje, poucas empresas e sindicatos em todo o Brasil se enquadrariam nos critérios e atenderiam as exigências que constam da nossa proposta. Infelizmente, para a maior parte dos trabalhadores brasileiros, a CLT é praticamente a única forma de garantir seus direitos porque os sindicatos têm pouca representatividade e a maioria das empresas nem sequer ‘fala’ com os trabalhadores, além de permanentemente tentarem burlar os seus direitos básicos. Daí a importância da proposta do sndicato, que é um instrumento para construir relações de trabalho mais modernas. INOVABCD - A iniciativa é uma inovação no campo legal? E poderia abrir portas para uma nova legislação? Nobre – Sim, a proposta é uma inovação, que poderá se tornar uma referência extremamente positiva de como adaptar a nossa legislação arcaica às reais necessidades do trabalho e da produção modernos, sem colocar em risco os direitos adquiridos dos trabalhadores. Após aprovado, o projeto estimulará sindicatos e empresas de todo o País a se prepararem para atender e cumprir as exigências necessárias a sua adesão.


expansão

global

Freudenberg cresce e avança na utilização de novas tecnologias para veículos pesados. Abaixo, George Luiz Rugitsky, presidente da Freudenberg América do Sul: nosso foco é ser a maior empresa de vedação do mundo

de Diadema para o mundo A Freudenberg do ABCD apresenta novas tecnologias e começa a operar neste início de ano outra unidade de negócios para veículos pesados

m busca da inovação e criatividade, a Freudenberg, empresa especializada no segmento de vedação e controle de vibração, avança na utilização de novas tecnologias para o mercado de veículos pesados. A Corteco, marca da Freudenberg-NOK - líder global em retentores -, apresentou no ano passado suas novidades e anunciou para a fábrica que mantém em Diadema uma nova unidade de negócios chamada Special Sealing Products (SSP), com início da operação previsto para este começo de 2011. A unidade de Diadema faz parte do grupo alemão Freudenberg em uma “joint venture” com a japonesa NOK. O faturamento global do grupo Freudenberg ultrapassa os R$ 12 bilhões. Suas seis unidades no País faturam cerca de R$ 500 milhões. A Special Sealing Products é responsável pela produção do Plug & Seal, uma linha de vedação para veículos pesados que substitui braçadeiras e o-rings (peças usadas em forma de anel ou aro) em conexões de motores diesel. “Entre as vantagens, está a diminuição de componentes no motor, que permite a eliminação de processo na linha de montagem, e o aumento do desempenho do motor diesel”, afirma George Luiz Rugitsky, presidente da Freudenberg América do Sul. “O nosso foco é ser a maior empresa de vedação do mundo”, diz Rugitsky, que também comanda o grupo em Diadema, ao revelar os planos futuros. A expansão

global conta com o crescimento da marca no Brasil, que tem como incumbência a ampliação da participação no mercado automobilístico, responsável por 50% das vendas no País. De acordo com Rugitsky, a matriz alemã também está orientando a filial brasileira a não poupar esforços para adquirir novas empresas. O objetivo é expandir a marca no mercado nacional. Sem concorrentes chineses, o presidente da multinacional acredita que, em breve, a concorrência oriental comece a instalar as suas primeiras fábricas no País. “A batalha é dura, mas já estamos trabalhando e desenvolvendo novas tecnologias para que possamos oferecer o que há de melhor para nossos clientes”, avalia. O executivo da multinacional, no entanto, vê positivamente a instalação de unidades de montadoras chinesas no Brasil. “Atualmente, fornecemos produtos para muitas montadoras na China. Quando estas indústrias se instalarem aqui poderão trabalhar conosco, uma vez que já somos fornecedores conhecidos”, ponderou. “Também pretendemos atuar nos setores da exploração da camada do pré-sal e no ramo petroleiro”, revela.

em Diadema. Do Brasil, são exportados produtos para toda a América do Sul.

Programa social – Em busca de

formar e inserir os jovens no mercado de trabalho, a Freudenberg-NOK iniciou o programa social “Aprender para Transformar – Formando Jovens para o Futuro”. Até o momento, seis alunos que fizeram o curso foram efetivados na empresa. As aulas visam a capacitação profissional de jovens carentes de Diadema e da Região. Temas técnicos ligados à indústria e relacionamento interpessoal, meio ambiente, cultura e inglês fazem parte do aprendizado. Leonardo Costa é um dos que estão fazendo o curso. “As aulas são bem dinâmicas e a gente tem noções de mecânica e inglês. Um dos meus objetivos quando terminar o colegial é entrar numa faculdade e fazer o curso de engenharia mecânica”, afirma. (FR)

Desempenho – A Freudenberg de-

fine a performance mundial do grupo como “consistente”, apesar dos efeitos da crise financeira mundial do ano passado. Atualmente, o grupo alemão tem 32 mil trabalhadores no mundo. No Brasil, conta com 1.300 funcionários, quase a metade deles FEVEREIRO 2011 | INOVABCD

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notas

Importação de produtos tecnolÓgicos DISPARA Nos últimos seis anos, as importações de produtos do chamado grupo de média-alta tecnologia - que inclui de veículos e equipamentos automotivos a eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos – quase triplicaram. Segundo um estudo encomendado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o consumo desses itens subiu 76%, impulsionando a alta das importações, que cresceram 177%, entre 2004 e 2010. A incapacidade da indústria brasileira deu espaço para a entrada dos produtos estrangeiros, uma vez que a produção local não conseguiu acompanhar a crescente demanda do mercado consumidor interno. Segundo os dados da Abimaq, a indústria nacional cresceu apenas 40% no período. A maior diferença entre demanda, produção e importação fica por conta dos produtos de alta tecnologia, como químicos, material eletrônico, equipamentos médico-hospitalar e de comunicação. No caso dos produtos médicos, as importações cresceram 268% no período analisado.

Economia deverá crescer 5,9% ao ano A área econômica do governo estima um crescimento médio anual de 5,9% durante o governo da presidenta Dilma Rousseff, um percentual superior ao registrado nos dois mandatos do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estimativa é iniciar com uma taxa de crescimento de 5% em 2011, subindo para 5,5% em 2012 e 6,5% nos anos de 2013 e 2014. A média de crescimento nos dois mandatos de Lula foi de 4% ao ano.

Banco do Povo financia R$ 294 mil em 2010 O Banco do Povo de Crédito Solidário de Santo André concedeu empréstimos que totalizaram R$ 294,7 mil durante 2010. Entre os tomadores de crédito figuram microempresários formais e informais dos mais diversos setores. O banco realiza empréstimos de R$ 200 a R$ 5 mil para empreendedores informais, até R$ 7,5 mil para empreendedores formalizados, e até R$ 25 mil para cooperativas. Um dos destaques da entidade é a taxa de juros de 0,7% ao mês, abaixo da oferecida pelas instituições de crédito tradicionais. Os recursos são destinados para capital de giro e investimento fixo.

programe-se 2011 FEVEREIRO 08 a 10 de fevereiro | Wind Forum Brasil 2011 | Em sua 3ª edição, o fórum de geração de energia eólica do Brasil contará com a participação de autoridades nacionais e internacionais em debates sobre o desenvolvimento do setor de energia e parques eólicos no País. LOCAL: Hotel Holiday Inn Parque Anhembi, São Paulo, SP. Mais informações: windforumbrazil.com 16 a 19 de fevereiro | Abimad | Feira Brasileira de Móveis e Acessórios da Alta Decoração | Apresentação de tendências, novidades e inovações do setor moveleiro e de objetos. Ponto de encontro para designers, fabricantes e comerciantes da indústria. LOCAL: Centro de exposições Imigrantes, Rodovia Anchieta, km 1, São Paulo. Mais informações: www.abimad.com.br 19 e 20 de fevereiro | Salão do Estudante | Feira de educação internacional, com entrada franca para ingressos antecipados, palestras, contato direto com diretores de instituições e promoções em inscrições. LOCAL: Centro de Eventos São Luis. Rua Luiz Coelho, 323, São Paulo. Mais informações: salaodoestudante.com.br

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Incubadora nova no ABCD Já está em funcionamento a sede da Incubadora de Empresas de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) de São Caetano do Sul. O empreendimento alocado nas dependências da Universidade Municipal de São Caetano (USCS) é uma parceria com o Instituto de Tecnologia de São Caetano (ITESCS) e a prefeitura do município. A ação visa o fomento de novas tecnologias e inovações no setor. A incubadora abrigará 21 empresas, sendo que 14 possuem local próprio de funcionamento e as demais na sede do empreendimento. O espaço oferecerá tecnologia de ponta e treinamentos em gestão. O principal agente financiador do projeto foi o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que injetou R$150 mil.


emprego industrial no ABCD é recorde

A geração de emprego em 2010 nas indústrias do ABCD atingiu o maior nível desde 2006, quando foi iniciada a série histórica da pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) na Região. No ano passado, foram criados 9,6 mil postos de trabalho, com alta de 4,17% O setor industrial de São Bernardo foi o campeão de geração de oportunidades, com 4,9 mil novas vagas de trabalho formal, o que possibilitou uma alta de 5,44% no emprego industrial do município, o que representa metade das oportunidades criadas na Região. Na segunda posição estão as indústrias de Diadema que criaram 2,9 mil novas vagas, o que representou uma expansão de 5,28% no emprego industrial do município. Contemplada na terceira posição, São Caetano gerou 1.350 oportunidades, o que levou também a uma alta de 5,96%. Já Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá e Santo André, registraram 400 novas oportunidades. No Estado, a indústria paulista cresceu 4,74% em 2010 em comparação com o ano anterior. No total, foram criados 114 mil postos de trabalho durante todo o ano. O resultado é o melhor desde 2007, quando o crescimento foi de 4,56%. Em 2009 e 2008 o resultado foi negativo, de -4,5% e -0,3%, respectivamente. De acordo com professor de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Carlos Carvalho, o crescimento do emprego industrial está relacionado ao fato da economia nacional ter conquistado sua estabilidade e ao aumento da confiança no País, o que gerou a ampliação dos investimentos. “Possivelmente, nos próximos meses, a indústria vai continuar alcançando recordes de contratações”, afirmou. O setor onde ocorreram mais contratações no Estado foi o de autopeças, com elevação de 7,59%. Já no segmento de produtos de borracha e materiais plásticos, houve uma expansão de 7,21% e nas indústrias de produtos de metal, com exceção das que atuam no segmento de máquinas e equipamentos, ocorreu um aumento de 6,14%. No setor de produtos químicos houve um crescimento de 3,6% nas oportunidades. No ramo alimentício, o setor atingiu a marca de 2,1% de expansão. Com a queda de 3% da empregabilidade no setor de máquinas e equipamentos, o balanço final do ano passado foi prejudicado e impediu as projeções de um crescimento ainda mais elevado. (FR)

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Em 2010 foram criados 9,6 mil postos de trabalho na Região. Alta foi puxada pelo setor industrial de São Bernardo

Brasil gera 2,5 milhões de novos empregos em 2010 O Brasil gerou 2,524 milhões de empregos com carteira assinada em 2010. O volume é inédito na história do País. Ao longo dos oito anos do governo Lula, o montante de novos postos de trabalho formais chegou a 15 milhões. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. No ano passado foi registrado crescimento em quatro dos cinco setores da atividade econômica no País. O setor de serviços gerou 1,008 milhão de postos, o de comércio 601,9 mil postos, a indústria de transformação 536 mil postos e a construção civil 329,2 mil. A agricultura foi o único setor a fechar o ano com saldo negativo, com 2.580 postos fechados. Houve expansão do emprego em todas as grandes regiões e Estados. O Sudeste lidera com 1,276 milhão de postos e recorde em três estados; seguido pelo Nordeste, com 488,5 mil postos e recorde em oito dos nove Estados; em terceiro lugar o Sul, com 444,7 mil postos e recorde em todos os Estados; o Centro-Oeste com 178,2 mil postos e recorde em um Estado; e o Norte, com 136,2 postos e recorde em um Estado. Para o ministro Carlos Lupi, o ‘PAC 2’, o ‘Minha Casa, Minha Vida’, as Olimpíadas e a Copa contribuirão para que os números continuem avançando. “Vamos gerar 3 milhões de novos empregos formais em 2011. O Brasil tem pela frente 10 anos de crescimento, geração de emprego e renda”, prevê. Redução – Apesar do recorde, houve queda de 407,5 mil empregos formais no último mês de 2010. No período, os setores que apresentaram elevação no nível de emprego foram comércio (14,4 mil) e serviços industriais de utilidade pública (557). A indústria de transformação foi o setor que apresentou a maior perda de postos de trabalho (152,9 mil). Os Estados em geral apresentaram queda na criação de empregos. As maiores perdas se deram em São Paulo (159,5 mil) e Minas Gerais (50,7 mil).

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Com a forte demanda nos setores de petróleo, gás e telecomunicações, o Brasil terá um dos períodos de maior avanço

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a nova cara

Do Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff poderá fazer com que o País alcance novos patamares em termos de inovação científica e tecnológica. A primeira mulher presidente do Brasil recebeu uma nação preparada para dar um salto na inovação

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especial futuro da inovação


Maurício Thuswohl Uma das marcas que o governo de Dilma Rousseff poderá deixar na história brasileira será fazer com que o país alcance novos patamares em termos de inovação científica e tecnológica. A primeira mulher presidente do Brasil recebeu neste início de 2011 uma nação preparada para dar um salto na inovação, graças a um desenho que começou a ser esboçado ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e ganhou robustez política, institucional e, sobretudo, financeira durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Nos próximos anos, com a certeza de uma forte demanda provocada por setores como o de petróleo e gás (pré-sal) e o de telecomunicações (banda-larga), entre outros, a presidente Dilma tem tudo para estar à frente de um dos períodos de maior avanço do Brasil no terreno da inovação científica e tecnológica. Esse avanço trará consequên­cias positivas para o desenvolvimento do parque industrial brasileiro e poderá determinar o futuro de nossa economia em bases calcadas na eficiência energética e no desenvolvimento sustentável. A política industrial do governo Dilma, apostará na inovação, como afirmou a presidente em seu discurso de posse: “Temos avançado na pesquisa e na tecnologia, mas precisamos avançar muito mais. Meu governo apoiará fortemente o desenvolvimento científico e tecnológico para o domínio do conhecimento e a inovação como instrumento da produtividade.” Um grupo de trabalho coordenado pelo ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e integrado pelos ministros Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), Guido Mantega (Fa-

zenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento Econômico) e Paulo Bernardo (Comunicações), foi encarregado por Dilma de elaborar as linhas gerais da política industrial. Esta deve incluir a criação de maiores benefícios fiscais para a criação de parques tecnológicos e o desenvolvimento das chamadas “economia verde” e “economia criativa”, entre outros incentivos à inovação. Ao empossar o filósofo do Observatório de Inovação da USP Glauco Arbix como novo presidente da Finep, o principal condutor de todo esse processo de inovação na equipe de governo, o ministro Mercadante afirmou, citando o título de uma tese de Arbix na USP, que o desafio do Brasil é “inovar ou inovar”. Apesar de ressaltar o bom momento da economia brasileira, o ministro afirmou que o País não pode se acomodar: “Não podemos apenas aceitar a condição de grande exportador de commodities. Meu medo é que o pré-sal possa agravar uma eventual acomodação”, disse, citando o exemplo da dependência que a Venezuela criou em relação ao petróleo.

Para o ex-ministro, Sérgio Rezende, o grande desafio de seu sucessor está em inserir a inovação como parte do processo produtivo das empresas

Nós temos que criar condições para que as empresas pautem o esforço científico e acadêmico. Essa relação de baixo para cima tem faltado no Brasil” Aloizio Mercadante, Ministro da Ciência e Tecnologia

AGÊNCIA BRASIL

da inovação


AGÊNCIA PETROBRAS

especial futuro da inovação

o Brasil precisa de um choque de inovação... A Finep foi elevada em sua estatura nos últimos anos e tornou-se uma instituição mais relevante. Por isso mesmo, seu processo de capitalização deve continuar. As reservas atuais da Finep não conseguirão atender às demandas já identificadas no início deste ano. Nos próximos quatro anos, a Finep terá que duplicar sua capacidade de crédito para triplicar o número de projetos que apóia.”

LUCIANO VICIONI

GLAUCO ARBIX, Presidente da Finep

Pesquisador do Cenpes, Centro de Pesquisas da Petrobras, realiza experimento na áreia de biocombustíveis

Mercadante também afirmou que uma grande janela de oportunidades se abrirá para o Brasil nos próximos dez ou vinte anos: “Se soubermos utilizar essa janela extraordinária, que outras gerações não tiveram, poderemos dar um grande salto. Nós somos hoje a oitava economia do mundo e poderemos caminhar para a sexta posição”, disse o ministro. Para isto, apontou, é preciso transformar o conhecimento existente no País em propulsor da economia, e citou o exemplo do tradicional óleo de copaíba produzido por comunidades indígenas da Amazônia: “Mais de 90% da produção de publicações científicas sobre esse óleo é de pesquisadores brasileiros, mas o País não detém uma única patente sobre ele. É preciso rever essa estratégia”. Segundo Mercadante, a demanda por inovação das empresas no Brasil é muito baixa: “Nós temos que criar condições para que as empresas pautem o esforço científico e acadêmico. Essa relação de baixo para cima tem faltado no Brasil”, disse. Para o novo presidente da Finep, “o Brasil precisa de um choque de inovação”. Segundo Arbix, para elevar seu atual padrão de competitividade, é fundamental que o País combine investimento e inovação: “A Finep foi elevada em sua estatura nos últimos anos e tornou-se uma instituição mais relevante.

Por isso mesmo, seu processo de capitalização deve continuar. As reservas atuais da Finep não conseguirão atender às demandas já identificadas no início deste ano. Nos próximos quatro anos, a Finep terá que duplicar sua capacidade de crédito para triplicar o número de projetos que apóia.” Significa dispor de pelo menos mais R$ 4 bilhões nos próximos quatro anos e transformar a Finep em uma instituição financeira. Nas expectativas do Secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de Diadema, engenheiro Luis Paulo Bresciani, colega de academia de Arbix há longo tempo, a partir de agora a Finep focará o financiamento de processos de inovação que, além de avanços na área do conhecimento, tenham também resultados concretos na sociedade. Para Bresciani, Arbix e a equipe que está assumindo o MCT devem oferecer ao Brasil a oportunidade de um salto qualitativo em termos de inovação científica e tecnológica: “Este salto significa alterar a pauta da inovação, torná-la mais sintonizada com a economia, articulada com o País que precisa diminuir a pobreza e respeitar o meio ambiente. Significa perceber as oportunidades oferecidas pelo pré-sal, que vão ter impacto nas áreas de nanotecnologia, de software, química, metal-mecânica e assim por diante”.


AGÊNCIA BRASIL

LUCIANO COUTINHO DIVULGAÇÃO

Outro instrumento de fomento à inovação científica e tecnológica que deverá desempenhar papel primordial no governo de Dilma Rousseff é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, que veio aumentando sua participação no setor a cada ano do governo Lula. Em 2009, o desembolso do banco para as linhas e programas de inovação foi de R$ 563 milhões. Até novembro de 2010, o BNDES já tinha desembolsado o equivalente a R$ 1,112 bilhão. Durante a cerimônia de assinatura do contrato do projeto de construção do Bus Rapid Transit (BRT) com a Prefeitura do Rio de Janeiro, Luciano Coutinho, mantido na presidência do BNDES, afirmou que, mesmo com a tendência de diminuição geral dos recursos para desembolso em 2011, o setor de inovação tecnológica será priorizado pelo banco: “Agora, o que nós queremos é aumentar a inovação e melhorar a qualidade daquilo que a gente faz”, disse. Chefe do Departamento de Planejamento do BNDES, setor responsável pela política do banco direcionada à inovação, Helena Tenório lembra que a instituição desempenhou um importante papel para ajudar o governo Lula a enfrentar a crise financeira global e que agora “haverá um redirecionamento para aquilo que o BNDES considera mais prioritário”. O foco, explica Helena, muda nesse primeiro ano de governo Dilma: “É como se a gente estivesse agora parando com as nossas funções de apagar os incêndios da crise, de suprir o mercado com crédito por conta da crise, e estivesse focando no que é fundamental para o desenvolvimento e crescimento econômico. Nesse contexto, a inovação é um dos pontos mais importantes, junto com o PAC e com os investimentos em infraestrutura. A inovação é importante e será cada vez mais”, afirma. Outro ponto que terá a atenção especial do BNDES, segundo Helena Tenório, é o aumento da eficiência da produção nacional, o que também trará consequências diretas na capacidade de inovação do País: “As empresas brasileiras precisam investir no aumento da sua eficiência, no aumento da

sua competitividade, para conseguirem barrar esses produtos que estão vindo de fora. O principal fator disso é o investimento em inovação. E, quando falamos em inovação, não queremos dizer necessariamente aquela coisa radical ou inventar o que ninguém tenha inventado, não. O que a nossa indústria precisa é aprimorar os seus produtos e os seus processos com pequenas inovações incrementais, e precisa fazer isso muito bem para reduzir seus custos e ser competitiva com os produtos externos”. Lidar com as importações, segundo a chefe do Departamento de Planejamento do BNDES, é outro desafio do governo Dilma: “Até o ministro Mantega já falou sobre isso. Com China e Estados Unidos tentando sair da crise, a competitividade está muito acirrada e a gente está sentindo isso aqui no Brasil por um aumento das importações. E o Brasil, que é um País que está crescendo e tem uma perspectiva de crescimento forte, virou foco de todos os países para mandarem seus produtos pra cá. Isso acarreta que os produtos nacionais tenham que competir em condições de igualdade, e isso quer dizer que eles têm que ser mais eficientes”. O BNDES já espera pelas novas demandas decorrentes de atividades como, entre outras, o início da exploração comercial do pré-sal ou a implementação do Plano Nacional de Banda Larga. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, por exemplo, já afirmou publicamente seu desejo de utilizar o BNDES como “fundo garantidor” do desenvolvimento da cadeia de fornecedores necessária à execução do plano: “O objetivo é impulsionar a produção de equipamentos nacionais”, disse o ministro. “Para o BNDES, todos os setores são importantes para o investimento em inovação. Não é somente o setor de ponta ou que utiliza tecnologia intensiva que pode inovar. Por outro lado, a gente sabe que precisa aumentar a participação no PIB dos chamados setores intensivos em conhecimento. Esse é um esforço que o Brasil tem de fazer e será um desafio para os próximos anos. O BNDES, sem dúvida nenhuma, vai ser um parceiro do Plano Nacional para Banda Larga. No que o plano for progredindo, o banco estará junto”, afirma Helena Tenório.

HELENA TENÓRIO AMANDA PEROBELLI

BNDES

LUIS PAULO BRESCIANI

FEVEREIRO 2011 | INOVABCD

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FOTOS: AMANDA PEROBELLI

especial perspectivas futuro da inovação

Para Rezende, busca por um maior desenvolvimento da pesquisa e da inovação tecnológica será o principal avanço a ser conquistado durante o governo Dilma

Herança bendita Com a experiência de quem passou os últimos seis anos do governo Lula à frente do MCT, o ex-ministro Sérgio Rezende concorda que a busca por um maior desenvolvimento da pesquisa e da inovação tecnológica deva ser o principal avanço conquistado durante o governo de Dilma Rousseff. Rezende afirma que uma herança bendita foi recebida por seu sucessor, Aloizio Mercadante, no MCT, já que os investimentos no setor de Ciência e Tecnologia deram um salto na chamada Era Lula. “Durante o governo Lula, o avanço no apoio ao sistema de pesquisa e inovação foi muito grande e isso vai certamente continuar no governo Dilma. Antes mesmo da posse do atual governo, o ministro Mercadante me disse diversas vezes - e também citou isso durante seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo - que vai expandir todo o mecanismo de apoio à pesquisa no Brasil”, diz Rezende. Segundo o ex-ministro “tornar o investimento em inovação tecnológica uma prática comum no Brasil é tarefa para mais de um governo e trata-se, na verdade, de uma mudança de mentalidade ainda em curso no País.” “Este é um processo gradual porque, em primeiro lugar, as empresas no Brasil não têm a cultura de investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Não adianta apenas o governo criar mecanismos, é preciso que

as empresas se envolvam nesse processo, que é gradual, mas está ocorrendo com uma velocidade cada vez maior”. Rezende ressalta que “o grande desafio, não somente para o MCT, mas também para o BNDES, o governo e a sociedade, é o Brasil passar a ter inovação tecnológica como parte do processo produtivo das empresas.” Esse processo, segundo o ex-ministro, começou a ser esboçado ainda nos dois últimos anos do governo FHC, mas somente avançou concretamente durante o governo Lula: “O Brasil estava em uma situação muito precária até 2001, quando começamos a dar alguns passos com a criação do Fundo VerdeAmarelo, mas o grande avanço no ambiente de inovação tecnológica nas empresas ocorreu mesmo nos últimos oito anos”, diz. Hoje, garante o ex-ministro, o Brasil dispõe de instrumentos financeiros e de incentivos fiscais para apoiar a inovação nas empresas “que não ficam nada a dever aos países industrializados”. Posto isso, uma outra tarefa que Rezende identifica para o governo Dilma na área de Ciência e Tecnologia é dotar as empresas de capacidade para receber esses recursos: “O que as empresas precisam ter para receber isso? Precisam ter pesquisadores. Ninguém vira pesquisador simplesmente porque resolve fazer pesquisa. É preciso ter uma formação para isso. Essa formação é feita em mestrado, doutorado, pós-doutorado. Então, as empresas precisam contratar mais pesquisadores para terem mais capacidade de pesquisa.”

Rezende avalia que gradualmente o governo e as empresas irão desenvolver a capacidade de ter projetos selecionados para esses tipos de recursos públicos, mas faz um alerta: “As empresas precisam também investir recursos próprios em pesquisa, desenvolvimento e inovação. O grande desafio do setor de ciência e tecnologia no Brasil é fazer com que as empresas brasileiras - e também as estrangeiras que queiram desenvolver projetos no País - invistam em pesquisa, desenvolvimento e inovação”, disse. No livro “Momentos da Ciência e Tecnologia no Brasil” (Editora Vieira & Lent), lançado em dezembro, que reúne artigos críticos sobre os diversos momentos vividos pelo setor no Brasil desde 1970, Rezende não hesita em dizer que os oito anos de governo Lula formam o período de maior avanço científico e tecnológico brasileiro. Para resumir sua afirmação, ele cita alguns números: “Em 2002, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que é executado pela Finep, tinha R$ 350 milhões disponíveis no Orçamento. Em 2010, o total do FNDCT executado chegou a R$ 3,2 bilhões. É um salto considerável.” Além de coordenar a execução do FNDCT, a Finep, segundo Rezende, aprovou no ano passado um total de R$ 1,5 bilhão em empréstimos: “A média de empréstimos da Finep até 2002 era de R$ 100 milhões”, diz. Outro exemplo citado pelo ex-ministro de Lula é o Programa Espacial Brasileiro “que em 2002 teve R$ 70 milhões e em 2010 teve R$ 400 milhões.”


Dança das cadeiras Além de Glauco Arbix para a presidência da Finep, o novo ministro Aloizio Mercadante convidou outros nomes de grande prestígio técnico para compor a equipe do MCT. A figura mais conhecida é o cientista Carlos Nobre, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), que assumirá a Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento e terá também um papel fundamental para impulsionar a inovação tecnológica e científica no País. O convite a Carlos Nobre reforça a decisão anteriormente anunciada por Mercadante de priorizar a agenda ambiental do MCT. Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no governo Lula, Marco Antônio Raupp assumirá a presidência da Agência Espacial Brasileira (AEB) com a tarefa de finalmente tornar realidade o projeto Cyclone 4 para a criação de um Centro de Lançamento de Satélites na base aeroespacial de Alcântara, no Maranhão. Desenvolvido em parceria com a Ucrânia, através da criação da empresa binacional Alcântara Cyclone Space, o projeto está com seu cronograma atrasado em dois anos. O novo titular da Secretaria de Política de Informática do MCT é Virgílio Almeida, professor do Centro de Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Almeida deverá ser o elo entre o MCT e o Ministério das Comunicações na coordenação dos projetos de pesquisa científica e inovação tecnológica voltados à implementação do Plano Nacional de Banda Larga. Outro nome definido é o do diretor do Instituto de Física da USP São Carlos, Glaucius Oliva, para a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A chegada de Oliva ao MCT tem também um forte simbolismo político, uma vez que ele foi o candidato mais votado nas últimas eleições para reitor da USP. Incluído na lista tríplice com os candidatos mais votados enviada a José Serra, Oliva foi preterido pelo então governador de São Paulo.

Entre os muros da academia Um dos principais desafios do governo é o de tampar o fosso entre universidades e indústria Os números da pesquisa científica nacional surpreendem. Entre 2000 e 2009, o volume de publicações aumentou 205%, atingindo o montante de 32 mil artigos indexados no National Science Indicators (NSI) Thomson Reuters. Em 2008, o País assumiu a 13ª colocação no ranking NSI, ficando à frente de potências em ciência e tecnologia, como Rússia e Holanda, tornando-se responsável por 2,69% da produção científica mundial. Ainda assim, há um consenso sobre a falta de diálogo entre a indústria e a universidade e essa lacuna deve se colocar como um dos principais desafios do governo atual, no que tange à educação. Não se trata apenas de investimentos, mas de direcionar acordos entre atores com diferentes perspectivas. Para o pró-reitor de Pós-graduação da UFABC, Carlos Kamiesnki, já existe uma compreensão no meio acadêmico, político e empresarial de que o Brasil precisa acelerar o processo de transmissão de conhecimento para o setor produtivo a fim de gerar inovação. Ainda em 2010, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), anunciou o incremento de mais duas mil bolsas de formação. No total, são cerca de 93 mil bolsas, apoiando desde a iniciação científica até pesquisadores altamente qualificados. “O aumento no número de bolsas é significativo e as agências de fomento privilegiam propostas de parcerias com o setor produtivo. Mas um avanço real deve ser alcançado a partir da implantação das diretrizes para políticas públicas que estão sendo colocadas no Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2011-2020 e no Livro Azul da 4ª Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável”, analisa Kamienski. Dentro da universidade, o pedido da indústria, de estimular a cultura da inovação para criar competitividade, começa a ganhar espaço e forma. A UFABC acaba de criar o Núcleo de Inovação Tecnológica, com foco no desenvolvimento de projetos de inovação tecnológica e científica. Para o pró-reitor de pesquisa da UFABC, Klaus Capelle, outro fator determinante para a aproximação dessas duas esferas sociais foi a criação das leis do Bem e de Inovação, mas ainda existem desafios a serem superados no campo legal. “Essas leis tem facilitado atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil, mas ainda há muitos entraves burocráticos. Por exemplo, a importação de equipamentos e insumos para pesquisa precisa ser facilitada.” (JH)

Os pró-reitores da UFABC, Carlos Kamiesnki, à direita e Klaus Cappelle, à esquerda, acreditam no aumento progressivo de investimentos em inovação e educação


especial futuro da inovação

Reestruturação jurídica promovida no governo Lula foi necessária para que o País conseguisse aumentar e suportar investimento em ciência, tecnologia e inovação

A base legal da inovação Reestruturações no campo jurídico suportam a reação da política industrial brasileira frente ao mercado global

Joana Horta Nos últimos dias de seu segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a polêmica Lei 12.349/10, que altera o texto da Lei 8666/93 e passa a dar preferência nas licitações públicas a produtos e serviços brasileiros ou provenientes do Mercosul, ainda que tenham preços até 25% maiores do que os estrangeiros. Com a sanção, o governo busca criar incentivos à produção e à inovação local. A nova Lei afasta o Brasil dos parâmetros do Tratado de Compras Governamentais da Organização Mundial do Comércio (OMC), do qual o País não é signatário, mas reflete uma postura recorrente no governo Lula no que diz respeito à criação de uma ambiente jurídico que favoreça e encoraje a inovação no Brasil, a exemplo das Leis de Inovação e do Bem. As reformas na legislação fazem parte de uma estratégia de incentivo à autonomia industrial brasileira, na análise de Alessandro Octaviani, professor de Direito Eco-

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INOVABCD | FEVEREIRO 2011

nômico e Economia Política, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Na história recente, a economia política nacional teve dois tipos de resposta ao sistema global. Em um momento é alinhada e submissa aos países centrais e, em outro, desalinhada. A eleição de Lula é desalinhada e foge à ordem antiindustrializante que a OMC impõe.” Para Octaviani, a presidente Dilma Rousseff não só deve manter a mesma pauta como intensificá-la. E seu governo poderá se beneficiar do arcabouço legal criado no governo anterior, já em funcionamento e apresentando resultados positivos. Mas a presidente deve enfrentar pontos de tensão no que diz respeito aos temas ligados à política ambiental. Na Universidade de São Paulo (USP), o Grupo de Pesquisa Direito e Inovação Tecnológica, do qual Octaviani é coordenador, tem como objetivo verificar as leis e investigar quais efeitos elas surtem. O estudo “O Ordenamento da Inovação” busca os resultados da Lei do Bem, de 2005, através da análise de dados, com relação ao aumento no número de empresas que investem em inovação. A pesquisa ainda tem foco nos resultados da alteração do artigo 19 da mesma lei, que dá incentivo a parcerias entre universidades e empresas. Os dados para a pesquisa vêm do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), principal

promotor da lei, e de levantamentos como a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a última Pintec, divulgada em 2010 e iniciada em 2008, o percentual de indústrias brasileiras inovadoras cresceu 21% nos últimos oito anos, saltando de 31,5% em 2000 para 38,1% em 2008. O principal papel da reestruturação jurídica, em paralelo à Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), encaminhada pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), é aumentar e suportar investimento com descontingenciamento das verbas governamentais direcionadas aos fundos setoriais, criados no governo de Fernando Henrique Cardoso. “A lógica dos fundos criada por FHC identifica a verba orçamentária legalmente, aponta os gastos para determinado programa, mas não permite que aquilo seja investido, porque o dinheiro fica retido para fazer superávit primário, ou seja, para pagar títulos da dívida interna. Esse dinheiro não vai para investimento em saúde e educação. Vai para uma parcela muito pequena da população, que possui títulos da dívida pública”, esclarece Octaviani.


Exemplos históricos

Clamor internacional

Conheça a lei

A política de industrialização e proteção da economia e do parque industrial nacional não é novidade para os países centrais, onde há muito tempo os governos protegem sua economia e atuam através de decretos, em busca de avanço e soberania. “Há mais de 800 anos, na Inglaterra, os Atos de Navegação já diziam que qualquer navio que chegasse perto da ilha, com produtos industrializados, teria como destino o fundo do mar. Hamilton, primeiro Secretário do Tesouro Americano, pregava que o Estado deve ter uma política radical de protecionismo à manufatura nacional e que a dívida pública deve financiar a economia local”, relembra o professor. Hoje, os Estados Unidos investem, do dinheiro público, uma soma de mais de US$ 120 bilhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I), o que corresponde a cerca de 1,2% de seu Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil, os investimentos totais passaram de R$ 12 bilhões em 2000 para R$ 32,7 bilhões em 2008, alcançando a taxa de 1,09% do PIB, segundo o MCT. “O neoliberalismo regulado pela OMC força a periferia a reduzir gastos sociais e investimentos em P&D, enquanto nos países centrais nunca se pratica ou praticou redução nos investimentos em ciência e tecnologia. Os países latino-americanos compraram o discurso completo e a política econômica trabalhou com essa visão submissa.” Na visão de Octaviani, é justamente esse cenário, da chamada economia política por trás da forma jurídica, que justifica a atualização da legislação brasileira hoje. “É uma reação ao abrir os olhos quanto à função da OMC, que é uma grande tentativa de dar um golpe de estado mundial em industrializações tardias que deram certo, como Coréia e Brasil. Está na constituição o dever do Estado em investir em uma industrialização de caráter inclusivo.” De fato, após a aprovação de leis de incentivo à política industrial inovadora, o Brasil vem melhorando, ainda que lentamente, seus índices de desenvolvimento. No entanto, grande parte da economia industrial brasileira não se enquadra no aspecto legal da Lei do Bem, vista como a principal medida de estímulo, porém exclusivista. “De fato, a Lei ainda atinge a poucos e é limitada a empresas de grande porte e que já executam a inovação. Mas existem políticas setoriais que cobrem, de outras formas, outra parte da economia nacional”, defende.

A necessidade de discutir o papel do Judiciário em temas ligados à inovação não vem apenas do parque industrial nacional. A ideia é melhorar o ambiente jurídico e construir um marco regulatório para a questão da inovação e, sobretudo para a defesa da propriedade intelectual, que tem se tornado uma questão latente nas relações exteriores, principalmente nas relações com os países que mais investem e concorrem pelo desenvolvimento de novas tecnologias. Em palestra no Brasil, o juiz Randall Ray Rader, presidente da Corte Federal de Apelações norteamericana, lembrou que o sucesso no mercado depende de inovação. “Uma das formas de gerar inovação é pela aproximação com universidades e institutos de pesquisa, como acontece intensamente nos Estados Unidos. Tais acordos geram bilhões de dólares por ano e o Brasil precisa investir nisso, como Japão e China vêm fazendo.Mas para isso, precisa de regulamentação.”

Lei da Informática (nº 11.077, de 30 de dezembro de 2004) – concede incentivos fiscais para empresas produtoras de alguns hardwares específicos e que tenham por prática investir em Pesquisa e Desenvolvimento.

Lei do Bem (nº 11.196, de 21 de novembro de 2005) – prevê isenção fiscal para empresas que atuarem em parceria com instituições científicas e tecnológicas e universidades públicas, fomentando a inovação. É permitida a dedução de, no mínimo, metade e, no máximo, duas vezes e meia o valor investido na pesquisa.

Lei de Inovação (nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004) – estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País. Conheça os principais pontos dessa lei: a incubação de empresas • Autoriza dentro de Instituições Científicas e

Na análise de Alessandro Octaviani, eleição de Lula fugiu à ordem antiindustrializante imposta pela OMC

Tecnológicas (ICTs); Permite a utilização de laboratórios, equipamentos e instrumentos, materiais e instalações das ICTs por empresa;

o licenciamento de patentes • Facilita e transferência de tecnologias

desenvolvidas pelas ICTs; Introduz a participação dos pesquisadores das ICTs nos royalties de licenciamento;

AMANDA PEROBELLI

a estruturação de NIT – Núcleo de • Prevê Inovação Tecnológica, nas ICTs para gerir sua política de inovação

a concessão de recursos • Autoriza diretamente para a empresa (Subvenção Econômica);

um novo regime fiscal que • Introduz facilite e incentive as empresas a investir em P&D (Lei do Bem);

a participação minoritária do • Autoriza capital de EPE cuja atividade principal seja a inovação;

a instituição de fundos mútuos • Autoriza de investimento em empresas cuja atividade principal seja a inovação.

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especial futuro da inovação | internacional

flávio Aguiar Professor de literatura brasileira e correspondente internacional em Berlim

o triângulo de ou tecnológica na al ão € 155 milhões: esse número é a menina dos olhos da Sociedade (Gesellschaft) Max Planck, uma das principais instituições de pesquisa e de transferência de tecnologia da Alemanha. Embora não seja um zero à esquerda, não é um número muito alto, para um instituto que tem um orçamento anual de € 1,3 bilhões. Ocorre que esses € 155 milhões vieram de uma das maiores batalhas da história do instituto, a do FLASH, algo tão vital como a vitória dos vietnamitas sobre os franceses em 1954 e sobre os EUA, em 1975. As condições e o terreno eram muito diferentes. Mas a proporção era a mesma. De um lado, ainda que prestigiada mundialmente, a “pequena” Max Planck, seus pesquisadores e advogados; do outro, gigantes do mercado, como a Philips, a General Electric e a própria Siemens, da Alemanha. Estas empresas não queriam pagar royalties pelo uso do FLASH – inventado e patenteado pela Max Planck em 1985. O FLASH é a abreviatura de Flash Low-Angle Shot, expressão que na época designava o que se transformou nos milhões de aparelhos de ressonância magnética usados na medicina para, desde fora, examinar “visualmente” o corpo de um paciente por dentro. Depois de anos de querela e de despender € 1,5 milhão no processo, o Max Planck ganhou definitivamente a causa, e foi ressarcido retroativamente naquele valor. Uma vitória histórica para a pesquisa, a ciência e a transferência de tecnologia alemãs, européia e universal. O sistema de incentivo à inovação tecnológica na Alemanha é muito complexo e está

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INOVABCD | FEVEREIRO 2011

passando por mudanças quantitativas e qualitativas, assim como na Europa inteira (onde os sistemas variam muito de país para país). No topo está o Ministério Federal da Educação e da Pesquisa, que, em termos brasileiros, reúne num único organismo o nosso MEC e o Ministério de Ciência e Tecnologia. Este, além de propiciar fundos, entre outras agências, é quem regulamenta, em princípio, tudo o que diz respeito à área da educação e da pesquisa superiores, ou delega poderes para tal, com autorização legal do Parlamento (Bundestag) e do Conselho da República (Bundesrat), uma espécie de Câmara Alta formada por representantes dos estados. Também não se pode deixar de mencionar aqui o Ministério Federal para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento, cujo principal objetivo é o de fomentar a cooperação internacional com países do terceiro mundo – o que também envolve transferência de tecnologia. O financiamento desse tipo de atividade conta até com um banco especial, o KfW-Bank. Entre vários organismos (como universidades, agências de fomento – como o DAAD, muito conhecido no meio acadêmico brasileiro – e outras instituições) destacam-se os seguintes: O Deutsche Forschungs Gemeinschaft (DFG), uma espécie de sociedade de autogestão por parte de acadêmicos representantes das instituições associadas, que financia pesquisa e sua aplicação. O DFG atua em consonância com as políticas públicas, mas não é um órgão do governo. É uma instituição de direito privado. A Sociedade Max Planck, tem um departamento especial, o Max Planck Inovação, para coordenar e buscar oportunidades para a aplicação prática da pesquisa científica, incubação


ro da inovação emanha e união europeia de empresas, fornecimento de patentes, como ocorreu no caso do FLASH. Atua também, como a DFG, na área de ciências humanas. A Sociedade Fraunhofer (SFH), que mobiliza € 1,7 bilhão anualmente, sendo que € 1,4 vão diretamente para projetos de pesquisa. Ao contrário da Max Planck, que tem 97% de suas verbas vindas do poder público, a SFH tem apenas 1/3 das suas de origem pública; os outros 2/3 vêm do setor privado, sobretudo o industrial, inclusive através do financiamento direto de projetos. O sistema também se apóia na existência de 13 universidades técnicas, entre as quais a de maior prestígio é a de Munique. Além disso, existem as universidades de ciências aplicadas (Fachhochschulen) que, na terminologia brasileira seriam institutos de ensino superior voltados para a Ciência Aplicada. Estes, mais numerosos, concedem diplomas de ensino superior, mas não têm autonomia para concederem, por si sós, títulos de mestrado e doutorado. Este é um dos pontos inovadores que o Ministério da Educação e da Pesquisa quer implantar, com a criação de um fundo especial para esse último tipo de universidade. Entre governo federal e dos estados, a Alemanha aplica anualmente € 20 bilhões de euros em ciência e pesquisa. Dessa quantia, € 10 bilhões vão para a “ciência básica” (o que inclui as humanidades). Embora de modo menos pujante do que em outros países, na Europa, na América do Norte, na Ásia e também na América do Sul, inclusive no Brasil, também existem “Science Parks” e “Science and Technology Parks” na Alemanha. Os parques tecnológicos, uma criação dos

anos 50 nos EUA, tem uma visada para reunir pesquisa científica e base empresarial. Ainda assim, contando com apoio direto de empresas privadas, que neles podem manter escritórios e centros de pesquisa, dependem também do financiamento público, federal e local (através da cessão do uso terrenos, por exemplo) e têm, em geral, o apoio de uma ou mais universidades vizinhas. Um bom exemplo disso é o Parque de Linköping, na Suécia, que visitei em abril do ano passado, pela InovABCD, para realizar uma reportagem sobre o caça Gripen, da SAAB, que concorre no fornecimento de aviões para a FAB. A empresa sueca se comprometeu com a instalação de um parque tecnológico no ABCD, caso seja a vencedora. Os desafios presentes na Alemanha e na Europa vêm da tensão entre manter a expansão de tais programas de incubação de inovação tecnológica, que exigem a participação do poder público, diante da presente política generalizada de cortes em investimentos em todos os setores. Na Alemanha mesmo já foi aprovada no legislativo uma política de transferência parcial de responsabilidades do governo federal para os estaduais no que se refere ao planejamento e administração (inclusive, por exemplo, quanto ao salário dos professores e pesquisadores) das universidades. Apesar das cláusulas legais de compensação financeira aos estados através de verbas vinculadas por parte do governo federal, teme-se que isso possa penalizar o setor, ao invés de dinamizá-lo. Outro desafio na Europa – agora para a União Européia como um todo – é a criação de uma política coordenada de inovação tecnológica em nível continental. Até o momento, a Comissão da UE, que ó seu órgão executivo,

contou com dois órgãos de assessoria, o Centro Conjunto de Pesquisa e o Diretório Geral para a Pesquisa. Em 2008, foi criado o Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, com sede em Budapeste, na Hungria. O novo instituto, que teria um status quase de autarquia, já selecionou como suas prioridades os temas e linhas de pesquisa ligados à mudança climática, energia sustentável e o futuro da informação e da comunicação. Até 30 de junho de 2011, o instituto deverá levar à comissão uma “Agenda Estratégica de Inovação”. Apreciada pela Comissão, essa agenda deverá ser remetida ao Parlamento Europeu até o fim do ano. Debatida, emendada ou não, a agenda deverá orientar a visão estratégica da UE e do instituto para os próximos decênios. Em sua pré-apresentação, o instituto selecionou um desenho para expor a base de sua estratégia de ação, uma espécie de “Triângulo de Ouro” do conhecimento:

conhecimento

educação

inovação

Parece simples, mas não é. De todo modo, estes são temas relevantes para o Brasil e o Mercosul.

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segurança

competitividade

Inovando na segurança Multinacional investe US$ 4,6 milhões em ampliação de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e sistema de combate a incêndios multinacional norte-americana, Sherwin Williams investiu US$ 4,6 milhões na fábrica de São Bernardo nos setores de desenvolvimento tecnológico, de produção e de segurança contra incêndios. A empresa prevê que 2011 será um ano bastante competitivo para o setor e a multinacional deve obter um crescimento de 7% em seu faturamento. Após solicitações da matriz, a fábrica de São Bernardo adotou as medidas internacionais de segurança contra risco de incêndio e implantou um novo sistema de combate. Num primeiro momento foi apenas no depósito de expedição, mas a tendência é de que depois seja expandido para os demais setores da fábrica. De acordo com o gerente de engenharia de manutenção e meio ambiente da multinacional, Reginaldo Gusmão, foram construídos reservatórios que ultrapassam os 17 metros de altura e possuem capacidade para 500 mil litros de água. “As chapas de aço de carbono foram moldadas no próprio local. Como era impossível comprar os reservatórios prontos foi necessário realizar uma série de adaptações na fábrica”, disse. Gusmão destaca ainda que foi preciso realizar a pavimentação das ruas e reestruturar o espaço de carga e descarga dos produtos. “A implantação desse sistema provocou

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inúmeras obras na fábrica, mas hoje sabemos que contamos com um sistema de segurança de altíssima qualidade com os mesmos padrões das normas internacionais de prevenção contra incêndios”, pontuou. Além de investir no setor de segurança e produção, a multinacional realizou a ampliação e a reforma dos laboratórios de criação de produtos e de controle de qualidade da planta de São Bernardo. De acordo com o engenheiro químico e chefe do laboratório de desenvolvimento, Claudio Cinares, os espaços de pesquisa da fábrica do ABCD foram completamente reformados e agora estão ampliados e passam a contar com uma nova rede de iluminação e exaustão. “O laboratório de criação e o de controle de qualidade antigamente eram integrados. Com esta ampliação, foi possível separar um do outro e melhorar a capacidade de criação de novos produtos. Consecutivamente, vamos possibilitar que a equipe de qualidade tenha mais espaço para checar com precisão ainda maior os produtos”, destacou. Para o presidente da multinacional norteamericana, Thomas C. Hablitzel, 2011 será um ano bastante competitivo para o setor. Segundo o executivo, as expansões na unidade de São Bernardo devem contribuir para um bom desempenho da indústria no país. “Nossos investimentos neste ano concentram-se principalmente nas áreas de

Contamos com um sistema de segurança de altíssima qualidade com os mesmos padrões das normas internacionais de prevenção contra incêndios” Reginaldo gusmão, presidente da Uniforja


FOTOS: AMANDA PEROBELLI

meio ambiente, segurança e produtividade. Acredito que, para 2011, o mercado continuará aquecido no Brasil.No entanto, devemos enfrentar uma concorrência ainda mais acirrada. O nosso foco é zelar pela criatividade, inovação e o bom atendimento”, finalizou. Atualmente a empresa possui 14% do mercado nacional e tem entre os principais concorrentes a Basf, dona da marca Suvinil, e a Akzo Nobel, dona da Coral. Durante o ano passado, a Sherwin-Willians registrou índices de crescimento da ordem de 12% em comparação com 2009. Brasil – O mercado de tintas produz anualmente 1,43 bilhão de litros. O País já se encontra entre os cinco maiores produtores mundiais do produto. O setor nacional, formado por cerca de 700 empresas e 18 mil trabalhadores, faturou mais de US$ 3 bilhões no ano passado. (FR)

Empresa investe na construção de reservatórios, no setor de segurança e produção e na ampliação e reforma dos laboratórios de criação de produtos e de controle de qualidade


sebrae

A noiva Franciele da Costa Bert達o, experimentando vestido da loja Casa Blanca Noivas, que integra o Polo de Noivas do ABC, formado por 100 empresas de 21 setores da Regi達o

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FOTOS: AMANDA PEROBELLI

apoio


modelo de inovação Cem empresas formam o Polo de Noivas do ABC, que busca o fortalecimento do setor e melhoria dos serviços ificilmente alguém planeja um casamento em dois ou três dias. Mas a aventura pode ser possível com toda pompa ou sofisticação, serviços e detalhes que a data merece para aqueles que imaginam concretizar este sonho. Basta o disparo de um e-mail para um grupo de empresas. É assim que o Polo de Noivas do ABC, formado por 100 empresas de 21 setores da Região, consegue mobilizar todos os tipos possíveis e necessários de serviços adequados para um evento de casamento, que envolve um check-list de A a T, desde o planejamento da compra das alianças ao turismo dos noivos. Com isso, escolher o vestido e a igreja, depois sair em peregrinação em busca de todos os serviços ideais para promover uma festa, também faz parte do passado. É o que propõe o Polo, uma instituição representativa, espécie de ponte entre as 100 empresas e os casais. Por meio do pool de empresas, o cliente pode ser informado sobre tudo o que é necessário para promover uma festa completa de casamento. Constituído há três anos, atualmente em fase de consolidação, o Polo de Noivas é considerado uma inovação por se tratar de uma iniciativa de pequenos e micro empresários na construção de uma nova forma de atuação no mercado. Para ser associada, a empresa tem de pagar uma mensalidade de R$ 100.

Objetivo comum Há dois anos, o grupo buscou ajuda do escritório regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa) em Santo André. Em 2009 e 2010, a consultoria do Sebrae resultou em palestras, oficinas, individuais e coletivas às empresas. De acordo com o gestor do Polo de Noivas,

Marcelo Alciati , do escritório Regional do Sebrae, a inovação se dá por meio de um grupo multisetorial, que busca sinergia em um mesmo objetivo: fortalecimento do setor, reconhecimento do público alvo e melhoria constante na qualidade dos serviços. A intenção é tornar a Região uma referência para todos aqueles que desejam se casar. Dados da Associação das Ruas das Noivas do ABC – formada por sete empresas – indicam que somente na área de vestido de noiva, as lojas movimentam R$ 2 milhões ao mês. No total, o ABCD tem 40 lojas, das quais cerca de 30 instaladas em Santo André e 18 concentradas na chamada Rua das Noivas, que fica entre a Campos Salles e Luis Pinto Flaquer, no Centro. Alciati defende que a iniciativa é uma ação inovadora porque ela se destaca enquanto grupo coletivo, com maior número de empresas em relação a outros diversos grupos setoriais desenvolvidos pelo Sebrae, como os Arranjos Produtivos Locais (APLs), Incubadoras ou Programa Empreendedor. “Enquanto se busca um número de empresas adequado para compor um grupo, o Polo já começou com um quorum significativo. No início, foram 30 empresas e agora, 100. Outros APLs contam com a participação média de 30 empresas”, ressalta Alciati. O Polo de Noivas vai inaugurar sua sede própria em março deste ano no Shopping Casa Total Móveis, no Km 17,5 da Via Anchieta. O local terá 120 metros quadrados e será uma espécie de chamariz para atrair os casais com estrutura de um show room com produtos à disposição: tipos de docinhos, bolos, ou modelos de convites e lembrancinhas. A ideia é a de que o cliente passe a ter conhecimento do Polo enquanto instituição representativa e das empresas que integram o grupo. “Assim poderemos aliar a imagem com qualidade e fortalecer as empresas”, afirma Alciati. (NC)

A inovação se dá por meio de um grupo multisetorial, que busca sinergia em um mesmo objetivo: fortalecimento do setor, reconhecimento do público alvo e melhoria constante na qualidade dos serviços” Marcelo Alciati , do escritório Regional do Sebrae

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autos

tecnologia

Clébio Cavagnolle Cantares

lançamentos de híbrid

Álcool, Diesel, Gasolina ou eletricidade: Volkswagen

Diretores da Mercedes-Bens em frente ao caminhão Atego BlueTec Híbrido, que já recebeu premio da Fundação Alemã de Sustentabilidade, como modelo de produto sustentável

s veículos híbridos, movidos a energia elétrica e combustível, ganham espaço no País. A Volkswagen coloca agora no mercado o Touareg Hybrid. Antes, foram lançados no Brasil o S400, da Mercedes-Benz, e o Fusion Hybrid, da Ford anunciado na INOVABCD número 5. O utilitário Touareg, na versão híbrida, é o primeiro fabricado em série pela Volkswagen. O veículo reúne um motor a gasolina com outro elétrico, com potência total de 380 hp. O conjunto é mais potente que o motor V8, usado na versão anterior à gasolina, porém consome menos que um V6. Tanto o híbrido como a versão a gasolina são equipados com câmbio automático de oito marchas, que também é o primeiro

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do tipo produzido pela Volkswagen. O motor elétrico é alimentado por um conjunto de baterias de níquel posicionado sob o compartimento de bagagem. O Touareg híbrido pode rodar em velocidades até 48 km/h usando unicamente energia elétrica. A Volks possui também o L1, veículo conceito exibido no Salão do Automóvel, em São Paulo, em novembro do ano passado. O L1 é tido como o mais eficiente em consumo no mundo. Utiliza motor diesel de alta tecnologia e motor elétrico, além da carroceria plástica reforçada com fibra de carbono, o que se reverte em um peso de apenas 380 kg. Com velocidade máxima de 160 km/h, o L1 faz 72,4 km com um litro de diesel. As emissões são de apenas 36 g/km de CO2. A previsão é de que a novidade seja produzida a partir de 2013.

Touareg, primeiro utilitário na versão híbrida fabricado em série pela Volkswagen


os movimentam mercado

n e Mercedes-Benz apresentam automóveis híbridos Embora as opções de carros híbridos estejam em ampliação, eles são encontrados ainda apenas no segmento de luxo. Nenhuma montadora prevê algo voltado para o mercado popular. Segundo Fabrício Biondo, gerente executivo de Planejamento de Marketing da Volkswagen do Brasil, a empresa possui diversos estudos na matriz. “Como trata-se de uma tecnologia muito nova, todos os esforços e estudos nascem primeiro lá. Após isso, começa a sinergia entre as plantas da montadora pelo mundo, trocando informações técnicas e resguardando as particularidades recorrentes de cada país. A partir do momento em que houver a necessidade de comercialização de um produto como este no Brasil, boa parte do desenvolvimento deverá ser feito aqui”, destaca. Para o executivo, o veículo híbrido faz parte de “um futuro não muito distante”. “Ele traz economia de combustível além de poluir menos o meio ambiente. Tudo o que o mercado e o planeta preci-

carros que fazem quase tudo sozinhos O Tiguan, da Volks, estaciona sozinho, Volvo conta com SOS remoto e o sedã Fusion tem alerta de ponto cego.

O automóvel do futuro está cada vez mais presente no mercado brasileiro, ainda que a maioria não seja produzida no País e os preços pouco acessíveis. O Volkswagen Tiguan, produzido na Volkswagen, em Wolfsburg, Alemanha, tem como um dos itens o Park Assist, sistema que estaciona o veículo automaticamente. Oferecido na fábrica, é um programa que torna extremamente fácil estacionar em vagas paralelas. A operação é simples: quando o motorista encontra um espaço para parar junto à calçada, só precisa acionar o botão de comando do sistema, localizado no console central do veículo, antes de passar pela vaga. Um sensor posicionado na lateral do para-choques dianteiro verifica se o espaço é suficiente para o tamanho do Tiguan, enquanto o condutor posiciona o carro à frente, para iniciar a manobra. O espaço disponível é mostrado no display do quadro de instrumentos por meio de três retângulos, representando os dois carros já estacionados e o espaço entre eles. O utilitário esportivo oferece ainda o recurso Keyless Entry, que permite o destravamento de portas e a partida do motor sem a necessidade da chave.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Outra recente novidade que chegou ao Brasil em janeiro está disponível nos modelos da sueca Volvo. Dois botões instalados no teto (chamados de on call e SOS) acionam um computador interno conectado à rede celular da operadora Claro. Ao apertar os botões, o condutor é atendido pelo funcionário treinado de uma central que providencia guincho, ambulância e rastreia o veículo (via satélite), entre outras ações. Em caso de acidente grave, a central é avisada automaticamente do acionamento do airbag e faz contato com o motorista. Se ele não responder, o socorro é enviado ao local. O sistema instalado na central, que funciona em Curitiba (PR), também mede a temperatura do carro. Se estiver alta, com risco de incêndio, o corpo de bombeiros é acionado. O sedã Fusion, um carro híbrido importado do México pela Ford, vem com alerta de ponto cego, que acende uma luz nos dois retrovisores para avisar da presença de pessoas em locais fora da visão do motorista. O modelo também tem uma tela de LCD com diferentes sistemas de entretenimento que funcionam por comando de voz. (NC)

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tecnologia

sustentabilidade

DIVULGAÇÃO

O carro do futuro: equipes de desenho da Volkswagen se preparam para atender as tendências do mercado

sam. Infelizmente, ainda possui um custo muito elevado e alguns anos ainda se farão necessários para que ele possa se popularizar mais”, explica. Biondo revela que a Volkswagen, além do Polo Bluemotion e do Gol Ecomotion, contará com produtos, que serão lançados em breve, com aplicação do conceito Bluetechnology (veículos projetados com mudanças no design ou motor para redução de consumo) como mote de sustentabilidade e economia. O VW “E Up”, veículo conceito apresentado pela montadora, é outro projeto inovador, que pretende levar ao mercado um automóvel 100% elétrico, sem interação com combustível fóssil. Já a Mercedes-Benz se destaca pelo S 400 Hybrid, sedã de alto luxo que combina um motor a gasolina 3.5 V6 equipado com função ECO “start/stop”, que possibilita o desligamento do motor do automóvel de modo automático abaixo de 15 km/h (quando o pedal de freio está pressionado), poupando combustível em congestionamentos. A partida é dada instantaneamente, assim que se retira o pé do freio. O veículo é vendido sob encomenda por US$ 253,5 mil e foi o primeiro de produção em série a ser equipado com bateria de íons de lítio, especialmente criada para uso automotivo. A companhia conta ainda com o cami-

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nhão Atego BlueTec Híbrido, que já recebeu premio da Fundação Alemã de Sustentabilidade, como modelo de produto sustentável. O Atego já havia sido escolhido como caminhão do ano 2011 (The Truck of The Year), durante o Salão Internacional de Veículos Comerciais, realizado em Hannover. Com a tecnologia híbrida desenvolvida pela Mercedes-Benz, o caminhão é capaz de economizar combustível e reduzir as emissões de gás carbônico entre 10% e 15%. Quando o veículo está freando ou andando por inércia, o motor elétrico serve como gerador que alimenta com energia as baterias de lítio-íon, utilizadas em situações de carga especiais. Equipes do Centro de Desenvolvimento da fábrica em São Bernardo participaram do projeto especialmente na composição da parte estrutural da cabina e da área interna do caminhão. A Mercedes-Benz tem também o Smart híbrido, mas conta com apenas 100 unidades do modelo para comercialização, sendo 50 coupé e 50 cabrio (com abertura elétrica da capota). A GM afirmou que não possui para o momento nenhum projeto de veículo neste segmento para o Brasil. O Volt, automóvel híbrido produzido pela unidade norte-americana da montadora, continuará à venda apenas nos Estados Unidos.

Ele traz economia de combustível além de poluir menos o meio ambiente. Tudo o que o mercado e o planeta precisam. Infelizmente, ainda possui um custo muito elevado e alguns anos ainda se farão necessários para que ele possa se popularizar mais” Fabrício Biondo, gerente executivo de Planejamento de Marketing da Volkswagen do Brasil


logística

case de sucesso

dieta tecnológica O DESAFIO Diminuir problemas com manutenção, otimizar infraestrutura tecnológica e reduzir custos de atualização e gerenciamento de aplicativos em até 50% Quem resolve Wyse Technology A saída Atualização tecnológica e troca de CPUs pelos terminais magros

Cansados de problemas com manutenção das CPUs (unidade central de processamento) de seus computadores, a imobiliária BBC, de São Caetano do Sul, adotou um novo método para otimizar sua infraestrutura tecnológica e, com isso, reduzir custos e ganhar agilidade, especialmente nas áreas de vendas e locações da empresa. O processo de atualização tecnológica substituiu os computadores convencionais por thin clients (terminais magros) da fabricante Wyse Technology. Considerado o maior projeto de TI (tecnologia da informação) da imobiliária, a adoção dos equipamentos custou

cerca de R$ 40 mil e a expectativa é de que, até o final do ano, 90% das estações de trabalho sejam suportadas por thin clients. Para Sérgio Domingues, sócio-diretor da BBC, o equipamento, que ele faz questão de destacar “ser menor do que um estabilizador”, gerou economia de 50% em manutenção e tornou os processos da empresa mais dinâmicos. “Os computadores quebravam com muita freqüência. Tínhamos muitos gastos com helpdesk (serviço de apoio a usuários para suporte e resolução de problemas técnicos) e o reparo ou atualização de cada máquina demandava muito tempo, o que resultava em queda de produtividade. Então, primeiro trocamos os desktops (área de trabalho) dos setores onde os problemas eram mais recorrentes e depois expandimos a adoção das máquinas para os demais departamentos”, explica o executivo. Os thin clients não possuem processamento local, já que os aplicativos e dados são armazenados no servidor. A instalação e manutenção dos terminais são mais rápidos e problemas relacionados ao sistema operacional, por exemplo, podem ser tratados diretamente no servidor. “É muito mais rápido e prático. Hoje, o sistema é tão simples que nós mesmos podemos gerenciar a rede e solucionar os problemas, sem ter que acionar o suporte técnico. Além disso, tivemos ganho de espaço físico e redução de energia elétrica. Em relação aos antigos desktops, o thin client escolhido tem design compacto, não possui peças móveis e não precisa de sistema de ventilação, auxiliando em uma economia de espaço físico de até 80% e em redução de 40% no consumo de energia elétrica”, enfatiza o executivo. Desenvolvido pela Empower Technologies, empresa focada em soluções para redução de custos de infra-estrutura de TI, pioneira no fornecimento e implantação de soluções de virtualização de aplicativos no Brasil, o projeto começou a ser desenhado em 2006 e segue em andamento. (CC)

FOTOS: DIVULGAÇÃO

BBC Imóveis troca CPUs pelos terminais magros e reduz custos de atualização e gerenciamento de aplicativos em até 50%

Segundo Sérgio Domingues, reestruturação da TI da empresa gerou economia de 50% em manutenção e tornou os processos da empresa mais dinâmicos: menos gastos com helpdesk e menos perda de tempo com reparo ou atualização das máquinas

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serviços | fomento, financiamento e suporte à inovação

Financiamento pode ser adquirido Dentro das políticas estabelecidas pelo governo federal para fomentar a política industrial encontram-se os Fundos Setoriais. Os Fundos de Apoio ao Desenvolvimento Científico têm como objetivo ampliar o financiamento para a área de ciência, tecnologia e inovação. Em simultâneo, os fundos pretendem fomentar um novo modelo de gestão e de estratégias de longo prazo na cultura empresarial brasileira. Os recursos dos fundos advêm de contribuições incidentes sobre o faturamento de empresas e sobre o resultado da exploração de recursos naturais pertencentes à União. Com exceção do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL), gerido pelo Ministério das Comunicações, os recursos dos demais fundos são administrados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Projetos que pleiteiam investimentos dos Fundos devem ser pautados em duas premissas. A primeira, o apoio ao desenvolvimento e consolidação de parcerias entre universidades e centros de pesquisa e desenvolvimento públicos e privados, visando induzir o aumento dos investimentos do setor empresarial em C&T e impulsionar o desenvolvimento tecnológico dos setores considerados. A segunda, o incentivo à geração de conhecimento e inovações que contribuam para a solução de questões de abragência nacional. Também é objetivo dos fundos reduzir as desigualdades regionais por meio da destinação de, no mínimo, 30% dos recursos para projetos das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, estimulando o desenvolvimento mais harmônico para o País. Hoje, estão em funcionamento 16 Fundos Setoriais, sendo 14 relativos a setores específicos e dois transversais. Destes, um é voltado à interação universidade-empresa (FVA - Fundo Verde-Amarelo), enquanto o outro é destinado a apoiar a melhoria da infraestrutura dos Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs). Fundos Setoriais em atividade*

FCT – Aeronáutico Foco: Estimular investimentos em P&D no setor, para garantir competitividade, buscar a capacitação científica e tecnológica na área de engenharia aeronáutica, eletrônica e mecânica, promover a difusão de novas tecnologias, a atualização tecnológica da indústria brasileira e maior atração de investimentos internacionais. Executores: Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – (CNPq). Origem dos Recursos: 7,5% sobre a CIDE **.

FCT – Biotecnologia Foco: Promover a formação e capacitação de recursos humanos; fortalecer a infra-estrutura nacional de pesquisas e serviços de suporte; expandir a base de conhecimento da área; estimular a formação de empresas de base biotecnológica e a transferência de tecnologias para empresas consolidadas; realizar estudos de prospecção e monitoramento do avanço do conhecimento no setor. Executores: Finep e CNPq. Origem dos Recursos: 7,5% sobre a CIDE*.

FCT – Energia Foco: Estimular a pesquisa e inovação voltadas à busca de novas alternativas de geração de energia com menores custos e melhor qualidade, ao desenvolvimento e aumento da competitividade da tecnologia industrial nacional - com aumento do intercâmbio internacional no setor de P&D -, à formação de recursos humanos na área e ao fomento à capacitação tecnológica nacional. Executores: Finep e CNPq. Origem dos Recursos: entre 0,3% e 0,4% sobre o faturamento líquido de empresas concessionárias de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

FCT – Espacial Foco: Estimular a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico ligados à aplicação de tecnologia espacial na geração de produtos e serviços nas áreas de comunicação, sensoriamento remoto, meteorologia, agricultura, oceanografia e navegação. Executores: Finep e CNPq Origem dos Recursos: 25% das receitas de utilização de posições orbitais; 25% das receitas auferidas pela União relativas a lançamentos; 25% das receitas auferidas pela União relativas à comercialização dos dados e imagens obtidos por meio de rastreamento, telemedidas e controle de foguetes e satélites; e o total da receita auferida pela Agência Espacial Brasileira (AEB) decorrente da concessão de licenças e autorizações.


através de Fundo Setorial FCT – Hidro

FCT – Saúde

Foco: Capacitação de recursos humanos e desenvolvimento de produtos, processos e equipamentos com propósito de aprimorar a utilização dos recursos hídricos, por meio de ações nas áreas de gerenciamento de recursos hídricos, conservação de água no meio urbano, sustentabilidade nos ambientes brasileiros e uso integrado e eficiente da água.

Foco: Estimular a capacitação tecnológica nas áreas de interesse do SUS (saúde pública, fármacos, biotecnologia etc.), aumentar os investimentos privados em P&D, promover a atualização tecnológica da indústria brasileira de equipamentos médicos-hospitalares e difundir novas tecnologias que ampliem o acesso da população aos bens e serviços na área de saúde.

Executores: Finep e CNPq

Executores: Finep e CNPq

Origem dos Recursos: 4% da compensação financeira atualmente recolhida pelas empresas geradoras de energia elétrica (equivalente a 6% do valor da produção e geração de energia elétrica).

Origem dos Recursos: 17,5% sobre a CIDE.

FCT – Info/Cati Foco: Fomentar projetos estratégicos de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação para as empresas brasileiras do setor de informática. Executores: Finep e CNPq Origem dos Recursos: Mínimo de 0,5% do faturamento bruto das empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de informática e automação que recebem incentivos fiscais da Lei de Informática; Aporte de até 2/3 do complemento de 2,7% dos 5% do faturamento das empresas como opção de investimento; Recursos financeiros residuais, oriundos do não cumprimento dos percentuais mínimos fixados para investimentos em atividades de P&D, os quais serão atualizados e acrescidos de 12%. Débitos decorrentes da não realização, total ou parcial, até o período de dezembro de 2003, de aplicações relativas ao investimento compulsório anual em P&D tecnológico.

FCT – Infra Foco: Modernizar e ampliar a infra-estrutura e os serviços de apoio à pesquisa desenvolvida em instituições públicas de ensino superior e de pesquisa brasileiras. Executores: Finep e CNPq

FCT – Transporte Foco: Programas e projetos de P&D em engenharia civil, engenharia de transportes, materiais, logística, equipamentos e software, que propiciem a melhoria da qualidade, a redução do custo e o aumento da competitividade do transporte rodoviário de passageiros e de carga no País. Executores: Finep e CNPq Origem dos Recursos: 10% das receitas obtidas pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT em contratos firmados com operadoras de telefonia, empresas de comunicações e similares, que utilizem a infra-estrutrura de serviços de transporte terrestre da União.

fua – Verde Amarelo Fundo Verde Amarelo Foco: Incentivar a implementação de projetos de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo; estimular a ampliação dos gastos em P&D realizados por empresas; apoiar ações e programas que reforcem e consolidem uma cultura empreendedora e de investimento de risco no País. Executores: Finep e CNPq Origem dos Recursos: 50% sobre a CIDE e mínimo de 43% da receita estimada da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados ( IPI) incidente sobre os bens e produtos beneficiados com a Lei de Informática.

Origem dos Recursos: 20% dos recursos destinados a cada Fundo.

FCT - Petro Foco: Estimular a inovação na cadeia produtiva do setor de petróleo e gás natural, a formação e qualificação de recursos humanos e o desenvolvimento de projetos em parceria entre empresas e universidades, instituições de ensino superior ou centros de pesquisa do País, com vistas ao aumento da produção e da produtividade, à redução de custos e preços e à melhoria da qualidade dos produtos e meio ambiente do trabalho do setor. Executores: Finep e CNPq Origem dos Recursos: 25% da parcela da União do valor dos royalties que exceder a 5% da produção de petróleo e gás natural.

Funttel Foco: Seu objetivo é o de buscar inovação tecnológica em telecomunicações, acesso a recursos de capital para pequenas e médias empresas de base tecnológica no setor de telecomunicações, capacitação de recursos humanos em tecnologia e pesquisa aplicada às telecomunicações. Executores: Finep, BNDES e CNPq Origem dos Recursos: 0,5% sobre o faturamento líquido das empresas prestadoras de serviços de telecomunicações e contribuição de 1% sobre a arrecadação bruta de eventos participativos realizados por meio de ligações telefônicas, além de um patrimônio inicial resultante da transferência de R$ 100 milhões do antigo fundo, o Fistel.

(*) Existem ainda os Fundos Audiovisual, Agro, Amazônia, Aquaviário e Mineral. (**) CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - cuja arrecadação advém da incidência de alíquota de 10% sobre a remessa de recursos ao exterior para pagamento de assistência técnica, royalties, serviços técnicos especializados ou profissionais instituída pela Lei nº 10.168, de 29/12/2000.


ponto de vista Jefferson José da Conceição

São Bernardo reforça inovação

AMANDA PEROBELLI

As ações do prefeito Luiz Marinho já inseriram São Bernardo na discussão do novo caça da FAB e abrem caminho para nossa inserção nesse novo nicho, com geração de tecnologia e empregos de qualidade.”

Prefeitura de São Bernardo do Campo, sob a gestão do prefeito Luiz Marinho, tem impulsionado um abrangente conjunto de ações para reforçar uma das mais fortes características do município: a inovação, entendida em múltiplas dimensões como a das políticas públicas, das relações de trabalho, a tecnológica e outras. A intenção é constituir um Programa Municipal de Inovação, com foco nas tecnologias e abertura para as demais dimensões. A decisão da empresa Saab, da Suécia, de criar um Centro de Engenharia no município, concretizada com a realização de um workshop com universidades e empresas da região, foi o coroamento de uma das linhas desse programa. A prefeitura busca implantar um novo núcleo industrial na cidade e na região: a indústria de defesa. As ações do prefeito já inseriram São Bernardo na discussão do novo caça da FAB e abrem caminho para nossa inserção nesse novo nicho, com geração de tecnologia e empregos de qualidade. Recentemente, a prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, lançou o livro “São Bernardo do Campo, território de inovação”, pela Editora MidiaPress – ABCD Maior. Com artigos de reitores e diretores de universidades locais, dirigentes empresariais e sindicais e outros estudiosos, o livro apresenta as atividades inovadoras locais, desde os primeiros núcleos de imigrantes até a década inicial do terceiro milênio. No lançamento, anunciamos o Prêmio Municipal de Inovação. Sua primeira edição tem data de entrega prevista para 19 de outubro de 2011, Dia Municipal da Inovação Tecnológica. A intenção é estimular pequenas e médias empresas do setor automotivo a apresentarem práticas inovadoras em processos e produtos. O processo inovador já consolidado entre as maiores empresas da cidade será assim disseminado.

Está em fase final a elaboração conjunta, pela nossa Secretaria e a Secretaria de Finanças, de nova Lei de Incentivos Fiscais. O projeto será submetido ao prefeito e em seguida enviado à Câmara Municipal para debate e aprovação. A proposta simplifica e acelera os procedimentos para o pleito e o recebimento dos benefícios, acrescenta incentivos adicionais a atividades de maior interesse do município e dá destaque a investimentos inovadores. A prefeitura também participa da implantação do laboratório de emissões veiculares, da Cetesb/CPTM/Anfavea, facilitando a tramitação administrativa com a máxima celeridade possível. Outros laboratórios em pauta são o de combustíveis e lubrificantes e o de segurança veicular (crash-test), em discussão com o setor privado. Também em fase final de discussão, a revisão do Plano Diretor do Município e a conseqüente mudança na Lei de Uso e Ocupação do Solo, incluirá o incentivo à criação do Parque Tecnológico de São Bernardo, por meio de zoneamento específico da área em que se pretende instalar esse equipamento. Um parque tecnológico aproxima empresas, universidades e o Poder Público. Empresas necessitadas de inovações específicas em processos e produtos encontram professores e alunos de centros de ensino e pesquisa para o desenvolvimento de projetos tecnológicos específicos. O parque, integrado ao futuro Polo Tecnológico do Grande ABC, incluirá uma incubadora de empresas tecnológicas e também serviços de apoio às empresas. Por fim, a prefeitura iniciou a elaboração de uma Lei Municipal de Inovação, que adapte ao município e ao Poder Público local os instrumentos criados pelo governo federal nos últimos anos, por meio da Lei do Bem e da Lei de Inovação. As ações administrativas dirigidas ao estímulo à inovação disporão assim de um suporte jurídico mais concreto. Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo da Prefeitura de São Bernardo do Campo e docente da Universidade de São Caetano do Sul (USCS)


FEVEREIRO 2011 | INOVABCD

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