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EXPEDIENTE Vetores&Pragas é uma publicação quadrimestral da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas - ABCVP Av. Pastor Martin Luther King Jr, 126 Torre 3000 - 14º andar - sala 1.504 Office Nova América - Del Castilho - RJ Tels: (21) 2577-6433 / 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br / www.abcvp.com.br DIRETORIA RUBEN BARAT Presidente da ABVCP MARCOS MORAES Vice-presidente da ABVCP CLAUDIO MELLO Diretor administrativo da ABVCP MARCELO CUNHA FREITAS Biólogo, especialista no controle de Vetores e Pragas e Diretor Técnico da ABCVP FERNANDO MARQUES Diretor financeiro da ABCVP CONSELHO EDITORIAL MARCELO CUNHA FREITAS Biólogo, especialista no controle de Vetores e Pragas e Diretor Técnico da ABCVP
ISSN 1982 - 4262 Ano XXIII | Nº 58 | Agosto de 2021
GUARDIÕES DA VIDA JÁ FICOU mais que provado que a atividade do controlador de pragas é essencial para a vida humana. Em nossa função participamos na proteção dos lares, do comércio, dos hospitais e até das produções agrícolas e industriais. E, nesse contexto, podemos dizer que somos os guardiões da vida, garantindo a segurança, a saúde e o bem estar das pessoas. Tal relevância ficou ainda mais visível durante a pandemia da Covid-19, levando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) reconhecer o caráter essencial da atividade. A importância do setor para a economia do país é de valor incalculável, já que é impossível mensurar os prejuízos provocados pela proliferação de vetores que provocam doenças. A preocupação com o coronavírus ti-
UIARA CAROMANO TREVISO Bióloga e Membro da Comissão Técnica da ABCVP
rou do foco outras pragas urbanas, transmissoras de doenças igualmente
HENRIQUE G. CORTEZ Engenheiro agrônomo e Membro da Comissão Técnica da ABCVP
que provocam prejuízos à vida e aos cofres públicos. Além disso, a falta
SILVIA REGINA RODRIGUES DA ROCHA Química e Membro da Comissão Técnica da ABCVP CONSELHO CONSULTIVO ANA EUGÊNIA DE CARVALHO CAMPOS Bióloga – Doutora em Zoologia e Assessora da Presidência do Instituto Biológico – SP CLAUDIO MAURÍCIO VIEIRA DE SOUZA Aracnologista – Laboratório de Artrópodos, Instituto Vital Brazil LUIZ ROBERTO FONTES Doutor em Zoologia (entomólogo) pelo Instituto de Biociências da USP e Consultor MÁRIO CARLOS DE FILIPI Zootecnista, especialista em Entomologia Urbana
temidas como a dengue, zika, malária, leptospirose, entre tantas outras, de controle no manejo das pragas também pode levar à contaminação dos alimentos, de matéria prima, e até perda de maquinários. A pergunta crucial é: até quando vamos relegar nosso valor? Pragas urbanas não fazem quarentena. Baratas, formigas, moscas, ratos, percevejos... transportam vírus, fungos e bactérias que são vetores de doenças. Não é à toa que, na Europa, as empresas especializadas no Controle de Pragas são reconhecidas como empresas de utilidade pública e de suporte às ações emergenciais por lá empregadas. Afinal, quem melhor que o Responsável Técnico da Controladora para definir o protocolo de trabalho mais apropriado? É ele quem garante saúde e segurança, porque somente ele conhece a realidade da operação e dos equipamentos nos momentos de surto, epidemia, pandemia ou endemia. Vale lembrar que as pragas não reduzem suas atividades de
JAIR ROSA DUARTE (In Memoriam)
proliferação e contaminação, por isso é sempre bom ressaltar a importância
Editora e Jornalista Responsável ELETÍCIA QUINTÃO – Reg. Prof. 26.069 MTB
da atividade e do setor, junto aos órgãos públicos e à sociedade, para sermos
Comercialização / Publicidade FERNANDO MARQUES Tels.: (21) 2577-6433 e (21) 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br
lembrados, reconhecidos e valorizados como devemos e merecemos. A diretoria
Assinatura: Telefone para (21) 2577-6433 / 3879-5516 ou envie e-mail para abcvp@abcvp.com.br Tiragem: 5.000 exemplares Vetores & Pragas Online www.abcvp.com.br/revistasonline.html © Os textos assinados são de responsabilidade de seus autores. Para entrar em contato com algum deles envie um e-mail para a ABCVP. É vedada a reprodução dos artigos e reportagens, em quaisquer meios, sem autorização prévia da Associação e, mesmo quando autorizada, será obrigatória a citação da fonte.
Reservatórios de água públicos e privados deverão ser higienizados a cada seis meses.
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Sumário
05 MAX SCHULTZE, O citologista esquecido. Na coluna Jair Rosa Duarte.
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DENGUE: conscientização continua sendo a melhor arma de combate.
28 ROEDORES em ambientes urbanos: técnicas de controle.
ERRATA Erramos na edição nº 57. Na página 13, na matéria “10 Princípios da Economia no Controle de Pragas Urbanas” as informações sobre o autor Paulo Henrique Costa saíram desatualizadas. O correto é: Paulo Henrique Costa Paulo Henrique Costa Coordenador da Pesquisa Analista Setorial PHCFOCO phcosta@phcfoco.com.br Agradecemos sua compreensão.
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ESPAÇO JAIR ROSA DUARTE
160 anos da definição de célula: Max Schultze, o citologista esquecido Por Luiz Roberto Fontes
Iniciei o curso de Biologia no Instituto de Biociências/USP em 1975 e, logo no primeiro semestre, a disciplina Citologia me marcou pela fluência do professor Renato Basile. Em vez de ministrar temas isolados, ele apresentou um contínuo sobre a história da citologia e lá inseria, de forma natural, os tópicos específicos da matéria. O aprendizado foi agradável, mesmo nas questões mais difíceis, o que não o impedia, eventualmente, de exigir: “isto vocês têm que saber de cor”, por exemplo, as fases da mitose e da meiose. Ao final do curso, houve uma prova oral para os 120 alunos (60 do período diurno e outro tanto do noturno), com grupos de três alunos comparecendo para as entrevistas no horário agendado. Essa foi uma prova instrutiva, em que ele mensurava o interesse dos alunos pela matéria ministrada e o conhecimento adquirido em alguns tópicos principais. Entre os alunos havia um certo receio, claro, mas nenhum terror, pois o professor era admirado por todos. Relembro esse tempo distante e saudoso por conta do empenho e preparo do professor. Seu objetivo era o ensino da citologia e essa disciplina embasava e permeava as explicações. A semente histórica por ele plantada não desvaneceu em mim e hoje percebo que há um personagem olvidado, de grande magnitude nas descobertas e gênese de conceitos biológicos. Trata-
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-se do alemão Max Schultze (Maximilian
anos, até a morte repentina de Max Schultze, em
Johann Sigismund Schultze, 1825-1874),
1874, em decorrência de uma úlcera duodenal per-
médico colega de turma e amigo de Fritz
furada.
Müller (matérias em V & P nº 26, p. 4-7,
Em 1859, Max Schultze se tornou professor
2010; nº 33, p. 8-9, 2013; nº 57, p. 5-08,
de anatomia na Faculdade de Medicina da Uni-
2021), o naturalista que emigrou em 1852
versidade de Bonn. Lá ele inaugurou, em 1865,
a Santa Catarina e foi pioneiro na com-
o periódico Archiv für mikroskopische Anatomie
provação da Teoria da Evolução proposta
(“Arquivo de anatomia microscópica”; com mu-
em 1859 por Charles Darwin, com um só-
danças de nome e continua atualmente na Cell
lido conjunto de comprovações biológicas
and Tissue Research, em Berlim), cujo volume
apresentadas no livro Für Darwin (1864),
inaugural traz duas publicações de Fritz Müller,
cuja edição em Leipzig foi providenciada
sobre esponjas e hidromedusas.
por Max Schultze.
Max Schultze fez várias descobertas de grande
Durante a graduação em medicina
importância para a medicina humana. Ele foi um
(1845-1849) na Universidade de Grei-
microscopista habilidoso e desenvolveu a técnica de
fswald, os dois amigos excursionavam
coloração por tetróxido de ósmio, para evidenciar o
juntos no norte da Alemanha, em estudos
aparelho de Golgi, e por ácido ósmico para o estudo
de zoologia. Fritz já era biólogo (especia-
do protoplasma das células. Também desenvolveu
lidade então subordinada à Filosofia) e
um equipamento para manter aquecido e estudar o
obtivera o título de doutor com uma tese
sangue fresco ao microscópio. Entre suas descober-
sobre sanguessugas na Universidade de
tas sobre o sangue, estão os quatro tipos de leucó-
Berlim; ele, conquanto cursando medici-
citos (linfócito, monócito, neutrófilo e eosinófilo), o
na, prosseguia nas investigações zooló-
fenômeno da fagocitose nessas células, e a existência
gicas e certamente instruiu o amigo nessa
de plaquetas, as quais ele percebeu serem elementos
especialidade. Max se tornou um grande
importantes e relacionados à coagulação sanguínea.
zoólogo, publicando estudos sobre proto-
Outra descoberta significativa é a estrutura histoló-
zoários foraminíferos, poríferos, planá-
gica da retina, com 10 camadas de células e presença
rias aquáticas e terrestres, peixes elétricos
de cones e bastonetes, categorias celulares que ele
e outros grupos. Ele também criou o filo
sugeriu exercerem diferentes funções na visão. Ele
Nemertinea ou Rhynchocoela, em 1851,
também identificou e caracterizou terminações ner-
ao descrever a probóscide eversível que
vosas associadas a órgãos sensoriais.
caracteriza esse grupo animal, e estudou
Vamos à célula, a cujo estudo e definição Max
algas diatomáceas. Quando Fritz emigrou
Schultze contribuiu. É bem conhecida a primeira
da Alemanha para Santa Catarina, foi o
descrição e uso desse termo no livro Micrographia,
amigo Max que lhe concedeu importante
publicado em Londres em 1665 pelo cientista inglês
suporte intelectual e material, enviando
Robert Hooke. Lá, ele apresenta 57 observações com
periodicamente literatura para manter o
um novo instrumento, o microscópio, que se reve-
Fritz atualizado nas áreas de seu interesse
lava promissor no campo da ciência, e denominou
científico, e os equipamentos que ele por-
células aos poros delimitados por grossas paredes e
ventura requisitasse. A amizade durou 34
visualizados em uma fina fatia de cortiça (pág. 112-
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116 do livro), mas não correlacionou esse
publicado em Leipzig com 68 páginas, e demonstrou
achado com a estrutura dos seres vivos. Em
que essa é a estrutura fundamental em plantas e ani-
realidade, Hooke observou as paredes das
mais, tanto uni como pluricelulares.
células vegetais mortas e os espaços vazios
Max Schultze, no estudo sobre fibras muscula-
anteriormente ocupado pelo protoplasma e
res e comparando-as com organismos unicelulares
núcleo de cada célula.
como a ameba, propôs que um envoltório, ou seja,
Em 1838 e 1839, na Alemanha, res-
membrana celular, não era uma característica fun-
pectivamente o botânico Matthias Jakob
damental da célula. Ao revelar as similaridades entre
Schleiden e o zoólogo Theodor Schwann
os organismos unicelulares e as células dos animais
desenvolveram a Teoria Celular, isto é, a
superiores, ele destronou o paradigma de células
propuseram que a célula é a unidade bási-
como unidades rígidas e que persistia desde a desco-
ca dos seres vivos e que todos os seres vivos
berta de Robert Hooke, propiciando o aparecimento
são compostos de uma ou mais células. De-
de nova disciplina científica, a Biologia Celular.
pois, em 1852 e 1855, o embriologista Ro-
Em 2011, os 150 anos dessa definição foram evo-
bert Remak e o patologista Rudolf Virchow
cados pelo biólogo alemão Ulrich Kutschera, em car-
acrescentaram um terceiro componente a
ta ao editor da revista Nature (vol. 480, p. 457, “The
essa teoria, de que células provém de ou-
cell was defined 150 years ago”), e pelo bioquímico e
tras pré-existentes.
comunicador de ciência português António Piedade,
Consolidada a teoria celular e com os
em matéria na plataforma “Ciência na Imprensa Re-
microscópios ópticos aprimorados no sé-
gional” (artigo “A efeméride que ficou por comemo-
culo XIX, houve progresso no conhecimen-
rar: 150 anos da definição de célula”).
to. Desenvolveram-se técnicas de fixação
Max Schultze produziu 82 artigos científicos,
e coloração, tornando possível estudar os
explorando em profundidade tópicos de anato-
tipos celulares presentes na diversidade de
mia animal e humana. Essa produção o insere nos
tecidos dos organismos vivos, além das or-
campos da zoologia de invertebrados e vertebra-
ganelas celulares. Faltava, entretanto, uma
dos, anatomia, histologia, hematologia, oftalmo-
definição de célula. Ela veio em 1861, no
logia e ficologia, além da citologia. Seu nome de-
artigo de Max Schultze, “Sobre corpúscu-
veria constar nos compêndios de Biologia e entre
los musculares e o que se pode chamar de
os grandes da ciência mundial.
célula”, publicado em Archiv für Anatomie,
Neste ano de 2021 celebramos os 160 anos da
Physiologie und wissenschaftliche Medicin
definição de célula, apresentada pelo médico e
(p. 1-27), na página 11: célula é uma mas-
zoólogo alemão Max Schultze, personagem liga-
sa de protoplasma com um núcleo. Pode-
do à história da ciência brasileira através do na-
mos adequar como “célula é uma massa de
turalista e amigo Fritz Müller.
protoplasma com um ou mais núcleos”, para incluir as variantes sinciciais, que são massas de protoplasma multinucleadas originadas da fusão de células uninucleadas ou da divisão celular incompleta delas. Em 1863, ele reuniu seus achados no livro O protoplasma dos rizópodes e das células vegetais: uma contribuição para a teoria da célula,
Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.
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DATA COMEMORATIVA
Dia internacional do cupim: 31 de março Por Luiz Roberto Fontes
Por meio do projeto Wi-
naturalista teuto-brasileiro em
kitermes, que divulga na in-
diversos textos publicados nes-
ternet informações sobre a
ta revista (nº 26, p. 4-7, 2010;
biologia e a importância dos
nº 33, p. 8-9, 2013; nº 54, p.
cupins, além de curiosida-
4-6, 2020; nº 57, p. 5-8, 2021).
des sobre o inseto, foi feita
de setembro, dia do cerrado,
ler, cupinólogo pioneiro no
ambiente com muitos cupins
Brasil e um dos precursores
(4%); 23 de setembro, início
no mundo, com inúmeras
da primavera no hemisfério
descobertas que hoje são de
sul e das grandes revoadas de
domínio público e que foram
cupins (19%); 31 de dezem-
publicadas entre 1873 e 1875.
bro, nascimento do termitó-
Fritz nasceu na Alemanha
logo Alfred Edwards Emerson,
em 31 de março de 1822,
em 1896.
emigrou para Santa Catarina
Venceu Fritz Müller, con-
em 1852, depois se natura-
tabilizando 44% dos votos.
lizando brasileiro, e faleceu
Salvemos a data de seu nas-
em Blumenau em 31 de maio
cimento, em memória des-
de 1897. Ele também está na Fritz Müller, tela a nanquim em papel do Museu Botânico Dr. João Barbosa Rodrigues, inaugurado em 1942 no Jardim Botânico de São Paulo pelo seu fundador, Dr. Frederico Carlos Hoehne.
se grande naturalista e para comemorar os cupins!
Outras datas propostas, com
1864 o livro Für Darwin, com
respectivos percentuais de votos
inúmeros fatos biológicos
entre parênteses, foram 25 de
obtidos em experimentos e
abril, publicação da obra Treatise
observações realizadas em
on the Isoptera of the world, em 7
SC. Tratamos desse grande
volumes em 2013, pelo termitó-
8
festejando as revoadas e a for-
les Noirot, em 1922 (1%); 11
do naturalista Fritz Mül-
les Darwin, ao publicar em
de junho, dia dos namorados,
mento do termitólogo Char-
31 de março, nascimento
Teoria Evolutiva de Char-
ret Collins em 1996 (8%); 12
vida (9%); 16 de julho, nasci-
rar os cupins. Venceu a data
e plantas, e ao comprovar a
morte da termitóloga Marga-
que permanecerão juntos na
adequado para se comemo-
tos grupos de invertebrados
boradores (15%); 27 de abril,
mação de casais (rei e rainha)
uma enquete acerca do dia
vanguarda ao estudar mui-
logo Kumar Krishna e cola-
Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.
CONSCIENTIZAÇÃO
Agentes mirins no combate ao mosquito da dengue: concursos de frases Por Lúcia Antonia Taveira, Elaine Polin, Roseli Maschio Teodoro, Adriana Cristina dos Santos Fantinati; Ricardo Mendes, Irma de Jesus Galego Lázaro, Joana D’Arc Alves Silva de Aguiar, Cassia Aparecida Jorge D’Antônio e Luiz Roberto Fontes
As atividades de combate ao mosquito
de ensino a participarem do “Concurso de
transmissor da dengue, Aedes aegypti, re-
frases sobre a dengue” e a conhecerem e
vestem-se de caráter multidisciplinar. Uma
adotarem as medidas de controle no am-
das medidas é de natureza educativa e re-
biente escolar e domiciliar.
quer a participação ativa da população, para
A responsabilidade do poder público
que sejam implementadas com sucesso.
municipal é grande nas questões de con-
Nessa função de orientar a população atuam
trole de vetores de interesse em saúde pú-
profissionais de vários segmentos, como da
blica. Porém, no caso do Aedes aegypti, que
saúde (enfermeiros e médicos), da educa-
se cria no peri e no intradomicílio, a fal-
ção (professores, diretores e funcionários
ta de conhecimento acerca da biologia do
de unidades de ensino), dos órgãos gover-
mosquito reduz a participação da popu-
namentais de controle de vetores (técnicos
lação na aplicação de medidas de preven-
de nível superior e agentes de controle), das
ção e controle, e pode dificultar a atuação
empresas de controle do setor privado (res-
da equipe municipal, com o consequente
ponsáveis técnicos de nível superior e fun-
agravo da infestação.
cionários executores do controle), de universidades e da mídia em geral.
O presente projeto teve como objetivo integrar os recursos humanos das Secre-
No campo educativo, há forte espa-
tarias Municipais de Saúde e de Educação,
ço para a participação de profissionais de
transformando professor em multiplica-
controle e, por isso, há muito temos apre-
dor de informação em sala de aula, para
sentado diferentes enfoques do tema nas
envolver alunos e familiares em competi-
páginas desta revista (nº 4, p. 18-22, 1998;
ção salutar e transformar os conhecimen-
nº 31, p. 28, 2012; nº 42, p. 5-6, 2016; nº 55,
tos adquiridos em prática de controle do
p. 8-13, 2020; nº 56, p. 8-19, 2020), com
mosquito em seu próprio domicílio.
ampla distribuição e mérito no país. É nes-
Na idade escolar é possível introdu-
se rumo que trazemos um projeto que foi
zir conceitos, para modificar e obter com
implantado duas vezes em Ribeirão Preto/
maior êxito hábitos e comportamentos
SP, para estimular os alunos da rede básica
adequados às medidas preventivas.
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Um projeto e várias metas Um projeto dessa natureza tem vários objetivos, como incentivar o aluno a: - conhecer a biologia do mosquito e
- não descartar material inservível em
das doenças por ele transmitidas;
áreas públicas;
- identificar e eliminar os criadouros
- competir de maneira salutar e criativa, valo-
existentes dentro e fora de casa;
rizando os professores e o sistema de ensino;
- obter mudança de comportamento,
- formar multiplicadores, ao transmitir co-
assim como dos familiares;
nhecimentos aos familiares e à comunidade.
Como foi implantado Realizou-se uma oficina de capacitação sobre a dengue e outras doenças, e a biologia do mosquito transmissor, para os professores e coordenadores pedagógicos, a fim de que repassassem esse conhecimento aos alunos da 5ª à 9ª séries do Ensino Fundamental, em sala de aula. Um CD com todo o conteúdo didático foi disponibilizado para cada escola. Os alunos receberam um formulário (“check-list”) com uma lista de tarefas para realizar em casa com os familiares, vistoriando os possíveis criadouros lá existentes e tornando-os inoperantes. Com o retorno dos formulários preenchidos, os professores tabularam os dados e geraram um debate em classe sobre os criadouros e as medidas de controle. Com essa formação teórica e prática, os alunos receberam uma ficha para elaborar, em sala de aula, uma frase educativa sobre a dengue e o seu transmissor.
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Aluna Caroline Arouca Lameira Gonçalves, 8º ano D, EMEF CAIC Antônio Palocci.
Três frases foram selecionadas em cada escola participante, pela equipe IEC/Informação, Educação e Comunicação, que implantou o projeto. A frase mais sugestiva foi divulgada em faixa na escola, com a foto e o nome do aluno.
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nadores, professores, alunos e familiares. As frases vencedoras foram utilizadas em campanhas educativas no município, como folhetos, painéis eletrônicos em rodovias e outros meios de divulgação. Em 2011, também foram confeccionadas placas, com o autor e nome da escola, que foram afixadas em locais públicos. Em 2014, foram confeccionadas faixas para Aluna Paloma Alves Gomes, 6º ano A, EMEF Alcina dos Santos Heck.
serem divulgadas nas escolas e em feiras de ciências, e 26 painéis publicitários (“outdoors”), afixados em locais públicos e identificados com
Os critérios para a seleção da frase vencedora, em cada escola, foram originalidade, criatividade e conteúdo da mensagem.
Resultados
o autor e nome da escola.
É 10, é 100, é 1000, vamos acabar com a dengue no Brasil! A frase, da aluna Gabriela de Cás-
Em 2011, sob o título “Concurso de fra-
sia Markin, 6º ano A da EMEF Alcina dos
ses sobre dengue” (Quadro 1), participaram
Santos Heck, sintetiza o entusiasmo com
22 escolas municipais e alunos do 5º ao 8º
que os estudantes abraçaram o projeto,
ano; houve patrocínio de diversas empresas
que proporcionou a integração de ações
do município. O projeto envolveu 397 profes-
das Secretarias envolvidas (Saúde e Edu-
sores do ensino fundamental, 236 do ensino
cação). Na segunda aplicação, houve o in-
médio e 10.125 alunos, além dos familiares.
teresse de patrocínio privado, que trouxe
Foram avaliadas 3.919 frases e selecionadas
maior facilidade na divulgação das men-
332, com 66 finalistas.
sagens preparadas pelos alunos.
Em 2014, com a denominação “Combata a dengue por sua família e todas as famílias” (Quadro 2), além dos patrocinadores do município, houve apoio da empresa S. C. JOHNSON. Participaram 26 escolas municipais e alunos do 6º ao 9º ano. O projeto envolveu 581 professores e 7.350 alunos. Foram elaboradas 2.577 frases e selecionadas 78 finalistas. Os alunos finalistas (três de cada escola) receberam uma medalha de Honra ao Mérito doada pela Secretaria Municipal de Saúde, em cerimônia solene com a presença de autoridades municipais, patroci-
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Placa instalada no Parque Municipal Dr. Luís Carlos Raya. Aluna Jacqueline Marinho Fernandes, 7º ano B, EMEF Alcina dos Santos Heck.
Os alunos elaboraram frases originais
Essa modalidade de projeto, aplicada em
e criativas, sobre aspectos da biologia do
apenas dois a três meses e com baixo custo
mosquito, principais criadouros e medi-
financeiro para o município e para os patro-
das de controle, demonstrando boa assi-
cinadores, também demonstra a necessida-
milação do assunto. Com isso, o tema foi
de e oportunidade de se integrar as ações dos
amplamente discutido nas escolas e nas
órgãos públicos de controle às atividades de
residências, e as frases criadas desperta-
educação no município, o que traz, como
ram a atenção da população, com alerta
consequência, a conscientização e mobili-
para a gravidade da doença e da responsa-
zação da população para concretizar medi-
bilidade de cada um na sua prevenção.
das básicas de interesse à saúde pública.
Autores Agentes de Controle de Vetores, Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto:
Elaine Polin
Roseli Maschio Teodoro
Irma de Jesus Galego Lázaro
Joana D’Arc Alves Silva de Aguiar
Adriana Cristina dos Santos Fantinati
Cassia Aparecida Jorge D’Antônio
Ricardo Mendes
Lúcia Antônia Taveira Educadora de Saúde Pública, aposentada.
Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.
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PRAGA REEMERGENTE
Guia de Vigilância e Controle de percevejos de cama Por Julia Vono
Quem são esses pequenos animais?
Classificam-se na ordem Hemiptera e família Cimicidae. Apresentam desenvol-
Percevejos de cama são insetos que se alimen-
vimento hemimetábolo, ou seja, metamor-
tam preferencialmente de sangue humano durante
fose incompleta. Do ovo eclode uma ninfa
a noite. Podem se alimentar também do sangue de
(forma jovem) que difere pouco do adulto,
aves, roedores, morcegos e animais de estimação.
a não ser pelo menor tamanho e por não
Necessitam viver próximos a uma fonte alimentar
possuir os órgãos sexuais desenvolvidos.
facilmente disponível e, assim, comumente se abri-
O ciclo de vida é composto por fase de ovo,
gam no intradomicílio. Seu corpo achatado os torna
cinco estágios de ninfa e fase adulta. Ninfas
perfeitamente adaptados a se esconder em fendas
e adultos se alimentam de sangue.
estreitas. São ápteros (sem asas), de tamanho relativamente pequeno variando de 4,5 a 7,0 mm em comprimento, corpo oval achatado dorsoventralmente e cor marrom-avermelhada (Figura 1).
Esses insetos geram infestações grandes e de controle difícil. As habitações humanas oferecem diversos locais propícios para a instalação de uma colônia: estrados das camas; costuras dos colchões, travesseiros e cobertores; sofás e poltronas; fendas ou rachaduras nas paredes e tábuas de assoalhos; molduras e atrás de quadros; carpetes; vão atrás de rodapés; vãos de interruptores ou tomadas elétricas; interior de malas de viagem, entre outros. Podem habitar o peridomicílio, instalados em abrigos de animais como ninhos de pássaros e morcegos, e galinheiros. Também ocorrem em hotéis, dormi-
Figura 1. Percevejo de cama comum, Cimex lectularius, em vista dorsal. Fonte: Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Atlanta, USA.
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tórios universitários, cinemas, teatros, asilos, hospitais e outras edificações. Ade-
mais, há relatos de infestação em meios de transporte como ônibus, taxis, caminhões de mudança, trens, navios e aviões. São facilmente transportados em malas e bagagens e, assim, disseminam-se pelo mundo, infestando residências, hotéis e meios de transportes em geral.
Com o objetivo de esclarecer dúvidas e padronizar ações frente às infestações por percevejo de cama, elaboramos este guia, para ser aplicado por profissionais de Saúde Pública e de controle de pragas, apresentando um passo-a-passo dos procedimentos a serem adotados.
Eles existem em vários espaços geográficos, como Ásia oriental, Austrália, Europa e América do Norte. Também ocorrem no Brasil, mas a falta de um programa de vigilância específico para o inseto gera uma subnotificação, o que minimiza a real gravidade da situação em nosso país. Apesar de não serem vetores comprovados de agentes patogênicos, suas características biológicas de hematofagia e antropofilia favorecem esse papel. Sua importância está nas picadas, que causam grande incomodo e desconforto. As picadas podem causar prurido e reações alérgicas secundárias conhecidas como cimidíases, além de infecções secundárias na pele. Em crianças, pessoas debilitadas e idosos, picadas continuadas podem acarretar anemia e deficiência de vitaminas.
VISTORIA: reconhecendo a infestação PASSO 1: PESQUISA DE FOCO DE PERCEVEJOS DE CAMA Materiais necessários: luvas, pinça, lanterna e recipientes para armazenar espécimes. INTRADOMICÍLIO: realizar busca através de observação minuciosa em todas as frestas, fendas estreitas, buracos nas paredes, tetos e outros locais que possam servir de abrigo ao inseto. Deslocar móveis, objetos e utensílios domésticos. A figura 2 indica os principais locais a serem verificados.
Figura 2. Locais a serem pesquisados na busca por percevejos de cama. Adaptado de: New York City Department of Health and Mental Hygiene, 2009. Preventing and getting rid of bed bugs safely. A guide for property owners, managers and tenants. New York, 12 pp.
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Com auxílio da lanterna, verificar principalmente:
PERIDOMICÍLIO: pesquisar preferencialmente os abrigos de animais (galinheiro, pombal, canil etc.).
Cama: embaixo, ao longo do estrado e na cabeceira; pesquisar as costuras de colchões, travesseiros e
IMPORTANTE: Lembrar que os percevejos de cama
roupas de cama;
costumam habitar muito próximos de sua fonte ali-
Sofá: almofadas, estofados, forros e reentrâncias;
mentar. Assim, as colônias presentes no local dis-
Mobília: rachaduras e fendas na mobília;
tarão de 1 metro, ou menos, até cerca de 6 metros
Parede e piso: rachaduras e fendas nas placas de
dos locais em que ficam as pessoas ou os animais.
piso e rodapés, interruptores e tomadas elétricas, e quadros nas paredes.
Se for difícil encontrar os abrigos dos percevejos de cama, pode-se usar armadilhas com gelo seco. A
Para orientar a pesquisa e evitar esquecer de ob-
armadilha é feita com um pedaço de tecido (pano)
servar algum local, convém que a verificação dos
com fita adesiva dupla-face afixada nas margens.
cômodos se inicie no canto esquerdo da porta de
Basta colocar um pouco de “gelo seco” no meio do
acesso, seguindo no sentido horário (Figura 3).
tecido e a armadilha exalará CO2 (dióxido de carbono) gasoso, o que vai atrair os insetos para o tecido, onde eles ficarão aderidos na fita dupla-face. Tomar os devidos cuidados no manuseio do gelo seco, que pode causar graves queimaduras. Além da presença do inseto, a infestação pode ser reconhecida também por outros dois indícios: • Resíduos como manchas de sangue, fezes e ovos, que podem estar presentes nas costuras de colchões, travesseiros e almofadas, fendas e rachaduras em mobiliários e rodapés (Figura 4).
Figura 3. Esquema para vistoria de percevejos de cama no intradomicílio. Setas cheias indicam o sentido da pesquisa em cada cômodo, e setas pontilhadas, a sequência da pesquisa. Adaptado de: Galvão C (Ed.), 2014. Vetores da doença de chagas no Brasil. Zoologia: guias e manuais de identificação series. Curitiba: Sociedade Brasileira de Zoologia, 289 pp.
16
Figura 4. Indícios de fezes e ovos de percevejos de cama nas costuras do colchão. Fonte: Doggett SL, Dwyer DE, Peñas PF, Russell RC, 2012. Bed bugs: clinical relevance and control options. Clinical Microbiology Reviews 1 (25): 164-192.
• Relatos de picadas durante o sono. Al-
COLETA DE AMOSTRA: Com o auxílio de pinça, coletar
gumas pessoas apresentam reação alérgica
os espécimes encontrados (adultos, ninfas e ovos) e arma-
à picada dos percevejos. As marcas de pi-
zenar em frasco plástico, transparente de preferência, e
cadas costumam aparecer em minutos ou
bem tampado.
dias, em padrão sequencial linear e geralmente onde a pele é exposta durante o sono
IMPORTANTE: O laboratório de referência que recebe um
(Figura 5). Pode haver pequenos inchaços
espécime de percevejo de cama para identificação repre-
avermelhados ou marcas grandes com es-
senta um papel fundamental na notificação da ocorrência
coriações provocadas pelo ato de coçar.
do inseto e, consequentemente, da infestação. Com essa
Entretanto, marcas de picadas de outros
prática, o serviço de vigilância entomológica atua com seu
insetos, como pulgas e mosquitos, também
elemento chave, que é a organização de um sistema de re-
causam reação alérgica e, assim, este indí-
gistro de dados.
cio deve ser devidamente investigado.
CONTROLE
PASSO 3: ORIENTAÇÕES PARA O CONTROLE DA INFESTAÇÃO O controle da infestação por percevejos de cama é usualmente conduzido por empresas de controle de pragas. Para abrigos e asilos públicos, presídios e áreas de precária siFigura 5. Lesões em antebraço provocadas por percevejo de cama. Padrão de picadas em sequência linear. Fonte: Criado PR, Criado RFJ, 2011. Cimidíase (dermatose por percevejo): uma causa de prurigo a ser lembrada. Anais Brasileiros de Dermatologia 86 (1): 163-164.
tuação socioeconômica, sugere-se que essa demanda seja atendida pelo Serviço Público de Saúde. A seguir, as principais recomendações de controle encontradas na literatura: Eliminar os insetos: forçar a retirada dos insetos de fendas
PASSO 2: COLETA DE AMOSTRA
e rachaduras com o auxílio de uma espátula ou faca; coletar
E IDENTIFICAÇÃO
com fita adesiva e esmagar em papel toalha. Dirigir o fluxo quente de um secador de cabelos durante 30 segundos em
Percevejos de cama podem ser facilmente confundidos com outros pequenos insetos
contato contínuo no papel toalha e nas frestas, para matar os percevejos de cama;
presentes em residências. Por isso, a identificação correta da praga é essencial para a
Verificar materiais armazenados que possam servir de abri-
adoção das medidas adequadas de controle.
go aos percevejos e a possibilidade de eliminar esses abrigos;
Assim, deve-se sempre coletar amostras dos insetos presentes no ambiente
Orientar como realizar a limpeza geral no ambiente. Remo-
vistoriado e enviá-las ao laboratório de
ver insetos mortos, manchas de sangue, ovos e fezes com
referência para identificação taxonômica.
água quente e sabão;
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Passo 4: MONITORAMENTO Lavar todos os itens que possuam manchas de percevejos em água quente e secar ao sol, ou se possível em secadora no nível mais alto de calor por ao menos 20 minutos. Depois de secos, armazenar os itens em sacos plásticos selados para evitar reinfestação; Usar com frequência aspirador de pó para remover poeira e resíduos em carpetes, pisos, estrados de cama, móveis, rachaduras e frestas, usando as ferramentas acessórias de escova e fenda. Antes de esvaziar o conteúdo do saco coletor do aspirador, armazená-lo em freezer por uma semana para matar ovos e insetos vivos, e depois esvaziar o conteúdo em lixeira; Se possível, usar higienizador a vapor quente nos mesmos locais referidos no tópico anterior e em colchões, travesseiros, almofadas, cortinas etc.; Vedar rachaduras em paredes e estruturas de madeira ou gesso; reparar ou remover papel de parede solto; fixar devidamente o painel de tomadas e interruptores elétricos; vedar frestas em rodapés e prateleiras ou armários; Qualquer objeto a ser descartado, no processo de eliminação dos percevejos, deve ser devidamente armazenado em saco plástico bem lacrado para evitar a dispersão do inseto para outros locais.
O local deve ser reexaminado em um mês e, caso a infestação persista, buscar ativamente os abrigos e reforçar as orientações ao munícipe. PREVENINDO INFESTAÇÕES DE PERCEVEJOS DE CAMA Percevejos podem entrar nos domicílios no retorno de malas e roupas de viagem, em mobília usada etc., ou mesmo por dispersão ao longo de tubulações elétricas e outras. Para evitar as infestações, é necessário adotar medidas de prevenção, como: • Vedar rachaduras e frestas em geral, para evitar percevejos de cama e outras pragas. • Não transportar para dentro de casa estrados, colchões, mobília, caixas etc. abandonados na rua. • Ao adquirir móveis usados, sempre verificar se abrigam percevejos. • Em viagem, sempre inspecionar cama e mobília em busca de sinais indicativos da presença do inseto. • Em viagem, armazenar malas e bolsas longe do chão e da cama, e inspecionar esses utensílios antes de deixar o local. • Se houver suspeita de ter frequentado local com percevejos, lavar e secar as roupas em secadora quente, o mais rapidamente possível e armazená-las em saco plástico selado, enquanto estiver em trânsito.
SOBRE O USO DE PESTICIDAS QUÍMICOS As infestações por percevejos geralmente requerem o uso de inseticidas. Somente profissionais de controle de pragas estão autorizados a realizar esse tratamento. Nesse caso, deve-se orientar o munícipe a recorrer às empresas devidamente registradas.
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Julia Vono Bióloga do Laboratório de Identificação e Pesquisa em Fauna Sinantrópica/ LABFAUNA da Divisão de Vigilância de Zoonoses, São Paulo/SP.
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CAPA
LIMPEZA DE RESERVATÓRIOS AGORA É SEMESTRAL ABCVP e Alerj, parceria em defesa da saúde do consumidor
O deputado estadual Dionisio Lins (PP) propôs um Projeto de Lei Nº 4627/ 2021 que estabelece obrigatoriedade da limpeza e higienização dos reservatórios de água destinados ao consumo humano, periodicamente (a cada seis meses), para fins de manutenção dos padrões de potabilidade vigentes. A proposição, que altera a legislação em vigor (Lei 1893, de 20 de novembro de 1991) foi feita à mesa no dia 10 de agosto, a fim de adequar e atualizar tal Lei, em virtude da realidade atual. A proposta pode representar um reforço para as empresas controladoras de pragas, gerando trabalho e credibilidade. Além deste Projeto de Lei outras três leis estaduais foram aprovadas em benefício do setor, desde 2017.
20
Projeto de Lei nº 4627/2021 A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESOLVE: Art. 1º - Os Arts. 1º, parágrafo único do Art 1º e Art. 2º da Lei 1893 de 20 de novembro de 1991, passarão a ter as seguintes redações: “Art. 1º - Ficam obrigados, os responsáveis pelos estabelecimentos que possuem reservatórios de água destinados ao consumo humano, a manterem os padrões de portabilidade vigentes, mediante a limpeza e desinfecção das cai-
Dionisio Lins está preocupado com a qualidade da água.
xas e reservatórios de água , bem como as respectivas instalações, periodicamente a cada 6 (seis) meses. (NR)”
De acordo com o parlamentar, a proposição visa alterações na legislação em vigor para uma melhor adequação e atualização.
“§1º - A obrigação contida nesta Lei
- Em tempo de pandemia, os cuidados com a saú-
abrange todos os estabelecimentos re-
de vêm aumentando. Água é vida, e com ela o cuidado
sidenciais, comerciais, industriais e de
deve ser redobrado, pois qualquer descuido traz inú-
prestação de serviços ou qualquer outro
meras complicações para todos nós, explicou.
estabelecimento aberto ao público, ainda que restrito a associados, destinados ao lazer, cultura e fins religiosos.” Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 10 de agosto de 2021. Dionisio Lins Deputado e Vice-presidente da Comissão
“
Água é vida, e com ela o cuidado deve ser redobrado, pois qualquer descuido traz inúmeras complicações para todos nós.
”
de Defesa do Consumidor da ALERJ
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Mudança na Lei Aprovada pela primeira vez em 20 de novembro de 1991, pelo então governador Leonel Brizola, e depois alterada em 27 de agosto de 2018, no governo de Luiz Fernando de Souza, o Pezão, a Lei estabelecia a limpeza e desinfecção das caixas e reservatórios, a cada 12 meses. - Reduzir esse período para seis meses representa uma grande conquista para o setor. Mais uma! Graças ao empenho da diretoria da ABCVP, que sempre circulou bem entre as esferas municipal, estadual e federal, comemorou o biólogo Marcelo Freitas, que também é diretor técnico da ABCVP. A proposta normativa será ainda submetida à aprovação ou veto do Poder Executivo, mas todos estão muito confiantes na vitória, afirmou o presidente da Associação, Ruben Barat.
Marcelo Freitas, diretor técnico da ABCVP.
Água: fonte de vida A água é um recurso natural indispensável para
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) cons-
a manutenção de todos os tipos de vida do planeta.
tatou a forte presença de esgoto doméstico e tam-
Sem água a extinção das espécies, inclusive a hu-
bém de poluição industrial na água que estava sendo
mana, será inevitável. O Brasil é o primeiro país em
fornecida à população.
disponibilidade hídrica do mundo. Graças aos seus
Na época a Assembleia Legislativa do Estado do
rios, incluindo o Rio Amazonas, o maior em exten-
Rio de Janeiro (Alerj) foi incansável na defesa do
são e volume do planeta, 12% das águas doces exis-
consumidor e da saúde da população. Os parlamen-
tentes estão concentradas aqui, no Brasil. Apesar da
tares cobraram informações sobre as alterações na
oferta generosa, o país está prestes a sofrer uma de
qualidade da água do Sistema Guandu, que atende
suas maiores crises hídricas.
a nove milhões de cidadãos residentes da cidade do
No Rio de Janeiro quem não se lembra da ‘crise
Rio e Baixada Fluminense.
da geosmina’? Em pleno verão de 2020, a população
A Casa Legislativa chegou a instalar a CPI da Crise
recebeu, por semanas, água com cheiro e gosto in-
Hídrica, em 2015, constatando, já naquela época, que
suportáveis. Exatamente um ano depois, moradores
o Governo do Estado e os municípios que integram a
da capital e de municípios da Baixada Fluminense
Bacia do Rio Guandu estavam sendo ineficientes no
voltaram a denunciar problemas com a água tratada
combate ao desmatamento das margens do Rio. O
pela Cedae, a Companhia de Abastecimento de Águas
relatório demonstrava que já existia “falta de infra-
e Esgotos do Rio de Janeiro. Na época, responsabi-
estrutura adequada de coleta, tratamento e destina-
lizaram a geosmina, uma substância produzida por
ção final dos esgotos sanitários, de resíduos sólidos
algas, responsável pelas alterações no líquido, po-
e de dejetos de outras origens, principalmente nas
rém, um estudo do Laboratório de Microbiologia da
áreas urbanas situadas na bacia desse rio, além da
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falta de fiscalização dos despejos provenientes das indústrias”. De acordo com o documento, as altas taxas de poluição e contaminação do Rio Guandu acarretam dificuldades e aumento de custos no processo de tratamento da água
Lei nº 7806 de 12 de dezembro de 2017 O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
bruta captada pela Cedae, em ra-
Art. 1º Fica, através da presente Lei, regulamentada, no âmbito do
zão do aumento substancial das
Estado do Rio de Janeiro, a aprovação das questões técnicas para o de-
cargas orgânicas e inorgânicas. Alerj e ABCVP sempre tiveram um bom relacionamento, porém esses laços foram estreitados sobremaneira nos últimos anos. Por
vido funcionamento de empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas. Art. 2º Esta Lei estabelece diretrizes para o funcionamento das empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, visando ao cumprimento
entender a essencialidade do setor
das boas práticas operacionais, a fim de garantir a qualidade e segurança
os parlamentares da Casa Legisla-
do serviço prestado e minimizar o impacto ao meio ambiente, à saúde do
tiva abriram as portas de seus gabinetes para ouvir os controladores de pragas. Essa interlocução e interação com o poder público favoreceu o setor com três leis para
consumidor e do aplicador de produtos saneantes desinfestantes. § 1º A empresa especializada no Controle de Pragas e Vetores estará autorizada a realizar serviços, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, após estar devidamente licenciada junto ao Instituto Estadual do Ambiente - INEA.
o crescimento, desenvolvimento e aprimoramento do segmento, entre elas a Lei 7.806, de 2017, que regulamentou diretrizes para o funcionamento das empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas
§ 2º O serviço de controle de vetores e pragas urbanas somente pode ser efetuado por empresa especializada portadora de licença prevista no parágrafo anterior. Art. 3º Esta Lei se aplica às empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas, no diversos ambientes, tais como: indústrias em geral, instalações de produção, importação,
urbanas no âmbito do Estado do
exportação, manipulação, armazenagem, transporte, fracionamen-
Rio de Janeiro, visando ao cumpri-
to, embalagem, distribuição, comercialização de alimentos, produtos
mento das boas práticas operacionais, a fim de garantir a qualidade e segurança do serviço prestado e minimizar o impacto ao meio ambiente, à saúde do consumidor e do
farmacêuticos, produtos para saúde, perfumes, produtos para higiene e cosméticos para a saúde humana e animal, fornecedores de matéria-prima, áreas hospitalares, clínicas, clubes, “shopping centers”, residências e condomínios residenciais e comerciais, lojas, lanchonetes, bares, restaurantes veículos de transporte coletivo, táxis, aeronaves, embarcações, aeroportos, portos, instalações aduaneiras e portos secos,
aplicador de produtos saneantes
locais de entretenimento e órgãos públicos e privados, construção civil,
desinfestantes. (Art. 2º).
instituições de ensino, entre outros.
Acesse o QR Code para obter a Lei na íntegra.
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Uma Gestão de Diálogo Graças à credibilidade e representatividade conquistadas junto ao Poder Legislativo, durante a gestão
Lei nº 8839 de 21 de maio de 2020 O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
do presidente Ruben Barat (2015 – 2021), também en-
Art. 1º Fica autorizada a criação da política estadual de
traram em vigor as leis 8.801 e 8.839, ambas validando
sanitização de ambientes, devendo ser implementada nos
a relevância das empresas controladoras de pragas no
locais fechados de acesso coletivo públicos ou privados,
combate à pandemia da Covid-19. A primeira Lei 8.801
possuindo sistema de climatização ou não, objetivando
autorizando as controladoras a realizar serviços de
evitar a transmissão de doenças infectocontagiosas, como
desinfecção e limpeza dos veículos, diariamente. A segunda: Lei 8.839 criando uma política estadual de sa-
o Coronavírus – COVID-19. Ver tópico Parágrafo único. A implementação da política de que
nitização nos ambientes coletivos, públicos ou priva-
trata o caput deverá priorizar as unidades de saúde fixas e
dos, incluindo os meios de transporte, as unidades de
móveis. Ver tópico
saúde, os supermercados, as farmácias, entre outros. Art. 2º A sanitização de ambientes deverá ser realizada inclusive em paredes, tetos, pisos e imobiliários. Ver tó-
Lei nº 8801 de 30 de abril de 2020 O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Art. 1º Fica determinado no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, que as empresas concessionárias de transportes públicos realizem diariamente a cada final de percurso a desinfecção e a limpeza de seus veículos para contenção da pandemia do Coronavírus (COVID 19).
pico § 1º O uso dos produtos utilizados no procedimento deverá estar devidamente autorizado pelo órgão público competente, não podendo ser nocivo à saúde e ao meio ambiente. Ver tópico § 2º Fica estabelecida a periodicidade de manutenção, conforme o estabelecido na ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), em ônibus, trens, metrôs e barcas que possuam aparelho de ar-condicionado, devendo afi-
Art. 2º V E T A D O . * Art. 2º A realização da desinfecção ocorrerá no caso dos ônibus em seu ponto final, no caso do metrô e trem na estação final do trajeto e no caso das barcas sempre que atracar no terminal aquático da praça XV. * Veto derrubado pela Alerj. DO II 08/06/2020. Art. 3º Caberá aos órgãos do Poder Executivo a devida fiscalização para efetivação desta Lei.
xar em local visível a data da manutenção, bem como o período de validade, a empresa que executou o serviço e o seu responsável técnico. Ver tópico Art. 3º O Poder Executivo irá regulamentar a presente lei, definindo os padrões mínimos de limpeza, bem como a sua periodicidade, a fim de eliminar ou impedir a proliferação de microrganismos prejudiciais à saúde nesses ambientes. Ver tópico Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Ver tópico Rio de Janeiro, em 21 de maio 2020.
Acesse o QR Code para obter a Lei na íntegra.
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O diretor financeiro da ABCVP Fernando Marques com o deputado estadual Dionisio Lins, Marcelo Freitas, o deputado federal Rodrigo Maia, e o presidente da ABCVP Ruben Barat.
Gratidão é a palavra que nos define - Trabalhamos duro, mas também fomos muito abençoados. Se hoje com uma palavra pudéssemos definir o que sentimos, essa palavra certamente seria gratidão, afirmou Barat. Como diz o ditado popular: “nos 45 do segundo tempo”, a má qualidade da água, somada à constante preocupação com o bem estar e a saúde do cidadão, deu nova redação à Lei de limpeza e desinfecção das caixas e reservatórios de água, públicos e privados. Proposto em
belecendo o período de limpeza, que antes era de 12 meses, para cada 6 meses. A gestão da diretoria de Ruben Barat termina agora no próximo mês, em setembro, quando haverá eleição para a nova diretoria, mas as conquistas e a sensação do dever cumprido revelam um brilho diferente no olhar, um brilho de quem faria tudo novamente. - Só temos a agradecer a todos os deputados da Alerj, por cada parceria, por cada alinhamento de ideias e, em especial porque nunca se opuseram em nos apoiar. Pelo contrário, sempre tiveram como alvo melhorar as condições de saúde da população do Estado do Rio de Janeiro e a nossa convivência de perto não revelou nada que pudesse desabonar nos-
agosto deste ano, o Projeto de Lei Nº
sa conduta . Em nome da diretoria, o nosso
4627/ 2021, revoga a lei anterior, esta-
muito obrigado a todos vocês. Até breve!
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CONTROLE
As Abelhas da Cidade: Polinizadores Urbanos Por Samuel Júlio Lima dos Santos & Fábio Prezoto
As abelhas sociais são consideradas um dos mais importantes grupos animais da atualidade. Isso porque elas oferecem uma gama de serviços ecológicos fundamentais para o funcionamento de diversos ecossistemas do mundo, e também são responsáveis pela polinização da maioria das plantas utilizadas na alimentação humana (cerca de 73%). Além disso, produzem mel, própolis e cera, cujo valor medicinal é de extrema relevância para os seres humanos. Contudo, o crescente processo de urbanização tem causado impactos diretos sobre insetos polinizadores, em especial as abelhas sociais, que na última década passaram a chamar a atenção de pesquisadores do mundo devido a sua fragilidade perante as mudanças climáticas, aumento no uso de pesticidas e o crescente desmatamento, dentre outros fatores. Tudo isso junto tem provocado a redução significativa desses polinizadores, em especial no ambiente urbano. Estudando um pouco acerca de sua biologia, a alimentação das abelhas adultas consiste basicamente de substâncias açucaradas, dentre as quais, o néctar das plantas é a mais utilizada (Figura 1). Por outro lado, suas larvas necessitam de fontes de proteínas para conseguir completar seu desenvolvimento, logo, para alimentá-las, os adultos coletam pólen enquanto visitam as plantas. Através dessas atividades as abelhas promovem a polinização e fornecem os produtos utilizados pelos seres humanos. Elas também são capazes de estocar esses alimentos em suas colônias, para garantir sua sobrevivência e o desenvolvimento da prole mesmo em estações climáticas desfavoráveis, como no inverno.
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Figura 1. Abelhas Jataí (Tetragonisca angustula) polinizando flores de funcho (erva-doce).
Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em centros urbanos, e devido ao constante processo de urbanização, que provoca profundas alterações ambientais, afetando a sobrevivência de muitas espécies e, ao mesmo tempo, favorecendo outras que apresentam certo grau de sinantropismo (capacidade de sobreviver e prosperar no ambiente urbano). Assim como outros grupos de insetos, algumas espécies de abelhas sociais se adaptaram bem ao ambiente urbano, graças às mudanças em seu comportamento de nidificação e forrageio, decorrente da grande oferta de cavidades pré-existentes em locais mais resistentes (construções de concreto, alvenaria e metais) que são utilizados pelas abelhas para estabelecer novas colônias (Figura 2); oferta de novos recursos alimentares que são cultivados pela população em áreas verdes, inclusive a adição de alimentos artificiais (como café, sucos e doces) como alternativa alimentar; e redução de competidores e predadores que estão presentes em ambientes naturais.
Durante as épocas mais quentes do ano as colônias de abelhas produzem enxames, com o objetivo de estabelecer novas colônias. Nesse período a ocorrência de acidentes pode aumentar significativamente. Caso os enxames e novas colônias se estabeleçam em locais onde há um grande número de transeuntes, como escolas e hospitais, o risco de acidentes pode ser ainda maior, sendo recomendada a sua extração. Esse manejo deve ser realizado por profissionais treinados e capacitados e com proteção adequada, portanto apicultores, pesquisadores Figura 2. Ninho de Meliponinae (abelha indígena sem ferrão) estabelecido em uma fresta em alvenaria.
Os insetos polinizadores mais encontrados em centros urbanos são as abelhas africanizadas (Apis mellifera) e as abelhas indígenas sem ferrão (Jataí, Iraí, abelha cachorro, entre outras). Ambos os grupos estabelecem colônias perenes, com centenas até milhares de indivíduos. Utilizam orifícios presentes nas construções humanas (cavidades no concreto, madeira, barro e metal) ou em diferentes alturas (1-18 m) nas árvores para construir seus ninhos. Esses, por sua vez, são construídos principalmente com a utilização de cerume (elaboração de cera e resina produzidos pelas abelhas), com possibilidade de serem incorporados a sua composição: folhas, barro, fezes e madeira. O principal problema decorrente da presença desses insetos no ambiente urbano refere-se aos inúmeros casos de acidentes devido ao comportamento defensivo exibido pelas abelhas africanizadas. A maioria dos acidentes ocorre quando as colônias são perturbadas através de manipulação indevida, consequentemente levando a ocorrência de ferroadas que, além da dor, podem provocar re-
e o corpo de bombeiros devem ser acionados. Em relação às abelhas sem ferrão, algumas espécies podem apresentar o comportamento de enrolar-se nos pelos e cabelos das pessoas quando ameaçadas. Porém, de forma geral, esse grupo de abelhas não apresenta risco à vida humana, visto que possuem ferrão atrofiado e, portanto, não são capazes de ferroar e provocar danos como os causados pelas abelhas africanizadas. Seus ninhos são perenes e discretos, passando facilmente despercebidos pelas pessoas, contudo, devido à falta de conhecimento sobre sua importância e o fato de serem confundidos com ninhos de outras espécies nocivas de abelhas e marimbondos (vespas), são muitas vezes destruídos. Vale salientar novamente que as abelhas sociais são fundamentais para a manutenção da qualidade de vida e conservação de áreas verdes nas cidades. Além disso, as abelhas são consideradas animais silvestres ameaçados, e deste modo, são amparadas por lei, inclusive em ambiente urbano. Sendo assim a destruição de seus ninhos, por quaisquer métodos utilizados por pessoas comuns, é considerada uma atividade ilegal. Proteja as abelhas e seus ninhos, faça o manejo correto de suas colônias, quando necessário, e ajude na sua conservação e na manutenção do serviço de polinização.
ações alérgicas e até o óbito de suas vítimas, quando ocorrem múltiplas ferroadas. Por conta disso, desde 1993 as abelhas africanizadas são identificadas como “animal agressor” nas fichas da vigilância epidemiológica dos grandes centros urbanos. Através dessa metodologia, já foram registrados cerca de 160.000 casos de acidentes com abelhas no Brasil durante os últimos 20 anos.
Samuel Júlio Lima dos Santos Biólogo, Mestre em Biodiversidade e Conservação da Natureza pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Dr. Fábio Prezoto Biólogo, Docente do Depto de Zoologia da UFJF.
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MANEJO INTEGRADO
Roedores em ambientes urbanos: o controle Por Uiara Caromano Treviso
Quando pensamos no controle de roedores de-
banos, precisam ser capacitados para
vemos levar em consideração alguns fatores, tais
identificar o problema de forma corre-
como: a espécie infestante, sua biologia e quais os
ta e implantar estratégias de controle
elementos em nosso cliente favorecem a proliferação
seguras, avaliando o impacto das in-
desse tipo de animal sinantrópico naquele ambien-
tervenções realizadas.
te. O homem fornece, de maneira abundante, tudo aquilo que o roedor precisa para sua sobrevivência, tal como: abrigo, acesso, água e alimento. Alguns fa-
Principais roedores infestantes em áreas urbanas
tores de urbanização colaboram para a proliferação exacerbada de roedores nos centros urbanos, entre
Ratazana – Rattus norvegicus
eles podemos citar problemas em relação à disposição de resíduos sólidos, drenagem inadequada das águas pluviais e de tratamentos de esgotos.
Considerada a maior das espécies em relação ao peso, esta espécie normalmen-
Diante do exposto torna-se necessário um
te realiza tocas no perímetro construtivo,
plano de controle permanente para roedores.
terrenos baldios, próximos a córregos e li-
Os profissionais que atuam nos centros ur-
xões, cavando terras no piso.
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Fases para a implantação de controle Ao longo dos anos os roedores criaram habilidades incríveis de adaptação, exigindo do controlador de pragas cada vez mais conhecimento de sua biologia, hábitos comportamentais e capacidades físicas. Também há necessidade de co-
Ratazana.
nhecer o ambiente em que os roedores a serem combatidos estão. Para um bom controle devemos pensar que o mesmo deve ser realizado com base no manejo integrado de pragas, o famoso MIP, levando em conta as medidas preventivas e corretivas.
Inspeção Toca de ratazana em perímetro domiciliar.
Uma das fases mais importantes em relação a implantação do controle é essa.
Rato de telhado – Rattus rattus
É aqui que devemos observar quais os
Roedor conhecido por ser ótimo
no ambiente, locais de consumo de pro-
equilibrista e escalador normalmente constrói seus ninhos em forros, copas de árvores e sótãos. Dificilmente reali-
indícios que os roedores estão deixando dutos, possíveis rotas dos roedores além verificar elementos que facilitem a ocorrência com roedores.
zam tocas no chão, descendo ao solo somente em busca de alimentos. Possuem grandes orelhas e a cauda normalmente é maior do que o corpo. Camundongo – Mus musculus Em relação aos roedores urbanos dizemos que este é o menor. Trata-se de hábitos solitários ou em casal, faz ninhos em armários, dispensas e etc. Ao contrário das outras espécies, é considerado curioso, o que chamamos de
Imagem de rato de telhado.
comportamento neofílico.
29
Identificação Identificar a espécie infestante é fundamental, é nela que está e chave para o controle de roedores. Só com a identificação correta conseguimos planejar ações e estratégias de manejo. Por exemplo: em uma infestação, onde identificamos ocorrências com rato de telhado, é fundamental a instalação de iscas em locais aéreos, evitando que o roedor precise descer ao solo a procura de alimento.
Lembre-se somos contratados não somente para apagar incêndio, mas também para orientar os nossos clientes como evitar o incêndio. Aqui é fundamental que sejamos educadores da comunidade envolvida, ou seja, temos que realizar a educação de hábitos e costumes dos funcionários e até mesmo do próprio cliente, orientando na necessidade de realizara manipulação correta de resíduos, material em desuso, manejo correto de jardins, fechamento de vão, entre outros.
Técnicas de controle Devemos verificar os locais com necessidade da instalação de iscas rodenticidas, placas de cola ou ratoeiras. Lembrando que devemos sempre respeitar a recomendação do fabricante na utilização de iscas químicas, com registro no Ministério da Saúde e seguindo as recomendações sanitárias do país. Os porta iscas
Imagem de camundongo.
devem ser fixos, protegidos, com abertura somente por chave, com sinalização e mapeados. O mapeamento recomenda-se
Medidas preventivas e corretivas Após identificar quais os elementos do ambiente que possam favorecer a proliferação de roedores no cliente, o medidas necessárias que o mesmo deve adotar para corrigir estes elementos e evitar a proliferação desordenada de roedores. Relatórios fotográficos desses elementos e quais as sugestões de correção são fundamentais.
30
também no caso de iscas não químicas. O registro em relação ao consumo de iscas, captura ou danos aos dispositivos são de suma importância, com a finalidade de mantermos um histórico no cliente, o que nos ajudará com infestações futuras e também no planejamento de ações operacionais para avaliarmos possíveis mudanças no mapeamento. Todas as atividades devem ser anotadas e o cliente deverá acompanhar as ações da controladora através da emissão de relatórios.
Mantenha atenção em relação ao uso de iscas
de pragas, é algo que envolve competência téc-
rodenticidas e suas disponibilidades, visto que a
nica, comprometimento tanto do cliente quanto
oferta inadequada de iscas pode levar a um efeito
da controladora de pragas, além da participação
conhecido como efeito bumerangue. Tal efeito con-
ativa do responsável técnico da controladora.
siste no aumento da população inicial de roedores,
Lembre-se o diferencial entre as empresas con-
em vez de seu controle. Isso acontece quando so-
troladoras de pragas está na sua capacidade técnica.
mente alguns animais da colônia morrem. Os so-
Não somos apenas eliminadores de pragas, somos
breviventes consequentemente terão abundância
pessoas qualificadas para prestar um serviço que
de água, abrigo e alimento, o que facilita a taxa de
promova saúde e bem-estar.
reprodução expandindo e a colônia evolui até que haja a escassez dos recursos da área. A partir daí, os membros mais fracos são expulsos desta colônia e irão formar novas colônias ao redor. Ou seja, o seu problema se tornarão dois. Minimizar os níveis de ocorrências dos animais considerados pragas e os efeitos negativos provocados por eles, através do manejo integrado
Uiara Caromano Treviso Engenheira Agrônoma e Bióloga Especialista em Sistemas de Gestão Integrados; Especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias e membro do Conselho Técnico da ABCVP.
31
TÚNEL DO TEMPO
Ratos da Comunidade e ratos da sociedade Por Pedro Marcos Linardi
O termo rato, ainda que apresentando diversas conotações em nossa língua, zoologicamente, diz respeito ao nome vulgar de certos representantes faunísticos incluídos na ordem Rodentia, a mais expressiva entre os mamíferos. Tendo em vista estabelecer analogias entre diferentes significados e derivações entre esses animais, alguns aspectos taxonômicos e comportamentais são aqui apresentados através de diálogos entre personagens fictícios, na forma de trocadilhos.
Cenário I Uma comunidade de ratos - Não sou Ratel, nem Ratitas! - Exclamou um velho rato que se julgava o mais sábio naquela comunidade de roedores.
Ora, se Santo, Santo, Santo, quer dizer Santíssimo, logo... - Tudo bem, sr. Rattus! Há muito
- Eu sou Mus e não Mys, além do mais, ele vem na frente e não atrás!... - bradou o camundongo.
equívoco entre nós! Alguns humanos
- Quanta necessidade de afirma-
- Como assim? - indagou a ratazana.
acham que sou eu a mãe do camun-
ção, meu caro! Pior calúnia fazem
- Olhe aqui, Ratel é um carnívoro
dongo! - lembrou a ratazana.
contra mim pois, quando velho, e
da família dos mustelídeos, encon-
- Noooossa mãe!... interveio o
morando nos telhados, acham que
trado na África e na Índia; Ratitas
camundongo. Eu sou Mus musculus,
posso me transformar em morcego!
é um grupo de aves corredoras que
você, ratazana, é Rattus norvegicus
- retrucou o Rattus.
inclui avestruzes e emas! Eu sou o
norvegicus, nada temos em comum!...
- Eita família complicada! Nos-
Ratíssimo!...
- Calúnias, dona ratazana... até
sos primos lá do mato até gozam
- Ratíssimo?... Pelo fato de ser
acham que você é minha fêmea! Isso
de mais prestígio... um deles che-
mais velho necessita, também, ser
que é uma tremenda rata! - comple-
gou até a ser homenageado com o
autoritário?
tou o sr. Rattus.
nome de um eminente político!...
- Não, ratazana! Entre estas civi-
- Posso até ser uma “miss”, mas
lizações sou tido como animal sagra-
o sufixo mys é designado a outros
- Ainda bem! - Completou a ra-
do! Ademais, meu nome científico é
roedores, de hábitos silvestres que,
tazana. Pior é quando se dão nomes
Rattus rattus rattus! É isto mesmo, o
embora aparentados conosco, não
de ratos a certos políticos que fa-
rattus três vezes ratificado!...
pertencem à nossa família!
zem politicalha!...
32
explicou Rattus.
ECOLOGICAMENTE, os roedores podem ser ca-
via aperea (preá), Kerodon rupestris (mocó). Roedores
tegorizados como domiciliares, comensais e silves-
silvestres são os que vivem sem o homem, dele até fu-
tres. Roedores domiciliares ou sinantrópicos são os
gindo e podem ser encontrados em ambientes ou bio-
que, vivendo com o homem, invadem e colonizam
mas naturais. Taxonomicamente estão incluídos na
seus domicílios, representados por três espécies in-
família Cricetidae e em outras subordem Caviomorpha.
cluídas na família Muridae: Rattus rattus rattus (ratos
Apresentam diversos gêneros, entre eles, Oryzomys,
do telhado, rato preto), Rattus norvegicus norvegicus
Calomys, Bolomys, Rhipidosmys, Nectomys, Proechimys,
(ratazana, rato de esgoto, rato de porões) e Mus mus-
Delomys, Wiedomys, Traptomys, etc.. Um deles, Jusce-
culus brevirostris (camundongo). Roedores comensais
linomys, com a espécie Juscelinomys candango, foi
ou campestres vivem do homem, alimentando-se de
descrito por Moojen (1965) em Brasília/DF, com o pro-
seus cultivos onde chegam, próximo aos domicílios,
pósito de homenagear, simultaneamente, o ex-presi-
entre eles, o Rattus rattus frugivorus (rato de barriga
dente Juscelino Kubitschek de Oliveira e os operários
branca), Rattus rattus alexandrinus (rato pardo), Ca-
das obras de construção da capital federal.
Cenário II Uma sociedade de ratos
Aquela república de ratos estava
Por isso, por viver nos domicílios,
em polvorosa. Egressa de um longo
quero auxílio-moradia! Já que vivo no
período de ditadura militar e quase
telhado, vou também aumentar o meu
que falida, submeteu-se financeira-
teto, custe o que custar! Isto é “ratio-
mente ao fundo de auxílio interna-
ne loci” (lat., em razão do lugar)... -
cional. Cada vez mais desorganizada,
sentenciou Rattus rattus rattus.
apressava-se em promover profundas reformas, congelando salários
- E nós, que vivemos no porão? – indagou a ratazana.
- De fato, somos roedores, mas não somos cobaias! – insistiu a ratazana. - Pois tratem de discutir e garantir o piso, não o teto!... Indignados com tais atitudes, a ratazana, o camundongo e vários roedores silvestres procuram, em vão, localizar o chefe para um diálogo de
e desmoralizando aquele tido como
- Isso compete ao chefe, não a
reivindicações. O chefe, um ratão do
mínimo, revogando direitos e colo-
mim! Trata-se de uma ação ridícula,
banhado aposentado precocemente,
cando empresas públicas em rateio,
uma ratice!
encontrava-se por demais preocu-
ridicularizando aposentados e atri-
- Nossos salários estão conge-
buindo aos servidores públicos os
lados há seis anos... e você traman-
- Estão procurando o chefe? Como
rombos do Tesouro e da Previdên-
do aumentar os seus?... Que rateio
de hábito, ele acabou de chegar de
cia... Insensíveis a tudo, alguns assim
mais esquisito!
uma viagem e agora está lá no banha-
pado... com a sua popularidade.
- Vocês foram condenados ao
do, descansando! Creio que não gos-
- Sou mais importante que to-
porão, à lama, aos esgotos, em am-
tará de ser importunado! – respondeu
dos! O meu trabalho é mais digno
bientes mais frios que tornam os sa-
o mocó, que desempenhava o papel de
que o dos outros!
lários cada vez mais congelados!...
“aspone” (assessor de p... nenhuma).
se comportavam e debatiam:
33
- Minha ação maior é roer!
- Bem que me falaram que mocó é MYOCASTOR COYPUS é o nome científico do ratão do ba-
- Roer? Pois coloque um “P” na
também alguém que muito sabe e nada revela! – explicou o camundongo.
frente e veja que não tenho mais
nhado, descrito do Chile e en-
Após muita insistência, o mocó
contrado no sul do Brasil, Pa-
desperta o chefe. Irritado, o ratão
raguai, Uruguai, Argentina e
do banhado recebe a comitiva bem a
- Ah... os bancos falidos, o Pro-
Bolívia. Vive nas águas tranqui-
contragosto. E, logo, dirigindo-se ao
er!... Mais uma vez, ele roeu a corda!
las dos rios e, principalmente,
camundongo, exclamou em alta voz:
- Vocês só querem ratinhar... ao
nos banhados, juntamente com
- Olhe aqui, se o assunto for
plantas aquáticas. A sua pele tem
salário mínimo, já vou adiantando
- Poxa, nem parece que ele, um
valor comercial para fabricação
que ele será do seu tamanho, que
dia ao ouvir os rataplans dos tambo-
de vestuário, razão pela qual é
é o menor entre todos nós!... Qual
res da ditadura saiu correndo para o
relativamente caçado.
é o seu peso?
Chile!... – insinuou o camundongo.
O mocó, cuja carne é apreciada pelos sertanejos, é também vítima dos caçadores, sobretudo
dinheiro, o que tinha destinei todo a ele!...
trabalho, vagabundos!
- 151 decigramas! - 51? Que boa ideia!... Este será o valor do novo salário: 151 grãos!...
- É a vida, companheiro! “Coitado do rato que só conhece um buraco!” Os cassados de ontem poderão vir
na região nordestina, onde não
- Mais uma vez, “a montanha pa-
a ser os caçados de amanhã!... Ou,
raro é mantido como xerimbabo.
riu um rato!” – exclamaram todos os
quem sabe, os caçados de ontem e os
ratos.
cassados de amanhã?!
O peso corpóreo entre os roedores sinantrópicos varia, respec-
- Por que toda vez que tentamos
tivamente, de 10 a 21g para Mus
dialogar, o senhor logo rateia? – ex-
musculus brevirostris, 80-300g para
clamou um rato silvestre.
Rattus rattus rattus e 280-460g para Rattus norvegicus norvegicus. Ainda que inutilizando qua-
- Vocês são trabalhadores ru-
“Qualquer semelhança com certo país é mera coincidência!”
rais, já fiz tudo o que poderia fazer
Nossas homenagens aos ratinhos
pela categoria!
da infância: “Mickey & Minnie”,
se 8% da população nacional
- Sr. Ratão, viemos em paz! Não
“Jerry & Espeto”, e até mesmo ao
de sementes, cereais e raízes
habitamos os telhados somos, por-
“Dom Ratão”... aquele que caiu na
e estigmatizados pelo papel
tanto, os sem-teto; não invadimos
panela de feijão!
nefasto
de
os domicílios, somos também os
infecção ou hospedeiros ver-
sem-casa; além do mais botaram
Os verdadeiros ratos não são
tebrados
doenças
fogo lá na floresta e ficamos sem-
aqueles rotulados como bichos e
como peste bubônica, tifo mu-
terra! Estamos desempregados!... –
encontrados em diferentes comuni-
rinho, tularemia, leptospirose,
completou outro rato silvestre.
dades e ambientes ecológicos. Nem,
de de
reservatórios certas
leishmaniose tegumentar, es-
- Não viemos aqui delatar cor-
tampouco, aqueles que destroem
quistossomose, doença de Cha-
rupção! Queremos um salário mais
papéis e documentos, roem reves-
gas, toxoplasmose, fasciolose,
digno, os nossos estão congelados há
timento de fios telefônicos, corroem
hantavirose, triquinelose, etc,
seis anos!... suplicou a ratazana.
cereais, expandem-se em armazéns,
os roedores prestam relevan-
Delatar corrupção? Isto me dá
escavam buracos, abusam dos privi-
tes serviços como tradicionais
asco! Não fui eu quem chamou uma
légios do direito às moradias, hos-
modelos experimentais, sobre-
fêmea por aí de ratuína! Se você
pedam agentes infectantes, entram
tudo os albinos (ratos, cobaias,
quer mais dinheiro, então diga-me,
nas armadilhas iludidos pelas cevas,
hamsters e camundongos).
o que faz na vida?
com alguns se apresentando com a
34
barriga branca. Existem, sim, outros
confortavelmente em seus gabine-
ratos, os da sociedade, que destroem
tes, estiolam vidas e tiram a digni-
o mais importante dos documentos:
dade de todo um povo!
a Carta Magna. Roem nas privatizações das Teles, corroem a cesta bási-
orçamento e na Previdência, abusam dos privilégios de suprimir direitos
Linardi, P. M. É o Bicho! O Mundo Animal no Moojen, J. Os Roedores do Brasil. Instituto Nacional do Livro. Biblioteca Científica Brasileira, Rio de Janeiro, 1952, 214 p. Moojen, J. Novo Gênero de Cricetidae do
Saúde, iludem com cevas para esca-
Brasil Central. (Glires, Mammalia).
parem das grades, com alguns do-
Rev. Brasil. Biol. 25 (3); 281-5, 1965.
merecem o nosso respeito, porque, sacrificados experimentalmente nos laboratórios, doam suas vidas para o progresso da Ciência e do bem-estar da humanidade. Os outros, vivendo
Trocadilhos Ecológicos. Ed. Armazém de Ideias, Belo Horizonte, 1995, 152 p.
adquiridos, sucateiam o sistema de
tados de colarinho branco. Aqueles
Linardi, P. M. Animais Políticos. Fábulas e
Referências Bibliográficas:
ca, aumentam os preços nos supermercados, provocam rombos... no
Leitura Complementar:
Reino do Futebol. Ed. Armazém de Ideias, Belo Horizonte, 1998, 133 p. Linardi, P. M. Fábulas Parasitológicas. Ed. Atheneu, Rio de Janeiro – São Paulo, 1998. 188 p.
Vieira, C. C. Lista remissiva dos mamíferos do Brasil. Ed. Universidade de Brasília. Arq. Zool.
*Pedro Marcos Linardi escreveu este ar-
Est. S. Paulo, 8 (11): 341 – 474, 1995.
tigo no ano de 1999, na Revista V&P nº 4. Pedro é escritor, professor e, na época, era
Von Ihering, R. Dicionário dos Animais do
o professor Titular do Departamento de
Brasil. Ed. Universidade de Brasília,
Parasitologia, ICB, Universidade Federal
São Paulo, 1968. 790 p.
de Minas Gerais.
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