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EXPEDIENTE Vetores&Pragas é uma publicação quadrimestral da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas - ABCVP Av. Pastor Martin Luther King Jr, 126 Torre 3000 - 14º andar - sala 1.504 Office Nova América - Del Castilho - RJ Tels: (21) 2577-6433 / 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br / www.abcvp.com.br DIRETORIA CLAUDIO MELLO Presidente da ABVCP VALDIR VIANA Vice-presidente da ABVCP LINA MAESTRELLI Diretora administrativa da ABVCP EVANDRO ALVES DA SILVA Diretor financeiro da ABCVP
ISSN 1982 - 4262 Ano XXIII | Nº 59 | Dezembro de 2021
UMA ASSOCIAÇÃO FORTE DEPENDE, TAMBÉM, DE VOCÊ! É com muita alegria e motivação que assumimos a diretoria da ABCVP. Alegria por termos a chance de dar continuidade ao que já foi feito até aqui e pela oportunidade de colocar em prática ideias e ideais. Motivação porque acreditamos que ela é um dos principais pilares para a evolução. Já dizia o ativista Martin Luther King: A verdadeira medida de um homem não é como
ROBERTA TAVARES ARRAES Diretora Técnica da ABCVP
ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se
CONSELHO EDITORIAL ROBERTA TAVARES ARRAES Diretora Técnica da ABCVP
sabemos disso, mas estamos muito entusiasmados com a empreitada.
mantém em tempos de controvérsia e desafio. Será um período desafiador, Esta edição tem uma representatividade ainda mais especial para nós,
MARCELO CUNHA FREITAS Biólogo, especialista no controle de Vetores e Pragas e Membro da Comissão Técnica da ABCVP
não só porque assumimos o mandato, mas porque marca os 30 anos de
UIARA CAROMANO TREVISO Bióloga e Membro da Comissão Técnica da ABCVP
timos desta instituição. Inadmissível desprezar os alicerces ou derrubar
SILVIA REGINA RODRIGUES DA ROCHA Química e Membro da Comissão Técnica da ABCVP CONSELHO CONSULTIVO ANA EUGÊNIA DE CARVALHO CAMPOS Bióloga – Doutora em Zoologia e Assessora da Presidência do Instituto Biológico – SP CLAUDIO MAURÍCIO VIEIRA DE SOUZA Aracnologista – Laboratório de Artrópodos, Instituto Vital Brazil LUIZ ROBERTO FONTES Doutor em Zoologia (entomólogo) pelo Instituto de Biociências da USP e Consultor MÁRIO CARLOS DE FILIPI Zootecnista, especialista em Entomologia Urbana JAIR ROSA DUARTE (In Memoriam)
ABCVP. E, não podemos deixar de externar o profundo orgulho que sentijolos erguidos por gerações que passaram por ela. Se hoje a Associação tem representatividade, voz e vez, foi porque tantos outros homens empreendedores decidiram dedicar tempo e trabalho para impactar o setor. Hoje somos impactados por ele. Queremos propor que a continuidade desta trajetória seja feita a várias mãos. Afinal, uma associação forte não conta apenas com colaboradores, mas com parceiros, associados, órgãos de controle, governo, agências reguladoras, imprensa e sociedade em geral. Por fim, esta mensagem é um convite para que se acheguem, se aconcheguem, porque não? Mas dividam conosco a responsabilidade por desenvolver um setor de serviços tão essenciais para o país. Não é fácil, mas é muito gratificante. Com a sua ajuda vamos assumir o compromisso de uma atuação ética, responsável e sustentável.
Editora e Jornalista Responsável ELETÍCIA QUINTÃO – Reg. Prof. 26.069 MTB Comercialização / Publicidade ABCVP Tels.: (21) 2577-6433 e (21) 3435-2477 abcvp@abcvp.com.br
Vem com a gente! A diretoria
Assinatura: Telefone para (21) 2577-6433 / 3879-5516 ou envie e-mail para abcvp@abcvp.com.br Tiragem: 5.000 exemplares Vetores & Pragas Online www.abcvp.com.br/revistasonline.html © Os textos assinados são de responsabilidade de seus autores. Para entrar em contato com algum deles envie um e-mail para a ABCVP. É vedada a reprodução dos artigos e reportagens, em quaisquer meios, sem autorização prévia da Associação e, mesmo quando autorizada, será obrigatória a citação da fonte.
Nova diretoria assume com metas de crescimento e incentivo à cooperação.
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Sumário 05 FRANCISCO ADOLFO DE VARNHAGEN, pai da História do Brasil.
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EDUCAÇÃO E PREVENÇÃO no controle de escorpiões.
25 TEM MARIMBONDO NO JARDIM.
30 TÚNEL DO TEMPO Baratas: assim como os ácaros e os pelos de animais domésticos, elas também causam alergia.
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ESPAÇO JAIR ROSA DUARTE
Francisco Adolfo de Varnhagen, pai da História do Brasil Por Valdirene do Carmo Ambiel e Luiz Roberto Fontes
Neste ano de 2021, precisamente no dia 17 de
ch Ludwig Wilhelm Varnhagen (1783-1842), en-
fevereiro, comemora-se o 205º aniversário nata-
genheiro militar alemão naturalizado português
lício de Francisco Adolfo de Varnhagen, nomeado
e casado com Maria Flávia de Sá Magalhães, que
Visconde de Porto Seguro em 1874 e eleito o Pai da
possivelmente era de origem portuguesa, serviu
História do Brasil.
no exército português, tento combatido o inva-
Em número anterior da revista V&P (nº 50, p.
sor francês de 1807 a 1809 e neste último ano veio
4-6, 2018) apresentamos o texto “Como se deve
ao Brasil, para onde se passara a corte do Prín-
escrever a História do Brasil”, que narra a impor-
cipe Regente D. João, no posto capitão do Corpo
tante providência do Instituto Histórico e Geo-
de Engenheiros, para modernizar a fábrica. Entre
gráfico Brasileiro/IHGB, em 1840, para consolidar
várias providências administrativas e operacio-
a nação com uma História documentada, desde as
nais, ele instalou os dois altos fornos, retornando
origens ou descobrimento, até a atual época do
a Portugal em 1821, pouco após o regresso do rei
Império. Venceu a proposta do alemão Carl Mar-
D. João VI para lá. O recém-nato, seu sétimo filho
tius, botânico que excursionou na então colônia,
quando no cargo de diretor, foi batizado em 19 de
de novembro de 1817 a junho de 1820.
março, na Capela da fábrica, e teve por padrinho o
O texto histórico que retrata como se desenvolveu a nação brasileira, entretanto, somente apa-
Conde de Palma, Francisco de Assis Mascarenhas, governador da Província de São Paulo.
receu na década seguinte, na obra História Geral
Nesse período administrativo, visitantes ilustres
do Brazil, baseada em ampla pesquisa documen-
excursionaram ao berço da siderurgia brasileira e
tal e publicada em dois volumes, em 1854 (vol. 1,
hospedaram-se na sede da Real Fábrica de Ferro,
descobrimento até a expulsão dos holandeses em
como o político e geólogo José Bonifácio de Andrada
1644) e 1857 (vol. 2, 1645 em diante, história do
e Silva, os mineralogistas alemães Wilhelm Ludwig
Principado e do Reinado do Brasil), por Francisco
von Eschwege ou Barão de Eschwege (1777-1855)
Adolfo de Varnhagen.
e Wilhelm Christian Gotthelf von Feldner (1877-
Varnhagen nasceu em 17 de fevereiro de 1816,
1822), e os naturalistas viajantes Ignaz von Olfers
na Real Fábrica de Ferro, Vila São João de Ipane-
ou Barão de Olfers (1793-1871), Friedrich Sellow
ma, na região de Sorocaba/SP. O local atualmente
(1789-1831), Johann Baptist Natterer (1787-1843) e
pertence ao município de Iperó. Seu pai, Friedri-
August de Saint-Hilaire (1779-1853).
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Da índole de Varnhagen, o biógrafo Clado Ribeiro de Lessa (Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, vol. 223, 1954, p. 92) abrevia que a mãe “soube transmitir a seu ilustre filho ... um grande e nunca desmentido amor pela terra de nascimento e pátria de opção, pois ... teve de lutar pelo reconhecimento de sua cidadania brasileira. Tendo-a conquistado com esforços e sacrifícios, serviu-a com zelo e superior inteligência durante toda a vida. Da raça paterna herdou Francisco Adolfo a inclinação para os estudos aturados e originais, o gosto pelo apuro das minúcias, e a tenacidade e orgulho que sempre revelou em defender ... suas convicções, filhas dos resultados a que chegava em virtude de pesquisas próprias, conduzidas com o máximo rigor de exegese”. Nascido no Brasil, não detinha a nacionalidade brasileira. Inconformado, ele requisitou e obteve essa cidadania em 1841 através de decreto imperial. Dessa biografia extraímos as informações a seguir.
Francisco Adolfo de Varnhagen. Acervo do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba/IHGGS. Foto de L. R. Fontes, em 13/02/2016.
Partiu o pai e o jovem Varnhagen permaneceu, até o final de 1823, com a família na capital do Império, a cidade do Rio de Janeiro, onde iniciou os estudos de primeiras letras. Em Portugal, ele es-
Ele prosseguiu os estudos na Acade-
tudou no Real Colégio Militar da Luz (1825-1832),
mia de Fortificação, uma escola do exér-
em Lisboa, e cursou a Academia da Marinha (1832
cito, concluindo o curso de Engenharia.
e 1833). Ele “estava em férias quando pouco depois
Depois, na Escola Politécnica de Por-
sucedeu ... a restauração de Lisboa pelas armas do
tugal, frequentou os cursos de Ciências
Imortal e Augusto Fundador do nosso Império [D.
Físicas e Naturais (Química, Física, Mi-
Pedro I no Brasil e D. Pedro IV em Portugal], e eu
neralogia, Zoologia, Botânica etc.), es-
levado com muitos outros brasileiros pelo entusias-
tudou Paleografia e Diplomática, que o
mo de uma luta tão justa contra um tirano usurpa-
habilitaram a pesquisar velhos manus-
dor [D. Miguel, irmão de D. Pedro] ... julguei dever
critos, e fez o Curso de Economia Política
empunhar as armas; e pouco depois sem preceder
da Associação Mercantil de Lisboa. Em
requerimento meu foi S. M. I. o Duque de Bragança
1838, apresentou uma monografia e foi
servido mandar que eu gozasse de todas as vanta-
admitido na Academia Real das Ciências,
gens de cadete aluno, ... ainda nesse mesmo ano de
em Lisboa. Estava bem-preparado, tam-
1833 fui feito Oficial de Artilharia por S. M. I.” Belo
bém pelo domínio dos idiomas francês e
começo de carreira para o jovem de 17 anos, hon-
alemão, para realizar pesquisas sobre a
rado com a promoção a 2º Tenente de Artilharia,
geografia, a história e as motivações po-
a mando do Imperador D. Pedro IV de Portugal, o
líticas das matérias relacionadas com o
Pedro I do Brasil!
Brasil.
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Entre sua vasta produção, Varnhagen identi-
Em 1840, Varnhagen licenciou-se por alguns
ficou Gabriel Soares de Sousa como o autor de
meses do exército português e veio ao Rio de Ja-
um texto até então anônimo, que é o mais antigo
neiro, em busca da almejada cidadania brasilei-
sobre o Brasil Colônia, assim como a data corre-
ra e com interesse em prestar serviço ao Império.
ta da escrita, agora disponível no livro “Tratado
Dali partiu em excursão ao Estado de São Paulo,
descritivo do Brasil em 1587”. Também revelou
onde buscou documentação histórica nas câma-
o conteúdo de inúmeros manuscritos inéditos
ras de São Vicente, São Paulo e outras, e depois
sobre o Brasil antigo e passou a colaborar com
rumou ao sul no caminho dos tropeiros, até al-
o recém-criado (em 1838) Instituto Histórico e
cançar o Rio Grande do Sul, anotando questões
Geográfico Brasileiro/IHGB, ofertando material
relativas aos indígenas, aos sambaquis e outras
histórico e geográfico precioso para ser publica-
de valor histórico, geográfico ou cultural, sem-
do na revista da instituição. Ainda em 1838, ele
pre com o habitual apuro pelos detalhes. Ele não
localizou o túmulo do descobridor do Brasil, Pe-
se contentava em apenas pesquisar em arquivos.
dro Álvares Cabral, na sacristia do Convento da
Varnhagen necessitava do contato físico com lo-
Graça, em Santarém, Portugal.
cais e pessoas. E exatamente por isso, passou por privações como frio, fome e até medo. A inquietude do medo ocorreu durante um de seus contatos com comunidades indígenas, onde fez várias críticas ao comportamento hostil dessas comunidades. Esta questão lhe rendeu alguns problemas, principalmente dentro do próprio pensamento do século XIX, pois a figura do indígena era totalmente “estilizada”, ou seja, fantasiada ou poetizada e, assim, longe da realidade em que esses povos viviam ou tentavam sobreviver. Esta era a metodologia do que podemos chamar de “obra varnhageniana”: mesmo que não fosse o primeiro a encontrar determinada fonte histórica, ele buscava acrescentar algum detalhe ou corrigir equívocos. Assim como Leopold von Ranke, historiador alemão seu contemporâneo, Varnhagen tinha fascínio pelos arquivos. Apesar de haver certa semelhança entre ambos, é difícil enquadrar a obra varnhageana ou o pensamento de Varnhagen a algum tipo de metodologia da época, diferente, inclusive do positivismo. Por isso mesmo, ele recebeu várias críticas às suas escritas, mesmo ele sendo considerado o Heródoto da História Brasileira. O que é possível notar nos trabalhos de Var-
“História Geral do Brazil”, 1ª edição (1854), dedicada a Sua Majestade Imperial, D. Pedro II. Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros/IEB-USP, obra digitalizada online.
nhagen é que ele buscava, simplesmente, mostrar o que via, e da forma como via.
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Varnhagen retornou à Europa em março do ano
de vários brasileiros distintos, e passou a pesqui-
seguinte, sem obter a cidadania, o que somente
sar e copiar ativamente documentação (manus-
se concretizaria em outubro, porém, com as co-
critos, livros, mapas) para o IHGB. Viajou a di-
municações lentas da época, ele tomou ciência
versos países, como Espanha, França, Alemanha,
do fato apenas em fevereiro de 1842. Em maio, já
Inglaterra, Bélgica e outros, em visitas a perso-
desvinculado do exército português, ele foi no-
nalidades e na coleta de informações de interesse
meado adido da nossa representação diplomáti-
à pátria. Varnhagen era um diplomata que usava
ca em Portugal, encarregado de pesquisar docu-
as viagens para pesquisar a história e a geografia
mentos sobre a história e legislação do Brasil, e
brasileira em outros países, questão que era fun-
em junho foi-lhe conferido o posto de 2º Tenente
damental para o Brasil no século XIX, pois o país
do Imperial Corpo de Engenheiros. Manteve in-
buscava identificar as suas origens e firmar os va-
tensa atividade literária, produzindo biografias
lores da nação. Por esse motivo, o diplomata fazia
História Geral do Brazil”, 2ª edição (1876), dedicada a Sua Majestade Imperial, D. Pedro II, e com homenagem a José Bonifácio de Andrada e Silva. Foto de L. R. Fontes em 17/02/2016, livro exposto no Centro de Memória da Flona Ipanema.
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tudo isso com total apoio do imperador D. Pedro
Áustria, onde exercia a diplomacia, e faleceu víti-
II. Podemos deduzir que a função de Varnhagen
ma de pneumonia, em 29/06/1878, aos 62 anos. Foi
tinha duplo sentido: a diplomacia e a história/ge-
sepultado com todas as honras de um digno repre-
ografia do Brasil. Para historiadores como Temís-
sentante do Império Brasileiro. Seus remanescentes
tocles Cezar, na verdade, a questão da diplomacia
mortais foram depois levados pela esposa ao Chile,
era o “pano de fundo” para as pesquisas históri-
e finalmente transladados a Sorocaba no centenário
cas e geográficas, pesquisas estas fundamentais
de seu falecimento.
para o entendimento da historiografia brasileira.
No ano de 2016 o Instituto Histórico, Genea-
Nos assuntos militares, embora distante e com
lógico e Geográfico de Sorocaba/IHGGS transfe-
patente apenas honorífica, em 1849 ele oficiou ao
riu o monumento funerário construído em pedra
Ministro da Guerra e apresentou sugestões para
e encimado por um busto em bronze, inaugurado
as reformas do exército; todas foram aceitas e se
em honra de Varnhagen no centenário de seu fa-
mostraram acertadas em 1851, na Guerra contra
lecimento e localizado na Av. General Osório, para
Oribe e Rosas, ou Guerra do Prata.
o jardim do Largo do Mosteiro de São Bento, lo-
Varnhagen retornou ao Brasil em 1851, sendo
cal mais acessível no centro da cidade. Tal provi-
eleito 1º Secretário do IHGB e redator da revista do
dência permite que os visitantes conheçam, nesse
instituto, e exonerou-se do exército imperial. No
ponto de referência histórica da cidade, também
mesmo ano, ele foi nomeado diplomata na Espanha,
um de seus mais ilustres cidadãos, que é o Pai da
exercendo essa função até 1958 e pesquisando, na
História do Brasil. Nesse conjunto de trabalhos,
Holanda, farto material sobre o domínio holandês
fomos honrados com o convite para proceder à
no Brasil. O primeiro volume da História Geral do
exumação e estudo dos remanescentes mortais e,
Brazil apareceu em 1854, relacionando no frontispí-
depois, a participar das cerimônias de homena-
cio da obra os dois títulos de que mais se orgulhava:
gens cívico-militares realizadas de 16 a 18 de ja-
“Um sócio do Instituto Histórico do Brasil, natural de
neiro, comemorativas do retorno dessas relíquias
Sorocaba”. O segundo volume veio à luz em 1857.
ao nicho funerário no monumento, fato concreti-
De 1859 em diante, ele atuou em missões diplomá-
zado no dia 17 desse mês.
ticas no Paraguai, Venezuela, Equador, Peru, Cuba, Colômbia e Chile, onde finalmente se casou em 1864,
Leitura recomendada: Temístocles Cezar, 2007. Var-
aos 48 anos. Foi honrado com o título de Barão de Por-
nhagen em movimento: breve antologia de sua exis-
to Seguro em 1872, e promovido a Visconde em 1874.
tência. Disponível online: https://www.scielo.br/j/to-
Um feito notável do Visconde é que, em 1877,
poi/a/YGqZYsNRYC7nHPxBWz939Xx/?format=pdf
ele resolveu empreender, por conta própria, uma excursão ao Brasil Central, até Goiás, a fim de levantar terrenos para uma futura mudança da capital do Império para lá! Há muito ele se preocupava com a vulnerabilidade da capital litorânea, frente a possíveis agressões, e em facilitar a comunicação dela com as demais regiões do Império. Porém, a
Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.
idade, as dificuldades da viagem, os pernoites em locais inóspitos e desprovidos de recursos, e outras dificuldades desse empreendimento provavelmente comprometeram-lhe a saúde e voltou seriamente afetado dos pulmões. Retornou a Viena,
Valdirene do Carmo Ambiel é historiadora e arqueóloga.
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CONTROLE
Educação e prevenção no controle de escorpiões Por Lúcia Antônia Taveira, Fábio Henrique Di Felippo, Maria das Dores Gonçalves Viana, Irma de Jesus Galego Lázaro, Joana D’Arc Alves Silva de Aguiar, Cassia Aparecida Jorge D’Antônio, Rodrigo Lino de Matos e Luiz Roberto Fontes
O escorpionismo é um problema de saúde pública
criança, sucedido em 2018 na região norte, os
devido à elevada incidência em várias regiões do país,
programas de controle e vigilância foram in-
conforme assinala o “Manual de Controle de Escorpi-
tensificados e foi implementado um amplo
ões” do Ministério da Saúde (2009, p. 51), com risco de
trabalho educativo com a população na re-
quadro grave e óbito em crianças e idosos. As princi-
gião (bairros Jardim Salgado Filho e Jardim
pais espécies causadoras de acidentes, com potencial
Aeroporto) em que ocorreu o acidente, de ju-
mais grave, são as do gênero Tityus, com as espécies T.
nho a agosto e envolvendo escolas, a Unida-
serrulatus presente em quase todo o país, T. bahiensis
de Básica de Saúde/UBS, comércios, igrejas e
no sul, sudeste e centro-oeste, T. stigmurus no nordes-
a comunidade em geral. Ações educativas são
te e agora também em São Paulo, Paraná e Santa Cata-
importantes para manter a conscientização
rina, e T. obscurus na região amazônica.
popular acerca do problema e visaram alcan-
Diante dos casos recorrentes de acidentes causados
çar quatro objetivos:
por escorpiões no município de Ribeirão Preto e região, a Prefeitura Municipal, através da Secretaria Munici-
- estimular a população a adotar medidas
pal de Saúde/SMS, Departamento de Vigilância Epi-
preventivas (Quadro I);
demiológica e Planejamento/DEVISA e da Divisão de
- incentivar a notificação dos acidentes;
Vigilância Ambiental em Saúde/DVAS, realiza amplas
- promover a busca imediata por assistência
campanhas educativas, para informar e conscienti-
médica, sempre que ocorrer um acidente;
zar a população, visando o controle e a prevenção de
- treinar professores das redes de ensino mu-
acidentes. O projeto que aqui relatamos, realizado em
nicipal e estadual, formando multiplicadores
2018, envolveu segmentos na área da saúde, educação
para atuar nas salas de aula.
e da comunidade em geral. Foi implantado inicialmente na região onde ocorreu um óbito, nesse mesmo ano.
Nas duas escolas da região, todos os alunos e professores foram orientados em palestras e
Ações educativas em Ribeirão Preto
com exposições de material didático, incluindo espécimes de escorpiões preservados em álcool (Figuras 3-4). Também houve exposição e
Em Ribeirão Preto, acidentes são causados princi-
orientação em áreas públicas (Figura 5-6).
palmente por Tityus serrulatus, o escorpião-amarelo
Nas duas igrejas, após o ofício religioso,
(Figura 1). Casos ocorrem em toda a cidade, inclusi-
houve uma preleção aos fiéis e eles receberam
ve na região central (Figura 2). Diante de um óbito de
folhetos com as medidas preventivas.
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Na Unidade Básica de Saúde foram utilizados mostruários e os usuários que aguardavam o atendimento receberam orientação e folhetos. Nos 93 estabelecimentos comerciais foram afixados cartazes, distribuídos folhetos com abordagens educativas aos proprietários, funcionários, clientes e transeuntes em geral. Dois representantes de cada escola ou creche, no total de 208 unidades públicas ou particulares, também foram orientados, para atuarem como multiplicadores de informação. Também foi realizado treinamento voltado aos profissionais de saúde (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem), para padronizar o atendimento aos acidentados e reduzir o risco de piora clínica e óbito. No total, 1579 pessoas receberam orientação direta da equipe promotora das ações. Um complemento importante foi a participação da Rádio CBN/Central Brasileira O escorpião amarelo, Tityus serrulatus, e suas partes. Fotos de Fabio Di Felippo.
de Notícias e da EPTV/Emissoras Pioneiras de Televisão, com transmissão de entrevistas que ampliaram a campanha educativa a toda a região nordeste do Estado de SP, alcançando até cidades de Minas Gerais. O que se notou durante as abordagens educativas foi o grande interesse da população. Muitos munícipes relataram casos de acidentes ou de encontros de escorpiões. Também, a falta de conhecimento sobre o assunto revelou que muitos acidentados apenas procuravam as farmácias locais, negligenciando a necessária assistência médica; alguns fizeram uso de “medicamentos” ineficazes, por exemplo, acondicionar escorpiões mortos em álcool para aplicar o líquido no local picado.
Notificações de escorpiões em Ribeirão Preto/SP, em 2019.
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maioria das vezes, os espécimes são encontrados em locais com acúmulo de madeiras, de materiais de construções, em caixas de gordura, ralos de banheiros, frestas de paredes, rodapés e caixas de energia. Nem sempre os abrigos, que atuam como criadouros de escorpiões, localizam-se no local do acidente. Assim, é importante que a vistoria alcance também os imóveis à direita e à esquerda do acidentado. A pesquisa também abrange os terrenos baldios, bem como as condições ambientais nas imediações. Dessa forma, consolidam-se ações que visam a limpeza e a alteração do ambiente, para evitar que os escorpiões se abriguem e proliferem nos Um resultado prático ime-
Agentes de Combate às Endemias.
diato da ação educativa foi o
Na vistoria, as equipes rea-
aumento significativo no nú-
lizam busca ativa de escorpiões
mero de notificações na região,
na área interna e externa dos
evidenciado durante e após as
imóveis, discorrem sobre os há-
atividades educativas, quando
bitos dos escorpiões e orientam
imóveis e nos terrenos, ou tenham acesso a esses locais.
Recomendações em caso de picada por escorpião
comparado com o ano anterior
Os Agentes de Combate a En-
(Figura 7). Entretanto, não foi
demias orientam a população so-
possível saber se houve redução no número de acidentes, devido à subnotificação ocorrida em anos anteriores.
Ações no local do acidente notificado
O socorro deve ser imediato, ou seja, não se preocupar com banho ou trocar as roupas.
bre os cuidados necessários em relação aos acidentes. A primeira providência é manter a calma. no membro picado, não fazer garrote ou torniquete, nem incisões no local da picada, pois isso apenas piora a situação, ao causar hemorragia e propiciar infecção. Também não se deve
Em todos os casos de acidentes com escorpiões notificados pela
sobre as medidas preventivas
aplicar nenhuma substância quí-
Divisão de Vigilância Epidemio-
para evitar formar abrigos e vias
mica (álcool, amoníaco, querose-
lógica, o local da ocorrência é vis-
de acesso aos domicílios, e aci-
ne etc.) ou medicamento no local.
toriado por equipes específicas de
dentes com esses animais. Na
Basta lavar com água e sabão.
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Alunos na escola, recebendo orientação.
Alunos com material didático sobre escorpião.
O acidentado, na medida do possível, deve se
das à dor e ansiedade, e não ao veneno inoculado.
manter em repouso e ser conduzido imediata-
Nos acidentes moderados, além da dor local,
mente à Unidade de Saúde mais próxima, que pode
há manifestações sistêmicas, como taquicardia,
ser um Posto de Saúde. Esta medida é importan-
aumento discreto da pressão arterial, sudorese,
te para vítimas de todas as idades, especialmente
náuseas e, eventualmente, vômitos e respiração
para crianças e idosos, pois apresentam maior ris-
ofegante. A presença de vômito é um sinal claro de
co de evoluir para um quadro grave e mesmo óbito.
efeito sistêmico do veneno do escorpião.
Se possível, levar o escorpião para
Nos acidentes graves, podem
ser apresentado à equipe médica.
Manifestações clínicas O diagnóstico é clínico-epide-
se somar a essa sintomatologia a
Não fazer garrote ou torniquete no local da picada.
agitação intensa ou prostração, a sudorese intensa, os vômitos frequentes, a queda da temperatura corporal e da pressão arterial, os
miológico (quadro clínico + região
tremores e a convulsão. É um qua-
e características da ocorrência),
dro que pode levar ao edema pul-
sendo desnecessários exames complementares la-
monar e à insuficiência cardíaca e choque circu-
boratoriais. Esses exames destinam-se ao segui-
latório, evoluindo para coma e óbito.
mento dos casos moderados e graves. Pode não haver sintomatologia, quando ocorreu a picada, mas sem inocular veneno. Essa con-
Tratamento
dição é denominada “picada seca”. Nos acidentes leves, as manifestações ocorrem
Conforme o protocolo da Secretaria Municipal
apenas no local da picada ou no membro acometi-
de Saúde, na UBS o acidentado permanecerá em
do. A dor local pode ser importante e persistir por
observação pelo período mínimo de 4 horas, e os
várias horas. Na região da picada, pode haver ede-
casos considerados graves ou de risco serão enca-
ma (inchaço), sudorese, sensação de dormência ou
minhados à unidade de emergência referenciada,
formigamento, e vermelhidão. Pode ocorrer dis-
para eventual aplicação de soro antiescorpiônico e
creta taquicardia e agitação, que estão relaciona-
outras medidas terapêuticas.
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O socorro deve ser imediato, pois a piora clínica pode ser rápida e irreversível.
Em Ribeirão Preto, é a Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas, no centro da cidade, e o Estado de São Paulo conta Orientação à população em estande.
com o total de 212 pontos estratégicos com disponibilidade de soro antiescorpiônico (critérios de atendimento e localidades disponíveis online em https://ses.sp.bvs. br/wp-content/uploads/2021/03/E_DL-CIB-29_190321.pdf e em https://www. saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/unidades-de-referencia/peconhentos_unidades.pdf). Ao contrário do que se pensa, o soro antiescorpiônico raramente é usado e se destina principalmente a crianças e idosos com quadro moderado ou grave, ou evoluindo para isso. O tratamento habitual é o bloqueio anestésico local, medida suficiente para a maioria dos casos e necessária para reduzir ou eliminar a dor, que é a principal manifestação, costuma ser de grande intensidade e pode durar até umas 24 horas.
Importância da notificação dos acidentes O número de acidentes em Ribeirão Orientação à população.
Preto ilustra uma condição que é comum a muitos outros municípios brasileiros. Até nas capitais dos Estados ocorrem picadas e, se não há uma imagem adequada dessa realidade no país, isso se deve à subnotificação dos acidentes.
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O tratamento habitual é o bloqueio anestésico local, medida suficiente para a maioria dos casos e necessária para reduzir ou eliminar a dor.
A notificação é obrigatória, ou seja, sempre acontecerá nos casos que chegam ao sistema de saúde. Porém, há acidentados que fazem tratamentos domésticos e isso gera uma imagem distorcida e insuficiente do problema. De maneira geral, as notificações revelam que a faixa etária mais produtiva (acima de 20 anos), em termos de capacidade de trabalho, é a mais acometida. A incidência de acidentes nos mais jovens, especialmente abaixo dos 15 anos, é significativamente menor. Os acidentes ocorrem durante todo o ano, com tendên-
Notificações de acidentes escorpiônicos, 2017-2018.
cia à maior ocorrência nos meses mais quentes e chuvosos na região. Provavelmente nesse período há maior proliferação das presas (principalmente baratas,
Considerações finais
mas também outros artrópodes e mesmo outros animais) e maior atividade dos es-
A população alcançada pelas medidas
corpiões. Finalmente, quanto à gravidade
educativas foi expressiva e alunos e pro-
do quadro clínico, a maioria dos casos é
fessores poderão atuar como multiplica-
classificada como LEVE, sendo tratada de
dores de informações fidedigna e úteis na
maneira mais trivial, com bloqueio anes-
prevenção de acidentes. Durante a abor-
tésico para reduzir ou eliminar a dor, sem
dagem educativa nas ruas e nos estabe-
necessidade de intervenção mais agressi-
lecimentos comerciais, muitos morado-
va e com maior risco de efeitos colaterais
res e transeuntes relataram vários casos
ou complicações, que podem ocorrer com
de acidentes e encontro de escorpiões em
o soro antiescorpiônico.
suas residências.
15
Muitos não notificavam nem procu-
tância da notificação e da assistência mé-
ravam assistência médica, por falta de
dica foram fundamentais. As pessoas que
conhecimento sobre a importância des-
receberam as orientações foram receptivas
ses procedimentos. Também, muitos
e mostraram-se interessadas no tema.
ainda mantém práticas curativas inefi-
Avaliamos que o problema do escor-
cazes e baseadas em crenças populares.
pionismo no município é preocupante,
Ainda há quem faça torniquete, aplique
ao se constatar que ocorre subnotificação
no local da picada o álcool em que acon-
dos achados e dos acidentes, por falta de
dicionam escorpiões, ou procure aten-
conhecimento.
dimento em farmácias e dispense as Unidades de Saúde.
Houve uma conscientização acerca do problema e das medidas preventivas,
As orientações sobre a biologia dos escorpiões, as medidas de controle, a impor-
que esperamos sejam empregadas com mais intensidade.
Autores Agentes de Controle de Vetores, Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto:
Lúcia Antônia Taveira Educadora de Saúde Pública, aposentada.
Joana D’Arc Alves Silva de Aguiar
16
Fábio Henrique Di Felippo
Cassia Aparecida Jorge D’Antônio
Maria das Dores Gonçalves Viana
Rodrigo Lino de Matos
Irma de Jesus Galego Lázaro
Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.
17
CONSULTORIA
Mais ações de controle, menos impacto ambiental Por Uiara Caromano Treviso e Élio Fernandes
Estamos vivendo tempos em que a
mento de controle de vetores e pragas urbanas
preocupação com o meio ambiente é cada
acompanhe e adote técnicas e tratamentos
vez mais fundamental e, entre esses tó-
mais sustentáveis, específicas e ecológicas
picos, a preservação da fauna e flora se
(como o sistema de pulsos eletromagnéticos
faz necessária, devido ao uso indiscrimi-
para repelência de pombos e aplicações mais
nado de produtos inseticidas e desmata-
localizadas direcionadas para os locais de abri-
mento. Em novembro de 2021 ocorreu a
go e passagem da praga alvo a ser controlada).
COP26, Conferência da ONU sobre o Meio
Assim como os medicamentos evoluíram, a
Ambiente e o Clima Mundial. Medidas
engenharia evoluiu, os produtos domissanitá-
de preservação ambiental e uso racio-
rios também se tornaram bem mais eficientes,
nal de recursos naturais estavam entre
menos tóxicos (vários não possuem tempo de
as principais pautas e o Brasil, detentor
reentrada) e outros são específicos para de-
da maior biodiversidade do planeta, re-
terminados animais e controlam infestações,
cebeu posição de destaque nesse evento.
sem a necessidade de afastamento de pessoas
Seguindo com esse propósito de pre-
ou tratamentos em todo imóvel, como no con-
servar o meio ambiente e a biodiversida-
trole de Blattella germanica com gel contendo
de, é muito importante que nosso seg-
atrativos alimentares.
18
É necessário que uma empresa con-
ou seja, aplicações pontuais, em locais onde
troladora de vetores e pragas urbanas,
realmente pode haver o abrigo de pragas ou
pensando em formas sustentáveis, ofe-
então a passagem delas. E, quando possível,
reça além do controle químico, consulto-
utiliza-se de produtos que são pouco agres-
rias para gerar uma conscientização am-
sivos para os humanos, aves, peixes e ma-
biental. Um bom exemplo está nos casos
míferos, utilizando aqueles que agem como
de reclamações da presença de morcegos
reguladores de crescimento, os conhecidos
frugívoros em condomínios, onde em
IGR, que atuam especificamente em arac-
muitas situações, eles estão frequentan-
nídeos e insetos, animais que passam pelo
do e causando sujeiras nas paredes das
processo de ecdise.
residências devido a época de frutifica-
Uma nova tendência, já muito praticada
ção de alguma espécie arbórea presente
na área agrícola e que agora estamos obser-
ali e, neste caso, o ideal é recomendar a
vando ser também uma nova realidade no
poda dos cachos dos frutos e explicar que
controle de pragas urbanas, é a utilização de
os morcegos só estão ali por causa do ali-
produtos biológicos para o controle de de-
mento. Explicando, ainda, que os mor-
terminados organismos. Atualmente, temos
cegos são protegidos por lei (preparando
disponível no mercado produtos a base de
um laudo técnico e cobrando por isso).
bactérias que atuam no controle de mosqui-
Outro exemplo são os produtos para
tos. Há duas espécies que são utilizadas em
controle de cupins subterrâneos, muitos
programas de controle biológico deste tipo
princípios ativos modernos possuem a ca-
de inseto, sendo elas Bacillus sphaericus e Ba-
racterística de não eliminar rapidamente
cillus thuringiensis israelensis (Bti). O primei-
os indivíduos que transitam pelas galerias
ro é indicado para o controle de mosquitos
no solo e assim não se faz mais necessário
transmissores da malária e algumas outras
a técnica de barreira química, a qual era
espécies de mosquitos urbanos, o segundo é
sim muito utilizada no século passado com
indicado principalmente para o controle de
produtos químicos, que tornavam aque-
mosquitos da dengue e borrachudos.
la faixa vertical de solo intransponível.
Quando falamos da utilização de produtos a
Hoje, com os modernos princípios ativos,
base de bactérias ou fungos, os chamados bio-
pequenas perfurações ao redor do imóvel
lógicos, estamos falando de um avanço mui-
é suficiente para eliminar a população de
to importante do ponto de vista ambiental e
cupins que está atacando a edificação.
da saúde pública, visto que tais produtos não
Além da evolução das metodologias de aplicação e da tecnologia que está
causam qualquer efeito negativo para os seres humanos, animais e meio ambiente.
cada vez mais a nosso favor, temos a
Os bacilos utilizados possuem atividade en-
evolução dos produtos químicos utili-
tomopatogênica devido a produção de estruturas
zados. Hoje, as controladoras de pragas
proteicas liberadas durante a fase de esporula-
urbanas possuem uma conscientiza-
ção. Quando ingeridas pelas formas imaturas dos
ção maior da necessidade de aplicações
mosquitos, o intestino destas, sofrem a ação de
mais limpas, e quando não é possível
enzimas que se transformam em proteínas, que
a utilização de produtos em gel, dá-se
ligadas aos receptores das membranas celulares,
preferência para aplicações do tipo spot,
causam a paralisia e a morte das formas jovens.
19
Por exemplo, no caso dos cristais de
insetos (aplicações de géis, spots, moni-
proteínas entomopatogênicas do BTi, de-
toramento constante) e o trabalho con-
nominada Cry, essas endotoxinas são es-
junto com o cliente, orientando sobre mo-
pecíficas para o controle de Dípteros, não
dificações necessárias a serem adotadas
afetando nenhuma outra ordem de inse-
no estabelecimento, como telas em jane-
tos. Para o controle de outras ordens de in-
las, instalação de armadilhas luminosas,
setos podemos selecionar cepas específi-
constante feedback do cliente sobre apa-
cas de Bacillus thuringiensis que produzem
recimentos de insetos para a rápida atu-
endotoxinas específicas para aquelas pra-
ação da controladora de pragas naquele
gas alvo preservando os insetos não alvos
foco, é que manterá a saúde sanitária da
no meio ambiente. Atualmente já existe
empresa alimentícia.
produtos a base de BTi para uso domésti-
Se podemos ter uma certeza, em qual-
co e utilizado por empresa controladora de
quer segmento de prestação de serviços, e
vetores e pragas no controle de Culex quin-
principalmente o de controle de vetores e
quefasciatus (pernilongo noturno) e Aedes
pragas urbanas, é que oferecer tratamen-
aegipty (dengue).
tos voltados ao menor impacto ambiental,
Nesse sentido devemos trabalhar com
menor uso de produtos químicos e formas
os nossos clientes, orientando que deter-
mais sustentáveis, diferenciarão das de-
minadas práticas, por muitos anos pra-
mais, devido a conscientização da popula-
ticadas, hoje não são mais necessárias,
ção e preservação ambiental.
como os tratamentos químicos semestral ou trimestral em empresas do segmento alimentício. Somente o tratamento mensal ou quinzenal deixará o ambiente sem
Uiara Caromano Treviso Engenheira Agrônoma e Bióloga Especialista em Sistemas de Gestão Integrados; Especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias e membro do Conselho Técnico da ABCVP.
Élio Fernandes Biólogo, Dr. em Microbiologia Pós-doc em Biodiversidade. Figura 1. Testes de utilização de produtos biológicos para o controle de mosquitos. Fonte: https://www.rets.epsjv.fiocruz. br/noticias/metodo-wolbachia-uma-iniciativa-inovadora-de-combate-doencas-transmitidas-por-mosquitos.
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GESTÃO
Solenidade de posse da nova diretoria ABCVP Biênio 2021/2023
A ABCVP realizou no dia (05/11) a solenidade
nimidade, já que dentro do prazo de inscrição, pre-
de posse da nova diretoria que estará à frente
visto pelo edital de convocação, foi inscrita somente
do Conselho Administrativo, durante o Biênio
uma chapa. De acordo com o Estatuto da Entida-
2021/2023. A cerimônia, realizada no Centro de
de, na forma do Artigo 29, parágrafo 2º, no caso de
Convenções do Shopping Nova América, contou
Chapa Única, cabe a presente Assembleia aclamar
com a presença de todos os diretores da chapa
os membros como vencedores do pleito, como foi
eleita, além de representantes do segmento,
feito. A nova diretoria assumiu a direção da ABCVP
associados à ABCVP.
no dia primeiro de novembro e presidirá a institui-
Os novos membros foram eleitos no dia 10 de setembro, em uma Assembleia Ordinária, por una-
ção até 31 de outubro de 2023, quando haverá nova eleição ou reeleição da mesma.
21
‘‘ aqui nós temos ideais comuns” O ex-presidente Rubem Ba-
acertamos em muitas coi-
rat, que ficou à frente da asso-
sas. Quero agradecer a todos
ciação por dois mandatos, deu
porque acho que o segmento
início à cerimônia:
está bem representado, a gen-
“Esse é um momento mui-
te tem conseguido manter a
to feliz pra todos nós, porque a
união, temos um grupo coeso e
gente deixa a casa organizada,
em conjunto a gente consegue
com muitos projetos em an-
realizar muito mais. Como eu
damento. Nem sempre a gen-
sempre falo: nós podemos ser
te consegue acertar tudo, mas
concorrentes lá fora, mas aqui
posso dizer com convicção que
nós temos ideais comuns.”
Fernando Marques, que era diretor financeiro, agora será conselheiro e aproveitou sua fala para reiterar a importância de uma maior participação dos associados. Segundo ele, nada se muda sem a força da Associação, que é feita de homens e mulheres que decidiram arregaçar as mangas e lutar por um segmento mais justo e fortalecido: Acho que a gente acertou muito mais do que errou, mas errar é humano e como somos
Fernando Marques: “Acertamos muito mais que erramos”.
humanos também erramos. No entanto, no somatório de tudo,
quistamos com trabalho e par-
Entre as metas e objetivos a se-
essa administração de seis anos
ceria, sozinhos não consegui-
rem alcançados pela nova diretoria
trouxe muitas regulações para
ríamos. Fizemos boas parcerias
estão: a modernização e fortaleci-
o mercado. A própria Lei, que
e bons avanços, mas é hora de
mento do selo ABCVP; participação
regulamentou a atividade do
renovar. Desejo sorte e sucesso
ativa na Feprag; fortalecimento da
Controlador de Pragas, a não
a todos. Eu e Barat fomos para o
marca dos associados nas mídias
municipalização das licenças,
banco de reservas. Agora sere-
sociais, site e revista; realização do
a aproximação dos Conselhos,
mos conselheiros, mas conse-
Encontro de Empresários; EcoPrag
a meta de uma associação mais
lheiros de verdade, dispostos a
em maio de 2022; cursos on-line e
moderna, instalada em um lo-
ajudar no que precisarem. Volto
presencial repaginados; reuniões
cal bem mais visível e aconche-
a dizer: nada se muda se não for
trimestrais com os associados;
gante para receber vocês, enfim,
por aqui. Com uma Associação
produção da revista on-line e im-
foram várias vitórias que con-
forte todos nós ganhamos.
pressa, entre outras.
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Nova diretoria: Lina Maestrelli, Valdir Viana, Roberta Arraes, Claudio Mello e Evandro Alves.
Um legado por herança
tribuição
por
um
segmento
melhor. Não é o trabalho de uma pessoa, ou de uma ges-
Quem se propõe a presidir a
tão, que fará a diferença, mas o
associação tem em mente o pro-
trabalho conjunto. A mudança
pósito coletivo de semear cres-
começa por nós e precisamos
cimento,
e
acreditar que podemos fazer
aprimoramento para o setor. Um
do nosso mercado, um merca-
princípio básico do associativismo
do melhor. Quero agradecer a
que, ao longo desses 30 anos, deu
todos, que desde 1991, vêm de-
voz, credibilidade e representati-
dicando tempo e trabalho a esta
vidade ao setor. Porém, conquis-
Associação. Já são 30 anos de
desenvolvimento
tar essa essência não é algo fácil, motivo pelo qual muitas institui-
Claudio Mello, o novo presidente.
trabalho árduo e contínuo. Precisamos da ajuda de todos. Jun-
ções se perderam pelo caminho,
gestão anterior, se pronunciar.
tos nós somos muito mais for-
mas quem a encontra participa de
Claudio agradeceu a todos pela
tes e isso precisa ficar evidente
uma colheita farta e adquire uma
disposição e disponibilidade na
na cabeça de cada empresário
força imbatível para prosseguir.
construção de uma associação
do ramo. A ABCVP é uma refe-
forte e representativa.
rência não só do Rio de Janeiro,
Em seguida foi a vez do atual presidente, Claudio Miranda de
“Todos que passaram pela
Mello, diretor administrativo da
Associação deixaram sua con-
mas do Brasil, e a gente precisa se apropriar desse legado.
23
Metas para 2021-2023: Contratar empresa de publicidade
Repaginar os cursos on-line e presencial;
e marketing; Realizar reuniões trimestrais com Modernizar e fortalecer o selo ABCVP;
os associados;
Participar ativamente na Feprag;
Produzir revista on-line e impressa;
Fortalecer a marca dos associados
Fechar novas parcerias com fabricantes
nas mídias sociais, site e revista;
e distribuidores;
Realização do Encontro de Empresários;
Aumentar o número de associados.
Realizar a EcoPrag em maio de 2022;
Confira a diretoria eleita para o biênio 2021-2023:
Presidente Claudio Mello
Vice-Presidente Valdir Viana
Diretor Financeiro Evandro Alves da Silva
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Diretora Administrativa Lina Maestrelli
Diretora Técnica Roberta Tavares Arraes
GESTÃO AMBIENTAL
Tem marimbondo no jardim! Fábio Prezoto
Os marimbondos, também conhecidos
No dia a dia, os marimbondos desem-
como vespas ou cabas, são um grupo de
penham importantes funções na natu-
insetos muito temido devido sua capaci-
reza. Os insetos adultos se alimentam
dade de ferroar, e é justamente por causa
de substâncias açucaradas como néctar,
desse comportamento agressivo, que o
presente nas flores ou polpa de frutas,
encontro de um ninho de marimbondos
e ao recolher este alimento contribuem
(enxu ou vespeiro) no jardim, ou nas pro-
com a polinização de diferentes espécies
ximidades de uma habitação, é motivo de
vegetais (Figura 1). Hoje se sabe que al-
grande preocupação.
gumas espécies de plantas são poliniza-
Realmente os marimbondos são ca-
das exclusivamente por vespas.
pazes de provocar acidentes ao ferroar as pessoas, ferroadas das quais não vão se esquecer da dor provocada por esses insetos e, em alguns casos, podem até ocorrer acidentes graves com pessoas alérgicas ao seu veneno. Contudo, cabe ressaltar que os marimbondos só realizam este ataque quando seu ninho está em perigo ou durante uma perturbação. Apesar da fama ruim dos marimbondos é preciso explicar o seu valor ecológico na natureza. Esses insetos são sociais, ou seja, vivem em sociedade, com uma estrutura organizada para tornar as tarefas diárias, como busca por alimento, construção do ninho e reprodução mais eficientes. Por esse fato, constroem ninhos que podem permanecer ativos em
Vespa social (Polistes versicolor) polinizando flores de funcho (erva-doce).
um mesmo local por meses ou por vários anos para algumas poucas espécies que constroem ninhos grandes.
25
Já para alimentar suas larvas em desenvolvi-
Mas, por que os marimbondos prosperam nas
mento no interior das colônias, as vespas caçam
cidades? De maneira semelhante ao que ocorre
proteína animal. Uma série de estudos sobre o
com muitas espécies sinantrópicas, que prospe-
comportamento alimentar das vespas revelam
ram em ambientes alterados como baratas, mos-
que mais de 90% das presas capturadas por esses
cas, formigas, ratos e pombos, algumas espécies
insetos são lagartas de borboletas (Lepidoptera),
de marimbondos se adaptaram bem às condições
que estão entre as principais pragas de culturas
oferecidas pela cidade. Esse ambiente oferece
e de plantas de jardim, as quais são caçadas pelas
locais ideais para a construção dos ninhos como
vespas e transportadas aos pedaços para o ninho
por exemplo os beirais das edificações (Figu-
(Figura 2). Assim os marimbondos desempenham
ra 3), além disso podemos destacar a oferta de
um papel valioso, porém pouco conhecido como
alimentos como presas e flores, bem como a di-
agentes de controle biológico de pragas, princi-
minuição de inimigos naturais das vespas, o que
palmente com os insetos que consomem as folhas
leva ao seu sucesso.
de plantas (herbívoros).
Na maior parte das vezes a presença de um ninho de marimbondos nas proximidades de uma habitação, pode passar despercebida pelos seus ocupantes e nunca provocar qualquer incidente. Em outros casos os ninhos se estabelecem nas proximidades de uma área movimentada como uma porta ou janela, ou em locais mais expostos como partes baixas (entre 1 e 2 metros de altura), sendo frequentemente perturbados pelo vai e vem das pessoas. É nesses casos que ocorrem os incidentes, pois algumas vezes as vespas podem reagir agressivamente à perturbação provocada pela movimentação de pessoas no local.
Vespa (Polistes simillimus) que retornou ao ninho trazendo um pedaço de presa (lagarta) nas mandíbulas.
Atualmente ninhos de marimbondos tem sido transferidos para abrigos artificiais ao redor de áreas de cultivo, onde prosperam contribuindo na diminuição das pragas e na redução do uso de pesticidas, que tanto impactam o meio ambiente. Porém, as alterações humanas como a urbanização e o desmatamento, fizeram com que algumas poucas espécies de marimbondos se tornassem frequentes em ambientes alterados como as cidades.
26
Ninho de vespa (Polistes simillimus) estabelecido no madeiramento de um telhado.
Assim, quando um ninho de vespas for iden-
mento de proteção individual é muito importante
tificado em um local com movimentação de
porque garante segurança ao profissional. Reco-
pessoas, torna-se necessária sua remoção para
menda-se o macacão de apicultor como medida
que se evite acidentes no futuro. Esta ação deve
de proteção às ferroadas.
ser feita por um profissional qualificado, que
Vale salientar novamente que os marimbondos
conheça sua biologia e comportamento para que
são agentes importantes para a manutenção da
a remoção de maneira eficiente, sem colocar as
qualidade de vida e conservação de áreas verdes nas
pessoas próximas em risco.
cidades, além disso, são espécies silvestres ampa-
É recomendado sempre que a remoção seja
radas por lei, inclusive em ambiente urbano. Assim,
feita ao anoitecer ou no início da manhã, horário
a proteção de seus ninhos, sempre que possível, e o
em que as vespas estão inativas. O melhor método
manejo correto de suas colônias, quando necessá-
consiste no ensacamento do ninho com uso de um
rio, auxilia na manutenção dos serviços de preda-
saco plástico resistente. Esse tal método permi-
ção de pragas e de polinização.
te que a colônia possa ser transportada e liberada para uma área silvestre. Em situações onde isso não é possível é válido empregar o uso de inseticidas ou de agentes para eliminar a população das vespas. Esse procedimento não deve ser feito por pessoas sem treinamento e conhecimento, a fim de evitar incidentes indesejáveis. O uso de equipa-
Dr. Fábio Prezoto Biólogo, Docente do Depto. de Zoologia da UFJF.
27
RETRANCA
O controle de Pragas Urbanas além das Ações Químicas Por Luiz Roberto Fontes
Duas ações são importantes no controle de escorpiões. As MEDIDAS EDUCATIVAS são priorizadas pelos órgãos públicos de combate a vetores e animais incômodos, e são importantes para estimular a população na adoção de atitudes preventivas e na notificação de acidentes. As ATIVIDADES DE CONTROLE QUÍMICO são executadas por empresas de controle de pragas em áreas com profusão de abrigos inacessíveis ao bloqueio físico ou coleta manual, como trajetos de tubulações (rede hidráulica e pluvial em geral; prumadas e ‘shafts’ elétricos, eletrônicos e hidráulicos) e cavidades em geral (juntas de dilatação; vãos sob pisos; sepulturas etc.) pois essas empresas dispõem de equipamentos e
Escorpião amarelo, Tityus serrulatus. Foto do autor.
produtos químicos especializados, pessoal treinado no seu manuseio e conhecimento para realizar essas operações com eficiência e segurança. Portanto, as ações do setor público e do privado se complementam e concorrem para alcançar o mesmo objetivo em benefício da saúde pública, que é reduzir o número de acidentes com escorpiões. O esforço educativo, entretanto, sempre deve acompanhar as ações do profissional de controle de pragas, pois ele também desempenha, em certa medida, o papel de um agente de saúde pública, ao prescrever as orientações necessárias e benéficas ao cliente. Essa adequada instrução da clientela colabora bastante na adoção de medidas preventivas, que são comumente banais e muito eficientes para evitar acidentes. Outro ponto importante é orientar quanto ao caminho a ser trilhado caso ocorra um acidente com escorpião, ou seja, sem-
28
pre buscar assistência médica. É que no país há uma subnotificação de acidentes com escorpiões e o quadro real dessas ocorrências é maior do que o divulgado. Os profissionais de controle podem e devem contribuir para a construção do conhecimento real do problema (número de acidentes, locais em que ocorrem e espécies de escorpiões envolvidas), o que é importante para o direcionamento de políticas públicas de educação, saneamento e saúde, além de manutenção e treinamento de equipes voltadas à prevenção e ao controle. Com esses objetivos, o de informar sobre a importância da prevenção e da notificação, apresentamos a campanha educativa realizada no município de Ribeirão Preto/SP, em 2018, que alcançou amplo sucesso na divulgação e conhecimento desse problema de saúde pública.
O controle de escorpiões não é um “bicho de sete cabeças”, mas não há como negar que os manuais organizados pelos setores públicos não recomendam ações de controle químico, por considerá-las ineficazes. Sim, se forem malfeitas, fora de um adequado Programa de Controle com diagnóstico ambiental e planejamento, estarão fadadas ao fracasso e serão financeiramente muito custosas. Ao contrário, com bom diagnóstico e planejamento, estimularão a população a agir em benefício da prevenção e serão essenciais para reduzir ou eliminar a infestação,
Sob luz ultravioleta, o tegumento dos escorpiões é fluorescente. Foto de Fabio Di Felippo.
e consequentemente os acidentes. O problema é complexo e requer a associação de medidas educativas, alterações ambientais e eventualmente a adoção das medidas de controle químico imprescindíveis
pira, e depois, ainda na segunda metade da década de 1990, foi reprisado com pequenas adaptações no mercado público de Taubaté e na rede
para atingir os abrigos localizados nos recessos mais profundos, nos
escolar de Bananal, todas cidades do
quais os escorpiões podem proli-
O profissional de
ferar e permanecer em jejum du-
controle de pragas
rante vários meses, aguardando o momento oportuno para sair. Quanto aos produtos quími-
desempenha um papel importante
cos, há necessidade de mais es-
na educação em
tudos acerca das formulações em
saúde pública
uso, pois aquelas em via líquida não atingem os objetivos de alta
eficácia, baixo custo e facilidade de aplicação, requeridos em saúde pública para uso em amplas áreas infestadas e com abrigos irredutíveis, por exemplo, cemitérios e tubulações em geral. Sobre isto, veja artigo publicado em 1997 e respectivo vídeo operacional, disponíveis on-
Estado de São Paulo e infestadas pelo escorpião amarelo, Tityus serrulatus. Finalmente, cabe reforçar que o profissional de controle de pragas, além de realizar as operações de controle químico e oferecer informações gerais sobre o animal, seus abrigos e as medidas preventivas de proliferação e acidentes, também deve orientar sobre como proceder em caso de pica-
da, lembrando ao cliente que esses casos requerem assistência médica imediata e a respectiva notificação do acidente, respectivamente em benefício da saúde do acidentado e para prover as estatísticas do sistema de saúde.
line na biblioteca de livre acesso “Internet Archive” (https://archive.org/details/Escorpioes. UmProblemaDeSaudePublica e https://archive. org/details/EscorpiaoItapira1995), que ilustra um caso de grande sucesso no uso de formulações na forma de pó seco, no contexto de um programa municipal de controle. Esse modelo de controle foi realizado na área urbana de Ita-
Luiz Roberto Fontes é biólogo (entomólogo) e consultor.
29
TÚNEL DO TEMPO
Alergia às baratas Um novo vilão entra em cena… Por Ruppert Ludwig Hahnstadt
Uma criança dá entrada na
importante no diagnóstico. Ob-
da, a casa estava organizada e
emergência de um hospital com
viamente a primeira resposta
limpa, porém, havia um detalhe
grave crise de asma. Após con-
foi: “Minha casa é muito limpa
que até o momento não tinha
trolar a crise, o médico pergun-
e eu faço tudo que os médicos
sido observado. A casa estava
ta à mãe se a pequena paciente
mandam, eliminei os carpetes,
infestada por baratas há anos e
sofre de alergia, e recebe a ime-
as cortinas, os estofados, aspiro
não havia jeito de se livrar das
diata resposta: “Sim doutor, ela
a cama diariamente dou reme-
francesinhas que estavam sem-
é alérgica aos ácaros da poeira
dinho direitinho, doutor”.
pre presentes, por mais que se
de casa”. Aprofundando mais a
Esse médico, muito cuidado-
pesquisa das possíveis causas
so e curioso, não se convenceu e
O médico logo pensou: “Será
dessa alergia, o médico pergun-
marcou uma visita à casa do seu
que há alguma relação entre a
tou a aflita mãe o que mais exis-
pequeno paciente. Realmente,
infestação por baratas e a aler-
tia naquela casa que pudesse ser
a mãe era uma pessoa dedica-
gia? Inteligente como era, logo
30
limpasse a casa.
teve uma grande ideia: “Vamos
mortalidade de crianças resi-
biente, uso de carpetes e de
chamar uma boa empresa de-
dentes em grandes centros ur-
móveis sem lustro. Além dis-
sinsetizadora para exterminar
banos são três vezes maiores do
so, as pessoas e em especial
essas baratas. Enquanto isso,
que as encontradas nas áreas
as crianças têm progressiva-
a criança vai ficar no hospital
suburbanas destas cidades, ca-
mente gasto muito mais tem-
por uma semana”. Resultado: a
racterizadas pela menor den-
po dentro de casa, determi-
criança morando no hospital não
sidade demográfica e melhores
nando a chamada: “Teoria da
entrava em crise, mesmo sem o
condições residenciais.
Asma pela Televisão”.
remedinho. Quando ela voltou
Nos anos 80, muitos estu-
Entretanto, estudos recen-
para casa passou bem por um
dos epidemiológicos eviden-
tes indicam que a situação é
tempo, mas logo voltou a sofrer
ciaram associação entre com-
mais complexa. Em regiões mais
dos mesmos sintomas de antes,
ponentes do ambiente indoor
úmidas, a prevalência das aler-
embora já não fosse mais parar
e as alergias respiratórias. Es-
gias respiratórias, em especial
no hospital com aquelas graves
ses resultados, combinados
da asma, continuou a aumentar,
crises de asma, e ainda mais,
com testes de provocação e de
apesar de todas as modificações
não precisou de tanto remedi-
exclusão
componentes
introduzidas no ambiente indoor.
nho para controlar sua alergia.
da poeira doméstica, propor-
Adicionalmente, também foi ob-
Um novo alérgeno havia entrado
cionaram fortes evidências da
servado incremento significativo
em cena… A BARATA!
importância do ambiente do-
da prevalência mesmo em regi-
méstico na asma, principal-
ões pouco úmidas, desfavorá-
mente a participação dos áca-
veis para o desenvolvimento das
ros. Modificações nas causas
colônias de ácaros. No sudoeste
Os ácaros têm sido os vilões
que favorecem a proliferação
dos Estados Unidos e no nor-
dessa história há décadas. Entre-
dos ácaros são patentes, como
te da Suécia, gatos e cães foram
tanto, nos anos 90, os pesquisa-
as novas tendências da deco-
identificados como as principais
dores mudaram seu ponto de vista
ração, redução da ventilação,
fontes de alérgenos. Atualmen-
em relação às causas das alergias,
aumento da temperatura am-
te, a descrição de que a sensibi-
O ambiente doméstico
e passaram a valorizar mais os aspectos do ambiente indoor (recintos fechados, p. ex., residências). O aumento da prevalência e da gravidade das alergias respiratórias,
especialmente
a
asma, nos últimos 35 anos tem sido observado. Em muitos países, inclusive no Brasil, este incremento tem sido relatado por todas as classes sociais e mais sensivelmente entre população de baixa renda. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos demonstram que as taxas de hospitalização e de
com
“
Na atualidade estabeleceu-se que pacientes com alergias respiratórias perenes são sensíveis a, pelo menos, um dos principais alérgenos do ambiente indoor: ácaros, gatos, cães e baratas.
lização aos alérgenos das baratas está relacionada com a asma com pacientes residentes de centros urbanos estabelece que existe uma nova fonte de alérgenos nas casas. Esses alérgenos são responsáveis pela alta prevalência de asma e o aumento da gravidade dessa doença. Na atualidade, estabeleceu-se que pacientes com alergias respiratórias perenes são sensíveis a, pelo menos, um dos principais alérgenos do ambiente indoor: ácaros, cães, gatos e baratas.
31
cinas hipossensibilizantes. As
asma. Resultados também de-
vacinas são constituídas pelos
monstraram que o grau de ex-
As espécies mais importantes
mesmos alérgenos causadores
posição das crianças com testes
são as que infestam residências:
das alergias e é o tratamento
cutâneos positivos aos alérge-
Blatella germanica, Periplane-
mais eficaz. Porém, depende da
nos das baratas, nesse caso, pela
ta americana e Blatta orientalis.
qualidade do alérgeno de um
quantificação de Bla g 1 da poeira
As duas primeiras são as mais
longo período de administra-
dos seus dormitórios, está cor-
comuns no Brasil e conhecidas
ção (24 meses), pois o pacien-
relacionado com o risco de hos-
como francesinha ou barata da
te, sendo muito sensível, rece-
pitalização com crise de asma.
cozinha e barata do esgoto, res-
be pequenas doses sucessivas
As concentrações dos alérgenos
pectivamente.
dos alérgenos.
de ácaros e de gato na poeira do-
Os alérgenos das baratas
São as pragas mais comuns
A principal fonte dos alér-
méstica, nos períodos de esta-
que infestam o ambiente domés-
genos das baratas são as fezes.
ção seca (inverno) eram muito
tico, ocorrem em áreas de densa
Nelas estão presentes as pro-
baixas e as crianças menos sen-
população, impregnam o local
teínas sensibilizantes e na sua
síveis a eles. Por outro lado, em
por onde passam com seu odor
grande maioria são enzimas.
cidades úmidas as concentra-
característico e depositam excre-
Investigadores já lograram iso-
ções de alérgenos das baratas e
mentos no ambiente humano.
lar e identificar os principais
de ácaros eram muito altas e as
Os alérgenos das baratas são
alérgenos da Blattella germani-
crianças muito sensíveis a eles.
provenientes das fezes, saliva
ca. Esses alérgenos purificados
As principais conclusões foram:
e exoesqueleto, que se pulve-
foram denominados Bla g 1 e Bla
crianças que se tornam alérgicas
rizam e ficam dispersos no ar.
g 2 e são, atualmente, utilizados
a proteínas estranhas em suas
Esses alérgenos quando inspi-
para avaliações epidemiológicas
casas têm maior risco de desen-
rados pelo paciente alérgico,
sobre a sensibilização de popu-
volver asma e a contínua expo-
se ligam a anticorpos da clas-
lações aos alérgenos das baratas
sição aos alérgenos contribui
se IgE induzindo a liberação de
em vários países. Além dos alér-
para a gravidade da doença.
diversos mediadores inflama-
genos purificados, extratos de
Esses resultados levantaram
tórios. Entre eles está a hista-
corpo total das baratas também
pontos importantes: o papel do
mina, que é responsável pelos
são utilizados na rotina de diag-
controle ambiental para evi-
sintomas imediatos da alergia
nóstico das alergias respirató-
tar o contato com os alérgenos;
que ocorre entre 15 minutos a
rias e na preparação de vacinas
as causas das alergias; e que a
1 hora após o contato. Os sin-
hipossensibilizantes, com exce-
quantidade de alérgenos no am-
tomas, dependendo do órgão
lentes resultados.
biente é de crucial importância
de choque do paciente, são es-
Um dos levantamentos epi-
no desenvolvimento da doença
pirros em sequência (15 a 30).
demiológicos referenciais, efe-
e que as baratas são uma fonte
Coriza, conjuntivite e falta de
tuado nos Estados Unidos, uti-
urbana de ocorrência de aler-
ar (asma). O tratamento des-
lizando testes cutâneos com os
gias, talvez até mais importante
sas alergias deve ser feito por
três principais alérgenos indoor
do que os ácaros.
médico especialista (alergolo-
(ácaros, gatas e baratas) esta-
Investigadores no Brasil de-
gista) e encerra uma tríade tra-
beleceu que a sensibilização aos
monstraram o papel das en-
dicional: controle ambiental,
alérgenos das baratas é comum
dotoxinas
medicação sintomática e va-
entre as crianças portadoras de
pró-inflamatórios
32
como
mediadores presentes
a
outras características do am-
mentam a reatividade brôn-
questão da origem do aumento
biente indoor que podem causar
quica de pacientes asmáticos.
dos níveis de endotoxina e da
desconforto nos indivíduos que
No trabalho apresentado du-
contaminação do ambiente por
os frequentam. Nesses ambien-
rante o Congresso Brasileiro de
colônias de bacilos gram-ne-
tes pode-se garantir, através da
alergia e imunopatologia, no
gativos (produtores de endoto-
quantificação desses alérgenos
Rio de Janeiro, os pesquisado-
xinas). Sabidamente, as baratas
por grama de poeira coletada,
res compararam os níveis de
exercem um papel importante
que, a partir de uma determi-
endotoxinas e de ácaros na po-
como carregadores de micror-
nada concentração de alguns
eira doméstica das residências
ganismos de locais contami-
desses alérgenos, os indivíduos
de pacientes asmáticos e de
nados, como o esgoto, para os
alérgicos frequentadores desses
indivíduos não alérgicos na ci-
ambientes limpos. Os micror-
ambientes passarão a agravar
dade de São Paulo. Os maiores
ganismos se aderem ao corpo
seus sintomas alérgicos ou en-
níveis de endotoxina foram de-
das
principalmente
trar em crise asmática. Além da
tectados nos meses de janeiro
em pêlos externos das pernas,
pesquisa do paciente, esse novo
e novembro e de alérgenos de
são transportados mecanica-
ângulo de visão, no qual o diag-
ácaros em julho, determinando
mente de um ponto sujo a outro
nóstico do ambiente tem recebi-
a distribuição sazonal desses
limpo. Também pode ocorrer a
do atenção, é recente e tem sido
alérgenos. Houve uma signifi-
contaminação biológica pelos
adotado por vários países. No
cativa correlação entre os sin-
excrementos liberados por ba-
Brasil, ainda estamos iniciando
tomas de asma e os níveis de
ratas. Portanto, a intensidade
e algumas pequenas empresas
endotoxinas na poeira domés-
da infestação do ambiente pe-
vêm tentando implementar a
tica, comprovando a alergeni-
las baratas poderá ser a razão
detecção da carga de alérgenos
cidade desse novo componente
do aumento das concentrações
indoor, e outras prestam ser-
do ambiente indoor.
de endotoxina durante os me-
viços de limpeza e desinfecção
ses mais quentes, caracteriza-
de sistemas de ar condicionado,
dos pelo aumento da prolifera-
sendo que, a partir desse ano, já
ção das colônias desses insetos.
existe legislação específica que
Dessa forma, a sazonalidade,
determina o tratamento do ar
dependendo do clima de uma
indoor em ambientes públicos
região, demonstrada entre a
e empresariais, com finalidade
incidência de ácaros, baratas e
profilática das doenças respira-
endotoxinas na poeira domés-
tórias, inclusive alergias.
na poeira doméstica que au-
“
A presença dos alérgenos indoor está associada à denominada “Síndrome do Edifício Enfermo”, que se caracteriza pelos altos níveis de alérgenos de ácaros, gatos, cães e baratas, endotoxinas e poluentes atmosféricos.
Esses
dados
baratas,
levantam
tica, explica a ocorrência de
Medidas para diminuir a ex-
alergias perenes, outrora ape-
posição aos alérgenos das baratas
nas sazonais.
ainda não estão bem estabeleci-
A presença dos alérgenos in-
das. Proteínas provenientes das
door é denominada “Síndrome
baratas se dispersam apenas com
do Edifício Enfermo”, que se
grande turbulência no ar indoor e
caracteriza pelos altos níveis de
estão associadas a partículas entre
alérgenos de ácaros, cães gatos
5 a 10µ de diâmetro. Essas partí-
e baratas, endotoxinas e po-
culas decantam rapidamente, logo
luentes atmosféricos, além de
a filtração do ar é pouco eficiente.
33
Portanto, a medida mais eficaz é a
(Prick Test) que consiste em
causados por seu uso constante,
redução da infestação das baratas
proceder uma pequena per-
e deve ser corretamente indicada
no ambiente. As recomendações
furação, através de uma gota
com acompanhamento médico.
atuais encerram, além da modi-
do extrato, na pele do ante-
ficação da decoração utilizando o
braço. Se o paciente for alér-
zante é o tratamento casual
mobiliário e forrações que evitem
gico à barata em 15 a 20 mi-
das alergias e, no caso das ba-
o acúmulo de poeira, o controle
nutos ocorre uma reação com
ratas, é efetuada com prepa-
das fontes de alimentos e água,
desenvolvimento de pequena
rações dos seus alérgenos. Os
limpeza rotineira com métodos
pápula (inchaço) ou eritema
produtos utilizados chamam-
eficazes, desinsetização e uso re-
(vermelhidão), semelhante à
-se vacinas hipossensibilizan-
gular de inseticidas como iscas de
picada de um inseto. Também
tes, e normalmente são mistu-
hidrametion ou a avermectina.
existem
nos
ras de extratos do corpo total
O Manejo Integrado de Pragas -
quais são detectados os anti-
e fezes das baratas Blattella
MIP, que encerra as boas práticas
corpos específicos IgE contra
germanica e Periplaneta ameri-
de conduta sanitária, é de funda-
os alérgenos das baratas no
cana. Essas vacinas devem ser
mental importância no combate
soro do paciente. Esses testes
administradas em pequenas
às baratas.
podem ser como radioisóto-
doses dos alérgenos purifica-
Cabe ressaltar que as concen-
pos (RAST) ou com enzimas
dos extraídos das baratas, já
trações de alérgenos das baratas
(ELISA). Os testes cutâneos,
que o paciente é hipersensí-
devem ser altas para determinar
rotineiramente
empregados
vel a essas proteínas. Normal-
o aparecimento de sintomas alér-
nos consultórios de alergolo-
mente, o tratamento injetável
gicos respiratórios. Logo, mesmo
gia, são menos sensíveis que o
é por via subcutânea profun-
após o controle da infestação as
RAST e o ELISA, porém, mais
da, com administrações se-
medidas de limpeza devem per-
precisos quando positivos.
manais, quinzenais e mensais,
laboratórios,
A
imunoterapia sensibili-
durar, a fim de que essas concen-
O tratamento das alergias res-
dependendo da fase em que o
trações se mantenham sempre
piratórias deve incluir os medica-
paciente se encontra. O trata-
abaixo dos níveis sensibilizantes.
mentos que controlam os sinto-
mento inicial encerra 3 Fases
mas, melhorando a qualidade de
que constituem três frascos e
vida do paciente alérgico, e a imu-
são utilizados em um período
noterapia hipossensibilizante.
médio de 10 meses. A continu-
Diagnóstico e tratamento da alergia às baratas
Muitos
medicamentos são
ação da imunoterapia é feita
utilizados:
anti-histamínicos,
com a Fase 4 e encerra 10 in-
vés do levantamento da his-
broncodilatadores e potentes an-
jeções mensais. A melhora dos
tória clínica do paciente e dos
ti-inflamatórios
(corticosterói-
sintomas inicia apenas nessa
testes cutâneos com alérge-
des). Os últimos são os mais in-
fase e, se necessário, o pacien-
nos extraídos das baratas. Os
dicados no controle das crises e,
te deve continuar tomando a
testes podem ser feitos com
atualmente, os corticosteróides
Fase 4 até que o médico decida
extratos
espécie-específicos
tópicos para as vias aéreas supe-
pela interrupção. Apesar de o
(Blattella germanica e Peri-
riores e inferiores têm sido lar-
controle da alergia ser alcan-
planeta americana)
ou em
gamente utilizados com eficácia.
çado, periodicamente deve-se
mistura. Os testes são efetu-
A terapia sintomática é limitada
fazer reforço da imunoterapia
ados pela técnica de puntura
pelos possíveis efeitos colaterais
com as doses de manutenção.
O diagnóstico é feito atra-
34
Portanto, a imunoterapia deve ser persistente, indicada e acompanhada pelo médico. As vacinas hipossensibilizan-
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As baratas
passam a ser
mais um componente importante como fonte de alérgenos e de contaminação dos ambientes indoor. O seu combate deve ser efetuado não apenas sob o ponto de vista da aversão
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35
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