Boletim da Indústria Gráfica (BIG) - Edição 119 - 1960

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j stam os a um passo das eleições presidenciais. Os velhos “slogans” foram J superados, políticos influentes em diversos Estados da Federação já desapa­ receram do rol dos vivos, o “mito Vargas” não mais influencia a massa. Há uma renovação quase geral. O próprio eleitorado mudou; não só, nesses quinze anos de vida democrática, surgiram eleitores novos, que conhecem de oitiva apenas o que foi a ditadura e a república velha, como os mais idosos foram aprendendo a lição dos desenganos. Grandes promessas não bastam. O povo já está aprendendo a distinguir o real do fantasioso. E, parece-nos, os políticos compreendem isso. Somos de opinião que dois grandes fatores influirão no resultado do pleito: o nacionalismo e a inflação. O nacionalismo, segundo entendemos, tem muito de primarismo. É o mêdo de um imperialismo econômico que vai desaparecendo dia a dia. Jamais vol­ taremos — o mundo em geral — à situação prevalente na primeira metade do século, quando o domínio econômico era apoiado na fôrça, e o estado de colônia de grandes povos, aliado às ditaduras reinantes em inúmeros países, facilitavam a opressão pelos detentores da produção manufatureira. A democracia, entre outras, tem a vantagem de dificultar grandemente a venalidade, auxiliar dêsse estado de coisas. Nacionalismo, a nosso ver, é sinônimo de mentalidade de povo sub-desenvolvido. O Brasil, felizmente, já superou esta fase e, hoje, produz quase tudo que consome. O nacionalismo, como é pregado por aí, não se justifica entre nós. Outro fator é a inflação. É inegável o progresso que alcançamos nestes últimos anos. Tudo nos faz crer que usamos “botas de sete léguas”. Mas, sempre existe uma mas, a inflação vem correndo “pari-passu”. Os preços sobem vertiginosamente. Um dos candidatos pretende continuar o trabalho do atual Govêrno, numa política desenvolvimentista. Outro, sem negar a necessidade de desenvolvimento, prega a estabilidade econômica. Esta, parece-nos ser sinônimo de duplicação de impostos e crise. O povo, sempre pronto a esquecer o passado recente, será o juiz na escolha. Seja qual fôr o eleito, “o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”.

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planos de produção. Pelo contrário, manifesta em todos os instantes o desejo de ver a produção aumentar pelo uso dos mais modernos méto­ dos e máquinas, pois delas depen­ dem os melhores padrões de vida a que aspiram os operários. Em condições ideais, a Confede­ ração gostaria de ter em cada oficina um representante que tivesse com­ petência para julgar todos os mé­ ritos e desvantagens de qualquer proposta apresentada. E, mais do que isso, a Confederação defende o princípio de que êsses represen­ tantes deveríam se valer dos conse­ lhos dos seus funcionários perma­ nentes e de suas facilidades, em busca de informações e conselhos sôbre as técnicas modernas na in­ dústria. Tais foram os motivos que inspi­ raram a nova campanha entre os sin­ dicatos britânicos para a expansão O aumento da produção das facilidades de treinamento para funcionários e representantes de ofi­ Chamando a atenção para êsse cina. Declara-se a Confederação fato em circular enviada a todos os convencida de que uma atitude seus 185 sindicatos filiados, a Confe­ construtiva e progressiva constitui deração dos Sindicatos da Grã-Bre­ a maneira mais prática para a defesa tanha frisa que o representante de e promoção dos interêsses dos ope­ oficina necessita de instrução sufi­ rários, numa época em que espa­ ciente para enfrentar não apenas os lham as modernas técnicas adminis­ problemas imediatos de qualquer trativas na indústria. reorganização, mas também as conRealisticamente, a Confederação seqüências a longo prazo. pede aos sindicatos filiados, que Não pretende a Confederação es­ congregam em conjunto cêrca de timular a resistência aos modernos oito milhões e 500 mil operários,

— Dezenas de milhares de repre­ sentantes sindicais debatem e nego­ ciam com os empregadores na GrãBretanha numerosos planos de sa­ lário e incentivos. Atualmente, e com freqüência cada vez maior é na oficina e nos escritórios e não na maquinaria de negociações de âmbito nacional que se discutem as implicações das novas técnicas. O ponto controvertido pode ser a introdução dos princípios da auto­ matização numa fábrica ou, talvez, uma proposta para estudo de mé­ todos e aplicação do tempo, classi­ ficação do emprêgo ou critério de promoção, ou de um novo sistema de pagamento por tarefa. Qualquer que seja a proposta, é indispensável que os porta-vozes dos operários en­ tendam realmente as razões apre­ sentadas pelos empregadores.

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que verifiquem até que ponto as fa­ cilidades de treinamento correspon­ dem suas necessidades. Essa provi­ dência segue-se a detalhado estudo, no seio do Conselho Geral da Con­ federação das oportunidades de trei­ namento oferecidas pela própria confederação e pelos sindicatos. Treinamento dos representantes de oficina Nos últimos dez anos a Confede­ ração vem organizando cursos sôbre produção, técnica de administra­ ção, em base voluntária e de tempo integral para os funcionários sindi­ cais. O primeiro curso, iniciado em caráter de experiência, expandiu-se rapidamente à medida que os sin­ dicatos se interessaram. Nos úl­ timos dois anos, com a inauguração da Escola de Treinamento da Con­ federação, na Congress House, sua nova sede londrina, uma grande proporção de freqüência anual de 700 alunos seguiu cursos de uma ou duas semanas sôbre as conseqüências para os sindicatos da adoção de novas técnicas de administração pelas emprêsas. Alguns sindicatos — especial­ mente entre os maiores — organi­ zaram também cursos próprios em todo o país. O Sindicato dos Traba­ lhadores em Transporte e Serviços Gerais, com larga proporção dos seus um milhão e 300 mil filiados trabalhando na indústria mecânica, abriu cursos dêsse tipo para repre­ sentantes de oficina. O Sindicato Unido da Indústria Mecânica, por outro lado, há muitos anos vem matriculando seus representantes de oficinas em cursos breves, onde são ventilados os problemas diários que encontram nas fábricas. 984

Outra grande organização, o Sin­ dicato Nacional dos Funcionários Municipais, que possue 750 mil membros, utiliza os cursos técnicos ministrados em diversas regiões do país para familiarizar seus represen­ tantes com os problemas das nego­ ciações coletivas modernas. Sindicatos menores, por outro lado, compreenderam também a necessidade de treinamento especia­ lizado. O Sindicato dos Sapateiros, por exemplo, que dispõe de 80 mil associados, há muitos anos passados tornou-se o primeiro sindicato bri­ tânico a basear um acordo nacional sôbre salários no estudo dos métodos de trabalho. Em outros campos, sindicatos e emprêsas deram-se às mãos para es­ tudar os novos problemas provo­ cados pelas mutações técnicas na indústria. Serve de exemplo dessa colabo­ ração o Conselho Britânico de Pro­ dutividade, que se originou do Conselho de Pi'odutividade AngloAmericano, fundado há sete anos passados para incentivar o inter­ câmbio de idéias no campo da efi­ ciência indústrial. Atualmente, o Conselho Britânico da Produtivi­ dade possui florescente departa­ mento de estudo de trabalho, cujo material e conclusões estão à dis­ posição de tôda a indústria. Outro meio de se manter patrões e empregados a par das mais recen­ tes descobertas técnicas no estran­ geiro é proporcionado pela Agência Européia de Produtividade. Gru­ pos conjuntos ou separados de sin­ dicalistas e empregadores visitam os países da Europa Ocidental e os Estados Unidos em busca de idéias que contribuam para manter efi­ ciente a indústria do Reino Unido. Boletim da Ind. Gráfica


Em contrapartida, países filiados à A.E.P. enviam grupos de estudiosos à Grã-Bretanha. Complementando tôdas essas ati­ vidades, a Confederação possui re­ presentantes em órgãos conjuntos que asseguram o Departamento de Pesquisa Industrial e Científica e o Instituto Nacional de Psicologia Industrial. Promove conferências regulares para funcionários sindi­ cais sôbre assuntos especiais, entre os quais a ergonomia e novas téc­ nicas de automatização podem ser citados. Nada obstante, a Confederação pergunta-se ainda se tôda essa ativi­

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dade é suficiente para assegurar a compreensão por todos os represen­ tantes de oficina, das conseqüências das transformações tecnológicas e, mais, se êles estão em condições de entender, em todos os seus de­ talhes, as propostas porventura sub­ metidas pelos empregadores. A Confederação considera o as­ sunto de natureza urgente. Não apenas deve a eficiência aumentar, mas, concomitantemente, os interêsses sindicais precisam ser com­ pleta e inteligentemente resguar­ dados. Somente o treinamento ade­ quando poderá assegurar êsse desen­ volvimento harmônico.

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Quando se efetuou, nesta Ca­ pital, o II Seminário Nacional de Técnicos do sesi, canalizando para São Paulo valores dessa instituição, nos recantos do país onde ela está exercendo a sua atuação, uma de suas Divisões achou oportuno redi­ gir para uso dessa equipe de profis­ sionais, dois documentos básicos. Versavam êles sôbre Conflitos do Trabalho e Produtividade. Tratava-se, como se trata, de questões vitais para o nosso desen­ volvimento industrial e para uma política esclarecida de paz social entre elementos patronais e assala­ riados de nossa organização manufatureira. Aludindo a ambos êsses estudos, o Diretor de nosso Departamento Re­ gional assim se expressou: “Como Diretor Regional do sesi e na qualidade de Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, quero assinalar a fidelidade com que, nos citados documentos, se refletiu e se interpretou o pensamento da classe dos industriais bandeirantes e, quiçá, de todo o país, a propósito da necessidade premente e inadiável de se elevar o pa­ drão de vida do brasileiro, como con­ dição “sine qua non” para que a demo­ cracia ganhe raízes profundas e resis­ tentes na terra de Santa Cruz”.

E acrescentou: “Nenhum de nós poderá considerar encerrada sua missão de trabalhar pelo engrandecimento da pátria comum, en­ 9S6

quanto todo o povo brasileiro não tiver atingido êsse nível de vida, mínimo e decente”. O capítulo final de ambas essas publicações diz respeito ao “sesi e a pequena emprêsa”.

Dada a atualidade e a importân­ cia dos conceitos nele exarados, apraz-nos trasladar algumas de suas observações para esta coluna. Depois de afirmar que o Brasil necessita, na atualidade, de erguer os níveis de produtividade em todos os setores da produção, a fim de poder proporcionar a seu povo me­ lhor padrão de vida e também para contribuir de forma mais eficaz para a defesa do mundo ocidental contra as forças totalitárias, que o ameaçam, acentua que o sesi apre­ senta grandes possibilidades para ajudar o país a emergir da situação em que se encontra. O seu conjunto de atividades edu­ cacionais e assistenciais, que já rea­ lizou, realiza, e, certamente, reali­ zará ainda mais, em um futuro pró­ ximo e imediato — em benefício da produtividade — dá-nos uma visão do muito que essa entidade poderá concretizar, nessa campanha, para a qual, aliás, devem ser convocadas as instituições sociais e particulares e as classes sociais em geral do país. Aludindo à pequena emprêsa, asseveram os dois estudos que ela pode caracterizar-se como a que dis­ põe de poucos operários e escasso potencial econômico. Boletim da Ind. Gráfica


A luz dessa asserção, só em nosso Estado representa ela 80% de nossos estabelecimentos fabris. Cêrca, portanto, de “40.000 fá­ bricas paulistas são pequenas devido à escassa mão-de-obra, que empre­ gam, ao limitado capital que movi­ mentam e à diminuta produção que entregam ao mercado consumidor. Tal proporção, com pequenas va­ riações, se aplica a qualquer região géo-econômica do Brasil”. Ora, na maioria dos casos, podese dizer que os seus dirigentes não estão em condições de pagar um en­ genheiro, especializado em questões de produtividade. Mesmo que o estivessem, ainda não há no país técnicos em número suficiente para o desempenho dêsse mister. A imensa maioria dos proprietá­ rios de pequenas emprêsas é integra­ da de homens resolutos e trabalha­ dores. Muitos deles eram, até há pouco, operários, e mesmo trabalha­

dores rurais. Galgaram por esforços e mérito as suas novas posições, sem terem ainda o tempo necessário à ampliação de seus horizontes inte­ lectuais. Por isso mesmo, convém aos che­ fes dessas emprêsas conhecerem me­ lhor, e de maneira mais minuciosa, os problemas ligados à produção. Uma das funções do sesi — entre outras tantas — consiste em fami­ liarizar êsses milhares e milhares de pequenos produtores industriais com as normas e os princípios da Organização Científica do T ra­ balho. Essa, uma das razões por que, no Seminário a que aludimos, foram estudados planos, visando parti­ cularmente a pequena empresa, os agentes de mestria e os operários, para convertê-los em colaboradores conscientes da campanha de melho­ ria da produtividade.

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A n t ig a m e n t e , a seleção do pessoal ■*• ■*■ era feita desta maneira: os can­ didatos se enfileiravam na entrada da fá­ brica até que chegava um supervisor, que escolhia entre os homens aquêle que aparentasse melhores condições fí­ sicas. Hoje, a seleção de novos empre­ gados está sendo feita de modo dife­ rente: em muitas emprêsas, as agências de empregos e a secção de pessoal fazem a seleção, poupando tempo ao mestre ou supervisor, que não mais precisa entre­ vistar todos os candidatos. Mas um bom supervisor — assim indica “Here’s How”, cuidando da sele­ ção e introdução do pessoal —não acei a automaticamente qualquer pessoa, que os referidos depatarmentos lhe enviem, pois a responsabilidade final pela esco­ lha de um novo candidato é sua. Em verdade, para escolher o melhor homem para certo trabalho, é necessário saber certos fatos, quanto à educação, à expe­ riência e às dificuldades pessoais reque­ ridas pelo serviço. E ninguém melhor conhece as necessidades do serviço do que o supervisor. Entretanto, é sempre conveniente que o supervisor requisite um colabo­ rador por escrito, indicando tôdas as qualidades que o futuro empregado deva possuir. A secção Pessoal entrevista todos os candidatos e envia aquêle que tenha revelado as qualidades necessárias, para a entrevista final com o supervisor. O mestre ou supervisor entrevista cuidadosamente cada candidato enviado a êle pela secção Pessoal devendo proce­ der da seguinte maneira:

2. É importante saber que tipo de informações se deseja obter. Por êsse motivo, é sempre recomendável prepa­ rar por escrito as perguntas que se deseje fazer ao candidato. 3. O candidato deseja também saber certas informações a respeito do trabalho: para que tipo de serviço há vaga ? Qual o departamento ? Quais as máquinas que estão usando ? Qual é o horário ? Qual é o salário ? A tôdas essas e a outras perguntas deve o super­ visor saber responder.

4. Fazendo a entrevista, é impor­ tante, sobretudo, ouvir o candidato. Fazer as perguntas, quando fôr neces­ sário, mas principalmente ouvir. Devese conceder o tempo suficiente para o candidato, de modo que possam ser escla­ recidos todos os pontos de vista, não se esquecendo, porém, de que, tratandose de candidato que futuramente rece­ berá o salário-mínimo, a entrevista não deve ser comprida demais. Com as informações obtidas durante a entrevista, o supervisor pode resolver com mais facilidade se o candidato serve, ou não. Precisando certo tempo para dar a resposta, é justo indicar ao can­ didato quando será possível conhecê-la. Chegando à conclusão de que o candi­ dato não corresponde ao exigido, é tam­ bém justo dizer-lhe isso diretamente, para que não perca tempo, esperando a resposta. Mas, sendo necessário dizer ao candidato “não”, é recomendável dizêlo de maneira cortês, não ofendendo. 1. A entrevista deve ser feita em O supervisor deve lembrar-se sempre particular, em lugar sossegado. O can­ de que, escolhendo um candidato, ga­ didato deve ser posto à vontade pela nhou mais um homem para o seu quadro amável acolhida do supervisor. Reco- e que a responsabilidade final pela efi­ menda-se começar a conversa sôbre as­ ciência do seu departamento será dêle. suntos de interêsse geral, como futebol, Por êste motivo, “homem certo para pescaria, etc. lugar certo !” Agosto de 1960

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O USO INDEVIDO DO PAPEL “ L I N H A D’Á G U A ” O sr. Armando Hildebrand, diretor executivo da Campanha Nacional de Material de Ensino, enviou a “O Estado de São Paulo” a carta que abaixo pu­ blicamos. O Sindicato não podia deixar de dar resposta a aquele senhor e o fêz, como se vê adiante. Ademais, sabendo-se que se fazia pressão sôbre o Dr. Quirino, Delegado de Crimes contra a Fazenda, em vir­ tude de sua atitude desassombrada na apuração de responsabilidades quanto ao uso ilegal de papel linha d’água, o Sindicato das Indústrias Gráficas, junta­ mente com o Sindicato da Indústria do Papel e do Sindicato do Comércio Ata­ cadista de Papel e Papelão resolveram demonstrar, de público, seu apôio àquela autoridade, enviando-lhe ofício que transcrevemos. “Rio, 4 de agosto de 1960. Senhor Redator: A respeito da nota publicada a 27 último, nesse prestigioso matutino, sôbre apreensão de cadernos da Cam­ panha Nacional de Material de Ensino do Ministério da Educação, em Bauru, como diretor executivo dessa Campanha, cumpre-me esclarecer à opinião pública e especialmente aos estudantes de São Paulo que a diligência do delegado Newton de Oliveira Quirino à Tipo­ grafia e Livraria Brasil S/A., de Bauru, constituiu ato de arbitrariedade e que contraria o interêsse público, pois a Cam­ panha Nacional de Material de Ensino vem desenvolvendo o maior movimento já conhecido em favor do estudante po­ bre. Somente os 3 milhões de cadernos de 80 páginas, distribuídos em seis mêses aos escolares por Cr$ 15,00, quando seu preço na praça seria de Cr$ 45,00 no mí­ nimo, levaram aos estudantes uma eco­ 990

nomia de 90 milhões de cruzeiros. Os 10 mil cadernos distribuídos em Bauru em um só dia, de acordo com a infor­ mação do delegado Regional da Fa­ zenda do Estado nessa cidade, dão bem idéia do auxílio direto que o Ministério da Educação vem prestando ao estu­ dante pobre. Quanto ao emprêgo de papel linha d’água para a confecção dos cadernos, nada há de fraude, nem de crime, pois o próprio Govêrno, que subvenciona êsse papel, sente-se plenamente à vontade para, através dos cadernos, subvencionar também os estudos dos alunos pobres. A sum oc está inteiramente certa quando autorizou essa operação ao Ministério da Educação e Cultura, conforme a Ins­ trução n.° 179, de 19-3-1959, cuja cópia anexo à presente. Pergunto: pode haver fraude quando honestamente é defen­ dido o interêsse do estudante pobre ? Pode haver crime quando se procura, com denodo e sacrifício, ajudar os esco­ lares necessitados ? Deixo a resposta aos grandes interessados na paralisação dessa atividade do Ministério da Educação, por que suas arcas estão sendo desfal­ cadas de alguns tostões. Esta diligência foi promovida não contra a Campanha Nacional de Mate­ rial de Ensino, nem contra a Tipografia e Livraria Brasil S. A., de Bauru, mas diretamente contra os estudantes de São Paulo, ameaçados de ficarem sem os ca­ dernos populares e sem as demais obras do Ministério, já tão conhecidas em todo o Estado. Em São Paulo já mantive pessoalmente com as autoridades da Secretaria da Fa­ zenda, os necessários entendimentos para o completo esclarecimento do assunto. Agradecendo a publicação desta, subscrevo-me atenciosamente. Armando Hildebrand, diretor executivo da Cam­ panha Nacional de Material de ensino”. Boletim da Ind. Gráfica


Resposta à carta retro São Paulo, 11 de agôsto de 1960. limo. Sr. Secretário do “O Estado de São Paulo”. CAPITAL.

Prezado Senhor. Na edição de 9 do corrente, terçafeira, êsse prestigioso jornal publicou carta do sr. Armando Hildebrand, di­ retor executivo da Campanha Nacional de Material de Ensino, sob o título “Pa­ pel linha cPágua para cadernos”. Trata-se da fabricação de cadernos com papel linha d’água, que a Campa­ nha Nacional de Material de Ensino contratou com determinada emprêsa. Não nos move intuito de polemizar, entretanto cumpre-nos fazer alguns re­ paros a assertivas do referido senhor. Os cadernos em questão foram ven­ didos ao preço de Cr$ 15,00 (quinze cruzeiros) a unidade. Na capa dos mesmos há afirmativa do sr. Hilde­ brand de que são oferecidos aos estu­ dantes a “preço de custo”. Ora, esta entidade, representativa da indústria gráfica no Estado de São Paulo, pode afirmar que cadernos daquele tipo podem ser vendidos diretamente pelas indústrias ao consumidor, pelo preço

unitário de Cr$ 12,00 (doze cruzeiros), desde que elas recebam papel em igual­ dade de condições ao fornecido para confecção daqueles mencionados pelo sr. Hildebrand. Aliás, segundo estamos informados, os cadernos adquiridos pela Campanha Nacional de Material de Ensino lhe foram faturados a Cr$ 10,50 (dez cru­ zeiros e cinqüenta centavos) cada um, sendo isentos de impostos. A afirmativa do sr. Hildebrand de que os cadernos são oferecidos ao preço cie custo (Sr$ 15,00), quando seu preço é de Cr$ 10,50, causa estranheza. Essa burla à lei — pois que tal cons­ titui a fabricação de cadernos com papel linha d’água — só aparentemente bene­ ficia o estudante pobre. Tenha-se em mente que êsse papel é subvencionado pelo Govêrno com dinheiro público, isto é, com dinheiro de tôda a Nação e os cadernos não eram distribuídos nas escolas, principalmente nas escolas pú­ blicas, mas vendidos, indiscriminadimente, ao público em geral. A indústria gráfica paulista dá pleno apôio ao barateamento do material es­ colar. Se não vende cadernos a Cr$ 12,00 é porque jamais pleiteou e nunca rece­ beu favores ilegais. Forneça-se-lhe papel barato, licita­ mente, e o preço do caderno e demais produtos escolhares será barateado.

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A verdade é que há l e i que proibe o uso de papel linha dágua em artigos outros que não sejam livros, jornais e revistas. Êste Sindicato não silencia ante negócios feitos com desrespeito às leis, estejam neles interessados funcionários do Governo ou o próprio Govêrno.

Sem outro motivo, antecipadamente gratos pela publicação da presente, reno­ vamos a V. S.a nossos protestos de estima e distinta consideração. Atenciosamente. Theobaldo De Nigris.

Ofício enviado ao Dr. Newton de Oliveira Quirino “limo. sr. dr. Newton de Oliveira Quirino, delegado titular do Setor de Crimes contra a Fazenda — São Paulo — Prezado senhor: Ref.:

Repressão ao uso indevido do papel linha d’água — O Sindicato da Indústria do Pa­ pel no Estado de São Paulo, o Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo e o Sindicato do Comércio Atacadista de Papel e Papelão de São Paulo, vêm, pela presente, congratularse com V. S.a pela maneira enérgica e eficiente com que vem orientando a re­ pressão ao uso indevido do papel linha d’água. A êstes Sindicatos cabe precipuamente a defesa da sua categoria econô­ mica, mas tem sido de sua tradição de­ fender também o interêsse público e de­ nunciar tudo o que, de alguma forma, venha a lesar a Nação. O papel linha d’água é aquêle que contém, visíveis contra a luz, em tôdi a sua largura e comprimento, linhas d’água paralelas, separadas em espaços de 4 a 8 centímetros. Êsse papel, quando importado, goza de câmbio preferencial (de custo ou em certos casos câmbio infe­ rior ao de custo), isenção de direitos, taxas e impostos; quando nacional, goza de subsídio, retirado do fundo dos ágios, que possibilite aos fabricantes nacionais fornecerem ao preço do papel importado nas condições privilegiadas acima men­ cionadas. De acordo com os dispositivos legais que regulam a matéria, êsse papel goza de tão grandes vantagens para ser usadoexclusivamente para jornais, revistas e livros. Entretanto, verificou-se que, apesar da fiscalização por parte da Al­ fândega e da Fiban, êste papel vinha 992

sendo usado para fins outros que não os mencionados, como, por exemplo, para embalagens em açougues, padarias, mercados, peças de automóveis, para fo­ lhetos de propaganda, programas de ci­ nema, fitas para máquinas de cálcular, cadernos, blocos etc. Êste uso indevido do papel linha d’água vinha propiciando a intermediários inescrupulosos, com sa­ crifício dos cofres da Nação, lucros ilí­ citos que cálculos modestos orçam em cêrca de três bilhões de cruzeiros anuais. Verificando tal situação, êstes Sindi­ catos passaram a alertar as autoridades. Neste sentido, o Sindicato da Indústria do Papel, em 28 de setembro de 1959, en­ tregou ao sr. inspetor da Alfândega de Santos uma representação anexando provas do uso ilícito do papel impor­ tado e pedindo um incremento da fisca­ lização. Idêntica representação foi diri­ gida à Fiban. Em abril próximo passado, o Sindi­ cato da Indústria Gráfica depois de ofi­ ciar ao sr ministro da Educação, denun­ ciou perante a Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo o fato de o Ministério da Educação, atra­ vés da Campanha Nacional de Material de Ensino Escolar, estar propiciando a confecção de cadernos escolares em pa­ pel linha d’água, contrariando frontal­ mente a legislação que rege a matéria. Com isso o Ministério da Educação, sob pretexto de favorecer estudantes pobres, passou a dar a uma emprêsa gráfica a possibilidade de confeccionar cadernos que, sendo mais baratos, redundam em sério detrimento das outras emprêsas que, cumprindo a lei, são obrigadas a confeccionar os cadernos em papel co­ mum, várias vêzes mais caro. Verificouse, outrossim, que, além dos cadernos do Ministério da Educação, foram con­ feccionados os mais variados tipos de cadernos e blocos com papel linha Boletim da Ind. Gráfica


d’água; quer isto dizer que a iniciativa, aliás ilegal, do Ministério da Educação, deu motivo a um abuso de enormes pro­ porções, lesando o Fisco, burlando a lei e prejudicando o comércio legítimo em avultadíssima escala. Finalmente, os três Sindicatos signa­ tários da presente, em 27 de maio do corrente ano, telegrafaram ao sr. mi­ nistro da Fazenda pedindo incremento da fiscalização. A representação do Sindicato da In­ dústria do Papel, a denúncia do Sindi­ cato das Indústrias Gráficas e o tele­ grama conjunto ao ministro da Fazenda, foram objetos de transcrição e comen­ tários em jornais de todo o Brasil. Como conseqüência, em 2 de junho último, o sr. inspetor da Alfândega de Santos fêz publicar na maioria dos jor­ nais do Estado um edital chamando a atenção dos usuários do papel linha d’água, para que evitassem a aplicação do mesmo para finalidades indevidas. Por outro lado, como é do nosso conheci­ mento, a Fiban se tem dirigido a V. S.a formulando algumas denúncias sôbre o uso indevido do papel linha d’água. Assim provocado pelas autoridades federais encarregadas da fiscalização e

pela repercussão que o assunto vinha tendo na imprensa de todo o País, V. S.a lançou-se em campo, passando a apurar o ilícito penal paralelo às fraudes prati­ cadas e, como já foi dito acima, o fêz com grande eficiência e energia. Assim sendo, não poderíam êstes Sin­ dicatos deixar de vir manifestar a V. S.a o seu apôio e o seu aplauso. Nesta mes­ ma data estamos tomando a liberdade de nos dirigir às seguintes autoridades fe­ derais: exmo. sr. ministro da Fazenda, sr. inspetor da Alfândega de Santos e di­ retor da Fiban, e estaduais, s. exa. o sr. governador do Estado e exmos. srs. se­ cretários da Fazenda e da Segurança Pú­ blica, a cada um enviando cópia desta carta, a fim de que essas autoridades pos­ sam, em suas altas esferas, apreciar o profícuo trabalho de V. S.a em benefício dos cofres da Nação e da moralidade nos negócios de papel. Cordialmente, Sin­ dicato da Indústria do Papel no Estado de S. Paulo, João da Cruz Vicente de Azevedo, presidente: Sindicato das In­ dústrias Gráficas no Est. de S. Paulo, Theobaldo De Nigris, presidente; Sindi­ cato do Comércio Atacadista de Papel e Papelão de São Paulo, Jorge Madi, pre­ sidente.

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Agosto de 1960

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Posse da Nova Diretoria e Inauguração das Instalações da Sede

do sr. Antônio Devisate e do Dr. Mário Toledo de Morais, presidente vice-presidente da fiesp -ciesp, de diversos presidentes de Sindicatos de Indústria, senhoras e inúmeros associados, foram inauguradas as instalações da sede do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo e empossada sua nova di­ retoria, no dia 23 de junho último. O sr. Theobaldo De Nigris ins­ talou a sessão, convidando para a mesa o sr. Antônio Devisate, Dr. Mário Toledo de Morais e sr. Felício Lanzara, após o que, expondo os motivos da solenidade, passou a presidência dos trabalhos ao sr De­ visate. Inicialmente, foi introduzido o Crucifixo —belo bronze doado pelo Sr. De Nigris —ato êsse com que se deram por inauguradas as novas instalações da Sede do Sindicato. A seguir, foi dada à mostra a Ga­ leria de Ex-Presidentes do Sindicato da Indústria da Tipografia, que antecedeu ao atual. Por suas viuvas, foram respectivamentes descerradas as fotografias dos srs. José Mesa Campos, Ormindo Azevedo e Ri­ cardo Rodrigues de Moura. A foto do sr. Humberto Rebizi foi desco­ berta por seu filho, sr. Flávio Re­ bizi. O sr. Felício Lanzara descerrou o quadro do sr. João Gonçalves, tendo o seu próprio sido mostrado por sua esposa, da. Argentina Lan­ zara. om a presença

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Agradecendo a homenagem pres­ tada, falou o sr. Felício Lanzara, cujas palavras reproduzimos em e outro local. Pelo Presidente da fiesp -ciesp, foi empossada a nova Diretoria do Sindicato, eleita para o biênio 1960/62, ocasião em que usou da palavra o sr. José Napolitano Sob.°, cujo mandato como Diretor-Secretário ora se expirava. Nessa altura, pedindo a palavra, levantou-se o Dr. Mário Toledo de Morais. Em brilhante improviso, como de costume, falando com aquela facilidade e precisão que lhe são tão peculiares, e que constituem satisfação para quantos o ouvem, o Dr. Mário começou por dizer que, dentro em pouco, seria prestada uma homenagem significativa e tôda especial. Lembrou o nome dado a diversos estabelecimentos de ensino industrial, citando o caso de Antônio Souza Noschese e Antônio Devisate que, vivos, têm suas fi­ guras de homens de ação e dedi­ cados ao bem comum perpetuadas num reconhecimento legítimo e ele­ vado dos seus méritos por parte de seus companheiros. Estava perfeitamente à vontade, disse mais, para, como delegado e intérprete dos industriais gráficos, em cujo número se inclui como di­ retor da Cia. Melhoramentos, pres­ tar uma justa e merecida homena­ gem ao companheiro reeleito presi­ dente do Sindicato, dando ao salão Boletim da Ind. Gráfica


de reuniões dessa entidade o nome de “Salão Nobre Theobaldo De Nigris”. Nesse momento, todos de pé, foi descerrada pelo Dr. Mário Toledo de Morais a placa de bronze com os dizeres mencio­ nados, sob as palmas entusiásticas dos presentes. Visivelmente emocionado, colhido da mais completa surpresa, o homena­ geado se levantou para agradecer aquela prova de camaradagem de seus compa­ nheiros. “Nada mais fiz, disse êle, que cumprir com as obrigações do cargo para que vocês, já pela terceira vez, me con­ duzem; sempre foi meu empenho não desmerecer a confiança que em mim de­ positam. Se algo aqui foi feito, devemolo à colaboxação sempre pronta de todos os colegas”. — Prosseguindo, lembrou o orador fatos que se passaram nos quatro anos em que presidia o Sindicato, salien­ tando o esforço dos seus funcionários no sentido de, cada vez mais, apresentar me­ lhores serviços aos associados. Ressaltou, ainda, o nome do sr. Ramilfo Luiz Pe­ reira e do Dr. João Dalla Filho, secretário e advogado do Sindicato, pessoas dedi­ cadas, competentes e merecedoras de todo aprêço e confiança. Dirigindo-se ao Sr. Devisate, Presidente da Federação das Indústrias, disse do muito que aprendera no convívio leal e desprendido dos com­ panheiros da fiesp , onde sempre encon­ trou o apôio necessário à solução de pro­ blemas que por vêzes, afligiam sua classe. Por último, foi descerrada placa de bronze, homenagem dos demais colegas aos Diretores cujo mandato ora termi­ nava e em cuja gestão foi adquirida a sede do Sindicato. Encerada a solenidade, passou-se ao coquetel com que terminou a reunião.


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O Dr. Mário Toledo de Morais, Diretor da CM Melhoramentos e Vive-Presidente da F. I. E. S. P., quando saudava a nova Diretoria * e dizia da homenagem prestada ao Presidente De Nigris.

Nosso velho amigo e conhecido, Felício Lanzara, quando, em nome dos ex-presidentes, agradecia a homenagem que lhes foi prestada.

O Sr. José Napolitano Sobrinho, que dei­ xava a Diretoria após dois mandatos como Secretário.

Hxo, 'adjutor

Visivelmente emocionado, o Sr. Theobaldo De Nigris cujas virtudes de líder não se podem ocultar, sendo por todos reconhecidas.

Flagrante dos presentes


Aspecto do coquetel, vendo-se os Srs. Kurt Epstein, Leopoldo Buhon, Theobaldo De Nigris e Damiro de O. Volpe.

O Presidente reeleito ladeado pelo Dr. Pedro Grisolia e Sr. Antônio Devisate, Presidente da F. I. E. S. P., que presidiu à solenidade.

O Sr. Francisco Giangrande e Senhora.

Ao centro, ladeando o Presidente, sua esposa, seu irmão e o Dr. Theobaldo De Nigris Júnior.


Palavras do sr.

FELI CIO

LANZARA pronunciadas na reunião plenária de 23 de junho

Senhor Presidente, Senhoras, Senhores, Prezados Colegas Gráficos:

ficos seria supérfluo lembrar o cân­ tico das linotipos, que lembra o aca­ lento das mães amorosas que ninam seus filhos.

Não podería ser mais comovente para mim, velho oficial gráfico, esta homenagem de colocar o perfil de um companheiro no panteão de nossa corporação. E mais ainda me comovo quando verifico que o presidente desta solenidade é Theobaldo De Nigris, que o destino fêz com que fôsse eu aquêle que iria iniciá-lo em nossa profissão, tão honrosa e tão prestante. Longe de mim a pretensão de ter criado um discipulado; — sou apenas um companheiro mais velho que vê com alegria o apare­ cimento de novos colegas, como um pai que admite, contente, a maioridade de seus filhos, que se libertaram da tu­ tela e conquistam suas posições com pleno direito. Por isso presidente Theo­ baldo, ao agradecer esta homenagem, pe­ dimos licença para reparti-la com nossos antigos companheiros, muitos dêles já desaparecidos, mas que pervivem em nossa memória. Cada gráfico tombado no caminho da vida (a sabedoria di­ vina não fêz os homens imortais), re­ torna àquela terra bíblica, animados por uma Luz celeste, prosseguindo sendo o que foram, imortalizados em suas obras.

A música de uma indústria gráfica tem muito de cantar de ninar, sendo nossos filhos a gravura ou o livro. Esta preocupação artística e emotiva da in­ dústria gráfica é que explica, em última instância, o prestígio de que gozamos no seio do parque manufatureiro de São Paulo. Somos o veículo das mensagens culturais e promocionais. Imprimindo livros ou cartazes, apregoamos a boa nova em suas melhores roupagens. Por isso nos orgulhamos de nossa profis­ são, porque nossas obras são o nosso orgulho.

Realmente, nossa atividade, misto de indústria e arte, tem tôda a caracterís­ tica das obras de arte, e quase sempre seu destino: suavisar a vida nas narra­ tivas das composições gráficas, iluminar nossos olhos na policromia das repro­ duções litográficas. Na Casa dos GráAgosto de 1960

Agradecendo esta homenagem, que­ remos ao mesmo tempo nos congratular com as diretorias que, sob a presidência de Theobaldo De Nigris, tamanho im­ pulso imprimiram à nossa corporação. Nenhum só problema que interessa à classe foi descurado. Podemos mesmo oferecer nosso testemunho aos pronun­ ciamentos que Theobaldo De Nigris vem fazendo nas reuniões plenárias da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, advertindo os homens de emprêsa dos perigos que corremos, ou então solicitando medidas para a salva­ guarda de superiores interêsses. A classe está alerta e nossos delegados vigilantes. Portanto, não podería estar em melhores mãos os destinos de nosso Sindicato. A todos e a cada um dos membros da Diretoria, o nosso sincero e comovido MUITO OBRIGADO !

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Oração do sr.

JOSÉ

NAPOLITANO

Presidente Devisate Presidente Theobaldo Minhas Senhoras, meus senhores, prezados companheiros. Finda-se hoje o mandato da Diretoria dêste Sindicato. No exercício das suas respectivas fun­ ções, cada membro da Diretoria pro­ curou desobrigar-se da tarefa que lhe estava afeta, dando o melhor para obter o melhor, na certeza de corresponder à confiança que em si depositaram os que os elegeram. Não resta dúvida de que dificul­ dades sem conta se nos depararam, ca­ recendo de solução. Felizmente, nada impediu que o Sindicato, nesses quatro anos, mantivesse seu padrão de bem ser­ vir à classe que representa. Acima de todos os obstáculos, sobre­ pujando e resolvendo os problemas, nosso Sindicato tem um ideal a cum­ prir; tem um espírito que o mantém e o impulsiona para o alvo certo: dar à classe a assistência e apôio indispensáveis para seu engrandecimento, seu prestígio, para sua legítima posição na sociedade a que pertencemos, como parcela mo­ desta mas patriótica dêste grandioso Brasil. Em 1956, ao ser empossada a Dire­ toria que neste momento termina seu mandato, ficou programada, entre outras realizações não menos sugestivas, a aquisição e instalação da sede própria. Agosto de 1960

Pois bem, êsse sonho foi transformado em feliz realidade e, si tal conseguimos, devemo-la à expontânea e calorosa con­ tribuição de todos, que, face ao nosso apêlo jamais se negaram a prestigiar o Sindicato, engrandecendo-o. Esta Di­ retoria sente-se ufana em partilhar esta satisfação com todos, eis que, sozinha, pouco ou nada lhe teria sido possível realizar. De minha parte, como Secretário, se falhas cometi, as fiz convicto de que estava desempenhando com acêrto mi­ nhas funções, pois meu espírito sempre se orientou no sentido de bem servir à coletividades e, particularmente, aos colegas industriais gráficos, represen­ tados e congregados neste Sindicato. Permito-me destacar de modo espe­ cial ao nosso ilustre Presidente, Theo­ baldo De Nigris, companheiro incan­ sável, que de modo todo peculiar e sempre otimista, tão bem supervisionou todos os trabalhos, dando sua palavra de incentivo e de estímulo e o apôio de que não raro necessitávamos. Prova de sua operosidade está na sua recondução, pela terceira vez, ao cargo de Presidente. Figura ímpar, possuidor de excepcionais qualidades de dirigente, pelos excelentes serviços prestados ao Sindicato, creio não exagerar ao cognominá-lo “o Dinâmico”. Igualmente merecedor de especial estima é o nosso caro João Andreotti. Homem de méritos inegáveis, correto e equilibrado por excelência, seu trabalho não foi pequeno na busca de soluções para problemas materiais, que algumas vêzes nos afligiam. 1001


Ao professor Ramilfo Luiz Pereira, Secretário Executivo, pessoa que encarna a tradição em nosso Sindicato; ao Dr. João Dalla Filho e Dr. Rubens Pereira Pinto, do Departamento Jurídico, sem­ pre a postos nas ocasiões necessárias, resolvendo problemas que demandavam soluções rápidas e precisas, os nossos agradecimentos. Para não incorrer em censurável inde­ licadeza e com o propósito de não me delongar, quero, sem excessão, agradecer a todos os que conosco cooperaram para o engrandecimento do Sindicato.

Sr. Piesidente e demais membros da nova Diretoria ! Quero deixar bem claro que nosso mandato se expirou, mas aqui estaremos sempre, incondicionalmente, ao mais leve apêlo, para dar nossa cooperação quando ela se tornar necessária, para projetar cada vez mais e sempre mais alto o prestígio de nosso Sindicato. Aos novos membros hoje empossados, inclusive ao sr. Presidente, queremos, em poucas palavras, externar nossos ardentes votos de uma feliz administração. Deus os guie.

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Boletim da lnd. Gráfica


LE G IS IM O Do seguro contra acidentes de trabalho Há dois anos, precisamente em agosto de 1958, publicamos artigo esclarecedor sôbre a questão do seguro contra acidentes do tra­ balho e sua fiscalização. Dado o interesse que a matéria continua despertando, voltamos a publicá-la.

Ültimamente, inúmeros associados nos têm consultado sôbre o problema criado com o pagamento do prêmio das apólices de seguro contra acidentes de trabalho, em base inferior à determinada no art. 57 do decreto n.° 18.809, de 5 de junho de 1945, que regulamentou o decreto-lei n.° 7036, de 10 de novembro de 1944. Diz o referido art. 57: “Os prêmios serão calculados sôbre o total dos salários a dispender pelo em­ pregador, durante o período do seguro e não poderão ter por base mensal uma importância inferior ao total dos salários constantes do registro a que se refere o art. 10 da Lei.” O registro a que se refere o artigo 10, supra-mencionado, é o registro geral de empregados. O art. 97 do decreto-lei n.° 7036 é que ampara o art. 57 do regulamento, quando diz: “As normas para o cálculo e cobrança do prêmio e para a realização do seguro de acidentes do trabalho e sua adminis­ tração, inclusive no que se refere ao re­ gime de contas e gestão financeira, serão fixadas em regulamento”. Agôsto de 1960

Isto posto, examinaremos a situação dos empregadores face à fiscalização. É praxe solicitarem os srs. Inspetores do Trabalho a apólice do seguro, para verificarem se está de acordo com os di­ tames da lei. Somos de opinião que tal solicitação, mesmo que se transforme em exigência, não deve ser atendida. O art. 94 do decreto-lei 7036, em seu parágrafo único, determina: “Os empregadores sujeitos ao regime desta lei deverão, sob pena de incorrerem na multa cominada no art. 104, manter afixados nos seus escritórios e nos locais de trabalho de seus empregados, de modo perfeitamente visível, exemplares dos cer­ tificados das entidades em que tiverem realizado o seguro”. Assim, exibido o certificado, não há necessidade de mostrar a apólice. Caso o Inspetor do Trabalho queira ver a apó­ lice, que vá bater à porta da Cia. Se­ guradora. A questão do pagamento do prêmio pelo valor efetivo da fôlha de paga­ mento, diz respeito, segundo nossa opi­ nião, às seguradoras. Por essa razão é que o § único do art. 57 do decreto 18.809 diz que a segu­ 1003


radora “poderá” exigir um reforço do prêmio. Êsse “poderá” está a indicar que é falcultado às seguradoras exigir êsse reforço. Trata-se do interêsse delas. A entidade seguradora, no venci­ mento do seguro, é obrigada a fazer, por representante seu ou pelo corretor que tenha assinado a proposta, a verificação das fôlhas de salário do segurado, para conhecimento das importâncias pagas a todos os empregados garantidos pela apólice (art. 60). Para o fim previsto neste artigo, o segurado é obrigado a exibir ao representante da seguradora ou ao corretor que tenha assinado a pro­ posta, cópias das relações de seus empre­ gados, fornecidas ao respectivo Insti­ tuto ou Caixa de Aposentadoria e Pen­ sões a que estiverem filiados (§ l.°). — Os excessos de prêmios apurados nessas verificações serão imediatamente cobra­ dos aos segurados, por meio da respec­ tiva fatura ou recibo. (§ 2.°). Como vemos, além do disposto no art. 57 do regulamento, facultando à Seguradora a cobrança do reajuste do prêmio, temos o artigo 60 e seus pará­ grafos, acima transcritos, que possibili­ tam a cobrança, após exame dos do­ cumentos da firma segurada.

Mesmo a exigência do art. 60 é dis­ cutível, de vez que a Lei não a deter­ mina. A exigência tem origem no de­ creto, que, face à Constituição não pode criar direitos nem obrigações. Os di­ reitos e obrigações têm de ser criados por Lei. Mas êsse é um outro aspecto, que não poderá ser examinado num simples comentário, como êste. Para finalizar, cumpre dizer aos nossos caros associados que não cedam às exigências descabidas da fiscalização. Caso os srs. Inspetores do Trabalho tei­ mem em exigir exibição de apólice e queiram autuar face à negativa de aten­ der a tal exigência, ou mesmo caso au­ tuem por haver diferença no valor do prêmio pago e no valor efetivo das fô­ lhas de pagamento, procurem o Departa­ mento Jurídico do Sindicato, que está apto a defender os interêsses da classe industrial gráfica, contra interpretações exdrúxulas do texto legal, interpretações essas que podem servir para esconder pretensões que se não coadunam com a Lei. As multas cominadas pela lei de aci­ dentes são de Cr$ 200 a Cr$ 5.000,00, e de Cr$ 1.000,00 a Cr$ 10.000,00 nas rein­ cidências.

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BOLETIM DA INDÚSTRIA GRAFICA NO ESTADO DE SÃO PAULO Redação e Administração Rua Marquês de Itu, 70 — 12.° andar Telefone: 32-4694 — (Sede própria) S Ã O

ANO X I —

P A U L O

AGOSTO DE 1 9 6 0 —

N .° 1 1 9

Diretor responsável D r. J o ã o D a l l a F il h o

Redação T h e o b a l d o D e N ig r is D r. J o ã o D a l l a F il h o

Publicidade R a l p h P e r e ir a P in t o * Composto e impresso nas oficinas da São Paulo Editora S. A. — Rua Barão de Ladário, 226 — São Paulo, Brasil. *

SINDICATO DAS INDÚSTRIAS GRÁFICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO Diretoria Theobaldo De Nigris — Presidente Bertolino Gazi — Secretário Damiro de Oliveira Volpe — Tesoureiro Su p l e n t e s

Vito J. Ciasca, José J. H. Fieretti e Luiz Lastri Conselho Fiscal Jorge Saraiva João Virgílio Catalani Dante Giosa Su p l e n t e s

Bruno Canton, Rubens Ferreira e Jair Geraldo Rocco Delegados na Federação Theobaldo De Nigris Felício Lanzara Pery Bomeisel Su pl e n t e s

João Andreotti, José Napolitano Sobrinho e Homero Vilela de Andrade

Serviços prestados pelo Sindicato das Indústrias Gráficas

aos seus associados ★ SECRETARIA Das 8,30 às 11,30 e das 13,30 às 17,30 horas. Aos sábados: das 9 às 12 horas.

R. Luís

P e r e ir a Secretário Geral

❖ Distribuição de guias para recolhi­ mento de impostos em geral. ❖ Impressos fiscais e modelos de im­ pressos de comunicações. ❖ Serviços de Despachante, Encami­ nhamento de papéis nas repartições públicas. Registro de Empregados. Encaminhamento de relações de em­ pregados. Recolhimento de Impostos e multas. Informações sobre assuntos trabalhistas, fiscais e técnicos. ❖ Distribuição de publicações periódi­ cas informativas. Departamento Jurídico D r. J o ã o D a l l a F il h o Diretor

❖ Defesa de associados na Justiça do Trabalho. ❖ Informações jurídicas trabalhistas. Departamento Técnico

❖ Orientação em geral sobre qualquer assunto concernente à indústria grá­ fica. ❖ Palestras e conferências técnicas. Sociedade Cooperativa Gráfica de Seguros Rua José Bonifácio, 135 — 10.° andar P a u l o M o n t e ir o Gerente Técmco

Ambulatório S a n a t ó r io S ão L u c as Rua Pirapitingui, 80

❖ Seguro contra acidentes no trabalho em bases bem mais compensadoras que as de Companhias particulares. H? Assistência jurídica em casos de mo­ léstias profissionais.

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