Boletim da Indústria Gráfica (BIG) - Edição 120 - 1960

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E m junho último falamos sôbre a luta para conquista ou manutenção do comando sindical operário, que se iria travar entre os atuais líderes e a nova facção, chamada “católica”.

Previmos o nascimento de problemas de magnitude para as classes produ­ toras, oriundos do choque entre as duas correntes na corrida do quem promete e consegue mais. O chamado “caso Aymoré” aí está, como exemplo concreto do que antevimos. Um dos argumentos usados pelos mentores do movimento, na busca de uma solução, foi, segundo nos consta, de que a emprêsa, fazendo acordo em Santos, teria dado uma vitória aos comunistas; daí a necessidade imperiosa de aceitar o acordo aqui em São Paulo, proporcionando uma vitória, também, aos católicos. Como é de todos sabido, a greve da Aymoré, de início foi feita com caráter de apôio ou solidariedade aos empregados do M oinho Paulista, em Santos. Como aquêles fizeram acordo, impunha-se lhe fôsse dado outro motivo a fim de superar os líderes santistas. Passou-se a exigir pagamento dos dias de greve, abono de família e demissão de determinado encarregado da emprêsa. A Aymoré, tendo em vista os argumentos — não de ordem jurídica — dos grevistas, expressados por seus líderes, o Sr. Bispo de Santo André entre êstes, aquiesceu em pagar o pretendido, com uma ressalva, apenas: os dias de greve seriam pagos sob a forma de prêmio de produção e não como salário. Assim, os operários não seriam prejudicados em seus orçamentos e ficaria mantido o princípio consagrado de se não pagarem dias de greve. Essa ressalva não foi aceita. O “acordo” pretendido nada tinha de acordo; eram exigências totais, o que se não concebe. Acordo implica em boa vontade de ambas as partes. Em boa hora, e isto é que importa, o sr. Antônio Devisate, Presidente do Centro e Federação das Indústrias, veio a público, com sua palavra autorizada, colocar os pingos nos ii, demonstrando que as classes produtoras não estão de olhos fechados para o problema, que não é da Aymoré mas de tôda a indústria. Nosso brado de alerta chegou até à cúpula da direção industrial paulista, e foi ouvido. Aliás, disso não duvidávamos, eis que jamais foi desmerecida a confiança nela depositada. A Aymoré conta com o apôio de tôda a indústria bandeirante, e não cede. A fábrica está e ficará parada. A demagogia, a mentira são sempre desmascaradas, venham de onde vierem, sejam ou não vermelhas. NOSSA

CAPA.

É a segunda de uma série artística da autoria do Jordan. Êsse jovem se tem imposto na opinião dos conhecedores, pela qualidade e engenho de suas criações, dentre as quais se destacam as conhecidas e comentadas “Folhinhas L. Niccolini”, firma para a qual trabalha. Foi impressa em “ offset” combinado com “silk-screen”, num tra­ balho coordenado da São Paulo Editora e da Printscreen S/A. Merece destaque, também, o trabalho do Leopoldo (Janus) sempre pronto a colaborar em iniciativas que digam respeito à sua especialidade. A êsses nossos amigos e prestimosos colaboradores, que não pou­ pam esforços quando se trata de trabalhar para o engrandecimento das artes gráficas e renome do nosso Sindicato, um abraço de agradecimento

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3. Está prestando especial atenção segredo do bom trabalho em conjunto é conhecer o chefe aos empregados novos para que ràpidaseus empregados. Quando o supervisor mente alcancem o nível técnico dese­ jado ? sinceramente se interessa por ouvir, não somente com seus ouvidos mas também 4. Está dando a todos os seus em­ com sua mente e coração, pode começar pregados oportunidade para crescerem a compreender os indivíduos que for­ dentro da companhia, desenvolvendo as mam o conjunto. aptidões especiais que possuem ?

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Não há neste mundo duas pessoas completamente iguais em pêso, altura, idade .disposição, personalidade, expe­ riência, saúde, moral, ambição e muitas outras coisas que formam um indivíduo. Por que êste não quer colaborar com os outros ? Por que esta chega sempre atrasada ? Por que êste não tem mais iniciativa ? Sempre há uma razão para tal comportamento. Para o sr. Ralph Lee, seu melhor chefe foi um sueco, que tôdas as ma­ nhãs fazia uma volta pela fábrica, cum­ primentando alegremente todos os em­ pregados, interessando-se pelo progresso do trabalho e escutando atentamente as sugestões de cada qual. Para conseguir um bom trabalho de conjunto é necessário, em primeiro lugar,, eliminar os indivíduos que não querem colaborar. Sempre se encontram maçãs podres no meio de frutas boas; deixando-as junto as outras, tôdas ficam podres.

5. Está pedindo e estudando su­ gestões de empregados para melhorar o trabalho ? 6. Está reconhecendo mento individual ?

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7. Insiste em conservar sua secção limpa, com o melhor equipamento mo­ derno, boa iluminação, ventilação, mí­ nimo de ruídos, poeira e sujeira ? 8. Tem certeza de que cada um dos empregados está no seu lugar certo, fa­ zendo o serviço para o qual é melhor qualificado ? 9. Está explicando para os empre­ gados tudo sôbre o seu trabalho, modifi­ cações, equipamentos ?

10. Procura meios de livrar os em­ pregados da monotonia do trabalho, fa­ zendo-o mais interessante ? O trabalho em conjunto é muito útil para a democracia. Está sendo apro­ veitado em todos os lugares: na escola na igreja, em nossas organizações civis Para conservar o alto nível espiritual e sociais. do conjunto, os indivíduos devem pos­ Um bom supervisor sabe que o tra­ suir alta moral. Os especialistas em re­ balho em conjunto pode significar o lações humanas prepararam as seguintes sucesso ou malogro da sua unidade. perguntas para supervisores: Sabe como manter os empregados juntos, 1. Todos os empregados do seu de­sem brigas e sem discussões. Sabe como tratar cada um dos indivíduos da sua partamento conhecem a relação do seu secção. Sabe que, para sua unidade trabalho com os outros serviços feitos ? poder trabalhar efetivamente, deve ser 2. Todos os seus empregados co­um líder. E é um líder que está sendo hoje procurado em todos os setores, em nhecem os produtos ou o trabalho de sua companhia ? tôdas as indústrias. Setembro de 1960

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O Prestigio da Justiça do Trabalho

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CORREIO PAULISTANO divulgou entrevista que o presi­ dente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo concedeu à imprensa, e em que advertiu a opinião pública a res­ peito de greves, denominadas de “solidariedade” , que são deflagradas sem conteúdo social, jurídico ou econômico. Referiu-se, com parti­ cular ênfase, o lider do parque in­ dustrial paulista, à tentativa, feliz­ mente frustrada pelo bom senso de dirigentes sindicais responsáveis, de “entêrro” da Justiça do Trabalho.

Com efeito, o sr. Antônio Devisate, com a investidura sindical e representativa do patronato indus­ trial de São Paulo, liderando as suas entidades de classe, cumpriu o dever, que o seu mandato lhe im­ punha, de fixar com clareza, a po­ sição do Centro e da Federação das Indústrias, não na defesa, como assi­ nalou o sr. Antônio Devisate, de interêsses exclusivamente particula­ res, mas de princípios constitucio­ nais de ordem jurídica e econômica que afetam tôda a ordem social. A Justiça do Trabalho, que foi irrecusável conquista social, que os próprios líderes empregados apoiaram, com espírito social, quando então instituída, está hoje, por dispositivo expresso da Cons­ tituição federal, integrada, na jus­ tiça do país, com tôdas as prerroga­ tivas peculiares de poder judiciário. 1020

Se a sua estrutura, paritária, com representação de categorias de tra­ balhadores, contiver erros que exi­ jam revisão, então o que se deve fazer é propor, ao poder compe­ tente, o seu aperfeiçoamento. O que nos parece —■ como observou com razão o sr. Antônio Devisate — incompatibilidade com a natureza do poder judiciário, de magistra­ tura especializada, é a tentativa do seu “enterro”, que é forma simbó­ lica de reprovação social, inadmis­ sível em relação a um dos poderes de que se constitui, legitimamente, a própria estrutura jurídica da Re­ pública. A justiça do Trabalho, cercada hoje de tôdas as garantias constitu­ cionais, idênticas à justiça comum, com os juizes togados, selecionados, no ingresso da carreira, por concurpúblico, não deve ser — foi a pa­ lavra adequada proferida, com jus­ teza, pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo — achincalhada porque nem sempre as suas decisões, proferidas em processo regular, distribuindo justiça, como é sua função, são fa­ voráveis sistematicamente às pre­ tensões dos trabalhadores em litígio. É nossa convicção de que, ainda sob as emoções violentas, desenca­ deadas por greves ou agitações so­ ciais, que envolvam trabalhadores, a Justiça do Trabalho deve ser res­ peitada, qualquer que seja a sua de­ Boletim da lnd. Gráfica


cisão legítima, e preservada, pois é nela que repousam, com suportes jurídicos, todos os direitos consa­ grados pela Constituição federal que protegem o trabalho em nosso país. O ensaio de sua desmoraliza­ ção, na tentativa de “entêrro”, se­ ria o início de processo anárquico, incontrolável, e cujo desfêcho cer­ tamente, de inevitável desagregação social e institucional, seguramente não será otimista nem tão pouco democrático. De resto, a Justiça do Trabalho tem cumprido o seu dever, a des­ peito de falhas estruturais que exis­

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tem em tôdas as instituições huma­ nas. Está, contudo, em processo de contínuo aperfeiçoamento, sob a crítica permanente das partes em litígio. É efetivamente democrá­ tica em sua composição. O seu des­ prestígio, a sua desmoralização, o aviltamento, em agitação de ruas, de tal instituição judiciária, como é a Justiça do Trabalho, não seria contribuição sensata, nem inteli­ gente, nem tão pouco de conveni­ ência para os interesses públicos da comunidade, e menos ainda para os interesses particulares dos próprios trabalhadores.

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é quem manda. No tempo de guerra e logo após, êle não podia escolher muito. Mas os tempos mudaram e, com a grande competição que existe hoje, o cliente pode escolher. O que êle exige é qualidade. E escolherá a emprêsa que forneça produtos de boa qualidade e de melhor preço — diz-se na série “ Here’s How”. Podemos ouvir muitas vezes que: hoje não se fazem coisas tão boas como antigamente. Mas isso não é verdade. Ao contrário, a ciên­ cia e a engenharia estão em cons­ tante progresso, fornecendo cada vez melhor matéria-prima, melho­ res máquinas e melhores métodos de fabricação. Com tôdas as ino­ vações, a qualidade também au­ menta. É sabido que todos querem fa­ zer o serviço da melhor qualidade possível, isso é um instinto. Um bom supervisor sabe como se apro­ veitar dêle. E isso se aplica a to­ dos os tipos de trabalho. Quando, por exemplo, um garçon no restau­ rante serve os fregueses com corte­ sia, prestando tôda a atenção aos desejos dêles também faz serviço de qualidade, assim como o soldador que presta atenção à solda que está fazendo. Ouando se trata de pessoal de escritório ou de oficina é o mes­ mo: fornecer produtos de qualidade ou manter o serviço em alto nível. E quem é responsável pela quali­ dade ? É o supervisor. Mesmo c l ie n t e

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quando os produtos são inspecio­ nados antes de chegar ao cliente, o supervisor é responsável pela qua­ lidade. A inspeção pode deter o tra­ balho mal feito, mas não pode alte­ rar o serviço feito e melhorar a qualidade. Uma boa datilografa começou a trabalhar com outras vinte môças no mesmo serviço. A princípio fêz serviço limpo e bonito. Mas tinha olhos e ouvidos e viu cjue as outras môças trabalhavam bem pouco. Daí em diante começou a “ traba­ lhar” como as outras. Mas, de que maneira é possível conseguir dos empregados um tra­ balho bom e de alta qualidade ? Existem algumas sugestões: 1. Deve-se demonstrar aos em­ pregados que a qualidade do traba­ lho é de seu interêsse. Deve-se es­ clarecer que todo progresso de­ pende da qualidade como também da quantidade do trabalho execu­ tado. Especialmente na ocasião de promoção ou aumento de salário, deve-se ressaltar que a qualidade de seu trabalho redundou em êxito. 2. Deve-se determinar um pa­ drão para o trabalho de cada um dos empregados; esclarecer por que é necessário manter êste padrão e que a má repercussão do trabalho mal feito prejudica a companhia e êle mesmo. O empregado deve ser também esclarecido sôbre que Boletim da Ind. Gráfica


efeito tem o serviço fmal feito nas vendas e como afeta também sua segurança. 3. Deve-se mostrar aos empre­ gados como devem controlar seu trabalho e chamar a atenção para o trabalho defeituoso. Cada um deve ser inspetor do seu trabalho. 4. Deve-se tratar a qualidade como problema de todos os em­ pregados em conjunto e pedir a opinião dêles sôbre como melhorar a qualidade. 5. Devemo-nos lembrar de que todos nós desde o pequeno engra­ xate até o presidente da emprêsa, todos têm orgulho do seu trabalho bem feito. Devemos elogiar o tra­

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balho bem feito": o elogio servirá como estímulo para o futuro. Quando surge o trabalho defei­ tuoso, devemos procurar a causa dêsse defeito: é o material, é o processo de fabricação, é o empre­ gado ? O supervisor deve sempre cuidar mais da qualidade do que da quan­ tidade do trabalho de seus empre­ gados. Deve ensiná-los a fazer seu serviço bem feito; a quantidade do serviço aumenta com a prática. O supervisor que insiste na quali­ dade tem mais valor para a com­ panhia, pois levanta o moral dos empregados e diminui o número de acidentes no trabalho, e o custo da produção.

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0 SESI E A DEMOCRACIA BRASILEIRA

F. C a m b ó , publicista e homem de letras da Catalunha, antes de esta­ lar o segundo conflito europeu, ca­ talogou em obra que logrou acús­ tica invulgar em várias nações ocidentais os males peculiares aos regimes liberticidas e aos sistemas que crucificam a liberdade hu­ mana. Nas “Ditaduras”, dizia êle entre outras coisas, que é comum nos povos de baixo nível cultural acre­ ditarem os no poder de taumaturgia dos homens. — Nesses povos além disso, há e persiste uma deturpada e errônea noção de democracia. Via de regra, entendem êles que só há uma forma de democracia. É a da “democracia-direito” . Acham que a democracia se assemelha a uma espécie de Estado Papai-Noel. Tem de dar e outorgar tudo aos cidadãos, sem que êstes se esforcem por merecê-lo. Mas êsse sistema não pode vingar nem frutificar, se, ao lado da “de­ mocracia-direito” não se levantar e persistir também a noção de “democracia-dever”. Se aos direitos que o regime de liberdade concede não se associa­ rem os deveres, que temos para com êle, a democracia nada mais é do que uma palhaçada e uma comédia. No Brasil, como de resto na maioria dos países latinos, o maior antídoto, quiçá contra a irrupção dos Estados hostis à liberdade e o 1024

falso carisma dos ditadores é incontestàvelmente a educação. O ho­ mem educado, instruído, moral e socialmente, é uma sentinela cí­ vica. Aprende a defender o bem supremo da existência, que é o de sua própria liberdade. O sesi, desde o seu nascedouro, capacitou-se de que o analfabetismo e a pouca e limitada dose de ins­ trução de nosso operariado indus­ trial confirmava a tese sustentada por Cambó. Era mister, pois, elevar-lhe os padrões culturais, con­ dição “sine qua non” não só para o seu maior coeficiente de produti­ vidade senão também para a sua militança no exército dos que, entre nós, se tornam merecedores da cidadania, e defensores dos re­ gimes politicamente livres. Se considerarmos que, em São Paulo, a população operária atinje a casa do primeiro milhão, fôrça é concluirmos que de 4 a 5.000.000 de pessoas têm em nosso Estado mentalidade e formação proletária. Ouase, portanto, a metade de nosso patrimônio demográfico ! Sem dúvida, ainda não logrou o sesi atingir com o seu aparelhamento tôda a “gens” operária, em nosso meio. O que, todavia, não há negar é que o seu trabalho, no cam­ po educativo e cultural, impres­ siona e que a tendência é alargá-lo cada vez mais. A título apenas de comprovação dêsse conceito, seja-nos lícito men­ Boletim da Ind. Gráfica


cionar alguns aspectos dêsse tra­ balho, por todos os aspectos meri­ tório. Os certificados de habilitação conferidos nos Cursos Populares, de 1947 até ao ano passado, atingi­ ram pràticamente 40.000. A tarefa de alfabetização, uma vez começada, não parará jamais. Além disso, mis­ ter se faz não olvidarmos que, ao lado dessa faixa, há também a la­ buta relativa à melhoria dos ín­ dices culturais de todos quantos mourejem nas emprêsas industriais. Os cursos de Divulgação Cultu­ ral, no mesmo período de tempo, conferiram 3.825 certificados de ha­ bilitação.

os Cursos Especializados, aumenta o comparecimento dos trabalhadores às exibições cinematográficas e aos espetáculos teatrais — não se pode deixar de reconhecer que dispomos em São Paulo de um aparelhamento modelar, eficiente, de bom rendi­ mento, a serviço de ascensão do nível cultural de nossa massa traba­ lhadora. Sobejam, destarte, ao sesi bandei­ rante credenciais e títulos para con­ siderar-se um servidor da demo­ cracia no Brasil.

Os Cursos de Orientação de Lei­ tura assinalaram, de seu turno, o comparecimento total de mais de 1.000.000 de interessados também no período que mencionamos.

Eleva êle a concepção dos direitos do operário, mas também lhe inocula no espírito a noção de seus deveres para com o resto da comu­ nhão social, a que pertence, e que dignifica, mercê de seu trabalho ho­ nesto, disciplinado, gerador de ri­ queza, de bem-estar econômico e de saúde política.

O número de empréstimos e con­ sultas de livros, de 1948 a 1958, so­ mou 730.000. Quando se consi­ dera, ademais, que prosseguem os Cursos Infantis, ampliam-se os Cur­ sos de Corte, Costura e Bordados,

O ativo de realizações e de cometimentos do sesi, nesse setor, nos autoriza a considerá-lo uma fôrça de construção dos sadios e perma­ nentes alicerces democráticos da nação.

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JOÃO FRANCO DE ARRUDA Diretor da Escola de Artes Gráficas — SENAI

PREÂMBULO A arquitetura através dos tempos, sempre foi uma das fontes mais expressivas para caracterizar as civilizações, que se sucediam. Entretanto, os caracteres de chumbo, ideados por Gutenberg, pelas alturas do Século XV, e que passaram a substituir os caracteres lavrados em pedra dos monumentos antigos, tornaram-se o melhor veículo de divulgação da cultura, tornando-se assim a mais popular fonte de expressão da humanidade. O livro e a imprensa, desde seu princípio, tiveram incontáveis vantagens: fácil difusão; rapidez de execução; custo reduzido; e permanência através dos tempos, tendo por isto suplan­ tado as inscrições paleográficas e as “luminúrias” do período feudal. É bom lembrar entretanto, que o livro e a imprensa beberam inspiração na fonte do alfa­ beto primitivo e conservaram ainda hoje as mesmas formas das letras esculpidas sôbre as lápides dos monumentos antigos, assim como o traçado das letras dos calígrafos dos claustros e conventos. O traçado dos diferentes alfabetos, fontes tipográficas, antigas e modernas, não repre­ sentam somente a expressão de formas convencionais, mas também a expressão de cultura das diferentes raças, o estado de alma de uma comunidade, sua sensibilidade artística e sua cultura técnica. A arquitetura habitacional dos tempos modernos, estética e funcional corre paralela com a arquitetura do livro. O projeto, por exemplo, da capa de um livro é uma arquitetura, cuja "maquete” ou molde requer o mesmo cuidado exigido para a construção de um prédio, tanto para o eixo estável da estrutura tipográfica como para ilustração e escolha de côres, traçado da letra, composição e distribuição das linhas de texto, que se colocam na página, respeitadas as massas, tudo gravitando em tôrno de uma linha imaginária vertical. Daí o propósito de comparar-se a construção de um edifício com a construção de um livro e a tal ensaio ou estudo dar-se-lhe o nome de “arquitetura tipográfica” . Todo ensaio visa a um fim. O rio da vida deve passar pela escola, disse-o alguém. O fim dêste ensaio é dar-lhes o esquema da arquitetura tipográfica. Deixemos portanto, passar o rio da vida pela estrutura de um livro. E nele, vamos pescar 3 coisas: princípio científico, princípio técnico e princípio artístico.

I — Princípio Científico Na terra de cegos, quem tem um ôlho é rei. Óbvio, quem tem dois olhos, é rei duas vêzes. E quem, sendo rei, não agiria com cautela para não ser des­ tronado ? Entretanto, o homem moderno — que raramente dispensa êsse aparêlho incô­ modo que se chama óculos — não sabe defender sua posição de rei, dono de dois olhos sãos. Na rua, no bonde, na cinelândia, a caminho do trabalho ou de volta para 1026

casa, após uma dura jornada, leu jornais, anúncios, livros, cartazes. No final de uma jornada está alegre ou triste, geralmente sem saber por que. Eu direi que o efeito — a tristeza ou alegria — provém do quilômetro de texto linear tipográfico lido indiscriminada­ mente e que a causa — os jornais, anún­ cios, livros, cartazes, folhetos de propa­ ganda ou de publicidade — nasceu da falta de conhecimento dos princípios grá­ ficos, que o homem moderno despreza, sem ponderar conseqüências. Boletim da Ind. Gráfica


Visão é a percepção da luz e das imagens, recebidas pelo órgão chamado vista. A função dos olhos está regulada por determinadas leis ou hábitos, que têm por base a física ou a psicologia e que é preciso não transgredir nem contra­ riar, para que o impresso cause boa impressão, satisfação e alegria. T od o impresso deve ser visto nitidamente, ràpidamente e sem fadiga. O movimento da ação visual é uma linha horizontal. Os olhos se movimen­ tam da esquerda para a direita e de cima para baixo. Quando se trata da leitura de um livro, esta ação visual é ainda mais acen­ tuada, devido à continuidade do esforço visual na seqüência da leitura das pá­ ginas, que enfeixam os capítulos, e êstes o volume do livro. Os olhos vêem sempre num plano perpendicular, isto é, a linha horizontal do raio visual é perpendicular ao im­ presso a ser lido. Naturalmente, existeuma tolerância. Ela está entre 1 e 20 graus, segundo os livros de psicofísica ex­ perimental, que recomendam cuidado devido às deformações físicas, que um mau hábito de leitura pode provocar no leitor. Vejamos o esquema abaixo:

1) os olhos devem ler em plano perpen­ dicular; 2) o movimento dos olhos, mesmo os legais, são cansativos e que só há pra­ zer na ação visual situada dentro do campo visual permitido pela distân­ cia entre os olhos e o impresso lido; 3) o movimento ascendente dos olhos deve ser evitado; 4) tôda linha tipográfica em forma de círculo, curva, oblíqua, vertical, que­ brada, etc., deve ser evitada na maio­ ria dos casos determinantemente proibida. Os exemplos seguintes mostram os ca­ sos que devem ser evitados ou proibidos:

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rá como modêlo OA é o raio de ação visual perpendi­ cular ao plano AB. Os olhos vêem tudo que se encontra no plano AB. O plano BC, ao contrário, deforma a visão, como mostra a reflexão BD. O esquema seguinte, mostra que a visão será deformada acima ou abaixo da linha da visão normal. Vejamo-la:' Setembro de 1960

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II — Princípio Técnico Existe uma distância máxima e uma distância mínima para além ou aquém das quais o homem não pode ler nitida­ mente. Com base na distância visual, através da qual o impresso vai ser lido, é que o compositor gráfico escolhe o tamanho do tipo para compor o impresso. É uma proporção fácil de ser esta­ belecida. Sabendo-se que os caracteres tipográficos dos jornais (tipos) têm ordinàriamente 3 milímetros de altura, e que a distância visual, normal mínima é de 30 centímetros para a leitura, se o compositor gráfico recebe a encomenda de um cartaz para ser lido a uma dis­ tância visual normal média de 10 me­ tros, a seguinte proporção: 30 :

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tégicos de rua), devem ser lidos a uma distância visual variável entre 5 e 20 metros, cabendo à firma indagar do cli­ ente a distância visual normal média, de­ sejada para o impresso. Legibilidade é o primeiro requisito a se exigir de um impresso, e, especial­ mente, de um livro. Há duas bases para a legibilidade: primeiro, a legibilidade de uma, de várias palavras e de algumas linhas; se­ gundo, a legibilidade de tôda a página de texto. A legibilidade se encontra estreita­ mente ligada com a ótica e pode ser afe­ tada pelas seguintes causas: 1. a) forma gráfica da letra; 2. a) os brancos próprios de cada letra e os entre cada letra; 3. a) o tamanho da letra ou corpo do tipo; 4. a) o comprimento da linha;

indica que os tipos deverão ter 10 cen­ tímetros de altura. Faça você mesmo os demais cálculos para saber em que tamanho (corpo de tipo) deve ser composto um romance para adultos, um livro didático, um livro infantil, um anúncio para bonde, um duplo cartaz ou painel para rua, etc. T od o impresso lido a mão como o livro, o jornal, a revista, o folheto, o cartão, etc., deve estar a uma distância visual normal média entre 30 e 45 cen­ tímetros. Os impressos murais internos tais como avisos, editais, anúncios, “display” , etc., devem ser lidos a uma distância visual normal média entre 1 e 3 metros. Quanto aos impressos murais exter­ nos (outdoor), que se identificam pelo cartaz, duplo cartaz e painel (de lan­ çamento por emprêsas de propaganda e de publicidade, feitos com objetivos co­ merciais ou artísticos, e expostos em ga­ lerias de arte, paredes e lugares estra­ 1028

5. a) o parágrafo, o espacejamento, o entrelinhamento e os brancos de margens; 6. a) a qualidade da impressão. A opinião clássica dos compêndios gráficos diz que a letra minúscula roma­ na redonda é mais legível que a letra cursiva, crença que se baseia não só em razão ótica, mas no fato de que o pú­ blico está na atualidade, mais acostu­ mado a ler em minúscula romana (jor­ nais, livros e revistas). Isto sem embargo da moda de origem alemã, em voga há já alguns lustros, de se compor todo um texto (mesmo os nomes próprios) em letras minúsculas, moda hoje praticada por quase todos os países, como novi­ dade. É também opinião clássica, que o tipo de letra estreita, angulosa e alta (es­ tilo gótico) é menos legível que a mi­ núscula romana redonda. As letras grossas, com cerifas retan­ gulares (estilo egípcio) são próprias de Boletim da Ind. Gráfica


cartazes, e indicadas para a confecção de anúncios. Em textos estensos (livros), a vista não resiste a uma leitura fatigante, que favorece a distração, prejudica o interêsse e a curiosidade do leitor. Dificultam a legibilidade, as letras de traços ascendentes largos, de hastes descendentes curtas, com corte hori­ zontal da letra e, e o ventre da letra a deslocado para cima. A demonstração da legibilidade de uma fonte de letras é obtida traçando-se uma linha horizontal que divida em duas partes iguais uma linha de compo­ sição. Se a metade superior à linha ho­ rizontal traçada fôr legível, a família de letras escolhida tem legibilidade, no caso contrário, não. A segunda causa, que pode fazer mais legível ou menos legível uma letra é o espaço em branco existente no inte­ rior da letra, assim como o alinhamento e o espacejamento natural entre cada letra. A deficiente distribuição dos brancos internos pode ser causa de equi­ voco nos seguintes casos: e, o, p e b (sempre que o p e o b tiverem o ôlho da mesma forma que a letra o. Por causa de um espacejamento irregular de letra para letra a vista pode equivocar-se nos casos ol por d e rm por m. As boas fundições cuidam sempre dêstes impor­ tantes detalhes.

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de psicofísica mostraram que a vista do leitor não pousa sôbre uma letra ou pa­ lavra em um texto de página, mas que abarca em um relance grupos de letras ou de palavras, coisa que os psicólogos chamam “fixação” . A vista do leitor pousa aproximadamente 1/5 de segundo entre uma fixação e a seguinte. A me­ dida igual a 1 até 2 vêzes ao compri­ mento que se obtém compondo o alfa­ beto completo das minúsculas de uma fonte de tipo é a longitude ideal para o comprimento da linha do corpo de tipo escolhido para compor a página. A quinta condição de legibilidade é a de espacejamento entre letra e letra, de palavra e palavra, de parágrafo, de “forcas” e de entrelinhamento, já comen­ tados. Esta mesma condição, também con­ sidera importante a distribuição de blocos de textos na página, a distribuição de massas, as margens da cabêça, pé, externa e medianiz da página. Os com­ pêndios indicam, para a paginação clás­ sica a regra de 2/5 e 3/5 para os brancos de margem de uma página. A paginação moderna, entretanto, não se prende a estas leis. A sexta condição é a qualidade da impressão. Está intimamente ligada à qualidade e pêso do papel, côr, trans­ parência, espécie e qualidade de tintas e processos de impressão que são o tipo­ gráfico, litográfico, offset e rotogravura.

III — Princípio Artístico

F ig. 4

A quarta condição de legibilidade é a do comprimento da linha. A cada tamanho de letra ou corpo de tipo cor­ responde um mínimo e um máximo de longitude de linha, mínimo e máximo que constituem o limite de comodidade da leitura de uma página. É uma re­ gra de razão ótica, cuja limitação pro­ vém do movimento dos olhos Estudos Setembro de 1960

Em todo trabalho gráfico, procura-se uma condição de estabilidade e de se­ gurança, agradável à estética e essencial à vista. A simetria se obtém por meio da distribuição ordenada e proporcional de pesos e de fôrças. É evidente pois, que os elementos da beleza simétrica estão constituídos em tipografia pela variedade de tamanho 1029


das letras, palavras, blocos de textos, adornos e ilustrações, dispostos e equi­ librados lado a lado de uma linha ima­ ginária — eixo divisor, de preferência perpendicular, traçado no centro de uma página.

drado, rebatida para um dos lados. Daí a forma retangular do livro, da página, do jornal, da revista, do cartaz, do anún­ cio, do folheto, dos impressos em geral, e fora do campo gráfico, das casas, obje­ tos, salas, mobiliário, quase tudo enfim dentre as cousas criadas pela mão do homem.

F ig. 5 F ig. 6

A simetria é absoluta quando o texto se encontra colocado no centro do for­ mato do papel, e é relativa em relação aos brancos, quando o texto não está situado no centro do formato do papel. Proporção e equilíbrio são duas coisas distintas. A primeira é uma com­ pensação agradável de desigualdades va­ riáveis. O segundo é uma compensação de forças, um princípio de estabilidade, que pode existir independentemente da proporção. A proporção é um problema estético, enquanto o equilíbrio é um problema mecânico. Criar proporção entre massas e com­ binar forças simètricamente é uma neces­ sidade fundamental para a arquitetura, seja ela arquitetura habitacional ou arquitetura tipográfica. Simetria e proporção existem na mú­ sica, na poesia, na fabricação e decora­ ção de objetos, móveis, árvores, vege­ tação, etc. Equilíbrio e proporção são dois prin­ cípios de arte. Walter Scott baseando-se em obser­ vações sôbre as obras primas do mundo antigo, deduziu que a relação 3 : 5 cons­ tituía a proporção normal e agradável para os olhos. A proporção 3 : 5 nasceu de um traçado da diagonal de um qua­ 1030

Harmonia cromática é o estudo da composição, mistura e combinação das côres. Dinâmica da côr é a aplicação psico­ lógica da côr, oriunda de suas caracte­ rísticas (quente, fria, neutra, etc.), fonte emotiva (otimismo, confiança, fi­ delidade, bondade, etc.), associação de idéias (fogo, céu, terra, mar, etc.), sim­ bolismo (paz, sonho, pureza guerra, etc.), O equilíbrio da composição feita com figuras geométricas (quadrado, re­ tângulo, círculo, losângo, oval, tri­ ângulo, polígono, etc.) determinam as leis de indicatividade da leitura. Tôda composição gráfica é uma composição de 2 ou mais formas geométricas. A capa de um livro, um cartaz, um folheto, um anúncio, um cartão comercial, são obras artísticas ou comerciais, geralmente fei­ tas em composição mista (tipográfica e ilustrada). Para a publicidade o principal ele­ mento é a imagem (homem, mulher, objetos, coisas). Combinar, compor e equilibrar os elementos tipográficos, imagens, blocos de texto e margens é uma arte que exige do profissional grá­ fico conhecimentos e qualidades de pro­ jetista, tal como a arquitetura exige do arquiteto. Boletim da Ind. Gráfica


F ig. 7

E artes gráficas, como o próprio nome indica é também arte, um dos três fatores fundamentais na confecção do livro. Formato do papel, harmonia cromá­ tica, dinâmica de côres, proporção, equi­ líbrio, simetria absoluta ou relativa são elementos indispensáveis para a arte.

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Eis a estrutura do livro, uma espécie de alfabetização tipográfica. Já no século XV, disse D ’Arrezo, após inventar o pentagrama para as notas musicais: “O homem que ignora a música é um semi-letrado” . Seria também, quem ignora o ABC da arquitetura do livro um semi-letrado? As Bíblias narram a seguinte história: Certa vez resolveu o Evangelho vi­ sitar as crianças. Apresentou-se inicial­ mente, severo, sob a forma de parábolas, como São Pedro, com uma chave e uma espada em cada mão. Não o deixaram entrar. Tôdas que­ riam a chave, mas temiam a espada. Tentou o Evangelho segunda vez, aparecendo sereno, descritivo, sob o manto de São Paulo, empunhando em cada mão uma chave e um pergaminho. Ainda dessa vez o temor foi geral. As crianças queriam a chave, mas te­ miam a leitura. Que fez o Evangelho ? Surgiu gracioso, simples e ilustrado, com o nome de Catecismo. A alegria foi geral. T u do constituiu motivo de beleza e de festa. E o Evangelho conseguiu penetrar no coração das crianças. É assim, por meio dei magens sim­ ples, que o livro se introduz no palácio encantado das crianças. Criança é um ser que vive e cresce. E crescer significa alimentar, brincar, recrear, educar e cultivar e florescer a educação. A literatura infantil é o alimento do espírito da criança. Se é bom é na­ tural. Se é mau é prejudicial. O livro infantil representa os pais, os mestres, o escritor, o editor. Necessita ser sadio e próprio à idade do leitor: com idéias singelas, imaginação, redação sim­ ples, estilo escorreito, de arquitetura e apresentação gráfica erigidas com papel, tinta, letras e desenhos, regidos pela batu­ ta das leis da ciência, da técnica e da arte. 1031


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“Linha” de empacotamento Essas misteriosas mãos, em realidade, são a figuração do processo da “Linha” de empacotamento. É uma adaptação ao comércio retalhista de um outro pro­ cesso, já há muitos anos usado na indús­ tria: a “Linha” de montagem. Na Interpackmesse” pode ser visto um dêsses engenhos em funcionamento. É interessante. Assemelha-se, o funciona­ mento da “Linha” de embalagem, com o trabalho realizado numa laminação de aço. Pode-se observá-lo todo do compar­ timento que obriga o painel de controle. O empregado que junto a corredeira, comumente auxilia o “ tráfego” de mer­ 1034

cadorias, é perfeitamente dispensável. Tôda a máquina mede 30 metros de comprimento, e, sua produtividade é as­ sombrosa: — É capaz de fazer 7.000 em­ brulhos e expedir 1.200, no transcurso de uma hora. A “Linha” é o maior dos aparelhos de empacotamento expostos na feira de Duesseldorf; outros, entretanto, de di­ versas dimensões e características e cujos custos naturalmente variam, também estão a vista. A embalagem perfeita deve ser se­ gura, leve e a prova de qualquer dete­ rioração ou corrosão; deve também ser higiênica e pouco volumosa. Estas qualidades tôdas são garantidas pelos mais avançados processos, de empacota­ mento automático: — Líquidos e con­ servas são postos em recipientes plás­ ticos, substituindo o vidro e a lataria; uma matéria esponjosa protege, no trans­ porte, objetos frágeis tais com o a por­ celana. Assim, poderão ser empreendi­ das as mais sacolejantes viagens de trem, ônibus ou caminhão com inteiro sossêgo dos compradores. Êstes, chegados em casa, não precisarão sequer quebrar a embalagem para jogá-la na licheira, sem que esta fique entupida: o tamanho, e, a matéria-prima de que é feita a emba­ lagem, pouparão o trabalho. As vantagens que os empacotadores automáticos oferecem ao comércio são: — Uma diminuição de despesas: A longo prazo, resultará muito menos dis­ Boletim da lnd. Gráfica


pendiosa do que pagar os salários a uma equipe de empregados. — As vendas aumentam. Dados co­ lhidos de alguns comerciantes que já adotaram a inovação, indicam que cres­ ceu em 70% a venda de legumes e ver­ duras, depois que estes são vendidos aos fregueses em bonitos envólucros de pa­ pel transparente, melhor confeccionados do que se o tivessem sido por mãos hu­ manas. Uma eloqüente demonstração dos resultados do empacotamento auto­ mático, é o fato de, nos Estados Unidos, 80% das vendas avarejo serem efetuadas por lojas e supermercados que servem à freguesia segundo essa modalidade.

Exportadas 75% Uma outra vantagem do empacota­ mento automático, é a sua versatilidade face a diversas linhas de mercadorias: — Ferramentas, brinquedos, utensílios

domésticos, gêneros alimentícios e até produtos de confeitaria, podem ser em­ balados e expedidos. A “Interpackmesse” é provàvelmente, a maior feira do seu gênero no Mundo. Êste ano expuseram 469 firmas fabri­ cantes, 130 das quais eram estrangeiras, de 11 países europeus e do Ultramar. Os 56.000 m2 da área da exposição, durante uma semana, estiveram literalmente to­ mados pelos mais variados e modernos aparelhos. Inúmeros comerciantes e re­ presentantes de grandes emprêsas varejis­ tas visitaram a mostra. Isto encorajou os fabricantes alemães de máquinas de empacotar que, êste ano, esperam incre­ mentar a sua exportação. Esta já é bem alta: enquanto a indús­ tria de maquinaria em geral da Alema­ nha, exporta cêrca de 33% de sua pro­ dução, os que produzem empacotadores automáticos vendem no exterior, 75% dos seus aparelhos.

Jantar dos Industriais Gráficos No dia 11 de outubro vindouro, terça-feira, as dezenove horas e trinta minutos, será realizada nova reunião-jantar dos industriais gráficos de São Paulo. Desta vez, o local escolhido é a Cantina 1060, à Avenida Rangel Pestana n.° 1060. É o seguinte o menu: martini; salpicão de galinha; fusili ao sugo; frango grelhado com legumes; salada de frutas ou sorvete. O preço da adesão é de Cr$ 500,00 (quinhentos cruzeiros). Queiram, por favor, comunicar-se com a Secretaria do Sindicato, pelo telefone 32-4694. Compareçam todos, para maior alegria.

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m» LECMAÇAO PREVIDÊNCIA

SOCIAL

(Lei n.° 3.807, de 26/8/960) Foi sancionada pelo Ex.mo Sr. Presi­ dente da República, e aguarda regula­ mentação, a lei de Previdência Social.

ao segurado a percepção conjunta, pela mesma instituição de previdên­ cia social:

O novo diploma legal introduziu no­ vidades no sistema previdenciário bem como esclareceu pontos que davam margem a dúvidas e criavam embaraços para os empregadores.

a) de auxílio-doença e aposentaria; b) de aposentadoria de qualquer na­ tureza;

Destacaremos alguns pontos que, en­ tendemos, precisam logo chegar ao co­ nhecimento das emprêsas.

O artigo 69 da lei fala sôbre o custeio da previdência social.

“art. 5.° — São obrigatoriamente segu­ rados, ressalvado o disposto no art. 3.°:

I - ....... II -

........

III — os titulares de firma individual e diretores, sócios gerentes, sócios solidários, sócios quotistas, sócios de indústria, de qualquer em­ presa, cuja idade máxima seja no ato da inscrição de 50 (cinqüenta) anos”. “art. 6.° — ........ § único — Aquêle que exercer mais de um emprêgo contribuirá obrigato­ riamente para as instituições de pre­ vidência social a que estiverem vin­ culados os emprêgos, nos têrmos desta lei” . Art. 57 -

........

§ único — É lícita a acumulação de be­ nefícios, não sendo, porém, permitida Setembro de 1960

c) de auxílio-natalidade.

“Art. 69 — 0 custeio da previdência social será atendido pelas contri­ buições: a) dos segurados em geral, em por­ centagem de 6% (seis por cento) a 8% (oito por cento) sôbre o seu salário de contribuição, não podendo incidir sôbre importân­ cia cinco vêzes superior ao salário mínimo mensal de maior valor vigente no País; b) dos segurados de que trata o § l.° do art. 22, em porcentagem igual à que vigorar no Instituto de Previdência e Assistência dos Ser­ vidores do Estado, sôbre o venci­ mento, remuneração ou salário, acrescida da que fôr fixada no “Plano de Custeio da Previdência “Social” ; c) das emprêsas, em quantia igual à que fôr devida pelos segurados a seu serviço, inclusive os de que trata o inciso III do art. 5.°; 1037


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d) da União, em quantia igual ao total das contribuições de que trata a alínea “a”, destinada a custear o pagamento do pessoal e as despesas de administração geral das instituições de previ­ dência social, bem como a cobrir as insuficiências financeiras e os deficits técnicos verificados nas mesmas instituições; e) dos trabalhadores autônomos, em porcentagem igual à estabelecida na conformidade da alínea “a” . § l.° — O limite estabelecido na alí­ nea “a” dêste artigo, “in fine”, será elevado até dez vêzes o salário mínimo de maior va­ lor vigente no País, para os segurados que contribuírem sôbre importância superior àquêle limite em virtude de dis­ posição legal. § 2.° — Integram, o salário de contri­ buição tôdas as importâncias recebidas, a qualquer titulo, pelo segurado, em pagamento dos serviços prestados” . A dúvida existente sôbre se a con­ tribuição devia ser, no mínimo, cal­ culada sôbre o salário mínimo regional, mesmo para os empregados que tivessem trabalhado apenas um, dois ou mais dias, sem terem atingido o salário mí­ nimo, ficou dirimida com o artigo 76, que fala na remuneração efetivamente percebida durante o mês. “Art. 76 — Entende-se por salário de contribuição: I — a remuneração efetivamente per­ cebida, durante o mês, para os empregados; II — o salário de inscrição, para os se­ gurados referidos no art. 5.°, in­ ciso III; Setembro de 1960

III — o salário-base, para os trabalha­ dores avulsos e os autônomos” . Sôbre o salário de inscrição, refe­ rente à contribuição dos sócios e dire­ tores de emprêsas (art. 5.°, III), temos: “Art. 77 — 0 salário de inscrição corres­ ponderá ao ganho efetivamente au­ ferido pelo segurado, conforme de­ claração firmada pela respectiva emprêsa. § l.° — A declaração só poderá ser al­ terada de dois em dois anos, sendo lícito à instituição retifi­ cá-la, se comprovadamente ine­ xata. § 2.° — Na falta de declaração, caberá à instituição arbitrar o salário de inscrição, o qual, nesse caso, só poderá ser alterada após dois anos” . Sôbre a questão de permitir aos fis­ cais dos Institutos a verificação dos livros protegidos pelo sigilo comercial, dispõe; “art. 81 -

........

§ 2.° — É facultada às instituições de previdência social a verificação dos livros de contabilidade e de outras formas de registros, não prevalecendo, para os efei­ tos do presente artigo, o dispos­ to nos arts. 17 e 18 do Código Comercial. § 3.° — Ocorrendo a recusa ou a so­ negação dos elementos mencio­ nados no parágrafo anterior, ou a sua apresentação deficiente, poderão as instituições de pre­ vidência social, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever “ex-officio” as importâncias que reputarem devidas, ficando a cargo do segurado ou empresa o onus da prova em contrário” . 1039


“Art. 82 — A falta de recolhimento, na época própria, de contribuições ou de outras — quaisquer quantias devi­ das às instituições de previdência, sujeitará os responsáveis ao juro moratório de l.% (um por cento) ao mês, além da multa variável de 10% (dez por cento) até 50% (cinqüenta por cento) do valor do débito, obser­ vado, para a multa, o mínimo de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros)” .

falta de recolhimento na época pró­ pria, das contribuições e de outras quaisquer importâncias devidas às instituições de previdência e arrecacadadas dos segurados ou do pú­ blico. § único — Para os fins dêste artigo, consideram-se pessoalmente respon­ sáveis o titular da firma individual, os sócios solidários, gerentes, direto­ res ou administradores das emprêsas

“Art. 86 — Será punida com as penas do crime de apropriação indébita a

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incluídas no regime desta lei” .

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Serviços prestados pelo Sindicato das Indústrias Gráficas aos seus associados

Redação e Administração

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Rua Marquês de Itu, 70 — 12.° andar Telefone: 32-4694 — (Sede própria) SÃO

SECRETARIA Das 8,30 às 11,30 e das 13,30 às 17,30 horas. Aos sábados: das 9 às 12 horas.

PAULO

ANO XI - SETEMBRO DE 1960 - N." 120

Diretor responsável D r . Jo ã o D

* Distribuição de guias para recolhi­ mento de impostos em geral. * Impressos fiscais e modelos de im­ pressos de comunicações. * Serviços de Despachante, Encami­ nhamento de papéis nas repartições públicas. Registro de Empregados. Encaminhamento de relações de em­ pregados. Recolhimento de Impostos e multas. Informações sôbre assuntos trabalhistas, fiscais e técnicos. * Distribuição de publicações periódi­ cas informativas.

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Redação T h e o b a l d o D e N ig r is Dr. J o ã o D a l l a F i l h o

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Composto e impresso nas oficinas da São Paulo Editora S. A. — Rua Barão de Ladário, 226 — São Paulo, Brasil. *

Departamento Jurídico

SINDICATO DAS INDÚSTRIAS GRAFICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

D r.

Jo ã o

D

alla

F il h o

Diretor

Diretoria

Theobaldo De Nigris — Presidente Bertolino Gazi — Secretário Damiro de Oliveira Volpe — Tesoureiro Su ple n te s

Vito J. Ciasca, José J. H. Fieretti Luiz Lastri

R. Luís P e r e i r a Secretário Geral

e

Conselho Fiscal

Jorge Saraiva João Virgílio Catalani Dante Giosa Su ple n te s

Bruno Canton, Rubens Ferreira e Jair Geraldo Rocco Delegados na Federação

Theobaldo De Nigris Felício Lanzara Pery Bomeisel Su ple n te s

João Andreotti, José Napolitano Sobrinho e Homero Vilela de Andrade

* Defesa de associados na Justiça do Trabalho. * Informações jurídicas trabalhistas. Departamento Técnico * Orientação em geral sôbre qualquer assunto concernente à indústria grá­ fica. * Palestras e conferências técnicas. Sociedade Cooperativa Gráfica de Seguros Rua José Bonifácio, 135 — 10.° andar P au lo M

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Gerente Técnico Ambulatório S a n a t ó r io

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Ernani Paulino Rua D. Quirino, 1220/32

— Colaboração com os serviços públicos no desenvolvimento da solidariedade social. — Bolsa Gráfica — Oferta e procura de empre­ gos, Vendas, troca ou compra de máquinas e equipamentos gráficos. — Desenvolvimento do espírito associativo e defesa dos interesses da classe, visando o seu engrandecimento.


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