Boletim da Indústria Gráfica (BIG) - Edição 11 -1950

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DAS IN D U S T R IA S

GRÁFICAS

N O E S T A D O DE S A O P A U L O NÚMERO 11

SÃO PAULO, 15 DE ABRIL DE 1950

ANO I

Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo Você é associado? Propague, então, o “ espírito associativo entre os elementos da categoria econômica das INDÚSTRIAS GRÁFICAS” . • Você não é a s s o c i a d o ? P e n s e , e n t ã o , que o espírito desassociativo prejudica tanto individual como c o l e t i v a m e n t e .

Estarão, assim, contribuindo para o congracamento da classe


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| \rtky\j^ CLyS CURSO DE JORNAIS DE EMPRÊSA — C Serviço Social da Indústria (SESI), a par de outros cursos que vem realizando em nossa Capital, organizou o Curso de Jornais de Emprêsa, em que são ministra­ dos aos alunos ensinamentos a respeito da feitura de jornais de emprêsas industriais. O referido curso iniciou-se no dia 11 de corrente, tendo sido a abertura feita pe­ lo sr. Francisco Cruz Maldonado, presiden­ te de nosso Sindicato. A FABRICAÇÃO DO PAPEL NO BRASIL — Encontramos, em uma revista paulista de 1 926, as seguintes notícias com relação ao papel em nosso país. A primeira delas diz, referindo-se à Fábrica de Papel de Cubatão: “ Comunicação do diretor desta fábrica, in­ forma que já se produz polpa de celulose de vegetais brasileiros. § A embaúva está sendo aproveitada. Na fábrica referida con­ seguiu-se com noventa por cento dêsse ve­ getal o fabrico do melhor e mais barato papel de jornal” . A outra notícia diz o seguinte: “A Cia. Paulista de Estradas de Ferro, no intuito de aproveitar as suas vastas plantações de euca­ liptos, pretende instalar, entre Campinas e Limeira, neste Estado, uma grande fábrica de papel, cuja produção será de cêrca de 50 toneladas de papel por dia. § O sr. dr. Na­ varro de Andrade, alto funcionário dessa Cia., estêve a pouco nos centros estrangeiros produtores, e teve ocasião de ver coroadas de êxito as experiências então feitas pelo eucalipto do Horto Florestal, que sob sua superintendência existe em Rio Claro. § Os edifícios da nova fábrica ocuparão uma área de 12 000 metros quadrados e somente o pá­ tio para depósito da madeira precisará ter mais de alqueire e meio, ou 36 000 metros quadrados. As torres para a fabricação do ácido, de 35 metros de altura, pouco mais elevadas serão que o edifício em que ficarão os digestores. Ao lado dêste, será instalada a secção para a purificação da pasta, de 20 metros de altura, numa área de 400 metros quadrados. O edifício para a máquina de papel

terá 75 metros por 25 de largura, pois que só aquela tem 65 de comprimento. A secção para o preparo da madeira, a das caldeiras, reparações, etc. completarão as construções do que se poderá chamar um grandioso es­ tabelecimento” . c o m O " f o i i n v e n t a d o o m a t a -b o r RÃO — Se muitas das invenções são fru­ tos de grandes pesquisas ou demorados es­ tudos, outras há que são devidas apenas a mero acaso. Neste último caso está a invenção do papel mata-borrão que, segundo a revista “Archives dTmprimerie” , se deve a um descuido. Um operário da fábrica de papel de Berk­ shire, esqueceu-se, um dia, de pôr na pasta destinada ao fabrico do papel ordinário, a quantidade necessária de cola. O chefe da respectiva secção, ciente do fato, dispensou imediatamente o operário negligente. Após algum tempo, constatou-se, com surpresa e por acaso, que o papel con­ feccionado sem cola possuía a propriedade de absorver a tinta sem deixá-la correr e sem causar nenhum borrão. Verificada a vantagem de tal descoberta, foram rápidos os passos para a exploração do papel mata-borrão.

BOLETIM DA I N D Ú S T R IA G R Á F IC A ÓRGA0

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SINDICATO DAS

INDÚSTRIAS GRÁFICAS N0 ES T . S . PAULO

S. FERRAZ DIRETOR

REDAÇÃO E A D M IN IS T R A Ç Ã O :

P R A Ç A D A SÉ , 399

5 .0 A N D A R , S A L A 508 - FO N E 2-4694 - SÃO PAULO

Composto e Impresso na Escola de Artes Gráficas do SENAI


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M ovim ento da Junta Comercial

Extraído do “Diário Oficial” do Estado, publicamos abaixo o movimento da Junta Comercial com relação a firmas gráficas e correlatas, em suas sessões de 7-2-50, 10-2-50 e 14-2-50, ratificadas pelas de 10-2-50, 14-2-50 e 17-2-50, respectivamente:

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N. 137.610 — Dionisio Simionato — Capi­ tal — Rua Antonio Agú, 377 — Osasco — armarinhos, tecidos, brinquedos, artigos para esporte — 10.000,00 — brasileiro — início em 19-1-1950. N. 137.621 — Luiz Alves de Souza. — Parapuan. — Av. São Paulo, s|n. — livraria, papelaria e bazar. — 35.000,00 — brasileiro. — início 19-9-49. N. 137.646 — Dom Paulo de Tarso Campos — Campinas — Rua Regente Feijó, 922 — jornal, tipografia, papelaria, etc. — Cr$ . . . 20.000,00 — brasileiro — início 31-1-49. N. 137.728 — Marcos Tulio de Andrade — Capital, — R. Antonio Tavares, 63. — publicidade em geral. — CrS 20 000,00 '— brasileiro — inicio em 1-1-50. ALTERAÇÕES

CONTRATOS N. 119.132 — Rizzo e Rosa Ltda. — Capi­ tal. — Rua 7 de Abril, 264, 10. andar, sala 1.012. — Publicidade. — Cr? 10.000,00 em partes iguais. — Clodoaldo Rizzo e Gerson Fernandes Rosa, brasileiros. — Indetermina­ do a partir de 1-10-49. — Ass. 14-11-49. N. 119.165 — Edipo — Edições Populares Ltda. — Capital. — cont. 116.177. — retirase João Leite Filho, sendo admitido Arlindo Ribeiro de Andrade, brasileiro. O capital de 100.000. 00 fica elevado para 200,000,00 sendo 100.000. 00 do novo socio, 68.000,00 de Julio Abreu Filho e 32.000,00 de Paulo de Carva­ lho Osorio. — ass. 30-1-50. N. 119.217 — Martins e Benvenuti Ltda. — Capital — R. André Mendes, 179 — tipo­ grafia e seus artefatos — Cr? 50.000,00 em partes iguais entre Mario Barbosa e Renato Benvenuti, brasileiros — 1 ano — ass. em 17-1-50. N. 119.301 — Editora Primavera Ltda. — Capital — atividade editorial e gráfica, im­ portação e exportação de livros, revistas e congêneres, etc. — 50.000,00 em partes iguais — Francisco Finamore e Dr. Aldo Santos Camilher, brasileiros. 2 anos prorrogáveis — ass. 8-2-1950. N. 137.469 — Cid Barros da Silveira — Ca­ pital — R. Aurora, 27 — papéis, papelão e artigos em geral para escritório — atacado e a varejo — Cr? 50.000,00 — brasileiro — iní­ cio em 16-1-50. N. 137.479 — J. N. B. Criscione — Capital — R. Augusta, 2008 — (Bazar) papelaria, livraria, etc. — CrS 32.000,00 — (Joana Natalia Barroso Criscione) — brasileira — iní­ cio em 2-1-50. N. 137.489 — M. I. Mello — Capital — Rua Arthur Azevedo, 644. — Tipografia, papela­ ria e objetos de escritório e escolares. — CrS 10.000,00. — Brasileira (Maria Ignez de M ello). — Inicio em 16-1-50. N. 137.609 — Décio Otero — Capital — Praça Ataliba Leonel, 64 — papelaria e tipo­ grafia — 20.000,00 — brasileiro — início em 2-1-50.

N. 44.986 — Publicidade Eclética S. A. — Radiodifusão, Imprensa, Comércio e In­ dústria. — transf. de Emprêsa de Publici­ dade Eclética Ltda. — Capital — R. Libero Badaró, 92 — Capital — dar. — publicidade em todas as modalidades, por c[ própria ou de terceiros, tais como: anúncios em jornais e revistas, etc. — Cr? 2 000 000,00 dividido em 2 000 ações ordinárias de Cr$ 1 000,00 cada uma, nominativas. — 20 anos. — Diretor-Superintendente, Júlio Cosi; DiretorGerente, Newton Dinarte Cosi e Diretor-Secretário, Elisa Costa Cosi, brasileiros N. 119.283 — Gráfica Giannecchini Ltda. — Itú — cont. 92 322 — Tendo falecido José Giannecchini, a sua quota de capital e lucros no total de Cr? 24 601,86, passam a pertencer em partes iguais aos sócios re­ manescentes, Mariana Giannecchini, Maria Elias Giannecchini, Eugênio Giannecchini, Pedro Giannecchini, Henriqueta Giannec­ chini e Theodora Giannecchini. — O capi. tal continua o mesmo de Cr? 105 000,00 em partes iguais entre os sócios remanescentes — ass. em 30-11-49. DOCUMENTOS N. 44 988 — Emprêsa Folha da Manhã S. A. — Capital — ata da assembléia geral extraordinária, realizada em 3-3-49, pela qual foi aprovada a proposta da diretoria para elevação do capital social de Cr? . . . . 10 000 000,00 para Cr? 100 000 000,00 e re­ forma parcial dos estatutos. N. 45.018 — São Paulo — Editora S. A. — Capital — ata da assembléia geral ex­ traordinária realizada em 5-12-49; reforma estatutos; extinção do cargo de diretor-comercial, atualmente vago, criação de três novos cargos de Diretores-Auxiliares. Fo­ ram eleitos para Diretores-Auxiliares os srs. dr. Francisco Osvaldo D ’Agostino, Theobaldo De Nigris Junior e Antonio José D ’Agostino, brasileiros.


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SINDICATOS DO BRASIL

CONSULTAS AO S I N D I C A T O

Lembramos aos nossos associados as obrigações abaixo, que deverão ser cumpridas êste mês: IMPOSTO SINDICAL DOS EMPREGADOS

Foi o seguinte o movimento de con­ sultas ao nosso Sindicato durante a quinzena passada: 157 por telefone e verbais e 18 por cartas.

Deverá ser recolhido ao Banco do Brasil S. A., à rua 7 de Abril, 60, o imposto sindical dos empregados descontado na fôlha de pagamento do mês passado. IMPOSTO SÔBRE A RENDA

0 PRIMEIRO LIVRO NA AMÉRICA DO SUL É muito curioso e útil conhecer-se a origem das coisas. Saber como e quan­ do se começou a imprimir na Améri­ ca do Sul é interessante para todos aquêles que se dedicam às artes gráficas. Dizem que o primeiro livro impres­ so na América do Sul foi em Lima (Peru) no ano de 1584, e dele se con­ serva um exemplar no museu Mitre, de Buenos Aires. Trata-se de Doctri-

na Christiana para la instrucción de los índios, impresso por Antônio Ri­ cardo, “primer impressor en estes rei­ nos dei Perú”. Êste mesmo Antônio Ricardo foi quem introduziu, em 1579, a imprensa em Lima que trouxe do México, o primeiro país hispanoamericano que conheceu a arte de im­ primir e a quem cabe a glória de ha­ ver impresso o primeiro livro ameri­ cano. O livro fazia parte da coleção de obras publicadas pelo Concilio de Li­ m a '(1583), para a instrução religiosa dos indígenas do Peru. A obra está di­ vidida em 3 partes: La doctrina Chrisíiana, El Catecismo Mayor e algumas Anotaciones o Escolios. Aparecem mais algumas orações, nas duas pri­ meiras parles. A terceira é a mais inte­ ressante, pois contem dados sôbre a geografia das regiões peruanas na­ quela época, sôbre o modo de falar de cada província, acompanhado de voca­ bulário regional.

Deverá ser apresentada, até o dia 30 do corrente, a declaração de rendimentos relativa ao exercício do ano passado. O pagamento poderá ser efetuado no momento da apresentação ou no prazo estipulado pela repartição arrecadadora. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA Transcrevemos abaixo os artigos 487 e 488 e os parágrafos do primeiio, da Consolidação das Leis do Trabalho, que regulam a rescisão do contrato de trabalho: * ‘'Art. 487 — Não havendo prazo estipulado, a parte que sem justo moiivo quiser rescindir o contrato, deVerá avisar a outra de sua resolução, com a antecedência mínima de: I — 3 dias se o empregado receber diàriamente o seu salário; II

8 d ia s s e o p a g a m e n t o f o r e f e t u a d o p o r s e m a n a o u te m p o in f e r io r ;

III — 30 dias nos demais casos. § l.° — A falta de aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado, o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, ga­ rantida, sempre, a integração dêsse período no seu tempo de serviço. § 2.° — A falta de aviso pr^Vio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo. § 3 0 — Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo para os efeitos dos parágrafos anteriores, será feito de acordo com a média dos últimos doze meses de serviço. Art. 488 — O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso, e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de suas horas diárias, sem prejuizo do salário integral. *

O gráfico acima apresenta a distribuição dos Sindicatos de empregados e empregado­ res, existentes no Brasil em 1948. Por êle vemos que São Paulo ocupa o primeiro lugar entre as demais unidades da Federação, com 364 organizações sindicais, sôbre o total de 1.735. No ângulo “outros” , estão incluidos os seguintes Estados: Amazonas, 28 sindicatos; Pará 39; Mara­ nhão, 36; Piauí, 22; Ceará, 64; R. G. do Norte 23; Paraíba, 33; Alagoas, 47; Sergipe, 43; Espírito Santo, 18; Paraná, 54; S. Catarina, 49; Mato Grosso, 11; Goiás, 16. Segundo a sua natureza, assim se subdi­ vidiam os sindicatos existentes no Brasil: De empregados, 1 007; De empregadores, 649; De profissões liberais, 79. E’ interessante recapitular os totais de or­ ganizações dessa espécie desde 1940. Naque­ le ano somente 38 sindicatos existiam em nosso país, sendo 21 no Distrito Federal; 15 em São Paulo e 2 em Pernambuco. Daí por diante as estatísticas acusaram as seguintes cifras: em 1941, 732; em 1942, 1 091; em 1943, 1 270; em 1944, 1 385; em 1945, 1 489; em 1946, 1 578; em 1947, 1 631 e em 1948, 1 735. Existem ainda, no país, 69 Federações, assim distribuídas: De empregados, 35; De empregadores, 31; De profissões liberais, 2. Quanto ao número de pessoas sindicali­ zadas, as estatísticas do Ministério do Tra­ balho são falhas, pois o último período apu­ rado foi o de 1946, que acusou os seguintes totais gerais: 795 502 empregados; 63 902 empregadores e 21 218 de profissões liberais.


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CINCO SÉCULOS DE GLÓRIA A INVENÇÃO DOS TIPOS MÓVEIS E SUAS Há 5 séculos Gutenberg, inspirando-se nas obras de Koster, inventou os tipos mó­ veis da imprensa. Talhou os tipos em ma­ deira, perfurando-os para dar passagem ao barbante, que os unia, formando assim as li­ nhas. Mais tarde Gutenberg começou a impressão com páginas compostas à mão com tipos metálicos, fundidos em matrizes gravadas por punções. Gutenberg, como todos os grandes inven­ tores, sagrou-se campeão do ideal e da in­ teligência. Pode-se afirmar que foi êle que mais irradiou a luz do saber no mundo, com seu invento, do que todas as forças creadoras que já têm aparecido. A Idade Média não finalizou com a queda de Constantinopla, mas quando Gutenberg inventou seus tipos móveis, pois tem sido tão grande o alcance de sua obra, que todos os aconteci­ mentos do século XV juntos não têm igual importância histórica. Gutenberg foi e será o grande benfeitor da humanidade. A rápida propagação de sua arte, em todos os centros de cultura daquela época, os favores que lhe dispensaram sá­ bios e príncipes, a dedicação que lhe vota­ ram os grandes mestres e os novos hori­ zontes que se abriram com a aparição do livro impresso, recompensam os sacrifí. cios sofridos para dar forma a esta idéia magnífica. A biografia de João Genfleisch, chamado Gutenberg, é tão variada e discutida que não nos atrevemos a reproduzi-la, temendo falsear os fatos; entretanto, qualquer que ela seja, pode servir de incentivo para os jovens que lutam pela vida, à sombra das máquinas gráficas. Referindo-se aos tipos móveis o poeta Rúbió Y Ors disse: » Tengo letras fundidas que, en el molde, como sartas de perlas, a mi antojo, casi a medida que dei labío brotan, brotan palabras, frases y discursos; i.as letras que dispersas en las cajas, como al agudo son de los clarines se forman en batalla los soldados dispersos por el llano, ao querer mio, se alínean en renglones apretados, para dar al error recia batida.

CONSEQUÊNCIAS

Referindo-se à imprensa, o mesmo poeta se expressou desta maneira: fen g o la prensa, de la cual de un libro, a mi antojo salir puedem cien-copias, que al igual de lo alto de las sierras, brotam mil hilos de agua y por los valles, cuajándolos de flores, se derraman. Así en rios de ideas, por el campo inmenso de las ciências extendidas, lo esmaltarán de flores. Si la prensa, cn la cual encontré el punto de apoyo y la fuerte palanca en que a Arquimedes teniendo aqUél, la fuerza le sobrara. A humilde prensa de madeira parece, hoje, uma mentira na presença das monu­ mentais rotativas, como as caravelas de Co­ lombo comparadas aos gigantescos transa­ tlânticos modernos. Depois de Gutenberg surgiram outros in­ ventores, continuadores e aperfeiçoadores que têm contribuído para que as artes grá­ ficas alcancem o grau máximo da perfeição técnica e artística dos nossos tempos. Os gráficos de ontem e de hoje, dos quais temos a honra de ser discípulos e cooperadores, sentem-se orgulhosos ao assinalar o progresso alcançado pela obra daquele “mes­ tre impressor” de Mugúncia, que tornou a cultura extensiva a tôda a parte onde o li­ vro tem chegado.

CÍRCULO CROMÁTICO DO PROFESSOR OSTWALD Êste círculo tem a vantagem de clas­ sificar numèricamente as diferentes côres de que é composto. Possuindo sôbre um mesmo disco de côres trans­ parentes, as misturas realizáveis são indicadas por números e por quanti­ dades a misturar. Belas harmonias de tons a duas, três e quatro côres são também sele­ cionadas com o disco cromático, gra­ ças a um processo mecânico, que con­ siste na colocação sôbre o disco de um triângulo ou um quadrado concêntri­ cos ao círculo. As extremidades des­ sas fôrmas indicam automàticamente as boas harmonias. Por um simples movimento de rotação, obtém-se um resultado melhor.


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A IMPRENSA E OS MÉRITOS DE MARCO POLO Segundo VICTOR CH KLOW SKY

Diferentes autores atribuem a Mar­ eo Polo o mérito de ter trazido para a Europa uma série de descobertas asiáticas. Nada se pode afirmar acer­ ca da pólvora e da bússola, mas exis­ te um testemunho muito curioso cita­ do por R Curzon (Philobiblion Society 1854) : “No comêço do século X V o govêrno de Veneza encarregou um funcionário, Pamphilo Castaldi, de Feltre, de copiar certos documentos e papéis oficiais, cujas letras iniciais eram escritas em tinta vermelha e or­ nadas de ouro e de côres.” Sansovino declara que naquela épo­ ca Pietro di Natali, arcebispo de Aquiléa, havia inventado certos sinais de imprensa, que se fabricavam com vidro em Murano. Êsses sinais eram empregados para a impressão das le­ tras iniciais nos documentos oficiais, que, a seguir, se ornavam a mão. Ora, Pamphilo Castaldi aperfeiçoou esses caracteres de vidro e fabricou letras de madeira e de metal: êle os fez de­ pois de ter visto os livros chineses tra­ zidos da China pelo célebre Marco Po­ lo, e impressos por meio de tabuas de madeira; mandou preparar pequenos blocos, em que havia somente uma le­ tra; por meio dessas letras móveis fez imprimir vários cartazes e folhas se­ paradas (1426). Afirma-se que tais folhas se acham nos archivos de Fel­ tre. A lenda afirma que Johann Faust, de Mayence (Mogúncia) conheceu Castaldi e passou algum tempo com êle no “scriptorium” de Feltre. Cur­ zon acrescenta que Castaldi nasceu em 1398 e morreu em 1490. Êle volve a êsse assunto no seu artigo “História da Imprensa na China e na Europa” (Philobibion vol. VI pág. 2 3 ) :

“Se bem que nenhum incunábulo traga data precisa, consideram-se al­ guns dentre êles ■ — e com razão -— como mais antigos que qualquer outra obra impressa com os caracteres mó­ veis. Sua semelhança com as obras chinesas do mesmo tipo é tão frisante que parece terem sido copiados dos livros chineses da época. A impressão se faz de um lado só da folha, e na brochura, do mesmo modo nos livros chineses e nos incunábulos alemães e holandeses, as faces brancas eram co­ locadas uma contra a outra e eram coladas juntas. Para a impressão em­ pregava-se a tinta brunácea, de qua­ lidade mais fina que a de imprensa, aproximando-se da tinta da China (Nankim) em uso para a tiragem de livros chineses. Os clichês dos livros chineses e dos livros germânicos são similares a tal ponto que temos o di­ reito de supor que a arte da imprensa na Europa foi inspirada pelas antigas obras chinesas trazidas do Oriente por algum viajante, cujo nome se per­ deu nos séculos” . O autor menciona a lenda que Gutenberg (e não mais Faust, como na primeira versão) aprendeu a arte de imprensa de Castaldi; crê que Gutenberg tinha relações com Veneza, é que os primeiros incunábulos imitaram os livros chineses trazidos por Marco Polo. No começo do século X X esta hi­ pótese tornou-se tão difundida na Itá­ lia, que uma estátua foi erigida em Feltre à glória de Pamphilo Castaldi, trazendo a inscrição seguinte: “Pam­ philo Castaldi, inventor célebre dos caracteres móveis de imprensa, que conferem à Itália êste tributo de gló­ ria que se tinha retardado de mais” .


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ESCOLA DE ARTES GRÁFICAS DO SENAI

SECÇÃO DE IMPRESSÃO Em 1 947, esta Secçâo se compunha das seguintes máquinas: I automática, cilindro-plana, 1 Miner­ va cilind:ica, 2 Minervas platina e 1 Minerva platina manual. Em 1 948 foram montadas mais as se­ guintes máquinas; 1 cilindro-plana, 1 automática Minerva cilíndrica e 2 Minervas cilíndricas. Como se vê, a Escola vai caminhando dentro do plano SENAI de desenvolvimento progressivo anual.

MÓVEIS USADOS PARA TIPOGRAFIA — Vendem-se: 1 cavalete duplo com 24 caixas de 85x50 cm. 1 cavalete duplo com 20 caixas de 85x50 cm e 20 caixas de 31x50 cm. 2 cavaletes duplos com 24 caixas de 65x44 cm. 1 cavalete- duplo com 40 caixas de 31x50 cm. 2 cavaletes com 21 caixas de 65x44 cm.

5 cavaletes com 12 caixas de 65x44 cm. 1 cavalete com 21 caixas de 85x50 cm. 2 secadores de 110x110 cm, com 7 di­ visões. 1 prateleira dupla de 150x65 cm, com divisões. 1 mesa com tampo de zinco, de 218x83 cm.

Tratar com o sr. Barbosa, (Secção de Compras do SENAI), à rua Monsenhor Andrade, 298, 3.° andar — Aceitam-se ofertas


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