DA
INDÚSTRIA
GR Á F I C A
ÔRGÀO OFICIAL DO SINDICATO DAS I N D U S T R I A S
GRÁFICAS
NO ESTADO DE SÀO PAULO NÚMERO 23
SÃO PAULO, 2.= QUINZENA DE OUTUBRO DE 1950
ANO I
UM NAO FAZ FALTA... Morreu certa vez um homem muito rico em dinheiro, em virtudes e, ainda, em filhos, que eram inúmeros. Os filhos, porém, não viviam com êle, e assim não souberam de sua morte. Além disso, mal se conheciam, pois os contactos eram raros, apesar de tratar-se da conhecida família dos Sigesp. E por mais curioso que pareça, aliás é por isso que nos interessa a histó ria, todos os irmãos eram gráficos. Pois bem, quando morreu o velhinho, seu advogado teve que dar cumprimento às deter minações do testamento, segundo o qual todos os irmãos tinham que ser convocados para uma reunião fraternal, na ignorância da morte do pai. Somente na reunião é que o falecimento devia ser participado. O causídico procurou irmão por irmão e foi recolhendo as respostas. “ Eu não tenho tempo” , disse um. “ Eu vou, eu vou” , enganou outro. “ Pode contar comigo, que lá estarei” . “ Vou fazer uma forcinha” . “ Boa idéia essa reunião, eu vou sim” , anuiu um dêles. “ Eu não posso, tenho muito serviço”, disse o que se julgava mais ocupado de todos. “ Um a menos não faz falta” , foi o que disseram os mais comodistas. E assim que o advogado procurou todos, pensou que pelo menos uns cinco deveríam comparecer à reunião. Chegou afinal o dia e, à hora marcada, ninguém apareceu. Uma hora mais tarde, ninguém ainda. Duas horas depois, chegou um dos irmãos. E somente três horas depois da marcada para a reunião, surgiu no escritório do advogado o segundo irmão. E ambos queixosos... De acordo com o testamento, só realizada naquele dia e hora a reunião de todos os irmãos, seria distribuída entre êles a grande fortuna do velho Sigesp. Não se realizando a reunião, só seria a herança distribuída vinte anos mais tarde, quando os irmãos estivessem, mais unidos entre si, como condição. Essa história pode não ser real, mas tem lá seu fundo moral. E nos lembramos dela, ao termos que comentar as reuniões do Sindicato das Indústrias Gráficas. Poucos são os que comparecem. E, ao contrário da história dos Sigesp, a herança mesmo assim é distribuída aos que comparecem, embora sejam poucos. Mas em que consiste essa herança? No trabalho em pról de uma indústria gráfica coesa, forte e produtiva. Na semente de um perfeito congraçàmento da classe, cujos alicerces começamos a desenvolver. Aquêles que comparecem a essas reuniões participam désse trabalho. E estão desenvolvendo um terreno mais propício para o crescimento de nossa indústria gráfica. Numa recente reunião, uma reunião de simples confraternização, compareceram, cento e dez industriais gráficos. São Paulo possui, porém, só na capital, cêrca de setecentos esta belecimentos gráficos, por onde se vê que à aludida reunião não compareceu sequer um têrço dos convidados. Como pode assim existir uma classe unida? Mas sempre é tempo para se fazer alguma coisa. Agora mesmo ficou assentada a reunião dos industriais gráficos em almoços mensais, que serão realizados em lugares amplos para conter todos os que quiserem comparecer. Quem irá agora dizer: “ Um a menos não faz falta” ? ê preciso ter presente que esse comodismo é perigoso para o progresso de qualquer setor industrial, pois representa um inqualificável indiferentismo pelo que se possa fazer em seu benefício. — SODERAZ
Boletim da Indústria Gráfica S. F E R R A Z - Diretor Redação e Administração: Praça da Sé, 399 — 5.° Andar, Sala 508 — Fone 2-4694 — S. Paulo
_________________________________Publica-se quinzenalmente___________________________________ _______________ Composto e Impresso na Escola de Artes Gráficas do S EN A I ________________ Colaboradores:
Antônio Sodré C. Cardoso e Ram ilio Lu is Pereira
ENSINO DE A R TE S GRÁFICAS Foi apresentado na Câmara Muni cipal paulistana um projeto de lei vi sando a criação de um Instituto de Artes em São Paulo, do qual fará par te uma Escola de Artes Plásticas e Artes Menores, em cujo programa consta o funcionamento, entre outros, de cursos regulares de Xilogravura e Linogravura, Arte Gráfica, Encader nação e Artes do Livro e Arte Aplica da à propaganda. Não podemos dei xar de consignar aqui nossos aplau sos aos srs. vereadores que apresen taram tal projeto, digno de ser desde logo transformado em lei.
COMÉRCIO DO LIVRO NO RIO GRANDE DO S U L Foi sancionado pelo Governador do Rio Grande do Sul o decreto-lei que isenta do pagamento do imposto de vendas e consignações, naquele Es tado, o comércio do livro. Mais uma grande realização em pról do livro brasileiro, devida à Câmara Brasilei ra do Livro, que já conseguiu a isen ção do referido imposto nos Estados de São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Distrito Federal.
EXPOSIÇÃO DO LIVRO BRA SILEIRO NA G UA TEM A LA Realizou-se na Guatemala uma Ex posição do Livro Brasileiro, na Biblio teca Municipal daquela capital. O mi
nistro do Brasil, sr. Carlos da Silvei ra Martins Ramos, proferiu, após o discurso de abertura pelo diretor da Biblioteca, uma alocução em que dis correu sobre o progresso de nossas ar tes gráficas e salientou a posição cul tural brasileira, comentando as figu ras de Rio Branco, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa, cujas obras merece ram particular atenção dos visitantes.
0 MAIOR LIV RO DO M UNDO O livro de maior tamanho em todo o mundo está no Museu Britânico. Pelo menos é o livro que ocupa maior espaço sôbre a mesa, quando aberto ou mesmo quando fechado. Mede uns 170 cm. de altura por 115 cm de lar gura. É um atlas universal, que os mercadores de Amsterdam oferece ram a Carlos VII de Inglaterra, quan do êste se refugiou na Holanda após a sua queda do trono inglês.
TIP O S
MICROSCÓPICOS
Conta-se que em 1826, Henrique Didot, então com 66 anos de idade, gravou, manualmente, caracteres ro manos, que êle denominou “micros cópicos” . Eram de corpo dois e dois e meio pontos. Êsses tipos, segundo a mesma fon te, foram empregados, pela primeira vez, pelo seu irmão Didot, o moço, na impressão, em 1/64, de “Les Maximes de la Rochefoucauld” .
B O L E T IM
DA
IN D Ú S T R IA
G R Á F IC A
P Á G IN A
3
ILUMINURAS SECULARES
PAPEL DE JORNAL E MEDICINA
Os peregrinos que se dirigem a Roma para assistir às festividades em tôrno do Ano Santo têm, naturalmente, muita coisa sugestiva e interessante para observar, uma vez que, na Cidade Eterna, andam “ pisando em História” . Todavia, é de se duvidar que, em matéria de curiosidade caracterizada pela delicadeza e pela extrema raridade, possam ver algo que ultrapasse à raridade e à delicadeza da ex posição organizada pelos bibliotecários do Vaticano. Tal exposição, organizada mais com o obje tivo de comemorar a passagem do 500.° ani versário da fundação da famosa Biblioteca do Vaticano, reune preciosidades que, através do tempo, não foram e não serão dadas a ver senão a número diminuto de pessoas. Saiba-se, por exemplo, que, além das raridades que há centenas de anos permanecem no Vaticano, a exposição de agora reune a coleção de obras raras do duque Frederico di Montefeltro, um homem que não gostava de obras estampadas ou impressas, porque, dizia, tinham algo de mecânico, sendo, portanto, destituídas de valor artístico. ç Na referida exposição existem exemplos no táveis de manuscritos e livros de folhas soltas decorados com iluminuras de incalculável valor histórico e artístico, sendo que uma destas iluminuras tem as partes douradas em lâminas metálicas de ouro, e outras azuis que se conservam perfeitas há vários séculos, do tadas de brilho e sutileza de tons surpre endentes. Obras como estas (junto das mais deve-se notar a existência de um “ Inferno” de Dante, ilustrado por Botticelli), é que dão o caracte rístico marcante da exposição a que nos re ferimos. Essa mostra de arte é, sem dúvida, destinada a causar admiração e fornecer ma terial para os estudiosos dos primórdios da reprodução do livro, que é a antecipação da arte de imprimir.
A ciência médica argentina, através uma das suas mais proeminentes figuras — o pro fessor Ricardo Finochieto — acaba de revo lucionar os meios cirúrgicos com a introdu ção na prática operatória de um recurso tá tico curioso, que visa, principalmente, sanar as dificuldades do médico do interior, utili zando com grande êxito o papel de jornal, em folhas e pedaços, em substituição às gazes e aos lençóis operatórios, mais conhecidos co mo “ campos” . A feliz idéia do dr. Ricardo Finochieto, grande professor da técnica operatória da Uni versidade de Buenos Aires, surgiu por ocasião da falta de gaze ocorrida no seu serviço hos pitalar.
tllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllltlllllllllllllllt FOTÓGRAFO PARA GRAVURA Precisa-se de um, competente. Tratar ou escrever para-Gtfíc/iés Idex Ltda., rua Washing ton Luiz n.«> 242, São Paulo.
Considerado o grande poder de absorção de líquidos do papel tipo “ linha d’água” , usado na impressão dos jornais, o ilustre cirurgião conseguiu êsse papel, ainda em branco, man dando esterilizar, em folhas grandes e pe quenos pedaços retangulares, a fim de uti lizar em cirurgia de animais. Aprovou. O pa pel de jornal substituiu plenamente os len çóis de pano na proteção da ferida operató ria e a gaze, no secamento dessas incisões. Imaginou, ao mesmo tempo, que os médi cos do interior não teriam a mesma facili dade de conseguir papel de imprensa em branco para as suas intervenções. Então, foi mais além. Reuniu várias folhas de jornal e mandou esterelizá-las. No dia imediato, ini ciava uma série de operações em cães, empre gando os pedaços de jornais. Meses depois verificou que nenhum dos operados havia ti do infecção ou intoxicação, decorrente do contacto do papel de jornal e da tinta de im pressão com os tecidos. Assim, passou a empregar o material em várias intervenções cirúrgicas praticadas em homens, como gastrectomias, apendicectomias. herniorragias, flebectomias, etc., sem que nenhum acidente ocorresse. Vitorioso nes sa experimentação, o professor Ricardo Fino chieto comunicou a observação às sociedades médicas de seu país e não tardou que cole gas do interior argentino empregassem o re curso tático do ilustre portenho com grande êxito, publicando trabalhos em diversas re vistas científicas.
Mais
de
umacentena de Industriais (iraiicos Recepçõo pelo D ire to r Regional do S E N A I — O maior número de industriais já reunidos por um Sindicato — V isita às dependências do S E N A I — Bem impressionados os visitantes — Almoço mensal de industriais gráficos — A comissão para a realização dêsses ágapes — O utras notas. Reportagem de S. F.
funcionários do SENAI que tudo explicavam à curiosidade dos visitantes, e pôde constatar o vivo interêsse e mesmo admiração pelas realiza ções do estabelecimento. Como era de se esperar, a parte mais demoradamente percorrida foi a Escola de Artes Gráficas, que teve tôdas as suas secções demonstradas.
A convite do SENAI e com a cooperação de nosso Sindicato, realizou-se, no dia 19 do passado, uma visita de industriais gráficos àquele esta belecimento. Foi dada à visita um caráter de reunião de confraternização, aliás a maior que até agora se realizou com a participação de um sindicato. Tivemos a satisfação de ver reunidos mais de uma centena de industriais gráficos, muitos dos quais por muito tempo não encontra vam seus companheiros e velhos amigos. Daí transcorrer a reunião em um ambiente animado, de verdadeira confraternização mesmo. RECEPÇÃO PELO DIRETOR REGIONAL DO SENAI Os visitantes se reuniram no saguão da Es cola Roberto Símonsen, do SENAI, à rua Monse nhor Andrade, 298, às 9 horas da manhã. Depois de ali reunidos, foram recebidos pelo dr. Roberto Mange, Diretor do Departamento Regional do SENAI em São Paulo, que em seu gabinete de trabalho, vasto mas pequeno para conter o nú mero de visitantes, explicou as finalidades e o funcionamento daquela organização. O MAIOR NÚMERO DE INDUSTRIAIS JÁ REUNIDOS POR UM SINDICATO Frisou o dr. Mange, em sua explanação, que o SENAI é uma criação da indústria e funciona
BEM IMPRESSIONADOS OS VISITANTES
Disse, finalmente, o dr. Mange, que se con com os meios que esta lhe oferece, representados gratulava com os presentes, pois era a primeira pelo 1% descontado em seu favor nas folhas de vez que via assim reunidos tantos industriais da pagamento de tôdas as indústrias. Disse mais mesma categoria, tendo à frente o seu Sindicato. que o Departamento Regional do SENAI em São Paulo tem atualmente funcionando oito escolas nos diversos bairros, estando prestes a inaugura VISITA ÀS DEPENDÊNCIAS DO SENAI ção de mais duas. Quanto ao funcionamento de somente uma escola de artes gráficas, deve-se ao Depois de servido a todos um cafezinho, fato de ser sua instalação muito dispendiosa. foram organizadas, dado o número dos visitantes, Ela se encontra, no entanto, em um ponto cen três turmas para percorrerem tôdas as instalações tral, para poder servir às indústrias dêsse setor ♦ do SENAI. Nossa reportagem acompanhou alternadamente as três turmas, que eram guiadas por que se acham espalhadas por todos os bairros.
Terminada a visita das três turmas, foram novamente os visitantes reunidos para um aperi tivo. O ambiente então era de grande entusias mo e camaradagem. Em tôdas as rodas que se formavam discutiam-se os mais variados assun tos, lembravam-se também os episódios interes santes das vidas dos presentes, recordavam-se daqueles que já haviam desaparecido dentre os vivos, mas cujas obras têm ainda seus seguidores. Todos se confraternizavam. Nessa ocasião não pudemos deixar de sorrir ao nos lembrarmos de que é voz corrente que os industriais gráficos vivem em desunião.. . Colhendo impressões aqui e ali, obtivemos a opinião unânime de que a visita tinha sido proveitosa e a reunião agradável. Todos estavam bem impressionados com o que lhes fôra dado observar. (Conclui
ia pág. seguinte)
P A G IN A 6
B O L E T IM
( Conclusão da pág. anterior) ALMÔÇO OFERECIDO AOS VISITANTES Eram treze horas quando foi iniciado o almoço que finalizaria aquela reunião. O al moço se realizou nos refeitórios do SENAI. O cardápio foi o comum, isto é, o mesmo car dápio oferecido diàriamente aos alunos e pro fessores que tomam suas refeições no próprio estabelecimento, e mereceu louvores de todos os presentes. À sobremesa, usou novamente da palavra o dr. Roberto Mange, que mais uma vez se congratulou com os visitantes e com o nosso Sindicato por ter reunido o maior número de industriais que já haviam, incor porados, ‘ visitado o estabelecimento sob sua direção. Ao final de sua alocução, colocou-se à disposição de todos para responder pergun tas sôbre a organização. Falou em seguida, em brilhante improviso, o. sr. Francisco Cruz Maldonado, presidente de nosso Sindicato, que disse de seu entusiasmo por aquela reunião, que contava com a honrosa presença também do dr. Mariano Ferraz, presidente da Federa ção das Indústrias de São Paulo. Narrou então a história de um homem e um livro, com um fundo moral de aplicação para o congraçamento da classe, por que vem se ba tendo em seu Sindicato. ALMÔÇO MENSAL DE INDUSTRIAIS GRÁFICOS Finalizando, o sr. Maldonado lançou a idéia de um almoço mensal de industriais gráficos, para o que já tinha até nomeado, em nome de nosso Sindicato, uma comissão encarregada da realização dêsses almoços mensais de con fraternização, a cujos membros fez a entrega dos ofícios ratificando a nomeação verbal. É a seguinte essa comissão do almoço mensal dos industriais gráficos: Savério D'Agostino, da São Paulo Editora S. A.; Orestes Romitti, da Gráfica Romitti Ltda.; Jorge Saraiva, da Saraiva S. A. — Livreiros Editores; Núncio Camano, de Camano, Amoroso & Cia.; André Aprá Neto, da Gráfica Aprá S. A.; e Francisco Fortuna, da Fotogravura São Paulo. Para o primeiro almoço, a realizar-se no mês de outubro, disse o sr. Maldonado, já fôra nosso Sindicato convidado pelo SESI, que ofereceria o ágape em uma de suas cozinhas dis tritais. Falou por último o sr. Mariano Ferraz, que também em brilhante improviso fez elogio do
DA
IN D Ú S T R IA G R A F IC A
sentido daquela reunião e ratificou o convite feito pelo SESI para o próximo almoço dos industriais gráficos. “PRA MIM ESTA REUNIÃO FOI UMA FESTA” Estava assim finda a reunião de confrater nização dos industriais gráficos de são Paulo, que começaram a se dispersar para os seus afazeres diários naquela terça-feira de sol brilhante e canícula terrível para a terra da garoa. Quando passávamos por um grupo for mado à porta do elevador, ouvimos o seguinte comentário da bôca de um velho industrial gráfico: “ Fazia muito tempo que não encon trava juntos tantos amigos. Pra mim esta reunião foi uma festa” . Registramos mental mente a frase, pois não acharíamos nunca melhor fêcho para esta sucinta reportagem, mesmo porque temos a convicção de que essa foi a primeira de uma série interminável de festas entre os industriais gráficos paulistas. illllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll!IIIIIIISIIIIItlllll!lllll!lll
BARÔ M ETRO S DE PA PEL A prosperidade do mundo pode ser calcula da segundo o número de páginas dos jor nais. O jornal diário acompanha o homem de todos os países desde o café da manhã e po de ser considerado como o barômetro do seu nível de vida. Maior é o número de pági nas que a situação econômica do país lhe permite ler, menor será a escassês de gêne ros de primeira necessidade, e vice-versa. Um exemplo: o jornal típico do americano de classe média: o “New York Time” apa rece diàriamente em 36 páginas. O número dominical, tem 88 páginas, pesa exatamen te 1 050 gramas. Um quilo de papel: a pros peridade do americano não está em perigo. No Canadá, o “ Montreal Daily Star” chega a 30 páginas; na Austrália, os jornais têm 24 a 32 páginas. Os diários argentinos tinham em média 24 páginas, foram reduzidas a 16 e acabam de sofrer nova redução, por decre to. A imprensa protestou violentamente con tra êsse “ atentado às liberdades públicas” . Em comparação, a miséria que reina na Eu ropa aparece de modo impressionante: 4 e 5 páginas na Inglaterra, 4 em França e Ho landa, 6 meias-páginas na Alemanha (mui tos jornais só aparecem duas ou três vêzes por semana, na Alemanha). Somente a Bél gica, a Suissa, a Suécia e outros países mais favorecidos pela sorte podem se dar ao luxo de ter jornais de 8, 12, 16 páginas e até mais.
B O L E T IM
DA
IN D Ú S T R IA
G R Á F IC A
P Á G IN A
7
(íomumccudxU cLo~ S in dicatoCONSULTAS AO SINDICATO Temos procurado nos orientar, para a publicação de trechos da nossa Consoli dação das Leis do Trabalho, pelas consul tas que nos são feitas por telefone ou por carta. Corroboramos assim com a lei vi gente as explicações que fornecemos. Por isso mesmo é de todo o interêsse que o nosso BOLETIM seja colecionado e sempre conservado à mão para consultas.
PEDIDOS DE COLEÇOES Temos também recebido pedidos de co leções do BOLETIM DA INDÚSTRIA GRA FICA. Avisamos aos interessados que ainda possuímos umas poucas, que poderão ser enviadas pelo correio ou então retiradas em nossa redação, mediante pedidos indi cando a firma a que se destinam.
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA Dispõe o seguinte, quanto à remunera ção do período de férias, a Consolidação das Leis do Trabalho: Art. 140 — O empregado, em, gôzo de ferias, terá direito à remuneração que perceber quando em serviço. 8 l.° — Quando o salário for pago por dianas, hora, tarefa, viagem, comissão, percentagem ou gratificação, tomar-se-á por base a média percebida no período correspondente às férias a que tem direito. 8 2.° — Quando parte da remuneração for paga em utilidades, será computada de acordo com a anotação da respectiva Carteira Profissional. Art. 141 — O pagamento da importância de que trata o artigo anterior será feito até a véspera do dia em que o empregado deverá entrar em gôzo de férias. Parágrafo único — O empregado, ao re ceber aludida quantia, dará quitação ao empregador da importância recebida, com indicação do início e do término das férias. Quanto ao não direito a férias, estatui o seguinte a nossa Consolidação das Leis do Trabalho:
Art. 133 — Não tem direito a férias o empregado que, durante o período de sua aquisição: a) retirar-se do trabalho e não for re admitido dentro dos 60 dias subse quentes à sua saída; b) permanecer em gôzo de licença, com percepção de salários, por mais de 30 dias; c) deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 dias, em virtude de paralização parcial ou total dos serviços da emprêsa; d) receber auxílio-enfermidade, por pe ríodo superior a seis meses, embora descontínuo. Parágrafo único — A interrupção da prestação de serviços, para que possa pro duzir efeito legal, deverá ser registrada na Carteira Profissional do empregado. Quanto à interrupção do trabalho por prestação de serviço militar obrigatório, em relação ao período aquisitivo do direito a férias, diz o seguinte a Consolidação das Leis do Trabalho: Art. 135 — No caso de serviço militar obrigatório, será computado o tempo de trabalho anterior à apresentação do em pregado ao referido serviço, desde que êle compareça ao estabelecimento dentro de noventa dias da data em que se verificar a respectiva baixa.
JO R N A LISTA Entende-se como jornalista o trabalhador intelectual cuja função se estende desde a busca de infor mações até a redação de noticiasse artigos e à organização, orientação e direção dêsse trabalho (C. L. T., art. 302, § l .° ) .
EMPREGADOR Considera-se empregador, a em prêsa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e di rige a prestação pessoal de servi ços (C. L. T., art. 2 .°).
ígina da ESCOLA DE ARTES GRÁFICAS 00 SENAI Responsável: João F. de Arruda
A APRENDIZAGEM NA COM POSIÇÃO MANUAL Centralizar e justificar são operações ele mentares, mas básicas e constantes para o compositor manual em qualquer trabalho que venha a executar. Equilíbrio, harmonia, contraste, proporção completam o sentido estético de uma com posição. Disto se conclui que 2 objetivos deve ter a aprendizagem para a formação de um ar tífice tipógrafo: a) dar ao aluno os conhecimentos básicos do: estudo da caixa, utensílios e ferramental, material branco, corpos de típos e seus caracteres, fios e vinhetas; b) desenvolver no aluno o senso estético, artístico e de creação. Sob êsses 2 objetivos é que está organizada a série de exercícios para a aprendizagem de composição manual. Logicamente, portanto, com 2 fases distintas mas inseparáveis e que se interdependem na realização da aprendi zagem. Na primeira fase, com os conhecimentos adquiridos de tecnologia, material e ferramental, o aluno fica preparado para o ofício mas como simples copista de originais im pressos. Na segunda fase da aprendizagem está ver dadeiramente o valor da escola, isto é, da aprendizagem dirigida. Trata-se agora de for mar o artífice, o profissional càpaz de crear e realizar trabalhos de boa qualidade. Para isto concorrem professores e instrutores. Em aulas teóricas de desenho, matemática, tecno logia e português êles projetam, calculam e estudam exercícios propostos. Na oficina de aprendizagem o instrutor os orienta de como executar exercícios sob método racional, dan do-lhes liberdade na escolha do material a usar para o conjunto estético e artístico da composição a elaborar. A repetição de problemas e situações como estas levam o aluno à obtenção de um sentido estético geral, espírito de observação e de crítica, estado de procura e pesquisa, tudo convergindo para a creação de um trabalho de qualidade. — J. F. A. O curso tem a duração de 6 têrmos ou semestres o que corresponde a 3 anos. O l.° têrmo consta de um rodízio em que o aluno passa por tôdas as secções de apren
dizagem, em funcionamento, isto porque os ofícios gráficos são afins e se interdependem. Portanto, neste têrmo não há aprendizagem específica. Num quarto de semestre êle es tuda a caixa, as medidas tipográficas, o mate rial branco, a altura dos tipos e do material branco, e a nomenclatura do tipo. Em segui da, realiza exercícios de composição com : justificação, centralização, cartão de visita, timbre de carta, aplicação conjunta dos exer cícios anteriores e composição de linha cheia. Após isto, passa para as demais secções para um conhecimento geral de impressão, enca dernação e pautação. No 2.° têrmo o aprendiz recapitula, em par te, exercícios do l.° têrmo em outros forma tos, e faz mais os seguintes: composição de linhas cheias de originais impressos combi nada com grifo, negrito e versai, correção de provas, pequenos recibos, faturas em formato de memorandum, talões de pedidos e de notas, poesias e cartões comerciais contornados com fios e depois com vinhetas. No 3.° têrmo recapitula os últimos exercícios do 2.° têrmo, estuda os caracteres dos tipos das famílias fundamentais e executa: paginação simples, composição de índices e tabe las com corondéis, duplicatas simples e em duas côres e convites de casamento com tipos manuscritos. No 4.° têrmo recapitula alguns exercícios do 3.° têrmo e executa: composição de ori ginais manuscritos ou datilografados de con vites, programas, cartões comerciais; diplomas e capas de livros com ornamentos combinados de fios e vinhetas; cartão comercial com tí tulo em diagonal; composição cheia em duas colunas; cabêço de livro em branco; nota fiscal e fatura combinada com duplicata. No 5." têrmo recapitula exercícios do 4." e faz: alinhamento de algarismos romanos, parangonagem de tipos e corpos diferentes, composição algébrica, trabalhos a côres, paginação em geral, tabelas e guias de sêlo. No 6.° e último têrmo, além de recapitular alguns exercícios do 5.° têrmo, executa: cál culo de composição, corte e montagem de composição de tabelas em linotipo, montagem de facas para corte e vinco, creação de tra balhos a côres, execução de maquetes creadas e estudadas em aulas teóricas. — L. B.