G-UTEMBERGr E O SEU IN V E N T O I----------------------------- C O M E M O R A - S E -----------------------------------1 êste A N O O Q U IN T O C E N T E N Á R I O D A DESCOBERTA DE GUTEM BERG cristão. De repente, teve a Um dia, o sacristão da Ca idéia de retalhá-la para ob ter letras soltas. Assim, po deríam elas formar e com binar frases e ser utiliza das em novas páginas. Uma idéia, como vemos, que ho je nos parece simples co mo o ovo de Colombo. Era, entretanto, o achado mira culoso que preparava a hu manidade para a maior das invenções. Gutemberg bem compre endeu o valor da descoberta.
tedral de Harlem, depois de haver mostrado a Gutemberg os manuscritos da bi blioteca, lhe exibiu uma tabuinha em que se achava gravada em relêvo uma pá gina da gramática latina. Vinham as letras gravadas às avessas, e bastava cobrilas de tinta, comprimindoas sôbre o pergaminho, pa ra que o escrito ficasse im presso. Êsse processo náo apresentava novidade algu-
Prensa do século XVII, também de madeira
Assim era a prensa de Gutemberg construída de madeira
ma, pois há muito tempo já era usado para reproduzir imagens de santos e qua dros da Bíblia com as res pectivas legendas. P Á G IN A 2
Gutemberg olhou a tabuinha, elogiou a habilidade e a paciência do sacristão gravador. Em tôdas as in venções, e principalmente nas que dizem respeito à máquina, aparêlho ou ins trumento, pode-se frequen temente surpreender na men te do gênio o instante em que da imprevista confla gração das idéias pula fo ra o achado miraculoso. É o momento em que o gê nio resolve o seu problema ou encontra o ponto de par tida da sua invenção. Pois o achado miraculo so ocorreu a Gutemberg quando nas mãos sopesava a tabuinha, diante do sa
Prensa do século XVIII, ainda de madeira Nada disse. Todo fechado no seu segrêdo, voltou para Estrasburgo com um ger me no cérebro que ia revo lucionar o mundo. Quem poderia descrever a alegria
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dêsse feiticeiro enquanto espalhava na tabulnha o seu primeiro alfabeto?
morrer em paz em 1468, aos setenta anos de idade, se gundo se supõe.
centos e cinquenta anos após o nascimento de Nosso Se nhor Jesus Cristo e depois
Em 1505, o filho de Schoeffer, num livro que impri miu, reparou de algum mo do a ingratidão do pai para com Gutemberg, bem como a cupidez de Faust, com as
Êste é o prelo de Stanhope, construído em 1910, em ferro, conforme se sabe o segundo feito dêsse material. O pri meiro foi construído nos EE. UU. em 1797.
Vieram, em seguida, co mo acontece a quase todos os inventores, os anos de tra balho, as lutas, as decep ções, as perseguições. Com os seus instrumentos, com a sua prensa, isolou-se na cela de um convento. Aliouse a João Faust, que de pois, fazendo valer desu manamente suas prerrogati vas de credor, lhe tira à fôrça a prensa e os forninhos; no entanto, morre de pois de peste. Pedro Schoeffer, que lhe sugerira a liga para fundir os caracteres, apodera-se, com a morte de Faust, da tipografia de Gutemberg. Velho e pobre, Gutemberg é acolhido pelo arce bispo de Mogúncia, que o nomeia seu gentilhomem de câmara. Pôde, pois, con sagrar os últimos anos ao progresso de sua arte e B O L E T IM
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Minerva de funciona mento a pedal. Notem que a máquina está aber ta e os rolos estão em ■cima da platina. Não foi nova descoberta de funcionamento. Foi êrro do desenhista...
Prelo de funcionamento manual, empregado para pequenos trabalhos, pa rente próximo das minervas
melhorada e firmada pelo esforço, pelos gastos e pelo trabalho de João Faust e Pedro Schoeffer, em Mogún cia : pelo que esta cidade deve ser estimada e louva da eternamente, não só pe la nação germânica, mas pelo mundo inteiro” .
seguintes palavras: “ A ma ravilhosa arte da imprensa foi inventada em Mogúncia pelo engenhosíssimo João Gutemberg, mil e quatro
João Faust e Pedro Schoeffer tiraram proveito do inventor mas não con seguiram arrebatar-lhe a glória. O linotipista que
Máquina de impressão plana, com margeador automático
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compõe estas linhas, mane jando o ejetor, a régua, a alavanca, a faca e a serra, é um discípulo de Gutem-
vilhosas consequências do invento de Gutemberg. Bas ta dizer que em fins do sé culo XIX a tiragem dos jor
Esta ê uma rotativa moderna, uma das maravilhas que o gênio de Gutemberg possibilitou
berg. Mas um discípulo que maravilharia o mestre, se êste ainda vivesse... Deve-se a Gutemberg, com a sua invenção, o apareci mento da imprensa, que ho je proporciona ao homem de tôdas as camadas sociais um resumo acessível e útil do mundo em que vive, es se mundo sôbre o qual atua e do qual reciprocamente, embora não tenha com êle senão relações indiretas, re cebe a influência. Ao tem po de Gutemberg, e mes mo alguns séculos depois, o mundo, para o homem, era a sua aldeia, a sua vila, a sua cidade. Tudo quanto acontecia para além das fronteiras do seu meio res trito era coisa vaga, incerta, de que incompletamente to mava conhecimento. Na verdade, só neste meio século começou o homem a usufruir tôdas as mara P Á G IN A 4
nais dos países mais adian tados não ia além de 50 mil exemplares. Era o que acontecia na Inglaterra, por exemplo, onde o jornal se dirigia a um pequeno nú mero de pessoas que pos suíam idéias políticas e que governavam o país. O di reito do voto estava reser
vado à classe média, e só em 1870 a educação come çou a se difundir na clas se trabalhadora. Se o invento, há cinco séculos, era maravilhoso, suas consequências mais re centes não o são menos. Como não se maravilharia Gutemberg diante de uma linotipo a alinhar linhas e mais linhas num instante, diante de uma rotativa a imprimir milhares de jor nais por hora, ou então diante de uma offset a em pilhar belos impressos colo ridos. Como não se maravi lharia mesmo diante de uma simples minerva, tão pró xima do seu prelo de ma deira, mas já representan do, com o emprêgo dos novos tipos móveis, tôda uma etapa de aperfeiçoa mento do seu invento. A êle, no entanto, caberá sempre a glória de ter sido o pioneiro da arte da im pressão; a êle que ofereceu ao mundo o maior legado que a civilização poderia de sejar.
Interior de uma tipografia do século XVIII B O L E T IM D A IN D Ú S T R IA G R Á F IC A
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------------------------------------------------------------------------CLÁUDIO DE SOUZA----------------------------Que era a imprensa? Que era êsse formidável Invento? A coisa mais simples do mundo: uma prensa de ma deira na qual se colocavam tábuas também de lenho Insculpidas de um texto a ser reproduzido no papel. Mas todo o universo resul ta de um gráo, semente ou Impulso elementar. Gutemberg cortou aquelas tábuas em tljolinhos com as letras em separado. Estava criado o tipo móvel. Conseguiu Gutemberg fundi-lo depois em tipos me tálicos. Faust compreendeu, entáo, o lnterêsse negociá vel do Invento. Exigiu de Gutemberg o pagamento de sua dívida de 800 florins e como êste náo a pudesse pagar, forçou-o a entregarlhe todo o seu material, e chamou para seu sócio certo Schoeffer, que aperfeiçoou o tipo metálico. Gutemberg passou apenas a ser impressor e numa pequena oficina deu à luz a famosa Bíblia de 36 linhas. Náo podia, porém, lançar seu nome na própria obra, porque era nobre e os no bres, ainda quando famintos, estavam proibidos de figurar em assutos Industriais. Teve, entretanto, que fa zer mais dividas. E quando Faust e Schoeffer explora vam a descoberta, Gutem berg trabalhava como sim ples operário lmpressor, vi vendo em grande pobreza, que náo lhe permitia com pletar sua descoberta. Adol fo de Nassau, mais para lhe valer a condlçáo de nobre do que em homenagem a seu Invento, mandou que se B O L E T IM
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Esta è a casa onde, se gundo afirmam, Gutem berg teve instalada a sua primeira tipografia lhe servisse escassíssima pensão, quando Já se des pedia éle da vida. Três anos mais tarde, em 1468, a morte levou-o à tumba, entunlcado de trapos velhos, num regulngote sovado de fidalgo mendigo. Quase ninguém no Beu funeral. Algumas pás de terra do coveiro e fechou-se o seu túmulo.
Primitiva fundição de ti pos de metal. Xilogra vura de Jost Ammann — O funãidor de tipos
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Os passos vanguardelros da humanidade depois da descoberta da Imprensa sáo conslderàvelmente extensos. Não se poderão evitar, Ja mais, as rixas entre os ho mens singulares, os confli tos entre os grupos sociais, e a guerra entre as naçõeB. Enquanto houver homens ferverá o fermento do dissí dio das ambições. A guerra é o fenômeno lnapelável em tôda a animalidade, na ra cional como na Irracional. Pode-se, entretanto, de morar e atenuar êsse fenô meno, êsse flagelo inevitável pela fôrça do pensamento humanitário, arregimentada e alinhada nos batalhões daqueles tipos móveis de Gutemberg, e difundida em milhões de folhas de papel que como bandeiras de paz ao romper do dia ou ao cair da tarde as monumentais máquinas de imprimir ofe recem a tôdas as cons ciências. Gutemberg foi um gênio que dedicou sua vida à faina de transformar cada uma das vinte e cinco letras do alfabeto nas células de um gigantesco organismo, dan do-lhes mobilidade e facul dade de reprodução para que o cérebro humano en contrasse o veículo de seus pensamentos e a defesa de sua autonomia. Quebrando as trevas do obscurantismo Gutemberg está esculpido no caminho dos séculos nu ma estátua como a da Li berdade, com um facho sempre aceso indicando ao homem a estrada de sua emancipação. (Extrato de um discurso). P A G IN A 5
Quinhentos anos de existência da mais importante descoberta da civilização ----------------
George GERARD
Os primitivos caracteres eram de madeira e furadinhos para serem amarrados depois de formadas as linhas Não podemos deixar pas sar êste acontecimento sem fazer uma breve análise re trospectiva do prodigioso impulso que a descoberta
---------------grafia foram, realmente, os três elementos iniciais do grande e maravilhoso impul so da civilização moderna. Nós, que conhecemos a importância do jornal, não mais podemos imaginar nos sa existência sem êsse meio de aproximação entre os ho mens. E esta simples cons tatação nos faz lembrar da
nossa época, dita atômica. Malgrado a descoberta dêste meio terrível de destrui ção, que poderá acarretar a devastação de uma parte de nosso mundo, mesmo assim a nossa civilização jamais recuará, graças ao meio de divulgação e perpetuação de idéias que é a tipografia. A descoberta da tipografia situa-se entre as três des cobertas mais importantes, depois da renascença. A bússola, a pólvora e a tipo-
Antigamente os dedos ágeis não martelavam teclados. Iam direta mente às caixas e reu niam os tipos móveis nos componedores, co mo se vê na gravura.
Veio depois a Typograph. Não tem a produção das ou tras máquinas de compor. Mas é sabido que quanto à fundição das linhas, alcan çou mais perfeição
da tipografia proporcionou à nossa civilização. Graças a ela possuímos o instru mento de divulgação mais prodigioso da história. Gra ças a ela perdemos o temor de ver o esforço de múlti plas gerações desaparecer, mesmo em se tratando de
época tão louvada, mas que nos custa a acreditar tenha existido, na qual nossos avós se comunicavam por meio de longas cartas manuscri tas à guisa de jornal; quan do os monges copistas pas savam tôda a sua existência no afã de reproduzir livros em esplêndidos manuscritos,
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sado se dava a conhecer ao mundo esta maravi lha das artes gráficas — a máquina de compor. Assim se produziam ti pos em linha, donde o nome de Linotype
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cuja arte nunca será posta em dúvida, mas cujo poder de divulgação de sabedoria ou informações era mais do que restrito; quando biblio tecas eram constituídas de tijolos gravados; e quando
A Monotype produz linhas de tipos soltos, que podem depois ser distribuídos nas caixas. Compõe-se de duas partes. A que vemos acima é o teclado... sabemos que uma civiliza ção como a egípcia desapa recida completamente foi redescoberta 3 000 anos mais tarde, é que compreendemos em verdade a importância da descoberta de Gutemberg, o pai da tipografia. Graças a ela podemos viver sem ser ignorados pelos pósteros, aprender sem dificul dades, ter os acontecimen tos do mundo diante dos olhos e poder tomar conhe cimento de tôdas as desco bertas humanas. Qual é, atualmente, a mais potente arma moder na, que, ao mesmo tempo é a arma espiritual mais efi ciente? A tipografia, isto é, a arte de imprimir, que é tanto temporal como es piritual. Reflitamos e lan cemos uma vista de olhos sôbre a nossa época. Que encontramos, como mola B O L E T IM
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propulsora de nossas con quistas? Livros, livros, ainda e sempre livros. As grandes idéias, as grandes lutas, as revoluções, tudo que tem contribuído para a nossa evolução tornou-se possível, em tempo quase limitado, pelo meio de propagação que é o livro impresso. Graças a êles os pensadores, os sá bios nos transmitem meios de vida melhor e mais con fortável. É verdade que al guns se empenham também em tornar a nossa existência mais complicada, mas isto se deve a uma certa aptidão do homem para a destrui ção ... A verdade é que a tipografia permite a nosso espírito desenvolver-se cons tantemente adquirindo dia a dia novos conhecimentos. O nível intelectual cres ceu e o progresso continua
fl
•.. e esta é a fundidora da Monotype — aperfeiçoada máquina de compor em linha ascencional; as relações entre os povos se estreitaram mais, o que nos torna esperançosos de uma época, que sonhamos próxima, em que não mais existirão as barreiras da in compreensão e na qual as relações mundiais serão nor mais, humanas. E em tudo G R A F IC A
Esta xilogravura de Jost Ammann tem por motivo a fabricação de papel a mão. Foi em 1700 que se inventou a primeira máquina de pa pel contínuo isso tem e terá participação direta a invenção de Gutemberg. Cada indivíduo pode, hoje em dia, escolher, segundo suas aptidões, o que melhor convém ao seu de senvolvimento intelectual. As artes, as letras, as ciên cias, tudo está ao nosso al cance. Rendamos, pois, ho menagem a Gutemberg, cuja obra é imperecível. Pois se, neste mundo agitado em que vivemos, muitas vêzes po demos também esquecer e repousar dos problemas co muns da existência numa boa leitura, a êle devemos o livro que trazemos no bol so ou que descansa em nos sa estante, ou o jornal que nos traz as últimas notícias. O nosso cotidiano está veiculado à imprensa, pois nada pode ser divulgado sem a sua ajuda. Gutem berg, pai da imprensa, fez mais com a sua descoberta do que qualquer outro ser humano. É justo, pois, que nosso entusiasmo venha re lembrar um pouco do que sua descoberta permitiu e afirmar as esperanças que ela nos concede. P A G IN A
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Fragmentos de coluna da Bíblia de “ trinta e seis linhas” impressa por Gutemberg
füífriplmfmtupírmta*íura tjo tnfriplftttPilfttíoía üílrc noluQoOtaltgíI tllí?t ♦£ufia intíoaúrIrgutnrõfummario ftomiptíonts tfl: íntorruptío nútt à t rifcjjjeínmtto*£5ni= píftêriattatp fapínuírKDunt aúrcgtmpnpnuú-S»ítrgott* lcctamíntTtOíb?rtfcepms nrr* Fragmento do Donatus impresso por Gutemberg P A G IN A 8
CO O PERA ÇÃ O A ÊSTE BO LETIM Merece menção especial de nossa parte a cooperação que tem recebido da dire ção regional do SENAI êste órgão oficial do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo, que vem sendo impresso na Es cola de Artes Gráficas da quela instituição. Não po demos, portanto, nos furtar ao dever, que prazelrosamente cumprimos, de agra decer à direção regional do SENAI em São Paulo a co operação recebida. Queremos também aqui lembrar a boa vontade de todos os elementos que in tegram a Escola de Artes Gráficas para com esta pu blicação. Ainda agora, esta modesta edição e s p e c i a l , com que comemoramos a passagem do nosso primeiro aniversário, se tornou possí vel graças a essa boa von tade, pois colaboraram na sua feitura todos os instru tores e seus auxiliares, aos quais enviamos o nosso muito obrigado por inter médio dos srs. João F. de Arruda, nosso colaborador, responsável pela direção da escola, no melindroso encar go de administrá-la e Luiz Bernardlno, competentíssi mo lnstrutor-chefe, a quem devemos sempre a nossa boa apresentação. Ressaltando assim o con curso de todos os elementos da Escola de Artes Gráficas do SENAI de São Paulo, bem sabemos que estamos ferindo a natural modéstia désses funcionários compe tentes e coneientemente in tegrados aos seus deveres. Que nos relevem, no entan to, a Irreverência, pois só assim podemos testemu nhar publicamente o nosso aprêço pela colaboração re cebida.
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NÚMERO 24________________ SÃO PAULO. 15 DE NOVEMBRO DE 1950___________________ ANO II
Jlosso p-rlmeLro anluersário É altamente significativa para nós a data de hoje. Completa neste dia o seu primeiro ano de vida o BOLETIM DA INDÚSTRIA GRÁFICA. Todos sabem o que significa para um órgão de imprensa, embora modesto como o nosso, o seu primeiro ano de vida. É no trans correr dêle que se firma a publicação. Por isso esta data é altamente significativa para nós. IO COMPLETAR nosso pri” meiro ano de lutas — que Pois queremos crer que o BOLETIM DA IN elas existem em todos os DÚSTRIA GRÁFICA já se firmou no conceito empreendimentos — não po de seus leitores, aos quais deve grande parte demos deixar de registrar a boa vontade e cooperação de sua existência, pelo constante incentivo que que nos emprestaram a di tem recebido. retoria do Sindicato das In Quando de nosso aparecimento, dizía dústrias Grá/icas, que se desvelou em carinhos ao seu mos que nos havíamos lançado à luta com o órgão oficial, a Escola de “fito de estreitar as relações entre a família Artes Gráficas do SENAI, gráfica” , prestar nosso “modesto concurso às onde é impresso, os nossos colaboradores, leitores, in artes gráficas, ventilando assuntos de interêsdustriais gráficos que nos se para a classe, propugnando pelo seu desen enviaram suas sugestões « volvimento e, acima de tudo, trazendo nossa amigos. A todos o nosso muito palavra de fé no muito que se poderá reali obrigado. zar com a cooperação de todos aquêles que se interessam pelos nossos problemas e assuntos” . Hoje, podemos dizer que alguma coisa conseguimos. Muito pouco, é verdade, para o tamanho de nossos propósitos. Mas ainda nos sobra a vontade inquebrantável de mais realizarmos, até que possamos nos ufanar por ver completa nossa finalidade. Com isto queremos tão somente afirmar, mais uma vez, a fé que temos no muito que poderão fazer, em qualquer setor, mesmo apenas alguns poucos imbuídos de boa vontade e com a pitadinha de idealismo necessária para tôdas as realizações.
Boletim da Indústria Gráfica S. FERRAZ - Diretor Redação e Administração: Praça da Sé, 399 — 5.° Andar, Sala 508 — Fone 2-4694 — S. Paulo
_________________________________________ Publica-se quinzenalmente ____________________ Composto e Impresso na Escola de Artes Gráficas do SEN Al
A atuação da Sociedade Cooperativa Gráfica de Se guros contra Acidentes do Trabalho, a Cooperativa Gráfica, como comumente é denominada, merece maior atenção por parte de nossos industriais gráficos. É conhecido de todos os benefícios que proporcionam à sociedade as cooperativas organizadas e funcionando nas modalidades básicas se gundo as verdadeiras dire tivas dessas sociedades po pulares. Os mais adiantados países de nosso globo têm desenvolvido em seus siste mas políticos o Cooperativismo. Na Inglaterra, por exemplo, grande parte da indústria, do comércio e do povo se vale, nos mais di
guro que pagaram à Coope rativa, devolvidos a seus cofres. É ainda importante notar que o montante dos prêmios arrecadados, ou seja............ Cr$ 879 418,80, garantiu, com sobras, os riscos sôbre a res peitável soma de ............... Cr$ 49 879 143,10, soma essa que correspondeu ao mon tante dos salários e ordena dos pagos, no exercício, aos beneficiários de seus seguros pelas 116 firmas seguradas, pois justamente sôbre aquêla importância é que foram calculados os prêmios de seguros arrecadados. Como já vimos, 116 foi o número de firmas que segu raram seus trabalhadores em
nossa Cooperativa, com o propósito de defesa de seus próprios interêsses. Os destinos da Cooperati va Gráfica são confiados a uma diretoria eleita trienalmente, sendo a sua parte administrativa confiada a um gerente-técnico. O sr. José Mesa Campos há mais de catorze anos vem empre gando seu dinamismo e ex periência nesse cargo, que, aliás, ocupa desde a funda ção da Cooperativa. Para o triênio 1949-1951, foi eleita a seguinte diretoria: Presi dente, João Gonçalves (da Comp. Paulista de Papéis e Artes Gráficas); Vice-Pre sidente, Ricardo Rodrigues Moura (da Cia. Gráfica P. Sarcinelli); l.° Secretário,
versos setores de suas ati vidades, dessas instituições de caráter cooperativo entre as classes. Êstes sucintos comentá rios foram provocados pela vista do relatório de nossa Cooperativa, correspondente ao exercício de 1949. O que desde logo chama a aten ção é a percentagem do chamado Fundo de Retor no aos associados segurados, que foi, no exercício em questão, de 23,15 por cento. Como o total dos prêmios arrecadados foi de............... Cr$ 879 418,80, subiu a ......... Cr$ 202 469,70 a importância do Fundo de Retorno. Isto quer dizer que tôdas as fir mas seguradas tiveram 23,15 por cento do prêmio de se
1949. O número de associa dos, no entanto, foi de 141. Embora a linguagem elo quente das cifras acima de monstrem a invejável situa ção de prosperidade que goza a Cooperativa Gráfica, somos obrigados a um re paro : menos de um têrço dos associados de nosso Sin dicato, apenas, confiou, em 1949, seus seguros à nossa Cooperativa. Não vemos ra zão para essa abstenção, pois de ano para ano se evidenciam as vantagens oferecidas por êsse órgão anexo ao Sindicato da classe dos industriais gráficos pau listas. E é justamente por isso que chamamos a aten ção de nossos industriais gráficos para a atuação de
Nestor Ferraz Campos (da Gráfica Alpha S. A. ) ; 2.° Secretário, Álvaro Paupério (de A. Paupério & Cia. Ltda.); l.° Tesoureiro, Paulo Monteiro (de Rotschild Lou reiro & Cia. Ltda.); e 2.° Tesoureiro, Gino Martini (da Gráfica Martini). Conselho Fiscal: dr. Orlando Fausto Alcides (de Assunção Tei xeira, Ind. Gráfica S. A.), dr. Nélson Palma Travassos, (da Emprêsa Gráfica da Re vista dos Tribunais) e Pascoal Spina (de Indús trias Reunidas Irmãos Spina S. A.). Suplentes: Humber to Rebizzi (da Quimigráfica Radium Ltda.), Ludowico Carlos Hennies (de Hennies & Cia.) e Luiz De Nardi (de Irmãos De Nardi).
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JVIensagem
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Dadústrlas gráficas ao ôstado de S ã o ''pau.lo
"Aos industriais gráficos paulistas: Lembro-vos que nesta data se comemora o aniversário do "Boletim da Indústria G ráfica", que representa uma das conquistas em pról do congraçamento da classe, pelo qual temos sempre propugnado. Lembro-vos ainda que uma classe unida é uma classe forte, e para que êste Boletim, elo de amizades, cumpra essa finalidade, é preciso contar sempre com a co operação de todos os industriais gráficos. A palavra de ordem, portanto, é: fazer de vosso colega um amigo!
FRANCISCO CRUZ MALDONADO
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ágina da
ESCOLA DE ARTES GRÁFICAS DO SENA Redação de João F. de Arruda
ecálogo de
azões P O R Q U E os Industriâis Gráficos dpoidm a scold de A rtes réficõs do )E N A I
1 — É uma escola que pertence a uma organização dirigida e mantida pela própria indústria. 2 — Ela surgiu de uma necessidade da própria indústria: formação profissional de seus emprega dos menores. 3 — A indústria de hoje será maior amanhã. Seu crescimento exi girá maior número de profis sionais habilitados. 4 — As gerações se sucedem. Por isso novas gerações deverão ser preparadas para substituir os profisisonais de hoje. 5 — A formação profissional gra tuita, oferecida pelo industrial, aproxima patrão e empregado e alicerça a concórdia. 6 — Aprender Fazendo é um prin cípio de ensino. Mas só a esco la com aprendizagem racional prepara eficientemente o pro fissional em tempo reduzido. P A G IN A 12
7 — Cultura e Técnica são elemen tos equivalentes. Mas só a es cola, por um currículo de aulas teóricas e práticas, engloba êsse ensino e completa a edu cação. 8 — A ação da escola transcende o âmbito escolar. Os serviços de natureza para-escolar: assis tência médica, dentária e ali mentar são problemas de so lução social que valorizam o homem. 9 — Tôda escola é uma sociedade em miniatura. Cada aluno um elemento social. As relações entre êles educam-nos, como homens, para a vida civil, fa miliar e de trabalho. 10 — Cidadão digno, profissional competente são objetivos essen ciais da educação. No SENAI, sua escolas educam, visando sempre a valorização do ope rário como criatura humana, cidadão e trabalhador. B O L E T IM D A IN D Ü S T R IA G R A F IC A
Com unicados do Sindicato ín d ice por Ed ição , d a s M atérias P u b licad as nesta Seccão EDIÇÃO N." X Desconto no período das férias das faltas ao serviço — art. 134 da C. L. T. — Duração das férias — art. 132 da C. L. T. (incompleto) — Trabalho durante a gravidez — arts. 392 e 393 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 2 Auxilio enfermidade — instruções — Contribuição mínima aos institutos de aposentadorias e pensões (posterior mente modificadas) — instruções — Duração do trabalho da mulher e do menor — instruções — Horário de trablaho durante o aviso prévio — art. 488 da C. L. T. — Isenção de imposto de vendas e con signações de papel de jornal — lei n.° 13, ar. 18, de 22-11-47. — Pagamento de contribuições (posterior mente aumentadas) — instruções — Quadro de horário — art. 74 da C. L. T. — Relação de menores — art. 433 da C. L. T. — Rescisão de contrato de trabalho — art. 487 da C. L. T. — Suspensão do empregado — instruções. EDIÇÃO N.° 3 Anotações pelo empregador na carteira profissional — art. 29 da C. L. T. — Obtenção de nova carteira profissional — art. 21 da C. L. T. — Relação de feriados (posteriormente modificadas) — lei n.° 605, de 5-1-49. EDIÇÃO N.° 4 Repouso remunerado — comentário à apli cação do § 4.° do art. do Regulamento da lei n.° 605. EDIÇÃO N.° 5 Férias — texto da lei 816, de 9-9-49, sôbre a duração das férias. EDIÇÃO N.° 6 Igualdade de salários para as mulheres — art. 461 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 7 Recusa de anotações na carteira profis sional — arts. 36, 37, 38 e 39 da C. L. T. EDIÇÃO Ns. 8-9 Imposto Sindical dos empregados — ins truções. EDIÇÃO N.° 11 Rescisão do contrato de trabalho — arts. 487 e 488 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 12 Registro industrial — instruções. — Relação de dois terços — instruções. EDIÇÃO N.° 13 Atestado de saúde — decreto 19 391, de 2-5-50 — Feriados remunerados — lei n.° 3 857, de 30-3-50.
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EDIÇÃO N.° 14 Indenização por rescisão do contrato de trabalho — arts. 477 e 478 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 15 Justa causa para rescisão do coptrato de trabalho pelo empregador — art. 482 da C. L. T. — Justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregado — art. 483 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 16 Aborto não criminoso, repouso remunera do — art. 395 da C. L. T. — Amamentação durante o trabalho — art. 396 da C. L. T. — Anotações sôbre acidentes do trabalho — art. 30 da C. L. T. — Indenização por acidente e moléstias profissionais — letra c, art. 40 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 17 Trabalho noturno — art. 73 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 18 Suspensão e interrupção do trabalho por parte do trabalhador — arts. 471, 472, 473, 474, 475 e 476 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 19 Elevado o valor das aposentadorias e pensões — instruções — Novas taxas de contribuição aos in s-. titutos de aposentadorias e pensões — instruções. EDIÇÃO N.° 20 Alteração nos contratos de trabalho — arts. 468, 469 e 470 da C. L. T. — O que é aprendiz — art. 80, § único, da C. L. T. — O que é empregado art. 3 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 21 Cabe ao patrão fixar o horário de serviço — instruções — Concessão e época das férias — arts. 136, 137, 138 e 139 da C. L. T. — Duração do trabalho do menor — arts. 411, 412, 413 e 414 da C. L. T. — Não proibição do trabalho do menor de 14 anos —art. 403, § único, da C. L. T. EDIÇÃO N.° 22 Contribuição mínima aos institutos de aposentadorias e pensões — instruções — Duração da jornada do trabalho — arts. 58, 59, 61e 62 da C. L. T. EDIÇÃO N.° 23 Interrupção do trabalho por prestação do serviço militar obrigatório — art. 135 da C. L. T. — Não direito a férias — art. 133 da C. L. T. — Remuneração do período de férias — arts. 140 e 141 da C. L. T. — Jornalista — art. 302, § l.°, da C. L. T. — Empregador — art. 2.- da C. L. T.
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A importância do desenho e do senso artístico nas Ar tes Gráficas é fundamental. A própria definição do têrmo “ Gráfico” , a confirma: a arte de representar uma idéia ou um objeto por determinados sinais, linhas ou figuras. Todo trabalho gráfico é concebido antes em forma de uma idéia, de pois em traços indecisos em forma de croquis, ajustado, composto, concluído na for ma de uma maquete, sendo então já o modêlo do tra balho que será executado. É verdadeiramente neste mecanismo de fixação de uma idéia por sinais deter minados, e estes sinais com postos em grupos dentro de um formato, que reside a razão estética, a qual deno minamos arte. Além do va lor próprio de cada sinal, há a composição dêstes, do equilíbrio, dos contrastes entre prêto e branco, da teoria das côres; Há mesmo problemas históricos para lelos às artes puras que de vem ser considerados: ori gem, evolução das técnicas, evolução do pensamento, in fluências intelectuais e eco nômicas, estilos clássicos, conservadores, modernos, e acima de tudo, o artista em si, que mesmo obedecendo aos devidos cânones, con cebe, cria, exprimindo algo de sua própria personalidade. As artes gráficas têm sua origem direta na gravura, que foi e continua sendo um dos meios de expressão artística mais fortes que se conhecem. A própria letra, o tipo, — que é a mais per feita síntese conhecida — não deixa de ser um grava do. Os antigos usavam a pictografia mural, que eram representações simbólicas pela imagem. Após, os hie róglifos que eram sinais simbólicos,quase já a escri P Á G IN A 14
tura, seguidos pelo abecedário dos fenícios gravados sôbre pedra. A madeira ser viu na antiguidade e, após um longo declínio, renasceu na idade média prestando-se a reproduções, primeiramen te como imagens e mais tarde, com Gutemberg, à gravação de tipos. Como ilustração serviu a xilografia até há pouco mais de meio século, quando cedeu à evo lução da ciência, da meca nização. Mas, quer seja a xilografia do século XVII ou a clicheria de hoje, é sempre
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LINÓLEO E SUA APLICAÇÃO — 0. Guersoni — uma gravura, com os mes mos princípios funcionais. Pelas necessidades práti cas de produção e rapidez, a gravura artezanal não teria mais razão de existir. Mas por necessidade artística e pedagógica, ela existe e exis tirá sempre. Artística, por continuar sendo um extraor dinário meio de expressão e com possibilidades de di vulgação de obras originais, tornando-as acessíveis ao grande público, consequen temente, popularizando a grande arte. Pedagógica,
porque proporciona um real princípio de aprendizagem ao aluno gráfico. Pela gra vura funda — água forte, buril, etc. — a origem da rotogravura. Pela gravação plana — litografia — a ori gem da moderna off-set. Pela gravação em relêvo — xilografia e linóleo — a ori gem da tipografia. Propor ciona ainda ao aprendiz, um esforço contínuo de síntese de planos e linhas, sobriedade de côres e a va lorização do contraste entre o prêto e branco. Dêste contacto integral — con cepção, gravação e impressão — resulta integridade entre o ofício e a arte, entre a obrigação e o prazer. Pela facilidade de aquisi ção, preparação e gravação, a gravura em linóleo é pre ferível em relação à gravura em madeira. Naturalmente seus resultados são mais li mitados, porém, suficientes para o fim a que nos pro pomos. Jamais poderemos prescindir da clicheria e a esta deverão ser encaminha dos todos os trabalhos ha bituais, de resultados mais precisos. Trata-se de peque nos e rápidos recursos de modestas tipografias ou de exercícios artísticos que um verdadeiro gráfico teria pra zer de fazer: Um fundo chapado, uma tarja, um fri so, uma vinheta simples ou mesmo uma letra. E por que não, um desenho artístico, de tempo em tempo, para presentearmos alguém? A técnica de gravação em linóleo é simples. Havendo vários tipos de linóleos, de ve-se escolher um que seja flexível e macio. Sua aqui sição é fácil, encontrando-se retalhos a bom preço em qualquer casa do ramo. Fá cil também é a aquisição do material de gravação. Dois buris (um número 2 e outro
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número 3) e uma pequena faca, são suficientes. Uma vez feito o desenho que se deseja gravar, decalca-se ao inVerso sôbre o linóleo, por meio de um papel carbono. Feito o decalque no li nóleo, começa-se a gravar, utilizando-se no início o buril n.° 2, gravando-se sòmente os traços. A grossura dêstes traços é uma questão de maior ou de menor pressão. O buril é dirigido com os dedos indicador e polegar, e impulsionado pela polpa da mão. Para os longos traços retos, principalmente os ex teriores, pode-se utilizar a faca, apoiada numa régua de metal. O buril número 3 é empregado para retirar as grandes superfícies bran cas. Para maior firmeza, êste buril deve ser apoiado sôbre a régua. Deve-se gra var apenas o essencial *do desenho antes da primeira prova, e após esta, pode-se fazer uma análise, procurar novos efeitos, retocando esta prova com guache branco e nanquim. Ao reiniciar a gra vação do linóleo, deve-se seguir as correções e conti nuar até se dar por termi nado o trabalho. As provas podem ser feitas num “ tiraprovas” comum, num balanclm ou mesmo manualmente, entintando-se o li nóleo com tinta tipográfica por meio de um rôlo. De pois, colocando o papel sôbre o mesmo, fricciona-se com um brunidor improvisado. No caso de um trabalho em duas côres, faz-se o primei ro linóleo na côr dominan te. Tira-se uma prova bem entintada e com esta, imprime-se sôbre o segundo B O L E T IM
linóleo, evitando-se assim o decalque. Tem-se, pois, no segundo linóleo, uma re produção inversa do traba lho e, em seguida, grava-se a segunda côr com a má xima precisão. Logicamente, um linóleo para ser montado na rama, precisa ser colado sôbre um calço em madeira que te nha a altura necessária, isto é, mais ou menos 19 mm., totalizando com a es pessura do linóleo, os 63 pontos precisos. Apresentamos no encarte anexo, exemplares de tra balhos de alunos da Escola de Artes Gráficas do SENAI. Trabalhos de simples apren dizagem, mas que nos po dem dar uma idéia clara do assunto aqui tratado: técnica inicial, utilidade e possibilidades do linóleo. O trabalho mais fácil é o ne gativo, como nos demons tra a figura n.° 3. O traba lho n.° 7 já é uma procura do positivo e negativo em planos. O friso n.° 4 é sòmente em positivo, impli cando Já maiores dificulda des. Continuando nesta or dem de dificuldades, temos as iniciais ns. 2, 10 e a marca A M, n.° 5. Em se guida, o trabalho n.° 1, em duas impressões, com certa liberdade na justaposição das côres. Por último, os trabalhos ns. 6 e 8 em duas côres também, onde a justa posição é mais precisa. Cum pre notar que a maioria dêstes trabalhos são apenas exercícios, sendo que al guns representam a primei ra gravura feita pelo aluno. Esperamos com o presente artigo trazer um pouco de
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estímulo ao verdadeiro grá fico que queira, além de algum aproveitamento prá tico, entrar em contacto com a parte mais artística do ofício, ou sentir o primi tivo prazer de conceber, gra var e imprimir o seu pró prio trabalho, adquirindo com isso compreensão e amor às Artes Gráficas, qua lidades que vêm se perden do, à medida que esta mes ma arte se mecaniza e se especializa.
N. da R. — Odetto Guersoni, como disse há pouco a “ Revista Brasil Gráfico” , é um dos novos valores nacio nais no domínio das Artes Plásticas aplicadas, possuin do visão artística desenvol vida em escolas da França, onde foi aluno do prof. René Cottet, mestre de Gravura da Escola Estienne de Paris, e do prof. Henri Munsch, mestre de Desenho da Letra e Publicidade da mesma es cola. O. Guersoni tem o previlégio de se amoldar a diversas modalidades plás ticas da arte, sem que a ne nhuma delas se prenda ex clusivamente. Assim é que, além da pintura, em que se iniciou no Brasil, já produ ziu a gravura a buril, a xilogravura, a litogravura e a linogravura. Orientador de Desenho Gráfico na Es cola de Artes Gráficas do SENAI, busca sustentar todo o seu programa escolar sô bre a necessidade de compor, reduzir, sintetizar, simplifi car, fazendo de cada traço um grafismo, de cada aluno, se não um artista, pelo me nos um gráfico aperfeiçoado aos princípios do Belo e do Bom aliados ao ofício. São de sua autoria as linogravuras (gravuras em linóleo) que aparecem na primeira e na última página desta edição, em impressão direta. P Á G IN A
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CENA SERTANEJA
Lin贸leo de O. Guersoni