Sucesso no Casamento

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3ª Edição Setembro - 2011 Above Publicações Vila Velha - ES


Copyright © 2011 — Above Publicações 3ª edição ISBN — 978-85-63080-43-1

Editor Responsável Uziel de Jesus Revisão O autor Capa Melissa Roncete Diagramação Pedro Henrique Alves dos Santos Fabricio Trindade Ferreira Impresso na Gráfica Viena Todos os direitos reservados pelo autor. É proibida a reprodução parcial ou total sem a permissão escrita do autor.

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“Para onde foi o teu amado, ó mais formosa entre as mulheres? Para onde virou o teu amado, e o buscaremos contigo? Eu sou do meu amado e o meu amado é meu”. Cantares



DEDICATÓRIA A todos os cônjuges que lutam para viverem juntos até que a morte os separe. Espero que este livro contribua para que eles sejam vencedores e vivam sempre felizes.



“A fúria da natureza pode derrubar casas. Se a casa estiver bem edificada, então ela poderá resistir à tempestade. A tempestade vem e passa, a casa fica. A fúria do biopsicossocial pode destruir um casamento. Se o casal estiver preparado ou demonstrar vontade para vencer, então as crises conjugais passarão e o casamento permanecerá até que a morte os separe.”



SUMÁRIO DEDICATÓRIA 5 APRESENTAÇÃO 13 O casamento na sociedade ocidental 15 Como obter sucesso no casamento 21 2.1 Recomendações na busca do sucesso no casamento 24 2.2 Explicações sobre algumas recomendações consideradas promovedoras do sucesso no casamento 30 2.2.1 Quebrar a rotina conjugal não faz mal a ninguém 30 2.2.2 Namoro bem-sucedido, passaporte para um casamento feliz 32 2.2.3 Cônjuges juntos, vínculos fortalecidos 33 2.2.4 Viagem, passeios e atividades lúdicas são santos remédios para o casamento 33 2.2.5 Casal a sós e mais ninguém, o cônjuge vale por cem 34 2.2.6 A vida sexual conjugal deve ser cultivada com carinho 34 2.2.7 Carinho e atenção são fundamentais 35 2.2.8 Questões financeiras exercem forte influência sobre o casamento 36 2.2.9 Diálogo entre os cônjuges demonstra ser um grande solucionador de problemas 36 2.2.10 Cumprimento de papéis conjugais torna o cônjuge inesquecível e quase insubstituível 37 2.2.11 Evitar vícios 38 2.2.12 Cuidar da saúde 38 2.2.13 Cuidar da aparência 39 Insatisfação conjugal e Intolerância conjugal 41 3.1 Insatisfação conjugal 43 3.2 Intolerância conjugal 44 Entendendo semelhanças e diferenças entre homens e


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mulheres no relacionamento amoroso 51 4.1 Está ocorrendo a desvalorização do casamento? 53 4.2 Se o casamento continua valorizado, então porque o percentual de separação conjugal continua alto? 56 4.3 Quais os principais fatores promovedores da satisfação conjugal, a qual traduz o caminho do sucesso do casamento? 57 4.4 Quem deposita maior expectativa de realização de vida por meio do casamento: homens ou mulheres? 58 4.5 A quem são atribuídos com maior frequência os motivos do fracasso do relacionamento conjugal: aos homens ou às mulheres? 59 4.6 Quem são percebidos socialmente como os que mais buscam salvar o casamento: os homens ou as mulheres? 60 4.7 É verdade que os homens não querem a separação conjugal, mas se esforçam bem menos que as mulheres para salvar o casamento? 60 4.8 A pesquisa que originou esse livro conseguiu identificar quem mais deseja permanecer no casamento: o homem ou a mulher? 62 4.9 As redes sociais podem interferir e até provocar a separação conjugal? 63 4.10 Quais as redes sociais de maior influência sobre o relacionamento amoroso? 64 4.11 Quais os motivos de muitos casamentos serem bemsucedidos, mesmo estando inseridos num meio social onde a incidência de separação conjugal seja alta? 65 4.12 Se diversos casais estão expostos à mesma gama de estímulos socialmente reconhecidos como bastante ameaçadores ao relacionamento amoroso, então por que alguns cônjuges conseguem manter-se unidos? 65 4.13 Além dos sentimentos fundamentais conjugais, quais fatores podem ser considerados causas primárias de conflitos conjugais? 68 Sucesso no Casamento


4.14 Os sentimentos fundamentais conjugais e a intolerância conjugal são causas primárias tanto dos conflitos como da felicidade conjugal. Qual a grande diferença entre tais causas, quando aplicadas ao relacionamento amoroso? 70 4.15 Os sentimentos fundamentais conjugais são causas primárias da infidelidade conjugal? 72 4.16 Além dos sentimentos conjugais fundamentais e a intolerância conjugal, outros motivos podem ser considerados causas primárias dos conflitos, insatisfações e separações conjugais? 75 4.17 Considerar o cônjuge como um objeto particular, pode ser uma causa primária de problemas conjugais? 76 4.18 Em quais faixas etárias – idades – estão ocorrendo com maior freqüência separações conjugais? 79 4.19 Foram identificadas causas da maior vulnerabilidade dos cônjuges quando chegam nessas idades? 80 4.20 Em quais bodas - tempo de convivência conjugal - estão ocorrendo com maior freqüência separações conjugais? 83 4.21 Foram identificadas causas da maior vulnerabilidade dos cônjuges nesses períodos matrimoniais – bodas? 83 4.22 A crise dos sete anos de casados é mito ou verdade? 86 4.23 Quem apresenta maior intolerância conjugal: homem ou mulher? 87 4.24 Dentre os fatores citados anteriormente, quais deles podem ser considerados como exercendo maior influência sobre o relacionamento conjugal na obtenção do sucesso no casamento? 89 4.25 Qual a diferença entre intolerância conjugal e insatisfação conjugal? 90 4.26 A infidelidade conjugal é o maior responsável pelos pedidos de separações conjugais, bem como pela insatisfação conjugal? 92


4.27 A infidelidade conjugal é mais influenciada por fatores biológicos ou sociais, instinto ou oportunismo social, fatores genéticos ou culturais? 92 4.28 A infidelidade conjugal masculina é mais influenciada por fatores biológicos ou sociais? 101 4.29 A infidelidade conjugal feminina é mais influenciada por fatores biológicos ou sociais? 102 4.30 A fidelidade conjugal promove felicidade e satisfação dos cônjuges? 102 4.31 A infidelidade conjugal causa infelicidade e insatisfação dos cônjuges? 103 4.32 Os cônjuges podem ser infiéis e mesmo assim ser felizes no casamento? 103 4.33 Qual outro fator inspira cuidado pelo seu poder destruidor do bom relacionamento conjugal? 104 5.1 Fidelidade conjugal 108 5.2 Respeito 111 5.3 Qualidade da comunicação entre os cônjuges 118 5.4 Questões financeiras 123 5.5 Educação e orientação dos filhos 125 5.6 Carinho e atenção 129 5.7 Qualidade da relação sexual 133 5.8 Relação dos cônjuges com as redes sociais 137 5.9 Compatibilidade de personalidade entre os cônjuges 140 5.10 Trabalho e carreira profissional 145 Outros motivos que prejudicam o relacionamento amoroso 151 6.1 Vícios 152 6.2 Doenças 154 6.3 Processo de envelhecimento 155 É possível obter sucesso no casamento 157 Referências bibliográficas 167


APRESENTAÇÃO Estabelecer um relacionamento amoroso estável, bem-sucedido e duradouro continua sendo uma das metas principais para a maioria das pessoas. Em alguns casos, essa meta não se cumpre em sua totalidade, tampouco nos três aspectos supracitados. Alguns cônjuges vivenciam um casamento pendular, onde a felicidade se ergue de um lado e a desilusão do outro: casamento estável e malsucedido; duradouro e instável; bem-sucedido e de curta duração. Existem casos em que o casamento é instável, malsucedido e de curta duração. Quais os motivos dos conflitos conjugais? Por que o casamento idealizado nem sempre se replica na vida conjugal real? Por que inúmeras relações conjugais vivenciam com alta frequência conflitos diversos? Por que inúmeros casais experimentam desilusões, desconfianças, desrespeitos, brigas e outros sentimentos desagradáveis? Baseado nisto, este livro tentará demonstrar que é possível vivenciar um casamento bem-sucedido. Para isso, tornar-se necessário conhecer as expectativas conjugais de


cada cônjuge como indivíduo e gênero, se dispor ao sacrifício necessário para obter um casamento bem-sucedido e amar. Sim. O conhecimento, a disposição e o amor são os elementos cruciais para a estabilidade, o sucesso e a durabilidade da relação conjugal. Este livro, usando método de perguntas e respostas, tentará ajudar na compreensão dos elementos que afetam o relacionamento amoroso. As ferramentas utilizadas na tentativa de responder às perguntas elaboradas neste livro foram basicamente: Uma pesquisa realizada com duzentos e quarenta pessoas casadas ou em união estável, cento vinte de cada gênero, quanto ao impacto de cinquenta e quatro situações, consideradas ameaçadoras ao relacionamento amoroso. Análise dos dados de outras pesquisas sobre relacionamento amoroso. Comparação entre pesquisas sobre família e conjugalidade. Dados oficiais sobre família e conjugalidade do Brasil. Teorias e estudos sobre família e conjugalidade. Espero que a leitura seja agradável e interessante. Faça bom proveito das informações contidas neste livro. 14

O autor Sucesso no Casamento


O casamento na sociedade 1 ocidental


Casar e permanecer casado. Eis uma questão que em nossa época e em muitos casos tem se tornado de difícil diagnóstico e prognóstico. Interessante é que o número de união conjugal, formal ou não, continua sendo a ordem da época. A união conjugal é considerada, por muitos, como um fator de estabilidade humana e por isso, inevitavelmente chegará o momento em que emergirá a necessidade ou vontade de se unir, por amor ou outros fatores, a uma determinada pessoa. No Brasil, o número de união conjugal continua em alta. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – informam que em 1997 ocorreram 724.738 casamentos civis e em 2009 ocorreram 935.116. Mas o que motivou a edição deste livro foi o contrário: também o número de separação cresce progressivamente em nossa sociedade. Dados do IBGE informam que em 1997 ocorreram 89.635 separações judiciais mais 104.307 divórcios e em 2009 ocorreram 85.504 separações judiciais e 139.641 divórcios. O Anuário Estatístico Brasileiro, editado pelo IBGE em 1996, indica aproximadamente um divórcio para cada quatro casamentos. Outro fato interessante: após o rompimento conjugal, as pessoas buscam a reconciliação ou a construção de um novo relacionamento amoroso. Baseado nos dados estatísticos do IBGE se percebe o crescimento de recasamentos entre divorciados, bem como entre divorciados e solteiros. Comparando 2000 com 2010, 16

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subiu de 1,1% para 2,7% o número de casamento entre divorciados. Por que o número de separação cresce e o número de união conjugal permanece alto? Será que a sociedade caminha para o estabelecimento de uniões conjugais de curta duração e de permanentes construções de novos relacionamentos conjugais? Esse crescente aumento de separações conjugais é resultado da desvalorização do casamento? Quais situações e motivos podem ser considerados grandes promovedores do sucesso no casamento? Quais características encontradas nos homens e nas mulheres que contribuem para um relacionamento amoroso agradável e duradouro? Quais características dos homens e mulheres que sugerem promover um relacionamento amoroso duradouro? Existem práticas, hábitos, comportamentos que favoreçam o sucesso no casamento? O número de separações conjugais é resultado das pessoas estarem mais intolerantes aos fatores que ameUbiratan Oliveira da Silva

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acem às expectativas dos cônjuges quanto ao relacionamento conjugal? As pessoas se tornaram mais exigentes, inclusive em relação ao casamento? Qual a idade em que os cônjuges são mais suscetíveis à separação conjugal? Com quanto tempo de união conjugal – bodas - ocorre o maior número de separação conjugal? Quem é mais intolerante no relacionamento conjugal: o marido ou a esposa? Quem mais viola o acordo matrimonial: o marido ou a esposa? Quem mais entra na justiça com pedido de separação conjugal: o marido ou a esposa? Quais os motivos? Quem mais tenta salvar o casamento: o esposo ou a esposa? Quais os motivos de muitos casamentos durarem até que a morte os separe, mesmo aqueles casais inseridos num meio social onde é alta a incidência de separação conjugal?

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Porque as culturas onde predominam casamentos arranjados, os casais se separam menos e estudos realizados relatam que cônjuges desse modelo de casamento Sucesso no Casamento


manifestam grande satisfação e amor conjugal? A infidelidade conjugal masculina pode ser considerada uma predisposição biológica ou determinada por fatores sociais, instinto masculino ou oportunismo social, fatores genéticos ou culturais? E a violência doméstica? Quem mais deposita expectativa de realização de vida por meio do casamento: homens ou mulheres? Quem motiva com maior frequência os conflitos conjugais: o marido ou a esposa? Por que as causas básicas e primárias da separação conjugal geralmente não aparecem no discurso dos que entram com pedido judicial de separação conjugal? Quando surgem os conflitos conjugais, quem mais pensa nas conseqüências para os filhos: o marido ou a esposa? Quem mais se arrepende depois que decide se separar do cônjuge: o marido ou a mulher? Fidelidade conjugal promove felicidade dos cônjuges? A interferência dos fatores sociais incomoda mais ao marido ou a esposa? Ubiratan Oliveira da Silva

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Quais situações ou condições promovem maior satisfação conjugal? Ocorre uma significativa mudança nas pessoas depois que passa da condição de namorado para cônjuge? Quais situações provocam maior número de separação conjugal? Infidelidade conjugal provoca infelicidade dos cônjuges? Por que muitos só conhecem de fato quem escolheu para cônjuge, depois que passam a dividir o mesmo teto com esse? Espero que essas e outras perguntas possam encontrar o caminho para respostas através deste livro.

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Como obter sucesso no 2 casamento


“Sonha-se com casamento na semelhança de alguns filmes românticos com final feliz. Tanto o casamento como os filmes permanecerão, ainda que um nunca seja a imagem perfeita do outro.” As pessoas estabelecem um relacionamento amoroso por inúmeros motivos, dentre eles, a busca de satisfação e felicidade. Os implicados no relacionamento amoroso esperam que muitos objetivos pessoais se realizem por meio desse relacionamento e em alguns casos as chances de frustração, desilusão e diversos conflitos com o parceiro amoroso são grandes. Interessante como as expectativas das pessoas quanto ao casamento são grandes e em poucos projetos de vida as pessoas depositam tanta confiança. Logo, é de se esperar que as desilusões e os desapontamentos, no casamento, sejam numerosos. As pessoas ao ingressarem no mercado de trabalho já esperam concorrência, cobranças, rigor disciplinar por erros graves, cortes e outros problemas tão impactantes.

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No entanto as pessoas cobram menos de si e dos outros colegas de trabalho, quando comparado às cobranças feitas ao cônjuge. Alguém poderá perguntar sobre essa hipótese da seguinte forma: O casamento é um projeto de vida de maior expectativa que o emprego? Acredita-se que, em muitos casos, não. Pesquisas demonstram que o trabalho Sucesso no Casamento


para alguns homens e mulheres já se tornou mais valorizado do que o casamento, embora os filhos continuem mais importantes. No entanto a intolerância conjugal continua bem maior do que a intolerância laboral. Diante de tantas oportunidades de respostas a essa questão, uma sobressai: as pessoas concebem expectativas idealistas quanto ao casamento maiores do que qualquer outra área da vida humana e como a relação conjugal é regida também por leis, do âmbito real, tão rigorosas como as mais clássicas leis que regem inúmeros ambientes da vida, a relação amorosa acaba por gerar desilusões, pois, via de regra, sempre haverá um descompasso entre o ideal e o real. Já no emprego ou trabalho, as pessoas ingressam neles “pisando mais firme no chão”, logo menor será a desilusão. Não existe casamento nota dez, se isso não for construído pelos cônjuges. O casamento nota dez não se consegue quando se busca no cônjuge satisfação plena. Primeiro passo para um casamento dar certo é perceber a impossibilidade de ele ser nota dez em virtude de casais não serem iguais, mas no mínimo similares e a complementaridade entre os cônjuges ser regra e não exceção. O casamento tende ser nota dez quando no mínimo dois requisitos se cumprirem: a busca de atender plenamente o cônjuge e o reconhecimento de quais expectativas dele, serem inviáveis de atender em um determinado momento. Segue algumas recomendações na busca do sucesso no casamento: Ubiratan Oliveira da Silva

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2.1 Recomendações na busca do sucesso no casamento Fugir da rotina de vez em quando é uma forma de renovação do relacionamento conjugal. A busca incessante dos cônjuges estarem juntos é fundamental para o fortalecimento dos vínculos conjugais. De vez em quando sem a presença de parentes, filhos e amigos. Viagem é um santo remédio. Precisa dizer que fazer sexo é bom para o casal? Quando você terminar de ler este livro, entenderá que é preciso dizer isso, sim. A qualidade é mais importante que a quantidade, em certo limite, pois freqüência baixa de relação sexual do casal, não será compensada pela qualidade dessa relação. Se for possível associar qualidade e quantidade, melhor. Carinho, palavras selecionadas a dedo, presentes, novidades e respeito. Se um casamento onde tais coisas abundem não der certo, dificilmente um ou ambos os cônjuges vão ser felizes juntos ou restabelecendo outro relacionamento conjugal. O relacionamento amoroso enquanto namorados 24

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deve permanecer depois de casados, desde que o namoro tenha sido maravilhoso. Dificilmente casais que mantém um relacionamento na semelhança da época de namorados se separarão. A mudança comportamental drástica de namorado para casado é uma das causas de muita insatisfação conjugal. Ingresse no casamento “pisando firme no chão”, ou seja, conhecendo melhor “o solo em que está se pisando”. Isso ajuda a se ter expectativas conjugais mais próximas do real. Isso previne numerosas desilusões e frustrações. A divisão, colaboração ou participação conjunta nas tarefas domiciliares é uma forma de respeito, compreensão, amor, companheirismo, etc. Se por outros motivos o relacionamento conjugal acabar, acredita-se que jamais se esquecerá de um ex-cônjuge com esse perfil. E como será difícil achar um substituto! Não acorde de modo abrupto o cônjuge que estiver sonhando. Deixe-o sonhar, ainda que em determinado momento ele acorde e perceba que, naquele momento tal sonho não pode se tornar realidade: “Quero mudar as mobílias do quarto.” – responda então ao cônjuge: “Que ótima idéia! É uma pena que no momento não temos dinheiro. Mas um dia, meu bem, conseguiremos.” É melhor do que responder: “Você não percebe – seu ou sua... – palavrão! que o dinheiro não está dando nem para comer!” Ubiratan Oliveira da Silva

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Cada cônjuge deve evitar atitudes e comportamentos que sejam inaceitáveis pelo parceiro conjugal. Cuidar das finanças é semelhante a afastar a faísca do combustível. Muitos problemas conjugais nos países capitalistas começam pelas questões financeiras. Cuidar das finanças é uma demonstração de maturidade e as pessoas maduras manifestam maior capacidade de lidar com problemas. O modelo conjugal seguido pelos pais nem sempre é adequado para os filhos que se casam. Em muitos casos isso é uma fonte de conflitos conjugais. Lembrem-se de que os pais são de uma geração diferente dos filhos, logo esses, se querem seguir o modelo conjugal dos pais, devem fazer com ressalva. O diálogo é uma forma de lidar com os problemas de vida, duma forma bem civilizada e pouco agressiva. Persigam o diálogo até esgotar todas as divergências de opiniões. O diálogo entre os cônjuges previne problemas de dificuldade financeira, falta de carinho e atenção, divergência na criação dos filhos e conflitos com as redes sociais. Até declarações no momento de fazer amor faz com que a relação sexual seja bem mais prazerosa. Dificilmente alguém se separará do cônjuge que seja aberto ao diálogo. A agressão física é uma prova de que ainda não se 26

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é civilizado o suficiente para se conviver nas redes sociais das sociedades complexas. Também é uma prova de falta de respeito pelo cônjuge, bem como uma grande covardia, quando o cônjuge passa a ser usado como forma de descarregar no alvo errado a raiva e o desprazer vivenciado. Dados estatísticos mostram que no Brasil a incidência de separações conjugais ocorre com maior freqüência nos primeiros anos de casamento e os cônjuges na faixa etária entre 30 a 45 anos. Cuidado com a faixa etária entre 38 a 43 anos, pois vem ocorrendo muitas separações de ambos os gêneros nessa faixa etária. É melhor prevenir do que remediar. Uma das formas de prevenção é consultar um terapeuta de família. Estudos realizados sugerem que o número de separações conjugais vai aumentando a partir 3º ano da união conjugal e atinge o pico no 7º ano e a partir daí começa a declinar. Muitos meios sociais ditam o mito da “crise conjugal dos sete anos”. Se esses números são válidos cientificamente, então nessas fases os casais devem redobrar o cuidado quanto ao relacionamento conjugal. Muitas pessoas gostam e sentem necessidade de terapia conjugal, mas quando pensam no quanto irão desembolsar no pagamento terapêutico, elas acabam desistindo. Qual o mais oneroso: o valor pago numa terapia de família ou pensão alimentícia para o ex-cônjuge? Ubiratan Oliveira da Silva

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Com o aumento das separações dos casais mais velhos, vem ocorrendo o aumento da média estatística da ocorrência de divórcio em determinado tempo de casado - boda: em 1998 era de 10,3 anos de casados e em 2008 passou para 11,5 anos. A idade média estatística em que os cônjuges estão se separando judicialmente: 32 anos os homens e 29 anos as mulheres. Descubra antes que seja tarde demais, enquanto namorados ou noivos se existe incompatibilidade de personalidade. Do contrário, após o enlace matrimonial, poderá experimentar uma convivência infeliz. O egoísmo é um dos elementos mais nocivos na relação sexual e conjugal. A vida a dois pode ser divida em três partes: os objetivos do marido, os objetivos da esposa e os objetivos comuns aos dois. Os direitos são iguais entre os gêneros, mas existem diferenças, ainda que sutis. Portanto ao se levar em conta algumas diferenças, mesmo que elas existam apenas no âmbito anatômico, isso ajuda na compreensão do outro, permitindo assim a empatia, a qual é um das virtudes fundamentais para uma harmoniosa convivência. Participar de cultos religiosos tem sido para algumas pessoas um santo remédio para a estabilidade conjugal. 28

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As palavras ditas são como penas jogadas do cume de uma montanha. Difícil será recolher todas as penas jogadas. Portanto cuidado com as palavras ditas ao cônjuge. Elogie o cônjuge pelas evidências objetivas: bem vestido, beleza, cheiro, arrumação, etc. O elogio nessas condições serve como reforçador de hábitos considerados bons. Pôr limite, pôr limite e pôr limite. No mínimo inúmeros problemas vocês ficarão livres. Nostalgia. Juntos vejam fotos, lembrem-se de momentos agradáveis juntos. Amor, amor e amor. O amor vence tudo, pois o amor é divino.

Ubiratan Oliveira da Silva

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2.2 Explicações sobre algumas recomendações consideradas promovedoras do sucesso no casamento Segue explicações aos argumentos quanto às recomendações citadas no tópico anterior para o sucesso no casamento

2.2.1 Quebrar a rotina conjugal não faz mal a ninguém Algumas atividades quando “cai na rotina”, as pessoas reclamam, buscam mudanças ou tentam abandoná-las e o casamento não foge a essa regra. A tentativa, com o objetivo de evitar que o casamento se torne monótono, deve ser perseguida por todos os que almejam sucesso no casamento. Algumas atividades têm poder de evitar que o casamento fique diariamente apenas no “feijão com arroz”: viagem, lazer, jantar, festas, etc. Se o casamento não “sai da rotina”, num determinado momento um cônjuge irá reclamar. Continuar na rotina conjugal pode até não provocar separação conjugal, todavia será uma fonte de insatisfação e enfado do cônjuge. Pior se os cônjuges, antes do casamento, tinham uma vida repleta de atividades prazerosas. Nesses casos os cônjuges 30

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tendem a uma insatisfação e enfado bem maior. E como alguns sonham com uma freqüente quebra da rotina conjugal, com o objetivo de desfrutar um relacionamento amoroso feliz! Saiam da mesmice, da rotina, do “feijão com arroz” e da monotonia. Quebrem a rotina. Se não podem quebrá-la com alta freqüência, ao menos uma vez por mês, dentro das condições do casal. Alguns gostam de vivenciar novas emoções com o cônjuge e dão testemunho de que isso tem sido salutar para a relação conjugal. A quebra da rotina conjugal faz bem a saúde, pois se evita o vício. Isso foi constatado pela psicologia cognitiva. Claro que a quebra da rotina só é vantajosa quando o alvo seja coisas que promovam saúde física e psíquica, bem-estar social, crescimento pessoal e social. A rotina pode ser considerada um vício? Não, todavia ambos compartilham de certas características a exemplo da repetição e compulsão. Quando se “cai na rotina”, dificilmente é despertado o interesse de sair dela, sendo uma das mudanças mais difícil de ocorrer e no caso do casamento a rotina afeta a felicidade e satisfação conjugal. É possível se evitar que a vida conjugal caia na rotina? Na fase do namoro e noivado a dinâmica do relacionamento geralmente é repleta de novidades e inovações - um dia cinema, outro jantar – para se Ubiratan Oliveira da Silva

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evitar “cai na rotina”. Após casados com o intuito de se evitar a monotonia conjugal deve lutar para não “entrar na rotina”, ou seja, tentar manter o interesse em novidades e inovações para a vida conjugal. Isso dentro dos limites que a realidade permite, pois infelizmente há casos, que faltam recursos de diversas ordens, tornando-se inevitável o ingresso na mesmice conjugal. Quem já começou um relacionamento amoroso já “na rotina” tem dificuldade de inverter a situação, embora seja importante a tentativa de “sair da rotina” na busca de um maior sucesso no relacionamento amoroso. Não confunda rotina inerente à vida conjugal - trabalhar, cuidar da casa e de filhos - com uma vida conjugal resumida a atividades repetitivas: trabalhar, jantar, ter relação sexual, dormir e iniciar esse ciclo novamente. A rotina familiar é uma obrigatoriedade que, geralmente, não traz felicidade, mas evita a infelicidade. “Sair da rotina” de vez em quando gera felicidade e desperta novos interesses conjugais.

2.2.2 Namoro bem-sucedido, passaporte para um casamento feliz Geralmente o namoro é agradável pela diversidade de programas feitos a dois: beijos, passeios, troca de afeto, 32

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jantar, etc. Isso produz a idéia nos implicados no relacionamento amoroso, enquanto namorados, de que o casamento será uma extensão do namoro e em muitos casos o casamento e namoro se assemelham muito. Quando o casamento não herda algumas das características de um namoro bem-sucedido, acaba por gerar desilusões, desapontamento e até arrependimento. Na prática, as pessoas vão se conscientizando que contingências podem inviabilizar um casamento segundo as expectativas dos cônjuges, podendo provocar adaptação ou dificuldade de adaptação, satisfação ou insatisfação, tolerância ou intolerância. É natural a tendência em existir um descompasso entre o casamento idealizado e o real. Os cônjuges devem tomar consciência disso.

2.2.3 Cônjuges juntos, vínculos fortalecidos Viajando, trabalhando, desempenhando papéis familiares, passeando e cuidando dos filhos juntos contribuem para o fortalecimento dos vínculos conjugais.

2.2.4 Viagem, passeios e atividades lúdicas são santos remédios para o casamento Quando se ausenta das obrigações laborais, via férias e aproveita para se divertir, além dos inúmeros benefícios Ubiratan Oliveira da Silva

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reconhecidos por muitos, também ajuda a derrubar mágoas e aborrecimentos que ocorrem em muitos convívios sociais a exemplo do casamento.

2.2.5 Casal a sós e mais ninguém, o cônjuge vale por cem Os cônjuges devem buscar momentos a sós. Tais momentos não devem se restringir ao momento de relação sexual conjugal, mas também para realizar a sós passeios, viagens, etc.

2.2.6 A vida sexual conjugal deve ser cultivada com carinho A relação sexual no casamento é fundamental, por ser um dos objetivos desse tipo de aliança social e transcende a necessidade da perpetuação da espécie, diferindo assim de muitos membros do reino animal. No caso dos seres humanos, os golfinhos e alguns outros animais a relação sexual exerce outros papéis: recreação, etc. A ovulação da mulher é quase imperceptível, sugerindo a importância da relação sexual dos humanos para outros fins: família e sociedade.

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Estudos demonstram que a relação sexual no âmbito conjugal fortalece os vínculos afetivos conjugais. Estudos diversos indicam numerosos benefícios oriundos da relação sexual. Sucesso no Casamento


A qualidade da relação sexual vem sendo mais valorizada que a quantidade. Estudos indicam que a quantidade é tão importante que a qualidade para o casamento. A qualidade fomenta o prazer, a quantidade o vínculo. Entretanto a relação sexual não pode ser egoísta, unilateral e a freqüência das relações sexuais deve respeitar as contingências.

2.2.7 Carinho e atenção são fundamentais Alguns protestam quando são cobrados pela falta de carinho e atenção prestada ao cônjuge. Acham que o cônjuge está sendo ingrato, em função de eles cumprirem o papel de provedores e cuidadores: “De que reclama, se eu não deixo faltar nada em casa para você e os filhos!” ou “Eu lhe dou dinheiro para você comprar o que quiser e ainda você reclama!”. Tais pessoas não entendem que o ser humano necessita de coisas superiores ao sustento e moradia. O ser humano é superior ao animal e o que legitima tal superioridade é a busca de estima, estabelecimento de relações sociais e auto-realização. O cônjuge que reclama de quem cobra o “algo a mais” está demonstrando que precisa aprender mais sobre os seres humanos. Comida e moradia servem para sobrevivência. Recreação e auto-realização servem para viver com felicidade. Falta de carinho é uma demonstração de falta de calor humano e amor. Em alguns casos, tais pessoas atestam Ubiratan Oliveira da Silva

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serem pouco civilizadas. O cônjuge não é um animal que precisa de comida e abrigo. Tampouco é um objeto sexual. O cônjuge é um ser repleto de sentimentos e pensamentos que esperam satisfação e realização. Onde abunda carinho e atenção, as demais faltas e adversidades são superadas com maior facilidade e os desafios são encarados como desafios a serem vencidos.

2.2.8 Questões financeiras exercem forte influência sobre o casamento Pesquisas apontam para a dificuldade financeira como um desestabilizador do casamento. As pessoas que demonstram maturidade sugerem lidar melhor com o orçamento familiar. A falta de consenso onde serão aplicados os recursos, o egoísmo e a falta de planejamento econômico familiar motivam inúmeros problemas conjugais.

2.2.9 Diálogo entre os cônjuges demonstra ser um grande solucionador de problemas A qualidade de comunicação é fundamental para o bom funcionamento de qualquer rede social. Também é um indicador de maturidade. Inúmeros problemas são resolvidos ou encontram o caminho da solução através do diálogo. De preferência, adquiram hábito de dialogar. Um tema não pode faltar nessa conversa a dois: palavras ro36

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mânticas, troca de elogios e declarações amorosas. Façam isso de modo espontâneo.

2.2.10 Cumprimento de papéis conjugais torna o cônjuge inesquecível e quase insubstituível Redes sociais pressupõem papéis sociais atribuídos aos atores sociais. Em muitos casos, papéis sociais são estereotipados, reforçados pela representação social das classes constituintes da sociedade a exemplo de homens sendo provedores e mulheres rainha do lar. Os papéis sociais passam por freqüentes modificações quanto à responsabilidade em função das mudanças que ocorrem na sociedade. No século XXI, cada vez mais é cobrada a participação masculina na realização de atividades familiares, embora continue predominando a representação da mulher como responsável pelas tarefas domésticas, mesmo aquelas que trabalham fora, configurando o que se designou de dupla jornada feminina. Diversas esposas gostam quando o marido compartilha dos papéis conjugais. A recíproca é verdadeira. Com certeza, os cônjuges farão muitas atividades familiares em conjunto ou segregado. Se a participação masculina em algumas tarefas domiciliares for considerada como feminizada por ele ou pelo meio social em que se encontra inUbiratan Oliveira da Silva

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serido, então deve se tentar pelo convencimento fazê-lo entender do contrário ou resolver tal questão por outros meios.

2.2.11 Evitar vícios Vícios não afetam apenas os viciados. Da família à sociedade, todos sofrem as consequências dos vícios. O cônjuge e os filhos são afetados e sofrem juntos com o viciado. Mesmo as drogas menos destrutivas, sempre geram prejuízos. Não se deve esperar que o cônjuge passe de usuário aceito socialmente para viciado em processo de marginalização. É necessário cortar o mal pela raiz, pois as drogas são tão destrutivas ao casamento quanto à infidelidade conjugal, embora a dependência química gere uma dor menos aguda

2.2.12 Cuidar da saúde De repente um casal tão feliz e bonito, passa a vivenciar problemas de saúde de um ou ambos os cônjuges: diabete, hipertensão, etc. O amor permite que o casamento permaneça até que a morte os separe. A prevenção é um santo remédio para que o casal envelheça com uma boa qualidade de vida. 38

Sucesso no Casamento


2.2.13 Cuidar da aparência Os cônjuges não devem ficar deprimidos com o avanço da idade. Mudanças físicas e mentais podem ser adiadas, mas dificilmente interrompidas, por serem inevitáveis. Pelo menos, mesmo os casais de poucos recursos, devem procurar manter a aparência compatível com a idade. A cobrança mútua dos cônjuges, bem como a fiscalização sadia, ajuda a não se descuidar desse item tão importante Existem inúmeras coisas a serem feitas para se obter sucesso no casamento. Este livro prosseguirá a abordagem desse assunto.

Ubiratan Oliveira da Silva

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