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Clovis Balbute Peres
ABRACICON - Você tomou posse, no dia 15 de março de 2016, em Brasília, como membro da Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon), passando a ocupar a cátedra 80, cujo patrono é Werno Herckert. O que significa, para você, ser membro da Abracicon?
Clovis Balbute Peres - Tenho atuado na valorização da classe contábil por diversos meios. Junto aos universitários, criei um programa de formação e prática contábil e fiscal (NAF) que se tornou internacional. Junto aos Contadores, tenho procurado criar uma ponte entre os profissionais e o fisco federal, ouvindo e atuando em diferentes frentes, em especial no Sistema Público de Escrituração Digital (SPED).
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Nesse contexto, a minha entrada para a Academia Brasileira de Ciências Contábeis foi, a um tempo, motivo de alegria e orgulho. Alegria por ter o trabalho de valorização dos Contadores, que venho desempenhando por meio de medidas concretas, reconhecido. Orgulho por poder compartilhar espaço e conhecimentos com um grupo tão seleto de acadêmicos. Orgulho de poder substituir o professor Werno Herckert em sua cátedra de número 80. O Dr. Werno Herckert foi um brilhante Contador gaúcho que atuou nas áreas da Contabilidade
Ambiental e do Neopatrimonialismo dentre outras. Sentar à sua cátedra, como membro da Abracicon, me lembra da responsabilidade de fazer avançar seu legado e o conhecimento da Contabilidade.
ABRACICON - Qual a sua opinião sobre a importância da Academia de Ciências Contábeis para o fortalecimento dessa ciência no Brasil?
Clovis Balbute Peres - Não há verdadeira ciência em um pais sem a presença de uma academia forte, pois é ela que congrega e dirige os olhares dos que praticam a atividade cientifica.
A Academia é ímpar na persecução desse mister: avançar no conhecimento Contábil científico. Discutir as novas ideias: impactos das IFRS, inovações na educação, implantação de novas tecnologias, busca e aperfeiçoamento de teorias contábeis, etc.
Se a labuta do dia a dia dos contadores fornece os insumos práticos, é na labuta acadêmica que novas ideias são confrontadas e testadas. É assim em todas as ciências, inclusive na Contabilidade.
ABRACICON - Como chefe da Divisão de Escrituração Digital da Receita Federal, unidade que supervisiona o Sistema Público de Público de Escrituração Digital (Sped), qual a sua avaliação sobre os avanços e o desenvolvimento da contabilidade brasileira? Em que medida o Sped está contribuindo para isso? Os países mais desenvolvidos utilizam sistemas como o Sped?
Clovis Balbute Peres - O Sped tem sido fundamental na valorização da Contabilidade no Brasil. Ele é hoje mais do que um projeto da Receita Federal: é uma instituição da sociedade. Ele não é apenas a tradução das antigas obrigações contábeis e fiscais em meio digital. O SPED é um instrumento de busca de simplificação e uniformização da prestação de informações, por isso mesmo confundese em grande medida com o que a própria ciência contábil anseia.
Não é um projeto acabado. É uma ideia que vem sendo aperfeiçoada desde 2007, com a ativa participação da classe contábil, através dos conselhos, da academia, das empresas, das empresas de software Contábil etc. O fato é que por sua natureza harmonizadora e integradora das diversas áreas da empresa, o Sped ajudou a elevar o contador para os níveis mais estratégicos de decisão. Através do Sped ele não mais atua apenas na área Contábil ou de auditoria. Junto com o Sped, fortaleceu-se nas áreas de tributos, na gestão de pessoas e na área de TI, além de participar ativamente de decisões e processos estratégicos.
ABRACICON - Qual a relevância do trabalho realizado pelos profissionais da contabilidade, no âmbito do setor público, quanto à transparência e ao controle das contas públicas?
Clovis Balbute Peres - Total. A contabilidade como ciência da informação da entidade, seja ela pública ou privada, é essencial para que essa informação seja tornada transparente. Como falar em controle e transparência sem contabilidade? A digitalização e o mapeamento de processosmuitos alavancados pelo Sped - são fundamentais. Mas é importante também ressaltar iniciativas de controle social tais como os observatórios sociais que muito tem contribuído para o avanço do controle e da transparência.
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ABRACICON - Qual a sua opinião sobre o nível de conhecimento, principalmente quanto à tecnologia, dos profissionais da área que estão hoje no mercado de trabalho? Como é possível melhorar?
Clovis Balbute Peres - Infelizmente, ainda precisamos avançar em muito. Se temos profissionais liderando times com alto expertise em grandes empresas, temos um gap de formação muito grande no universitário que inicia na Carreira Contábil. Ele quase não tem acesso aos meios informatizados mais avançados na graduação e muitos estacionam no tempo após o fim do curso.
É uma realidade na qual a academia tem um papel importantíssimo e no qual espero poder ajudar ativamente.
ABRACICON - Você gostaria de destacar mais alguma coisa?
Clovis Balbute Peres - Algo que não se pode deixar de mencionar é o papel que ainda podemos avançar na educação contábil. Precisamos avançar fortemente no fortalecimento da formação dos futuros contadores. Os conhecimentos e praticas avançam muito rapidamente, aumentando o gap de formação dos egressos dos cursos de ciências contábeis. Há que se atuar fortemente pra reduzir esse gap e a Academia tem um papel fundamental aqui, mas todos devem cooperar: Conselhos, fiscos, universidades. Os NAF são um experimento bem sucedido nessa direção. Já avançamos e muito, mas muito ainda se pode avançar.