Conjuntura Econômica do Setor de Alimentação Fora do Lar
Pesquisa Periodicidade: Pesquisa realizada trimestralmente, sendo: 1ª rodada: Analisou o 4º trimestre de 2014 em relação ao 3º trimestre do mesmo ano. As respostas foram coletadas entre 15/02 e 15/03 e 500 empresários em todo o Brasil participaram. 2ª rodada: Analisou o 1º trimestre de 2015 em relação ao 4º trimestre de 2014. As respostas foram coletadas na primeira quinzena de maio e 697 empresários em todo o Brasil participaram. 3ª rodada: Analisou o 2º trimestre de 2015 em relação ao 1º trimestre de 2015. As respostas foram coletadas em julho e 524 empresários em todo o Brasil participaram. Introdução Dentro deste ambiente de incerteza econômica que o país está vivendo o setor da alimentação fora do lar, é hoje um setor pujante que faturou em 2014, 140 bilhões de reais. Na média 31% do orçamento doméstico com alimentação é gasto com alimentação fora do lar, embora a média nacional nem sempre reflita a realidade de grupos. Temos distinções importantes de regiões e algumas ligadas inclusive as classes sociais. Como exemplo: do total gasto com alimentação, na “Classe A” a alimentação fora de casa representa metade (1/2) do gasto, na “Classe B” representa um terço (1/3), na “Classe C” um quarto (1/4), nas “Classes D/E” um quinto (1/5). Esta mesma variação de números acontece quando se analisa o gasto anual per capita. O gasto anual per capita com AFL das “Classes A e B” está na casa dos 4600 reais, quando praticamente estes números caem próximo de zero nas “Classes D e E”. Na “Classe C”, o gasto está na casa dos 1000 reais.
Faturamento: O segundo trimestre foi marcado pelo espalhamento geográfico da crise. O Nordeste que até o 1º trimestre foi poupado juntou-se às demais regiões e apresentou uma queda de -7,53%. Outra dinâmica importante do atual momento econômico faz com que, independente de regiões geográficas, encontremos grupos em situações muito diferentes. Enquanto os estabelecimentos com tíquete por cliente na faixa de 30 a 70 reais apresenta queda de faturamento de até 30%, os com tíquetes abaixo de 15 reais chegam a faturar até 15% a mais. A grande diferença de comportamento do cliente do setor em relação a crise que marcou a virada do 1º mandado de FHC para o segundo é que àquela época os clientes evitaram frequentar bares e restaurantes. A fuga dos restaurantes pelo consumidor foi possível porque ainda era grande a parcela que frequentava o setor por lazer. Nos dias de hoje, o setor se incorpora de tal forma aos hábitos e necessidades do consumidor que este, ao reagir à crise, não deixa de frequentar, mas reduz os seus gastos por refeição. O aumento de renda, a maior presença da mulher no mercado de trabalho e encarecimento dos custos de se manter uma empregada doméstica fizeram que consumidor enfrentasse a crise buscando opções mais acessíveis nos bares restaurantes, como por exemplo, cortando bebidas, sobremesas e escolhendo pratos restaurantes mais baratos, mas mantendo a frequência. Comportamento das vendas por faixa de tíquete médio por cliente Tíquete
Valor (R$) > 70 30 a 70 20 a 30 < 20
Variação (%) Estável Queda de até 30% Estável Crescendo de 5 a 15%
o o e e
Quadro de pessoal A estabilidade no quadro de pessoal apontada por 50% das empresas não foi suficiente para conter a queda do emprego que cai mais 4,64% no 2º trimestre, acumulando uma queda de 9% sobre o último trimestre de 2014.
Ticket médio Observou-se que o ticket médio manteve uma tendência de leve queda nominal. Mesmo com o cliente buscando preços mais baixos, os estabelecimentos não têm conseguido reduzi-los por pressão de custo, o que leva os estabelecimentos com tíquetes mais elevados a perderem clientes para aqueles com preços mais acessíveis.
Rentabilidade O esforço em não repassar para os preços os aumentos de custos associado a perda de clientes nos restaurantes com tíquetes médios mais elevados, fez que um número recorde de 1 em cada 4 estabelecimentos estejam operando com prejuízos.
Investimentos Para enfrentar o desafio de conter os repasses de custos aos clientes para manter a clientela, o setor de alimentação fora do lar permanece investindo. Nos períodos avaliados ( 1º e 2º trimestres de 2015), 1 em cada 2 empresários declararam realizar investimentos nos negócios. Este esforço por produzir mais com menos mão de obra fez com que 85% dos investimentos fossem alocados em compras de equipamentos e softwares (55%) e em qualificação/treinamento (30%).
Reclamações trabalhistas Quatro em cada 10 entrevistados tiveram pelo menos uma reclamação trabalhista em ambos os períodos analisados, número que permaneceu estável. Porém, ao observarmos as ações por valor pago ao trabalhador vimos que o percentual de ações com valor superior a R$ 15 mil mais do que dobra do primeiro para o segundo trimestre de 2015, de 4% para 9%. Este dado sugere que as posições de chefia, que representam a mão de obra mais qualificada e que as empresas se empenham mais em preservar, entraram na lista dos demitidos.
Previsões Quadro de Pessoal O pessimismo em relação ao quadro de pessoal foi uma característica comum dos dois períodos analisados. Mas é possível observar que esse sentimento vem perdendo força neste segundo trimestre, pois houve um aumento significativo no número de empresas que estimam fechar o ano com um quadro de pessoal maior, de 7% para 15%. Uma possível explicação para isto seria o fato de que àquelas empresas com tíquete médio menor e que estão recebendo os clientes dos estabelecimentos com o tíquete na faixa de 30 a 70, já estejam considerando aumentar o seu quadro. Outra possibilidade é que boa parte das demissões não represente uma decisão de redução permanente de quadro e sim a busca por trocar a mão de obra mais cara por uma mais barata.
Ambiente de Negócios e visão do próprio negócio A primeira rodada da pesquisa quis conhecer a expectativa das empresas para 2015 em relação à 2014 e apenas 5% acreditava num ano melhor. Nesta pesquisa buscamos conhecer a expectativa para o segundo semestre de 2015 em comparação ao primeiro e surpreendentemente 4 em cada 10 empresários estão esperando um semestre melhor. Se não podemos falar em otimismo, uma vez que 45% acham que será pior, podemos dizer que já temos um bom número de empresas enxergando a luz no final da crise.