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NOTÍCIAS ABRASEL O
S E T O R D O
D E A L I M E N T A Ç Ã O L A R E M R E V I S T A
F O R A
Abrasel RS | Setembro 2015 | www.rs.abrasel.com.br | Twitter: @AbraselRS | Facebook: abraselrs Telefone: 51.30129922
COMPRE DO PEQUENO: SETOR DE ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR MOBILIZADO NA CAMPANHA
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Campanha, que já está em andamento, tem sua data simbólica em 5 de outubro
em aí um movimento inédito de incentivo ao consumo em micro e pequenas empresas. A Abrasel está junto com o Sebrae no “Compre do Pequeno Negócio”, campanha que desde já mobiliza pessoas em todo o Brasil para, no dia 5 de outubro, adquirirem produtos ou serviços em empreendimentos com este caráter. O objetivo é sensibilizar a sociedade para a importância das micro e pequenas empresas não somente na economia, mas também no desenvolvimento das comunidades e na qualidade de vida. As micro e pequenas empresas geram 52% dos empregos formais no país e respondem por 27% do PIB. O setor de alimentação fora do lar, composto majoritariamente por empreendimentos enquadrados nestes portes, é responsável por mais de seis milhões de postos de trabalho no Brasil, com impacto de 2,6% no PIB. “Este movimento vem fortalecer e colocar em evidência o valor da empresa do bairro, do pequeno comerciante, do prestador de serviço inovador, daquele que sustenta a família a partir do seu negócio”, explica a diretora-executiva da Abrasel RS, Thais Kapp. Nesse sentido, a campanha já em andamento com peças de mídia traz o mote “Esse negócio também é seu”. O foco, conforme o gerente regional metropolitano do Sebrae, Roger Klafke, é gerar engajamento entre a população. “Não é um movimento exclusivo do Sebrae, da Abrasel ou dos demais parceiros, mas sim da sociedade. O pequeno negócio também compra de outro pequeno, gera uma cadeia e um ambiente positivo na economia e na comunidade”, afirma. Para Klafke, o setor de alimentação fora do lar tem peso fundamental no sucesso da campanha: “Além da grande importância que representa para a economia,
o pequeno comerciante vende um produto de qualidade, diferenciado”. Essas empresas, segundo Thais Kapp, já vêm recebendo um olhar diferenciado por parte do governo federal. Um exemplo é o aumento no teto de faturamento das empresas enquadradas no Supersimples, que deve entrar em vigor a partir deste ano e chegar aos seus valores integrais em 2018 - R$ 900 mil para microempresas e R$ 7,2 milhões para pequenas empresas. “Mas ainda nos espera uma longa caminhada de capacitação da gestão destas empresas, desburocratização para empreender mais e melhor e diversas outras pautas que já fazem parte da luta da Abrasel há bastante tempo”, lembra a diretora. Muitas destas pautas vem sendo desenvolvidas através da campanha Simplifica Brasil, lançada em 2015 pela Abrasel. De acordo com Thais, chegou a hora de levar essas demandas à mesa do consumidor: “O que percebemos com o movimento Compre do Pequeno é que chegou o momento de engajar o consumidor final, a sociedade como um todo, mostrando a ela a importância deste negócio na sua vida e estimulando que seus hábitos de consumo sejam conscientes dentro desta causa”. Para saber mais sobre à campanha ou consolidar a adesão à causa, o site www.compredopequeno.com. br traz seções específicas para consumidores, para pequenos empreendedores e para apoiadores. Empresários, por exemplo, encontram no site a programação especial de cursos e oficinas de capacitação que o Sebrae promove entre 21 e 26 de setembro. Com a meta de atingir mais de 300 mil empreendedores em todo o país, o ciclo terá foco nas temáticas de finanças, gestão e vendas. Em Porto Alegre, uma tenda deverá ser montada no Largo Glênio Peres para receber parte das atividades. Também estão disponíveis, no site, as peças publicitárias da campanha, voltadas a sensibilizar os consumidores a aderirem ao Compre do Pequeno Negócio, que tem sua data simbólica marcada para o dia 5 de outubro.
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TURISMO COLORIDO
TURISMO LGBT: BARES E RESTAURANTES DA CAPITAL TERÃO CAPACITAÇÃO ESPECÍFICA
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esponsável por 15% do faturamento do setor de turismo em todo o mundo, o segmento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) será o foco de um projeto da Secretaria Municipal de Turismo (SMTur) voltado à qualificação da cidade para atender a este público. Através de parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, esse setor contará com etapa exclusiva de capacitação nos próximos dias 10 e 11, na sede da SMTur (Travessa do Carmo, 84, Cidade Baixa). A qualificação das empresas do setor de alimentação fora do lar é voltada aos multiplicadores - gerentes ou responsáveis por equipes indicados pelos estabelecimentos. O conteúdo das oficinas fica a cargo da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat GLS), e será orientado à informação sobre o acolhimento e melhor atendimento ao público gay. O curso integra as ações de qualificação do Programa Porto Alegre LGBT, e abordará temas como preconceito e estereótipos na sociedade, estratégias de sucesso de grandes empresas e destinos e atendimento ao
cliente LGBT. De acordo com a diretora-executiva da Abrasel RS, Thais Kapp, as oficinas têm como objetivo informar a equipe e os empresários sobre o público LGBT para atendê-lo com qualidade e, desta forma, se inserir na lista de opções que este cliente tem para consumir. “Além de abordar informações sobre como bem receber este perfil de público, de modo a reduzir a intolerância e auxiliar na comunicação dos serviços, pretendemos sensibilizar o mercado local sobre o potencial de consumo que o público LGBT representa no turismo e na gastronomia”, afirma a diretora-executiva da Abrasel RS, Thais Kapp. Segundo a Organização Mundial do Turismo, o ticket médio do público LGBT é, em geral, 30% maior do que o do público de lazer comum. Além disso, enquanto o setor de turismo cresce 3,8% ao ano, o segmento LGBT cresce 10,2%. Estima-se que a cidade de São Paulo recebe um incremento de R$ 360 milhões a cada ano na economia durante a semana da Parada do Orgulho Gay. No carnaval do Rio de Janeiro, o movimento financeiro de turistas do público LGBT é estimado em R$ 460 milhões/ano. Para aderir ao projeto e participar das oficinas, é necessário indicar quem serão os multiplicadores em seu estabelecimento. Para o setor de gastronomia, as atividades ocorrerão no período da tarde (13h30 às 17h30). Associados podem realizar sua inscrição ou tirar dúvidas diretamente junto à Abrasel, pelo emailabraselrs@abrasel.com.br ou telefone (51) 3012 9922. As indicações para os demais restaurantes podem ser realizadas através do e-mail landa@turismo. prefpoa.com.br ou pelo número (51) 3289 6733, até o dia 8 de setembro. • • • •
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O que: Programa de qualificação do turismo LGBT em Porto Alegre Quando: Oficinas em 10 e 11 de setembro, das 13h30 às 17h30 Onde: Sede da SMTur (Travessa do Carmo, 84, Cidade Baixa) Como aderir: Associados à Abrasel aderem através do e-mail abraselrs@abrasel.com.br ou telefone (51) 3012 9922. Demais estabelecimentos: landa@turismo.prefpoa.com.br ou telefone (51) 3289 6733
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SUPERSILMPLES
CÂMARA APROVA AUMENTO NO TETO DO SUPERSIMPLES
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uando decidiu abrir uma filial da Usina do Pastel, a empresária Shana Poletto deparou-se com uma pedra no caminho do seu crescimento: ao aumentar seu faturamento, deixaria de se enquadrar no regime tributário doSupersimples, aumentando sua carga de impostos e, possivelmente, inviabilizando o negócio. Esse problema, enfrentado por grande parte dos empreendedores do setor de alimentação fora do lar, começa a ser resolvido com a aprovação, na Câmara dos Deputados, do aumento do teto de faturamento para micro e pequenas empresas que fazem parte deste regime. No dia 1º, foi aprovada em Plenário a proposta que eleva de R$ 360 mil para R$ 900 mil o teto para microempresas, já em janeiro de 2016, e de R$ 3,6 milhões para R$ 7,2 milhões para pequenas empresas. O aumento será escalonado e atingirá sua integralidade em 2018. Como houve acordo com o Governo, a proposta - aprovada quase que por unanimidade, com 417 votos favoráveis e dois contrários - não deve encontrar resistência no Senado. “Essa medida ajuda muito, pois o teto deixa de impedir o nosso crescimento. Estamos comemorando”, afirma Shana Poletto. Para a filial da Usina do Pastel, ela estava considerando abrir uma nova empresa, separando as contas. “A ideia de não precisar separar é interessante, pois facilita na gestão de funcionários e na própria organização do negócio”, afirma.
Responsável pela contabilidade do Boteco Natalício, Marcela Leite também torce pela entrada em vigor da nova tabela. “Para a gente é ótimo, pois temos uma quantidade de bares e já aconteceu de passarmos do teto. Conheço caso de bares que fecharam porque não teriam condições de arcar com uma tributação maior. É uma boa notícia”, avalia Marcela.
Shana Poletto vê as novas regras como um incentivo ao crescimento da Usina do Pastel
O Supersimples A adesão ao Supersimples é feita unicamente pela Internet, no site mantido pela Receita Federal. Uma das vantagens é a redução da burocracia: os impostos federais, estaduais e municipais são pagos em um único boleto. Todas as atividades de Comércio, Indústria e a maior parte das atividades de serviços pagam menos tributos no Supersimples. Para saber se é vantagem aderir ao regime, é recomendável que o empresário procure seu contador.
PARCEIRO ABRASEL: Carolina Rizzon Consultoria e Treinamento em Serviços Alimentares O que oferece: Consultoria em diversas áreas em serviços alimentares, como estrutura física e funcional, adequação às normas legais, treinamento para manipulação de alimentos, elaboração de manual de boas práticas, consultoria em produção e elaboração de cardápio. Parceiro desde: Setembro de 2015
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PERFIL HORIZONTE VENZON 72 NOVA YORK PUB BAR | 72 NY CLUB LOUNGE | RESTAURANT 72 IN AVENIDA NOVA YORK, 72, BAIRRO AUXILIADORA
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ntes mesmo de conhecer a cidade que abriga Wall Street, Horizonte Antonio Venzon demonstrava o espírito empreendedor que daria origem a um verdadeiro complexo de entretenimento na rua porto-alegrense que homenageia a Big Apple. Com três estabelecimentos, o empresário - que começou no ramo da alimentação ajudando a mãe a fazer e vender doces caseiros - hoje é uma referência na noite da Capital com o 72 New York Pub Bar, entra na alta gastronomia com o 72IN e ainda possui espaço exclusivo para reservas, o 72 NY Club Lounge. A construção dessa história você confere no bate-papo a seguir. Boa leitura.
Como começou sua trajetória profissional? Minha trajetória inicia bem no começo da adolescência. Quando eu tinha 10 anos, minha mãe, para dar subsistência à família, começou a produzir doces em casa. Uma família grande, de nove, e eram os menores que ficavam em casa e ajudavam. Comecei a ajudá-la e a vender na rua. E aí foi crescendo. Isso foi no Quarto Distrito (área ao norte do Centro Histórico de Porto Alegre, de intensa atividade industrial no passado), na época era um bairro de bastante movimento, na década de 70. Depois, mudamos para a Cristóvão Colombo, e começamos a produzir em larga escala. Até que chegou a época de eu fazer minha faculdade. Fiz Educação Física, em 1984 me formei e comecei a trabalhar nessa área. Mas eu tinha uma ligação forte, ainda, com essa coisa de doce em casa. Até a minha faculdade, e durante, para ajudar nos custos, eu estudava um turno, chegava em casa e ajudava a fazer e entregar os doces. E o início do 72 New York? Em 85, que foi o início de tudo, o meu pai trabalhava aqui onde hoje é o pub (72 New York Pub Bar). Ele trazia coco do nordeste, quebrava e vendia o coco ralado mais o coco em fruta. Então, continuava no ramo de doces. E a gente tinha uma venda de verão. Todos os verões, nós íamos a Tramandaí e Imbé (Litoral Norte), e requisitávamos vendedores. Nós fazíamos os doces, e se espalhava por aquele litoral todo pessoas vendendo os doces para nós. Em 87 meus pais foram morar na praia, eu estava formado já, trabalhando com Educação Física. Eu era preparador físico das equipes de base do Internacional (trabalhou no Internacional entre 1984 e 1990). Tenho uma trajetória longa no futebol, sempre fui envolvido. Mas falei para o meu irmão: “quem sabe a gente continua com
os clientes da mãe, ela fica no Litoral e continuamos fazendo doces”. Na época eu tinha uma motinho, mas tinha que comprar algumas coisas. Forno, fogão. E a motinho era meu meio de transporte. Era o dinheiro que a gente tinha, o dinheiro da motinho. Aí vendi a motinho e compramos o material necessário para fazer os doces. Dali nós prosperamos, e fizemos uma filial na época. Então, chegou o momento de cada um seguir o seu caminho. Como foi o pulo para empreender no modelo atual? Começamos a prosperar e meu irmão ficou com uma filial. Eu fiquei com o New York. Na época, na rua Nova York, praticamente só existia eu de comércio. No início, produzíamos doces de portas fechadas. Era só para clientes já cadastrados, encomendas. Até porque nossa disponibilidade de tempo não era tão grande. Eu tinha que trabalhar dando aulas, e nas horas de folga eu vinha fazer os docinhos. Aí, começou a chegar um comércio próximo à rua Nova York, e eu vi uma maneira de atender a esse comércio abrindo uma porta para vender um docinho, um salgado, um sanduíche. Foi quando eu comecei a me dedicar mais ao comércio de porta. E comecei a tomar gosto por essa atividade. Depois, eu fundei a marca New York. Deu origem ao 72 (pub), que é o número na rua. São 20 anos com o nome, mas estou há 28 anos aqui na rua. Conheço praticamente todo o metro quadrado na Nova York. E como chegou à característica atual do New York, sendo referência no entretenimento? Foi aos poucos. Antes, eu trabalhava só no período “normal”, das 8h às 19h. Como começou a chegar o comércio aqui, as pessoas passaram a chegar 18h, 18h30min, e fazer o seu lanche. Mas pediam algo a mais. No início fiquei meio contrariado, porque eu ti-
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PERFIL: HORIZONTE VENZON
nha família. Até acho bacana, gozado contar, que meus clientes falavam: “tu tem uma cervejinha guardada aí que eu sei”. E eu tinha mesmo, só que era pra levar pra casa (risos). Aí comecei a entrar no período da noite, vendia uma cervejinha. E como eu gosto de tomar uma cerveja muito gelada, eu vendia a cerveja mais gelada. Isso foi passando de boca em boca. E, quando eu vi, estava indo noite adentro. Cada dia chegavam mais clientes: “é aqui que vende a cerveja mais gelada de Porto Alegre?”. Então, eu tinha uma dúzia de cervejas, virou uma caixa, de uma caixa começou a duplicar e virou um bar, vinha gente de Porto Alegre toda. Foi entre 2000 e 2001. As coisas eram muito difíceis. Lembro que eu idealizava meu pub, como eu ia comprar, como ia decorar. Obviamente que, com o nome New York, o tema seria Nova Iorque. Eu não conhecia Nova Iorque, estive lá em 2003, pela primeira vez. Mas eu já tinha muita coisa que as pessoas me traziam de Nova Iorque, por carinho. Iam lá, gostavam, queriam ver seu souvenir colocado na parede do bar. É um tema que, hoje, tenho praticamente três bares (em decoração). Se eu quiser montar um outro bar New York, tenho ele guardado, de tantas coisas que fui adquirindo e ganhando. Como o tema inspira, é cosmopolita, todo mundo adora ou tem uma ligação, isso caiu muito bem entre os clientes. Como construiu as referências? A construção veio naturalmente, sem eu conhecer a cidade. Eu estava cada vez mais inserido no tema, as pessoas me perguntavam se eu já tinha ido a Nova Iorque. Aí um dia eu tomei a
decisão, sem ao menos falar um inglês que pudesse me ajudar. Embarquei num avião, desci lá no “é tudo ou nada”. O pub, naquela época, ia até uma ou duas da manhã. Hoje, mudou essa característica. Hoje o New York é praticamente uma casa de entretenimento. Ele vai até as 4h da manhã. Já não tem mais o happy hour que tinha na época, começa mais tarde. Eu tinha uma veia muito da família, servia muitos petiscos, muitas coisas que aprendi com meu pai. Então, eu botava tudo isso em prática, junto com uma boa cerveja. As pessoas saíam do seu trabalho e vinham para o New York. Tanto é que eu tenho um número de venda de cervejas que foi um recorde, em 2003, e que só fui alcançar em 2013. Era uma noite que antecipava um feriadão, a gente fez uma superprogramação com várias bandas. Mas foi um recorde que durou 10 anos em venda de cervejas, em um outro período. Nós vendemos, em uma noite, em seis funcionários, quase duas mil cervejas. Mais ou menos 75 caixas. Fomos buscar esse recorde com 40 funcionários. Isso eu falo até hoje. Você participa da criação do cardápio? Participo. Hoje eu pesquiso mais. E tenho a felicidade de ter na cozinha uma equipe que me acompanha há muito tempo. O carro-chefe do pub já não é mais a gastronomia, as pessoas vêm mais para beber, se divertir. Mas se surpreendem quando comem alguma coisa do cardápio, desde uma pizza até uma (salada) caesar, e tem um cuidado, uma elaboração. Eles pensam: “isso aqui não é só bebida, tem comida gostosa também”. Então,
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eu participo de tudo. E conheço. Passo na frente de um prato, caminhando, no “semi-escuro”, e sei se tem alguma coisa errada ou não. Já são três estabelecimentos. Quais as características de cada um? O New York (pub) hoje é uma referência. Às vezes eu paro, nas minhas reflexões, e vejo que são 25 anos. Nós temos alguns ícones na noite de Porto Alegre. Sem menosprezar ninguém, mas é trabalho, é uma vida. E se manter na noite durante esse tempo todo, ter uma trajetória de integridade, de respeito e lealdade é muito difícil. Aqui no IN (72IN, restaurante ao lado do pub) era uma residência. Do lado, temos o Lounge (72 NY Club Lounge), que é uma casa de reservas. Eu acabei adquirindo essa residência onde é o IN, um restaurante contemporâneo, e contratei um chef argentino (Marcelo Chaparro) com experiência na Europa. Temos uma relação muito boa, ele cozinha muito bem. E era meu sonho adquirir uma outra casa aqui na Nova York pra esse desafio de trabalhar em alta gastronomia, vindo de um pub. As pessoas, quando vêm ao restaurante, se surpreendem, mas também fazem uma ligação muito direta com a marca. Ele abre ao meio dia ou só à noite?
Só à noite, voltado à gastronomia. A gente vive um momento delicado na nossa Economia, mas estão se avizinhando aqui três torres, sendo duas comerciais. Vai fazer com que eu repense o modelo de negócio do restaurante. Vejo aí uma nova oportunidade de trabalhar com uma clientela mais executiva no horário de almoço. Essa é a nossa vida, a gente vai se adaptando. Isso faz parte do New York. Você falou em momento delicado na Economia. Como isso tem afetado nos negócios? A gente cresce e cria uma estrutura cara. Aí, tu sai da linha de frente do bar para administrar toda essa estrutura. Tem que estar sempre faturando, sempre trabalhando, gastando mais para se manter como referência em casa noturna. Isso é um trabalho hercúleo. A gente vê agora que os custos ficaram muito altos, que o dinheiro tá escasso. A gastronomia, e uma parte incrível que é a refeição comercial fora do lar, está sofrendo um impacto muito grande. O entretenimento, me parece que não caiu numa realidade ainda. A gente continua com bom movimento à noite. Claro que temos trabalhado muito mais pra isso. Trazemos bandas que não tocavam em bar, como Acústicos e Valvulados. Tentamos disputar esse mercado competitivo que é o entretenimento. Mais uma vez, estamos na vanguarda disso. Porque a gente está fazendo um contato de pub com bandas de renome, que eram de casas de shows. Estamos trazendo eles pra dentro do pub. Agora, o que eu penso sobre isso? Na minha trajetória toda, já passei por várias crises. E eu vejo que nós vivíamos em cima de uma economia muito frágil, cedo ou tarde isso iria acontecer. A gente estava numa euforia, vivíamos em cima de uma bolha. Mas acho que isso se faz necessário, essa reorganização da Economia. Claro que, pra mim, que estou em cima do negócio, consigo administrar isso buscando onde posso melhorar, onde posso cortar custos. Esse é o meu trabalho mais importante hoje. E tenho uma “gordurinha” que construí durante muitos anos. Mas tem empresas criadas mais recentemente que não têm essa gordura. Eu tenho nome. Quando as pessoas saem, hoje, em Porto Alegre, saem com três ou quatro nomes na cabeça. E o New York é um deles. Então, saio com uma vantagem em relação à noite. Acho que nós temos mais um ano e pouco de dificuldade, de luta, até as coisas se encaminharem. No nosso ramo de gastronomia, acho que tem que estar sempre criando, reinventando. As ações que a Abrasel faz, que procuram movimentar, agregar, unir e discutir o segmento, acho que isso nos ajuda e mostra que nós temos que lutar cada vez mais unidos. O quanto movimentamos da nossa Economia? Se o setor de gastronomia parar um dia em Porto Alegre, a cidade para. O que contraria, indigna a gente, é que nós somos muito tributados. Não sabemos o dia de amanhã, e não temos uma defesa muito grande das leis. 7I
ARTIGO
GERENCIE A CRISE, POIS AS PESSOAS NÃO DEIXAM DE COMER E BEBER Adeli Sell Sempre se diz que a primeira coisa que as pessoas fazem em tempos de crise é cortar gastos com lazer, a começar com deixar de sair para almoçar/jantar e beber. Será mesmo ou não seria lenda? Diz-se também que a primeira coisa que o empreendedor corta é divulgação e propaganda. Não estaria aí um grande erro? Na crise, seja o tamanho que ela tiver, é preciso ter ousadia. Por isso, seguirei aqui os passos que Seán Mehan nos dá: "É fato que as pessoas ficam mais receosas durante períodos de crise. Têm medo de perder o emprego, diminuir a renda, afetar a qualidade de vida e tudo mais. É a realidade. Considerando isso, o trabalho da liderança é garantir a transparência e a boa comunicação durante essa fase." Como se combate este receio? Com instigação, com estímulos à coragem de fazer diferente, sair do lugar comum, da zona de conforto. "Garantir comunicação" é também sair do que você fez e está fazendo. Pense em algo novo. Como está usando o bom atendimento, o contato pessoal com o cliente, para que ele saia falando bem de seu estabelecimento? Deixe seu cartão, com seu site, e-mail para contatos, sua página no facebook, junte a isto um recado: "deixe um recado em nosso página e poste algo na sua!" Ou seja, uma nova abordagem. Proponha um dia com um prato especial e com um desconto também especial. Jogue com descontos em algumas bebidas, numa parceria com fornecedores. Se estes não toparem, troque de fornecedor, pois ele não serve, não tem ousadia para enfrentar qualquer turbulência. De pouco vai adiantar ao nosso restauranteiro, dono de boteco, bar, casa noturna, ficar catando os motivos desta crise. Não que não possa. Mas eu deixaria esta tarefa a outros. Eu me concentraria na minha empresa. Faria a minha parte. Se o setor se mexer, se o setor entender que, com crise ou sem crise, as pessoas tem os mesmos desejos, talvez não os expressem por este medo que falamos acima. As pessoas querem saciar não só sua fome, mas querem consumir algo bom e com preço justo. Querem beber. Não só quantidade que conta, mas a qualidade é cada vez mais exigida, porque nosso cliente começou a aprender o que é bom e o que é melhor. Pare. Pense. Planeje! Veja como anda seu cardápio. Quem sabe uma renovada e uma mexida. Apostar nos seus colaboradores para que se unam numa corrente contra os maus presságios. Melhore o atendimento. Invista mais a alma, sem deixar de cansar o corpo na labuta. Busque um planejamento estratégico. Cuide das questões trabalhistas e fiscais. Pense no tema do "compliance", busque um profissional para fazer uma oficina de ajustamento de condutas éticas, de correção legal e não deixe de ter os documentos legais na mão, pois a autoridade pode lhe exigir. Agora,saia de sua posição privada e invada a seara pública e reflita. O povo tem que ser, em qualquer governo, o depositário dos bens que as sociedades podem gerar. Este tem que ser o fim e o objetivo de qualquer administrador. Os governos caem quando não cumprem com sua missão. Eles passam. Você deve ficar para se sustentar, prover seus familiares e deixar algo para o futuro. Na crise, tenha ousadia. Faça a coisa certa!
Adeli Sell é consultor na RBA Advogados e Consultores - www.rbaadv.com.br 8I