Criativos e vendedores - Briefing
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Criativos e vendedores quarta, 26 fevereiro 2014 11:20
Paula Patola Bento, diretora geral da ABSA
Começaram por ser freelancers e depois criaram uma marca. Uma arquiteta e um designer gráfico estão na origem da ABSA, uma agência que "eliminou o agente comercial da equação", disse ao Briefing a diretora geral, Paula Patola Bento. Assim, os criativos são também os vendedores do seu próprio trabalho.
Briefing | O que quer dizer ABSA? Paula Patola Bento | Convém explicar em primeiro lugar quem faz a ABSA resultar. Ela é fruto do trabalho, e do casamento, de uma arquitecta e de um designer gráfico. "O que é ABSA?" é, de facto, uma pergunta recorrente. As pessoas que lidam connosco têm curiosidade e, por norma, evitamos responder. Mas a resposta é surpreendentemente simples: para nós a ABSA é como se fosse uma filha e achámos uma boa ideia atribuir à nossa marca as iniciais do nosso próprio filho. Gostámos e assim ficou. Briefing | Como nasceu o projeto? PPB | A ABSA nasceu como uma marca e não como uma empresa. O registo de uma marca teve por fim a criação de um chapéu que agrupasse os nossos trabalhos de freelancers, que tínhamos vindo a desenvolver nos últimos doze anos e, desta forma, comunicarmos com uma identidade comum. Sensivelmente um ano depois do registo da marca resolvemos formar a empresa, visto termos tido a perceção e o feedback dos nossos clientes, que o projeto poderia ter futuro. Felizmente tem-se vindo a
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revelar verdade. Briefing | Como é que a ABSA é diferente da sua concorrência? PPB | A grande diferença entre a ABSA e as outras agências de comunicação é que eliminámos, desde o início, a figura do agente comercial (account) da nossa equação. A nossa visão para a ABSA é termos circuitos de comunicação extremamente reduzidos. Pela nossa experiência profissional, quer por conta de outrem, quer como freelancers, percebemos que o ruído causado pelos workflows das organizações são promotores de erros e atrasos. Na ABSA, não só tentamos evitar estes processos organizacionais complexos, como também apostamos na interação direta entre o criativo e o cliente. No nosso entender, existe um benefício inerente a esta relação tão próxima, que é a de o executante do projeto ser o direto responsável e, também, interlocutor perante o cliente. Não só o criativo é responsabilizado pelas suas escolhas, como acaba por ter um feedback em primeira mão. No entanto, admitimos, que é difícil encontrar criativos que estejam à altura do desafio: que não só sejam executantes mas, também, vendedores do seu próprio trabalho. Tentamos comportar-nos mais como um gabinete de arquitetura, mimetizando a relação existente entre o arquiteto e o dono de obra e não a tradicional estrutura de uma agência de comunicação. Briefing | Qual a mais valia que levou para o mercado? PPB | Para ser franca a nossa mais valia não são os serviços que fornecemos mas a forma como os gerimos e como resolvemos os problemas que nos são apresentados. O facto de termos os clientes a falar diretamente com os criativos é um fator primordial para esta gestão que acreditamos ser diferenciadora. Damos uma importância fundamental ao que o cliente tem para nos dizer e ao orçamento real que tem disponível para alocar a cada projeto. Sabemos, por ações de benchmarking que fazemos de forma recorrente, que os nossos honorários são bastante competitivos o que nos permite, a par de uma estrutura organizacional plana, uma margem de manobra razoável. Outra ainda é a versatilidade que a nossa equipa possui: devido aos vários anos de experiência como freelancers somos capazes de nos adaptar às mais diversas situações e muitas vezes solucioná-las de forma rápida e eficaz, reduzindo os custos e os timings de cada projeto. Briefing | Quais os projetos na área da internacionalização? PPB | Estamos envolvidos na internacionalização de alguns clientes nossos, onde ajudamos ativamente, mas a ABSA é, por enquanto, uma empresa para o mercado nacional. A internacionalização no mercado da criatividade é um processo complexo. As especificidades culturais de cada país obriga à criação de estruturas locais, para trabalhar cada mercado, pelo que a nossa pequena dimensão inviabiliza, por hora, a internacionalização da ABSA. No entanto, através do desenvolvimento de parcerias comerciais, temos trabalhado com alguma regularidade para o mercado moçambicano. Queremos continuar a apostar em especial em Moçambique e este modelo, em que a ABSA fica resguardada numa posição de backoffice, agrada-nos. Briefing | Como é que se gere uma agência em tempos de crise e de orçamentos cada vez mais
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reduzidos? PPB | Ouvi alguém dizer que Portugal está em crise desde 1143, portanto, a gestão em crise é algo que é inerente ao ser português. Mas, realmente, com a conjuntura atual notamos que existe uma forte diminuição no investimento em criatividade. Considero muito complicado gerir uma empresa, qualquer que seja a sua área de atividade, mas acredito que a gestão em tempos de crise apenas nos tornará mais resilientes. Temos uma gestão judiciosa dos nossos recursos, sempre com uma noção muito clara do retorno que cada investimento nos poderá trazer. Temos, e queremos manter, uma estrutura muito coesa que nos permita um maior controlo sobre a gestão diária quer dos recursos, quer dos projetos em curso. Contudo temos tido a sorte de encontrar clientes que não só valorizam o nosso trabalho, mas que o têm considerado fundamental para o crescimento das suas próprias empresas e que veem na comunicação e, acima de tudo, na criatividade uma forma eficaz de impulsionar os seus próprios negócios. hs@briefing.pt Tweet
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Modificado em quarta, 26 fevereiro 2014 13:25
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