Revista Interessa

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4ª edição Novembro 2015

INTERESSA REVISTA

AS BELEZAS DA EUROPA CATARINENSE Alguns dos lugares que fazem de Santa Catarina o local certo para se deslumbrar (e poupar).

ROTINA E ALIMENTAÇÃO As dicas para conciliar uma boa alimentação com a correria do trabalho.

O IMPACTO DOS SMARTPHONES EM NOSSA VIDA Os dispositivos, afinal, são os novos vilões?

A NOITE DE BLUMENAU COMO FUNCIONA? QUEM FREQUENTA? QUAIS OS DESAFIOS DE QUEM EMPREENDE E DE QUEM TRABALHA NAS CASAS NOTURNAS?




REVISTA INTERESSA

Publicação

anual

do

curso de Jornalismo do Instituto Blumenauense

de

Ensino

Superior - IBES SOCIESC. 4ª edição. Mais informações: (47) 2111-2900.

REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Rua Pandia Calógeras, 272. CEP: 89010-350

EDITOR-CHEFE Fabricio Wolff

CHEFES DE REDAÇÃO Ivan Sikorski Rafael Torres

DIAGRAMAÇÃO Ana Paula Ferreira

PROFESSOR RESPONSÁVEL Fabricio Wolff

REPÓRTERES Ana Paula Darolt | Ana Paula Dias Ana Paula Ferreira | Bruna Nicoletti Claudia Pombal | Daniele de Souza Giulia

Venutti | Gislaine Delabeneta

Gilmar Pliska | Ivan Sikorski | Jessica Wollick | Jessica Parma Letiele Paycorich | Mª Clara Madrigano Pamela Dickmann | Rafael Torres Raphael Machado | Sabryne Anne Valesca Grotmann | Victor Lessa

IMAGENS Capa: Victor Sansão Shutterstock Autoria Repórtes

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Editorial Jornalismo. Missão diária de trabalho e ética Entrevista Amor Incondicional pelos animais Comportamento Os perigos do uso do celular nosso de cada dia Saúde Alimentar-se bem na correria do dia a dia Saúde Estética ou Saúde?

Meio Ambiente O Ninõ cresceu

Meio Ambiente Ação e Reação

Entrevista Uma vida sobre 2 rodas

Tecnologia Futuro Garantido

Tecnologia O mundo dos aplicativos

Crônica Deixem as crianças brincarem Educação Do papel aos palcos

Capa A noite de Blumenau

Viagem A noite de Blumenau

42 46 48 50 52 56 58

Moda Entre o Vintage e o Retrô Moda Vestido de Noiva

Lazer Blumenau Rural

Gastronomia Foie Gras

Cultura Orgulho e Preconceito

Cultura Mundo Alternativo

Cultura A nação negra e embate contra um racismo

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Literatura A febre de transformar livros em filmes

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Literatura A nova era da publicação

64

Economia Da XV para o Shopping

66

Esporte Paixão Interestadual

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Seção Especial A música que marcou a minha vida

70

Seção Especial O filme que marcou a minha vida

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Crônica Permita-se sentir


Blumenau

Sempre bela, sempre assim!


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Por: Fabrício Wolff

JORNALISMO. MISSÃO DIÁRIA DE TRABALHO E ÉTICA Quando nos é dada uma missão, não basta apenas cumpri-la. É preciso fazê-la da melhor maneira possível. A partir deste ano me foi dada a missão de coordenar os acadêmicos do quarto semestre do curso de jornalismo para a confecção da revista Interessa, assim como há alguns anos conduzo a feitura do jornal O Quinto, também produzida pelos alunos do Ibes/ Sociesc. A missão que me foi confiada, no entanto, foi apenas o primeiro passo para que duas dezenas de futuros jornalistas também assumissem as suas missões. Fazer uma revista com qualidade editorial. Para quem não acompanha o dia a dia do jornalismo, é difícil mensurar os desafios que se impõem ao profissional (ou estudante) até o momento em que a notícia chega ali, prontinha para ser consumida, na frente do público. Relatar um fato, especialmente em uma revista, demanda mais do que o fazer jornalístico. Exige também o pensar jornalístico. Mais do que cobrir um acontecimento, é necessário pensar na pauta, na abordagem que se dará à reportagem, nas fontes de informação, nas imagens, na forma em que se diagramará este conteúdo para que fique o mais atrativo possível para o leitor, no título e

em muitos outros detalhes. Um trabalho muito mais complexo do que se imagina. Se tudo isso já não parece pouco – e não é mesmo, também é preciso agir com ética em todos os passos da busca de uma boa notícia. O jornalista não pode se restringir a uma fonte de informação, não deve deixar que suas crenças pessoais interfiram no seu trabalho de transmitir a notícia, não tem a escolha de esquecer, em nenhum momento, de que a sociedade repassa uma

“Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”. - Dom Pedro II “procuração tácita” ao profissional do jornalismo para que ele, em nome desta comunidade, busque as informações verdadeiras relacionadas aos fatos e a transmita a todas as pessoas com o manto intransponível da credibilidade – uma credibilidade que é própria da profissão, mas que só se sustenta pela postura isenta e ética de bons profissionais. Tudo isto está nesta revista Interessa, construída

a muitas mãos pelos alunos de Jornalismo da faculdade Ibes/ Sociesc, que você começa a ler agora. Uma revista que traz muito mais do que reportagens contextualizadas sobre os mais variados temas de interesse do público alvo selecionado. Muito mais do que um produto de mercado, este é o resultado de muito comprometimento, pesquisa, esforço, semanas de trabalho, arte e – espero – um aprendizado que ficará para toda a vida desta turma de futuros jornalistas. Eles cumpriram a missão que lhes foi dada. Fazem por merecer a assinatura de cada matéria. Saíram mais maduros e melhor preparados para o desafio que escolheram há alguns anos, quando decidiram optar pelo curso de Jornalismo: o de serem os interlocutores entre o acontecimento e a sociedade, escrevendo, a cada dia, a história da humanidade para a posteridade. Como já dizia o escritor Ariano Suassuna, “arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa”. A arte de contar a história contemporânea de nosso mundo está nas mãos desses valentes vocacionados, que tem uma importante e valorosa missão a cumprir pela carreira que escolheram. 7


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AMOR INCONDICIONAL PELOS

ANIMAIS

Quando falamos em animais de estimação, logo se imagina um cachorro bem cuidado, cheio de mimos e carinhos, com um lar aconchegante, comida com fartura, cuidados com a beleza e visitas frequentes ao pet shop.Porém, a realidade é bem diferente do que pensamos. É muito comum observar animais abandonados pelas ruas da cidade, famintos e maltratados e em sua maioria, retirados de seus lares por seus antigos donos. Porém, hoje em dia, há esperança de que eles tenham uma vida melhor graças ao esforço de voluntários, que se dedicam ao máximo para resgatá-los e dar o conforto digno. São pessoas como a Dona EdmaAnnuseck, de 72 anos, que dedicam seu tempo e a sua vida em prol dos animais abandonadose buscam reabilitá-los de sua condição. 8

Sempre gostei muito de animais. Então, um dia fui com uma voluntária ver animais doentes e eu vi uma situacão desesperadora.


Por: Gilmar Pliska Quantos animais a senhora abriga atualmente em casa? Edma: São 27 na minha casa, mas tenho mais 63 em abrigos provisórios que ficam no Gasparinho, Gaspar Alto, Rua Brusque e na Rua Bahia, todos recolhidos do lixão e alguns deles em estado bem crítico. O que a levou a iniciar este tipo de trabalho voluntário com os animais de rua? Sempre gostei muito de animais. Então, um dia fui com uma voluntária na Rua Brusque ver animais doentes e eu vi uma situação desesperadora. Retiramos alguns animais que estavam em condições muito ruins. Depois, eu voltei pra aquele local e comecei o meu trabalho, a partir daí eu conversei com algumas pessoas e elas aceitaram fazer um lar provisório. Nunca fiz cálculos, mas já tirei bem mais de mil animais das ruas, já são quinze anos fazendo esse trabalho. A senhora tem alguma ajuda financeira da Prefeitura ou de empresas privadas para a realização desse trabalho? Da Prefeitura não, mas tenho uma amiga empresária que me ajuda e alguns voluntários. Tenho também uma página no Facebook, chamada Edma e seus Cachorros, e é através disso que às vezes ganho ajuda para comprar rações e fazer as castrações. Porém, mesmo assim, é muito complicado. A senhora ganha descontos em pet shops, veterinárias ou nas castrações desses animais? Ganhos bastantes descontos em clínicas veterinárias e

agropecuárias, também ganho muita ajuda de uma veterinária que trabalha na Clínica Vida Animal, no bairro Escola Agrícola. Eles buscam e trazem os animais sem cobrar nada por isso.

Eu diria para as pessoas que na hora em que ela for comprar ou adotar tenha consciEncia de que ela está adquirindo uma vida! A senhora teve que fazer alguma adaptação em sua casa para poder atender as necessidades desses cachorros? Cerquei toda a área dos fundos da casa, aproximadamente 25 m². Também tive que fazer os canis, pois tenho que manter separados alguns animais, ainda mais os cachorros machos que são os mais encrenqueiros e briguentos.

A senhora pensa em montar uma ONG futuramente para dar sequência ao seu trabalho com os animais abandonados? Não, não penso. Eu até quero parar um pouco, pois já sinto certo cansaço.Quero ficar só com os cachorros que tenho aqui em casa, porque eles já estão bem velhos e a maioria das pessoas já não querem adotá-los. A senhora já tinha animais de estimação antes de começar esse trabalho voluntário?

Sim, sempre tive. Na verdade,meu primeiro foi um gato, só depois que me casei e fui morar na minha casa própria que tive um cachorro, então tive mais e não parei. Cheguei a ter oito cachorros em casa. Acredito que cuidar deles seja a minha missão. Qual a mensagem que a senhora deixaria para as pessoas que gostariam de adotar um animal de estimação? Eu diria à pessoa que na hora em que ela for comprar ou adotar qualquer tipo de animal, que tenha consciência de que ela está adquirindo uma vida, que pode durar cinco, dez ou quinze anos e que não é descartável. Também que tenham muita paciência quando o animal fizer algo de errado e não tornar isso um motivo para abandoná-lo ou maltratá-lo. Que tenha bastante certeza e principalmente a consciência do que está fazendo. E, principalmente, que cuidem dos seus animais com muito amor e carinho.

Se você tiver interesse em ajudar a Dona Edma, entre em contato com ela através do Facebook (Edma e seus cachorros), pois toda a ajuda sempre é bemvinda. 9


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OS PERIGOS DO USO DO CELULAR

NOSSO DE CADA DIA Celular. Aposto que você está lendo essa revista com o celular na mão ou pelo menos com ele muito perto de você. Há alguns anos atrás ninguém imaginava que seria possível resolver e fazer tantas coisas através dos aparelhos e com tanta facilidade. E não é há tanto tempo atrás assim, a primeira ligação feita através de um celular no Brasil foi em 30 de novembro de 1990, do Rio de Janeiro para Brasília. Joel Marciano Rauber,

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na época Secretário Nacional de Comunicações, ligou para o ministro da Infraestrutura Oziris Silva. A ligação foi um marco do que anos seguintes se tornou algo indispensável. O celular deixou de ser apenas um receptor e emissor de chamadas e torpedos. Há quem já o considera como uma peça obrigatória no vestuário. As utilidades dos smartphones são quase infinitas e a diversidade de modelos e preços também.

E não foi apenas a tecnologia e os aparelhos que mudaram. As pessoas também mudaram. Adaptaram-se a eles e hoje, tem muita gente que não consegue viver sem. Em casa, no ônibus, no carro, enquanto espera a consulta médica, no mercado, no banco e até nas escolas. Em todos os lugares que frequentamos, sempre tem alguém com um celular na mão. E será que toda essa dependência não faz mal a saúde ou a convivência?


Por: Valesca Grotmann

RELAÇÃO ENTRE INCLINAÇÃO DO PESCOÇO E PESO SOBRE A COLUNA

Em uma pesquisa realizada pelo IBGE, foi constatado que o uso de celular e o acesso à internet cresceram mais de 100% em menos de seis anos. Além disso, um estudo canadense feito pela Universidade de Waterlloo diz que o uso excessivo de smartphones deixa o cérebro preguiçoso, isso porque com o um celular e acesso a internet fica muito fácil e rápido de se obter informações, fazendo com que as pessoas deixem de exercitar o cérebro atrás das informações. Os celulares nos trouxeram muitos benefícios. Hoje em dia, com um celular na mão pode-se fazer tudo, desde pagar contas até pedir algo para comer. Mas todas essas facilidades e benefícios podem se tornar riscos à saúde do usuário. Já existe até um nome próprio para doenças causadas pelo uso excessivo do celular. O pescoço de texto é o nome para dores na cabeça ligadas a tensões na nuca e no pescoço causadas pelo tempo inclinado em uma posição

indevida para visualizar a tela do celular. Quando inclinamos apenas 15º a cabeça para olhar para a tela do celular é como se estivéssemos com um peso de 12 kg sobre o pescoço. E esse peso vai aumentando à medida que se inclina a cabeça, por exemplo, 30º é igual a 18 kg e 60º é igual a 27 kg. A principal consequência do “Pescoço de Texto” é a perda da curva natural da cervical e o desgaste precoce da coluna, condições que podem levar o usuário a uma cirurgia de reparo. Para evitar esses problemas, fisioterapeutas recomendam manter a cabeça ereta. Isto é, em vez de baixá-la até o celular, leve o aparelho até a altura dos olhos, evitando assim a inclinação da cabeça. A melhor opção é diminuir o uso dos smartphones, tablets ou notebook. Outra dica é não manter a mesma postura por muito tempo e para ajudar pode colocar um lembrete no celular para lembra-lo de mudar de postura. 11


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CELULAR EM SALA DE AULA

Em Santa Catarina, assim como em outros estados, também é proibido o uso de celular em escolas publicas. A Lei nº 14.363 entrou em vigor no dia 25 de Janeiro de 2008 e foi aprovada pelo Governador Luis Henrique da Silveira. Mas não é só por que é lei que os alunos deixam de usar. Muitos professores precisam competir a atenção dos alunos com os smartphones. Pais, professores e alunos. Cada um com seus prós e contras. A professora Tatiana Félix González leciona para o 4º ano do ensino fundamental e para ela o celular é o principal fator prejudicial no desenvolvimento dos alunos em sala de aula. “O celular se tornou um vício, eles não sabem mais pensar sozinhos sem o uso da ferramenta, para essa nova geração não existe outra fonte de pesquisa se não o Google. Sou contra o uso dos celulares como ferramenta didática, tenho trabalhado com eles o contrário, tenho feito eles procurarem outras fontes de pesquisa, não

se limitarem somente ao uso da Internet”. – diz Tatiana. Uma pesquisa realizada e aplicada na Unisociesc pela aluna Ana Paula Alves Pinto do IV Semestre do curso de Psicologia orientada pelo Professor Ricardo José Mezzomo - mostra que os alunos deixam de prestar a atenção na aula para usar o celular. A pesquisa foi feita com cerca de 180 alunos dos cursos

WhatsApp; Facebook; e-mails; Instagram ou Sites de notícias/ esportes. Sobre o rendimento das aulas, 166 alunos responderam e o resultado quase empatou. Sendo 48%, ou seja 81 alunos, afirmaram que o uso do celular interfere no desenvolvimento das aulas e 51% - 85 alunos acham que não interfere. O fato é que não conseguimos mais imaginar um mundo sem celular e internet. Tudo se modificou e também se facilitou com a chegada dessas tecnologias, mas é preciso ter equilíbrio no uso delas. Estamos em um tempo de muitas postagens e poucas conversas. Tudo sendo resolvido muito rápido, na velocidade de uma ligação ou de algumas notificações. Dá para aprender muita coisa no celular, mas será que é preciso saber de tudo? Será que faz bem ficar conectado toda hora? A conversa mudou de meio e virou digitada e compartilhada. Estamos esquecendo-se de viver desconectados com medo de perder algo, enquanto na verdade estamos perdendo tudo.

“O celular se tornou um vício, eles não sabem mais pensar sozinhos sem o uso da ferramenta, para essa nova geração não existe outra fonte de pesquisa se não o Google.

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de Contabilidade, Psicologia, Administração, Jornalismo e, Publicidade e Propaganda. Quando questionados sobre o uso do celular em sala de aula, 102 alunos responderam que usam com frequência o celular durante as aulas, 64 usam raramente, 12 não acessam e 3 alunos não responderam. O que os alunos mais acessam é o


Por: Valesca Grotmann

O fato ĂŠ que nĂŁo conseguimos mais imaginar um mundo sem celular e internet. Tudo se modificou e tambĂŠm se facilitou com a chegada dessas tecnologias

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Na correria do dia a dia, deixar a alimentação em segundo plano pode acarretar obesidade, depressão, colesterol alto, entre outros malefícios

Alimentar-se bem

na correria Uma pesquisa realizada pela CPH Health Solutions empresa pioneira no desenvolvimento de produtos e coordenação de programas corporativos de gestão de saúde - apontou que 55% dos trabalhadores, com destaque para executivos, consomem mais alimentos ricos em gordura, 42% estão acima do peso e apenas 28% conseguem manter uma dieta alimentar de qualidade. O estudo foi realizado com mais de 45 mil brasileiros. Na grande maioria das vezes, a má qualidade da alimentação está diretamente ligada à pressa e à 32

correria do cotidiano. A melhor forma de driblar este problema e não deixar que a boa alimentação fique em segundo plano é se programar. Ficar muito tempo sem se alimentar deixa a pessoa indisposta e aumenta a fome na próxima refeição, isso faz com que exagere na quantidade. Segundo a nutricionista Naisa Verter – graduada em nutrição, pós-graduada em nutrição esportiva funcional e nutrição clínica funcional e fisioterapia – a correria do dia a dia (um estilo de vida que as pessoas vêm seguindo) e a má alimentação,

do dia a dia

podem acarretar obesidade, depressão, colesterol alto, entre outros malefícios. Quando o tema é saúde, não podemos esquecer da água. Só para produzir a própria saliva o ser humano utiliza cerca de 1 litro e meio de agua por dia. “Me recordo de uma palestra que assisti e o palestrante disse, nós somos um aquário ambulante. Nosso corpo é composto por água, não temos como viver sem”, comenta Verter. É um dos fatores principais. Uma dica para não esquecer de tomar água é carregar consigo uma garrafinha.


1

o

dicas Comece o dia com um café da manhã saudável e nutritivo. O desjejum é uma refeição importante para estimular

metabolismo.

Além

de

mais

disposição, é comprovado que quem faz uma boa refeição neste período, tem melhor desempenho no trabalho e nos estudos. Uma dica para não deixar esse momento passar em branco é deixar a mesa posta - sem os alimentos refrigerados - e os lanches separados na noite anterior.

2

Alimentar-se de três em três horas é uma boa maneira de comer menos durante as

principais

refeições.

Durante o dia, para facilitar, tenha sempre lanches práticos e fáceis de carregar, como biscoitos integrais, frutas, produtos naturais ou frutas secas. Mesmo que a pessoa não siga o horário correto das refeições, o essencial é fazer pelo menos duas grandes refeições salgadas por dia, sugere Verter.

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As frutas e verduras são a base da alimentação, mesmo que, atualmente, corramos o

risco

dos

agrotóxicos.

É saudável buscar ingerir

carboidratos com índices glicêmicos menores, como batata doce, tapioca, arroz integral, grãos, aveia e linhaça, para controlar o índice glicêmico, que é a velocidade com que o alimento é absorvido. Por exemplo, o pãozinho é um alimento de fácil absorção, ou seja, é digerido rapidamente e gera fome em seguida. Além disso, esses alimentos com baixo índice glicêmico, geram mais energia, ou seja, se a pessoa tiver uma alimentação saudável o dia será mais produtivo, terá mais disposição e também vai dormir melhor.

Opcões saudáveis na rua Mesmo almoçando fora, é possível encontrar opções saudáveis para alimentar-se bem. É o caso dos restaurantes que trabalham com gastronomia funcional. Mas afinal, o que são alimentos funcionais? Um alimento é considerado funcional quando consegue prevenir ou tratar doenças ou males, além de nutrir. O alimento trabalha a favor do nosso organismo. Diferente dos produtos alimentícios industrializados que, em sua grande maioria, são compostos do que chamamos de calorias vazias, só matam a fome, mas não oferecem muitos nutrientes. Segundo a proprietária do restaurante Âme Gastronomia Funcional de Blumenau, Karine Schlindwein, a maior parte dos clientes têm entre 25 a 45 anos, porém não é difícil deparar-se com uma mescla de gerações e tribos ao mesmo tempo. Os blumenauenses têm mostrado interesse em uma alimentação mais saudável. “Tem os empresários com seus notebooks fazendo reunião e tomando café, tem jovens casais, tem o grupo de mães e seus bebês, tem os vegetarianos e veganos, tem os atletas, os intolerantes, os alérgicos, entre outros. Atendemos cerca de 8 mil pessoas por mês”, diz Schlindwein. Se não houver restaurantes funcionais próximos, a segunda boa opção são os restaurantes que oferecem variedade e que possam agradar a todos os gostos – inclusive o seu. O buffet é uma ótima escolha para deixar a refeição mais colorida e equilibrada.

Por: Pâmela Dickmann A pessoa se sentirá saciada por mais tempo por causa da presença das fibras.

Malefícios do fast food Fast food é cheio de sódio e conservante. Conforme a nutricionista Naisa Verter, quanto mais tempo de vida tem o alimento, menos tempo de vida a pessoa tem. O hambúrguer é um exemplo, fica meses no freezer. As indústrias estão aumentando cada vez mais a durabilidade dos produtos de prateleira. Com o consumo desses alimentos, cria-se o colesterol, triglicerídeo, o que vai se acumulando nas artérias e logo desenvolve problemas de coração. A pessoa também fica mais cansada e consequentemente mais estressada, o que pode desencadear outras doenças. O segredo é organizar a alimentação, e se precisar apelar para restaurantes do tipo fast food, lembre que eles também oferecem saladas. 33


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Estética ou saúde? Há algum tempo as pessoas estão mudando seus hábitos alimentares. Descubra o motivo dessa mudança de comportamento e como ter uma vida mais saudável

A alimentação saudável e os exercícios físicos são cada vez mais procurados por quem deseja ter qualidade de vida. As academias estão lotadas, os restaurantes naturais crescendo e a cada dia é mais comum notar pessoas caminhando ao ar livre. Mas, o que as leva a esse comporta mento? Será que estão simplesmente aderindo à “moda fitness” que tanto é vista nas redes sociais? É o que explica a psicóloga Amanda Lang. Essa motivação, segundo ela, se deve a dois fatores: o interno, no qual a pessoa sente a necessidade de mudança; e o fator externo, que envolve a influência do acesso às informações (redes sociais, principalmente) e ainda, o incentivo de pessoas próximas que já possuem esse estilo de vida. Para ter uma vida saudável sabe-se que é essencial cuidar da alimentação. A nutricionista Helouse Odebrecht afirma ter notado essa mudança de comportamento devido ao acesso às informações que são facilmente encontradas nas redes sociais — tanto que a maioria de seus clientes chegam a ela, depois de terem dado “uma conferida” em seu Instagram. Foi pensando em saúde e também numa parcela da população que possui restrições alimentares que Helouse, junto com o marido, criou a empresa Bem Livre — empresa que comercializa iogurtes sem açúcar e sem lactose, à base de frutas e ricos em fibras que auxiliam no funcionamento intestinal. Essa é uma ótima opção para quem busca por uma alimentação saudável 14

e quer manter o iogurte, que é tão saboroso, em seu cardápio alimentar. Também nessa busca por uma vida mais saudável, Eder Floriano abriu o restaurante Gula’s Natural Food, há três anos em Blumenau. Um lugar aconchegante que oferece comida saudável e saborosa. O ambiente lembra bastante o litoral, desde a estrutura aos cardápios, além de oferecer um show acústico ao vivo nos estilos surf music, raggae e pop rock, que ocorre a cada quinze dias. Já os cardápios são elaborados sem o uso de agrotóxicos, sódio e

“A busca por uma vida saudável deve ser prazerosa”. óleo, ou seja, para quem busca por uma alimentação mais equilibrada e, também, aos que tem alguma restrição alimentar, como alergia ao glúten, açúcar e lactose. Para quem frequenta à academia, o Gula’s oferece ainda pratos especiais, ricos em proteínas, como o Escondidinho Maromba, composto por carne ou frango, batata doce e salada. Mas se engana quem pensa que para ter uma vida saudável, basta cuidar da alimentação. Os exercícios físicos proporcionam uma variedade de benefícios ao organismo, segundo o personal trainer da academia Bio Gym, Raimon Mendes Farias e também o personal Rogério Reis, da academia Conexão Saúde. A prática de exercícios melhora fatores como a diabetes e o colesterol, auxilia na

postura corporal e em atividades comuns diárias, e com a liberação de hormônios, proporciona a sensação de bem-estar, redução do stress e desenvolve a qualidade do sono. Segundo os dois personais, a procura pela academia está voltada para a estética, principalmente com a influência das postagens de famosos nas redes sociais. Existe uma pequena parcela que procura a academia por indicação médica, mas que, com o tempo, passa a se preocupar com a aparência do corpo. “Você pode ter uma gordurinha, mas pode estar saudável”, ressalta Rogério Reis. E para conciliar a estética com a saúde, atividade física e alimentação devem estar equilibradas. Uma função complementa a outra, de acordo com os personais. Tanto Raimon quanto Rogério alertam para a importância de fazer exames médicos, mesmo não sendo mais obrigatória a apresentação desses exames em academias. E para quem é iniciante, o ideal é começar com atividades mais leves, como caminhadas de 30 minutos — mas se forem feitas ao ar livre, deve ser num local apropriado, como um parque, por exemplo, para evitar distrações durante o percurso. E claro, sempre procurar por um profissional ligado a o Conselho Regional de Educação Física (CREF) que poderá auxiliar com credibilidade. Afinal, a busca por uma vida mais saudável deve ser feita com consciência e dentro de um planejamento para que a pessoa chegue ao objetivo esperado, com saúde.


Por: Gislaine Delabeneta

É

rica Becker de Araújo, 72 anos, uma simpática e jovem senhora. Cynthia Anna Soares, 53 anos, uma ex-gordinha de bem com a vida. Essas duas mulheres têm três coisas em comum: o cuidado com a alimentação, a dedicação aos exercícios físicos e o sentimento de superação. Cynthia sofria com problemas de autoestima: não encontrava nada que a agradasse para vestir e não sentia mais vontade de sair de casa. O trabalho estressante e a pressão do dia a dia contribuíram para que ela adotasse hábitos alimentares muito errados. Em junho de 2013 chegou a pesar 106kg para 1,65m de altura. Com o incentivo de um amigo, Cynthia procurou a academia Conexão Saúde e o auxílio do personal Rogério Reis. Para dar início aos treinos, Rogério solicitou exames médicos. Mais uma frustração veio à tona: os resultados dos exames foram péssimos e Cynthia poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento. Era mesmo hora de mudar. Com o acompanhamento de Rogério, Cynthia passou a seguir uma série de exercícios além de fazer uma reeducação alimentar. Em 6 meses, eliminou 34kg. Atualmente, sua vida é outra: “me sinto mais disposta e maravilhosa!”. Embora, para Cynthia, cuidar da alimentação e seguir fielmente o treino físico não sejam suas atividades preferidas, ressalta: “tenho consciência de que o caminho é esse ou eu poderia colocar tudo a perder. Para eliminar 5 ou 50 kg, tem que ter força de vontade”.

“Para eliminar 5 ou 50kg, tem que ter força de vontade”

A

história de Érica não é muito diferente. Ela é uma simpática mulher que, aos 72 anos, aparenta ter menos de 50, usa o Whatsapp, gosta de esportes, frequenta à academia todos os dias e anda de bicicleta aos domingos. Segundo seu instrutor, Raimon Farias, da Bio Gym, ela realiza exercícios intensos que, se fosse uma pessoa sedentária mesmo no auge da juventude, não realizaria. Érica treina há 7 anos devido ao colesterol que estava alto e porque estava acima do peso. Desde então, ela cuida da alimentação e se dedica aos exercícios. Érica ressalta a importância do acompanhamento profissional: “o professor tem que estar me acompanhando, senão eu roubo na contagem dos treinos”, brinca. Hoje, ela se sente muito mais disposta, de bem com a vida e dá uma dica para quem gostaria, mas tem vergonha — ou algum outro empecilho — de frequentar à academia: “devido à idade é mais difícil de manter e perder peso. Mas além de um convívio social e saúde, eu tenho o corpo definido e alegria de viver”, conclui. 15


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O niño Desde o ano passado, pesquisadores e meteorologistas indicam a presença do fenômeno El Niño para este ano e para o ano seguinte. El Niño é o nome que dado ao fenômeno climático em que ocorre o aquecimento fora do normal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Este fenômeno costuma alterar os fatores climáticos, ou seja, acontecem secas em lugares onde deveria chover e alagamentos em lugares onde deveria ser mais seco. O El Nino é bem conhecido dos blumenauenses, por razões óbvias. É difícil que o fenômeno passe despercebido. Segundo reportagem da Revista Veja, em novembro de 1997 houve alterações climáticas gravíssimas em todo mundo devido ao El Niño. Só por conta disso, foram registradas mais de 23.000 mil mortes e danos de até US$ 45 bilhões de dólares. O que mais

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CRESCEU

preocupa os meteorologistas, governantes e, claro, a população, é que, segundo as pesquisas, o fenômeno que passa a ser sentido agora (2015) deve se alastrar até quase metade de 2016, causando estragos. Segundo a meteorologista chefe do Alertablu, Francine Sacco, o estado de Santa Catarina já está sendo influenciado pelo fenômeno desde 2014. O município de Blumenau, por ser um dos mais afetados com as cheias e deslizamentos que ocorrem no Vale do Itajaí, deve sempre ficar em alerta sobre possíveis danos. Cidade com histórico de enchentes desde sua fundação, e desde 2008 também com deslizamentos de terra, Blumenau tem experiência para lidar com as intempéries. A população está bem orientada pela Defesa Civil, o que facilita a ação de todos para a diminuição de prejuízos decorrentes das chuvas.

Prevenção como norma básica

No dia 04 de julho deste ano, uma simulação de deslizamentos foi realizada em Blumenau. Ela ocorreu na rua Araranguá, um dos principais pontos de deslizamentos na cidade. O objetivo foi mostrar às famílias como agir nos casos em que há escorregamento de terra. Segundo José da Silva Xavier,


Por: Letiele Paycorich morador da rua Araranguá há 10 anos, e que também já sofreu diversos danos por causa dos deslizamentos, a ação realizada foi de vital importância. “Foi uma iniciativa muito importante para nós que moramos aqui e somos muito afetados. Eles mostraram muito bem como agir na hora dos deslizamentos, assim, vai dar pra salvar muita coisa, inclusive a vida” comenta. A ação preventiva, coordenada pela Defesa Civil de Blumenau, contou com a participação da Defesa Civil do Estado, Corpo de Bombeiros, Exército, policiais e até mesmo com um observador da Organização das Nações Unidas (ONU). O cenário era de guerra, apesar de simulação. Escombros, ambulâncias, cães farejadores, helicópteros... as pessoas tiveram que sair de suas casas e ir para um abrigo montado pela Prefeitura. Todos se envolveram. Para o secretário municipal de Defesa do Cidadão, Marcelo Schrubbe, que coordena a Defesa Civil local, “temos a expertise necessária para enfrentar esses momentos e somos referência nacional. Porém, a participação atenta da população é fundamental para que tudo funcione como deve”, diz, lembrando que por mais que a comunidade se prepare, é sempre um momento difícil e perdas podem ocorrer. O que todos sabem é que os efeitos trarão prejuízos às comunidades. O que se discute a partir daí é qual o percentual de responsabilidade da população e de cada um de nós neste processo? De acordo com o meteorologista Leandro Puchalski, do grupo RBS, o fenômeno tem uma grande

relação com as cheias ocorridas nos últimos anos, porém elas não são as grandes responsáveis. Segundo estudos do Noaa, o fenômeno pode estar associado com o aquecimento global radical pelo qual o planeta vem passando. Ou seja, o que pode estar alimentando o El Niño são os gases de efeito estufa que nós emitimos e que acarretam diversas outras anomalias em nosso planeta. Há uma outra corrente de cientistas que diz que o efeito estufa acontece desde que o planeta existe e que eras glacias e interglaciais se intercalam, periodicamente. O aquecimento global seria o prenúncio da chegada de uma era glacial, que costuma durar 80 mil anos, contra apenas 12 a 15 mil anos da era interglacial – quando a vida na Terra prolifera. Segundo esses estudiosos, o homem apenas acelerará em cerca de 500 anos o processo com a emissão de gases na atmosfera. De qualquer forma, a situação do El Niño está semelhante a de 1997, o que é possível observar na imagem: As imagens de satélite

mostram a variação de temperatura em trecho do Oceano Pacífico Tropical. Apesar de parecerem iguais, ambas revelam aumento de até 5 graus na área em vermelho, o que indica o começo de um fenômeno intenso. Se o El Niño deste ano e do ano que vem for mesmo tão intenso como o de 1997, a região sudeste do país pode sentir um aumento de até 4ºC na média da temperatura, isso em pleno verão. Um fenômeno nunca é igual ao outro e por esta razão os efeitos podem ser diferentes. Já começamos a sentir esses efeitos, principalmente no clima, que irá variar muito durante as estações. Porém, a população já está sendo avisada dos possíveis danos que irão ocorrer, e pode começar a se prevenir. Quanto mais os governos locais anunciarem os cuidados necessários à população, menores serão os prejuízos e perdas, e maior chance de sobrevivência das pessoas que estão em área de risco. O El Niño não é um monstro, o monstro é o ser humano. 17


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VIDA + SUSTENTÁVEL

Fora de vista, mas em todo o lugar!

Imagine que você acabou de acordar em sua cama e tem que enfrentar mais um dia de rotina incessante. Você se dirige para o banheiro, se olha no espelho e pega o tubo de pasta de dente. Procura a sua escova em meio a produtos de beleza vencidos e novos. Todos feitos de plástico, inclusive a escova de dentes e suas cerdas. Na cozinha não é diferente, ao abrir a geladeira imediatamente o brilho das embalagens refletem em seu rosto, te fazendo se sentir bem, pois a geladeira está cheia de comida, que eventualmente

estará embrulhada em plástico. Os primeiros minutos do dia de cada um de nós demonstram o quanto os produtos facilmente descartáveis estão presentes

Estamos imersos em uma economia linear, que produz e descarta, e que precisa do crescente consumo para continuar existindo. As sacolas plásticas que utilizamos nos supermercados, por exemplo, são úteis por minutos ou horas, e depois são descartadas. Pelos próximos 100 anos elas ainda estarão flutuando em algum lugar, seja em bueiros, rios, oceanos ou enterradas em lixões. Esse é o rastro que cada um de nós, seres humanos consumidores, iremos deixar para trás. Um “grande legado”

Se você costuma jogar qualquer resíduo no cesto de lixo e colocá-lo em frente à sua casa, não pode esperar que em um passe de mágica ele seja reciclado.

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em nossas vidas e o quão fácil é jogá-los fora e comprarmos outro.


Pensar global e agir local Machu Picchu Matte Uma das missões do restaurante Machu Picchu Matte de Blumenau é

trazer

a

consciência

para

a

preservação ambiental e contribuir para o desenvolvimento regional de forma sustentável. Segundo Gregori Morastoni, sócio e idealizador do restaurante,

há diversas ações que

são praticadas e que promovema sustentabilidade. os

móveis

da

reaproveitados

Por loja

exemplo, foram

utilizando

90% caixas,

palets e mobília usada. Além disso, o lixo desnessessário é eliminado, os calzones não são embalados, e o uso de canudo não é incentivado. Os resíduos produzidos são separados e enviados para a coleta seletiva, sendo que o orgânico é transformado em adubo.

Essas são as ações concretas

e sustentáveis. A segunda etapa, a de conscientização das pessoas pode ser muito mais desafiadora. O

restaurante

é

notoriamente

conhecido por espalhar a mensagem Me Recicle! nos copinhos de bebidas, que são biodegradáveis. A mudança de

pensamento

também

mobiliza

as pessoas, com o projeto +1000, criado em 2014 em parceria com a Faema, e que reúne pessoas para o plantio de árvores em vias públicas

Por: Daniele de Souza para o planeta e para as futuras gerações. Hoje em dia, na concepção geral, lixo é aquilo que, geralmente, é sem valor, mas na verdade, somente 10% do que produzimos pode ser considerado “lixo”. Eles são os rejeitos, materiais sem viabilidade econômica ou tecnológica para serem reciclados, como adesivos, papel higiênico e esponja de cozinha. A grande maioria do que produzimos em nossas casas é matéria orgânica, que combinados com os resíduos recicláveis, formam 90% de coisas muitos úteis que jogamos fora. A cidade de Blumenau atualmente recicla cerca de 5% das 7 mil toneladas de resíduos produzidos mensalmente. Apesar de todo o trabalho de reciclagem, o lixo ainda é vencedor na cidade. Se descartamos cerca de 250 toneladas por dia, e reciclamos 220 durante todo o mês, podemos considerar que a quantidade reciclada não cobre um único dia de resíduos descartados. Você sabe pra onde vai todo o lixo restante? Segundo a engenheira ambiental e bióloga Maria Luiza Fausto de Sousa, a coleta de lixo

é separada conforme o resíduo, reciclável e rejeito, com destinos diferentes para cada um. Os caminhões com o lixo reciclável vão diretamente para a Reciblu, que em parceria com o SAMAE realiza a coleta seletiva em Blumenau. É lá que os materiais são separados e vendidos às indústrias, entrando de novo no ciclo do consumo e poupando recursos, energia e dinheiro. Já os resíduos orgânicos e os rejeitos são levados de caminhão para um Aterro em Brusque, que acumula em seu infinito enterrar e aplainar o lixo de 12 cidades da região. Se você costuma jogar qualquer resíduo no cesto de lixo e colocá-lo em frente à sua casa, não pode esperar que em um passe de mágica ele seja reciclado. Apesar da coleta seletiva, muito lixo reciclável acaba indo para aterros muitas vezes por falta de separação adequada. Além disso, o que passa despercebido na esteira da Reciblutambém acaba no aterro em Brusque, mesmo sendo um material com um grande potencial de reaproveitamento. Dar um destino correto ao lixo é fundamental, mas a nossa responsabilidade não para por aí.

de Blumenau. Já foram quatro ações realizadas, provando que há pessoas preocupadas em preservar e melhorar o meio em que vivem. Segundo Gregori, um dos principais lemas que podemos adotar para gerar menos impacto é: pensar global e agir local. “Sustentabilidade é fortalecer a região em que você está inserido. A nossa venda de wrap por exemplo, sustenta o agricultor da onde a gente comprou

os

ingredientes”.

Cerca

de 95% dos produtos adquiridos pelo

estabelecimento

são

locais,

comprados em feiras e em lojas de produtos naturais a granel. 21


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AÇÃO E REAÇÃO (Até Newton aprova!) Você já parou para pensar na possibilidade de não produzir lixo? Essa é uma das ideias principais do Movimento Zero Waste, que surgiu na década de 70 e também está presente no Brasil. Letícia Maria Klein, técnica em meio ambiente da Faema e embaixadora do Juventude Lixo Zero Blumenau, é a responsável por trazer a organização à cidade, no ano de 2014. Segundo ela, o coletivo trabalha com o conceito dos 5 R’s: Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Reintegrar, que ela adota também em sua vida pessoal. Letícia Klein sempre gostou de temáticas relacionadas ao meio ambiente. Entre leituras e trabalhos sobre o assunto, ela notou que a questão dos resíduos era de grande interesse. A segunda realização veio quando percebeu que também estava inserida no ciclo de uso e descarte à velocidade da luz, e que todos pareciam alheios ao problema. “Nós produzimos, consumimos e jogamos fora. Mas isso não vai fora. Não existe fora”, ressalta ela. Letícia escolheu uma rotina diferente, uma que fosse a altura das coisas em que ela acredita. Seu estilo de vida é voltado para tirar o maior aproveitamento dos materiais que tem à disposição, e tentar ao máximo não produzir lixo. Leticia é vegetariana e não usa nenhum tipo de produto testado em animais. A redução do consumo é uma realidade constante, sempre compra suas roupas em brechós e recusa ao 22

máximo produtos que geram lixo desnecessários, como por exemplo canudos, segunda via do cartão, copos descartáveis, flyers e guardanapos. Também faz compras a granel em feiras e lojas de produtos naturais, que além de incentivarem a economia local, não geram resíduos com as embalagens. O lixo orgânico produzido é reintegrado à natureza através da composteira seca, que transforma o resíduo orgânico em adubo. Segundo ela, todas essas mudanças foram questão de adaptação e não são o monstro de sete cabeças que todo mundo acha que é. “Muito da resistência vem da pessoa achar que vai ter que mudar completamente de vida”comenta ela. Isso nos faz pensar na diferença que cada um pode fazer. O que algumas pessoas que geram pouco lixo podem mudar contra milhões que sequer pensam no assunto? A verdade é que todas as grandes mudanças começaram pela vontade de poucos que tomaram a iniciativa. Não dá para negar que todos nós somos dependentes do meio em que vivemos, onde tudo se relaciona. Tudo faz parte de um ciclo, uma corrente. Não podemos ignorar, nem jogar a responsabilidade nos ombros de mais ninguém. Não podemos fingir que um problema desaparece só por que foi tirado de nossas vistas. Se você acordasse amanhã 100 anos no futuro, que mundo você gostaria de encontrar? Então, o que você escolhe para hoje?

Faça a sua parte! 1)

Recicle o seu lixo, separe o que é reciclável, dos orgânicos e rejeitos.

2) Tente reduzir ao máximo

os objetos descartáveis. Use a sua própria Ecobag e garrafinha em seu dia a dia. Além disso recuse copos descartáveis, canudos, panfletos etc.

3)

Compre o que puder a granel em lojas de produtos naturais e feiras. Incentive o comércio local!

4)

Reduza o consumo e reaproveite o máximo o que você já possui.

5)

Não se esqueça dos 5 Rs: Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Reintegrar.


Por: Daniele de Souza

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Uma vida sobre

2 RODAS Há 9 anos Greice Dietrich se viu vivendo uma nova vida de um segundo para o outro enquanto realizava o seu TCC em uma grande atividade em Wirtmarsul, sua cidade natal. Greice se desequilibrou e caiu, a deixando tetraplégica. Ela nos contou sobre como foi o acidente e como se tornou uma Personal Trainer na sua cidade. Como ocorreu o acidente? Foi no dia 30 de novembro de 2008. Eu estava aplicando meu tcc, e ao término do evento minhas amigas e eu resolvemos brincar no futebol de sabão inflável. Como ele é muito instável e liso, escorreguei sentada desequilibrando uma das meninas que veio cair sobre meu pescoço fazendo 18

movimento chicote lesionando as vértebras C4 e C5, me deixando tetraplégica. Perdi todos os movimentos do pescoço pra baixo na hora. Após acidente, como você lidou com esse novo estilo de vida? Desde o inicio eu já estava ciente da gravidade da minha lesão, é difícil saber que você não vai conseguir fazer as coisas como antes, ainda mais eu que era muito ativa. Uma das minhas maiores dificuldades foi, e ainda é, aprender a ter paciência, a reaprender a fazer as coisas mais

simples como comer sozinha, escovar os dentes, escrever e aceitar o ritmo com que meu corpo funciona. Minha internação no hospital Sarah Kubitschek em Brasilia/DF foi fundamental, lá eu aprendi que sim, posso ter uma vida após lesão medular, que as coisas não aconteceriam mais da mesma forma mas iriam acontecer se eu me permitisse. Foi um divisor de águas na minha vida. Como se sentiu em relação a mobilização das pessoas? É muito bom saber que você é querida por muitos, saber que


Por: Ana Paula Ferreira e concluir a graduação de Educação Física, o que te fez continuar e não desistir? Sempre fui apaixonada por Ed. Física, e como estava nos últimos meses para o encerramento do curso, a faculdade, meus professores e colegas de turma se mobilizaram para que eu conseguisse finalizar o curso. Mesmo muito debilitada tive a felicidade de conseguir ir na cerimonia de colação e isso foi um momento único. Um ano após o acidente tive uma oportunidade de emprego e fui com a cara e coragem. Estou lá até hoje e não me vejo fazendo outra coisa a não ser na área de EdF.

“Mesmo muito debilitada tive a felicidade de conseguir ir na cerimonia de colação e isso foi um momento único” você tem com quem possa contar nas horas difíceis. Você se sente amparada, querida especial de alguma forma. Sou muito grata por tudo. Com essa nova fase de reaprender tudo, em algum momento você pensou em desistir? Não, eu sempre tive o apoio de minha família e amigos que ajudaram e me ajudam até

Hoje você trabalha como Personal Trainer, como é trabalhar com isso? O início foi difícil porque sempre trabalhei como professora de Ed. Física em escolas e não tinha vivencia na área de musculação. Fui lendo, estudando, tirando dúvidas com colegas de como funcionava e hoje passo treino para os meus alunos normal, tiro dúvida deles verbalmente, corrijo com gestos, vídeos e imagens dos exercício.

hoje. E como meu professor tinha conseguido internação para o hospital Sarah Kubitschek em Brasilia, fez com que eu tivesse mais forças para conseguir ficar sentada por mais tempo e conseguir viajar sem complicações.

Qual foi a sua maior limitação, dificuldade quando começou a trabalhar? Acho que foi e ainda é a falta de acessibilidade tanto do prédio onde se localiza a academia e da própria cidade, hoje a acessibilidade da cidade já melhorou muito, mas ainda não consigo sair e entrar na academia sozinha.

Mesmo sabendo que você iria encontrar dificuldades, até para escrever, você não desistiu de continuar

Você tem planos para o futuro, quais? Tenho, fazer uma pós graduação e abrir um Studio de personal. 19


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Por: Jéssica Parma

FUTURO GARANTIDO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO IGNORA A CRISE E CRESCE CADA VEZ MAIS A CADA ANO. O Brasil enfrenta hoje uma de suas piores crises econômicas da história. Empresas falindo, reduzindo o número de funcionários, diminuindo salários.... Não há nenhuma garantia de que você e seu emprego não serão atingidos, com uma possível exceção: a área da tecnologia da informação – ou, a famosa TI. Fácil perceber que não importa o tamanho da crise, a tecnologia não irá embora, mas necessita de profissionais capacitados para manuseála. De acordo com a Forrester (empresa global de pesquisas e consultoria), entre os anos de 2014 e 2015, o Brasil liderou o ranking de países com maior crescimento na área de TIC (tecnologia da informação e comunicação) com 11% de avanço, seguido por México (10,1%) e China (7,1%). Os números são esperançosos para quem atua e para quem pensa em atuar na área. Santa Catarina tem em torno de 1.800 empresas de tecnologia da informação e, levando em consideração apenas 190 delas, estima-se que até o final do ano abram cerca de 1.535 novas vagas de emprego na área. O cálculo da Acate (Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia) é de

que o setor registre faturamento de aproximadamente R$ 2,5 bilhões em 2015. Assim como Florianópolis e Joinville, que são os principais pólos de TI do estado, Blumenau recentemente também se tornou referência na área e deixou de ser conhecida apenas como “a cidade têxtil”. Blumenau é pioneira na área, com a fundação da empresa Cetil no início dos anos 70. Outras grandes empresas

A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO OFERECE MERCADO DE TRABALHO, ESTUDO ATUALIZADO E TAMBÉM BONS SALÁRIOS. do segmento, nasceram aqui, como Sênior, WK, SCI, entre outras. Para Elinton Oliveira Marçal, 47, diretor de tecnologia e marketing da SCI, o crescimento da área em Blumenau veio basicamente da necessidade das grandes indústrias, principalmente as empresas têxteis, não sendo um crescimento planejado. A área cresceu devido ao esforço dos grandes empresários e praticamente nenhuma ajuda do governo. Com ótimos salários, benefícios

e planos de carreira, estas empresas sabem segurar e valorizar os seus profissionais: Marcelo Casturino Ferreira, 45 anos, trabalhou na Cetil informática por 25 anos. Durante todos esses anos, recebeu plano de saúde, plano odontológico, vale alimentação, folga no aniversário, auxílio creche, auxílio faculdade, entre outros. Em relação à educação, todas as Universidades, Institutos e Cursos Técnicos da cidade possuem diversas opções de estudo na área da tecnologia da informação: Senai, Senac e Cedup oferecem cursos técnicos e ensino superior em diversas vertentes da informática, assim como a Furb, Ibes/Sociesc, Uniasselvi e UniCesumar que também oferecem graduação na área. A tecnologia da informação oferece mercado de trabalho, estudo atualizado e também bons salários. Iniciando com um salário médio de R$ 2.000,00 que podem alcançar até R$ 55.000,00 no topo da carreira, de acordo com estudos feitos pela revista Exame. Os números e os fatos comprovam que, em meio ao momento de desespero que o país vive, escolher uma profissão segura e próspera é algo inteligente a fazer. 25


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A FACILIDADE QUE ESSES APLICATIVOS EXERCEM EM NOSSAS VIDAS É FASCINANTE.

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Por: Bruna Nicoletti

O MUNDO DOS APLICATIVOS Em um mundo onde o celular virou algo essencial, os aplicativos fizeram com que ele se tornasse um item básico de sobrevivência. Há inúmeros usuários que fazem suas atividades apenas neles, afinal, contamos com diversas aplicações para bancos, televisões, jogos, redes sociais, músicas, horários de ônibus e, até mesmo, aplicativos de segurança. O mundo dos aplicativos se tornou uma febre. E, com ela, um grande negócio. Para James Sabel, usuário da plataforma Android, sua vida está totalmente ligada a vários aplicativos. “Tenho um celular e um tablet e, com eles, eu registro e faço tudo que eu preciso, o tempo todo e em qualquer lugar. Todos os meus dias começam e terminam com aplicativos”, conta. Diz que antes de dormir, por exemplo, confere a agenda do dia seguinte no Google Calendar e, pela manhã, acorda com o SleepTime, que monitora o sono e desperta na melhor hora, explica. Com todas as evoluções que tivemos nesses últimos anos, podemos contar com aplicativos para diversas plataformas, como Android, iOS e Windows. Consequentemente, as empresas de aplicativos estão gerando empregos no Brasil e no mundo, fazendo com que desenvolvedores se especializem nessa área. Com isso, temos também o setor econômico, que está em constante crescimento. O Brasil é um dos maiores

consumidores de aplicativos do mundo, sendo hoje o quinto país que mais realiza downloads desses produtos. Esse setor movimenta no mundo US$ 25 bilhões e a previsão é de que, até 2017, esse valor chegue a US$ 70 bilhões. Em Blumenau, possuímos diversos programas criados aqui na região e que são muito úteis para a sociedade. O MovelBus, por exemplo, tem todos os horários de ônibus da cidade. Seu criador, João Lenfers, afirma que o MovelBus era para uso pessoal

“NOSSO OBJETIVO É TRAZER INFORMAÇÃO E ENTRETENIMENTO COM UMA VISÃO DIFERENTE, PRÁTICA E PARTICIPATIVA” no início, pois, depois de algumas dificuldades pessoais, teve que utilizar o transporte público de Blumenau. “O aplicativo surgiu no início de 2009, quando tive o carro e a moto atingidos pelos deslizamentos de 2008, e passei a depender exclusivamente do transporte público. Devido à dificuldade, para saber os horários de ônibus, mesmo pela internet ou nos terminais, surgiu a ideia de colocarmos tudo no celular para ser acessível em qualquer lugar”, esclarece. Além disso, João afirma que seu irmão, Jairo Lenfers, foi responsável pela divulgação do aplicativo

para a sociedade. Outro utilitário que está se destacando é o POCKETv, uma televisão para tablets e celulares e com canais exclusivos para esses equipamentos. O jornalista Fernando Melo, que atua na área há 25 anos, fala que o aplicativo foi desenvolvido para versatilidade e a ideia surgiu em uma reunião de tecnologia. “A POCKETv foi desenvolvida por conta de versatilidade, a ideia foi desenvolvida em uma reunião sobre novos projetos e tecnologia”. Ele justifica que como o mundo está voltado cada vez mais para tecnologia e internet, optaram por um estilo de TV que se encaixasse no dia a dia das pessoas. “Nosso objetivo é trazer informação e entretenimento com uma visão diferente, prática e participativa”, explica. A facilidade que esses aplicativos exercem em nossas vidas é fascinante. Agora, não é mais necessário esperar horas em uma fila no banco para realizar o pagamento de uma conta. Com alguns cliques, você pode pagar todas as contas do mês. Além disso, podemos também citar os aplicativos de redes sociais, que fazem as pessoas estarem o tempo todo conectadas e atualizadas sobre o que está acontecendo, seja sobre a vida de seus amigos ou notícias. Os aplicativos estão mais presentes no nosso dia a dia, para simplificar e melhorar nossas vidas. Do outro lado, garantem empregos e lucros para quem trabalha no meio. 27


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Deixem as crianças brincarem Quando eu era pequena, dividia o quarto com o meu irmão. Às vezes, as coisas eram um pouco caóticas, cada um tendo seu gosto particular, disputando os metros quadrados disponíveis para acomodar um brinquedo ou um pôster ou alguma inutilidade favorita. No Natal, nos aniversários e no saudoso Dia das Crianças pedíamos coisas diferentes: eu gostava de Barbies; ele preferia comandos em ação; eu era obcecada por Playmobils; ele gostava de futebol de botão, de futebol de todas as formas; eu era Scotland Yard; ele, Detetive; eu amava o Woody; ele gostava do Buzz. Mas não importava o que nossos pais nos dessem, depois de algum tempo, guardados nas gavetas dos móveis, os meus brinquedos e os brinquedos dele simplesmente se tornavam os nossos brinquedos. E havia as predileções onde nos encontrávamos: nós dois brincávamos com bonecos dos Power Rangers; nós dois colecionávamos álbuns de figurinha de animais; nós dois éramos entusiastas de vídeogames e de filmes da Disney; nós nos fantasiávamos de Changeman e corríamos pelas ruas, lutando contra inimigos invisíveis; e ambos tínhamos 28

uma aversão saudável à criatura demoníaca conhecida pelo nome enganoso de Fofão. Meus pais nunca fizeram questão de separar as brincadeiras entre “coisa de menino” e “coisa de menina.” Nós brincávamos com o que quiséssemos. Eu não era desencorajada a fazer o que não parecia condizente ao meu gênero, nem meu irmão. Quando eu ganhei uma bicicleta, ele também ganhou. E quando patins entraram na moda de novo, ganhamos os dois patins da mesma cor, ralando os joelhos por aí durante meses a fio. Eu brincava com arminhas, com espadas, com estrelas ninjas de borracha que não faziam estrago nenhum, mas que me davam a sensação de ser super-poderosa. Eu também adorava minhas bonecas. Até hoje mantenho uma coleção delas, que inclui algumas da Disney, uma Grace Kelly e duas Barbies lindas que eu usava como modelos nos dias em que cursava Moda. Na minha infância, o único tipo de boneca que eu não suportava era a bebê. Não me parecia nem um pouco divertido trocar fraldas ou limpar papinha invisível. E quando as mesmas bonecas começaram a fazer xixi, só me horrorizavam. Eu não queria dar papinha; eu queria fazer de conta que os

degraus da escada de casa eram montanhas que meus Playmobils desciam com suas bicicletas. Um deles sempre se acidentava. A equipe de resgate formada pelos Playmobils restantes inevitavelmente passava por provações inimagináveis enquanto tentava salvar seu amigo moribundo. Parece trágico, mas era muito mais estimulante, para mim, do que um bebê de plástico que fingia arrotar. Meus pais logo perceberam minha aversão. Ao longo de uma vida inteira, fui dona de duas bonecas do tipo, somente; bonecas estas que logo ficaram esquecidas no armário. Depois de crescida, percebi a sorte que eu tive. Muita gente nutre algumas opiniões especialmente fervorosas sobre o que é brinquedo para menina e o que é brinquedo para menino. Em lojas, já presenciei pais tentarem ganhar seus filhos com voz doce, ajoelhando e mostrando para uma menininha a boneca que eles querem que ela leve. “Olha como é bonitinha, olha como é rosa.” E a dúvida cruel fica estampada no rosto da criança, que se divide entre o brinquedo que ela quer e aquele que seus pais dizem que ela quer de verdade.


Por: Maria Clara Madrigano

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DO PAPEL AOS PALCOS AS MUDANÇAS NA LEI E NA PRÁTICA DO ENSINO DA ARTE

Quem nunca fez o famoso desenho das férias, desenho livre, desenho cego, ou mesmo as famosas bandeirinhas de festa junina? Essas práticas sempre foram muito comuns nas aulas de artes devido ao baixo índice de professores habilitados, mesmo que estejam previstos na lei para todas as disciplinas. Com a defasagem, outros professores acabam comumente abarcando a disciplina e as aulas muitas vezes se tornam superficiais, voltadas para trabalhos artesanais, datas comemorativas, decoração das escolas ou mesmo momentos de lazer e recreação. Entretanto, este cenário está mudando com a oferta de cursos de licenciatura que cresceu muito nos últimos anos. Com mais profissionais qualificados, a disciplina de Artes automaticamente vem tomando novos rumos e sendo reconhecida aos poucos como um importante componente no currículo escolar. Segundo informações da SED, no município de Blumenau praticamente 70% dos professores de artes das 30

33 unidades da rede pública estadual são formados e os outros 30% estão se habilitando. Esse é um número expressivo e interfere consideravelmente na qualidade do ensino da arte. Além do aumento dos profissionais qualificados, a própria legislação tem feito com

que haja mudanças nas práticas educativas. Em relação à arte, o então presidente Lula, sancionou em 18 de agosto de 2008 a Lei nº 11.769, que instituiu a música como conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular. A mudança fez com que muitos profissionais tivessem que

se adaptar às novas exigências, reavaliando as metodologias utilizadas e conteúdos aplicados. Mais recentemente, em 05 de agosto deste ano, a Câmara dos Deputados divulgou em site oficial a inclusão também da dança e do teatro, alterando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – 9.394/96). A proposta original determinava a inclusão da música, das artes plásticas e das artes cênicas no currículo do ensino fundamental e, como sofreu modificações na Câmara, volta ao Senado. Segundo a doutoranda em Artes Visuais do Programa de Mestrado da Udesc, Giovana Bianca Hillesheim, “A proposta é maravilhosa, mas a grande dificuldade está em qualificar os profissionais, dando-lhes a formação adequada para que consigamos colocá-la em prática. É preciso levar em conta a forma com que as instituições se adaptarão a isso, já que ainda não alcançamos, com êxito, nem mesmo a prática do que propunha a lei anterior”. A grande maioria


Por: Ana Paula Darolt dos professores qualificados considera a obrigatoriedade de outras manifestações artísticas que não apenas as artes plásticas, algo positivo. Porém, é consenso que, ao obrigarem com a lei, deveriam proporcionar meios justos para que os profissionais lecionem. Os espaços em algumas escolas não são adequados para um ensino de efetiva qualidade, seja na área artística, esportiva ou mesmo pedagógica. “Um lugar adequado, com todos os apetrechos, seria próprio e eficaz. Mas mesmo diante das possibilidades que temos, é possível contemplar os conteúdos propostos, desde que haja vontade, persistência, paciência, entusiasmo e muita criatividade”. diz Maicon Glomer, professor de Artes da rede pública estadual de Blumenau há 13 anos, e para quem o estudo nunca termina e o professor precisa estar sempre se aprimorando. Muitas vezes, por falta de capacitação, os professores não possuem domínio de certos conteúdos, mas precisam dar seu jeito de trabalhá-los

em sala de aula. No caso das artes cênicas, da dança e da música, uma boa opção é levar os alunos para a apreciação de espetáculos. Para isso, é preciso também que o município ofereça essas atividades. Em Blumenau, o Festival Internacional de Teatro Universitário (Fitub), o Festival Nacional de Teatro Amador (Fenatib), o Festival Universitário da Canção, Cultura e Arte (Fucca) e o evento Colméia, são exemplos que contribuem para isso. Além disso, algumas escolas que já possuem atendimento integral oferecem artesanato, artes cênicas, artes plásticas, dança e teatro no contraturno. Não são só os professores que percebem as mudanças nas práticas educativas. A aula de Artes também costuma ser apreciada pelos alunos e os mais interessados se preocupam com os meios para que elas sejam produtivas. A aluna da rede pública de Blumenau Érica Paycorich, de 11 anos, por exemplo, já teve 6 professores de artes, cada um com suas particularidades e didáticas diferentes. “As aulas mudaram bastante ao longo dos anos. Desenhamos, pintamos, fazemos teatros de fantoches e até temos um concurso de música anual. Mas eu gostaria que a escola pudesse proporcionar mais materiais, como fantasias para os teatros, por exemplo, seria bem legal!” ressalta a estudante. A escola é, muitas vezes, a única forma para algumas crianças e jovens terem contato com esse universo contagiante da arte. Por isso, eles valorizam esses momentos, cada um à sua maneira, como é o caso da aluna do 9º ano de escola púbica de Indaial, Bruna Vanessa Eger, 15 anos. Ela conta que durante toda sua vida escolar, as aulas de artes foram voltadas para o estudo das artes plásticas, com realização de desenhos e releituras, tendo

acesso à dança e ao teatro somente em apresentações para datas comemorativas, baseadas simplesmente no ato de apresentar. Mas no último ano, Bruna e seus colegas puderam ter uma nova experiência: “Através da interpretação, aprendemos a utilizar o corpo e a fala para nos expressar e foi maravilhoso” disse ela.

Independentemente de estarem ou não previstos na lei, o teatro, a dança e a música, assim como as artes plásticas, trazem vida para qualquer ambiente, especialmente para as escolas. Também é importante ressaltar que o papel da Educação Artística não é apenas atribuir conhecimentos estéticos, mas também desenvolver a sensibilidade e influenciar positivamente no desenvolvimento cultural dos alunos. Além de deixar o aprender muito mais divertido, o estudo das diversas formas de manifestações artísticas incentiva a cultura e motiva crianças e jovens a descobrirem e aproveitarem seus dons artísticos. Mesmo diante das dificuldades enfrentadas para o cumprimento das novas propostas educacionais, qualquer iniciativa que objetive melhorias na educação é bem-vinda. É uma forma de acreditar que, mesmo em meio às crises e problemas atuais, a educação não está completamente esquecida. Espera-se que os governantes tenham consciência disso. 31


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Por: Rafael Torres e Ivan Sikorski

A NOITE DE

BLUMENAU O FUNCIONAMENTO DAS FESTAS E BALADAS EM BLUMENAU VISTA PELO LADO DE QUEM FREQUENTA, DE QUEM PRODUZ E DE QUEM TRABALHA NELAS.

Encravada no Vale do Itajaí, Blumenau apresenta hoje uma população de aproximadamente 330 mil habitantes. Destes, boa parte são jovens cheios de energia, e com algum dinheiro para gastar. Sendo assim, as noites da cidade jardim costumam ser bastante movimentadas. A superlotação de casas noturnas em eventos de grande porte, como shows nacionais, por exemplo, comprova o quanto o blumenauense é sedento por festas de qualidade. Independente do gosto musical preferido, quem pretende curtir a noite sempre encontra algo que lhe agrade. O que a grande maioria dos frequentadores da noite blumenauense não conhece, são as pessoas, a estrutura, a correria... enfim, a logística toda que é movimentada e que dá muito trabalho para que eles possam se divertir. Por trás das cortinas, dos palcos, dos camarins, trabalhando tanto na noite quanto no dia, esconde-se um perfil de

profissional agitado e inquieto, responsável por fazer a festa e a diversão acontecerem da melhor forma possível: o produtor. Muito antes de abrirem as portas da balada, é ele quem protagoniza o contato com as bandas, com fornecedores, participa da criação das festas temáticas e auxilia em toda organização nas horas antes, durante e depois da festa. É um trabalho árduo, que exige um raciocínio rápido para resolver problemas e, da mesma forma, calmo para apaziguálos. A constante necessidade de contato com pessoas, tanto envolvidas diretamente com realização dos eventos, como com seus clientes, o olho atento às condições externas à festa, como no clima ou em outros eventos, e o alto nível de responsabilidade profissional exigida levam abaixo o mito da “vida boa” de quem produz ou é dono de bares e baladas. Para Leonardo Biz, de 29 anos, sócio-proprietário do Ahoy! Tavern Club e do Factory

Coffee Bar, a rotina de produtor é realmente intensa. “Temos horários bem diferenciados. O Factory funciona durante a semana e geralmente as noites acabam entre meia noite e 2h da madrugada. Já no fim de semana, tanto para o Factory como para o Ahoy!, não é raro chegarmos em casa às 6h da manhã” comenta. Porém, apesar de desgastante, produzir festas e eventos pode ser muito recompensador. “Trabalhar com o que você realmente gosta, ver a satisfação das pessoas e as histórias criadas por causa do seu trabalho, não tem preço” ressalta. Cuidar, organizar e comandar uma casa exige bastante trabalho. Agora... imagine duas. Com o Ahoy! e o Factory nas suas mãos e de seu sócio, Kaiser Novelli, a tarefa torna-se muito mais corrida. “Abrimos o Factory cinco dias por semana, e o Ahoy! três. Como trabalhamos com noites temáticas, cada noite é um 35


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Gabriel, gerente de equipe no Ahoy!

evento diferente, então são pelo menos oito por semana” afirma Biz, que também fica à frente do processo criativo das festas, que alternam entre noites de rock, pop e também reggae. Para elaborar todo o conceito de um de seus eventos, ele diz que chega a passar uma semana inteira pensando e se inspirando no tema até conseguir, finalmente, conceber uma ideia boa, atrativa e divertida. “O processo de criação requer inspiração. Às vezes demoro semanas para ter uma boa ideia e às vezes tenho três ou quatro numa só tarde” afirma o sócio-proprietário, que sempre procura colocar as ideias no papel, independente de onde estiver no momento que lhe surgirem na cabeça. “Às vezes a ideia aparece enquanto estou andando na rua ou tomando café e de pijama, daí eu corro pra tirar ela da cabeça e pôr em pratica” conclui. Outra casa que se destaca

na cidade, principalmente pela grande quantidade de pessoas que recebe semanalmente, é o Obs Bar. Inaugurado em 1999, o bar é ponto de encontro do público que opta pelo sertanejo universitário como trilha sonora de suas noites. Antigamente chamado de Observatório, o local passou por uma grande reforma em 2009 e deixou de ser

de Blumenau, a casa noturna geralmente mantém a mesma temática por semanas. Hoje em dia, são aproximadamente 7 opções de baladas próximas ao centro da cidade, que variam do popular sertanejo universitário às baladas eletrônicas. Do pagode ao funk. Do luxo ao econômico. Opções mais tranquilas, com música ao vivo, também não faltam. Dos 13 bares mais conhecidos da cidade, 7 contam com apresentações de bandas locais. São nos bares e em casas noturnas que dão espaço para novas bandas que surgem os grandes talentos. As bandas, que até então tocavam somente nas garagens e porões da cidade, ganham cada vez mais experiência e aos poucos afinam seu entrosamento. Alex Oliveira, de 26 anos, é vocalista de uma nova banda que aos poucos ganha espaço em Blumenau. Ele conta que após muitos ensaios, finalmente resolveram subir aos palcos, e o resultado vem sendo positivo. A banda Lucida trabalha com até cinco datas por mês. “Estamos tendo certo reconhecimento, mas sabemos que é apenas o início. Queremos muito mais”, conta ele. Muitas são as bandas que povoam este universo. É o caso, por exemplo, da experiente e conhecida banda The Zorden. Há 17 anos agitando as noites de Blumenau em diversos bares e casas noturnas, os três irmãos da família Martorano Rafael, João Paulo e Eduardo, mais o guitarrista Marcos Annuseck, são figuras carimbadas nos palcos

“A VONTADE DA BANDA DE TOCAR E A VONTADE DA CASA DE PRODUZIR E PROSPERAR FACILITA E ENCURTA A NEGOCIAÇÃO, RESULTANDO EM UM PROCESSO DE AJUDA MÚTUA.”

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um pequeno bar para se tornar uma das casas mais conhecidas e freqüentadas da cidade. Com uma estrutura moderna de iluminação e som, o Obs Bar apresenta-se como “parada obrigatória” paras as duplas sertanejas da região. Diversas duplas em início de carreira agitam as sextasfeiras da casa. Diferentemente de outros estabelecimentos


Por: Rafael Torres e Ivan Sikorski blumenauenses e já passaram por inúmeras situações no mínimo inusitadas. “Coisas estranhas sempre acontecem enquanto tocamos. Certa vez, a “Ordem dos Músicos do Brasil” interrompeu nosso show, pedindo nossas carteirinhas e documentos a fim de nos multarem!” conta Rafael. Outra banda que vem aparecendo cada vez mais no cenário da noite blumenauense é a Project Pure. Com uma levada bem contemporânea, baseandose no repertório de bandas e estilos variados, reformulados para versões IndiePopRock, os rapazes ganham espaço e projetam sua história. “Almejamos o reconhecimento, sucesso e espaço na cena musical, portanto, trabalhamos para isso” afirma Tavinho Marçal, baixista da banda, que ainda conta com Rafael Moser na guitarra e Felipe Rischbieter na bateria. Atualmente, a Project Pure atua com um projeto tributo à banda americana Maroon 5.

Às vezes, no entanto, a atração é nacional. Bandas muito conhecidas do público e que estão constantemente na mídia, costumam atrair grande número de gente para ver seus shows. Naturalmente, o trabalho de produção, aí, é dobrado. Em shows de maior expressão, como na recente vinda da banda Fresno, Biz explica que o processo é mais detalhado e exige um grande esforço logístico e de prazos. O fato de conhecerem o vocalista, Lucas Silveira, que fez um show solo na antiga sede, facilitou a negociação e a comunicação. “No caso da Fresno, que geralmente toca em casas maiores, a primeira sondagem foi logo depois de saber que eles estariam passando por Santa Catarina. Então, contatei o vocalista e perguntei se a banda toparia tocar aqui” comenta Biz, que ainda teve de lidar com uma agenda muito mais atarefada que o normal, já que a banda ainda tinha compromissos com rádios e TVs.

É evidente que cada festa ou evento é uma página à parte, ou seja, não segue um padrão de funcionamento. Tudo pode dar terrivelmente errado ou muito certo, dependendo das condições, dos acontecimentos e dos imprevistos. “Acho que a graça em produzir shows e festas está em sentir aquele frio na barriga antes de cada um deles, de não saber se vai ser um sucesso ou não” revela Biz. E, mesmo com todos os fatores e dificuldades reunidas, a profissão de organizar as festas, shows e eventos no qual centenas se divertem é recompensadora e necessária. Apesar da falta de tempo para curtir a festa que eles mesmos idealizaram, de parar alguns minutos e conversar com clientes e amigos ou de apreciar uma boa cerveja, a verdadeira satisfação está em poder proporcionar isso para todos, clientes e amigos. “A nossa grande curtição é ver tudo dando certo e a galera se divertindo” conclui Biz.

Sócios, Kaiser e Biz. 37


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QUEM USA A DIVERSÃO COMO GANHA PÃO Indispensável. É desta forma que deve ser denominado o garçom ou o barma penas servir os clientes, mas, sim, funcionar como a engrenagem que mantém a casa em constante movimento. Seja por trás dos balcões, atendendo de mesa em mesa ou captando os pedidos de longe, o garçom é parte fundamental da equação que faz a noite acontecer. A profissão não parece e nem é fácil. Ser barman ou garçom exige da pessoa uma rotina puxada, que prefere a noite ao dia – pelo menos aos finais de semana – e também exige atenção aos pedidos e ao movimento dos clientes. Gabriel Ugarte, de 25 anos, que trabalha há 3 anos como Gerente de Equipe no Ahoy! Tavern Club e já trabalhou no FactoryCoffee Bar, confirma o quão atento precisa ser a todos os detalhes da casa que, muitas vezes, passam despercebidos aos olhos do cliente: “Durante a noite, preciso

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ficar atento ao atendimento aos clientes e ao ambiente também, em coisas como temperatura da casa, iluminação, atenção dos funcionários no balcão e caixa, assim como, os banheiros e seguranças” comenta Gabriel. Sobre as horas de trabalho, ele afirma que geralmente começa às 20h20min, pois precisa checar todos os detalhes necessários a serem feitos antes das portas abrirem. E, para ele, a noite acaba por volta das 4h30min: “Depois que a festa acaba, ficamos quase duas horas organizando a casa para a abertura no dia seguinte, porém tudo depende do evento que rolou e do que irá rolar no dia seguinte” finaliza. Porém, nem todo trabalho é sacrificante. Nos dias de intenso movimento, Gabriel afirma que não há tempo para curtir a música e nem trocar algumas palavras a mais com conhecidos ou amigos, pois precisa atender a todos, mas quando o movimento é tranquilo

e administrável, ele aproveita um pouco do que a festa pode oferecer: “Quando o bar está, digamos, confortavelmente cheio, sempre dou uma espiada no palco, converso com alguns clientes e dou uma atenção maior a eles” ressalta. Sobre as más experiências ou ocasiões desconfortáveis, tais como furtos ou brigas, Gabriel é categórico: “O Ahoy! e o Factory tem um público bacana e no geral as festas são bem tranquilas. É comum que clientes percam documentos ou cartões, porém os itens são quase sempre entregues no balcão e devolvidos aos seus donos” explica ele. O crescimento das duas casas onde trabalha – Ahoy! e Factory – diversificou a clientela e aumentou o público que aproveita suas festas, porém apesar disso, todas as festas se provam tranquilas, bem administradas e divertidas, tanto para quem trabalha como para quem as curte.


Por: Rafael Torres e Ivan Sikorski O ROLÊ ALTERNATIVO NA NOITE BLUMENAUENSE A noite blumenauense não se faz somente de casas noturnas e bares elegantes. Ela está também nos bairros mais afastados do centro e até mesmo dentro de residências. Por melhor conceituada que uma casa noturna seja, ela certamente não agradará a 100% dos jovens. Tanto pelo gosto musical, pela estrutura ou até mesmo pelo estereótipo de seus frequentadores, ela sempre esbarrará no gosto próprio de cada pessoa. Sabendo disso, proprietários buscam fidelizar o maior número possível de clientes, seja inovando nos temas das festas ou constantemente trazendo novas atrações. Ainda assim, existe um público difícil de ser atingido. São os chamados alternativos. São aqueles que raramente frequentam as casas tradicionais pois, segundo eles próprios, não encontram nelas o que buscam. “O melhor da noite está nos

amigos que ‘colam’ junto sempre, não nessas baladas cheias de frescuras”, conta Deivid Souza, de 23 anos. Atualmente trabalhando como vendedor em uma loja, Deivid conta que boa parte do seu salário é gasto nos ‘rolês’, forma que costumam chamar as festas dos finais de semana. Diz que o destino do sábado à noite é decidido geralmente em cima da hora. “Alguém sempre está sozinho em casa. Aí já viu né? Só chamar os parceiros e ‘colar’”, conta ele com entusiasmo. Estas festas são as chamadas PVT’s: Festas particulares realizadas em residências ou em pequenos clubes. Em eventos assim, geralmente entram apenas convidados, e a regra é se divertir o máximo que puder sem se preocupar com o valor da comanda ao final da festa, visto que cada um leva o que vai consumir e todos bebem à vontade. O consumo excessivo de álcool chega a ser natural para quem

convive com essas turmas e partilha da sua rotina. Uma vantagem apontada por Deivid é a tranquilidade de se consumir outras drogas além do álcool. O uso indiscriminado de maconha é visto por ele como algo extremamente corriqueiro nesses locais. Apesar da preferência por festas particulares, ele não descarta algumas casas da cidade. Deivid cita as noites de Hip-Hop do Das Antiga Bar como uma boa opção. Porém, ao contrário das PVT’s, nas baladas os jovens precisam gastar. O preço médio de uma cerveja long neck de R$ 5,00, enquanto uma dose de vodka sai por, aproximadamente, R$ 10,00. O alto valor cobrado nestes locais, seja na entrada ou nas bebidas, é apontado como um crucial fator negativo pelo público. Porém, por conta do menor número de dias na semana em que a casa é aberta, os preços são essenciais para a sobrevivência do negócio.

CONCORRÊNCIA COM O LITORAL PREJUDICA BALADAS ELETRÔNICAS Já quem gosta de baladas eletrônicas se ressente um pouco da falta de opções na cidade. Por sua proximidade com o litoral, Blumenau sofre com a concorrência de diversas casas noturnas da costa catarinense. Amplamente divulgadas Brasil a fora, as praias do estado possuem, além de uma exuberante beleza natural, diversas baladas bem conceituadas. Algumas delas aparecem em rankings mundiais de preferência do público. São os casos da Green Valley e Warung, por exemplo, ambas localizadas em Balneário Camboriú e que são especializadas em música

eletrônica. Essa forte concorrência, associada ao hábito do blumenauense ir constantemente ao litoral, é o principal fator que faz com que o estudante Henrique Quadros, 25 anos, frequentador assíduo da noite, acredite que empresários tenham medo de investir em novas opções de baladas em Blumenau. “O jovem daqui está acostumado a ir pra fora, por isso, investir em algo diferente e grandioso aqui é arriscado”, pensa ele. Henrique reconhece que nos últimos anos surgiram algumas novas opções na cidade, mas

segundo ele, ainda estão distantes do que costuma encontrar no litoral. “Em Balneário tem muita casa grande. Não temos baladas eletrônicas aqui, por exemplo, somente nas cidades vizinhas”, reclama. As novas opções que sugere terem surgido na cidade são casas noturnas de pequeno e médio porte como Winchester, Factory, Don Pub e o novo Ahoy! Essas casas possuem lotação máxima que varia entre 100 a 700 pessoas, bem distante do número máximo das grandes festas litorâneas, que podem chegar até nove mil pessoas. 39


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EM TEMPO DE DÓLAR ALTO É HORA DE DESCOBRIR A EUROPA DAQUI Crise é um assunto que deixa todo mundo desanimado, mas para os apaixonados pela estrada não há motivos para desanimar. Se viajar é a prioridade, já pensou que desta vez, ao invés de usar o dólar, o euro ou a libra, é possível investir em um roteiro bem legal, gastando em reais e que está bem pertinho de todos nós? Santa Catarina tem belezas para todos os gostos e culturas das mais variadas tradições. Não poderia ser diferente, sendo que o estado colonizado por imigrantes portugueses, alemães, italianos, holandeses, austríacos e suíços guarda em seus recantos belezas e atrações incríveis, que encantam a todos que a visitam.

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No Vale Europeu, por exemplo, é muito fácil identificarmos vários traços do velho continente. Em quase todos os 49 munícipios da região há características que relembram a Europa, assim como festas que celebram a tradição europeia e lugares incríveis para conhecer. Viajamos por três deles, apenas para experimentar as sensações que o Vale pode proporcionar.

RIO DOS CEDROS Rio dos Cedros, que foi colonizada por imigrantes italianos, alemães e búlgaros, tem cerca de 10 mil habitantes e é o verdadeiro paraíso para quem procura tranquilidade, paz e sossego para passar um final de semana, por exemplo. Além disso, a cidade é bastante conhecida por fazer

parte do cicloturismo do Circuito Vale Europeu, que abrange as cidades de Timbó, Pomerode, Indaial, Rodeio, Benedito Novo e Doutor Pedrinho, atraindo diversas pessoas em busca de ótimas pedaladas. Porém, o que realmente chama a atenção em Rio dos Cedros, são os lagos artificiais feitos pelas mãos do homem. Formado pelos Rios Bonito, Palmeiras e Cedros, a represada foi criada para abastecer duas usinas de energia elétrica Ao longo desses lagos, casas, pousadas e hotéis é possível ter um descanso perfeito em sintonia com a natureza. Esportes náuticos, cachoeiras e até mesmo passeio a cavalo, são opções encontradas no alto da montanha. Uma ótima opção é a Associação da Malwee, aberta ao público, que possui, além de chalés, um espaço de camping


Por: Claudia Pombal para colocação de barracas. Assistente da Secretaria de Turismo da cidade, Lusimar Ropelatto diz que a crise econômica nacional não está afetando a procura pela cidade. “Os turistas que visitam a cidade o ano inteiro são atraídos principalmente pelo verde, pelas cachoeiras e as duas barragens existentes, que tornam a cidade o mais completo local para ecoturismo do Vale Europeu”.

APIÚNA Já para quem ama a natureza e adora um esporte radical, que tal dar uma esticadinha até Apiúna? A cidade, que é banhada pelo Rio ItajaíAçú, é considerada uma das melhores de todo o Brasil para a prática do rafting. Mas muitos outros esportes radicais esperam pelos visitantes A região que é rodeada de cascatas, morros e vales, favorece também a prática de esportes, como o canyoning, rapel, trekking e mountain biking. Para finalizar um roteiro cheio de emoção, um pacato passeio de Maria Fumaça é uma ótima pedida. A locomotiva americana, que ainda funciona totalmente a vapor, fabricada pela empresa Baldwin em 1920, restaurada e administrada pela Associação

Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF, perfaz um percurso de 3 km em dois vagões que comportam 50 pessoas cada um. É como voltar ao passado com o apito, o barulho do vapor saindo da caldeira e o cheiro da lenha queimando na fornalha, fazendo a locomotiva seguir seu caminho. Rafael A. Coelho, responsável pela comunicação da Secretaria de Turismo da cidade, garante que o turismo está estável e tende a aumentar depois da Maria Fumaça e, agora, da construção do Parque Municipal Aquidabã. “A prática de rafting é a atração mais procurada e conhecida em Apiúna já que este trecho do rio Itajaí-Açú é um dos melhores do Brasil para tal atividade”, relata, ressaltando que outras atrações bem procuradas são as belíssimas cachoeiras.

POMERODE Pensou em gastronomia, arquitetura e muita tradição germânica? Seja bem vindo à Pomerode, a cidade mais alemã do Brasil. Localizada no Médio Vale Itajaí, Pomerode é uma cidade encantadora, com cerca de 30 mil habitantes. Depois da Alemanha, é aqui que existe o maior acervo de construções em enxaimel. São mais de 240 edificações deste tipo em todo o

município. Além de ter diversas atrações praticamente durante o ano todo, Pomerode é famosa por possuir o primeiro zoológico do Estado. A cidade ainda conta com museus, restaurantes e confeitarias de alta qualidade, charmosas pousadas e um recéminaugurado Teatro Municipal, que oferece ampla programação com apresentações teatrais, musicais e dança. Raquel Nascimento, diretora da Secretaria de Turismo de Pomerode, confirma que o fluxo de turistas na cidade vem aumentando gradativamente nos últimos anos. “A maior parte dos visitantes vêm de outros estados, como São Paulo e Paraná. Até o momento, a crise ainda não teve uma demonstração efetiva na diminuição dos turistas”, conta ela, ao relacionar o zoológico, o portal de informações turísticas, a pousada Vila Encantada e a Rota do Enxaimel como locais mais visitados. Visitar o Vale Europeu é a maneira menos onerosa de curtir a vida, especialmente nesses momentos de crise econômica. É a possibilidade de fazer turismo no quintal de casa, usufruindo de atrações variadas nos 49 municípios que o compõem. É a oportunidade real de viver a natureza abundante, cultura, tradições, gastronomia e equipamentos criados pelo homem em poucos quilômetros de distância. Um convite irresistível.

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ENTRE O

VINTAGE

E O RETRÔ

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Por: Ana Paula Ferreira É costume ver a moda voltando, ver roupas que eram utilizadas há algumas décadas tornarem-se objeto de desejo novamente. De vez em quando, aparecem novos nomes para designar este flash back, como “vintage” ou “retro”. Há pessoas extremamente ligadas a esses universos, que chegam a se sentir “fora de época”. O que muita gente não sabe é que há diferença entre uma coisa e outra. Embora apontem para o passado, vintage e retrô não são a mesma coisa. O significado de vintage

para outros tem que ter pelo menos 20 anos e menos de 100 anos, porque tudo que tem mais de 100 anos já é considerado antiguidade. Mas os amantes do design e da moda já dizem que uma peça vintage é fundamental e não tem preço. “Eu sou completamente apaixonada pelo universo vintage. Às vezes, até digo que nasci na época errada, porque a minha maneira de vestir e pensar não é a convencional nos dias de hoje, especialmente no Brasil”, comenta Fernanda Rosa, criadora do blog Laços e Babados.

enlouquece por uma? Ser vintage vai muito além de uma simples tendência da moda. Vintage é tudo aquilo que fez sucesso há alguns bons tempos atrás, mas que hoje preservamos nas memórias. Afinal, é tem estilo! Fernanda ainda afirma que seu gosto por moda é algo que vem desde pequena. “Quando adolescente, procurava peças antigas nas coisas da minha mãe, como roupas, bolsas e acessórios...” comenta. Fernanda ainda frequentou muitos brechós para garimpar as melhores e mais legais peças para o seu guarda-

ACREDITO QUE TUDO O QUE EU VISTO, E PRINCIPALMENTE O MODO QUE VISTO, FAZ RELEMBRAR AS ÉPOCAS PASSADAS. NA VERDADE, ATÉ A MANEIRA DE ME COMPORTAR É MAIS CLÁSSICA E CONSERVADORA, UM POUCO ANTIQUADA

não tem ligação direta com a moda. É o nome dado às boas colheitas de vinhos. A origem vem de vint, relativo à safra de uvas, e age de idade. Ou seja, quanto mais velho melhor! Aquelas roupas e acessórias com carinho de “minha vó usava” passam a ter valor pelo seu design, pelo seu diferencial. Tanto o estilo vintage quanto o retrô estão sempre presentes, de alguma forma, por serem peças com um importante movimento “estiloso”. É possível encontrar várias definições para a palavra vintage. Para alguns é um estilo de vida e moda retrógrada. Já

Já retrô é tudo aquilo que marcou época e que se tornou referência. O termo tem origem na palavra retrógrada, que significa “para trás”, o que seria uma releitura do passado, uma retrospectiva daquilo que já foi visto. É um produto ou peça geralmente inspirado em coisinhas de vovó repaginadas para o século XXI. Aquela saia rodada de Poá, por exemplo, aquele short hot paint, ou até mesmo as maquiagens, como o delineado gatinho. Sabe aquele telefone da sua avó, que você brincava de colocar o dedo e girar até o final? Ou aquela geladeira azul que, hoje, quase todo mundo

roupa, deixando claro seu amor pela moda. “Acredito que tudo o que eu visto, e principalmente o modo que visto, faz relembrar as épocas passadas. Na verdade, até a maneira de me comportar é mais clássica e conservadora, um pouco antiquada”, completa. A moda tornou-se algo acessível a qualquer um. Qualquer departamento popular oferece uma grande variedade de opções, desde valores até tamanhos. Com esta realidade, aumentou o número de pessoas que investem em estilo – e, aí, a moda vintage ou retrô ganha mais força. Acompanhando esta tendência de mercado, a jornalista Priscila 43


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Duarte (ou Piu, como gosta de ser chamada), criou o instagram @nogarimpo, que ficou famoso por compartilhar moda com preços e lojas acessíveis. “Acho que a moda se popularizou e chegou perto de todo mundo”, diz, ao sugerir que aquela ideia do inatingível na moda ficou para trás. “Isso é mérito das redes sociais que popularizaram as tendências e também das lojas que passaram a investir de verdade nos consumidores, vendo-os como pessoas que também querem e podem acompanhar este movimento”, comenta Piu. Ela ainda deixa claro seu amor por essa tendência vintage/ retrô e compartilha várias ideias bacanas e recheadas de estilo com seus seguidores. “Acho a coisa mais linda as estampas de poá, a cintura bem marcada. Hot pants voltou com tudo, croppeds voltaram com tudo, blusinhas de amarrar, lencinhos e laços nos cabelos. Quando posto hot pants com cropped, o look bomba no NoGarimpo”, completa. O vintage virou um estilo de vida. Um bom exemplo disto é a atriz e dançarina americana Dita Von Teese, conhecida mundialmente por ter seu estilo assumido em ser uma pin-up e por estar sempre com vestidos, acessórios, maquiagem e penteados que remetem aos anos 50 e 60. Não é necessário estar vestida completamente com roupas de outra época, um look pode ficar lindo misturando o atual e o antigo. Mas claro, tomando cuidado para não se tornar uma figura caricata em vez de uma pessoa com estilo. “É isso que cria o bonito e único. Ser diferente, ter seu estilo próprio e vestir uma história, e não só uma roupa da nova coleção” acrescenta Fernanda. 44


Por: Ana Paula Ferreira

“Isso é mérito das redes sociais que popularizaram as tendências e também das lojas que passaram a investir de verdade nos consumidores, vendo-os como pessoas que também querem e podem acompanhar este movimento”, 45


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VESTIDO

de noiva Toda mulher, desde criança, sonha com o dia do seu casamento e com um vestido de noiva dos contos de fada, um modelo parecido com uma princesa, cheio de brilhos e muito glamour. Mas você sabe qual é origem e o significado do vestido de noiva? De acordo alguns livros de história da moda, o vestido de noiva está ligado à própria origem do casamento, que surgiu com o objetivo de legalizar uma unidade familiar, seja para a legitimação dos filhos e da herança. As cores eram variadas, contanto que os vestidos fossem suntuosos e luxuosos. Até porque o casamento era visto como um arranjo comercial e o vestido da noiva servia justamente para mostrar à sociedade que as famílias tinham posses, ou seja, quanto mais ornamentado e colorido fosse o vestido da noiva, mais riquezas a família possuía. O vermelho era a cor 46

mais usada na época da Idade Média, já o preto predominou na Alta Renascença (século XVI), entrando no período Barroco (século XVII). Foi a época em que a Espanha ganhou primazia nos costumes europeus, e a cor mais propícia para se apresentar em uma sociedade extremamente religiosa, inclusive para as noivas, era o preto. O vestido branco surgiu no século XIX, quando a Rainha Vitória da Inglaterra pediu o marido, o príncipe Albert, em casamento. A Rainha Vitória usou um belo vestido de noiva branco, cheio de detalhes e brocados. E além de usar um vestido branco, ela foi além, e usou um véu longo, coisa proibida para uma rainha, na época. Ela foi uma das primeiras a introduzir a cor branca nas vestimentas de uma noiva e, de lá para cá, essa cor é predominante nos modelos dos vestidos de noiva. Com o passar dos séculos o traje da noiva vem sofrendo

modificações gigantescas, desde figurinos clássicos até os mais ousados. A cada coleção os grandes estilistas da “moda noiva” tratam de trazer novos modelos, alguns estonteantes, repletos de cristais e pedrarias; alguns abusam das transparências; já outros marcam as curvas e dão um toque de sensualidade para a noiva. De acordo com a estilista Midian da Silva, dependendo de cada lugar, a noiva sempre prefere um modelo de vestido mais especifico da sua região. No caso de Florianópolis, o modelo mais solicitado é o vintage, feito com tecidos leves, como musseline com toque de seda seda pura, um pouco de renda italiana, francesa e chantilly. Ela ainda diz que, em outras cidades, os estilos mais pedidos são os com corte de princesa, feitos com tecidos como cetim bucol, renda italiana, francesa e bastantes pedrarias como cristais e pérolas. O outro corte mais


Por: Gilmar Pliska pedido é o modelo estilo sereia, feito em renda italiana, francesa e com poucas pedrarias.

EM BUSCA DO VESTIDO PERFEITO Quando a mulher começa a folhear o seu álbum de casamento, depois de alguns anos, ela percebe o quanto o seu vestido de noiva era diferente dos vestidos de hoje. É assim, folheando as páginas do seu álbum, que Dirce de Oliveira de Souza relata como foi a busca pelo seu vestido de noiva, a quase 27 anos atrás. “Naquela época existiam poucas lojas de noiva na cidade e os vestidos eram praticamente quase todos iguais, pois tinham os mesmos cortes e as saias eram todas em godê. Quando encontrei o meu

vestido, fiquei encantada por ele. Era um modelo simples, com alguns babados e a saia era de tule com bordados, tinha mangas curtas e eu me apaixonei por ele quando o vi” relembra. Agora, Dirce volta a entrar em uma loja especializada em trajes de noiva para ajudar a filha, Janaína, a encontrar o seu vestido de noiva ideal. Janaina diz que busca por um vestido com um estilo mais romântico, porém nada muito ousado. “Gosto do modelo tomara-que-caia, com detalhes em renda e bordados com cristais e vidrilhos. Mas, principalmente, quero um vestido que seja confortável e que me faça sentir feliz” comenta ela. Outra noiva que está ansiosa para o grande dia do seu casamento é Jacksiéli Rizzon. Ela diz que, quando criança, sonhava em encontrar seu príncipe encantado, seu “felizes para

sempre” e, claro, um belo vestido de noiva, cheio de pedrarias, digno de uma princesa. “Foi a partir deste sonho de criança que escolhi o meu vestido de noiva. Ele é um modelo longo e bem rodado, com vários bordados em cristais. Também usarei um véu longo para completar o meu momento mágico” ressalta a feliz noiva. Independente do ano ou século, o vestido de noiva nunca irá perder o seu espaço e lugar na imaginação das mulheres. A cada nova troca de coleção, elas enlouquecem na hora de escolher o seu vestido ideal. Cada modelo com um corte majestoso, com ou sem brilhos, transparências e rendas. Com certeza, o vestido de noiva passou e continuará passando por grandes mudanças ao decorrer do tempo e é assim que segue a tendência dos vestidos de noiva para um futuro sempre deslumbrante.

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BLUMENAU rural

UMA CIDADE QUE POUCOS CONHECEM

Blumenau é muito conhecida pela Oktoberfest, por sua arquitetura que enfeita cartões postais, pela vida que acontece na área urbana da cidade. Olhar Blumenau de uma nova maneira e simplesmente dar valor ao que a cidade e sua natureza têm a oferecer, parece difícil diante do cotidiano corrido de muitas atividades, trabalho e compromissos. O município oferece muitas opções de um lazer relaxante, mas são nos dois extremos da cidade que se encontram os destinos rurais mais organizados, com abundância de opções: os recantos da região da Nova Rússia, no bairro Progresso, sul da cidade, e o Distrito de Vila Itoupava, localizado no extremo norte. Dois harmoniosos lugares para viver bons momentos. Na região sul, destacamse a Minas da Prata, antigo local de

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mineração, a pousada Rio da Prata, e vários recantos que oferecem, além de um verde exuberante e águas límpidas para banho em ribeirão, estrutura de bar, cozinha e churrasqueiras. O Recanto Silvestre é um deles. Trata-se de uma área florestal antiga, no número 4.269 da rua Santa Maria. É possível chegar lá de carro, ônibus, bicicleta ou até mesmo a pé, apesar dos 15 km que separam o centro da cidade do lugar, via ruas Progresso e Santa Maria. Lá o canto dos passarinhos é sonoro, o ar é puro, cercado do vivo verde das matas e atravessado por um calmo rio que enfeita ainda mais o lugar. Para apreciar e desfrutar de tudo que o Recanto Silvestre tem a oferecer, é bom vestir roupas e tênis confortáveis. Por ser uma região cercada por florestas, é ideal o uso de repelentes e, claro, para não ferir

e ajudar a preservar toda a natureza que ali vive, nunca jogar lixo no solo. Quanto menor a interferência do ser humano no habitat destes seres vivos, melhor e mais saudável vai ser o seu crescimento e sua preservação. A beleza única do lugar pode render experiências para uma vida toda. A professora Indiana Rodrigues, de 25 anos, visitou o Recanto Silvestre inúmeras vezes e afirma com toda certeza que é um lugar inesquecível. Por frequentar o local desde quando era menina, várias memórias boas ficaram gravadas em sua mente, como a de brincar em um escorregador de madeira lá existente. “Depois de adulta, retornei e procurei aquele escorregador de madeira, pois na minha mente parecia que aquele brinquedo não era real. Mas lá estava” relata a professora.


Por: Ana Paula Dias

OS RECANTOS DA VILA ITOUPAVA Localizado na região norte da Blumenau, a 25 km do centro, fica a Vila Itoupava, um lugar à parte do cenário da cidade, que conserva em suas curvas o verde da natureza e em suas construções a beleza da cultura alemã. Cerca de 7 mil pessoas habitam esse pequeno lugarejo, preservando sua cultura e, muitos, preservando a língua alemã. Tem como uma de suas principais características ser um local tranquilo, onde os moradores passeiam com familiares e amigos pelas ruas. Não há como negar: a Vila Itoupava surpreende por sua simplicidade. Algumas pessoas, como Hondina Schneider, moradora há 25 anos, dizem que não trocam esse lugar por nada e nenhum outro pedaço de terra no mundo. “Aqui vivemos do jeito mais simples, e essa parte me lembra muito da minha infância. Eu e meus irmãos passávamos o dia todo brincando nas árvores e correndo nos pastos” relembra. Os habitantes da Vila Itoupava compõem o charme do distrito, valorizado ainda por recantos naturais, vários pesque-pague, arquitetura enxaimel legítima e ótima gastronomia germânica. Restaurantes e fabriquetas de licores fazem parte do roteiro quase obrigatório para realmente conhecer Blumenau. Chegar até lá e aproveitar um pouco dessas experiências, é bem fácil. Basta seguir a rua Doutor Pedro Zimmermann, sentido Massaranduba, que logo chegará ao bairro Vila Itoupava. *Por conta das chuvas ocorridas em Blumenau no mês de outubro, alguns pontos do Recanto do Vale foram obstruídos ou parcialmente destruídos. 49


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FOIE GRAS comida típica ou tortura? Que a alta gastronomia conquistou seu espaço no mundo, não é novidade para ninguém. No Brasil, além da comida americana, há muitas outras, como a japonesa, italiana e francesa. Diante de toda essa diversidade, um prato tem chamado atenção: o Foie Gras. Tradicional da gastronomia francesa, ele tem levado, há algum tempo, a sociedade a discutir sobre o assunto e, até mesmo, querer sua abolição das cozinhas. Mas qual o motivo de um prato culinário causar tanta polêmica? Por conta de seu preparo. O Foie Gras é um patê gordo feito com o fígado dilatado de gansos, marrecos e patos. Neste processo, as aves são submetidas a uma vida confinada e têm uma alimentação forçada para que o órgão fique dilatado. O preparo até que a comida chegue à mesa é um pouco demorado, seguindo alguns processos obrigatórios. Nos últimos dias de vida, a ave é obrigada a se alimentar até que seu fígado aumente de tamanho em 12 vezes. Ela é forçada a comer sem parar, sem poder dormir um segundo sequer e em um ambiente constantemente iluminado. Geralmente, a comida é inserida por um cano que vai direto ao esôfago, preso ao pescoço por um anel. Em cerca de dois meses, as aves já estão prontas para o abate. 50

Devido ao tratamento dado a esses animais, existem diversos movimentos no mundo se manifestando contra. Em alguns países, como Alemanha, Itália, Israel e Grã-Bretanha, a produção do Foie Gras já foi proibida. Em Blumenau, a suplente de vereadora Evelin Huscher criou um Projeto de Lei Complementar, já aprovado, para proibir a fabricação e o comércio do Foie Gras. Para ela, o tratamento dado às aves é cruel: “Considero um ato de extrema crueldade aos animais e, por isso, criei esse projeto para proibir a fabricação e o comércio desse alimento em Blumenau”, explica. Já para Luma Caroline Santos, vegetariana e defensora dos animais, a única solução é tentar falir esse tipo de negócio. “O que nos resta fazer é boicotar essas empresas, não comprando seus produtos, fazendo campanhas, conscientizando pessoas a não consumirem, para que, um dia, empresas como essas entrem em falência essa prática seja extinta e ilegal”, esclarece. Além disso, ela acrescenta que a comida não é só cara em questão de valor, mas sim, pela vida do animal: “Eu me questiono como é possível que um animal racional como nós, possa causar um sofrimento degradante a “alguém” que,

por algum motivo, é inferior? É realmente necessária uma situação tão degradante para trazer um alimento à mesa?”, indaga ela. No município de Blumenau, não há nenhuma empresa que produz esse alimento, somente em Indaial. A Villa Germânia Alimentos, que está no mercado há quase 20 anos, não quis se pronunciar sobre o assunto. No entanto, há pessoas que apreciam esse alimento e a proibição não será barreira para impedir o consumo. Afinal, o Foie Gras, apesar de uma iguaria, é de fácil acesso e pode ser comprado através da internet. Este polêmico assunto é claramente uma questão de opinião. O Foie Gras é uma comida típica ou uma tortura? De um lado, há quem defenda que diversas outras comidas típicas também são produzidas com animais. Por outro lado, há um bom número pessoas que condenam a forma de preparação do animal para esse prato. Agora, basta você pensar e refletir sobre o assunto. É a favor ou contra?


Por: Bruna Nicoletti

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ORGULHO E Para alguns, arte, para outros, vandalismo. Os motivos que levam pessoas a se tatuarem são muitos. Seja para enfeitar parte do corpo, para esconder uma cicatriz, marcar uma época ou expressar um sentimento. A tatuagem é uma forma de permitir que a arte se expresse. E cada tatuagem, por mais singela que seja, carrega em seus traços a personalidade do artista, a interpretação de desejos, sonhos e realizações de quem decide marcar seu corpo. “A melhor definição de tatuagem é que expressa um sentimento, um momento ou apenas porque curtiu o desenho”, explica Jéssica Oliveira, tatuadora há dois anos. Entretanto, nem toda arte é compreendida. Por mais que a tatuagem exponha a mais verdadeira essência para a pessoa que a tem, ela ainda

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preconceito

é vista com maus olhos por grande parte da sociedade, que por vezes discrimina e insulta os tatuados. Como observa o tatuador Maurício Huber, de Blumenau, “em comparação com o passado, hoje o preconceito é menor, porém ele existe. Acontece quando você vai abrir uma conta no banco, pegar um empréstimo e até mesmo em uma entrevista de emprego”, revela. Jéssica relembra que

no início de sua carreira as pessoas não a levavam a sério como tatuadora: “Chegavam ao estúdio e perguntavam pelo tatuador, não associavam que poderia ter uma tatuadora e que eu poderia ser esta” conta. Ainda há casos piores, em que há preconceito quando a mulher é tatuada, quando alguns relacionam à promiscuidade, gerando piadas desnecessárias e inapropriadas. “É triste, tenho nojo” ressaltou Jéssica, que já foi alvo de assédios. O início da carreira não é fácil para ninguém. Requer muito empenho e dedicação. Perante as particularidades e dificuldades do começo de cada profissão, o tatuador tem obstáculos a serem vencidos. Segundo Huber, o


Por: Raphael Machado

tatuador que está começando não tem credibilidade e reconhecimento, o que faz com que seu trabalho não seja levado a sério: “O início da carreira é bem difícil, as pessoas têm receio de fazer com quem está começando a aprender a tatuar”, observa ele. O reconhecimento vem através do seu trabalho, da oportunidade de eventualmente tatuar, mostrar seu talento e evolução. Este é o portfólio do artista. “Quando você faz um trabalho bacana em alguém, ele acaba falando de você. O processo é lento, mas logo pessoas vêm te procurar não querendo apenas uma tatuagem e sim o seu trabalho. Isso é muito prazeroso”, ressalta Huber. Jéssica, por exemplo, começou fazendo pequenas tatuagens e aos poucos foi aprendendo e se aperfeiçoando. “Trabalho com isto há dois anos, estou aprendendo cada dia mais” concluiu ela.

O QUE HÁ POR TRÁS DA TATUAGEM O que muitos não têm conhecimento é o que está por trás de uma tatuagem. Além de todo sentimentalismo contido em seus traços, ela traz o trabalho de um profissional

sério, que carrega consigo anos de estudo, aprimoramento e dedicação. Como conta Huber sobre a construção de seus dotes profissionais, “sempre gostei muito de desenhar, porém diferente do estilo de tatuar. Fiz vários cursos, de realismo, fórmulas, luz e sombra, aquarela. Ainda faço cursos, sempre procuro me aperfeiçoar cada vez mais” ressalta. Por sua vez, Jéssica já trabalhava com desenho de moda, porém o descontentamento a levou a procurar outra profissão. Aliando seu estilo de desenho com o trabalho de tatuadora, ela começou a dar seus primeiros passos. “Sempre fiz as coisas do meu modo, expondo minhas ideias. Então, as pessoas começaram a curtir o estilo do meu trabalho e começaram a querer tatuar algum desenho que eu criado por mim” comenta ela. Porém, assim como todo o profissional deve ser fiel à ética

de sua profissão, para o tatuador não é diferente. Para eles, o bom caráter e a sinceridade são primordiais, ou seja, a satisfação vem antes do retorno financeiro. “Um bom profissional deve ter um bom caráter, porque às vezes o desenho não é aplicável. Muitas vezes eu deixo de tatuar porque a pessoa tem certeza do desenho que não ficará bom e isso trará arrependimento”, comenta Huber. Mas, apesar disso, tudo fica melhor, mais caprichado e prazeroso quando se faz o que gosta. Huber relembra como tudo começou e a fase na qual vivia, sempre procurando algo para inspirá-lo: “Queria algo que me deixasse feliz e animado para acordar todo dia para ir trabalhar” relembra. E mesmo sabendo que há trabalho duro, estresse e cansaço, há também o prestígio e reconhecimento. “O prazer maior é fazer aquilo que você realmente gosta!” finaliza Huber.

“SEMPRE ACHEI BONITAS AS PESSOAS tatuadas, É AUTÊNTICO E ESTILOSO. DEPOIS QUE EU FIZ A PRIMEIRA, NÃO PAREI MAIS” 51


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AS PESSOAS QUE SE MARCAM PARA A VIDA Marcar na pele o que a vida proporcionou. Esse é o motivo em comum que leva as pessoas a se tatuarem, cada uma com seu estilo, suas histórias e vivências. Como lembra Renata Libardo, a cabeleireira de 27 anos, que começou a se tatuar aos 16 anos e hoje nem faz questão de contar o número de tattoos pelo corpo: “Sempre achei bonitas as pessoas tatuadas, é autêntico e estiloso. Depois que eu fiz a primeira, não parei mais” relembra ela. Da mesma forma, o fotógrafo de 24 anos de idade, Fábio Greenleaf, adquiriu suas tatuagens ao decorrer da sua vida, motivadas por suas experiências. “Hoje não conto mais a quantidade de desenhos e sim as partes do corpo que já tatuei” observa ele.

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Depois da primeira tatuagem, geralmente a vontade é de se tatuar cada vez mais. E assim como os escritores imortalizam suas experiências com caneta e papel, os tatuados marcam seus momentos na pele, em forma de arte. “Faço minhas tatuagens baseadas em minhas experiências, gosto de olhar pra elas e me lembrar dos momentos e do sentimento que me foi proporcionado” comenta Fábio. A cabelereira Renata também compartilha dessa ideologia: “como é um estilo de vida, pretendo marcar todos os momentos da minha vida em forma de arte no corpo”. Ainda assim, eles também pagaram o preço por suas tatuagens. Quando Fábio esteva procurando por emprego,

recebia olhares de desaprovação. “Tive muitos problemas para conseguir trabalho. Faziam exigências como usar blusa de mangas compridas sempre, remover os piercings” revela ele. Renata passou pelas mesmas

“FAÇO MINHAS TATUAGENS BASEADAS EM MINHAS EXPERIÊNCIAS, GOSTO DE OLHAR PRA ELAS E LEMBRAR-ME DOS MOMENTOS E DO SENTIMENTO QUE ME FOI PROPORCIONADO” saias justas em sua carreira. “Já sofri muito preconceito. As pessoas olham torto no começo e só após me conhecerem bem ficam mais à vontade” revela. Mas mesmo inseridos em uma sociedade que julga pela aparência, eles se aceitam e não se arrependem por suas tatuagens. “Esse sou eu. O Fábio com tatuagens é o mesmo Fábio sem elas, e com as mesmas experiências, sabedoria e comportamento” complementa ele. Muitas pessoas se reprimem por não poderem seguir seus sonhos, por seguirem padrões impostos pela sociedade, mas para esses dois ainda resta esperança para um futuro diferente: “Vejo vários da minha geração, todos tatuados. Mesmo sendo uma pequena tatuagem, ainda seremos idosos tatuados” comenta Renata. Já Fábio, que diz não se importar com os julgamentos, olhares e críticas, espera poder viver tudo que a vida lhe proporcionar. “Me vejo no futuro com muitas outras experiências e, logo, com muitas outras novas tatuagens” finaliza.


Por: Raphael Machado

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Por: Sabryne Anne O Cafundó Bar Cultural se tornou um projeto em 2011, pois Daniela Staats e seu marido, Lelo faziam alguns eventos na casa de dois andares onde viviam, mas apenas festas e aniversários fechados de amigos e colegas. Em 2013, o sonho de Lelo de ter um bar uniu-se a vontade de Dani de ter um espaço de arte e cultura, e então, o bar foi construído. O espaço é harmonioso, projetado para aproveitar a de luz ambiente. Conta com decorações exóticas e diferentes. Tanto que, em sua construção, foram utilizados muitos materiais de demolição, reciclados e reutilizados. Além de ajudar na preservação da natureza, e somando a criatividade das pessoas envolvidas, o local criou seu próprio estilo, uma mistura de rústico e estiloso, o que atende exatamente a proposta idealizada por ambos. Dani sempre foi muito ligada em artesanato e decoração. Ela ajuda a montar e trocar os enfeites periodicamente. São usados como decoração obras e fotos dos artistas, além do que ela própria faz. Futuramente pretende montar uma loja com os produtos.

O Bar Cultural fica localizado no Bairro Ribeirão Fresco, na Rua Pastor Osvaldo Hesse número 388, e promove exposições de arte, oficinas sobre vários temas e apresentações de teatro. Também contam com shows ao vivo, com preferência de sons autorais. Artistas de fora também se apresentam o Cafundó, mas o alto custo em trazê-los acaba dificultando as negociações. Porém, hoje em dia, os próprios artistas da região já buscam o local como ponto de referência para apresentações. Alex Tavares de Oliveira, de 26 anos, é vocalista da Banda Lúcida, composta por mais três integrantes (guitarra, baixo e bateria). A banda já se apresentou duas vezes no local e em seu repertório, conta com músicas autorais e covers, como da banda Red Hot Chili Peppers. Alex diz que o pessoal que frequenta o bar é mais liberal, de não especificamente defender uma cultura ou movimento. “São mais mente abertas” comenta. Os donos apoiam muito todos os tipos de manifestações culturais e estão abertos a todo tipo de público que quiser aproveitar um bom ambiente com boa música.

Ao lado do bar, se encontra a pista de skateboard, idealizada primeiramente por Lelo, que pratica surf e skate há anos. Atrás da pista, fica localizada a loja de skates, que também é uma oficina. Além da loja virtual para exibir seus produtos o bar conta com perfil no Instagram e uma página no Facebook, constantemente atualizada com as atrações e novidades. Jonathan Pereira, de 21 anos, é um frequentador do bar e diz que o Cafundó é um lugar totalmente diferente de todos os outros bares da cidade. “Lá é o simples que se destaca. Ninguém te julga ou tira conclusões precipitadas, cada um curte do seu jeito e com a sua galera, também faz amigos facilmente e é sempre bem atendido. Além de tudo tem uma pista, o que agrega tanto ao esporte como à saúde e cultura, tudo em um só lugar” completa ele. Em um local reservado, no centro da cidade e cercado pela natureza o Bar Cultural é um espaço vibrante, onde a música, a arte e o amor se completam. Longe do stress diário, o Cafundó é mais que um bar, é aconchego, liberdade, interação e cultura.

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Por: Victor Lessa

HAITIANOS EM

Blumenau

A nação Brasileira é sem dúvidas a mais multicultural de todas nações do planeta. A miscigenação presente no país é marcante e notável. Pelos 26 estados, a diversidade cultural, linguística e étnica se fazem presente. Muito se deve aos anos de colonialismo, quando pessoas de diversos países vieram para o Brasil e estabeleceram suas famílias. E mesmo hoje em dia, anos após essa fase, a crescente migratória permanece no Brasil. A mistura de etnias gerou um país multicultural e diversificado. Das diversas etnias, a mais presente é a população afro-descendente, com cerca de 51% da nação brasileira declarada negra. Contudo, o Brasil ainda é um país com racismo fortemente presente. Fato estranho para um país altamente miscigenado e com uma diversificação cultural gigantesca, ainda ser um país de racismo e xenofobia. A atual corrente migratória traz a população haitiana para as periferias nacionais e Santa Catarina é mais um desses estados, que já contam com uma vasta quantidade de imigrantes haitianos. A cidade de Blumenau, no Vale do Itajaí, tem uma característica peculiar por conta da colonização alemã, pois sua população ainda convive com resquícios de pensamentos conservadores, que

geram racismo e preconceitos no dia a dia do município e dificulta a vida de quem tenta construir um novo futuro aqui. Dois imigrantes, que preferem preservar suas identidades, contam que morar no Brasil é uma experiência nova. Jean Robert* fala sobre sua estadia e afirma que tem sido uma correria diária. Ele trabalha em uma “empresa operária” de Blumenau, num setor que contrata pessoas de

Em Blumenau, existe a possibilidade do aprendizado da língua portuguesa, acessível para todos que se interessam. “baixo currículo”. Normalmente com ensino médio incompleto. Mas Jean é diferente, ele tem duas formações no currículo e fala três línguas diferentes. Ainda sim, ele é considerado abaixo do padrão preterido pelas empresas em Blumenau. Wilfrid* morava em São Paulo e está em sua primeira semana em Blumenau. Ele conta que lá,

teve dificuldades de conseguir um emprego. Sua adaptação tem sido contrastante, pois apesar de lidar bem com as pessoas e ter convivido com cidadãos livres do racismo, ainda assim ele se deparou com situações de depreciação étnica. Seu currículo é similar ao de Jean, a diferença é que além de duas formações, Wilfrid fala quatro idiomas diferentes, pois já domina a língua portuguesa. Ao serem questionados sobre o racismo, ambos concordam em dizer que é presente no Brasil e eles não escaparam do preconceito. Em Blumenau, existe a possibilidade do aprendizado da língua portuguesa, acessível para todos que se interessam. O Pontinho Estudantil fornece educação gratuita. É lá que muitos haitianos aprendem o português e tem a chance de reencontrar sua cultura. A educação e dedicação dos estudantes é admirável e eles procuram dar seu melhor a cada semana. Mesmo com as oportunidades e a qualidade de vida no Brasil ser melhor que no Haiti, a maior parte dos haitianos pretende voltar pra casa e para suas famílias. O objetivo deles, por hora, é trabalhar e garantir o máximo de renda possível para que possam retornar ao seu país e viver uma vida digna quando a situação econômica vigente se estabilizar. 57


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Por: Jéssica Wollick Livros que se destacam comercialmente são chamados best sellers. Quando o impacto junto ao público é grande, eles ganham nova vida, passam do papel para as telas do cinema. Ao se tornar um dos mais procurados pelo público, o livro chama a atenção dos cineastas. Ainda que as linguagens sejam completamente diferentes, com a necessidade de reescrever e adaptar a história para o cinema, o que invariavelmente provoca cortes em partes do livro, as adaptações têm se tornado uma constante. Não importa que o trabalho fique mais difícil para os roteiristas, que tem de escolher o que não será exibido no filme, desapontando legiões de fãs pela falta de detalhes ou aprofundamento. O fato é que, cada vez mais, romances saltam das páginas impressas para a telona. Em Blumenau, Raquel Moritz criou em 2011, por hobby, o projeto “Pipoca Musical”, pois sempre quis dividir com as pessoas os filmes que assistia e os livros que lia. Mas nem todas as pessoas com as quais conversava tinham os mesmos interesses. Foi então que encontrou no blog uma forma de dividir o que sabia com outras pessoas que gostavam das mesmas coisas. Segundo ela, seus pais foram os grandes incentivadores da leitura e hoje é muito grata por terem recheado a sua vida de

livros. Livros e filmes, alugados nas vídeolocadoras aos milhares. Nem a Sessão da Tarde, na tevê, escapava: “eu era fã de carteirinha”. É preciso entender que as mídias possuem formas diferentes de se comunicar e linguagens únicas. O que lemos em um livro não pode ser exatamente reproduzido nos cinemas. Adaptar os livros é uma forma diferente de contar a história e o que era apenas imaginário na mente das pessoas, agora ganha cores, música, imagens e magia. Para Raquel, Peter Jackson respeitou todo o universo de J.R.R. Tolkien e soube criar uma história igualmente apaixonante e divertida, além de manter a essência do que ela significava e transportar as personagens dos livros para as telas de forma surpreendente. Muitos falam que os jovens odeiam ler e que acabam trocando os livros por filmes, computadores e celulares. Mas de certa forma o sucesso de “A culpa é das estrelas” de John Green, contraria essa tese. O filme conta a história de dois jovens com câncer e que à beira da morte, descobrem o amor. O sucesso nas telas impulsionou a venda do livro. Depois do grande sucesso do livro, o autor conseguiu a adaptação de mais um livro para o cinema, com “Cidades de papel”, que conta a

história de Quentin (Nat Wolff), que é apaixonado por sua vizinha e colega de escola, Margo (Cara Delevingne). Quetin não pensa duas vezes quando Margo invade seu quarto, à noite, e o convida para uma missão secreta. Os livros “O teorema Katherine” e “Quem é você, Alasca?” também serão adaptados para o cinema. A trilogia de “Jogos vorazes” de Suzanne Collins, é outro best-seller que também ganhou a tela dos cinemas. Ele chega ao fim com a estreia do filme “A Esperança – O Final” no dia 19 de novembro no Brasil. A estrela dos filmes é Jennifer Lawrence, que interpreta Katniss Everdeen. Na história, para salvar sua irmã caçula, ela se oferece para representar o seu distrito. Nos filmes, ela já sobreviveu duas vezes aos jogos. Na parte final da história uma rebelião, com ela à frente, se inicia para derrubar o poder opressor da Capital. Por mais que filmes e livros tenham linguagens diferentes, tornaram-se parceiros ao contar histórias que distraem, divertem, emocionam. Depois de tantos sucessos de público – e muitas vezes de crítica, com tantas adaptações para as telas, não é difícil dizer que viraram cúmplices. Uma cumplicidade que encanta milhões de pessoas pelo mundo a cada lançamento, fazendo girar a roda da economia cultural.

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Houve o tempo em que publicar um livro pouco se tratava de apenas escrevê-lo; significava imprimir um manuscrito, enviálo por correio a uma editora, aguardar pacientemente por um período de espera que poderia ir de seis meses até um ano, e apenas então receber uma carta como resposta. Se negativa, repetia-se o processo com outra editora; se positiva, iniciava-se uma longa correspondência com revisores, até que o manuscrito se encontrasse da forma que eles desejassem, para aí assinarse um contrato, com data para a publicação de dali a mais um ano. A tecnologia mudou muitos dos nossos processos cotidianos. Era de se esperar que também mudasse a forma com que publicamos, com 62

que nos comunicamos com o mundo; o que inclui os livros que escrevemos. A primeira inovação chegou com e-mails e documentos virtuais substituindo o antigo ritual de se mandar até mais de 300 páginas através do correio, em uma jornada pelo país inteiro. A segunda, e mais radical delas, chegou com a popularização dos e-books e e-readers, leitores digitais que, muitas vezes, cabem no bolso da pessoa. Certamente a gigante do comércio internacional, Amazon, foi a quem mais impactou o mercado: com seu ereader, o popular Kindle, e depois com seu sistema de auto-publicação, o KDP, que permite a qualquer autor simplesmente baixar e vender seu romance através do site, sem a necessidade de uma

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editora como intermediária. A escritora britânica E. L. James é um dos casos de sucesso do KDP. Ainda alguns anos atrás, era apenas uma escritora por hobby, publicando suas fanfictions (literalmente: ficção do fã; histórias criadas por fãs de uma determinada obra) na internet, quando percebeu que uma delas, uma versão erótica de “Crepúsculo,” fazia bastante sucesso. James não pestanejou; alterou os nomes de todos os personagens, detalhes aqui e ali, e passou a comercializar a história como um trabalho original através da Amazon. As vendas explodiram. E. L. James se tornou uma sensação literária, assim como sua fanfictiontransformada-em-livro, que nós conhecemos como “Cinquenta Tons de Cinza”.


Por: Maria Clara Madrigano MERCADO BRASILEIRO Mas não são só os autores estrangeiros que fazem sucesso no novo mercado. A brasileira FML Pepper, por exemplo, recentemente entrevistada no programa do apresentador Jô Soares, começou sua fama publicando os livros por conta própria, através do KDP. Não demorou até sua popularidade atrair a atenção da editora Valentina, com a qual assinou um contrato. Hoje, a trilogia de Pepper, “Não Pare,” é presença nas seções de mais vendidos do país inteiro. A história de Cláudia Sobreira Lemes é parecida. Inicialmente vendendo seus livros de forma independente, o boca-a-boca a levou a ter os direitos de seu thriller, “Eu Vejo Kate,” comprado pela editora Empíreo. Misturando tanto a ideia de publicação tradicional com o que a tecnologia tem a oferecer para os novos autores, a editora lançou uma campanha do Kickante, site de financiamento coletivo, para promover uma pré-venda de “Kate.” A iniciativa foi um sucesso, ultrapassando a meta dos R$ 1,5 mil calculados. Mas há quem dispense por completo a participação de uma editora: Clara Averbuck, considerada prodígio literário em

sua estreia, “Máquina de Pinball,” decidiu pagar pela produção de seu último livro através do financiamento coletivo de outro site, o Catarse. A motivação da escritora parece bastante lógica: enquanto, através da publicação tradicional, o preço de capa de um livro é dividido em 50% para a livraria, 40% para a editora e apenas 10% para o escritor, quem de fato deu vida ao produto, vendê-lo de forma direta, do autor para o leitor, traria resultados

Em termos do que representa para mim, diria que é uma espécie de confirmação, de que estou no caminho para me tornar escritor.

mais benéficos, que se traduzem em forma de um pagamento mais justo para quem escreveu e um preço igualmente mais justo para quem pensa em adquirir a obra. Com a popularização de sites como o Kickante e o Catarse (e sua contraparte internacional mais conhecida, o Kickstarter), é o meio que muitos escritores andam adotando, procurando um contato mais direto com seu público, assim como uma

compensação devida para os esforços empreendidos na criação de um livro. Vilto Reis, blumenauense, anda com os pés submersos na literatura há muito tempo. Dono do site Homo Literatus, recentemente recomendado pela Revista Bula como um dos endereços online imperdíveis para fãs de livros, ele acaba de finalizar seu primeiro romance, “Um gato chamado Borges”, e teve a obra figurando como uma das finalistas do prêmio Sesc deste ano. “Em termos do que representa para mim, diria que é uma espécie de confirmação, de que estou no caminho para me tornar escritor. Só preciso prosseguir. Cedo ou tarde, as coisas acontecem”, conta Reis. Ainda assim, apesar do significado de peso de sua inclusão no prêmio, ele não vê o mercado editorial com ingenuidade. “Apesar de o livro ter chegado aonde chegou, ainda não consegui uma editora”, diz. Mas está longe de ficar desanimado. Independente de alguma proposta, Reis diz, ele e seus colegas de site já estão com planos de criar uma editora underground, uma resposta ao tempo em que vivemos. “Se as pessoas não te dão espaço, crie o seu próprio. É simples”, Reis resume.

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Da XV para o Shopping Conhecido por seu jeito consumista, o brasileiro não nega suas raízes: adora uma boa liquidação. Mas quando o assunto é onde comprar, será que damos o braço a torcer por alguma preferência ou nos abstemos por conta da crise que nos rodeia? A tão conhecida rua XV de Novembro teve a sua primeira versão começando na foz do Ribeirão Garcia e alongandose até o outro extremo, na 64

foz do Ribeirão da Velha. Um início que marcou a cidade, concentrando a partir dali toda a estrutura urbana de Blumenau e tornando-se um ponto turístico pelas suas preservadas edificações levantadas em estilo enxaimel. Destaca-se, também, por abrigar eventos como os famosos desfiles alegóricos da Oktoberfest, o Stammtisch municipal e também por ter uma das maiores concentrações de

instituições financeiras do sul do Brasil. Em quesito de turismo recebe a nota máxima, mas para os consumidores, já não é mais a preferência. Em 1993, foi inaugurado o Shopping Neumarkt, na rua Sete de Setembro, a rua paralela à XV de Novembro. Agrupando diversos tipos de opções de lazer e entretenimento em um só lugar, ele oferece para o seu público um total de 260 lojas


Por: Giulia Venutti em local fechado, oferecendo a segurança que muitos procuram. Foi considerado um marco de desenvolvimento do varejo e um referencial para os lançamentos de tendências de moda.Foi a partir daí que a rua XV deixou de ser a mais procurada pelo comércio e passou a disputar lugar nas vendas com o local que está situado apenas 300 metros de seus negócios. Maria Riscaroli, 42 anos, gerente da loja Smile situada na rua XV há 14 anos, comenta que não houve muitas mudanças nas vendas a partir da abertura do shopping. “O público no começo vai apenas para conhecer o local por ser algo diferente daquilo que estão acostumados, depois eles acabam voltando e algumas já nem vão”, relata. A loja atende um público bem diferenciado e já possui um espaço também dentro do próprio shopping. Em sua percepção, diz que as vantagens em ter a loja na rua XV já foram maiores. O mix de lojas já foi mais variado, muitos estabelecimentos fecharam suas portas e a maior dificuldade é a falta de estacionamento para clientes. Já Jorge Woicikoski, 21 anos, proprietário da loja Trópico*, que se mantém na propriedade do shopping desde 2012, relata que o valor do aluguel, que é baseado na quantidade de vendas feita pela loja, acaba pesando para o lojista. Porém, para ele, mesmo com essa dificuldade, não pensa em voltar para a rua XV pois o shopping oferece estabilidade ao seu negócio. “Uma das maiores dificuldades é com a mão de obra, pois os horários do shopping acabam sendo bem puxados, mas penso que as principais vantagens são a segurança e o

fluxo de pessoas que na maioria das vezes é muito bom”. Para a General Lyy, que possui lojas em ambos os locais, a verdadeira diferença nas vendas ocorre quando muda a estação. No inverno, as vendas aumentam mais na rua e, no verão, as vendas mudam favorecendo a loja do shopping. “O que mais gostamos no empreendimento é a segurança que possuímos e o público diferenciado que atendemos, as únicas dificuldades que enfrentamos são os custos e

“Em relação aos reflexos da abertura de mais dois shoppings, com certeza houve um declínio no movimento, mas temos como mensurar” a difícil negociação”, desabafa Vilmar Alves, 51 anos, e sócio do local. Por um período de cinco anos, a Meninos & Meninas possuía um espaço relativamente grande no terceiro andar do Neumarkt. Porém, devido ao alto custo do aluguel, a loja não conseguiu manter-se no estabelecimento por mais tempo que isso. Depois do fechamento, eles continuaram trabalhando apenas com a loja que está situada na rua XV há 13 anos. Felipe Roberto, 34 anos, gerente da loja, diz que o público prefere àquele ambiente por ser em um local aberto e possuir estacionamento aos arredores, mas que, em dias de chuva, a preferência deles acaba se tornando um problema devido à falta de coberturas. O coordenador de

Núcleos e Comunicação da CDL Bruno da Silva, 20 anos, ressalta que há dois núcleos da entidade, um composto pelos lojistas do shopping, outros pelos comerciantes da rua XV. Ele afirma que as vendas, de modo geral, estão muito ruins. “Os lojistas do shopping reclamam do shopping e os da rua reclamam da rua. Pouco fluxo ou muito fluxo, mas não há consumo; há elevação dos preços, a mão de obra qualificada está escassa. Enfim, todos os problemas cotidianos”, observa. Segundo ele, o shopping tem sua vantagem mesmo com preços mais elevados. Ele possui uma enorme estrutura com segurança, variedade de lojas, ar condicionado, estacionamento, ou seja, tudo o que na rua não se encontra. “Em relação aos reflexos da abertura de mais dois shoppings, com certeza houve um declínio no movimento, mas temos como mensurar” conclui Bruno. Com o país enfrentando dificuldades ecônomicas, todos os comerciantes estão propensos a enfrentar quedas nas vendas. Entretanto, mesmo com a economia estagnada e com a inflação alta, o consumidor muitas vezes opta por um produto mais caro apenas pelo prazer de estar em um ambiente fechado, com facilidade de acesso e segurança garantida. Toda a história de luta pelo sucesso de ambos os comércios poderá definir se, de fato, o shopping se tornará o coração dos consumidores e a Rua XV apenas outro marconosroteiros de atrativos turísticos da cidade. *Após o fechamento dessa matéria a loja Trópico encerrou suas atividades. 65


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Esporte • Seção Especial

PAIXÃO INTERESTADUAL Blumenau é uma das cidades mais importantes de Santa Catarina, tanto culturalmente, quanto economicamente e historicamente falando. Mas quando se trata de futebol, o nome da cidade não figura entre os principais do Estado, que tem clubes como Figueirense e Avaí (ambos de Florianópolis), Criciúma, Joinville e atualmente a Chapecoense. Porém, na verdade, o futebol catarinense nunca foi referência nacional. No histórico de times e títulos da cidade de Blumenau, já tivemos o Grêmio Esportivo Olímpico, que conquistou o Campeonato Catarinense nos anos de 1949 e 1964, o Blumenau Esporte Clube, que foi campeão do Campeonato Catarinense da Segunda Divisão no ano de 1987 e, mais recentemente, o Clube Atlético Metropolitano. Fundado no ano de 2002, o Metrô, como é carinhosamente chamado pelos seus torcedores, vem animando os blumenauenses com resultados significativos para pouco tempo de existência. Nos três últimos campeonatos estaduais apareceu entre os cinco primeiros colocados e vem fazendo boas atuações no Campeonato Brasileiro da Série D. Rafael Boos, de 18 anos, é torcedor fanático do Metropolitano. Já viu mais de 50 jogos do time em 4 anos que acompanha com assiduidade o clube. O avô de Rafael levava seu pai aos jogos do BEC (Blumenau Esporte Clube), e mesmo quando 66

o BEC não existia mais, seu pai fez questão de levá-lo aos jogos do Metropolitano, mostrando que, mais importante do que torcer por um time, o apoio especial dado ao time da cidade para que ele possa crescer, atrair investidores e montar um time competitivo é essencial. Mas nem todos pensam assim. É fato que todos temos um time do coração e é mais fato ainda que grande maioria dos catarinenses que tem um time do coração torce por um time de outro estado. Um dos grandes motivos é a falta de tradição do nosso futebol. Tirando a Copa do Brasil conquistada pelo Criciúma em 1991, sob o comando de Luiz Felipe Scolari, o futebol catarinense nunca conquistou um título nacional de grande expressão. Outro motivo notável foi a influência da mídia. Em Santa Catarina, o sinal da principal emissora de TV nos anos 70 e 80 vinha do Rio de Janeiro, fazendo com que fossem transmitidos mais jogos de times do Rio de Janeiro, como Flamengo e Vasco. E quem seria capaz de não torcer pelo Flamengo ao ver Zico, Júnior, Leonardo, Andrade e Adílio em ação? Quase impossível. Daniel Capitano, de 31 anos, monitor da Urubuzada de Santa Catarina (torcida organizada do Flamengo) é filho de pais cariocas e diz que nem se lembra do primeiro jogo do Flamengo que assistiu, pois era muito pequeno. Sua família sempre foi torcedora do

Flamengo desde a criação do clube. Qualquer jogo do Flamengo é emocionante, independente da importância da partida, e jogo decepcionante é o jogo em que a torcida não participa e não apoia o time. Para ele, simpatia por times do estado não existe, apenas o Flamengo. Ele acredita que a falta de tradição e investimento faz com que os times do estado continuem sendo pequenos, portanto, não atraem a exclusividade dos torcedores. Do lado dos torcedores do Vasco, Rafael Schatzmann, de 23 anos, também foi influenciado pelos pais na hora da torcida. Sua mãe é vascaína, não tão fanática quanto ele, mas assiste aos jogos sempre que pode. Ele assistiu ao primeiro jogo do Vasco aos 14 anos e desde então não parou mais, nem mesmo quando o time foi rebaixado para a Série B. Já acompanhou jogos do Avaí no estádio por ter amigos que torcem pelo time da capital e, volta e meia, assiste a jogos da Seleção Brasileira, mas fora isso, só o Vasco importa em sua preferência. Seja pela manipulação da mídia, influência dos pais, regionalismo ou apenas por simpatia, quem gosta de futebol gosta de torcer. E vibrar. E se emocionar. E claro, sofrer. Talvez o futebol catarinense ainda não esteja preparado para oferecer todas essas emoções ao torcedor, por isso, torcer por times de fora seja tão atraente e comum por aqui.


Por: JĂŠssica Parma

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Seção Especial

A MÚSICA QUE MARCOU A MINHA

VIDA

“Gos cons com Tenh e go

Samir Dal Publicitário e P

Dizem que a música é, por natureza, a arte mais popular. Ela toca todas as pessoas, sem necessidade de ser um “iniciado” na arte. A música faz companhia a todos, mesmo antes do nascimento, se familiariza nas canções de ninar e acompanha as pessoas pela vida toda. Estudos científicos comprovaram que ouvir música faz bem para as pessoas. Independente do ritmo ou estilo basta que a pessoa escolha uma música que a faça sentir-se bem que, ao ouvi-la, o corpo libera endorfina, um hormônio que causa bem-estar e é capaz de fazer as pessoas se sentirem mais leves. Muitos adotam algumas músicas que levarão para a vida toda, que carregam em suas letras as memórias de muitos bons momentos vividos ou trechos de inspiração.

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Jo


Por: Ana Paula Dias

ão é Céu (Vitor Ramil)

sto dessa música porque sidero Vitor Ramil o melhor mpositor brasileiro da atualidade. ho um gosto variado de música osto muito de descobrir novos artistas”.

Brat (Green Day) “Foi a música do Green Day que me fez curtir punkrock e tornou esta a minha banda preferida”.

Francisco Fresard (Pancho) Jornalista e Blogueiro

Kaiser Novelli Sócio do Ahoy e Factory Coffe

Ho Hey (The Lumineers) “Toda vez que ouço essa música, lembrome do nascimento da minha filha Valentina, pois fizemos pequenos vídeos dela, ainda criança, com esta música. Me emociona e me deixa feliz em saber que tenho alguém para cuidar”.

Hey You (Pink Floyd) “Mas minha preferência não é só por esta música e, sim, por toda a discografia da banda Pink Floyd. Eu a ouvi pela primeira vez quando tinha 17 anos”.

lfovo Professor

Fátima Venutti Escritora

Águas de Março (Tom Jobim) “Gosto dela desde pequeno, quando ouvia com Tom e Elis. Meu pai tinha o disco. Com o tempo fui conhecendo as “camadas” da música. Letra, música, arranjo e interpretação fenomenais. Consegue ser simples e erudita ao mesmo tempo”.

Rafael Martorano (Fael) Músico da banda The Zorden

Nas Estrelas (João Alexandre) “É uma música que já foi gravada por diversas bandas e cantores. Gosto dela porque me fez ver o poder de Deus e, ao mesmo tempo, sua delicadeza e misericórdia com cada um de nós”.

Fuscão Preto (Almir Rogério)

Mário Hildebrandt

Vereador e Presidente da Câmara

“Quando morava em Rio do Oeste a música foi lançada. Ouvi pela primeira vez em 1982, quando foi lançada. Tocou tanto nas rádios que um amigo meu pintou seu fusca de preto”.

Carlos Tonet ornalista e Empresário

Sem Mandamento (Oswaldo Montenegro) “Ouvia minha mãe cantarolar músicas da cultura popular quando criança. Depois de adulta, passei a gostar mais e ouço muita MPB”.

Maristela Pitz Professora e Palestrante

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Seção Especial

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Por: Ana Paula Ferreira is

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NAPOLEÃO BERNADES

(Prefeito de Blumenau)

É uma lição de vida que a amizade e a confiança e o não preconceito são abordados de uma maneira extremamente feliz e real.

do indo Fug rno Infe

INGO PENZ

(Criador do Choppmotorrad)

Foi com este filme que me inspirei para a criação da Choppmotorrad. O “sidecar” foi adaptado na minha “Jawa” em 1986 e é o segundo veículo de irreverência dos Desfiles da Oktoberfest de Blumenau.

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FREDERICO ELBONI (Youtuber e Blogueiro)

Lembro muito do meu pai, pelo jeito do personagem. Foi um filme que me marcou a infância.

dos ade d e i tos Soc FERNANDA ROSA Mor s a t Poe (Blogueira - Laços e Babados) Foi um filme que marcou a minha infância e que devo ter assistido em VHS umas 30 vezes. É a história dos alunos que se voltaram contra as regras e a influência de um professor que começa a valorizar as verdadeiras riquezas da vida.

e and A Gr a z Bele

LÉO LAPS

(Editor e Colunista do Santa)

É recheado de diálogos (e monólogos) excêntricos e poéticos. Consegue, com naturalidade, brincar com a surreal boêmia de Roma em uma narrativa onde tudo - a vida do protagonista - acontece de uma maneira sutil, mas carregada de existencialismo.

inha equ n o B uxo de L

LAIS KÜCHLER

(Radialista na Rádio Atlântida)

Me identifiquei muito com a atriz Audrey Hepburn, foi amor à primeira cena. A interpretação dela me fez buscar métodos iguais para utilizar no teatro. Tenho uma excelente referência nas artes cênicas, e ainda bem que foi com a diva Audrey.

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Permita-se sentir

Dispa-se das armaduras. Deixe que simplesmente aconteça. Não se preocupe com a dor antes mesmo de doer. Esqueça por um momento do antes e viva o agora. Se deixe sorrir sem pensar no depois. As pessoas não são iguais, acredite. Abra espaço pra que elas cheguem a ti. As cicatrizes são grandes, eu sei, mas não deixe que elas te impeçam de recomeçar. Não abra mão da felicidade por medo da tristeza. Não perca esse teu brilho no olhar. Não lute contra tua própria essência. Dê uma chance pra

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vida te mostrar que tudo teve um porquê. Permita-se! Goste, desgoste, conheça, ame, toque e deixe ser tocada. Decepções não são mais frustrantes do que desistências. Não dá pra prever se vai dar certo ou não. Não dá pra ter certeza que vai ser diferente. Mas vai deixar isso te impedir de viver? De sentir? De amar? Tome um gole de coragem, decida enfrentar, escolha ser feliz. Está muito mais na tua mão do que na do outro. É você que escolhe o que fazer com o que te fizeram. Então faça das experiências anteriores tuas

lições, aprenda com elas, mude com elas, mas não vire refém delas. Não se penalize por erros que não foram teus. Não se culpe por sentir de novo aquilo que tanto evitaste. Ninguém foge a vida inteira, ninguém é imune ao amor, ninguém escolhe os próprios sentimentos. Não os ignore, não os repudie, não os odeie. Sinta-os, aproveite-os e não os guarde pra si. Relembre a sensação do frio na barriga, das borboletas no estômago, do riso espontâneo, do olhar demorado… Redescubra o lado bom de amar. E então, vamos nos permitir?


Por: Ana Paula Darolt

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REVISTA INTERESSA 2015


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