A DIGRESSÃO DE A VIAGEM DO ELEFANTE REINICIA NO CENÁRIO MAJESTOSO DO MOSTEIRO DE ALCOBAÇA, ENCERRANDO O 2º FESTIVAL BOOKS & MOVIES
“José Saramago escreveu A Viagem do Elefante porque a façanha de Salomão tinha de ser contada, e contar é a forma que os escritores têm de eregir monumentos. Depois, os homens e mulheres do Trigo limpo teatro Acert com Luis Pastor e os voluntários de cada lugar coroaram a obra e deixaram que nela tomassem lugar todos os que gozámos a passagem de Salomão e a sua capacidade de provocar emoções. (…)”*
* Pilar del Río, in “A Viagem do Elefante Um Relato que cruza 14 localidades com a digressão por Viseu Dão Lafões do espectáculo do Trigo Limpo teatro ACERT” (2014)
SEMPRE CHEGAMOS AO SÍTIO AONDE NOS ESPERAM* José Saramago presenteou-nos com o seu conto. Transformá-lo em teatro tornou-se para nós uma exigência teatral. A viagem do elefante Salomão de Lisboa para Viena de Áustria, ordenada pelo Rei D. João iii, era pródiga de situações emocionantes. O elefante foi agigantado e alcançou a inocente humanidade que comoveu todos os que com ele lidaram na leitura do conto, na interpretação dos personagens e, de forma particular, os habitantes das localidades onde foi tratado como um verdadeiro monarca da afabilidade. Os milhares de espectadores adotaram-no e despediram-se dele com acenos invisíveis, com toques afetuosos ou com uma apetência para a leitura do conto de José Saramago, numa espera de aí encontrarem recônditos segredos que o espetáculo não revelava.
* José Saramago, A Viagem do Elefante
O TRIGO LIMPO TEATRO ACERT AGIGANTOU SALOMÃO EM TONDELA… … mais de 500 anos depois. O elefante foi o ilustre embaixador da Acert junto das comunidades das 24 localidades visitadas. Chegava-se e, de imediato, o acolhimento fazia de cada elemento do grupo um habitante com certidão de nascimento conferida pelo deslumbre e simpatia de um paquiderme. O elefante Salomão foi portador de um sonho memorial. Ofereceu carícias de uma humanidade singular. Imaginaria José Saramago que poderia ser progenitor duma aventura imaginosa e arrojada na adaptação teatral da sua penúltima obra literária? A confirmação desaguava nos seus fascínios: “As pessoas não escolhem os sonhos que têm. São, pois, os sonhos que escolhem as pessoas”.
ENTRE JUNHO DE 2013 E SETEMBRO DE 2014 O périplo do Trigo Limpo por 23 localidades de Portugal e Espanha contagiou 1.142 participantes locais que desempenharam um papel crucial na interpretação de personagens coletivas deslumbrantes. Generosos, genuínos e talentosos. Os mais de 35.000 espectadores não se limitaram a aplaudir. Foram também cúmplices de uma caminhada onde viveram momentos com registos
afetivos singulares. Em cada território ficaram pegadas de um coletivo de loucos que ultrapassou o universo do elenco do Trigo Limpo teatro Acert, valorizando pessoas e memórias que devolvem à atualidade a incumbência de se ser feliz.
FISICAMENTE, HABITAMOS UM ESPAÇO, MAS, SENTIMENTALMENTE, SOMOS HABITADOS POR UMA MEMÓRIA… ** Pelo terceiro ano, e na companhia do elefante Salomão e de José Saramago, os atores, músicos, cenógrafos e técnicos continuam a expedição, buscando em cada apresentação o sabor de uma “estreia”. Cada noite é motivo de encontro para a preparação entusiasta e rigorosa de um espetáculo mágico que se constrói ao longo de cinco dias de entrega generosa, de interajuda e de paixões. Cada local é motivo de adaptação à arquitetura existente. Das varandas dos habitantes aparecem personagens que mudam de senhorio permanentemente. As fachadas dos edifício de uma rua adquirem as múltiplas geografias onde respira a dramaturgia. Lisboa, Figueira de Castelo Rodrigo, Valhadolid, Pádua, Trento, Alpes… até uma Viena de Áustria onde o cornaca indiano, companheiro de todas as ** José Saramago, Palavras para uma cidade
horas do elefante, proferirá a triste notícia: “O elefante morreu quase dois anos depois, no último mês de mil quinhentos e cinquenta e três. Além de o terem esfolado, a Salomão cortaram-lhe as patas dianteiras para que, após as necessárias operações de limpeza e curtimento, servissem de recipientes, à entrada do palácio, para depositar as bengalas, os bastões, os guarda-chuvas e as sombrinhas de verão.” Mas não se pense que se trata de uma viagem desmoralizante e pessimista. Pelo contrário, é um tributo à vida, elevando os seus valores fundamentais. É o próprio José Saramago que se escuta no espetáculo, antes da música festiva final: O destino final é a morte. Já sabemos isso, mas entretanto vamos vivendo, e viver é uma forma, talvez a mais natural, de negar a morte.
“… Enquanto num restaurante de Salsburgo Saramago decifrou o caminho para a clareira e reconstruiu a fábula de uma jornada de espantos, os da Acert/Trigo Limpo levaram esse encantamento a um chão onde, tantas vezes esquecida, uma comunidade preserva a sua identidade. Os do Trigo Limpo conhecem a geografia onde se movem. Estabelecem com ela a relação que Orlando Ribeiro privilegiava nos seus trabalhos de campo: falar de território é captar o sentido mais fundo das vozes que o dizem, é entender o sentimento de pertença. Um elefante articulado de seis metros de altura, uma ideia de teatro comunitário de rua envolvendo homens e mulheres das comunidades locais, sem experiência teatral, lado a lado com outros ligados ao teatro amador, grupos de bombos, bandas filarmónicas, tocadores de concertina, ensaios/oficinas de cinco dias. Nenhum vento pode já levar para longe o que ficou. Só por isso, este Salomão de ferro e vime é, já, um momento empolgante, luminoso, da Viagem a Portugal da Acert.(…)”*
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA Texto criado a partir da adaptação livre do conto de José Saramago “A Viagem do Elefante” Adaptação dramatúrgica e encenação: José Rui Martins e Pompeu José Assistência de encenação: Ilda Teixeira e Sandra Santos Criação e direção musical: Luis Pastor Arranjos musicais: “A Cor da Língua ACERT” e Luis Pastor Cenografia e desenho gráfico: Zétavares Escultura de cena: Nico Nubiola Atores do Trigo Limpo Teatro ACERT: António Rebelo, Hugo Gonzalez, Ilda Teixeira, João Silva, José Rui Martins, Pedro Sousa, Pompeu José e Sandra Santos Músicos: André Cardoso, Carlos Borges, Carlos Peninha, Flávio Martins, Lourdes Guerra, Luísa Vieira, Lydia Pinho, Miguel Cardoso e Rui Lúcio Direção de produção: Miguel Torres Mecanismos cénicos e técnico de som: Luís Viegas Condução de engenho cénico: António Gonçalves Engenharia mecânica: David Pinheiro com apoio do Dep. de Engª Mecânica e Gestão Industrial da Escola Superior de Tecnologia (Viseu) Ajudantes de cenografia: Xus Góngora, Adriana Ventura e Cláudio Lima Figurinos: Rafaela Mapril Assistente de figurinos: José Abrantes Costureiras: Sandra Rodrigues, Pesponto Moderno, Alice Martins e Fernanda Abrantes Contrarregra: Adriana Ventura Serralharia: Jorge Almeida e Rui Ribeiro Carpintaria de cena: Carmoserra Pirotecnia: Pirotécnica do Dão Assistente de produção: Rui Coimbra
Fernando Alves, jornalista, na apresentação do livro da digressão 2014.
Laboratório de interpretação: Alberto Gonçalves, Alexandra Monteiro, Ana Galamba, Ana Margarida André, Daniel Nunes, Eva Marques, Gustavo Marques, Jorge Martins, Jorge Nascimento, Luís Henriques, Márcia Leite, Margarida Quintal, Margarida Carvalho, Margarida Oliveira, Maria Helena Figueiredo, Nelson Dias, Paulo Matos, Rosa Simão, Samuel de Almeida, Susana Alves, Tatiana Duarte, Vanessa Santos e Vera Ermida. … todos os voluntários que connosco construíram este espetáculo. Estreado a 29 junho de 2013, em Figueira de Castelo Rodrigo Duração 90 minutos; Classif. M/6
Desenho e operação de luz: Paulo Neto
Equipamento de som e luz: Stageland
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Agradecimentos na construção: Gialmar, Tojaltec, Alumetal Sanchez, IPV, Transportes Fernando Pinheiro, Bombeiros Voluntários de Tondela, Multifusivel, Promotujau, Tondagro, Engenheiros Ângela Neves e José Salgueiro Marques
Secretariado: Marta Costa e Rui Vale Produção: Trigo Limpo Teatro ACERT
PARTICIPANTES EM ALCOBAÇA Um agradecimento afetuoso a todos os participantes que em Alcobaça contribuíram com seu talento e generosidade para tornar o espetáculo um momento único e mágico: Abílio Sousa, Alda Ferreira, Alice Carvalho, Ana Filipa Delgado, Ana Serrazina, António Silva, Beatriz Morgado, Bruna Peças, Cristina Cerol, Dalila Vicente, Eduarda Figueiredo, Glória Pina, Inês Ferreira, Inês Silva, Inês Vitorino, João Pedro Serrazina, João Serralheiro, John David Burbidge, Lara Peças, Lina Santo, Luis Mirtilos, Maria da Conceição Almeida Mendinhas, Maria da Conceição Mendinhas, Maria da Encarnação Pedro, Maria de Fátima Bartolo, Maria de Jesus Zeferino, Maria do Carmo José, Maria Jorge, Maria Lúcia Serralheiro, Maria Manuela Serrazina, Mariana Lopes, Marta Pedro, Matilde Marques, Odete Loureiro, Pedro Barreiro, Piedade Sousa, Rafaela Belo, Raquel Rosa, Raquel Valério, Rita Silva, Sandra Coelho, Tiago Maurício e Tomás Jordão
JOSÉ SARAMAGO, A Viagem do Elefante
© FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO
SEMPRE CHEGAMOS AO SÍTIO AONDE NOS ESPERAM
2013 FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO SÃO JOÃO DA PESQUEIRA PINHEL SORTELHA FUNDÃO CASTELO BRANCO TONDELA LISBOA RIVAS-VACIAMADRID
2014 VISEU
PENALVA DO CASTELO CANAS DE SENHORIM / NELAS OLIVEIRA DE FRADES VOUZELA CARAMULO / TONDELA VILA NOVA DE PAIVA SATÃO SANTA COMBA DÃO CASTRO DAIRE CARREGAL DO SAL MANGUALDE SÃO PEDRO DO SUL AGUIAR DA BEIRA
2015 ALCOBAÇA
FIGUEIRA DA FOZ GOUVEIA PAMPILHOSA DA SERRA
ESTRUTURA FINANCIADA POR
COPRODUÇÃO MUSICAL
PARCERIA
PROMOTOR LOCAL
SIGA O ELEFANTE EM ACERT.PT/AVIAGEMDOELEFANTE TRIGO LIMPO TEATRO ACERT RUA DR. RICARDO MOTA, 18; 3460-613 TONDELA