Ricardo Chaves®
ÉVORA · 31 AGOSTO 2018 JARDIM PUBLICO DE ÉVORA, 22H
Foto de Carlos TelesÂŽ
A DIGRESSÃO DO ELEFANTE SALOMÃO CELEBRADA COM ENCANTAMENTO E FESTA EM ÉVORA
“José Saramago escreveu A Viagem do Elefante porque a façanha de Salomão tinha de ser contada, e contar é a forma que os escritores têm de eregir monumentos. Depois, os homens e mulheres do Trigo limpo teatro Acert com Luis Pastor e os voluntários de cada lugar coroaram a obra e deixaram que nela tomassem lugar todos os que gozámos a passagem de Salomão e a sua capacidade de provocar emoções. (…)”*
* Pilar del Río, in “A Viagem do Elefante Um Relato que cruza 14 localidades com a digressão por Viseu Dão Lafões do espectáculo do Trigo Limpo teatro ACERT” (2014)
SEMPRE CHEGAMOS AO SÍTIO AONDE NOS ESPERAM* José Saramago presenteou-nos com o seu conto. Transformá-lo em teatro tornou-se para nós uma exigência teatral. A viagem do elefante Salomão de Lisboa para Viena de Áustria, ordenada pelo Rei D. João iii, era pródiga de situações emocionantes. O elefante foi agigantado e alcançou a inocente humanidade que comoveu todos os que com ele lidaram na leitura do conto, na interpretação dos personagens e, de forma particular, os habitantes das localidades onde foi tratado como um verdadeiro monarca da afabilidade. Os milhares de espectadores adotaram-no e despediram-se dele com acenos invisíveis, com toques afetuosos ou com uma apetência para a leitura do conto de José Saramago, numa espera de aí encontrarem recônditos segredos que o espetáculo não revelava.
O TRIGO LIMPO TEATRO ACERT AGIGANTOU SALOMÃO EM TONDELA… … mais de 500 anos depois. O elefante foi o ilustre embaixador da Acert junto das comunidades das 24 localidades visitadas. Chegava-se e, de imediato, o acolhimento fazia de cada elemento do grupo um * José Saramago, A Viagem do Elefante
habitante com certidão de nascimento conferida pelo deslumbre e simpatia de um paquiderme. O elefante Salomão foi portador de um sonho memorial. Ofereceu carícias de uma humanidade singular. Imaginaria José Saramago que poderia ser progenitor duma aventura imaginosa e arrojada na adaptação teatral da sua penúltima obra literária? A confirmação desaguava nos seus fascínios: “As pessoas não escolhem os sonhos que têm. São, pois, os sonhos que escolhem as pessoas”.
ENTRE JUNHO DE 2013 E SETEMBRO DE 2014 O périplo do Trigo Limpo por 23 localidades de Portugal e Espanha contagiou 1.142 participantes locais que desempenharam um papel crucial na interpretação de personagens coletivas deslumbrantes. Generosos, genuínos e talentosos. Os mais de 35.000 espectadores não se limitaram a aplaudir. Foram também cúmplices de uma caminhada onde viveram momentos com registos afetivos singulares. Em cada território ficaram pegadas de um coletivo de loucos que ultrapassou o universo do elenco do Trigo Limpo teatro Acert, valorizando pessoas e memórias que devolvem à atualidade a incumbência de se ser feliz.
FISICAMENTE, HABITAMOS UM ESPAÇO, MAS, SENTIMENTALMENTE, SOMOS HABITADOS POR UMA MEMÓRIA… ** Pelo terceiro ano, e na companhia do elefante Salomão e de José Saramago, os atores, músicos, cenógrafos e técnicos continuam a expedição, buscando em cada apresentação o sabor de uma “estreia”. Cada noite é motivo de encontro para a preparação entusiasta e rigorosa de um espetáculo mágico que se constrói ao longo de cinco dias de entrega generosa, de interajuda e de paixões. Cada local é motivo de adaptação à arquitetura existente. Das varandas dos habitantes aparecem personagens que mudam de senhorio permanentemente. As fachadas dos edifício de uma rua adquirem as múltiplas geografias onde respira a dramaturgia. Lisboa, Figueira de Castelo Rodrigo, Valhadolid, Pádua, Trento, Alpes… até uma Viena de Áustria onde o cornaca indiano, companheiro de todas as horas do elefante, proferirá a triste notícia: “O elefante morreu quase dois anos depois, no último mês de mil quinhentos e cinquenta e três. Além de o terem esfolado, a Salomão cortaram-lhe as patas dianteiras para que, após as necessárias operações de limpeza e curtimento, servissem de recipientes, à ** José Saramago, Palavras para uma cidade
entrada do palácio, para depositar as bengalas, os bastões, os guarda-chuvas e as sombrinhas de verão.” Mas não se pense que se trata de uma viagem desmoralizante e pessimista. Pelo contrário, é um tributo à vida, elevando os seus valores fundamentais. É o próprio José Saramago que se escuta no espetáculo, antes da música festiva final: O destino final é a morte. Já sabemos isso, mas entretanto vamos vivendo, e viver é uma forma, talvez a mais natural, de negar a morte.
CD/LIVRO
LUIS PASTOR E A COR DA LÍNGUA ACERT
14 CANÇÕES DO ESPETÁCULO A VIAGEM DO ELEFANTE
Pode ser adquirido nos locais onde decorrem os espetáculos.
“(…) Enquanto num restaurante de Salsburgo Saramago decifrou o caminho para a clareira e reconstruiu a fábula de uma jornada de espantos, os da Acert/ Trigo Limpo levaram esse encantamento a um chão onde, tantas vezes esquecida, uma comunidade preserva a sua identidade. Os do Trigo Limpo conhecem a geografia onde se movem. Estabelecem com ela a relação que Orlando Ribeiro privilegiava nos seus trabalhos de campo: falar de território é captar o sentido mais fundo das vozes que o dizem, é entender o sentimento de pertença. Um elefante articulado de seis metros de altura, uma ideia de teatro comunitário de rua envolvendo homens e mulheres das comunidades locais, sem experiência teatral, lado a lado com outros ligados ao teatro amador, grupos de bombos, bandas filarmónicas, tocadores de concertina, ensaios/oficinas de cinco dias. Nenhum vento pode já levar para longe o que ficou. Só por isso, este Salomão de ferro e vime é, já, um momento empolgante, luminoso, da Viagem a Portugal da Acert. (…)”* * Fernando Alves, jornalista, na apresentação do livro da digressão 2014.
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA Texto criado a partir da adaptação livre do conto de José Saramago “A Viagem do Elefante” Adaptação dramatúrgica e encenação: José Rui Martins e Pompeu José Assistência de encenação: Ilda Teixeira e Sandra Santos Criação e direção musical: Luis Pastor Arranjos musicais: “A Cor da Língua Acert” e Luis Pastor
Laboratório de interpretação: Alberto Gonçalves, Alexandra Monteiro, Ana Galamba, Ana Margarida André, Daniel Nunes, Eva Marques, Gustavo Marques, Jorge Martins, Jorge Nascimento, Luís Henriques, Márcia Leite, Margarida Quintal, Margarida Carvalho, Margarida Oliveira, Maria Helena Figueiredo, Nelson Dias, Paulo Matos, Rosa Simão, Samuel de Almeida, Susana Alves, Tatiana Duarte, Vanessa Santos e Vera Ermida … todos os voluntários que connosco construíram este espetáculo.
Cenografia e desenho gráfico: Zétavares Escultura de cena: Nico Nubiola
100ª Produção do Trigo Limpo teatro ACERT
Atores do Trigo Limpo Teatro Acert: António Rebelo, Daniel Nunes, Ilda Teixeira, José Rui Martins, Pedro Sousa, Pompeu José e Sandra Santos
Estreado a 29 junho de 2013, em Figueira de Castelo Rodrigo
Músicos: Carlos Peninha, André Pleno, Luis Pastor, Lydia Pinho, Miguel Cardoso e Rui Lúcio
PARTICIPANTES EM ÉVORA
Mecanismos cénicos e técnico de som: Luís Viegas Desenho e operação de luz: Paulo Neto Condução de engenho cénico: Rui Vale Engenharia mecânica: David Pinheiro com apoio do Dep. de Engª Mecânica e Gestão Industrial do Instituto Polit. Viseu Figurinos: Rafaela Mapril Apoio técnico: Natália Rodrigues Equipamento de som e luz: Stageland Pirotecnia: Pirotécnica do Dão Produção: Marta Costa Assistente de Produção: Rui Coimbra Secretariado: Rui Vale Agradecimentos na construção: Gialmar, Tojaltec, Alumetal Sanchez, IPV, Transportes Fernando Pinheiro, Bombeiros Voluntários de Tondela, Multifusivel, Promotujau, Tondagro, Engenheiros Ângela Neves e José Salgueiro Marques
Duração 90 minutos; Classif. M/6
Um agradecimento afetuoso a todos os participantes que em Évora contribuíram com seu talento e generosidade para tornar o espetáculo um momento único e mágico: Ana Vitória Duarte Branco Botas, Armando José Piteira, Belmira Rosa da Conceição Ferreira de Carvalho, Bento Manuel Marques Calado Nunes Borges, Bruno Alexandre Matos Domingos, Carlos Vinicius Leite Vieira, Carolina Zambujo Fidalgo Lecoq, Catarina Isabel Silva Dinis, Daniela jesus Daniela jesus Vidal da Rosa, Eliete Cristina dos Santos, Filipe Luís Ginja Gameiro, Inês Isabel Sousa de Jesus, João Pedro Marques Ramos, Lilia Graciete Zambujo Fidalgo, Lúcia Cristina Vieira Caroço, Maria cândida Dinis Valadas, Maria Clara Chilra Elias, Maria do Céu Ferreira Caeiro, Maria Domingas Valério Menino Simplício, Maria João Espanhol Cabala, Natália da Silva Rodrigues, Nuno Joaquim Costa Cara de Anjo Lecoq, Pedro Miguel Espanca Maia Bacelar, Ricardo Jorge Sezões de Almeida, Rita Alexandra Velez Madeira, Sílvia Isabel da Conceição Semião, Takis Sarantopoulos.
© FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO
SEMPRE CHEGAMOS AO SÍTIO AONDE NOS ESPERAM
JOSÉ SARAMAGO, A Viagem do Elefante
2013 FIGUEIRA CAST. RODRIGO SÃO JOÃO DA PESQUEIRA PINHEL SORTELHA FUNDÃO CASTELO BRANCO TONDELA LISBOA RIVAS-VACIAMADRID
2014 VISEU
PENALVA DO CASTELO CANAS SENHORIM (NELAS) OLIVEIRA DE FRADES VOUZELA CARAMULO (TONDELA) VILA NOVA DE PAIVA SATÃO SANTA COMBA DÃO CASTRO DAIRE CARREGAL DO SAL MANGUALDE SÃO PEDRO DO SUL AGUIAR DA BEIRA
2015 ALCOBAÇA
FIGUEIRA DA FOZ GOUVEIA PAMPILHOSA DA SERRA
2016 LOUSADA OVAR
2018 ÉVORA
ESTRUTURA FINANCIADA POR
SIGA O ELEFANTE EM ACERT.PT/AVIAGEMDOELEFANTE
COPRODUÇÃO MUSICAL
PARCERIA
TRIGO LIMPO TEATRO ACERT RUA DR. RICARDO MOTA, 18; 3460-613 TONDELA