COPRODUÇÃO GAMBOZINOS E PEOBARDOS – Grupo de Teatro da Vela TRIGO LIMPO TEATRO ACERT
Aceitei estar sozinho em palco para contar a história de uma solidão sofrida, um pai que perde um filho... E aceitei estar porque sabia que não ia estar sozinho. Fazer um espetáculo é um trabalho de equipa, é um ato de criação que compensa todas as perdas (as que narramos e as que sofremos), que nos projeta num futuro onde pela partida de alguém um outro regressa, pela morte de alguém um outro nasce... Parte Miguel vem Serafim... Pompeu José
ENCENAR
1 ) pôr em cena; 2 ) organizar a encenação de uma obra teatral; 3 ) figurado dispor as coisas com o fim de iludir;
Desafio grande este, o de iludir, talvez por ser a primeira encenação que temos a cargo, talvez por ser a quatro mãos, talvez por ser um romance do Vergílio Ferreira e talvez por o ator ser o nosso Pompeu. Fazer uma coprodução com a Acert era o ponto de partida. Um espetáculo onde as fronteiras não se distinguissem. Gambozinos e Peobardos e Acert, uma mistura homogénea de afetos e trabalho. Vergílio Ferreira foi a escolha mais que perfeita. Um namoro antigo que esperamos que seja duradouro. O romance Até ao Fim, pelas suas características e a sua temática de conflito/confronto de gerações, pareceu-nos que atualmente faria sentido mostrar, beliscar, intimidar e até mesmo questionar. Pompeu. Não nasceu em Setúbal como ele diz. Nasceu, sim, no largo da Devesa, bem ao lado da padaria do Fausto, bem no centro da Vela. Sonhar com ele ao lado é fácil, o difícil está em acordar, pois com ele ao lado nada é impossível e o sonho torna-se real. Neste processo não foi só o Pompeu que mudou de naturalidade, o Zé Rui é da Avenida da
Seara, o Paulo Neto é dos Albardeiros, o Viegas é bem pertinho do S.Roque, a Marta e a Raquel são das Vendas da Vela, a Sandrinha é de Portomé, a Ilda é da rua da Fonte da Pereira, o ZéTavares é da ribeira mas da Açude de cima, o Miguel não é do Fojo de Tondela é sim do Fojo da Vela, o João vive ao lado do café do Ti Júlio, o António ao lado do café do Quim Zé, o Rui Coimbra é da rua da escola, já o Rui Vale é da rua do campo de futebol, por fim a Efigénia e a Paulinha são vizinhas na rua Direita. A todos eles um grande bem-haja por serem nossos companheiros de luta e de aventuras. Porque o teatro é paixão, é emoção, é sentimento. Porque o teatro é união, é partilha, é companhia. António Rebelo e Pedro Sousa
Vergílio Ferreira nasceu em Melo, em 1916, e morreu em Lisboa em 1996. Um dos autores portugueses maiores do século XX com uma vastíssima e poderosa obra, foi ficcionado, ensaísta e ainda professor. A sua prosa, inicialmente ligada ao neorrealismo, ganhou gradualmente contornos existencialistas. Vergílio Ferreira foi galardoado, em 1992, com o Prémio Camões, a mais importante distinção para um autor de língua portuguesa, pelo conjunto da sua obra. Até ao Fim a inquietante liquidação de um tempo, a que, inerme, assistimos, mal resignados mas fatalistas, à espera de que se cumpram (na esperança de que não se cumpram) as tenebrosas profecias de Nostradamus.
HISTORIAL GAMBOZINOS E PEOBARDOS
Gambozinos e Peobardos - Grupo de Teatro da Associação Cultural e Desportiva da Vela foi fundado em abril de 2005. Os nossos espetáculos espelham uma vontade de valorizar uma identidade definida pela sua geografia - região interior - e a sua realidade social, composta por uma acentuada vivência rural e um forte sentimento de isolamento. Temos procurado autores e obras da literatura lusófona (são exemplos Alexandre O’Neill, Miguel Torga, Eugénio de Andrade, Mia Couto) que nos sirvam de inspiração e âncora nesta reflexão sobre aquilo que nos envolve. Nesta busca, optámos por textos não dramáticos, o que constitui um desafio nas nossas criações, a par com a opção de as concretizar em espaços não convencionais, privilegiando espaços ao ar livre e/ ou com valor patrimonial reconhecido. O olhar sobre as populações foi sempre orientado para um teatro inclusivo, que fosse ao encontro da comunidade, desenhando com as pessoas os espetáculos, fazendo com que participassem como intérpretes e se sentissem acarinhadas. Desde 2005 estreámos 11 espetáculos, sendo de destacar Entre
o Céu e a Terra, apresentada em 2013 nos Claustros do Paço da Cultura, na Guarda, que juntou mais de uma centena de pessoas em cena, entre atores profissionais, amadores e associações do concelho da Guarda. Mais recentemente, o espetáculo Litoral (2014), apresentado ao ar livre, na Vela, reuniu mais de 40 participantes, maioritariamente da comunidade local, para refletir sobre a desertificação do nosso Interior: como país e como pessoas. Destacamos ainda a criação da visita encenada Romagem Teatral ao Cabeço das Fráguas, uma iniciativa da Culturguarda, no verão de 2012. Fazemos parte de uma rede informal de grupos dinamizada pelo teatro O Bando, de Palmela, onde todos os anos apresentamos os nossos espetáculos e que nos permite acolher anualmente criações desta companhia histórica na nossa aldeia. Somos também parceiros do Trigo Limpo Teatro Acert, de Tondela, que recebemos no final do ano passado no festival Argonautas, na Vela. Este espaço de programação que organizamos desde 2013 vai já na 3º edição e tem-nos permitido acolher várias propostas artísticas de todos os cantos do país.
HISTORIAL TRIGO LIMPO TEATRO ACERT
Trigo Limpo teatro Acert, 39 anos de pesquisa, produção e animação teatral. Desde a sua formação, em 1976, tem vindo a afirmar-se como uma companhia teatral apostada na descoberta de interceções entre as distintas linguagens artísticas e do espetáculo, como forma de potenciar uma intervenção teatral experimental, consequente, criativa e socialmente integrada numa intervenção cultural comunitária. Trigo Limpo teatro Acert, para além da apresentação de textos dramáticos de autor, estreou mais de uma dezena de textos teatrais próprios, incidindo a maior parte deles na adaptação teatral de textos de autores contemporâneos (Herman Hesse, Ilse Losa, Isabel Allende, José Gomes Ferreira, Lobo Antunes, Mia Couto, Santos Fernando, Válter Hugo Mãe, entre outros), para além de dramaturgia original criada especificamente para a Companhia. A itinerância assume um dos eixos que caracterizam a dinâmica da Companhia correspondendo a mais de 70% do total da atividade, possibilitando-lhe a criação de
novos públicos, uma proximidade com as distintas realidades culturais e o estabelecimento de circuitos de descentralização. O teatro de rua assume um campo experimental a que tem sido dado determinante relevo, assumindo as produções realizadas investimentos criativos caracterizadores da atividade da Companhia (Faldum, AuGaciar, Queima do Judas, máquina de cena Memoriar, criada para a Expo 98, Hannover 2000, SerPró - Coimbra, Transviriato, Num Abril e Fechar de Olhos, Golpe d´Asa, Pinóquio, A Viagem do Elefante). Toda a dinâmica assenta num investimento artístico gerador de práticas que permitam, por um lado salvaguardar uma atuação de itinerância do projeto, e pelo outro numa estreita conjugação de sinergias que favoreçam a programação e dinâmica do seu espaço-sede. Também a formação, os intercâmbios artísticos, as coproduções e o acolhimento de residências artísticas se conjugam num plano artístico pluridisciplinar com uma equipa profissional permanente com competências para uma atuação transversal.
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA Coprodução Gambozinos e Peobardos – Grupo de teatro da Vela com o Trigo Limpo teatro ACERT texto a partir de “Até ao Fim” de Vergílio Ferreira dramaturgia: António Rebelo, Pedro Sousa e Pompeu José encenação: António Rebelo e Pedro Sousa interpretação: Pompeu José participação especial: António Rebelo e Pedro Sousa cenografia e design gráfico: Zétavares desenho de luz: Paulo Neto sonoplastia: Luís Viegas música: Beethoven, Sonata ao Luar fotografia documental: Cláudio Alves fotografia de cena: Carlos Teles vídeo: Fragmenesis serralharia: Rui Ribeiro Agradecimentos: Associação de Cultura e Recreio Ermidense, Bombeiros Voluntários de Tondela, Carlos Fernandes, João Neca, Rui Ribeiro, Tondelfúnebre e a todos os que doaram as suas cadeiras Classificação: M/12 anos · Duração: 55 min. Estreia em Tondela, a 15 de maio de 2015 Criado em residência no Novo Ciclo Acert em abril e maio de 2015
Gambozinos e Peobardos Grupo de Teatro da Vela Avenida da Seara, Vela 6300-243 Vela, Portugal facebook.com/gambozinosepeobardos Grupo apoiado por
Trigo Limpo teatro ACERT Rua Dr. Ricardo Mota, 18 3460-613 Tondela www.acert.pt/trigolimpo
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