4 NOV A 3 DEZ 2017 GALERIA ACERT
O tempo não mora aqui PAULA MAGALHÃES
As cianotipias da autora refletem neste processo fotográfico a memória e o tempo.
O tempo não mora aqui A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas. Hoje a minha vida é uma caixa. A minha caixa é um livro. Um livro onde escrevo para lembrar. Não sei se amanhã vou conseguir ler. Hoje a minha caixa é um livro, com histórias e memórias. Amanhã serão imagens. A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas. Quero-te a ti, quero-os a eles, quero-vos a todos. Quero guardar! A minha caixa hoje é um livro, amanhã vão ser dez, depois serão vinte. A minha caixa é um jardim, onde com o tempo crescem memórias. A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas. Tenho pressa… não sei que tempo vou ser amanhã. Tenho pressa! Quero guardar a vida, quero guardar as pessoas, quero guardar as memórias. Quero guardar um jardim de memórias para as manter vivas. São tantas! Tenho pressa, não me quero esquecer. A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas. Hoje és uma semente, amanhã uma flor. Quero guardar a memória para não a perder, quero lembrar, quero poder rever. Na minha memória estás tu, estão eles, estão eles e elas, está isto e aquilo. Nas minhas memórias estou eu, estão tantos, está tudo. A vida tem pessoas dentro, a minha tem muitas. Vou guardar para não esquecer. Paula Magalhães
Paula Magalhães nasceu em Viseu, em 1976. Mestranda em Fotografia no IPT, pós-graduada em Multimédia para Educação pela Universidade de Aveiro e licenciada em EVT pela ESEV, IPV. Desenvolve trabalho na área da imagem, vídeo, fotografia, escultura, instalação, impressão de múltiplos e mais recentemente, na investigação de processos alternativos. Dedicou os últimos anos à investigação de processos antigos/alternativos de fotografia. A sua obra explora o equilíbrio entre a razão e a emoção, trabalhando conceitos como o tempo, a memória e a perda dela.
As sucessivas camadas de ténues registos de corpos e respetivos matizes nas obras de Paula Magalhães evocam a contínua pesquisa e experimentação, através de processos alternativos, de registos tanto do real como da sua singular perceção do mundo em que vive. Convida‑nos, num modo bluesy e dolente, a navegar nos múltiplos substractos das suas memórias como das suas experiências de vida. Uma vida que se pretende plena apesar da subtil fragilidade destas provas. De uma presença. A sua. José Cruzio
A cianotipia é uma técnica de impressão fotográfica antiga, também conhecida como Ferroprussiato, Cianótipo ou Blueprint, em que a impressão acontece por contato direto. Foi inventada pelo cientista e astrónomo Sir John William Herschel, em 1842. É possivelmente a primeira técnica de reprodução de documentos, e considerado um dos primeiros procedimentos para impressão da fotografia em papel.
Estrutura financiada por Inauguração: Sáb. 20 maio 2017 às 21:00 Até 2 de julho de 2017 Novo Ciclo ACERT Galeria ACERT Entrada gratuita
Associação Cultural e Recreativa de Tondela Rua Dr. Ricardo Mota, 14; 3460-613 Tondela www.acert.pt