Somos todos Zé do Telhado

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A presente edição acompanha a coprodução teatral de rua da Jangada Teatro e do Trigo Limpo teatro ACERT. Estreado a 5 e 6 de julho na Av. Senhor dos Aflitos, em Lousada e apresentado a 13 do mesmo mês no Parque Urbano de Tondela, com entrada gratuita.

SOMOS TOD OS

Nos 200 anos do herói popular, uma coprodução teatral com uma equipa de mais de 70 artistas.

Zé do Telhado Por outro lado, um texto Por último, não pode Nesta aventura criativa, o Trigo Limpo teatro ACERT percorreu afede Hélder Costa deixar de referir-se a tuosamente trilhos e encontros que há muito desejava abraçar. criado para “A Barraca” equipa de atrizes e atoem 1978, permite um res amadores que, com O primeiro deles, na companhia de Zé do Telhado, herói popular que, sinal de g ratidão ao seu profissionalismo tal como os já visitados noutros espetáculos — João Brandão e Viriato da Jangada Tea— sim, porque profis— entram numa trilogia que tem consentido incursões dramatúrgicas tro e do Trigo sionalismo, no teatro, pela história do imaginário português, explorando narrativas teatrais Limpo teatro não indica uma relaque têm o fantástico e o onírico como dialéticas imaginativas que se ACERT a um dramação remuneratória, mas prestam a ter a rua como palco. turgo e a um grupo que, antes a qualidade do desde há muito, fazem desempenho e dedicação parte de uma certa —, se revelaram talenmatriz criativa e afetiva tosamente na construdas duas companhias ção do espetáculo. que se associam para Este “José do Telhado”, criar este espetáculo. nesta versão de teatro Uma matriz que nada de rua, confirma, pela tem a ver com seguigrande envolvência de dismo artístico, mas que artistas locais com o advém das referências elenco da Jangada Teaque permitiram às duas tro e as equipas do Trigo companhias encontrar Limpo teatro ACERT caminhos próprios desaque o teatro continua a fiadores, na abordagem ser uma arte confluente de dramaturgias origide diversas linguagens e nais. José Afonso, um exercício que, para criou músicas ser coerente e autêntico, originais para o deve ser resultante de espetáculo de A BARuma relação coletiva de Fotos de ensaio na Av. Senhor dos Aflitos, Lousada RACA. Mais de 40 anos partilha. depois, a música de cena Com assaltos e sobrescriada pelo nosso querido músico, ganha atuali- com quem tem uma relação de partilha. A Jan- saltos, com solidariedades e entreajuda permadade pela “gentil” voz de João Afonso, pela mes- gada Teatro passa a figurar no altar teatral casa- nentes, com uma intenção incessante de denúntria dos arranjos e originais do maestro Romeu menteiro, tal como aconteceu com outras com- cia social, com irreverência e, sobretudo, com um Silva e a interpretação da sua distinta orquestra. panhias, Mutumbela Gogo (Moçambique), desejo de que o público se reveja no sonho que Tiago Sami Pereira, o nosso “Homem do Bombo” Teatrosfera, Chévere (Galiza), Teatro de Mon- juntos vivenciámos, respiramos nos trilhos norcriou com o “Lousada a Rufar”, momentos per- temuro, TAS, Theater tri-bühne (Alemanha), tenhos de Zé do telhado, procurando ser loucos cussivos populares que, teatralmente, adquirem Fundação José Saramago, Flor de Jara (Espanha), como ele. dimensão epopeica e humorística. Todos eles, são entre outros. Este espetáculo é também um triconstrutores de magias e andanças desafiantes buto aos atores Faria Martins e Xico Alves e a Sermos, enfim, todos Zé do que acarinham criativa e experimentalmente todos os “jangadenses”, num ano em que a com- Telhado! esta produção. panhia celebra 20 anos a resistir com paixão pelo Uma vez mais, o Trigo Limpo teatro ACERT teatro, revisitando inovadoramente um texto José Rui Martins saboreia uma aventura comum com outro grupo que marcou o seu histórico. Trigo Limpo teatro ACERT


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20 Anos, e os “Zés” do Telhado UM BANDIDO SOCIAL

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osé Teixeira da Silva, o mítico Zé do Telhado, permanece bem presente na nossa memória coletiva. Nascido a 22 de junho de 1818, em Castelões de Recezinhos (Penafiel), foi no concelho de Lousada que se radicou e definiu a sua turbulenta história de vida. Aqui casou (a 3 de fevereiro de 1845, na igreja de Caíde), aqui viveu e aqui praticou o primeiro assalto (a 12 de dezembro de 1849, na Casa de Talhos, em Macieira). No bicentenário do seu nascimento, desafiámos a Jangada teatro, os grupos amadores de teatro e outras instituições locais para, em associação com a companhia Trigo Limpo, ser desenvolvido um projeto artístico de envolvimento comunitário. Recuperando o texto do dramaturgo Hélder Costa, de há precisamente 15 anos, originando uma das mais extraordinárias produções jamais testemunhadas no Auditório Municipal, revisitamos o percurso de um bandido social, que, apesar de não ser um exemplo, confirma, porém, que o homem é sempre ele e a sua circunstância, reiterado numa das passagens do enredo: “Nem trabalho, nem dinheiro / só ódio, perseguição / se alguém vira bandoleiro / qual é a admiração?”

Dr. Pedro Machado Presidente da Câmara Municipal de Lousada

Fotos de ensaio em Lousada.

O

teatro deve estar em permanente comprometimento com a vida, vivê-la, exaltá-la, trazer para a ribalta as inquietações de cada um de nós. Esta arte tem, pois, a responsabilidade de estar na primeira fileira, a dar o primeiro passo, o alerta para os vícios da humanidade. O teatro mune-se de cada uma das suas ferramentas para dar voz e corpo ao cargo para que foi investido. Mas, a palavra, por si só, a sua forma, nada vale, senão for usada com parcimónia. Cada palavra terá o seu valor, quando usada a sua matéria. E, como artistas quando observamos a vida em sociedade, não podemos estar alheados, queremos participar, viver, ser. Um dos propósitos da Jangada Teatro sempre se prendeu com essa ligação ao património material e imaterial onde nos inserimos. Este modo de atuação levou a que, em 2004, levássemos à cena a peça de teatro Zé do Telhado. A figura do nosso conterrâneo Zé do Telhado e, a sua intervenção na vida social, roubando aos ricos

e repartindo pelos pobres, granjeou-lhe o apodo de bandoleiro social. Havia, aqui, conteúdo para criar um objeto artístico assente numa personagem que transpôs há muito as fronteiras regionais, adquirindo o estatuto de herói nacional. De igual modo, o nosso espetáculo Zé do Telhado saiu de Lousada, percorrendo ao longo de dois anos Portugal de norte a sul, estendendo-se, ainda, até França.

O tempo passou, mas os assuntos nacionais, as desigualdades, a corrupção e outros males da sociedade, são hoje, às escancaras, uma triste realidade. Não abandonaremos, contudo, esta luta para denunciar as irregularidades e as injustiças perpetradas por gente ignóbil e sem escrú-

pulos. Em 2004 preparámos um espetáculo de teatro para ser apresentado em casas de espetáculos. Quinze anos depois dessa nossa primeira aventura, voltamos a fazer ecoar a voz e o espírito do bandoleiro oitocentista, numa versão de espetáculo de grandes dimensões para a rua, em cocriação com o Trigo Limpo – Teatro ACERT. Este ano é, para nós Jangada Teatro, um ano pleno de efemérides. Quando em 1999 fundávamos a companhia de teatro, longe estava o ano de 2019, um horizonte a duas décadas de distância. Não sabíamos o que o futuro nos traria, mas sempre acreditámos na nossa perseverança, neste querer comunicar, criar, fazer arte. Hoje, vinte anos volvidos, confirmamos o provérbio “Querer é poder”. Há vinte anos que pugnamos por uma arte teatral de qualidade, fundada em princípios e valores estruturais e coerentes. Em síntese, a nossa divisa: “A fazer bom teatro desde 1999”. E que venham mais vinte.

Luiz Oliveira

Jangada Teatro


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FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA Coprodução: Jangada Teatro e Trigo Limpo teatro ACERT Texto: Hélder Costa Versão Cénica e Encenação: José Rui Martins Interpretação

Assistência de Encenação

António Leite Bel Viana Carla Campos Daniel Silva Diogo Freitas Filipe Gouveia Luiz Oliveira Pedro Dias Sónia Ribeiro Vítor Fernandes Xico Alves

Pedro Sousa Sónia Ribeiro Xico Alves

Figurinos

Cláudia Ribeiro Filipe Pereira

Mestre Costureira

Alexandra Barbosa Marlene Rodrigues

Assistente Aderecista

Ângela Mota Albina Ribeiro Américo Magalhães Américo Pinto Ana Peixoto Antonina Neto António Filipe Pinto Bino Borges Luís Falcão Luís Peixoto Manuela Teixeira Nazaré Sousa Ricardo Moreira Rosa Magalhães Samuel Pinto Sandra Paiva Tatiana Ferreira Teresa Oliveira

Cláudia Gomes

Cenografia

Sofia Silva Zétavares

Execução de Cenografia Oficina das Artes Criativas – ACERT

Assistência de Cena Pedro Sousa

Desenho de Luz

Fernando Oliveira Paulo Neto

Operação de Som Fred Meireles Luís Viegas

Música

Produção e Secretariado

José Afonso

(Orquestra)

Alejandrina Romero Fred Meireles Marta Costa Susana Morais

(Precursões)

Desenho Gráfico

Direção Musical Romeu Silva

e Tiago Sami Pereira

Banda Musical de Lousada e Lousad’arrufar (2)

Participação Especial João Afonso (Voz)

Araufer António Viana Filipe Lopes Francisco Viana Nuno Rodrigues Samuel Ferreira

Carpintaria

Assistente de Figurinos e Aderecista

Atores amadores

Músicos

Serralharia

Zétavares

(1)

Fotografia

Rui Coimbra

Vídeo

Maria Nunes

Carmoserra

Equipamento Som e Luz Audio Globo

Carlos Carvalho Cristina Baptista Fábio Mota Fábio Ribeiro Gabriel Lopes Inês Fernandes Joana Ferreira João Fernandes João Neto Paulo Mota Sara Costa

(1)

Ângela Botelho António dos Santos Beatriz Teixeira Bruno Teixeira Davide Teixeira Eduardo Teixeira Francisco Bragança Guilherme Nunes Inês Neto João da Cunha José da Cunha José da Silveira Judite Sampaio Leandro Ribeiro Liliana da Silva Miguel Ribeiro Miguel Teixeira Tatiana Ferreira Tiago Magalhães (2)

Parceria e apoio especial à produção e comunicação Câmara Municipal de Lousada

Apoio

As 2 estruturas são financiadas por

O Trigo Limpo é financiado por

Patrocínio

Agradecimentos

À Câmara Municipal de Tondela, Rosicar, Quinta de Lourosa e Viana & Filhos.

A José Mário Carvalho, investigador de José Teixeira da Silva pela informação disponibilizada nos depoimentos publicados nos vídeos on-line e à equipa técnica da Audio Globo.

M/12 Anos · 90 mins

O REGRESSO DO ZÉ DO TELHADO

Q

uando existe um Herói popular – desses que era cantado nas feiras e nos mercados – célebre em papéis de cordel, histórias aos quadradinhos (hoje, diz-se banda desenhada, a BD), também em cinema e teatro, é natural que ele reapareça de vez em quando. O meu primeiro contacto com este bandoleiro social foi através de um pequeno conto que a minha mãe me deu quando eu andava pelas primeiras letras, e tocou- me esse personagem parecido com os heróis do “Mundo de Aventuras”. Os anos passaram e essa memória afectiva nunca desapareceu. E quando o Augusto Boal dirigia A BARRACA a seguir ao 25 de Abril, eu insistia que ele devia trabalhar com personagens portugueses…ele acabou por perder a paciência e desafiou-me a escrever a peça e depois se veria. Coisa que fiz em dois dias, aprovação e, felizmente, um grande êxito até assinalado com o grande prémio de teatro em Sitges, Barcelona. Muitos anos depois, o grupo Jangada desafio-me para fazer a encenação desse texto e confesso que foi dos grandes prazeres que tive na minha carreira de encenador dada a qualidade, alegria e loucura do elenco. E agora, mais uns anos e chega o desafio para esse herói popular ir abrilhantar as ruas de Lousada e Tondela! O êxito está garantido, é evidente. E aí regressa um grande símbolo do imaginário popular, o Robin Hood português que foi militar ao serviço do Setembrista Sá da Bandeira (a quem salvou a vida e por isso conquistou a maior condecoração do Exército de Portugal), perseguido, exilado, e lutador que veio tirar aos ricos opressores miguelistas o pão que entregava ao povo.

Bem vindo, camarada Zé do Telhado!

Hélder Mateus da Costa Junho 2019


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Guerra Civil em Portugal (1832-1834)

A

*

pós a revolta de 1820, que implantou o liberalismo em Por-

tugal, o país conheceu um longo período de instabilidade política, ditado pela oposição entre as fações liberais e as absolutistas e conservadoras. A monarquia constitucional teve dificuldades em se implantar, em parte devido às mentalidades enraizadas, que se opunham vivamente às mudanças jurídicas necessárias à instituição de uma nova ordem social, política e económica. Apesar de se verificarem mudanças nas posições sociais, a mentalidade continuava presa aos antigos moldes. Mesmo enfraquecida, a nobreza era regenerada a partir do exterior, através dos burgueses recém-titulados que perpetuavam a velha ordem. As camadas populares, em particular as rurais, em nome das quais havia sido feita a revolução, continuavam empobrecidas e fracas, conformadas com o seu destino. Este estado de coisas ajuda a esclarecer o tipo de reações às medidas impostas pela legislação liberal, como a obrigatoriedade dos enterramentos em cemitérios ou a abo-

“O Comércio”, 1854

Noticias das Províncias

TONDELLA – ASSASSINATO.

N

a noute de 21 por volta das 2 horas sahia d´uma casa de jogo Rua da Ribeira o Snr. José Teixeira da Silva, do lugar de Telhado, conhecido por José do Telhado, em companhia do snr. Maya , de Sinde,: logo que sahiram à rua foi disparado sobre eles um tiro, de que cahio varado com trinta e seis ferimentos o snr. Souza, E o Snr da Silva gritou; e aos gritos d´elle foi disparado segundo tiro , que feria levemente o mesmo Snr da Silva, e também ferio mais gravemente Snr Dr. Maya. Alguns indivíduos sahiram de casa, e encontraram já morto o desgraçado Souza, encontrando também na rua dois albernós , que se suspeita terem sido largados pelos indivíduos que dispara-

ram os tiros . Dizem que no bolso de um dos albernós foram encontradas cartas que confirmam suspeitas suscitadas por os mesmos albernós que também nos dizem foram já reconhecidos e que pertencem a indivíduos das cercanias do lugar de Telhado. Diz-se que um dos ferimentos do Snr. Maya é muito grave, e ameaça pelo menos o aleijão da perna; os do Snr José Teixeira da Silva são tão leves que ele tem continuado a andar na feira. As authoridades administrativas e judiciais esforçam-se por descobrir ao auctores e cúmplices de um tão grande crime; e novo nos annaes da feira de Tondella. Muitos comentários se teem feito sobre tao extraordinário

sucesso. Tudo nos parece espantoso, principalmente a circunstancia dos albernós; por que os assassinos não foram perseguidos, e não se pode compreender o motivo por que os largaram. Todos abonam a conduta do infeliz Souza e do desgraçado Maya. Não lhe são conhecidos inimigos; e pode dar-se como certo que os tiros eram destinados ao Snr. José Teixeira da Silva

(o Tondellense) Documento encontrado por Rui Macário Ribeiro na Feira semanal de Tondela na banca onde se vendem alfaias agrícolas artesanais. Agradecemos a gentileza de nos facultar a publicação.


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lição dos dízimos, e também o eco que avançava na direção de um maior liberios, os populares da Região Norte do o ideário absolutista monárquico tinha ralismo, pondo de lado o poder da reapaís, aos quais se juntaram membros numa grande parte da população porleza e alargando o direito de voto a um do clero, revoltaram-se de forma tumultuguesa. maior número de pessoas. Contudo, tuosa, pilhando e queimando as reparAssim se explica o golpe de D. o Partido Setembrista acabou por se tições à sua passagem, atitude comMiguel, em 1823 (Vila-Francada), repridiluir nas forças moderadas, levando preensiva tendo em conta que ainda mido de forma pouco decidida por D. a que em 1848 Costa Cabral restauvigoravam os direitos senhoriais e que João VI (1767-1826). Tal facto levou a rasse a Carta Constitucional. Apenas as novas leis punham em causa os direiuma nova conspiração em abril de 1824 os mais extremistas levantaram a voz tos comunitários. A intervenção das tro(Abrilada), em que o príncipe D. Miguel, contra este processo, como foi o caso do pas levou à organização do movimento apoiado na rainha D. Carlota Joaquina, conde de Bonfim, líder da revolta milipopular em juntas, politicamente aprosua mãe, pretendeu restaurar a monartar de Torres Novas, em 1844, que falha veitadas pelas forças setembristas, carquia absolutista. O tistas e miguelistas. golpe terminou com O governo de Costa o exílio do príncipe, Cabral acabou por mas as sementes da se demitir e a lei da discórdia estavam saúde pública revolançadas. A atitude gada. pouco enérgica do No entanto, a insrei, por um lado, e as tabilidade dos novos contradições polítigovernos não apazicas e sociais do libeguou os ânimos dos ralismo, por outro, revoltosos, em pardeixam espaço para ticular dos miguelisdúvidas que vão tas. A Emboscada, resultar numa guerra nome dado ao golpe civil após a morte do da rainha D. Maria II, monarca, em 1826. que, orquestrado por D. Miguel, regresCosta Cabral, no exísado do exílio, decide lio, assume o poder assumir o poder em nas suas mãos revonome de D. Maria gando a lei eleitoral, da Glória (futura D. exaltando ainda mais Maria II), filha de D. os ânimos, levou a Pedro IV, chegando que a junta do Porto ao país em 1828, se revoltasse. Esta sendo entusiasticajunta era liderada mente recebido pela por Passos Manuel e população. Poucos apoiava-se na Guarda meses depois faz-se Nacional, na Infantaproclamar rei absoria 6 e na Artilhaluto, desrespeitando ria 3. Outras junCaricatura representando D. Pedro IV e D. Miguel disputando o que havia prometas seguiram o seu a Coroa Portuguesa, por Honoré Daumier, 1833. tido ao imperador caminho, eclodindo brasileiro. uma nova guerra A guerra civil iniciou-se em julho por falta de apoio militar e popular, mas civil conhecida por Patuleia. Durante de 1832, com o desembarque das troque é sintomática do estado da nação. seis meses foram travados duros compas liberais de D. Pedro IV em MatosiA tensão recrudesce com o autoribates por todo o país, terminados apenhos (atual praia da Memória), às quais tarismo da política cabralista, com a nas com a intervenção de tropas inglese juntaram muitos liberais, que consação intervencionista do Estado, ainda sas, no âmbito da Quádrupla Aliança, piravam no país e no estrangeiro. Após que num sentido moderno. Leis como que dão a vitória à rainha. dois anos de lutas intensas, em que as a da saúde pública, de 18 de setembro A Convenção de Gramido (30 de tropas miguelistas revelam as suas frade 1844, dão origem a uma série de subjunho de 1847) marca o fim da guerra quezas, a guerra civil termina no Alenlevações populares que ficaram conhee, após algumas hesitações, marca o tejo com a assinatura da Convenção de cidas por Revolta da Maria da Fonte advento de uma nova era para o liberaÉvora Monte (26/5/1834). D. Miguel foi (1846). Na sua origem está a obrigatolismo português, com a subida ao poder afastado de cena mas o seu fantasma riedade de enterrar dentro dos cemitédo Duque de Saldanha, que propõe uma permanecerá através dos partidários do rios, bem como o pagamento de taxas política de regeneração para o país. absolutismo e da velha ordem. pelos serviços prestados, que levaram O liberalismo português não conao levantamento da população de Fonte *Guerra Civil em Portugal (1832-1834) in seguia vencer as suas próprias conArcada, na Póvoa de Lanhoso, que se Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: tradições internas autogerando crises sentia atingida nas suas mais profunPorto Editora, 2003-2019. [consult. 2019-07políticas, como a de setembro de 1836 das crenças religiosas. 03 17:00:37]. Disponível na Internet: https:// (pelos Setembristas, liberais radicais de Perturbados por uma conjuntura www.infopedia.pt/apoio/artigos/$guerra-civilesquerda), que voltou a adotar a Consde crise de subsistência, provocada por -em-portugal-(1832-1834) tituição de 1822. O texto constitucional maus anos agrícolas, pelo aumento dos que a veio substituir, jurado em 1838, preços dos cereais e pela baixa dos salá-


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O ESPETÁCULO NÃO PRETENDE SER UMA NARRATIVA HISTÓRICA, MAS UMA ABORDAGEM MAIS MÍTICA E FANTÁSTICA SOBRE O NOSSO HERÓI POPULAR. Pela abordagem estudiosa de José Rui Lira no seu Blog “Revelações”, transcrevemos gratamente, o seu relato, sabendo que a verdade histórica dos heróis populares é, a maior parte das vezes, constituída também pelas lendas populares, pela ausência de documentação certificada que os do “donos do poder” se negaram a escrever com imparcialidade.

ZÉ DO TELHADO*

Z

é do Telhado, alcunha de José Teixeira da Silva (nasceu no Lugar do Telhado, Castelões de Recesinhos, Penafiel, 22 de junho de 1818; morreu em Mucari, Malanje, Angola, 1875) foi um militar e famoso salteador português. Chefe da quadrilha mais famosa do Marão, Zé do Telhado [nosso herói popular] é conhecido por “roubar aos ricos para dar aos pobres” e, por isso, muitos o consideram o Robin dos Bosques português. De origens rurais humildes, aos 14 anos foi viver com um seu tio, no lugar de Sobreira, freguesia de Caíde de Rei, para aprender com ele o ofício de castrador e tratador de animais. No dia 3 de Fevereiro de 1845 casou-se com a sua prima Ana Lentina de Campos e da qual teve cinco filhos. Tinha vasta experiência militar começada no quartel de Cavalaria 2, os Lanceiros da Rainha, e toma parte contra o partido dos setembristas e pela restauração da Carta Constitucional, no mês de julho de 1837. Derrotado, refugia-se em Espanha. Ao regressar, grassava no país uma revolta larvar contra o governo anticlerical de Costa Cabral e quando estala a Revolução da Maria da Fonte, a 23 de março de 1846, vê-se envolvido como um dos líderes da insurreição. Coloca-se às ordens do General Sá da Bandeira, que também tinha aderido. Assume o posto de sargento e distingue-se de tal forma na bravura e qualidades militares que, na expedição a Valpaços, recebe a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a mais alta condecoração que ainda hoje vigora em Portugal. No entanto, o seu «partido» entra em desgraça, amontoa dívidas de impostos que não consegue pagar e é expulso das forças armadas. Já como “Zé do Telhado”, chefe bandoleiro, realiza um g rande número de assaltos por todo o Norte de Portugal, durante um período muito conturbado que coincidiu com o pedido de maior resistência de D. Miguel, no exílio com seu governo, aos seus partidários miguelistas que tentaram formar grupos de guerrilha em todo o país. O bandoleiro mais conhecido do país acaba por ser apanhado pelas autoridades em 31 de março de 1859 quando tentava fugir para o Brasil. Esteve preso na Cadeia da Relação, onde conheceu Camilo Castelo Branco que se lhe refere nas Memórias do Cárcere. Em 9 de dezembro de 1859 foi julgado e condenado ao degredo perpétuo na África

Ocidental Portuguesa. Foi-lhe comutada a pena aplicada na de 15 anos de degredo, em 28 de setembro de 1863. Viveu em Malanje, negociando em borracha, cera e marfim. Casou-se com uma angolana, Conceição, de quem teve três filhos. Conhecido entre os locais como o kimuezo – homem de barbas grandes –, viveu desafogadamente. Faleceu aos 57 anos, vítima de varíola, sendo sepultado na aldeia de Xissa, município de Mucari, a meia centena de quilómetros de Malanje, sendo-lhe erguido um mausoléu, objeto de romagens.

Zé do Telhado, titular da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, permanece no imaginário popular como um assaltante que roubava aos ricos para dar aos pobres. O mito e as lendas têm servido para ocultar um processo judicial feito de mentiras e provas forjadas. Na campa, onde jaz, consta uma data de nascimento igualmente falsa. As quadrilhas integravam padres, morgados, administradores, empresários e alfaiates. Nunca foram julgados. A História reconduz-nos a julgamentos recentes, alguns dos quais da actualidade... Na noite de 16 para 17 de Março de 1857, Zé do Telhado é já alvo de uma caça ao homem sem precedentes. Tinha renovado a quadrilha, agora constituída por Zé do Telhado e o irmão Joaquim, António da Cunha, o Silva mestre pedreiro, a senhora Tomásia, Joaquim Pinto e a mulher, donos de uma estalagem , o Morgado António Faria, o padre Torquato José Coelho Magalhães, o alfaiate Miguel Exposto, o Morgado da Magantinha(António Ribeiro de Faria) e o administrador Albino Leite. Zé do Telhado resolve pernoitar em Amarante, cujo administrador, José Guedes Cardoso da Mota, fora avisado que o fugitivo passaria a noite na casa de Manuel Teixeira, do Sardoal. Cabos de ordens, tropas de caçadores e regedores das freguesias são mobilizados em peso para a captura, cujo comando fora confiado ao regedor Alves, de São Gonçalo. Cercaram a casa durante a noite. Mal irrompessem os primeiros raios de sol, por imposição legal, o assalto e as prisões consumar-se-iam. A mulher do dono da casa, quase de madrugada, apercebeu-se do cerco e tentou alertar Zé do Telhado, entretanto ocupado

a cuidar do visual. Nas situações mais dramáticas, o homem cofiava a barba hirsuta, ajeitava o paletó, empertigava a peitaça frente ao espelho. Dirigiu-se a uma janela e interpelou um dos cabos. ”Quem anda aí? – as palavras de Zé do Telhado rasgaram a noite gelada. A resposta chegou e trazia mau augúrio: “É o regedor da freguesia. Por ora não queremos nada, o que queremos será mais logo”. O foragido dirige-se para o lado oposto da casa e abre outra janela. “Tu, que estás detrás do carvalho, sai!.. senão morres!” Ao grito da última palavra, colou-se um tiro que aterrorizou a patroa. “Entregue-se, senhor, que eles não lhe fazem mal” – ajoelhou-se a mulher. Zé do Telhado nem ouviu. Ao nascer do dia, para surpresa geral, abre a porta de casa e aparece de peito feito. Desce os degraus e simula que se vai entregar. Em tropel, a tropa lança-se sobre a criatura. O gesto é fulgurante – recua, entra de novo em casa, bate com a porta, foge pelas traseiras, galgando um monte. Os sitiantes seguiram-lhe no encalço. Sentindo-se perseguido, desfechou um tiro. Depois, outro. Estava morto o regedor Alves, comandante do pelotão destroçado. A verdade histórica confronta-se, hoje, com as versões oficiais e a lenda de José Teixeira da Silva, nascido em 1818 no lugar do Telhado, freguesia de Castelões de Recezinhos, concelho de Penafiel. Aos 14 anos, o garoto muda de ares e vai residir para casa do tio João Diogo, no lugar de Sobreira, freguesia de Caíde de Rei, concelho de Lousada. Castrador e tratador de animais, acolhe o sobrinho, interessado em aprender o ofício. Diogo tinha vida abastada e deu abrigo a José Teixeira da Silva durante cinco anos. Agosto quente, festa da Senhora da Aparecida, 13 de Agosto, dia de folguedo geral no lugar. José Teixeira descobre o aceno de um lenço branco por detrás de uma janela, na casa onde morava. Ana Lentina, a prima, faltara ao festim. Afogueado, o moço galga o portão e corre para os braços da prima. Um beijo subtil e cinco palavras de amor selaram uma paixão que acabaria em casamento e tragédia. Tinha 19 anos. Pouco depois, assenta praça no quartel de Cavalaria 2, os “Lanceiros da Rainha”. Corria o mês de Julho de 1837. Rebenta a “Revolta dos Marechais”, contra o partido dos setembristas e pela restauração da “Carta Constitucional”. Os lanceiros alinham com os revoltosos, desbaratados a 18 de Setembro. O general Schwalback, líder da insurreição, foge para Espanha e leva José Teixeira, que se distinguira em combate. A caminho


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do exílio, o intrépido recebe a notícia de que “O portador deste salvo-conduto o roubo de que se fala nos autos”. Francisco da Cunha, lavrador, “ouviu dizer e o tio, finalmente, abençoara o seu casamento pode passar livremente e mando Moreira ser público e notório que o réu José Teixeira com Ana. que o ajudem quando for preciso.” e o irmão estavam para embarcar para o BraRegressado com um perdão a Portugal, sil”. troca alianças a 3 de Fevereiro de 1845. A 7 de Com as autoridades no seu encalço por todo Só um tiro sairia pela culatra à acusação. Novembro, nasce a primeira filha do casal – o país, mil vezes o cercaram, mil vezes se Francisco António de Carvalho, lavrador, afirMaria Josefa. escapuliu o tenebroso. Vendo-se perdido, mou que “o Zé do Telhado pagava crimes que Grassava no país uma revolta larvar condecide fugir para o Brasil. Escondeu-se na não tinha cometido e ouviu dizer que se havia tra o governo de Costa Cabral. O povo, ajoubarca “Oliveira”, acostada no Porto, onde combinado com o administrador do concelho jado a impostos e arbítrios, aproveita a publilhe dera guarida nos últimos três dias Ana para imputar os dois crimes de roubo ao Zé cação da “Lei de Saúde Pública” – que proíbe Vitória, uma das suas vítimas que passou do Telhado”. os funerais nas igrejas e impõe aos cadáveres a idolatrá-lo e sobre quem disse haver pesOs quadrilheiros nobres evadiram-se um exame por mandatários do governo, em soas “de bem que nunca deram às classes para o Brasil, como sucedeu com o padre Tordetrimento dos cirurgiões locais – e amotihumildes um centésimo do que lhes deu Zé cato, ou colaboraram com a acusação, a troco na-se por todo o Minho contra as “papeletas do Telhado.” Desarmado e a horas de zarpar, da ilibação. O historiador Campos Monteiro da ladroeira”. Zé do Telhado é preso no esconderijo, a 5 de analisou os autos e emitiu um parecer a este Estala a 23 de Março a “Revolução da Abril de 1861. respeito: Às dez da manhã do dia 25 de Abril, Maria da Fonte”, liderada por mulheres. As “É de crer que nesta altura se movimencomeça no tribunal de Marco de Canaveses o quatro cabecilhas da revolta são presas dois tassem altas influências tendentes a ilibar julgamento de José Teixeira da Silva. dias depois, mas o rastilho espalha-se a Trásestas parelhas de bandidos engravatados. O No dia 27, às duas da madrugada, o júri, -os-Montes. facto é que saíram em liberdade. E é natural presidido pelo juíz António Pereira Ferraz, Há soldados que desertam para o lado que o administrador, ao mesmo tempo que dos insurretos. Chaves adere, depois os inocentava, procurasse aproveitáPóvoa de Lanhoso, Vila Real, Guima-los”. rães. Centenas de revoltosas são presas O caso da ilibação do Morgado pelos soldados e libertadas por comda Magantinha está igualmente docupanheiras. mentado nos autos. Após a fuga do padre Torcato, a acusação subornou José Teixeira foi o líder militar da a testemunha António Eliziário que, insurreição, à qual aderiram pés desperante o juíz, afirmou saber que calços e o General-Visconde de Sá da “Margantinha foi um dia convidado Bandeira, às ordens de quem fica o sarpelo padre Torcato a ir ter à capela de gento Silva. Logo se distingue na expeSanta Águeda e, indo ali, o encontrou dição a Valpaços. com alguns membros da quadrilha e Os actos de bravura, despojaquatro bois roubados”, pedindo-lhe “ mento, apurado instinto militar, num o padre que tomasse conta dos bois combate que perdeu, valeram-lhe a para os vender, mas o Margantinha mais alta condecoração que ainda recusou-se”. hoje vigora em Portugal: a ” Ordem A verdadeira história do mito Zé Tribunal onde foi julgado Zé do Telhado – Marco da Torre e Espada, do Valor, Lealdade do Telhado está mal contada, a comee Mérito”. de Canaveses çar pela data de nascimento que lhe O pior viria depois. é atribuída – na campa aparece 1815, considerou Zé do Telhado culpado da Derrotado, aconchega a condecoração, em vez de 1818 – e culminando no julgamento prática de doze crimes. Roubos, um tira as divisas de sargento e voa como um pásrelâmpago que durou menos de dois dias homicídio, organização de quadrilha de assalsaro para os braços da mulher e dos cinco úteis. tantes e a tentativa de evasão sem passaporte. filhos. Os vencedores atacaram a canalha. Foram subtraídas testemunhas indispen“Condeno o réu José Teixeira da Silva da José Teixeira é perseguido, atola-se em dívisáveis, promovidas declarações falsas e adulfreguesia de Caíde de Rei, comarca de Loudas por impostos que não consegue pagar e é terados os critérios de escolha dos jurados. sada, na pena de trabalhos públicos por toda expulso das Forças Armadas. Em vez do sorteio, foram escolhidos a dedo a vida na Costa Ocidental de África e no pagaNão há quem lhe dê ofício, a todas as porconhecidos inimigos de Zé do Telhado. Conmento de custas” – assim determinou o tritas bateu – todas se lhe fecharam. denado ao deg redo, José Teixeira da bunal. Assim nasce o Zé do Telhado Silva desembarcou em Luanda, seguindo para O julgamento, sabe-se hoje, foi uma farsa. Malange, onde viveu cerca de um ano. que faria lenda. Uma consulta, ainda que superficial, a todos Palmilhou cada légua das terras da Nesse tempo, Custódio, o “Boca Negra”, os documentos oficiais que constam no TriLunda. capitaneava a maior quadrilha de bandoleibunal da Relação do Porto e no Arquivo DisFez-se negociante de borracha, cera e ros que aterrorizou as duas beiras em 1842. trital do Porto não deixam qualquer margem marfim. Conhecia, de gingeira,as façanhas militares para dúvidas. Casou-se com uma angolana, Conceição, de José Teixeira. Alguns dos membros das quadrilhas de quem teve três filhos. Cresceu-lhe a barba, Ferido num dos assaltos, “Boca Negra” chefiadas por Zé do Telhado foram arrolaaté ao umbigo. leva Teixeira a um casario meio abandonado das pela acusação e safaram-se. Morgados, Era, para os angolanos, o “quimuêzo” – padres, administradores e regedores que onde se acoitava o bando. Apresentam-se à luz homem de barbas grandes. tinham cometido os mesmos crimes do réu da vela – o “Tira-Vidas”, “O Girafa”, o “SanViveu desafogado, financeiramente. As nunca seriam acusados ou perseguidos. cho Pacato” o “Veterano” e o “Zé Pequeno”. saudades da mulher e dos cinco filhos levaVárias testemunhas de acusação nada Para o assalto do dia seguinte, “Boca Negra”, ram-no mais cedo. viram, de tudo souberam por terem ouvido. o líder ferido, informa a quadrilha que José Morreu, moído de remorsos, Consta do processo que António Ribeiro, Teixeira o substituiria no comando. aos 57 anos. pedreiro, ouviu dizer que fora o quereA bola de neve cresceu, imparável. Sepultado na aldeia de Xissa, a meia cenlado José do Telhado a roubar”. AlexanZé do Telhado faz e reorganiza quadritena de quilómetros de Malange, os negros dre Nogueira, comerciante, “não sabe que lhas, ganha fama de generoso e audaz pelas ergueram-lhe um mausoléu. Hoje, fazem-se armas feriram o regedor se as do querelado vítimas que escolhe para os assaltos e o desromagens à campa do mito. Os anciãos de se as dos sitiantes”. António da Silva, lavratino do dinheiro ou das jóias – os desgraçados Malange dizem que, embora fosse um homem dor, “soube pelo ouvir dizer do padre roucom que se cruzava e, antes de tudo, a “ minha austero, tinha um grande coração e nunca deibado que o Zé do Telhado fora um dos que rica mulher e os queridos filhinhos”,como os xava cair um pobre. penetrara dentro da casa armado e isto tem viria a chamar, mais tarde, ao companheiro ouvido ao povo”. Manuel de Sousa, lavrade prisão Camilo Castelo Branco. dor, disse que “sabe por ser bem público que A fama do bandoleiro atravessa o país. *[blog “Revelações de José Rui Lira | Revelar tivera lugar o roubo de que se trata no dia O temido Zé do Telhado emite, aos que estinovas formas de pensar o mundo”] pela forma que nos autos se declara”. Timómava, um salvo conduto com a sua assinatura http://ruilyra.blogspot.com/2014/09/ze-do-telhado-de-heteo José de Magalhães, lavrador, “disse que sabe pelo ter ouvido ao povo que tivera lugar e esta informação: roi-condecorado.html


O ESPECTRO era um pequeno periódico de 4 páginas, então considerado como o mais revolucionário e o mais bem escrito jornal, que por aqueles tempos se publicava. Saindo clandestinamente, num ambiente de guerra civil, com as lutas da Patuleia a engolfarem todo o país, o periódico tornou-se lendário, tal

como o seu redator Rodrigues Sampaio, pelas circunstâncias extraordinárias e misteriosas que acompanhavam o aparecimento e distribuição do jornal. Apesar do empenho posto pelas forças governamentais na captura do seu implacável inimigo, que em cada número do perió-

dico as vergastava, levantando novas simpatias a favor do homem que tanto expunha a sua cabeça por causa da liberdade política dos seus concidadãos e da causa que defendia, nunca foi possível o seu aprisionamento, nem mesmo pôr termo à produção do jornal.


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