Diz Aí - Representatividade feminina na política

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Jornal Mural do Curso de Comunicação Social - UNISC - Maio de 2018 - Edição 123

Representatividade feminina na política O Brasil tem uma das situações mais críticas na ocupação de mulheres em cargos políticos. Um levantamento feito em 193 países sobre a representação parlamentar feminina mostra o país em 154ª lugar. A pesquisa foi divulgada em março desde ano pela União Interparlamentar, organização internacional que atua na democracia representativa e direitos humanos. Na América Latina, apenas Belize (183º) e Haiti (187º) ficaram atrás. Ao analisar os dados das eleições municipais brasileiras de 2016, percebe-se que os números realmente preocupam. Quer ver? Eleitorado brasileiro: formado por 52,3% de mulheres

Há vários motivos para que as mulheres participem pouco da política, mas quase todos partem da misoginia. “É um problema estrutural, na sociedade machista e patriarcal que a gente tem, onde as mulheres são vistas como responsáveis dos cuidados do lar, e os homens têm dificuldade de ver as mulheres ocupando espaços como o da política”, diz Luciana Genro, pré-candidata a deputada estadual do Rio Grande do Sul pelo PSOL. E as cotas? Na tentativa de diminuir a disparidade entre homens e mulheres parlamentares, foi criada, em 1997, a Lei de Cotas, para garantir que cada partido tivesse pelo menos 30% de candidatas mulheres. Na prática, a lei não tem eficácia. Os partidos apenas preenchem a cota mínima da lei sem que as candidatas recebam o devido apoio político e financeiro na disputa, e a maioria acaba sem chances reais de vitória. Vamos aos números de novo: nas eleições de 2016, 16.131 candidatos terminaram a eleição municipal sem ter recebido um voto sequer. 14.417 eram mulheres.

Por quem você se sente representada? Se os políticos são eleitos para representar o povo, e a maioria dos eleitores brasileiros são mulheres (52,3%), por que tão poucas mulheres ocupam cargos parlamentares? Para uma política mais democrática e igualitária, é preciso ter a presença de mais vozes femininas nas cadeiras. É o que pensa a estudante de jornalismo da Unisc, Luiza Goulart, de 21 anos. “Para mim, votar em mulheres é uma forma de garantir a renovação dos meus direitos – tão arduamente conquistados. Pode parecer uma bobagem, mas a sensação de ser contemplada cresce toda vez que uma mulher conquista algum cargo político. Ver um governo completamente formado por homens é difícil. É como se nós não tivéssemos voz. Mulheres são tão capazes de exercer a política como toda e qualquer pessoa. Ver uma mulher no cenário político é me ver.” Essa ideia de se ver na política é fundamental para o fortalecimento da democracia, como pontua Luciana Genro. "A ausência de mulheres - assim como da negritude e de LGBTs nos postos de comando da política faz com que nossa democracia falhe extremamente em representar esse setor que é muito numeroso e importante, mas que não se enxerga na política como um homem branco e hétero consegue se ver permanentemente", afirma. Por isso, uma dica para você, mulher: nas eleições deste ano, faça questão de pesquisar mais sobre candidatas femininas. Um voto para uma mulher é um voto para o empoderamento. #girlpower

Candidatos eleitos em 2016 no Brasil: • 7.812 vereadoras x 50.050 vereadores • 638 prefeitas x 4.836 prefeitos Cargos políticos ocupados por mulheres após as eleições de 2016: • PREFEITAS: 13,20% • VEREADORAS: 13,51% • DEPUTADAS ESTADUAIS: 11,33% • DEPUTADAS FEDERAIS: 9,94% • SENADORAS: 14,81%

Luciana Genro

*Fonte: Dados do Tribunal Superior de Justiça (TSE) Diagramação: Priscila Coelho |Texto: Gabriela Etges, Stephanie Severo e Paula Schoepf| Fotos: João Pedro Filippe

Luiza Goulart


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