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Reportagem
by Acervo A4
HORTAS URBANAS FAMILIARES E COLETIVAS CONTRIBUEM PARA CIDADES MAIS SUSTENTÁVEIS
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Na minha memória, ainda estão o cheiro e a imagem das frutas, legumes e verduras, cobertas pelo orvalho e a certeza de serem produtos cultivados de forma natural. Essa visão que me vem à mente é da horta de minha mãe, lá pelos anos 1980. Tudo produzido em um espaço bem menor do que uma quadra de futebol de salão. Saudade desse tempo e a percepção de que, apesar de nem ter ideia, minha mãe participava de um movimento, não oficial, de pessoas que queriam um mundo mais sustentável e com alimentos saudáveis. Ela fez a parte dela. Em um século eminentemente tecnológico, estendido ao setor agrícola de alimentos, algumas ações simples são essenciais para um mundo sustentável e mais solidário. Entre essas ações está a implantação de hortas nas cidades, seja em casas, apartamentos ou em pequenos espaços otimizados. Todos somos responsáveis pelo planeta. O resultado: alimentos saudáveis que podem ser consumidos e compartilhados. Também contribuem para a preservação da fauna. Os pássaros, por exemplo, que também podem servir como propagadores e impulsionadores dessa produção, levando as sementes para mais lugares. É uma grande cadeia formada de pequenos elos que juntos ajudam na melhora do ambiente. Como uma terapia, mas também como uma saída para a produção de alimentos saudáveis para manter uma sociedade sadia, temos exemplos de pessoas que têm seu espaço de cultivo, mesmo morando na cidade. Esse é o caso do fotógrafo e locutor Ederson Medina. Ele planta tomates em uma pequena porção de terreno na cidade de Santa Cruz do Sul. Entusiasmado, relata: “Sempre gostei de lavoura. Me criei ajudando a tia da minha mãe no interior.” O gosto por cultivar vem de longe e ele só não planta mais por falta de tempo. Porém, segue com o hábito de, ao menos, produzir para o consumo da família e de forma orgânica. Feliz, Ederson apresenta seu pequeno, mas bem cuidado espaço de plantio. A intenção é um dia aumentar o espaço plantado, bem como a variação de produtos. Ele considera essas pequenas ações importantes para uma alimentação mais saudável e, de certo modo, para um mundo mais sustentável. “Acho que todos nós deveríamos ter pelo menos uma área para plantar temperos e outras coisas”, finaliza. Outro exemplo é o da Silvana Drum, moradora do bairro Faxinal, em Santa Cruz do Sul. Ela aproveita cada centímetro de um espaço lateral do terreno com o cultivo de hortaliças para o consumo da família e vai logo destacando os benefícios: certeza de um alimento mais saudável, não precisar comprar, o aproveitamento dos resíduos orgânicos que iriam para o lixo, a presença de pássaros, borboletas, tornando o espaço mais agradável e natural. Aos poucos, essa percepção, está crescendo. Está saindo do próprio pátio e encontrando espaços públicos e/ou privados, com as hortas coletivas, que também são uma forma de se relacionar socialmente com vizinhos, aproximando pessoas e ideias, tornando o convívio mais harmonioso. Assim é o espaço de cultivo dos moradores da rua do Riacho, também em Santa Cruz do Sul. O relato é da moradora e participante do projeto, Lismara Gularte.
Segundo ela, a horta de uso coletivo teve início com o objetivo de dar melhor uso para um espaço que é público. Por ser uma rua sem saída, procurou-se otimizar o “canto” da rua para construir uma espécie de praça. Foi limpo e posto balanços, bancos, gramado e plantado flores. E, claro, uma horta. No começo, tudo muito modesto, mas com o tempo foi crescendo e aumentando a variedade cultivada. Isso ocorreu especialmente devido ao pai de uma moradora ter se mudado de uma casa para um apartamento, fato este que o fazia ter a necessidade de estar mais próximo a terra, “mexer” na terra, assim, passou a se dedicar ainda mais pela horta, como forma de estar em contato com a natureza. Essa dedicação chamou a atenção e fez com que mais moradores passassem a contribuir e participar, tornando-o também um espaço social de interação entre os vizinhos. Animada, nossa entrevistada segue contando que há uma infinidade de produtos que podem ser consumidos de acordo com a disponibilidade. Salsinha, cebolinha, espinafre, cenoura, alface, chás e flores, as mais diversas. Tudo isso à disposição dos moradores. Tudo fresquinho. Tudo orgânico. A compostagem é utilizada como adubo, ou seja, o resíduo orgânico produzido pelas sobras de alimentos e frutas, por exemplo, em vez de irem para o
Imagem: Arquivo Pessoal/Lismara Gularte. lixo e aterros sanitários, torna-se adubo natural.
A horta que fornece alimentos para as pessoas da rua também é um banquete para pássaros e macacos que são vistos pelo local apreciando as frutas, especialmente os mamões, quando maduros. Uma cadeia interessante no meio ambiente.
Um dos objetivos para breve é organizar um cronograma de cuidado e de contribuição para a manutenção do espaço, pois os moradores sentem que este se torna cada vez mais relevante e necessário, especialmente para as crianças, que adoram o local e poderão aproveitá-lo cada vez mais, conforme Lismara.
PALAVRAS E OLHARES ESPECIALIZADOS: PERSPECTIVAS SÃO BOAS
Para a jornalista e pesquisadora na área de comunicação ambiental da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Jane Mazzarino, “é estratégico as cidades retornarem a essa prática das hortas, que era uma prática que sempre teve no início das cidades, quando as pessoas migravam muito da área rural e mantinham essa conexão com essa forma de ter acesso aos alimentos”.
Conforme Jane, isso foi se perdendo com o tempo e com a praticidade de encontrar os alimentos nos mercados da cidade. Agora, um novo momento está surgindo e pede novas formas de consumo. Para ela, as cidades inteligentes e sustentáveis, um conceito muito em debate atualmente, tem nas hortas e pomares condições estratégicas para revigorar os espaços verdes e permitir uma nova relação com o entorno da casa, esquecido por muito tempo pela falta de hábito e de tempo.
Esse contato provoca, como destaca Jane, descobertas a respeito da “temporalidade das coisas”, o
plantio, a floração, o fruto, a semente, a chegada dos pássaros e insetos. Um ecossistema atrelado a outros ecossistemas. Aprender a manter tudo isso de forma natural, sem o uso de agrotóxicos, torna o ambiente mais sustentável. Para a pesquisadora, não se trata apenas de uma moda. É uma tentativa de convivência mais harmoniosa com a natureza e auxiliar na alimentação mais saudável e, em certa instância, ajuda no combate à fome. É uma tendência, está em crescimento e já existem municípios que têm legislação sobre isso, que prevê a construção de hortas comunitárias, inclusive contando com o apoio de universidades, caso da Universidade do Vale do Taquari (Univates), onde Jane dá aulas, através do Grupo de Pesquisa Comunicação, Educação Ambiental e Intervenções que trabalha na busca de tecnologias para contribuir com os municípios e torná-los mais sustentáveis. Ela acredita, porém, que os grandes problemas sociais do mundo, como a fome, não serão resolvidos apenas com o cultivo de hortas urbanas - para isso, é necessário a implementação de políticas públicas mais abrangentes -, mas essa é uma alternativa que colabora para a interação entre as pessoas, que passam a ocupar os espaços públicos para produzir de forma mais comunitária. Atitudes que, somadas, permitem novas possibilidades de integração e colaboram na busca de solução para a própria questão da fome, por exemplo. Conversamos também com o engenheiro agrônomo e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Jaime Miguel Weber. Para ele, a preocupação com a produção e a qualidade dos alimentos tem se tornado um dos grandes desafios para a humanidade. Há uma busca de alternati-
horinzonteS - edição 1 vas para que não falte alimentos e para que estes sejam de qualidade e cheguem à mesa das pessoas. Hoje, existe o exagero no consumo de produtos industrializados e ultra processados e isso tem ligação com diversas doenças. Ele segue destacando que essa preocupação com a alimentação está posta nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), definidos em 2015. Um conjunto de ações que pretende acabar com a pobreza, proteger o planeta e assegurar que as pessoas tenham paz e prosperidade. As metas são acabar com a fome até 2030, alcançar segurança alimentar, melhoria da nutrição e também a promoção de uma agricultura sustentável. A ampliação das hortas nos centros urbanos, segundo Weber, pode ter papel fundamental nesse sentido, pois, por meio delas, se poderá produzir alimentos naturais, utilizando os resíduos orgânicos como adubo, “através de processos de compostagem em pequena escala, evitando gasto energético de transporte e desperdício desses resíduos que podem ser reciclados de forma bastante simples, ou que este resíduo orgânico acabe em aterros sanitários, causando outros problemas ambientais”, destaca. A produção local para consumo, e mesmo para a possível venda do excedente, evitaria um grande custo nos alimentos que de outro modo teriam que ser trazidos de outras partes do país ou mesmo de fora dele, através de transporte que se utilizam de combustíveis fósseis. O custo disso, segundo weber, é muito alto, além de o alimento perder qualidade nos deslocamentos e nos processos de armazenagem. “Poderia se pensar em utilizar em torno de 30% das áreas dos gramados, dos arbustos (substituir por frutas) e do cultivo de flores na cidade, para cultivo de alimentos, com um programa de distribuição de sementes e mudas e com orientação para a produção de adubo orgânico a partir de compostagem do resíduo”, Sugere. Enfim, “apostar em programas municipais de produção de alimentos em áreas urbanas que contemple a conscientização das pessoas, assistência técnica, distribuição de sementes e mudas, entre outros, a partir da formação de equipes técnicas municipais interdisciplinares. Ainda é um tema pouco discutido e com experiências bastante limitadas”, explica. Weber vê uma tendência de crescimento no cultivo de hortas urbanas, mas ainda falta apoio para impulsionar e motivar as pessoas a produzirem. Embora apareçam nos programas de governo, falta a efetivação. O que se vê de mais concreto até esse momento, neste sentido, são as hortas nas escolas. São pedagógicas, pois estimulam as crianças a se preocuparem com a produção e a importância da qualidade dos alimentos, com o manejo de resíduos orgânicos e com a preservação da biodiversidade. Ele acredita, no entanto, que o quadro está mudando e, aos poucos, formuladores de políticas públicas e instituições de ensino e pesquisa estão buscando uma maneira de promover a produção de alimentos na área urbana. “Possivelmente, um diagnóstico preliminar nos municípios pode impressionar a respeito desse grande potencial de produção de alimentos que tem os municípios e que não é utilizado”, aponta. Esperançoso e otimista, Jaime Weber salienta que já existem muitas iniciativas individuais de pessoas que tem seu espaço de cultivo em suas casas com bons resultados e conclui dizendo que espera que essas experiências se multipliquem cada vez mais.
Grasiel Grasel
grasielfg@gmail.com
Enquanto muito se discute sobre como nações, países e entes federativos podem continuar evoluindo de maneira sustentável, um olhar que de forma alguma tem sido ignorado é o da perspectiva regional. Pelo menos não no Vale do Rio Pardo, onde atua o Corede/VRP. Os conselhos regionais são um espaço plural de debate, articulação e decisão sobre assuntos ligados ao desenvolvimento sustentável, sendo atualmente 22 no Estado. Eles não possuem, portanto, caráter executor, capaz de definir por si só o destino de recursos, mas atuam fortemente influenciando caminhos a serem seguidos através do Fórum dos Coredes, das Consultas Populares, dentre outros. Os denominados Coredes foram criados no Rio Grande do Sul através da lei nº 10.283, de 17 de outubro de 1994, que em seu texto base define que a sustentabilidade deve ser um de seus princípios norteadores. Heitor Álvaro Petry é presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo, um dos importantes órgãos da região que têm trazido ao debate o tema da sustentabilidade. A Consulta Popular, que é um dos mais importantes trabalhos realizados anualmente pelos Coredes, ajuda a definir o destino de importantes recursos vindos do governo estadual para iniciativas que visam fomentar o desenvolvimento da região. Na edição de 2020, a pauta que definiu o destino dos investimentos foi o desenvolvimento sustentável no campo, tendo como vencedor o programa que busca fortalecer e fomentar a produção, industrialização e comercialização da agricultura familiar. Para entender um pouco melhor sobre como funciona um Corede e como tem sido a atuação do órgão que responde pelo Vale do Rio Pardo, conversamos com Petry, que nos conta sobre como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável tem norteado seu trabalho.
Revista horizonteS - O Corede possui uma importância muito grande por propor uma participação maior da população na tomada de decisões sobre os rumos que a região vai tomar. Existe alguma forma do Corede garantir que estes rumos sigam por caminhos sustentáveis?
Heitor Álvaro Petry - Não há como um Conselho garantir rumos, pois não se trata de instância executora, mas certamente é uma instância que, através do debate e decisões, contribui para inspirar rumos seja no setor público seja no setor privado.
Heitor Álvaro Petry
horizonteS - Em que medida o papel articulador dos conselhos regionais dialoga com as propostas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU? Qual a concepção de desenvolvimento que norteia o Corede?
Heitor Álvaro Petry - O Corede tem perfeita harmonia, identificação e compromisso tangente aos ODS. Quando preconiza e atua pelo desenvolvimento sustentável, resta entendimento objetivo que isso se identifica com os ODS, porque em última instância está focado em elevar o padrão e a qualidade de vida das pessoas, inclusive com mais justiça social e fortalecimento econômico com a integração de respeito aos cuidados ambientais. Neste conceito podemos considerar o tríplice botton do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental. Este compromisso está bem claro nos objetivos dos Conselhos e também dentro do planejamento estratégico ao esboçar uma carteira de projetos.
Imagem: Arquivo Pessoal
horizonteS - Boa parte das ações que precisam ser tomadas para que os ODS sejam atingidos vem de decisões dos governos federal e estadual, no entanto, é necessário que surjam iniciativas da sociedade civil para tornar estes objetivos uma realidade. Na região do Vale do Rio Pardo, o Corede tem conseguido se colocar como uma organização da sociedade que promove ou articula estas iniciativas?
Heitor Álvaro Petry - Talvez não de forma tão objetiva enquanto cumprimento direto dos ODS, mas sim de forma indireta. Temos procurado no colegiado sempre levar em consideração o conceito de desenvolvimento sustentável já mencionado, logo entendo que isto está afinado com os ODS de forma que principalmente os governos municipais recebam contribuições e o próprio governo estadual, visto que o PE é financiado pelo governo e é por vezes considerado nas ações e planejamento destes a partir daquilo que a sociedade regional definiu e entende.
horizonteS - O quão importante é a participação de instituições que possuem uma autonomia política como os Coredes na busca por um desenvolvimento mais sustentável no Brasil?
Heitor Álvaro Petry - A autonomia é fundamental e indispensável, do contrário perderia o sentido, pois com influências do governo do Estado, por exemplo, seria uma mera expressão do pensamento e posição deste. É fato que, nos primeiros tempos de existência e “atuação” do Corede, a “ingerência” governamental era mais notada. Após este período, o Corede criou seu modus operandi próprio, mesmo que financiado com recursos do orçamento do Estado, atuando em harmonia com as instâncias de governo, mas com autonomia política.
horizonteS - Na sua visão, quais indicadores de desenvolvimento para além dos econômicos a região do Vale do Rio Pardo é frágil e pode avançar com princípios de desenvolvimento sustentável?
Heitor Álvaro Petry - Este tema é um pouco mais exigente. Carece de um estudo e avaliação aprofundados, mas por exemplo, em termos gerais, nossos indicadores estão na média. Por vezes somos considerados uma região “rica” a partir do PIB e da renda média, mas temos presença de pobreza e exclusão social a serem corrigidos. Na parte ambiental, entendo que a consciência pela preservação e respeito ao meio ambiente está se aproximando da legislação e dos órgãos de fiscalização e aplicação da lei. Com efeito, em todas as áreas temos muito a evoluir. É preciso considerar, por exemplo, que, na parte social, a limitação do poder público é perceptível, mas, de outra parte, as organizações da sociedade civil e voluntariado têm uma estruturação e ação importante que merece nosso reconhecimento.
Quais os limites e os desafios para o planejamento de um desenvolvimento regional no Vale do Rio Pardo que seja sustentável nos aspectos econômicos, sociais e políticos?
Heitor Álvaro Petry - O desafio é ter todos engajados. Outro desafio são os parcos recursos para nossa operação bem como também os recursos dispostos para Consulta Popular que se torna desmotivador. Importante foi o governo lincar os projetos da Consulta Popular ao Planejamento Estratégico. Isto foi uma evolução importante. Desafio também é a sociedade entender cada vez mais, reconhecer em maior amplitude, o papel do Corede é entendê-lo como espaço plural capaz de dialogar e agir em prol do desenvolvimento da região.
COMO SALVAR O PLANETA DE UMA CRISE CLIMÁTICA Conheça ações de preservação ambiental em Cachoeira do Sul
Atividade de Bem com o Rio Jacuí com alunos de escolas públicas, realizada pela SMMA/ Cachoeira
Gabriel Rodrigues
gabrielrodrigues@gmail.com
Cuidar e proteger o meio ambiente não é uma bandeira apenas de veganos ou ONG, mas é um dever de toda a sociedade. Afinal de contas, ter atitude ambiental e buscar formas de minimizar os impactos deixados por nós no planeta, é uma forma de proteger a natureza, a nós e o nosso futuro. No Brasil, o país mais rico em biodiversidade, a degradação ambiental é realidade e avança sobre a Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo. Para se ter ideia, conforme especialistas e estudiosos da área, os impactos ambientais afetam o planeta de várias formas e provocam estragos irreparáveis, refletindo diretamente na poluição do ar, no aumento da temperatura global e no quadro de saúde da população, por exemplo. Diante disso, temas como crise ambiental, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável vieram para ficar, mas ainda há muitas dúvidas e desinformação sobre a questão do meio ambiente e o que podemos fazer, efetivamente, para mudar esse cenário caótico. Dessa forma, o secretário de Meio Ambiente de Cachoeira do Sul, Alexsander Radiske, com 26 anos de atuação na área e há nove à frente da SMMA, para entender o atual quadro do meio ambiente em Cachoeira do Sul e no mundo, além de esclarecer ações e projetos desenvolvidos no município que é o quinto mais antigo do estado do Rio Grande do Sul.
PANDEMIA X MEIO AMBIENTE
Em meio à pandemia de coro- poluição do ar, redução de resídunavírus, Radiske frisa que este é os, rios, ruas e praias mais limpas”, um momento oportuno para tra- enfatiza. tarmos de assuntos ambientais e “Isso tudo é uma demonstração de políticas públicas. “Pesquisas de que a mudança de hábitos de recentes revelam que, com a desaceleração da economia trazida pelo isolamento social devido ao Covid-19, houve uma melhoria significativa na qualidade de vida consumo, a redução do uso de combustíveis fósseis e uma nova forma de produção podem resultar em benefícios para a população e principalmente para o meio ambiente”, acrescenta ele. nas cidades através da redução da Por outro lado, o Brasil atingiu
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A SMMA desenvolve projetos ambientais em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SMEd) desde 2011. “Nestes projetos são envolvidos estudantes, professores e toda a comunidade escolar, pois acreditamos que é na educação que se adquire conhecimentos, atitudes, habilidades e competências para deSegundo Radiske, a comunidade cachoeirense é receptiva às questões relacionadas ao meio ambiente, mas há o que se fazer para melhorar. “Notamos que todos possuem consciência, trabalhos individuais e ações pontuais são realizados. A população sabe o que é certo e o que é errado em relação ao descarte de resíduos, o uso das lixeiras, a reutilização, a reciclagem, entre outros. Porém, para alguns ainda falta a atitude correta, vamos trabalhar para isso”.
horinzonteS - edição 1 senvolver ações ecologicamente corretas”, fala o secretário, que destaca alguns destes projetos: - Fórum Estudantil do Meio Ambiente (FEMA); - Concurso Fotográfico “O Meio Ambiente no Meu Ponto de Vista”;
A SITUAÇÃO EM CACHOEIRA
- Formação para Professores;
“Quanto menor o impacto ambiental, melhor a qualidade de vida e do planeta!
Alexsander Radiske, secretário de Meio Ambiente neste período um recorde histórico de devastação ambiental. Para se ter ideia, o desmatamento na Amazônia voltou a bater recorde e cresce 9,5% de 2019 a 2020 - a área derrubada na floresta foi a maior da última década, com mais de 11 mil quilômetros quadrados, apontam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
- Trilha Ecológica no Rio Jacuí, ECOFeira e Mostra Pedagógica “Reutilizar Brincando”; - De Bem com o Rio Jacuí; - Hortas Escolares e Melhoria de Pátios Escolares; - Reutilização da Água da Chuva; - Palestras com diversos temas ambientais locais e globais.
PARA ACOMPANHAR
Principais entidades ligadas à causa ambiental em Cachoeira:
1) Cooperativa Recicladores Solidários em Defesa do Meio Ambiente de Cachoeira do Sul (Cocari):
contratada pela Prefeitura Municipal, realiza a coleta de resíduos recicláveis na cidade e auxilia catadores ambulantes que sobrevivem deste material.
2) Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema): órgão da administração pública municipal, responsável por analisar, planejar, fiscalizar e, entre outras funções, assessorar e propor medidas visando à preservação e defesa do meio ambiente.
3) ONG e associações de proteção aos animais (Pelo Amigo, SOS Animais e Matilha): atuam voluntariamente no combate aos maus tratos, resgate, acolhimento e tratamento dos animais em situação de risco, prioritariamente cães e gatos, além de atuar na educação ambiental.
4) Centro Municipal de Proteção Animal (Cempra): tem como finalidade prestar serviços de gestão pública voltadas à proteção dos animais e do meio ambiente.
5) Associação das Revendas de Defensivos Agrícolas da Região Centro do Estado do Rio Grande do
Sul (Ardec): unidade sem fins lucrativos, presta serviço de recebimento e destinação final correta de embalagens vazias de defensivos agrícolas.
6) Wall-E: parceiro da SMMA, centro de descarte de resíduos eletrônicos, plásticos e em metal e vidro, com coleta gratuita.
VOCÊ SABIA?
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que o mundo precisa limitar o aumento da temperatura média global a menos de 1,5 graus celsius em relação aos níveis pré-industriais.
Os países que assinaram o Acordo de Paris se comprometeram a frear o aquecimento do planeta que, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agora está quase um grau mais quente do que estava antes do processo de industrialização.
Para cumprir essa meta, deve-se adotar “mudanças rápidas, de longo alcance e sem precedentes” em todas as esferas da sociedade. Entre essas medidas, estão a preservação das florestas, a redução no consumo de carne (especialmente a de carne bovina) e alimentos de origem animal (leite, queijo, etc.), a utilização de práticas sustentáveis na agricultura, redução no desperdício de alimentos e bens de consumo, o uso de carros elétricos, adoção de sistemas de energia solar fotovoltaica e isolamento térmico, entre outras.
A situação pode piorar caso essas medidas imediatas não sejam tomadas pelos países, sendo esperadas, até 2100, emissões e aquecimento de 4,1 a 4,8 graus celsius, seguindo as atuais políticas 2,8 a 3,2 graus e as atuais promessas 2,5 a 2,8 graus celsius, conforme a análise da Climate Action Tracker (CAT).
A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê o risco de uma crise climática até 2040, considerando os efeitos do aquecimento global, como o degelo, a alteração do regime das chuvas, inundações e a redução da biodiversidade.