Rodrigo Iacovini (Instituto Pólis)
Transgressão Rua. Território. Bordas. Mais do que a materialidade física, expressam categorias socioespaciais que mobilizam, hoje, artistas, urbanistas, políticos e moradores. São reconstruídos e disputados cotidianamente através de processos políticos, econômicos, simbólicos e estéticos. Estão no centro (e nas margens) da reivindicação do direito à cidade.
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Enquanto cartas anunciam a institucionalidade, a eclosão de novos urbanismos, coletivos renovam a utopia a partir da potência dos corpos e dos territórios situados nas bordas. É um balé, uma dança sincronizada, que ocupa espaços sem pedir licença e subverte a ordem através das brechas que encontra. Esses coletivos não esperam, não aceitam a ordem preestabelecida, mesmo quando jogam de acordo com as regras. Seja com iniciativas dentro dos limites burocráticos, seja com ações diretas de enfrentamento à lógica urbana excludente, situam-se no âmbito da transgressão, já que miram na subversão da realidade social. Em tudo, e por tudo, trata-se, em última instância, da luta pela redistribuição de poder e de riqueza. Desde o poder de se afirmar belo sem quaisquer concessões estéticas ou morfológicas, até a apropriação justa e equânime do benefício produzido pelo suor de todas, todes, todxs e todos. Urbanismos colaborativos, cidades afetivas.